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Jean FABIEN-PARA UMA REFLEXÃO SOBRE A SOCIOLOGIA DA RELIGIÃO NA SOCIEDADE

CONTEMPORÂNEA-CAMPINAS-JUNHO/2012

PARA UMA REFLEXÃO SOBRE A SOCIOLOGIA DA RELIGIÃO NA

SOCIEDADE CONTEMPORAÑEA

SUMÁRIO

Introdução

1. Origens dos pensamentos religiosos da antiguidade ao século XVIII

2. Definição da religião

3. Diferentes tipos de religião

4. A sociologia da religião do Durkheim

5. A sociologia da religião do Weber

6. A Religião na sociedade contemporânea

7. A força do fenômeno religioso

8. A Religião perante o tribunal da «Mundialização»

Conclusão

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CONTEMPORÂNEA-CAMPINAS-JUNHO/2012

Introdução

Esse trabalho pretende ser uma tentativa de reflexão sobre o campo da sociologia da

religião cujo o valor tende paradoxalmente a ser ignorado. O objetivo seria trazer alguns

argumentos que poderiam levar a uma melhor compreensão da sociologia da religião na

sociedade contemporânea. A religião, apesar de ser cada vez mais ignorada, tende a

chamar atenção de muitos pesquisadores no domínio antropológico, etnológico,

político, cultural, mas sobretudo sociológico, o aspecto mais relevante que nos interesse.

Com efeito, segundo Schleiermacher, a religião é também velha que a humanidade, ela

cresceu com ela, se desenvolveu em harmonia com ela. À través da história, ela não

parou de preocupar a mente e a vida social do homem primitivo e da Idade Media, os

filósofos do século das Luzes e os contemporâneos. Assim, no quadro desse trabalho, na

meta de buscar para ter uma melhor compreensão do lugar e da percepção da religião na

sociedade contemporânea, nos dividimos o nosso trabalho em oito partes. Na primeira

vamos tentar de traçar as origens dos pensamentos religiosos. Na segunda parte vamos

levar em conta algumas definições. Na terceira parte vamos considerar os diferentes

tipos de religião. Enfatizar as obras de Durkheim e as de Weber, duas figuras

emblemáticas da sociologia da religião, isso vai fazer objeto da quarta e quinta parte. Na

sexta parte tentáramos tratar o lugar da religião na sociedade contemporânea. A sete

parte mostra a força do fenômeno religioso no mundo. Em fim, consagramos a oitavo

parte desse trabalho à uma análise entre a religião e a mundialização. Pois hoje, perante

a evolução da ciência, da tecnologia e da mundialização que dominam a sociedade

moderna, pode-se dizer que seria o fim da religião? É isso que nós vamos ver no quadro

desse trabalho.

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1. Origens dos pensamentos religiosos da antiguidade ao século XVIII

Ao falar das origens da religião trata-se de buscar para compreender desde quando

começou a formação do pensamento. Com efeito, na antiguidade Greco-romana, a

religião foi fundada sobre os mitos, é uma das grandes características que a distinguem

das outras religiões mesmo politeístas. Não teve uma grande diferencia entre homem e

deus. Os deus tomavam as vezes a fisionomia de homem, e homem também depende da

sua obra durante de sua passagem na terra pode tornar-se um deus. Na mitologia Grega,

a fundação do universo é a obra de Zeus. Micelia Eliade tratou bem claro dessa questão

mostrando que o sistema dos deuses se organizou da mesma maneira que as sociedades

humanas. Por exemplo, Zeus é o chefe dos outros deuses como Athena, Prometeu cada

deus tem sua função específica, então é claro que a religião na civilização Greco-

romana foi completamente politeísta. Ela ressaltou também como a civilização

simbolizada pelo fogo fez seu aparecimento nas sociedades humanas. Prometeu roubou

o fogo e o trouxe à humanidade para abrir a sua inteligência. Podemos comparar esse

mesmo mito ao fruto proibido na Bíblia, depois de Adam e Eva comer sua inteligência

abriu. O pensamento religioso começou ao momento em que o ser humano não teve

resposta aos fenômenos naturais que são acima da inteligência humana, quando ele

admirava a natureza, é a interpretação antiga de Lucrecia sobre a origem das crenças e

ritos religiosos. O filosofo Greco Critias, na sua parte pensa que os deuses são as puras

invenções que têm a função de corrigir as ações ruins do homem inculcando-lhe a

faculdade de distinguir o mal e o bem.

No mundo judeu-cristão, a religião judaica é a mais antiga religião monoteísta do

mundo baseada sobre a Bíblia que, sendo considerada como um livro sagrado, é a

palavra de Deus revelada ao seu povo, dentro da qual tem a promessa da vida eterna

pelos todos aqueles que o servem fielmente. Os judeus não reconhecem outra lei do que

a Torah que se encontra no Antigo Testemunho. É a religião intolerável sobretudo das

religiões politeístas, porque ela reconhece a existência de um Deus único. Durante

alguns séculos, essa religião foi dividida em duas, por um lado, o cristianismo que se

funda sobre o Novo Testemunho da Bíblia cujo o chefe é Jesus que se diz filho de Deus

que falaram os judeus, mas segundo a nova aliança Deus não é só aquilo dos israelitas,

mas é universal e quer salvar a humanidade do pecado, por outro o islamismo que se

opõe radicalmente ao cristianismo recusando a natureza de Deus que os cristãos darão

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ao Jesus. Segundo a religião islamismo, não é lógico que um homem haja uma natureza

humana e divina ao mesmo tempo.

Na Idade Media, a religião começou para tomar uma outra direção dividendo a

sociedade em três ordens: a nobreza, o clero e o terceiro estado, o papel do primeiro é

orar e ensinar a palavra de deus, o segundo tem a função de combater e o terceiro a de

trabalhar, mas o mais relevante é que os dois grupos trabalham para o primeiro. O que

fez a força da religião na Idade Media foi a guerra e o comercio, os nobres tornam-se

cada vez mais ricos. Em primeiro lugar, as guerras têm como objetivo de mandar

embora os infiéis que não acreditam em Deus que é posto como primeiro princípio de

todas as coisas e fundamento da racionalidade. Em segundo lugar, o objetivo do

comercio é aumentar a riqueza da nobreza e do clero.

Por isso, no século XVIII, o século das Luzes, os filósofos como Rousseau,

Montesquieu, Voltaire, Spinoza, Kant, Nietzsche, Voltaire entregaram em questão a

religião e o Deus definido pelo catolicismo, foi o período para pensar a religião de modo

científico, filosófico, sistemático e antropológico. Desse fato, a fé religiosa se tem

oposto à razão científica, a igreja perdeu muitas influências e a religião católica foi

dividida em várias outras como o protestantismo, ortodoxo, luteranismo etc. Mas, o

pensamento religioso se funda sobre a razão, a mente cientifica se interesse para

compreender as representações e práticas religiosas na sociedade, assim a religião torna-

se uma disciplina de pesquisa cientifica. Portanto, a palavra «Sociologia» não era ainda

inventada, mas a filosofia social e a física social foram um tipo de disciplina cientifica

que produzirem algumas reflexões e pesquisas sobre a sociedade e os fenômenos

sociais. Tinha que aguardar a chegada de Auguste Comte para obter a transformação

dessas ambas disciplinas em «Sociologia». Por outro lado, a contribuição de Durkheim

e de Weber nos séculos XIX e XX para haver uma definição sociológica da religião, se

revelam muito pertinentes. O professor Renato, no seu livro «a morte branca do

feiticeiro negro1», mostrou como a religião Umbandista foi à origem dos movimentos

sociais. Isto explica verdadeiramente que a religião nasce na sociedade, é a sociedade

que cria suas próprias religiões. Isto marca também um outro tipo de origem da religião

diferentemente das grandes religiões contemporâneas como o cristianismo que são à

origem de uma personagem fictícia. Hoje, o «Xintoísmo» no Japão é em busca de

1 ORTIZ, Renato. A morte branca do feiticeiro negro, São Paulo, Ed. Brasiliense, 1999, p.7-9

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tornar-se uma nova religião do século XXI se relacionando a área das necessidades

políticas.

2. Definição da religião

A definição de um conceito não jamais um exercício fácil, sobretudo um conceito como

a religião. A verdade não existe uma definição unânime entre os sociólogos, alguns

falam de um «Tour de Babel» das definições2. Antes de ver com Durkheim e Weber

uma definição clássica da religião, é importante criar um lugar aos filósofos de século

XVIII. Com efeito, o século XVIII é aquilo onde Deus e a religião eram convocados

perante o Tribunal da razão humana. Foi o livro de Leibniz «La Theodicée» em 1710

que abriu o debate, mas Voltaire se opõe tentando de neutralizar Deus e religião, mas

eles têm a mesma posição sobre o questionamento da existência de Deus e da

importância da religião. Assim, o século XVIII começou com o julgamento de Deus e a

entrega em questão do papel da religião. Alguns filósofos que vamos considerar para

essa abordagem definicional mais ou menos concisa são Montesquieu, Rousseau, Kant,

Hume, a fim de mostrar como eles definirem a religião, seria uma honra bem merecida a

eles. Montesquieu não se interessou para compreender o papel social da religião, mas

analisando como uma religião poderia haver um efeito sobre uma forma de governo, ele

pensou que cada religião se relaciona a um tipo de poder político. Segundo ele o

islamismo se relaciona ao despotismo, o protestantismo à república, o catolicismo à

monarquia. Na sua parte, Rousseau tenta de mostrar que existe uma certa relação entre a

religião e a política. Por isso, ele inventou o conceito «religião civil» segundo o qual um

estado deve possuir uma religião comum aos todos os cidadãos. Ele distingue a religião

natural da religião civil, a religião natural é na ordem natural, mas a religião civil é

construída pelo Estado em virtude de um contrato social. Em Kant, é a oposição entre

religião de culto e religião moral. A primeira é parasita porque busca o favor de Deus na

esperança de uma vida eterna, em inverso Deus não pode viver sem o louvor dos seres

humanos. A segunda se define como a vida boa ao serviço dos outros. A religião moral

conduz, segundo ele, à criação de uma sociedade moral, o que chama a «igreja

invisível». Com Kant, o discurso filosófico da existência de Deus baseada sobre a razão

se transformou em questionamento da razão si mesma. Ele há o mérito de ter entrevisto

o perigo de reduzir a existência de Deus à razão humana, isso corre o risco de reduzir o

2 LAMBERT Yves. La «Tour de Babe» des définitions de la religion, Social Compass, 1991, p.73-85

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valor de Deus enquanto que o objetivo da razão seria mostrar a sua existência. Enfim,

Kant afirmou que a razão não tem a capacidade de prover nem negar a existência de

Deus3. Hume no seu livro publicado em 1757, «L'histoire naturelle de la religion»

chega à definição da religião seguinte: «Geralmente a religião se define como uma

crença em um poder invisível e inteligente que age nas obras da natureza, e igualmente

nos eventos diversos e contrários na vida humana4». Distinguindo a religião politeísta

da religião dita monoteísta, ele colocou que o politeísmo não é a negação do

monoteísmo, mas sua continuação sob diversas outras formas, assim denunciou a tese

segundo a qual o cristianismo haveria uma superioridade sobre as religiões politeístas

Greco-romanas. Antes de fechar essas considerações, gostaríamos de lembrar as

contribuições de Feuerbach e de Nietzsche. De um lado, a critica de Feuerbach sobre o

cristianismo é fundamental, a religião é uma projeção ou uma objetivação sobre Deus

que é um objeto imaginário, de outro, se nós consideramos a tese de Nietzsche segundo

a qual o homem é um falsificador de Deus, podemos dizer que o pensamento religioso é

nascida com o homem, ou seja, cada homem é portador de uma religião dentro de si

mesmo. Na todas as sociedades a religião se relaciona às divindades invisíveis que

seriam os fundadores do mundo. Se o debate do século XVIII fosse aberto com o

julgamento de Deus e da sua Revelação, ele se fecha com a interrogação da religião,

mas trate-se de um fechamento provisório.

3. Diferentes tipos de religião

Além de suas diferencias, as religiões têm uma finalidade única que é a de levar a crer

em um ser invisível, impalpável e as vezes poderoso. Existe vários tipos de religião:

religião popular, religião politeísta, religião monoteísta, religião moral, religião natural,

religião civil. Bem que cada uma dessas religiões possam ter suas próprias origem e

definição, isso seria uma pesquisa inútil, a nossa preocupação é saber quais seriam o

papel e o impacto dessas religiões na sociedade. Com efeito, o conceito da religião

popular nasceu no debate intelectual a parte dos anos 1970 na Franca e no Canadá5.

A religião popular é difícil para definir, mas alguns autores que se interessarem para

uma definição da religião popular como Micheline Laliberté e Plongeron Bernard se

3 KANT, Le conflit des Facultés, trad. J. Gibelin, Vrin, Paris, 1973, p. 27. 38, 39

4 HUME, L'histoire naturelle de la religion, trad. M. Malherbe, Vrin, Paris, 1980, p. 39.

5 PLONGERON, Bernard (dir.) La religion populaire. Approches historiques, Paris, Beauchesne, 1976,

237p.

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combinaram sobre uma análise da religião popular em relação com 1) a religião oficial,

clerical e cientista; 2) o folclore, o paganismo e a superstição e 3) as condições sociais.

Em fato, a religião popular nascida a parte das superstições mais antigas geradas na

sociedade6. Segundo Hume, as religiões populares seriam a manifestação da paixão e da

ausência da razão em homem. As superstições ocupam um lugar muito relevante na

religião na Idade Media, são também geralmente uma crença muito forte desenvolvida

nas regiões rurais por os camponeses geralmente idosos. Assim, a superstição é inerente

à religião popular.

O politeísmo que reconhece a existência, o valor e o poder de vários deuses, é mais

tolerante do que o monoteísmo que fecha o debate sobre a existência de um Deus único.

Essa tolerância faz que os fieis podem ter dúvida dos Deuses, eles são livres de

escolher o Deus querem, segundo seu atendimento e seu objetivo, não é obrigatório de

acreditar só em um Deus, pode acreditar em vários deuses, pois o sistema do politeísmo

é plural. Porém, o monoteísmo reconhece a existência de um Deus único, é intolerante.

O cristianismo privilegia a Trindade, ou seja, um Deus em três pessoas, mas não trata-se

de três deuses. Esse aspecto do cristianismo parece muito paradoxal e problemático.

Jean Boissonnat se pergunta: como pode existir um Deus em três pessoas? Como um

Deus pode ser três pessoas ao mesmo tempo? Na antiguidade Greco-romana, o

politeísmo foi muito forte, os deuses reclamaram os sacrifícios humanos na honra deles.

Porém nas sociedades que formam um tipo de teocracia e mais intolerantes, os

princípios religiosos são também a lei que rege o corpo social. Segundo Durkheim

existe algumas religiões que não têm Deus nem nenhum ser espiritual ao qual as

pessoas devem oração e adoração, é o tipo de religião moral, o Budismo é o exemplo

por excelência que podemos considerar. No Budismo, a personagem Boudha não é

considerado nem honrado como um Deus, mas como um homem normal que levou uma

vida moral importante que a gente pode imitar7. No Boudismo os crentes não precisam a

ajuda de um Deus para realizar seu projeto é simplesmente um modo de vida moral. Em

Kant, como já o vimos, a religião moral é a que seria melhor pela sociedade. Enfim,

voltamos com Rousseau que distingue a religião natural da religião civil. Segundo ele, a

religião natural puramente individual e interior teria três papeis na sociedade: explicar a

causa da existência dos movimentos físicos, buscar a compreender a inteligência que é

6 LALIBERTÉ, Micheline. Les Théologiques, 2000, p 19-26

7 DURKHEIM Emile. As formas elementares da vida religiosa, p.37-41

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atrás dessa causa segundo as leis e promover a crença na imortalidade da alma. Por

outro lado, a religião civil é uma forma de defesa da cidade, é a religião escolhida por as

autoridades governamentais na meta de colocar todo mundo dentro de um contrato

social.

4. A sociologia da religião do Durkheim

• As formas elementares da vida religiosa é o fruto de longas e pertinentes

pesquisas de Durkheim sobre a origem da religião considerando a Austrália

como campo e eixo para implementar seu trabalho. Com efeito, esse livro pode

ser considerado como o fundamento da sociologia da religião. Depois de estudar

as diferentes religiões como estoicismo, Durkheim chega a considerar que a

religião teria duas origens: uma origem divina e uma origem social. A origem

divina vem de uma ordem sobrenatural. O sobrenatural é o mundo de mistério e

de tudo que ultrapassa a inteligência humana. A origem divina pode também se

fundar sobre a ideia de Deus, a ideia de Deus é inseparável da religião, Deus é

percebido como um ser espiritual ou um ser sobrenatural. O ser espiritual pode

ter várias formas dependentemente da religião. A origem divina da religião

significa também que o ser humano reconhece a existência do Sagrado e do

Profano. O sagrado embora sendo proibido, não é unicamente um ser espiritual

ou um deus, por exemplo segundo Durkheim um pedra, uma fonte de água etc.

pode ser um objeto sagrado. O sagrado e o profano são heterogêneos. Em geral,

o aspecto comum a todas as religiões são as crenças e os ritos8. Em segundo

lugar, a origem social da religião que Durkheim tenta de tratar é a que define a

religião como uma representação social. O homem sendo um ser ao mesmo

tempo individual e social inventou a ideia de Deus que o representou à través

dos ritos e dos sacrifícios que lhe oferece. A religião não teria outra origem que

a sociedade, a religião é eminentemente uma coisa social, as representações

religiões são a expressão das representações coletivas. Os ritos, as práticas e as

crenças são das maneiras de agir que nascem ao seio dos grupos sociais, a igreja

é um dos tipos cruciais dessa representação, assim a religião é inseparável dessa

instituição que é a igreja. Enfim, a religião na percepção durkheimiana é um fato

8 Ibid, p.41-46

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social que deve ser tratado, analisado e explicado como todo fato social.9 Assim,

não poderíamos fechar essa parte sem notar sua definição maravilhosa da

religião: « «Uma religião é um sistema solidário de crenças seguintes e de

práticas relativas a coisas coisas sagradas, ou seja, separadas, proibidas,

crenças e práticas que unem na mesma comunidade moral, chamada Igreja,

todos os que a ela aderem10

».

(Uma religião é um sistema solidário de crenças e de práticas em relação com as coisas

sagradas, ou seja separadas, proibidas, crenças e práticas que unem em uma mesma

comunidade moral, chamada Igreja, todos aqueles que aderem). Apesar de seus limites e

suas fraquezas, esse livro é uma grande contribuição à sociologia da religião, e não

seriamos exagerados se o chamávamos a bíblia dos sociólogos da religião.

5. A sociologia da religião do Weber

Weber e Durkheim são dois contemporâneos que trazerem uma contribuição muito

relevante, mais com as abordagens diferentes, na área da sociologia moderna

principalmente na sociologia da religião que nós estamos tratando. Infelizmente, o

grande debate há muito esperado entre eles sobre esse tema e outros, não nunca foi

possível. Não vamos fazer uma comparação entre Weber e Durkheim, não é o objeto

desse trabalho mesmo se a leitura de um necessita a de outro. Com efeito, com Weber,

nós entremos numa outra percepção da religião e num outro tipo de pesquisa. Se

Durkheim buscou a origem da religião na sociedade e no ser espiritual, Weber entende

que a religião é uma invenção de ser humano que se encontra acima de todas as regras

sociais que ele criou. As crenças e práticas religiosas vêm de uma personagem

carismática que haveria a capacidade de interpretar os fenômenos naturais. A pesquisa

de Weber se baseou sobre a sociedade ocidental onde se desenvolveu a parte do fim do

século XVII e o inicio dos séculos XVIII até XIX as diferentes etapas da revolução

industrial e o aparecimento da economia capitalista. O eminente livro «A ética

protestante e o espírito do capitalismo» em que Weber tenta de analisar como a

religião principalmente o calvinismo protestante foi à origem da formação da economia

capitalista na sociedade ocidental, é ainda uma outra grande contribuição no campo da

sociologia da religião, assim ele se perguntou porque esses mesmos fenômenos não

9 Ibid, p.21-29

10 Ibid, p.79

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acontecerem nas sociedades orientais como na China, no Japão etc. A ideia de Deus é

totalmente ausente na visão weberiana da religião, o que interesse é os atores sociais.

Isso vem reforçar o ateísmo de Marx segundo o qual a religião é uma pura ilusão. O

objetivo de Weber é mostrar que a natureza das coisas superficiais ou grosseiras da vida

religiosa faz delas que sejam mais influentes dos comportamentos exteriores. A

influente da igreja, depois da Reforma torna-se mais pesada sobre o indivíduo11

. A

religião dou a possibilidade ao sistema capitalista de se consolidar lhe oferecendo das

mãos de obra geralmente originárias das classes pobres, el diz que: «Néanmoins - ou

peut-être c'est pourquoi (nous poserons la question plustard) - il est bien connu que le

protestantisme a été l'un des agents les plus importants du développement du

capitalisme et de l'industrie en France, et il l'est resté dans la mesure où la persécution

le lui a permis12

.» (No obstante- ou talvez é porque (nós perguntáramos mais tarde)- é

bem conhecido que o protestantismo foi um dos agentes mais relevantes do

desenvolvimento do capitalismo e da industria na Franca, e é o ficado na medida em que

a perseguição lhe permitiu). No seu artigo «l´avenir de la religion entre Durkheim e

Weber» que é um comentário comparativo entre Durkheim e Weber, Gregory Baum

mostrou como Weber tentando de corrigir a materialista do capitalismo, interpretou o

protestantismo calvinista como uma espiritualidade que ajudava o luta social da

burguesia contra a ordem feudal. Ele afirmou também que as outras confissões

religiosas que são à origem do protestantismo como os metodistas, os adventistas, os

batistas ajudaram as classes inferiores a lutar para seu sucesso capitalista. O livro de

Taussig « O diabo e fetichismo da mercadoria da Americana Latina» traz também sua

contribuição mostrando como o batismo do dinheiro feito na meta de ganhar mais e

aumentar seu capital foi à origem da economia capitalista na sociedade colombiana e

boliviana. Um dos aspectos relevantes da sociologia da religião de Weber é a questão da

secularização que foi combatida pela igreja católica porque demais materialista. Enfim,

o termo «secularização» sendo problemática, não tem uma definição especifica, é o

tema que profetiza sobre o fim da religião. Nietzsche falou do fenômeno da

«transvaluation» segundo o qual o aparecimento de novas valores engendrará

automaticamente a morte de Deus, pois ele se relaciona ao sistema antigo de valores

criado pelo homem, esse sistema tende a desaparecer, então esse desaparecimento

11

WEBER, Max. A ética protestante e o espírito do capitalismo, ED. SCHWARCZ LTDA, São Paulo, 2005 p.25-41 12

Ibid, p.20

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engendrará obviamente a morte de Deus. O termo secularização será mais tratado na

parte seguinte.

6. A Religião na sociedade contemporânea

É preciso lembrar que a sociologia da religião como toda sociologia nasceu à chegada

da modernidade ocidental entre os séculos XIX e XX. A sociologia se interroga sobre o

futuro do fenômeno religioso nas sociedades modernas ocidentais. Assim, a sociologia

da religião não pode escapar ao debate da modernidade. O que devemos entender por

uma abordagem contemporânea da sociologia da religião? Nos vemos de mostrar como

o pensamento religioso foi formado da antiguidade ao século XVIII, portanto antes do

inicio da sociedade moderna no fim do século XVII, muitas mudanças a caráter

filosófico, social e cientifico foram previstas. Além disso, as considerações sobre

Durkheim e Weber que viverem entre os séculos XIX e XX foram pertinentes para essa

compreensão moderna da religião. O que nos exige para voltar ao conceito de

«secularização» de Weber. Antes, esse termo significou a apropriação pelo poder civil

dos bens eclesiásticos, mas hoje na sociologia da religião designa a substituição da

religião pela modernidade. Assim, podemos dar razão ao Peter Berger segundo quem a

secularização é o processo pelo qual os setores da sociedade e da cultura são subtraídos

à autoridade das instituições religiosas. Bryan Wilson argumenta para reforçar a

definição de Peter dizendo que é a perda do poder e da relevância das instituições, dos

pensamentos e práticas religiosas na sociedade. A concepção moderna do mundo e da

sociedade não quer entender falar da religião, isso não faz sentido para ela. Assim, a

modernidade seria a negação da religião se não seu fim ou ainda sua morte como

prevista por Weber e Nietzsche. A modernidade significaria a saída da religião ou uma

oposição radical ou uma ruptura segundo o lugar e o papel das representações e das

práticas religiosas na vida anterior das sociedades, tudo isso constitui o problema entre a

religião e a modernidade. São os grandes obstáculos ou desafios contemporâneos da

religião que devolvem o debate sobre a religião muito estéril, e ninguém não quer

abordá-lo. A religião entra em conflito com a modernidade porque o espírito do homem

torna-se mais cientifico e razoável que não o era anteriormente. Se for assim, qual seria

o valor do meu trabalho sobre a sociologia da religião? Se o debate sobre a religião é

fechado, o que torna-se a sociologia da religião como disciplina cientifica desde o

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século XX? Todas as obras produzidas nessa área quer seja principalmente por

Durkheim ou Weber, seriam inúteis?

Portanto, se antes o enfoque reducionista da religião tende a considerar o religioso

unicamente como um variável dependente que pode ser definido por outros variáveis,

como se a religião não tem nenhuma consistência simbólica própria, hoje com os

autores como Marx, Durkheim, Fuerbach, Freud etc, a critica racionalista busca a

definir as representações e práticas religiosas por os diversos fatores econômicas,

sociais, antropológicas ou psíquicas. As análises sociológicas mais autônomas da

religião em relação com as filosofias lineares da história mostram que a modernidade

não é o fim da religião, mas uma nova maneira de pensar a religião, ou seja um nova

perspectiva de abordar socialmente o religioso. As abordagens sociológicas estabelecem

uma outra forma de estudar o fenômeno religioso, em outras palavras, uma forma

particular de constituí-las em objeto de observação e de análise.

Ao contrário essa oposição entre a modernidade e a religião faz a força do fenômeno

religioso para se consolidar, mostra como ela é muito relevante e cada vez mais uma

fonte de referencia permitindo explicar alguns problemas que dominam a mente do

homem e são cruciais na realidade social. Weber mostrou na «Ética protestante e o

espírito do capitalismo» como a Reforma aumentou o poder da igreja em vez de

enfraquecê-lo. Os cientistas, os filósofos racionalistas, os sociólogos etc acabam para

compreender que o fim da religião seria seu inicio e seu grande papel irrefutável na

sociedade, como afirma a parte seguinte.

7. A força do fenômeno religioso

Segundo uma estatística geral entre 2010 e 2011 os Estados-Unidos sendo um país

muito desenvolvido do ponto de vista tecnológico, cientifico e político, são fortemente

agarrados às práticas religiosas, têm 95 % da sua população que acredita em Deus ou

em um ser superior. Nos sabemos também que eles têm a reputação de ser um pais que

prática a religião civil, ou seja, a religião e a política se mesclam. O lugar da religião na

sociedade americana é muito relevante porque ela tem um papel moral. A política é

praticamente separada da religião e não a domina, mas teoricamente ela exerce uma

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grande influencia sobre a política13

. Nos Estados Unidos existe um tipo de laicidade

flexível diferentemente na Franca e na Europa. Na Europa e na Franca tem dois

fenômenos religiosos muito interessantes chamados «crer sem pertencer» e «pertencer

sem crer», ou seja, 75 % da população europeia declara em 1999 pertencem à uma

religião, segundo esse mesmo inquérito, 47 % dos Franceses dizem pertencer à uma

religião. Entre 1999 e 2000 cerca 77, 4 % dos Europeus acreditam em Deus e 61, 5 %

são os Franceses, mas sem pertencer a um qualquer agrupamento religioso. Em outras

palavras, os Europeus são mais religiosos do que os Franceses. Paralelamente, no Haiti

há três religiões que ocupam um lugar muito importante na via social dos haitianos: o

catolicismo e o vodu representam 70 % e o cristianismo com várias outras

denominações são de 30 %, a quase totalidade da população haitiana é religiosa. Mesmo

se uma pessoa não é membro de uma igreja ou não frequenta nenhuma igreja, ela tem

uma crença silenciosa em um deus qualquer. Eu pessoalmente constatei este fato depois

do terremoto de 10 de janeiro de 2010, todo mundo chamou seu deus, mas a maioria

chamou Jesus como deus da religião cristã. Raymond Lemieux, no seu livro «Les défis

contemporains de l´enseignement religieux» colocou a problemática de uma sociedade

quebequêsa confrontada por diversas culturas e práticas religiosas muito fortes, como a

reencarnação, busca sempre um modelo religioso, apesar de ter 90 % dos quebequês que

afirmam acreditar em Deus, mas essa crença é cada vez mais colocada em dúvida em

face dos avançados do mundo contemporâneo14

.

Certas missões eclesiásticas tendem a tornar-se missões humanitárias, varias igrejas

começam para jogar outro papel que o ensino da crença em Deus e o respeito de seus

princípios, esse papel é social, ambiental, humanitário, cultural, político etc. Tudo isso

deve ser considerado como uma grande influência e mudança da missão da religião

cujas as ações tendem a tomar varias formas. Por outro lado, a religião não se resume

unicamente à um modo de aprovação como membro de uma igreja, à uma espécie de

manifestação da fé e da perseverança em Deus, é uma força cultural irresistível, uma

consagração e um sacerdócio por todos aqueles que a praticam. Finalmente, as Igrejas

cristãs, católicas, as mesquitas ou ainda os templos de vodu e das outras religiões são as

instituições como qualquer instituição que têm suas próprias regras, seus fundamentos e

sua estrutura organizacional cujo o papel é perpetuar a religião como um sistema de

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BEM BARKA, Mokhtar. Originalité et utilité sociale de la religion civile américaine, GRAAT On-

Line Occasional Papers - September 2011 14

LEMIEUX, Raymond. Les défis contemporains de l´enseigement religieux, Québec, 1988, p.11-13.

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pensamento e de vida social. Como sistema, a religião tem suas técnicas e seus métodos

para atrair muitas pessoas que se tornam seus membros e atores integrais muito

influentes. Mas fica para saber se a religião poderá resistir à Mundialização, esse

assunto fará objeto da útilma parte do nosso trabalho.

8. A Religião perante o tribunal da «Mundialização»

Abordando essa parte, nós vamos nos limitar à Mundiliazação no sentido ocidental do

termo. Porém tem que saber que a Mundialização é um assunto muito complicado e

difícil de tratar hoje, pois existe um debate dialético e geopolítico pesado entre a Franca

e os Estados Unidos sobre esse conceito, ou seja, agente não vai nunca encontrar a

palavra «Globalization» na Franca, de mesmo, a palavra «Mondialisation» não tem seu

lugar no vocabulário americano, tudo isso engendra o problema de definição dessa

palavra. É uma discussão interessante, mas infelizmente, não vamos entrar lá, porque a

nossa tarefa se limita a compreender o comportamento da religião em face da

mundialização. De mesmo que enxergou-se o fim da religião a parte do aparecimento da

modernidade, o mesmo erro está produzindo com a mundialização. Todos aqueles que

acham que a mundialização significaria o fim da religião, Didier Long traz um

argumento contrário segundo o qual as religiões menos tradicionais conhecerem um

modo de « deterriotorialité» ou seja elas tomam outras formas como a dos evangélicos

e dos fundamentalistas muçulmanos que, tendo chegado nos outros país da América, da

África e da Ásia, são considerados como as neo-religiões. Segundo Peter Berger, em

1900 67 % da população mundial era religiosa, hoje tem 73 % e em 2050 terá 80 %, o

cristianismo tornar-se-á mais evangélico em 2050 e em 2025 a planeta conhecerá 2,6

bilhão de cristãos. Tudo isso certifica o que foi anunciado, ou seja o fim da religião, é o

contrário que está produzindo. É o religioso que mudou a mundialização, e não o

inverso. A grande força dessas neo-religiões no contexto da mundialização é que

chegam a se adaptar ao mercado religioso e se constituem em redes mundiais. A

mundialização que conhecemos hoje vem das crenças, é primeiramente um fenômeno

espiritual. Jean Boissonnat interpreta as mensagens de Jesus como um tipo de

mondiailização antes da letra, se considerarmos dois aspectos: em primeiro lugar, Jesus

não deixou nenhum escrito que seria dado ao povo judeu, seu povo mesmo, isso queria

dizer que o seu ensino se dirigiu para todo mundo, em segundo lugar, a sua ordem

transcrita pelos seus discípulos na Bíblia: «Ide, portanto, fazei discípulos de todas as

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nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Mateus 28:19»,

faz hoje a força dos evangélicos como uma neo-religião. Jean Boissonnat continua para

dizer que as religiões monoteístas (cristianismo, judaísmo e islamismo) com um único

deus criador da humanidade única, constituem o fundamento primordial da

mundialização. Em outras palavras, mesmo se não foram o principal motor da

mundialização, mas essas religiões contribuíram a dar uma visão unificada da

humanidade e da terra.

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Conclusão

Em resumo, gostaria de retomar as frases de Didier Lebon: «Là où il n´y a pas de sacré,

il n´y a pas d´hommes» (Ali onde não tem sagrado, não tem homens) e de Jean-Paul

Willaim: «Les religions sont des phénomènes sociaux et culturels trop importants pour

laisser le monopole du discours sur les religions aux religieux» (As religiões são dos

fenômenos sociais e culturais demais relevantes para deixar o monopolio de discurso

sobre as religiões aos religiosos) para dizer que a religião como crença pessoal, sistema

de representações e de reprodução social, e força cultural, embora combatida, se revela

até hoje invencível.

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