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Paralelo 10

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APRESENTA

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Índio, quando quer se esconder, passa anos morando no jardim da sua casa e você não vê.

José Carlos Meirelles

O novo longa-metragem de Silvio Da-Rin é uma incursão em profundidade ao pensamento de um indigenista e à realidade de uma região da Amazônia. José Carlos Meirelles é um dos mais destacados sertanistas brasileiros. Sua atuação na Funai foi decisiva para a implantação da atual política de respeito à escolha dos índios que não querem contatos com não-índios. Ele foi o criador da Frente de Proteção Etnoambiental do Rio Envira, no Acre, próximo à fronteira com o Peru, área do Paralelo 10°Sul.

Em 2010, ao fim de um longo período de afastamento, Meirelles retornou ao alto rio Envira, junto com seu colega de longa data, o antropólogo Txai Terri Aquino. Foram ministrar oficinas e reunir-se com índios aldeados e moradores da região, com vistas a minimizar conflitos e preconceitos com relação aos índios “brabos” que vivem nas redondezas. PARAlElO 10 é um river movie que embarca com eles e segue rio acima durante três semanas, colhendo memórias do sertanista e observando a atualidade da questão indígena no Acre.

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SinopSe

Mais de um ano e meio afastado do Acre, o sertanista José Carlos Meirelles retorna, em companhia do antropólogo Terri de Aquino, à região do Paralelo 10 Sul, linha de fronteira com o Peru. O filme viaja com eles durante três semanas, subindo o Rio Envira, enfrentando vários tipos de obstáculo e se aproximando cada vez mais das malocas de índios isolados. Nessa jornada, Meirelles rememora experiências, expõe contradições de seu ofício e discu-te com índios Madijá e Ashaninka a melhor forma de se relacionar com os índios “brabos”, sem tentar amansá-los nem exterminá-los.

SinopSe Curta

Um barco sobe o Rio Envira, no Acre, levando o sertanista José Carlos Meirelles e o antropólogo Terri de Aquino. Eles vão discutir com índios Madijá e Ashaninka como atenuar o tenso relacionamento com os índios “brabos” que habitam a região.

CrÉDitoS prinCipaiS

direção e roteiro Silvio Da-Rin

produção executiva Beth Formaggini

produção executiva de finalização Marcos Guttmann

direção de fotografia e câmera Dante Belluti

som direto Altyr Pereira

montagem Joana Collier

edição de som, música e mixagem Edson Secco

partiCipaÇÃo eM FeStiVaiS

Seleção para as seguintes mostras competitivas internacionais:Estréia Mundial: Festival del Nuevo Cine latinoamericano - Havana / Cuba

Festival Internacional de Cine en Guadalajara - MéxicoFestival Internacional de Documentários É Tudo Verdade - São Paulo

Festival de Cinema Brasileiro em Paris - França

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entreViSta CoM o Diretor

O que o motivou a subir o Rio Envira junto com José Carlos Meirelles?

SDR - Em 2003, participando de uma filmagem em aldeia Kuikuro, no Xingu, reencontrei uma velha amiga, a jornalista Simone Cavalcanti, que trabalhava na área de comunicação da Funai. Com entusiasmo, ela me falou dos sertanistas. Fiquei fascinado por aquela categoria profissional tão particular – gente que dedicava a vida a atrair, fazer o primeiro contato e pacificar índios até então sem contato regular com a sociedade nacional. Atividade perigosa, que obriga a incursões longas na floresta, em regiões ermas, sem qualquer tipo de infraes-trutura, expostos a agressões de animais selvagens e dos próprios índios.

Comecei a pesquisar o assunto e contei, de imediato, com a valiosa parceria do sertanista Wellington Figueiredo, já aposentado. Ele me introduziu à tese de doutorado Sagas Sertanistas, de autoria do antropólogo Carlos Augusto da Rocha Freire, trabalho de fôlego, que apresenta historicamente a tradição ser-tanista e entrevista os principais profissionais em atividade ou aposentados.

Wellington esperava que eu abordasse de modo panorâmico o trabalho dos sertanistas, uma verdadeira saga coletiva que começa mal com os bandeiran-tes e toma rumo humanista quando Rondon começa a desbravar o Centro-Oeste, no final do século XIX.

Mas eu tinha a convicção de que, para atingir o coração e a consciência dos espectadores, precisava abordar uma equipe específica e sua experi-ência localizada. Procurei então um sertanista ao mesmo tempo experien-te, carismático e bom fabulador, que tivesse desenvolvido trabalho com resultados concretos em alguma parte da Amazônia. Descartei sucessivas opções até me fixar em José Carlos Meirelles, criador da Frente de Proteção Etnoambiental do Rio Envira - FPERE, no Acre.

Meirelles vinha de experiências sofridas com os Awa Guajá, no Maranhão, e começou a trabalhar no Acre na mesma época em que os sertanistas fizeram sua primeira grande reflexão coletiva sobre a profissão. Sidney Possuelo foi o líder desse processo, que contou com a progressiva adesão de todos os

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colegas. Os sertanistas estavam cansados de assistir às consequências trá-gicas dos contatos que eram feitos para tirar grupos indígenas do caminho de projetos de colonização, hidroelétricas e estradas. Sem resistência orgâ-nica a gripe, caxumba, sarampo e outras enfermidades corriqueiras para os brancos, algumas tribos chegavam a perder mais da metade da população nos anos seguintes ao contato.

A FPERE era um excelente exemplo da política indigenista brasileira para índios isolados - uma política que se tornou referência para todos os países amazônicos e mesmo para países de outros continentes onde ainda existem índios sem contato regular. Além disso, o Acre é um verdadeiro laboratório de políticas públicas, com extensas áreas preservadas como parques flores-tais, reservas extrativistas e, principalmente, terras indígenas.

Fui ao encontro de Meirelles em meados de 2007. Apresentei o projeto, acolhido por ele de imediato. Combinamos as filmagens para dezembro daquele ano, no inverno amazônico, quando a alta dos rios permite nave-gação. Convidado pelo ministro Gilberto Gil para substituir Orlando Senna na Secretaria do Audiovisual do MinC, precisei adiar a preparação das filma-gens, só retomada em meados de 2010, quando deixei o Ministério.

Meu roteiro de filmagem previa encontrar Meirelles em Feijó, perto da di-visa do Acre com o Amazonas, e subir o rio em direção à base da Funai, a poucos quilômetros da fronteira com o Peru. Ao retomar o plano, soube que Meirelles havia sido deslocado para Roraima, para trabalhar junto aos Yanomami. Felizmente contei com a compreensão tanto da Funai quanto do próprio Meirelles, e a viagem foi agendada. Com uma vantagem imprevista: aproveitaríamos a volta de Meirelles ao Acre para realizar oficinas com os índios da região, frequentemente ameaçados pelos “brabos”. O experiente antropólogo acreano Txai Terri de Aquino nos acompanhou para, juntamen-te com Meirelles, ministrar essas oficinas.

Como você viu essa diplomacia da selva que Meirelles e Terri de Aquino põem em prática nos encontros e oficinas registrados pelo filme?

Essa era uma difícil missão. Com a falência da empresa seringalista e o fracasso das fazendas de criação de gado na região, os índios foram gra-dativamente recuperando a posse de suas terras ancestrais. Formaram-se aldeias Ashaninka e Madijá em antigos seringais e fazendas. As partes altas dos rios, com maior abundância de caça e pesca, vêm sendo ocupadas por índios ainda isolados. Isolamento relativo, pois esses índios conhecem e ambicionam instrumentos de corte, redes e outros utensílios usados por

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brancos e índios aldeados. Vez por outra promovem saques. Isso cria situa-ções de tensão que precisam ser administradas pela Funai.

A origem dessas tensões é remota. A ocupação do Acre, antes mesmo de ser anexado a nosso território nacional, é marcada pela exploração predatória do caucho e pela atividade seringalista. Hordas de emigrantes, a maior parte oriundos do Ceará, se apossaram de territórios habitados por índios desde tempos imemoriais. Para desenvolver sua atividade, expulsavam vio-lentamente os índios de suas terras. Ou os domesticavam, para incorporar mão de obra à extração da seringa. Foram muitas as “correrias” promovidas pelos patrões dos seringais, exterminando a população masculina de tribos inteiras e aprisionando algumas mulheres. Os Ashaninka foram trazidos do Peru para fazer esse trabalho de “limpeza da área”, que deixou sequelas. Rivalidades permanecem vivas.

As primeiras “oficinas de conscientização” foram promovidas pela Funai em 2010, em rios vizinhos, como Tarauacá e Murú. Com a volta de Meirelles ao Acre, chegou a vez do Envira. O que documentamos foi um certo impasse na negociação. Os índios esperam da Funai um trabalho assistencialista que não cabe à equipe de Meirelles, dedicada exclusivamente à proteção dos isolados. Estes são encarados como inimigos, pilhadores. As discussões avançavam, sem solução à vista. Meirelles e Terri tentavam convencer os Ashaninka e Madijá da necessidade de uma convivência pacífica que, no entanto, não contava com a cumplicidade daqueles com quem não se tem contato: os “brabos”. Uma diplomacia das mais difíceis.

Qual o seu testemunho sobre as relações e negociações que sertanistas como Meirelles desenvolvem hoje com os índios já contatados? São muito diferentes do que eram nos primeiros contatos?

São situações incomparáveis, que representam diferentes fases da política indigenista brasileira. A política da atração, contato e pacificação impli-cava na expectativa da assistência continuada, quando não da integração do índio à sociedade nacional como trabalhador, como se fazia nos tempos de Rondon, que fundou o Serviço de Proteção ao Índio e localização do Trabalhador Nacional - SPIlTN, vinculado ao Ministério da Agricultura. As equipes de Rondon vestiam os índios e ensinavam ofícios como telegrafis-ta e novas técnicas agrícolas. Tratava-se de uma política de ocupação de fronteiras e arregimentação de força de trabalho. A política atual da Funai é evitar o contato, até que os próprios índios manifestem que desejam fazê-lo, ou em situação de flagrante ameaça à sobrevivência ou integridade do grupo.

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Testemunhei muita decadência nas aldeias na calha do Envira. A concessão de aposentadoria aos índios é um forte desmotivador à fixação do índio na terra. Ao invés de dedicar-se ao plantio e colheita tradicional de macaxeira e banana, por exemplo, todos os meses o índio embarca com toda a famí-lia em uma canoa e viaja a Feijó para receber o dinheiro do Funrural. leva dias na cidade, compra manufaturados e alimentos industrializados, viaja de volta à aldeia e, algumas semanas depois, empreende nova viagem à cidade. Isso torna o índio dependente de um assistencialismo que aumenta progressivamente o processo de aculturação. É como se existissem na Funai dois ramos da instituição: uma Funai ausente e omissa em relação à expec-tativa de assistência em saúde e infraestrutura para os índios aldeados; e outra, voltada para a proteção dos isolados, que crescem em população e desfrutam de crescente bem-estar por dispor de boas áreas de caça e uma tranquilidade antes inexistente. A relação entre esses dois grupos de índios é bastante desigual, e essa contradição tornou-se evidente nas oficinas.

O perfil que você nos dá de José Carlos Meirelles incorpora contradições, especialmente no que diz respeito ao uso da violência contra os índios e à conveniência do contato. Em que medida isso contempla a personalidade dele ou a complexidade do próprio ofício?

São coisas indissociáveis. Os sertanistas têm antecessores notáveis, como os irmãos Villas Boas, Francisco Meireles (que não é parente de nosso per-sonagem), Sidney Possuelo e muitos outros. Mas, sem dúvida, o ances-tral totêmico da categoria é o marechal Candido Mariano Rondon, discípu-lo do general Gomes Carneiro, que formou toda uma geração de militares positivistas.

É muito difundido o lema de Rondon: “Morrer se preciso for, matar nunca”. Sertanistas são apóstolos da não-violência e dedicam-se de corpo e alma à preservação da integridade física e cultural dos grupos indígenas que vivem da floresta, contribuindo para a preservação ambiental.

Mas os índios isolados não reconhecem necessariamente os sertanistas como protetores. Estes, ao contrário, aparecem como invasores e agresso-res, juntamente com helicópteros, pequenos aviões, armas de fogo neces-sárias à autodefesa. Há muitos casos de sertanistas que perderam a vida em missão. Há casos também de imprevistas e indesejáveis mortes de índios em contatos mal sucedidos. Esses episódios fazem parte da difícil condição de trabalho dos sertanistas.

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Os “brabos” são personagens elípticos e uma referência constante no filme. Qual o valor disso para você em termos de dramaturgia?

O Brasil é o país onde há maior número de grupos indígenas sem contato re-gular com a sociedade dominante - são mais de 70 indícios ou casos compro-vados, com 12 frentes de proteção em atividade. Documentar esse esforço de proteger culturas originais implica, necessariamente, em respeitar a condição do não-contato. Nesse documentário, tudo gira em torno dos isolados, mas eles são, necessariamente, personagens elípticos. Sua imagem aparece, mas não caberia a nós fazer incursões visando o contato para filmá-los.

Essa é uma condição básica que organiza todo o projeto. Em termos de dra-maturgia, Meirelles é nosso protagonista, Terri é o principal coadjuvante e Artur Meirelles é outro ator importante, sucessor de seu pai na coordenação dos trabalhos da FPERE. Os índios que vivem na calha do Envira e sentem-se ameaçados pelos “brabos” aparecem como antagonistas dos isolados e, indiretamente, dos agentes da Funai que os protegem.

O filme parece se interessar tanto por Meirelles, o personagem principal, quanto pelo cotidiano do barco, os cenários exteriores e os agrupamentos indígenas visitados. Em termos de economia narrativa, como você dividiu as atenções da equipe entre esses vários polos?

O filme se desenvolve em torno da viagem, rio acima, em direção à base da Funai, com uma incursão à mata em busca de vestígios de isolados; e a descida, para realizar oficinas. O rio Envira estabelece um percurso linear a ser vencido, com todas as dificuldades de navegação impostas pela maior seca da região em um século. Na edição, buscamos construir uma narrativa que permitisse ao espectador conhecer os personagens, a região e princi-palmente as contradições inerentes ao trabalho da equipe de Meirelles e Artur, que desemboca nas oficinas.

Este é um “river movie”, que se realiza enquanto viagem e movimento. Quais foram os cuidados seus e da montadora Joana Collier sobre esse aspecto?

Em termos de produção, nossa filmagem foi uma expedição. Foi preciso alu-gar embarcações, abastecê-las e preparar uma logística não só de filmagem, como também de alimentação e convivência a bordo. Tínhamos um destino traçado e objetivos definidos, mas as condições naturais nos surpreendiam

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diariamente. Meirelles, conhecido na região como “o velho do rio”, é um homem experiente e completamente integrado àquele ambiente; uma es-pécie de faz-tudo: cozinhava, consertava motores, fabricava utensílios e, principalmente, exercia com habilidade uma política de boa vizinhança com brancos e índios que vivem na calha do Envira.

Estivemos quase sempre em movimento e essa condição precisava transpa-recer para o espectador. As dificuldades de navegação e a condição de vida na floresta eram parte dessa atmosfera a ser reconstruída narrativamente.

O filme tem uma concepção sonora muito delicada, com uma trilha minimalista que quase se confunde com os ruídos do rio e da floresta. Quais foram suas escolhas nesse sentido?

O músico e sound designer Edson Secco vinha de experiências que me pareciam muito bem sucedidas na criação de ambiências musicais bem in-tegradas aos temas dos filmes em que trabalhou. Como orientação, apenas reforcei a linha que ele já vinha desenvolvendo: minimalismo, intervenções pontuais e aproveitamento máximo da sonoridade trazida pelo som direto. A sonoridade das aldeias, da fauna e os ruídos do rio e do barco foram sua principal matéria-prima.

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O que houve de particular nessa experiência de filmar na selva, com seus riscos, obstáculos e rusticidades?

Amazônia é água. Altíssima umidade relativa do ar, transporte quase exclu-sivamente fluvial, habitações em palafita para melhor adequação ao regime cíclico dos rios. Essa condição dominante representa um especial desafio para equipamentos eletrônicos, extremamente sensíveis à umidade. As lo-cações são ermas, não há serviços de manutenção em um raio de cente-nas de quilômetros. Na Amazônia, ter uma câmera é não ter nenhuma. levamos três, duas Panasonic Full HD quase idênticas e uma pequena Sony como equipamento de apoio. Contêineres termicamente isolados, ampolas de CO2, muita sílica gel faziam parte de nosso arsenal obrigatório. Cuidado com a água é outra preocupação permanente em filmagem fluvial.

Além disso, os equipamentos digitais atuais usam cartões como mídia de gravação. É preciso diariamente descarregá-los para discos rígidos, por meio

de computadores portáteis. Essencial fazer back-up, para não arriscar a inte-gridade das imagens captadas. O mesmo vale para o som direto. Nosso barco precisou ser adaptado para conter essa unidade de transferência diária de imagens sonoras e visuais que consistiam na matéria-prima do filme.

O nível surpreendentemente baixo das águas às vezes levava a situações-limite, quando a água batia em nossas canelas. Toda a equipe participou do esforço de empurrar o barco até recolocá-lo em um canal de navega-ção. A partir do terceiro dia em que deixamos Feijó, esse foi um exercício diário. Além disso, a parte média e alta do Envira acumula muitos tocos, árvores inteiras, secas, encalhadas na areia do fundo do rio. Diversas vezes foi impossível desviar, e esses grossos tocos atingiram o barco. Na região, praticamente cada viagem obriga a uma visita de manutenção ao estaleiro, em Feijó. O piloto precisa conhecer um pouco de construção em madeira - e essa era uma das habilidades de José Carlos Meirelles. Todo o tempo nos sentimos em boas mãos.

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JoSÉ CarLoS MeireLLeS

José Carlos dos Reis Meirelles Júnior é um dos maiores sertanistas bra-sileiros. Ativo na área desde 1970, tornou-se, a partir de 1987, um dos principais mentores da política de preservar o isolamento dos índios não interessados no contato. Essa opção sucedeu às tradicionais posturas de antropólogos e governos, baseadas no contato para “proteger”, “aculturar” e “integrar” os indígenas.

Meirelles nasceu em Ribeirão Preto e foi criado na pequena cidade de Santa Rita do Passa Quatro (SP), numa família de desbravadores de mato e cria-dores de gado. Quando jovem, num acidente de caçada, levou um tiro de espingarda no peito. Enquanto se recuperava, decidiu abandonar os estu-dos de Engenharia e se mudar para a capital paulista. Passou num concurso para indigenista da Funai e, após um rápido curso iniciatório, foi enviado ao Maranhão para trabalhar junto aos Urubu-Kaapor e posteriormente aos Awa-Guajá, com quem tinha feito os primeiros contatos.

Em 1976, Meirelles assumiu a chefia de um posto da Funai no Acre, na re-gião do alto rio Iaco. Ali, entre os índios Manchineri e Jaminawa, ele iria passar dez anos de sua vida. Para retirar os índios do jugo de patrões fa-zendeiros, Meirelles idealizou e fez aprovar a Área Indígena de Mamoadate, finalmente demarcada como reserva em 1987. Nesse período, o sertanista e seus colaboradores implantaram um sistema de cooperativas indígenas que teve importância decisiva no processo de emancipação das tribos acreanas e de todo o sul da Amazônia.

Meirelles foi demitido da Funai em 1980, junto a outros companheiros que se opunham à política indigenista ditada pelos militares. Foi readmitido em fins de 1982, prosseguindo em seu trabalho com os índios do Acre. Voltou ao Maranhão com a família entre 1984 e 1986 para localizar e resgatar Awa Guajás “brabos” (isolados) que estavam ilhados nos igapós do rio Pindaré. A partir de 1986, regressou ao Acre, onde passou a trabalhar na proteção aos povos isolados nas cabeceiras do rio Envira, no município de Feijó, de onde parte a expedição vista no filme.

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Na década de 1980, eram frequentes e graves os conflitos entre índios iso-lados e integrantes dos grupos Kaxinawá e Kampa (hoje conhecidos como Ashaninka), respectivamente dos rios Jordão e Envira. Em decorrência de rou-bos e conflitos armados, as lideranças Kaxinawá e Kampa passaram a reivin-dicar junto à Funai a criação de uma frente de atração para amansar os “bra-bos”. Depois de uma longa viagem de reconhecimento pelos altos rios acre-anos, Meirelles decidiu pela instalação da Frente de Proteção Etnoambiental do Rio Envira (FPERE), onde há mais de duas décadas vem trabalhando na proteção das terras ocupadas por índios voluntariamente isolados.

Por conta dessa atividade, a Assembléia legislativa do Estado do Acre con-cedeu a Meirelles o título de Cidadão Acreano em 2006. No ano seguinte, o sertanista ganhou o Prêmio Chico Mendes de Meio-ambiente na categoria liderança individual. Entre índios, sertanistas e moradores da região, ele é conhecido como o “velho do rio”.

Seu trabalho é delicado, conduzido nos limites da diplomacia entre interes-ses e velhas rivalidades de índios “brabos”, índios aldeados, fazendeiros, indústrias extrativistas, governos e traficantes de drogas, sem contar com as questões trazidas pela proximidade da fronteira peruana. Em mais de uma oportunidade, Meirelles teve sua vida em risco e precisou confrontar suas mais profundas convicções no trato com os índios. Ele fala disso no filme.

Três dos cinco filhos de Meirelles foram iniciados pelo pai nos misteres do sertanismo. Artur Meirelles é hoje o seu sucessor na coordenação da FPERE.

Mais recentemente, o sertanista levou sua experiência para a chefia da Frente de Proteção Etnoambiental Yanomami e Ye’Kuana, em Roraima. Foi de lá que ele retornou ao Acre, um ano e meio depois, para a viagem do-cumentada em Paralelo 10. Seu posto atual é uma Assessoria Técnica da Secretaria Estadual de Meio-ambiente do Governo do Acre.

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a Frente Do enVira

Inicialmente chamada Frente de Atração Rio Jordão, logo depois de sua criação, em 1988, passou a ser denominada Frente de Contato Rio Envira e, a partir de 1997, Frente de Proteção Etnoambiental do Rio Envira. Mais do que mudança de nomes, trata-se aqui de uma profunda alteração na po-lítica indigenista em relação aos povos isolados. A proposta implementada gradualmente desde 1987 é não mais fazer a atração nem o contato, mas regularizar e proteger as terras tradicionalmente ocupadas pelos isolados.

O objetivo da FPERE é garantir e consolidar um corredor contínuo de pouco mais de 636 mil hectares de florestas protegidas, que se estende ao longo do Paralelo 10º Sul, na linha de fronteira do Brasil com o Peru. Nessas ter-ras encontram-se isolados de quatro etnias diferentes. A eles cabe a esco-lha do contato, se e quando acharem conveniente.

O filme mostra algumas oficinas de Meirelles e Txai Terri Aquino na região do Envira. Essa prática, que já vem de alguns anos, é desenvolvida junto a lideranças tradicionais, professores, agentes agroflorestais, agentes indí-genas de saúde e comunitários que compartilham suas terras com diversos grupos isolados, bem como a moradores brancos do entorno, buscando es-timular uma nova mentalidade de respeito e de não violência em relação a esses povos voluntariamente isolados. Visa, ainda, construir consensos, acordos e pactos para preservar áreas de suas terras, situadas mais às cabe-ceiras dos rios, para uso exclusivo desses grupos resistentes.

Um dos mais evidentes resultados dessa política é o considerável aumento demográfico dessas populações nos últimos 20 anos, invertendo a tendên-cia que parecia inexorável no rumo da extinção. As terras acreanas acomo-daram também índios isolados do Peru, afastados por força da exploração madeireira cada vez mais intensa no outro lado da fronteira.

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tXai terri aQuino

Coube ao acreano “Txai” Terri Valle de Aquino, antropólogo ligado à Funai, iniciar o trabalho de identificação e reconhecimento de nações indígenas no Acre, há mais de 40 anos. Os índios Kaxinawá viviam então como escra-vos dos seringalistas. Terri liderou a reivindicação pela demarcação de suas terras, a alfabetização e a criação de cooperativas de produção e consumo. Essa experiência acabou estendida a outras etnias, em busca de autonomia, prosperidade e afirmação cultural.

A militância de Terri se dá também na imprensa. Seus artigos do período 1975-1980 no jornal acreano O Varadouro denunciaram eficazmente os dramas vividos pelas populações indígenas e seringueiras nos altos rios acreanos.

Formado em Antropologia Social pela UnB e em Sociologia e Política pela PUC, Terri Aquino já ocupou a chefia da Coordenação de Identificação e Delimitação de Terras Indígenas da Funai. Sua distância crítica em rela-ção às políticas oficiais tornou acidentada sua relação com a instituição. Atualmente, é chefe da Coordenação Geral de Índios Isolados e Recém Contatados. Membro fundador da ONG Comissão Pró-Índio (CPI-Acre), é um dos autores do livro Kaxinawá do Rio Jordão (Rio Branco, 1992).

Terri incorporou o prenome “Txai”, que ganhou dos índios do Acre. Na lín-gua kaxinawá, o termo significa “amigo-irmão”.

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inteGriDaDe e iDeaLiSMo

por Carlos augusto da roCha Freire

Antropólogo, Coordenador de Divulgação Científica do Museu do Índio

Do início do século XX até hoje, alguns sertanistas se destacaram nas práticas e políticas do contato ou proteção etnoambiental dos povos indígenas no Brasil. Inicialmente, as políticas do contato eram integracionistas, dirigidas para educar a mão-de-obra dos indígenas e torná-los trabalhadores rurais. Essas práticas vigoraram durante toda a existência do Serviço de Proteção aos Índios - SPI (1910-1967) e da Fundação Nacional do Índio - Funai, até a Constituição de 1988, quando predomina a política de respeito e valorização das culturas indígenas. Nessa mesma época, um grupo de sertanistas conseguiu a institucionalização de uma nova política preserva-cionista para os povos indígenas isolados, garantindo-lhes proteção até que pressões econômicas tornassem o contato inevitável.

Ao longo do século, os sertanistas foram os responsáveis pelo estabelecimento de no-vas técnicas de contato com populações indígenas, caudatárias, em certa medida, de antigos procedimentos coloniais. Eram técnicas de conquista que tiveram sua maior expressão no século XX com o lema “morrer se preciso for; matar, nunca”, empregado pelo Marechal Cândido Rondon no âmbito da Comissão Rondon e do SPI. Os sertanis-tas adotavam estratégias, táticas e técnicas de contato diferenciadas, caracterizando essas intervenções como estilos sertanistas. Após os contatos, as técnicas disciplina-doras implementadas, caracterizadas por um forte civismo, marcavam a passagem do trabalho especializado dos sertanistas para o dos demais educadores indigenistas.

Ao realizar um contato, o sertanista era responsável pela primeira identificação do território indígena. Daí, o órgão indigenista iniciava um processo de demarcação dessa terra para um povo indígena. Hoje, os sertanistas identificam as áreas de prote-ção etnoambiental que necessitam ser interditadas para usufruto exclusivo de povos indígenas isolados.

O filme PARAlElO 10 focaliza a trajetória de vida de José Carlos Meirelles, um dos prin-cipais sertanistas brasileiros, pertencente a uma geração de sertanistas idealistas que superaram os procedimentos integracionistas do “velho” indigenismo, instaurando novas práticas de respeito à vida e às culturas dos povos indígenas de nosso país. Neste documentário, Meirelles expõe os dramas e as alegrias que atravessam as expe-riências vividas por esses profissionais. Como um aliado dos índios que arrisca a vida em campo, cotidianamente, Meirelles merece não só nossa admiração, mas também o reconhecimento público de que no âmbito das contradições do Estado brasileiro ain-da há espaço para que pessoas íntegras construam obras de intensa humanidade.

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eQuipe Do FiLMe

direçãoSiLVio dA-riN foi jornalista no início da carreira e faz documentários desde 1979. Dirigiu 14 filmes e vídeos, vários deles premiados em festivais brasi-leiros e internacionais, como Fênix (1980), Príncipe do Fogo (1984), Igreja da Libertação (1986), Nossa América (1989) e Hércules 56 (2006). Gravou o som de mais de 150 filmes, entre os quais inúmeros documentários e os lon-gas de ficção Quase Dois Irmãos, Onde Anda Você, Viva Voz, Avassaladoras, Separações, Bellini e a Esfinge, Amores Possíveis, Mauá - o Imperador e o Rei, Amores e Pequeno Dicionário Amoroso. Foi por duas vezes presidente da Associação Brasileira de Documentaristas. Em 2004, lançou o livro Espelho Partido: Tradição e Transformação do Documentário, versão revista de sua dissertação de mestrado em Comunicação na UFRJ. Entre 2007 e 2010 de-sempenhou a função de Secretário do Audiovisual do Ministério da Cultura. Desde maio de 2010, é Gerente Executivo de Articulação Internacional e licenciamento da EBC/TV Brasil.

produção executiVABetH ForMAGGiNi é documentarista, pesquisadora e produtora audiovisual. Historiadora (UFF) da equipe do Instituto Estadual de Patrimônio Cultural (INEPAC) do Estado do RJ. Dirigiu Cidades Invisíveis (2011), Angeli 24 Horas (2010), Apartamento 608 – Coutinho.doc (2009), Memória para Uso Diário (2007), Nobreza Popular (2003) e Walter.doc - O Tempo é sempre Presente (2000), entre outros. Foi produtora executiva de Sergio Bernardes, Mário Carneiro, Eduardo Coutinho, Paulo César Saraceni, Vincent Carelli, Geraldo Sarno e Ricardo Miranda. É pesquisadora e curadora de exposições, publica-ções e mostras de filmes.

FotoGrAFiAdANte BeLLuti tem formação de jornalista e é fotógrafo profissional desde 2001. Fotografou mais de 40 videoclipes, mais de 50 DVDs musicais e diver-sos comerciais, além de documentários e filmes de ficção. Dores de Amores, de Rafael Vieira, Tainá 3 e Desenrola, de Rosane Svartman, e o premiado curta Dois Mundos, de Thereza Jessouroun, foram alguns de seus trabalhos recen-tes. Com Joana Mamede vem dirigindo uma série de documentários, como Road Less Travelled, Wheeling Through Life, Brasil 84%, Comer Verbo Transitivo, Alguma Coisa Acontece no meu Coração e a série Antropologia Humana. Como fotógrafo still produz o ensaio Retratos e Landscapes desde 2005.

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SoMALtYr pereirA estudou cinema na Universidade Federal Fluminense e faz gra-duação em Música Brasileira na Uni-Rio. Como microfonista ou técnico de som, vem atuando desde 2000 em produções nacionais – como Amores Possíveis, Serras da Desordem, O Bem-Amado, Lope, O Homem do Futuro e Heleno, entre outros – e internacionais, para a BBC de londres e filmes americanos rodados no Brasil. Foi responsável, entre outros, pelo som direto dos documentários A Bença, Memória para Uso Diário, Estrada Real da Cachaça e Terras.

MoNtAGeMJoANA coLLier tem no seu currículo de montadora documentários como Justiça e Juízo, de Maria Augusta Ramos, Oscar Niemeyer, a Vida é um Sopro, de Fabiano Maciel, e Angeli 24 Horas, de Beth Formaggini. Começou a car-reira em 2000 como assistente de Jordana Berg na Videofilmes. Editou tam-bém documentários de Stella Penido e Vincent Carelli, entre outros direto-res. Trabalhou com o projeto Vídeo nas Aldeias e envolveu-se na preparação das versões brasileiras da obra amazônica de Adrian Cowell. Para Ricardo Miranda montou o vídeo Bricolage e com ele o longa O Gerente, de Paulo César Saraceni. É professora de edição na Escola de Cinema Darcy Ribeiro.

edição de SoM, MúSicA e MixAGeMedSoN Secco identifica-se como “artista sonoro”. No cinema compôs para filmes como Transeunte, de Eryk Rocha, Terras, de Maya Da-Rin, e diversos ensaios documentais de Paula Gaitán. No teatro fez trilhas originais para es-petáculos de Gerald Thomas, entre outros, e para o projeto de dança Nijinski Casamento com Deus, onde também atuou como performer. Como músico dirigiu e produziu o projeto de eletro-rock Aquelezuns. Atuou no even-to multimídia Plástico Bolha (Brasil) e com a companhia Quarto Physical Theater (Suécia). Integrando o coletivo Corrosivo e o Remote Project, tem-se apresentado em países da América latina e da Europa.

produção executiVA de FiNALizAçãoMArcoS GuttMANN é o diretor de quatro premiados curtas-metragens, Numa Beira de Estrada, Lapso, Vicente e KM 0, exibidos nos festivais de locarno e Rotterdam, entre outros. Dedica-se no momento à captação de recursos para seu primeiro longa de ficção, Maresia, ao desenvolvimento de séries para TV e à pesquisa para três projetos de documentários. Trabalha profis-sionalmente desde 1993 com audiovisual, tendo começado como assistente de direção de Carla Camurati em Carlota Joaquina. Foi assistente de Sandra Werneck, lúcia Murat e Marcos Bernstein, entre outros. Fez a produção de finalização de filmes como Janela da Alma, O Outro Lado da Rua e O Casamento de Romeu e Julieta.

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inForMaÇÕeS tÉCniCaS

Formato de captação HdFormato de exibição em cinema Hd – 1,85:1 – som 5.1

Duração 87min.Produção diálogo comunicação Ltda.

Ano de produção 2011

outroS CrÉDitoS

A Gustavo Dahl, em memória

equipe técNicA

produção executiva de finalização Marcos Guttmann assistência de produção Mariana Andrade de Abreu segunda câmera e logger Ítalo Rocha Vasconcelos câmeras adicionais Beth Formaggini e Silvio Da-Rin fotos aéreas dos índios isolados Gleilson Miranda design gráfico Marcellus Schnell videografismo Inez Torres produção de finalização Marcelo Pedrazzi colorista Gerson da Silva assistência de finalização Henrique lott consultoria para assuntos indígenas Wellington Gomes Figueiredo Elias Bigio Carlos Augusto da Rocha Freire Txai Terri Vale de Aquino Marcelo Piedrafita Iglesias consultoria tecnológica Carlos Ebert coordenação administrativa e financeira Sandra Helena Pedroso assistente administrativa e financeira Thatiana Fernandes estúdio de finalização Afinal Filmes estúdio de mixagem CTAv / SAv / MinC equipe CTAv mixagem Jota Junior, Alexandre Jardim e Damião lopes autoração digital Auwe Digital motoristas Paulista, Paixão e Jansen lopes seguros Apoio Corretora de Seguros

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coAdJuVANteS

Base FpereArtur Figueiredo Meirelles (coordenador), Antonio Francisco de Castro (Marreta),

Antônio José Pereira da Silva (Zé Pereira), Francisco Assis de Oliveira (Chicão),

Maria Jacira Saraiva (Moça), João Brandão Manoel de lima, Eldo Silva Oliveira, José Oberlane, Diana Ashaninka e Maria Feitosa

SamaúmaFrancisco Antonio de Oliveira (Jabuti), Alvanir Soim,

Tereza Firmino Gomes, Sebastião Pereira da Silva, Josefina Firmino da Silva, Manoel e Francisco

Aldeia Madijá terra NovaCazuza Gonçalves Kulina e Carena

Aldeia Ashaninka Alto BonitoMario Kampa

Aldeia Ashaninka HananeyriJoão Marcelino Elias, Professor Ricardino,

Zezinho Kampa, Ana, Motsikiri, Angera, Genotsi, Airton, Txawe, Gerita, Pinhero, Edika, Maria, Isaias, Noroto e Poke

Aldeia Madijá igarapé do AnjoMelki Gonçalves (professor), Almir, Jacira, Chaguinha, Edinaldo, Francisco, Genésio, Kaina, Koim, Coronel, Dzukiha, Roselene, Sahari, Dzukiha, Romão e Almir

Aldeia Ashaninka SimpatiaCacique Carijó Kampa, Raimundinho,

Fernandes, José Vos e Koria

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AGrAdeciMeNtoS eSpeciAiS

Carlos Augusto da Rocha FreireClarisse Baptista (Usina de Arte João Donato)

Claudia MendesCoordenação Geral de Índios Isolados e de Recente Contato / FUNAI

Daniel Queiroz de Sant’Ana (Fundação Elias Mansour)Edina FujiiElias Bigio

Equipe da Frente de Proteção Etnoambiental do Rio EnviraIrene Ferraz (Escola de Cinema Darcy Ribeiro)

José Carlos dos Reis Meirelles JuniorMarcio Augusto Freitas de Meira

Marco FioravanteMaurice Capovilla (Núcleo de Produção Digital - Acre)

Simone CavalcantiTereza Cruvinel

Txai Terri Valle de AquinoWellington Gomes Figueiredo

Nossa principal fonte da pesquisa foi a tese Sagas Sertanistas, do antropólogo Carlos Augusto da Rocha Freire (Museu Nacional)

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AGrAdeciMeNtoS

André luiz OliveiraAntonio de AndradeBismark Vila Real

Bureau de Cinema e VídeoCarlos Alberto Mattos

Cazuza Gonçalves KulinaCecília Pacheco Fernandes (Ciça)

Claudio Romero dos SantosComissão Pro Índio - AC

Felipe limaGustavo Dahl

Helena Nader (Dantur Turismo)Ivone BelémJoão Donato

Jorge Henrique Queiroz (TV Aldeia/Acre)José Carlos AvellarJosé Inácio Parente

José Nilson Saboia Kaxinawáluis Rosemberg Filho

Manfredo CaldasMarcio Augusto Freitas de Meira

Maria da Conceição Maia de OliveiraMuseu do Índio

Patrícia Monte MórRegina Pessoa Dantas

Renato BarbieriRicardo MirandaRicardo Villas

Sandra WerneckSimone Cavalcanti

Stella PenidoTV Aldeia

Valéria BurkeVanda Caldas

Vincent CarelliVladimir CarvalhoWalter Carvalho

Apoio cuLturAL

Usina de Arte João Donato Escola de Cinema Darcy Ribeiro

QuantaCTAv

pAtrocíNio

Petrobras

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