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1 PARECER JURÍDICO PROCESSO ADMINISTRATIVO Nº 404/2015 PREGÃO PRESENCIAL Nº 006/2015 I. OBJETO. Cuidam-se de impugnações ao Edital Convocatório atinentes à licitação em epígrafe, que tem como objeto o registro de preços para eventual contratação de serviços de coleta, transporte, gerenciamento, tratamento e destinação final dos resíduos sólidos provenientes da rede municipal de saúde de Jaciara. As empresas MÁXIMA AMBIENTAL SERVIÇOS GERAIS E PARTICIPAÇÕES LTDA., CENTROESTE AMBIENTAL COLETA, TRANSPORTE E LIMPEZA URBANA LTDA. ME e PAZ AMBIENTAL LTDA. apresentaram inúmeros questionamentos aos termos do certame, sugerindo inclusões, alterações e supressões no instrumento convocatório. O parecer atende à solicitação advinda do Departamento de Licitações da Prefeitura Municipal, que pretende, no caso em testilha, tomar a decisão que seja reputada mais justa, primando pelos princípios que regem a atividade administrativa, sobretudo os da legalidade, ampla concorrência e da proposta mais vantajosa para a administração pública. A empresa PAZ AMBIENTAL LTDA. aduziu, resumidamente, que: a) Não se deve exigir Licença de Operação (L.O.) apenas para o tratamento dos resíduos hospitalares, mas também para o serviço de coleta e destinação final dos mesmos; b) Deve ser exigido um certificado emitido pelo aterro sanitário comprovando a disposição final dos rejeitos; c) Deve ser exigida a competente

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PARECER JURÍDICO

PROCESSO ADMINISTRATIVO Nº 404/2015

PREGÃO PRESENCIAL Nº 006/2015

I. OBJETO.

Cuidam-se de impugnações ao Edital Convocatório atinentes à

licitaçã o em epígrafe, que tem como objeto o registro de preços para eventual

contratação de serviços de coleta, transporte, gerenciamento, tratamento e destinação

final dos resíduos sólidos provenientes da rede municipal de saúde de Jaciara.

As empresas MÁXIMA AMBIENTAL SERVIÇOS GERAIS E

PARTICIPAÇÕES LTDA., CENTROESTE AMBIENTAL COLETA, TRANSPORTE E

LIMPEZA URBANA LTDA. ME e PAZ AMBIENTAL LTDA. apresentaram inúmeros

questionamentos aos termos do certame, sugerindo inclusões, alterações e supressões

no instrumento convocatório.

O parecer atende à solicitação advinda do Departamento de

Licita ções da Prefeitura Municipal, que pretende, no caso em testilha, tomar a decisão

que seja reputada mais justa, primando pelos princípios que regem a atividade

administrativa, sobretudo os da legalidade, ampla concorrência e da proposta mais

vantajosa para a administração pública.

A empresa PAZ AMBIENTAL LTDA. aduziu, resumidamente,

que: a) Não se deve exigir Licença de Operação (L.O.) apenas para o tratamento dos

resíduos hospitalares, mas também para o serviço de coleta e destinação final dos

mesmos; b) Deve ser exigido um certificado emitido pelo aterro sanitário

comprovando a disposição final dos rejeitos; c) Deve ser exigida a competente

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autorização ambiental para transporte interestadual de produtos perigosos, emitida

pelo IBAMA, nos termos da Lei Complementar nº 140/2011; d) Também deve ser

inserida a exigência concernente à licença para transporte de resíduos perigosos, nos

termos do art. 3º, inciso X, da Lei nº 12.305/2010 e art. 5º, §único, da Resolução nº

316-CONAMA; e) Para as empresas que procederem ao tratamento dos resíduos

mediante incineração deverá ser exigido o Relatório de Teste de Queima, com ART,

nos termos das Resoluções CONAMA nº 264/99 e 316/02, bem como Norma Té cnica

CETESB E1.5011; f) Deve ser exigido Acervo Técnico do responsável, nos termos da

Resolução nº 1.025/09, do CONFEA; g) Também deve ser cobrada dos licitantes a

Licença expedida pela AGEVISA e da ANVISA; h) Que as coletas, ao invés de serem

semanais, deveriam ser quinzenais, “devido a remuneração proposta não conseguir

cobrir as despesas de transporte e operacionais para a realização dos serviços”; i)

Quanto ao item 7.1.8 do Edital, deve ser retificado para incluir a possibilidade de a

licitante possuir engenheiro químico como responsável técnico; j) Deve ser incluída a

possibilidade de a Administração Pública ser sancionada (através de multa, juros e

outros encargos) em caso de atraso no pagamento de sua obrigação.

A empresa MÁXIMA AMBIENTA L SER VIÇOS GERAIS E

PARTICIPAÇÕES LTDA. EPP, por sua vez, aduziu que: a) A modalidade de licitação

escolhida pelo município (Pregão) não se coaduna com o objeto do certame, haja vista

o argumento de que todos os serviços a serem desempenhados por quem tenha

habilitação junto ao CREA não possam ser considerados “serviços comuns”, o que

inviabilizaria a aplicação do art. 1º, da Lei nº 10.520/02 e demandaria a instauração

de uma Tomada de Preços; além disso, não seria viável a utilização do sistema de

Registro de Preços para a coleta dos resíduos, haja vista tratar-se de serviço contínuo

e não eventual; b) Que o item 2.2.2 do instrumento convocatório seria restritivo ao

vedar a participação de empresas com direito de licitar suspenso, haja vista tal

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suspensão referir-se apenas ao órgão aplicador da sanção e não se estender aos

demais entes federados; c) Que o edital deve exigir os atestados de capacidade técnica

não apenas das licitantes, mas também das empresas às quais as mesmas

subcontratarão parte dos serviços; d) Que a despeito do item 7.1.8, alínea “n”, do

instrumento convocatório, a legislação veda a exigência de quantidades, bastando que

o licitante demonstre a aptidão para o desempenho dos serviços; e) Que o edital deve

assegurar um pagamento mínimo ao eventual contratado ou, em último caso,

fracionar a coleta e transporte em um item e o tratamento e disposição final em outro,

sendo estes últimos por kg, a fim de facilitar o cálculo do custo pelo transporte dos

resíduos; f) Que em relação à periodicidade da coleta (semanal), como as licitantes

enviam os resíduos para tratamento em outro Estado, melhor seria a coleta quinzenal

ou mensal, a fim de diminuir os custos operacionais.

Por fim, a empresa CENTROESTE AMBIENTAL COLETA,

TRANSPOR TE E LIMPEZA URBANA LTDA. ME alegou que: a) O edital não é claro

acerca de quais empresas estariam impossibilitadas de licitar , ou seja , se aquelas com

seu direito suspenso (art. 87, inciso II, da Lei nº 8.666/93) ou aquelas declaradas

inidôneas pela Administração Pública (art. 87, inciso III, do mesmo diploma legal); b)

Como o instrumento convocatório permite a subcontratação dos serviços, a exigência

de atestado de capacidade técnica referente a todas as atividades licitadas (item 7.1.8)

revela-se abusiva, devendo limitar-se à atividade desempenhada pela licitante; c) Que

o item 7.1.8, alínea “r”, do instrumento convocatório, deveria ser alterado para afastar

a exigência de atestado técnico-profissional, e is que sem amparo legal, substituindo-a

pela Certidão de Acervo Técnico; d) Que a exigência contida no item 7.1.8, alínea “l”,

do edital, não seria condizente com aquelas dispostas nas alíneas l.1, l.2, l.3 e l.4,

devendo estas últimas serem excluídas.

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Sendo esses os fundamentos suscitados pelas empresas

impugnantes, passa esta assessoria jurídica a analisá-los, um a um, cotejando-os ao

que preceituam a doutrina e jurisprudência pátrias.

II. DA FORMA E TEMPESTIVIDADE.

As impugnações manejadas pelas referidas empresas, segundo

informações prestadas pela Pregoeira, ocorreram tempestivamente, na forma

disposta no art. 41, §2º, da Lei nº 8.666/93, motivo pelo qual merecem ser conhecidas

e julgadas de modo regular.

III. DO MÉRITO.

De antemão cumpre-nos ressaltar o caráter opinativo do

presente parecer, sobretudo quando consideramos o fato de que a maior parte dos

fundamentos invocados pelas referidas empresas excedem o plano exclusivamente

jurídico – desembocando em áreas de conhecimentos técnicos diversos em logística,

engenharia e medicina, de cuja valoração o Administrador também pode valer-se para

a formação de seu juízo.

Dito isto, passemos ao debate.

III.I DOS ARGUMENTOS INVOCADOS PELA EMPRESA PAZ AMBIENTAL LTDA.

Referida empresa alega, em primeira via, que não se deve exigir

Licença de Operação (L.O.) apenas para o tratamento dos resíduos hospitalares, mas

também para o serviço de coleta e destinação final dos mesmos – já que tais atividades

necessitam ser licenciadas pelo órgão ambiental competente.

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Neste ponto, embora esteja com razão a Impugnante quanto à

necessidade de licenças para todas as etapas do objeto licitado, cumpre-nos destacar

que o instrumento convocatório do certame as exige objetivamente quando cuida da

qualificação técnica das licitantes, senão vejamos:

“7.1.8 – Relativos à Qualificação Técnica. ( ...)

b) Licença de Operação referente o Tratamento de resíduos de saúde dos grupos A

e E, devidamente licenciado pelo órgão ambiental competente conforme RDC

306/14 da ANVISA. Caso a licença de Operação para tratamento de resíduos de

saúde do grupo A e E não esteja em nome da empresa, esta deverá apresentar carta

de anuência emitida pela empresa proprietária dos sistema de tratamento adotado,

anuindo a empresa licitante para recebimento de resíduos de serviço da saúde.

c) Licença de Operação devidamente licenciado pelo órgão ambiental competente

conforme RDC 306/14 da ANVISA referente a transporte dos resíduos perigosos.

d) Licença de Operação referente ao Tratamento de resíduos de saúde do grupo B,

devidamente licenciado pelo órgão ambiental competente conforme RDC 306/14 da

ANVISA. Caso a licença de Operação para tratamento de resíduos de saúde do

grupo B não esteja em nome da empresa, esta deverá apresentar carta de anuência

emitida pela empresa proprietária do sistema de tratamento adotado, anuindo a

empresa licitante para recebimento de resíduos de serviço da saúde.

e) Licença Ambiental do Aterro Sanitário devidamente licenciado pelo órgão

ambiental competente, utilizado para disposição final de resíduos de saúde

tratados. Caso a licença do Aterro não esteja em nome da empresa licitante, esta

deverá acompanhar carta de anuência emitida pela empresa proprietária do Aterro

Sanitário anuindo a empresa subcontratada para encaminhamento de resíduos de

saúde tratados”;

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Havendo, dessa forma, expressa disposição editalícia a respeito

do assunto, opinamos pela manutenção dos termos da licitação nesse aspecto.

No tocante à alegada necessidade de se cobrar do s

licitantes um certifi cado emitido pelo aterro sani tário co mprovando a

disposição final dos rejeitos, consideramos que tal circunstância situa-se no campo

da discricionariedade administrativa ao passo que se relaciona à fiscalização de uma

contratação futura.

O município conta, para cada um dos contratos firmados com

particulares, com o fiscal estabelecido no art. 67, da Lei de Licitações, responsável por

acompanhar o regular cumprimento dos termos pactuados.

Dessa forma, ao menos que existam relevantes motivos a

indicarem que o representante da municipalidade não conseguirá fiscalizar o

cumprimento contratual, a exigência sugerida pela empresa Impugnante mostra-se

descabida, razão pela qual opinamos por seu desprovimento.

Já em relação à necessidade de se exigi r auto rização

ambiental para transpo rte interestadual de produtos perigo sos, parcial ra zão

assiste à Impugnante.

Com efeito, dispõe o art . 7º, inciso XXV, da Lei Complementar

nº 140/2011, ser da União a competência “para exercer o controle ambiental sobre o

transporte interestadual, fluvial ou terrestre, de produtos perigosos, ao passo que a

Instrução Normativa nº 5/2012, do IBAMA, institui a necessidade de “autorização

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ambiental para o exercício da atividade de transporte marítimo e interestadual,

terrestre e fluvial, de produtos perigosos” (art. 1º, caput).

Ocorre que, tal como disposto nos citados dispositivos legais,

referida autorização somente pode ser exigida quando o transporte dos resíduos

hospitalares (que são perigosos) ocorrer fora do perímetro do Estado de Mato Grosso,

onde o Município de Jaciara se situa.

Sob essa ótica, opinamos pela inclusão da referida exigência no

edital da licitação, fazendo-se a ressalva de que a mesma é exigida apenas nestas

circunstâncias (quando o transporte ultrapassar as divisas de nosso Estado), tal com o

dispõe o ordenamento jurídico.

No transporte realizado dentro das confrontações de Mato

Grosso permanece válido o comando geral contido no item 7.1.8, alínea “c”, do

instrumento convocatório, ao qual deverá ser acrescentada a licença específica

disposta no art. 1º, caput , da Instrução Normativa nº 5/2012, do IBAMA (transporte

interestadual).

Quanto à alegada necessidade de se exigir o Relatório de

Teste de Queima das empresas que procedem ao tratamento dos resíduos,

consideramos que tal medida mostra-se desnecessária para os fins de habilitação no

certame.

Isto porque a Administração já cobra dos licitantes as licenças

necessárias ao exercício de suas atividades (dentre elas o tratamento dos resíduos

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sólidos hospitalares) regularmente expedidas pelos órgãos de fiscalização

competentes.

Tais órgãos, quando da expedição dos respectivos

licenciamentos, já exigem das empresas responsáveis pela incineração dos resíduos

sólidos o respectivo teste de queima, consoante se depreende do art. 29, parágrafo

único, da Resolução CONAMA nº 316/02:

“Art. 29. A primeira verificação do cumprimento aos Limites Máximos de Emissão

será realizada em plena capacidade de operação e deve necessariamente preceder à

expedição da Licença de Operação (LO), que por sua vez não poderá ultrapassar os

seis meses do início da partida da unidade.

Parágrafo único. A realização de teste de queima é obrigatória por ocasião do

licenciamento, renovação de licença, além de toda e qualquer modificação das

condições operacionais”.

Dessa forma, se o regulamento aplicável ao caso em debate já

exige das empresas o citado teste para a obtenção da respectiva Licença de Operação

julgamos desnecessária a cobrança do mesmo por parte do órgão licitante.

O processo licitatório em trâm ite já se apresenta sobremaneira

complexo, dadas as peculiaridades do objeto licitado, demandando grande tempo por

parte dos envolvidos na análise de documentos e habilitação técnica.

Logo, as exigências que se mostrarem desnecessárias aos fins

de habilitação devem ser evitadas pelo bom andamento do certame, razão pela qual

opinamos pelo desprovimento da impugnação neste ponto.

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No tocante à alegação de que deve ser exigido Acervo

Técnico do responsável, nos termos da R esolução nº 1.025/09, do CONFEA,

ressaltamos que o instrumento convocatório do certame, em seu item 7.1.8, alínea “r”,

já cobra dos licitantes o “atestado de capacidade técnico-profissional, em nome do

responsável técnico devidamente registrado no CREA, acompanhado da Certidão de

Registros de atestados, por execução dos serviços de Coleta, Transporte, Tratamento e

Disposição Final com características semelhantes ao objeto licitado” .

Insta observar que a Administração, além do atestado emitido

em nome do responsável técnico pelos serviços, cobra que o mesmo seja registrado

junto à entidade profissional competente (CREA).

Tal órgão, por ocasião do registro, faz uma série de exigências

antes de deferi-lo, cuidando inclusive de conferir as Anotações de Resp onsabilidade

Técnica dele constantes, nos termos da Resolução nº 1.025/09, do CONFEA:

“Art. 57. É facultado ao profissional requerer o registro de atestado fornecido por

pessoa física ou jurídica de direito público ou privado contratante com o objetivo de

fazer prova de aptidão para desempenho de atividade pertinente e compatível em

características, quantidades e prazos.

Parágrafo único. O atestado é a declaração fornecida pela contratante da obra ou

serviço, pessoa física ou jurídica de direito público ou privado, que atesta a

execução de obra ou a prestação de serviço e identifica seus elementos

quantitativos e qualitativos, o local e o período de execução, os responsáveis

técnicos envolvidos e as atividades técnicas executadas.

(...)

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Art. 59. O registro de atestado deve ser requerido ao Crea pelo profissional por

meio de formulário, conforme o Anexo III, e instruído com original e cópia, ou com

duas cópias autenticadas, do documento fornecido pelo contratante.

§ 1º Para efeito desta resolução, somente será objeto de registro pelo Crea o

atestado emitido sem rasuras ou adulteração, e que apresentar os dados mínimos

indicados no Anexo IV.

§ 2º O requerimento deverá conter declaração do profissional corroborando a

veracidade das informações relativas à descrição das atividades constantes das

ARTs especificadas e à existência de subcontratos ou subempreitadas.

§ 3º Será arquivada no Crea uma das vias do atestado apresentado.

(...)

Art. 63. O Crea manifestar-se-á sobre o registro do atestado após efetuar a análise

do requerimento e a verificação dos dados do atestado em face daqueles

constantes dos assentamentos do Crea relativos às ARTs registradas.

§ 1º O requerimento será deferido somente se for verificada sua

compatibilidade com o disposto nesta resolução.

§ 2º Compete ao Crea, quando necessário e mediante justificativa, solicitar outros

documentos ou efetuar diligências para averiguar as informações apresentadas.

§ 3º Em caso de dúvida, o processo será encaminhado à câmara especializada

competente para apreciação.

§ 4º Em caso de dúvida quando a atividade técnica descrita na ART caracterizar

assunto de interesse comum a duas ou mais especializações profissionais, o

processo será apreciado pelas câmaras especializadas competentes e, em caso de

divergência, encaminhado ao Plenário do Crea para decisão.

Art. 64. O registro de atestado será efetivado por meio de sua vinculação à CAT,

que especificará somente as ARTs a ele correspondentes”.

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Em razão dessas exigências legais ao registro do atestado

disposto no item 7.1.8, alínea “r”, do edital do certame, julgamos desnecessária

qualquer alteração neste aspecto por já contemplar a apresentação do acervo técnico

dos responsáveis pela execução do serviço.

Quanto à exigência, po r parte dos licitantes, da

apresentação de licenças expedidas pelas agências de vigilância sani tária

estaduai s ou pela ANVISA, cumpre destacar que o instrumento convocatório exige o

cumprimento à Resolução da Diretoria Colegiada nº 306/04, deste órgão.

Referida norma, que “dispõe sobre o Regulamento Técnico para

o gerenciamento de resíduos de serviços de saúde”, não estabelece a necessidade de se

exigir, nos editais das licitações, o licenciamento sanitário, limitando-se a fazer

referência às licenças ambientais (itens 2.5 e 2.6, dentre outros) já dispostas no item

7.1.8 do edital.

Referido item também cobra das licitantes, como requisito de

habilitação, o Alvará expedido pela vigilância sanitária de onde a mesma possua sede.

Além disso, mais uma vez ressaltamos que o licenciamento

ambiental da atividade desenvolvida pela empresa licitante (seja de coleta, transporte

ou destinação final dos resíduos) já analisou, previamente e em conjunto com outros

fatores, os seus aspectos sanitários – motivo pelo qual opinamos, mais uma vez, pelo

desprovimento da impugnação.

Quanto à sugestão para que as coletas, ao invés de serem

semanais, sejam ser quinzenais, “devido a remuneração proposta não conseguir

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cobrir as despesas de transporte e operacionais para a realização dos serviços”,

ressaltamos que sua análise compete à própria Administração, fugindo da

competência desta Assessoria Jurídica.

Lembramos, porém, que a fixação dos prazos contidos no edital

via de regra obedece a um prévio estudo acerca de sua viabilidade onde os interesses

do órgão licitante é quem devem condicionar as exigências ali contidas.

Sendo assim, no tocante a tal arguição da empresa impugnante,

opinamos no sentido de que sua recomendação somente seja atendida caso seja

interesse da Administração, levando-se em conta os diversos riscos eventualmente

provenientes do aumento de prazo entre as coletas dos resíduos hospitalares.

No mesmo sentido trilha a sugestão para que o edital não

permita a subcontratação dos serviços de coleta, transporte, tratamento e destinação

final dos resíduos sólidos: levando-se em conta o fato de que a Administração já

avaliou o caso na oportunidade em que redigiu o instrumento convocatório (e

autorizou a subcontratação), vedá-la a esta altura necessitaria de relevante

fundamentação e justificativa – a cargo dos responsáveis pelo certame.

Quanto à alegação referente ao item 7.1.8, alínea “a” do Edital,

que deveria ser retificado para incluir a possibilidade de a licitante possuir

engenheiro químico como responsável técnico, julgamos à primeira vista não ser

restritiva referida exigência – já que não impede que a empresa possua, dentre seus

responsáveis técnicos para o serviço licitado, um engenheiro químico, mas tão

somente exige que ela também possua um engenheiro sanitarista “face à complexidade

tecnológica dos serviços a serem executados”.

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Como já afirmamos no início, o edital do certame traz em seu

bojo exigências não apenas de cunho jurídico, mas também técnico cuja formulação

ocorreu pela secretaria responsável pela solicitação dos serviços.

Se no instante em que se elaborou o instrumento convocatório

chegou-se à conclusão de que, pela complexidade dos serviços, a empresa deve

possuir um engenheiro sanitarista dentre os seus responsáveis técnicos, nada há de se

acrescentar ou suprimir do documento impugnado.

Ressaltamos que a Resoluçã o CONFEA nº 218/73, em seus

artigos 17 e 18, relaciona as competências de ambos os profissionais em comento, a

saber:

Art. 17 - Compete ao ENGENHEIRO QUíMICO ou ao ENGENHEIRO

INDUSTRIAL MODALIDADE QUíMICA:

I - desempenho das atividades 01 a 18 do artigo 1º desta Resolução, referentes à

indústria química e petroquímica e de alimentos; produtos químicos; tratamento

de água e instalações de tratamento de água industrial e de rejeitos industriais;

seus serviços afins e correlatos.

Art. 18 - Compete ao ENGENHEIRO SANITARISTA:

I - o desempenho das atividades 01 a 18 do artigo 1º desta Resolução, referentes a

controle sanitário do ambiente; captação e distribuição de água; tratamento de

água, esgoto e resíduos; controle de poluição; drenagem; higiene e conforto de

ambiente; seus serviços afins e correlatos.

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Forçoso concluir , pela análise dos referidos dispositivos, que o

engenheiro químico exerce atividade voltada com maior dedicação à área da química

e outras atividades a ela vinculadas.

O engenheiro sanitarista, por outro lado, dentre outras

atividades é responsável pelo controle sanitário do ambiente (estritamente

vinculado, portanto, à saúde) , captação e tratamento de resíduos, controle de

poluição, higiene e confo rto de ambiente.

É inegável que, dentre as atribuições de ambos os profissionais,

o último é quem detém melhores condições de trabalho na área de coleta, transporte e

destinação final de resíduos hospitalares – o que não significa, voltamos a ressaltar,

que a empresa não necessite, eventualmente, valer-se da atividade de um engenheiro

químico.

Desta feita, a menos que a Administração possua motivos

concretos para a alteração do edital do certame (devendo justifica-los), a fim de tornar

opcional a responsabilidade técnica de um engenheiro sanitarista, opinamos para que

seja mantida sua redação original.

Em relação à ausênci a de sanções (multa, juros de mora e

atualização monetária) po r atraso no pagamento pela Admi nistração, é preciso

ressaltar, de antemão, que o contrato administrativo difere do particular em vários

aspectos, de tal sorte que pode, por exemplo, possuir cláusulas exorbitantes que

garantam à Administração certas prerrogativas tendo em vista o fato de que “regem-se

não só pelas suas cláusulas, mas, também, pelos preceitos de direito público” (Resp

737.741/RJ, j. 03.10.06).

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A possibilidade de se fixarem cláusulas exorbitantes não

permite, contudo, o abuso por parte da Administração. Segundo ensinamentos de

Marçal Justen Filho:

“O regime de competências extraordinárias não significa que a Administração

Pública esteja autorizada a infringir a moralidade e a boa-fé” (Curso de Direito

Administrativo, Ed. Revista dos Tribunais, 10ª ed. 2014, p. 489).

Nesse sentido o Superior Tribunal de Justiça já decidiu:

“Na contemporaneidade, os valores e princípios constitucionais relacionados à

igualdade substancial, justiça social e solidariedade, fundamentam mudanças de

paradigmas antigos em matéria de contrato, inclusive no campo do contrato

administrativo que, desse modo, sem perder suas características e atributos do

período anterior, passa a ser informado pela noção de boa-fé objetiva,

transparência e razoabilidade no campo pré-contratual, durante o contrato e pós-

contratual”. (REsp: 914087 RJ 2007/0001490-6, Relator: Ministro JOSÉ

DELGADO, Data de Julgamento: 04/10/2007, T1 - PRIMEIRA TURMA, Data de

Publicação: DJ 29.10.2007 p. 190)

Nessa linha de raciocínio, importa observar que o atraso no

cumprimento das obrigações por parte do Município pode, a depender do caso,

justificar a correção do pagamento devido ao futuro contratado, sendo que os critérios

de reajuste deverão estar previamente indicados no edital, consoante disposto no art.

40, inciso XIV, alíneas “c” e “d”, da Lei nº 8.666/93.

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Acerca da possibilidade de incidirem juros e correçã o

monetária nos casos em que houver atraso no pagamento pela Administração o

Tribunal de Contas de Mato Grosso já se manifestou na oportunidade em que expediu

a Resolução de Consulta nº 69/2011, cujo trecho que nos interessa assim foi redigido:

“c) A correção monetária e os juros de mora incidem nos contratos

administrativos quando a Administração descumpre cláusulas contratuais

atrasando o pagamento devido ao contratado”.

Na ocasião também restou assentado que a correção e a

incidência de juros em nada se assemelha ao reequilíbrio econômico-financeiro

disposto no art. 65, inciso II, alínea “d”, da Lei de Licitações – haja vista fundarem-se

em circunstâncias distintas.

Dessa forma, opinamos favoravelmente à inclusão, na minuta

contratual, dos critérios de pagamento de juros e correção monetária por atraso nos

pagamentos pela Administração, a contar do efetivo descumprimento de sua

obrigação e segundo os índices oficiais.

III.II DOS ARGUMENTOS INVOCADOS PELA EMPRESA MÁXIMA AMBIENTA L

SERVIÇOS GERAIS E PARTICIPAÇÕES LTDA. EPP.

Em primeiro lugar aduz que a modalidade de licitação

escolhida pelo município (Pregão) não se coaduna com o objeto do certame, haja vista

o argumento de que todos os serviços a serem desempenhados por quem tenha

habilitação junto ao CREA não possam ser considerados “serviços comuns”, o que

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inviabilizaria a aplicação do art. 1º, da Lei nº 10.520/02 e demandaria a instauração

de uma Tomada de Preços.

Nesse contexto, imperioso ressaltar que a Lei do Pregão dispõe:

“Art. 1º Para aquisição de bens e serviços comuns, poderá ser adotada a

licitação na modalidade de pregão, que será regida por esta Lei.

Parágrafo único. Consideram-se bens e serviços comuns, para os fins e efeitos

deste artigo, aqueles cujos padrões de desempenho e qualidade possam ser

objetivamente definidos pelo edital, por meio de especificações usuais no

mercado”.

Considerando o fato de que o edital do certame define

objetivamente, no Termo de Referência, os serviços objeto da licitação (em cuja esfera

a atividade dos profissionais de engenharia assumem apenas uma parcela de

participação) segundo as práticas usuais do mercado, a princípio não vislumbramos

óbice à modalidade licitatória escolhidas pela Administração.

O tema proposto pela Impugnante é, sem dúvidas, objeto de

controvérsia – já que o CONFEA, na Sessão Plenária Ordinária de 02 de março de

2007, decidiu:

“O Plenário do Confea, reunido em Brasília de 28 de fevereiro a 2 de março de

2007, apreciando a Decisão do Conselho Diretor nº CD-028/2007, que aprova a

proposta de posicionamento do Confea quanto à contratação de obras e serviços

de Engenharia, de Arquitetura e de Agronomia pelo setor público por meio da

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modalidade de licitação denominada pregão, DECIDIU, por unanimidade,

aprovar a Nota Técnica Informativa, anexa, contrária à contratação pelo setor

público de obras e serviços de Engenharia, de Arquitetura e de Agronomia por

pregão como modalidade de licitação. Presidiu a Sessão o Engenheiro Civil

MARCOS TÚLIO DE MELO. Presentes os senhores Conselheiros Federais

ADMAR BEZERRA ALVES, AINABIL MACHADO LOBO, ALINE FARIA

SIQUEIRA, ANGELA CANABRAVA BUCHMANN, CLAUDIO PEREIRA

CALHEIROS, FERNANDO JOSÉ DE MEDEIROS COSTA, FERNANDO LUIZ

BECKMAN PEREIRA, IRACY VIEIRA SANTOS SILVANO, ISACARIAS CARLOS

REBOUÇAS, JAQUES SHERIQUE, JOÃO DE DEUS COELHO CORREIA,

JORGE LUIZ DA ROSA VARGAS, JOSÉ ELIESER DE OLIVEIRA JÚNIOR,

LINO GILBERTO DA SILVA, OSNI SCHROEDER, PEDRO IDELANO DE

ALENCAR FELÍCIO , PEDRO LOPES DE QUEIRÓS, RICARDO ANTONIO DE

ARRUDA VEIGA, RODRIGO GUARACY SANTANA e VALMIR ANTUNES DA

SILVA”.

Referido entendimento foi reiterado, por sua vez, através da

decisão plenária citada pela Impugnante, que justificou haver diferenciação entre

serviços comuns e não comuns no âmbito da engenharia civil, sendo que em relação a

estes últimos, por exigirem Anotação de Responsabilidade Técnica perante os

Conselhos Regionais, escapariam à modalidade escolhida pela Administração.

Apesar de toda a celeuma envolvendo o caso em comento,

julgamos carecer de razão a Impugnante, eis que o objeto do certame não se restringe

exclusivamente às atividades de engenharia.

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O engenheiro civil exerce, no âmbito dos serviços a serem

contratados, a atribuição de coordenar e fiscalizar a coleta, o transporte, o tratamento

e a disposição final dos resíduos hospitalares.

Tais atividades, embora de suma importância para a segurança

do serviço desempenhado, não constituem a integralidade do objeto licitado,

constituindo apenas parte da mesma.

Imaginamos, por exemplo, que o município quisesse licitar a

elaboração de um projeto para a construção de um aterro sanitário onde fosse

depositar exclusivamente os resíduos hospitalares: a atividade objeto da contratação

revelar-se-ia eminentemente intelectual e inegavelmente complexa, de tal sorte que

sua licitação mostrar-se-ia inviável, a princípio, através de pregão.

Já no caso em comento o que o Município de Jaciara visa

contratar é a coleta, o transporte, o tratamento e a destinação final dos resíduos –

atividades que serão desempenhadas, a princípio, por outros profissionais

pertencentes aos quadros da licitante – o que às excluiria do conceito de serviços de

engenharia. Aos engenheiros responsáveis técnicos pelos serviços será reservada

apenas parcela de sua execução, jamais a maior parte.

Nessa esteira de raciocínio, Jorge Ulisses Jacoby Fernandes nos

ensina:

“pode ocorrer que, em determinada atividade, para um serviço se exija

profissional de engenharia, mas sua participação no contexto global da

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atividade venha a ser mínima. Logo, o serviço não deve ser classificado como de

engenharia”.

A complementar o raciocínio, o Tribunal de Contas da União

decidiu em plenário que a modalidade licitatória Pregão somente não será utilizada

“para a contratação de serviços de natureza predominantemente intelectual,

assim considerados aqueles que podem apresentar diferentes metodologias, tecnologias

e níveis de desempenho e qualidade, sendo necessário avaliar as vantagens e

desvantagens de cada solução”.

O objeto licitado pela Administração exige das empresas

interessadas os serviços de engenharia já mencionados, mas para fiscalizar o

atendimento da empresa às normas e resoluções vigentes no campo de sua atuação,

que são muitas e devidamente padronizadas.

Não vislumbramos, a princípio, a necessidade de se utilizar

metodologias e níveis de desempenho diferentes daqueles já considerados suficientes

pelos órgãos de fiscalização (ANVISA, CONSEMA, etc.).

Ressalta-se que a impugnação manejada pela empresa MÁXIMA

AMBIENTAL tão somente asseverou a complexidade dos serviços constantes do

Termo de Referência, sem, contudo, justificar serem os de engenharia preponderantes

sobre os demais componentes em caráter global.

Dessa forma, seja pela objetividade da definição dada aos

serviços pelo edital da licitação, seja por não restar demonstrada a preponderância da

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atividade de engenharia sobre as demais na composição global do objeto da licitação,

opinamos pela manutenção da mesma sob a modalidade Pregão Presencial.

Quanto à utilização do sistema de Registro de Preços para

a coleta do s resíduos, haja vista tratar-se supostamente de serviço contínuo e

não eventual, indispensável transcrevermos o disposto no art. 3º, do Decreto nº

7.892/13:

“Art. 3º O Sistema de Registro de Preços poderá ser adotado nas seguintes

hipóteses:

I - quando, pelas características do bem ou serviço, houver necessidade de

contratações frequentes;

II - quando for conveniente a aquisição de bens com previsão de entregas

parceladas ou contratação de serviços remunerados por unidade de medida ou

em regime de tarefa;

(...)

IV - quando, pela natureza do objeto, não for possível definir previamente o

quantitativo a ser demandado pela Administração”.

Os termos grifados dos incisos acima transcritos demonstram o

enquadramento da necessidade administrativa à opção do Registro de Preços, haja

vista o fato de que o recolhimento de lixo hospitalar , sem dúvidas, demanda

frequência e a forma de remuneração mais satisfatória e justa consiste na utilização da

unidade de medida o kilograma (kg).

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Além disso, ainda que tenha buscado estimar os quantitativos

previamente, para efeito de instruir o Termo de Referência contido nos autos do

processo licitatório, a Administra ção Pública não tem como antecipar (com exatidão)

a quantidade de lixo a ser recolhida.

É certo que, como bem nos ensina JACOBY, “o rigor científico do

controle e a estatística podem reduzir a aleatoriedade do consumo dos bens e

mercadorias a um padrão mínimo”. Entretanto, o mesmo doutrinador ressalta que:

“A verdade (...) é que o serviço público, como regra, não tem metas tão

audaciosas, seja porque lida com recursos escassos, não dispondo de tão alta

tecnologia, uma vez que o volume de atividades não comporta esse tipo de rigor

científico na previsão” (Sistema de Registro de Preços e Pregão Presencial e

Eletrônico, 5ª edição, p. 87).

Muitas são as variáveis na área da saúde e certas patologias

sazonais (com o a dengue, por exemplo) impedem que se trace, com a certeza que um

contrato administrativo exige, a quantidade de lixo hospitalar que será recolhido ao

longo de todo o ano.

A ausência de previsão exata, entretanto, não significa que o

município deixará de contar, mês ou outro, com os serviços de coleta , transporte,

tratamento e destinação final dos resíduos – pois estes serão prestados

semanalmente, como ressaltado pelo próprio Termo de Referência constante dos

autos da licitaçã o, o que afasta qualquer risco de poluição ambiental suscitado pela

Impugnante.

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Dessa forma, consideramos inexistir óbice à adoção do Registro

de Preços para os serviços objeto do presente certame, razão pela qual opinamos pelo

desprovimento da impugnação também nesse campo.

Em relação ao item 2.2.2 do instrumento convocató rio, que

seri a restritivo ao vedar a participação de empresas com di reito de licitar

suspenso , tal discussão já fora suscitada em outros certames e constitui objeto de

controvérsia ainda nos dias de hoje.

É certo que o Tribunal de Contas da União, como bem ressalta a

impugnante, distingue a pena de suspensão do direito de licitar (art. 87, inciso III, da

Lei nº 8.666/93) da declaração de inidoneidade para licitar (art. 87, inciso IV),

restringindo-a ao órgão sancionador.

Desta feita, estando suspensa de licitar com determinado

município, nada impediria que determinada empresa participasse de licitações em

quaisquer outros.

Apesar de ser este o posicionamento atual daquela Corte de

Contas, insta observarmos que em outras oportunidades a mesma vinha firmando

entendimento diverso – estendendo a suspensão do direito de licitar a todos os órgãos

da Administração Pública, tal como previsto no edital do presente certame.

O município de Jaciara, quando da redação de seu edital e nos

casos em que é questionada a respeito, tem se posicionado no sentido de que a sanção

disposta no art. 87, inciso III, da Le i de Licitações, abrange toda a Administra ção

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Pública, vedando que qualquer órgão público contrate com uma empresa que tenha

dado causa à sua suspensão.

Assim tem feito há tempos, a fim de resguardar-se em relação a

licitantes que, em outras ocasiões, já tenham recebido punição de órgãos públicos por

razões diversas – sobretudo por descumprimento a termos contratuais e prazos de

entrega de mercadorias ou prestação de serviços.

A fundamentar a linha adotada pela Administração trazemos à

baila os ensinamentos de Alexandre Wagner Nester:

“Em suma: tanto a declaração de inidoneidade quanto a suspensão do direito de

licitar, uma vez aplicadas pelas respectivas autoridades competentes, abrangem a

Administração Pública como um todo – independentemente de disposição no

edital da licitação em sentido contrário (e a prática demonstra que isso não é

raro).

A correta interpretação da Lei, conforme entendimento chancelado pela

jurisprudência e pela doutrina especializada, induz à conclusão de que ambas as

sanções impedem que o particular afetado contrate com qualquer órgão da

Administração, em qualquer esfera”. (NESTER, Alexandre Wagner. A correta

extensão da sanção prevista no art. 87, inc. III, da Lei 8.666/93: suspensão do

direito de licitar por dois anos. Informativo Justen, Pereira, Oliveira e Talamini,

Curitiba, nº 25, mar. 2009, disponível em http://www.justen.com.br/informativo).

No mesmo sentido decidiu o Tribunal de Justiça de Mato

Grosso, senão vejamos:

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“RECURSO DE AGRAVO DE INSTRUMENTO – TUTELA ANTECIPADA –

PENALIDADE DE SUSPENSÃO AO DIREITO DE LICITAR E CONTRATAR COM

A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA – EFEITOS– ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM

GERAL – REGRA DO EDITAL – RECURSO PROVIDO.

(...)

Os efeitos da penalidade de suspensão temporária do direito de licitar e contratar

com a Administração, abrangem a Administração Pública em geral, não se

limitando ao órgão ou entidade do Poder Público responsável pela sanção

imposta”. (TJ-MT, AI 42253/2014, DRA.VANDYMARA G. R. P . ZANOLO,

TERCEIRA CÂMARA CÍVEL, Data do Julgamento 21/10/2014, Data da publicação

no DJE 28/10/2014).

A encerrar a discussão acerca da legalidade, ou não, do

impedimento traçado pela Administração no item 2.2.2 do instrumento convocatório,

o Superior Tribunal de Justiça já pacificou o entendimento a favor do município de

Jaciara:

“MANDADO DE SEGURANÇA. PENALIDADE APLICADA COM BASE NA LEI

8.666/93. DIVULGAÇÃO NO PORTAL DA TRANSPARÊNCIA GERENCIADO

PELA CGU. DECADÊNCIA. LEGITIMIDADE PASSIVA. LEI EM TESE E/OU ATO

CONCRETO. DANO INEXISTENTE.

1. O prazo decadencial conta-se a partir da data da ciência do ato impugnado,

cabendo ao impetrado a responsabilidade processual de demonstrar a

intempestividade.

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2. A Controladoria Geral da União é parte legítima para figurar em mandado de

segurança objetivando atacar a inclusão do nome da empresa no PORTAL DA

TRANSPARÊNCIA, por ela administrado.

3. O writ impugna ato concreto, oriundo do Ministro dirigente da CGU, inexistindo

violação de lei em tese.

4. Nos termos da jurisprudência desta Corte, a penalidade prevista no art. 87, III,

da Lei 8.666/93, suspendendo temporariamente os direitos da empresa em

participar de licitações e contratar com a administração é de âmbito nacional.

5. Segurança denegada”. (MS 19 .657/DF, Rel. Ministra ELIANA CALMON,

PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 14/08/2013, DJe 23/08/2013).

“ADMINISTRATIVO. SUSPENSÃO DE PARTICIPAÇÃO EM LICITAÇÕES.

MANDADO DE SEGURANÇA. ENTES OU ÓRGÃOS DIVERSOS. EXTENSÃO DA

PUNIÇÃO PARA TODA A ADMINISTRAÇÃO.

1. A punição prevista no inciso III do artigo 87 da Lei nº 8.666/93 não produz

efeitos somente em relação ao órgão ou ente federado que determinou a punição,

mas a toda a Administração Pública, pois, caso contrário, permitir-se-ia que

empresa suspensa contratasse novamente durante o período de suspensão, tirando

desta a eficácia necessária.

2. Recurso especial provido”. (REsp 174.274/SP, Rel. Ministro CASTRO MEIRA,

SEGUNDA TURMA, julgado em 19/10/2004, DJ 22/11/2004, p. 294)

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Pelo exposto, opinamos pela manutenção do item 2.2.2 d o

edital do certame.

Aduz a Impugnante, também, que o instrumento

convo cató rio deve exigir os atestado s de capacidade técnica não apenas das

licitantes, mas também das empresas às quais as mesmas subcontratarão parte

dos serviço s.

Sem razão nesse aspecto porque a subcontratação, embora

admitida no instrumento convocatório do certame, constitui evento futuro e incerto –

não se afigurando lícito à Administração Pública impor ônus aos licitantes quando não

se sabe, com absoluta convicção, se o objeto será parcialmente relegado a terceiros.

Neste sentido, colha-se a jurisprudência do Tribunal Regional

Federal da 1ª Região, que se manifestou em caso semelhante:

“ADMINISTRATIVO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. LICITAÇÃO. ATESTADO

DE CAPACIDADE TÉCNICA. PREVISÃO NO EDITAL. LEGITIMIDADE DA

EXIGÊNCIA. APRESENTAÇÃO DE ATESTADO REFERENTE A EMPRESA

SUBCONTRATADA PELA PARTICIPANTE DO CERTAME. PRETENSÃO

DESARRAZOADA. 1. Constituindo o objeto da licitação a contratação de

empresa especializada para execução dos serviços de integração de tecnologia da

informação, resultados e jogos - Pan Americano Rio 2007, revela-se legítima a

exigência contida no edital, de apresentação de, pelo menos, um atestado de

capacidade técnica que comprove a experiência da licitante no fornecimento de

tecnologia e serviços em Eventos Esportivos internacionais. Inteligência da CF ,

art. 37 , XXI ; e Lei 8.666/90, art. 30, II e § 1º. 2. Por outro lado, mostra-se

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desarrazoado permitir que a licitante apresente atestados de capacidade técnica

referentes a outras empresas que possam, eventualmente, vir a ser por ela

subcontratadas, tendo presente que essa subcontratação, apesar de ser prevista

no edital, é um evento futuro e incerto e, ainda que venha a ocorrer, não isenta

nem transfere as responsabilidades da licitante pela fiel execução dos serviços

contratados. 3. Agravo de instrumento da licitante ANSETT TECNOLOGIA E

ENGENHARIA LTDA. desprovido. (TRF-1 - AGRAVO DE INSTRUMENTO AG

27357 DF 2006.01.00.027357-9, Data de publicação: 18/12/2006).

Não bastasse a incerteza quanto à subcontratação dos serviços

(muito embora, neste particular, a Impugnante já se manifeste que o praticará, caso

vença o certame), insta observar que o vínculo obrigacional permanecerá inalterado

em relação à empresa contratada pela Administração: embora possa outorgar a outra

parte do contrato, a responsabilidade pelo bom andamento do mesmo e demais

obrigações continua sendo sua – podendo inclusive responder por eventuais

ilegalidades.

Por outro lado, ainda que a execução de determinado serviço se

faça por intermédio de empresa interposta, os órgãos públicos ainda poderão emitir

certificados e atestados em nome da contratante originária.

Desta feita, uma vez que a subcontratação constitui evento

incerto e não retira da licitante a responsabilidade pelo objeto contratado, o edital

merece permanecer inalterado neste ponto a fim de que os atestados de capacidade

técnica sejam exigidos tão somente das empresas participantes da licitação,

incumbindo à contratada perante a Administração a responsabilidade por

acompanhar e zelar pela correta prestação dos serviços de eventual subcontratada.

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Em relação ao item 7.1.8, alínea “n”, do instrumento

convo cató rio, alega a Impugnante que a legi slação veda a exigência de

quantidades, bastando que o licitante demonstre a aptidão para o desempenho dos

serviços – motivo pelo qual requer a retificação do referido item a fim de que nele

conste apenas a exigência de “aptidão para o desempenho das atividades de coleta,

transporte, tratamento e destinação final” dos resíduos sólidos.

Neste ponto, data venia aos argumentos invocados na

impugnação, julgamos não ter ocorrido a suposta violação ao art. 30, inciso I, §1º, da

Lei de Licitações.

Do referido dispositivo legal, já transcrito pela Impugnante,

temos que a Administração Pública não pode – a despeito de garantir a entrega do

objeto licitado – inserir no Edital exigências de quantidades mínimas tendentes a

limitar o número de licitantes.

Deve sempre reinar, na seara das contratações públicas, o mais

amplo acesso da concorrência – de tal sorte que cobranças desnecessárias devem ser

extirpadas dos instrumentos convocatórios.

Entretanto, embora seja esta a regra, casos existem em que a

Administração deve precaver-se quanto à qualificação técnica dos contratados,

sobretudo quando o objeto da licitaçã o exigir maiores cuidados em sua execução –

oportunidade em que deve ser observado o princípio da razoabilidade, pois:

“existem situações em que o fator quantitativo é relevante, mesmo para fins de

qualificação técnica profissional. Por isso deve-se interpretar razoavelmente a

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própria vedação que o §1º, inciso I, estabelece a propósito de qualificação técnica

profissional.

Em outras palavras: a exigência de quantitativos mínimos somente encontrará

óbice quando não se afigurar necessária à perfeita execução do objeto licitado,

implicando em limitação no número de licitantes. Sempre, pois, que as exigências

mínimas se fizerem necessárias ao atendimento daquele, nada obsta que a

Administração as implemente:

A melhor inteligência da norma ínsita no art. 30, §1º, I (parte final), da Lei de

Licitações orienta-se no sentido de permitir a inserção no edital de exigências de

quantidades mínimas ou de prazos máximos quando, vinculadas ao objeto do

contrato, estiverem assentadas em critérios razoáveis”. (STJ, Resp nº 466.286/SP,

Relator: Ministro João Otávio de Noronha, julgamento: 07-10-2003).

Ora, tratando-se o transporte de lixo hospitalar uma atividade

potencialmente geradora de riscos à saúde da população – podendo a inobservância

de certos cuidados tipificar, inclusive , ilícito penal, como ressaltado pela própria

Impugnante em outro ponto - nada mais razoável que se exija dos interessados em

participar do certame a comprovação de uma mínima experiência anterior, a fim de

resguardar o serviço público e a segurança e saúde de terceiros.

Pela improcedência, então, da impugnação neste ponto.

Quanto à afirmação de que o edital deve assegurar um

pagamento míni mo ao eventual co ntratado ou, em último caso, fracionar a

coleta e transpo rte em um item e o tratamento e disposição final em outro,

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sendo estes últimos por kg, a fim de facilitar o cálculo do custo pelo transporte dos

resíduos, parcial razão assiste à Impugnante.

Em primeiro lugar, quanto à necessidade de se fixar os

quantitativos mínimos de aquisição ressaltamos que a Administração Pública, através

do Registro de Preços, não está obrigada a contratar com o licitante – a teor do que

nos preceitua o art. 16, do Decreto nº 7892/13.

O parcelamento da execução do objeto (contratando-se

empresas distintas para a coleta, o transporte, o tratamento e a destinação final dos

resíduos sólidos), por sua vez, afigura-nos inviável sob o aspecto logístico, eis que

criaria obrigações entre várias partes contratantes, gerando obstáculos na cadeia de

serviços que dificultaria a fiscalização do município quanto ao satisfatório

cumprimento do contrato.

Já em relação à dificuldade dos licitantes em compor sua oferta,

ante a inexistência de estimativa que lhes permita calcular o custo operacional dos

serviços, necessário é que se dê provimento à alegação da Impugnante.

Com efeito, muito embora tenhamos relatado, na página 22

deste parecer, a dificuldade em se criar parâmetros precisos quanto à quantidade de

lixo hospita lar produzido pelo Município de Jaciara, as licitantes podem ser

previamente informadas quanto ao consumo do ano anterior à presente licitação

(2014), a fim de que tenham uma ideia aproximada do quanto se produziu no referido

período e possam planejar os custos envolvendo a coleta e o transporte dos resíduos

objeto da licitação.

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Dessa forma, opinamo s pela inclusão, no Termo de

Referênci a da licitação, de planilha em que se demonstre o quantitativo de lixo

hospitalar produzido pela rede municipal, permitindo-se ao s licitantes uma

dimensão aproximada (embora incerta) dos servi ços a serem prestado s.

Por fim, em relação à periodicidade da coleta (que no edital se

exige que seja semanal), alega a Impugnante que, como as licitantes enviam os

resíduos para tratamento em outro Estado, melhor seria a coleta quinzenal ou mensal,

a fim de diminuir os custos operacionais.

Sem razão a impugnante.

Como já dissemos há pouco, a Administração Pública define os

termos da licitação segundo suas necessidades. Ou seja: se a periodicidade da coleta

fora fixada para ser semanal é porque o município busca dar rápida e segura

destinação final aos resíduos por ele produzidos.

Quanto mais tempo determinados resíduos fiquem em seu

poder e sem o necessário tratamento e disposição final, mais a população fica exposta

a riscos de contaminação.

Nesse diapasão, a periodicidade das coletas instituídas pelo

instrumento convocatório do certame não nos afigura como restritiva.

A alegação de que as empresas prestadoras dos serviços objeto

da licitação enviam os resíduos para tratamento e destinação final em outros Estados

é fato não comprovado na Impugnação e, além disso, não possui o condão de

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influenciar na necessidade da Administração que é, em última análise, sua verdadeira

guia.

Sendo assim, opinamos pelo desprovimento da Impugnação

também neste ponto.

III.III DOS ARGUMENTOS INVOCADOS PELA EMPRESA CENTROESTE AMBIENTA L

COLETA, TRANSPOR TE E LIMPEZA URBANA LTDA. ME.

Alega a Impugnante que o edital não é claro acerca de

quais empresas estariam impossibilitadas de lici tar, ou seja, se aquelas com seu

direito suspenso (art. 87, inciso II, da Lei nº 8.666/93) ou aquelas declaradas

inidôneas pela Administração Pública (art. 87, inciso III, do mesmo diploma legal).

Com todo respeito à impugnação manejada pela licitante, o

instrumento convocatório é claro ao dispor que:

“2.2 Não será admitida nesta licitação a participação de empresas:

(...)

2.2.2 Que estejam com o direito de licitar e contratar com a Administração

Pública suspenso, ou que por esta tenham sido declaradas inidôneas”;

Ambas as punições (estampadas nos incisos III e IV, do art . 87,

da Lei de Licitações) ensejam o impedimento de licitar com o Município, conforme

exaustivamente narrado nas páginas 23/26 do presente parecer.

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Também é de ser considerada descabida a alegação de que

- Como o instrumento convocatório permite a subcontratação dos serviços - a

exigência de atestado de capacidade técni ca referente a todas as atividades

licitadas (item 7.1.8) revela-se abusiva, devendo limitar-se à atividade

desempenhada pela licitante.

Cuidamos de destacar, no debate da Impugnação manejada

pela empresa MÁXIMA AMBIENTAL, que a obrigação advinda do contrato é firmada

entre o Município Contratante e a Empresa Contratada e reside na execução dos

serviços com o um todo: coleta, transporte, tratamento e destinação final dos resíduos.

Nessa esteira fora definido, segundo critérios de conveniência

da Administração, que somente fossem habilitadas empresas que detivessem

experiência anterior no ramo da referida atividade.

Ainda que subcontratada parte do serviço, eventual atestado a

ser fornecido pela contratante será emitido em nome da empresa originariamente

titular do contrato (como destacamos outrora), o que constitui praxe Administrativa,

como bem ressalta o Tribunal de Contas da União através do Acórdão 566/2006 –

Plenário:

“5.2. Com relação à alínea 'B', os arts. 33, caput, e 72 da Lei nº 8 .666/93

concedem discricionariedade à Administração para permitir a participação

consorciada, assim como a subcontratação parcial da obra. O item 13.8 do edital

prescreve a possibilidade de subcontratação de parte da obra (fl. 21). Ademais,

consoante a práxis desse segmento mercadológico, o certificado ou atestado

emitido pela pessoa jurídica é consignado para a empresa contratada,

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independente de haver subcontratado, ou não, parte da obra. Portanto,

entendemos, s.m.j., que não procede esse questionamento”.

Sendo assim, opinamos pela manutenção da exigência dos

atestados em relação à empresa licitante.

Vale, contudo, uma observação em relaçã o ao item 7.1 .8, do

instrumento convocatório: a certa altura o mesmo veda o somatório de quantidades

(aqui entende-se atestados), o que contraria entendimento consolidado do próprio

TCU em outro trecho do julgamento suso transcrito:

“Este Tribunal firmou entendimento que não se deve exigir número mínimo de

atestados para a comprovação técnica de licitante, salvo quando necessário e

devidamente justificado (DC-444/2001-P). Analogamente, '... não poderá constar

do ato convocatório proibição relativa a somatório das quantidades exigidas nos

atestados' (in Licitações e Contratos: Orientações Básicas. Brasília: TCU. 2ª ed.,

2003, p. 80)”.

A retifi cação do i tem 7.1.8, do edital do certame, portanto,

é medida que se impõ e a fim de que seja permitido o somatório de atestados para

efeito de se avaliar a aptidão da empresa na execução dos serviços.

Quanto à afi rmação de que o item 7.1.8, alínea “r”, do

instrumento convocatório, deveria ser alterado para afastar a exigência de atestado

técnico-profissional (eis que sem amparo legal), substituindo-a pela Certidão de

Acervo Técnico, mais uma vez discordamos de seu entendimento, mantendo-se

inalterado referido item.

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O atestado de capacidade técnica exigido pela Administração

não é, de forma alguma, lavrado pelos conselhos de engenharia, mas sim emitido por

quem tenha se valido dos serviços do profissional competente, certificando a

capacidade do mesmo quanto ao desempenho do objeto da licitação.

Aos mencionados compete o registro dos referidos atestados, a

fim de conferir sua idoneidade – conforme expressa previsão do art. 57, da Resolução

CONFEA nº 1.025/09:

“Art. 57. é facultado ao profissional requerer o registro de atestado

fornecido por pessoa física ou jurídica de direito público ou privado contratante

com o objetivo de fazer prova de aptidão para desempenho de

atividade pertinente e compatível em características, quantidades e

prazos.

Parágrafo único. O atestado é a declaração fornecida pela contratante da obra ou

serviço, pessoa física ou jurídica de direito público ou privado, que atesta a

execução de obra ou a prestação de serviço e identifica seus elementos

quantitativos e qualitativos, o local e o período de execução, os responsáveis

técnicos envolvidos e as atividades técnicas executadas”.

Não há, pois, como acolher a alegação de Impugnante de que

tão somente a Certidão de Acervo Técnico – CAT pode ser admitida para efeitos de

comprovar a capacidade do profissional de engenharia, razão pela qual opinamos pela

manutenção da redação contida no item 7.1.8 do instrumento convocatório, eis que

fundada em expressa disposição normativa.

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Por fim, aduz que a exigência contida no item 7.1.8, alínea

“l”, do edital, não seria condizente com aquelas dispostas nas alíneas l.1, l.2, l.3 e

l.4, devendo estas últi mas serem excluídas.

Também em relação a este último item impugnado,

consideramos não haver a citada discrepância invocada pela Impugnante, mas apenas

um equívoco na disposição dos termos do edital.

O que a Administração Públi ca está a exigir, na alínea “l”

do instrumento convo cató rio, é que os profissionais responsáveis pelo

transporte do s produto s pertençam ao quadro permanente da licitante.

Esse vínculo permanente não pode, segundo uníssono

entendimento jurisprudencial, restringir-se à s relações de emprego regidas pela CLT,

devendo estender-se a todas as formas de vínculo vigentes na legislação civil.

Daí o porquê de serem acrescentados os itens l.1, l.2, l .3 e l.4 ao

edital, ampliando a possibilidade de se demonstrar o vínculo permanente entre os

profissionais ali referidos e a empresa licitante.

A redação impugnada não merece, portanto, sofrer alteração.

IV. CONCLUSÃ O

Por todo o exposto, opinamos no sentido de que sejam

mantidas as disposições editalícias referidas neste parecer cujas impugnações não se

revelaram procedentes, devendo a Administração Pública Municipal, por outro lado,

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retificar o instrumento convocatório nos pontos em que houve acolhimento, por parte

desta assessoria, das razões invocadas pelas impugnantes.

Ressaltamos, mais uma vez, que as afirmações aqui contidas

são eminentemente jurídicas e não vinculativas, podendo a Administração (se julgar

conveniente e o fizer de modo motivado) adotar outras medidas que julgar mais

coerentes, inclusive com a consulta a outros departamentos.

Jaciara, 09 de março de 2015.

WELITON W. GARCIA – OAB/MT 12.458

Assessor Jurídico