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CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS, EXATAS E TECNOLOGIAUNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO - UFMA
CURSO DE DIREITO – CAMPUS IMPERATRIZ
HUGO CAMPOS DE SANTANA
PARECER ACERCA DA OBRA “O PRÍNCIPE” DE MAQUIAVEL
Imperatriz2012
HUGO CAMPOS DE SANTANA
PARECER ACERCA DA OBRA “O PRÍNCIPE” DE MAQUIAVEL
Trabalho apresentado à Universidade Federal do Maranhão – Campus Imperatriz, no Curso de Direito 2º Período como requisito para obtenção da terceira nota na disciplina de Ciência Política e Estado, ministrada pela professora Li Chang Shuen Cristina.
Imperatriz2012
PARECER ACERCA DA OBRA “O PRÍNCIPE” DE MAQUIAVEL
Em análise aos argumentos apresentados pela acusação e pela defesa
acerca da obra “O Príncipe” de Maquiavel, temos que a obra é muito controversa, e
até hoje há uma corrente que abomina seus escritos, alegando que feriram a moral
da atuação política e em contraponto, a que defende que sua obra muito contribuiu
para o entendimento do fenômeno político.
A princípio, a acusação colocou que:
Para Maquiavel, o Príncipe deve se comportar como um tirano, com vistas à
manutenção do poder;
A pessoa de Maquiavel como pérfido, astuto;
Maquiavel era funcionário do poder (governo) e foi “demitido”, além de ter
sido preso por 22 dias e depois de solto, tendo elaborado a obra “O príncipe”
logo em seguida, o que poderia justificar sua ênfase no poder;
A tônica da obra é a conquista do poder e a manutenção do poder;
O administrador deve buscar a manutenção do poder, doa em quem doer;
“Os fins justificam os meios”: Usurpar o poder e conseguir se manter no poder
é lícito, utilizando-se para isso até “meios vis e criminosos”, o que foi
denominado de “marketing maquiavélico”;
O príncipe (tirano) pode ir contra os que incitam contra o governo, e deve
fazer de tudo para que se mantenha no poder;
O príncipe (tirano) deve se preocupar com a aparência;
Centralização do poder;
Religião seria boa (útil) para consolidar o poder do príncipe;
A obra está distante do povo;
De encontro ao exposto pela acusação, a defesa alegou que:
O momento político da época era de transição, e era preciso uma nova
ordem, para não haver anomia social.
Maquiavel foi grande intelectual da ciência política.
Os governantes não conseguiam se manter no poder e era preciso haver
ordem, segurança.
Maquiavel não apresentava a conquista do poder a qualquer preço;
Maquiavel escreveu baseado em fatos históricos;
O sucesso no governo baseado na obra de Maquiavel que por vezes
considerado anti-ético, para a manutenção desse sucesso, não deve ser visto
como de todo ruim, ele (o governante) deve buscar formas de adequar melhor
seu governo.
Fatos históricos, sociais, políticos, foram desconsiderados pela acusação;
O processo de construção do livro foi de 6 anos;
A obra não deve ser vista na ótica da moral, mas sim na ótica da realidade,
na ótica da contribuição política;
A obra não está distante do povo;
Dessa forma, a acusação basicamente invoca que o pensamento político
de Maquiavel é imoral, visto que, tem como premissas, a aquisição e manutenção do
poder, a qualquer custo.
Isso não está errado, tendo em vista, que práticas como a tirania do
soberano, o “uso de meios vis e criminosos” para atingir e manter o poder,
centralização do poder, afronta totalmente o nosso Estado Democrático de Direito.
Entretanto, como bem colocado pela defesa, Maquiavel utilizou desses
argumentos pesados, antiéticos até, pois o momento histórico da época
caracterizava-se pela barbárie, e era preciso ser duro na questão da manutenção do
poder, para trazer certa segurança ao povo, de quem realmente era o soberano e
fugir do estado de anomia social.
Ainda, é possível verificar também, durante o debate e através de alguns
trechos da obra “O Príncipe”, que alguns argumentos apresentados pela acusação
devem ser relativizados como a religião (“Nem a religião, a tradição ou a vontade
popular legitimam o soberano”), o uso de meios vis e criminosos (“Maquiavel diz que
os príncipes que realizaram matanças e não tem nem piedade nem religião, podem
até conquistar o mando, mas não a glória”), o príncipe como tirano (“O príncipe deve
desejar ser tido como piedoso e não como cruel”), a obra está distante do povo (“Se
ensinei aos príncipes de que modo se estabelece a tirania, ao mesmo tempo
mostrarei ao povo os meios para dela se defender").
Maquiavel, portanto, apesar de um pensamento retrógrado e de certa
forma vil, porém coincidente com seu contexto histórico, de uma Itália em tensão
constante, deixou um legado muito grande para a realidade política e para a ciência
política, traduzindo em sua obra o fenômeno do poder formalizado na instituição do
Estado, além de demonstrar formas de compreensão de como as organizações
políticas se fundam, se desenvolvem, persistem e decaem.
Por esse motivo, julgamos como procedentes os argumentos da DEFESA
de Maquiavel.