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CENTRO DE APOIO OPERACIONAL DAS PROMOTORIAS DE
JUSTIÇA DA DEFESA DA SAÚDE – CAO-SAÚDE
RUA DIAS ADORNO, 367 – SANTO AGOSTINHO – BELO HORIZONTE/MG – CEP
30190-100 TELEFONE: 3330-8399 – EMAIL: [email protected]
PARECER TÉCNICO JURÍDICO Nº 029/2009
Objeto: Procedimento Administrativo nº 101/2009. Conselho Superior do
Ministério Público do Estado de Minas Gerais. Direito à Saúde. SUS. Ministério
Público. Atuação judicial e extrajudicial. Interesse individual indisponível.
Procedimento Preparatório ou Inquérito Civil Público. Sistema de Registro Único
(SRU). Enunciados CSMP nº 09 e 16. Resolução CNMP nº 23/2007. Resolução
Conjunta PGJ/CGMP nº 03/2007.
1. RELATÓRIO
Cuida-se de abertura de vista dos autos do Procedimento
Administrativo nº 101/2009, com curso perante o e. Conselho Superior do
Ministério Público, por decisão do i. Conselheiro Relator Procurador de Justiça
Antônio Joaquim Fernandes Neto, de forma que possa este Centro de Apoio
Operacional das Promotorias de Justiça de Defesa da Saúde (CAO-SAUDE)
apresentar, querendo, seu parecer e sugestões, notadamente quanto à
orientação técnica institucional aos Órgãos de Execução, com atribuições na
tutela sanitária, em relação aos casos individuais.
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2. FUNAMENTAÇÃO
Mister registrar que o presente procedimento teve sua gênese
em face de discussões jurídicas, por meio eletrônico, por parte de alguns Órgãos
de Execução, com atribuições na tutela sanitária, notadamente pela dificuldade
encontrada no registro do arquivamento dos Procedimentos Preparatórios,
conforme exigência da metodologia implantada pelo SRU, haja vista as
disposições dos Encunciados CSMP nº 09 e 16.
Para melhor compreensão técnica dos fatos, este Centro de
Apoio Operacional reconheceu a repercussão da matéria para todas as áreas das
demais Promotorias de Justiça Especializadas, razão pela qual determinou
fossem os autos encaminhados para a Gerência do SRU que, por sua vez,
elaborou adequado parecer técnico, devidamente homologado pela Comissão de
Implantação, Expansão e Utilização do SRU.
De fato, assim dispunham os Enunciados CSMP nº 09 e 16,
respectivamente:
ENUNCIADO Nº 9: Somente os arquivamentos de peças de
informação, documentos, expedientes, inquéritos civis e
procedimentos administrativos preliminares ou não, relativos
a direitos difusos e coletivos, ou a interesses individuais
homogêneos, devem ser previamente submetidos à
apreciação do Conselho Superior do Ministério Público, por
força das disposições contidas na Resolução nº 12/90, bem
como na Lei Federal nº 7.347/85.
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ENUNCIADO Nº 16: O procedimento administrativo e as
peças de investigação preliminar instaurados pelo órgão de
execução do Ministério Público, no exercício da atribuição
de atendimento ao público (arts. 32, II da Lei 8.625/93, e 74,
II da Lei Complementar nº 34/94) não se submetem a
arquivamento homologado pelo Conselho Superior do
Ministério Público, nos casos relativos a verificação de
eventual lesão a interesse individual cujo titular seja
identificável e o objeto divisível. Explicitação da Súmula nº
9 do CSMP, aprovada em 11.12.97 e publicada no órgão
oficial em 07.02.98.
Assim, perfeitamente possível identificar o entendimento, à
época, da referida matéria pelo e. CSMP, ou seja, no sentido da desnecessidade
de homologação do arquivamento dos inquéritos civis, procedimentos
preparatórios (anteriormente nominados procedimentos administrativos,
procedimentos preliminares, investigatórios e outras denominações) e peças de
informação relativos a direitos individuais indisponíveis.
Ocorre que, conforme ressaltado no parecer feito pela
Gerência do SRU, houve a ab-rogação do Enunciado CSMP nº 09 e a derrogação
do Enunciado nº 16, na 22ª Sessão Ordinária, realizada em 10 de novembro de
2008 e publicada no diário oficial do dia 12 de novembro de 2008.
Absolutamente acertada a r. decisão tomada pelo Conselho
Superior do Ministério Público de Minas Gerais.
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Importante assinalar que o próprio Conselho Nacional do
Ministério Público (CNMP), com o escopo da uniformização do procedimento do
Inquérito Civil publicou a Resolução CNMP nº 23, de 17 de setembro de 2007
dispondo sobre o Inquérito Civil e o Procedimento Preparatório, estabelecendo
regramentos processuais para cada um deles.
Nesse sentido, indigitado normativo, no seu artigo 10, é
expresso em determinar que “esgotadas todas as possibilidades de diligências, o membro
do Ministério Público, caso se convença da inexistência de fundamento para a propositura de
ação civil pública, promoverá, fundamentadamente, o arquivamento do inquérito civil público
ou do procedimento preparatório”.
E, no § 1º do mesmo artigo, estabeleceu a obrigatoriedade
da remessa da promoção de arquivamento do inquérito civil público ou do
procedimento preparatório, no prazo de três dias, contado da comprovação da
efetiva cientificação pessoal dos interessados, para o órgão de revisão
competente, in casu, o e. Conselho Superior do Ministério Público.
Como decorrência, pela simetria, a Administração Superior do
Ministério Público Mineiro, em cabal observância dos condicionamentos
normativos postos e impostos, fez publicar a Resolução Conjunta PGJ/CGMP nº
03, de 14 de dezembro de 2007, regulamentando, no âmbito do Ministério
Público do Estado de Minas Gerais, o inquérito civil e o procedimento
preparatório na área dos interesses difusos e individuais homogêneos, e instituiu
o Sistema de Registro Único de Inquéritos Civis e Procedimentos Preparatórios
(SRU).
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Destarte, vê-se que o artigo 5º dessa norma administrativa
estaleceu (i) a obrigatoriedade do registro inaugural do ato de instauração de
inquérito civil ou de procedimento preparatório no Sistema de Registro Único de
Inquéritos Civis e Procedimentos Preparatórios (SRU), (ii) os regramentos
processuais para cada um deles e (iii) instituiu, também, a obrigação da
remessa da promoção dos indigitados feitos para o órgão de revisão
competente.
Para tanto, consignou a possibilidade de o indeferimento de
instauração de Inquérito Civil Público ou do Procedimento Preparatório pelo
Órgão de Execução; contudo, somente nos casos de evidência de que os fatos
narrados na representação não configurem lesão aos direitos ou interesses
mencionados no artigo 1º da referida Resolução, ou se o fato já tiver sido objeto
de investigação ou de ação civil pública, ou, ainda, se os fatos apresentados já
se encontrarem solucionados. Nesse caso, a decisão pelo indeferimento poderá
ser dada pelo membro do Ministério Público, no prazo máximo de trinta dias, em
decisão fundamentada, da qual se dará ciência pessoal ao representante e ao
representado.
Ora, conforme ressaltado pela gerência do SRU, “a dinâmica
instituída pelo e. Conselho Nacional do Ministério Público, através da Resolução nº 23/2007 e
adotada pelo Ministério Público do Estado de Minas Gerais, por meio da Resolução Conjunta
PGJ/CGMP nº 03/2007, não exclui da apreciação do Colendo Superior do Ministério Público as
peças de informação, mas condiciona-a à interposição de recurso contra o indeferimento da
instauração de IC/PP”.
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Do contexto normativo extrai-se a notória intenção
(recomendação), pelo Conselho Nacional do Ministério Público e Administração
Superior do Ministério Público de Minas Gerais, da vedação à utilização de outras
formas de procedimentos administrativos, salvo o do Procedimento Preparatório
ou do Inquérito Civil Público.
Portanto, perfeitamente possível concluir a não autorização
da utilização de um terceiro gênero de procedimento administrativo para a
tutela dos interesses individuais indisponíveis, salvo o do Procedimento
Preparatório ou do Inquérito Civil Público, de forma a privilegiar, sempre, as
premissas da uniformização dos procedimentos e do controle das decisões pelo
órgão revisor competente.
Com o advento do novo Ministério Público, projetado na
Constituição de 1988, conforme bem sabemos, a melhor estratégia a ser
adotada para a consecução da atuação finalística é a que se amolda ao modelo
resolutivo em substituição ao modelo demandista, de forma a evidenciar o
relevante papel de cada um dos Órgãos de Execução como agente
transformador da realidade social.
Assim, dispondo o Ministério Público de uma gama de
instrumentos extrajudiciais fortes, como, por exemplo, a instauração de
Procedimentos Preparatórios ou de Inquéritos Civis Públicos, expedições de
requisições, recomendações, termos de ajustamento de conduta, audiências
públicas, etc., se esperava que houvesse situações de “resolutividade
instantânea” da problemática investigada.
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Portanto, até mesmo nessas situações em que o simples
emprego de quaisquer daqueles instrumentos levam à “resolutividade
instantânea”, mister que seja feito o indispensável registro da demanda no
sistema de controle oficial (SRU). A uma, por permitir o controle estatístico das
demandas patrocinadas pelos Órgãos de Execução nas diferentes áreas de
atuação. A duas, pela possibilidade de um efetivo controle social, mediante a
necessária publicização dos atos praticados pelo Ministério Público. A três, pela
possibilidade de um controle institucional pela instância superior revisora das
decisões, nas situações previstas pelo normativo administrativo.
Assim, mesmo naquelas situações em que ocorrer a
“resolutividade instantânea” da representação aportada junto ao Órgão de
Execução, em razão da adoção de quaisquer das providências preconizadas pela
recomendada atuação resolutiva de Ministério Público, necessariamente deverá
ser ela devidamente registrada no SRU como PEÇA DE INFORMAÇÃO, com
simultâneo registro de “indeferimento de instauração de inquérito civil”, da qual
se dará ciência pessoal ao representante e ao representado.
Sabemos que nas situações de Inquérito Civil Público, de
maior rigor formal, exige-se a observância dos requisitos próprios previstos na
Lei nº 7.347/85.
No caso de representação aportada junto ao Órgão do
Ministério Público, não havendo a figura da “resolutividade instantânea”, mesmo
nas situações de tutela individual indisponível (direito à saúde), deverá ser
devidamente registrada no sistema (SRU), como PEÇA DE INFORMAÇÃO, nos
termos do artigo 7º da Resolução Conjunta PGJ/CGMP nº 03/2007.
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Aliás, é de suma importância o registro dessas ocorrências,
haja vista que permitirá a atuação do Órgão de Execução (ênfase na abordagem
extrajudicial), permitindo-lhe obtenção de necessária visão coletiva (macro) dos
problemas recorrentes de saúde em seu território.
Sem embargo da constatação constitucional de serem as
ações e serviços de saúde de relevância pública (artigo 197, CF), erigidas
constitucionalmente como uma das funções institucionais do Ministério Público
(artigo 129, II, CF), mister relembrar que dificilmente (raramente) serão
encontradas “demandas individuais” que não tragam em sua essência, pelo
menos, uma carga individual homogênea com repercussão social.
E, importante não se esquecer de que a Lei Federal nº
8.625/93, no seu artigo 66, VI, reza que “além das funções previstas na Constituição
Federal, na Lei Orgânica Nacional do Ministério Público, na Constituição Estadual e em outras
leis, incumbe, ainda ao Ministério Público promover o inquérito civil e a ação civil pública, na
forma da lei, para proteção, prevenção e reparação de danos causados ao meio ambiente, ao
consumidor, aos bens e aos direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico
e a outros interesses difusos, coletivos e individuais indisponíveis e homogêneos”.
Nessa específica questão, importante trazer à colação a
posição da Rede Saúde, consubstanciada em forma de Diretriz, verbis:
“A ação institucional do Ministério Público deve priorizar a
tutela coletiva do direito à saúde, na forma estabelecida no
Plano Nacional do Ministério Público em Saúde”. (Diretriz
da Câmara de Promotores de Justiça da Rede Saúde do
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Ministério Público do Estado de Minas Gerais – 21-09-
2007).
“O promotor de justiça deve atender a todos, inclusive em
caso de interesse individual, adotando as medidas
administrativas adequadas”. (Diretriz da Câmara de
Promotores de Justiça da Rede Saúde do Ministério Público
do Estado de Minas Gerais – 21-09-2007).
“Na atuação em defesa do direito à saúde, o promotor de
justiça deverá adotar postura resolutiva, priorizando os
meios de atuação extrajudicial”. (Diretriz da Câmara de
Promotores de Justiça da Rede Saúde do Ministério Público
do Estado de Minas Gerais – 21-09-2007).
Luis Roberto Proença1, citado no parecer feito pela Gerência
do SRU, comenta que “[..] com o decorrer do tempo, foi o legislador percebendo a sua (do
inquérito civil) utilidade para a elucidação de qualquer fato relacionado à atuação civil do
Ministério Público, passando, assim, a prever o seu uso também para a investigação de lesão (ou
perigo de lesão) a direito meramente individual.” E, em nota explicativa, prossegue o
mesmo autor que “Desde logo cabe ressaltar, aqui, que o tratamento coletivo de lesões a
direitos individuais disponíveis pode, na hipótese concreta, vir a caracterizar um “interesse
social”, na dicção do artigo 127 da Constituição da República, devendo, assim, ser rejeitado o
entendimento de que nossa Carta Maior restrinja esta atuação apenas aos chamados direitos
individuais indisponíveis. O que ela impede é a atuação do Ministério Público na defesa de um
direito individual disponível isolado, o qual term relevância, em última análise, apenas para o
seu próprio titular, e não para a coletividade.”
1 PROENÇA, Luis Roberto. Inquérito Civil: atuação investigativa do Ministério Público a serviço
da ampliação do acesso à justiça. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2001, p. 42.
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No campo da jurisprudência, a recente decisão proferida pelo
presidente do STF – Ministro Gilmar Mendes – nos autos da Apelação Cível nº
408729/CE (2006.81.00.003148-1), em data de 18 de setembro de 2009, bem
ilustra a atuação do Ministério Público Federal, nos autos de ação civil pública,
com pedido de tutela antecipada, contra a União, o Estado do Ceará e o
Município de Fortaleza, com o fim de obter o fornecimento de medicamento
Zavesca (Miglustat) em favor de Clarice Abreu de Castro Neves, (maior de
idade), portadora da doença Niemann-Pick Tipo “c”.
Segundo consta, o juízo da 7ª Vara da Seção Judiciária do
Estado do Ceará havia determinado a extinção do processo, sem resolução de
mérito, nos termos do art. 267, VI, do CPC, por ilegitimidade ativa do Ministério
Público, com base na maioridade da pessoa doente e no fato de que o Ministério
Público Federal não poderia substituir a Defensoria Pública.
Interposto recurso de apelação pelo Ministério Público
Federal, a 1ª Turma do TRF da 5ª Região, reconhecendo a legitimidade ativa do
Ministério Público para a propositura da ação civil pública, deferiu antecipação
de tutela para que a União, o Estado do Ceará e o Município de Fortaleza
fornecessem o medicamento Zavesca (Miglustat) à jovem de 21 anos, portadora
da doença neurodegenerativa progressiva (Niemann-Pick Tipo “C”).
Contra essa decisão, a União ajuizou pedido de suspensão,
alegando, em síntese, dentre outros, a ilegitimidade ativa do Parquet Federal.
O pedido de suspensão dos efeitos da decisão foi indeferido,
tendo sido ressalvado o fato de que a análise da ilegitimidade ativa do Ministério
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Público Federal e da ilegitimidade passiva da União e do Município refoge ao
alcance da suspensão de tutela antecipada, matéria a ser debatida no exame do
recurso cabível contra o provimento jurisdicional que ensejou a presente
medida.
Sinalizadas a constitucionalidade e legalidade da atuação do
Ministério Público na tutela dos direitos individuais indisponíveis, notadamente
na seara da saúde pública, em face de suas características, natureza e os
próprios princípios norteadores do Sistema Único de Saúde, imprescindível que
sejam adotadas as Diretrizes preconizadas pela Rede Saúde, ou seja, a
priorização da tutela coletiva, sem, contudo, negar-se ao atendimento individual
das demandas, com adoção das medidas necessárias à sua garantia.
Há que se ressaltar a realidade continental do estado de
Minas Gerais, com realidades demográficas, sociais, econômicas e
epidemiológicas diversificadas, cuja maioria dos municípios sequer possui os
serviços imprescindíveis da Defensoria Pública Estadual.
Tendo em vista a induvidosa legitimidade do Ministério
Público, à vista da dogmática (constitucional e legal) para a proteção, prevenção
e reparação de danos causados ao meio ambiente, ao consumidor, aos bens e
aos direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico e a
outros interesses difusos, coletivos e individuais indisponíveis e homogêneos,
não nos cabe, em nome da interpretação equivocada do princípio da
independência funcional, o afastamento do exercício dessas graves atribuições
funcionais, sobretudo na condição de custos legis.
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Conforme Marcelo Pedroso Goulart2, “o entendimento superficial
que se tem dado ao princípio da independência funcional, a partir da máxima de que “o membro
do Ministério Público só deve obediência à sua consciência e ao direito”, não revela o seu
verdadeiro sentido, provocando distorções inaceitáveis no atuar concreto dos membros do
Ministério Público.(...) A independência funcional, antes de ser uma garantia do membro do
Ministério Público, é uma garantia da sociedade, uma vez que foi instituída para dar ao povo a
segurança de contar com um agente político que, no exercício das funções de defesa dos
interesses sociais, possa atuar com independência, imune às pressões do poder”.
3. CONCLUSÃO
Diante da análise técnica jurídica acima descrita, possível
apresentar as seguintes conclusões, de forma a subsidiar esse e. Conselho
Superior do Ministério Público, querendo, na edição de Enunciados sobre a
problemática, de forma a otimizar a atuação finalística de cada um dos Órgãos
de Execução:
(1) Das Promotorias de Justiça Especializadas
a) Com a revogação dos Enunciados CSMP nº 09 e 16 e, em
obediência ao disposto no artigo 7º da Resolução Conjunta PGJ/CGMP nº
03/2007, impõe-se a cada um dos Órgãos de Execução, com atribuições nas
áreas especializadas, no exercício da defesa dos interesses sociais, o registro no
sistema oficial (SRU) das peças de informação, dos Procedimentos Preparatórios
ou de Inquéritos Civis Públicos, ainda que versando sobre interesse individual 2 GOULART, Marcelo Pedroso. Revista MPMG Jurídico nº 14. Publicação da Procuradoria-Geral
de Justiça do Ministério Público do Estado de Minas Gerais. “Princípios Institucionais do Ministério Público: A necessária revisão conceitual da unidade institucional e da independência funcional”.
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indisponível, sendo vedada a criação de um terceiro gênero por não possibilitar
o controle social (publicização), controle oficial (estatística) e controle revisional
(órgão de revisão).
b) A atuação extrajudicial pelo Órgão de Execução, com
atribuições nas áreas especializadas, em substituição ao modelo demandista,
que implique a possibilidade da “resolução instantânea” da demanda posta,
ensejará, mesmo assim, seu necessário registro no sistema oficial (SRU) como
PEÇA DE INFORMAÇÃO, com solução de “INDEFERIMENTO DE INSTAURAÇÃO
DE INQUÉRITO CIVIL”, nos termos do artigo 7º da Resolução Conjunta
PGJ/CGMP nº 03/2007.
(2) Das Promotorias de Justiça de Defesa da Saúde
a) Na tutela sanitária, ação institucional do Ministério Público
deve priorizar a abordagem coletiva do direito à saúde, na forma estabelecida
no Plano Nacional do Ministério Público em Saúde. Contudo, o Órgão de
Execução deverá atender a todos, inclusive nos casos de interesse individual,
haja vista as características da indisponibilidade e (pelo menos) homogeneidade,
promovendo as medidas necessárias para sua garantia.
b) Na atuação em defesa do direito à saúde, o promotor de
justiça deverá adotar postura resolutiva, de forma a priorizar os meios de
atuação extrajudicial.
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c) O Ministério Público deverá atuar, obrigatoriamente, como
custos legis nos feitos de saúde em que não for parte.
É o parecer.
Belo Horizonte, 19 de novembro de 2009.
GILMAR DE ASSIS Promotor de Justiça
Coordenador CAO-SAUDE