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1 Introdução Parte 1

Parte 1 - CGTP-IN Quer seja a nível da energia, do clima, da saúde ou de qual-quer outro assunto social ou económico, as decisões euro-peias têm impacto no quotidiano de milhões

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Introdução

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Quer seja a nível da energia, do clima, da saúde ou de qual-quer outro assunto social ou económico, as decisões euro-peias têm impacto no quotidiano de milhões de cidadãos. No entanto, os modos de organização e de decisão das instituições europeias são muitas vezes pouco claros para a maioria de nós.

O projecto EPMEC, de Educação Popular como Método para uma Europa dos Cidadãos juntou 5 parceiros profis-sionais sobre a “educação permanente”, oriundos de 4 pa-íses europeus com vista a criar um percurso que contribua para a participação de cidadania face as questões em jogo na Europa, aumentando as competências sociais e cívicas dos meios populares.

Este projecto viu a luz do dia graças ao financiamento da Comissão Europeia, no âmbito do programa de aprendi-zagem ao longo da vida (Programa Grundtvig). O projecto durou dois anos (Outubro de 2009 a Setembro de 2011).

O Kit do cidadão europeu, ferramenta inédita de forma-ção, é a produção principal EPMEC, oriundo do encontro entre formadores preocupados em sensibilizar os cidadãos oriundos de públicos populares e do meio laboral da Euro-pa em torno da ideia de que “A Europa toma conta de nós, tomemos conta da Europa!” De facto, a participação de um público popular para o exercício da cidadania aparece como um elemento-chave da democracia.

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Apresentação O kit do cidadão europeu é uma ferramenta constituída por animações que suscitam o interesse e formam para a cidadania activa baseada em desafios europeus a partir de 4 temáticas. As animações são destinadas a um público popular, entendendo-se neste projecto como as pessoas que vivem situações de fragilização económica, social e cultural. A metodologia utilizada nas animações é oriunda da educação popular e da pedagogia de projecto.

Objectivo O objectivo desta ferramenta é reforçar e desenvolver uma série de com-petências sociais e cívicas a fim de :

• ultrapassar as reticências que podemos encontrar face à realidade complexa das questões de cidadania europeia em jogo,

• permitir uma melhor compreensão das questões em jogo,• tomar parte activa no debate cívico.

Trata-se de encorajar capacidades de :

• Saber comunicar as suas escolhas.• Saber criticar : ser capaz de gerar uma análise relacionada com o

ambiente europeu.• Saber fazer escolhas políticas e defender a sua posição.• Saber reivindicar : saber como tomar uma posição, construí-la de

uma maneira comum e colectiva.• Saber associar-se : fazer em conjunto. Aprender a tomar a palavra

no espaço público sob várias formas e dar visibilidade à reflexão.

O kit do cidadão europeu pode ser utilizado com grupos de cidadãos, pes-soas em inserção, em formação sindical, em alfabetização,...

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O kit é composto...O kit do cidadão europeu é uma maleta com três partes :

1. Uma parte introdutória, antes da animação, em que se propõe ao animador para começar a formação com :

• Uma apresentação geral do kit,

• Uma apresentação da educação popular e da pedagogia do projecto.

• Uma apresentação da visão da Europa compartilhada por todos os parcei-ros neste projecto.

2. Uma segunda parte que constitui um pré-requisito às animações, propõe ao ani-mador iniciar a formação com :

• União Europeia : apresentação da construção da União Europeia através de uma linha do tempo.

• O percurso intercultural : colocação num percurso intercultural, visando encontrar a dimensão intercultural interna ao grupo com animações, con-tribuindo para essa dimensão.

3. A terceira parte é constituída por 4 módulos temáticos constituídos cada um por fichas de animação :

• O desenvolvimento durável

• A cidadania europeia

• A interculturalidade

• Os direitos sociais

Finalmente, afim de facilitar a utilização do kit, um fascículo fornece detalhes e ins-truções de utilização.

Uma pen USB encontra-se também no kit. Encontram-se lá todos os conteúdos do kit mas também todos os anexos e diferentes dossiers de leitura.

O kit do cidadão europeu conjuga-se também com um site internet : www.epmec.be

No site estão disponíveis, para download gratuito, os anexos e os diferentes dossiers de leitura, complementos do kit e todas as partes contidas no mesmo.

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Os Parceiros Apresentação dos parceiros envolvidos no projecto :

O CIEP Hainaut CentreO CIEP Hainault Centre (Centro de Informação e Educação Popular) é o serviço de educação permanente do MOC Hainault Centre (Movimento Operário Cristão), o MOC reúne várias organizações sócio-económicas e sócio-culturais que trabalham em rede. O CIEP é reconhecido como movimento de educação permanente na Co-munidade Francesa da Bélgica.

O CIEP é o organismo coordenador do projecto e contou com a perícia de organi-zações e serviços que constituem o Movimento Operário Cristão para reforçar a sua contribuição: CSC Mons-La Louvière (Confederação dos Sindicatos Cristãos), Equipes Populaires de Mons-La Louvière , JOC Mons (Juventude Operária Cristã), Altéo (Mo-vimento Social da Mutualidade Cristã de Hainaut Oriental, destinada a pessoas de-ficientes) e Mode d’emploi (Associação reinserção da Vida feminina Centr’hainaut).

A CGTP-INA Confederação Geral dos Trabalhadores do Portugueses – Intersindical Nacional, que visa defender os direitos e condições de trabalho e de vida dos trabalhadores. Esta organização está envolvida em projectos de formação de adultos, sindical e pro-fissional.

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M o u v e m e n t O u v r i e r C h r é t i e n

Hainaut Centre asbl

A Confederação Nacional Sindical “Cartel ALFA”Este organismo Romeno foi criado em 1990 para representar de um modo real e autêntico os interesses dos trabalhadores da Roménia. O seu objecti-vo fundamental é fortalecer a sociedade democrática romena, a fim de de-fender e promover os interesses dos trabalhadores e a justiça social.

FCIA Federação dos Centros de Inserção em Lille, na França, tem por objecto animar e promover uma rede de organismos que compartilham uma mes-ma concepção de integração social e profissional de públicos desfavoreci-dos.

UCLA Universidade Católica de Louvain-la-Neuve, especificamente a FOPES (Faculdade Aberta de Política Económica e Social), participou da concepção do dossier de can-didatura do projecto, bem como na avaliação do processo.

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Quadro metodológicoO kit do cidadão europeu é o produto de encontros entre profissionais da formação contínua. O quadro metodológico do kit faz referência à pedago-gia do projecto e ao processo de formação contínua.

Para esta apresentação, pareceu-nos importante dar alguns pontos de refe-rência respeitantes a essas duas metodologias.

A pedagogia de projectoA pedagogia de projecto é um dos dois quadros de referência para o kit. Re-tivemos alguns princípios dessa pedagogia para a aplicar ao kit nomeada-mente a associação feita pelo público à elaboração dos saberes permitindo observar e compreender o ambiente do local ao global.

O objectivo da pedagogia de projecto é o de colocar as pessoas numa si-tuação em que podem exercer a sua autonomia, o seu poder de decisão e sua vontade de agir em colaboração com outros afim de culminar numa realização concreta. O projecto deve estar próximo das preocupações do grupo, no momento em que se forma. Além disso, deve ser mais concreto, realizável através de objectos a construir a partir dos diferentes saberes dos participantes.

O kit propõe em numerosas animações a produção de pistas ou registos materiais sintetizando a partilha de conhecimentos construídos e colecti-vos sobre as questões europeias em jogo.

A construção colectiva de um saber ou de uma acção não pode surgir a partir do constrangimento pela submissão imposta ou consentida das vontades “parciais dos participantes à vontade e objectivos do conjunto”, mas pelo contrato “quer dizer a negociação que se pode desenrolar tanto de maneira explícita como implícita”.

Fonte : Synergies Pays Riverains de la Baltique n°6 2009 pp. 9-.111, Emilie PERRICHON.

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O processo de educação popularO segundo quadro metodológico do Kit do cidadão europeu é o da edu-cação popular. É um processo educativo que vai do acesso aos conheci-mentos até à cidadania activa. Oferece ao maior número de pessoas um acesso à cultura e às ferramentas permitindo elaborar um olhar crítico e construído sobre a sociedade. A pedagogia activa e as práticas participati-vas baseiam-se nas capacidades das pessoas e do intercâmbio de saberes. Baseia-se na confiança e na capacidade das pessoas. A educação popular é uma prática educativa que se manifesta através de actividades, quer sejam de sensibilização, de animação de formação de acções colectivas ou outras.

Em educação popular a realização de acções colectivas é fonte de desen-volvimento cultural e um instrumento de transformação social.

A educação permanente ou a formação contínua envolve as três opera-ções seguintes : ver os factos, julgar o seu valor e impacto, inferir deles uma acção.

• Ver : é fazer uma análise contextual, para melhorar uma situa-ção, para melhorar um determinado meio social. É por isso que devemos conhecer bem, isto é, observar atentamente, escutar bem, bem, perceber e entender o que está acontecendo. Aqui, o sensibilizador e/ou formador está ciente e/ou formado. Recolhe e apropria-se de todos os dados do contexto.

• Julgar : É emitir um juízo de valor sobre o que está acontecendo. Trata-se de compreender o que está acontecendo em termos do que deveria ser, em relação ao padrão interno ou externo, com “chaves de interpretação”, moral, cultural, politico, legal, ...

• Agir : É assumir um compromisso para mudar o que está errado. É articular acções concretas de transformação e desenvolver uma estratégia para a mudança (reorganizar as forças, reforçar a estabi-lidade da mudança, aplicar e vigiar a mudança esperada).

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A nossa Europa de cidadãosComo o caminho da nossa Europa é longo e cheio de armadilhas. “Nossa Europa”, pois, como movimento social de cidadãos, a Europa é uma mais-valia em si, um processo democrático, intercultural, uma zona de paz e de reconciliação, uma abertura para o mundo, um desenvolvimento huma-no entusiasmante, uma terra de acolhimento.

Este não é pouca coisa, ter realizado, desde a declaração de Robert Schu-man, em 9 de Maio de 1950, uma comunidade de direitos e políticas co-muns, incorporando mais e mais países europeus, reorganizar o mercado do carvão e do aço, ter resistido à guerra fria e a uma certa hegemonia ameri-cana, ter facilitado a transição dos países da Europa Central e Oriental, após a queda do Muro de Berlim, ter estabilizado um espaço de 500 milhões de pessoas, ter criado uma moeda única (o euro) que permite melhor lidar com a crise financeira,...

A Europa é também as instituições que funcionam sob uma forma demo-crática, ainda insuficiente, mas que permite o debate e a sanção através das eleições europeias ou referendos, bem como através de eleições nacionais que permitem a cada país a enviar os seus os ministros ao Conselho dos Ministros Europeus e à Cimeira dos Chefes de Estado e de Governo. Mas nós, parceiros do projecto (Cartel alfa, o CIEP Hainaut Centre, CGTP-IN e FCI), queremos uma Europa ainda mais democrática e participativa, que alie as instituições e as políticas a serem implementadas. Temos de desenvolver um verdadeiro espaço público europeu.

Ora actualmente, há que constatá-lo, a Europa não está nada entusiasman-te. Ela atravessa múltiplas crises que despertam medos e movimentos de retrocessos identitários, sub-nacionalismos com resquícios de passado e de populismo. Neste contexto, a população tem dificuldades em se aperceber das questões que estão em jogo e sobretudo das vantagens desta constru-ção permanente.

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O pôr em causa o modelo europeu é frequente.Não se deve misturar a crítica do capitalismo e da globalização, com a construção europeia. A Europa não deve ser um instrumento ao serviço dos mercados, deve ser uma visão com uma alma: a do encontro e da uni-dade dos povos e das civilizações na construção de um outro futuro, de um outro mundo, progressista e pluralista. É o nível adequado para responder às questões sociais, ecológicas e económicas em jogo. Mas para isso preci-samos de uma melhor governança, mais centrada na cooperação europeia do que na concorrência e na competição. A regulamentação do capitalis-mo exige precisamente investir também no campo das políticas europeias. A integração política é uma condição indispensável para desenvolver uma política de prevenção de conflitos na Europa e para construir uma política de regulação da globalização e promover uma mudança radical dos nossos modos de produção e consumo.

Queremos desenvolver o emprego de qualidade numa Europa social com direitos sociais que não coloquem em concorrência trabalhadores dos dife-rentes países. Temos de construir uma Europa fiscalmente justa, que invis-ta em investigação e desenvolvimento, formação, integração, cultura, que assegure uma transição ecológica e socialmente justa da nossa economia, que desenvolva o comércio justo para mais segurança alimentar. Quere-mos uma Europa onde a mobilidade das pessoas seja uma mais-valia, dan-do a todos direitos iguais de residência, emprego, segurança social, saúde e educação.

É todo o interesse do nosso trabalho de hoje, o associar vários países e orga-nizações democráticas em torno de um projecto que defende a Educação Popular/Permanente como um Método para uma Europa dos Cidadãos. Queremos reforçar a solidariedade entre os 27 países da União. Para isso, devemos fortalecer o conhecimento da Europa junto dos cidadãos através de um processo transnacional ampliado pelas redes associativas progres-sistas e pluralistas europeias.