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A ESCOLA SEM MEDO? UMA ABORDAGEM DA PED AGOGIA SEGUNDO RUDOLF STEINER Luísa Pereira Fonte: Perl da Vovó Lupo no Facebook – clique e conheça Inscreva-se em nosso site e receba informações sobre os trabalhos da Biblioteca: “Olha-se à volta e as escolas, públicas ou privadas, religiosas ou laicas, apresentam quase sem- pre um panorama idêntico: há professores que se dão muito bem com os alunos e aí as coisas correm bem; há outros que nem tanto e aí correm mal. Na realidade, o MEDO anda por todas PEDAGOGIA WALDORF: ESCOLA SEM MEDO 8 DE DEZEMBRO DE 2015 | ADMIN | DEIXE UM COMENT ÁRIO Biblioteca Virtual da Antroposoa Pedagog ia W aldorf: Escola sem medo | Biblioteca V irtual da An troposofia ht tp://ww w.an troposofy .com.br/forum /pedagog ia-wal dorf-escola-sem-... 1 de 6 08-12-2015 21:26

Pedagogia Waldorf - Escola Sem Medo (BVA)

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A ESCOLA SEM MEDO? UMA ABORDAGEM DA PEDAGOGIA SEGUNDO RUDOLF

STEINER

Luísa Pereira

Fonte: Perfil da Vovó Lupo no Facebook – clique e conheça

Inscreva-se em nosso site e receba informações sobre os trabalhos da Biblioteca:

“Olha-se à volta e as escolas, públicas ou privadas, religiosas ou laicas, apresentam quase sem-

pre um panorama idêntico: há professores que se dão muito bem com os alunos e aí as coisas

correm bem; há outros que nem tanto e aí correm mal. Na realidade, o MEDO anda por todas

PEDAGOGIA WALDORF: ESCOLA SEM

MEDO8 DE DEZEMBRO DE 2015 | ADMIN | DEIXE UM COMENTÁRIO

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elas. Medo de quê? Medo de quase tudo: dos testes, das notas, do trabalho a entregar, de desi-

ludir os pais, de desiludir os professores, de enjoar durante a viagem de estudo, de descrever

numa folha todos os passos do voleibol, de não arranjar namorado, de não ser escolhido para a

equipe do colégio, de ser chamado à diretoria, de ser ridículo com os tênis sem marca, de não

decorar as fórmulas de química, dos colegas grandes do último ano, dos jogos no pátio, do pro-

fessor de matemática, de VIVER! A maioria destes medos advém da consciência que a criança

tem de, numa avaliação do seu desempenho, não atingir aqueles misteriosos objetivos míni-

mos que é suposto ela atingir e que lhe foram expressamente explicados no início das aulas. A

partir desse momento a criança perdeu a sua inocência na espontaneidade do perguntar e

aprender: ela sabe que tudo o que fizer, disser e mostrar é para a avaliação e passa a estar en-

volvida numa atmosfera de medo difuso. A punição, outrora exterior, interiorizou-se, agredin-

do agora a criança nos seus sistemas orgânicos.”

Luísa Pereira

Parecia ser inevitável, na nossa civilização, que o percurso escolar de uma pessoa estivesse ligado

ao medo. Conhecemos as histórias do quarto escuro, da palmatória, das orelhas de burro à janela,

da permanência em horas extraordinárias, da peregrinação por outras salas com dísticos esclare-

cedores do “crime”, etc., etc.! Felizmente que sucessivas legislações vieram refrear estas medidas

“pedagógicas”.

No entanto, o medo não desapareceu. Conhecemos as histórias de crises asmático-nervosas, devômitos, de diarreias, de insônias, de gaguez, de violência gratuita, de estados de apatia continua-

da. Com a ajuda de médicos e de psicólogos, pais e filhos desorientados chegam à conclusão que

frequentemente a causa primeira desse desequilíbrio psicossomático é a escola.

A escola?! E agora? Olha-se à volta e as escolas, públicas ou privadas, religiosas ou laicas, apresen-

tam quase sempre um panorama idêntico: há professores que se dão muito bem com os alunos e aí 

as coisas correm bem; há outros que nem tanto e aí correm mal. Na realidade, o MEDO anda por

todas elas. Medo de quê?

Medo de quase tudo: dos testes, das notas, do trabalho a entregar, de desiludir os pais, de desiludir

os professores, de enjoar durante a viagem de estudo, de descrever numa folha todos os passos do

voleibol, de não arranjar namorado, de não ser escolhido para a equipe do colégio, de ser chamado

à diretoria, de ser ridículo com os tênis sem marca, de não decorar as fórmulas de química, dos co-

legas grandes do último ano, dos jogos no pátio, do professor de matemática, de VIVER!

A maioria destes medos advém da consciência que a criança tem de, numa avaliação do seu de-

sempenho, não atingir aqueles misteriosos objetivos mínimos que é suposto ela atingir e que lhe

foram expressamente explicados no início das aulas. A partir desse momento a criança perdeu a

sua inocência na espontaneidade do perguntar e aprender: ela sabe que tudo o que fizer, disser e

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mostrar é para a avaliação e passa a estar envolvida numa atmosfera de medo difuso. A punição,

outrora exterior, interiorizou-se, agredindo agora a criança nos seus sistemas orgânicos. Já não lhe

doem as mãos ou as nádegas: ela tornou-se asmática ou sofre de vômitos frequentes.

Temos que reelaborar toda a concepção de escola e de praxis pedagógica, incluindo o conceito de

avaliação – porque ela existe. A pedagogia Waldorf.

Em 1919, Rudolf Steiner, engenheiro austríaco, posteriormente doutorado em filosofia, fundou

em Stuttgart, na Alemanha, a primeira escola livre, ligada à fábrica de cigarros Waldorf-Astoria. Os

alunos eram filhos de operários, de dirigentes e também de pais alheios à fábrica, que optavam pe-

la pedagogia ali seguida, baseada no estudo aprofundado do Conhecimento da Natureza Humana.

Atualmente são mais de 500 as escolas espalhadas por todo o mundo.

De acordo com a sua concepção, o Homem é um ser físico, anímico e espiritual, cujo desenvolvi-

mento decorre por fases, cada uma com necessidades intrínsecas. Estas exigem uma prática peda-gógica adequada, só tornada possível pelo estudo da Natureza Humana.

Assim, durante os primeiros sete anos de vida, a criança vai completando (metamorfoseando) os

seus órgãos vitais até que atinjam a sua forma definitiva, por altura da entrada para a escola.

Neste 1o setênio, ela entrega-se desprotegida e confiante ao cuidado de terceiros, normalmente

os pais, de quem vai recebendo amor e carinho mas, também, modelos e orientações de vida.

Nesta fase, a criança aprende por imitação: exterior, no que se refere aos gestos de todos os dias,

às atividades básicas de higiene, alimentação, vestuário, caminhar, falar; e interior, porque na cri-

ança se dá inconscientemente a imitação da qualidade dos estados de alma do adulto com quem

convive e com quem aprende a pensar.

A criança sente – pressente – a alegria ou a angústia, a honestidade ou a hipocrisia, o amor ou a in-

diferença. Todo o meio envolvente está em comunicação “não filtrada” com a alma infantil, que se

lhe entrega plena de confiança. Todas as vivências – e a sua qualidade – penetram na criança atu-

ando sobre o processo de metamorfose dos seus órgãos. Daí que determinadas emoções vividas

nesse período venham a manifestar-se muito mais tarde, já em idade madura, como doenças orgâ-

nicas crônicas, mais ou menos graves.

Se, porém, o ambiente em que cresceu foi saudável e sem mesquinhez, com gente procurando o

bem, então, é provável que venha a dispor de uma constituição orgânica robusta e sã. É evidente

que muitos outros fatores podem influenciar ou mesmo determinar estados de debilidade física

mas isso não invalida, aliás reforça, a necessidade de se proporcionar à criança até aos sete anos

uma atmosfera familiar e social (jardim de infância) que lhe permita completar a formação saudá-

vel dos seus órgãos, base de toda a sua vida.

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Para isso é necessário que todos os sentidos sejam estimulados naturalmente, pelo que se deve

cuidar das qualidades do som, da cor, dos materiais, da alimentação, do calor. Este cuidado, longe

de a mimar, dar-lhe-á alicerces para o futuro, fortalecendo-lhe a VONTADE.

O quotidiano no jardim de infância, reproduzindo tanto quanto possível o de uma grande família,

com o seu ritmo natural de trabalhar e brincar, com as histórias que a avó conta(va) aos netos,

constitui o ambiente propício ao desenvolvimento feliz da criança.

Quando é atingida a maturidade para entrar na escola, o que se dá por volta dos sete anos (a ten-

dência atual é de precocidade, com os perigos que qualquer precocidade contra natural pode tra-

zer consigo), a maioria das forças vitais que se empenhavam no seu organismo ficam disponíveis e

poderão ser encaminhadas para uma aprendizagem sistematizada. A imitação, embora atuante

(ela subsistirá até ao fim da vida), vai perdendo relevância e o que se torna agora importante é o

desejo de admirar, de venerar alguém que lhe revele o mundo exterior. A criança há muito que se

apercebeu da sua existência mas já não se lhe entrega incondicionalmente como dantes.

Agora, ela recolhe-se frequentemente no seu mundo interior e precisa de um mediador em quem

possa confiar, como dantes confiou no seu meio envolvente. Esse mediador querido (nos sentidos

de querer e amar), para quem a criança eleva todo o seu ser interior num ato de veneração genuí-

na, será desejavelmente o professor – aquele que lhe traz a beleza do mundo até si. Quando isto é

conseguido, o desejo espontâneo de aprender é alimentado pelo sentido do belo descoberto em

cada aspecto do mundo. Cabe ao professor fazer despertar no aluno o sentido artístico, pratican-

do-o na globalidade das aprendizagens necessárias. E, uma vez mais, não se trata aqui apenas deatividades exteriores: o pintar, o modelar, o tocar música, preenchem-se de uma atitude interior

de olhar, ouvir, ver, escutar – de sentir.

É nesta fase que se desenvolve o SENTIR, através da beleza do som da palavra e da frase; da bele-

za das letras e da beleza na verdade dos números; da beleza do inseto, da árvore, da chuva e da

areia. Por amor ao professor, pelo que de belo ele lhe trás do mundo exterior, o aluno esforça-se

em fazer bem tudo o que lhe é proposto. Fá-lo a princípio para o professor, aprendendo gradual-

mente a amar esse mundo; progressivamente passará a esforçar-se pela coisa em si, porque vale a

pena. Uma vez mais, é aqui necessário criar um ambiente – a escola – que não contradiga a sensibi-

lidade que desperta e se desenvolve. A sala de aula adquire uma enorme importância: a cor, a luz,

os desenhos e pinturas, tudo o que envolve o aluno pode falar-lhe de beleza ou de fealdade. As ma-

térias terão que ser apresentadas de forma artística para evitar o desencanto e o perigo do desin-

teresse ou até da perversidade. Os contos, as lendas e fábulas, trechos do Antigo Testamento, mi-

tos ou sagas de outros povos e biografias significativas, dão-lhe a imagem do Homem e do seu per-

curso, por entre o bem e o mal.

No 3o setênio, o raciocínio, que já se vinha desenvolvendo, ganha novas dimensões e o jovem entra

na fase da formulação de juízos fundamentados. Ele dispõe agora das forças do PENSAMENTO pa-

ra penetrar a verdade do mundo com as suas capacidades intelectuais e manuais: ciências naturais

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e sociais, filosofia, artes, tecnologias. Procura junto dos especialistas o porquê dos fenômenos e

das suas leis, quer naturais, quer sociais. Anseia por intervir nesse mundo real e, além das aulas

teóricas e práticas, do 9o ao 12o ano participa em estágios em quintas de agricultura biodinâmica

e outras, em fábricas e instituições sociais (infantis, de saúde, de 3a idade, etc.), onde toma contac-

to com a área de trabalho em que possivelmente virá a ser profissional mas, principalmente, tem a

oportunidade de conhecer aquelas em que não trabalhará, o que é de extrema importância social!

Do 1o ao 8o ano, o professor-de-classe leciona o corpo central das disciplinas curriculares, ficando

as específicas à responsabilidade de professores próprios: euritmia, música, educação física, lín-

guas estrangeiras e oficinas. Durante este período, o professor pode acompanhar individualmente

os alunos e conhecer as suas famílias. Os relatórios anuais de avaliação não são nunca classificati-

vos mas, sim, descritivos do percurso realizado e orientadores para o futuro próximo. São de uma

grande intimidade, transmitindo ao aluno a confiança de ser conhecido profundamente pelo pro-

fessor e dando-lhe segurança nas questões quanto ao caminho a seguir.

Do 9o ao 12o ano, todas as matérias são lecionadas por professores especializados. Nesta fase, o

interesse é objetivo e só aquele que é competente na respectiva área se impõe ao respeito do jo-

vem. A avaliação qualitativa pode começar a apresentar indicadores classificativos, principalmente

para os que se preparam para ingressar no ensino superior, sujeitando-se voluntariamente às res-

pectivas provas de acesso. Aqui, o exame é inerente à via por que se optou – estudos superiores –

e se, muito legitimamente, o medo está presente, é um medo concreto, preciso, dominável pelo in-

divíduo.

O apelo de liberdade

Chegado o fim da escolaridade, por volta dos dezoito anos, todos os alunos tiveram a oportunidade

de conhecer e exercitar as áreas teóricas e práticas que os habilitam a enveredar por imensas pos-

sibilidades profissionais: de marceneiro a arquiteto, de ourives a médico, de jardineiro a músico, de

eletricista a advogado, o leque é quase infinito. Não é raro que um jovem, após ter passado nos

exames de acesso à universidade, opte seguidamente por uma profissão manual. A sua escolarida-

de transmitiu-lhe o sentido de dignidade de QUALQUER área do trabalho humano e, se bem que

inserido numa sociedade de discurso diferente, frequentemente encontra em si a força individual

de seguir uma profissão que lhe traz felicidade e realização pessoal, normalmente ligada à estética

ou ao social. Tendo percorrido um programa curricular adequado a cada fase do seu desenvolvi-

mento, pôde adquirir confiança nas suas capacidades e estará preparado para enfrentar, em jovem

adulto e ao longo da vida, os desafios que esta lhe trouxer. O medo surgirá sempre e de novo, pon-

tual, objetivo, mas a autoconfiança permitir-lhe-á controlá-lo, ultrapassá-lo e, muito possivelmen-

te, solucioná-lo.

As escolas Waldorf seguem uma pedagogia para a liberdade – e o que é a liberdade senão a liber-

tação dos medos que aprisionam o Homem e o compelem a tomar atitudes erradas contra a Natu-

reza, contra os outros e contra si?

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