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PEQUENAS EMPRESAS: um estudo sobre mortalidade e estabilidade

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Este artigo refere-se ao universo das Pequenas e Médias Empresas relacionando a Taxa de Mortalidade.

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Page 1: PEQUENAS EMPRESAS: um estudo sobre mortalidade e estabilidade

PEQUENAS EMPRESAS: um estudo sobre mortalidade e estabilidade – Parte I

As Pequenas Empresas (PEs) sempre exerceram um papel proeminente na economia de seus países1. Essa importância pode ser verificada perante vários aspectos como: contribuição significativa na geração do produto nacional; absorção de mão-de-obra, inclusive a menos qualificada; flexibilidade locacional, desempenhando importante papel de interiorização do desenvolvimento; caráter predominantemente nacional, pois há utilização absoluta do capital privado nacional; desempenho de atividades de auxílio às grandes empresas, como distribuição e fornecimento, atividades as quais efetuaria com pouca eficácia2. Para certas atividades econômicas, do ponto de vista econômico-social, as Pequenas e Médias Empresas (PMEs) são mais eficazes que as grandes, no entanto, os índices de mortalidade das PEs são elevados. Os motivos podem ser de ordem externa ou interna. Externamente, o que ocorre é que os preços de compra são impostos pelos fornecedores e os de venda pelos cliente, assim as PEs acabam sendo esmagadas no meio desse “sanduíche”. Quanto aos motivos internos3, destacam-se a baixa capacidade de adaptação a mudanças no ambiente, a estreita vinculação empresa-empresário, os poucos recursos financeiros, o proprietário sem formação adequada. Este ultimo, acaba criando problemas infindáveis para a empresa como ausência de objetivos, estrutura organizacional informal e inadequada, ausência total de sistemas administrativos e de controles, decisões centralizadas no empresário e liderança autocrática, baixo nível de informação sobre o mercado e sobre a concorrência, falta de previsões de venda e de resultados confiáveis, ações da empresa voltadas exclusivamente para vendas e finalmente, má gestão financeira, de estoques e da atividade produtiva.

No primeiro trimestre de 2004, o SEBRAE realizou uma pesquisa nacional, para a avaliação das taxas de mortalidade das Micro e Pequenas Empresas (MPEs)4 brasileiras e os fatores condicionantes da mortalidade, para o Brasil e as cinco regiões, referentes às empresas constituídas e registradas nos anos de 2000, 2001 e 2002, com base em dados cadastrais das Juntas Comerciais Estaduais, revelando que 49,4% encerraram as atividades com até 02 (dois) anos de existência, 56,4% com até 03 (três) anos e 59,9% não sobrevivem além dos 04 (quatro) anos. Dados e informações de empresas extintas e em atividade foram levantados, especialmente considerando-se que são constituídas no Brasil, anualmente, em torno de 470 mil novas empresas. De acordo com esta pesquisa, conforme se observa na Tabela 1, encontram-se em primeiro lugar entre as causas do fracasso questões relacionadas a falhas gerenciais, expressas nas razões: falta de capital de giro (indicando descontrole de fluxo de caixa), problemas financeiros (situação de alto endividamento), ponto inadequado (falhas no planejamento inicial) e falta de conhecimentos gerenciais. As causas econômicas conjunturais aparecem em segundo lugar, como falta de clientes, maus pagadores e recessão econômica no País, ressaltando que o fator “falta de clientes” pressupõe, também, falhas no planejamento inicial da empresa. Falta de crédito bancário é outra causa indicada, com 14% de citações. As falhas gerenciais podem ser relacionadas à falta de planejamento na abertura do negócio, o que leva o empresário a não avaliar de forma correta dados importantes para o sucesso do empreendimento antecipadamente, como a existência de concorrência nas proximidades e a presença potencial de consumidores na localidade do ponto escolhido, além de outros fatores.

Josney Freitas Silva é graduado em Matemática pela UNESP, pós-graduado em Gestão de Pequenas e Médias Empresas e MBA em Gestão Empresarial Estratégica pela USP. Professor das disciplinas “Métodos Quantitativos”, “Sistemas de Informações Gerenciais” e “Administração Estratégica” na UEMG, campus de Frutal-MG e consultor externo do SEBRAE/MG.

1 ALBUQUERQUE, A. F. Gestão estratégica das informações internas na pequena empresa: estudo comparativo de casos em empresas do setor de serviços (hoteleiro) da região de Brotas-SP. 2004. 209 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2004. 2 BERALDI, L. C. Pequena empresa e tecnologia da informação: recomendações e roteiro de aplicação para melhoria da competitividade dos fabricantes de móveis do pólo moveleiro de Mirassol – SP. 2002. 283 f. Tese (Doutorado em Engenharia Mecânica) – Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2002. 3 SANCHES, M. A. G. A influência dos estilos de gestão nas estratégias de inovação em pequenas empresas: um estudo multicasos de pequenas empresas do Pólo Tecnológico de São Carlos – SP. 2005. 145 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2005. 4 SEBRAE – NACIONAL. Fatores condicionantes e taxa de mortalidade de empresas no Brasil. Brasília: SEBRAE/NA, ago. 2004. 56 p.

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TABELA 1 - CAUSAS DAS DIFICULDADES E RAZÕES PARA O FECHAMENTO DAS EMPRESAS

Categorias Ranking Dificuldades/Razões Percentual de

Empresários que Responderam

1º Falta de capital de giro 42%

3º Problemas financeiros 21%

8º Ponto / local inadequado 8%

Falhas Gerenciais

9º Falta de conhecimentos gerenciais 7%

2º Falta de clientes 25%

4º Maus pagadores 16% Causas

Econômicas Conjunturais

6º Recessão econômica no país 14%

12º Instalações inadequadas 3% Logística Operacional

11º Falta de mão-de-obra qualificada 5%

5º Falta de crédito bancário 14%

10º Problemas com a fiscalização 6%

13º Carga tributária elevada 1%

Políticas Públicas e arcabouço

legal

7º Outra razão 14%

Fonte: SEBRAE/NA (2004) Obs.: A questão admitia respostas múltiplas.