PEREIRA_Segregação, Centro e Periferia

Embed Size (px)

Citation preview

  • 8/18/2019 PEREIRA_Segregação, Centro e Periferia

    1/18

  • 8/18/2019 PEREIRA_Segregação, Centro e Periferia

    2/18

    $o#retudo 5tais de#ates6 superaram as (ertentes dualistasfazendo (er que se o todo continha partes desiguais essasdesigualdades se com#ina(am mediante processos sociais eecon*micos em que os elementos 7arcaicos8 7tradicionais8 ou7su#desen(ol(idos8 não eram pesos que entra(a(am a

    dinamização das engrenagens produti(as mas ao contr2rioda(am suporte ao processo de criação de riquezas./ 4

    9omo poder2 ser (erificado na compreensão do espaço pelo modelo centro-periferia

    o estudioso da cidade não importa se filiado a esta ou aquela disciplina das ci)ncias

    sociais ao se manter aprisionado pelo ponto de (ista dual do modelo ur#ano-industrial

     persistiu num estudo dicot*mico do crescimento da cidade e o#scureceu a compreensão da

    unidade do processo em suas (2rias escalas.:  't! porque a escala coloca-se do ponto de

    (ista da construção do o#eto e este no caso (em su#entendido a partir do modelo - centroe periferia – a partir do qual se configura(a o fen*meno e uma apropriação do espaço da

    cidade. ;

    'ssim pelo domínio desta compreensão e apropriação do espaço se configura(a um

    modelo de duas cidades que at! certo correspondia < lógica de uma ur#anização que se

    expandia ao mesmo tempo intensamente (erticalizada/ mas pouco adensada. &a (isão

    segmentada das dinâmicas deste processo se tendeu (incular o centro com a

    (erticalização/ de(ido a sua relação com o adensamento e tal como se tornou comum no

    estudo da chamada autoconstrução (incular o distanciamento geom!trico presente na

    noção de periferia com o de periferização/. 0m#ora esti(esse freq=entemente dizendo

    respeito a uma relação de cunho sócio-espacial.

    'ssociações e analogias inde(idas foram conce#idas e permitidas por uma

    linguagem imprecisa so#re uma situação menos complexa da cidade. >anto que o

    conhecimento das tramas e do emaranhado na construção da cidade não permite mais a

    simplicidade geom!trica dos termos centro e periferia para se falar da metrópole de $ão

    %aulo. >ornou-se perceptí(el na consolidação de um complexo metropolitano paulista que

    4 ? 9f. @oAaricB+ :CC:1 4;.:  ? 0(identemente não se trata aqui de escala como representação matem2tica do real. Das da suaconsideração como uma estrat!gia de aproximação do real que inclui tanto a insepara#ilidade entre tamanhoe fen*meno o que a define como pro#lema dimensional como a complexidade dos fen*menos e aimpossi#ilidade de apreende-los diretamente o que a coloca como um pro#lema tam#!m fenomenal./E9'$>3F+ 4GGH1 44I? &a atualmente esse pro#lema esta se colocando para o estudo do ur#ano do local <escala mundial.; ? Jernard Kepetit discutindo o usos da escala em 'rquitetura Leografia e Mistória afirma que não só !

    sensato escolher uma escala como tam#!m ! impossí(el apreender o real sem essa escolha... 0la exprimeuma intenção deli#erada de (isar um o#eto e indica o campo de refer)ncia em que o o#eto est2 sendo

     pensado./ EK0%0>N>+ :CC41 :4O?

    :

  • 8/18/2019 PEREIRA_Segregação, Centro e Periferia

    3/18

    as periferias são m,ltiplas e ocorrem nas di(ersas 2reas do aglomerado tal como as

    construções consideradas (erticais/ h2 muito não se limitam ao centro. 's primeiras

    construções (erticais importantes surgiram nos anos 4G:C e ;C na 2rea central e logo se

    expandiram para os #airros lindeiros.O  Moe estão #astante dispersas modificando a

    centralidade ur#ana que ali2s não ! mais ,nica e dificilmente encontra correspondente

    geom!trico. >anto que desde a !poca dos anos 4GPC e QC do surgimento dos primeiros

    shopping-centers relação centro-periferia que tinha se tornado a cl2ssica como modelo

    tendeu a modificar-se e recentemente tornou-se ainda mais complexa a partir da

     proliferação de condomínios fechados principalmente em 2reas perif!ricas da cidade/.H

    F duplo processo de (erticalização/ e periferização/ representati(o da

    modernização industrial de grandes cidades como foi o caso do crescimento de $ão %aulodesde os anos ;C do s!culo "" estruturou o espaço ur#ano das principais metrópoles

     #rasileiras. 0ssa modernização incompleta mesmo que originariamente fundada na

    economia cafeeira organiza(a o espaço da cidade #asicamente por padrões de distinção e

    de separação social relacionados ao fortalecimento da ind,stria nascente.P  >anto que o

    cortiço de aluguel se constituiu de início na modalidade dominante da moradia ur#ana e a

    interpretação do crescimento da cidade de $ão %aulo mante(e-se fundada numa (isão

    industrial da ur#anização so#retudo após os anos 4G;C quando o esquema da oferta de

    (ilas para ha#itação oper2ria ! su#stituído pela construção de casas de periferia pelo

     próprio tra#alhador migrante.Q 

    Risão industrial do crescimento da cidade que promo(ida pelas am#ig=idades e

    contradições na sua construção proporcionou a #ase para a modelização centro-periferia e

    tam#!m para o entendimento da segregação ur#ana como se fosse uma desordem. &esta

    lógica o crescimento industrial da cidade era caótico do ponto de (ista social porque o

    tra#alho na f2#rica ocorria acompanhado pela deterioração das condições de (ida em que

    amplas camadas da população tra#alhadora reproduziam-se em condições de

    superexploração. So ponto (ista ur#ano porque a cidade era construída de maneira

     predatória e a maior parte dela eram casas prec2rias construídas pelos próprios moradores

    O ? 9f. $omeBh+ 4GGQ1 :;.H ? 9f. Trugoli+ :CCC1 ;I-;G.P ? 0mergia como tensão social moderna na construção da cidade a luta pelo espaço entre propriet2rios edespossuídos1 no tra#alho o conflito entre patrões e empregados. &a cidade se extrema(am as condiçõessociais de exist)ncia no meio ur#ano a distancia social se torna(a maior e mais confliti(a do que em tempos

     passados./ E%030N3'+ 4GGI1 P:?Q ? É importante realçar que entre 4G;C e 4GIC foi maciço o deslocamento das zonas rurais e pequenosaglomerados rumo

  • 8/18/2019 PEREIRA_Segregação, Centro e Periferia

    4/18

    em 2reas sem infraestrura formando uma mancha ur#ana descontínua e pouco densa. '

    rigor este caos ! produzido socialmente pela constituição de relações capitalistas na

     produção do espaço luta que percorreu todo o s!culo "" mas (em da grande

    transformação do s!culo anterior quando a herança decisi(a não foi a transformação das

    relações de tra#alho mas da riqueza+ metamorfosear a riqueza representada pela

     propriedade do escra(o em propriedade da terra./ E%030N3'+ :CC:1 4:Q?

    0m#alada por essa (isão industrial partir dos anos 4GQC em pleno período militar

    foi extraordin2rio constatar em meio a essa luta o alastramento da po#reza ur#ana apesar 

    do aumento da riqueza industrial1 essa situação parecia estar sendo superada unto com a

    de outros percalços originados na propriedade da terra. I %or isso não se constitui no(idade

    notar que a distri#uição espacial dessa população explorada e espoliada reforça a precariedade e a desigualdade ao tempo em que fa(orece a acumulação e a concentração da

    riqueza social. >anto que no mesmo sentido dessa discussão o importante ! destacar que

    na reestruturação ur#ana recente o no(o ! so#retudo uma alteração da lógica imo#ili2ria

    que rege o crescimento da cidade. F predomínio de uma lógica em que a dinâmica do

     processo sócio-espacial da cidade se sustenta no lançamento de no(os eVou (elhos produtos

    imo#ili2rios especialmente para os mais ricos.G 

    >rata-se de um no(o padrão de crescimento da cidade metropolitano que (emle(ando a uma redefinição e crítica no uso dos termos centro/ e periferia/ para se referir 

    < segregação ur#ana. &ote-se desde logo que do ponto de (ista histórico por um aspecto

     – o da periferia - a necessidade desta redefinição 2 (inha se apresentando desde os anos

    QC quando se começou (erificar que esta(a ocorrendo a formação de periferias/ na 2rea

    central da cidade. %elo outro aspecto a emerg)ncia de no(as centralidades tam#!m 2

    (inha se insinuando desde a construção dos primeiros shopping-centers at! as no(as

    formas de espaços arquitet*nico e ur#ano. &os recentes condomínios fechados nas

     periferias estão sendo (endidas ilusões/ em espaços pri(atizados que asseguram que o

    mundo l2 fora não existe/ Eou ur#ano de(eria ser esquecido?+ um mundo naturalmente

    (iolento sem conforto que não oferece segurança. 4C

    I? ' partir dessa d!cada (2rios tra#alhos começam a discutir o paradoxo do enriquecimento social associadoao empo#recimento da população. F li(ro São Paulo, 1975, crescimento e pobreza  escrito pelo 90J3'%

     para a 9omissão de Wustiça e %az da 'rquidiocese de $ão %aulo ! exemplar e pioneiro nessa tem2tica.G ? É o a(anço do capital na dinâmica imo#ili2ria que esta#elece formas no(as para produção criando no(osespaços para o mercado e resgatando antigas 7#rechas8.... F capital na dinâmica imo#ili2ria gera o no(o quecria no(as centralidades e recria periferias o empo#recimento ! apenas uma constante./ E%030N3'+ 4GGQ1

    4OIQ?4C? >rata-se de espaços pri(atizados fechados e monitorados para resid)ncia consumo lazer e tra#alho. 'sua principal ustificação ! o medo do crime (iolento. 0sses no(os espaços atraem aqueles que estão

    O

  • 8/18/2019 PEREIRA_Segregação, Centro e Periferia

    5/18

    'ssim centro e periferia se tornam termos que representam um modelo de an2lise da

    segregação e de construção da cidade que se esgotou.44  0ste esgotamento (erifica-se tanto

    na interpretação como na configuração do espaço da cidade at! porque elucidação do

     processo e e(olução ur#ana nem sempre são perfeitamente separ2(eis. ' modelização e o

    modelo muitas (ezes aparecem historicamente im#ricados tal como o imagin2rio e a

    cidade. &esse resgate histórico o modelo centro-periferia como elucidação histórica da

    cidade de $ão %aulo se (2lido de(eria sair fortalecido e mais especificamente a discussão

    da segregação de(eria respaldar a (alidade desse modelo interpretati(o. >oda(ia não ! isso

    que se (ai encontrar ao longo deste texto e ! sa#ido que as noções de periferia e de centro

    tornaram-se termos de uso mediático com forte poder discriminatório de pessoas e lugares

    'l!m do mais o que se passa atualmente esta exigindo uma no(a consci)ncia críticaso#re a estruturação sócio-espacial na metrópole porque de(ido a circunstâncias e

    inunções que serão analisadas esta pro(ocando algo como se fosse uma generalizada

     segregação. 'ssim tendo em (ista entender a segregação e o seu sentido na reestruturação

    ur#ana recente se discute o seu (alor explicati(o para compreender as diferenças espaciais

    na no(a dial!tica entre centro e periferia que 2 se descola do antigo modelo.

    ode&o "entro%#eri.eria e a "r/ti"a a es#e"u&ação'

    F modelo centro-periferia tem uma (ig)ncia #astante definida na história da cidade

    de $ão %aulo. >anto que do ponto de (ista histórico da produção do espaço e procurando

    centrar o foco no que interessa para a discussão da segregação como um resultado desta

     produção social ! rele(ante assinalar apenas alguns aspectos da sua e(olução ur#ana. 9a#e

    situar a segregação em sua conformação e (ínculos essenciais com o processo detransformação sócio espacial mas para que se e(ite alongamentos dispens2(eis so#re a

    construção da cidade num texto como esse considero ser suficiente recuperar o processo

    e as suas formas de maneira resumida+

    'o longo do s!culo "" a segregação social te(e pelomenos tr)s formas diferentes de expressão no espaço ur#ano

    a#andonando a esfera p,#lica tradicional das ruas para os po#res os XmarginalizadosX e os sem-teto.YE9'KS0N3'+ :CCC1 :44?44? Se outra forma poder-se-ia dizer que a oposição #in2ria centro " periferia 2 não esgota a questãoha(endo di(ersos re#atimentos quanto aos efeitos espaciais das transformações econ*micas trazidas pelaglo#alização/ ER03'$+ 4GGQ1 4OHG?

    H

  • 8/18/2019 PEREIRA_Segregação, Centro e Periferia

    6/18

    de $ão %aulo. ' primeira estendeu-se do final do s!culo "N"at! os anos 4GOC e produziu uma cidade concentrada em queos diferentes grupos sociais se comprimiam numa 2reaur#ana pequena e esta(am segregados por tipos de moradias.' segunda forma ur#ana a centro-periferia dominou o

    desen(ol(imento da cidade dos anos OC at! os anos IC. &eladiferentes grupos sociais estão separados por grandesdistâncias+ as classes m!dias e altas concentram-se nos

     #airros centrais com #oa infra-estrutura e os po#res (i(iamnas prec2rias e distantes periferias. 0m#ora os moradores ecientistas sociais ainda conce#am e discutam a cidade emtermos do segundo padrão uma terceira forma (em seconfigurando desde os anos IC e mudandoconsidera(elmente a cidade e sua região metropolitana/.4:

     &essa densa síntese o modelo centro-periferia ! (isto por >ereza 9aldeira como uma

    segunda forma de segregação cua periodização coincide com o auge e domínio daindustrialização fa#ril em $ão %aulo dos anos OC a IC no s!culo "". ' periodização

     proposta em#ora #re(e mostra-se rele(ante porque a partir dela podemos considerar a

    constituição do modelo a sua força modeladora na cidade e a atual crise na modelação do

    ur#ano. >oda(ia frise-se desde logo ele ! #asicamente o resultado de um momento das

    forças da industria no crescimento da cidade e na interpretação da sua e(olução. %or isso

    que nas primeiras d!cadas do s!culo passado ele não se apresenta de(idamente

    consolidado e nas finais apresenta continuidade e sinais crise significati(amente omomento a partir do qual se configura a atual reestruturação.

     &esse modelo como se (iu se enfatiza a distância que separa grupos sociais e 2reas

    ha#itadas de classes m!dias e altas das 2reas e camadas mais po#res da população1 a

    segregação (ista por ela assume uma forma de consumo demarcando as primeiras 2reas

     pela disponi#ilidade de infraestrutura e as ,ltimas 2reas pela praticamente inexist)ncia ou

     precariedade deles na periferia porque distantes.

    >rata-se de um esquema explicati(o que em#ora não contri#ua para o conhecimento

    crítico da (alorização imo#ili2ria parece recusa-la porque condena a segregação. >oda(ia

    trata-se de uma recusa sem crítica radical Eno sentido de ir ao fundamento ou melhor a

    raiz? do processo porque opõe o ganho do capital como in(estimento produti(o ao

    especulati(o. 0ssa oposição (em em detrimento do especulati(o por!m seu m!rito aca#a

    aí pois o#scurece na construção da cidade o que procura com#ater ao reco#rir os ganhos

    com a (alorização imo#ili2ria so# o manto ,nico da especulação. >oda(ia a ind,stria

    4: ? 9f. 9aldeira+ :CCC1 :44. Egrifo nosso?

    P

  • 8/18/2019 PEREIRA_Segregação, Centro e Periferia

    7/18

    desde o início fez uso da especulação comercial quanto da renda fundi2ria uma fonte de

    acumulação de capital. 4;

    ' função dessa crítica radical seria re(elar as particularidades da industrialização

     #rasileira e como (eremos do especificamente ur#ano da construção da cidade a elasassociadas. Das fique claro que+

    $em tais particularidades a industrialização não teria serealizado. É por elas que o processo re(ela o seu ritmo e asua forma histórica real e re(ela tam#!m as peculiaridadesdas classes sociais+ a classe empresarial que em nosso casonão nasceu em conflito com a classe dos propriet2rios deterra...1 e a classe tra#alhadora que em nosso meio não

     passou pr!(ia e significati(amente pelas tradições dascorporações de ofício... &a formação da força de tra#alho nag)nese de nossa ind,stria pre(aleceram os artesãos li(res ea(ulsos com#inando anto faria especulação comercial

    quanto faria da renda fundi2ria ur#ana como fonte de acumulação de capital./ ED'3>N&$+ 4GG:1 I?4O ? 9f. Dartins+ 4GG:1 I-G.4H? 9f. 9amargo et alii 4GQH :G

    Q

  • 8/18/2019 PEREIRA_Segregação, Centro e Periferia

    8/18

    $ão %aulo ! uma cidade que se constroe e reconstroetumultuariamente < merc) da especulação imo#ili2ria queresulta no enriquecimento parasit2rio para alguns naexpropriação do poder de construir para aqueles que não

     podem ele(ar seus edifícios a ;C e mais andares e amontoar 

    famílias ais coisas que de(eriam ser proi#idascomo ati(idades anti-nacionais são fruto da inexist)ncia de%lano.Y 4P 

     &a pratica indiferenciadas a crítica ao crescimento caótico e a recusa aos m!todos daincorporação imo#ili2ria ficam igualadas no discurso de com#ate a especulação que secontenta quase sempre em afirmar a necessidade de um %lano com um tom geral soandomais moralista do que t!cnico.Y ED0\03+ 4GG41 :C;?

    'tualmente moradores e ur#anistas começam a conce#er e #uscar outras soluções para esses pro#lemas. 0m#ora muitos ainda discutam a ur#anização em termos de centro e periferia começa se a sentir e falar da cidade conforme um no(o padrão de crescimento ede construção. Das trata-se de uma mudança que esta ocorrendo de maneira muito lentase considerarmos a mudança do discurso no am#iente acad)mico e a do instrumentalt!cnico para uso dos profissionais de ur#anismo.4Q  0nquanto isso o habitante como umtodo segregado esta imaginando e (i(endo uma terceira forma 5que6 (em seconfigurando desde os anos IC e mudando considera(elmente a cidade e a regiãometropolitana/ sofre a atuação dos (2rios agentes que constroem a cidade e estrutura ono(o espaço. &essa estrutura uma no(a segregação se configura de maneira r2pidaalterando #airros cidades metrópole e região e a relação entre essas escalas. 'ssim nos

    aproximamos da premissa de >ereza 9aldeira para quem entender os no(os desafiosimpostos pela segregação < cidade exige o a#andono do seu modelo tradicional.

    ' não ser que a oposição centro-periferia sea re(ista e amaneira pela qual se conce#e a incorporação da desigualdadesocial no espaço ur#ano sea modificada não ser2 possí(elentender os presentes desafios da cidade.Y 4I

    %ois se não se conhecer os processos e os fatos que desafiam os ha#itantes da

    cidade como se poderia pensar em supera-los ou mesmo em minora-los. Saí a necessidade

    atual de aprofundar uma crítica a especulação imo#ili2ria e a seus m!todos que pelo

    modelo centro-periferia tem se mostrado insuficiente para compreende-los. >rata-se em

     primeiro lugar de compreender que o crescimento da cidade foi1 sim por inteiro

    comandado por interesses e fundamentos tradicionais do patrimonialismo. %or isso não

    ca#e o#ser(ar que esse crescimento pro(ocou intensa (erticalização/ na 2rea central e

    como se fosse um outro lado reafirmar criticamente que longe de representar aus)ncia de

    4P ? 9f. De]er+ 4GG41 4P:.4Q  ? &ão se pode esquecer da importância do recente do 0statuto da 9idade uma (erdadeira caixa de

    ferramentas/ que (inha aguardando regulamentação e implementação desde a 9onstituição de 4GII.4I ? 9f. 9aldeira+ :CCC1 :44-:.

    I

  • 8/18/2019 PEREIRA_Segregação, Centro e Periferia

    9/18

     planeamento o padrão perif!rico responde a uma estrat!gia de m2xima acumulação

    capitalista/ E$0D%K'+ 4GGC1 QQ? Nsso porque todos os m!todos de atuação imo#ili2ria

    respondem a essa estrat!gia ! preciso compreender como essas diferenças se produzem e

    tendem a polarização sócio-espacial ustamente por seguirem o mesmo plano+ o#ter o

    m2ximo com qualquer m!todo e em cada lugar da cidade.

     'ssim ! preciso por exemplo compreender que o que fez a mancha ur#ana crescer 

    em demasia apresentando uma porosidade que foi chamada (azios ur#anos/ 4G assumiu

    uma outra forma e continuou ocorrendo mesmo quando estes terrenos eram ocupados1 e

    seguiu continuou ocorrendo mesmo quando se considerou esgotado o padrão perif!rico de

    crescimento ur#ano+ conser(ando sua apar)ncia em outros lugares alterando-a no mesmo

    lugar. ' solução ha#itacional tradicional como se diz ficou mais longe1 e os antigos(azios/ mais próximos deixaram de ser precariamente ocupados por #arracos #otecos

     #orracharias etc. e seguindo o mesmo plano adaptou-se o m!todo ocupando-os com

    estacionamentos construções modulares pr!fa#ricadas ser(indo de lanchonetes cer(earia

     posto de gasolina e loas de franquias criando apar)ncias no(as passí(eis de mudança se

     preciso for de c2 pra l2 como se fosse um mo#ili2rio ur#ano. :C 

    >rata-se de um fen*meno no(o^ &ão1 at! porque pode ser perfeitamente

    compreendido como uma forma glo#alizada do constantemente atualizado patrimonialismo que se impregnou nas raízes que formaram o Jrasil ur#ano. $im porque

    ! parece representar uma no(a arquitetura internacional que chega por cat2logos

    corporati(os e sim para as construções locais. %or isso ! preciso ainda aprofundar uma

    an2lise atenta so#re este fen*meno na reestruturação ur#ana porque esse apego aos

    interesses do patrim*nio tem um fundo hí#rido inclusi(e por se persistente na ind,stria

     #rasileira. Das tem se tornado mais complexo di(erso e reno(ado principalmente nas

    cidades modernas das primeiras + 4GIG1 Q;?:C? Razio ur#ano ! um termo utilizado para se referir a espaços não-construídos terrenos #aldios terrenos(azios 2reas ociosas etc. >em o defeito de criar um outro dualismo que supõe que a cidade possa ser conce#ida por espaços construídos e espaços não-construídos sem compreender que o (azio/ pode ser compreendido como uma modalidade de utilização do solo ur#ano e manter correspond)ncia de uso e (alor com as outras maneiras. 'ssim poderia ser compreendido como parte de um mesmo processo de ocupaçãoconstrução e uso e não um o#eto aparte e supostamente sueito a um outro processo.:4? &a !poca e pelo modo de acompanharem a modernidade industrial paulista o empres2rio capitalista em

    formação tinha traços marcantes dessas am#ig=idades+ eram industriais e tradicionalistas ur#anos e patrimonialistas./ E%030N3' :CC: 4:O? &otícia da grande imprensa de CI.4:.:CC: so#re Jrasília ST d2conta de que político rec!m reeleito ! acusado de grileiro e utiliza a distri#uição gratuita de lotes como

    G

  • 8/18/2019 PEREIRA_Segregação, Centro e Periferia

    10/18

    'l!m disso de(e-se atentar para outras manifestações por onde pode aparecer a

    forma no(a do fen*meno ur#ano. %orque ! de forma que se trata e no(os (azios/

     poderiam estar recriando-a. 'tente-se pois ao que nos começos deste s!culo tem

    chamado a atenção+ $ão %aulo tem Y4:_ dos domicílios... desocupados.Y F notici2rio

    indicando como fonte o TNJL0 diagnostica que+

    Y' cidade de $ão %aulo tem 4 domicílio particular (ago paracada 4C existentes em seu território./  :: .. Y

    %ara Kuiz 9arlos 9osta+ Y0sse ! o resultado do di(órcio entre a (alorização

    imo#ili2ria e o poder aquisiti(o/ informa a mesma noticia. 0sse di(órcio posto em rele(o

     pelo ur#anista deixa claro que o poder aquisiti(o do consumidor não ! em ,ltima

    instância o elemento determinante do ní(el de preço do imó(el e no caso nem da

    (alorização imo#ili2ria. %orque se assim fosse os preços tenderiam a ficar reduzidos e a seni(elarem pela capacidade de pagar do consumidor1 da mesma forma o #aixo poder 

    aquisiti(o isoladamente não pode ser considerado o respons2(el pela e(olução da

    ocupação dos imó(eis. &o caso o di(órcio sim1 porque sugere uma relação em que os

    imó(eis ficam desocupados Eat! por muito tempo? ao não serem encontrados por quem

     possa pagar por eles.

    0ssa constatação so#re esse conhecido comportamento dos propriet2rios aumenta a

    importância de se compreender os mecanismos do mercado imo#ili2rio da política ur#ana

    e da produção de infraestrutura e moradias sea para uma atuação na escala do #airro ou na

    2rea metropolitana. 0m qualquer caso se apresenta fundamental a questão da apropriação

    do espaço sea na escala do #airro onde a propriedade da terra ! fator determinante da

    acessi#ilidade para equacionar o pro#lema da ha#itação:;1 sea na escala metropolitana

    onde o espaço assume a dimensão de força social que impulsiona e diferencia a reprodução

    dos (2rios capitais.:O 

     #arganha eleitoral o que certamente amplia as possi#ilidades de manipulação da renda fundi2ria como fontede enriquecimento.::? 9f.+ $il(ia 9orr)a. Y4:_ dos domicílios estão desocupados.Y T$% 4C.CH.:CC4:;?Y&ão sem menor importância no 7pro#lemaX da ha#itação ur#ana est2 a questão da terra cua adequaçãoatrela-se < exist)ncia de uma infra-estrutura de ser(iços. %ortanto os in(estimentos p,#licos tam#!m so#este ângulo aparecem como fator determinante no preço final das moradias constituindo-se num elemento

     poderoso que ir2 condicionar onde e de que forma as di(ersas classes sociais poderão se localizar no âm#itode uma configuração espacial que assume em todas as metrópoles #rasileiras características nitidamentesegregadoras.Y E@FU'3N9@ 4GQG HQ?:O ? &ão ca#e nos limites deste texto explorar as (irtualidades da proposta lefe#(riana para quem o espaço

     possui no modo de produção capitalista o mesmo status ontológico que o capital e o tra#alho ' 9a#e noentanto lem#rar o alcance da questão ao se considerar que a espacialidade em particular ! parte das forçasde produção das relações de produção e da maneira pela qual interagem os ní(eis ou estruturas da sociedade.

    's contradições entre esses ní(eis se multiplicam e se complicam ainda mais quando interagem dentro damatriz espaço-tempo da organização social. Das as a#ordagens marxistas existentes não captaram essacomplexidade pois negligenciaram o próprio espaço em fa(or da temporalidade. %ortanto a an2lise marxista

    4C

  • 8/18/2019 PEREIRA_Segregação, Centro e Periferia

    11/18

     &ão se pode desconsiderar em qualquer dos casos que a ação do 0stado fa(orece a

    reprodução do capital e que tam#!m reforça a tend)ncia improduti(a pela ustaposição de

    fatores ur#anos e financeiros em circuitos que são fa(or2(eis a especulação por exemplo

    na industria da construção. ' construção imo#ili2ria grande ou pequena tende a ser 

    especulati(a tal como a propriedade da terra pode ter a renda manipulada na mão do rico

    ou na mão do po#re. >oda(ia na produção de espaços glo#alizados considerados uma

    forma imo#ili2ria contemporânea apenas o grande capital consegue manipular a renda da

    terra e agindo mais li(remente utilizar a especulação em seu fa(or. 0ssa utilização não

    depende só posicionamento dos agentes1 mas sim de como estes se entrelaçam nas formas

    do capital - financeiro industrial ou comercial - c a propriedade da terra. Sependendo

    desse entrelaçamento a raridade do #em imó(el no mercado ! criada a partir de sua

    manipulação como o#st2culo ou potencialidade. 0sta raridade relati(a produzida

    fundamentalmente por especulação faz com que ora a terra ora o construído sea o

    elemento da manipulação da renda mas o instrumento ! a propriedade.

    Y0ste ! o caso por exemplo do circuito que partindo dosrecursos dos fundos de pensão crescentemente orientados

     para a construção do shopping centers e de condomíniosfechados induz o setor p,#lico a disponi#ilizar infra-estruturas de suporte a essas Xrealizações e XlançamentosX

    imprimindo portanto aos desequilí#rios socioecon*micos preexistentes - ou sea ao apartheid   - feição inclusi(earquitet*nica.Y :H

     &ote-se que essa escassez ! dinâmica e rapidamente satisfeita pela seq=)ncia dos

    lançamentos imo#ili2rios o que le(a a uma continuada su#stituição do que seria a feição

    arquitet*nica da identidade da metrópole/+ shopping office toAer flat hotelaria etc. %or 

    isso desde a reestruturação podemos dizer que não ! mais a (erticalização/ um fen*meno

    que identifica a metrópole pois principalmente na ,ltima d!cada mas desde os anos 4GIC

     2 se (inha ampliando de maneira surpreendente o repertório dos produtos imo#ili2rios.

    >anto que tal(ez não haa nada que no momento possa identific2-la senão essa perda

    constante da identidade de $ão %aulo.:P

     &essa difícil identidade esta a força especulati(a da propriedade imo#ili2ria

     principalmente quando a escassez social da terra encontra com a qualidade da construção

    requer uma reformulação./ ELF>>SN0&03+ 4GG;1 4PC?:H? 9f. 9astro+ 4GGH1 I.:P? Kucr!cia Terrara comentando a competição de a(enidas que disputam o espólio da %aulista como imagem

    de $ão %aulo fala de uma memória impossí(el e pergunta-se+ 9omo desco#rir uma cidade que esqueceu dese identificar^ 9omo fazer para resgatar a memória da $ão %aulo atual que no incessante tra#alho deconstruir-se perdeu a raiz da sua história^ ET033'3'+ :CCC1 4HC?

    44

  • 8/18/2019 PEREIRA_Segregação, Centro e Periferia

    12/18

    e a torna a arquitetura/ um instrumento de especulação. Wunte-se < facilidade dessa

     propriedade ser especulati(a as atrações sedutoras da arquitetura Eeste aspecto esta se

    tornando dominante pelo desen(ol(imento? no produto imo#ili2rio que passam a ser 

    qualidades tra#alhadas cada (ez mais pelos agentes de marBeting e direcionadas a

    consumidores potenciais determinados. &ão #astasse esse posicionamento do mercado

    direcionando os produtos a  alguns consumidores e diferenciando os espaços atra(!s do

    marBeting imo#ili2rio sa#emos que a segregação... funciona para estigmatizar controlar e

    excluir aqueles que aca#aram de forçar seu reconhecimento como cidadãos com plenos

    direitos de se en(ol(er na construção do futuro e da paisagem da cidade.Y E9'KS0N3'+

    :CCC1 :HH? Fu sea uma no(a forma de segregação passa ser operacionalizada no mercado

    sofisticando m!todos de comercialização e os produtos imo#ili2rios de forma a ele(ar os

     preços para cima o que reforça o isolamento e a distinção social daqueles que podendo

    comprar pagam mais e melhor.

    0sta situação ! completamente diferente daquela em que a construção da cidade

    crescia dominada pelo padrão perif!rico. &este padrão o diferencial de preços imo#ili2rio

    encontra sua dinâmica na #usca do terreno mais distante onde a produção da casa fica(a

    reduzida ao mínimo+ ao custo de aquisição de um terreno na periferia. &este lote

    comprado ou in(adido seria construída pelo próprio morador uma casa para ser(ir de

    a#rigo para sua família. 'ssim a emerg)ncia da no(a forma da segregação pode ser (ista

    como uma ruptura na produção da cidade por apresentar uma dinâmica com sentido

    contr2rio ao do espaço configurado pelo antigo modelo de produção e a no(a modelização

    do espaço parece impossí(el de ser compreendida a partir do dualismo fenom)nico do

    centro e periferia no item seguinte (eremos porque.

    0as #eri.erias 1s novas "entra&idades: u!a reestruturação

    4:

  • 8/18/2019 PEREIRA_Segregação, Centro e Periferia

    13/18

    Sas periferias da cidade anto que tal(ez 2 não exista uma cidade e estaríamos (i(endo um espaço

    metropolitano cua marca ! a policentralidade e a dispersão^

    ' produção da periferia desde as primeiras d!cadas do s!culo "" tendeu a ser (ista

    como se fosse a construção de uma outra cidade+ uma cidade de po#res ao lado de outra

    rica. $ão %aulo 2 era uma cidade moderna em construção que pela forma com queacontecia a segregação dos seus ha#itantes se cria(a imagem de que existiam duas

    cidades.23 

    Das nunca existiram duas cidades^ $im e não. $im at! porque 9hico de Fli(eira a

     partir de sua cl2ssica crítica < razão dualista ao ressaltar a importância do so#retra#alho

    dos oper2rios na autoconstrução de suas moradias como um expediente de redução do

    custo da força de tra#alho industrial deu rele(o a essa construção da periferia. &ão porque

    ele próprio su#ordina(a completamente o crescimento perif!rico da cidade aodesen(ol(imento do capitalismo e tal como fez na crítica ao desen(ol(imento da economia

     #rasileira onde demonstrou o im#ricamento das diferentes ati(idades industriais

    su#ordinou as formas arcaicas e atrasadas

  • 8/18/2019 PEREIRA_Segregação, Centro e Periferia

    14/18

    ser(iços horizontalizado cua forma aparente ! o caos dascidades./ :I

    %or esta formulação se fixou a compreensão de que a produção da cidade - tal como

    a casa as o#ras p,#licas ou a igrea que sem ser mercadoria – representa(a ser(iço ao

    capital1 no caso produção de ri!ueza social  que ser(ia para re#aixar a mercadoria força de

    tra#alho e tam#!m o custo da ur#anização. >rata-se de riqueza que não ! "alor  que não !

    capital  como frisa(a o autor mas ser(ia a acumulação na ind,stria fa#ril num processo em

    que com#inando o atrasado/ e o moderno/ alimenta(a a passagem da economia

     #rasileira de rural para ur#ana. &a compreensão dessa passagem ca#e destacar um li(ro

    so#re a produção da casa Ee da cidade? de final dos anos 4GQC que ino(ou ao seguir esta

    compreensão tanto que se propondo a pensar o especificamente  urbano  na expansão

    capitalista (erifica para espanto de alguns que+' im#ricação entre formas 7(elhas8 e 7no(as8 auda a

    compreender o processo de formação da cidadeconcretamente e para surpresa dos energ,menos de como

     precisamente as mais altas taxas de lucro se dão nasati(idades que t)m por consumidores as classes sociais derendas mais #aixas e não as que t)m por consumidores asclasses sociais de rendas mais altas./ EFKNR0N3'+ 4GQG1 4H?

    Das na tra(essia desse 3u#icão que significa(a tamanha ino(ação no estudo

    ur#ano o t#pico foi tomando o lugar do espec#fico  não se conseguiu a(ançar a teoria dour#ano tendo como centro interpretati(o esta im#ricação. >anto que a formulação teórica

    inicial foi en(ol(ida pelo crescente interesse pragm2tico em compreender a periferização/

    como força política. 'ssim por um radicalismo de conuntura se a#riu mão da

     possi#ilidade de continuar considerando a totalidade e compreender tend)ncias sociais e

    mo(imentos conunturais com maior profundidade. ' partir dessa ótica ati(ista não foram

    muitos os estudos dos mo(imentos sociais que contri#uíram para a compreensão dos

     processos de reprodução social e pouco a(ançaram na (isão de suas determinações gerais e

     particulares na construção da cidade.

    %or!m de(e-se registrar quanto < segregação como foi not2(el que no li(ro

    mencionado um pequeno artigo so#re a periferia na Lrande $ão %aulo associa(a

    reprodução do espaço e reprodução da força de tra#alho. &esse artigo resultado de uma

     pesquisa que procura(a superar enfoques unidisciplinares e introduzir os conceitos e

    categorias da economia política na an2lise do espaço ur#ano o#ser(ou-se que em conforto

    e renda em $ão %aulo não h2 uma ,nica periferia mas muitas com características:I? 9f. Fli(eira+ 4GQ:1 ;4.

    4O

  • 8/18/2019 PEREIRA_Segregação, Centro e Periferia

    15/18

    diferentes pois mesmo dentre os territórios da cidade da cidade mal ser(ida h2 uma

    graduação e uma hierarquização muito grande/ EJF&S[@N ` 3FK&N@+ 4GQG1 4OI? Egrifo

    nosso? e para definir periferia optou-se não por uma descrição de suas características mas

     por a(ançar um conceito.

    Y%referimos definir periferia como 7as parcelas do territórioda cidade que t)m #aixa renda diferencialX pois assim esteconceito ganha maior precisão e (incula concreta eo#eti(amente a ocupação do território ur#ano <estratificação social.YY'presentar #aixa renda diferencial ! o que define periferiaestando o terreno onde esti(er no espaço ur#ano.9onseq=entemente este ser2 por excel)ncia o local deha#itação dos tra#alhadores. &este sentido não existe uma,nica periferia uniforme mas muitas com características

    diferentes.Y :G 

    %or analogia a essa mesma conceituação poderíamos estar definindo as no(as

    centralidades como os locais na cidade onde se atinge a maior renda diferencial+ apresentar 

    alta renda diferencial ! o que define as no(as centralidades. &ão se trata de desen(ol(er 

    aqui estes conceitos mas de recupera-los para a discussão da segregação ur#ana.

    Kem#rando que ele 2 foi utilizado em outro momento e frente a outras preocupações

    quando de maneira criati(a e ino(adora ser(iu para interpretar a segregação ur#ana e a

     periferia na produção da cidade. >rata-se de considerar que analiticamente os estudos

    descriti(os e conunturais cumpriram o seu papel e atualmente se mostram insuficientes

     para demonstrar a no(a complexidade da aglomeração ur#ana e fazer a(ançar a consci)ncia

    crítica so#re as desigualdades e a reorganização sócio-espacial. &este momento de

    reestruturação ur#ana ca#e a(ançar a consci)ncia social so#re os pro#lemas da segregação

    de(endo-se superar a fase do diagnóstico descriti(o da cidade e so#retudo de ocultação

    das contradições da produção do espaço com o capital.

    ' metrópole atual caracteriza-se por no"as centralidades cada uma competindo comseus atrati(os e posicionamentos no mercado imo#ili2rio+ centro empresarial shopping

    center condomínio horizontal residencial sofisticado. 0nfim produtos imo#ili2rios e

    arquitet*nicos que rompem com o dualismo fenom)nico da ur#anização fundada na

    modelização  da cidade com #ase na antiga dial!tica do centro e periferia. 0sta no(a

    caracterização re(ela uma mudança onde h2 uma ruptura no processo de produção da

    cidade indica o surgimento de algo no(o mas seria esta no(idade a exclusão^

    :G ? 9f. JonduBi ` 3olniB+ 4GQG1 4OQ e 4OI. Egrifo nosso?.

    4H

  • 8/18/2019 PEREIRA_Segregação, Centro e Periferia

    16/18

    ' no(idade da chamada exclusão social ! a sua (elhicereno(ada. F que de(e preocupar ! que ocorra nos dias dehoe nos tempos da sociedade moderna na sociedade daigualdade social e da contratualidade na era da glo#alizaçãoecon*mica. 0 portanto na era de anunciadas oportunidades

    igualit2rias e democr2ticas de inserção social e de participação política./ ;C

    %or isso at! que ponto a rein(entar a segregação da exclusão ou do desenraizamento

    social processos intensificados unto com a reestruturação ur#ana em escala mundial não

    estão impondo a (olta da discussão de categorias cl2ssicas+ da renda e dos uros...^

    $e considerarmos que a rigor não existe exclusão mas contradições no capital a

     partir das quais se esta#elecem diferenças sócio-espaciais que criam a segregação e nela se

    reforçam estaremos frente < necessidade dessa (olta. &esse resgate seria fundamental para

    a critica da consci)ncia social discutir porque as figuras do tra#alhador e do po#re ficaramdiluídas pela do excluído que não se constitui em categoria social e nem faz parte dos

    mo(imentos da reprodução do capital. 0sse resgate possi(elmente completaria a tra(essia

    daquele 3u#icão em que nos anos 4GQC o prefaciador do li(ro anuncia(a como capaz de

    compreender o especificamente urbano no Jrasil para criar um campo próprio da teoria

    ur#ana a partir do ur#ano mesmo. F que significa(a isto^

    [ma no(idade e não um modismo que conforme diz Trancisco de Fli(eira no

     pref2cio significa(a+ a tentati(a de analisar a renda da terra na economia ur#ana em que ono(o consiste em pensar a terra urbana enfim a própria cidade como capital . &essa

    an2lise saia-se da especulação f2cil so#re a especulação imo#ili2ria e procura(a-se

    entender a propriedade da terra a ser(iço do capital não como um  fau$ frai$ nem como

    mero exercício de especuladores que os h2 sem d,(ida mas como fundamento de uma

    ati(idade produti(a./ EFKNR0N3'+ 4GQG1 4H? &esse entendimento esta propriedade

    inserida dentro do processo real de acumulação da ind,stria da construção que se

    reestruturou como tantas outras industrias e passou a apresentar aquelas formasarquitet*nicas no(as 5shopping-centers centros empresarias flats condomínio fechados

    etc.6 geradas por processos imo#ili2rios que re(elam a emerg)ncia de um no(o

    contraponto para explicar esta reestruturação sócio-espacial+ o glo#al e o local./

    E%030N3'+ :CCC1 ;:P?

    'ssim a partir da atual reestruturação se pode recuperar estas discussões e enfrentar 

    as aproximações constantemente necess2rias < compreensão dos processos reais e melhor 

    adequar o conhecimento

  • 8/18/2019 PEREIRA_Segregação, Centro e Periferia

    17/18

    glo#al. M2 que se ter em conta nessas aproximações a intensificação dos processos de

    exploração e de espoliação na escala mundial e na dinâmica local que esgotando o padrão

     perif!rico de crescimento da cidade alteram o processo social de produção da cidade.

    >anto que hoe não seria exagero supor que estamos superando a fase da industrialização-

    ur#anização e estaríamos mais próximos de ur#anização propriamente ur#ana.;4  %elo

    menos se reduziram as possi#ilidades do oper2rio fa#ril construir sua integração a partir da

     periferia1 ;: um sinal forte dessa ruptura seria o domínio do padrão imo#ili2rio intensi(o

    criando as no"as centralidades e afirmando a produção de uma renda diferencial ele(ada1

    outro menos importante ! a emerg)ncia do apartamento arroz com feião/ construído

    distante do centro Ena antiga periferia? que reitera o (alor representado na propriedade

    imo#ili2ria isolando quem pode pagar pouco;; e distanciando ainda mais quem não pode

     pagar que (ai ter que ficar mais longe.

    'ssim no(amente em ponto de partida o esforço de aprofundar a compreensão da

    realidade ur#ana de(e a(ançar+

    Y' segregação do território ur#ano caracteriza a cidadecapitalista sendo pro(ocada essencialmente pelamanutenção da propriedade pri(ada dessa mercadoria

     peculiar que ! o terreno ur#ano como a forma dominante deocupação do espaço.Y;O 

    Das agora o terreno ur#ano não ! mais a forma dominante mas o papel da

     propriedade continua presente na estruturação do espaço e o seu estudo ! fundamental para

    se compreender a no(a estruturação da cidade. 0sse papel continua sendo uma das portas

    frise-se ainda a ser a#erta para uma leitura da segregação sócio-espacial. Das não se trata

    mais da apropriação da terra do solo ur#ano nem da cidade mas da reapropriação de um

    no(o espaço social, que resulta de uma produção glo#al e total conforme Kefe#(re E4GGG?

    em que o capitalismo apesar esgotar-se rece#e um no(o alento. &a construção desse espaço

    social o capital reno(a forças e formata maior segregação.

    ;4 ? 'li2s esta ! uma ousadia lefe#(riana que parte de uma hipótese+ a ur#anização completa da sociedade/ eque reser(a o termo 7sociedade ur#ana8 < sociedade que nasce da industrialização./EK0T0JR30+4GGG1 4H?;:? 't! então o+ tra#alhador se integra(a a cidade pelo padrão perif!rico. ' exclusão fica(a esmaecida

     porque a produção imo#ili2ria extensi(a apesar do seu car2ter predatório e excludente funciona(a como um processo de inclusão dos po#res na dinâmica imo#ili2ria./ E%030N3'+ 4GGQ1 4OIG?;;? /&o sentido de sugerir aspectos no(os da desigualdade sócio-espacial da metrópole de(emos ressaltar queuma discussão dos tipos de domicílios não se reduz aos aspecto arquitet*nico do proeto de construção. Wuntoa esta mudança de forma da arquitetura a casa o apartamento aparece estar algo que (ai muito al!m do

     pro#lema de conce#er uma planta horizontal ou (ertical+ a questão da propriedade imo#ili2ria e da suaapropriação atra(!s da construção./ E%030N3'+ 4GGQ1 4OG;?;O? 9f. JonduBi ` 3olniB+ 4GQG1 4OP.

    4Q

  • 8/18/2019 PEREIRA_Segregação, Centro e Periferia

    18/18

    %or fim recorde-se para compreender essa construção em sua totalidade de(e-se

    romper com o modelo centro-periferia e desatar o laço que uniu e (em confundindo

     periferia com o conceito de segregação espacial. &esta no(a fase de $ão %aulo certamente

    não são mais os propriet2rios de terrenos a figura do loteador e outros agentes interessados

    na renda da terra na periferia que se destacam na criação das diferenças espaciais que

    segregam a população. &o espaço metropolitano a produção real e (irtual da cidade Ee da

    não-cidade? aproxima materialidade e ilusão tudo fica difuso sutil e mais sensí(el.

    É tempo de recomeçar^

    Ji#liografia

    FKNR0N3' T. %ref2cio/ Nn D'3N9'>F 0. ' %rodução capitalista da 9asa Ee da9idade?. $ão %aulo+ 'lfa-Fmega 4GQG. 4;-4G.

    JF&S[@N &. ` 3FK&N@ 3. %eriferia da Lrande $ão %aulo. 3eprodução do 0spaçocomo expediente de reprodução da força de tra#alho./ Nn D'3N9'>F 0. ' %roduçãocapitalista da 9asa Ee da 9idade?. $ão %aulo+ 'lfa-Fmega 4GQG. 44Q-4HO.

     

    4I