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AJS1SG "V Domingo 15 cie M.aio cio 1870 isr. 2 PERIÓDICO CONSAGRADO AOS INTERESSES DA RELIGIÃO E DA SOCIEDADE SOB OS AUSPÍCIOS DE SUA EXC. REVMA. O SR. BISPO DIOCESANO. ¦ As communicações e reclamações devem ser dirigidas unicamente á Redacção, na typographia do Apóstolo, rua Nova do Ouvidor n. 1(3. Dum lucem liabeüs, credite in lucem.-(s. jolò, cap. 12, v. 30.)Clama itaqne, clama, ne cesses. (Carta de Pio IX á Ecd. do Apóstolo.) Calendário tia semana. 15. Domingo. Da dominga quarta depois da Páscoa. Missa pro populo. Côr branca (semi- duplex). 10. Segunda-feira. S. João Nepomucono, Mar- tyr. Côr vermelha (duplex). 17.Terça-feira. S. Pa-scoalBaylão. Confessor. Côr branca (duplex). 18.Quarta-feira. S. Venancio. Martyr. Côr vermelha (duplex). 19.Quinta-feira. S. Pedro Celestino. Papa, Confessor. Côr branca (duplex). 20.Sexta-feira. S. Bernardino de Senna, Con- fessor. Cor branca (semi-duplex). 21.Sabbado.Santo Ubaldo, Bispo, Confessor. Côr branca (semi-duplex). Quarta dominga depois da Páscoa. S. João, cap. 1G, vs. 5 a 14. 5. Naquelle tempo: disse Jesus aos seus discípulos: agora vou para aquelle que me enviou, e nenhum de vós me pergunta para onde vais? C. Antes porque eu vos disse estas cousas, se apoderou de vosso coração a tristeza. 7.Mas eu digo-vos a verdade, a vós convém- vos que eu : porque se eu não for, não virá a vós o Consolador: mas se for, enviar-vo- lo-hei. 8.E elle quando vier, arguirá o mundo do peccado, e da justiça e do juizo : 9.Sim do peccado, porque não creram em mim. 10.E da justiça, porque eu vou para o Pai: e vós não me vereis mais. 11.Do juizo emfim, porque o príncipe deste mundo está julgado. 12.Eu tenho ainda muitas cousas que vos dizer, mas vós não as podeis supportar agora. 13.Quando vier porém aquelle Espirito de verdade, elle vos ensinará todas as verdades : porque elle nào falhará de si mesmo : mas dirá tudo o que tiver ouvido, c annunciar-vos-ha as cousas, que estão para vir. 14.Elle me glorificará: porque ha de rece- ber do que é meu, e vol-o ha de annunciar. Quão felizes seriamos, catholicos! se po- déssemos repetir as palaras que se lêem no principio do presente Evangelho e apropria-las a nós mesmos 1... Vou-me para quem me mandou: Deos é o meu principio, Deos é o meu ultimo íim; delle yèntio*, para elle torno. Se assim fosse, no tempo seriamos bemaventu- rados e na eternidade ainda mais felizes. Sim, catholicos, Deos o o nosso principio e o nosso ultimo íim; e aquelle que bem conhece este principio e directamente se encaminha a este fim, além da felicidade temporal, consegue a eterna. Para bem comprehenderdes como Deos é o nosso principio, basta-vos ponderar que o homem não podia dar o ser a si mesmo, porque isto envolveria contradicção. E certamente, se elle deu o ser a si mesmo, logo existia, e se existia, que necessidade tinha de dar o ser a si mesmo? Se pois náo existia, como pôde dar a si próprio a existência? Existia'portanto ao mesmo tempo e nào existia, era e nào era: contradicção manifesta. Ora, se o homem nào pôde dar-se a si mesmo a existência, de quem a recebeu elle? Subindo de geração em ge- ração, chegámos ao primeiro homem: porém, vimos que este homem por si mesmo nào podia dar a si o ser, logo, necessariamente deveu have-lo de urna outra causa preexis- lente, de um principio eterno, independente, necessário, infinito, e este é Deos, o qual existe ab ©terno, e necessariamente, tirado o qual não ha mais creatura existente, nem pos- sibilidade de nenhuma existência. E porque não temos, direis vós, deste Deos uma idéa clara e adequada? Sendo que de muitas cousas sensíveis e naturaes podemos ter idéas claras e adequadas? Pois bem, admit- limos, o que ponderais, c vos pedimos que nos expliqueis a forçado movimento, a origem dos ventos, a união da alma com o corpo, a acção desta sobre aquella e vice-versa, a natureza da luz, do ar, a essência do fogo e de outras maravilhas que a nossos olhos olíerece a por- tentosa natureza. E podereis vós explicar ca- balmente todos estes segredos da ordem natu- ral, sem na maior parle dos casos recorrerdes á região das probabilidades e á esphera dos problemas? Por certo que nào, por quanto nem todos os pontos das altas sciencias, apezar do alto gráo de aperfeiçoamento a que ellas tem che- gado, pertencem ao dominio da demonstração. Assim pois perdei a louca presumpçào de ad- quirirdes idéas e conhecimentos cabaes na ordem sobrenatural. Se de Deos podereis ler uma idéa completa, ou Deos deixará de ser Deos, ou o homem seria outro Deos. O coração do homem por natural e irresis- tivcl tendência é levado a buscar a própria fe- licidade: esta não pode achar-se senão em Deos, summo e único bem, fonte inexhaurivel de todo o Irem. Nosso coração foi feito para Deos; se fora dc Deos elle busca o seu bem, a experiencia mais tarde ou mais cedo conven- cê-lo-ha que o busca em vão onde elle não está, ou que é um bem de apparencia enga- nosa que nào pôde contenta-lo. Quem mais do que Salomão gozou.dos pra- zeres desta vida e das delicias deste mundo? Quem o não julgaria o mais feliz dos mortaes, com um pacifico* reinado de quarenta annos, cer- cado da magestade do throno e do explendor da realeza e do apparatoso fausto de immensas ri- cruezas adquiridas, herdadas de seu pai que lambem se sentara no throno de Israel? Pois Salomão nào era feliz, nunca foi completa- mente ditoso : a vida, disse elle, me é pezada e causa tédio, minhas grandezas e meus gozados prazeres foram vaidade das vaídades. Um coração que nào está com Deos, catho- licos, está fora da ordem por elic estabelecida e debalde buscará ser feliz: vivei pois, e obraf de modo cpie possais dizer na vida: Deos é o meu principio, delle vim, Deos é o meu íim, para elle forno e»you tomar posse do reino que para mim está preparado desde o principio do mundo. 0 APÓSTOLO. 15 de Maio de 1870. Ainda veio a campo o Sr. Dr. Io Promotor Publico, sempre como de costume, saltando fora da questão ; desta vez porém um pouco mais perigoso, porque baldo de argumentos e talvez escasseando-se-lhe os palavrões lançou malevolamente contra nós a calumnia, perver- tendo nossa intenção. at Para isso foi preciso envenenar palavras que empregámos na melhor boa e sem querer- mos prejudicar a honra e a honestidade de uma senhora. Mas ao Sr. Dr. Promotor Publico que, sahindo das raias da decência, preferio expor- nos ao ódio publico e apresentar-nos como mal- dizente e diffamador, poderíamos dizer, que sua imprudência no tratar deste negocio é que tem exposto a commentarios tristes o proce- dimento da religiosa de Nossa Senhora d'Ajuda. Si quizessemos imitar a S. S. nessa facilidade de entrai' nas intenções alheias, bastava a ana- lyse descarnada dos factos. Nós que temos tratado com tanta delicadeza ao Sr. Dr. Promotor Publico, preferimos não imita-lo. Basta-nos apontar o modo de argumentar de S. S. Bem longe porém de responder-nos, emma- ranha-se mais nesselabyrinto creado por S. S; ê porém verdade que nesta questão sempre S, S. aprendeu alguma cousa. Ao menos para outra vez S. S. procederá com mais firmeza, e em lugar de revestido de sua autoridade dc Promotor bater á portaria

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AJS1SG "V Domingo 15 cie M.aio cio 1870 isr. 2

PERIÓDICO CONSAGRADO AOS INTERESSES DA RELIGIÃO E DA SOCIEDADESOB OS AUSPÍCIOS DE SUA EXC. REVMA. O SR. BISPO DIOCESANO.

¦

As communicações e reclamações devem ser dirigidas unicamente á Redacção, na typographia do Apóstolo, rua Nova do Ouvidor n. 1(3.

Dum lucem liabeüs, credite in lucem.-(s. jolò, cap. 12, v. 30.) Clama itaqne, clama, ne cesses. (Carta de Pio IX á Ecd. do Apóstolo.)

Calendário tia semana.15. Domingo. Da dominga quarta depois da

Páscoa. Missa pro populo. Côr branca (semi-duplex).

• 10. Segunda-feira. S. João Nepomucono, Mar-tyr. Côr vermelha (duplex).

17. Terça-feira. S. Pa-scoalBaylão. Confessor.Côr branca (duplex).

18. Quarta-feira. S. Venancio. Martyr. Côrvermelha (duplex).

19. Quinta-feira. S. Pedro Celestino. Papa,Confessor. Côr branca (duplex).

20. Sexta-feira. S. Bernardino de Senna, Con-fessor. Cor branca (semi-duplex).

21. Sabbado.Santo Ubaldo, Bispo, Confessor.Côr branca (semi-duplex).

Quarta dominga depois daPáscoa.

S. João, cap. 1G, vs. 5 a 14.

5. Naquelle tempo: disse Jesus aos seusdiscípulos: agora vou para aquelle que meenviou, e nenhum de vós me pergunta paraonde vais?

C. Antes porque eu vos disse estas cousas,se apoderou de vosso coração a tristeza.

7. Mas eu digo-vos a verdade, a vós convém-vos que eu vá : porque se eu não for, não viráa vós o Consolador: mas se for, enviar-vo-lo-hei.

8. E elle quando vier, arguirá o mundo do

peccado, e da justiça e do juizo :9. Sim do peccado, porque não creram em

mim.10. E da justiça, porque eu vou para o Pai:

e vós não me vereis mais.11. Do juizo emfim, porque o príncipe deste

mundo jà está julgado.12. Eu tenho ainda muitas cousas que vos

dizer, mas vós não as podeis supportar agora.13. Quando vier porém aquelle Espirito de

verdade, elle vos ensinará todas as verdades :

porque elle nào falhará de si mesmo : mas dirátudo o que tiver ouvido, c annunciar-vos-haas cousas, que estão para vir.

14. Elle me glorificará: porque ha de rece-ber do que é meu, e vol-o ha de annunciar.

Quão felizes seriamos, catholicos! se po-déssemos repetir as palaras que se lêem no

principio do presente Evangelho e apropria-lasa nós mesmos 1... Vou-me para quem memandou: Deos é o meu principio, Deos é omeu ultimo íim; delle yèntio*, para elle torno.Se assim fosse, no tempo seriamos bemaventu-rados e na eternidade ainda mais felizes.

Sim, catholicos, Deos o o nosso principio eo nosso ultimo íim; e aquelle que bem conhece

este principio e directamente se encaminha a

este fim, além da felicidade temporal, conseguea eterna.

Para bem comprehenderdes como Deos é onosso principio, basta-vos ponderar que ohomem não podia dar o ser a si mesmo, porqueisto envolveria contradicção. E certamente, seelle deu o ser a si mesmo, logo existia, e sejá existia, que necessidade tinha de dar o sera si mesmo? Se pois náo existia, como pôdedar a si próprio a existência? Existia'portantoao mesmo tempo e nào existia, era e nào era:contradicção manifesta. Ora, se o homem nàopôde dar-se a si mesmo a existência, de quema recebeu elle? Subindo de geração em ge-ração, chegámos ao primeiro homem: porém,já vimos que este homem por si mesmo nàopodia dar a si o ser, logo, necessariamentedeveu have-lo de urna outra causa preexis-lente, de um principio eterno, independente,necessário, infinito, e este é Deos, o qualexiste ab ©terno, e necessariamente, tirado oqual não ha mais creatura existente, nem pos-sibilidade de nenhuma existência.

E porque não temos, direis vós, deste Deosuma idéa clara e adequada? Sendo que demuitas cousas sensíveis e naturaes podemoster idéas claras e adequadas? Pois bem, admit-limos, o que ponderais, c vos pedimos que nosexpliqueis a forçado movimento, a origem dosventos, a união da alma com o corpo, a acçãodesta sobre aquella e vice-versa, a naturezada luz, do ar, a essência do fogo e de outrasmaravilhas que a nossos olhos olíerece a por-tentosa natureza. E podereis vós explicar ca-balmente todos estes segredos da ordem natu-ral, sem na maior parle dos casos recorrerdesá região das probabilidades e á esphera dosproblemas? Por certo que nào, por quanto nemtodos os pontos das altas sciencias, apezar doalto gráo de aperfeiçoamento a que ellas tem che-gado, pertencem ao dominio da demonstração.Assim pois perdei a louca presumpçào de ad-quirirdes idéas e conhecimentos cabaes naordem sobrenatural. Se de Deos podereis leruma idéa completa, ou Deos deixará de serDeos, ou o homem seria outro Deos.

O coração do homem por natural e irresis-tivcl tendência é levado a buscar a própria fe-licidade: esta não pode achar-se senão emDeos, summo e único bem, fonte inexhaurivelde todo o Irem. Nosso coração foi feito paraDeos; se fora dc Deos elle busca o seu bem, aexperiencia mais tarde ou mais cedo conven-cê-lo-ha que o busca em vão onde elle nãoestá, ou que é um bem de apparencia enga-nosa que nào pôde contenta-lo.

Quem mais do que Salomão gozou.dos pra-

zeres desta vida e das delicias deste mundo?Quem o não julgaria o mais feliz dos mortaes,com um pacifico* reinado de quarenta annos, cer-cado da magestade do throno e do explendor darealeza e do apparatoso fausto de immensas ri-cruezas já adquiridas, já herdadas de seu pai quelambem se sentara no throno de Israel? PoisSalomão nào era feliz, nunca foi completa-mente ditoso : a vida, disse elle, me é pezada ecausa tédio, minhas grandezas e meus gozadosprazeres foram vaidade das vaídades.

Um coração que nào está com Deos, catho-licos, está fora da ordem por elic estabelecidae debalde buscará ser feliz: vivei pois, e obrafde modo cpie possais dizer na vida: Deos é omeu principio, delle vim, Deos é o meu íim,para elle forno e»you tomar posse do reino quepara mim está preparado desde o principio domundo.

0 APÓSTOLO.15 de Maio de 1870.

Ainda veio a campo o Sr. Dr. Io PromotorPublico, sempre como de costume, saltandofora da questão ; desta vez porém um poucomais perigoso, porque baldo de argumentos etalvez escasseando-se-lhe os palavrões lançoumalevolamente contra nós a calumnia, perver-tendo nossa intenção.

at

Para isso foi preciso envenenar palavras queempregámos na melhor boa fé e sem querer-mos prejudicar a honra e a honestidade de umasenhora.

Mas ao Sr. Dr. 1° Promotor Publico que,sahindo das raias da decência, preferio expor-nos ao ódio publico e apresentar-nos como mal-dizente e diffamador, poderíamos dizer, quesua imprudência no tratar deste negocio é quetem exposto a commentarios tristes o proce-dimento da religiosa de Nossa Senhora d'Ajuda.

Si quizessemos imitar a S. S. nessa facilidadede entrai' nas intenções alheias, bastava a ana-lyse descarnada dos factos.

Nós que temos tratado com tanta delicadezaao Sr. Dr. 1° Promotor Publico, preferimosnão imita-lo.

Basta-nos apontar o modo de argumentarde S. S.

Bem longe porém de responder-nos, emma-ranha-se mais nesselabyrinto creado por S. S; êporém verdade que nesta questão sempre S, S.aprendeu alguma cousa.

Ao menos para outra vez já S. S. procederácom mais firmeza, e em lugar de revestido desua autoridade dc Promotor bater á portaria

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451 O APÓSTOLO

de um Convento, ha de procurar a autoridadelegitima e competente.

Em seu artigo de 12 repete com ostentaçãofactos históricos, sem exame de suas causas,cita-os a esmo, pensando talvez que sua auto-ridade é única em historia.

Si o conhecimento da historia, Sr. Dr. IoPromotor Publico, consistisse na citação defactos, nós nenhuma duvida teríamos em man-dar passar carta a S. S, á vista dos que já temcitado e pôde ainda citar.

Convencidos porém do contrario, muito po-sitivamente declaramos que não receberemossuas lições de historias, apezar de sua dupla

qualidade de bacharel.Não nos oecuparemos na analyse de toda a

erudição histórica de S. S., basta-nos mostrar o

pouco cuidado com que estudou um dos seus

grandes factos, para avaliar-se justamente dosoutros, e de sua proficiência histórica.

Este facto será o de Luiz XII e Joanna deFranca.

Disse o Sr. Dr. Io Promotor Publico, que odivorcio de Luiz XII foi concedido, porqueeste ai legava que—Joanna de França não pos-sitia encantos.

Entretanto não ha estudante de historia,rmesmo desses que só decoram os factos, que

ignore, que o divorcio de Luiz XII fora de-crétadò, porque seu matrimônio com Joannade França fora celebrado com um impedimen-to dirimenle,

Porque nenhum delles ignora o gênio vio-lento de Luiz XI, nem a pressão que exerceusobre Luiz XII para obriga-lo a casar.

Do processo instaurado a pedido de Luiz XII

para anullar seu casamento com Joanna deFrança, ficou provado que Luiz XI não sóconstrangera moralmente, mas até physica-monte, conservando preso por tros mezes

para extorquir a Luiz XII o consentimento.Ora, sendo a falta de consentimento de um dosconlrahentos urn impedimento dirimenle domatrimônio, foi por isso decretado o divorcio,e não por falta de encantos de Joanna deFrança, como phantasiou o Sr. Dr. 1' Pro-motor Publico.

Eis ainda como o Sr. Dr. Io Promotor Pu-blico em suas prelecções de historia (que nadatem com o processo da secularisação da religiosad'Ajuda) aprecia os factos e suas causas.

Não será isto devido á escolha dos autores,

por onde S. S. estuda a historia : ou entãomal de algum romance, que para muitos é ex-clusivamente fonte histórica ?

E' porém bem triste e lamentável observar-se a suavidade com que o Sr. Dr. Io PromotorPublico tem ido de abysmo em abysmo, apezardos pescoções que tem dado.

Depois de suas citações magistraes de bis-toria exclama ainda magistralmente o Sr. Dr.Io Promotor Publico :

E querem a infallibilidadc do Papa !!!!E a que vem aqui a infallibilidadc do Papa,

Sr. Dr. Io Promotor Publico?!!!!Entretanto S. S. se tem confessado catholico

e respeitador do Santo Padre, o por essa suasingular exclamação mostra ignorar, como

qualquer do vulgo ignorante, o que é a infalli-bilidade.

Assim tem-se revelado S. S. em quasi tudono correr desta questão.

Sentimos muito que o Sr. Dr. Io PromotorPublico não honrasse as columnas do Jornaldo Commercio, publicando a carta que lhe di-rigio esse luzeiro das ordens regulares, esse Sa-cerdote Padre-Mestre, como diz S S., porquenecessariamente tudo seria regenerado e abri-Ihantado com a luz benéfica que projectasseaquelle foco, que tão tarde apparece e em umacausa,onde sua iníluencia apressará a destruiçãodas ordens religiosas, bem longe, não diremosde salva-las, mas sim de ampara-las.

Similes cum similibus facile congrcganlur.Nós tambem queremos terminar esta questão,

Sr. Dr. Io Promotor Publico, mas não o po-demos fazer, sem lavrar aqui um protestocontra a má fé, com que V. S. tem procedidopara comnosco, só porque quizemos encami-nhar legalmente uma causa que V. S. preten-dia que se decidisse atropeladamente.

Nunca nos oppuzemos á secularisação da re-ligiosa, pedimos sempre que sepioccdesse le-galmente, recorrendo-se á autoridade compe-(ente c não a um acto violento do GovernoImperial, como queria o Sr. Dr. Io PromotorPublico, advogado da causa : queríamos que sediscutissem premissas que tivessem valor ca-nonico, que não se baseasse a secularisação nafalta de execução do aviso de 19 de Maiode 1855, como queria o Sr. Dr. Io PromotorPublico, advogado oficioso da religiosa, comocom verdade o appellidou o Revm. Sr. ConegoConceição, a quem tambem agradecemos o pro-testo, que dirigio ao Sr. Dr. Io Promotor Pu-blico, contra suas palavras oííensivas ao clero :queríamos finalmente que a religiosa provassea verdado de suas allegações para obter a se-cularisaçào requerida, para que por causa dapreterição da lei, não fosse a religiosa privadado céo pelos pontapés do Sr. Dr. Io PromotorPublico e do seu honrado amigo luzeiro dasordens religiosas, para sor introduzida no in-forno aos abraços de ambos.

Aqui fica lavrado o nosso protesto de ummodo o mais solemne e com elle continuaremosa perguntar ao Sr. Dr. 1° Promotor Publico :—Quando foi S. S. a expressão da verdade, sino dia 6 de Abril, aprumando que dirigio-seao convento d'ajuda em caracter particular_,sem pROCEnER como promotoii : ou si no diaO de Maio sustentando que na qualidade dePROM0TOH APRESENTOU-SE NO CONVENTO E RE-QUEREU AO SR. GOVERNADOR do bispado?

Ainda mais — onde encontrou a opinião doSr. Arcebispo Marquez de Santa Cruz, sus-TENTANDO A THEORIA DA INTERVENÇÃO DOS GO-

VERNOS EM QUESTÕES DE LICENÇA DE FRADES?

Correspondência particulardo Apóstolo.

(Continuação do numero antecedente.)

No dia 22 do passado reunio-se de novo oConcilio em congregação geral, sendo esta a 31aque se tem celebrado depois de sua abertura.Foi a primeira que houve depois do dia 18,em que os Padres continuaram as discussõesque tinham, como disse, ficado por alguns diasinterrompidas.

No dia 10, festa de S.Jos é, no dia 20, terceiradominga da Quaresma, e no dia 21, cm que o

Santo Padre celebrou Consistorio, não pôdeverificar-se a congregação geral por serem im-pedidos esses dias. Reunio-se pois no dia 22, econtinuaram as discussões sobre o primeiroschema de dogma, depois de ter celebrado aMissa de Spiritu Saneto o Revm. MonsenhorChayatt, Arcebispo de Amadia, do rito chal-déo.

A discussão seguio-se segundo a ordem donovo regulamento, em appendice á BullaMultiplices inter, publicada no anno passado arespeito da marcha que deve guardar o Con-cilio.

Encetou-se a discussão sobre o schema emgeral, fallando nessa oceasião cinco Padres,que dizem ser : Io, o Bispo de Grenoble (Fran-ça); 2°, o Bispo de Tanes (ín parlibus infide-liurn); 3o, o Cardeal Arcebispo de Praga (Bo-hemia); 4o, o Arcebispo de S. Luiz (Estados-Unidos); e 5o, o Bispo de Coulance (França),

Em nome da commissão de Fide respondeuás observações ou objecções que foram feitas oPrimaz de Hungria, Monsenhor Simor.

Em seguida discutio-se o prólogo do ditoschema. Nesta discussão tomaram parte osBispos de Ivréa, Civita-Vecchia e Cometo, deMoulins, e dc Bosniae Sirmio, na Croácia.

Este ultimo, chamado Strossmayer, é a me-nina dos olhos do gallicanismo, e por mais deuma vez deu-se bem a conhecer pela sua ex-traordinaria audácia c exaltação. Conta-se poraqui que este Bispo, tendo sabido do assumptoque estava em discussão, foi chamado á ordempor um dos Presidentes, o Eminentíssimo Car-deal Capai ti. Mas parece ter feito o Preladopouco caso da admoestação, pois continuou adivagar fora da questão, até que a immensamaioria dos Padres manifestou com um mur-murio geral o desgosto que sentia por tãoformal desprezo da autoridade. A isto aceres-senta-se que, ferido em seu orgulho, MonsenhorStrossmayer desceu da tribuna ou púlpito,proferindo em voz alta a palavra —Protestor.

Refiro-lhe este facto com a maior cautela,baseado unicamente no dizer daquelles que beminformados parecem a respeito das cousas doConcilio, que não estão direclamente sub se-creto Pontifício. Entretanto é de suppor que aimprensa gallicana dé a este facto, se é verídico,um vulto muito maior do que elle tem na rea-lidade, apresentando o Bispo de Bosnia comoinnocente victima da maioria dos Padres, uni-dos em communhâo de idéas com o SummoPontífice. Porém qualquer pessoa ahi de sensocommum logo reconhecerá naquelle Prelado uminsubordinado, que não obedece ao regimentodo Concilio, o qual manda chamar á ordema qualquer Padre indistinetamente, seja qualfòr a sua opinião, logo que se aparta do objec-to da discussão. De outra sorte seriam intormi-naveis as discussões, e parecem na realidadeser estas as vistas dos gallicanos, para retar-dar a sua inevitável c iniminente condem-nação.

Acautelem-se pois a respeito dos clamoresque a imprensa inimiga da Santa Sé nào dei-xará de levantar a respeito do insignificanteincidente da sessão do dia 22 do passado.

*

No dia 23, houve de novo Congregação ge-ral. A missa foi e*lohrada por MonsenhorBianchi Dothola, Arcebispo do Trani, Nazareth

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O APÓSTOLO 152

eBarletla. Continuou a discussão sobre o prólogodo primeiro schema de dogma, e sobre elle fal-laram ainda oito Padres: os Bispos de Urgel,de Casal, de Chàlons, de Porto-Vittoria, deWheeling, da Transylvania, o Arcebispo deColocza e Bacs, e o Vigário Apostólico doPekin oriental.

Terminada que foi a discussão sobre o pro-logo, passou-se a discutir o primeiro capitulo,e nesta sessão fatiaram ainda o Patriarcha deAlexandria e os Bispos de Civitta-Vecchia eCometo, de Urgel e de Casal.

No dia seguinte (24), depois da missa, que foicelebrada por Monsenhor Mac-Gettigan, Arce-bispo Primaz de Armagh, continuou e termi-nou-se a discussão sobre o primeiro capitulo doreferido schema; occuparam o púlpito osBispos de Porto-Vittoria, de Rottemburgo, oArcebispo de Avinhão, os Bispos de Birmin-gham, de Clifton, de Troves, de Perpignan ede Saluces.

Encetou-se depois a discussão sobre o se-gundo capitulo do schema, a respeito do qualfaltaram quatro Padres, a saber : o Patriarchade Alexandria e os Bispos de Reggio, de Pa-ranà, e de Civitta-Vecchia e Cometo.

Respondeu ás observações o Revm. Arce-bispo de Saragoça, D. Manoel Garcia Gil,membro da commissão de Fide.

Nesta sessão foram distribuídas pelos Padresas observações impressas, que foram feitas nasduas sessões antecedentes.

¥ *

Neste mesmo dia 24, Sua Santidade dignou-se receber em audiência os Vigários Aposto-licos e os Bispos Missionários, os quaes emnumero superior a cem se tinham reunido nasala Regia. O Santo Padre entregou a cadaum delles, para uso de suas Egrejas, diversosparamentos, entre elles muitos de valor, queas piedosas senhoras da Bélgica haviam offe-recido em avultado numero a Sua Santidade,afim de dar-lhes o destino que lhe aprouvesse.

Sua Santidade dirigio em seguida aos Pre-lados que se achavam presentes uma lindaallocução, cujo texto foi integralmente pu-blicado pelo Jornal de Roma, folha official.Não houve quem deixasse de ver nesta alio-cução do Santo Padre algumas allusões bempronunciadas contra certos Prelados que nãohesitam em se declarar contra o Chefe su-premo da Egreja, unicamente para melhorcortejarem o poder civil. Publique o Aposloloesse bello discurso, que foi transcripto pelasfolhas catholicas; os seus leitores o apreciarãocomo merece.

Terminada a allocução deu Sua Santidade asua benção apostólica a todos os Bispos pre-sentes, em nome dos quaes tomou a palavra oRevm. Monsenhor Hassoun, Patriarcha da Ci-licia dos Armênios para agradecer ao SantoPadre Pio IX o Grande.

* *A 25, dia santificado e festa solemne da

Annunciaçao de Nossa Senhora, houve capellapapal em Santa Maria de Minerva e cantou aMissa o Eminentíssimo Cardeal Gonella, titularda mesma egreja. Assistiram à solemnidadetodos os membros do Concilio, os Cardeaes,Patriarchas, Primazes, Arcebispos, Bispos, Ab-bades nullius, Abbades geraes e Vigários ge-raes das ordens religiosas.

Ondas de povo enchiam a praça de Minervae as ruas adjacentes. Ao sahir da egreja foi oSanto Padre recebido com estrondosas e en-thusiasticas acclamaçòes de que não é possivelfazer idéa.

Por toda a parte resoavam as acclamaçòes:Viva Pio IX! Viva o Pmtif.ee Rei! Viva oPapa infallivel! De todas as portas e janellasagitavam-se lenços e atiravam-se ramalhetes egrinaldas de flores sobre o carro que conduziao Santo Padre. Era tal a affluencia do povo,que só diüicultosamente podia-se romper pormeio delle. Pio IX chorava de emoção, vendoas espontâneas demonstrações com que o bom

povo romano lhe manifestava os seus senti-mentos de amor e fidelidade.

Não, o povo romano não se deixou seduzir

pelas incendiarias proclamações da imprensa li-bertina contra a pessoa sagrada do seu Pon-tifice e Rei, e que é também seu Pai affec-tuoso.

4 *

O prazo de dez dias concedido aos Padresdo Concilio para apresentarem por escripto aosecretario do Concilio as observações que qui-zessem fazer a respeito do schema da infalli-bilidade, foi prorogado por mais oito dias, a

pedido de alguns Padres. Assim pois até o dia25 do passado foram entregues a MonsenhorFessler todas as observações. A'vista dellas vaiagora a commissão de Fide começar a elaboraro seu trabalho para dar-se começo ás discus-soes oraes, que talvez só comecem depois daPaschoa.

Dentro em poucos dias estarão pois satis-feitos os votos de todos os catholicos das cinco

partes do universo, que se encherão de júbilovendo reconhecida e confirmada pelo ConcilioEcumênico a sua crença a respeito da infalli-bilidade do Vigário de Christo e Suecessor deS. Pedro.

ram onze Prelados, a saber : o Patriarcha deAlexandria, os Bispos de Artuin, de Dijon, deBeauvais, de Parma, de Urgel, de Casal, deS. Christovão da Havana, de Porto-Vittoria,o Mestre-geral da Ordem dos Pregadores e oArcebispo de Colônia.

Sobre o mesmo assumpto versou a discussãona Congregação geral do dia 31; fal laram osArcebispos de Trebizonda e de Granada, osBispos de Orléans, de Monterey, de Périgueux,de Ascalon, de Rottemburgo, de Civitta-Vec-chia e Cometo, de Paderborn e um Bispo doPeru.

O Concilio prosegue portanto com admirávelrapidez os seus importantes trabalhos. Sup-põe-se que em poucos dias se poderão pro-mulgar os primeiros clecretos fulminando osenormissimos erros do philosophismo mo-derno, que tão altiva levanta por toda a partea cabeça.

* *

No dia 26, celebrou o Concilio a sua 34aCongregação geral. Proseguio a discussão en-cetada na sessão de 24 sobre o capitulo 2o do

primeiro schema de dogma. Fatiaram neslasessão os seis Bispos seguintes: de Aquiléa, deUrgel, de Monterey e Los Angelos, de Guas-talla, de Trocera, e de S. Christovão da Ha-vana.

Dizem que nestas ultimas Congregações tèmsido vivamente discutidas as doutrinas do on-tologismo e tradicionalismo, esforçando-se oConcilio por dar uma decisão que venha pòrtermo a todas as controvérsias que se tem sus-citado a respeito destas questões.

Na sessão do dia 28 ficou encerrada a discus-são do capitulo 2o, tendo fallado os Bisposde Orense, de Saluces, o Arcebispo de Ama-dia, os Bispos de Fano, de Sura, de Burges, ede Porto-Vittoria..

Na sessão de 29, foi adoptado por unanimi-dade o Prólogo do schema de fide catholica, eforam apresentadas aos Padres as emendas

propostas nas sessões antecedentes do capi-tulo 1.° Occupou a tribuna para dar conta dasemendas o Revd. Monsenhor Grasser, Bispode Bressanone, membro da commissão deFide.

No dia seguinte 30, abrio-se a discussãosobre o 3o capitulo do mesmo schema, e falia-

* *

Terminarei esta já extensa correspondênciacom a triste noticia da morte de um Padre doConcilio.

Falleceü, com a idade de 80 annos, o Revd.Padre Jeronymo José de Zeidler, Abbade domosteiro de Strahow (Bohemia), presidentegeral da ordem austro-hungara de Premons*trado na Bohemia, e Padre do Concilio Ecu-menico do Vaticano.

As suas exéquias foram celebradas na egrejaparòchial de S. Vicente e S. Anastácio, cantoua Missa de Requiein Monsenhor Krejci, Bispode Orope, e pronunciou a absolvição o Eminen-tissimo Cardeal de Sctrwartzemberg, Arcebispode Praga.

Além de muitos Bispos e Abbades geraes,esteve presente ao acto o Embaixador da Aus-tria.

INTERIOR

Minas Geraes.missões de diamantina.

11 de Abril de 1810.

Alleluià! entoou o ungido do Senhor, embria-gado nas delicias das paschaes alegrias; e foicorrespondido pela voz unisona de todo oorbe catholico: Alleluià ! cantou o coro dosanjos tVenvolta com os cidadãos da celeste Sião.Alleluià! entoaram em doce e mavioso concertoas piedosas almas da mui nobre Diamantina,que acudindo ao amoroso reclamo do pastorDivino, pressurosas correram ao lar da paz, ámansão do Senhor, a ouvir as palavras dasanta Missão, e d'ella tiraram o proveito-so frueto da conversão, cauterisando com osaudável balsamo da penitencia as asquerosas

pústulas do peccado. Alleluià! cantou tambéma seu turno o dominador do tenebroso cocyto

que nas pegas e grilhões duros de sua tyranniaconservou illaqueados aquelles seus predilectosindiíTerentes, que tendo olhos não viram, ou-vidos não ouviram, entendimento e não per-ceberam as maravilhas de misericórdia opera-das pelo Senhor a favor dos seus : e quandoas mesmas pedras clamavam hosannas ao Filhode David tartamudos e bronzificados continua-ram na escabrosa senda de seus desvarios, enas trevas de sua cegueira.

Jà tocam a seu termo, Sr. Redactor, as Mis-

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153 O APÓSTOLO>_;-t.r. tmmmmw taÊiÊÊmwatmmBmm

soes da Diamantina; na proxinia Dominga inAlbis devem-se finar essas Missões, que parauns foram de salvação, e para muitos de

perdição ou pedra de escândalo! Se por umlado viram-se assentados á meza do SalvadorLázaros resuscitados do túmulo dos peeeadosem que apodreciam ha longos annos; Marthasactivas, e Marias contemplativas contribuir cadaqual á poria para a felicidade, alegria e editi-cação desta Egreja: celebrando com Jesus essebanquete espiritual e divino, banquete de fée de verdade, em que Jesus mesmo seda poralimento e refeição myslica; muitos outrosporém embora convidados c instados pelosdiligentes servos do grande Pai de familia pre-feriram agenciar seus temporaes negócios, ecuidar de seus carnaes conjugios a apresen-tarem-se á mesa cio religioso festim!..

A 19 do passado, dia consagrado aoPatriar-cha S. José, pelas 5 horas da tarde, ao som cieinstrumentos músicos acompanhados do Viga-rio Geral do Bispado, o Revd. Antônio AugustoAlckmin, Superior, e oito padres do Semina-rio, e aWuris distinetos cavalheiros, fizeram suaentrada n'esta cidade os Revds. Missionáriosde S. Vicente de Paulo, Pedro do Monte Fal-cão, Pedro BraidàeProspero; ea 20 (3;). Domin-$t da Quaresma) pelas 7 horas da tarde com as-sistençiade S. Ex. Revma. deram começo a seusapostólicos trabalhos na Cathedral de SantoAntônio.-

O primeiro que se fez ouvir logo depois daLadainbaclos Santos, cantada pelo clero e povo,foi o Revd. padre Pedro, director das Missões,opte embora não grangeasse geral applauso noseu preliminar discurso, nos suecessivos e quo-tidianos ostentou tal extensão de saber, tal va-riedade de dicção, elegância de estylo, fácil ida-de de expressão e solidez de doutrina, que dei-xou a todos na intima convicção dc que é elle

por excellencia o homem da tribuna evange-lica; é disso exuberante prova a nomeada eestima de que goza entre grandes e pequenos,nobres e plebèos, a turba máxima de peniten-tes de que se acha sempre acercado seu conf es-sionaiio, e o auditório esplendido que corn sol'-freguidão se apinha em torno de sua tribuna.Seus correligionários ou distinetos irmãos cum-

prem não menos salisfactoriamente as missões

que lhes são incumbidas: sobresabindo o Sr.Braidà pela uneção que sabe dar a suas pala-vras; pelo que com facilidade leva a convicçãoaocoracãp de seus ouvintes: e o Sr. Prospero

que, embora não bemfarniliarisado com o nossoidioma, todavia se faz maravilhosamente per-cebido.

Até o meio das Missões estavam os nossasPadres como desesperados de feliz exilo noárdua e sanla tarefa embraçada, pois que alémde pouco concorridas aspraticas ou catliechesesda manhã, sentiam tal ou qual indifíerença,certa frieza em o nosso povo; mas viram-selogo obrigados a mudar de sentimentos ape-nas os confissionarios se atopetaram por talfôrma, que não só elles como os demais co-operadores repetiam por muitas vezes á grossaturma dos concurrentes : « Hojo já não é mais

possível, jà não podemos, estamos em extremofatigâdos.»

Além dos Rvds. Missionários, e do Sr, Bispo;

que confessa sem descanço, foram assíduos,UO" confissionario os Revds. Alíonso Béck, Per-

riu, Miranda Ribeiro, Alckmin, Sipolis, viga-rio Campos, e prestaram serviço relevante osdous Madureiras.

Não sabemos ao certo o numero das coníis-sões e communhões feitas; mas as 3,000 pes-soas de dentro e fora da cidade que se caleu-Iam ler chegado no período das missões aotribunal da penitencia, e meza da communhão,dão por si sós um testemunho assás solemnede que o Catholicismo nào se acha dc todosüffocado no coração do nosso Brazil, comosoem pensar os pretendidos reformadores; esão um cabal desmentido á maçonaria que ern-hora batida èdesmantellada pela voz autorisadado Sr. Sipolis no Triduo de 08, havia-se já re-cuado desanimada ás trevas do silencio, se aba-lançara, ao saber da vinda dos Missionáriosaassestar de novo suas baterias para impediros fruetos das Missões ; mas apezar de seusverdadeiros ou projeclados esforços, teve ellao déSar de vêr a muitos abandonar os esbarra-pados estandartes da iniqüidade, e vir oecupara humilde altitude do penitente !

Honra, louvor, e gloria á religião do Cru-citicado, que só sabe, c pode subjugar oscarações e contel-os ein sua submissão !..Honra, louvor, e gloria áquelles Diamanti-nenses que bem aquilataram o negocio impor-tante da salvação,' e não se deixaram embairpelos embustes, e trapaças do inferno !

Nào obstante deve-se confessar, que a eiraembora diligentemente batida, lica reclieiadade bagaço, a má semente ou herva bravapuílulla ainda em abundância por entre aseara ; e a pragàna, que nem desta vez cedeoao aliado alvião do argumento, persuasão cexemplo, não terá lim senão quando o Paide familia já cançado de tanta espera e paci-encia, mandar que sem remissão os ministrosde sua justiça a arranquem pela raiz, e alancem no fogo abrazador e nas trevas exterio-res...

Por via das missões foram este anno muitoconcorridos os officios da Semana Santa. De-pois da conclusão dos espirituaes exercícioscom Te-Deum assistido por sua Ex. Revma.benção papal pelo Director das Missões, irãoos Missionários do Bomíim ao sertão, e pro-vavelmenle a Montes Claros de Formiga, donderegressarão de novo á esta cidade nas proxi-midades do Penlescosles, afim de pregaremnas Novenas e Festas do Divino, segundoo convite que lhes foi feito pelo actual festeiroou Imperador o Illm. Sr. MajorAntonio Feli-cio dos Santos.

CHRONICA EXTERIOR

As moedas pontifícias.—Cansada de repetirconstantemente as suas sediças cálumnias, des-cabelladas mentiras, e nojentas injurias contrao Santo Padre, lembrou-se agora a imprensa gal-licano-liberal-racionalista de apresental-o áexecração publica como uin moedeiho falso!!!

E' uma infâmia como qualquer oulra, é umacalumnia como todas as que se têm inventadocontra a Sanla Sé para desacredita-la.

E a nossa imprensa liberalista, servilmenteju da á carroça de sua condigna irmã da

nâ, jà tem espalhado entre nós a novan»ia, que infelizmente tem encontrado

| écho no espirito de muita gente, aliás despre-*venida c de boa fé.

E' por causa destes que vamos dizer duaspalavras a respeito da tào simples questão dasmoedas pontifícias, c refutar as falsidades quesobresahem nas aceusações dos adversários daSanla Sé. Quanto ás pessoas de má fé, nãofa-zemos d'ellas o mínimo caso : sào cegos volun-tarios, e esses nào querem vêr nem a páo.

Deu origem á questão a interpellação que nocorpo legislativo francez foi feita ao ministe-rio censurando-o por consentir que em Fran-ca circulassem livremente as moedas pontiíi-cias, e intimando ao ministério que immedia-lamente impedisse o livre curso dellas, pois,dizia o deputado intcrpellanle, apresentam notitulo uma differença de 100 para 800, e istoô prejudicial ao povo, por ser moeda falsa.

O ministro dos negócios estrangeiros, forte-mente instigado pelos gallicanos, prohibioseminais exame o curso das moedas pontiíi-cias, medida esta que encheu tle prazer aosgallicanos,pois este era já um resultado bem sue-cedido dos manejos inqualificáveis de Mouse-nhor Dupanloup, ou de seus sequazes, comtanta vehemencia e franqueza denunciados pelocorajoso e venerando Bispo de Laval.

Deu pretexto ao ministro francez para im-pedir a circulação das moedas pontifícias o ter-se o Santo Padre recusado formalmente a tomarparte e assignar a convenção ou tratado inone-tario que haviam celebrado a França, a Bélgica,a Suissa e a Italia.

Tomando semelhante medida, tinha o mi-nistro francez intenção de prejudicar o governoda Santa Sé, embaraçando-lhe as relações com-merciacs com os outros Estados, particular-mente com a França; mas, como Deos sabetirar o bem do próprio mal, a intenção per-versa do ministro francez servirá para tornarmais patente a lealdade, justiça e firmeza da.Sanla Sé.

Eis aqui agora a verdade.Antigamente nás moedas pontifícias o valor

nominal era igual ao valor real: entretantoque nas moedas franeczas, suissas, belgas eitalianas se adoptava o systema decimal emque lem lugar a desigualdade dos valores reale nominal.

Acontecia, porém, que os especuladores seaproveitavam desta circumslancia para tirar dacirculação as moedas pontifícias; o que obri-gava sempre o governo pontifício a cunharnovas moedas; pelo que o governo francez paraobviar a este inconveniente, convidou o go-verno pontifício a adoptar o systema decimalpara as suas moedas, no que o Papa conveio.

Ficaram pois as moedas pontifícias moder-nas com a mesma proporção entre o valor no-minai e o valor real que existe entre as moe-das franeczas, italianas, suissas e belgas, menosde 100 para 800.

Si pois as moedas pontifícias são falsas poresta circumstancia, falsas são igualmente asfraneczas, italianas, suissas e belgas.

Entào porque esta celeuma monetária agora?Artes do diabo !Haviam as nações apontadas feito entre si

a convenção de cunhar as suas moedas emproporção do numero dos seus habitantes, econvidaram o Papa a entrar nesta convenção.

O Sanlo Padre porém não quiz e leve boas

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O APÓSTOLO 154Hltxmx^j^^u^KrmfmM*jK'um'i. I MMMMMMMOMOMCTW M—B ,i'»gi,sa;L;u3gl«J«J».u SSS5S5

r~^^poi"s^dhante ProP°sta cra um laç°

matreiro. „Antes de constituir o reino dc Ilalia a população

dos Estados Pontifícios, cra de 3,200,000 ha-

bitantes, e hoje apenas c de 000,000 habitan-

tes. Forão pois usurpados ao Papa 2,000,000

e 600,000 habitantes; c contra esta usurpaçao o

Santo Padre não tem cessado de protestar com

a forca do direito.Si pois o Papa assignasse a convenção em

proporção dos 600 mil habitantes actuaes, ces-

saria o protesto, e o Santo Padre pactuaria ipto

fado com a usurpaçao.Ora, eis anui a cilada que o Papa desman-

chou não aceitando o convênio: c eis aqui a

causa da raiva da revolução contra o Santo

Padre, que continuou a cunhar moedas como

se de tacto tivesse debaixo do seu domimo

3,200,000 habitantes (que de direito lhe per-

tencem) e não 600,000 somente.Assim pois, para o Sr. ministro das finança,

e para todos os inimigos da Santa Sé, as moe-

das pontifícias são falsas, não porque haja

desproporção entre os seus valores real e no-

minai; porque igual desproporção existe nas

moedas fraucezas, belgas, suissas citalianas;

ma m por que o Santo Padre não í<~

raol-ençãòq-oesbulhavaindirectamenteda forca do seu direito!!!

Oue pharisaismo infernal!Felizmente o sentimento catholico se do -

«ertou vivamente em França ã vista deste

excesso atroz do governo francez: a maior

parte do commercio continuou a receber as

moedas pontifícias (prohibidas pelo minis-

terio) em troca das suas mercadorias; nos

bispados e nas matrizes dos departamentos

continua o curso destas moedas ; dos Piilpi-tos, e pelas gazetas se lèm dado avisos conve-

nientes ã população; o a estas horas, nós lu-

memehte o esperamos, de toda esta celeuma

infernal, sú deve restar em França a noioa

indelével que cobrirá para sempre dc infâmia

o Sr. ministro das finanças e seus sequazes.

O Embaixador Francez em Roma eMonsenhôr

DurvNLOüP.-Para mostrar aos nossos leitores

o triste papel que está representando em Roma

o Bispo de Orleans, e os inqualificáveis mane-

jos de que não treme lançar mão para impedir

a marcha regular do Concilio e a definição

dogmática da infallibilidade do Papa, vamos

transcrever do Monde, dc Pariz, a nar-

ração de uma scena ridícula que se passou em

Roma entre Monsenhor Dupanloup e Mr. de

Banneville, ministro francez junto á Santa So,

scena que se passou no próprio salão da embai-

xada franceza.E' ainda outra ponta do véo que se levanta,

deixando-nos vêr os esforços que fazem os gal-liçanos para chamar a intervenção dos gover-nos nos negócios do Concilio.

Eis o que diz o Monde:« Uma scena bem curiosa que se passou ha

uns 15 dias nos salões de Mr. de Banneville

dará idéa da tensão extrema das relações entro

o nosso embaixador e os chefes do partido li-

beral. Mr. de Banneville recebia, como costuma

fazer todos os domingos, uns quinze Prelados

francezes pertencentes ás duas opiniões. Mon-senhor Dupanloup mandou annunciar-sc c

appareceu de repente no salão. O embaixador

não so moveu do seu lugar senão depois que oBispo de Orleans chegou perto delle. Tirandoentão do bolso uma carta, perguntou-lhe si lhe '

conhecia a letra.— Sim, respondeu Monsenhor Dupanloup

um pouco enloiado; fui eu que a escrevi.—Pois bem, respondeu o embaixador, que-

rereis, Monsenhor, dar-me a explicação destaslinhas.

«O Rispo perturbou-se, agarrou a Mr. Banne-ville pelo braço o arrastou-o para o vão deuma janella na extremidade do salão. Levan-tou-sc então entro os dous interlocutores umavivíssima discussão que se prolongou por oitoou dez minutes; depois Monsenhor Dupanlouppegou no chapéo, cumprimentou e retirou-sebruscamente.

« Os Bispos presentes á esta rcena estavamcuriosos o impacientes por saber o objecto ecausa deste incidente. Mr. de Banneville reu-nindo-se a elles,pedio-lhes desculpa e deu-lhesa explicação do facto que se acabava de passar.Monsenhor Dupanloup entre tom uma corres-pondencia diária com os seus amigos de Parizinformando-os do que se passa em Roma.

« As suas cartas, pela maior parte dirigidas aMr. Cochin, por acaso foram um dia ter ao mi-nisterio. Em uma dellas, dizia o Rispo de Or-léans que as cousas iriam bem em Roma sequizessem apoia-las do Pariz, mas que nadabom so poderá fazer cm quanto se deixar emRoma o.... (o Monde occultou aqui o termo,que outras folhas dizem ser a palavra tropo,chifon) dc embaixador que aqui eslá. Estacariacahio nas mãos do um amigo do Mr. do Banne-ville, que lh'a transmittio : comprehende-se orosto. ))

fronteira, que muito tem coadjuvado as obrasda egreja.

Pregou Frei Mariano, e tomou por th ema dosermão a historia deNeemias, cuja analogia aocaso não podia ser mais perfeita.

i.j- W—i !¦ ii ¦!¦'r~f *T~i-l'" *"

NICA NACIONMatto-Grosso—-Commuuicam-nos de Co-

rumbà, que aquella villa chegara no dia 23de Fevereiro p. p. o missionário apostólicocapuchinho Frei Mariano de Bagnaia,

O illustre missionário teve uma recepçãoestrondosa. Desceu ao porto o batalhão comtoda sua officialidado o musica e rodeado dcimmenso povo a recebe-lo. A alegria e o ju-bilo enchiam todos os corações, e se mani-festavam em todos os semblantes pelo felizregresso do incansável missionário.

Altos juizos de Deos! cinco annos antes, davilla de Miranda, bojo arrazada o deserta, omesmo missionário escoltado por 25 soldadosparaguayos era .levado prisioneiro para o Pa-raraguay, onde soííreu um longo e cruel mar-tyriol Cinco annos depois, na villa do Co-rumbà cra Frei Mariano escoltado por 25 mu-sicos do batalhão, que o recebiam em trium-pbo !«... Cum ipso sum in tribulalione....Quoniam in me speravit, liberabo cum- (Ps.90).

O primeiro cuidado de Frei Mariano apenaschegado, foi reconstruir o reconciliar a egrejada villa, que fora arrazada pelos Paraguayos,commettondo até dentro delia um assassinato,c servindo-so da madeira para fnzerem trin-cheiras !

A reconciliação foi feita com toda a pompac solemnidade , havendo missa cantada eTe-Deum, cuja musica foi dirigida polo dis-lindo coronel H "aes, commandante daquella

Mez de Mama.—-Não são somente os bravosda pátria, que merecem as ovações polo tri-umpho definitivo das armas brazileiras noParaguay, não! mais que todos as merece aSoberana Protectora do Brazil, Nossa Senhorada Conceição, a cuja intercessão perante oexcelso throno do Senhor Deos dos Exércitose das Vielorias se deve um desfecho tãofeliz.

Os filhos devotos de Maria assim o enten-deram, e este anno redobraram de zelo em ce-lebrar o sou mez festival.

Na egreja do convento do Carmo, na Matrizde Santo Anlonio, na egreja do Parto, naMatriz do Engenho Velho, na matriz de S.Christovão, na Capella do Seminário de S.José, na dos collegios das Irmãs de Caridade,na do collegio de S. Salvador, na do collegioEpiscopal de S. Pedro d'Alcantara, na egrejados Missionários Apostólicos Capuchinhos,etc, conforme os annuncios feitos, recebe aMãi de Deos, como à porfia, entbusiasticos Çferverosos hymnos de louvor.

Aproveitando o fervei opus marcial que em-briaga actualmente a capital do Império, oillustre Frei Caetano de Messina estabeleceuesle anno na sua egreja de S. Sebastião umplano de sermões muito original o rico deanalogias o felizes applicações.

Eis o esboço deste plano : Como os Estados,a Egreja tem seus soldados; como a sociedadea religião tem seu exercito.

Qualidades, disciplina, organisação, armas,execicios, manejos, combates tudo é análogonestas duas espécies de soldados, cada umaem relação ao seu fim.

Daqui mil applicações felizes, que o desen-volvimento da idéa vai fornecendo ao illustrepregador.

Convidamos todos os verdadeiros devotos deMaria para assistirem a estas praticas, que,illustrando o espirito, aíTervoram e recrôamao mesmo tempo o coração.

Festa de Nossa Senhora Mãi dos Homens.—Foi em extremo brilhante esta festa nesteanno, porém, como todas as nossas grandesfestas de Irmanclades e Ordens» Terceiras, re-sentio-se de um cheiro profano muito desagra-davel na casa do Senhor.

Sabemos que as intenções são boas: des-

pertar a fé pelo estrondo e o brilhantismo emnossa época de indiiYerença religiosa. Os meios

porém são máos; e nunca um bom fim justifi-cará um máo meio, apezar da maior boa ixm-lade.

A musica profana e tbeatral sòa mal emuma egreja. A variedade dos solos, gorgeadosá italiana, afugenta a devoção, e em vez de

piedosos suspiros, arranca enthusiasticos bravosc capos! E' uma profanação 1 uma idolatria!um sacrilégio! uma impiedade! uma abomi-nação querer que Deos tome o lugar da crea-tura, e esla o lugar de Deos 1

Nào somos contra o canto da mulher no

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15 O APÓSTOLO

templo, pelo contrario, desejamos ardente-mente que a mulher tome parte activa na reli-gião, pois é a mulher que dá poesia, vida eperfume ao culto religioso.

Cante hymnos e psalmos e nào solos e duetosirinados á italiana!

Para comprehender-se a inconveniência desemelhantes musicas, basta aüender-se aossentimentos profanos que ellas despertam nosouvintes, mesmo contra a sua vontade.

Durante o solo Laudamus te o meu visinhoda frente, arrebatado sem duvida pela musica,sapateava uma walsa, emquanto batia o com-passo com a cabeça! o da direita ca-stanholavacom os dedos sobre o catavento! o da esquerdacantarolava entre os dentes! e o da retaguardaexclamava: Ora, eis aqui uma opera que nãocusta dinheiro!

E na verdade, tal musica despertava maisvontade de bailar do que de resar.

Querem brilhantismo nos templos? Desen-rolem o symbolismo christão.

Querem estrondo?Figurem o cantochão.Mas, pelo amor de Deos, não transformem

a egreja em opera italiana!!Em compensação ficámos edi ficados com o

profundo sermão do Sr. Dr. Padie Patrício Mu-niz, sermão o mais philosophico e brilhante quetemos visto sobre o assumpto: Maria, Mãi deDeos e Mãi dos homens.

O assumpto foi desdobrado com profundadelicadeza e brilhantismo, e esgotado em todosos sentidos com mão de mestre!

Porque somos nós catholicos e não pro-testantes.—Eis aqui o titulo de um livro tra-duzido do francez pela Exma. Sra. D. EmiliaCesarina Augusta Gomide Penido, cujo originalé em lingua ingleza.

Esta obra,cuja idéa primitiva de traducção foilembrada pelo Exm. Bispo de Marianna, con-forme declara a traduclora,está approvada peloExm. Bispo do Rio de Janeiro D. Pedro Mariade Lacerda.

O editor é o Sr. Garnier, a publicação de18G9. Forma um volume de 412 paginas.

Recommendamos a leitura deste livro a todosos verdadeiros catholicos.

Para longe os romances e as poesias d: águadoce !

A questão palpitante, a questão vital, a.questão da ordem do dia, a questão actualda sociedade, £ a religiosa.

Esgolou-se a politica, fanou-se a litteratura,esfriou a agiotagem, morreu o theatro....

A questão religiosa absorveu tudo !O Concilio Ecumênico do Vaticano! eis

aqui o grito que se ouve do Norte ao Sul e doOriente ao Occidente!

Esla chegada a época em que cada um temde dar conta da sua fé, da sua crença.

Este livro nos parece, pois, muito apropriadopara que cada um de nós catholicos estude-mos o porque da nossa crença religiosa.

Por perguntas concisas e respostas clarassobre o christianisrno elle ensina sem enfastiare instrue sem difliculdade.

Para melhor poderem os leitores informar-sesobre esta obra ahi vai a ordem e enumeraçãodas questões de que tratam os primeiros ca-pilulos.

Cantulo i.—Motivos que tem os protestan-tes de examinar a religião catholica.

Capitulo ii. — Nascimento e progresso doprotestantismo depois das obras de Luthero.

Capitulo iii. — Que a pretendida reformanão é a obra de Deos.

Capitulo iv.—Da fé.Capitulo v.—Das tres regras da fó proles-

tante.Capitulo vi.—Da verdadeira regra da fé.Consta a obra de 34 capítulos.A fora a questão da infallibilidade do Papa,

que o autor não discute, esta obra deve produ-zir muitos bens na actualidade.

Brevemente a infallibilidade do Papa seráum artigo dc fé e acabarão todas as duvidas eanxiedades para os catholicos. Entretanto a in-fallibilidade é indireclamento provada poreste livro.

Com effeito, se os Concilios, como o autordiz e prova, são infalliveis, mesmo os parciaes,que todos são inspirados pelo Espirito-Santo,o Concilio do Vaticano, que é Ecumênico, de-finindo a infallibilidade do Papa, arrastará a féde todo o verdadeiro catholico.

COMMÜMCADOS

As palavras de um crente.Sed licet nos, aut angelus de cado

evangelizeí vobis, praHerquam quodevangelizavimus vobis, anathema sit.S. Paulus ad Gal., I, S.

INTRODUCÇÃO.4»

I« A razão humana é a rainha do mundo. »Este brado echoa de um hemispherio ao

outro, atravessando os mares, penetrando nosvalles deste grande valle de lagrimas, e calandonos espíritos medíocres; mas as grandes intel-ligencias confessam que, embora o século tenhaadiantado muito nas sciencias naturaes, emmuitos ramos das especulativas, e em outrosconhecimentos da humana investigação retro-gradou, ou ficou estacionado nas sciencias di-vinas e moraes. Nas simplesmente especula-Uvas basta premunir-nos contra as preoc-cupacões; nas praticas é lambem necessárioprecaver-nos das paixões. As paixões sào aspreoecupações do coração, como as preocu-pações são as paixões do espirito.

Estudando na solidão do gabinete as grandesopiniões que dividem a sociedade, o homempensador vem tirar uma conclusão pouco li-songeira para o que chama-se actualmentea razão humana; porque duvida amiudadasvezes do estado perfeito da saude dessa quasidivina faculdade. Vamos escrever para todos enão para certos homens, de modo que ver-nos-liemos obrigados a ter uma linguagem singela,lhana, própria para todas as intelligencias.

IIDiz-se vulgarmente que nenhum philosopho

acreditou na religião do seu tempo.Hume, apezar de ser philosopho e de con-

fessar-se incrédulo, combateu esle asserto.Folheemos a sua « Historia natural da re-

ligião » e veremos que prova todo o contrario,allegando razões baseadas em observações ge-raes e exemplos tirados da historia do inundo,

começando por Xenophonte e acabando porPascal, Locke, Mallebranche, Leibnitz, New-ton e Clarke. A confissão de Hume é repe-tida por d'Alembert na sua obra «Abusoda critica em matéria de religião », confirmadapor Lamettrie, e seguida por todos os cha-mados philosophos dos séculos 17, 18 e 19,feitas raras e pouco notáveis excepções.

Antigamente havia tres classes de homensque negavam toda a religião positiva ou revê-lada; estes eram chamados athéos, de-istas etbeistas. Os primeiros negam ainda hoje a re-velação divina; porque para elles esta é umeffeito sem causa: os segundos, admittindo aexistência de Deos, negam as relações exis-tentes entre Deos e o homem; e a existênciade um mundo vindouro; sustentam que acausa primeira não tem necessidade do nossoculto! afürmam que o nosso único fim é avida social e que uma boa moral e uma boalegislação são bastantes para alcançarmos essefim. Os terceiros, além de admittirem a exis-tencia de Deos, reconhecem que os homensdevem-lhe a homenagem do culto: confessamque a revelação é possivel; mas affirmam sermais seguro cingirmo-nos ao que ensina a razão.Estas tres aberrações da verdadeira razão sus-tentam que a hypothese de uma revelação é omanancial mais fecundo de uma moral arbi-traria e concordam em dizer que é necessárioescutar a razão, e que razão e revelação nãopodem ir juntas.

Poderíamos examinar agora todos estes sys-temas philosophicos e pulverisa-los com razõestiradas dos seus próprios argumentos; masnão é este o ensejo: teremos tempo para tratardesla matéria no seu lugar.

III

O século actual conta poucos athôos por con-vicção, mas são numerosos os racionalistas outbeistas, os indifferentistas, os crentes de cos-lume e os sensualistas, sendo muito escasso onumero dos verdadeiros discípulos do Evan-gelho.

Unir a razão á revelação é um bem infinita-mente vantajoso para a humanidade: a indif-ferença a este respeito é uma loucura e aomesmo tempo um crime. Pense-se, como dizPascal, que « entre Dieu et 1'homme, ou entreriiomme et le néant, il n'y a que Ia vie, c'est &dire quelques années, quelques móis, quelquesjours, un instant peut-étre. » E pensando nesteinstante, póde-se ser indiflerentista, se não setiver perdido a razão?

O estado da nossa sociedade exige que todosos homens a quem Deos concedeu o dom dapalavra façam uso santo desta prerogativa.Deixaremos que só fallem os racionalistas e ostbeistas ? Deos eslá em todas as partes, e paraelle não ha distineção de pessoas, nem delinguas, nem de paizes, nem de cores, nemde raças: inspirai ubi vult, quando vult etquomodo vult.

O especlaculo que apresenta o nosso Brazil,como membro religioso do grandioso e santocorpo christão, é pouco edificante.

Entre os homens de alguma educação abun-dam os racionalistas : nas camadas menos ins*truidas da nação são infinitos os indifferen-tislas : na massa do povo faz vezes de religião ocostume e a materialidade do culto : os esco-

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O APÓSTOLO 156

lhidos são poucos em numero e as suas vozes

abafadas pela gritaria dos racionalistas.A luz da religião é crepuscular em qnasi

todos os Brazileiros; porque falta-lhes o ca-

lorico da convicção e o fogo da verdade evan-

gelica, que em geral é pouco conhecida.Entre as sedas, as fitas e os lavores de mãos

das nossas donzellas andam de envolta os ro-mances mais immoraes estrangeiros; nas mãosdos nossos mechanicos, obreiros e trabalhado-res vô-se só o jornal dilTamatorio, theista ouracionalista : nas mesas e nas estantes dos nos-sos homens illustrados figuram só livros es-trangeiros de idéas exageradas, anti-christãs e

anti-philosophicas.Sendo a mâi de familia a pedra angular da

moralidade dos povos cultos; que instrucçãosolida recebe ? A leitura do romance eslran-

geiro ou imitações desse romance ? Desgraçadafamilia!

O theatro, elemento de moralidade nos povoscultos, é entre nós, dadas raras e honrosas ex-'cepções, uma escola de traducções e imitações

plásticas da mais vergonhosa immoralidade.Os nossos templos são freqüentados só quan-

do ha musica, cantores, luxo ou procissões.A palavra de Deos é pregada muitas vezes, e

ouvida por raras o piedosas pessoas, se a casada oração não fòr adornada apparatosamente.

Infeliz condição a da nossa sociedade!Racionalismo, indifferentismo, deleixo aqui,

falta de solida instrucção acolá; descuido naeducação da mulher, negligencia nos pais, cri-minai apathia nos governantes á respeito demoral e religião, espirito rachitico de imitação,enxames àeSapientes inmcdo, segundo a bella

phrase de S. Paulo, pulullando por todas as

parles, eis-ahi o quadro verdadeiro, emboramedonho, da nossa sociedade actual. Accres-cente-se a este painel horrivelmente desani-mador a sede do ouro, o delírio do luxo, a lou-cura da novidade, e dar-se-ha a ultima mão aotriste esboço que acaba-se de ler.

IV.

Promettemos dar á luz da publicidade no

Apóstolo uma serie de artigos, nos quaes tra-taremos de tornar conhecidas as falsas doutrinasdos racionalistas, os erros dos indifTerentistas,o abysmo aberto pelos christãos de costume,a cloaca em que vegetam os sensualistas, e a

esperança de ver triumphar a verdade evange-lica sempre, hontem, hoje e amanhã.

Non plus sapere quam quod oporlel supere;sed sapere ad sobrieíaten.

Nào somos retrógrados: nem pertencemos aoséculo passado, nem ignoramos a máxima de

S. Paulo charitas vcslramagis et magis abun-det inscientia et in omni sensu, ut probelispotiora palavras que querem dizer que a ver-dadeira sciencia é incompatível com essa vãcredulidade, que admitte todas as inepcias etodas as fábulas que devemos evitar: —ineptas

et aniles fábulas devita.Estamos profunda e christãmente convenci-

dos que, além dos levilas de Deos, existe o

grande sacerdócio do pai e da mãi de familia,

que levantou o altar da religião sobre os ali-cerces da moral domestica. E' um erro garrafal

-acreditar que os ministros de Deos podem fazero milagre de reformar a sociedade sem quetodos nós, membros da Santa Egreja de Christo,

cooperemos com as nossas obras e procedi-mentos para a propagação do Evangelho. Fidessine operibus mortua est.

A nossa linguagem tem um cunho de novi-dade para os homens avesados ao raciociniotheologico, que ser-nos-ha muito útil para es-palhar a verdade catholica. Repetiremos comS. Paulo, sed licet, aut angelus de coelo evan-gelizet vobis, pmtcrquam quod evangelizavi-mus vobis, anathema sit.

A fé em Jesus-Christo ê a luz que nos deveguiar; a esperança na sua bondade é a únicaaurora no nosso naufrágio : o seu amor a pyraem que devemos queimar-nos. Et si Deus pronobis, quis contranosl

Um crente leigo.

EXPEDIENTE DO BISPADO

Passaram-se as seguintes provisões de casa-mento:

Dia 26 de Abril.

—Para o Revd. parocho da freguezia da Ju-rujuba receber em matrimônio, em sua paro-chia, a Manoel da Silveira Dutra com OlinaPereira Caldas.

Para o Revd. parocho da freguezia doCampo Grande receber em matrimônio, em suaparochia, a Izidro Fortunato Carneiro daFrança com Malvina Leopoldina de OliveiraRocha.

Para o Revd. parocho da freguezia daBemposta receber em matrimônio, em sua pa-rochia, a João Alves da Silva com Delíina Ma-ria de Jesus, com dispensa do impedimentode consangüinidade em terceiro gráo attingenteao segundo de linha lateral.

Para o Revd. parocho da freguezia deS. Gonçalo de Nictherohy receber em matri-monio/em sua parochia, a José Gomes Bar-roso com Leocadia Joaquina da Rocha.

—Para o Revd. parocho da íreguezia do Sa-cramento ou de S. José receber em matrimo-nio, em sua parochia, a Francisco do ValleGuimarães com Ignacia Ferreira..

Para o Revd. parocho da freguezia deSanfAnna receber em matrimônio, em sua pa-rochia, a João Luiz Machado com Izabel Mar-garidá.

Para o Revd. parocho da freguezia deInhaúma receber em matrimônio, em sua pa-rochia, a Antonio de Mattos Pereira com Che-rubina Felisberta de Jesus.

Para o Revd. parocho da freguezia deMaeó receber em matrimônio, em sua paro-chia, a João da Silva Bastos com PresciliannaLuiza da Conceição.

—Para o Revd. parocho da freguezia do Sa-cramento receber em matrimônio, em sua pa-rochia, a Francisco Gonçalves Maia com Mariada Conceição Brazil.

Dia 27.

Para o Bevd. parocho da freguezia do Sacra-mento receber em matrimonio,em sua parochia4a José de Souza Baptista com Maria do Carmode Souza Baptista.

—Para o Revd. parocho da freguezia de Ja-carepaguá receber em matrimônio, em sua pa-rochia, a Francisco Pinto de Vasconcellos comAnna Antonia de Vasconcellos Vargas, comdispensa do impedimento de consangüinidadeem segundo gráo attingente ao primeiro de li-una lateral desigual, e de segundo gráo igualde linha lateral.

—Para o Revd. parocho da freguezia do Sa-cramento ou de SanfAnna receber em matri-nionio, em sua" parochia, a João^ Ignacio deSouza com Philomena de Jesus.

Dia 28.Para o Revd. parocho da freguezia de

S. Christovão ou de Nossa Senhora da Gloriareceber em matrimônio, em sua parochia, aJosé Pereira Ramito com Amélia Francisca dePaula.

Para o Revd. parocho da freguezia daCandelária ou de S. Christovão receber emmatrimônio, em sua parochia, a João Baptistada Costa Teixeira com Sebastianna Camargoüuffes.

Dia 29.Para o Revd. parocho da freguezia de S.Ma-

theus, na provincia do Espirito-Santo, receberem matrimônio, em sua parochia, a Manoel daRocha Monjardim com lnnocencia FranciscaDuraes.

Dia 30.Para o Revd. parocho da freguezia de S. Se-

bastião do Alto Cantagallo receber em matri-monio, em sua parochia, a Edmundo Gonçalvesde Lima com Henriqueta Amélia de Oliveira,corn dispensa do impedimento de consanguini-dade em terceiro grão attingente ao segundode linha lateral.

Dia 3 de Maio.Para o Revd. parocho da freguezia do Sa-

cramento ou de SanfAnna receber em matri-monio, em sua parochia, a José FranciscoTorres com Maria Rosa Ferreira.

Dia 4.Para o Revd. parocho da freguezia do Sa-

cramento ou de S. João Baptista receber emmatrimônio, em sua parochia, ao tenente Mi-guel Antonio de Mello Tamborim com MariaIsabel Evvbank Cavalcanti, viuva.

Dia 5.Para o Revd. parocho da freguezia de

S. José ou de SanfAnna receber em matrimo-nio, em sua parochia, a Álvaro de MendonçaMenezes Pamplona com AnnaTheresa Antunes.

Para o Revd. parocho da freguezia deS. José do Turvo ou das Dores do Pirahy rece-ber em matrimônio, em sua parochia, a JoséGonçalves Monteiro Guimarães com CustodiaXavier Soares, com dispensa do impedimentode aífinidade licita em segundo gráo attingenteao primeiro de linha lateral desigual.

Para o Revd. parocho da freguezia deNossa Senhora da Conceição do Rio Bonito,receber em matrimônio, em sua parochia, aManoel Duarte Moreira com Amalia DrumondMendonça, com dispensa do impedimento deconsangüinidade em terceiro gráo attingente aosegundo de linha lateral desigual.

Para o Revd. parocho da freguezia deSanto Antonio ou de S. José receber em ma-trimonio, em sua parochia, ao Dr. Caetano Al-ves de Souza Filgueiras com Adelaide Amaralde Mello Alvim.

Para o Revd. parocho da freguezia deSanta Rita receber em matrimônio, em sua pa-rochia, a Joaquim Gonçalves Vianna com Ade-laide Joaquina Alves Pereira.

Dia 6.Para o Revd. parocho da freguezia de Santa

Rita receber em matrimônio, em sua parochia,a Francisco Antunes de Mendonça Arráes Silvacom Carlota Cândida Gomes Coelho.

Para o Revd. parocho da freguezia deS. José receber em matrimônio, em sua paro-chia, a Antonio Martins Ribeiro com RosaFrancisca da Silva.

—Para o Revd. parocho da freguezia do Sa-cramento receber em matrimônio, em sua pa-rochia, a José Frederico Gerbort com AmehaCarolina Ferraz.

Dia t~ ¦/.

Para o Revd. parocho da freguezia deS. Christovão receber em matrimônio, em suaparochia, a João Rodrigues Pereira com lhe-resa de Jesus Mello.

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157 O APÓSTOLO

PB0VIMEM05.

Passaram-se os seguintes:Dia 5 de Março»

Ao Revd. Díníz Manoel Bittancourl parapregar e confessar.

Dk 0.Ao Revd. Laurianno Joaquim Serpa paracelebrar e confessar.

Dia 7.Ao \iax<\. José Fabriciano Pereira Serpa

para Vigário Encommendado da freguezia deNossa Senhora das Necessidades, na provínciade Santa Calham-a."

Ao Revd. Dornictâap Felix d'Ascençãopara Vigário Encommendado da freguezia deNossa Senhora da Natividade de Carangola,em Campos.

Dia 10.Ao Revd. Joaquim Ignacio Ribeiro paraCura do curato de Gaviões.

Dia H.Ao Revd. João Baptista do Souza para Viga-

rio Encommendado da freguezia de S. Bene-dido, om Campos.

Ao Revd. João Dorningues Alves Veigapara Vigário Eneommeridadõ da freguezia aeNossa Senhora da Ponha do ílapocorohy, naprovincia do Sanla Cath anna.

Ao Rovd. Joào da Motta Tarló para con-fessar.

f ao Evangelho 0 Revm. Padro Mostro José Her-étJJaáo da Cosia Brito e ao Te Deum o Revm.Vigário Damaso do Rego Barros.

PROCLAMAS LIDOS NA CAPELLA IMPERIAL NO DIA8 DE MAIO DE 1870.

José Coelho do Oliveira com FlorisbeJIa Fran-cisca Cardoso.

Antônio Bernardino do Carvalho com Fran-cisca Cândida da Silva.

Francisco do Oliveira Junior com Maria Soa-res de Oliveira.

Manoel Esleves de Andrade Vasconcelloscorn Ro .alia Paes das Neves.

Albino de Oliveira Santos com Jacintha Car-doso de Barros.

Guilherrnirio Anionio Luiz com Anna Mariado Espirito Sanlo. »

Francisco Antonio de Castro com BalbinaEmilia de Magalhães Tinoco.

João Manool Coelho com Conogundes.Josó Bernardo com Maria Cândida Narcisa.Manoel Joaquim da Silva com Maria Augus-

ta de Souza Lima.Manoel Felippe Marques com Domingas Ma-

ria do Rosário.Dr. Cláudio Velho da Moita Maia com Maria

A malia da Cruz Vianna.Manool Antonio Lourenço corn Rita do Jesus

Simões.Antônio Casimiro da Silva Mondes com Ma-

rie Lúcio Fromenco Barbo)une.Feliciano José da Cunha, corn Severina Ma-

ria do Rosário.Antonio Joaquim Dias do Abreu com Joan-

na Luiza de Faria.Gcorgc Bouneil com Maria Rosa Vignaux.Dr. José Viriato do Freitas Junior com Emi-

lia Adelaide dos Santos A vellar.Cineinato Firmo Dolcarpio Moura com Maria

Adelaide dos Santos.Carlos Theodoro José llugucncy com Mario

Francisca de Bulhões Valadares.

Acâo de Graças.—Na capella do Campinhocelebrou-se no dia 12 um solemne Te Deumem accão de graças pela terminação da guerra,

j sondo orador o Rovm. Padre Mostre José lier-culauo da Costa Brito.

NOTICIÁRIO

Festividades iielkuosas.—Na Egroja da Ve-ncravel Ordem 3a do S. Francisco'de Paulacolobra-se nos dias 13, 20 e 21 do corrente o-riduo dc Nosso Senhor das Necessidades, o nodia 31 a fesla de posse da nova administrarão.

—No dia 29 do corrente celebra-se na egrojamatriz de Sanla Bila a festa do Sr. Bom Jesusdos Milagres.

—Colebra-so hojo na Capella imperial afesta dos Passos do Nosso Senhor JosusCbrislo.

—Na egroja matriz dc Santa Cruz dos Mendescelebra-se hoje a festa de seu orago, orando

Mez Makja.nno.—Na egreja matriz de NossaSenhora da Conceição de"Rezende celebra-seera todos os dias a piedosa devoção do Mez deMaria, corn pratica* aos domingos o quintas-feiras.

— Na egroja matriz de Nossa Senhora doLoroto do Jacaropaguá colobra-se a devoção doMez _tfarianno nos sabbados, ás 7 horas danoite, e nos domingos o dias santilicadosdepois da Missa Parochial: assim corno na ca-polia do Nossa Senhora da Conceição do RioGrande, íiliaí á mesma freguezia, em todos osdomingos o dias santilicados. ás 7 horas danoite : no ultimo dia da devoção pregará tantona ogroja matriz corno na referida capella oRevd. Padro Antônio Marques de Oliveira.

Ministério do Império.—*Por aviso do 11 docorrente, declarou-se ao governador do bispa-dp de S. Pedro, quo foram approvadas asnomeações dos sacerdotes estrangeiros CarlosBloos e Nicoláo Alban Molilorno para sorvi-rom do vigários encommendados; o 1.° nafreguezia de S. José do ílortemio, e o 2.üern continuação na do N. S. da Conceiçãode b. Sepó.—Solicitou-se do ministério dosnegócios da fazenda as convenientes ordenspara que soja abonada a congrua quo competeaos referidos sacerdotes.

— Pola secretariado Império delerminou-soao Governador do Bispado o inspector interinoda Capella Imperial, quo providencie para queno dia 24 do corrente mez, soja celebradono templo que so está construindo no campoda Aeclamaeão, um solemne Te-Deum emaccão do graças pola paz o terminação da guerrado" Paraguay.

Os prelados brasileiro, em ROMA.— Diz oJornal do Pará :

« De uma carta escripta ao Revd. Sr. Dr.Arcodiago José Gregorio Coelho, pelo Exm. oRe.m. Sr Bispo diocesano, oxtrahimos o se-guinte:« Todos vamos sem alteração na saúde, ex-ceplo o Exm. o Revm. Sr. bispo do Rio Gran-do do Sul, que teve uma bronchiles, que oreto. o no quarto uns vinte dias, o ainda nàoestá do lodo restabelecido.

« O nosso seminarista Nory, quo aqui soacha commigo, levo lambem uma angina, queo poz á morte. Já estava completamente dos-acordado o quasi sulíocado, dei-lho a absolvição,e estavam já promplos Iodos os arranjos paraa extrema uriÇçao. Felizmente uma sangria nosbraços o .12 luxas no pescoço o fizeram, porassim dizer, resuscitar. leve lugar essa Iribu-lação no dia 11. Emfim passou, e o doente eslárestabelecido. Demos graças à Doos, á MariaSantíssima o á S. José, padroeiro especial dasnossas obras diocesanas.

(d) Cpnçilip continua a sua obra do luz, pro-curando remover Iodos os obstáculos o malesque allligeni a Egreja e a .sociedade civil, odando aos nossos tempos uma direcçâo toda deDoos.

« No dia 4 do correu lo (Fevereiro) tive ahonra do levantar a minha humildo voz noConcilio Ecumênico. »

a Diz um amigo do Revm. Sr. Arcodiago,om urna carta, que lho escreveu no dia 19 deFevereiro : «0 sou Bispo, o virtuoso D. Auto-nio do Macedo Cosia, mirante o discurso, qüepronunciou no dia I do corrente, foi ouvido noConcilio com profunda allençào e coin vivasdemonstrações do adhesão. Ao terminar o soudiscurso houve geral e extraordinário movi-

mento do approvação, a ponto que mo disseurn Bispo do Concilio, que se não fosso a pro-bibiçàoquo tinha sido feita, ha dias, de applau-dir-se,. elle tona sido vivamente ápplaudido.Pela primeira vez o Brazil teve uma voz dentreos seus filhos, quo corno juiz da fé se pronun-ciasse em tão augusta assembléa. Teve o Braziluma bella attitude diante do Concilio ; deveislouvar a Deos por lordes urn Prelado tão dis-tineto.

(f Ura orador no Concilio acha-se corno n'umimmenso vallo do Josaphat, todo coberto deprelados, tondo no horisonte fronteiro a cintavermelha dos Cardeaes! E' por corto o maisaugusto auditório, que so pôde ter nestemundo! »

s No dia 17, diz o Exm.^Sr. Bispo do Paráao Rovm. Sr. Arcodiago, aí rio-se a exposiçãoreligiosa de S. Pedro, exposição onde so admi-ram magníficas obras quo onnobrocem a artedo nossos tempos. Pio IX esteve presente âceremonia de abertura, a disso algumas pala-vras eloqüentíssimas dc arrebatar a todos. Euestava bom porto delle, o muilos Prelados, epessoas de distineção, choravam de alegria edo enthusiasmo.

« E' impossível exprimir a graça, a mages-lado, a uncçào do Santíssimo Padre, o o amorextraordinário e onthusiastico quo todos lheconsagram.

Tive a minha audiência em um dia ern queme achava doente; esporo agora nova audien-cia quo me prornetteram para o primeiro diaI i vre *

c Terminando, concluo dizendo, que todosòs dias abençòo essa minha diocese, ondetenho sempre o coração, o pedindo a todosorações fervorosas polo Concilio e pelo Bispo,aue só deseja ver o Pará engrandecido diantede Doos• •••«••••....«,»

•;- Antônio, Bispo do Pará. »

.

Donativos para o Santo Padre.—Nesta ty-ographia recebeu-se o seguinte:'m

anonymo ljs'000

Po:ctificac;áo.—Tendo escapado alguns errosna revisão da nota annexa á parte da nossa cor-respondencia.de Roma, publicada em o ultimonumero desta folha, rcproduzimol-a aquicompe-lentemente corrigida.

OAPÜT ADDl.NDCM DECRETO DE ROMA NIPONTÍFICES rRLMATU.

Romanum Pontificem in rebus fidei et -mo-rum definiendis errare non posse.

Sancta Romana Ecclcsia summumet plenumprimatum et principalum supor universam Ca-tholicam Ecclesiarn obtinet, quem se ab ipsoDomino in beato Peíro, Apostotorum Principe,cujus Romanus Ponti fox est Suecessor. cumpotestalis plonitndine recepisse, veraciter ethu mil der recognoscit.

El sicut príceoteris tenetnr, lidei veritatem de-fendore, sic et si mias do fide suhortaí fuerintquestiones, suo debent judicio defmiri. (Conci-hum laigdun. II . Et quia non potest D. N.Jcsu Christi pnetermitü sententia diceníis: Tues Petrus, etc, hsec qua. dieta sunt, reruni pro-bantur efíectibus, quia in Sede apostólica im-maculata est semper Catholica conservatareligioetsancla celebrata doctrina. (Exformula Hormis-die Papai subscripla abEpiscopis Oricntaíium).

líinc, sacro approbante Concilio, docemus ettanquom fidei dogma de/inimus (se. Pius IX)per divinam assistentiam íieri, ut Romanus Pon-tifex, cni in persona beati Pelri dictum est abeodem I). N. Jcsu Christo : Ego pro te rogavi,ul non de/iciat /ides tua, cum supremi omniuinchrislianorum Docloris numere fungens pro aue-toritate definit, quid in rebus fidei et morum abunivorsa Ecclosia tenondum sit, errare nonpossit, et bane Roumui Pontificis incrrantiioseu infalUbjlitatis pro.rogativam ad idem objec-tum porrigi, ad quod infallibililas Ecclosia) ex-tonditiir. Si quis aulom huicjNoslra_ defini tionieoníradicore (quod Deus avertal!) pnesumpse-rit, sciat, soa voritato lidei catholica) ot ab uni-tato Ecclosia) dofeci.sse.

TYP. DO APÓSTOLO RUA NOVA DO 0UVDÜR 16, E 18,