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AS EXPERIÊNCIAS RECENTES DE ESTABILIZAÇÃO NO BRASIL PERÍODO 1985-89 Contato => [email protected] Cap. 13- Modiano (1992)

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  • AS EXPERINCIAS

    RECENTES DE

    ESTABILIZAO NO BRASIL PERODO 1985-89

    Contato => [email protected] Cap. 13- Modiano (1992)

  • Contexto inflacionrio Planos de estabilizao 1981-94: promoveram o ajuste externo

    mas no evitaram a escalada da inflao.

    1979: 2 choque do petrleo; mudana da freqncia dos reajustes salariais (para semestrais); inflao corretiva com preos realistas inflao anual salta de 50% para 100%.

    1983: maxidesvalorizao do cruzeiro de 30%; choque de preos das importaes; aumento da dvida pblica e seu custo de carregamento inflao anual salta de 100% para 200%.

    Diagnstico da inflao inercial e propostas de uma nova poltica anti-inflacionria alm das receitas monetaristas e keynesianas.

    Segunda metade dos anos 1980: poltica de ajuste centrada no combate inflao, dada a ameaa hiper-inflacionria.

    Escalada inflacionria do perodo (IGP): 1985 235%; 1986 65%; 1987 415,8%; 1988 1037,6; 1989 1782,9%.

  • 1 Fase: pacote anti-inflacionrio de maro de 1985 (incio da Nova Repblica) ainda baseado no diagnstico monetarista.

    Medidas de austeridade fiscal e monetria: interrupo temporria dos emprstimos dos bancos oficiais; corte oramentrio (10%); proibio de contrataes (setor pblico).

    Medida pragmtica: congelamento temporrio dos preos pblicos e controle seletivo de preos privados (ms de abril).

    Alteraes no clculo da correo monetria e cambial (mdia geomtrica da inflao dos 3 meses anteriores)

    Mas....

    Junho/ 1985: descompresso dos preos (descongelamento inicial preos pblicos; menor controle preos privados).

    Choque de oferta agrcola de 1985: subida de 19% nos preos de alimentos em agosto (inflao mdia de 14%).

    Fracasso da poltica anti-inflacionria convencional e final da 1 fase da poltica econmica da Nova Repblica (agosto).

    Fracasso do Gradualismo: maro 1985/fev 1986

  • Inflao Oficial Mensal

    Tabela 1: Inflao Oficial

  • 2 Fase do Esforo de Estabilizao

    Mudana no comando da poltica econmica: Dlson Funaro na Fazenda.

    Nova estratgia de combate inflao baseada no diagnstico da inflao inercial meta para a inflao =>10% mensal via aumento do grau de indexao da economia.

    Problema=> Ausncia de regras claras de indexao dos salrios / livre negociao.

    Novas presses inflacionrias em novembro 1986.

    Mudanas do indexador (IGP-DI para IPCA).

    Com a indexao generalizada: taxa de inflao atingiria novo patamar (400-500%).

    Fracasso do gradualismo heterodoxo

  • O Plano Cruzado: 28 Fevereiro 1986

    Condies macroeconmicas relativamente

    favorveis:

    1) crescimento de 9,2% do produto industrial nos 12

    meses anteriores;

    2) supervit de US$ 12,8 bilhes da balana

    comercial; reservas de US$ 11,6 bilhes;

    3) dficit pblico em condies de ser eliminado com

    o pacote fiscal de dezembro de 1985;

    4) preo do petrleo e dlar em queda.

    .

  • Plano Cruzado: 4 Grupos de Medidas

    1) Reforma monetria e congelamento: fixao de novo padro monetrio (Cr$ 1.000 = Cz$ 1); congelamento dos preos (Tabela da SUNAB) e da taxa de cmbio imagem de moeda forte e interveno nos contratos.

    2) Desindexao da economia: i) supresso da correo monetria com substituio da ORTN (corrigida pelo ndice oficial da inflao) pela OTN (congelada por 12 meses); ii) proibido indexao de contratos com prazos inferiores a um ano; iii) obrigaes financeiras (pr-fixadas) denominadas na velha moeda (Cruzeiro), desvalorizada diariamente (0,45% ao dia) em relao ao cruzado por uma Tablita de converso (objetivo era eliminar as expectativas de inflao embutidas na obrigaes financeiras).

  • Plano Cruzado: 4 Grupos de Medidas

    3) ndice de Preos e Cadernetas de Poupana: deslocamento do perodo de apurao do ndice de preos para 28 de fevereiro, de IPCA para IPC, com o objetivo de eliminar a contaminao do ndice de inflao de fevereiro; cadernetas passam a ter rendimentos trimestrais (ao invs de mensais).

    4) Reajuste de Salrios e Preos: regras especficas de converso para enfrentar o problemas da desincronizao de reajustes - i) salrios convertidos pelo poder de compra mdio dos ltimos 6 meses (set. 85 a fev. 86) em valores correntes de fevereiro de 1986 + abono de 8%; ii) salrios no foram congelados, com 60% de reposio nos dissdios e escala mvel (gatilho de 20%); iii) converso dos aluguis pelo critrio do valor real mdio dos ltimos 6 meses; iv) preos congelados por tempo indeterminado com preos pblicos defasados.

    Problemas decorrentes da ausncia de uma poltica monetria e fiscal consistente com a estabilizao: dificuldade de administrao da taxa de juros, ignorncia sobre o grau de monetizao da economia aps o choque; riscos da taxa de juros baixa.

  • Principais Resultados do Plano Cruzado

    1) Colapso da inflao: sucesso nos meses iniciais; confirmao da tese inercial e possibilidade de combate uma de suas causas originais, o dficit pblico. O congelamento tornou-se pea fundamental do Plano. No mdio prazo no tinha sustentao tcnica.

    2) Exploso de consumo e o excesso de demanda: aumento substantivo do salrio real mdio; despoupana das famlias; queda do IRPF e dos juros nominais; distoro dos preos relativos dos bens e descontrole dos preos dos ativos reais escassez de produtos e mercado negro.

    3) Excesso de moeda na economia: remonetizao, excesso de oferta de moeda e taxa de juros reais negativa demanda por ativos reais e renda varivel (bolsa); resistncia poltica para uma poltica monetria mais restritiva.

  • Principais Resultados do Plano Cruzado

    4) Desequilbrio Fiscal: de uma previso de dficit de 0,5% com o choque fiscal de dez. 85 para um dficit de 2,5% do PIB aumento das despesas; ganho de receitas tributrias com o fim da inflao menor do que o esperado; custo do congelamento de preos.

    A fuga do Cruzadinho (julho-outubro 86): pacote fiscal para esfriar a economia (emprstimos compulsrios sobre gasolina e automveis => Fundo Nacional de Desenvolvimento (FND). Tributao sobre compras de moedas estrangeiras, expurgo do IPC para adiar o gatilho.

    Intensificao dos desequilbrios: imobilismo da poltica econmica deu combustvel para o gio e mercado negro; deteriorao da balana comercial partir de setembro de 1986.

  • Principais Resultados do Plano Cruzado

    Cruzado II (nov. 86 a junho 87): i) pacote fiscal para aumentar a receita via aumento de impostos e preos pblicos choque inflacionrio; ii) mudana do ndice de inflao oficial do IPC para o INPC; iii) gatilho com teto de 20% (resduo para o gatilho seguinte); iv) volta da indexao com as minidesvalorizaes cambiais, emisso de ttulos ps-fixados, correo monetria com reajuste da OTN em bases mensais, re-estabelecendo a luta distributiva.

    Com a crescente deteriorao do B.P. decretada a moratria da dvida externa em fevereiro de 1987.

    Escalada da inflao: abril 1987 taxa mensal ultrapassou 20%.

    Queda da equipe da Fazenda (junho): tese bolha inflacionria no se verificou; fracasso da renegociao.

  • Resumo: Planos Bresser e Vero

    Plano Bresser: choque deflacionrio evitando repetir os erros do Cruzado; inflao diagnosticada como inercial e de demanda (plano hbrido)

    Lado ortodoxo do Plano: uso ativo das polticas monetria e fiscal contra a inflao (juros, reduo do dficit pblico atravs de tarifas pblicas realistas, impostos e corte de investimentos; taxa de cmbio flexvel.

    Lado heterodoxo: congelamento de preos e salrios em trs fases 1) total por trs meses; 2) flexibilizao gradual do congelamento; 3) descongelamento; salrios indexados em uma nova base (URP) com correo mensal porm pela mdia geomtrica dos trs precedentes.

  • Planos Bresser e Vero

    Plano Bresser: sucesso inicial com reduo da inflao, mas de curta durao (julho e agosto).

    Causas do fracasso do Plano Bresser: i) expectativas negativas do Cruzado levou ao movimento de antecipao altista dos preos, intensificando a luta distributiva; ii) acordos salariais com o funcionalismo federal minaram o esforo de reduo do dficit pblico e alimentaram a escalada inflacionria; iii) resistncia reforma tributria; iv) crescente insatisfao popular com corroso dos salrios reais.

    Novo ministro (Malson da Nbrega): repdio s idias heterodoxas e volta poltica ortodoxa gradualista, chamada feijo com arroz.

    Plano Vero (janeiro de 1989): insucesso do gradualismo radicalizao da desindexao e novo congelamento (por tempo indeterminado).

    Fracasso do Plano Vero: inflao baixou apenas no primeiro ms; sem indexadores, economia ficou sem mecanismo de coordenao das expectativas hiper-inflao (80% ms).

  • Sntese Perodo 1985-89

    1) Processo hiper-inflacionrio: os trs planos no passaram de um represamento temporrio dos preos, sem enfrentar o conflito distributivo e os desequilbrios estruturais.

    2) Efeitos negativos dos sucessivos congelamentos: i) perda progressiva de eficcia; ii) crescente antecipao das expectativas; iii) choques de preos provocam redistribuio de renda imprevisvel;

    3) Desempenho do PIB muito abaixo do produto potencial do ps-guerra (2,8% a.a.)

    4) Custo do menor crescimento no foi compensado pela superao dos desequilbrios internos para a retomada do crescimento sustentado dcada perdida.

    5) Indicadores agregados de investimento e de poupana negativos: taxa de investimento de 15-16%; PIB muito abaixo da taxa histrica (mdia dos 70 de 23%); queda da taxa de poupana pblica (negativa a partir de 1982) e da poupana externa; incapacidade de realizao do ajuste interno (o que prolongou o ajuste externo recessivo).

  • Sntese do Perodo 1985-89

    Tabela 2: Sntese dos Indicadores Macroeconmicos :

    1985-1989 (mdias anuais por perodo)