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PESQUISA DE MERCADO PARA A ABERTURA DE UM COMÉRCIO DE BISCOITOS NATURAIS PARA CACHORRO Jéssica Cabral Guareschi Acadêmica do curso de graduação de Ciências Contábeis 2015/2018. Profª Drª Lucia Fernanda de Carvalho Professora Orientadora e Presidente da Banca TCC/2018 Profº Drº Benedito Albuquerque da Silva Professor Membro da Banca TCC/2018 Profº Me Adão Ferreira da Silva Professor Membro da Banca TCC/2018 RESUMO O objetivo desse trabalho foi realizar uma pesquisa de mercado a fim de dar subsídio ao plano de negócios de uma empresa de biscoitos naturais para cachorro. Para realização da pesquisa foi aplicado um questionário contendo dez perguntas para sessenta e nove tutores de cães. O intuito era averiguar o perfil de consumo desses tutores e a sua propensão a adquirir o produto aqui estudado. A pesquisa abrangeu os meses de Outubro e Novembro de 2018. Em um segundo momento, foi aplicado um questionário contendo nove perguntas a Médicos Veterinarios com o objetivo de verificar o motivo que os levam a recomendar determinado petisco a seus clientes. Foram aplicados quatro questionários, porém, obteve-se retorno de apenas um. Os demais não se demonstraram solícitos em participar da presente pesquisa. Com a conclusão do presente trabalho é possivel observar que o mercado de petiscos naturais para cachorros é bastante promissor, a maioria dos participantes da pesquisa se demonstraram receptivos com o apelo do produto, desde que apresente um valor competitivo e seja de fácil acesso, disponibilizado sobretudo em supermercados e pet shops, locais onde os tutores relatam adquirir seus produtos na maioria das vezes. A palatatividade foi um fator considerado importante pelos tutores, que relataram que se o cão não aceitar bem o alimento, não voltaria a adquiri-lo. O que ressalta ainda mais a importância da aplicação de testes especializados de aceitação antes de o produto ser comercializado. Palavras Chaves: Petiscos naturais; Pesquisa de mercado; Perfil. ABSTRACT The objective of this work was to carry out a market research to give subsidy to the business plan of a company of natural biscuits for dogs. To carry out the research, a questionnaire containing ten questions was applied to seventy dogs tutors. The purpose was to investigate the consumption profile of these tutors and their propensity to acquire

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PESQUISA DE MERCADO PARA A ABERTURA DE UM COMÉRCIO DE

BISCOITOS NATURAIS PARA CACHORRO

Jéssica Cabral Guareschi

Acadêmica do curso de graduação de Ciências Contábeis 2015/2018.

Profª Drª Lucia Fernanda de Carvalho

Professora Orientadora e Presidente da Banca TCC/2018

Profº Drº Benedito Albuquerque da Silva

Professor Membro da Banca TCC/2018

Profº Me Adão Ferreira da Silva

Professor Membro da Banca TCC/2018

RESUMO

O objetivo desse trabalho foi realizar uma pesquisa de mercado a fim de dar subsídio ao

plano de negócios de uma empresa de biscoitos naturais para cachorro. Para realização da

pesquisa foi aplicado um questionário contendo dez perguntas para sessenta e nove tutores

de cães. O intuito era averiguar o perfil de consumo desses tutores e a sua propensão a

adquirir o produto aqui estudado. A pesquisa abrangeu os meses de Outubro e Novembro

de 2018. Em um segundo momento, foi aplicado um questionário contendo nove

perguntas a Médicos Veterinarios com o objetivo de verificar o motivo que os levam a

recomendar determinado petisco a seus clientes. Foram aplicados quatro questionários,

porém, obteve-se retorno de apenas um. Os demais não se demonstraram solícitos em

participar da presente pesquisa. Com a conclusão do presente trabalho é possivel observar

que o mercado de petiscos naturais para cachorros é bastante promissor, a maioria dos

participantes da pesquisa se demonstraram receptivos com o apelo do produto, desde que

apresente um valor competitivo e seja de fácil acesso, disponibilizado sobretudo em

supermercados e pet shops, locais onde os tutores relatam adquirir seus produtos na

maioria das vezes. A palatatividade foi um fator considerado importante pelos tutores, que

relataram que se o cão não aceitar bem o alimento, não voltaria a adquiri-lo. O que ressalta

ainda mais a importância da aplicação de testes especializados de aceitação antes de o

produto ser comercializado.

Palavras Chaves: Petiscos naturais; Pesquisa de mercado; Perfil.

ABSTRACT

The objective of this work was to carry out a market research to give subsidy to the

business plan of a company of natural biscuits for dogs. To carry out the research, a

questionnaire containing ten questions was applied to seventy dogs tutors. The purpose

was to investigate the consumption profile of these tutors and their propensity to acquire

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the product studied here. The survey covered the months of October and November 2018.

In a second moment, a questionnaire containing nine questions was applied to Veterinary

Doctors in order to verify the reason that led them to recommend a particular snack to

their clients. Four questionnaires were applied by e-mail, however, only one questionnaire

was returned. The others were not willing to participate in the present study. With the

conclusion of the present work it is possible to observe that the market for natural snacks

for dogs is very promising, most of the participants of the research have demonstrated

receptive with the appeal of the product, provided that it presents a competitive value and

is easily accessible, in supermarkets and pet shops, where tutors report their products most

of the time. Palatability was a factor considered important by the tutors, they reported that

if the dog did not accept the food well, it would not acquire it again. This further

underscores the importance of applying specialized acceptance tests before the product is

marketed.

Keywords: Natural snacks; Market research; Profile.

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1. INTRODUÇÃO

Nos últimos anos, as relações entre humanos e animais de companhia estreitaram-se

consideravelmente. Sentimentos de amor, fidelidade e companheirismo estão cada vez mais

ligados ao relacionamento entre os seres humanos e seus animais. A vida agitada nas grandes

cidades, o estresse do cotidiano e a habitação em espaços cada vez menores, levaram a uma

maior aproximação do homem aos seus animais, estabelecendo-se uma estreita relação de

afetividade (BUSS et al., 2006).

No mercado de alimentos para animais de estimação, além de se atender às

necessidades orgânicas e de saúde dos animais, é preciso satisfazer seus proprietários, uma vez

que o animal é considerado amigo, companheiro ou mesmo filho pelo seu dono (OLIVEIRA,

2006). Em um mercado com estas características e peculiaridades, passa a ser fundamental

para o sucesso de qualquer empreendimento entender e conhecer seu público-alvo, identificar

seus desejos e necessidades, traçando estratégias que visem atrair seus consumidores.

O mercado de pet shop (loja de animais) tem ganho espaço na economia do país, e

tudo indica que o sucesso de empreendedores nessa área depende muito de uma boa

colocação no mercado, pois percebe-se a importância que cada vez mais os consumidores têm

dado aos artigos e serviços disponibilizados para o cuidado com o seu animal de estimação. Em

2014, o Mercado Pet mundial faturou em torno de US$ 98 bilhões, sendo a América do Norte

o maior consumidor (EUROMONITOR, 2015). Em 2015, o Brasil foi considerado o terceiro

país com o maior faturamento neste segmento, o que movimentou cerca de R$ 18 bilhões.

Deste total 67,3% representou somente a fatia do Pet Food, que inclui alimentos completos

(extrusados, congelados, úmidos e in natura) e alimentos específicos (bifinhos, sticks,

biscoitos) (ABINPET, 2016).

As empresas necessitam de planejamento para conseguir manterem-se no mercado,

caso contrário, não sabem exatamente por onde começar e muitas iniciam sem rumo definido,

somente pensando em sua atuação prática, sem uma análise prévia. O empreendedor precisa

estar atento aos acontecimentos que ocorrem em seu setor e na economia, empregando suas

habilidades para conseguir criar uma empresa com diretrizes e planejamento.

Torna-se essencial os empreendedores fazerem um planejamento de seu futuro

negócio para que consigam colocar todas os ideais do novo projeto no papel e futuramente

colocá-las em prática, de acordo com a abertura de um novo empreendimento. Por isso, a

elaboração desse estudo sobre a pesquisa de Mercado para a implantação de uma empresa de

Biscoitos Naturais para Cachorro na cidade de Cuiabá tem grande importância, já que irá

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realizar uma análise da viabilidade do empreendimento, verificando a aceitabilidade do

público alvo e abre caminhos para outros negócios inovadores no setor pet.

Neste contexto, o objetivo do presente trabalho foi realizar uma pesquisa de mercado

a fim de dar subsídio ao plano de negócios de uma empresa de Biscoitos Naturais para

Cachorro. Para isso, no sentido de ampliar o conhecimento sobre o assunto tratado, decidiu-se

realizar esta pesquisa exploratória, incluindo referencial teórico específico, entrevistas com

médicos veterinários do setor pet e tutores de animais de estimação.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

Elaborar um plano de negócio exige conhecimento sobre o que irá se tratar, é um

processo que exige dedicação e responsabilidade, pois muitos assuntos precisam ser

abordados com base segura de embasamento teórico. Esta secão apresenta a perspectiva de

vários autores que trataram sobre o tema proposto, para fornecer a fundamentação teórica

sobre o que será estudado, abordando-se os seguintes assuntos: empreendedorismo,

pesquisa de mercado, plano de negócio e mercado pet.

2.1 Empreendedorismo

Segundo definição de Barreto (1998) “empreendedorismo é a habilidade de se

conceber e estabelecer algo partindo de muito pouco ou quase nada”, assim Barreto enfatiza a

grande importância do trabalho, além da capacidade de maximizar recursos.

Uma outra definição interessante é a de Schumpeter (citado por FILION,1999) onde expõe

que “empreendedorismo está na percepção e aproveitamento das novas oportunidades no

âmbito dos negócios ... sempre tem a ver com criar uma nova forma de uso dos recursos

nacionais, em que eles sejam deslocados de seu emprego tradicional e sujeitos a novas

combinações.”

Segundo Timmons (citado por DOLABELA, 2006), “o empreendedorismo é uma

revolução silenciosa, que será para o século 21 mais do que a revolução industrial foi para o

século 20”, ao comparar com a revolução industrial, a grande responsável por radicais

mudanças no século 20, demonstra o grau de importância para a sociedade do tema

empreendedorismo.

Segundo o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - SEBRAE

(2009) o empreendedor tem como característica básica o espírito criativo e pesquisador. Ele

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está constantemente buscando novos caminhos e novas soluções, sempre tendo em vista as

necessidades das pessoas. A essência do empresário de sucesso é a busca de novos negócios e

oportunidades e a preocupação sempre presente com a melhoria do produto. Enquanto a maior

parte das pessoas tende a enxergar apenas dificuldades e insucessos, o empreendedor deve ser

otimista e buscar o sucesso, apesar das dificuldades.

Já para Dornelas (2008) “empreendedorismo é o envolvimento de pessoas e

processos que, em conjunto, levam a transformação de idéias em oportunidades” enfatiza

assim de forma mais geral o real objetivo do empreendedorismo, que é gerar oportunidades.

No Brasil, o empreendedorismo começou a tomar forma na década de 1990, quando

as entidades como o SEBRAE e a SOFTEX (Associação para Promoção da Excelência do

Software Brasileiro) foram criadas. O SEBRAE é um dos órgãos mais conhecidos do pequeno

empresário brasileiro, onde pode buscar todo suporte que precisar para iniciar sua empresa,

bem como consultorias a fim de resolver pequenos problemas em seu empreendimento.

Na visão de Dolabela (2000, p. 43),

Empreendedorismo é um neologismo derivado da livre tradução da palavra

entrepreneurship e utilizado para designar os estudos relativos ao empreendedor,

suas origens, seu sistema de atividades, seu universo de atuação. A palavra

empreendedor de emprego amplo é utilizada neste livro para designar

principalmente as atividades de quem se dedica à geração de riquezas, seja na

transformação de conhecimentos em produtos ou serviços, na geração do próprio

conhecimento ou na inovação em áreas como Marketing, produção, organizações,

etc.

Segundo Dornelas (2008) “o empreendedor é aquele que faz as coisas acontecerem, e

antecipa aos fatos e tem uma visão futura da organização”, já para Chiavenato (2004) “o

empreendedor é a pessoa que inicia ou opera um negócio para realizar uma idéia ou projeto

pessoal assumindo riscos e responsabilidades e inovando continuamente”. Schumpeter (citado

por CHIAVENATO, 2004) amplia o conceito dizendo que “o empreendedor é a pessoa que

destrói a ordem econômica existente graças à introdução no mercado de novos produtos e

serviços, pela criação de novas formas de gestão ou pela exploração de novos recursos,

materiais e tecnologias”.

Por fim de acordo com Dolabela (2006) “O empreendedor é um insatisfeito que

transforma seu inconformismo em descobertas e propostas positivas para si mesmo e para os

outros. É alguém que prefere seguir caminhos não percorridos, que define a partir do

indefinido, acredita que seus atos podem gerar conseqüências. Em suma, alguém que acredita

que pode alterar o mundo. É protagonista e autor de sim mesmo e, principalmente, da

comunidade em que vive”.

A literatura traz também várias características listadas sobre o ímpeto empreendedor,

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como uma receita de bolo, onde são enunciados vários quesitos aparentemente “obrigatórios”,

como por exemplo, segundo Chiavenato (2004) ser uma pessoa com a necessidade de

realização, ter a disposição para assumir riscos, possuir autoconfiança, ter vontade de

trabalhar duro, ter habilidade de comunicação, conhecer maneiras de organizar o trabalho, ter

orgulho daquilo que faz, manter boas relações inter-pessoais, um auto-propulsionador,

assumir responsabilidades e desafios, ser honesto, dentre outras. Segundo Dornelas (2015,

p.8):

Os empreendedores são pessoas diferenciadas, que possuem motivação singular,

apaixonadas pelo que fazem, não se contentam em ser mais um na multidão, querem

ser reconhecidas e admiradas, referenciadas e imitadas, querem deixar um legado.

Entende-se então que o empreendedorismo deve permanecer presente nas

organizações, pois empresas empreendedoras conseguem ir além e consequentemente atingir

seus objetivos de forma plena, sempre pensando em novas maneiras de fazer do seu produto

ou serviço algo diferenciado, onde o consumidor se sinta satisfeito e volte a fazer a compra.

2.2 Pesquisa de Mercado

Em um mercado global em rápida transformação, inconstante como nos dias atuais, a

tomada de decisão exata, oportuna e eficiente em custos é imprescindível e, de acordo com

Kotler (2000), a pesquisa é o ponto de partida não só para o marketing como também para o

planejamento estratégico e o plano de negócios da empresa. Por meio dela, as empresas são

capazes de segmentar seus mercados, definir qual será seu público-alvo, posicionar seus

produtos/serviços de forma a criar valor a esses clientes, desenvolver estratégias no nível

tático relativo ao mix de marketing, programar e controlar todo o processo, acompanhando e

avaliando resultados, melhorando sua estratégia, ou seja, ela levará a empresa a reconhecer

que os clientes, em qualquer mercado, normalmente diferem em suas necessidades, desejos,

percepções e preferências.

Segundo o Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (IBOPE, 2007):

A pesquisa de mercado é a melhor e mais confiável ferramenta para obtenção de

informações representativas sobre determinado público-alvo. Além de permitir o

teste de novas hipóteses, conceitos ou produtos, a pesquisa de mercado auxilia na

identificação de problemas, oportunidades e ajuda a traçar perfis de consumidores e

mercados (IBOPE, 2007, p.1).

Para Kotler (2000), a pesquisa de marketing corresponde à elaboração, à coleta, à

análise e à edição de relatórios sistemáticos de dados e descobertas relevantes sobre uma

situação específica de marketing enfrentada por uma empresa. Segundo Góis (2000), o

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marketing é a arte de fazer o cliente comprar o que ele não quer com o dinheiro que ele não

tem e na hora em que ele não pode. Pode-se dizer que o marketing é a alma do negócio, e sem

ele não há empresa que vá adiante. Para que esse processo ocorra de forma eficiente é

necessário conhecer as variáveis externas — e para isso, é necessário utilizar a pesquisa de

mercado.

A pesquisa mercadológica bem estruturada tem sido a bússola para a tomada de

decisão nas empresas, juntamente com outras ferramentas, visto que a área de marketing

caminha lado a lado com a área financeira. Sistemas de inteligência empresarial são

constantemente carregados com dados que, posteriormente, serão transformados em

informações para que alguma decisão seja tomada. Para Aaker, Kumar e Day (2007):

A pesquisa de marketing é uma parte crítica desse sistema de inteligência; ela ajuda

a melhorar as decisões empresariais, proporcionando informação relevante, acurada

e em tempo hábil (RAT). Cada decisão precisa de informações específicas e únicas,

e estratégias relevantes podem ser elaboradas tendo por base as informações

colhidas pela pesquisa de marketing.

Para isso, pesquisas de mercado devem ser bem elaboradas, tendo em vista a sua

relevância para as organizações e administradores tomadores de decisão, pois qualquer

decisão precipitada pode desencadear no mau êxito do negócio.

2.3 Plano de Negócio

O Plano de Negócios é a formalização de uma ideia, é planejar o futuro do novo

empreendimento. É uma ferramenta administrativa que serve de apoio ao empreendedor, e

serve para identificar melhor os clientes, o mercado, as estratégias, reduzir os riscos e assim

aumentar a probabilidade do sucesso do negócio.

Salim et al. (2005, p. 03) definem que: “Plano de Negócios é um documento que

contém a caracterização do negócio, sua forma de operar, suas estratégias, seu plano para

conquistar uma fatia do mercado e as projeções de despesas, receitas e resultados

financeiros”.

Para Filion & Dolabela Plano de Negócios é:

Antes de tudo, o processo de validação de uma ideia, que o empreendedor realiza

através do planejamento detalhado da empresa. Ao prepará-lo, terá elementos para

decidir se deve ou não abrir a empresa que imaginou (...). A rigor, qualquer

atividade empresarial, por mais simples que seja, deveria se fundamentar em um

Plano de Negócio (FILION & DOLABELA, 2000, p.164).

Dornelas (2015, p. 84) relata que “o Plano de Negócios é um documento

usado para descrever um empreendimento e o modelo de negócios que sustenta a

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empresa”.

Um plano de negócio é um documento que descreve (por escrito) quais os objetivos

de um negócio e quais passos devem ser dados para que estes objetivos sejam

alcançados, diminuindo os riscos e as incertezas. Um plano de negócio permite

identificar e restringir seus erros no papel, ao invés de cometê-los no mercado

(ROSA, 2004, p.10).

Dornelas (2015) corrobora afirmando que um bom plano de negócios deve mostrar

claramente a competência da equipe, o potencial do mercado-alvo e uma idéia realmente

inovadora; culminando em um negócio economicamente viável, com projeções financeiras

realistas. Porém, elaborar o plano de negócio não é uma tarefa muito fácil, pois depende de

variáveis que devem-se utilizar para conseguir formar todas as idéias, verificar as

oportunidades e os riscos necessários para que o negócio tenha sucesso e chance de aplicação,

e não apenas fique no entusiasmo do empreendedor (DOLABELA, 2000).

Segundo Longenecker (2004), o plano de negócios prepara o empreendedor para

lidar com o futuro da empresa a ser criada ou ampliada, evitando ao máximo o insucesso. De

acordo com o exposto pode-se dizer que fazer um Plano de Negócios é colocar no papel

ideias, objetivos e sonhos, mas tudo isso de maneira organizada e planejada, possibilitando

verificar a viabilidade ou não de abrir um novo negócio ou expandir um já existente.

2.4 Mercado Pet

O termo pet é uma expressão da língua inglesa comumente utilizada pelas áreas de

vendas, marketing e mídia, para se referir aos animais de estimação, que são todos aqueles

criados para o convívio com os seres humanos, fazendo parte da rotina nos domicílios,

inseridos no ambiente familiar, e que geram benefícios através das relações afetivas

estabelecidas com eles. Tais animais passaram dos quintais para dentro de casa, sendo

considerados como membros efetivos da família, que merecem melhor cuidado e atenção.

Isso beneficiou o crescimento do número de animais de companhia no Brasil e o faturamento

deste mercado (CRMV, 2015).

Em virtude do crescente número de cães que estão inseridos no ambiente familiar, a

variedade de produtos e serviços voltados para seu consumo também está cada vez maior. O

mercado “pet”, como é chamado o mercado de produtos e serviços para animais de estimação

(MARICHALAR, 2006), passa por um momento promissor. Os cães hoje usam roupas,

sapatos, bonés e óculos escuros. O setor conta com hotéis, fotógrafos especializados, agências

matrimoniais, jóias, cosméticos, programas de TV, passeadores de cachorros. Consultas com

psicólogos, "creches" para passarem o dia, brinquedos educativos, alimentos especiais, babás,

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entre outras mordomias, reforçam a idéia de que os animais são tratados como filhos em

muitas famílias (FRAGA, 2005; OLIVEIRA, 2006; MELLO, 2006).

Em 2017, o mercado Pet mundial faturou em torno de US$ 119,5 bilhões,

evidenciando um crescimento de 13% comparado ao ano anterior. Os Estados Unidos da América

é o maior consumidor, representando 41% dessa fatia de mercado, seguido pelo Reino Unido

com 5,3% (ABINPET, 2017). O setor vem apresentando crescimento constante em âmbito

internacional, apesar da crise econômica mundial.

O mercado pet brasileiro é o terceiro maior do mundo em faturamento no ano de

2017, movimentando cerca de R$ 20,3 bilhoes de acordo com dados da ABINPET

(Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação), o equivalente a

5,1% do faturamento mundial. A maior fonte de receita do setor advém do segmento de

alimentação, apesar da alta carga de tributação que encarece as matérias primas. As vendas de

pet food (alimentação) representam 68,6% do faturamento, seguidas por pet serv (serviços),

com 15,8%, pet care (equipamentos, acessórios, produtos de higiene e beleza), representou

7,9% e pet vet (medicamentos), evidenciou 7,7% desse faturamento (ABINPET, 2017).

As indústrias do setor pet estão investindo cada vez mais em petiscos. É um mercado

ainda pequeno, mas em crescimento. Existem também boutiques e padarias especializadas, que

oferecem refrigerantes, chocolates, tortas, bolos e pães balanceados para animais, incluindo

alimentos diet para cães diabéticos e light para aqueles que estão acima do peso. As inovações

nesse setor são cada dia maiores, pois encontra consumidores ávidos em experimentar

novidades (OLIVEIRA, 2006).

3. METODOLOGIA DE PESQUISA

A fim de atingir o objetivo geral da pesquisa, o método utilizado foi a pesquisa

Survey. Para Bryman (1989), a pesquisa survey implica a coleção de dados em um número

de unidades e geralemente em uma única conjuntura de tempo, com uma visão para coletar

sistematicamente um conjunto de dados quantificáveis no que diz respeito a um número de

variáveis que são examinadas para discernir padrões de associação. Os dados levantados

serviram de base para compreender a percepção do público sobre um determinado produto.

Uma pesquisa de mercado foi aplicada a fim de se conhecer os potenciais clientes.

Esta se caracteriza predominantemente como quantitativa, descritiva e exploratória. O

instrumento de coleta foi enviado aos clientes, de acordo com a amostra, através de dois

questionários com perguntas abertas e fechadas.

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Samara (2008) define que um questionário é estruturado quando se tem uma

sequência lógica de perguntas que não podem ser modificadas nem conter inserções do

entrevistador. As perguntas deverão ser feitas exatamente como estão escritas no formulário

de coleta de dados.

O primeiro questionário foi destinado aos tutores de cães de pequeno porte da

cidade de Cuiabá. Este foi uma adaptação de uma monografia do curso de engenharia de

alimentos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul no ano de 2009 pela graduada

Paula Zilles Schuch. Tal questionário foi confeccionado e aplicado utilizando-se a

plataforma do Surveymonkey, onde seu endereço eletrônico foi disponibilizado por meio da

mídia social Whatsapp. Com base nas infomações obtidas na revisão bibliográfica e na

etapa qualitativa da pesquisa, foi possível elaborar as perguntas do questionário, que se

dividem em blocos: porte do cão e envolvimento da pessoa com seu animal; hábitos e

preferências sobre o consumo de petiscos e por último, dados pessoas, para classificar

socioeconomicamente o entrevistado.

Decidir sobre a estrutura das questões foi uma das etapas de elaboração do

questionário. No questionário aplicado, foram utilizadas perguntas abertas (onde a resposta

é livre) e fechadas (possíveis respostas são fornecidas ao entrevistado). Dentre as perguntas

fechadas, adotaram-se questões fechadas com respostas simples (escolhe-se uma única

alternativa), dicotômicas (as alternativas são sim ou não), múltipla escolha (pode-se marcar

mais de uma alternativa) e respostas escalonadas (que mede o grau de importância dado a

um determinado aspecto).

Aplicou-se um pré-teste, processo que consiste no cumprimento de um determinado

número de questionários, onde são observados fatores como: tempo de aplicação, dúvidas do

entrevistado, adequação da estrutura, entre outros (BUSS et al., 2006). Aplicando-se seis

questionários no pré-teste, constatou-se que o tempo médio de resposta foi de dois minutos.

Foram observadas dificuldades em responder a questão de seleção dos itens que se julga

essencial na compra do petisco, pois a pessoa só poderia marcar três opções das oito

existentes. Com base nessas observações foram feitos os ajustes necessários.

O segundo questionário foi destinado a um grupo de médicos veterinários, com o

propósito de verificar se estes poderiam ser um possível canal de vendas e distribuição dos

petiscos naturais. As perguntas foram feitas pessoalmente para obter um maior grau de

informações e anotações a respeito do assunto. As perguntas foram abertas (onde a resposta é

livre) e fechadas (possíveis respostas são fornecidas ao entrevistado). Dentre as perguntas

fechadas, adotaram-se questões fechadas com respostas simples (escolhe-se uma única

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alternativa), dicotômicas (as alternativas são sim ou não), múltipla escolha (pode-se marcar

mais de uma alternativa) e respostas escalonadas (que mede o grau de importância dado a um

determinado aspecto). Foram abordados os seguintes aspectos: fatores que considera

importante na indicação de petiscos na loja; perfil do consumidor de petiscos e sua

preocupação com a alimentação dos animais; preferências e hábitos de compra; motivações

para a compra de petiscos; aspectos que o consumidor leva em conta na hora de escolher o

petisco; tipos de petiscos recomendados.

Após o término da coleta de dados foi iniciado o processo de reunião e tabulação dos

mesmos. Durante esta etapa foram utilizados programas computacionais, predominantemente

o Microsoft Excel.

A estatísitica descritiva pode ser definida como um conjunto de técnicas destinadas a

descrever e resumir os dados, a fim de que possamos tirar conclusões a respeito das

características de interesse e é, geralmente, utilizada na etapa inicial da análise

(MAGALHÃES, 2010). A maneira mais comum é a simples observação dos valores a fim de

tirar conclusões de maneira informal e direta.

4. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Para realização da pesquisa foi aplicado um questionário contendo dez perguntas

para sessenta e nove tutores de cães. O intuito foi averiguar o perfil de consumo desses tutores

e a sua propensão a adquirir o produto aqui estudado. A pesquisa abrangeu os meses de

Outubro e Novembro de 2018.

Em um segundo momento, foi aplicado um questionário contendo nove perguntas a

Médicos Veterinarios com o objetivo de verificar o motivo que os levam a recomendar

determinado petisco a seus clientes. Foram aplicados quatro questionários, porém, obteve-se

retorno de apenas um. Os demais não se demonstraram solícitos em participar da presente

pesquisa.

4.1 Resultado

Assim, diante das perguntas apresentadas nos questionários, obtiveram-se os

seguintes resultados, conforme analisado a seguir. A primeira pergunta questiona sobre o

porte do cão do entrevistado. Dos entrevistados, 47,83% responderam que possuem um cão de

porte pequeno; 31,88% responderam que possuem um cão de porte médio; e 20,29%

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responderam que possuem um cão de porte grande.

Gráfico 1. Porte do Cão

Pergunta: Qual o porte do seu cão?

Fonte: Dados da Pesquisa (2018).

A segunda pergunta questiona como o tutor classificaria a relação com o seu cão.

Dos entrevistados 84,06% responderam que consideram o seu cão como se fosse membro da

família; 14,49% ressaltaram que ele traz alegria e diversão para a família; e apenas 1,45%

afirmaram que consideram seu cão apenas como um animal de guarda e proteção.

Gráfico 2. Relação entre Cão e Tutor

Pergunta: Como você classifica sua relação com seu cão?

Fonte: Dados da Pesquisa (2018)

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A terceira pergunta questiona se o tutor tem o costume de oferecer petiscos ao seu

cão. Dos entrevistados, 88,41% responderam que sim; e 11,59% responderam que não. Para

aqueles que assinalaram “não” foi solicitado que pulassem as questões 8,9 e 10.

Gráfico 3. Costume de Oferecer Petiscos ao Cão

Pergunta: Você tem o costume de oferecer petiscos ao seu cão? Se a resposta for não, favor pular para as

questões 8, 9 e 10.

Fonte: Dados da Pesquisa (2018).

A quarta pergunta questiona onde o tutor costuma adquirir os petiscos. Dos

entrevistados, 42,21% responderam que compram no supermercado; 37,77%responderam que

adquirem em pet shops; 6,66% responderam que adquirem em clínicas veterinárias; e apenas

3,33% responderam que adquirem em lojas de agropecuária. Cerca de 10% declararam que

adquirem em outros lugares, dentre esses lugares, os mais citados foram petiscos caseiros

(feitos em casa) e internet.

Gráfico 4. Lugares que Adquire Petiscos

Pergunta: Onde você costuma comprar petiscos para cães?

Fonte: Dados da Pesquisa (2018).

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A quinta pergunta questiona aos entrevistados se eles se sentem satisfeitos com os

produtos oferecidos pelo mercado atualmente. Dos entrevistados, 70,77% respondem que sim

e 29,23% responderam que não. Quando indagados sobre o porquê, as respostas mais comuns

foram: “são feitos com muitos produtos químicos”, “poucas opções e com muito sódio”, “não

tem muitas opções orgânicas/naturais”, “falta de informações sobre a procedência dos

petiscos”, “os sabores industrializados não atraem o paladar do cão”.

Gráfico 5. Satisfação em Relação aos Petiscos Oferecidos no Mercado

Pergunta: Você está satisfeito com as opções de petiscos oferecidos no atual comério de produtos pet?

Fonte: Dados da Pesquisa (2008).

A sexta pergunta pede para que o participante selecione as três principais opções que

ele julgava essenciais ao comprar o petisco. Entre as opções essenciais, entre os entrevistados

a questão mais selecionada foi a aceitação pelo cão com 80,30%. Em seguida, os participantes

relataram que escolhem os petiscos pelos benefícios a saúde do cão; 56,05% afirmaram que

um elemento essencial é o valor acessível; 30,30% dos entrevistados afirmaram não

processados ou industrializados; 21,21% indicaram que precisa ter boa aparência e ser de uma

marca conhecida, respectivamente; 19,70% estar disponível nos locais de compra que

frequenta. Por fim, 15,15% por indicação de especialistas.

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Gráfico 6. Fatores Essenciais ao Adquirir Petiscos

Pergunta: Seleciona as 3 principais opções que você julga essencial ao comprar o petisco para seu cão.

Fonte: Dados da Pesquisa (2018).

A sétima pergunta questiona se os entrevistados estão dispostos a comprar petiscos

que podem contribuir para a saúde de seu cão. Dos entrevistados, 94,4% responderam que

sim; e 5,47% responderam que talvez.

Gráfico 7. Propensão a Adquirir Petiscos Saudáveis

Pergunta: Você está disposto a comprar petiscos que podem contribuir com a saúde do seu cão

Fonte: Dados da Pesquisa (2018).

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As três últimas perguntas trataram sobre o perfil dos potenciais consumidores. A

oitava pergunta buscou classificar os participantes de acordo com o gênero. Dos

entrevistados, 91,30% relataram que são do sexo feminino e 8,70% do sexo masculino.

Gráfico 8. Classificação dos Participantes da Pesquisa de Acordo com o Genero

Pergunta: Para terminar, gostaríamos de saber algumas informações sobre você. Qual seu sexo?

Fonte: Dados da Pesquisa (2018).

A nona pergunta buscou classificar os participantes de acordo com a idade. Dos

entrevistados, 55,07% relataram que possuem entre 19 a 25 anos; 28,99% entre 26 e 35 anos;

7,25% entre 46 e 55 anos; 5,80% entre 36 e 45 anos e 1,45% até 18 anos e acima de 55 anos,

respectivamente.

Gráfico 9. Classificação dos Participantes da Pesquisa de Acordo com a Idade

Pergunta: Qual a sua idade?

Fonte: Dados da Pesquisa (2018).

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A décima pergunta buscou classificar os participantes de acordo com a renda

familiar. Dos entrevistados, 30,43% afirmou ter renda familiar de R$ 5.001,00 a R$10.000,00;

26,09% acima de R$ 10.000,00; 18,84% de R$ 1.501,00 a R$ 3.000,00; e a mesma

porcentagem de R$ 3.001,00 a R$ 5.000,00; 5,80% relataram ter renda de R$ 1.000,00 a R$

1.500,00.

Gráfico 10. Classificação dos Participantes da Pesquisa de Acordo com a Renda Familiar

Pergunta: Qual a sua renda familiar mensal em reais?

Fonte: Dados da Pesquisa (2018).

4.2 Análise

A determinação de algumas características dos respondentes pode propor uma

segmentação de mercado realizando-se análise conjunta de informação de localização

geográfica, estilo de vida, sexo, idade, ocupação, renda (CARNEIRO, 2017).

A segmentação define-se como processo de dividir mercados em grupos de

consumidores com necessidades e/ou características similares, que, provavelmente, exibirão

comportamento de compra similar (SOUZA et. al., 2017). Esta característica, pode também

assumir o papel de identificação e conquista de novos mercados, podendo atentar para clientes

com necessidades específicas ainda não satisfeitas (SOARES; CARVALHO, 2004).

Observou-se nesta pesquisa, um mercado promissor, com necessidade de marketing

específico para atender mulheres, com médio/alto poder aquisitivo, tutoras de um número

reduzido de animais, com marcante viés de humanização e preocupação com a saúde de seus

animais, que consideram em sua maioria, como membros da familia, conforme foi descrito

anteriormente.

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Koppel (2014) menciona que o odor de comida precisa ser combinado com sabor

para que os alimentos sejam continuamente aceitos pelos animais de companhia e com isso é

importante observar o perfil de consumo dos alimentos.

Analisando-se o gráfico 6, é possível observer que 80,30% dos tutores declararam

que um dos fatores essenciais para adquirir os petiscos são a aceitabilidade do animal, Koppel

(2014) cita que os gatos e cahorros têm grande capacidade olfativa e gustativa e grande

exigência por alimentos palatáveis, sendo muito sensíveis a qualidade de seu alimento. A

pesquisa mostra que os tutores consideram o quesito aceitabilidade do cão essencial no

momento de escolha e compra do petisco.

A composição do produto é um fator que pode influenciar no consumo. A

porcentagem de proteína bruta poderia influenciar o consumo dos biscoitos a base de carne

(BRADSHAW et al., 1996).

Ainda no gráfico 6, o resultado observado quanto à “indicação por especialistas”

mostrou-se inferior aos outros critérios de escolha, caracterizando 15,15% das opções,

divergindo com a monografia da graduada Paula Zellis Schuch da Univerdade Federal do Rio

grande do Sul, que evidenciou que a indicação pelo médico veterinário foi um dos fatores

mais importantes na escolha do petisco.

A “marca” e o “preço” são os pontos relevantes a serem analisados, pois

representaram 21,21% e 56,06%, respectivamente, de acordo com o gráfico 6 da pesquisa.

Ações de marketing rótulos mais atrativos e propagandas bem elaboradas do produto podem

garantir a compra deste pelos tutores, no anseio de agradar seus animais.

Esta realidade é realmente preocupante quando se considera a saúde do animal, uma

vez que geralmente os tutores não leem as instruções de rótulo, acabam por oferecer

quantidades maiores do que as preconizadas para petiscos (10% da exigência de energia

metabolizável diária) e podem com isso levar os animais à obesidade (ACKERMAN, 1999).

Entre os motivos para insatisfação dos tutores em relação aos produtos oferecidos no

mercado atualmente, os motivos apresentados de acordo com a pergunta 5, foram: “são feitos

com muito produto químico”, “prefiro os naturais”, “pouca opção e com muito sódio”, “não

tem muita opção de orgânicos e/naturais”, “não acredito que seja benéfico a saúde deles”,

“gostaria de algo mais saudável com menos conservantes e transgênicos”, “falta informação

sobre a procedência dos petiscos”, “os sabores industrializados não atraem o paladar do meu

cão”, “muito artificial”, “gostaria de algo mais natural, limpo de substâncias químicas”, e por

fim “muita gordura”.

Além disso, os produtos com apelos nutricionais diferenciados e formulações

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específicas estão à disposição em lojas especializadas (pet shops e clínicas veterinárias).

Como citado por Schuch (2009), os tutores adquirem petiscos para cães em supermercados,

onde não se encontra produtos diferenciados.

O local de compra foi outro fator relevante nesta pesquisa, pois demonstrou que

58,46% dos entrevistados costumam comprar petiscos para cães em supermercados, conforme

citado no gráfico 4 deste artigo. Neste caso, seria necessário um estudo que possibilitasse

desenvolver um petisco natural em larga escala a fim de atender a demanda específica

Em relação ao questionário aplicado aos especialistas, médicos veterinários,

relataram que costumam indicar os seguintes pestiscos: ossos naturais e petiscos desidratados.

Quando indagados: por qual motivo você recomenda ou recomentaria esses petiscos? “Porque

acredito na alimentação natural e tento diminuir o uso de produtos industrializados nas

refeições dos pacientes”.

Já em relação a indagação se costumam recomendar petiscos naturais aos turores de

pets, o partcipante da pesquisa foi categórico ao dizer que sim e que essa recomendação não

era relacionada em relação a idade dos pets ou condições clínicas.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante dos aspectos explorados neste trabalho que teve como objetivo realizar uma

pesquisa de mercado a fim de dar subsídio ao plano de negócios de uma empresa de Biscoitos

Naturais para Cachorro é possivel observar que o mercado de petiscos naturais para cães é

bastante promissor, a maioria dos participantes da pesquisa se demonstraram receptivos com o

apelo do produto, desde que apresente um valor competitivo e seja de fácil acesso,

disponibilizado, sobretudo em supermercados e pet shops, locais onde os tutores relataram

adquirir seus produtos na maioria das vezes. Dessa forma, sugere-se futuras pesquisas para

verificar a possibilidade de se produzir em larga escala a fim de atender esse público alvo.

A palatatividade foi um fator considerado importante pelos tutores, que relataram que

se o cão não aceitar bem o alimento, não voltaria a adquiri-lo. O que ressalta ainda mais a

importância da aplicação de testes especializados de aceitação antes de o produto ser

comercializado.

Ao realizar a pesquisa, constatou-se a importância e os benefícios que um plano de

negócios pode trazer ao empreendedor, pois as chances de insucesso da empresa podem ser

minimizadas, bem como um estudo de viabilidade pode contribuir para que o mesmo tenha

uma boa visão do negócio que pretende abrir, através de pesquisas com concorrentes,

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fornecedores e potenciais clientes a fim de obter informações de mercado, além das provisões

de vendas e cenários.

A carência de literatura específica acadêmica que explore o tema de consumo de

petiscos para cães, que investigue aspectos comportamentais e preferências pode ser colocada,

seguramente, como a maior limitação deste trabalho. Ao mesmo tempo, isto lhe confere certo

grau de ineditismo e permite, sobretudo, que indique os caminhos para investigações futuras.

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