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PESQUISA SÍSMICA MARÍTIMA 3D NA BACIA DE MOÇAMBIQUE, ÁREA DO DELTA DO ZAMBEZE AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL RELATÓRIO PRELIMINAR VOLUME I RELATÓRIO DO ESTUDO DE P-VIABILIDADE E DEFINIÇÃO DE ÂMBITO (EPDA) Preparado para: Preparado por: Spectrum Geo Ltd Consultec Consultores Associados, Lda. Setembro 2015

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PESQUISA SÍSMICA MARÍTIMA 3D NA

BACIA DE MOÇAMBIQUE, ÁREA DO

DELTA DO ZAMBEZE

AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL

RELATÓRIO PRELIMINAR

VOLUME I – RELATÓRIO DO ESTUDO DE PRÉ-VIABILIDADE E DEFINIÇÃO DE

ÂMBITO (EPDA)

Preparado para: Preparado por:

Spectrum Geo Ltd Consultec – Consultores Associados, Lda.

Setembro 2015

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Vol I - Relatório EPDA ii

PESQUISA SÍSMICA MARÍTIMA 3D NA

BACIA DE MOÇAMBIQUE, ÁREA DO

DELTA DO ZAMBEZE

AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL

RELATÓRIO PRELIMINAR

VOLUME I – RELATÓRIO DO ESTUDO DE PRÉ-VIABILIDADE E DEFINIÇÃO DE

ÂMBITO (EPDA)

Spectrum Geo Ltd

Dukes Court

Duke Street

Woking

Surrey GU21 5BH

UK

Consultec - Consultores Associados, Lda.

Rua Tenente General Oswaldo Tazama, n.º 169

Maputo, Moçambique

Telefone: +258-21-491-555

Fax: +258-21-491-578

Setembro 2015

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ÍNDICE DE VOLUMES

RNT – Resumo Não Técnico

Volume I – Relatório do Estudo de Pré Definição de Âmbito (EPDA)

Capítulo 1 – Introdução

Capítulo 2 – Enquadramento Legal

Capítulo 3 – Abordagem e Metodologia de AIA

Capítulo 4 – Visão Geral do Projecto

Capítulo 5 –Situação de Referência Biofísica e Socioeconómica

Capítulo 6 – Potenciais Impactos Ambientais e Sociais

Capítulo 7 – Falhas Fatais

Capítulo 8 – Questões Chave

Capítulo 9 – Conclusões

Capítulo 10 – Referências Bibliográficas

Volume II – Termos de Referência

Capítulo 1 – Introdução

Capítulo 2 – Abordagem ao EIA

Capítulo 3 – Metodologia de Avaliação de Impactos

Capítulo 4 – Estudos de Especialistas

Capítulo 5 – Equipa proposta para a fase de EIA

Volume III – Anexos

Anexo I – Certificado de Registo da Consultec no MITADER

Anexo II – Categorização do Projecto de Pesquisa Sísmica pelo MITADER

Volume IV – Relatório do Processo de Participação Pública

(em curso)

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Vol I - Relatório EPDA iv

ÍNDICE GERAL

1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 1

1.1 CONSULTOR AMBIENTAL ........................................................................................................ 2

1.2 OBJECTIVO DO RELATÓRIO ..................................................................................................... 3

1.3 ESTRUTURA DO RELATÓRIO .................................................................................................... 3

2 ENQUADRAMENTO LEGAL ........................................................................................................ 5

2.1 LEI DO AMBIENTE E REGULAMENTOS ....................................................................................... 5

2.2 LEI DE PETRÓLEOS E REGULAMENTOS ..................................................................................... 6

2.3 OUTRAS CONSIDERAÇÕES LEGAIS ........................................................................................... 8

2.4 CONVENÇÕES INTERNACIONAIS RELEVANTES ........................................................................11

3 ABORDAGEM E METODOLOGIA DA AIA ................................................................................17

3.1 FASE DE PRÉ-AVALIAÇÃO E/OU PRÉ-SELECÇÃO ......................................................................17

3.2 FASE DE DEFINIÇÃO DO ÂMBITO ...........................................................................................18

3.3 ESTUDOS ESPECIALIZADOS E AVALIAÇÃO DE IMPACTOS / EIA ................................................18

3.4 PROCESSO DE PARTICIPAÇÃO PÚBLICA ................................................................................20

4 VISÃO GERAL DO PROJECTO ................................................................................................24

4.1 NOVO SISTEMA PROLÍFICO DE PETRÓLEO .............................................................................24

4.2 INDÚSTRIA DO GÁS E PETRÓLEO ..........................................................................................27

4.3 JUSTIFICAÇÃO DO PROJECTO ...............................................................................................29

4.4 ANTECEDENTES – FASE DE IP/EPDA ...................................................................................31

4.5 DESCRIÇÃO DO PROJECTO ...................................................................................................33

4.6 PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS ..........................................................................................53

4.7 EFEITO DO AMBIENTE NO PROJECTO .....................................................................................58

5 SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA BIOFÍSICA E SOCIOECONÓMICA ..........................................59

5.1 DEFINIÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ...........................................................................................59

1.1 CLIMA .................................................................................................................................60

1.2 VULNERABILIDADE A DESASTRES NATURAIS ...........................................................................61

5.2 OCEANOGRAFIA ...................................................................................................................63

5.3 GEOLOGIA ...........................................................................................................................65

5.4 AMBIENTE BIOLÓGICO MARINHO ...........................................................................................70

5.5 ÁREAS PROTEGIDAS E ÁREAS COM IMPORTÂNCIA ECOLÓGICA ...............................................83

5.6 AMBIENTE SOCIOECONÓMICO ...............................................................................................88

6 POTENCIAIS IMPACTOS AMBIENTAIS E SOCIAIS ................................................................99

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Vol I - Relatório EPDA v

7 FALHAS FATAIS ......................................................................................................................104

8 QUESTÕES CHAVE ................................................................................................................105

9 CONCLUSÕES .........................................................................................................................107

10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .........................................................................................108

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 - Categorização do Projecto de acordo com o Decreto n.º 56/2010, de 22 de Novembro. .. 8

Figura 2 - Processo de AIA para projectos de Categoria A ..............................................................18

Figura 3-Localização das quatro províncias avaliadas e das unidades de avaliação (UA) ao longo

da costa central do leste de África. ...................................................................................................24

Figura 4-Colunas estratigráficas generalizadas da costa de Moçambique, canal de Moçambique e

das províncias de Morondava e Seycheles ao longo da costa leste de África. ................................25

Figura 5 – Reservas de hidrocarbonetos ..........................................................................................28

Figura 6 - 5º Concurso de Concessão de Áreas para Pesquisa e Produção de Hidrocarbonetos ..29

Figura 7-Cobertura sísmica 3D em bacias africanas ........................................................................30

Figura 8 – Áreas de pesquisa sísmica (2D e 3D) apresentadas na fase de Instrução de Processo32

Figura 9 – Área de pesquisa sísmica 3D apresentada na fase de EPDA ........................................33

Figura 10 - Ciclo de vida das operações de petróleo e gás ..............................................................34

Figura 11 – Pesquisa Sísmica 3D – Área do Selta do Zambeze ......................................................35

Figura 12- Diagrama ilustrativo do funcionamento da pesquisa sísmica marinha ...........................38

Figura 13 – Representação esquemática de um navio de pesquisa sísmica 3D típico (este exemplo

mostra 6 “streamers”) ........................................................................................................................40

Figura 14- Navio sísmico típico puxando o “streamer” e um geofísico processando os dados

obtidos ...............................................................................................................................................40

Figura 15- Área de trabalho dos geofísicos e operadores do barco, a bordo de um navio de

aquisição sísmica ..............................................................................................................................41

Figura 16 - Exemplos de imagens da superfície abaixo do fundo do mar e dos dados processados41

Figura 17-Exemplo de um navio sísmico típico ................................................................................42

Figura 18- Equipamento a bordo de um navio sísmico 2D, antes de ser colocado na água ...........43

Figura 19- Esta foto mostra um “streamer” enrolado num carretel, antes de ser colocado na água45

Figura 20-O comprimento dos “streamers” tem aumentado ao longo do tempo com o

aperfeiçoamento da tecnologia .........................................................................................................46

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Vol I - Relatório EPDA vi

Figura 21- Diagrama de uma operação de disparo. .........................................................................47

Figura 22- Diagrama de observação dos biota com representação de: centro do conjunto de

canhões de ar (centro da figura), área de segurança de 500 m e área de aviso entre 500 m e 1000

m. .......................................................................................................................................................56

Figura 23 – Diagrama da dimensão da zona de exclusão (segurança), zona definida por um raio

de 1 km ao redor da embarcação sísmica alargando a um raio de 2 km em direção ao fim da

cauda do cabo rebocado ...................................................................................................................59

Figura 24 – Caracterização do clima mundial de acordo com a classificação de Kõppen. ..............60

Figura 25 – Principais tempestades tropicais no oceano Índico entre 2013 e 2014 ........................62

Figura 26 – Representação esquemática das correntes marinhas durante a monção de verão

(sudoeste) ..........................................................................................................................................63

Figura 27 – Batimetria no Canal de Moçambique e principais características de circulação das

correntes ............................................................................................................................................65

Figura 28-Ruptura de Gondwana (Abreviaturas CUG – Grabén-Chire-Urema; DZF – Zona da

Fractura Davie; Moz. Basin-Bacia de Moçambique) .........................................................................66

Figura 29 – Distribuição das bacias sedimentares e dos maiores campos de petróleo e gas na

Costa Oriental Africana. ....................................................................................................................67

Figura 30 – Zona da Pesquisa Sísmica 3D na Área do Delta do Zambeze (linha vermelha) ..........69

Figura 31 - Perfil regional exemplificativo das estruturas do quadro geológico regional resultantes

de interpretação sísmica ...................................................................................................................69

Figura 32 – Possível migração de hidrocarbonetos na zona da Depressão Offshore do Zambeze

(entre a Nemo High e a Beira High) ..................................................................................................70

Figura 33 - Tipos de costa de Moçambique ......................................................................................71

Figura 34 - Mangais nas proximidades de Angoche na província da Zambézia (fonte: WWF) e

mangais na costa da província de Sofala (fonte: http://www.alltravels.com) ....................................72

Figura 35- Prados ervas marinhas deThalassodendrum ciliatum (esquerda;

fonte:www.seagrassrecovery.com) e de Cymodocea e Halodule sp. (direita, fonte

//www.vliz.be/projects/marineworldheritage)) ....................................................................................74

Figura 36 - Distribuição das tartarugas marinhas (•) e áreas de nidificação (○) ao longo da costa

moçambicana. ...................................................................................................................................80

Figura 37 – Localização do Parque Nacional do Arquipélago de Bazaruto relativamente à área de

Pesquisa, com indicação das áreas prioritárias da Eco-região Marinha de África Oriental mais

próximas ............................................................................................................................................84

Figura 38 – Reserva nacional do Marromeu .....................................................................................85

Figura 39 – Áreas Prioritárias da Eco-região Marinha de África Oriental (EMAO) na zona de estudo87

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Vol I - Relatório EPDA vii

Figura 40 – Área de pesquisa e limites da pesac artesal e semi indutrial ........................................93

Figura 41 – Rotas de Tráfego marítimo global ..................................................................................97

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1- Papéis e qualificações dos membros da equipa de AIA ..................................................... 2

Tabela 2 - Funções e qualificações dos consultores especialistas ao processo de AI ...................... 3

Tabela 3 – Estrutura do relatório ......................................................................................................... 4

Tabela 4 – Petróleo e Gás – Principais Leis e Regulamentos em Moçambique ................................ 7

Tabela 5 - Pesca artesanal e distâncias de prática autorizadas .......................................................10

Tabela 6 – Lista de espécies protegidas (adaptada do Anexo II, Decreto n.º 51/99, de 31 de

Agosto, Regulamento da Pesca Recreativa e Desportiva) ...............................................................10

Tabela 7 – Estudos especializados que integram a AIA a ser realizada ..........................................19

Tabela 8 – Principais características da localização das pesquisas propostas ...............................35

Tabela 9 - Tipos de resíduos e os métodos de tratamento/eliminação ............................................49

Tabela 10 – Registo de ciclones que atingem a costa Moçambicana (1993 a 2012). .....................61

Tabela 11 - Cetáceos Marinhos com potencial ocorrência na área de estudo, e épocas de

residência e reprodução ....................................................................................................................75

Tabela 12 – Espécies de tartarugas existentes no Canal de Moçambique ......................................77

Tabela 13 – Espécies mesopelágicas mais frequentemente observadas no litoral de Moçambique.82

Tabela 14 – AMP existentes em Moçambique ..................................................................................83

Tabela 15– Parque Nacional de Bazaruto: Hotspot de Biodiversidade em Moçambique ................84

Tabela 16 - Delta do Zambeze&Complexo de Marromeu: Hotspot de biodiversidade .....................86

Tabela 17 - Divisão política e administrativa da área do projecto ....................................................88

Tabela 18 – Densidade populacional nas Províncias costeiras, 2011. ............................................89

Tabela 19 – Estatísticas da educação nas províncias costeiras ......................................................90

Tabela 20 – Principais centros de desenvolvimento pesqueiro. .......................................................95

Tabela 21 - Principais destinos turísticos. .........................................................................................95

Tabela 22 - Identificação de potenciais impactos ...........................................................................100

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Vol I - Relatório EPDA viii

LISTA DE ACRÓNIMOS E ABREVIATURAS

Acrónimo Significado

AIA Avaliação do Impacto Ambiental

DNAIA Direcção Nacional de Avaliação do Impacto Ambiental

EAME Eco-região Marinha da África Oriental

EAS Estudo Ambiental Simplificado

EIA Estudo de Impacto Ambiental

EMC Corrente do Este de Madagáscar

ENH Empresa Nacional de Hidrocarbonetos de Moçambique

EPDA Estudo de Pré-viabilidade Ambiental e Definição do Âmbito

INP Instituto Nacional do Petróleo

IUCN União Internacional para a Conservação da Natureza

km Quilómetro

m Metro

MAP Monitorização Acústica Passiva

MARPOL Convenção Internacional de Prevenção de Poluição Proveniente das Embarcações

MITADER Ministério da Terra, do Ambiente e do Desenvolvimento Rural

mn milhas náuticas

OMM Observador de Mamíferos Marinhos

PGA Plano de Gestão Ambiental

PI&A Partes Interessadas e Afectadas

PPP Processo de Participação Pública

SEC Corrente Equatorial do Sul

tcf Triliões de pés cúbicos

TdR Termos de Referência

ZEE Zona Económica Exclusiva

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Vol I - Relatório EPDA 1

1 Introdução

O Grupo Spectrum construiu uma fiável reputação de prestador de serviços sísmicos que atende a

uma clientela global. O Grupo, com escritórios regionais no Reino Unido, EUA, Noruega,

Singapura e na Austrália fornece serviços inovadores, multi-cliente e de alta qualidade de imagem

sísmica. O Grupo Spectrum também inclui centros de processamento regionais no Cairo e em

Jacarta.

A Visão corporativa do grupo pretende a liderança na prestação de serviços de imagens sísmicas

a nível mundial através da persistência, dedicação e compromisso com a qualidade. A Spectrum

tem uma vasta experiência na realização de pesquisas sísmicas marítimas 2D e 3D em todo o

mundo, e concluiu recentemente um grande projecto 2D na Bacia de Orange, ao largo da África do

Sul, sem quaisquer incidentes ou impacto ambiental, como concluiu o Relatório Ambiental

Independente produzido para a Agência de Petróleo da África do Sul.

O Grupo Spectrum propõe realizar actividades de pesquisa sísmica 3D dentro da área definida por

este relatório. A área apresenta um total de 34.00 km2. No entanto, a Spectrum apenas realizará

as actividades de pesquisa em zonas selecionadas dentro desta área. As pesquisas visam obter

dados sísmicos 3D em águas profundas ao largo das províncias de Sofala e da Zambézia. Neste

momento, só é possível apresentar uma área de interesse, em vez da localização específica das

linhas sísmicas que ainda não estão definidas.

De forma a obter a Licença Ambiental requerida nos termos da Lei do Ambiente (Lei n.º 20/97 de 1

de Outubro) e como requerido pelo Artigo 26º do Regulamento para as Operações Petrolíferas

(Decreto n.º 24/2004, de 20 de Agosto), o Grupo Spectrum deverá conduzir um processo de

Avaliação de Impacto Ambiental (AIA). O processo de AIA para as operações petrolíferas é

definido no Regulamento Ambiental para as Operações Petrolíferas (Decreto n.º 56/2010, de 22

de Novembro).

A Consultec - Consultores Associados, Lda foi selecionada pela Spectrum para levar a cabo o

processo de AIA em seu nome.

O presente documento constitui o Relatório do Estudo de Pré-viabilidade Ambiental e Definição do

Âmbito (EPDA), realizado como parte do processo de AIA do Projecto. O EPDA foi elaborado em

conformidade com os termos definidos no Regulamento de Avaliação do Impacto Ambiental

(Decreto n.º 45/2004, de 29 de Setembro e Decreto n.º 42/2008, de 4 de Novembro), do

Regulamento Ambiental para Operações Petrolíferas (Decreto n.º 56/2010 de 22 de Novembro) e,

de outros regulamentos moçambicanos relevantes para o processo de AIA, assim como em

normas e directrizes internacionais importantes para o processo de AIA.

Os principais objectivos do EPDA são identificar quaisquer falhas fatais (riscos ambientais e

sociais inaceitáveis) que possam ameaçar a viabilidade do projecto e identificar os potenciais

impactos que terão uma avaliação mais aprofundada durante a fase subsequente EIA.

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PESQUISA SÍSMICA MARÍTIMA 3D NA BACIA DE MOÇAMBIQUE, ÁREA DO DELTA DO ZAMBEZE

Vol I - Relatório EPDA 2

1.1 Consultor Ambiental

O processo de AIA está a ser conduzido pela CONSULTEC - Consultores Associados Lda.

A Consultec sediada em Maputo é uma companhia moçambicana registada como Consultor

Ambiental na Direcção Nacional de Avaliação do Impacto Ambiental (DNAIA) do Ministério da

Terra, do Ambiente e do Desenvolvimento Rural (MITADER). Uma cópia do referido registo está

apresentada no Anexo I do presente documento.

Os contactos da organização estão fornecidos abaixo. A Consultec será o elemento principal de

contacto relativamente a este projecto, juntamente com o MITADER e com outras autoridades

competentes.

Consultor do Projecto CONSULTEC - Consultores Associados, Lda.

Endereço Rua Tenente General Oswaldo Tazama, 169

Maputo, Moçambique

Pessoa de contacto Tiago Dray

Número de contacto + 258-21-491 555

Número de fax + 258-21-491-578

E-mail [email protected]

Os membros da equipa gestora da AIA, respectiva experiência e funções desempenhadas na

equipa, são apresentados em pormenor na tabela seguinte.

Tabela 1- Papéis e qualificações dos membros da equipa de AIA

Nome Função Qualificações e experiência

Tiago Dray Director do Projecto: Proporciona a direcção estratégica sobre o processo de AIA, de forma a garantir o cumprimento da legislação moçambicana, e estabelece o ponto de contacto com o cliente e com as autoridades moçambicanas.

O Tiago possui formação superior em Biologia pela Universidade Clássica de Lisboa. Durante a sua carreira profissional, tem vindo a trabalhar como director em várias empresas. O Tiago é actualmente coordenador da área de ambiente da Consultec e um dos administradores da empresa.

Susana Paisana Gestora do Projecto: Responsável pela gestão diária do processo de AIA, pela elaboração dos estudos especializados, dos Relatórios de EPDA e de EIA e, pela coordenação do processo de consulta pública.

Licenciada em Geologia – Ramo Científico, pela Faculdade de Ciências da Universidade Clássica de Lisboa (FCUCL), tem uma pós-graduação em Geotecnia pelo Instituto Superior Técnico (IST), está envolvida na avaliação de avaliação de impacto para os projectos públicos e privados em Portugal, Cabo Verde e Moçambique.

Marta Henriques Assistente da Gestora do Projecto: Coordenação da tradução e da compilação de relatórios, coordenação e gestão do processo de consulta ao público.

Licenciada em Biologia – Ramo Tecnológico, pela Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP) tem uma Pós-graduação em Gestão e Políticas Ambientais pela Universidade de Évora (EU). A sua actividade profissional tem sido desenvolvida em Portugal, Moçambique e Cabo Verde.

A equipa da AIA é igualmente apoiada por uma equipa de consultores especialistas, responsáveis

pela caracterização da situação de referência e pela avaliação de impactos. Os detalhes

adicionais dos membros da equipa estão indicados na tabela apresentada em baixo.

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PESQUISA SÍSMICA MARÍTIMA 3D NA BACIA DE MOÇAMBIQUE, ÁREA DO DELTA DO ZAMBEZE

Vol I - Relatório EPDA 3

Tabela 2 - Funções e qualificações dos consultores especialistas ao processo de AI

Nome Função Qualificações e experiência

Susana Paisana Especialista em Geologia (ver tabela 1)

Cristina Sequeira Especialista em Ecologia Cristina é Engenheira Agrônoma com experiência em avaliações de base ecológica em Estudos de Impacto Ambiental para diversos projectos, incluindo pontes, estradas, ferrovias, minas de reabilitação e outros. Grande experiência em trabalho de campo relacionado tanto a projectos de conservação da natureza e de avaliação de impacto ambiental. Experiência em trabalhar com equipas de fundo cultural diversificada.

Marta Henriques Especialista em Fauna (ver tabela 1)

Miguel Barra Especialista em Oceanografia Miguel é Engenharia Ambiental com mais de 10 anos de experiência na coordenação dos estudos ambientais. Participou em diversos projectos internacionais, particularmente em Moçambique, onde trabalhou como consultor técnico.

Samira Victor Especialista em Sócio Economia

Licenciada em Antropologia, Samira especializou-se na utilização de ferramentas quantitativas e qualitativas de pesquisa social e económica. A sua experiência AIA proporciona-lhe uma boa compreensão de métodos participativos e de consulta necessários para uma participação pública bem sucedida, enquanto a sua formação base proporcionou-lhe as ferramentas de avaliação dos bens e serviços não baseados em mercados.

1.2 Objectivo do relatório

O presente Relatório do EPDA foi compilado como parte integrante do Processo de Avaliação do

Impacto Ambiental (AIA) para o Projecto proposto pela Spectrum de Pesquisa Sísmica Marítima

3D, Bacia de Moçambique, Delta do Zambeze. Este relatório tem por objectivo apresentar as

constatações da Fase de Definição do Âmbito do processo de AIA, para aprovação pelo

MITADER.

O principal objectivo deste relatório é o de identificar as questões e preocupações ambientais,

relacionadas com o Projecto (ver Capítulo 6 e 7 referente ao resumo dos principais aspectos

identificados) que deverão ser abordadas na fase subsequente do processo de AIA. A avaliação

dos potenciais impactos será realizada no Estudo de Impacto Ambiental (EIA).

Assim, o presente Relatório de EPDA pretende:

Descrever o Projecto proposto;

Descrever as condições biofísicas e socioeconómicas da área de estudo;

Enumerar as potenciais questões e aspectos identificados durante a consulta pública

inicial.

Deve-se salientar que este relatório não proporciona qualquer avaliação dos potenciais impactos

ambientais do Projecto, uma vez que essa avaliação só será realizada e apresentada no relatório

de EIA.

1.3 Estrutura do relatório

Este relatório inclui dez capítulos, cujo conteúdo vem descrito na Tabela 3 abaixo.

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Vol I - Relatório EPDA 4

Os Termos de Referência (TdR) para o EIA são apresentados no Volume II e irão servir como

diretrizes para a fase de avaliação de impactos.

Tabela 3 – Estrutura do relatório

Secção Descrição

Capítulo 1 Introdução

Apresenta o estudo e define os principais objectivos e metas do relatório

Capítulo 2 Enquadramento Legal

Descreve as exigências legislativas de relevância para o Projecto e para o processo de AIA

Capítulo 3 Abordagem e Metodologia da AIA

Descreve os passos executados até à data no processo de AIA e, os passos previstos para as fases subsequentes

Capítulo 4 Visão Geral do Projecto

Proporciona uma visão dos antecedentes do projecto e a descrição do projecto proposto

Capítulo 5 Condições Ambientais e Socioeconómicas de Referência

Descreve o ambiente biofísico e socioeconómico existente que poderá, eventualmente, ser afectado pelo projecto

Capítulo 6 Potenciais Impactos Ambientais e Sociais

Identifica os potenciais impactos ambientais e sociais relacionados com a actividade proposta

Capítulo 7 Falhas Fatais

Identifica e discute eventuais falhas fatais associadas ao projecto que podem afectar a sustentabilidade ambiental e social do projecto.

Capítulo 8 Questões Chave

Discute as questões chave que a AIA irá focar na fase subsequente do processo, considerando os impactos identificados

Capítulo 9 Conclusões

Apresenta as conclusões do estudo de definição do âmbito

Capítulo 10 Referências bibliográficas

Proporciona a lista bibliográfica das citações utilizadas para a elaboração deste relatório

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PESQUISA SÍSMICA MARÍTIMA 3D NA BACIA DE MOÇAMBIQUE, ÁREA DO DELTA DO ZAMBEZE

Vol I - Relatório EPDA 5

2 Enquadramento legal

O processo de AIA seguido até a data teve em conta os requisitos da legislação de Moçambique e

as normas internacionais relevantes para a AIA orientando-se pelas suas directrizes. Este capítulo

proporciona uma breve visão geral da legislação aplicável ao Projecto em avaliação.

2.1 Lei do Ambiente e regulamentos

Segundo a Lei do Ambiente, Lei n.º 20/97 de 1 de Outubro, o processo de AIA é um instrumento

que apoia o Governo de Moçambique na tomada de decisão na atribuição da licença ambiental de

projectos de desenvolvimento. O licenciamento ambiental deverá preceder qualquer outra licença

legal requerida.

O Processo de AIA encontra-se regulamentado pelo Decreto n.º 45/2004, de 29 de Setembro

(Regulamento sobre o Processo de Avaliação do Impacto Ambiental), alterado pelo Decreto

n.º 42/2008, de 4 de Novembro (Alteração dos Artigos 5, 15, 18, 20, 21, 24, 25 e 29 do

Regulamento sobre o Processo de AIA). A Auditoria Ambiental e a Inspecção Ambiental estão

regulamentadas, respectivamente, pelos Decreto n.º 32/2003, de 12 de Agosto e Decreto n.

º

11/2006, de 15 de Junho.

De acordo com o Regulamento relativo ao Processo de Auditoria Ambiental, qualquer

actividade pública ou privada poderá ser sujeita a uma auditoria ambiental pública (a ser levada a

cabo pelo MITADER) ou privada (interna). A entidade alvo de auditoria deve facultar aos auditores

o livre acesso aos locais a serem auditados, bem como toda a informação solicitada.

Adicionalmente, o Regulamento sobre a Inspecção Ambiental define os mecanismos legais de

inspecção de actividades públicas e privadas, que directa ou indirectamente são passíveis de

causar impactos negativos no ambiente. Este diploma regula a actividade de supervisão, controlo

e fiscalização do cumprimento das normas de protecção ambiental a nível nacional.

A Directiva Geral para Estudos de Impacto Ambiental (Diploma Ministerial n.º 129/2006, de 19

de Julho) e a Directiva Geral para a Participação Pública no Processo de Avaliação de

Impacto Ambiental (Diploma Ministerial n.º 130/2006 de 19 de Julho) complementam os

regulamentos do processo de AIA.

O Regulamento sobre o processo de Avaliação do Impacto Ambiental define o nível de

avaliação ambiental requerida para cada categoria de projecto, os conteúdos requeridos para os

relatórios do processo de AIA e o processo de licenciamento ambiental. No Artigo 2º, o

regulamento especifica que as AIAs para operações petrolíferas e para a indústria mineira são

reguladas por regulamentos específicos, nomeadamente o Regulamento Ambiental para

Operações Petrolíferas (Decreto n.º 56/2010, de 22 de Novembro – veja a secção abaixo) e o

Regulamento Ambiental para a Actividade Mineira (Decreto n.º 26/2004 de 20 de Agosto).

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Vol I - Relatório EPDA 6

O MITADER, através da Direcção Nacional de Avaliação do Impacto Ambiental (DNAIA) é a

autoridade responsável pela avaliação ambiental.

2.2 Lei de petróleos e regulamentos

Durante os últimos meses, Moçambique promulgou um conjunto de novas Leis, a Lei dos

Petróleos, a lei das Minas, leis fiscais e um regime especial para os projectos de GNL do Rovuma,

o que permitiu ao Governo elaborar um Decreto-Lei, a fim de facilitar os acordos equitativos com

os investidores e operadores.

Moçambique promulgou a nova Lei dos Petróleos, Lei nº 21/2014, de 18 de Agosto, que vem

sendo discutida há vários anos. Esta lei revoga a Lei dos Petróleos nº 3/2001 e qualquer outra

legislação contrária a ela. Infelizmente, uma vez que a nova lei não especifica que a legislação

existente é, na verdade, revogada ou alterada, continua a haver um elevado grau de incerteza

sobre o quadro jurídico aplicável. Alguns analistas recomendam que esta situação seja esclarecida

pela regulamentação a ser emitida sob a nova lei.

A Lei dos Petróleos no artigo 57º "Proteção de recursos naturais" estabelece que o investidor deve

garantir a coexistência com a fauna marinha e outros ecossistemas, especialmente em áreas de

conservação e de desenvolvimento da actividade pesqueira. Além disso, no artigo 66º "Proteção e

segurança ambiental" estabelece que, para além de levar a cabo as operações petrolíferas de

acordo com as boas práticas da indústria do petróleo, o titular de direitos de reconhecimento,

pesquisa e produção, construção, instalação e operação de infraestruturas e sistemas de

oleodutos ou gasodutos, deve realizar as operações petrolíferas em conformidade com a

legislação ambiental e outra aplicável, com o fim de (entre outras coisas) assegurar que não haja

danos ou destruições ecológicas causados pelas operações petrolíferas e que, quando inevitáveis,

as medidas para a protecção do ambiente estão em conformidade com padrões

internacionalmente aceites, devendo para este efeito realizar e submeter às entidades

competentes, para aprovação, estudos relativos aos impactos ambientais, incluindo medidas de

mitigação desse impacto.

O Instituto Nacional de Petróleos é a entidade reguladora responsável pela administração e

promoção das operações petrolíferas, sob a tutela do Ministério que superintende a área de

petróleo e gás, responsável pelas directrizes para participação do sector público e privado na

pesquisa, exploração dos produtos petrolíferos e seus derivados.

A Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (ENH, E.P.) é a entidade nacional responsável pela

pesquisa, prospecção, Produção e comercialização de produtos petrolíferos e representa o estado

nas operações petrolíferas.

Na tabela seguinte apresentam-se as principais leis e regulamentos de Moçambique respeitantes

ao sector do petróleo e gás.

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Vol I - Relatório EPDA 7

Tabela 4 – Petróleo e Gás – Principais Leis e Regulamentos em Moçambique

Legislação Comentários

Lei dos Petróleos, n.º 21/2014 de 18 de Agosto de 2014 Nova Lei dos Petróleos

Resolução nº 22/2009 de 8 de Junho, que aprova a Estratégia Nacional para as Concessões de Operações Petrolíferas

Revogada pela Nova Lei dos Petróleos e legislação fiscal de 2014, em caso de conflitos, se os houver.

Resolução nº 64/2009 de 2 de Novembro, aprova a Estratégia para o Desenvolvimento do Gás Natural em Moçambique

Esta estratégia especifica os requisitos e condições de exploração, transporte e colocação no mercado de gás natural. A investigação para exploração de gás e os investimentos também são mencionadas no texto.

Resolução nº 10/2009 de 4 de Junho, aprova a nova política de energia. Revoga a Resolução nº 24/2000.

Esta resolução aprova a nova Política de Energia. Esta política visa: criar «condições para melhorar o acesso a novas formas de energia, sustentáveis e diversificadas, contribuir para o bem-estar e o desenvolvimento socioeconómico das populações nacionais, promover o fornecimento de novas energias, etc.

Lei dos Petróleos, n.º 3/2001 Revogada pela Nova Lei dos Petróleos nº 21/2014

Decreto nº 24/2004, de 20 de Agosto, Regulamento das Operações Petrolíferas

Revogado pela Nova Lei dos Petróleos nº 21/2014

Lei nº 12/2007 de 27 de Junho, estabelece o regime de tributação específico aplicável às Operações Petrolíferas

Lei nº 13/2007 de 27 de Junho, estabelece o regime de Incentivos Fiscais e Tributação às Operações de mineração e petróleo.

Revogadas pela Nova Lei dos Petróleos e legislação fiscal de 2014, em caso de conflitos, se os houver.

Decreto nº 4/2008, de 9 de abril, regula o imposto sobre a Produção de Petróleo

Revogado pela Nova Lei dos Petróleos e legislação fiscal de 2014, em caso de conflitos, se os houver.

Decreto nº 56/2010 de 22 de Novembro, aprova o Regulamento Ambiental para as operações de petróleo

Estabelece os requisitos a obedecer no estabelecimento de operações petrolíferas. O regulamento, em particular, especifica os procedimentos de Avaliação de Impacto Ambiental, proteção e medidas de controlo a fim de evitar desastres ambientais.

Diploma Ministerial nº 272/2009 de 30 de Dezembro, aprova o Regulamento sobre o Licenciamento e Instalações de Actividades Petrolíferas

Revogado pela Nova Lei dos Petróleos e legislação fiscal de 2014, em caso de conflitos, se os houver.

Fonte: USAID, 2014

2.2.1 Regulamento Ambiental para as Operações Petrolíferas

O Regulamento Ambiental para as Operações Petrolíferas, Decreto n.º 56/2010, de 22 de

Novembro define os procedimentos para o processo de AIA das Operações Petrolíferas.

Este regulamento define as categorias do projecto, e o nível de avaliação ambiental, de acordo

com o seguinte (veja a Figura 1 abaixo):

Categoria A – actividades relacionadas com o desenvolvimento, produção, construção e

operação de sistemas de oleodutos ou gasodutos e desmobilização e outras actividades a

serem desenvolvidas em ecossistemas sensíveis e áreas de conservação. Estas

actividades estão sujeitas à realização de um Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e

requerem um Plano de Gestão Ambiental (PGA);

Categoria B – actividades relacionadas com a pesquisa, exceptuando em áreas de

conservação e ecossistemas. Estas actividades estão sujeitas à realização de um Estudo

Ambiental Simplificado (EAS) e requerem um PGA; e

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Vol I - Relatório EPDA 8

Categoria C – actividades que pela sua natureza, não acarretam impactos negativos para

o Ambiente e para a saúde pública. Estas actividades estão sujeitas à observância das

normas de boa gestão ambiental.

Figura 1 - Categorização do Projecto de acordo com o Decreto n.º 56/2010, de 22 de

Novembro.

Salienta-se que, de acordo com o Anexo I do Decreto-lei 45/2004 – Regulamento sobre o

Processo de Impacto Ambiental, todas as actividades referentes e/ou localizadas em áreas e

ecossistemas reconhecidos como possuindo estatuto especial de protecção ao abrigo da

legislação nacional ou internacional como zonas ou áreas de conservação e protecção e zonas

contendo espécies animais e/ou vegetais, habitats e ecossistemas em extinção, são classificados

como actividades de categoria A.

2.3 Outras considerações legais

LEI DO TRABALHO

A Lei nº 23/2007, de 01 de Agosto (Lei do Trabalho), define os princípios gerais e estabelece o

regime jurídico aplicável às relações individuais e colectivas de trabalho subordinado, prestado por

conta de outrem e mediante remuneração, prevê a possibilidade de contratação de trabalhadores

de nacionalidade estrangeira por empregadores moçambicanos ou estabelecidos em

Moçambique.

O exercício de actividades ao abrigo de contratos de trabalho por cidadãos de nacionalidade

estrangeira em Moçambique é regido pelo princípio da igualdade. O que não significa que, perante

razões ponderosas, o Estado moçambicano não reserve o desempenho de determinadas funções

para cidadãos nacionais.

Categoria A Categoria B Categoria C

EIA + PGA EAS + PGA Isento de AIA

Instrução de Processo - Submetida ao MITADER

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Vol I - Relatório EPDA 9

LEI DE TERRAS

A Lei de Terras, Lei n.º 19/97, de 1 de Outubro, estabelece zonas de protecção total e parcial. As

zonas de protecção total incluem as áreas de conservação, enquanto as zonas de protecção

parcial incluem as águas marítimas territoriais de Moçambique, a Zona Económica Exclusiva

(ZEE), a plataforma continental, assim como as zonas costeiras de ilhas, baías e estuários,

definidas como a faixa de terra medida a partir da marca de maré cheia, até 100 m para o interior.

É necessária a atribuição de licenças especiais para a realização de certas actividades nestas

zonas.

LEI DO MAR

Em conformidade com a Lei do Mar, Lei n.º 4/1996, de 4 de Janeiro, o limite territorial marítimo

moçambicano é de 12 milhas náuticas (mn) porém, a ZEE estende-se até às 200 mn. Na ZEE,

Moçambique detém direitos soberanos para o propósito de pesquisa exploração, conservação e

gestão dos recursos naturais (vivos e não vivos), que incluem o leito do mar e o subsolo, tendo a

responsabilidade pela protecção e conservação do ambiente marinho.

LEI DA CONSERVAÇÃO

A Lei da Conservação (Lei 16/2014, de 20 de Junho) tem como objectivo o estabelecimento dos

princípios e normas básicos sobre a protecção, conservação, restauração e utilização sustentável

da diversidade biológica nas áreas de conservação, bem como o enquadramento de uma

administração integrada, para o desenvolvimento sustentável do país. Esta lei preconiza um

sistema nacional das áreas de conservação, que é constituído pelos (i) órgãos de administração

das áreas de conservação, (ii) os mecanismos de financiamento das áreas de conservação e (iii) a

rede nacional das áreas de conservação.

REGULAMENTOS PARA A PREVENÇÃO DA POLUIÇÃO E PROTECÇÃO DO AMBIENTE MARINHO E COSTEIRO

O Decreto n.º 45/2006, de 30 de Novembro aprova os Regulamentos para a Prevenção da

Poluição e a Protecção do Ambiente Marinho e Costeiro, que indicam as medidas para prevenir e

limitar a poluição do ambiente marinho e costeiro por descargas ilegais dos navios, plataformas e

outras fontes ao largo, assim como descargas de fontes terrestres e, estabelece os fundamentos

legais para a protecção e preservação de zonas que constituem bens do domínio marítimos, onde

se incluem os lagos, rios, praias e ecossistemas costeiros frágeis.

Os Artigos 8 e 10 do Regulamento contemplam o uso das instalações portuárias para a remoção

do lixo doméstico gerado nos navios, que é sujeito a uma taxa fixa estabelecida pela autoridade

marítima, que inclui os custos do tratamento e eliminação.

REGULAMENTO SOBRE PADRÕES DE QUALIDADE AMBIENTAL E DE EMISSÃO DE EFLUENTES

Este regulamento aprovado pelo Decreto n.º 18/2004, de 2 de Junho estabelece as normas para

as emissões aéreas e a descarga dos efluentes, de forma a assegurar um controlo e monitoria

eficazes da qualidade ambiental e dos recursos naturais, em conformidade com o Artigo 10º da Lei

do Ambiente (Lei n.º 20/91, de 1 de Outubro).

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Vol I - Relatório EPDA 10

O regulamento visa controlar e manter as concentrações dos poluentes nas diversas componentes

ambientais nos níveis permitidos, em conformidade com o disposto do Artigo 3, o regulamento

aplica-se a todas as actividades públicas e privadas que possam influenciar directa ou

indirectamente as componentes ambientais.

O Artigo 16º regulamenta a descarga de efluentes para o mar, exigindo o cumprimento das

normas traçadas no Anexo V do regulamento.

LEI DAS PESCAS

A Lei das Pescas (Lei n.º 3/90, de 26 de Setembro) define zonas para a preservação das espécies

marinhas, as quais constituem parques nacionais marinhos, reservas de flora e fauna e zonas

protegidas marinhas. A Lei contempla o estabelecimento duma lista de espécies protegidas.

REGRAS GERAIS DAS PESCAS MARINHAS

As Regras Gerais das Pescas Marinhas foram aprovadas pelo Decreto n.º 43/2003, de 10 de

Dezembro e, regulamentam as actividades pesqueiras no alto mar. O Artigo 109 do Regulamento

contempla a enumeração das espécies aquáticas que dispõem de protecção especial, integral ou

parcial e, as condições específicas aplicáveis a cada uma. Para além da preservação e protecção

das espécies marinhas, está contemplada a implantação de parques marinhos, reservas marinhas

e zonas protegidas marinhas, podendo estas ser estabelecidas dentro dos limites dos Parques

Nacionais Marinhos (Artigo 112).

De acordo com o Regulamento Geral da Pesca Marítima (Decreto nº 43/2003, de 10 de

Dezembro) as actividades de pesca artesanal apenas podem ocorrer até 12 mn a partir da costa

(Art 75) e incluem as actividades descritas na tabela seguinte.

Tabela 5 - Pesca artesanal e distâncias de prática autorizadas

Pesca artesanal Área de exercício – até 12 mn

Redes de Arrasto ½ milha

Redes de Cerco profundidade> 20 m

Redes de Emalhar 1/4 milha

Armadilhas profundidade > 10 m

Ganchova 1/4 milha e profundidade > 4 m

REGULAMENTO PARA A PESCA RECREATIVA E DESPORTIVA

O Regulamento sobre a Pesca Recreativa e Desportiva foi aprovado pelo Decreto n.º 51/99, de 31

de Agosto e, regulamenta a prática da pesca recreativa e desportiva nas águas territoriais de

Moçambique. O Anexo II ao Regulamento contém uma lista das espécies protegidas, a qual está

apresentada a seguir na tabela.

Tabela 6 – Lista de espécies protegidas (adaptada do Anexo II, Decreto n.º 51/99, de 31 de Agosto, Regulamento da Pesca Recreativa e Desportiva)

Classe Nome local Nome científico

Peixes Garoupa-fajardo Epinephelus lanceolatus

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Vol I - Relatório EPDA 11

Classe Nome local Nome científico

Dentuça-manchado Polysteganus undulosus

Garoupa Batata Epinephelus tukula

Pargo Vermelho Petrus rupestris

Tubarão-branco Carcharodon carcharias

Répteis Tartaruga marinha Todas as espécies

Mamíferos

Dugongo Dugong dugong

Baleias Todas as espécies

Golfinhos Todas as espécies

Bivalves Ostra gigante Tridacna gigas

Tridacna squamosa Tridacna squamosa

Gastrópodes Capacete de concha Cassis cornuta

Tritão-do-Pacífico Charonia tritonis

LEI DAS FLORESTAS E FAUNA BRAVIA E RESPECTIVOS REGULAMENTOS

A Lei das Florestas e Fauna Bravia (Lei n.º 10/99, de 7 de Julho) estabelece os princípios e

normas básicas para a protecção, preservação e uso sustentável dos recursos florestais e

faunísticos. A lei dispõe sobre a definição das zonas de protecção, a preservação da

biodiversidade e dos ecossistemas ou espécies de animais ou plantas frágeis.

O Regulamento sobre as Florestas e Fauna Bravia (aprovado pelo Decreto n.º 12/2002, de 6 de

Junho) estabelece as medidas regulamentares necessárias para efectuar a implementação da Lei

das Florestas e Fauna Bravia. O Anexo II ao Regulamento proporciona uma lista das espécies

faunísticas protegidas que não podem ser objecto de caça, assim como as multas a pagar em

caso de infracção. Esta lista inclui todas as espécies de gaivotas e tartarugas marinhas. Além

disso, o Anexo III do Regulamento discrimina as penalidades da contravenção da Lei das

Florestas e Fauna Bravia.

PROTECÇÃO DO PATRIMÓNIO ARQUEOLÓGICO

A legislação de Moçambique sobre a protecção do património cultural consiste essencialmente em

dois textos: um de natureza geral, a Lei n.10/88 de 22 de Dezembro que determina a protecção

legal dos bens materiais e imateriais do património moçambicano e outro, de natureza sectorial:

Decreto nº 27/94 de 20 de Julho, Regulamento de Protecção do Patromónio Arqueológico.

2.4 Convenções internacionais relevantes

CONVENÇÃO INTERNACIONAL PARA A PREVENÇÃO DA POLUIÇÃO POR NAVIOS (MARPOL) 73/78

A Convenção MARPOL procura prevenir a poluição do ambiente marítimo por navios com origem

em causas operacionais e, minimizar a descarga acidental de substâncias poluentes. Esta

encontra-se ratificada actualmente por 136 nações, que incluem Moçambique e, contém seis

anexos que abordam a prevenção de diversas formas de poluição a partir dos navios,

nomeadamente:

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Vol I - Relatório EPDA 12

Anexo I: Hidrocarbonetos, enumera as condições em que as embarcações estão

autorizadas a descarregar hidrocarbonetos para o mar;

Anexo II: Substâncias Líquidas Nocivas, detalha os critérios de descarga e medidas

para o controlo da poluição por substâncias líquidas nocivas transportadas a granel;

Anexo III: Substâncias Prejudiciais Transportadas por via Marítima em Embalagens,

Contentores, Tanques Portáteis, Camiões tanque e Vagões cisterna, contêm os requisitos

detalhados da embalagem, marcação, etiquetagem, documentação, armazenagem, as

limitações de quantidade, excepções e notificações para prevenir a poluição por

substâncias prejudiciais;

Anexo IV: Esgotos sanitários dos navios, exige que as embarcações estejam

equipadas com uma instalação de tratamento dos esgotos sanitários ou, com um tanque

de retenção de esgotos sanitários;

Anexo V: Lixo; especifica as distâncias a partir da terra e a forma de eliminação dos

diversos tipos de lixo e, impõe uma interdição completa a descarga de todas as formas de

plástico no mar; e

Anexo VI: Poluição do ar, fixa os limites das emissões de óxido de enxofre e de óxido

nítrico a partir dos escapes das embarcações e, proíbe as emissões intencionais de

substâncias que destroem a camada do ozono.

Moçambique ratificou a Convenção MARPOL através da Resolução n.º 5/2003, de 18 de

Fevereiro, tendo ratificado todos estes anexos com excepção do último, o Anexo VI.

CONVENÇÃO INTERNACIONAL PARA A PREVENÇÃO DA POLUIÇÃO DO MAR POR HIDROCARBONETOS

(OILPOL), 1954

A descarga de hidrocarbonetos ou misturas de hidrocarbonetos no mar a partir de embarcações, é

regulamentada nos termos da Convenção Internacional para a Prevenção da Poluição do Mar por

Hidrocarbonetos (OILPOL). Embora a Convenção não inclua directamente o derrame dos

hidrocarbonetos a partir das instalações que operam no mar (offshore), a mesma regulamenta o

derrame dos hidrocarbonetos ou de misturas de hidrocarbonetos a partir de embarcações, pela

proibição da descarga intencional destes, em zonas específicas denominadas “zonas proibidas”.

Como regra geral, as zonas proibidas estendem-se pelo menos até 50 milhas (80 km) de todas as

áreas do continente.

CONVENÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE A LEI DO MAR (UNCLOS), MONTEGO BAY, 1982

Esta Convenção é relevante, uma vez que muitas das suas disposições reflectem o direito

costumeiro internacional. A Parte XII, com o título “Protecção e Preservação do Meio-Ambiente”,

inclui disposições relacionadas com a poluição marinha. A República de Moçambique ratificou a

UNCLOS, em conformidade com a Resolução n.º 21/96, de 26 de Novembro.

CONVENÇÃO DE REGULAMENTAÇÃO INTERNACIONAL PARA PREVENÇÃO DE COLISÕES NO MAR

(COLREGS), 1972

Uma das inovações mais importantes nos COLREGs de 1972, foi o reconhecimento dado aos

sistemas de separação do trânsito marítimo. A Regra 10 proporciona recomendações

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Vol I - Relatório EPDA 13

relativamente à determinação da velocidade segura, ao risco de colisão e, à conduta das

embarcações que operam nos sistemas de separação do trânsito ou na sua proximidade. A

República de Moçambique acedeu aos COLREGs, em conformidade com o estabelecido na

Resolução n.º 11/88, de 28 de Dezembro.

CONVENÇÃO INTERNACIONAL PARA A SEGURANÇA DA VIDA NO MAR (SOLAS), 1974

A Convenção SOLAS, nas suas formas consecutivas, é geralmente vista como o mais importante

de todos os tratados internacionais relativamente à segurança dos navios mercantes. A primeira

versão foi adoptada em 1914, em resposta ao desastre do Titanic, a segunda foi adoptada em

1929, a terceira em 1948 e, a quarta em 1960. Esta convenção prescreve o número de barcos

salva-vidas, de outros equipamentos de emergência assim como os procedimentos de segurança

para os navios mercantes.

CÓDIGO INTERNACIONAL DE SEGURANÇA DOS NAVIOS E PORTOS (CÓDIGO ISPS)

O Código ISPS é implementado através do Capítulo XI-2 da SOLAS Medidas especiais, para dar

destaque à segurança marítima. O propósito do Código, é o de proporcionar um quadro

padronizado e coerente para a avaliação do risco, permitindo que os governos contrabalancem as

mudanças no risco com alterações na vulnerabilidade dos navios e instalações portuárias, através

da averiguação de níveis convenientes de segurança e medidas correspondentes de segurança. A

República de Moçambique ratificou o Código ISPS através da Resolução n.º 27/2004, de 14 de

Julho.

CONVENÇÃO SOBRE A ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL MARÍTIMA DE SATÉLITES (INMARSAT),

LONDRES, 1976, 1985, 1989

Os propósitos da INMARSAT, são; melhorar as comunicações marítimas, proporcionando

assistência na melhoria; do desconforto e do sistema de segurança da vida nas comunicações

marítimas; na eficiência e gestão dos navios; nos serviços de correspondência pública marítima e,

na determinação dos recursos radiofónicos. A República de Moçambique acedeu à INMARSAT e

às respectivas emendas, de 1985 e 1989, através da Resolução n.º 15/89, de 23 de Novembro.

CONVENÇÃO INTERNACIONAL SOBRE LINHAS DE CARGA, 1966

Desde há muito se reconhece que as limitações no calado até ao qual um navio pode ser

carregado, têm uma contribuição significativa para a sua segurança. Estes limites são indicados

na forma de “freeboards”, que constituem o objectivo principal da Convenção. A República de

Moçambique acedeu à Convenção Internacional sobre as Linhas de Água, através da Resolução

n.º 12/88, de 28 de Dezembro.

CONVENÇÃO SOBRE PREVENÇÃO DA POLUIÇÃO MARINHA POR DESCARGA DE RESÍDUOS E OUTROS

MATERIAIS (CONVENÇÃO DE LONDRES 1972), LONDRES, 1972

Esta Convenção regulamenta a descarga no mar dos materiais constantes da tabela da

Convenção. Contém uma lista de substâncias proibidas e substâncias que requerem licenças

expondo directrizes a este respeito.

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Vol I - Relatório EPDA 14

CONVENÇÃO PARA A PREVENÇÃO DA POLUIÇÃO MARINHA A PARTIR DE FONTES TERRESTRES

(CONVENÇÃO DE PARIS), PARIS, 1974

Esta Convenção refere-se à poluição das águas costeiras a partir de fontes situadas em terra.

CONVENÇÃO INTERNACIONAL DE RESPONSABILIDADE CIVIL POR DANOS CAUSADOS PELA POLUIÇÃO POR

HIDROCARBONETOS, DE 1992 (PROTOCOLO CLC DE 1992)

Esta Convenção contempla um fundo de indemnização para os custos de limpeza e danos

ambientais, sujeitos a certas condições e limites. Em conformidade com a Resolução n.º 52/2001,

de 6 de Novembro de 2001, a República de Moçambique retirou-se da Convenção de 1969 da

CLC e, acedeu ao Protocolo de 1992 da CLC.

CONVENÇÃO SOBRE O ESTADO DE PREPARAÇÃO, RESPOSTA E COOPERAÇÃO RELATIVAMENTE À

POLUIÇÃO POR PETRÓLEO (OPRC, 1990)

A Convenção sobre a preparação, resposta e cooperação relativamente à poluição por petróleo

(OPRC) entrou em vigor em Maio de 1995 e, está relacionada com a poluição mundial de petróleo

do ambiente marinho, proveniente de unidades em alto mar. Em particular, os países ou governos

nacionais têm que estabelecer programas nacionais para responder a incidentes decorrentes da

poluição por petróleo, enquanto os operadores das unidades em alto mar são obrigados a ter em

vigor planos de emergência para a poluição por petróleo, os quais deverão estar coordenados com

o programa nacional de resposta ao petróleo. Secções adicionais da Convenção referem-se à

provisão de equipamento de combate à poluição por petróleo, à prestação de contas, formação,

resgate e cooperação internacional. A República de Moçambique acedeu à OPRC através da

Resolução n.º 6/2003, de 18 de Fevereiro.

CONVENÇÃO AFRICANA SOBRE A CONSERVAÇÃO DA NATUREZA E DOS RECURSOS NATURAIS, 1968

O princípio fundamental desta Convenção, consiste no compromisso por parte dos estados

envolvidos de adoptar medidas para garantir a preservação, utilização e desenvolvimento dos

recursos do solo, da água, da flora e fauna, em conformidade com os princípios científicos e, com

o devido respeito para com os melhores interesses dos indivíduos. Em conformidade com a

Resolução n.º 18/81, de 30 de Dezembro de 1981, a República de Moçambique acedeu à

Convenção Africana sobre a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais.

CONVENÇÃO DE NAIROBI

Pela Resolução n.º 17/96, de 26 de Novembro, Moçambique aderiu à Convenção de Nairobi para

a Protecção, Gestão e Desenvolvimento do Ambiente Marinho e Costeiro da Região da África

oriental e, seus Protocolos. Esta convenção visa ajudar o estabelecimento de mecanismos para a

cooperação internacional, para prevenção de ameaças ao ambiente marinho e costeiro e ao seu

equilíbrio ecológico, resultantes da poluição marinha, qualquer que seja a sua origem. Os Artigos 5

a 10 da Convenção descrevem os mecanismos que têm que ser implementados para a prevenção

da poluição proveniente dos navios; da poluição causada pela eliminação de lixo; da poluição a

partir de origens situadas em terra; das actividades no leito do mar, na atmosfera e, nas zonas

especialmente protegidas. Além disso, o Artigo 13º da Convenção diz que os membros têm que

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Vol I - Relatório EPDA 15

elaborar directrizes técnicas para a planificação de projectos importantes de desenvolvimento,

como parte da sua política de gestão ambiental, a fim de prevenir ou minimizar os impactos

negativos sobre o ambiente marinho e costeiro ao largo de África Oriental.

PROTOCOLO DA SADC SOBRE AS PESCAS

Moçambique ratificou o Protocolo da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC)

sobre as Pescas, através da Resolução n.º 37/2002, de 30 de Abril, a qual visa promover a

utilização responsável dos recursos aquáticos vivos e seus ecossistemas. O Artigo 14º deste

Protocolo, refere-se à protecção do ambiente marinho, exigindo que os estados membros

apliquem o princípio da precaução, de modo a garantir que as actividades da sua competência ou

sob seu controlo, não causem impactos negativos de grande envergadura. Além disso, têm que

ser implementadas as medidas legislativas e administrativas necessárias para a prevenção da

poluição aquática causada por actividades nas águas interiores, costeiras e marítimas.

CONVENÇÃO DE BASILEIA SOBRE O CONTROLO DOS MOVIMENTOS TRANSFRONTEIRIÇOS DE RESÍDUOS

PERIGOSOS E SUA REMOÇÃO, 1989

Esta Convenção regulamenta a importação, exportação e o movimento transfronteiriço de

resíduos perigosos. A Convenção de Basileia foi substituída pela Convenção de Bamako (ver

referência acima). A República de Moçambique ratificou a Convenção de Basileia sobre o Controlo

de Movimentos Transfronteiriços de Resíduos Perigosos e a sua Remoção, através da Resolução

n.º 18/96, de 26 de Novembro.

CONVENÇÃO SOBRE A PROIBIÇÃO DE IMPORTAR PARA ÁFRICA, CONTROLO DE MOVIMENTOS

TRANSFRONTEIRIÇOS E GESTÃO DE RESÍDUOS PERIGOSOS EM ÁFRICA, BAMAKO, 1991

Durante a negociação da Convenção de Basileia, os estados africanos representados pela

Organização da Unidade Africana, adoptaram a Convenção de Bamako, acreditando que a

Convenção de Basileia não era suficientemente rigorosa. A Convenção de Bamako proíbe

totalmente a importação de resíduos perigosos para África. A Convenção entrou em vigor no dia

22 de Abril de 1998. A República de Moçambique ratificou a Convenção de Bamako através da

Resolução n.º 19/96, de 26 de Novembro.

QUADRO DA CONVENÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE MUDANÇAS CLIMÁTICAS (CQNUAC OU FCCC)

E, PROTOCOLO DE QUIOTO, 1992 E 1997

A CQNUAC é um tratado ambiental internacional, produzido com o objectivo de conseguir a

estabilização das concentrações de gases de estufa na atmosfera, a níveis suficientemente baixos

para prevenir uma interferência antropogénica perigosa com o sistema climático. O Protocolo de

Quioto à CQNUAC adoptado em Dezembro de 1997, pela maior parte das nações industrializadas

e algumas economias da Europa central em transição, estabelece um acordo jurídico relativo à

redução das emissões de gases de estufa, entre 6% a 8% em média abaixo dos níveis de 1990, a

implementar entre os anos 2008 a 2012, definido como o primeiro prazo orçamentário para as

emissões. A CQNUAC foi ratificada através da Resolução n.º 2/94, de 24 de Agosto, acedendo a

República de Moçambique ao Protocolo de Quioto via a Resolução n.º 10/2004, de 28 de Julho.

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Vol I - Relatório EPDA 16

CONVENÇÃO DE VIENA PARA PROTECÇÃO DA CAMADA DE OZONO, 1985, LONDRES 1990, COPENHAGA

1992

Em conformidade com o Artigo 2.1 desta Convenção, as Partes signatárias assumiram a

obrigação de tomar medidas adequadas para proteger a saúde humana e o meio-ambiente contra

efeitos negativos resultantes ou provavelmente resultantes das actividades humanas que alteram

ou são susceptíveis de alterar a camada de ozono. Em conformidade com a Resolução n.º 8/93,

de 8 de Dezembro, a República de Moçambique acedeu à Convenção de Viena para a Protecção

da Camada de Ozono assim como às Emendas de 1990 e 1992.

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Vol I - Relatório EPDA 17

3 Abordagem e Metodologia da AIA

Este capítulo descreve sucintamente a abordagem à AIA assim como o processo seguido até à

data. A abordagem à presente AIA cumpre com os requisitos da legislação de Moçambique

aplicáveis ao ambiente, e orienta-se pelas directrizes internacionais relevantes, conforme descrito

no Capítulo 2. Um dos objectivos do processo de AIA, é o dar apoio à tomada de decisão relativa

ao licenciamento ambiental de uma determinada actividade e/ou empreendimento proposto. O

processo de AIA consiste nas seguintes etapas fundamentais:

Fase de pré-avaliação/pré-selecção;

Fase da definição do âmbito/EPDA; e

Fase dos estudos especializados e da avaliação de impactos/EIA.

Os passos seguidos em cada uma destas principais fases são abordados com maior detalhe em

seguida.

3.1 Fase de pré-avaliação e/ou pré-selecção

O MITADER, através da Direcção Nacional de Avaliação do Impacto Ambiental (DNAIA), é a

entidade responsável pela classificação dos projectos. A categorização do projecto é feita através

da apresentação, pelo proponente, de um relatório de Instrução de Processo e de um Formulário

de Informação Ambiental Preliminar.

O objectivo da fase de pré-avaliação e/ou pré-selecção, é o de definir o nível de avaliação

ambiental requerido.

Conforme discutido no Capítulo anterior, o Artigo 5º dos Regulamentos Ambientais para

Operações Petrolíferas (Decreto n.º 56/10) classifica os projectos de operações petrolíferas em

três categorias, com base nas quais se determina o nível apropriado de avaliação ambiental

requerido.

Foi submetido ao MITADER/DNAIA no dia 20 de Agosto de 2015 um Relatório de Avaliação Inicial

assim como a Ficha de Informação Ambiental Preliminar para o Projecto preenchida, com cópias

para as DPCA’s de Nampula, Sofala, Zambézia, Inhambane, Gaza e Maputo.

A DNAIA, através da carta com o n.º de referência 928/MITADER/AQUA/GDG/120/15, classificou

o projecto como sendo de Categoria A (ver Anexo II).

O Projecto proposto está portanto sujeito a uma AIA completa, que deverá ser precedida pela

submissão ao MITADER do Relatório de EPDA – o presente documento – e pelos Termos de

Referência (TdR) para o EIA, que são parte integrante do presente relatório (Volume II).

O processo de AIA para projectos de Categoria A está ilustrado na Figura 2

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Vol I - Relatório EPDA 18

Figura 2 - Processo de AIA para projectos de Categoria A

3.2 Fase de Definição do Âmbito

A fase de definição do âmbito visa a identificação de questões e preocupações importantes

associadas ao empreendimento proposto. Estas poderão resultar de actividades relacionadas com

o projecto que possam contribuir potencialmente para causar impactos substanciais nos

receptores, nos recursos ambientais e socioeconómicos existentes na área. Esta análise tem

influência na elaboração dos Termos de Referência para o EIA.

A participação pública nesta fase é fundamental, uma vez que permite a identificação das

expectativas e preocupações das Partes Interessadas e Afectadas (PI&A), as quais deverão ser

tomadas em consideração durante todo o processo de AIA.

Para o efeito foi realizado um estudo de gabinete, com base na revisão de estudos e relatórios

anteriores relativos à área do projecto, de forma a recolher informações existentes sobre a

situação de referência e identificar a sensibilidade ambiental da área do projecto. As informações

sobre a descrição do projecto fornecidas pelo Proponente foram avaliadas para proceder à

determinação de potenciais impactos e para identificação de possíveis falhas fatais.

Estas informações foram determinantes para a identificação dos aspectos e preocupações

ambientais fundamentais que requerem uma investigação especializada detalhada na fase

subsequente do processo de AIA. Os TdR para o EIA, apresentados no Volume II, foram definidos

com base neste procedimento.

Adianta-se que não foram identificadas quaisquer falhas fatais durante a realização das

actividades acima referidas.

3.3 Estudos Especializados e Avaliação de Impactos / EIA

De acordo com o estabelecido no Regulamento Ambiental para as Operações Petrolíferas

(Decreto n.º 56/10), uma vez obtida a aprovação do EPDA e dos Termos de Referência pelo

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Vol I - Relatório EPDA 19

MITADER, pode dar-se início à Fase de Avaliação de Impactos, incluindo os estudos

especializados e a elaboração do relatório de EIA.

As questões levantadas durante a Fase de Definição do Âmbito foram utilizadas para a definição

dos TdR dos Estudos Especializados a realizar como parte integrante desta fase do processo de

AIA (ver Anexo II):

Elaboração dos estudos de especialidade para descrever as condições ambientais e

socioeconómicas existentes na área do Projecto;

Identificação dos recursos e/ou receptores que poderão vir a ser afectados pelo Projecto;

Avaliação de impactos sobre o meio-ambiente, com uso de critérios previamente definidos;

Identificação de potenciais medidas de mitigação.

Os estudos de especialidade a realizar como parte integrante da Fase de Avaliação de Impactos,

estão enumerados na Tabela 7 a seguir.

Tabela 7 – Estudos especializados que integram a AIA a ser realizada

Estudo especialista Especialista

Ecologia Marinha Adriano Macia

Socioeconómico e Estudo das Pescas José Paula/Samira Victor

Tráfego Marítimo Miguel Barra

Em conformidade com o disposto no Artigo 13 do Regulamento Ambiental das Operações

Petrolíferas (Decreto n.º 56/10), o EIA tem que incluir as seguintes informações:

Identificação e domicílio profissional do proponente;

Identificação do consultor ambiental registado ou acreditado pela autoridade de AIA, assim

como a equipa responsável pela elaboração do EIA, e respectivas funções;

Um mapa à escala conveniente, com indicação da localização das Operações Petrolíferas

propostas e dos limites das áreas de influência da actividade;

Enquadramento legal das actividades propostas;

Descrição do Projecto;

Caracterização da situação de referência do ambiente biofísico e socioeconómico;

Identificação e avaliação dos potenciais impactos, incluindo uma descrição da metodologia

empregue;

Medidas de mitigação recomendadas;

Plano de Gestão Ambiental (PGA), que deverá incluir programas de monitorização, um

programa de sensibilização ambiental e planos de contingência para e emergência; e

Relatório do Processo de Participação Pública.

De forma a cumprir com os requisitos acima referidos, descrevem-se de seguida as etapas

necessárias para a elaboração do EIA:

Caracterização do meio-ambiente visando descrever as condições biofísicas e

socioeconómicas actualmente existentes na área de estudo, consideradas como

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Vol I - Relatório EPDA 20

condições ambientais de referência, com base nas quais serão identificados e avaliados

os potenciais impactos do Projecto proposto.

Definição da área de estudo de cada componente ambiental, correspondente à área

potencialmente afectada pelo Projecto. A descrição basear-se-á na bibliografia, na

cartografia existente, na recolha de informações de instituições governamentais a nível

local e, na avaliação e conhecimentos da equipa da AIA.

Identificação e avaliação dos potenciais impactos, a realizar através da avaliação das

potenciais alterações provocadas pelo Projecto no meio-ambiente, tendo em conta as

condições ambientais actuais (situação de referência).

O estudo irá incluir recomendações para a implementação de medidas de mitigação para

minimizar impactos negativos e maximizar os impactos positivos. As medidas de mitigação

a indicar deverão ser medidas claras, práticas e aplicáveis às condições locais. Os

impactos identificados serão igualmente avaliados, tomando em consideração a

implementação bem sucedida das medidas de mitigação recomendadas.

O PGA será compilado com base na avaliação de impactos e das medidas de mitigação

recomendadas. O propósito deste plano será o de estabelecer um quadro para a gestão e

monitorização dos potenciais impactos do Projecto. O PGA identificará e definirá,

claramente, as metodologias para a implementação das medidas de mitigação, e atribuirá

responsabilidades da sua implementação e, delineando os requisitos relevantes para a

sensibilização ambiental dos trabalhadores.

3.4 Processo de Participação Pública

O objectivo principal do processo de consulta pública, na fase de EPDA, é garantir que todas as

PI&A’s sejam informadas sobre as actividades que se pretendem realizar, qual a previsão das

respectivas consequências dessas actividades e que tenham a oportunidade de expor as suas

opiniões, preocupações e expectativas relativamente ao apresentado.

Os objectivos específicos do processo de consulta pública na fase de EPDA são:

Identificar as PI&A’s e informá-las da actividade proposta e do processo de AIA;

Permitir que as PI&A’s (incluindo as comunidades locais directamente afectadas, as

autoridades, organizações ambientais, membros interessados do público e organizações

baseadas na comunidade) saibam mais acerca do Projecto proposto;

Dar aos interessados a oportunidade de participar de forma eficaz no processo e, de

identificar quaisquer questões e preocupações associadas à actividade proposta;

Permitir que as PI&A’s apreciem a forma como os assuntos ambientais e sociais

identificados serão abordados na fase de EIA e recolher os seus comentários aos Termos

de Referência (TdR) respectivos.

O EPDA final incluirá os pormenores das actividades de consulta pública empreendidas e os

documentos de apoio (incluindo cópias de toda a documentação relevante, como é o caso das

actas das reuniões, dos registos de participação, cartas de convite, documento de informação de

base (BID), etc.

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Vol I - Relatório EPDA 21

3.4.1 Identificação dos Interessados

O primeiro passo na preparação do PPP foi a definição e determinação dos potenciais

intervenientes do projecto proposto – as PI&A’s. Os factores levados em consideração na

identificação das PI&A’s incluíram a natureza, o tipo e a localização do projecto. Para compilar

esta lista de PI&A’s, os consultores analisaram as bases de dados existentes de PI&A’s, tendo

ainda sido consultadas as entidades associadas à construção e operação do Projecto proposto.

As PI&A’s institucionais assim identificadas, e que foram convidadas para as reuniões públicas da

fase de EPDA, são as seguintes.

Província de Zambézia

Governo da Província da Zambézia

Secretaria Provincial

Conselho Municipal de Quelimane;

Direcção Provincial de Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural da Zambézia;

Direcção Provincial dos Recursos Minerais e Energia;

Direcção Provincial da Indústria e Comércio;

Direcção Provincial dos Transportes e Comunicações;

Direcção Provincial da Saúde;

Direcção Provincial da Agricultura;

Direcção Provincial de Turismo;

Direcção Provincial do Trabalho;

Direcção Provincial de Agricultura e Pesca;

Direcção Provincial da Agricultura;

Instituto de Gestão de Calamidades – INGC;

Administração Marítima;

Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique;

Instituto de Inspensão dos Pescado;

Delegação do Instituto Nacional de Meteorologia da Zambézia – INAM;

Delegação Provincial de Ciência e Tecnologia;

Instituto Nacional de Hidrologia e Navegação – INAHINA;

Instituto Nacional de Desenvolvimento da Aquacultura da Zambézia – INAQUA;

Instituto de Desenvolvimento da Pesca de Pequena Escala – IDPPE;

Instituto da Comunicação Social – ICS;

Instituto Nacional de Investigação;

Associação Rural de Ajuda Mutua – ORAM;

Rede de Organizações para o Ambiente e Desenvolvimento Comunitário Sustentável da Zambézia – RADEZA;

World Food Programe;

Visão Mundial

Fórum das ONG´s

ARA – Zambeze;

Ajuda de Desenvolvimento do Povo para Povo – ADPP;

Agência de Desenvolvimento de Recursos Adventistas – ADRA;

Associação de Promoção da Agricultura Comercial – APAC;

International Relief and Development – INC;

Associação para o Desenvolvimento da Zambézia;

Associação Rural de Ajuda Mútua;

CTA – Conselho Empresarial da Zambézia;

Agência Nacional de Frente e Navegação;

Agência Vale do Zambeze;

Águas de Moçambique SARL;

Águas de Quelimane;

BP Moçambique Lda;

CAME – Posto de Abastecimento Galp

Centro de Promoção de Investimentos – CPI;

Instituto de Ciências de Saúde de Quelimane;

Universidade Pedagógica;

Universidade Católica de Moçambique;

Associação Moçambicana para Desenvolvimento da Família – AMODEFA;

Escola Superior de Ciências Marinhas:

Província de Sofala

Governo da Província de Sofala

Concelho Municipal da Cidade da Beira

DPCA Sofala

Administração Maritima

Instituto Nacional de Petróleo

Intituto de Investigação Pesqueira

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Vol I - Relatório EPDA 22

Direcção Provincial dos Recursos Minerais e Energia

Direcção Provincial das Pescas

Direcção Provincial da Industria e Comércio

Direcção Provincial do Turismo

Direcção Provincial dos Transportes e Comunicação

Direcção Provincial do Trabalho

Direcção Provincial da Saúde

Companhia Industrial de Pesca da Beira

Instituto de Desenvolvimento da Pesca de Pequena Escala – IDPPE;

Instituto Nacional de Hidrologia e Navegação – INAHINA;

INAMAR

INGC

CFM

Pescamar Lda

Marbeira

ANFRENA

Província de Maputo

Governo Provincial da Província de Maputo;

MITADER – incluindo a Direcção Nacional de Avaliação do Impacto Ambiental (DNAIA)

Ministério do Turismo – Direcção Nacional das Áreas de Conservação;

Ministério dos Recursos Minerais e Direcções Provinciais dos Recursos Minerais;

Direcção Nacional de Geologia;

Instituto Nacional de Investigação Pesqueira (IIP);

Instituto para o Desenvolvimento das Pescas de Pequena Escala (IDPPE);

Instituto Nacional de Hidrografia e Navegação (INAHINA);

Instituto Nacional da Marinha (INAMAR)

Administração Nacional das Pescas (ADNAP);

Marinha;

Organizações Não Governamentais Ambientais e Sociais (ONGs);

Operadores de Turismo locais;

Operadores de pesca industrial e semi industriual;

Associações/Operadores de Mergulho;

Sociedade Civil em geral e Comunidades Locais;

Autoridades portuárias (Beira e Quelimane);

Operadores de Hidrocarbonetos (Shoreline Canoverseas Petroleum Develoment; Sasol Petroleum Mozambique Explotations; ENI Mozambique SpA; Troisade Energia Mozambique SA; ExxonMobil Exploration & Prodution Mozambique Offshore,, Ltd; Total E&P Mozambique BV; Delonex Energy Ltd.)

3.4.2 Divulgação de Informação e Anúncio de Consulta Pública

Em conformidade com a regulamentação de AIA, e considerando o tipo e natureza das PI&A’s

identificadas, foram empregues dois métodos complementares para a divulgação do projecto e da

respectiva consulta pública, nomeadamente:

Anúncios em meios de comunicação;

Envio directo de cartas convite;

Envio de convites directos através de cartas.

A divulgação pelos meios de comunicação tem como objectivo divulgar a informação sobre o PPP

do Projecto ao público em geral. Para tal, foram colocados anúncios no jornal. Os anúncios foram

colocados no principal jornal de Moçambique (Jornal Notícias), nas semanas antecedentes às

reuniões de consulta pública.

O envio de convites individuais, através de cartas, tem como alvo a divulgação das consultas

públicas junto aos stakeholders institucionais, incluindo instituições governamentais e não

governamentais. As cartas foram enviadas poe email, fax e em mão nas duas semanas que

precederam as reuniões públicas nas Províncias de Sofala (Beira) e Zambézia (Quelimane), Os

contactos foram posteriormente confirmados por telefone.

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Vol I - Relatório EPDA 23

De modo a permitir a consulta dos documentos técnicos, o Relatório Preliminar do EPDA,

incluindo o respectivo Resumo Não Técnico (RNT), foi disponibilizado ao público nos seguintes

locais, durante as duas semanas que antecederam as reuniões públicas:

Direcção Provincial para Coordenação da Acção Ambiental (DPCA) de Sofala e da

Zambézia..

Direcção Nacional de Avaliação de Impacto Ambiental.

Escritórios sede da Consultec.

Site de internet da Consultec.

3.4.3 Reuniões Públicas

No decorrer da fase de EPDA, serão realizadas duas reuniões públicas que, tendo em conta a

natureza do projecto foram direccionadas para as autoridades, stakeholders institucionais e

público em geral.

As reuniões terão lugar dos dias 22 (Quelimane); 23 (Beira) e 24 (Maputo) de Setembro de 2015,

15 dias após a divulgação do primeiro anúncio no jornal, de modo a proporcionar tempo suficiente

às PI&A’s para participarem efectivamente nas reuniões públicas.

No decorrer das reuniões públicas, será apresentado o projecto, o processo de AIA e as principais

conclusões do EDPA, com base numa apresentação audiovisual. Para além do descrito, serão

ainda elaborados cartazes explicativos do projecto proposto e do EPDA, que serão dispostos nas

salas de reunião.

As apresentações e esclarecimentos realizar-se-ão com o uso de uma linguagem simples,

objectiva e clara, de modo a se garantir que o público entenda o teor das apresentações e dos

debates consequentes.

3.4.4 Relatório de PPP

As actividades desenvolvidas durante a participação pública do EPDA, incluindo os comentários e

sugestões recebidos das PI&A’s, serão documentados num Relatório de PPP.

3.4.5 Submissão do EPDA ao MITADER

Na sequência da participação pública da fase de EPDA o Relatório Preliminar do EPDA será

actualizado, de modo a reflectir e responder aos comentários e preocupações recebidos durante o

processo de consulta pública. O Relatório Final do EPDA resultante, incluindo os TdR para o EIA e

o Relatório de PPP, será submetido ao MITADER para apreciação. Mediante a aprovação do

EPDA por parte da Autoridade Ambiental, o processo de AIA prossegue para a fase de EIA.

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Vol I - Relatório EPDA 24

4 Visão Geral do Projecto

4.1 Novo Sistema Prolífico de Petróleo

Como parte do projecto ‛World Petroleum Resources‛, o USGS, terminou recentemente a

avaliação de quatro províncias geológicas: três delas situadas ao longo da costa leste de África e

uma localizada a mais de 900 milhas para leste da costa africana, estendendo-se por águas com

profundidades situadas entre os 2000-3000m (Erro! A origem da referência não foi

encontrada.). As quatro províncias e as unidades de avaliação (UA) associadas foram analisadas

pela primeira vez, como consequência do aumento das actividades exploratórias na região, das

recentes descobertas, e do interesse crescente quanto ao futuro potencial destas reservas.

As quatro províncias geológicas situadas ao longo da costa leste da África foram recentemente

avaliadas para a estimativa das reservas desconhecidas de petróleo, gás natural e recursos

gasosos líquidos, no âmbito da avaliação mundial das reservas de Petróleo e Gás.

Com recurso a uma metodologia de avaliação de base geológica, o USGS calculou a existência de

volumes médios de 27,6 bilhões de barris de petróleo, 441,1 triliões de pés cúbicos de gás natural,

e 13,77 bilhões de barris de gás natural líquidos (USGS, 2012).

Fonte: USGS, 2012

Figura 3-Localização das quatro províncias avaliadas e das unidades de avaliação (UA) ao longo da costa central do leste de África.

De norte para sul, as províncias são as seguintes: 1) Costa da Tanzânia que inclui o rift, margem

arqueada e rochas das margens passivas de idade do Jurássico médio ao Holocénico; 2)

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Vol I - Relatório EPDA 25

Seychelles, caracterizadas pelo rift, margem arqueada e rochas à deriva; (3) a Morondava, que

contém rift abortado; margem arqueada, e rochas de margem passiva; e 4) a costa de

Moçambique definida pelo rift, margem arqueada, e rochas de margem passiva.

As quatro províncias estão relacionadas com a separação de Gondwana (ver item da Geologia no

capítulo da situação de referência) que ocorreu durante o Paleozóico e Mezozóico tardios (Erro! A

origem da referência não foi encontrada.) e desenvolveram-se de forma semelhante em duas

fases tectónicas 1) uma fase sin-rift que teve início durante o Permo-Triássico e continuou durante

o Jurássico, resultando na formação de grabens e semi-grabens e 2) uma fase de deriva que teve

início no Jurássico médio e continuou durante o período paleogénico.

Fonte: USGS, 2012

Figura 4-Colunas estratigráficas generalizadas da costa de Moçambique, canal de Moçambique e das províncias de Morondava e Seycheles ao longo da costa leste de África.

Rochas Fonte

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PESQUISA SÍSMICA MARÍTIMA 3D NA BACIA DE MOÇAMBIQUE, ÁREA DO DELTA DO ZAMBEZE

Vol I - Relatório EPDA 26

Na geologia do petróleo, as rochas-fonte são as rochas que deram origem aos hidrocarbonetos ou

que têm capacidade para a sua formação.

As rochas-fonte são classificadas em função dos tipos de querogénio que contêm (expresso em

percentagem por peso do carbono orgânico presente na rocha), o que por sua vez determina o

tipo de hidrocarbonetos que serão gerados.

Por convenção, o querogénio subdivide-se em quatro tipos principais com base na sua

composição química, que reflecte a fonte original do material:

Querogénio Tipo I, é relativamente raro e deriva sobretudo de algas depositadas em

lagos ou em ambientes lacustres.

Querogénio Tipo II, o mais abundante, é normalmente formado a partir de restos de

plantas, fitoplâncton e bactérias presentes nos sedimentos marinhos; é a fonte mais

comum de petróleo bruto, produzindo também algum gás natural.

Querogénio Tipo III, provém sobretudo de restos de plantas terrestres também

encontradas no carvão e produz principalmente gás natural.

Querogénio Tipo IV, inclui vegetais oxidados e carvão (coqueificável) fragmentário em

resultado de incêndios florestais. Não tem potencial algum para formação de petróleo,

sendo desprovido de hidrogénio.

Do Pérmico ao Triássico existem rochas-fonte de origem fluvial e lacustre, do período Jurássico

ocorrem rochas fonte exclusivamente de origem marinha com Querogênio do Tipo II, e rochas-

fonte marinhas e deltaicas com Querogénio do tipos II e III.

Rochas-fonte do período Cretácico com querogénio dos tipos II e III foram identificadas nas

províncias de Morondava, Mozambique, Seychelles e Tânzania, e rochas-fonte de querogénio do

período Paleogénico identificaram-se nas províncias de Moçambique, Seychelles, e Tânzania.

Os estratos marinhos do Jurássico Superior e do Cretácico incluem: 1) Rochas-fonte Aptianas

contendo querogénio do tipo II e, 2) Rochas-fonte do Cenomaniano–Turoniano contendo

querogénio do tipo II.

As quatro províncias avaliadas pelo USGS contêm reservatórios clásticos do Mesozóico e

Cenozóico.

Armadilhas

As armadilhas são, no que respeita ao sin-rifte, maioritariamente estruturais e, para as unidades

com rochas do pós-rift são simultaneamente estratigráficas e estruturais. As províncias do leste de

África (Mozambique, Morondava, e Tânzania), contêm reservatórios que estão associados

sobretudo a falhas nas estruturas de crescimento; blocos de falha rodados no interior da

plataforma continental; leques aluviais de águas profundas; canais de turbiditos e arenitos;

escorregamentos truncados no actual limite da plataforma continental e anteriores limites de

paleo-plataforma.

Os arenitos do Pérmico até ao Triássico, os recifes do Jurássico Superior e calcários de

plataforma são também possíveis reservatórios.

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Vol I - Relatório EPDA 27

Selantes

Os selantes primários são argilitos e xistos do Mesozóico e Cenozóico.

4.2 Indústria do Gás e Petróleo

A exploração de hidrocarbonetos em Moçambique remonta ao início do século XX:

No início de 1904 exploradores descobriram espessas bacias sedimentares terrestres

(onshore) em Moçambique. A tecnologia precária da epóca e a falta de fundos

suspenderam essas primeiras tentativas de exploração;

A partir de 1948, várias companhias petrolíferas internacionais efectuaram pesquisas,

principalmente em terra, e algumas pesquisas, muito limitadas, no mar;

Descoberta do campo de gás de Pande (1961), seguido do campo de úzi (1962) e

Temane (1967);

A instabilidade política da década de 70 levou ao abandono das actividades de pesquisa;

Década de 80: Criação da Empresa Nacional de Hidrocarbonetos de Moçambique (ENH) e

mapeamento do campo de Pande;

Uma vasta campanha de sondagem realizada pela Sasol em 2003, que incluiu poços de

exploração e produção no Bloco de Pande/Temane permitiu a expansão das reservas de

gás e a descoberta do Campo de Gás de Inhassoro @ num total de 5.504 trilhões de pés

cúbicos (TPC);

Moçambique possui 4,5 trilhões de pés cúbicos (TPC) de reservas comprovadas de gás

natural, mas não possui, de acordo com a edição do Jornal de Petróleo e Gás, de 1

janeiro de 2013, reservas de petróleo bruto;

O país possui extensas bacias sedimentares em terra e no mar que contêm recursos de

gás natural, grande parte dos quais inexplorados. Adicionalmente o país possui elevadas

reservas de carvão por explorar.

Assim, a exploração de petróleo no leste da África ganhou um grande impulso com a atenção

significativa da indústria nos últimos anos. Os primeiros indícios da existência de um sistema

petrolífero na plataforma continental do Leste Africano foram as evidências de inúmeros

escoadouros de óleo à superfície confirmado pelas significativas descobertas de hidrocarbonetos

em Moçambique e Tanzânia. O leste de África, e estas regiões em particular (Moçambique e

Tânzania), tornaram-se no centro das atenções num curto espaço de tempo, sendo consideradas

como a nova fonte mundial de fornecimento de petróleo. Moçambique e Tânzania estão ambos

bem localizados relativamente aos potenciais mercados de gás natural líquido com acesso aos

mercados Ásiáticos, Sul-Americanos e Indiano.

Moçambique possui grandes bacias sedimentares onshore e offshore que contêm recursos de

hidrocarbonetos. As empresas petrolíferas internacionais (IOCs) começaram a exploração de

hidrocarbonetos em Moçambique em 1948. Atualmente, de acordo com o Instituto de Petróleo de

Moçambique, o país tem quatro campos de gás comprovados, todos localizados em terra, na

bacia de Moçambique: Pande, Buzi, Temane e Inhassoro.

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Desde 2010, tem havido uma série de descobertas de gás natural na bacia offshore do Rovuma

que são grandes o suficiente para apoiar projectos de GNL. A Anadarko e a Eni conduziram

actividades de exploração nas suas áreas de licença offshore designadamente Área 1 e Área 4.

Como o aumento da actividade de exploração na região, serão provavelmente descobertas mais

reservas; até agora, os prospectores perfuraram cerca de 500 poços na África Oriental

Comparado com mais de 33 mil em todo o resto do continente. A Anadarko e a ENI têm

repetidamente modificado as suas estimativas iniciais, com poços de avaliação a continuar a

revelar maiores quantidades de gás natural que o esperado. Wood Mackenzie, um grupo

internacional líder na consultoria energética, considera Moçambique uma história de exploração

sem precedentes, muito positiva e com uma alta taxa de sucesso de exploração, que transformou

o panorama na região.

Fonte: ENH, 2014

Figura 5 – Reservas de hidrocarbonetos

Moçambique embarca agora numa das oportunidades potencialmente mais marcantes da história

da nação. Apesar do estado de miséria de grande parte do país (de acordo com o Banco Mundial,

a média do PIB per capita em PPP em Moçambique (2005-2011) foi de 975 $ - avaliado em 171º

lugar entre 180 países), Moçambique é dotado de uma riqueza significativa de hidrocarbonetos e

recursos minerais, numa era que enfrenta a inovação, a consciência e a colaboração a um ritmo

sem precedentes. O desenvolvimento incipiente em Moçambique das reservas de hidrocarbonetos

e minerais em larga escala é um ponto forte e uma oportunidade para a liderança estruturada e

deliberada para moldar o futuro de Moçambique Numa autoridade regional próspera, com a

capacidade de ser uma fonte de força e orientação para além das suas fronteiras (Columbia SIPA,

2013).

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Vol I - Relatório EPDA 29

4.3 Justificação do Projecto

O Instituto Nacional de Petróleos (INP), em nome do Governo da República de Moçambique,

fechou, recente, a licitação do 5º concurso para a concessão de áreas de pesquisa e produção de

hidrocarbonetos no offshore do Rovuma, Zambeze e Angoche e onshore em torno da concessão

Pande-Temane e áreas de Palmeira. Um total de 15 blocos foram incluídos neste concurso, tal

como ilustrado na Figura 6, que compreende uma área total de cerca de 76.800 km2.

Fonte: INP, 2014

Figura 6 - 5º Concurso de Concessão de Áreas para Pesquisa e Produção de Hidrocarbonetos

O método geofísico que proporciona imagens mais detalhadas da geologia sub-superficial é a

pesquisa sísmica. Este método envolve a geração e a propagação, natural ou artificial, de ondas

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Vol I - Relatório EPDA 30

(elásticas) sísmicas para o interior da terra até que encontrem uma descontinuidade (qualquer

interrupção nos sedimentos) e sejam refletidas de volta para a superfície.

Em Março de 2014, a Spectrum apresentou um conceito 3D para pesquisa marítima em

Moçambique em colaboração com o INP chamado "Pathfinder 3D". A metodologia que foi

proposta pretende primeiro identificar áreas que têm excelente potencial de exploração e que

exigem pesquisa sísmica 3D antes da perfuração.

Fonte: ENH, 2012

Figura 7-Cobertura sísmica 3D em bacias africanas

Colocar o "Pathfinder 3D" sobre um bloco em cada uma das bacias alvo (cerca de 2.500 km²)

poderia acelerar a perfuração de exploração em 2-3 anos, eliminando a necessidade de uma

primeira fase de "aquisição sísmica" para uma licença atribuída - de tal forma que um operador

poderia estar pronto a perfurar em 12 meses após a atribuição da licença do bloco.

A tecnologia 3D utilizada na aquisição e os parâmetros de processamento serão discutidos e

acordados entre o INP e os potenciais candidatos aos blocos. A Spectrum tem uma capacidade

única de ser muito flexível a nível da tecnologia utilizada.

Os principais aspectos que demonstram a oportunidade do projecto em avaliação são:

O 5º Concurso de Concessão de Área para a Pesquisa e Produção de Hidrocarbonetos

promovido pelo INP e a ausência de dados de pesquisa sísmica 3D nos blocos da Bacia

de Moçambique, Delta do Zambeze, a concessionar;

A ampla exploração sísmica que teve já lugar na proximidade da costa de Moçambique;

As reservas significativas de hidrocarbonetos já encontradas e em exploração;

Esta pesquisa propõe-se avaliar e compreender o potencial de hidrocarbonetos das águas

profundas na costa norte de Moçambique, através da aquisição de novos dados sísmicos,

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Vol I - Relatório EPDA 31

com recurso à tecnologia avançada mais recente, de modo a fornecer imagens claras do

que se encontra abaixo do fundo do mar;

Esta pesquisa irá auxiliar a descoberta de novas reservas de petróleo e gás para benefício do

Governo e do povo de Moçambique;

4.4 Antecedentes – Fase de IP/EPDA

A 20 de Agosto, a Spectrum submeteu ao MITADER/DNAIA e às Direcções Provinciais de

Coordenação Ambiental de Nampula, Zambézia, Sofala, Inhambane, Gaza e Maputo a Instrução

do Processo. Nesta fase a Spectrum apresentou um projecto com duas actividades: levantamento

sísmico 2D ao largo da costa destas províncias; e levantamento sísmico 3D nos blocos do Delta

do Zambeze e Angoche.

No entanto, desde Agosto e com a avaliação dos resultados obtidos no 5º Concurso para a

Concessão de Áreas de pesquisa e Produção de Hidrocarbonetos, a Spectrum reconsiderou as

suas actividades e priorizou o bloco do Delta do Zambeze como o bloco prioritário para a

realização do levantamento sísmico 3D.

Neste momento, ainda está na fase de planeamento a pesquisa sísmica 2D na Bacia de

Moçambique e o levantamento sísmico 3D no bloco de Angoche, que serão abordados num outro

processo de AIA a submeter ao MITADER para Pré-Avaliação.

A Figura 8 identifica as áreas que foram apresentadas na fase de IP a Figura 9 apresenta a nova

área considerada nesta fase do EPDA. As principais características de localização e de projecto

agora apresentadas são descritas em detalhe no item seguinte.

Como se pode verificar nas imagens seguintes o presente projecto sobre o qual o EPDA foi

desenvolvido corresponde unicamente à área 3D do Bloco do Delta do Zambeze, deixando-se

para processo de AIA independente a pesquisa sísmica 2D e a pesquisa sísmica 3D referente ao

Bloco de Angoche.

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Fonte: Consultec (Dados – Spectrum)

Figura 8 – Áreas de pesquisa sísmica (2D e 3D) apresentadas na fase de Instrução de Processo

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Fonte: Consultec (Data – Spectrum)

Figura 9 – Área de pesquisa sísmica 3D apresentada na fase de EPDA

4.5 Descrição do Projecto

Nesta seção é apresentada uma breve descrição das operações de pesquisa sísmica propostas e

as actividades associadas ao projecto. A descrição não pretende ser exaustiva, mas visa

proporcionar uma compreensão geral das actividades propostas e descrever aquelas que poderão

causar impactos ambientais significativos.

Deve salientar-se que a Spectrum depende dos procedimentos operacionais da empresa de

aquisição que será escolhida para realizar o trabalho (a empresa detentora do navio sísmico). No

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Vol I - Relatório EPDA 34

entanto, todos os navios de pesquisa sísmica contratados pela Spectrum seguem as diretrizes

internacionais para todos os itens discutidos abaixo.

O projecto da Spectrum diz respeito unicamente à aquisição de dados sísmicos, ou seja à fase de

avaliação de riscos. Por razões técnicas, económicas ou outras, o governo ou uma empresa,

poderão não continuar a actividade de exploração, mesmo depois das actividades de pesquisa

sísmica terem sido realizadas.

Figura 10 - Ciclo de vida das operações de petróleo e gás

Durante a fase de interpretação os geocientistas irão analisar uma série de dados técnicos e

económicos, tais como: interpretação sísmica, modelo de construção, análise de logs, análise

especial e caracterização de reservatórios e irão apresentar os dados no contexto certo para a

tomada de decisão: que em resume é responder à questão se se avança para a faze posterior dos

trabalhos: proceder à "perfuração ou não perfuração ".

O projecto da Spectrum insere-se na avaliação sísmica que será uma das componentes a ser

analisada para a tomada de decisão de se proceder a mais estudos com base em perfurações ou

não. Aliás, como anteriormente referido, a sísmica 3D permite reduzir de modo significativo o

tempo para esta tomada de decisão.

4.5.1 Localização do Projecto

De acordo com os resultados da 5º Concurso para a Concessão de Áreas para a Pesquisa e

Produção de Hidrocarbonetos, recentemente divulgados pelo INP, a Spectrum estabeleceu como

área prioritária para a realização do levantamento sísmico 3D a Área do Delta do Zambeze (figura

abaixo)

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Vol I - Relatório EPDA 35

Fonte: Consultec (Data – Spectrum)

Figura 11 – Pesquisa Sísmica 3D – Área do Selta do Zambeze

O levantamento sísmico 3D só é usado para investigar em maior detalhe as áreas que apresentam

forte indício da provável ocorrência de reservas de hidrocarbonetos, quer devido à sua geologia

conhecida ou devido a dados existentes, como é o caso da área do Delta do Zambeze.

Tabela 8 – Principais características da localização das pesquisas propostas

Área do Delta do Zambeze 3D

Tamanho da área de pesquisa 34 km2

Profundidade mínima 50 m

Profundidade máxima 2 100 m

Distância à costa 75 a 80 km

É expectável que a aquisição dos levantamentos 3D leve entre 6 a 9 meses, dependendo das

condições climatéricas e outros fatores. No entanto, é possível dividir as pesquisas em períodos

ou áreas menores para garantir que aquisição não tenha lugar em épocas de restrições

ambientais.

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Vol I - Relatório EPDA 36

4.5.2 Alternativas do Projecto

Alternativas ao método de pesquisa

Não existe nenhum outro método de levantamento em profundidade da geologia marinha mais

preciso, eficiente em termos de tempo, ou com menos impactos ambientais do que a utilização de

canhões de ar rebocados e hidrofones dispostos ao longo de um cabo. Antes do desenvolvimento

de canhões de ar, recorria-se ao uso de dinamite para a pesquisa sísmica marítima, porém este

método de pesquisa foi abandonado pela indústria de exploração há 30 anos.

Alternativas aos parâmetros do levantamento

Os parâmetros principais da pesquisa, tais como a posição da linha, comprimento das linhas,

espaçamento entre linhas, o intervalo disparo-ponto, e comprimento do cabo foram determinados

por geofísicos tendo consideração os objectivos da pesquisa. No que respeita à localização, as

linhas de pesquisa propostas foram cuidadosamente selecionadas com base na compreensão

atual das condições geológicas da área de estudo e pretendem testar os conceitos geológicos

nesses locais específicos. As linhas de pesquisa conectam-se à grelha estabelecida ao largo da

Bacia de moçambique, Delta do Zambeze. Um extenso trabalho de levantamento geofísico da

mesma natureza da pesquisa aqui proposta, tem sido desenvolvido ao longo dos últimos anos.

Parâmetros como o canhão de ar e a profundidade de reboque do cabo podem ser ajustados no

início da pesquisa de forma a otimizar a qualidade dos dados. Os tipos de equipamento de

disparo, as configurações de matriz e tipo de cabo são no entanto limitados ao equipamento

disponível no navio e, portanto, não podem ser facilmente alterados.

Alternativas ao calendário do programa

O calendário específico do programa irá depender de vários factores, incluindo as condições do

tempo, cronograma e sensibilidades associadas a restrições biológicas e socioeconómicas. As

opções de mitigação de potenciais impactos negativos, por exemplo, podem incluir eventualmente

a modificação do calendário das operações em áreas específicas pelo que o programa da

pesquisa será desenvolvido nesta base.

Uma vez que não existem alternativas viáveis que possam ser genuinamente consideradas numa

perspectiva ambiental (tal como descrito acima), as duas alternativas são simplesmente prosseguir

com a pesquisa ou não prosseguir.

Alternativa de não concretização do projecto – “No-go”

No caso de o projecto não prosseguir, os impactos mitigados das operações sísmicas no ambiente

não ocorrerão como é óbvio, no entanto o ambiente não irá necessariamente manter a situação

base de referência uma vez que impactos nas pescas e na actividade dos navios (i.e. navios de

carga, navios de cruzeiro, e outros navios de pesquisa), resíduos, sedimentação, precipitação de

poluentes atmosféricos, etc., terão lugar.

A alternativa “No-go” também significa que o renovado interesse na exploração desta área terá

cessado, ou pelo menos recuado significativamente, dado que os geólogos poderão não ter a

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Vol I - Relatório EPDA 37

informação requerida para mapear a sub-superficie nesta área. Isto irá consequentemente

significar que o potencial para avaliar o potencial de hidrocarbonetos na área não terá continuado,

juntamente com a avaliação da oportunidade para mais exploração da sub-superfície e para o

programa de perfuração. Por último, o não prosseguimento do programa impede neste caso

efetivamente a possibilidade de avaliar os recursos de hidrocarbonetos no mar da região. Isto irá

resultar na retirada de potenciais negócios no futuro, direitos de exploração, e fontes de receita

fiscal e não existirá informação para futuro conhecimento e pesquisa. Todos estes factores

conduzirão igualmente à redução significativa das oportunidades de emprego directo no navio de

pesquisa e à redução das oportunidades de recolher de informação sobre observações biológicas

e ao conhecimento mais detalhado do enquadramento geológico da Bacia de Moçambique.

4.5.3 Pesquisa Sísmica Marítima

A pesquisa sísmica marinha é um método de determinação de características geológicas abaixo

do fundo do mar, através do envio de ondas de som acústicas para as diversas camadas de rocha

enterrada sob o fundo do mar, registando em seguida o tempo necessário para que cada onda

seja reflectida, medindo também a força do sinal reflectido da onda. Trata-se da forma mais fiável

para a exploração inicial de petróleo e gás, sendo essencial para a identificação de características

geológicas que podem conter jazidas de petróleo ou gás.

As pesquisas sísmicas decorrem geralmente ao longo de alguns meses numa determinada área.

Assim que os geofísicos tenham a "imagem" do subsolo estudada, poderão requerer que partes

da área sejam pesquisadas através do método de reflexão sísmica 3D, para fornecimento de

maior detalhe. Os dados extra ajudarão os geofísicos a mapear com maior precisão as potenciais

perspectivas e a decidir o melhor lugar para a perfuração dos poços de exploração.

Assim o objectivo da pesquisa consiste na avaliação do potencial para a descoberta de

hidrocarbonetos ao largo de Sofala e da Zambézia usando um método sísmico de reflexão 3D. A

sísmica de reflexão é um método de exploração geofísico que utiliza os princípios da sismologia

para estimar as propriedades da subsuperfície da Terra com base em ondas sísmicas refletidas. A

Sismologia de Reflexão, vulgarmente designada na indústria de Hidrocarbonetos apenas por

Sísmica, é usada por geólogos e geofísicos do petróleo para mapear e analisar potenciais

reservatórios de petróleo. A Spectrum Geo, Ltda propõe-se assim realizar a pesquisa sísmica ao

largo da Bacia de moçambique, Delta do Zambeze de forma a avaliar a existência na área de

possíveis acumulações de petróleo e gás.

Os itens apresentados em seguida apresentam uma visão geral das operações geofísicas

marítimas de base com o apoio técnico fornecido pela Associação Internacional dos Empreiteiros

Geofísicos (IAGC).

Reflexão Sísmica de Base

Em pesquisa sísmica, os geofísicos utilizam as mesmas propriedades físicas básicas dos

sismologistas. Ondas de baixa energia relativa são mecanicamente geradas e orientadas para a

terra. Parte da energia é reflectida de volta para a superfície a partir das diferentes camadas de

rocha abaixo da superfície. As ondas reflectidas são detectadas através de instrumentos de

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Vol I - Relatório EPDA 38

medição sensíveis que registam com precisão a força da onda e o tempo necessário para

atravessar as várias camadas da crosta terrestre no percurso de volta à superfície. As gravações

são sujeitas a vários ajustes, feitos principalmente por computadores, e são transformadas em

imagens da subsuperfície da terra na área de pesquisa sísmica. Em resumo, embora os geofísicos

não possam observar diretamente o subsolo, podem usar a pesquisa sísmica para, de forma

indireta, obter uma imagem da estrutura e natureza das camadas de rocha abaixo da superfície da

terra.

Este método de aquisição sísmica encontra-se ilustrado na Figura 12.

Figura 12- Diagrama ilustrativo do funcionamento da pesquisa sísmica marinha

Um dos usos mais comuns dos levantamentos sísmicos é a pesquisa de hidrocarbonetos, gás e

petróleo, sendo a maior parte das pesquisas sísmicas comerciais efectuada no setor de energia. A

exploração de petróleo e gás decorre em todos os lugares à superfície da Terra. A pesquisa

sísmica pode ser classificada geralmente em duas categorias principais:

Terrestre ou Exploração em terra;

Marítima ou Exploração no mar.

Existe normalmente uma terceira zona exploratória com menor importância comercial. Esta zona é

comummente designada de exploração em águas superficiais, sendo por vezes também

designada de Zona de Transição da Exploração (ZTE). Esta zona inclui águas superficiais, tais

como zonas de marés, estuários e zonas pantanosas. As actividades de exploração nestas áreas

podem ser muito complexas. A pesquisa a realizar pela Spectrum será focada na exploração

sísmica marítima.

Metodologia Sísmica 3D

A complexidade das operações de levantamento sísmico pode variar muito. Existem no entanto

dois tipos principais de pesquisa sísmica. São estas a exploração 2D ou bidimensional ou a

exploração 3D. O método de exploração 2D pode ser sucintamente descrito como um método

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Vol I - Relatório EPDA 39

básico e pouco dispendioso, e que apesar da sua simplicidade, tem sido é ainda é eficientemente

usado para encontrar petróleo e gás. A pesquisa 3D, no entanto, é um método muito mais

complexo e preciso de levantamento sísmico, que envolve geralmente um investimento muito mais

elevado e um equipamento mais sofisticado que a pesquisa 2D. Até ao início da década de 80, a

pesquisa 2D foi predominante porém, actualmente a pesquisa 3D é a ferramenta de exploração

mais utilizada.

A pesquisa 3D incide sobre áreas específicas, geralmente com alvos geológicos conhecidos a

partir de um levantamento prévio 2D. Antes do levantamento, é efectuado um planeamento

cuidadoso para garantir que a área a pesquisar foi definida com precisão. Dado que muito tempo

dinheiro e esforço são colocados na aquisição sísmica, processamento e interpretação do

levantamento, é importante que esta seja delineada para atingir os objectivos da pesquisa. O

resultado do planeamento detalhado será um mapa que defina os limites da área de pesquisa e a

direção das linhas de levantamento.

Parâmetros de aquisição específicos, tais como intervalos de fonte de energia, disparo e da

estação receptora, juntamente com o tempo de escuta sísmico, serão também definidos. No

levantamento 3D, os grupos de linhas de vela (ou camadas) são adquiridos com a mesma

orientação, ao contrário da 2D, onde existe um requisito para as linhas ortogonais ou oblíquas em

relação à direcção de aquisição proeminente. Simplisticamente, a aquisição 3D é a aquisição de

muitas linhas 2D juntas, estreitas e dispostas paralelamente sobre a área.

A separação das linhas 3D é normalmente da ordem de 200 a 400 metros. Com a utilização de

mais de uma fonte sísmica e muitos cabos paralelos rebocados pelo navio sísmico, podem ser

conseguidas por uma única linha a aquisição de muitas linhas 2D sub-superficiais estreitamente

espaçadas, entre 25 e 50 metros de distância. A pesquisa 3D, é muito mais eficiente na medida

em que muitas vezes são gerados mais dados do que pela pesquisa 2D. O tamanho de um

levantamento 3D é normalmente indicado em quilómetros quadrados ou, por vezes, através do

número de quilómetros de linha a adquirir. Um levantamento 3D pequeno estima-se na ordem de

300 quilómetros quadrados, 1000 quilómetros de linha ou 12.000 quilómetros sub-superfíciais de

pesquisa 2D.

Os levantamentos 3D são adquiridos normalmente seguindo o padrão da pista a utilizar, para

permitir que linhas adjacentes sejam gravadas na mesma direção (faixa), reduzindo ao mesmo

tempo o tempo necessário para que o navio mude de direção. Desta forma a eficiência de

aquisição dos dados aumenta e minimizam-se as descontinuidades de processamento que

poderiam afectar negativamente a interpretação dos dados.

Devido ao número de quilómetros de linha envolvidos, os levantamentos 3D podem levar muitos

meses para serem concluídos. A maneira pela qual os dados são adquiridos afecta grandemente a

eficiência da aquisição e parte considerável do planeamento é dirigido para este aspecto. Embora

a abordagem das faixas seja a mais favorável, outros factores como o tamanho e a forma de

pesquisa, obstruções, marés, vento, condições climáticas, navios de pesca e as especificações do

cliente, poderão afectar a eficiência e o planeamento das operações. Normalmente, uma pesquisa

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Vol I - Relatório EPDA 40

é dividida em áreas e as linhas são concluídas por fases ou por faixas, mas não existe um

procedimento rígido a seguir.

Figura 13 – Representação esquemática de um navio de pesquisa sísmica 3D típico (este exemplo mostra 6 “streamers”)

Figura 14- Navio sísmico típico puxando o “streamer” e um geofísico processando os dados obtidos

São necessários computadores poderosos para processar o grande volume de dados adquiridos

nas imagens tridimensionais do subsolo - daí o termo sísmica 3D. Os levantamentos 3D são

actualmente o método preferido para fornecer ao intérprete geológico informações de

subsuperfície e representam mais de 95% dos dados sísmicos marítimos adquiridos em todo o

mundo. Os levantamentos 3D são usados em todas as fases da exploração de hidrocarbonetos

desde a identificação das estruturas geológicas, susceptíveis de conter hidrocarbonetos, até áreas

de produção estabelecida, para identificar as partes do reservatório que não estão a ser drenadas

por os poços existentes. Cada vez mais, as pesquisas 3D são repetidas regularmente em campos

de produção estabelecidos para monitorização das características do reservatório e das taxas de

esgotamento, chamados de levantamentos “Time Lapse”.

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Figura 15- Área de trabalho dos geofísicos e operadores do barco, a bordo de um navio de aquisição sísmica

Assim que a pesquisa sísmica estiver concluída, os dados serão enviados para um centro de

processamento especializado, com computadores de grande porte para a produção de imagens

da subsuperfície do fundo do mar. Os geólogos procedem então ao mapeamento das imagens

para procurar possíveis estruturas que contenham petróleo ou gás. Apresentam-se em seguida

vários exemplos de imagens processadas.

Fonte: Spectrum

Figura 16 - Exemplos de imagens da superfície abaixo do fundo do mar e dos dados processados

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Navio de aquisição sísmica

Actualmente, os navios sísmicos são construídos propositadamente com muitas características

especiais, incluindo acomodações para a tripulação, instrumentos, heliporto, motores e hélices

silenciosos. O capitão, é responsável pela segurança da embarcação sísmica e é ele que tem a

última sobre a forma como o navio sísmico é operado e manobrado.

Os levantamentos sísmicos marinhos exigem navios especiais com 75-90 metros de comprimento

(250 a 300 pés), e uma tripulação com cerca de 30 a 65 marinheiros, engenheiros de pesquisa e

técnicos (embarcações menores são usadas para pesquisas localizadas). Durante o

levantamento, a embarcação sísmica viaja a cerca de 5 nós (9 km) por hora ao longo de um área

de pesquisa predeterminada.

Fonte: Spectrum

Figura 17-Exemplo de um navio sísmico típico

Sala de Instrumentos

Esta sala é o lugar onde está localizada e é operada a principal instrumentação sísmica. A

localização desta sala varia de um navio para outro, mas normalmente situa-se num local central,

debaixo da ponte, frente ao convés traseiro. Nesta sala encontram-se os principais instrumentos

para a gravação de dados sísmicos, o controlo do “streamer” e da fonte de energia de disparo dos

canhões.

O sistema de navegação principal também está situado nesta sala, assim como as ligações ao

satélite, sistemas de rádio, bússolas e todos monitores e dispositivos de controle de

posicionamento. Geralmente, existe uma área de trabalho para teste dos instrumentos e

reparação.

Convés traseiro

Esta área que pode variar de navio para navio a nível de pormenor, tem a mesma finalidade

básica - armazenamento, recuperação e utilização dos equipamentos sísmicos a colocar no mar.

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Os “streamers” sísmicos estão guardados nesta sala em grandes bobinas e, quando a aquisição

está em curso, são colocados na parte traseira e / ou na parte lateral do navio e rebocados

diretamente atrás deste. O número de “streamers” varia consoante o navio, mas podem chegar a

ser dezasseis para pesquisas 3D. Os cabos dos “streamers” são alimentados através de

conectores especiais desde a sala de instrumentos. A maioria dos navios tem uma pequena área

de reparação dos “streamers” no convés traseiro. Os “streamers” sísmicos estão sob controlo do

da seção da tripulação responsável pela observação geofísica.

Fonte: Spectrum

Figura 18- Equipamento a bordo de um navio sísmico 2D, antes de ser colocado na água

A fonte energia do equipamento também está situada no convés traseiro. A fonte de energia é

composta normalmente pelos canhões alimentados por ar de alta pressão. Cada fonte é

constituída por uma matriz de canhões de ar de vários tamanhos, interligados com arneses

especiais e alimentados com linhas de ar e cabos de controle eletrónico. Quando não estão a ser

utilizados, estes cabos são armazenados em carretéis geralmente na extremidade anterior do

convés traseiro. Quando em actividade os cabos são colocados no mar através de uma rampa

situada na parte posterior do convés. A alimentação de ar da matriz de cabos através dos

compressores do navio sísmico é monitorizada a partir de um painel de controlo, alojado numa

pequena cabine onde também podem ser feitas reparações. Associado aos “streamers” e matrizes

encontra-se o equipamento de reboque. Trata-se de um conjunto complexo de equipamentos

especializados, cuidadosamente concebidos para permitir que os múltiplos “streamers” e matrizes

de origem sejam posicionados com precisão atrás da embarcação sísmica, e para permitir

diferentes afastamentos dos cabos e matriz, em função do delineamento da pesquisa.

O sistema de canhões de ar e o equipamento de reboque estão entre as principais

responsabilidades da seção de mecânica. Finalmente no deck posterior encontra-se o

equipamento de navegação ou posicionamento. Geralmente este equipamento inclui os

instrumentos de navegação das boias. As bóias da cauda estão ligadas à extremidade dos

“streamers” mais afastados do navio. óias adicionais podem estar ligadas à matriz e ao

equipamento de reboque, por exemplo. Porém, em conjuntos múltiplos complexos de “streamers”/

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fonte /navio, são necessárias bóias adicionais e os navegadores precisam de muitos outros

sistemas de controlo e monitorização da fonte, “streamers”, assim como outros navios, para que

as posições relativas dos equipamentos possam ser registadas.

Sala do compressor

Esta sala contém os motores do compressor e os compressores, que fornecem ar de alta pressão

à fonte dos conjuntos de canhões. Os compressores têm capacidade para recarregar os canhões

de ar, rápida e continuamente, permitindo que os conjuntos de canhões disparem normalmente a

cada 10 segundos durante a aquisição de dados por períodos consecutivos de cerca de 12 horas

de disparos, dependendo da extensão da linha de navegação. Esta sala está sob controlo da

seção de mecânica e está situada normalmente na proximidade do convés posterior.

“Streamers” sísmicos

Refere-se que devido à acção do vento, marés e correntes os “streamers” sísmicos normalmente

não são puxados diretamente atrás do navio, apresentando um deslocamento a partir da linha de

navegação. Este deslocamento é referido como empenamento mas, enquanto o deslocamento

lateral dos streamers não é geralmente crucial para o sucesso de levantamentos 2D, é

extremamente importante em 3D, onde o conhecimento preciso das posições de todas as fontes e

receptores é fundamental para o sucesso da técnica.

O cabo sísmico ou “streamer” detecta os níveis de energia muito baixos refletidos a partir da fonte

sísmica, que viajam através da camada de água em direção à terra e regressam à superfície,

através da utilização de dispositivos sensíveis à pressão chamados hidrofones. Os hidrofones

convertem os sinais de pressão reflectidos em energia eléctrica, digitalizada e transmitida ao longo

dos “streamers” sísmicos até ao sistema de gravação existente a bordo do navio sísmico, onde os

dados são gravados em fita magnética.

A sensibilidade e robustez dos “streamers” são notáveis. Os níveis normais de ruído em condições

meteorológicas calmas são da ordem de 2-3 μbar, sendo bastante comum que os “streamers

permaneçam em operação por vários meses seguidos.

Cada “streamer” é composto por cinco componentes principais:

Hidrofones, normalmente dispostos com um metro de distância entre cada um,

electricamente unidos em grupos de 12,5 ou 25 metros de comprimento.

Sistemas electrónicos que digitalizam e transmitem os dados sísmicos.

Partes reforçadas, em aço ou kevlar, que proporcionam a robustez física necessária,

permitindo que o “streamer” seja rebocado mesmo nas condições climatéricas mais

difíceis. Cada “streamer” pode ser submetido a várias toneladas de esforço de tracção.

Sistema de transmissão eléctrica que fornece a energia aos sistemas eletrónicos dos

“streamers”, aos equipamentos periféricos e à telemetria de dados.

Revestimento do “streamer” onde os equipamentos acima indicados estão alojados.

O streamer é dividido em seções com 50 a 100 metros de comprimento cada, para permitir a

substituição de componentes danificados. Cada seção termina com uma unidade conectora, que

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alberga os sistemas eletrónicos. Cada secção é preenchida com uma líquido de isolamento

eléctrico, com peso específico inferior a um, para proporcionar ao “streamer” uma flutuabilidade

total neutra.

Embora historicamente, o fluido utilizado fosse um composto orgânico, mais recentemente tem

vindo a ser utilizado um material puramente sintético.

Os avanços recentes na tecnologia conduziram a uma nova geração de “streamers” sísmicos,

afastando-se dos cabos tradicionais cheios de fluido para cabos sólidos, em espuma extrusada,

onde a necessidade de líquido é minimizada ou totalmente removida. Esta geração de “streamers”

tem a vantagem de ser mais robusta, mais resistente a danos, não vazando quando danificados,

quer a bordo do navio, quer no mar, apresentando também menor sensibilidade ao tempo e ao

barulho das ondas. Tudo isto foi conseguido sem reduzir a sensibilidade do cabo à reflexão da

energia.

Fonte: Spectrum

Figura 19- Esta foto mostra um “streamer” enrolado num carretel, antes de ser colocado na água

O comprimento do “streamer” utilizado depende da profundidade e tipo de alvo geológico de uma

determinada pesquisa. Em pesquisas recentes foram utilizados streamers com comprimentos da

ordem dos 5.000 a 6.000 metros e em pesquisas detalhadas usaram-se “streamers” com até

12.000 metros de comprimento.

Normalmente o intervalo da profundidade de operação varia entre 3 a 5 metros para zonas

superficiais, pesquisas de elevada resolução em zonas de relativamente boas condições

atmosféricas até 8 a 15 metros para maior penetração, alvos de baixa frequência em águas

abertas.

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Vol I - Relatório EPDA 46

Fonte; IAGC, 2002

Figura 20-O comprimento dos “streamers” tem aumentado ao longo do tempo com o aperfeiçoamento da tecnologia

Adicionalmente cada streamer tem ligado à sua extremidade uma boia terminal tanto para fornecer

advertência do perigo do streamer rebocadas submerso, especialmente importante à noite, como

para fornecer informações quanto à sua posição.

Fonte Sísmica

Embora existam actualmente três tipos de fontes sísmicas, canhões de ar, canhões de água e

vibradores que podem ser usadas, a maior parte das pesquisas realizadas em todo o mundo

utilizam canhões de ar. Os explosivos representam uma fonte histórica e não são utilizados em

operações actuais. O canhão de ar compreende duas camaras de elevada pressão; uma camada

superior de controlo e uma camara de descarga. A elevada pressão do ar, normalmente de 2000 a

2500 psi, é alimentada pela câmara superior de controlo a partir do compressor existente a bordo

do navio através de uma manga de ar e verte para dentro da câmara inferior de disparo através de

um orifício na haste da lançadeira.

A lançadeira é forçada a voltar à sua posição original pelo ar de alta pressão na câmara de

controlo, de modo que cada vez que a câmara de descarga esteja completamente carregada com

ar de alta pressão, a canhão de ar pode ser disparado novamente. A abertura da lançadeira é

muito rápida, precisando apenas de alguns milésimos de segundo, o que permite que o ar de

elevada pressão possa ser descarregado muito rapidamente.

Geralmente entre 4,5 a 6 km podendo chegar aos 12 km

Até 1 km

Geralmente entre 4,5 a 6 km podendo chegar aos 12 km

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Vol I - Relatório EPDA 47

Fonte; IAGC, 2002

Figura 21- Diagrama de uma operação de disparo.

Os volumes de energia total da fonte variam de pesquisa para pesquisa e são definidos para

fornecer energia sísmica suficiente para iluminar o objectivo geológico da pesquisa, e ao mesmo

tempo minimizar a perturbação ambiental. O conjunto de canhões de ar é constituído por

subconjuntos de cordas suspensas a partir de equipamentos flutuantes que mantêm a

profundidade especificada para as operações. A dimensão dos conjuntos é normalmente da

ordem dos 25 metros de largura e dos 15 a 20 metros de comprimento. As saídas da fonte

actualmente utilizadas são de cerca de 220 d em relação ao 1μ Pascal / Hz a 1 metro. Em

termos de pressão o pico de saída zero é da ordem dos 40 bar-metros. A fonte dos canhões está

projectada para dirigir a energia para baixo em direção à subsuperficie.

Operações

O primeiro estágio de uma operação normal é fornecer o navio sísmico completamente com o

combustível, água, comida, equipamento sísmico e tripulação, necessários. Após o que o navio se

dirige até ao local da pesquisa. O navio sísmico terá sido dotado antecipadamente de todos os

detalhes necessários com respeito ao delineamento da pesquisa e o tipo e quantidade de

equipamento a utilizar. Os operadores do navio terão acesso à informação que especificará o local

onde cada linha sísmica tem de começar e acabar, qual a fonte de energia de disparo e o intervalo

de disparo. Esta informação estará integrada no sistema de navegação a bordo do navio.

Na ponte o capitão garante que enquanto o navio sísmico está sob controlo manual normal está a

navegar para a posição de início da primeira linha. O navio sísmico manterá uma velocidade

constante de cerca de 5 nós. O capitão e o gestor da equipa sísmica estarão permanentemente a

monitorizar o vento condições do tempo e os relatórios recebidos. Assim que se o navio se vai

aproximando da área de pesquisa os observadores geofísicos irão colocar e verificar os

“streamers”, anexando o monitor de profundidade e os dispositivos de controlo à medida que

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Vol I - Relatório EPDA 48

avançam. Os mecânicos colocam os compressores a trabalhar e preparam e verificam os canhões

de ar necessários. Na sala dos instrumentos, todo o equipamento será ligado, testado e verificado

para que a operação decorra sem problemas. Os registos de teste (sem operação dos canhões de

ar) para registo do ruído no interior do mar serão realizados. O “streamer”, os canhões de ar e as

bóias serão ligados uns aos outros, serão verificados e testados e todo o sistema confirmado

como OK e pronto para avançar.

Será durante a aproximação ao início da linha que os procedimentos de protecção ambiental

serão aplicados. Dependendo da área específica de controlo ambiental local será realizada, pelo

menos, 30 minutos antes do disparo dos canhões uma observação visual de mamíferos marinhos

a partir do navio sísmico (ver 4.6.1). Nalgumas áreas métodos acústicos poderão ser

adicionalmente utilizados para identificar a presença de mamíferos marinhos na vizinhança do

conjunto dos canhões. Quando a linha estiver completa todos os sistemas param o registo. O

navio estará agora no modo de mudança de linha. O tempo de mudança de linha varia de acordo

com o delineamento da pesquisa e com a configuração do equipamento mas, normalmente

demora entre uma a três horas. Durante o período de mudança de linha, toda a tripulação

envolvida no trabalho procederá rapidamente à resolução de problemas e fará prontamente as

modificações e reparações para a próximas linhas. O percurso será então iniciado, todo o

equipamento é reiniciado e o ciclo repete-se.

4.5.4 Mão-de-Obra

Um navio sísmico será fretado para realização da pesquisa. A embarcação será tripulada por

funcionários da empresa de aquisição sísmica. Um ou vários navios de apoio poderão ser

necessários para acompanhar a embarcação principal – a tripulação destas embarcações poderá

ser de origem local.

Normalmente, existe uma tripulação marítima, a equipe técnica da aquisição sísmica, os

Observadores de Mamíferos Marinhos/Operadores de PAM, as equipas de Qualidade, Saúde,

Segurança e Meio Ambiente, Valores Mobiliários e os responsáveis pela comunicação com

pescadores locais. Poderá ainda existir um elemento de apoio em terra – possivelmente recrutado

localmente.

4.5.5 Precauções de segurança

Devido à reduzida manobrabilidade da embarcação de aquisição sísmica e do equipamento

rebocado, assim como devido à necessidade de manter a trajectória preconizada durante a

aquisição de dados sísmicos, são consideradas e aplicadas providências abrangentes de

segurança, com a finalidade de evitar colisões entre a embarcação e outros utilizadores do mar (p.

e. embarcações ou equipamento pesqueiro). As providências a tomar incluem as seguintes:

Divulgação prévia de avisos à navegação, com apresentação do cronograma e localização

das actividades;

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Vol I - Relatório EPDA 49

Manutenção constante das embarcações de apoio à embarcação de aquisição sísmica

que patrulharão a área de protecção de modo a identificar e interpelar através de sistema

de rádio, possíveis embarcações que se encontrem no interior da área de protecção.

As embarcações de apoio são utilizadas para patrulhar a área de pesquisa e para alertar

para a presença de embarcações ou de aparelhos de pesca que possam constituir um

risco ao equipamento das operações de pesquisa;

Os sinais internacionais requeridos para aviso de “reboque em andamento” estarão

colocados dia e noite na embarcação sísmica;

A avançada tecnologia do sistema de navegação instalado a bordo, garante que a

embarcação seja pilotada com segurança, maximizando a área de cobertura da pesquisa.

Além do acima exposto, será designada uma zona de segurança à volta da embarcação de

aquisição sísmica assim como do equipamento rebocado, que estará interdita a embarcações

externas às operações em curso (excepto aos navios de apoio).

4.5.6 Resíduos, Emissões e Descargas

Esta seção discute brevemente os tipos de emissões, descargas e resíduos que estão associados

às operações de pesquisa sísmica propostas. Estes incluem as emissões atmosféricas, emissões

sonoras, as descargas para o mar e eliminação de resíduos em terra.

Resíduos

Vários tipos de resíduos são gerados durante pesquisas sísmicas em mar aberto (na sua maioria

semelhantes aos tipos de resíduos gerados pelas actividades de transporte em geral). Os tipos de

resíduos tipicamente gerados, e os métodos de tratamento e/ou eliminação planeada estão

resumidos na Tabela abaixo.

Tabela 9 - Tipos de resíduos e os métodos de tratamento/eliminação

Tipo de resíduos Métodos de tratamento/eliminação

Resíduos/ ixo doméstico, como papel, plástico, madeira, vidro, etc.

Recolhidos e incinerados a bordo (ou transportado para terra e depositado em local apropriado e devidamente).

Resíduos da cozinha (comida) Recolhido e incinerado a bordo (ou triturado até um tamanho <25mm e descarregado no mar a uma distância maior que 12 milhas náuticas [nm] da costa mais próxima)

Esgotos e águas residuais Recolhido e tratado a bordo e o efluente tratado é descarregado no mar

Resíduos/restos de óleos e filtros Os resíduos/restos de óleo são recolhidos e incinerados a bordo, os filtros são recolhidos a bordo e transportados a instalações de reciclagem em terra.

Resíduos perigosos e químicos, tais como baterias de lítio, cartuchos de toner, etc.

Depositados em terra numa base de caso a caso de acordo com a legislação relevante e/ou regulamentos das autoridades reguladoras

Tambores e embalagens vazias, que podem conter resíduos contaminantes.

Transportados para terra e reciclados, sempre que possível (em recipientes de aço), ou depositados em em um aterro sanitário devidamente licenciado, após a lavagem e trituração/fragmentação.

Cinzas do incenerador Recolhidas a bordo e transportadas para terra e depositado em local apropriado e devidamente.

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Vol I - Relatório EPDA 50

Emissões Gasosas

Durante as operações de aquisição sísmica, serão geradas emissões gasosas provenientes da:

Combustão de motores e geradores; e

Incineração dos resíduos nos incineradores a bordo.

A contribuição mais significativa para as emissões gasosas será proveniente das operações de

aquisição sísmica na forma de emissões de gases de escape a partir dos principais motores e

geradores das embarcações sísmicas e de apoio. As emissões de gases de escape são

constituídas principalmente por carbono na forma de dióxido de carbono (CO2) mas, podem

igualmente incluir outros gases potencialmente poluentes, caso do monóxido de carbono (CO),

óxidos de nitrogénio (NOx), dióxido de enxofre (SO2) e, matéria particulada.

O nível de emissões gasosas (gases de escape) a partir das embarcações de aquisição sísmica

durante as operações com cabos de pesquisa, é determinado principalmente por dois factores,

nomeadamente: a eficiência da pesquisa/aquisição sísmica e, as taxas de consumo de

combustível inerentes às embarcações (Seaborne, 2002). A eficiência da pesquisa/aquisição

sísmica será determinada pelo tempo despendido na realização da aquisição sísmica (disparo dos

canhões de ar comprimido) versus tempo despendido nas mudanças da linha de pesquisa,

condições climatéricas, estado das correntes, presença de fauna marinha (sobretudo cetáceos) e,

actividade pesqueira, etc. (Seaborne, 2002).

Para além das emissões de gases de escape provenientes dos geradores, a maior parte dos

resíduos sólidos (não perigosos) produzidos a bordo serão incinerados a bordo, originando

emissões aéreas adicionais. Os materiais incinerados incluem resíduos domésticos, como é o

caso do papel, plástico e madeira (incluindo alguns materiais sintéticos tais como cordas), assim

como desperdícios da cozinha (resíduos alimentares) e eventualmente óleos usados. O tipo e

volume das emissões dependerão dos tipos e volumes dos resíduos incinerados mas, é provável

que envolvam volumes reduzidos.

Emissões de ruído

As emissões de ruído contínuo a partir dos motores, assim como o ruído gerado dentro de água

principalmente pelas hélices das embarcações de apoio, serão semelhantes às emissões de

qualquer outra embarcação de tamanho similar. As embarcações sísmicas, por outro lado, são em

regra projectadas para gerar muito pouco ruído em comparação com outras embarcações de

tamanho semelhante, uma vez que o ruído gerado pela embarcação pode interferir com a

recepção e registo dos dados pelos sensores hidrofónicos.

O ruído gerado pelo impulso do disparo dos canhões de ar comprimido dentro de água, constitui

uma das maiores preocupações no que respeita aos potenciais impactos das aquisições sísmicas

marinhas. Em geral os conjuntos de canhões de ar produzem níveis de pressão sonora de cerca

de 250dB re 1µPa a 1m (pressão de pico a pico), frequências de 5 a 120 Hz para pesquisas em

águas profundas (Bradley e Stern, 2008). No que diz respeito à segurança das pessoas, estima-se

que deve ser mantida uma distância de segurança de 1,5 km entre actividades sísmicas e

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Vol I - Relatório EPDA 51

mergulhadores, já que a essa distância o som lateralmente projetado é suficientemente atenuado

e não constitui um risco para os mergulhadores. O ruído gerado pelos canhões de ar é audível a

bordo dos navios sísmicos, mas os níveis não são suficientes para causar qualquer risco de

segurança, ou incómodo relevante, para a tripulação.

O foco principal da geração de som sísmico está direccionado para baixo, em direcção ao fundo

do mar, porém, parte da energia sonora também é projectada lateralmente, embora a intensidade

do som na origem seja em geral 20dB mais baixa (Richardson et al., 1995).

O ruído proveniente dos conjuntos de canhões de ar, envolve impulsos curtos e agudos,

aproximadamente a cada 12 segundos, que geram níveis de ruído muito mais elevados do que o

ruído contínuo proveniente dos motores e das hélices das embarcações (Mosbech et al., 2001).

No entanto, embora os níveis de ruído de pico possam ser elevados, a energia global está limitada

pela curta duração do impulso.

Descargas no mar

As descargas de rotina de resíduos no mar são regulamentadas pela MARPOL 73/78, em

particular pelo Anexo V (Resíduos), mas igualmente pelo Anexo I (Hidrocarbonetos) e pelo Anexo

IV (Efluentes Sanitários), tendo as mesmas que cumprir com os procedimentos da empresa de

aquisição selecionada para realizar o trabalho.

As descargas de rotina no mar, durante as aquisições sísmicas marinhas, incluem as seguintes:

Escoamentos do convés e água residual dos porões: os escoamentos do convés (das

águas pluviais) e a água residual dos porões (proveniente das lavagens da área da

maquinaria) podem estar contaminados com hidrocarbonetos, (principalmente graxas,

lubrificantes e óleos), detergentes, etc. Os escoamentos do convés e a água residual dos

porões serão recolhidos e tratados a bordo num separador de óleo/água, até à

concentração máxima de 15 partes por milhão (ppm) de óleo na água (em conformidade

com os regulamentos constantes da MARPOL 73/78, Anexo 1). As águas tratadas serão

descarregadas no mar;

Efluentes sanitários: Os efluentes sanitários são tratados numa instalação de

processamento a bordo, através da compactação e desinfecção antes da descarga, em

conformidade com as exigências da MARPOL 73/78, Anexo IV. Os efluentes tratados

serão descarregados no mar enquanto a embarcação está em movimento, apenas no

caso da distância mais próxima até terra ser superior a 3 milhas náuticas (mn), em

conformidade com a MARPOL 73/78, Anexo V; e

Lastro: A água de lastro pode ser descarregada caso seja necessário. Esta água pode

estar contaminada com pequenas quantidades de produtos químicos, e pode conter vida

marinha exótica existente nos locais de proveniência do lastro.

Conforme foi observado acima, o Anexo IV da MARPOL 73/78 autoriza a descarga de resíduos de

cozinha (resíduos de alimentos) no mar, quando compactados até uma espessura inferior a 25

mm e caso a embarcação se encontre a uma distância da terra superior a 12 mn.

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Vol I - Relatório EPDA 52

As duas principais preocupações ambientais normalmente associadas com as descargas de água

de lastro são a libertação potencial de hidrocarbonetos ou de materiais perigosos (que podem

estar misturados com a água de lastro) e a transferência de organismos aquáticos exóticos

invasores (que podem ser carregados e descarregados em operações de lastro), sendo esta

última uma das ameaças mais importantes para os ecossistemas marinhos em mundo todo.

O Governo de Moçambique ratificou a Convenção MARPOL 73/78. Esta Convenção foi adoptada

em 1973, e posteriormente alterada pelo Protocolo de 1978, tornando-se conhecida como a

Convenção MARPOL 73/78. De acordo com a regra número 2 do Anexo MARPOL 1 - "Regras

para a prevenção da poluição por hidrocarbonetos", as disposições do presente anexo devem ser

aplicadas a todos os navios. No caso de navios com tonelagem bruta inferior a 400, os óleo e

misturas oleosas devem ser mantidos a bordo, para descarga subsequente para instalações de

recepção em terra.

A descarga no mar só pode ser realizada de acordo com o cumprimento cumulativo de todas as

seguintes disposições:

O navio está em trânsito;

O navio tem em operação um separador de óleo aprovado pela Organização Marítima

Internacional (IMO) para garantir que o teor de óleo do efluente sem dissolução não será

superior a 15 partes por milhão;

As misturas de hidrocarbonetos não são do compartimento dos porões de bomba, no caso

de navios petroleiros, e;

A mistura oleosa, no caso de navios petroleiros, não é misturada com resíduos da carga

de óleo.

Nos termos da secção D do Anexo 1 da MARPOL 73/78, qualquer descarga para o mar não

poderá conter substâncias químicas ou outras substâncias, em quantidades ou concentrações

perigosas para o meio marinho, ou produtos químicos ou outras substâncias adicionadas com a

finalidade de dissimular as condições de descarga especificadas na presente regra. Os resíduos

de hidrocarbonetos que não possam ser descarregados para o mar, de acordo com a presente

regra devem ser mantidos a bordo, para descarga subsequente em instalações de recepção em

terra.

As recomendações e orientações de Ambiente, Saúde, Segurança do IFC, de 2007, destinam-se a

prevenir, minimizar e controlar os impactos da água de lastro e incluem ações para prevenir ou

controlar a liberação de hidrocarbonetos ou de materiais perigosos que possam estar associados

com resíduos de lastro, na sequência de regulamentos internacional relevantes (por exemplo

MARPOL) e outras orientações para a gestão da água de lastro, aplicáveis aos tanques de lastro

segregados e dedicados e a actividades de lavagem de petróleo bruto, bem como obrigam à

manutenção de um registo escrito das operações de carga e de lastro.

As acções para evitar a transferência de espécies exóticas invasoras e de doenças transmissíveis,

incluem a implementação de um plano de gestão da água de lastro e de sedimentos que deve

incluir:

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Vol I - Relatório EPDA 53

A utilização de um livro de registo das água de lastro em navios que transportam água de

lastro entre as diferentes zonas marítimas;

Sempre que for seguro fazê-lo, trocar a água de lastro em águas abertas profunda, tanto

distante quanto possível da costa;

A captação de organismos na água de lastro deve ser evitada (por exemplo, evitando a

carga em horas sem luz, em águas muito rasas, onde as hélices podem perturbar o

sedimento, ou em outras áreas identificadas pelas autoridades moçambicanas);

Os tanques de lastro devem ser limpos regularmente e água de lavagem entregue a

instalações de recepção em terra.

4.6 Procedimentos operacionais

Adicionalmente às normas e políticas corporativas relevantes, nomeadamente as directrizes do

Comité da Junta de Conservação da Natureza (CJCN) que pretendem minimizar o risco de danos

e perturbação dos mamíferos marinhos a Spectrum implementa um conjunto de procedimentos

operacionais específicos para áreas marinhas em África Austral onde decorrem operações de

pesquisa sísmica. Tal como referido anteriormente a Spectrum fundamenta-se nos procedimentos

operacionais da companhia de aquisição escolhida para realizar o trabalho. No entanto a

Spectrum irá fornecer esses procedimentos, para que sejam aplicados. Os procedimentos

documentados estabelecem as responsabilidades, as acções a tomar e a manutenção de registos

requeridos para cada procedimento. Os procedimentos da Spectrum relevantes para as pesquisas

sísmicas planeadas em Moçambique incluem:

Disparo suave dos canhões de ar;

Procedimento para reportar mamíferos marinhos;

Gestão de resíduos e processo de monitorização;

Mitigações para aves marinhas;

Gestão de resíduos e processo de acompanhamento;

Acidentes e avarias.

Cada um destes procedimentos é discutido brevemente nos capítulos seguintes.

4.6.1 Disparo suave dos canhões de ar

O procedimento de aumento gradual da intensidade do disparo, conhecido internacionalmente

como arranque suave ou “ramp up”, deve ser utilizado sempre que os canhões de ar começam a

disparar, seja numa operação normal ou apenas numa situação de teste.

A ideia base para este procedimento é a de iniciar as actividades com baixa intensidade de

disparo, com o objectivo de proporcionar aos organismos marinhos, com capacidade de

locomoção a oportunidade de se afastarem da fonte de ruído.

Como anteriormente referido, o arranque suave dos canhões de ar - aumento temporal

progressivo da saída acústica dos canhões de ar antes do inicio da aquisição de dados – é

utilizado para minimizar a lesão e a perturbação da fauna marinha que pode estar nas imediações

do navio sísmico, dando aos animais tempo suficiente para que abandonem a área antes que os

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Vol I - Relatório EPDA 54

níveis acústicos inicio da pesquisa sísmica (ou início de cada linha sísmica), depois de quaisquer

incidentes do navio que impliquem paragens de duração significativa dos canhões de ar.

Note-se que, em caso algum, se deve fazer qualquer tentativa para conduzir os animais para fora

de um determinado perímetro. As operações devem ser adiadas até que os organismos deixem

espontaneamente a área ou até que passem 30 minutos sem observar animais dentro das áreas

de aviso e segurança. Neste caso, o processo de arranque suave pode ser reiniciado.

A metodologia de arranque suave a aplicar pelos empreiteiros sísmicos inclui os seguintes

requisitos:

Devem ser feitas pesquisas da área com duração de 30 minutos (60 minutos para áreas

com profundidades superiores a 200 metros) para detecção da presença de mamíferos

marinhos previamente ao início dos disparos, dependendo do tamanho do canhão

utilizado. A procura deve incluir observações visuais a partir do convés do navio. Assim

como o uso de equipamento de Monitorização Acústica Passiva (MAP). A monitorização

acústica passiva é baseada no uso de equipamento de um sistema especializado de sonar

para deteção e monitorização da presença de fauna marinha através das suas

vocalizações e dos sinais de ecolocalização. A MAP é utilizada em conjunto com as

observações visuais para deteção de fauna marinha durante a noite ou em condições de

reduzida visibilidade;

Os disparos dos canhões de ar não deverão recomeçar até que pelo menos 20 minutos

tenham passado desde o último avistamento de fauna marinha num raio de 500 metros a

partir do centro do conjunto dos canhões de ar;

Os disparos dos canhões de ar devem recomeçar com baixa energia, com uso do menor

volume dos canhões e ir aumentando progressivamente até atingir a capacidade máxima

ao longo de um período de 20 minutos (processo de arranque suave). Este procedimento

deverá ser sempre realizado, mesmo que não se tenha observado a presença de fauna

marinha durante o período anterior aos disparos;

Se forem necessários menos de 20 minutos para a mudança de linha sísmica, deve

manter-se a capacidade máxima de disparo de canhão de ar durante a viragem. Se a

mudança de linha demorar mais de 20 minutos, o canhão de ar de tiro deve ser

interrompido e o processo de arranque suave deve começar 20 minutos antes do início da

próxima linha, juntamente com uma pesquisa a realizar durante o período de mudança de

linha;

Se as operações de disparo dos canhões de ar cessarem durante um período superior a

10 minutos seja qual for a razão, deverá proceder-se previamente ao recomeço dos

disparos a uma pesquisa completa e a um período de 20 minutos de arranque suave, e se

houver fauna marinha presente os disparos deverão ser atrasados tal como descrito

acima. Se as operações pararem durante menos que 10 minutos, os disparos dos

canhões de ar podem começar imediatamente se uma observação visual da área não

detetar a presença de fauna marinha; e

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Vol I - Relatório EPDA 55

Os disparos dos canhões de ar não terão que parar se for observada fauna marinha

durante o processo de arranque suave mas deve-se proceder ao registo dos detalhes da

observação (ver capítulo 4.6.2 abaixo).

4.6.2 Procedimento de Registo de Mamíferos Marinhos

O método a usar para o registo das observações de fauna marinha durante as operações em alto

mar inclui os seguintes procedimentos (IAGC, 2011).

Deve recorrer-se a Observadores de Mamíferos Marinhos (OMM) a bordo do navio

sísmico para as observações visuais de deteção da presença de fauna marinha durante

as operações de pesquisa sísmica. Deverá recorrer-se a um número suficiente de

observadores de mamíferos marinhos de forma a assegurar as observações durante o

período diurno. O método de monitorização acústica passiva será utilizado durante o

período noturno;

Todas as visualizações de fauna marinha devem ser registadas em formulários definidos

para os mamíferos marinhos. Os dados sobre os avistamentos devem considerar o registo

da espécie, número de indivíduos e descrição da fauna observada, uma descrição do

comportamento dos animais no momento do avistamento, e direção do movimento, assim

como a descrição de qualquer acção de mitigação que tenha sido tomada durante a

pesquisa sísmica; e

Os formulários preenchidos relativos a mamíferos marinhos devem ser entregues às

autoridades regulatórias relevantes (MITADER) e arquivados pela Spectrum.

As observações da fauna marinha que decorrerem durante a pesquisa sísmica fornecem

informações valiosas sobre a distribuição e abundância da fauna marinha assim com

sobre as suas reações às operações de pesquisa sísmica marítima.

Funções e responsabilidades dos OMM

As funções dos OMM são coordenar os esforços de monitorização com as operações de pesquisa

(através do pessoal envolvido na pesquisa sísmica e da equipa da ponte do navio), conduzir

observações visuais dos mamíferos marinhos durante as pesquisas sísmicas marinhas.

Os OMM encarregados de realizar esta tarefa deverão ser imparciais e neutros. Se uma equipa de

pessoal de monitorização estiver envolvido um OMM responsável deverá liderar claramente ser

designado para a responsabilidade geral das actividades e registo das OMM.

Os observadores a bordo deverão ter experiência comprovada na área da observação de

mamíferos marinhos ou formação específica actualizada realizada por uma instituição

especializada e o seu trabalho deve ser focado exclusivamente na monitorização dos organismos

marinhos.

Procedimentos

Deverão ser adoptados os seguintes procedimentos de forma a padronizar as observações e assegurar a

eficácia do esforço das observações:

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Vol I - Relatório EPDA 56

O navio sísmico deve incluir a bordo um mínimo de três (3) observadores, para que pelo

menos dois (2) possam dividir simultaneamente o campo visual em duas partes e assim

cobrir não apenas a área de segurança mas, também a área de aviso.

Figura 22- Diagrama de observação dos biota com representação de: centro do conjunto de canhões de ar (centro da figura), área de segurança de 500 m e área de aviso entre 500 m e

1000 m.

Durante os períodos de repouso e refeições deverá ser adoptado um sistema de turnos

por forma a ter pelo menos dois observadores activos em monitorização.

Os observadores devem estar posicionados em pontos elevados do navio, permitindo o

maior alcance visual possível.

Utilizar durante o dia binóculos reticulares (para permitir o cálculo da distância).

O esforço de visualização deve começar cedo possível assim que houver luz do dia e

deve continuar sem interrupções até que a falta de luz ao entardecer não permita o

prosseguimento das observações. A monitorização deve ser conduzida

independentemente do navio estar ou não a realizar disparos dos canhões de ar, como

por exemplo durante as manobras de mudança de linha.

Antes do inicio dos disparos, os observadores devem observar com atenção especial a

área de segurança e a área de aviso, durante pelo menos 30 minutos, de forma a garantir

que não existem nas proximidades mamíferos marinhos ou quelónios.

Durante as operações e sempre que um mamífero marinho ou quelónio for observado na

área de aviso, o observador deve avisar os responsáveis pela operação para estarem

preparados para a eventualidade de abortar os disparos.

Se determinadas espécies protegidas pelos regulamentos aplicáveis se aproximarem da

área de segurança os disparos devem ser imediatamente suspensos, ou então os OMM

devem tomar uma decisão em função do percurso que se espera que o animal faça.

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Vol I - Relatório EPDA 57

O procedimento a adoptar na comunicação com o gestor das operações deve ser claro e

simples de modo a permitir que sob o comando dos observadores a bordo se possam

parar as operações sísmicas a qualquer momento. Não devem existir procedimentos

intermediários que possam atrasar a paragem dos disparos dos canhões de ar.

Todos os mamíferos marinhos observados devem ser registados, mesmo que se

encontrem para além da área de aviso.

Sempre que possível deve proceder-se ao registo fotográfico das observações

Outros animais observados tais como tartarugas e peixes devem também ser registados

sempre que possível.

Autoridade dos OMM

Os OMM em serviço têm a autoridade para solicitar a paragem ou adiamento das

operações apenas, quando determinadas espécies, protegidas pelos regulamentos

aplicáveis entrarem dentro da zona de segurança.

A paragem ou adiamento devem ser imediatos. Qualquer discussão ou divergência seguir-

se à paragem.

O capitão do navio não tem autoridade para anular a decisão dos OMM de parar ou

atrasar as operações, a não ser em situações que comprometam a segurança da equipa

e/ou do navio e/ou de outros navios que se encontrem nas proximidades da área de

pesquisa.

O MMO avisará do recomeço das operações, somente quando a zona de exclusão estiver

livre, conforme definido nos regulamentos aplicáveis.

4.6.3 Mitigações relativas a Aves Marinhas

A matriz colocada em posição de disparo irá gerar impulsos aproximadamente a cada 15

segundos. As aves marinhas, serão, portanto advertidas da aproximação do navio e da matriz, o

que reduzirá a probabilidade das aves se aproximarem demasiado do navio ou da matriz para que

ocorram interações que provoquem danos mensuráveis.

As luzes a bordo dos navios exercem atração sobre as aves, e desta forma a situação a bordo do

navio de pesquisa não deverá ser diferente de qualquer outro navio de carga ou de pesca de

tamanho semelhante. No entanto, durante a noite, principalmente em áreas próximas da costa ou

ilhas, caso ocorram colisões de aves com o navio, devem ser tomadas as seguintes medidas para

garantir que o maior número de aves possível seja devolvido com segurança ao seu habitat

natural:

Todos os convés do navio devem ser patrulhados com a frequência necessária para

assegurar que as aves sejam, sempre que possível, logo após a colisão com o navio

apanhadas e colocadas em caixas (de papelão). Após a colisão as aves ficam

frequentemente, "imobilizadas" no convés debaixo das luzes ou procuram áreas escuras

sob as máquinas ou equipamento similares.

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Vol I - Relatório EPDA 58

Quando as aves forem colocadas em caixas estas devem ser cobertas para que fiquem a

recuperar num local um escuro, fresco e tranquilo por cerca de 5-10 minutos. No início as

aves poderão ficar agitadas porém, rapidamente ficarão calmas.

Após o período de recuperação, a caixa com as aves deverá ser transportada para a proa

ou para outra área do navio com um mínimo de iluminação. A tampa deve ser retirada e

cada ave removida à mão, individualmente. A libertação das aves é normalmente feita

deixando cair o pássaro ao lado do navio. Não há necessidade de lançar o pássaro ao ar

quando da libertação. Se as aves forem libertadas numa zona bem iluminada do navio,

poderão voar de volta para o navio e colidir novamente com este.

4.6.4 Gestão de Resíduos e Procedimento de Rastreio

A companhia de aquisição sísmica ao serviço da Spectrum irá implementar um procedimento de

Gestão de Resíduos e Rastreio ao longo das actividades de pesquisa. Os procedimentos definem

requisitos para o rastreio e eliminação legal dos resíduos gerados pelas operações de pesquisa

sísmica. Os requisitos para este procedimento incluem:

Todos os estágios da manipulação de resíduos devem poder ser rastreados através do

preenchimento completo da prescrita Folha de Rastreio de Resíduos (FRR). Todas as

folhas de rastreio de resíduos devem ser assinadas e aprovadas pelas partes

responsáveis e uma cópia deve ficar na posse do capitão do navio; e

A manipulação e disposição de resíduos deve ser realizada de acordo com o anexo V da

MARPOL (Prevenção da poluição por lixo dos navios) e de acordo com o regulamento dos

efluentes, anexo IV (Prevenção da poluição por efluentes de navios).

4.6.5 Acidentes e Avarias

Todas as medidas de segurança a bordo do navio de pesquisa devem ser reforçadas durante a

recolha de dados sísmicos. Os agentes de segurança especializados e a tripulação do navio de

pesquisa estarão plenamente informados sobre os procedimentos necessários pela equipe

científica para implantação, recolha de dados e recuperação dos aparelhos. Em momento algum

poderá ocorrer a colocação de instrumentos / recolha de dados sem o conhecimento do capitão do

navio ou nomeado. O navio transportará pessoal treinado e aplicará protocolos específicos para

lidar com avarias do equipamento que podem provocar o derrame de materiais tóxicos.

4.7 Efeito do Ambiente no projecto

As condições do mar constituem a principal fonte de efeitos potenciais do ambiente. Se o estado

do mar exceder ao grau 7 da escala de vento de Beaufort com tamanho de ondas superior a 3-4

metros de altura a actividade de pesquisa sísmica não poderá ter lugar. Tal como descrito em

detalhe no capítulo 4.6.1, os procedimentos de arranque dos canhões de ar não terão inicio sem

que se verifique, após a inspeção visual dos observadores de mamíferos marinhos por um período

continuo de 30 minutos, que a zona de segurança de 500 metros está live de qualquer mamífero

marinho. Fora das horas de luz do sol ou em períodos de reduzida visibilidade deverá ser utilizado

o equipamento de monitorização acústica passiva.

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Vol I - Relatório EPDA 59

5 Situação de Referência Biofísica e Socioeconómica

Todas as actividades de pesquisa sísmica terão lugar em ambiente marinho. A única actividade

em terra será o abastecimento de mantimentos e combustível. Assim esta secção foca-se no

ambiente marinho na área em estudo, conforme definido na secção 5.1, abaixo.

5.1 Definição da área de estudo

A área de influência (AI) de um determinado projecto é definida tendo em conta as áreas

geográficos que podem ser direta ou indiretamente afectadas pelos possíveis impactos ambientais

da actividade.

A AI considerada para este projecto é a área onde a pesquisa sísmica e actividades associadas

serão implementadas.

A área de influência direta (AID) inclui a zona de exclusão segurança em vigor em torno do navio

sísmico, durante as actividades de levantamento.

No caso da pesquisa 3D

O navio irá rebocar o canhão submarino e até 12 cabos “streamer” com um comprimento até 10

km distanciados entre si por cerca de 100 m. Os cabos estão assinalados na sua extremidade por

uma boia de cauda.

A embarcação estará severamente limitada na sua capacidade de parar ou virar e precisará de

uma área mínima de 5 nm

Figura 23 – Diagrama da dimensão da zona de exclusão (segurança), zona definida por um raio de 1 km ao redor da embarcação sísmica alargando a um raio de 2 km em direção ao

fim da cauda do cabo rebocado

1 km 2 km

Embarcação sísmica Cabo de pesquisa de 10 km

Zona de exclusão

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Vol I - Relatório EPDA 60

1.1 Clima

O Sistema de Classificação Climática de Köppen é o sistema mais amplamente utilizado para

classificar os climas das diferentes regiões do planeta. O Sistema de Classificação Climática de

Köppen é um sistema empírico baseado em características observáveis e facilmente mensuráveis.

O intervalo clássico de registro para determinar o clima para qualquer lugar em particular é de 30

anos, tal como definido pela Organização Meteorológica Mundial (OMM). Os parâmetros mais

frequentemente observados são temperatura, precipitação e vento. As "normais" são calculadas

uma vez a cada 10 anos o que ajuda a atenuar as variações de ano para ano. Por exemplo, as

actuais normais de 30 anos foram calculadas a partir dos dados de tempo real que ocorram

durante 30 anos entre 1971 e 2000. Em 2011, um novo conjunto de normais de 30 anos será

calculado utilizando os dados do período de 1981-2010. Então, quando se refere, por exemplo,

que a temperatura alta ou baixa é normal para uma dada localização, a informação vêm de estas

médias de 30 anos.

O sistema de Köppen classifica o clima de um local usando principalmente as médias anuais e

mensais de temperatura e precipitação (Figura 24).

De acordo com a classificação de Köppen, o clima de Moçambique pode ser descrito como um

clima tropical chuvoso (AW), com dois períodos distintos de características tropicais: Período de

Inverno - estação seca, com temperaturas amenas (de Maio a Setembro) e período de verão - a

estação mais quente e chuvoso de o ano (de outubro até abril).

Fonte: INAM, 2005

Figura 24 – Caracterização do clima mundial de acordo com a classificação de Kõppen.

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Vol I - Relatório EPDA 61

A região Central de Moçambique apresenta uma temperatura média anual de 24º C, com uma

precipitação total anual superior em média aos 1000 mm. Os ventos predominantes são

provenientes do quadrante Sul e Sudeste com uma velocidade média anual inferior a 13 km/h.

O clima em Moçambique é influenciado principalmente por dois factores: o movimento Intertropical

de convergência proveniente do Norte ou de Sul, o que origina a referida existência das duas

estações meteorológicas distintas. Tal como anteriormente indicado, é ainda necessário

considerar a oscilação Sul atmosférica a qual é expressa pela diminuição ou aumento da

temperatura das águas do Oceano Índico e Atlântico, fenómeno conhecido como El Niño (aumento

de temperatura) e La Niña (diminuição da temperatura).

1.2 Vulnerabilidade a desastres naturais

Moçambique é um país vulnerável a desastres naturais de origem meteorológica, incluindo secas,

inundações e ciclones tropicais, principalmente devido à sua localização geográfica, com cerca de

2700 Km de litoral, os vários rios internacionais que atravessam o país antes de desaguar no

Oceano Índico e existência de áreas situadas abaixo do nível do mar.

Outros factores como a fraca capacidade de prever eventos extremos, insuficiente divulgação de

avisos meteorológicos e o elevado grau de pobreza e dependência de recursos naturais, que por

sua vez, dependem da variabilidade climática, contribuem para a vulnerabilidade do país para

eventos extremos.

Os ciclones ocorrem de forma cíclica, acompanhada de ventos fortes e chuvas torrenciais. Em

geral a temporada de ciclones de termos ocorre entre Novembro e Abril, tendo seu pico entre

Dezembro e Janeiro. Entre 1993 e 2012, foram registrados 40 ciclones em todo o país (INAM,

2012). Destes 9 foram classificados como muito intensos (ou seja com uma velocidade máxima

superior a 212 km/h). Em média, três a cinco ciclones são formados todos os anos no canal de

Moçambique (Tinley, 1971). Destes, no entanto, apenas uma média de pouco mais de 2 por ano

atingiu a costa moçambicana, no período de 1993 a 2012.

Tabela 10 – Registo de ciclones que atingem a costa Moçambicana (1993 a 2012).

Temporada Ciclone Tropical

1993/94 Daisy, Geralda, Julita and Nádia

1994/95 Fodah and Josta

1995/96 Bonita and Doloresse

1996/97 Fabriola, Gretelle, Josie and Lisette

1997/98 A19798 and Beltane

1998/99 Alda and D19899

1999/00 Astride, Eline, Glória, Hudah and 1319992000

2000/01 Dera

2001/02 Cyprien and Atang

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Vol I - Relatório EPDA 62

Temporada Ciclone Tropical

2002/03 Delfina and Japhet

2003/04 Cela, Elita and Gafilo

2006/07 Favio

2008/09 Jowke

2011/12 Funso

Fonte: INAM (2012).

Em geral os ventos gerados pelos ciclones podem atingir velocidades que variam entre os 63 km/h

até velocidades superiores a 212 km/h. No entanto, em Moçambique, os furacões mais frequentes,

apresentam ventos com categorias entre 1 a 4, com velocidades de 63 a 212 km/h. Ventos de

categoria 5, com velocidades superiores a 212 km/h, são bastantes raros.

Em média, de três a cinco ciclones se formam a cada ano no Canal de Moçambique, sendo as

regiões mais afectadas as áreas de costa central e sul de Moçambique.

Fonte: Tropical cyclones/Tracks, Keith Edkins, 2014.

Figura 25 – Principais tempestades tropicais no oceano Índico entre 2013 e 2014

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Vol I - Relatório EPDA 63

5.2 Oceanografia

5.2.1 Padrões de Circulação das Correntes

A massa principal de água de superfície no Canal de Moçambique circula em direcção ao sul e é

denominada “Corrente de Moçambique”, constituindo um dos ramos da Corrente Equatorial do Sul

(SEC), tal como ilustrado na figura seguinte. Esta corrente transporta água quente e de salinidade

relativamente baixa, proveniente dos mares do Pacífico e Indonésia, através do Oceano Índico.

A sul de Maputo, a Corrente de Moçambique junta-se a uma outra ramificação da SEC, a Corrente

do Este de Madagáscar (EMC) para em conjunto formarem o ponto inicial da Corrente das

Agulhas (Johnsen et al., 2008).

Corrente Equatorial Sul (SEC), Contra-Corrente Equatorial Sul (SECC), Corrente Nordeste e Sudeste de Madagascar (NEMC and SEMC), Corrente Costeria Este Africana (EACC), Corrente da Somália (SC), Southern Gyre (SG) and Great Whirl (GW) zonas de upwelling (manchas verdes), Correntes de Moção Sudoeste e Nordeste (SMC and NMC), Corrente Sul de Java (SJC), Corrente Este de Gyral (EGC), and e Corrente de Leeuwin (LC). A mangenta está o fluxo superficial de retorno da supergyre. Linhas de batimetria de 1000 m e 3000 m (cinzento). Setas vermelhas (Me)mostram direcções de transporte meridional. ITF correspondeà garganta da Indonésia.

Source: Schott et al., 2009

Figura 26 – Representação esquemática das correntes marinhas durante a monção de verão (sudoeste)

Segundo Sete et al. (2002), a parte norte da Corrente de Moçambique, assim como a sua fonte

principal, a SEC, são directamente influenciadas pelos ventos de monção. A SEC torna-se mais

forte durante a época de monções de Outubro a Abril ficando mais fraca durante os meses do

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inverno (Junho a Agosto). Um terço da corrente SEC que circula a Oeste ramifica-se em direcção

ao sul, constituindo as correntes de Moçambique e do Este de Madagáscar, enquanto o restante

dirige-se para norte, formando a Corrente Costeira da África Oriental. Contudo, é provável que

esta distribuição das correntes esteja igualmente sujeita a variações sazonais.

5.2.2 Batimetria

Segundo Johnsen et al. (2008), a plataforma continental de Moçambique é estreita, e raramente

se prolonga mais do que poucos quilómetros pelo mar adentro. A plataforma varia entre 15 a 25

km de largura.

O projecto terá lugar ao largo de Sofala e na parte sul da costa da Zambézia entre 50 m a 2.100 m

de profundidade. Como características notáveis do fundo do mar na área de pesquisa, destaca-se

o Banco de Sofala, uma área quase 50.000 km2 na plataforma continental, com profundidades

inferiores a 100 m.

A morfologia de fundo da plataforma no Canal de Moçambique é ilustrada Figura 27. A plataforma

é estreita no lado ocidental a cerca de 16 ° S, mas larga no lado oriental.

O resto da plataforma de Moçambique é larga. Logo ao sul da foz do canal há um deslocamento

na costa apenas fora da capital moçambicana de Maputo, a extensa Baia de Maputo. Há também

um deslocamento a sul de Angoche. A plataforma em torno das numerosas ilhas, particularmente

a Comores, no norte é também estreita. Essas formas da borda da plataforma têm um efeito

decisivo sobre o movimento das águas costeiras

Na figura seguinte as regiões da placa continental mais baixas do que 100 m (como o Banco de

Sofala) são sombreadas e as setas circulares com tracejado indicam fenómenos de upwelling.

.

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Regiões da placa continental mais baixas do que 100 m são sombreadas; as setas indicam fenómenos de upwelling.

Fonte: Lutjeharms, 2006

Figura 27 – Batimetria no Canal de Moçambique e principais características de circulação das correntes

5.3 Geologia

5.3.1 Geomorfologia Costeira

Moçambique tem uma extensa rede de drenagem que inclui cerca de 100 bacias hidrográficas e

um número de rios considerável de grandes dimensões, como o Zambeze, Rovuma, Save,

Limpopo e lncomati. Estes rios terminam em estuários, a sua maioria com forma de funil ou frentes

deltaicas. Alguns estuários em Moçambique devido à topografia circundante, criaram baías, como

a Baía do Lurio (cerca de 50 km ao sul de Pemba) e da Baía de Memba associada a Rio

Moculumba (localizado perto Mazimingi, Nampula).

Enquanto os rios conduzem à costa de Moçambique cerca de 141 km3/ano de água rica em

nutrientes, cerca de 67% do total da descarga fluvial é realizada pelo Zambeze, que é o maior rio

no leste da África. O fluxo de água deste rio é fortemente determinado pela barragem de Cahora

Bassa (Ridderinkhof et al., 2001), que é uma das três grandes barragens existents no rio e o maior

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aproveitamento hidroeléctrico na África Austral. Esta estrutura também afecta a entrada de água

doce no litoral conhecido no Banco de Sofala.

O Banco de Sofala é a maior área de plataforma costeira ao longo da África Oriental e está

localizada entre os 16°S e 21ºS. O Banco de SofaIa recebe 80% do escoamento dos rios de

Moçambique (Lutjeharms, 2006). Aqui, a plataforma continental estende-se até 140 km da costa e

é uma das regiões mais produtivas de África Oriental. A morfologia da zona costeira do Banco de

Sofala é caracterizada por uma topografia plana cercada por mangais de forma quase contínua.

Estes pântanos são associados a rios com influências de maré.

As águas costeiras do Banco de Sofala são estuarinas por natureza, influênciadas pelos rios

Zambeze, Pungué, Buzi e Save. O Banco SofaIa é altamente produtivo dado o escoamento

regional rico em nutrientes. Por conseguinte, é um dos locais de pesca mais importantes da África

Oriental, especialmente para camarão águas pouco profundas (Pereira et al, 2014).

5.3.2 Evolução Tectónica Regional e Potencial de Acumulação de Hidrocarbonetos

A história da formação das bacias sedimentares da margem continental do Leste de África tem

sido estudada em Moçambique, com base no actual conceito da ruptura do Gondwana e da deriva

de Madagáscar, relativamente a África. A arquitectura da margem continental do norte de

Moçambique mostra uma estreita ligação com as estruturas Pan-Africanas pré-existentes da

Orogenia Leste-Africana-Antártica, herança estrutural que desempenhou um papel importante na

formação da margem continental (Figura 28).

Fonte: Emmel et al (2011).

Figura 28-Ruptura de Gondwana (Abreviaturas CUG – Grabén-Chire-Urema; DZF – Zona da Fractura Davie; Moz. Basin-Bacia de Moçambique)

A costa oriental de África inclui grandes países como a Etiópia, a Somália, o Quénia, a Tanzania,

Mozambique e Madagascar, e inclui também 13 bacias ou deltas (intreicheirados), que são as

bacias do Socotra; Sagaleh; Guban; Somali; Lamu; Tanzania; Rovuma; Delta do Zambeze; a bacia

de Mozambique; Gargante de Natal; Ambilobe, Morondava e a bacia do Majunga (Figura 34)

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Fonte: Zongying et al, 2013

Figura 29 – Distribuição das bacias sedimentares e dos maiores campos de petróleo e gas na Costa Oriental Africana.

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A evolução estrutural destas bacias pode ser dividida em três fases evolutivas nas quais três

conjuntos de sequências sedimentares podem ser individualizados. Nestas sequências

sedimentares, diferentes associações de rochas-fonte, reservatórios e materiais selantes foram

sendo desenvolvidas.

Rochas do Carbónico Superior ao Triássico Superior estão distribuídas apenas por

algumas áreas, com querogenio de tipo II ou III, e são propícias à geração de gás.

Do Jurássico ao Cretácico as rochas-fonte estão amplamente distribuídas, com boa

qualidade e são as principais rochas geradoras na costa leste da África.

Rochas-fonte Terciárias têm um menor grau de evolução térmica, e são consideradas

ineficazes em todas as bacias, excepto na Bacia Somali.

De um modo geral pode dizer-se que o potencial em hidrocarbonetos deve ser visto a partir dos

resultados de correlação de dois grandes factores: o desenvolvimento rocha-fonte e condições de

conservação (incluindo selante rochoso e posteriores tensões estruturais transformantes). Assim,

as bacias da Tanzânia, Rovuma e bacias Somalis têm condições geológicas propícias para a

acumulação de hidrocarbonetos e têm grande potencial exploratório; a Bacia de Moçambique é

uma bacia mais favorável para a exploração de petróleo e gás, mas as bacias de Lamu e

Morondava são bacias desfavoráveis (Zongying et al, 2013).

A bacia sedimentar do Rovuma estende-se por cerca de 450 km desde o Sul da Tanzânia até

Nacala, no norte de Moçambique e tem uma largura máxima de 160 km. O embasamento da bacia

é composto por rochas cristalinas e metamórficas de idade do pré-Câmbrico (Salman et al, 1995).

5.3.3 Zona do Delta do Zambeze

Na literatura existe alguma confusão relativa à nomenclatura das diferentes estruturas na área do

Delta do Zambeze. Este documento segue a nomenclatura utilizada pela Mahanjane (2012): o

Onshore da Depressão do Zambeze é a área terrestre talhada por pelo Rio Zambeze. A area entre

esta depressão continental e a elevação da Beira (Beira High – termo que continuaremos a usar

por demasiados equívocos que a expressão Alto da Beira ou Beira Alta ou até mesmo Elevação

da Beira, ou horts da Beira pode introduzir, este ultimo com implicações estruturais) é a Depressão

offshore do Zambeze. A área costeira a norte da Beira High é referida como Zambeze Litoral.

A area de pesquisa da Spectrum pode ser identificada nesta nomenculatura na figura seguinte. A

Zona de pesquisa inclui o offshore da depressão do Zambeze, que se encontra delimitiada a sul

pelas duas elevações topográficas submarinas da Beira e Nemo (Nemo high e Beira high). O

offshore da Depressão do Zambeze ramifica-se e inclina para o N-NE até às elevações vulcânicos

referidas como diques vulcânicos paralelos à costa basaltos proximos da costa perto da área de

Pebane.

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Source: Mahanjane, 2012

Figura 30 – Zona da Pesquisa Sísmica 3D na Área do Delta do Zambeze (linha vermelha)

Há questões relacionadas com a compreensão da natureza e da origem da Beira High, que

corresponde a uma estrutura com cerca de 280 km de comprimento e 100 km de largura, com

uma forma alongada na direcção sudoeste-nordeste, ou seja, mais ou menos paralelo à costa

(Delta do Zambeze). A estrutura da Beira High reflete uma história geológica complexa; encontra-

se intensamente falhada e preserva a evidências de ter sido afectada por vários eventos. Esta

estrutura tectónica está localizada numa zona de águas profundas (1.000 -2.500 m) da bacia do

delta, subterrada por sequências sedimentares do Mesozóico e Cenozóico. A sua origem ainda

está em debate com três opiniões conflitantes, postulando o seu caráter seja magmático oceânico;

continental ou sedimentar mascarada por eventos compressivos (Mahanjane, 2012).

Source: Mahanjane, 2012

Figura 31 - Perfil regional exemplificativo das estruturas do quadro geológico regional resultantes de interpretação sísmica

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Os xistos da fase inicial de rift do Domo inferior Rifttêm sido identificados como as principais

rochas-fonte. Reservatórios marinhos relativamente perto da costa das fases tardias de rift,

incluindo os arenitos da Formação de Grudja inferior (Pande, Temane e campos de Inhassoro), e

arenitos da Formação Domo (Nemo-1) bem como a Formação de Maputo são conhecidos por

serem produtivos em petróleo e gás (Sasol, 2013).

.A figura seguinte representa um possível modelo das condições de formação e migração dos

hidrocarbonetos na area. Copmo se pode observer as rochas-fonte localizam-se na zona offshore

da Depressão do Zambeze, entre a Beira High e o Nemo High, com migrações para Este, em

direcção à massa continental e aos capos produtivos de Temane – Pande e alguma migração para

Este na direcção da Beira-High. É precisamente esta zona, do offshore da depressão do Zambeze

e a zona da Beira Heigh que constitui a zona de pesquisa 3D da Spectrum.

Fonte: ENH, 2012

Figura 32 – Possível migração de hidrocarbonetos na zona da Depressão Offshore do Zambeze (entre a Nemo High e a Beira High)

5.4 Ambiente Biológico Marinho

5.4.1 Tipos de costa

Moçambique tem uma alta diversidade de ecossistemas costeiros, incluindo mangais, recifes de

coral, pântanos, recifes rochosos subtropicais e bancos de algas marinhas. Os recifes de coral são

mais abundantes no norte de Moçambique, muitas vezes associados com ervas marinhas,

enquanto os recifes rochosos subtropicais ocorrem no sul. Os mangais ocorrem ao longo de toda

a costa de Moçambique, mas são mais abundantes na área central. Os principais ecossistemas

costeiros e de mar aberto podem ser divididos em três grandes Eco-regiões: Costa de Coral;

Costa Pantanosa e costa de dunas parabólicas (Figura 33).

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Vol I - Relatório EPDA 71

Fonte: Pereira et al, 2014

Figura 33 - Tipos de costa de Moçambique

A área de estudo localiza-se na Costa Pantanosa que se situa na parte central de Moçambique,

desde Angoche a até ao Arquipélago de Bazaruto. Nesta região, de acordo com Pereira et al.

(2014) 24 rios desaguam no oceano, suportando extensos mangais, habitats de sedimentos

intertidais, grandes pântanos e estuários. Moçambique contém a segunda maior área de habitat de

mangal da WIO com 2.910 km2 e, nove dos dez tipos de mangal do WIO, ocorrerem em

Moçambique. Muitas vezes associados à foz dos rios, os mangais são essenciais para manter e

estabilizar os sedimentos marinhos e dos litorais.

A plataforma continental é muito ampla, alcança como anteriormente referido cerca de 140 km em

torno da Beira. A elevada turbidez limita as extensas formações de recifes de coral ao longo deste

troço de costa, e limita a presença de pradarias marinhas. Esta região, mais conhecida por Banco

SofaIa, é a mais importante zona de pesca de camarão em águas pouco profundas do país.

A Costa Pantanosa inclui dois grandes deltas na costa Moçambique: o Delta do Zambeze e o

Delta do Rio Save. Os deltas são caracterizados por amplas áreas planas que promovem a

ramificação dos canais, muito interdigitados, com forte comunicação entre eles. Devido ao baixo

gradiente destas áreas, o fluxo de água lento promove a acumulação de areias na zona da foz do

rio. O que gera uma série de habitats que podem ser permanente ou sazonalmente inundados. A

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Vol I - Relatório EPDA 72

dinâmica do delta é fundamental para manter o processo ecológico funcional. A Costa pantanosa

é particularmente importante para mais de 73 espécies de aves aquáticas, incluindo várias

espécies vulneráveis e ameaçadas e para a indústria da pesca, particularmente para a pesca do

camarão.

Mangais

O mangal é um tipo de vegetação costeira que ocorre nas zonas tropicais e sub-tropicais formado

por árvores e arbustos de folha permanente, e que se desenvolve em águas de elevado teor em

sal, em áreas sob influência das marés. Nove espécies de mangais crescem ao longo de 2500

quilómetros da costa de Moçambique, que vai da Tanzânia até à África do Sul. As espécies de

árvores que se encontram nos mangais são representativas as seguintes espécies: Avicennia

marina, Rhizophora mucronata, Bruguiera gymnorhiza, Xylocarpus granatum, Sonneratia alba,

Heritiera littoralis, Ceriops tagal and Lumnitzera racemosa (Marzoli, 2007). Os mangais crescem

em planícies de inundação costeiras e praias arenosas, em florestas pantanosas intertidais que

incluem ecossistemas terrestres e marinhos. Estas florestas originais tolerantes ao sal fornecem

uma gama de funções ecológicas, de aprisionamento de sedimentos e construção de costas para

o mar para servir como viveiros para os juvenis de muitas espécies marinhas.

Na costa da província de Sofala, existem grandes áreas de mangal principalmente próximo dos

estuários do Púngoè e Zambeze e de outros pequenos rios. Na costa da província de Inhambane

extensas seções de mangais ocorrem nos estuários dos rios Save, Govuro e outros, embora o

desmatamento tenha ocorrido em alguns deles (Bandeira et al., sem data).

Fonte: CESAB em www.cesab.edu.moz

Figura 34 - Mangais nas proximidades de Angoche na província da Zambézia (fonte: WWF) e mangais na costa da província de Sofala (fonte: http://www.alltravels.com)

Os mangais têm impactos positivos sobre os habitats marinhos e zonas costeiras, protegendo-os

contra a erosão. No entanto, perto de áreas povoadas, os mangais sofrem impactos

antropogénicos e grandes áreas são recolhidas para a construção e produção de carvão e lenha.

Os mangais mais preservados ao longo da costa de Moçambique estão localizados em áreas

remotas e de baixas densidades (Bandeira et al., Sem data).

Os mangais são formações de vegetação extremamente produtivas que desempenham um papel

importante na regulação do ambiente costeiro marinho e têm um elevado valor económico. Estes

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Vol I - Relatório EPDA 73

importantes ecossistemas proporcionam protecção costeira contra a erosão, estabilizam os

sedimentos, captam os nutrientes, produzem e convertem a matéria orgânica posteriormente

transferida para os recifes de coral e para os prados de ervas marinhas, apoiando também

importantes populações de invertebrados e peixes. Os mangais têm igualmente funções de

limpeza, filtrando até uma determinada capacidade a água de toxinas, produtos químicos e

hidrocarbonetos.

Estes habitats constituem uma importante fonte de material para a construção de casas pelas

populações locais, assim como fonte de combustível, medicamentos e alimento (peixe, marisco e

frutos, etc.). As florestas de mangal estão atualmente sob várias ameaças no continente. Nas ilhas

Primeira e Segundas a baixa densidade populacional protege-os da influência antrópica. No

continente, o corte de árvores para materiais de construção e de combustível doméstico é uma

das principais ameaças (MICOA, 2000).

Prados de Ervas Marinhas

Ervas marinhas são plantas adaptadas a ambientes marinhos e estuarinos. São principalmente um

habitat subtidal, ocorrendo em águas rasas imediatamente abaixo do nível de água da maré baixa.

Tendem a ocorrer em águas abrigadas, como baías e enseadas, onde ocorre o substrato

adequado (areia/lama) e o movimento da água é baixo, e onde as concentrações de sólidos

suspensos são baixas. Como referido acima, a área de estudo situa-se na costa central de

Moçambique, que recebe a descarga de uma série de grandes rios. Isto leva a altos níveis de

assoreamento nessas águas costeiras, e em especial no Banco de Sofala, criando um habitat

pouco adequado para ervas marinhas.

Foi relatada a ocorrência de ervas marinhas no sul e no norte de Moçambique, nomeadamente na

Baía de Maputo, Baía de Inhambane, Parque Nacional de Bazaruto, Ilha de Moçambique-Mussoril-

Nacala, Baía de Pemba e ao longo do Arquipélago das Quirimbas (Bandeira, 2000; Withington,

1978; Transmap 2007; Consultec, 2013). Não há relato de ervas marinhas ao longo do Banco de

Sofala. Sendo que, nenhum estudo foi conduzido no país para mapear a distribuição nacional de

ervas marinhas, e, portanto, as informações sobre sua ocorrência ainda estão incompletas. No

entanto, a sua presença na área de estudo é considerada improvável, dadas as restrições de

habitat descritas acima.

As ervas marinhas constituem o único grupo de plantas marinhas superiores e podem formar

densas formações encontrando-se desde as águas marinhas pouco profundas nas zonas

subtidais, até aos 40 metros de profundidade (formações das zonas altas entre marés) (Figura 35).

No norte de Moçambique a diversidade de espécies continua elevada ocorrendo treze espécies

conhecidas, mas a diversidade diminui em direção ao sul (Bandeira et al., 2008). As ervas

marinhas pode ser a vegetação dominante em ecossistemas de águas rasas inadequados para o

desenvolvimento do recife coral. Os substratos mais comuns incluem; rochoso, fundo duro de

pedra calcária, cercado por recifes de corais no norte, estuários no centro e fundo macio arenoso

no sul (Den Hartog, 1970). As ervas marinhas ocorrem tipicamente com uma única espécie ou

prados com várias espécies (povoamentos mistos), sendo Thalassodendron ciliatum a espécie de

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Vol I - Relatório EPDA 74

ervas marinhas dominante, os povoamentos mistos incluem também Thalassia hemprichii,

Halodule wrightii, Thalassodendron ciliatum e Zostera capensis com várias espécies de

macroalgas. Para o sul, são comuns prados densos monoespécie de Zostera capensis ou

povoamentos mistos de Cymodocea serrulata, Halodule wrightii e Halophila ovata com a primeira

espécie ocorrer principalmente em canais de silte e as duas últimas espécies dominantes em

fundos de areia (Den Hartog, 1970). As ervas marinhas são o único grupo de plantas superiores

subaquáticas e podem formar formações prado densas em áreas rasas marinhos entre as

formações subtidais rasas de até 40 metros de profundidade (altas formações de entre marés)

(Figura 35).

Figura 35- Prados ervas marinhas deThalassodendrum ciliatum (esquerda;

fonte:www.seagrassrecovery.com) e de Cymodocea e Halodule sp. (direita, fonte //www.vliz.be/projects/marineworldheritage))

Desempenham um importante papel nos ecossistemas aquáticos costeiros ocorrendo em estreita

ligação com os recifes e os mangais (Gullström et al, 2002). As funções dos ecossistemas de

ervas marinhas incluem o fornecimento de locais de reprodução, de alimento e de refúgio para

vários grupos de animais marinhos, contribuindo também para a redução da turbidez da água, ao

estabilizarem os sedimentos e para o sustento da produtividade de outros ecossistemas marinhos

devido à captura de nutrientes e carbono (Gullström et al, 2002).

Pradarias marinhas estão sujeitas a várias ameaças devido principalmente a fatores

antropogénicos, sendo o principal o dano directo causado pelo arrastar de redes de arrasto e

atropelamento durante a apanha de invertebrados em áreas rasas subtidais (Stiefel, 2005).

5.4.2 Fauna Marinha

As espécies de águas profundas, com particular importância na região da pesquisa sísmica

proposta, incluem espécies de peixe pelágicos, baleias, tubarões, raias, tartarugas e golfinhos.

Mamíferos marinhos

Não é bem conhecida a informação sobre as distribuições e quantidades de espécies de

mamíferos marinhos que habitam as águas da orla da plataforma e do talude continental em

águas moçambicanas. Com base nos registos da sua distribuição em habitats similares noutras

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Vol I - Relatório EPDA 75

partes do Oceano Índico, podem ser encontradas nestas águas várias espécies, residentes todo o

ano, assim como migrantes sazonais.

Os cetáceos marinhos (ver Tabela 11) na área de pesquisa incluem grandes espécies migratórias

de baleias (baleias jubarte (Megaptera novaeangliae) e de minke (Balaenoptera acutorostrata)),

espécies de baleias residentes em alto mar, espécies de baleias errantes (cachalotes (Physeter

macrocephalus), e baleias piloto (Globicephala macrorhynchus)), espécies de golfinhos pelágicos

(Golfinho-de-risso (Grampus griseus), Golfinho-cabeça-de-melão (Peponocephala electra) e Falsa

Orca (Pseudorca crassidens)) e espécies de golfinhos residentes (golfinho rotador (Stenella

longirostris) e golfinho pintado pantropical (Stenella attenuata)).

Geralmente, durante o acasalamento sazonal e parto, as espécies de baleias parecem confinar-se

à plataforma continental (em profundidades inferiores a 200 m), embora a migração através de

águas profundas, tenha obviamente de ocorrer.

Todas as espécies de baleias e golfinhos são protegidas pela Lei Nacional de Moçambique (Artigo

14º e Anexo II do Decreto n.º 51/99, de 31 de Agosto, o qual aprova o Regulamento da Pesca

Recreativa e Desportiva).

Tabela 11 - Cetáceos Marinhos com potencial ocorrência na área de estudo, e épocas de residência e reprodução

Nome Comum Nome científico Época de residência Época de reprodução

Baleias Mysticeti (com barbas)

Baleia jubarte Megaptera novaeangliae Junho-Novembro Junho-Novembro

Baleia de Minke Balaenoptera acutorostrata Junho-Novembro Junho-Novembro

Baleia Franca do Sul Eubalena australist Junho-Novembro Junho-Novembro

Baleias e Golfinhos Odontoceti (com dentes)

Golfinho comum de bico curto Delphinus delphis/capensis Desconhecida Todo o ano

Baleia piloto de aleta curta Globicephala macrorhynchus Todo o ano Todo o ano

Golfinho-de-risso Grampus griseus Todo o ano Todo o ano

Golfinho-cabeça-de-melão Peponocephala electra Todo o ano Desconhecido

Cachalote Physeter macrocephalus Todo o ano/machos

migratórios Todo o ano

Falsa Orca Pseudorca crassidens Todo o ano Todo o ano

Sousa Sousa plumbea Todo o ano Todo o ano

Golfinho pintado pantropical Stenella attenuata Todo o ano Todo o ano

Golfinho riscado Stenella coeruleoalba Todo o ano Todo o ano

Golfinho rotador Stenella longirostris Todo o ano Todo o ano

Golfinho de dentes rugosos Steno bredanensis Todo o ano Todo o ano

Golfinho comum Tursiops truncatus Todo o ano Todo o ano

Fonte: Peddemors et al., 1997

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Vol I - Relatório EPDA 76

A região em estudo é também uma área de partos para baleias de barbas e de alimentação do

golfinho rotador (Stenella longirostris) e do golfinho pintado pantropical (Stenella attenuata) (que

se alimentam de peixe mesopelágicos e de lulas), bem como de cachalotes (Physeter

macrocephalus), e baleias piloto (Globicephala macrorhynchus) que se alimentam de lulas.

A presença de baleias na costa moçambicana está normalmente associada aos períodos de

reprodução e respectiva migração a partir do Sul do Oceano. Durante os períodos de reprodução,

as baleias aproximam-se da plataforma continental, utilizando regra geral as águas profundas para

as suas migrações.

De Junho a Setembro é possível observar, pelo litoral do país, as seguintes quatro espécies de

baleias migratórias:

Baleia-de-minke (Balaenoptera acutorostrata) (MICOA, 1998);

Baleia-jubarte (Megaptera novaeangliae) (MICOA, 1998);

Cachalote (Balaenoptera novaeangliae) (ERM e Consultec, 2010); e

Baleia-franca-austral (Eubalena australist) (ERM e Consultec, 2010).

Baleias Mysticete (de barbas)

Como referido acima várias espécies de baleias de barbas podem frequentar a área em estudo.

Durante o Inverno, as baleias jubarte (Megaptera noaveangliae) e baleias minke (Balaenoptera

acutorostrata) são as mais frequentes. As baleias jubarte são observadas regularmente de junho a

setembro ao longo da costa. No hemisfério sul, a baleia jubarte migra entre os campos de

alimentação de verão, no Antártico, e os campos de reprodução de inverno, em águas costeiras

tropicais. No Oceano Índico ocidental, estas áreas incluem águas de baixa profundidade ao largo

de Moçambique, Madagáscar e ilhas no centro do Canal de Moçambique (Findlay et al., 1994).

Baleias e golfinhos odontocetes (com dentes)

Com base em registos de distribuição em outras partes do Oceano Índico, crê-se que ocorrem no

Canal de Moçambique 17 espécies de odontocetes, sendo que 11 foram registadas nesta área

(Peddemors et al., 1997). Por ordem alfabética, são o roaz-corvineiro (Tursiops truncatus), o

golfinho (Delphinus delphis), a falsa-orca (Pseudorca crassidens), o golfinho-corcunda (Sousa

plumbea), o golfinho-cabeça-de-melão (Peponocephala electra), o golfinho-de-risso (Grampus

griseus), o cachalote (Physeter macrocephalus), o caldeirão (Globicephala macrorhynchus), o

golfinho-fiandeiro (Stenella longirostris), o golfinho malhado (S. attenuata) e o golfinho-riscado (S.

coeruleoalba).

Sirénios

Em áreas próximas da costa de Moçambique, encontra-se uma espécie de sirénios, o dugongo

(Dugong dugon), geralmente em habitats de ervas marinhas (Reeves et al., 2002). Historicamente,

dugongos têm sido considerados relativamente abundantes por toda a costa moçambicana, mas

nas últimas décadas o seu intervalo de distribuição tem decaído significativamente.

A distribuição atualmente conhecida de dugongos em Moçambique inclui o Arquipélago das

Quirimbas, a Baía de Pemba, Mecufi, a Enseada de Janga, as Ilhas Primeiras e Segundas,

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Pomene, Morrungulo, a Baía de Inhambane e Ilha de Inhaca (Guissamulo, 2006). Os dugongos

não têm sido recentemente observados na área entre a ilha de Chiloane e Quelimane, que inclui a

área de estudo (Consultec, 2013). Considerando registos recentes, e a dependência da espécie

de habitats de algas marinhas (que são quase ausentes da área de estudo, tal como descrito na

secção anterior), é altamente improvável que o dugongo esteja presente na área de estudo.

O dugongo é provavelmente a espécie, de mamífero marinho, mais ameaçada de extinção no

Oceano Índico Ocidental e, portanto, existe a preocupação de garantir a sua conservação. Os

dugongos são geralmente pouco frequentes nas áreas oceânicas profundas, no entanto, podem

ocorrer nestas águas durante a travessia do oceano profundo, quando em migração entre os

habitats de alimentação.

Os dugongos estão actualmente classificados pela IUCN como Vulneráveis, estando listados em

Moçambique como uma espécie em declínio (Marsh, 2006; in ERM & Consultec, 2010). O declínio

deve-se a factores como a pesca, caça para subsistência, capturas acidentais nas redes de pesca,

destruição dos prados de ervas marinhas (destruição de habitat), poluição da água, e devido a

perturbações induzidas por seres humanos (p. ex. como resultado das actividades de recreio e

turismo), e mais raramente devido a desastres naturais, tais como grandes tempestades.

Os dugongos são protegidos pela Lei Nacional (Artigo 14º e Anexo II do Decreto n.º 51/99, de 31

de Agosto, que aprova o Regulamento da Pesca Recreativa e Desportiva).

Tartarugas Marinhas

As tartarugas marinhas são protegidas por normas nacionais e internacionais, devido à exposição

a múltiplas ameaças. A sua conservação local também é importante. As tartarugas marinhas são

capazes de atravessar grandes e profundos oceanos e potencialmente podem usar a área de

pesquisa na sua rota de migração. De acordo com a lista vermelha da IUCN todas as espécies

são consideradas ameaçadas (Tabela 12).

As tartarugas-cabeçuda, verde, de pente e olivácea utilizam vários habitats para a sua

alimentação, habitats que incluem os prados de ervas marinhas, recifes de coral, zonas lodosas e

mangais, enquanto, regra geral, as tartarugas-de-couro se alimentam em águas mais profundas

(Sociedade Zoológica de Londres, 2007, in ERM & Consultec, 2010).

Tabela 12 – Espécies de tartarugas existentes no Canal de Moçambique

Nome comum Nome científico Estatuto IUCN

Tartaruga Verde Chelonia mydas Em Perigo

Tartaruga bico de falcão Eretmochelys imbricate Criticamente em Perigo

Tartaruga gigante Dermochelys coriácea Criticamente em Perigo

Tartaruga cabeçuda Caretta caretta Em Perigo

Tartaruga olivácea Lepidochelys olivacea Em Perigo

Tartaruga-verde

As tartarugas verdes (Chelonia mydas) são consideradas as tartarugas mais comuns no litoral

moçambicano (Hughes, 1971 in ERM & Consultec, 2010).

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Vol I - Relatório EPDA 78

As tartarugas verdes nidificam da Península Quewene até ao Archipélago das Quirimbas (Gove e

Magane, 1996 e MICOA, 1998, in ERM & Consultec, 2010). Estima-se que os locais de nidificação

estejam concentrados nas Ilhas Primeiras e Segundas (Hughes, 1971, in MICOA, 1998). (veja-se

a Figura 5 8).

As tartarugas verdes encontram-se amplamente distribuídas nas águas tropicais e subtropicais

junto à costa continental e em volta das ilhas. As tartarugas verdes são herbívoras e solitárias,

mas por vezes alimentam-se em grupo, nas águas rasas onde existam ervas marinhas e algas

com abundância. As tartarugas verdes podem migrar ao longo de vários milhares de quilómetros,

deslocando-se entre os locais de alimentação e as suas áreas de nidificação.

Tartaruga-cabeçuda

A tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta) está amplamente distribuída pelas águas costeiras

tropicais e subtropicais circulando, no entanto, frequentemente no interior de águas temperadas.

Estas tartarugas realizam longas migrações entre as suas áreas de nidificação e de alimentação,

utilizando para o efeito as correntes quentes oceânicas.

Os adultos e adolescentes habitam principalmente as águas rasas, enquanto as tartarugas recém-

eclodidas e os juvenis estão frequentemente associados às zonas de convergência de correntes

oceânicas, tendo uma existência nectônica/ pelágica durante o seu primeiro ano de vida (NOAA

OPR, 2007a) Márquez, 1990 e Ernest e Barbour, 1989, in ERM & Consultec, 2010). A nidificação

das tartarugas-cabeçudas ocorre normalmente na Primavera e no Verão (Outubro até Fevereiro),

dentro de áreas específicas de nidificação no sudoeste do Oceano Índico.

Embora sejam mais frequentes nas áreas do sul, as tartarugas-cabeçuda encontram-se em todo

litoral de Moçambique (Hughes, 1971, in ERM & Consultec, 2010), com locais de nidificação

distribuídos pelo litoral a partir do Arquipélago de Bazaruto até à Ponta do Ouro (Hughes, 1971 e

Gove e Magane, 1996, in ERM & Consultec, 2010). Esta espécie é carnívora, preferindo alimentar-

se principalmente da fauna bêntica, onde se incluem os moluscos e os crustáceos.

Tartaruga-gigante

A tartaruga-gigante (Dermochelys coriacea) é um dos maiores répteis vivos, sendo facilmente

distinguível de todas as outras espécies de tartarugas marinhas pelo seu elevado tamanho e

características anatómicas e fisiológicas singulares.

As tartarugas-gigantes adultas conseguem adaptar-se a águas mais frias constituindo, portanto, a

espécie de tartaruga marinha mais largamente distribuída. O seu habitat encontra-se

principalmente no alto mar, e estas tartarugas aproximam-se das águas costeiras apenas durante

a época de procriação ou para alimentar-se em zonas com concentrações elevadas de medusas,

peixes pelágicos (p. ex. atum) e, outros invertebrados de corpo mole (Ernst e Barbour, 1989,

Márquez, 1990 e NOAA OPR, 2007c, in ERM & Consultec, 2010).

As tartarugas-gigantes nidificam ao longo do litoral do sul de Moçambique, a partir do Arquipélago

de Bazaruto até à Ponta do Ouro (Hughes,) 1971, in MICOA, 1998).

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Tartaruga-bico de falcão

A tartaruga-bico-de-falcão (Eretmochelys imbricata) encontra-se mais frequentemente perto de

recifes e igualmente em águas rasas, como é o caso das lagoas costeiras e das baías com ervas

marinhas e algas. Certas partes da população (sobretudo os juvenis) parecem manifestar um

comportamento residencial, não migratório, em águas costeiras rasas. As tartarugas-bico-de-

falcão adultas deslocam-se por distâncias curtas ou longas, entre os locais de alimentação e as

áreas de nidificação.

As tartarugas-bico-de-falcão são carnívoras, alimentando-se de fauna bêntica diversa tais como

corais, tunicados, algas assim como esponjas (Ernest e Barbour, 1989, Márquez, 1990, NOAA

OPM, 2007d, in ERM & Consultec, 2010).

As tartarugas-bico-de-falcão encontram-se em todo o litoral de Moçambique, sendo mais

abundantes nas partes setentrionais, perto dos recifes de coral (Hughes, 1971, in ERM &

Consultec, 2010). Os seus principais locais de nidificação são as ilhas (por vezes praias no

continente), situadas na parte setentrional de Moçambique.

Tartaruga-olivácea

As tartarugas-olivácea (Lepidochelys olivacea) ocorrem nos trópicos, do hemisfério sul e do

hemisfério norte, sendo porém mais frequentes neste último. Foram observadas tartarugas-

olivácea, deslocando-se em grandes grupos entre as áreas de reprodução e de alimentação, em

particular no leste do Oceano Pacífico e no Oceano Índico. As tartarugas deslocam-se pela

plataforma continental e, juntam-se em grande número nas áreas especiais de nidificação no início

do Verão. Este tipo de agregação de nidificação (arribazon), é uma característica singular

partilhada com as tartarugas de Kemp’s Ridley (Lepidochelys kempii).

As tartarugas-oliváceas são omnívoras, alimentando-se de peixes, invertebrados bênticos e algas

(Ernest e Barbour, 1989, Márquez, 1990 e NOAA OPM, 2007e, in ERM & Consultec, 2010), sendo

consideradas comuns em águas moçambicanas ao norte de Pebane (Hughes, 1971; in ERM &

Consultec, 2010). As tartarugas-olivácea nidificam em ilhas e no continente, ao longo da parte

setentrional de Moçambique, tendo as suas áreas de nidificação uma distribuição semelhante à da

tartaruga-de-pente (Hughes, 1971 in ERM & Consultec, 2010).

Tartarugas marinhas na área de estudo

De acordo com a informação acima, das cinco espécies de tartarugas marinhas que ocorrem em

Moçambique, apenas três são muito prováveis de ocorrer na área de estudo (cabeçuda, verde e

bico de falcão), enquanto a presença de tartarugas gigantes e oliváceas é considerada improvável,

dada a sua área de distribuição nacional e locais de nidificação preferenciais, como ilustrado na

figura abaixo.

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Vol I - Relatório EPDA 80

Fonte: MICOA (2006)

Figura 36 - Distribuição das tartarugas marinhas (•) e áreas de nidificação (○) ao longo da costa moçambicana.

Peixes

Moçambique caracteriza-se por uma elevada diversidade de peixes marinhos. Estima-se que

ocorram mais de 2.200 espécies de peixe ao largo da costa da África Austral (MICOA, 1998). Esta

elevada diversidade atribui-se à variedade de habitats e à confluência de vários oceanos.

Os peixes de alto mar incluem espécies demersais e pelágicas mas, as áreas perto da terra

(pouco profundas) contêm uma diversidade de peixes mais elevada, principalmente de espécies

associadas aos recifes de coral, a ervas marinhas, a zonas de mangal e estuários.

Existe pouca informação actualizada disponível sobre a fauna pesqueira das águas litorais e

profundas de Moçambique. As espécies de peixes marinhos identificadas nestes relatórios

dividem-se em três categorias:

Peixes demersais;

Peixes pelágicos;

Peixes mesopelágicos.

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Vol I - Relatório EPDA 81

Espécies Demersais

Ao longo do litoral de Moçambique, as espécies de peixes demersais de interesse comercial estão

limitadas principalmente a profundidades de água até 200 m e, as principais zonas pesqueiras são

o Banco de Sofala, a zona de Bazaruto e a Baía de Maputo.

No Banco de Sofala, as espécies demersais de valor comercial mais importantes, são corvinas,

roncadores e peixes-lagarto. As espécies mais abundantes são Johnius belangerii, J.dussumieri,

Otholithes rubbe, Pomadasys maculates, P. hasta, Saurida undosquamis e Upeneus vittatus

(abundante durante o inverno).

Espécies Pelágicas

Segundo relatórios de pesquisa da embarcação RV Dr Fridtjof Nansen (Saetre & Silva, 1979) no

litoral de Moçambique, os registos de pequenos peixes pelágicos limitaram-se principalmente à

área da plataforma, isto é, a profundidades de menos de 200 m.

As espécies pelágicas pequenas mais importantes foram observadas no Banco de Sofala, na

área de Bazaruto e, na Baía de Maputo. As espécies mais abundantes incluíram a anchova

(Stolephorus spp.), bicuda (Sphyreana spp.), peixes roncadores (Ariomma spp.), xaréua (Alepes

sp., Carangoides spp., Caranx spp.), peixe-serra (Rastrelliger spp., Scomber sp.), Leiognathidae,

sardinha (Dussumeria sp., Etrumeus sp., Hilsa keelee, Pellona ditchela, Sardinella spp., Thryssa

spp.) e carapau (Decapterus spp., Trachurus sp.).

Os grandes cardumes são mais frequentes na região central da costa, num troço com largura até

60 milhas, seguindo a isóbata de 500 m na área do sul da costa. Os cardumes encontram-se à

superfície, desde a Ilha de Bazaruto até ao Banco Almirante Leite, a Este da Baía de Maputo

(MICOA, 1998).

A profundidades situadas entre 500 m e 2 800 m, as espécies mais abundantes são o atum, peixe-

agulha e os tubarões. No grupo dos atuns, o atum-amarelo (Thunnus albacares) e o atum-patudo

(Thunnus obesus) são as espécies mais frequentes. Estima-se que a ocorrência destas espécies

ao largo do Banco de Sofala, se verifique a profundidades entre 1 200 a 2 000 m. De entre as

espécies de peixes-agulha o mais frequente é o marlim (Makaira ampla), (conhecendo-se

igualmente a sua ocorrência ao largo do Banco de Sofala) e, entre os tubarões os mais

abundantes são o tubarão-azul (Prionace glauca) e o tubarão-galha-preta (Carcharhinus limbatus)

(Saetre e Silva, 1979).

Espécies Mesopelagicas

Ao largo observam-se peixes mesopelágicos normalmente em águas fundas (profundidades entre

200 e 1.000 m) no entanto, por vezes, espécies mesopelágicas podem ser encontradas em águas

pouco profundas.

A Tabela 13, a seguir, apresenta as espécies mesopelágicas mais frequentemente observadas no

litoral de Moçambique.

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Vol I - Relatório EPDA 82

Tabela 13 – Espécies mesopelágicas mais frequentemente observadas no litoral de Moçambique.

ESPÉCIE LOCAL DE OBSERVAÇÃO

Benthosema fibulatum Ao largo do Banco de Sofala, da Ilha de Bazaruto, da Baía de Maputo e da Ilha de Inhaca

B. pterotum Ao largo do Banco de Sofala e da Baía de Maputo

Hygophum hygomi Ao largo do Banco de Sofala

Myctophum spinosum e M. asperum Ao largo do Banco de Sofala

M. aurolaternatum, Symbolophorus evermanni, Diaphus germani

Ao largo do Banco de Sofala, da Ilha de Bazaruto e da Baía de Maputo

D. nielseni Ao largo do Banco de Sofala

D. watasoi Ao largo do Banco de Sofala, ao largo da Ilha de Bazaruto, da Baía de Maputo e da Ilha de Inhaca

D. thiollierei Ao largo do Banco de Sofala e da Baía de Maputo

D. perspicillatus Ao largo do Banco de Sofala

Naurolicus muelleri Ao largo do Banco de Sofala, das Ilhas de Bazaruto e de Inhaca

Polymotmo corythaeola Ao largo da Ilha de Inhaca

Fonte: Adaptado de Saetre e Silva, 1979

Crustáceos

Segundo o MICOA (1998), os crustáceos de águas profundas com valor comercial que ocorrem ao

longo da costa de Moçambique, incluem camarões e as lagostas.

Os camarões de águas profundas estão distribuídos pelo talude continental, a partir de 17° S. até

à fronteira do sul do país, a profundidades entre 300 e 800 m. Cerca de 70% a 90% das capturas

de camarão de águas fundas são compostas por camarões cor-de-rosa (Haliporoides triarthus,

Aristeus antennatus e Penaeopsis balssi) e por camarões vermelhos (Aristaemorpha foliacea e

Plesiopenaeus edwardianus). Outras espécies de camarão de águas fundas, com menor valor

comercial, incluem Heterocaropus woodmasoni, H. yticarinatus, H. dorsalis, Salenocera Africana,

Palaemon sp. e Plesionika martia.

A lagosta de águas fundas (Palinurus delagoae) ocorre em águas com profundidades superiores a

200 m, sendo pescada por armadilhas e pela técnica de arrasto de fundo, a profundidades que

variam entre 200 e 400 m.

Outros Invertebrados

Nas águas do litoral da área do projecto ocorrem moluscos (de concha). As espécies de moluscos

capturadas para fins alimentares incluem a amêijoa gigante (Tridacna sp.), búzios (Murex spp.) e o

conha de tulipa (Fasciolaria trapezium).

Equinodermes como as holotúrias (Holothuria spp. e Synapta spp.) também ocorrem na área do

projecto. Estas espécies encontram-se tipicamente em zonas de sub-marés pouco profundas com

fundos de ervas marinhas.

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Vol I - Relatório EPDA 83

Prevê-se que a fauna cefalópode da coluna de água seja dominada por chocos. No entanto lulas

são capturadas nas redes de arrasto, nos fundos de ervas marinhas em águas superficiais. Em

mar aberto, é possível encontrar espécies de lulas de águas profundas (Impacto e Mark Wood

Consultants, 2006).

5.5 Áreas Protegidas e Áreas com Importância Ecológica

5.5.1 Áreas Marinhas Protegidas

As Áreas Marinhas Protegidas (AMP) em Moçambique têm sido tradicionalmente designadas

essencialmente ao abrigo de três legislações diferentes: a Lei de Terras, a Lei da Floresta e Fauna

Bravia e o regulamento Geral de Pesca Marítima. Existem quatro "tipos" de áreas marinhas

protegidas em Moçambique:

Reservas Parciais (por exemplo, a Reserva Marinha Parcial da Ponta do Ouro);

Parques Nacionais (por exemplo, Parque Nacional do Arquipélago de Bazaruto e Parque

Nacional das Quirimbas);

Áreas de Proteção Ambiental (Área de Proteção Ambiental das Primeiras e Segundas);

Zonas de Protecção Total (Zona de Protecção Total do Cabo de São Sebastião).

Actualmente as AMP cobrem uma área total de cerca de 20 462 km2 dos quais 8 633 km

2 contêm

ecossistemas marinhos. Como referido anteriormente nenhuma AMP será afectada pelo projecto.

Tabela 14 – AMP existentes em Moçambique

AMP Ano Área Total (km2) Ecossistemas Marinhos (km2)

Parque Nacional das Quirimbas 2002 7 506 1 430

Área de Protecção Ambiental das Primeiras e Segundas 2012 10 409 5 000

Zona de Protecção Total do Cabo de São Sebastião 2003 300 80

Parque Nacional do Arquipélago de Bazaruto 1971/2002 1 430 1 295

Reserva Marinha Parcial da Ponta do Ouro 1965/2009 678 678

Fonte: Pereira et al, 2014

De acordo com a nova lei da Conservação (Lei 16/2014, de 20 de Junho), as áreas de

conservação em Moçambique devem ser classificadas como Áreas de Conservação Total (que

incluem: Reserva Natural Integral, Parque Nacional e Monumento Cultural e Natural), onde a

extração de recursos naturais não é permitida e Áreas de Conservação de Uso Sustentável (que

incluem: Reserva Especial, Área de Protecção Ambiental, Coutada Oficial, Área de Conservação

Comunitária, Santuário, Fazenda do Bravio e Parque Ecológico Municipal) onde é permitida a

extracção dos recursos naturais, sujeita a um plano de maneio.

A área de pesquisa proposta não interfere com nenhuma AMP. A área protegida mais próxima é o

Parque Nacional do Arquipélago de Bazaruto, que fica a cerca de 70 km a sudoeste da área de

estudo (Figura 37). Na referida figura é ainda indicado as áreas prioritárias da Eco-região Marinha

de África Oriental, em particular o do Sistema do Delta do Zambeze e Baía de Sofala (estas áreas

encontram-se descritas em maior detalhe no intem 5.5.3.

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Vol I - Relatório EPDA 84

Fonte: Consultec

Figura 37 – Localização do Parque Nacional do Arquipélago de Bazaruto relativamente à área de Pesquisa, com indicação das áreas prioritárias da Eco-região Marinha de África Oriental mais próximas

Várias iniciativas da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos

Naturais (IUCN), Instituto Mundial dos Recursos (WRI), da The Nature Conservancy (TNC), da

Conservação Internacional (CI) e do Programa das Nações Unidas para o Ambiente (UNEP)

financiaram a pesquisa de pontos-chave (hotspots) de biodiversidade em Moçambique (EAME,

2004). O Parque Nacional de Bazaruto foi identificado como um desses hotspots de

biodiversidade, pelos motivos apresentados na tabela abaixo.

Tabela 15– Parque Nacional de Bazaruto: Hotspot de Biodiversidade em Moçambique

Localização Arquipélago de Bazaruto e Cabo de São Sebastião

Estatuto de Conservação

Protegido pelo Parque Nacional de Bazaruto desde 1971, limites expandidos em 2001 (1.430 km2; Decreto 39/2001 de 27 de Novembro)

Importância Global

Cabo de São Sebastião- Zona de Protecção Total desde 2003

Valor Biológico Recifes de coral, recifes rochosos, bancos de algas marinhas, mangais, dunas de areia

Maior população de Dugongos (Dugong dugon) no Oceano Índico Ocidental, quatro espécies de tartarugas marinhas, agregação de tubarões, 5 espécies de golfinho e 3 espécies de baleias (Convenção das Nações

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Vol I - Relatório EPDA 85

Unidas e Património Mundial, 2014), 6 espécies endémicas de moluscos gastrópode. Populações regulares de seis espécies de aves que excedem 1% das populações mundiais (EAME, 2004).

Notas Aproximadamente 3500 pessoas vivem nos limites do parque. Barreira de ciclones e lagos barreira.

Fonte: Pereira et al., 2014

5.5.2 Áreas Terrestres Protegidas

Além das AMP é também de mencionar uma área protegida terrestre, localizada relativamente

próximo a área de estudo: o Delta do Zambeze e a Reserva Nacional do Marromeu. A Reserva

Nacional de Marromeu está situada na província de Sofala e estende-se por 1 560 km2. A Reserva

de Marromeu protege a maior área húmida ao longo do delta do rio Zambeze (Figura 37) e, devido

à importância dos habitats das zonas húmidas existentes, foi declarada "Área Húmida de

Importância Internacional" ao abrigo da Convenção de Ramsar a 3 de Agosto de 2004.

A Reserva de Marromeu não é diretamente afectada pela área de pesquisa, que se localiza ao

largo a cerca de 40 km de seus limites.

Fonte: Google Earth

Figura 38 – Reserva nacional do Marromeu

A Reserva de Marromeu se tornou a primeira Zona Húmida de Importância Internacional em

Moçambique e uma das áreas de maior biodiversidade da região Sul-africana. A convenção de

Ramsar é um acordo importante para a proteção e uso sustentável das áreas húmidas. O Sítio

Ramsar compreende a área protegida da Reserva Nacional de Marromeu, quatro áreas de

concessão de caça circundantes, uma área tampão para o lado sudoeste e outra para nordeste.

A Reserva abrange uma vasta gama de habitats terrestres e costeiros, como florestas tropicais,

pântanos de água doce, dunas costeiras, mangais, pradarias de ervas marinhas, praias do Delta

do Zambeze e do Oceano Índico. Contém uma importante diversidade de espécies de animais

selvagens com grandes animais terrestres, como búfalos, leões, leopardos, elefantes, kudu, eland,

entre outros. As zonas húmidas áreas do parque suportam a maior densidade de aves aquáticas

em Moçambique, com grandes colônias de nidificação de grandes pelicanos brancos e rosados,

cegonhas-de-bico-amarelo e de bico-aberto, íbis-preto e corvos-marinhos-de-faces-brancas. Esta

área é também santuário para uma importante população de casais reprodutores de Grous-

carunculados ameaçados de extinção. Outras espécies de aves de interesse internacional

incluem: grous-corodao-austral, jaribus, cegonhas-escopial, garças-gigantes, talhas-do-mar-

africanas, perdizes-do-mar-comuns e gaivinas-de-bico-vermelho. Na costa, as baleias jubarte e

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minke podem ser vistas, juntamente com golfinhos-de-boca-de-garrafa, golfinhos-de-dentes-

grosseirros e os golfinhos-corcundas.

O Delta do Zambeze e Complexo do Marromeu foram também identificados por várias

organizações internacionais como um hotspot de biodiversidade em Moçambique, pelos motivos

apresentados na seguinte.

Tabela 16 - Delta do Zambeze&Complexo de Marromeu: Hotspot de biodiversidade

Localização Delta do Zambeze & Complexo de Marromeu

Estatuto de Conservação

Parcialmente protegida pela Reserva Especial de Marromeu (1,500 km2) Diploma Legislativo n.º 1982 de 8 de Junho de 1960. O Complexo de Marromeu no Delta do Zambeze foi declarado Zona Húmida de importância internacional pela Convenção de Ramsar em 2004.

Importância global

Valor Biológico Mangais e pântanos.

Parte do maior complexo de mangal no Oceano Índico Ocidental (2.800 km2) e área berçário para peixes e camarões. Concentrações de golfinhos de Risso, golfinhos-corcova e baleias, incluindo baleias-corcundas em reprodução (EAME, 2004). Maior densidade de aves aquáticas em Moçambique, incluindo pelicanos-brancos e rosados, íbis-preto, pato-ferrão, corvos-marinhos-de-faces-brancas, grous-carunculados, em vias de extinção (Bento & Beilfuss, 2000) e talhas-do-mar-africanas (EAME, 2004). A área é também habitat para outros animais selvagens incluindo elefantes, mabecos, leopardos e leões (Bento & Beilfuss, 2000).

Notas Existe uma necessidade urgente de restaurar os fluxos de cheias sazonais do rio Zambeze para sustentar processos ecológicos (Beilfuss & Santos, 2001). O Delta do Zambeze regula o recrutamento de camarões, uma das maiores indústrias em Moçambique. A proteção da área é importante tanto para a economia do país e como para a ecologia da região (da Silva, 1986).

Fonte: Perreira et al., 2014

5.5.3 Áreas Prioritárias da Eco-região Marinha de África Oriental (EMAO)

A costa Este de África Austral, onde a costa de Moçambique se inclui, foi designada por Ecoregião

Marinha de África Oriental (EAME). Esta região que se estende por aproximadamente 4 600

quilómetros inclui as águas territoriais da Somália, o litoral do Quénia, Tânzania e Moçambique.

Nesta região costeira as condições ambientais são semelhantes ao longo do ano, sendo por isso é

considerada uma unidade ecológica. A costa Este Africana, o litoral e os mares costeiros abrigam

um conjunto único e característico de espécies, habitats, dinâmica e condições ambientais. Os

animais marinhos e costeiros presentes na região adaptaram-se e desenvolveram-se para viver

nas condições tropicais aí existentes.

A Eco-região Marinha de África Oriental (2004) identificou algumas áreas prioritárias para espécies

e populações (comunidades) e estes são locais com biodiversidade que devem ser objecto de

conservação. Na região de interesse, a Baía de Sofala foi identificada como uma área de interesse

a nível sub-regional, enquanto o Sistema do Delta Zambeze e do Arquipélago de Bazaruto foram

sinalizados áreas de interesse a nível global (áreas prioritárias para conservação) (Figura 39).

Nenhuma dessas áreas é directamente afectada pela pesquisa proposta.

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Vol I - Relatório EPDA 87

Fonte: Consultec; Data- WWF, 2004

Figura 39 – Áreas Prioritárias da Eco-região Marinha de África Oriental (EMAO) na zona de estudo

Os habitats importantes desta região incluem, praias de areia, dunas, mangais, florestas, deltas de

rios, pradarias de algas marinhas, costas rochosas, planícies de inundação intertidais, lagoas

costeiras, ilhas, recifes de corais e águas abertas. As praias e sapais costeiros da região fornecem

alimentação e áreas de reprodução para um cerca de 35 espécies e de aves marinhas residente e

migratórias, áreas de desova para tartarugas e habitat para elevado número de espécies de

invertebrados, as águas abertas são habitat para os grandes peixes pelágicos e berçário ou áreas

de alimentação para 34 espécies de mamíferos marinhos, entre outros grupos de animais (WWF,

2004). Os habitats referidos têm uma conexão física natural ao longo das águas costeiras e das

correntes que criam uma extensa área para todos esses organismos.

A diversidade de habitats e vida marinha da eco-região fornece uma série de serviços e meios de

subsistência para as populações locais, bem como para os visitantes e investidores. A abundante

exploração dos recursos na Eco-região Marinha da África Oriental é uma ameaça para a

biodiversidade marinha e assim a presença de sinais de degradação deve conduzir a esforços

para preservar a qualidade dos habitats e da biodiversidade.

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Vol I - Relatório EPDA 88

5.6 Ambiente Socioeconómico

Este capítulo descreve o ambiente socioeconómico das províncias e distritos costeiros centrais de

Moçambique nomeadamente das províncias da Zambézia e Sofala.

5.6.1 Localização Geográfica e Divisão Administrativa

A área do projecto localiza-se no litoral centro de Moçambique. A tabela abaixo mostra a divisão

política e administrativa das províncias costeiras de Moçambique na área do projecto (Tabela 17).

Tabela 17 - Divisão política e administrativa da área do projecto

Provincia Capital Distritos Costeiros

Sofala Beira

Machanga

Búzi

Dondo

Muanza

Cheringoma

Marromeu

Zambézia Quelimane

Chinde

Inhassunge

Maganja da Costa

Namacurra

Pebane

Nicoadala

Fonte: Adaptado de Censo, 2007, INE, 2007

Administração do Governo

A administração do Governo segue a mesma estrutura em todas as províncias de Moçambique.

Ao nível Provincial, o governo é liderado por um Governador Provincial com um número de

direcções sectoriais encarregadas de variados aspectos. A nível distrital, a estrutura

governamental é encabeçada pelo Administrador Distrital, sendo representado por três níveis

distintos: Administração Distrital, Posto Administrativo (PA) e na base a Localidade. O Distrito é

dirigido pelo Administrador do Distrito, os Postos Administrativos pelo Chefe do Posto

Administrativo e ao nível da Localidade existe um Chefe de Localidade. O Governo Local é

baseado na Chefia Local, Autoridades da Comunidade e Autoridades Tradicionais.

A administração do ambiente marinho a nível provincial inclui o Departamento de Pescas da

Direcção Provincial da Agricultura assim como o Instituto Nacional de Desenvolvimento da Pesca

de Pequena Escala (IDPPE) que promove uma abordagem integrada dos meios de subsistência

da pesca artesanal e das famílias dos pescadores. A Administração Marítima da Província é

responsável pelo registo e licenças de todas as pequenas embarcações marítimas (incluindo as de

pesca artesanal) e também está organizada a nível distrital. Representantes da área das pesca

também auxiliam a Administração Marítima na gestão da atribuição das licenças e controlo da

pesca ao longo da costa.

O Governo Distrital tem uma Secretaria Permanente e quatro Serviços Distritais (Infra-estruturas e

Planeamento; Educação, Juventude e Tecnologia; Saúde, Mulher e Acção Social; e Actividades

Económicas). Estes estão sobre a autoridade da Administração Distrital e das várias Direcções

Provinciais. O Centro de Pesquisa em Ambiente Marinho (CEPAM), localizado em Pemba,

posicionado abaixo do MITADER, organiza os dados de informação da pesquisa disponíveis para

actividades na região litoral norte.

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Vol I - Relatório EPDA 89

As Chefias da Localidade representam a Administração e estão dependentes do Chefe do Posto

Administrativo e consequentemente do Administrador do Distrito. Nas suas tarefas são apoiados

pelas Chefias da Aldeia e Secretários de Bairro. No âmbito de aldeia há, normalmente, um

representante da autoridade tradicional.

Com a implementação do Decreto n.º 15/2000 relativo às autoridades das comunidades de 1º e 2º

nível, a instituição de liderança do régulo é basicamente legitimada. Dependendo dos grupos

étnicos na zona, o régulo ou equivalente são os líderes tradicionais desses grupos. Nas aldeias,

cada régulo tem representantes subordinados localizados em áreas territoriais extensas. Há

também outros líderes influentes nas comunidades, tais como os representantes de grupos

religiosos.

5.6.2 Demografia e Origens Étnicas

De acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE, 2007), em 2011 Moçambique tinha um

total estimado de 23.049.621 habitantes e uma densidade populacional de 28,8 hab/km2, uma das

mais baixas a nível mundial.

A maioria da população (67%) está localizada nas regiões centro e sul, com 43% da população a

habitar os distritos litorais e ocupando 19% do território nacional (Langa, 2007). Isto é ademais

evidenciado pelo facto de 12 cidades das 23 em Moçambique estarem situadas no litoral.

Adicionalmente, esta densidade costeira é particularmente visível na Região do Sul.

Tabela 18 – Densidade populacional nas Províncias costeiras, 2011.

Regiões Províncias Costeiras Habitantes/km2

Região Centro Zambézia 42,0

Sofala 27,4

Mozambique 28,8

Fonte: INE (2007)

Moçambique é caracterizado por uma grande variedade de grupos étnicos, o que se reflecte num

grande número de línguas, assim como numa clara separação de identidades colectivas baseadas

em distinções sulistas, centrais e nortenhas. Quase toda a população (99,5%) é constituída por

várias tribos indígenas, todas pertencentes a 10 grandes grupos étnicos e linguísticos Bantu.

5.6.3 Educação

A taxa de alfabetização é um bom indicador da vulnerabilidade de uma comunidade, sendo uma

taxa de analfabetismo elevada um indicador de forte dependência do sector primário (agricultura,

pesca e pecuária) e do emprego informal para subsistência, ao passo que uma baixa taxa de

analfabetismo indica a presença de um sector de emprego mais formal.

A taxa de analfabetismo parece seguir um padrão decrescente de norte para sul, a Província da

Zambézia tem uma taxa de analfabetismo mais elevada do que Sofala (43,4%).

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Tabela 19 – Estatísticas da educação nas províncias costeiras

Região do País Província Costeira Taxa de Analfabetismo (%) Taxa de

Analfabetismo (Homens%)

Taxa de Analfabetismo (Mulheres%)

Região Centro Zambézia 62,5 43,5 79,0

Sofala 43,4 23,0 61,9

Moçambique 50,3 34,5 64,1

Fonte: INE (2007)

Relativamente à taxa de abandono escolar é clara a evidência de um significativo decréscimo no

número de alunos com o aumento do nível de educação. Parece haver uma tendência

generalizada em todas as províncias costeiras, o que provavelmente está associado à falta de

recursos no sector da educação, nas Províncias (financeiros e infra-estruturais). Adicionalmente, a

alta taxa de abandono no ensino primário na zona litoral deve-se provavelmente ao envolvimento

das crianças desde cedo na pesca como trabalhadores permanentes ou ocasionais ou ainda como

trabalhadores de família numa rede pertencente a algum ascendente familiar. As crianças

trabalham geralmente com os grupos que praticam a pesca com redes, e menos com a pesca à

linha (SAL Consultoria em Desenvolvimento Social, 2006).

5.6.4 Saúde

As infra-estruturas da saúde são limitadas, com mais de metade dos moçambicanos a terem de

andar mais de uma hora para receber cuidados médicos em instalações de saúde. As instalações

de saúde têm muitas vezes falhas de stocks de bens médicos e uma falta geral de comodidades

básicas: 55% sem eletricidade (MOH, 2009) e 41% sem água (MOH, 2010). Igualmente, os

recursos humanos para a saúde são gravemente limitados em Moçambique, com apenas 3

Médicos e 21 enfermeiros/as para 100.000 habitantes (WHO, 2003) – uma proporção que está

entre as mais baixas do mundo.

Na Região Centro (Zambézia e Sofala) apenas as capitais das províncias estão equipadas com

hospitais centrais. A taxa de incidência do VIH/SIDA abrange mais do que 10% da população. A

malária é a principal causa de morte, a cólera e a diarreia são também doenças dominantes.

5.6.5 Infraestruturas e Serviços

Na Região Centro as ‘Palhotas’ de lama são o tipo de habitação mais comum e a maior parte da

área é considerada rural. As áreas urbanas incluem as cidades de Quelimane e Beira, onde as

casas feitas de cimento e tijolo são mais comuns.

A Região Centro também recebe energia vinda de Cahora Bassa, mas apenas 6% da população

tem acesso a este serviço. A restante população usa sobretudo madeira e parafina como fontes de

energia (INE, 2007). Apenas 6% das famílias na Região Centro têm acesso ao fornecimento de

água canalizada, enquanto o resto utiliza água não tratada de rios, poços e outras fontes.

As estradas N1, N7, N104, e N6 ligam a Região Sul ao norte de Moçambique, até ao Zimbabué e

Zâmbia, e providenciam acesso ao Porto da Beira, um dos portos mais importantes do país. A

maior parte das estradas não estão pavimentadas e algumas são inacessíveis durante a época

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das chuvas. A Região Centro também é servida por uma linha férrea que liga o Zimbabué ao Porto

da Beira. A linha férrea do Sena, que liga Moatize (na Província de Tete) com o Porto da Beira, foi

recentemente modernizada.

A cidade da Beira tem o segundo maior porto do país e a cidade de Quelimane tem o quarto

maior. Ambas cidades estão equipadas com aeroportos, ligando-as a outros lugares de

Moçambique. O aeroporto da Beira oferece vôos com destino a Joanesburgo, na África do Sul.

Toda a região tem acesso a rádio e as principais cidades são cobertas pelo sinal da televisão

estatal (TVM). A TDM e as duas companhias de telecomunicações móveis servem também a

região, embora maioritariamente nas áreas urbanas.

5.6.6 Rendimento e actividades produtivas

A agricultura, silvicultura e pesca são os principais sectores de actividade que garantem a

subsistência da maioria da população. Aproximadamente 90% das mulheres trabalha neste sector

global de utilização de recursos naturais. Os outros sectores, cujas actividades ocupam uma

proporção significativa de pessoas, são o comércio, indústria produtora e serviços administrativos.

A agricultura é normalmente praticada em pequenos terrenos (machambas), por mais de 99% das

famílias. Os terrenos habitualmente têm em média uma área de 1,4 a 1,6 hectares e são na sua

maioria usados para a agricultura de subsistência. As principais características do cultivo de

subsistência em pequenos terrenos são: sistema de cultivo itinerante, o uso de trabalho familiar,

práticas agrícolas tradicionais (baixo recurso a técnicas ou tecnologia modernas), criação de

pequenas espécies e cultura de alimentos para assegurar a segurança alimentar. Para obter

rendimento, os agricultores de subsistência vendem o excedente, dependendo do resultado da

última época de colheitas, ou recorrem a culturas de rendimento para vender no mercado, venda

de pequenos animais ou trabalho por empreitadas nos vizinhos ou quintas privadas.

Os produtos alimentares plantados em terrenos pequenos dominam a maioria das áreas

cultivadas. Em Sofala e Inhambane estas características aplicam-se a cerca de 80 e 81%,

respectivamente, das áreas de cultivo. A área ocupada por culturas de rendimento em Sofala

ainda é baixa, abrangendo cerca de 10% do total de área cultivada. As pequenas machambas têm

uma importante contribuição de 5%.

Quando se observam os diversos tipos de estratégias de subsistência numa perspetiva litoral,

estes seguem padrões semelhantes aos que foram descritos anteriormente, mas com maior

dependência da pesca e, em alguns casos, do turismo.

5.6.7 Pesca

Este capítulo é baseado no estudo especializado das pescas elaborado para este EIA (Cartaxana

& Paula, 2012), em revisão bibliográfica - Pereira (2009), Langa (2007), Santos (2007), Lopes et

al. (1997), SAL (2006) – e ainda assim em informação obtida junto do Ministério das Pescas de

Moçambique (www.mozpesca.gov.mz) e IDPPE (2009).

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Vol I - Relatório EPDA 92

A actividade pesqueira é um sector importante na economia moçambicana, sendo uma das

principais fontes de auto-emprego e de rendimento. Apesar da pesca industrial ter um papel

importante na economia moçambicana, a pesca costeira de pequena escala, composta pelos

sectores semi-industrial e artesanal, contribui significativamente para as exportações e para a

economia informal, especialmente a nível local, e é ainda uma grande fonte de subsistência para

os residentes no litoral. É também um meio importante para melhorar a dieta da população.

Pereira (2009) indica que a pesca é o principal meio de subsistência para aproximadamente

70.000 habitantes residentes no litoral. Por outro lado, segundo informação do IDPPE (2009) os

pescadores artesanais apenas representam aproximadamente 100.000, isto excluindo as

actividades periféricas de manutenção, comércio e apoio às actividades pesqueiras.

A população no litoral está muito dependente da área costeira e nos seus recursos. Tanto a sua

dieta como o bem-estar socioeconómico estão intimamente ligados aos recursos marítimos.

Em todas as províncias as licenças de pesca são administradas pela Direcção Provincial das

Pescas, que é responsável pelo controlo do sector de pescarias, em colaboração com a

Administração Marítima. No entanto, estas agências estão ainda pouco representadas fora da

capital provincial, levando a que os incidentes de pescaria ilícita nos restantes pontos das

províncias sejam comuns.

Existem três segmentos principais no sector das pescas em Moçambique: pesca artesanal, semi-

industrial, e industrial. Da produção actual, aproximadamente 91% proveêm da pesca artesanal,

2% da semi-industrial e 7% da industrial. Contudo, em termos de valor, as capturas da pesca

indústria nacional, consistindo quase exclusivamente em crustáceos para a exportação,

representa mais de metade do valor total (52%), enquanto que a pesca artesanal representa 42%,

com os restantes 6% vindos da semi-industrial (Desenvolvimento Oceânico, Mega Pesca Lda.,

2007).

É expectável que este projecto tenha apenas impacto sobre a pesca industrial, devido à distância

a que se localiza da costa (Figura 40).

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Vol I - Relatório EPDA 93

Fonte: Consultec

Figura 40 – Área de pesquisa e limites da pesac artesal e semi indutrial

Figure 1 – Seismic survey area and artisanal and semi-industrial fishing limits

Para a pesca de arrasto semi-industrial, as zonas estratégicas incluem os estuários, baías e o

Banco de Sofala, enquanto que para a pesca à linha semi-industrial, a área estratégica é a zona

rochosa costeira. Os recursos para a pesca de pequena escala incluem bivalves e caranguejos de

mangal, recolhidos na zona litoral ou apanhados em armadilhas, pequenos peixes demersais e

pelágicos, apanhados perto da costa por redes de cercos ou emalhar, camarões de águas não

profundas, apanhados no Banco de Sofala por arrastões semi-industriais e pescadores artesanais,

pequenas espécies de camarão apanhadas por pescadores artesanais, lulas e polvos, e

demersais maiores apanhados à linha ou em armadilhas (Dengbol, Eide, de Almeida, Johnsen, &

Nielsen, 2002).

Pesca Artesanal

A pesca artesanal é diversa e ocorre ao longo de toda a costa Moçambicana, apesar de abranger

mais população no centro e no norte do país, e incide sobretudo os recursos de águas pouco

profundas. Este tipo de pesca é apenas permitida aos pescadores locais. É permitida com ou sem

barco de pesca (à vela, a remo ou com um motor pouco potente). A bordo o sistema de

conservação da pesca é simples, desde a proteção solar a conservação em gelo, e é

frequentemente uma actividade de base familiar.

A pesca artesanal é organizada em Centros de Pesca (1 227 registados no país, mas apenas 595

relacionados com águas marinhas), lugares onde as embarcações, equipamentos e outros

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Vol I - Relatório EPDA 94

materiais de pesca são guardados e onde as capturas são desembarcadas. No Centro do país,

existem 116centros de pesca na Zambézia e 122 Sofala (122) (IDPPE, 2009). As regiões mais

produtivas na pesca artesanal são Nampula e Sofala (IDPPE, 2009).

Há um limite de 3 milhas a partir da costa que está reservado apenas à pesca artesanal e esta

também está sujeita a épocas de restrição na pesca do camarão em águas pouco profundas. Em

2012 a época fechada para pesca do camarão em águas pouco profundas no Banco de Sofala

correspondeu ao mês de Janeiro.

Pesca Comercial Semi-industrial

As embarcações de tamanho médio, maioritariamente envolvidas na pesca do camarão,

caraterizam a pesca semi-industrial. As capturas são feitas para consumo local e alguma para

exportação. Este tipo de pesca é feito em águas pouco profundas do litoral, usando embarcações

de 10 a 20 metros de comprimento. Os barcos são movidos a motor. As capturas concentram-se

no camarão, no atum e em peixes demersais. A maior parte da conservação do peixe a bordo é

feita com gelo. Alguns barcos utilizam meios mecânicos para pescar.

Em 2007 a frota envolvida na pesca semi-industrial era composta por aproximadamente 100

embarcações. Estes operam maioritariamente em águas pouco profundas na captura do camarão

no Banco de Sofala, na Baía de Maputo, no rio Limpopo e na região de Angoche.

A pesca de camarão em águas pouco profundas não é permitida para embarcações semi-

industriais durante cerca de 5 a 6 meses e normalmente começa em Outubro chegando até

Fevereiro (IFAD, 2012). Um pequeno número (8 barcos) também pescou à linha nas zonas litorais

rochosas (Oceanica Développement, MegaPesca Lda., 2007).

Pesca Comercial Industrial

A pesca industrial utiliza embarcações maiores (>20 m em comprimento) ficando 30 dias ou mais

no mar, e incide sobre peixe e camarão em águas rasas e águas profundas. As capturas são

maioritariamente para exportação. A frota industrial está concentrada no litoral Centro, no banco

de Sofala, onde a maior parte dos camarões e peixes demersais são pescados. Também

procuram estes recursos em águas profundas, abrangendo o território até à fronteira

moçambicana a Sul.

A área de pesca mais importante em Moçambique é o Banco de Sofala, onde a maior parte das

frotas industriais e semi-industriais concentram as suas actividades. Esta também constitui a área

mais importante para a pesca do camarão de águas pouco profundas. Outras áreas importantes

de pesca (particularmente do camarão a baixas profundidades) são o Banco da Boa Paz (sul do

banco de Sofala) e a Baía de Maputo.

A pesca de águas profundas ao longo do litoral moçambicano é maioritariamente de crustáceos,

mas também de peixes pelágicos e demersais. As redes de arrasto da pesca do camarão em

águas profundas operam dos 200 aos 800 metros. Os camarões alvo da pesca ao longo do talude

continental, desde a latitude 17ºS até à fronteira sul do país, em águas de profundidades entre os

300 a 800 metros (MICOA, 1998).

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Vol I - Relatório EPDA 95

Os barcos de pesca industrial e semi-industrial estão frequentemente também equipados com

congeladores. Este tipo de pesca utiliza meios mecânicos para pescar.

A tabela seguinte mostra os principais centros de pesca, na região em análise, de acordo com o

Ministério das Pescas, assim como os centros de pesca emergentes.

Tabela 20 – Principais centros de desenvolvimento pesqueiro.

Região Província Bem estabelecido (quadro amarelo)

Emergente (quadro verde)

Potenciais (quadro vermelho)

Total

Centro Zambézia 1 3 0 4

Sofala 1 3 2 6

Total Moçambique 10 14 2 26

Fonte: Ministério das Pescas (www.mozpesca.gov.mz) (2012).

Pesca Desportiva e Recreativa

A pesca desportiva e recreativa tem vindo a crescer em consequência do aumento do turismo no

país. Maputo, Gaza e Inhambane são as regiões onde esta pesca é mais frequente. Durante 2011,

foram emitidas 3 017 licenças para este tipo de pesca. Até agora não têm havido conflitos entre a

pesca desportiva e recreativa e outros tipos de pesca (artesanal e comercial).

5.6.8 Turismo

Em comparação com outros setores, o turismo constitui um mercado em crescimento para os

países com uma elevada incidência de pobreza, em que têm vantagem comparativa (OMC, 2004).

Os economistas consideram o turismo como uma resposta a uma solicitação especial dos

consumidores, que directa e indirectamente cria a necessidade de uma ampla variedade de

produtos e serviços (por exemplo, materiais de construção, alimentos e artesanato).

A Lei do Turismo de 2004 estabelece a legislação que se aplica a actividades de turismo, a

actividades do setor público voltadas à promoção do turismo, fornecedores de produtos e serviços

turísticos, turistas e consumidores de produtos e serviços turísticos.

As estatísticas sobre o turismo de Moçambique, das agências nacionais e as estimativas das

agências internacionais, com base em dados nacionais, criam um quadro incoerente e pouco claro

da indústria. Não há estudos que considerem o papel do turismo doméstico, apesar da presença

de uma crescente classe média nacional, de inúmeros workshops e conferências financiados por

entidades internacionais e de um número relativamente grande de expatriados (Jones, 2007).

A Tabela abaixo resume os principais destinos turísticos nas Províncias afectadas pelo projecto.

Tabela 21 - Principais destinos turísticos.

Região Província Principais destinos turísticos

Centro Província da

Zambézia

Conhecida como a capital do coco – a praia de Zalala dista 45 km a nordeste da cidade capital - Quelimane.

Além do 6 de Novembro, cinco ilhas dos Arquipélagos das Primeiras e Segundas, localizadas entre as Províncias da Zambézia e Nampula, foram declaradas como área de protecção, esperando-se que tal traga mais turismo no futuro.

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Vol I - Relatório EPDA 96

Região Província Principais destinos turísticos

Província de Sofala

A Beira é a segunda maior cidade de Moçambique.

Tem disponível o resort de férias Rio Savanne, 40 km a norte da Beira, numa estrada de cascalho situada entre a foz do rio e Savanne e o Oceano Índico. O resort só tem acesso por barco através do rio. Potenciais atrações turísticas incluem a catedral, o farol, a praia de Macuti e o Grande Hotel da Beira. O recentemente reabilitado Parque Nacional da Gorongosa também se localiza nesta província.

Fonte: MITUR, Visite Moçambique (2012)

Pontos localizados de turismo e actividades costeiras estendem-se ao longo das zonas sul e norte

do litoral do país. A costa central é menos desejável para as actividades relacionadas com o

turismo, dada a elevada percentagem de mangal e sedimentos fluviais dos deltas de rios (Salve,

Búzi, Púngue, Zambezi) que desaguam nas águas ao largo da costa central.

Turismo de mergulho

O turismo de mergulho em Moçambique é relativamente novo, tendo surgido pela primeira vez no

fim dos anos noventa do século passado. O mergulho em Moçambique pode ser dividido em três

zonas distintas: o extremo norte, de Pemba à fronteira com a Tanzânia, incluindo o Arquipélago

das Quirimbas; o extremo sul do país, perto da fronteira com a África do Sul, incluindo a Ponta do

Ouro e a Ponta Malongane; e a Província de Inhambane, desde Quissico norte ate Inhassoro.

O mergulho no extremo norte é principalmente conhecido pelos corais e vida marinha associada,

enquanto que no sul as atracções são os recifes e os avistamentos frequentes de tubarões. No

entanto, a experiência de mergulho mais procurada em Moçambica localiza-se na Província de

Inhambane, no sistema de recifes localizado ao largo da sua costa.

Para além do mergulho com garrafa, há também um aumento nas excursões para avistamento e

mergulho a apneia (sem garrafa) em Inhambane, à volta das Quirimbas e do Parque Nacional de

Bazaruto assim como na Província de Maputo.

Para além dos recifes de coral, há também alguns animais marinhos que são de interesse

turístico, nomeadamente:

As baleias-jubarte – migração de Junho até Outubro por toda a costa de Moçambique – a

principal actividade associada são as excursões para avistamento das baleias;

Tubarões baleia e mantas – de Outubro a Abril e maioritariamente à volta da Província de

Inhambane – a principal actividade associada são as excursões de mergulho (com e sem

garrafa – apneia);

Tubarões-martelo e tubarões do Zambeze – de Novembro a Março e maioritariamente à

volta da região sul de moçambique – a principal actividade associada são as excursões de

mergulho.

5.6.9 Tráfego Marítimo e Portos

De acordo com um estudo recente (AGU, 2014) que se focou em quantificar o tráfego global dos

navios sobre o globo através da observação por satélite, verificou-se que o tráfego marítimo a

nível global aumentou cerca de quatro vezes nos últimos 20 anos. Entre 1992 e 2002 o número de

navios oceânicos cresceu cerca de 60 por cento. As embarcações dedicadas ao transporte

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Vol I - Relatório EPDA 97

comercial cresceram ainda de forma mais acentuada durante a segunda década do período

abrangido na análise alcançando aumentos na ordem dos 10% ao ano. Na verdade o tráfego

marítimo subiu em todos os oceanos durante últimos 20 anos com excepção ao largo da costa da

Somália, onde as acções de pirataria conseguiram interromper o transporte comercial sobretudo a

partir de 2006.

Os corredores de transporte marítimo do oceano índico são dos mais movimentados do mundo,

verificando-se que o tráfego marítimo cresceu mais de 300% nos últimos 20 anos. Com efeito, as

rotas de navegação ao longo da costa oriental da África encontram-se entre as mais

movimentadas do mundo, transportando mais de 30 por cento do petróleo produzido

mundialmente. Em qualquer instante, sobre o oceano Índico podem ser encontrados centenas de

navios petroleiros, muitos dos quais de elevada capacidade (VLCC) a transportar crude

proveniente dos campos petrolíferos do Golfo Pérsico e da Indonésia para Europa e Américas.

Mais de 5.000 petroleiros por ano passam pelas águas costeiras sensíveis das Comoros e

Madagáscar assim como transitam ao longo da costa da Oriental de África, passando também

junto ao atol de Aldabra (Seychelles), local considerado como Património Mundial da Humanidade.

O crescimento económico global e o consequente aumento do comércio marítimo têm originado

também um considerável aumento do tráfego marítimo sobre o Canal de Moçambique. Este canal

é das rotas preferenciais dos petroleiros provenientes do Golfo Pérsico com destino aos EUA e

África do Sul. De se referir as actividades de pesca comercial que contribuem também para o

tráfego marítimo no Canal de Moçambique, especialmente devido à presença de navios de pesca

do atum. Na figura seguinte ilustram-se as principais rotas utilizadas pelos navios petroleiros.

Fonte: Center for International Maritime Security, 2015.

Figura 41 – Rotas de Tráfego marítimo global

Em 2006 o transporte de petróleo através do canal de Moçambique atingiu as 83 MTPA

(Consultec, 2014). Estima-se que cerca de 280 VLCC’s (Very Large Crude Carriers, em inglês)

atravessaram o Canal de Moçambique nesse mesmo ano. O mesmo número de VLCC’s realizará

a viagem de retorno através do Canal de Moçambique em direção ao Golfo Pérsico mas

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Vol I - Relatório EPDA 98

carregados de lastro, embora a maioria deste tipo de navios possa navegar através do Canal de

Suez, em vez do canal de Moçambique (Consultec, 2014). Se assumirmos um crescimento médio

da economia mundial e também nas necessidades de crude de cerca de 2% desde 2006

(UNCTAD, 2013), significa que em 2014 terão transitado sobre canal de Moçambique cerca de

330 VLCCs por ano. A principal rota de tráfego marítimo que passa na área da bacia do Rovuma,

passa a uma distância de cerca de 60 nm ao largo da costa de Moçambique.

De acordo com a legislação moçambicana o Instituto Nacional da Marinha (INAMAR) detém a

autoridade na gestão do tráfego marítimo nas águas sob a jurisdição da República de

Moçambique. Para a implementação da gestão da segurança na navegação contam com a

colaboração do Instituto Nacional de Hidrografia e Navegação. Esta instituição é responsável por

levantamentos hidrográficos, cartografia náutica, oceanografia e marcação no mar (Consultec,

2014).

A CFM - Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique é uma entidade paraestatal que

supervisiona as vias marítimas e portos em Moçambique. Moçambique tem actualmente cinco

porto de mar dos quais dois estão nas províncias afectadas pelo projecto, a saber:

O Porto da Beira, tal como o porto de Maputo é uma parceria público-privada entre a CFM e a

Cornelder Holding. Atualmente, o porto da Beira é o terceiro mais movimentado em Moçambique.

O porto da Beira desempenha um importante papel para os países como Zimbabué, Zâmbia e

Malawi, na fronteira de Moçambique, sendo usado por estes países para importar e exporta seus

produtos. O porto da Beira renovou actualmente o seu terminal de carvão e tem uma capacidade

para movimentar seis milhões de toneladas de produto.

O Porto de Quelimane, como o porto da Beira é também uma parceria público-privada entre a

CFM e Cornelder Holding. O porto de Quelimane é actualmente o quarto mais movimentado em

Moçambique, mas com as reformas no porto de Pemba, em breve, passará para quinto lugar.

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Vol I - Relatório EPDA 99

6 Potenciais Impactos Ambientais e Sociais

Neste capítulo identificam-se os potenciais impactos sobre o ambiente receptor da área de

aquisição sísmica proposta e as questões chave que justificam uma avaliação por especialistas no

processo de AIA em curso.

Os potenciais impactos das actividades propostas de aquisição sísmica, foram identificados

através dum processo sistemático no qual são consideradas com atenção as interacções entre as

actividades propostas do projecto e o ambiente biofísico e socioeconómico, a fim de identificar os

aspectos e impactos ambientais do projecto.1

Ao empreender este processo, a equipa da AIA recorreu ao seguinte:

O entendimento do projecto proposto (descrito no Capítulo 4);

O conhecimento do ambiente potencialmente afectado (descrito no Capítulo 5); e,

A perícia e experiência profissional da equipe dos consultores na realização de avaliações

dos impactos ambientais de projectos de aquisição sísmica marinha.

A identificação preliminar dos aspectos e impactos ambientais do projecto proposto (durante as

operações normais assim como com acontecimentos não previstos e emergências), está

apresentada na Tabela 22, abaixo. Poderão ser identificados potenciais impactos adicionais,

durante as investigações dos especialistas, na próxima fase do processo de AIA, as quais serão

incluídas no relatório do EIA.

Muitas das medidas de gestão que a Spectrum pretende implementar durante as operações de

aquisição sísmica propostas mitigarão e em alguns casos eliminarão alguns dos potenciais

impactos típicos deste tipo de actividades e/ou dos acontecimentos não previstos e emergências

no mar. Estas vêm indicadas na Tabela 22 a seguir.

1 Um aspecto ambiental é um traço ou característica duma determinada actividade do projecto, que possa ocasionar uma mudança no ambiente biofísico ou sócio-económico.

Um impacto ambiental é a mudança em si (positiva ou negativa) ao ambiente biofísico ou sócio-económico, causada pelo aspecto ambiental.

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Vol I - Relatório EPDA 100

Tabela 22 - Identificação de potenciais impactos

Actividades de Projecto

Características das actividades

Potenciais impactos Medidas de Gestão Comentários

Operações gerais do navio

Navegação da embarcação sísmica e da embarcação de apoio dentro da área de aquisição sísmica de e para os portos.

Riscos aumentados de segurança e, interferência com o trânsito marítimo

Medidas padrão de segurança da navegação, a incluir o serviço constante de vigilância,

durante as operações no mar.

Avisos aos marinheiros, para comunicar aos demais utilizadores do mar, da localização e data das actividades de pesquisa propostas.

O aumento do tráfego marítimo devido à operação de navios sísmicos e de apoio

será mínimo.

Emissões gasosas a partir dos motores de combustão (CO2, NOX, SOX, CO, matéria particulada, etc.).

Redução da qualidade do ar local e contribuição para as emissões de carbono.

Cumprimento das exigências da MARPOL, Anexo VI.

O uso do óleo diesel e/ou do gasóleo naval (em vez do combustível pesado altamente

sulfuroso).

As emissões atmosféricas provenientes dos navios irão dispersar rapidamente

uma vez que as embarcações estão em constante movimento.

Ruído gerado pelas operações das embarcações.

Perturbação da fauna marítima (desvio comportamental da fonte do ruído, etc.).

São empregados OMM e a MAP a bordo, para detectar a presença de fauna marinha.

Os navios sísmicos são projetados para gerar muito pouco ruído, uma vez que o ruído gerado pelo navio pode interferir com a aquisição de dados sísmicos.

Uso da iluminação durante as operações nocturnas.

Impactos sobre a fauna marinha (p. ex. lulas e peixes) atraídas pelas luzes, incluindo:

- Efeitos sobre o comportamento de alimentação e/ou acasalamento; e

- Aumento de predação.

São necessárias luzes de navegação e de aviso para a segurança mas, deve ser

minimizada a iluminação não imprescindível

Libertação de água de lastro, captada em águas estrangeiras, para as águas locais.

Redução da biodiversidade local, devido ao deslocamento da biota local/nativa pela biota marinha exótica.

Recomenda-se o cumprimento das directrizes da Organização Marítima Internacional (OMI)

no que diz respeito à gestão da água de lastro.

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Vol I - Relatório EPDA 101

Actividades de Projecto

Características das actividades

Potenciais impactos Medidas de Gestão Comentários

Operações gerais do navio

Colisão entre embarcações no mar ou ruptura da linha de combustível durante uma operação de abastecimento, resultado em derramamento de combustível.

Toxicidade e/ou efeitos de sufocação sobre a biota marinha na trajectória do derramamento, sendo os litorais particularmente vulneráveis.

Medidas padrão de segurança da navegação, a incluir o serviço constante de vigilância.

O uso do óleo diesel e/ou do gasóleo naval (menos persistentes em relação à maior parte

dos demais combustíveis marítimos).

Supervisão e avaliação contínuas dos riscos durante as operações de abastecimento.

Implementar o plano de contingência para derramamentos de petróleo, para enfrentar

derramamentos dos Níveis I e II

É improvável que derrames de óleo diesel e/ou gasóleo naval cheguem ao litoral, a menos que ocorra um grande derrame muito perto da costa, ou no

porto durante o abastecimento.

Aquisição de dados

Interpretação de dados geológicos

Compreender a distribuição regional dos sistemas potenciais e comprovados reservatório, tipo e espessura da crosta terrestre, estratigrafia e evolução da bacia

Publicação de trabalhos científicos

Navegação da embarcação com equipamento sísmico em funcionamento.

Potencial mortalidade da fauna marinha através de:

- Emaranhamento com os equipamentos de pesquisa sísmica (boia de traseira), sobretudo as tartarugas.

- Colisões com barcos, em particular com mamíferos marinhos de grande dimensão

Uso do procedimento de arranque suave dos canhões de ar para estimular a saída da zona

pela fauna marinha.

O uso dum dispositivo de segurança para tartarugas nas bóias de trás, para minimizar

qualquer risco de emaranhamento pelas tartarugas.

São empregados a bordo os OMM e a MAP para detectar a presença de fauna marinha.

-

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Vol I - Relatório EPDA 102

Actividades de Projecto

Características das actividades

Potenciais impactos Medidas de Gestão Comentários

Aquisição de dados

Aquisição de dados em zonas pesqueiras.

Interferência com a actividade pesqueira, redução das taxas de captura e efeitos socioeconómicos associados, em resultado de:

- Perda de acesso a zonas de pesca devido à presença da embarcação sísmica;

- Perda de equipamento pesqueiro devido a emaranhamento com o equipamento sísmico;

- Alterações a taxas de capturas devido aos impactos do ruído sísmico nas espécies comerciais.

- Implicações socioeconómicas.

Zona de exclusão (segurança) em volta da embarcação sísmica e do equipamento

rebocado.

Embarcação de apoio empregue para avisar ao demais trânsito de embarcações e para

limpar a trajectória sísmica.

Avisos aos marinheiros, para comunicar aos demais utilizadores do mar, da localização e data das actividades de pesquisa propostas.

A zona de exclusão move-se junto com o navio sísmico e o impacto sobre qualquer

uma das áreas será de muito curto duração. A zona de exclusão será muito

pequena em relação ao tamanho da maioria das áreas de pesca.

Ruído (sísmico) subaquático, devido ao uso dos canhões de ar comprimido.

Potenciais impactos sobre a fauna marinha, incluindo:

- Alterações comportamentais, com a fauna a evitar a área de pesquisa, e possível interferência com a migração ou a reprodução.

- Interferência com a comunicação animal subaquática (mascaramento das vocalizações e outros sons).

- Danos patológicos e mortalidade.

Uso do procedimento de arranque suave dos canhões de ar para estimular a saída da zona

pela fauna marinha.

São empregados a bordo os OMM e a MAP para detectar a presença de fauna marinha.

Para os disparos em determinadas situações

A área ao largo da zona Centro de Moçambique é ecologicamente importante para várias espécies

ameaçadas de mamíferos marinhos e tartarugas, e conta com importantes áreas de mangal e bancos de pesca.

Derramamento do fluido de flutuação dos cabos flutuantes para o mar (querosene ou outro hidrocarboneto ligeiro)

Toxicidade e/ou efeitos de sufocação sobre a biota marinha na trajectória do derramamento, sendo os litorais particularmente vulneráveis.

O uso de cabos de aquisição sísmica sólidos eliminará este risco.

Descargas e eliminação de

resíduos

Descarga para o mar de efluentes sanitários e águas residuais

Impactos sobre o biota marinho causados por condições anaeróbias, devido ao aumento da carência biológica de oxigénio na coluna de água.

Cumprimento do Anexo IV da MARPOL, que inclui o tratamento a bordo do efluente de

esgoto antes da sua descarga.

Os volumes descarregados serão pequenos e, como os navios estão em constante movimento, a descarga será

dispersa rapidamente.

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Vol I - Relatório EPDA 103

Actividades de Projecto

Características das actividades

Potenciais impactos Medidas de Gestão Comentários

Descargas e eliminação de

resíduos

Descarga para o mar do escoamento do convés e da

água dos porões. Efeitos de toxicidade sobre o biota marinho.

Cumprimento do Anexo I da MARPOL antes da descarga.

As embarcações terão no seu lugar, Planos de Emergência contra a Poluição por Petróleo a

Bordo (SOPEP) para enfrentar derramamentos de Nível I de contaminantes a

bordo.

Armazenamento, transferência e deposição em terra de resíduos perigosos e

não combustíveis.

Uma gestão deficiente dos resíduos e a deposição arbitrária em terra podem contribuir

para poluição do ar, da água e do solo, impactos de incómodos sobre as comunidades

locais, etc.

Cumprimento do Anexo VI da MARPOL (Prevenção de Poluição do Ar proveniente dos

Navios).

Todos os resíduos não perigosos, inflamáveis serão incinerados a bordo,

no entanto os volumes serão relativamente pequenos e dispersão das

emissões será rápida devido ao movimento constante da embarcação

sísmica.

Descarga para o mar de efluentes sanitários e águas

cinzentas

Impactos sobre o biota marinho causados por condições anaeróbias, devido ao aumento da carência biológica de oxigénio na coluna de

água.

Cumprimento dos procedimentos para a Gestão e Controlo dos Resíduos.

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Vol I - Relatório EPDA 104

7 Falhas Fatais

Os principais objectivos do EPDA são identificar quaisquer falhas fatais (riscos ambientais e

sociais inaceitáveis) que possam ameaçar a viabilidade do projecto e identificar os potenciais

impactos que terão uma avaliação mais aprofundada durante a fase de EIA subsequente.

Capítulo 6 fornece a identificação preliminar dos impactos do projecto, com base na descrição do

projecto apresentado no Capítulo 4, sobre a avaliação de base preliminar apresentada no Capítulo

5 e experiência anterior da equipa do EIA em avaliação de projectos similares.

Nenhum dos potenciais impactos biofísicos ou socioeconômicos identificados representam riscos

ambientais e sociais inaceitáveis que poderiam levá-los a serem considerados como falhas fatais.

No entanto, foram identificados vários impactos potencialmente significativos, e estes devem ser

avaliados com maior detalhe na fase de EIA (ver Capítulo 6). Não obstante, todos os impactos

identificados do projecto são efeitos conhecidos das pesquisas sísmicas, e podem ser controlados

com sucesso, através da aplicação de mitigação adequada, que será o foco dos estudos a serem

realizados na fase de EIA. Os Termos de Referência para o EIA são apresentados no Volume II

deste relatório.

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Vol I - Relatório EPDA 105

8 Questões chave

Os Capítulos 6 e 7 providenciam uma identificação preliminar dos impactos esperados e uma

avaliação da existência de questões fatais que inviabilizassem o projecto, respectivamente. Alguns

dos impactos identificados são menos significativos do que outros, e são razoavelmente bem

compreendidos. Outros impactos mais significativos vão, porém, exigem avaliação mais detalhada

por especialistas, para determinar a significância desses impactos e identificar medidas de

mitigação que podem ser implementadas para reduzir a sua importância.

Durante as operações de aquisição de dados sísmicos, as embarcações e o seu equipamento

rebocado contarão com uma manobrabilidade muito limitada e por essa razão todas as outras

embarcações nas imediações terão de lhes dar prioridade. Embora a área planeada para o

levantamento sísmico seja extensa, a presença física do navio de pesquisa e sua exclusão (de

segurança) zona durante os levantamentos irá afectar directamente uma área muito menor. Além

disso, o movimento contínuo das embarcações significa que é provável que a maior parte das

emissões e descargas de rotina se disperse rapidamente no dinâmico ambiente marinho.

As questões chave relacionadas às actividades propostas de aquisição sísmica e que exigem uma

avaliação pormenorizada (especialista) no EIA são examinadas com brevidade a seguir:

Fauna marinha: Conforme indicado na Tabela 22, a aquisição sísmica proposta pode ter

algum impacto sobre a fauna marinha, de várias maneiras. Os mais notáveis destes são

os impactos das ondas sonoras sob a água (ruído sísmico) geradas pelos disparos do de

canhões de ar. A natureza e a intensidade dos impactos dependerão das espécies e da

distância do organismo da fonte sonora. Os potenciais impactos poderão incluir:

o Desvio comportamental da fonte sonora sísmica, a qual pode afectar a migração

ou alimentação e o comportamento de acasalamento;

o A ocultação dos sons de comunicação subaquáticos, dando como resultado a

desorientação e afectando a migração, alimentação e/ou acasalamento; e/ou

o Lesão patológica/mortalidade.

A colisão pelo barco e emaranhamento com o equipamento rebocado (sobretudo com a

bóia traseira) poderão resultar igualmente em lesão ou mortalidade.

O impacto sobre espécies específicas poderá afectar os processos ecológicos mais

amplos (p. ex. a actividade predatória) e, quaisquer impactos sobre indivíduos de espécies

ameaçadas poderão ter implicações a nível da população, caso seja comprometido o

sucesso reprodutivo do indivíduo. A região marinha de Moçambique é caracterizada pela

existência de recifes de coral e pela elevada diversidade de fauna marinha que sustenta. A

área é utilizada como ambiente de reprodução e rota de migração, por várias espécies de

cetáceos, algumas das quais são consideradas como estando sob ameaça e, igualmente

é caracterizada pela presença de várias espécies ameaçadas de tartarugas. O impacto

potencial das actividades propostas sobre a fauna marinha (e, portanto, sobre a

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Vol I - Relatório EPDA 106

biodiversidade e ecologia marinhas) constitui uma questão chave que tem que ser

investigada e avaliada através de investigação de especialidade no EIA.

Actividade pesqueira: O aumento do tráfego marítimo, a manobrabilidade limitada da

embarcação sísmica e a zona de exclusão (segurança) em volta da embarcação durante

as operações, poderão eventualmente deslocar as embarcações pesqueiras e impedir a

actividade pesqueira. Existe também uma possibilidade duma perda de equipamento

pesqueiro, caso fique emaranhado com a embarcação sísmica e o equipamento rebocado.

Não é espectável um impacto das actividades de pesquisa sísmica sobre a pesca

artesanal e semi-industrial. O impacto potencial das operações de aquisição sísmica

proposta na actividade pesqueira (a nível industrial) da costa de Moçambique, constitui

uma questão relevante que carece de investigação de especialidade no EIA.

Não se prevê que outros aspectos das operações de aquisição sísmica propostas, enumerados na

Tabela 22, possam ter qualquer impacto significativo sobre o meio-ambiente mas, mesmo assim,

os mesmos serão abordados no EIA.

Embora não tenham sido identificadas falhas fatais para este projecto (impactos ambientais

inaceitáveis que ameacem a viabilidade do projecto), têm que ser investigados e avaliados os

potenciais impactos das actividades propostas, a fim de garantir que os mesmos sejam aceitáveis

e que se identificam todas as medidas adicionais de gestão que sejam necessárias.

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PESQUISA SÍSMICA MARÍTIMA 3D NA BACIA DE MOÇAMBIQUE, ÁREA DO DELTA DO ZAMBEZI

Vol I - Relatório EPDA 107

9 Conclusões

O presente Relatório de EPDA foi elaborado na sequência da apresentação à DNAIA da Instrução

de Processo, a qual levou à classificação do projecto como sendo um projecto de Categoria A.

Não foram identificados nenhumas falhas fatais e uma revisão dos potenciais impactos ambientais

das actividades propostas de aquisição sísmica identificou as seguintes questões ambientais

chave que carecem de investigação pormenorizada na fase de EIA:

Aspectos socioeconómicos (actividade pesqueira a nível industrial);

Ecologia (fauna marinha).

Serão realizados estudos especializados para investigar estes assuntos chave, os quais

constituirão o foco da avaliação dos potenciais impactos ambientais da pesquisa sísmica proposta

no EIA. No entanto, os potenciais impactos menos significativos serão igualmente considerados no

EIA.

Os resultados dos Estudos Especializados, incluindo a descrição e avaliação dos potenciais

impactos do projecto, bem como as medidas propostas de mitigação dos impactos negativos e de

potenciação dos impactos positivos, serão apresentados num Relatório do EIA e Plano de Gestão

Ambiental Preliminares, os quais serão disponibilizados ao público durante o processo de consulta

ao público, na fase de avaliação dos impactos.

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PESQUISA SÍSMICA MARÍTIMA 3D NA BACIA DE MOÇAMBIQUE, ÁREA DO DELTA DO ZAMBEZI

Vol I - Relatório EPDA 108

10 Referências Bibliográficas

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Vol I - Relatório EPDA 112

ANEXOS

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Vol I - Relatório EPDA 113

ANEXO 1 – REGISTO DA CONSULTEC COMO

CONSULTOR AMBIENTAL NO MITADER

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Vol I - Relatório EPDA 114

ANEXO 2 - CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA SÍSMICA

MARÍTIMA PELO MITADER