PESQUISA SOBRE JURISPRUDÊNCIAS - STJ

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PESQUISA SOBRE JURISPRUDNCIAS - STJ ATUALIZADA EM JULHO DE 2010

Vereadores - STJ

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO AO CIVIL PBLICA IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA VEREADORES EDIO DE LEI MUNICIPAL QUE PERMITIA A CONTRATAO SEM CONCURSO PBLICO EXAME DE LEI LOCAL: SMULA 280/STF APLICAO DA LEI 8.429/1992 VIOLAO AOS PRINCPIOS ADMINISTRATIVOS ART. 11 DA LEI 8.429/1992 ELEMENTO SUBJETIVO DOLO GENRICO NOCOMPROVAO. 1. Em sede de recurso especial, no pode o STJ examinar a pretenso da parte recorrente, se o Tribunal de origem decidiu a lide com base em normas de lei local. 2. A jurisprudncia desta Corte, quanto ao resultado do ato, firmou-se no sentido de que se configura ato de improbidade a leso a princpios administrativos, o que, em princpio, independe da ocorrncia de dano ou leso ao errio pblico. 3. A Segunda Turma firmou entendimento de que, para caracterizao dos atos previstos no art. 11 da Lei 8.429/1992, basta a configurao de dolo lato sensu ou genrico. 4. No demonstrada a presena do dolo genrico dos Vereadores na edio de lei municipal, que previa a contratao sem concurso pblico, descabe a tipificao de ato de improbidade administrativa. 5. Recurso especial provido. (REsp 1165505/SP, Rel. Ministra 22/06/2010, DJe 01/07/2010) ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em

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RECURSO ORDINRIO EM HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL. RECORRENTE DENUNCIADO POR INFRAO AOS ARTS. 90 E 95 DA LEI N. 8.666/93 E ARTS. 288, 332, PARGRAFO NICO, 317, 1 E 321, NA FORMA DO ART. 69, ESTES DO CDIGO PENAL. EXERCCIO DO CARGO ELETIVO DE VEREADOR DE MUNICPIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO POCA DOS FATOS. INTERCEPTAO TELEFNICA DETERMINADA POR MAGISTRADO DE PRIMEIRA INSTNCIA, NA FASE INVESTIGATRIA, ANTES DO OFERECIMENTO DA DENNCIA. VALIDADE, NO CASO.

1. Tem-se, no art. 1 da Lei n. 9.296/96, que "[a] interceptao de comunicaes telefnicas, de qualquer natureza, para prova em investigao criminal e em instruo processual penal, observar o disposto nesta Lei e depender de ordem do juiz competente da ao principal, sob segredo de justia". Tal regra no impede, entretanto, o deferimento de autorizao de referida diligncia por Juzo diverso daquele que veio a julgar a ao penal, quando concedida ainda no curso das investigaes criminais. Precedentes. 2. "Quando [...] a interceptao telefnica constituir medida cautelar preventiva, ainda no curso das investigaes criminais, a mesma norma de competncia h de ser entendida e aplicada com temperamentos, para no resultar em absurdos patentes" (STF, HC 81260/ES, Tribunal Pleno, Rel. Min. SEPLVEDA PERTENCE, DJ de 19/04/2002). 3. Em 28/05/2007, o rgo Especial do Tribunal Impetrado, no julgamento de Arguio de Inconstitucionalidade n. 01/06, declarou inconstitucional a prerrogativa de foro dos Vereadores dos municpios do Estado do Rio de Janeiro, prevista no art. 161, inciso IV, alnea d, item 3, da Constituio Estadual. Portanto, no momento dos fatos ora questionados, aparentemente, os parlamentares municipais deveriam ser processados e julgados por Juzes de primeira instncia. Porm, os Tribunais de hierarquia superposta continuaram a entender por vlida a regra afastada em controle difuso de constitucionalidade pela Corte fluminense. Por tal razo, reconheceu-se, no caso, posteriormente, a competncia do Tribunal de Justia do Estado do Rio de Janeiro para julgar e processar o Paciente, ocupante do cargo eletivo de vereador poca dos fatos. Tal fato, entretanto, no impede que se considerem vlidas as medidas cautelares requeridas ao tempo das investigaes ao rgo julgador supostamente competente qual seja, o Juzo Singular , e por este deferidas, pois sua incompetncia, evidentemente, no era patente. 4. Recurso desprovido. (RHC 24.905/RJ, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 15/06/2010, DJe 28/06/2010)

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PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO AO CIVIL PBLICA IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA EX-PREFEITO NULIDADE DA CITAO SMULA 7/STJ INEXISTNCIA DE DEMONSTRAO DE PREJUZO PAS DE NULLIT SANS GRIEF APLICAO DA LEI 8.429/1992 COMPATIBILIDADE COM O DECRETO-LEI 201/1967 AUSNCIA DE DANO AO ERRIO VIOLAO AOS PRINCPIOS ADMINISTRATIVOS ART. 11 DA LEI 8.429/1992 ELEMENTO SUBJETIVO DOLO GENRICO DECLARAO INCIDENTAL DE INCONSTITUCIONALIDADE POSSIBILIDADE CONTRATAO SEM CONCURSO PBLICO. 1. Invivel a verificao de irregularidade no mandado citatrio, afastada pela instncia ordinria, por demandar a reapreciao das provas. Incidncia da Smula 7/STJ. 2. A decretao de nulidade do julgado depende da demonstrao do efetivo prejuzo para as partes ou para a apurao da verdade substancial da controvrsia jurdica, luz do princpio pas de nullits sans grief. Precedentes do STJ. 3. No h antinomia entre o Decreto-Lei 201/1967 e a Lei 8.429/1992. O primeiro impe ao prefeito e Vereadores um julgamento poltico, enquanto a segunda submete-os ao julgamento pela via judicial, pela prtica do mesmo fato. 4. O julgamento das autoridades que no detm foro constitucional por prerrogativa de funo, quanto aos crimes de responsabilidade , por atos de improbidade administrativa, continuar a ser feito pelo juzo monocrtico da justia cvel comum de 1 instncia. 5. A jurisprudncia desta Corte firmou-se no sentido de estar configurado ato de improbidade a leso a princpios administrativos, independentemente da ocorrncia de dano ou leso ao errio pblico. 6. No caracterizao do ato de improbidade tipificado no art. 11 da Lei 8.429/1992, exige-se o dolo lato sensu ou genrico. 7. possvel a declarao incidental de inconstitucionalidade, de lei ou ato normativo do Poder Pblico, em ao civil pblica desde que a controvrsia constitucional no figure como pedido, mas sim como causa de pedir, fundamento ou simples questo prejudicial, indispensvel resoluo do litgio principal. Precedentes do STJ. 8. A contratao de funcionrio sem a observao das normas de regncia dos concursos pblicos caracteriza improbidade administrativa. Precedentes. 9. Recurso especial no provido. (REsp 1106159/MG, Rel. Ministra 08/06/2010, DJe 24/06/2010) ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em

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ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. ART. 535 DO CPC. SMULA 284/STF. AO CIVIL PBLICA. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. VEREADORES. REMUNERAO DE ASSESSORES. DESCONTO COMPULSRIO. VIOLAO AOS PRINCPIOS DA ADMINISTRAO PBLICA. 1. O recurso especial foi interposto nos autos de ao civil pblica ajuizada pelo Ministrio Pblico do Estado de So Paulo contra Vereadores da Cmara Municipal de Diadema/SP, por terem exigido de seus assessores comissionados a entrega de percentual de seus vencimentos, recebidos da Municipalidade, para o pagamento de outros servidores no oficiais (assessores informais), bem como para o custeio de campanhas eleitorais e despesas do prprio gabinete. 1.2. O Tribunal de Justia do Estado de So Paulo, ao julgar os recursos voluntrios, negou provimento aos apelos dos Vereadores, mantendo a sentena que julgara procedente a ao civil pblica com base no artigo 11, caput e inciso I, da Lei de Improbidade Administrativa, aplicando-lhes, individualmente, as sanes do artigo 12, inciso III, do citado diploma e deu provimento ao do Parquet Estadual para acrescentar as penas de perda da funo pblica e a de suspenso dos direitos polticos pelo prazo de 3 (trs) anos. 1.3. No recurso especial alegou-se, em sntese: (a) violao ao artigo 535, do CPC; (b) inaplicabilidade da Lei de Improbidade aos Vereadores; (c) inexistncia de ato de improbidade administrativa, em razo da ausncia de leso ao errio, bem assim por existir previso no Estatuto do Partido dos Trabalhadores acerca da obrigatoriedade de pagamento de contribuies dos filiados ocupantes de cargos eletivos e de confiana; (d) impossibilidade de cumulao das penas previstas na LIA e o fato de no ter havido leso ao errio e enriquecimento dos edis; (e) negativa de vigncia aos artigos 538, pargrafo nico, e 301, 4, do CPC. 2. Da violao ao artigo 535 do CPC. impossvel conhecer-se do apelo especial pela alegada violao do artigo 535 do CPC, nos casos em que a arguio genrica, por incidir a Smula 284/STF: " inadmissvel o recurso extraordinrio, quando a deficincia na fundamentao no permitir a exata compreenso da controvrsia". 3. Da aplicabilidade da Lei n 8.429/1992 aos agentes polticos submetidos ao Decreto-Lei 201/1967 Prefeitos e Vereadores. Os Vereadores no se enquadram dentre as autoridades submetidas Lei n 1.070/50, que trata dos crimes de responsabilidade, podendo responder por seus atos em sede de Ao Civil Pblica de Improbidade Administrativa. O precedente do STF invocado pelos recorrentes Rcl 2.138/RJ em apoio tese sobre o descabimento da ao de improbidade em face de agente poltico de qualquer esfera do Poderes da Unio, Estados e Municpios, no se presta, porque cuida de caso especfico de Ministros de Estado. 4. Da violao dos princpios da Administrao Pblica. A entrega compulsria e o desconto em folha de pagamento de parte dos rendimentos auferidos pelos assessores formais dos recorrentes destinados manuteno de "caixinha" para gastos de campanha e de despesas dos respectivos gabinetes, bem assim para a contratao de assessores particulares violam, expressamente, os princpios administrativos da moralidade, finalidade, legalidade e do interesse pblico. Conduta dos parlamentares capitulada como inserta no caput e inciso I do artigo 11 da Lei n 8.429/92. 5. Do princpio da proporcionalidade na aplicao das penas. 5.1. O magistrado deve realizar a dosimetria da pena segundo a natureza, gravidade e as consequncias do ato mprobo, providncias que no impedem a cumulao se necessrio for, hiptese dos autos.

5.2. Os atos que no geram, ao menos aparentemente, desfalque aos cofres pblicos e vantagens pecunirias ao agente mprobo, tal como ocorre quando h violao aos princpios da administrao pblica, nem por isso deixam de ser tpicos, sendo inadmissvel concluir-se pelo mero no-sancionamento, sob pena de consagrar-se verdadeira impunidade. 5.3. As sanes aplicadas pelo Tribunal a quo atendem ao princpio da proporcionalidade e aos fins sociais a que a Lei de Improbidade Administrativa se prope, tendo em vista a grave conduta praticada pelos edis. Ressalva-se, contudo, o equvoco na dosimetria da aplicao da pena de proibio de contratar com o Poder Pblico ou receber benefcios ou incentivos fiscais, pois o aresto recorrido, ao manter a incidncia da referida sano pelo prazo de 10 (dez) anos, conforme fixado na sentena, extrapolou o limite de 3 (trs) anos permitido em lei, nos termos dos artigos 11 e 12, inciso III, da Lei n 8.429/92. 6. Multa do artigo 538, do Cdigo de Processo Civil. Exclui-se a penalidade prevista no art. 538, pargrafo nico, do CPC, porque ausente o necessrio carter protelatrio dos embargos de declarao opostos, prejudicada a anlise da alegao dos recorrentes acerca do equvoco quanto base de clculo da sano. 7. Em resumo, impe-se a reforma do acrdo atacado para diminuir de 10 (dez) para 3 (trs) anos a proibio dos recorridos de contratar com o Poder Pblico ou receber benefcios ou incentivos fiscais e excluir a multa do artigo 538, pargrafo nico, do CPC. 8. Recurso especial conhecido em parte e provido tambm em parte. (REsp 1135767/SP, Rel. Ministro 25/05/2010, DJe 09/06/2010) CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em

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PROCESSUAL CIVIL. ALEGAO DE VIOLAO AO ART. 535, INC. II, DO CPC. LEGITIMIDADE DA CMARA DE VEREADORES. CONTRIBUIO PREVIDENCIRIA INCIDENTE SOBRE A REMUNERAO PAGA A VEREADORES. OMISSO RECONHECIDA. RETORNO DOS AUTOS ORIGEM PARA SANAR VCIOS. 1. H omisso no acrdo que deixou de analisar a questo da legitimidade da Cmara de Vereadores para pleitear concesso de segurana contra a cobrana de contribuio previdenciria incidente sobre o subsdio pago a agentes polticos (art. 12, inc. I, alnea "h", da Lei n. 8.212/91, com redao conferida pela Lei n. 9.506/97). Violao ao art. 535, inc. II, do CPC reconhecida. 2. Ganha relevncia o exame da matria porquanto j decidido nesta Corte, por meio do rito do art. 543-C do CPC e da Resoluo STJ n. 8/2008, que "a Cmara de Vereadores no possui personalidade jurdica, mas apenas personalidade judiciria, de modo que somente pode demandar em juzo para defender os seus direitos institucionais, entendidos esses como sendo os relacionados ao funcionamento, autonomia e independncia do rgo" (REsp 1164017/PI, Rel. Min. Castro Meira, Primeira Seo, DJe 6.4.2010). 3. Imperioso o retorno dos autos origem para que seja proferido novo acrdo nos embargos de declarao, sanando, assim, a omisso apontada.

4. Recurso especial provido. (REsp 839.219/SE, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 11/05/2010, DJe 31/05/2010)

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PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. AO CIVIL PBLICA. EX-PREFEITO QUE, NO EXERCCIO DO MANDATO, APS RECUSA DO PROJETO DE LEI PELA CMARA DE VEREDORES, EXPEDIU DECRETO, CONFERINDO AO GINSIO DE ESPORTES DA CIDADE A DENOMINAO DE MANECO, EM HOMENAGEM AO SEU GENITOR. DISPOSITIVOS CONSTITUCIONAIS. INADEQUAO DA VIA ELEITA. COMPETNCIA DO STF. APLICABILIDADE DA LEI DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA EX-PREFEITO. QUESTO NO DECIDIDA PELO TRIBUNAL A QUO E NO SUSCITADA NAS RAZES DOS EMBARGOS DE DECLARAO OPOSTOS. AUSNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. SMULA 282/STF. CONDUTA DO RECORRENTE. CONFIGURAO DE ATO ATENTATRIO CONTRA OS PRINCPIOS DA ADMINISTRAO PBLICA. ART. 11 DA LEI 8.429/92. 1. Hiptese de ao civil pblica por ato de improbidade administrativa ajuizada pelo Ministrio Pblico do Estado do Rio Grande do Sul em face de Aderi Baumgratz Soares, em razo de ter este, na condio de Prefeito de Ernestina/RS, expedido o Decreto n.

64/04, que conferiu ao ginsio de esportes da cidade a denominao de Maneco, em homenagem ao seu genitor, Manoel da Rosa Soares, o que implicou na confeco de convites e de placa de bronze para a solenidade de inaugurao da obra, custeados com recursos pblicos. 2. vedado a esta Corte, em sede de recurso especial, adentrar no exame de violao a dispositivo constitucional, cuja competncia encontra-se adstrita ao mbito do Supremo Tribunal Federal. 3. Ressente-se o recurso especial do devido prequestionamento no tocante s questes relativas aplicabilidade da lei de improbidade administrativa Prefeitos Municipais, j que sobre esse tema no houve emisso de juzo pelo acrdo recorrido, tampouco foi a matria suscitada nos embargos de declarao opostos, incidindo, por analogia, a orientao inserta na Smula 282/STF. 4. Ademais, o Superior Tribunal de Justia j assentou posicionamento no sentido de que o pedido de condenao de ex-prefeito com supedneo na Lei de Improbidade Administrativa (8.429/92) no se perfaz impossvel, mxime porque a Lei de Crimes de Responsabilidade (1.070/50) to somente se aplica s autoridades elencadas no seu art. 2, quais sejam: [...] "Presidente da Repblica ou Ministros de Estado, contra os Ministros do Supremo Tribunal Federal ou contra o Procurador Geral da Repblica". Precedentes. 5. incontroverso que o recorrente, ento Prefeito, mesmo ciente da necessidade de veiculao da matria por lei e inobstante a desaprovao por parte da Cmara dos Vereadores, expediu decreto executivo, determinando a colocao do nome de seu prprio pai em obra pblica.

6. Ainda que se admita, consoante asseverou o julgado a quo, no ter havido prejuzo ao errio e, portanto, configurao de ato administrativo previsto no artigo 10 da Lei 8.249/92 (o que no se questiona sob pena de reformatio in pejus), tal fato no impede seja a conduta enquadrada no disposto no artigo 11, caput, da Lei 8.429/92, uma vez que a configurao do ato de improbidade administrativa por leso aos princpios da Administrao Pblica no exige prejuzo ao errio, nos termos do art. 21 da Lei 8.429/92. Precedente. 7. Assim, no h como negar que a atribuio do nome do genitor do recorrente a prdio pblico, em evidente desobedincia ao determinado pelo legislativo municipal, que havia anteriormente recusado projeto de lei com o mesmo contedo, fere princpios constitucionais da moralidade administrativa, impessoalidade e legalidade, o que se subsume-se ao disposto no artigo 11, caput, da Lei 8.429/92. 8. Demonstrado o indispensvel elemento subjetivo, ou seja, a conduta dolosa do agente pblico de atentado aos princpios da Administrao Pblica, de se concluir que a pretenso trazida no presente recurso especial, no sentido de que os fatos narrados pelo parquet no configuram ato de improbidade administrativa, no merece prosperar, devendo ser mantido o acrdo atacado. 9. Recurso especial no provido. (REsp 1146592/RS, Rel. Ministro BENEDITO GONALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 04/05/2010, DJe 11/05/2010)

VEREADORES - STJ

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. AO CIVIL PBLICA. EX-PREFEITO QUE, NO EXERCCIO DO MANDATO, APS RECUSA DO PROJETO DE LEI PELA CMARA DE VEREDORES, EXPEDIU DECRETO, CONFERINDO AO GINSIO DE ESPORTES DA CIDADE A DENOMINAO DE MANECO, EM HOMENAGEM AO SEU GENITOR. DISPOSITIVOS CONSTITUCIONAIS. INADEQUAO DA VIA ELEITA. COMPETNCIA DO STF. APLICABILIDADE DA LEI DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA EX-PREFEITO. QUESTO NO DECIDIDA PELO TRIBUNAL A QUO E NO SUSCITADA NAS RAZES DOS EMBARGOS DE DECLARAO OPOSTOS. AUSNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. SMULA 282/STF. CONDUTA DO RECORRENTE. CONFIGURAO DE ATO ATENTATRIO CONTRA OS PRINCPIOS DA ADMINISTRAO PBLICA. ART. 11 DA LEI 8.429/92. 1. Hiptese de ao civil pblica por ato de improbidade administrativa ajuizada pelo Ministrio Pblico do Estado do Rio Grande do Sul em face de Aderi Baumgratz Soares, em razo de ter este, na condio de Prefeito de Ernestina/RS, expedido o Decreto n. 64/04, que conferiu ao ginsio de esportes da cidade a denominao de Maneco, em homenagem ao seu genitor, Manoel da Rosa Soares, o que implicou na confeco de convites e de placa de bronze para a solenidade de inaugurao da obra, custeados com recursos pblicos. 2. vedado a esta Corte, em sede de recurso especial, adentrar no exame de violao a dispositivo constitucional, cuja competncia encontra-se adstrita ao mbito do Supremo Tribunal Federal.

3. Ressente-se o recurso especial do devido prequestionamento no tocante s questes relativas aplicabilidade da lei de improbidade administrativa Prefeitos Municipais, j que sobre esse tema no houve emisso de juzo pelo acrdo recorrido, tampouco foi a matria suscitada nos embargos de declarao opostos, incidindo, por analogia, a orientao inserta na Smula 282/STF. 4. Ademais, o Superior Tribunal de Justia j assentou posicionamento no sentido de que o pedido de condenao de ex-prefeito com supedneo na Lei de Improbidade Administrativa (8.429/92) no se perfaz impossvel, mxime porque a Lei de Crimes de Responsabilidade (1.070/50) to somente se aplica s autoridades elencadas no seu art. 2, quais sejam: [...] "Presidente da Repblica ou Ministros de Estado, contra os Ministros do Supremo Tribunal Federal ou contra o Procurador Geral da Repblica". Precedentes. 5. incontroverso que o recorrente, ento Prefeito, mesmo ciente da necessidade de veiculao da matria por lei e inobstante a desaprovao por parte da Cmara dos Vereadores, expediu decreto executivo, determinando a colocao do nome de seu prprio pai em obra pblica. 6. Ainda que se admita, consoante asseverou o julgado a quo, no ter havido prejuzo ao errio e, portanto, configurao de ato administrativo previsto no artigo 10 da Lei 8.249/92 (o que no se questiona sob pena de reformatio in pejus), tal fato no impede seja a conduta enquadrada no disposto no artigo 11, caput, da Lei 8.429/92, uma vez que a configurao do ato de improbidade administrativa por leso aos princpios da Administrao Pblica no exige prejuzo ao errio, nos termos do art. 21 da Lei 8.429/92. Precedente. 7. Assim, no h como negar que a atribuio do nome do genitor do recorrente a prdio pblico, em evidente desobedincia ao determinado pelo legislativo municipal, que havia anteriormente recusado projeto de lei com o mesmo contedo, fere princpios constitucionais da moralidade administrativa, impessoalidade e legalidade, o que se subsume-se ao disposto no artigo 11, caput, da Lei 8.429/92. 8. Demonstrado o indispensvel elemento subjetivo, ou seja, a conduta dolosa do agente pblico de atentado aos princpios da Administrao Pblica, de se concluir que a pretenso trazida no presente recurso especial, no sentido de que os fatos narrados pelo parquet no configuram ato de improbidade administrativa, no merece prosperar, devendo ser mantido o acrdo atacado. 9. Recurso especial no provido. (REsp 1146592/RS, Rel. Ministro BENEDITO GONALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 04/05/2010, DJe 11/05/2010)

VEREADORES - STJ

CONFLITO DE COMPETNCIA. MANDADO DE SEGURANA. VEREADORES SUPLENTES. COMPETNCIA. JUSTIA COMUM.

NOMEAO

DE

1. Com exceo da ao de impugnao de mandato prevista no 10 do art. 14 da CF/88, a competncia da Justia Eleitoral finda-se com a diplomao dos eleitos. Precedentes: CC 96.265/RS, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJe de 1.09.08; CC 1021/SP, Rel. Min. Luiz Vicente Cernicchiaro, DJU de 30.04.90; CC 9.534-4/RS, Rel. Min. Hlio Mosimann, DJU de 26.09.94; CC 92.675/MG, Rel. Min. Benedito Gonalves, DJe de 23.03.09; CC 88.995/PA, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, DJe de 1.12.08; CC 88. 236/SP, Rel. Min. Castro Meira, DJe de 17.03.08; CC 28.775/SP, Rel. Min. Francisco Falco, DJU de 17.09.01; CC 36.533/MG, Rel.Min.Luiz Fux, DJU de 10.05.04. 2. Compete Justia Comum Estadual processar e julgar mandado de segurana em que se discute a ordem de convocao de suplente Cmara de Vereadores. 3. Conflito conhecido para declarar competente o Juzo de Direito da 1 Vara do Foro Distrital de Amrico Brasiliense Araraquara/SP, o suscitado. (CC 108.023/SP, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, PRIMEIRA SEO, julgado em 28/04/2010, DJe 10/05/2010)

VEREADORES - STJ

PROCESSUAL CIVIL - TRIBUTRIO - RECURSO ESPECIAL - AO OBJETIVANDO O AFASTAMENTO DA CONTRIBUIO PREVIDENCIRIA SOBRE A REMUNERAO PAGA A VEREADORES - ILEGITIMIDADE AD CAUSAM DA CMARA MUNICIPAL ENTENDIMENTO REAFIRMADO POR ESTA CORTE NO JULGAMENTO DO REsp 1.164.017/PI, SUBMETIDO AO REGIME DO ART. 543-C DO CPC. MULTA PROCESSUAL INCABIMENTO - SMULA 98/STJ. 1. A Primeira Seo desta Corte, no julgamento de recurso submetido sistemtica do art. 543-C do CPC, decidiu que a Cmara Municipal no tem legitimidade para propor ao objetivando o afastamento da contribuio previdenciria incidente sobre a remunerao paga aos Vereadores. 2. Embargos de declarao opostos para prequestionar questo federal no so protelatrios, nos termos da Smula 98/STJ. 3. Recurso especial provido. (REsp 1184497/PI, Rel. Ministra 20/04/2010, DJe 03/05/2010) ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em

VEREADORES - STJ

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AO CIVIL PBLICA. IMPROBIDADE. EX-PREFEITO. APLICAO DA LEI 8.429/1992. COMPATIBILIDADE COM O DECRETO-LEI 201/1967. 1. O recorrente, ex-prefeito municipal e ru na Ao de Improbidade de que cuidam os autos, se insurge contra a manuteno, pelo Tribunal de origem, da deciso que afastou a preliminar de inaplicabilidade da Lei 8.429/1992 e determinou a instruo probatria do feito. 2. Sem prejuzo da responsabilizao poltica e criminal estabelecida no Decreto-Lei 201/1967, prefeitos e Vereadores tambm se submetem aos ditames da Lei 8.429/1992, que censura a prtica de improbidade administrativa e comina sanes civis, sobretudo pela diferena entre a natureza das sanes e a competncia para julgamento. Precedentes do STJ. 3. Recurso Especial no provido. (REsp 1147329/SC, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 13/04/2010, DJe 23/04/2010)

VEREADORES - STJ

PROCESSUAL CIVIL. CONTRIBUIO PREVIDENCIRIA INCIDENTE SOBRE A REMUNERAO PAGA A VEREADORES. AO ORDINRIA INIBITRIA DE COBRANA PROPOSTA CONTRA A UNIO E O INSS. ILEGITIMIDADE ATIVA DA CMARA DE VEREADORES. 1. A Cmara de VEREADORES no possui personalidade jurdica, mas apenas personalidade judiciria, de modo que somente pode demandar em juzo para defender os seus direitos institucionais, entendidos esses como sendo os relacionados ao funcionamento, autonomia e independncia do rgo. 2. Para se aferir a legitimao ativa dos rgos legislativos, necessrio qualificar a pretenso em anlise para se concluir se est, ou no, relacionada a interesses e prerrogativas institucionais. 3. No caso, a Cmara de VEREADORES do Municpio de Lagoa do Piau/PI ajuizou ao ordinria inibitria com pedido de tutela antecipada contra a Fazenda Nacional e o INSS, objetivando afastar a incidncia da contribuio previdenciria sobre os vencimentos pagos aos prprios VEREADORES. 4. No se trata, portanto, de defesa de prerrogativa institucional, mas de pretenso de cunho patrimonial. 5. Recurso especial provido. (REsp 1164017/PI, Rel. Ministro 24/03/2010, DJe 06/04/2010) CASTRO MEIRA, PRIMEIRA SEO, julgado em

VEREADORES - STJ

AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. APLICABILIDADE DA LEI DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA A PREFEITOS. 1. A jurisprudncia do Superior Tribunal de Justia firme em que se aplica a agentes polticos municipais, tais como prefeitos, ex-prefeitos e VEREADORES, as sanes previstas na Lei de Improbidade Administrativa (Lei n 8.429/92). 2. Agravo regimental improvido. (AgRg no REsp 1158623/RJ, Rel. Ministro HAMILTON CARVALHIDO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 18/03/2010, DJe 09/04/2010)

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CONFLITO NEGATIVO DE COMPETNCIA. PROCESSUAL PENAL. APROPRIAO INDBITA PREVIDENCIRIA, PECULATO E ASSUNO DE OBRIGAO NO LTIMO ANO DO MANDATO DE PRESIDENTE DE CMARA DE VEREADORES SEM CONTRAPARTIDA ORAMENTRIA SUFICIENTE. CONEXO. COMPETNCIA DA JUSTIA FEDERAL. INCIDNCIA DA SMULA 122 DO STJ. PARECER DO MPF PELA NO PROCEDNCIA DO CONFLITO. CONFLITO CONHECIDO, DECLARANDO-SE COMPETENTE O JUZO FEDERAL DA 5a. VARA DA SJ/GO, O SUSCITANTE. 1. A dinmica dos fatos narrados no Inqurito Policial sugere efetivamente a prtica do delito de apropriao indbita previdenciria, sendo competente para sua apreciao a Justia Federal, inclusive no tocante procedibilidade da pretenso punitiva. 2. Quanto aos demais crimes (peculato e assuno de obrigao no ltimo ano do mandato de Presidente de Cmara de VEREADORES sem contrapartida oramentria suficiente), verificando-se a potencial conexo com a apropriao indbita previdenciria, incide, in casu, a Smula 122 do STJ, segundo a qual compete Justia Federal o processo e julgamento unificado dos crimes conexos de competncia federal e estadual, no se aplicando a regra do art. 78, II, a do Cdigo de Processo Penal. 3. Parecer do MPF pela no procedncia do conflito. 4. Conflito conhecido, para declarar competente o Juzo Federal da 5a. Vara de Goinia SJ/GO, o suscitante. (CC 100.653/GO, Rel. Ministro NAPOLEO NUNES MAIA FILHO, TERCEIRA SEO, julgado em 10/03/2010, DJe 06/04/2010)

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ADMINISTRATIVO AO CIVIL PBLICA IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA NEPOTISMO VIOLAO A PRINCPIOS DA ADMINISTRAO PBLICA OFENSA AO ART. 11 DA LEI 8.429/1992 DESNECESSIDADE DE DANO MATERIAL AO ERRIO. 1. Ao civil pblica ajuizada pelo Ministrio Pblico do Estado de Santa Catarina em razo da nomeao da mulher do Presidente da Cmara de VEREADORES, para ocupar cargo de assessora parlamentar desse da mesma Cmara Municipal. 2. A jurisprudncia desta Corte firmou-se no sentido de que o ato de improbidade por leso aos princpios administrativos (art. 11 da Lei 8.249/1992), independe de dano ou leso material ao errio. 3. Hiptese em que o Tribunal de Justia, no obstante reconhea textualmente a ocorrncia de ato de nepotismo, conclui pela inexistncia de improbidade administrativa, sob o argumento de que os servios foram prestados com 'dedicao e eficincia'. 4. O Supremo Tribunal, por ocasio do julgamento da Ao Declaratria de Constitucionalidade 12/DF, ajuizada em defesa do ato normativo do Conselho Nacional de Justia (Resoluo 7/2005), se pronunciou expressamente no sentido de que o nepotismo afronta a moralidade e a impessoalidade da Administrao Pblica. 5. O fato de a Resoluo 7/2005 - CNJ restringir-se objetivamente ao mbito do Poder Judicirio, no impede e nem deveria que toda a Administrao Pblica respeite os mesmos princpios constitucionais norteadores (moralidade e impessoalidade) da formulao desse ato normativo. 6. A prtica de nepotismo encerra grave ofensa aos princpios da Administrao Pblica e, nessa medida, configura ato de improbidade administrativa, nos moldes preconizados pelo art. 11 da Lei 8.429/1992. 7. Recurso especial provido. (REsp 1009926/SC, Rel. Ministra 17/12/2009, DJe 10/02/2010) ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em

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PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTRIO. RECURSO ESPECIAL. EXECUO FISCAL. DECISO PROFERIDA EM SEDE DE TRIBUNAL DE CONTAS ESTADUAL. DEVOLUO DE VALORES REFERENTES REMUNERAO DE EX-VEREADOR. ILEGITIMIDADE ATIVA DO ESTADO-MEMBRO. VERBA PBLICA MUNICIPAL. ART. 1, LEF E ART. 3, CPC. HONORRIOS. ART. 20, 4, CPC. SMULA 7/STJ. 1. A verba pblica utilizada como despesa corrente de remunerao de VEREADORES, na forma da Lei Orgnica e da Constituio Federal, pertence aos cofres do Municpio. 2. Ubi eadem ratio ibi eadem dispositio, por isso que : O Estado no detm legitimidade ativa para a cobrana de multa imposta pelo Tribunal de Contas a servidor municipal, em razo de inobservncia s normas de administrao financeira e oramentria, porquanto os valores recolhidos devem se destinar aos cofres do respectivo Municpio. (Precedentes: REsp

750.703/RS, Rel. Min. MAURO CAMPBELL MARQUES, DJ. 30.09.2009; AgRg no REsp 1.065.785/RS, Rel. Min. FRANCISCO FALCO, DJ. 29.10.2008; REsp 898.471/AC, Rel. Min. Jos Delgado, Primeira Turma, DJU 31.5.2007). 3. In casu, fundamentou o Tribunal de origem que: "No caso em anlise, a demanda originouse de um crdito municipal, o que importa argumentar que o agente fiscal competente para a arrecadao e conseqente execuo do referido crdito a Fazenda Pblica Municipal, dotada de interesse e legitimidade processuais, nos termos do artigo 3 do Cdigo de Processo Civil." (fls. 126 - grifei) 4. A prpria CDA, no caso, tem por fundamento legal a deciso proferida pelo Tribunal de Contas referente s contas do exerccio de 1998 da Cmara Municipal e devoluo de valores ttulo de remunerao por ex-vereador (fls. 94). 5. A Cmara Municipal no tem personalidade jurdica, nem patrimnio prprio, falecendo-lhe competncia para exercer direitos de natureza privada e assumir obrigaes na ordem patrimonial, posto possuir apenas representao poltica dos muncipes. 6. O controle externo da Cmara Municipal exercido com o auxlio dos Tribunais de Contas dos Estados, quando inexistentes os Conselhos ou Tribunais de Contas Municipais (CF, art. 31, 1) e suas decises que resultem em imputao de dbito e multa tenham eficcia de ttulo executivo (CF, art. 71, 3, II), no legitimam o ressarcimento de verba pblica municipal (remunerao de ex-vereador) para competncia fiscal do Estado-membro, diante de deciso proferida pelo seu Tribunal de Contas, sem afrontar, de forma imediata, s condies da ao executiva (art. 1 da LEF e art. 3 do CPC) e, mediata, os princpios da autonomia oramentria e financeira municipal. 7. Os honorrios advocatcios em que for vencida a Fazenda Pblica, e nas execues, devem ser fixados luz do 4 do CPC que dispe, verbis: "Nas causas de pequeno valor, nas de valor inestimvel, naquelas em que no houver condenao ou for vencida a Fazenda Pblica, e nas execues, embargadas ou no, os honorrios sero fixados consoante apreciao eqitativa do juiz, atendidas as normas das alneas a, b e c do pargrafo anterior." 8. Conseqentemente, a conjugao com o 3., do art. 20, do CPC, servil para a aferio eqitativa do juiz, consoante s alneas a, b e c do dispositivo legal. 9. A reviso do critrio adotado pela Corte de origem, por eqidade, para a fixao dos honorrios, encontra bice na Smula 07 do STJ. No mesmo sentido, o entendimento sumulado do Pretrio Excelso: "Salvo limite legal, a fixao de honorrios de advogado, em complemento da condenao, depende das circunstncias da causa, no dando lugar a recurso extraordinrio." (Smula 389/STF). Precedentes da Corte: REsp n. 779.524/DF, Rel. Min. Francisco Peanha Martins, DJU de 06/04/2006; REsp 726.442/RJ, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJU de 06/03/2006; AgRg nos EDcl no REsp 724.092/PR, , Rel. Min. Denise Arruda, DJU de 01/02/2006). 10. Recurso especial desprovido. (REsp 1117685/MT, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 15/12/2009, DJe 11/02/2010)

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PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTRIO. RECURSO ESPECIAL. EXECUO FISCAL. DECISO PROFERIDA EM SEDE DE TRIBUNAL DE CONTAS ESTADUAL. DEVOLUO DE VALORES REFERENTES REMUNERAO DE EX-VEREADOR. ILEGITIMIDADE ATIVA DO ESTADO-MEMBRO. VERBA PBLICA MUNICIPAL. ART. 1, LEF E ART. 3, CPC. HONORRIOS. ART. 20, 4, CPC. SMULA 7/STJ. 1. A verba pblica utilizada como despesa corrente de remunerao de VEREADORES, na forma da Lei Orgnica e da Constituio Federal, pertence aos cofres do Municpio. 2. Ubi eadem ratio ibi eadem dispositio, por isso que : O Estado no detm legitimidade ativa para a cobrana de multa imposta pelo Tribunal de Contas a servidor municipal, em razo de inobservncia s normas de administrao financeira e oramentria, porquanto os valores recolhidos devem se destinar aos cofres do respectivo Municpio. (Precedentes: REsp 750.703/RS, Rel. Min. MAURO CAMPBELL MARQUES, DJ. 30.09.2009; AgRg no REsp 1.065.785/RS, Rel. Min. FRANCISCO FALCO, DJ. 29.10.2008; REsp 898.471/AC, Rel. Min. Jos Delgado, Primeira Turma, DJU 31.5.2007). 3. In casu, fundamentou o Tribunal de origem que: "No caso em anlise, a demanda originouse de um crdito municipal, o que importa argumentar que o agente fiscal competente para a arrecadao e conseqente execuo do referido crdito a Fazenda Pblica Municipal, dotada de interesse e legitimidade processuais, nos termos do artigo 3 do Cdigo de Processo Civil." (fls. 126 - grifei) 4. A prpria CDA, no caso, tem por fundamento legal a deciso proferida pelo Tribunal de Contas referente s contas do exerccio de 1998 da Cmara Municipal e devoluo de valores ttulo de remunerao por ex-vereador (fls. 94). 5. A Cmara Municipal no tem personalidade jurdica, nem patrimnio prprio, falecendo-lhe competncia para exercer direitos de natureza privada e assumir obrigaes na ordem patrimonial, posto possuir apenas representao poltica dos muncipes. 6. O controle externo da Cmara Municipal exercido com o auxlio dos Tribunais de Contas dos Estados, quando inexistentes os Conselhos ou Tribunais de Contas Municipais (CF, art. 31, 1) e suas decises que resultem em imputao de dbito e multa tenham eficcia de ttulo executivo (CF, art. 71, 3, II), no legitimam o ressarcimento de verba pblica municipal (remunerao de ex-vereador) para competncia fiscal do Estado-membro, diante de deciso proferida pelo seu Tribunal de Contas, sem afrontar, de forma imediata, s condies da ao executiva (art. 1 da LEF e art. 3 do CPC) e, mediata, os princpios da autonomia oramentria e financeira municipal. 7. Os honorrios advocatcios em que for vencida a Fazenda Pblica, e nas execues, devem ser fixados luz do 4 do CPC que dispe, verbis: "Nas causas de pequeno valor, nas de valor inestimvel, naquelas em que no houver condenao ou for vencida a Fazenda Pblica, e nas execues, embargadas ou no, os honorrios sero fixados consoante apreciao eqitativa do juiz, atendidas as normas das alneas a, b e c do pargrafo anterior." 8. Conseqentemente, a conjugao com o 3., do art. 20, do CPC, servil para a aferio eqitativa do juiz, consoante s alneas a, b e c do dispositivo legal. 9. A reviso do critrio adotado pela Corte de origem, por eqidade, para a fixao dos honorrios, encontra bice na Smula 07 do STJ. No mesmo sentido, o entendimento sumulado do Pretrio Excelso: "Salvo limite legal, a fixao de honorrios de advogado, em complemento da condenao, depende das circunstncias da

causa, no dando lugar a recurso extraordinrio." (Smula 389/STF). Precedentes da Corte: REsp n. 779.524/DF, Rel. Min. Francisco Peanha Martins, DJU de 06/04/2006; REsp 726.442/RJ, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJU de 06/03/2006; AgRg nos EDcl no REsp 724.092/PR, , Rel. Min. Denise Arruda, DJU de 01/02/2006). 10. Recurso especial desprovido. (REsp 1117685/MT, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 15/12/2009, DJe 11/02/2010)

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ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. PREFEITO. CASSAO. NULIDADE DO PROCESSO POLTICO-ADMINISTRATIVO. QUESTES INTERNA CORPORIS. ACRDO COM MLTIPLOS FUNDAMENTOS. ATAQUE NO PORMENORIAZADO. APLICAO DA SMULA N. 283 DO STF, POR ANALOGIA. 1. Trata-se de recurso ordinrio em mandado de segurana interposto por Edson de Souza Vilela contra procedimento de cassao de seu mandato como Prefeito. Na presente ao, pretende o recorrente caracterizar as supostas inmeras nulidades que viciaram o processo poltico-administrativo. 2. Sustenta o recorrente ter havido: (i) ofensa aos arts. 58, 1, da CR/88, reproduzido pelo art. 60, 1, da Constituio do Estado de Minas Gerais, ao argumento de que no foi assegurada a participao proporcional dos partidos polticos; (ii) violao ao art. 5, inc. LV, da CR/88, aduzindo que o indeferimento de produo de provas (pericial e testemunhal) e a utilizao de certos meios de prova cerceou seu direito a ampla defesa e contraditrio; (iii) nulidade do processo poltico-administrativo em razo da suspeio do vereador Eugnio Pacelli Lara; (iv) malversao dos arts. 297 do Regimento Interno da Cmara Municipal de Carmo de Cajuru e 78 do Regimento Interno da Assemblia Legislativa de Minas Gerais, por motivos de impedimento de diversos VEREADORES; (v) nulidade do processo poltico-administrativo em razo da no-lavratura de ata da sesso de julgamento a bom tempo e da ausncia de informao Justia Eleitoral; e (vi) ausncia de motivao do ato de cassao, ao argumento de que o recorrente teria cumprido a Lei n. 8.666/93 e o parecer final da comisso processante no respeitou a percia oficial. 3. No assiste qualquer razo ao recorrente. 4. Em relao aos itens (i), (ii) e (vi), cumpre destacar que o Poder Judicirio no pode se imiscuir em assuntos interna corporis. 5. Na verdade, discutir se houve obedincia proporcionalidade possvel na distribuio de assentos na comisso processante ato meramente poltico do Poder Legislativo municipal, no sujeito a controle do Judicirio. 6. Neste sentido, v., p. ex., STJ, RMS 2.334/SP, Rel. Min. Amrico Luz, Segunda Turma, DJU 8.5.1995; STJ, RMS, 23.107/SP, Rel. Min. Eliana Calmon, Segunda Turma, DJe 23.4.2009; STF, MS 22.183/DF, Rel.

Min. Marco Aurlio, Tribunal Pleno, DJU 12.12.1997; e STF, MS 20.415/DF, Rel. Min. Aldir Passarinho, Tribunal Pleno, DJU 19.4.1985. 7. Da mesma forma, no caso, analisar a negativa de produo de prova e a utilizao de percia oficial de forma distorcida para caracterizar a inocorrncia de atos ilegais por parte do cassado e, via de conseqncia, seu comportamento de acordo com a dignidade e o decoro do cargo, mais do que importar na discusso da legalidade e constitucionalidade destas medidas, matria que diz com o prprio mrito do ato poltico-administrativo de cassao, com a justia ou injustia da deciso tomada pela comisso processante, controvrsia esta que est fora do alcance do Poder Judicirio. 8. Mas, no fosse isso bastante, no que se refere ao indeferimento da produo de percias, conforme salientado no acrdo combatido, "o que motivou a denncia foram as supostas ilegalidades cometidas por ocasio da contratao" (fl. 688), nada tendo a ver, portanto, com a convenincia e a oportunidade da contratao do servio (que era o objeto das percias) - v. tb. fl. 689. Assim sendo, incidiriam, ainda, as Smulas n. 283 e 284 do Supremo Tribunal Federal STF, por analogia. 9. O objetivo do recorrente com tais impugnaes nico: substituir a determinao constitucional acerca do "juiz natural" para a apreciao e julgamento da perda do mandato. 10. No que tange aos itens (iii), (iv) e (v), caso de aplicar a Smula n. 283 do STF, por analogia. Isto porque a origem adotou um ou mais de um fundamento(s) para cada ponto impugnado, mas o recorrente deixou de rebat-lo(s), razo pela qual h argumento bastante para a manuteno do provimento atacado. Veja-se. 11. Acerca da dita nulidade do processo poltico-administrativo pela suspeio do vereador Eugnio Pacelli Lara, disse a origem (fl. 689/690 - negrito acrescentado): "J no que tange suposta inimizade do Impetrante com o vereador Eugnio Pacelli Lara, tampouco existem elementos suficientes a demonstrar a impossibilidade do edil de participar da Comisso Processante. Com efeito, no decorrer do processo administrativo, nenhuma comprovao foi feita pelo Impetrante, que desse a entender a existncia de inimizade figadal entre os dois. Assim, no se podem acolher meras alegaes a respeito dessa suposta inimizade, sem a existncia de elementos slidos a demonstrar a veracidade da mesma. [...] Frise-se ainda que o Impetrante teve a oportunidade de, no processo administrativo, apresentar provas da existncia dessa inimizade profunda. Entretanto, quedou silente quanto questo, somente vindo a alegar essa inimizade quando da impetrao deste mandamus, e mesmo assim desprovido de qualquer comprovao". 12. No recurso ordinrio, o recorrente limita-se a enfatizar a ocorrncia da suspeio, sem impugnar a inexistncia de comprovao do alegado ou o silncio caracterizado no processo poltico-administrativo. 13. Acerca do alegado impedimento de diversos VEREADORES, a instncia inaugural asseverou o seguinte (fl. 687 - negrito acrescentado): "Referente a este mesmo aspecto da questo, ou seja, composio da comisso, tampouco configura nulidade o fato de dois dos trs membros terem sido eleitos, no decorrer do trmite processual, para a presidncia e vicepresidncia da Mesa Diretora. No so eles obrigados a renunciar aos trabalhos da comisso, at mesmo porque, mais uma vez em se tratando de uma Cmara de Edis com reduzido nmero de VEREADORES, se houvesse essa obrigao, outros aspectos poderiam restar prejudicados, como a prpria representatividade proporcional partidria. Somando-se a isso os possveis impedimentos, correr-se-ia o risco de ficar sem edis suficientes para a formao da comisso". 14. O recorrente no combateu a principal tese adotada pela origem, qual seja, a impossibilidade de reconhecer o impedimento de tantos VEREADORES, sob pena de

inviabilizar a apreciao e o julgamento do feito, na medida em que poderia sequer haver quorum ou, caso fosse este existente, ficaria prejudicada a proporcionalidade possvel. 15. Ao revs, a parte insurgente limitou-se a discutir a necessidade de que os membros considerados impedidos se afastassem da comisso processante. 16. Por fim, acerca da nulidade do processo poltico-administrativo em razo da no-lavratura de ata da sesso de julgamento a bom tempo e da ausncia de informao Justia Eleitoral, o voto condutor fundou-se em quatro argumentos: a elaborao posterior da ata afasta a nulidade; o trmino tardio da sesso de julgamento - aps quase vinte e trs horas de reunio da comisso processante e dos interessados - impediu a pronta transcrio; a aquiescncia de todos os presentes no sentido da transcrio em momento mais oportuno descaracteriza a nulidade; e a falta de informao Justia Eleitoral configura apenas irregularidade, e no nulidade. 17. O recorrente passou ao largo de qualquer considerao sobre tais fundamentos. 18. Recurso ordinrio no conhecido. (RMS 19.809/MG, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 17/11/2009, DJe 27/11/2009)

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AO POPULAR RESOLUO DA CMARA MUNICIPAL DE CAMPINAS CONTRATAO IRREGULAR DE SERVIDORES - LITISCONSRCIO PASSIVO NECESSRIO ENTRE BENEFICIRIOS E A MUNICIPALIDADE - AUSNCIA DE CITAO NULIDADE RECONHECIDA. 1. Em relao ao litisconsrcio necessrio com os VEREADORES que participaram da votao em Plenrio que redundou na aprovao da Resoluo inquinada de ilegal, observa-se que as razes recursais no atacam especificamente o fundamento da deciso, suficiente para manter ntegro o acrdo recorrido, em razo do que se aplica hiptese, por analogia, a Smula 283 do STF. 2. A incluso na lide dos dois servidores reconhecidamente como beneficiados pela Resoluo da Cmara declarada ilegal na ao popular decorre da prpria dico do art. 6, caput, da Lei n 4.717/65. 3. A jurisprudncia desta Corte est assentada na imprescindibilidade da citao do municpio como litisconsorte necessrio em ao popular dirigida contra a Cmara de VEREADORES na qual se pede anulao de resoluo edilcia. 4. Recurso especial conhecido em parte e, na extenso, provido para anular o processo e determinar a complementao da citao. (REsp 931.528/SP, Rel. Ministra 17/11/2009, DJe 02/12/2009) ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em

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ADMINISTRATIVO. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. VIOLAO DE PRINCPIOS. ARTIGO 11, II, DA LEI 8.429/92. TRANSGRESSO RELEVANTE. AUSNCIA. MERO DEFEITO NA CONDUO DE PROCESSO LEGISLATIVO. FALTA DE SUBMISSO A UMA DAS COMISSES PARLAMENTARES. NO CONFIGURAO DE ATO DE IMPROBIDADE. AUSNCIA DE ELEMENTO NORMATIVO DO TIPO. 1. Consta dos autos que o acusado, presidente da Cmara de VEREADORES do Municpio de Granja-CE, durante a tramitao do projeto da lei oramentria, teria desatendido o procedimento legislativo estabelecido na lei orgnica do municpio. 2. Nos termos do acrdo, o projeto, antes de ser votado no plenrio, deveria passar por duas comisses: a) Finanas, Economia, Oramento e Administrao e b) Comisso de Justia. Todavia, antes de ser remetido segunda comisso, foi protocolado requerimento, por outro vereador, para tramitao do projeto em regime de urgncia, diretamente no Plenrio. 3. O recorrente, como Presidente da Cmara de VEREADORES, submeteu o requerimento votao do rgo colegiado, que o acatou por doze votos a cinco, para adotar o regime de urgncia na votao do projeto, o que implica em sua apreciao diretamente pelo Plenrio. 4. Foram prequestionados os arts. 11, II, e 12, III, da Lei de Improbidade Administrativa, deve o recurso ser conhecido. 5. A simples conduo incorreta do procedimento legislativo, ao deixar de submeter o projeto de lei oramentria a uma das comisses parlamentares, no suficiente para lesionar, no contexto da Lei n 8.429/92, o princpio da legalidade, tendo em vista que a apontada desconformidade opera apenas efeitos interna corporis, relacionados com a gnese da norma, podendo atingi-la, mas sem potencialidade para atacar o bem jurdico tutelado pelo artigo 11, II, da Lei n 8.429/92. 6. A ausncia do elemento normativo, "retardar" ou "deixar de praticar ato de ofcio", previsto no artigo 11, II, da Lei de Improbidade Administrativa afasta a tipicidade da conduta. Na espcie, tanto o ato praticado pelo Presidente, ao submeter o requerimento ao Plenrio, quanto a adoo do procedimento legislativo determinado em votao no rgo colegiado, foram atos comissivos. 7. O ato legislativo tpico est fora do mbito de atuao da Lei n 8.429/92, seja por no operar efeitos concretos, seja por esbarrar na imunidade material conferida aos parlamentares pela Constituio, ainda que seja possvel a presena do ato de improbidade durante a sua prpria tramitao, sobretudo quando o desvio manifesto. Todavia, no o caso. 8. Recurso especial provido. (REsp 1101359/CE, Rel. Ministro 27/10/2009, DJe 09/11/2009) CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em

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PROCESSO CIVIL. APELAO CVEL. RECURSO ESPECIAL. VIOLAO DO ART. 585, VI, DO CPC. AUSNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. INCIDNCIA DAS SMULAS 282 E 356/STF. AFRONTA AO ART. 20, 4, DO CPC. FALTA DE FUNDAMENTAO. SMULA 284/STF. EXCEO DE PR-EXECUTIVIDADE. POSSIBILIDADE. ACRDO RECORRIDO. DEVOLUO DE VERBAS PAGAS MAIOR A VEREADORES. ILEGITIMIDADE ATIVA DO ESTADO. BENEFICIRIO DE DECISO DO TCE-TM. PACTO FEDERATIVO. PRINCPIO DA AUTONOMIA MUNICIPAL. LEGITIMIDADE NO RECONHECIDA. 1. A falta de prequestionamento das matrias suscitadas no recurso especial art. 585, VI, do Cdigo de Processo Civil (CPC) impede o conhecimento do recurso especial por incidncia do teor das Smulas 282 e 356 do STF. 2. A alegada violao do art. 20, 4, do CPC, no pode ser reconhecida, uma vez que inexistiu fundamentao nas razes do recurso especial sobre a insurgncia, o que faz incidir o teor da Smula 284/STF. 3. So passveis de serem alegados em exceo de pr-executividade, alm das matrias de ordem pblica, os fatos modificativos ou extintivos do direito do exequente, desde que comprovados de plano, sem necessidade de dilao probatria. 4. A Fazenda Pblica Estadual no detm legitimidade ativa para ajuizar execuo fiscal voltada cobrana de crdito originado de acrdo proferido pelo Tribunal de Contas do Estado do Mato Grosso (TCE-MT), que reconheceu a obrigao de os VEREADORES da Cmara Municipal de Araguaiana-MT devolverem ao Municpio verbas remuneratrias percebidas a maior. 5. Recurso especial conhecido em parte e no provido. (REsp 1098213/MT, Rel. Ministro 01/10/2009, DJe 04/11/2009) CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em

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PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO AO CIVIL PBLICA IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA RESSARCIMENTO DE DANO AO ERRIO PBLICO PRESCRIO OMISSO SOBRE QUESTES ESSENCIAIS AO JULGAMENTO DA LIDE EXISTNCIA DE CONTRARIEDADE AO ART. 535, II, DO CPC CASSAO DO ACRDO QUE REJEITOU OS EMBARGOS DE DECLARAO. 1. Trata-se, originariamente, de Ao Civil Pblica ajuizada pelo Ministrio Pblico do Estado de Minas Gerais, objetivando o ressarcimento de danos ao patrimnio pblico municipal, em razo de inqurito civil realizado com base na apurao feita pelo Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais, que concluiu pela rejeio das contas do ano de 1991, acusando ngelo Leite Pereira, ex-prefeito do Municpio de Carmo do Rio Claro, de praticar diversas irregularidades como desvio de finalidade e favorecimento prprio, alm de uso irregular de recursos pblicos com prejuzo ao Errio, e os demais rus, ex-VEREADORES do Municpio, por receberem remunerao em desacordo com as previses legais.

2. A ao de ressarcimento dos prejuzos causados ao errio imprescritvel, mesmo se cumulada com a ao de improbidade administrativa (art. 37, 5, da CF). 3. Hiptese em que o Tribunal de origem no mencionou quais condutas praticas pelo exprefeito so passveis de correo e deram causa ao dano ao Errio. 4. indispensvel a demonstrao dos atos praticados pelos agentes, para configurao do nexo de causalidade entre a ao ou omisso, seja dolosa ou culposa, conforme dispe o caput do art. 10 da Lei 8.429/1992. 5. A jurisprudncia desta Corte firme no sentido de que omisso o julgado que deixa de analisar as questes essenciais ao julgamento da lide, suscitadas oportunamente na apelao e nos embargos declaratrios, quando o seu acolhimento pode, em tese, levar a resultado diverso do proclamado. 2. Recurso especial provido, para cassar o acrdo dos embargos de declarao e determinar que o Tribunal de origem aprecie as questes nele apontadas. (REsp 991.102/MG, Rel. Ministra 08/09/2009, DJe 24/09/2009) ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em

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PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO AO CIVIL PBLICA IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA VIOLAO DO ART. 535 DO CPC NO CARACTERIZADA SMULA 284/STF EX-PREFEITO APLICAO DA LEI 8.429/1992 COMPATIBILIDADE COM O DECRETO-LEI 201/1967 OFENSA AOS PRINCPIOS DA ADMINISTRAO PBLICA DESNECESSIDADE DE DANO MATERIAL AO ERRIO APLICAO DA PENA DE MULTA SMULA 7/STJ. 1. Ao civil por ato de improbidade, ajuizada pelo Ministrio Pblico do Estado de Minas Gerais contra o ex-Prefeito e outras pessoas por desvio de verba pblica 2. Contratao de "agentes de sade" que nunca realizaram atividade relacionada sade. 3. Ao alegar violao ao art. 535 CPC, deve o recorrente indicar com preciso em que consiste a omisso, contradio ou obscuridade do julgado. Aplica-se a Smula 284/STF quando forem genricas as alegaes. 4. No h antinomia entre o Decreto-Lei 201/1967 e a Lei 8.429/1992. O primeiro trata de um julgamento poltico prprio para prefeitos e VEREADORES. O segundo submete-os ao julgamento pela via judicial, pela prtica do mesmo fato. 5. O julgamento das autoridades que no detm o foro constitucional por prerrogativa de funo para julgamento de crimes de responsabilidade , por atos de improbidade administrativa, da competncia dos juzes de primeiro grau. 6. A jurisprudncia desta Corte firmou-se no sentido de que o ato de improbidade por leso aos princpios administrativos (art. 11 da Lei 8.249/1992), independe de dano ou leso material ao errio.

7.. Hiptese em que o Tribunal a quo, com base na anlise do conjunto ftico-probatrio dos autos, aplicou a pena de multa correspondente a 20 (vinte) vezes os vencimentos dos rus, auferidos poca dos fatos (art. 12, III, da Lei 8.429/1992). 8. Modificar o quantitativo da sano aplicada pela instncia de origem enseja reapreciao dos fatos e da prova, obstaculado nesta instncia especial - Smula 7/STJ. 9. Recurso especial parcialmente conhecido e no provido. (REsp 1119657/MG, Rel. Ministra 08/09/2009, DJe 30/09/2009) ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em

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PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO AO CIVIL PBLICA IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA RECURSO ESPECIAL VIOLAO DE DISPOSITIVO CONSTITUCIONAL IMPOSSIBILIDADE EX-PREFEITO APLICAO DA LEI 8.429/1992 COMPATIBILIDADE COM O DECRETO-LEI 201/1967. 1. Trata-se, originariamente, de Ao Civil Pblica ajuizada pelo Ministrio Pblico Estadual contra ex-Prefeito e ex-Secretrio do Municpio de So Rafael/RN, em razo de irregularidades na utilizao de recursos do FUNDEF. 2. incabvel, em recurso especial, a anlise de violao de dispositivo constitucional. 3. No h qualquer antinomia entre o Decreto-Lei 201/1967 e a Lei 8.429/1992, pois a primeira impe ao prefeito e VEREADORES um julgamento poltico, enquanto a segunda submete-os ao julgamento pela via judicial, pela prtica do mesmo fato. 4. O julgamento das autoridades que no detm o foro constitucional por prerrogativa de funo para julgamento de crimes de responsabilidade , por atos de improbidade administrativa, continuar a ser feito pelo juzo monocrtico da justia cvel comum de 1 instncia. 5. Recurso especial parcialmente conhecido e no provido. (REsp 1100913/RN, Rel. Ministra 03/09/2009, DJe 21/09/2009) ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em

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PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. REJEIO DAS CONTAS DE EX-PREFEITO. MANDADO DE SEGURANA. CERCEAMENTO DE DEFESA. ILEGITIMIDADE ATIVA DO VEREADOR. VCIO NA VOTAO. FALTA DE QUORUM. NMERO DE VEREADORES PRESENTES.

1. Hiptese em que o vereador Wadih Jorge Mutran impetrou Mandado de Segurana contra o Presidente da Cmara Municipal de So Paulo com o objetivo de anular a votao que rejeitou as contas do ex-prefeito Celso Pitta relativas ao exerccio de 1999. 2. O impetrante apresentou duas causas de pedir: a) a sesso no contou com o quorum mnimo previsto no art. 40 da Lei Orgnica do Municpio de So Paulo e no art. 47 da Constituio da Repblica; e b) "o princpio do livre contraditrio e ampla defesa deixou de ser observado conforme determinado pelo artigo 5, inciso LV da Constituio Federal, ao no permitir que o ex-prefeito Celso Roberto Pitta do Nascimento apresentasse defesa do quanto aduzido no parecer prvio sobre as contas da prefeitura, elaborado pelo Tribunal de Contas do Municpio". 3. Aps a concesso de liminar e a vinda das informaes, o impetrante requereu a citao do ex-prefeito, Celso Pitta, como "litisconsorte passivo necessrio". 4. Em relao primeira causa de pedir, reconhece-se a legitimidade do impetrante originrio, pois, na qualidade de vereador, defende o devido processo legislativo constitucional ao buscar anular votao que supostamente no teria obedecido ao quorum previsto na CF/1988 e na Lei Orgnica Municipal. 5. Ao pleitear a nulidade da rejeio das contas em virtude de possvel cerceamento de defesa do ex-prefeito, o vereador postula em nome prprio direito alheio, o que inadmissvel em razo da falta de norma autorizadora. 6. O fato de Celso Pitta ter posteriormente ingressado na lide para tambm alegar cerceamento de defesa no tem o condo de convalidar a ilegitimidade do impetrante originrio quanto ao suposto cerceamento de defesa. 7. Como litisconsorte passivo (qualidade que afirma possuir), o ex-prefeito ocupa a posio de ru, sendo citado para oferecer resposta (art. 298 do CPC). Assim, no se lhe confere o direito de formular pedido em nome prprio. 8. Ainda que se atribua outro carter interveno do ex-prefeito, a questo do cerceamento de defesa (segunda causa de pedir) seria insuscetvel de anlise. Com efeito, o interesse jurdico na procedncia da demanda indica que o ex-prefeito ingressou na lide, ou como assistente do autor, ou como litisconsorte ativo. 9. Como assistente, o ex-prefeito desempenharia a funo de parte auxiliar. No poderia, portanto, formular pedido em nome prprio ou alterar a causa de pedir, ou ainda, na hiptese, conferir legitimidade ativa a quem originariamente no a detinha. 10. Na qualidade de litisconsrcio ativo ulterior, sua interveno no feito poderia, em tese, acarretar a ampliao do objeto do processo. Todavia, a petio do ex-prefeito foi protocolizada em 28.5.2007, aps o prazo decadencial para a impetrao do mandamus (o ato coator foi praticado em 8.11.2006), o que inviabiliza a anlise de seu pleito. Precedente da Primeira Seo. 11. Em relao ao quorum (primeira causa de pedir), tanto a Constituio da Repblica quanto a Lei Orgnica Municipal exigem, durante a votao, a presena da maioria absoluta dos membros da Casa. 12. O comando constitucional (repetido pela Lei Orgnica) no comporta outra interpretao: imprescindvel a presena da maioria absoluta dos membros em cada votao, mas no o registro de voto (ou de absteno) dessa maioria. 13. No caso dos autos, a leitura das notas taquigrficas da sesso evidencia que, alm dos 26 VEREADORES que assinaram a lista de votao nominal, estavam presentes outros edis: havia pelo menos quatro que no a assinaram.

14. Constatada a presena de mais da metade dos 55 VEREADORES afasta-se a alegao de nulidade da rejeio das contas do ex-prefeito Celso Pitta. 15. Por fim, registro em obiter dictum que o ex-prefeito, para ter suas contas aprovadas, necessitaria do voto de 2/3 dos VEREADORES, ou seja 37. Assim, seria incogitvel o prejuzo por insuficincia de quorum, j que, com os 24 votos a favor da rejeio das contas, restariam apenas 31 VEREADORES. 16. Recursos Ordinrios no providos. (RMS 26.718/SP, Rel. Ministro 01/09/2009, DJe 08/09/2009) HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em

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ADMINISTRATIVO. AO CIVIL PBLICA. IMPROBIDADE. MAJORAO ILEGAL DA REMUNERAO E POSTERIOR TRANSFORMAO EM AJUDA DE CUSTO SEM PRESTAO DE CONTAS. DANO AO ERRIO. OBRIGAO DE RESSARCIR O COMBALIDO COFRE MUNICIPAL. RESTABELECIMENTO DAS SANES COMINADAS NA SENTENA. 1. Cuidam os autos de Ao Civil Pblica proposta pelo Ministrio Pblico do Estado de Minas Gerais contra prefeito, vice-prefeito e VEREADORES do Municpio de Baependi/MG, eleitos para a legislatura de 1997/2000, imputando-lhes improbidade pelas seguintes condutas: a) edio das Leis 2.047/1998 e 2.048/1999, fixando seus subsdios para a mesma legislatura em contrariedade aos arts. 29, V, e 37, XI, da Constituio , sobretudo porque baseados em dispositivo da EC 19/98 no regulamentado; e b) edio, num segundo momento, da Lei 2.064/1999, que suspendeu as leis antes mencionadas e transformou em ajuda de custo os valores majorados s suas remuneraes, independentemente de comprovao de despesas, com vigncia at a regulamentao pendente. 2. O Juzo de 1 grau julgou procedente o pedido e declarou a inconstitucionalidade incidental e a nulidade das lei municipais, condenando os rus a devolverem os valores indevidamente recebidos, alm de cominar as sanes previstas na Lei 8.429/1992. 3. A Corte de origem deu parcial provimento s Apelaes dos rus para excluir a) a condenao ao ressarcimento e b) a cominao de sanes. 4. A despeito de ter reconhecido que as leis municipais em referncia foram editadas em contrariedade orientao do Tribunal de Contas do Estado e aos princpios da impessoalidade e da moralidade, o acrdo recorrido afastou integral e amplamente todas as conseqncias da improbidade por no ter vislumbrado m-f e expressividade nos valores envolvidos. 5. O entendimento de que inexistiu m-f irrelevante in casu, pois a configurao dos atos de improbidade por dano ao Errio e o dever de ressarcimento decorrem de conduta dolosa ou culposa, de acordo com os arts. 5 e 10 da Lei 8.429/1992. Precedentes do STJ. 6. A edio de leis que implementaram o aumento indevido nas prprias remuneraes, posteriormente camuflado em ajuda de custo desvinculada de prestao de contas, enquadra a conduta dos responsveis tenham agido com dolo ou culpa no art. 10 da Lei 8.429/1992, que censura os atos de improbidade por dano ao Errio, sujeitando-os s sanes previstas no art. 12, II, da mesma lei.

7. No prprio acrdo consta que havia manifestaes do Tribunal de Contas e do STF em sentido contrrio conduta por eles adotadas. 8. A ausncia de exorbitncia das quantias pagas no afasta a configurao da improbidade nem torna legtima sua incorporao ao patrimnio dos recorridos. Mdicos ou no, os valores indevidamente recebidos devem ser devolvidos aos cofres pblicos. Precedente do STJ. 9. Cabe lembrar que o valor da majorao excedeu os insuficientes recursos existentes, poca, para aes sociais bsicas. 10. A condenao imposta pelo juzo de 1 grau foi afastada mngua de fundamento jurdico vlido, devendo ser restabelecida a sentena em parte, apenas com readequao da multa civil, por ter sido aplicada alm do limite previsto no art. 12, II, da supracitada lei. 11. Diante do quadro ftico delineado pela instncia ordinria (transformao do inconstitucional aumento em ajuda de custo desvinculada de prestao de contas, em montante que ultrapassou a remunerao dos VEREADORES e quase alcanou a do ento prefeito, em contraste com o insuficiente oramento existente poca para a realizao de aes sociais), razovel fixar a multa em duas vezes o valor do dano. 12. O ressarcimento ao Errio do valor da majorao indevidamente auferida pelos recorridos impe-se como dvida decorrente do prejuzo causado, independentemente das sanes propriamente ditas. 13. Recurso Especial parcialmente provido. (REsp 723.494/MG, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 01/09/2009, DJe 08/09/2009)

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PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO AO CIVIL PBLICA IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA EX-PREFEITO APLICAO DA LEI 8.429/1992 COMPATIBILIDADE COM O DECRETO-LEI 201/1967 NOTIFICAO DE DEFESA PRVIA ART. 17, 7, DA LEI 8.429/1992 PRESCINDIBILIDADE NULIDADE DA CITAO INOCORRNCIA COMPETNCIA DA JUSTIA FEDERAL JULGAMENTO ANTECIPADO DA LIDE CERCEAMENTO DE DEFESA NO-CONFIGURADO FUNDAMENTAO DEFICIENTE NO-CONFIGURADA VIOLAO DE DISPOSITIVO CONSTITUCIONAL IMPOSSIBILIDADE SMULA 284/STF. 1. Trata-se, originariamente, de ao civil pblica ajuizada contra Carlos Roberto Aguiar, exPrefeito de Reriutaba/CE, por no ter o mesmo emitido, no prazo de 60 dias, a prestao de contas final da aplicao dos recursos repassados pelo Ministrio da Previdncia e Assistncia Social, no valor de R$ 66.645,00, o qual se destinava construo de um centro para instalao de unidades produtivas de beneficiamento de palha, confeco de bordado e corte e costura. 2. No h qualquer antinomia entre o Decreto-Lei 201/1967 e a Lei 8.429/1992, pois a primeira impe ao prefeito e VEREADORES um julgamento poltico, enquanto a segunda submete-os ao julgamento pela via judicial, pela prtica do mesmo fato. 3. O julgamento das autoridades que no detm o foro constitucional por prerrogativa de funo para julgamento de crimes de responsabilidade , por atos de improbidade

administrativa, continuar a ser feito pelo juzo monocrtico da justia cvel comum de 1 instncia. 4. A falta da notificao prevista no art. 17, 7, da Lei 8.429/1992 no invalida os atos processuais ulteriores, salvo quando ocorrer efetivo prejuzo. Precedentes do STJ. 5. Est preclusa a discusso sobre alegada falsidade na assinatura de cincia do mandado citatrio do ru, em razo do decurso de prazo, sem recurso, da deciso em incidente de falsificao. 6. competente a Justia Federal para apreciar ao civil pblica por improbidade administrativa, que envolva a apurao de leso a recursos pblicos federais. Precedentes. 7. No ocorre cerceamento de defesa por julgamento antecipado da lide, quando o julgador ordinrio considera suficiente a instruo do processo. 8. incabvel, em recurso especial, a anlise de violao de dispositivo constitucional. 9. Invivel a apreciao do recurso por ofensa aos arts. 165 e 458 do CPC (fundamentao deficiente), em razo de alegaes genricas. Incidncia, por analogia, da Smula 284/STF. 10. Recurso especial parcialmente conhecido e no provido. (REsp 1034511/CE, Rel. Ministra 01/09/2009, DJe 22/09/2009) ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em

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ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AO CIVIL PBLICA POR ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. PREFEITO. APLICAO DA LEI N. 8.429/92 E DO DECRETO N. 201/67 DE FORMA CONCOMITANTE. ATO IMPROBO QUE TAMBM PODE CONFIGURAR CRIME FUNCIONAL. INEXISTNCIA DE BIS IN IDEM. JUZO SINGULAR CVEL E TRIBUNAL DE JUSTIA. INAPLICABILIDADE DO PRECEDENTE DO STF (RECLAMAO N. 2.138/RJ) IN CASU. 1. Os cognominados crimes de responsabilidade ou, com designao mais apropriada, as infraes poltico-administrativas, so aqueles previstos no art. 4 do Decreto-Lei n. 201, de 27 de fevereiro de 1967, e sujeitam o chefe do executivo municipal a julgamento pela Cmara de VEREADORES, com sano de cassao do mandato, litteris: "So infraes polticoadministrativas dos Prefeitos Municipais sujeitas ao julgamento pela Cmara dos VEREADORES e sancionadas com a cassao do mandato" [...]. 2. Deveras, as condutas tipificadas nos incisos do art. 1 do Decreto-Lei n. 201/67 versam os crimes funcionais ou crimes de responsabilidade imprprios praticados por prefeitos, cuja instaurao de processo criminal independente de autorizao do Legislativo Municipal e ocorre no mbito do Tribunal de Justia, ex vi do inciso X do art. 29 da Constituio Federal. Ainda nesse sentido, o art 2 dispe que os crimes previstos no dispositivo anterior so regidos pelo Cdigo de Processo Penal, com algumas alteraes: "O processo dos crimes definidos no artigo anterior o comum do juzo singular, estabelecido pelo Cdigo de Processo Penal, com as seguintes modificaes" [...] (Precedentes: HC 69.850/RS, Relator Ministro Francisco

Rezek, Tribunal Pleno, DJ de 27 de maio de 1994 e HC 70.671/PI, Relator Ministro Carlos Velloso, DJ de 19 de maio de 1995). 3. A responsabilidade do prefeito pode ser repartida em quatro esferas: civil, administrativa, poltica e penal. O cdigo Penal define sua responsabilidade penal funcional de agente pblico. Enquanto que o Decreto-Lei n. 201/67 versa sua responsabilidade por delitos funcionais (art. 1) e por infraes poltico-administrativas (art. 4). J a Lei n. 8.429/92 prev sanes civis e polticas para os atos improbos. Sucede que, invariavelmente, algumas condutas encaixar-seo em mais de um dos diplomas citados, ou at mesmo nos trs, e invadiro mais de uma espcie de responsabilizao do prefeito, conforme for o caso. 4. A Lei n. 8.492/92, em seu art. 12, estabelece que "Independentemente das sanes penais, civis e administrativas, previstas na legislao especfica, est o responsvel pelo ato de improbidade sujeito" [...] a penas como suspenso dos direitos polticos, perda da funo pblica, indisponibilidade de bens e obrigao de ressarcir o errio e denota que o ato improbo pode adentrar na seara criminal a resultar reprimenda dessa natureza. 5. O bis in idem no est configurado, pois a sano criminal, subjacente ao art. 1 do DecretoLei n. 201/67, no repercute na rbita das sanes civis e polticas relativas Lei de Improbidade Administrativa, de modo que so independentes entre si e demandam o ajuizamento de aes cuja competncia distinta, seja em decorrncia da matria (criminal e civil), seja por conta do grau de hierarquia (Tribunal de Justia e juzo singular). 6. O precedente do egrgio STF, relativo Rcl n. 2.138/RJ, cujo relator para acrdo foi o culto Ministro Gilmar Mendes (acrdo publicado no DJ de 18 de abril de 2008), no sentido de que "Se a competncia para processar e julgar a ao de improbidade (CF, art. 37, 4) pudesse abranger tambm atos praticados pelos agentes polticos, submetidos a regime de responsabilidade especial, ter-se-ia uma interpretao ab-rogante do disposto no art. 102, I, "c", da Constituio", no incide no caso em foco em razo das diferenas amaznicas entre eles. 7. Deveras, o julgado do STF em comento trata da responsabilidade especial de agentes polticos, definida na Lei n. 1.079/50, mas faz referncia exclusiva aos Ministros de Estado e a competncia para process-los pela prtica de crimes de responsabilidade. Ademais, prefeito no est elencado no rol das autoridades que o referido diploma designa como agentes polticos (Precedentes: EDcl nos EDcl no REsp 884.083/PR, Relator Ministro Benedito Gonalves, Primeira Turma, DJ de 26 de maro de 2009; REsp 1.103.011/ES, Relator Ministro Francisco Falco, Primeira Turma, DJ de 20 de maio de 2009; REsp 895.530/PR, Relator Ministro Luiz Fux, Primeira Turma, DJ de 04 de fevereiro de 2009; e REsp 764.836/SP, Relator Ministro Jos Delgado, relator para acrdo ministro Francisco Falco, Primeira Turma, DJ de 10 de maro de 2008). 8. O STF, no bojo da Rcl n. 2.138/RJ, asseverou que "A Constituio no admite a concorrncia entre dois regimes de responsabilidade poltico-administrativa para os agentes polticos: o previsto no art. 37, 4 (regulado pela Lei n 8.429/1992) e o regime fixado no art. 102, I, "c", (disciplinado pela Lei n 1.079/1950)" e delineou que aqueles agentes polticos submetidos ao regime especial de responsabilizao da Lei 1.079/50 no podem ser processados por crimes de responsabilidade pelo regime da Lei de Improbidade Administrativa, sob pena da usurpao de sua competncia e principalmente pelo fato de que ambos diplomas, a LIA e a Lei 1.079/1950, preveem sanes de ordem poltica, como, v. g., infere-se do art. 2 da Lei n. 1.079/50 e do art. 12 da Lei n. 8.429/92. E, nesse caso sim, haveria possibilidade de bis in idem, caso houvesse dupla punio poltica por um ato tipificado nas duas leis em foco.

9. No caso sub examinem, o sentido oposto, pois o Decreto n. 201/67, como anteriormente demonstrado, dispe sobre crimes funcionais ou de responsabilidade imprprios (art. 1) e tambm a respeito de infraes poltico-administrativas ou crimes de responsabilidade prprios (art. 4); estes submetidos a julgamento pela Cmara dos VEREADORES e com imposio de sano de natureza poltica e aqueles com julgamento na Justia Estadual e com aplicao de penas restritivas de liberdade. E, tendo em conta que o Tribunal a quo enquadrou a conduta do recorrido nos incisos I e II do art. 1 do diploma supra ("apropriar-se de bens ou rendas pblicas, ou desvi-los em proveito prprio ou alheio" e "utilizar-se, indevidamente, em proveito prprio ou alheio, de bens, rendas ou servios pblicos"), ou seja, crime funcional, ressoa evidente que a eventual sano penal no se sobrepor eventual pena imposta no bojo da ao de improbidade administrativa. Dessa forma, no se cogita bis in idem. 10. Recurso especial conhecido e provido. (REsp 1066772/MS, Rel. Ministro BENEDITO GONALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 25/08/2009, DJe 03/09/2009)

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PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. MEDIDA CAUTELAR. EFEITO SUSPENSIVO PARA RECURSO ORDINRIO EM MANDADO DE SEGURANA. PRESENA DOS REQUISITOS LEGAIS AUTORIZADORES DE PROVIMENTO DA CAUTELAR. PREFEITO. DECRETO LEGISLATIVO DE CASSAO. IMPETRAO DE MANDADO DE SEGURANA. ANULAO DO ATO LEGISLATIVO. PERDA OBJETO DA AO JUDICIAL. REEDIO DO ATO DE CASSAO POSTERIORMENTE AO INCIO DO JULGAMENTO QUE DEFINIU A PERDA DE OBJETO. RESTABELECIMENTO DA LIMINAR CONCEDIDA NO MANDAMUS ORIGINAL. POSSIBILIDADE. 1. O recurso ordinrio ao qual se pretende dar efeito suspensivo atravs da presente medida ataca acrdo que julgou prejudicado mandado de segurana ajuizado em razo de processo administrativo-poltico ensejador da cassao do mandato de Prefeito, ora requerente, por meio do Decreto legislativo n. 7/2006, datado de 12 de agosto de 2006 (fl. 111). 2. Impetrados mandado de segurana contra o referido ato, foi deferida liminar, pelo relator, em decisum datado de 15.9.2006 (fls. 138/141). Tendo sido, posteriormente quela deciso, editado o Decreto legislativo n. 8, que declarou nulo o citado Decreto legislativo n. 7/2006 - cassando, portanto, o mandato do Prefeito. 3. Na fundamentao do aludido ato anulatrio, considerou-se que a deliberao do plenrio afrontou a Constituio da Repblica, o Decreto-lei n. 201/67 e o Regimento Interno da Cmara, tendo sido reconhecidos a no-observncia do prazo para a concluso do processo apuratrio, o cerceamento de defesa do acusado, a no-observncia do devido processo legal, o vcio na intimao do acusado e a designao da sesso de julgamento do processo de cassao em dia em qua no havia expediente. Amparou-se o mencionado ato, ainda, na citada deciso do Tribunal de Justia que concedera liminar ao Prefeito cassado (fl. 165). 4. Como conseqncia da anulao do Decreto legislativo n. 7/2006, o Relator do Mandado de Segurana n. 1.0000.06.443698-3/000 apresentou o feito ao colegiado e proferiu voto julgando

prejudicado o mandamus, sendo o julgamento do feito suspenso em face de pedido de vista de membro daquele colegiado. 5. Ocorre que, antes de a Corte a quo ter retomado o julgamento do processo, a Cmara de VEREADORES editou o Decreto legislativo n. 1/2007, no qual determinou "fica[r] declarado invlido o Decreto Legislativo n 08, que foi aprovado por maioria absoluta no dia 25/9/2006" (fl. 167). 6. Vislumbra-se, no caso, a fumaa do bom direito, ante a admisso formal, na fundamentao, realizada pela Cmara de VEREADORES, e constante do Decreto legislativo n. 8/2006, da existncia inmeros vcios que invalidam o processo a que foi submetido o ora requerente, fato que, diga-se de passagem, foi motivador do deferimento da providncia liminar pela Corte a quo, a qual que se pretende restabelecer no presente feito. 7. Malgrado inexista nos autos cpia do Regimento Interno daquela Cmara - para que seja aferida a procedncia da fundamentao do Decreto legislativo n. 1/2007, que anulou o Decreto legislativo n. 8/2006 -, certo que tal providncia - que talvez possa afastar vcio quanto ao quorum exigido no bastante para elidir, por si s, a nulidade do Decreto legislativo n. 7/2006, permanecendo, portanto, os vcios de origem, a justificar o restabelecimento do provimento liminar outrora deferido. 8. Ainda no tocante ao fumus boni juris, observa-se que est em jogo o exerccio de mandato outorgado atravs de eleies populares, que garantiu populao municipal a soberania na escolha do Prefeito. 9. Ressalte-se que, no Estado de Democrtico Direito, o mandato eletivo deve ser respeitado, sendo aconselhvel, em regra, que o titular da investidura popular espere, no exerccio do cargo, o julgamento de processo judicial pendente - salvo em casos de evidente excepcionalidade -, para que no seja comprometido o direito constitucional ao livre exerccio do mandato eletivo e a soberania popular. 10. Outro no o sentido do art. 216 do Cdigo Eleitoral, do art. 15 da Lei Complementar n. 64/90 (Lei das Inelegibilidades) e do art. 20, caput e pargrafo nico, da Lei n. 8.429/92 (Lei da Improbidade Administrativa). 11. No que tange ao periculum in mora, verifica-se que a ocorrncia de perigo de leso irreversvel revela-se manifesta, pois o mandato eleitoral conferido a prazo fixo no sendo possvel a sua prorrogao pelo tempo em que o seu detentor esteve dele afastado, caso obtenha um provimento judicial favorvel, o que tambm indica a excepcionalidade da hiptese a justificar o conhecimento da presente cautelar. 12. Medida cautelar deferida. (MC 14.089/MG, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 25/08/2009, DJe 16/09/2009)

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TRIBUTRIO. PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. MANDADO DE SEGURANA. CONTRIBUIO PREVIDENCIRIA INCIDENTE SOBRE SUBSDIOS DE AGENTES POLTICOS. ILEGITIMIDADE ATIVA AD CAUSAM DA CMARA MUNICIPAL. PRECEDENTES. RECURSO ESPECIAL PROVIDO. 1. Cuida-se originariamente de mandado de segurana proposto pela Cmara Municipal de Barra de So Miguel/AL contra o INSS objetivando a declarao de inexigibilidade de contribuio previdenciria sobre os subsdios dos agentes polticos municipais. 2. Entendimento deste Tribunal de que as cmaras municipais possuem capacidade processual limitada defesa de seus direitos institucionais, ou seja, aqueles vinculados sua independncia, autonomia e funcionamento. 3. Por versar a presente demanda sobre a exigibilidade de contribuio previdenciria dos agentes polticos municipais, a Cmara recorrida parte ilegtima ativa ad causam. 4. Nesse sentido, a linha de pensar de ambas as Turmas que compem a Primeira Seo do STJ: - A Cmara de VEREADORES no possui personalidade jurdica, mas apenas personalidade judiciria, de modo que s pode demandar em juzo para defender os seus direitos institucionais, entendidos esses como sendo os relacionados ao funcionamento, autonomia e independncia do rgo. - Referido ente no detm legitimidade para integrar o plo ativo de demanda em que se discute a exigibilidade de contribuies previdencirias incidentes sobre a remunerao paga aos exercentes de mandato eletivo no Municpio. Precedentes. (REsp 730.979/AL, Rel. Min. Castro Meira, DJ de 2/9/2008). - A despeito de sua capacidade processual para postular direito prprio (atos interna corporis) ou para defesa de suas prerrogativas, a Cmara de VEREADORES no possui legitimidade para discutir em juzo a validade da cobrana de contribuies previdencirias incidentes sobre a folha de pagamento dos exercentes de mandato eletivo, uma vez que desprovida de personalidade jurdica, cabendo ao Municpio figurar no plo ativo da referida demanda (REsp 696.561/RN, Rel. Min. Luiz Fux, DJ de 24/10/2005). 5. Recurso especial provido. (REsp 1109840/AL, Rel. Ministro BENEDITO GONALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 02/06/2009, DJe 17/06/2009)

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PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. RECURSO EM MANDADO DE SEGURANA. INQURITO CIVIL PBLICO. AO AJUIZADA. PERDA DO OBJETO SUPERVENIENTE. FATO CONSUMADO. LEGITIMIDADE DO MINISTRIO PBLICO PARA INSTAURAR INQURITO CIVIL. PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO. NATUREZA INQUISITORIAL. 1. A impetrao de mandado de segurana a fim de suspender Inqurito Civil que j fora concludo, enseja a extino do writ por falta de interesse de agir superveniente (art. 267, VI, do CPC).

2. In casu, denota-se que o writ restou impetrado (24.08.2004) com o fim de suspender os trabalhos do Inqurito Civil realizado pelo MP e, ao final, trancar, definitivamente, o Inqurito Civil Pblico n 02/2002. Ocorre que o membro do Parquet ao prestar informaes s fls. 1087/1117, esclareceu que o Inqurito Civil Pblico n 02/2002 foi concludo no dia 30/08/04 e encaminhado Justia, sendo instaurada ao na qual alm do impetrante, mais 18 (dezoito) pessoas so rs, motivo pelo qual no h que se falar em trancamento de inqurito, o que se denota falta de interesse de agir superveniente e, a fortiori, conduz extino do processo, nos termos do art. 267, VI, do CPC. 3. O Ministrio Pblico possui legitimidade para promover o inqurito civil, procedimento este que tem natureza preparatria da ao judicial, no lhes sendo inerentes os princpios constitucionais da ampla defesa e do contraditrio. 4. In casu, o recorrente afirma que o inqurito civil restou instaurado com suposto objetivo de apurar irregularidades nos procedimentos licitatrios realizados pela Prefeitura Municipal de So Loureno e pela Fundao Municipal de Sade, motivado unicamente por animosidade poltico-partidria, em razo de representao de VEREADORES e outros. 5. A norma imposta pelo inciso LV, do art. 5 da Constituio da Repblica expressa no sentido de sua observncia no processo judicial e no administrativo. Entretanto, no procedimento meramente informativo, o contraditrio e a ampla defesa no so imprescindveis, salvo se houver restrio de direitos e aplicao de sanes de qualquer natureza, o que inocorre in casu. 6. O inqurito civil pblico procedimento informativo, destinado a formar a opinio actio do Ministrio Pblico. Constitui meio destinado a colher provas e outros elementos de convico, tendo natureza inquisitiva. (Resp. 644.994/MG, Segunda Turma, DJ 21/03/2005). Precedentes desta Corte de Justia: REsp 750591 / GO, Quinta Turma, DJe 30/06/2008; REsp 886137 / MG, Segunda Turma, DJe 25/04/2008. 7. A doutrina do tema coadjuvante do referido entendimento, verbis: (...)"Tal aspecto, o de servir o inqurito como suporte probatrio mnimo da ao civil pblica, j havia sido notado por Jos Celso de Mello Filho quando, na qualidade de Assessor do Gabinete Civil da Presidncia da Repblica, assim se pronunciou no procedimento relativo ao projeto de que resultou a Lei n. 7.347/85: 'O projeto de lei, que dispe sobre a ao civil pblica, institui, de modo inovador, a figura do inqurito civil. Trata-se de procedimento meramente administrativo, de carter prprocessual, que se realiza extrajudicialmente. O inqurito civil, de instaurao facultativa, desempenha relevante funo instrumental. Constitui meio destinado a coligir provas e quaisquer outros elementos de convico, que possam fundamentar a atuao processual do Ministrio Pblico. O inqurito civil, em suma, configura um procedimento preparatrio, destinado a viabilizar o exerccio responsvel da ao civil pblica. Com ele, frusta-se a possibilidade, sempre eventual, de instaurao de lides temerrias. (grifos nossos).(Rogrio Pacheco Alves, em sua obra intitulada Improbidade Administrativa, 2a edio, pgs. 582/583). 8. Como mero instrumento de apurao de dados, o inqurito civil, a smile do que ocorre com o inqurito policial, tem carter inquisitrio, no se aplicando, em decorrncia disso, os postulados concernentes ao princpio do contraditrio. (...) No inqurito civil, inexistem litigantes, porque o litgio, se houver, s vai configurar-se na futura ao civil; nem acusados, porque o Ministrio Pblico limita-se a apurar fatos, colher dados, juntar provas e, enfim, recolher elementos que indiciem a existncia de situao de ofensa a determinado interesse transindividual indisponvel. (...) Sendo inaplicvel, pois, o princpio do contraditrio e da ampla defesa, no pode ser exigido do Ministrio Pblico que acolha peas de contestao, indicao de testemunhas de defesa, pedido de alegaes escritas ou orais e outros semelhantes. Nada impede, verdade, que o rgo que presida o inqurito civil atenda a pedidos formulados por interessados, mas se o fizer ser apenas para melhor constituio dos dados do

procedimento. (...) (Ao Civil Pblica, comentrios por artigo, 5 edio, Jos dos Santos Carvalho Filho, pg. 254). 9. Extino do processo sem anlise do mrito. (RMS 21.038/MG, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 07/05/2009, DJe 01/06/2009)

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PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AO CIVIL PBLICA. DANO AO ERRIO. RESSARCIMENTO. IMPRESCRITIBILIDADE. 1. Hiptese em que o Ministrio Pblico ajuizou Ao Civil Pblica com o fito de reaver valores pagos em excesso a VEREADORES municipais. 2. A pretenso de ressarcimento por prejuzo causado ao Errio imprescritvel. Precedentes do STJ e do STF. 3. Agravo Regimental no provido. (AgRg no REsp 662.844/SP, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 16/04/2009, DJe 06/05/2009)

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CONFLITO DE NEGATIVO DE COMPETNCIA. JUSTIA ELEITORAL E COMUM ESTADUAL. LEI COMPLEMENTAR QUE ALTEROU O NMERO DE VAGAS DE VEREADORES. SUPOSTA CONTRARIEDADE LEI ORGNICA DO MUNICPIO. MATRIA ESTRANHA COMPETNCIA DA JUSTIA ELEITORAL QUE SE EXAURE COM A DIPLOMAO DOS ELEITOS. COMPETNCIA DA JUSTIA COMUM ESTADUAL. 1. A lide no envolve assunto referente diplomao de VEREADORES, mas, quanto composio numrica da Cmara Municipal, matria esta que foge do mbito da Justia Eleitoral que se exaure com o ato de diplomao dos eleitos, segundo iterativa jurisprudncia do Superior Tribunal de Justia. Nesse sentido: CC 23.183/SP, Rel. Ministro Jos Delgado, Primeira Seo, julgado em 27/10/1999, DJ 28/2/2000; CC 19.776/SP, Rel. Ministro Ari Pargendler, Primeira Seo, julgado em 10/12/1997, DJ 2/2/1998. 2. Conflito de competncia conhecido para declarar competente o Juzo de Direito da 2 Vara da Fazenda Pblica e Autarquias de Uberlndia/MG, o suscitado. (CC 92.675/MG, Rel. Ministro BENEDITO GONALVES, PRIMEIRA SEO, julgado em 11/03/2009, DJe 23/03/2009)

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ADMINISTRATIVO - AO CIVIL PBLICA - IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA - LESO A PRINCPIOS ADMINISTRATIVOS - VEREADORES - PERMISSO QUE FUNCIONRIOS DE SEUS GABINETES RECEBESSEM SALRIOS SEM COMPARECEREM AO TRABALHO SANO CIVIL E SUSPENSO DOS DIREITOS POLTICOS. 1. Reconhecida pelo Tribunal de origem a prtica de ato de improbidade administrativa tipificado no art. 11 da Lei 8.429/92, e delineado no acrdo recorrido o contexto-ftico em que se desenvolveu a conduta do agente, possvel ao STJ afastar o bice da Smula 07/STJ e, mediante a valorao dos fatos, averiguar a observncia ao princpio da proporcionalidade. 2. O significado de gesto pblica e dos princpios que a informam deve nortear a aplicao das sanes previstas na Lei 8.429/92, em detrimento dos reflexos meramente econmicos dos atos de improbidade. 3. Os ocupantes da nobre funo de vereador so a voz mais prxima do administrado e, nessa condio, devem velar para que sua atuao no trato de bens, pessoal e valores pblicos sirva como exemplo aos integrantes da comunidade. Da porque, ao invs de agirem com conivncia, tm o dever de no permitir que funcionrios colocados sua disposio reiteradamente recebam salrios sem a contrapartida laboral. 4. A partir dessas premissas, tem-se que a sano puramente pecuniria no atende aos fins sociais a que se destina a Lei de Improbidade Administrativa, sendo indispensvel a imposio, tambm, da sano de suspenso dos direitos polticos, com fundamento no art. 12, III, da Lei 8.429/92, a quem agiu com desprezo no seu exerccio. 5. Recurso especial provido. (REsp 1025300/RS, Rel. Ministra 17/02/2009, DJe 02/06/2009) ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em

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PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. AO CIVIL PBLICA. REDUO DO NMERO DE VAGAS DE VEREADORES. CMARA MUNICIPAL. LEGITIMIDADE E INTERESSE DE AGIR DO PARQUET. ART. 127 E 129, III DA CF/88 E ART. 1 DA LEI N 7.347/85. INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI. CONTROLE INCIDENTER TANTUM. AUSNCIA DE PUBLICAO DA REINCLUSO DO FEITO EM PAUTA DE JULGAMENTO. JULGAMENTO EXTRA E ULTRA PETITA. NO CONFIGURADO. VIOLAO DO ART. 535, II, CPC. INOCORRNCIA. ACRDO RECORRIDO QUE DECIDIU A CONTROVRSIA LUZ DE INTERPRETAO CONSTITUCIONAL. COMPETNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. 1. O Ministrio Pblico est legitimado a defender os interesses transindividuais, quais sejam os difusos, os coletivos e os individuais homogneos. 2. que a Carta de 1988, ao evidenciar a importncia da cidadania no controle dos atos da Administrao, com a eleio dos valores imateriais do art. 37, da CF/1988 como tutelveis

judicialmente, coadjuvados por uma srie de instrumentos processuais de defesa dos interesses transindividuais, criou um microssistema de tutela de interesses difusos referentes probidade da administrao pblica, nele encartando-se a Ao Cautelar Inominada, Ao Popular, a Ao Civil Pblica e o Mandado de Segurana Coletivo, como instrumentos concorrentes na defesa desses direitos eclipsados por clusulas ptreas. 3. Deveras, mister concluir que a nova ordem constitucional erigiu um autntico 'concurso de aes' entre os instrumentos de tutela dos interesses transindividuais e, a fortiori, legitimou o Ministrio Pblico para o manejo dos mesmos. 4. Sob esse enfoque a Carta Federal outorgou ao Ministrio Pblico a incumbncia de promover a defesa dos interesses individuais indisponveis, podendo, para tanto, exercer outras atribuies previstas em lei, desde que compatvel com sua finalidade institucional (CF/1988, arts. 127 e 129). 5. A dimenso poltica do controle de inconstitucionalidade, atribuda com exclusividade ao Egrgio Supremo Tribunal Federal, infirma que o mesmo se proceda no mbito da ao civil pblica, salvo em carter incidenter tantum. Precedentes do STJ: REsp 696.480/SC, Segunda Turma, DJ 05/09/2007; REsp 801.180/MT, Primeira Turma, DJ 10/09/2007 e AgRg no REsp 439.515/DF, Segunda Trma, julgado em 22/05/2007, DJ 04/06/2007. 6. O adiamento do julgamento do recurso no implica a necessidade de nova publicao da pauta. Precedentes do STJ: HC 25.427/SP, 5 T., Min. Gilson Dipp, DJ 01.12.2003; RMS 11.076/RS, 6 T., Min. Hamilton Carvalhido, DJ de 04.08.2003; EDcl no REsp 474475 / SP 1 T., Re. Min. Luiz Fux, DJ 27.09.2004. 7. In casu, consoante de infere do autos, "includo em pauta para julgamento no dia 20.11.2003, a Cmara de VEREADORES, por seu ilustre advogado, compareceu, pessoalmente, na referida data este Tribunal e pediu preferncia para sustentar oralmente na sesso subseqente, protocolando inclusive pedido escrito, conforme verifica-se s fls.432, sendo o pleito deferido no ato pelo presidente da Cmara. Assim, conforme a regra estabelecida no Regimento Interno deste e dos demais Tribunais do pas, o recurso continuou includo na pauta para julgamento na sesso imediata quela, ocorrida no dia 27.11.2003 (fls.433), ocasio em que houve o julgamento do feito(...)" 8. O exame do pedido engendrado no recurso de apelao dentro dos limites postos pelas partes no incide no vcio in procedendo do julgamento ultra ou extra petita e, consectariamente, afasta a suposta ofensa aos arts. 460 e 461, do CPC. Precedentes do STJ: EDAGA 433283/SP, desta Relatoria, DJ de 03/02/2003 e RESP 362820/SP, Rel. Min. NANCY ANDRIGHI, DJ de 10/03/2003. 9. Os embargos de declarao que enfrentam explicitamente a questo embargada no ensejam recurso especial pela violao do artigo 535, II, do CPC. 10. O recurso no rene condies de admissibilidade, com base na alnea "c", uma vez que a pretenso recursal atinente ao critrio de proporcionalidade para a fixao do nmero de VEREADORES, revela thema eminentemente constitucional, insindicvel em sede de recurso especial. Precedentes do STJ: REsp 721.322/MS, DJ 01.10.2007 e REsp 975.551/RS, DJ 19.10.2007. 11. Recurso Especial parcialmen