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Sonho da natureza e dos homens José Ribeiro Ferreira Rotary Club de Coimbra — 2009

Petra - Sonho da Natureza e dos Homens

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Page 1: Petra - Sonho da Natureza e dos Homens

Sonho da natureza e dos homens

José Ribeiro Ferreira

Rotary Club de Coimbra — 2009

Page 2: Petra - Sonho da Natureza e dos Homens

Mapa de Petra

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Em Petra predominam a pedra, a escarpa, o

desfiladeiro. Sítio da cidade ao fundo,

visto através de desfiladeiro.

Tirada a partir das escadas para o Mosteiro.

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Antes de atingirmos a entrada do Grande Desfiladeiro, saúda-nos o Túmulo dos Obeliscos e o Triclínio Bab as Sik.

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A boca do Grande Desfiladeiro (ou Sik).

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Túnel de al-Muthlim

Com quase noventa metros de extensão

desviava as águas do Desfiladeiro,

conduzindo-as, através da montanha de Jabal al-Khubtha, até junto

do Ninfeu.

Page 7: Petra - Sonho da Natureza e dos Homens

O Grande Desfiladeiro é profundo, estreito e sinuoso corredor, recortado na rocha pelas águas e pelos ventos, cuja altura

chega aos 150 metros.

Page 8: Petra - Sonho da Natureza e dos Homens

S O

Diversa coloração da rocha.

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Desfiladeiro (ou Sik) Exterior

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Arco da porta que defendia o Desfiladeiro.

Page 11: Petra - Sonho da Natureza e dos Homens

As arestas das rochas do Desfiladeiro avançam,

com ar agressivo e parecem querer cortar a

passagem.

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As sinuosidades, estreitos e grutas do Grande Desfiladeiro.

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No Grande Desfiladeiro, estreita-se o coração, ao passar pelas gargantas.

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As rochas, as fendas, as dobras, os líquenes, as ervas do Grande Desfiladeiro. E, em torrente, os turistas caminham, como outrora

deslizavam as águas nos visíveis regos laterais.

Page 15: Petra - Sonho da Natureza e dos Homens

E no Grande Desfiladeiro, os turistas sempre atentos ao estreito, quase túnel, aos sons, às cores, às formas e

relevos.

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Desfiladeiro Exterior. Túmulos escavados na rocha. A natureza e o homem de mãos dadas.

Page 17: Petra - Sonho da Natureza e dos Homens

Impressões que se trocam. E as rochas que quase se

tocam.

Page 18: Petra - Sonho da Natureza e dos Homens

Em pequena praça do Grande Desfiladeiro, o verde das canas e da figueira nos interstícios da rocha. Momento de espera e de repouso, antes de afrontar o estrangulamento da garganta.

Page 19: Petra - Sonho da Natureza e dos Homens

Figueira a tudo se adapta. Nos interstícios

do Desfiladeiro lá a encontrámos a

aproveitar fendas, vestígios de humidade.

Page 20: Petra - Sonho da Natureza e dos Homens

Este nicho talhado numa rocha, que é afloramento

natural, contém duas divindades, uma pequena e outra grande, em moldura de relevo arquitectónico de pilastras e arquitrave com friso dórico. A pedra-deus grande fixa o transeunte

com olhos quadrados que desconcertam. Passa o

nicho despercebido a quem entra na cidade. Visível apenas a quem dela sai,

talvez para que o leve na memória ou o acompanhe a

sua protecção.

O Monumento-nicho

Page 21: Petra - Sonho da Natureza e dos Homens

Um grupo escuta a história do monumento-nicho, outro explora os nichos votivos talhados na rocha.

No Desfiladeiro

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E o Pensativo.

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Ao longo das paredes laterais do Grande Desfiladeiro, foram talhados 50 nichos votivos que transformam o Sik numa

espécie de via sagrada

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Nichos na rocha das paredes laterais do Desfiladeiro. Alguns dos cinquenta que se estendiam ao longo dele.

No Desfiladeiro

Page 25: Petra - Sonho da Natureza e dos Homens

A atenção ou o receio de enfrentar a estreita e escura

goela do Grande Desfiladeiro?

Page 26: Petra - Sonho da Natureza e dos Homens

Se a garganta é escura e apertada, há sempre uma

luz que acena do outro lado.

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A luz fulgurou em arte. O Grande Desfiladeiro desemboca no Tesouro que se vê ao fundo.

Page 28: Petra - Sonho da Natureza e dos Homens

Tesouro! A arte floresceu

na rocha na forma de colunas,

arquitraves, frontões,

esculturas em relevo.

Page 29: Petra - Sonho da Natureza e dos Homens

Talhado na rocha, o Tesouro tem o aspecto de templo

hexástilo, no andar inferior, com os Dioscuros Castor e

Pólux, de cada lado. O andar superior apresenta

também a fachada de templo, interrompido por uma tholos ao centro. Nos

frisos, há motivos vegetais, florais, rosetas.

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Na parte superior, ao centro, tholos contém uma deusa que segura uma cornucópia. Nos lados, esculturas Amazonas e Nikai aladas.

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Sik Exterior e Rua das Fachadas

A seguir à Praça do Tesouro, alarga-se o Desfiladeiro Exterior em que fica a Rua das Fachadas. Aí, nas rochas abrem-se sepulturas e

galerias.

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As sepulturas sobem pela escarpa, e a rua abre-se em grutas, túmulos, galerias e fachadas aquitectonicamente talhadas, mas de

forma simples. No interior, ruas desenhadas para facilitar a comunicação com o Além.

Na Rua das Fachadas

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Pormenor de alguns túmulos. Grutas escavadas na rocha e fachadas com elementos arquitectónicos esculpidos na escarpa

Na Rua das Fachadas

Page 35: Petra - Sonho da Natureza e dos Homens

Estes são dois dos túmulos que se abrem nas rochas da

Rua das Fachadas. Da pedra alisada recortam-se

frontões, pórticos, pilastras, capitéis

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No fim do Desfiladeiro Exterior, o vale alarga-se e permite o lançamento de ruas e de

praças. Aí se recortava e erguia a cidade.

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No ponto em que o Desfiladeiro exterior se alarga, no meio de uma necrópole, aparece a cávea do teatro romano talhada na rocha. Apenas o proscénio foi edificado e dele resta

pouco mais do que alicerces e quatro fustes de colunas, fruto de anastilose. Não deveria ser fácil, traçar a cávea em parede rochosa, com recurso apenas e ferramentas básicas e

a uma corda para medir. Segundo o arqueólogo Philip Hammond, o teatro teria sido construído entre 4 a. C. e 27 AD, no reinado de Aretas IV. Depois, houve remodelações

após a conquista romana em 106 AD.

O Teatro romano

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Teatro Romano

Pormenor da cávea, talhada

na rocha.

Page 39: Petra - Sonho da Natureza e dos Homens

A parte mais ampla do vale, em que a cidade se alargava um pouco e se estendia por ruas, casas, monumentos. Ao

fundo, à direita, as escadas para o Mosteiro.

A ausência da cidade

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Lojas dos beduínos que, durante o dia, ainda hoje lá funcionam

Page 41: Petra - Sonho da Natureza e dos Homens

Na Via romana que atravessava a cidade, ainda se nota um trecho da calçada.

Trecho da Via romana

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A cruzar todo o vale mais amplo, corre uma via romana. Ao fundo, recortam-se várias sepulturas: a Coríntia, a do

Palácio e a da Urna, também chamada Tribunal.

Na via romana

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Escarpa oriental onde se esculpem túmulos e grutas. Ao centro escadas e arcos que precedem a Sepultura da Urna.

Túmulos e grutas

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• Túmulo da Urna (talvez da primeira metade do séc.I AD) é considerável complexo arquitectónico

talhado na rocha da escarpa do lado oriental. Trata-se de alta e estreita fachada, encimada por arquitrave e frontão e

precedida de esplanada assente em filas de

pórticos. • Referem e acreditam os beduínos que serviu de

tribunal e que havia uma prisão por baixo dos

pórticos que sustentam a estrutura.

Túmulo da Urna

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Colunata lateral do pátio.

Túmulo da Urna

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Túmulo da Urna

A Câmara interior e os tons variados da cor da pedra. Em meados do séc. V foi convertido em igreja e a parede do

fundo picada para formar uma ábside, se bem que pouco profunda

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Sepulturas do Palácio (esquerda) e Coríntia (direita) são dois dos Túmulos Reais que se talham na falésia oriental. A pedra molda-se

às formas da arquitectura greco-romana.

Túmulos Palácio e Coríntio

Page 48: Petra - Sonho da Natureza e dos Homens

A delicadeza e a arte com que o Túmulo Coríntio –

nome que lhe deu Leon de Laborde – foi esculpido na

pedra devia seduzir os olhos extasiados.

Infelizmente, trata-se de uma das fachadas que mais sofreu a erosão do tempo –

o insaciável Cronos.

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Beleza e harmonia de construção lavrada na rocha! Trata-se da maior fachada talhada na escarpa, em bela forma arquitectónica, embora os níveis superiores já construídos em blocos de pedra.

Túmulo do Palácio

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Na Via Columnata

E todos fluem pela Via das Colunas, a rua nobre da cidade romana.

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Via Columnata

Ladeada de colunas — e daí o nome — cruzava o centro de Petra. Orientada para os Túmulos Reais, foi traçada no séc. I a.C., no

tempo de Aretas IV (9 a.C.-40 AD) e ampliada no período romano.

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Templo dos Leões Alados

Em plataforma do lado norte da Via das Colunas, situa-se o chamado Templo dos Leões Alados (fins do séc. I a.C.): recebe o nome de míticas esculturas

desses animais existentes nos capitéis das colunas (duas séries) que rodeavam o altar, colocado na parte traseira da cella. Desconhece-se ao certo a divindade a

que era dedicado – talvez a al-Uzza nabateia, deusa associada a Afrodite e à Ísis egípcia, de que foram descobertas figuras votivas no templo.

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O Ninfeu

Marginava a Via das Colunas, a norte.

Page 54: Petra - Sonho da Natureza e dos Homens

O ‘Grande Templo’

O chamado Grande Templo é um dos mais grandiosos e ainda enigmáticos monumentos de Petra. Situa-se do lado sul da Via das Colunas, de onde para ele se sobe lateralmente por uma escadaria que se vê ao centro. Ainda em escavação, não há certezas quanto à

sua função.

Page 55: Petra - Sonho da Natureza e dos Homens

Escadaria que, da Via das Colunas, conduz ao pátio inferior do chamado Grande Templo, que se encontrava revestido com

grandes lajes hexagonais, parte ainda no local

Page 56: Petra - Sonho da Natureza e dos Homens

Pormenor da escadaria lateral na Via das Colunas que conduz ao pátio inferior do Grande Templo.

Na Via das Colunas

Page 57: Petra - Sonho da Natureza e dos Homens

Grande Templo Templo ou edifício real, municipal?

Qual a função do chamado Grande Templo: fins religiosos? Fins civis? No início do séc. XX, colunas dispersas levaram a pensar em templo períptero, mas hoje, verificada a existência de colunas no

interior a não fora, tende-se para a função civil.

Page 58: Petra - Sonho da Natureza e dos Homens

Com capacidade para 600 pessoas sentadas, era usado para representação de obras sacras, música e danças associadas ao

culto? Lugar de encontro e reunião de organismo administrativo? Depende da identificação do complexo com um templo ou com

um edifício secular, que ainda se não pôde fazer.

Teatro do Grande Templo

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Porta da cidade

No fim da Via das Colunas (lado sul) erguia-se uma porta de três arcos — entrada solene para o témenos de templo nabateu Qasr al-

Bint, o mais importante de Petra, que se vê ao fundo.

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Templo nabateu Qasr al-Bint

Passada a Porta dos três arcos, entra-se em témenos pavimentado que dá para o Templo Qasr al-Bint, o mais importante de Petra. Por ele se chega ao altar para

efectuar os sacrifícios e se acede ao interior do Templo.

Page 61: Petra - Sonho da Natureza e dos Homens

As escadas (cerca de 800, talhadas na rocha) sobem e levam ao Mosteiro, nome que lhe vem do uso cristão que teve.

Subida para o Mosteiro

Page 62: Petra - Sonho da Natureza e dos Homens

Subidas as cerca de 800 escadas, desemboca-se em amplo largo e o coração alarga-se. Esculpido na rocha, recorta-se a bela silhueta do

Mosteiro e os olhos, extasiados, perdem-se nele e na distância. Ante o tamanho da fachada, as pessoas quase parecem formigas. E

talhado por frágeis ferramentas, há mais de dois mil anos.

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A chegada ao Mosteiro

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Transpostas as últimas escadas (à direita), os olhos ficam presos na fachada. O espanto enche-os por inteiro. Com traço semelhante ao Tesouro (dois níveis e uma tholos no meio de frontão quebrado), o

Mosteiro é muito maior, embora menos elaborado.

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O Mosteiro

O Mosteiro domina ampla esplanada que estava rodeada de filas de colunas, de que restam hoje apenas alguns tambores.

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O Mosteiro

Transposta a porta que se abre na fachada, encontramo-nos numa espécie de triclínio ou sala de festim, rodeada de bancos, onde se celebravam banquetes

em honra de um defunto — talvez Obodas I que morre em 86 a.C.

Page 67: Petra - Sonho da Natureza e dos Homens

Fachada em dois pisos do Mosteiro não apresenta grande ornamentação: colunas, singelos frisos dóricos, ausência de estátuas e motivos vegetais.

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O retorno, calado, disperso, trazia no bornal dos olhos a memória,

o peso da arte pendurar-se das escarpas. Arte já delida pelo tempo,

que todavia, grandiosa e estranha ainda, se impõe nos sentidos e imagens.

Nas cores, formas, linhas e volumes Petra era parte de nós, o nosso corpo.

Connosco caminhava, connosco respirava. No silêncio íntimo a osmose se fizera,

Petra em nós vivia e era passos nossos. Nela acenava a pedra feita vida.

As janelas do tempo e os degraus da história.