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Sumários de Pesquisa 38 Suínos & Cia Ano VII - nº 43/2012 Consumo de ração no início da prenhez: efeitos no peso da matriz e no tamanho da leitegada As porcas de segundo parto fre- quentemente apresentam menor taxa de parição, menor tamanho de leitegada, ou ambos, comparado com as fêmeas de pri- meiro parto. Esta redução de desempenho reprodutivo na segunda parição está asso- ciada a um balanço negativo de energia, ou seja, perda de peso durante a primeira lactação. Vários estudos reportam que a perda de peso lactacional de 10% a 12% reduz o desempenho reprodutivo no parto subsequente. Dentre os diferentes componentes da perda de peso, a redução de proteína parece ter a maior influência na reprodu- ção subsequente. Neste contexto, o início da gestação tende a ser o melhor período para a fêmea recuperar-se das perdas lac- tacionais. Este período é especialmente importante para as fêmeas jovens porque elas também necessitam crescer, a fim de alcançarem um porte corporal adulto. Na prática, contudo, as fêmeas jovens são frequentemente mantidas em níveis de consumo restrito durante a fase inicial da prenhez. Esta estratégia origi- nou-se de estudos em leitoas, os quais de- monstraram que níveis elevados de ração no início da gestação aumentavam as per- das embrionárias. Entretanto, não existe evidência de que isso também seja válido e inclua porcas que necessitam se recupe- rar da lactação precedente. Em um traba- lho publicado recentemente no Journal of Animal Science, em março deste ano, Lia Hoving, da Universidade de Wage- ningen, na Holanda, e coautores, fizeram um estudo que avaliou o efeito do nível de arraçoamento e o conteúdo de proteína na ração sobre a recuperação de seu peso corporal, taxa de parto e tamanho de leite- gada subsequentes em porcas de primeiro e segundo partos, durante o primeiro mês de gestação. Método: A partir do terceiro dia pós-inse- minação até o 32º dia, as porcas foram ali- mentadas com 2,5 kg por dia de uma dieta de gestação padrão (controle, n=49); 3,25 kg por dia (+30%) da dieta de gestação padrão (ração suplementar, n=47) ou 2,5 kg por dia da dieta de gestação com 30% a mais de aminoácidos digestíveis ileais (proteína adicional, n=49). Resultados: O consumo de ração durante o período experimental foi 29% maior para o grupo com ração suplementar, em com- paração com aqueles no grupo controle e grupos com proteína adicional (93 kg vs. 72 kg; P<0.05). As porcas no grupo com ração suplementar ganharam mais 10 kg de peso corporal durante o período expe- rimental em comparação com aquelas no grupo controle e grupo de proteína adicio- nal (24,2 ± 1.2 vs. 15,5 ± 1.2 e 16,9 ± 1,2 kg, respectivamente; P<0.001). O ganho de gordura dorsal e a área de olho de lom- bo não foram afetados pelo tratamento (P=0.56 e P=0.37, respectivamente). A taxa de parição foi menor, em- bora não de forma significativa, para as porcas no grupo com ração suplementar em comparação com aquelas no grupo controle e grupo com proteína adicional (76,6 % versus. 89,8% e 89,8 %, respec- tivamente; P=0.16). O tamanho da leite- gada, no entanto, foi maior para o grupo com ração suplementar (15,2 ± 0.5 nasci- dos totais) em comparação com o grupo controle e aquele com proteína adicional (13,2 ± 0,4 e 13,6 ± 0,4 nascidos totais, respectivamente; P=0.006). O peso dos leitões ao nascer não foi afetado pelos tra- tamentos. Para ambas as ordens de parto (OP 1 e OP 2), o tratamento com ração su- plementar (+30%) mostrou efeitos seme- lhantes sobre o ganho de peso corporal, tamanho de leitegada e taxa de parição. Os autores concluíram que o au- mento da ingestão alimentar (30%) duran- te o primeiro mês de gestação melhorou a recuperação de peso corporal da matriz e aumentou o tamanho da leitegada, mas não afetou a taxa de parição subsequente. A alimentação com um nível maior (30%) de aminoácidos digestíveis ileais durante o mesmo período não melhorou a recu- peração das porcas ou o seu desempenho reprodutivo na parição subsequente.

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Método: a mais de aminoácidos digestíveis ileais (proteína adicional, n=49). Dentre os diferentes componentes da perda de peso, a redução de proteína parece ter a maior influência na reprodu- ção subsequente. Neste contexto, o início da gestação tende a ser o melhor período para a fêmea recuperar-se das perdas lac- tacionais. Este período é especialmente importante para as fêmeas jovens porque elas também necessitam crescer, a fim de alcançarem um porte corporal adulto. 38

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Sumários de Pesquisa

38Suínos & Cia Ano VII - nº 43/2012

Consumo de ração no início da prenhez: efeitos no peso da matriz e no tamanho da leitegada

As porcas de segundo parto fre-quentemente apresentam menor taxa de parição, menor tamanho de leitegada, ou ambos, comparado com as fêmeas de pri-meiro parto. Esta redução de desempenho reprodutivo na segunda parição está asso-ciada a um balanço negativo de energia, ou seja, perda de peso durante a primeira lactação. Vários estudos reportam que a perda de peso lactacional de 10% a 12% reduz o desempenho reprodutivo no parto subsequente.

Dentre os diferentes componentes da perda de peso, a redução de proteína parece ter a maior influência na reprodu-ção subsequente. Neste contexto, o início da gestação tende a ser o melhor período para a fêmea recuperar-se das perdas lac-tacionais. Este período é especialmente importante para as fêmeas jovens porque elas também necessitam crescer, a fim de alcançarem um porte corporal adulto.

Na prática, contudo, as fêmeas jovens são frequentemente mantidas em níveis de consumo restrito durante a fase inicial da prenhez. Esta estratégia origi-nou-se de estudos em leitoas, os quais de-monstraram que níveis elevados de ração no início da gestação aumentavam as per-das embrionárias. Entretanto, não existe evidência de que isso também seja válido e inclua porcas que necessitam se recupe-rar da lactação precedente. Em um traba-lho publicado recentemente no Journal of Animal Science, em março deste ano, Lia Hoving, da Universidade de Wage-ningen, na Holanda, e coautores, fizeram um estudo que avaliou o efeito do nível de arraçoamento e o conteúdo de proteína na ração sobre a recuperação de seu peso corporal, taxa de parto e tamanho de leite-gada subsequentes em porcas de primeiro e segundo partos, durante o primeiro mês de gestação.

Método:

A partir do terceiro dia pós-inse-minação até o 32º dia, as porcas foram ali-mentadas com 2,5 kg por dia de uma dieta de gestação padrão (controle, n=49); 3,25 kg por dia (+30%) da dieta de gestação padrão (ração suplementar, n=47) ou 2,5 kg por dia da dieta de gestação com 30%

a mais de aminoácidos digestíveis ileais (proteína adicional, n=49).

Resultados:

O consumo de ração durante o período experimental foi 29% maior para o grupo com ração suplementar, em com-paração com aqueles no grupo controle e grupos com proteína adicional (93 kg vs. 72 kg; P<0.05). As porcas no grupo com ração suplementar ganharam mais 10 kg de peso corporal durante o período expe-rimental em comparação com aquelas no grupo controle e grupo de proteína adicio-nal (24,2 ± 1.2 vs. 15,5 ± 1.2 e 16,9 ± 1,2 kg, respectivamente; P<0.001). O ganho de gordura dorsal e a área de olho de lom-bo não foram afetados pelo tratamento (P=0.56 e P=0.37, respectivamente).

A taxa de parição foi menor, em-bora não de forma significativa, para as porcas no grupo com ração suplementar em comparação com aquelas no grupo controle e grupo com proteína adicional (76,6 % versus. 89,8% e 89,8 %, respec-tivamente; P=0.16). O tamanho da leite-gada, no entanto, foi maior para o grupo com ração suplementar (15,2 ± 0.5 nasci-dos totais) em comparação com o grupo controle e aquele com proteína adicional (13,2 ± 0,4 e 13,6 ± 0,4 nascidos totais, respectivamente; P=0.006). O peso dos leitões ao nascer não foi afetado pelos tra-tamentos. Para ambas as ordens de parto (OP 1 e OP 2), o tratamento com ração su-plementar (+30%) mostrou efeitos seme-lhantes sobre o ganho de peso corporal, tamanho de leitegada e taxa de parição.

Os autores concluíram que o au-mento da ingestão alimentar (30%) duran-te o primeiro mês de gestação melhorou a recuperação de peso corporal da matriz e aumentou o tamanho da leitegada, mas não afetou a taxa de parição subsequente. A alimentação com um nível maior (30%) de aminoácidos digestíveis ileais durante o mesmo período não melhorou a recu-peração das porcas ou o seu desempenho reprodutivo na parição subsequente.