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ESTUDOS DE BASE ETAPA 1 DESCRIÇÃO. VOLUME II (REV 1 2007-04-30) 1 ICNB INSTITUTO DA CONSERVAÇÃO DA NATUREZA E DA BIODIVERSIDADE PLANO DE ORDENAMENTO E GESTÃO PARA A RESERVA NATURAL DO ESTUÁRIO DO TEJO ESTUDOS DE BASE ETAPA 1 – DESCRIÇÃO Volume II / III Nº DO CONTRATO: ABM2961 Nº DO DOCUMENTO: 01.RP-S.002(1) FICHEIRO: 290101RPS0021.DOC DATA: 2007-04-30

PLANO DE ORDENAMENTO E GESTÃO PARA O ESTUÁRIO DO TEJO

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ESTUDOS DE BASE – ETAPA 1 – DESCRIÇÃO. VOLUME II (REV 1 – 2007-04-30) 1

ICNB INSTITUTO DA CONSERVAÇÃO DA NATUREZA

E DA BIODIVERSIDADE

PLANO DE ORDENAMENTO E GESTÃO PARA A RESERVA NATURAL DO ESTUÁRIO

DO TEJO

ESTUDOS DE BASE

ETAPA 1 – DESCRIÇÃO

Volume II / III Nº DO CONTRATO: ABM2961 Nº DO DOCUMENTO: 01.RP-S.002(1) FICHEIRO: 290101RPS0021.DOC DATA: 2007-04-30

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REGISTO DAS ALTERAÇÕES

Nº Ordem Data Designação

O COORDENADOR TÉCNICO:

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Índice do documento 1 CARACTERIZAÇÃO BIOLÓGICA......................................................................................5

1.1 Enquadramento da área de estudo ...........................................................................5 1.2 Flora e Vegetação .....................................................................................................6

1.2.1 Comunidades Estuarinas ..............................................................................6 1.2.2 Comunidades Terrestres .............................................................................10

1.3 Fauna.......................................................................................................................34 1.3.1 Comunidades estuarinas.............................................................................34 1.3.2 Avifauna.......................................................................................................44 1.3.3 Mamíferos..................................................................................................253 1.3.4 Herpetofauna.............................................................................................264

BIBLIOGRAFIA ....................................................................................................................277 ANEXOS: QUADRO: Levantamento do elenco florístico da área de estudo.

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1 Caracterização biológica

1.1 Enquadramento da área de estudo Em termos morfológicos o estuário pode ser dividido em quatro zonas distintas: o sector fluvial ou rio com maré que se estende entre Muge e Vila Franca de Xira; o delta interior que se estende de Vila Franca de Xira e a secção que vai desde o rio Trancão a Alcochete, esta zona é considerada a mais rica a nível biológico; o Mar-da-Palha que se estende da secção Trancão / Alcochete até à secção Terreiro do Paço / Cacilhas; e a zona terminal do estuário chamada de corredor do Tejo que vai desde a secção jusante do Mar-da-Palha até à foz delimitada pela secção S. Julião da Barra / Farol do Bugio / Cova do Vapor. A área de estudo situa-se na secção de montante, a mais importante como zona de nursery e para a avifauna (Dias e Marques, op.cit.). O estuário é constituído por vários biótopos: uma zona subtidal ou permanentemente submersa, que serve de habitat essencialmente a espécies marinhas, como é o caso dos peixes e crustáceos (zooplâncton); a zona entre-marés (intertidal), constituídas por vasa, bancos de casca de ostra, areias vasosas, sapais, salinas e areias; e por fim a zona de Caniçal, formada por manchas de caniço (Phragmites australis) (Dias e Marques, 1999). A dimensão do estuário confere-lhe uma notável importância em termos ecológicos, tanto a nível das comunidades subaquáticas como das comunidades da faixa entre-marés e das comunidades de vertebrados terrestres, em especial da avifauna. Em termos ecológicos o estuário pode dividir-se em zonas consoante a influência das águas:

• Zona entre-marés (intertidal) – o estuário apresenta uma das mais vastas zonas entre-marés da Europa (cerca de 13 600 ha, ou seja aproximadamente 40% do estuário), onde se podem identificar vários habitats com elevada relevância ecológica como fundos de vasa ou vasa arenosa (i.e. lodos), bancos de casca de ostra, fundos de areia ou de areia vasosa, sapais, caniçais e salinas, este último um habitat artificial mas de grande importância para as aves e invertebrados bentónicos.

• Zona permanentemente submersa (subtidal) – compreende os restantes 60 % da área do estuário; esta zona destaca-se pela sua importância para a comunidade íctica, além da fauna bentónica (crustáceos) e comunidade fito e zooplanctónica;

Em relação aos recursos naturais do estuário existem várias actividades das quais se podem mencionar a pesca, pouco importante, a salinicultura, que quase não tem expressão económica hoje em dia, e ainda a apanha de bivalves e anelídeos, nos fundos intertidais do estuário. A pesca tem vindo a decrescer, o que é revelado pela redução no número de embarcações e artes de pesca licenciadas para o efeito.

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Segundo Dias e Marques (1999) a grande quantidade de arrastos de vara, uma arte de pesca especialmente lesiva para as formas juvenis, é efectuada numa zona do estuário que detém uma das mais significativas áreas de nursery do estuário. A salinicultura é uma actividade ambientalmente benéfica, pois cria vários habitats específicos, o que é favorável à diversidade de invertebrados, nomeadamente crustáceos decápodes (camarões). Estas zonas proporcionam alimento e abrigo para várias espécies de aves limícolas. Esta actividade encontra-se, contudo, em declínio acentuado. A piscicultura e principalmente a apanha da camarinha, nas antigas salinas, substituem a actividade salineira, que hoje em dia não apresenta rentabilidade económica. A apanha de invertebrados bentónicos nos fundos intertidais ainda hoje se faz, nomeadamente da lambujinha (Scrobicularia plana). No entanto, desde o desaparecimento dos bancos de ostras nos anos 70, devido à contaminação ambiental com substâncias como o tributil de estanho (tinta tóxica utilizada nos cascos dos navios), que a relevância económica desta actividade desapareceu. A cartografia relativa a este volume é apresentada nas seguintes cartas:

• Carta [15], folhas 1 e 2: vegetação e biótopos; • Carta [16], folhas 1 e 2: habitats classificadas; • Carta [17], folhas 1 e 2: fauna.

1.2 Flora e Vegetação

1.2.1 Comunidades Estuarinas No meio estuarino existem três grandes fontes de produção primária: o fitoplâncton, o microfitobentos ou algas unicelulares epibênticas, as macrófitas, que incluem algas e angiospérnicas marinhas (por exemplo Zostera spp.) e as halófitas (Odum, 1971). Os elevados níveis de produtividade primária em meios estuarinos, dados como dos mais elevados da biosfera, são devidos principalmente ao fitoplâncton e às algas bentónicas. A produção primária dos estuários apresenta regra geral uma grande variabilidade interanual, o que é atribuído a vários factores abióticos que influenciam a distribuição vertical das massas de água salina e doce nos estuários, como o afluxo sazonal de água doce e o ritmo das marés. A produção primária avaliada para a totalidade do estuário é de aproximadamente 37 190 ton/ano (Dias e Marques, 1999), cabendo à vegetação do sapal a maior contribuição, seguida do microfitobentos e do fitoplâncton.

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1.2.1.1 Fitoplâncton O fitoplâncton é a base da produtividade aquática marinha e estuarina. Estima-se em cerca de 4 400 ton o carbono produzido anualmente no estuário através do fitoplâncton. O fitoplâncton entra na cadeia alimentar através do zooplâncton, mas também através de organismos bentónicos filtradores, como as ostras e certos peixes, por exemplo a sardinha e a anchova (Costa e Salgado, 1999). No estuário do Tejo os valores de produtividade do fitoplâncton são estimados em cerca de 26 g Cm-2 ano-1 (Cabeçadas, 1999). Em termos taxonómicos, o grupo das diatomáceas é o mais representado, constituindo 31 a 67% das comunidades fitoplanctónicas, seguido das Cryptophyceae, as quais podem no entanto dominar no verão, constituindo uma parte significativa dos “blooms” de algas. A salinidade é um factor importante na distribuição do fitoplâncton. O fitoplâncton de água doce predomina nas regiões superiores do estuário enquanto mais a jusante domina o fitoplâncton estuarino. As espécies eurihalinas são comuns nos estuários, como a diatomácea Skeletonema costatum que é abundante ao longo de todo o ano no estuário do Tejo. Outras espécies frequentes nas amostragens efectuadas por Gameiro (2000) no estuário são Asterionella japonica, Chaetoceros sp., Navicula sp., Nitzschia sp., Thalassiosira spp. e Leptocylindrus minimus (diatomáceas). No que respeita a variações sazonais verifica-se uma variação quantitativa e qualitativa relacionada com a quantidade de água doce que aflui ao estuário e com as marés. Apesar desta variação verifica-se pouca estratificação das massas de água, apresentando o estuário uma mistura homogénea durante a maior parte do ano. São referidos também por Gameiro (2000) a existência de “blooms” de algas durante a Primavera (Abril) e Verão.

1.2.1.2 Microfitobentos O microfitobentos está presente na superfície dos sedimentos intertidais, sendo fonte de alimento para vários invertebrados bentónicos que colonizam os mesmo bancos, que por sua vez são consumidos por aves limícolas e/ou por peixes. Este grupo é responsável pela produção de mais cerca de 11 000 ton C/ano (Cabeçadas, 1999 e Brotas, 1995 in Dias e Marques, 1999), sendo um elo fundamental da teia trófica estuarina, tendo uma função para o zoobentos equivalente à do fitoplâncton para as comunidades zooplanctónicas. No que respeita à distribuição do microfitobentos e à sua variabilidade, vários autores (Cartaxana et al., 2006) têm referido a ausência de tendências definidas sazonais no estuário do Tejo, as quais poderão ser ultrapassadas por uma variabilidade quinzenal (Serôdio e Catarino, 2000). Em relação ao tipo de sedimento, um dos mais

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importantes factores determinantes para o fitobentos, Cartaxana et al., (2006) não detectaram diferenças significativas entre o lodo e a areia, excepto no que se refere à profundidade a que o fitobentos se distribui; no sedimento vasoso concentra-se nos 500 μm superficiais, enquanto na areia de distribui mais homogeneamente no eixo vertical, até aos 3 mm. Esta diferença estará provavelmente relacionada com a zona fótica no sedimento, que é muito mais limitada no lodo (até 270 μm; Serôdio et al., 1997) do que na areia. Este facto vem levantar a importância da actividade dos invertebrados e correntes no enterramento de células de fitobentos em substrato de areia. O microfitobentos é constituído essencialmente por organismos unicelulares (Costa e Salgado, 1999; Cartaxana et al., 2006):

• A clorofila a e c, fucoxantina, diadinoxantina e β-caroteno revelam a dominância das algas diatomáceas (principais espécies referenciadas: Cylindrotheca closterium, Navicula cryptocephala e Nitzchia spp.);

• A presença de zeaxantina e a ausência luteina será indicadora da presença de cianobactérias;

• A presença de clorofila b, detectada em pequenas quantidades, a par com outros factorres parece indicar a existência de Euglenófitas.

1.2.1.3 Macrófitas Este grupo funcional inclui as macroalgas, as macrófitas aquáticas e a vegetação da faixa intertidal – sapal, caniçal e juncal. No estuário do Tejo foram identificados três tipos principais de habitats de macroalgas (Catarino, 1990 in FCUL, 1995):

• Bancos de antigas ostreiras na zona intertidal superior, constuídos por vasa compacta com conchas de bivalves e/ou cascalho – encontram-se as espécies Fucus vesiculosus (algas castanha), Ulva lactuca e Enteromorpha compressa (algas verdes);

• Bancos de antigas ostreiras na zona intertidal inferior só se encontram a descoberto na baixa-mar de marés vivas, apresentando como espécies mais comuns a Ulva lactuca, Enteromorpha compressa, Enteromorpha spp., Cladophora spp. e Gracilaria cf. verrucosa (algas verdes), Ceramium rubrum, Griffithsia corallinoides, Rhodomela confervoides, Polysiphonia polisphora, P. denudata, P. nigrecens, Gelidium pusillum (algas vermelhas);

• Sapais, que albergam nos seus caules, nomeadamente em Halimione portulacoides e de Arthrocnemum perene algas filamentosas com as seguintes espécies: Bostrychia scorpioides e Enteromorpha spp..

Na faixa intertidal crescem as algas castanhas Bodelha (Fucus vesiculosus), a alga verde Ulva lactuca no limite inferior desta faixa e no subtidal a alga vermelha Gracilaria verrucosa. Silva (2004) refere como grupos dominantes no estuário a Ulva spp., as algas filamentosas e Gracilaria sp. O mesmo autor identificou ainda espécies novas para Portugal, Gracilaria gracilis, Catenella caespitosa, Polydes Rotundus e Ceramium

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virgatum. No que respeita à abundância das algas Silva (2004), observou uma tendência crescente do Inverno (33% de valor de cobertura) para o Verão, com a taxa de cobertura máxima (59%) mas a variabilidade interanual é importante para todas as espécies, tendo-se constatado que no ano consecutivo os máximos e mínimos de cobertura foram registados respectivamente na Primavera e no Outono. Em termos de espécies, as filamentosas atingem o máximo de cobertura no Outono, enquanto os géneros Gracilaria e Ulva têm o seu máximo na Primavera. O Inverno corresponde ao mínimo das algas filamentosas e género Ulva. A produção total líquida estuarina atribuída às algas macrófitas é de cerca de 5 000 – 4 000 ton C ano-1, sendo responsáveis pela remoção anual da coluna de água de cerca de 794 ton de azoto e 124 ton de fósforo (Costa e Salgado, 1999; Dias e Marques, 1999). O sapal e o caniçal constituem habitats exclusivamente estuarinos, compostos por espécies de flora superior que se encontram adaptadas às duras condições estuarinas de variação de salinidade e de grau de imersão. A produção anual da biomassa do sapal, no conjunto do estuário é estimada em cerca de 17 790 ton (Catarino e Caçador, 1981). Os sapais têm um importante papel na retenção e imobilização dos sedimentos em suspensão na coluna de água e dos metais a eles associados, sendo por isso considerados como formações vegetais depuradoras que contribuem para a minimização da poluição química em zonas industriais. Por outro lado os caules das halófitas constituem um habitat para algas verdes filamentosas, que participam na troca de nutrientes entre o estuário os sapais (Serôdio et al., 1992 e Bettencourt et al., 1993 in FCUL, 1995). Os sapais crescem sobre solos halomórficos geralmente mal estruturados devido ao excesso de sais de sódio e com um teor apreciável de matéria orgânica. São solos de aluvião salgados e compactos sujeitos à acção das marés. A vegetação do sapal contribui para a retirada de humidade dos solos e a fixação do sedimento, consolidando o solo. A zonação do sapal é essencialmente definida pela capacidade das plantas suportarem longos períodos de imersão, distinguindo-se várias “cinturas” no sapal:

• Sapal baixo - é constituído por espécies típicas deste tipo de formação, como a Spartina maritima ou Spartina stricta (erva-morraça), uma espécie pioneira com elevada tolerância aos períodos de imersão e cuja função de consolidação e congregação dos sedimentos é importante; ocupa os fundos subtidais que só nas marés vivas ficam a descoberto;

• Sapal de transição – ocupa a faixa mesotidal, apresentando espécies como Halimione portulacoides;

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• Sapal alto – ocupa a faixa supratidal, sendo constituído por um conjunto de espécies designadas como gramata: Scirpus maritimus, Sarcocornia fruticosa, S. Perennis, Arthrocnemum glaucum, Suaeda vera, Aster tripolium, Salicornia nitens, Puccinellia maritima, Inula crithmoides, Limonium vulgare e Atriplex halimus.

Enquanto habitat para a fauna o sapal desempenha igualmente uma função importante. O facto de ser um sistema altamente produtivo, a par com um sistema de junção e transição (dos biótopos terrestre e aquático), atrai muitas espécies, de ambos os biótopos, para além das espécies que lhe são exclusivas. Cerca de 50% das espécies do sapal são terrestres, embora sejam as espécies aquáticas as que têm papel mais importante nas transferências de energia. São locais de alimentação e reprodução mas também de refúgio, com destaque para as “nurseries” de várias espécies de peixes com valor comercial (Calvário, 1982). Muitas espécies piscícolas e algumas de invertebrados com valor económico utilizam o sapal alto como área de refúgio, alimentação e crescimento. A maioria das espécies que frequentam os canais do sapal são residentes nos estuários, com destaque para a tainha-fataça, Liza ramada e o caboz-comum, Pomatoschistus microps, seguidos de Syngnathus sp. e Anguilla anguilla (Salgado, et al., 2004). Entre os invertebrados salientam-se o caranguejo-verde Carcinus maenas e os camarões Crangon crangon e Paleomonetes varians. O sapal, apesar de ser menos rico em espécies dos que os bancos de lodo estuarinos e de ser relativamente pouco importante para espécies com valor comercial tais como a sardinha, cujos juvenis se concentram na boca do estuário e zona costeira adjacente (Salgado et al., 2004), constitui um elo importante na cadeia alimentar. Assim, por exemplo, a espécie Liza ramada tem um comportamento de herbivoria do epifitobentos nos canais do sapal, sendo a espécie mais importante em termos de biomassa (Salgado et al., 2004). Outra das funções do sapal é a de refúgio em relação a predadores, sendo na maré cheia que se encontram a maior parte das espécies. O sapal ocupa, no estuário, uma área de cerca 13 km2 (Catarino, 1981), dos quais cerca de 1,4 km2 são de Spartina maritima (Crespo, 1993). O sapal encontra-se distribuído essencialmente na parte superior do estuário e ao longo da margem esquerda, além de circundar grande parte dos Mouchões. Tendo em conta que estes habitats constituem zonas de transição entre biótopos aquáticos e terrestres uma descrição mais detalhada sobre a sua composição florística encontra-se no capítulo seguinte.

1.2.2 Comunidades Terrestres A flora e vegetação terrestres constituem alguns dos elementos mais importantes da área de estudo em termos de valores naturais. Neste contexto são particularmente

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importantes os resquícios de bosques de folhosas, cuja raridade lhes confere um elevado valor conservacionista; os charcos temporários, elementos bem representados na área de estudo, embora em alguns casos a plantação de eucaliptos nestes habitats constitua uma ameça a sua preservação; e o ecossistema dunar, embora na área de estudo este se encontre muito degradado, facto que decorre das actividades humanas. Foi efectuado um levantamento do elenco florístico na área de estudo, durante a Primavera e Verão de 2006, no qual foram observados e identificados 242 taxa. Este número aumenta para 515, com a adição dos taxa referenciados bibliograficamente, (ANEXO I). Deste total ocorrem 27 famílias que possuem 5 ou mais taxa, representando cerca de 78% dos taxa encontradas na área de estudo, sendo que as famílias Gramineae, Compositae e Leguminosae são as famílias com maior número de taxa: 76, 58 e 47 taxa respectivamente, ou seja, cerca de 35% do total. Foram designadas por outras, todas as famílias com 4 ou menos taxa (Figura 1.2.1).

0

20

40

60

80

100

120

Famílias

Nº d

e es

péci

es

Figura 1.2.1. Número de espécies da flora em cada uma das famílias com maior

representatividade na área de estudo.

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1.2.2.1 Habitats naturais A área de estudo apresenta uma grande diversidade biológica e paisagística e enorme produtividade quer associada aos habitats da zona húmida estuarina, a mais extensa do país e uma das mais importantes da Europa, quer aos habitats terrestres (ICN, 2006). Para salvaguardar os habitats naturais foi criada a Directiva 92/43/CEE do Conselho da Europa, conhecida como “Directiva Habitats” que, no seu Anexo I, discrimina o tipo de habitats naturais de interesse comunitário cuja conservação exige a designação de zonas especiais de conservação. Deste modo, a importância ecológica dos diversos habitats presentes no Anexo I da Directiva Habitats é internacionalmente reconhecida. Esses habitats naturais distinguem-se das restantes zonas por possuírem características geográficas, abióticas e bióticas, de elevado valor e podendo muitas vezes estar em perigo de desaparecimento nas suas áreas naturais. Para além do papel que um habitat desempenha no ecossistema em que está integrado, a nível dos ciclos geo-físico-químicos da água, ar e solo, fundamentais para a manutenção das condições ecológicas adequadas à vida, constitui a base de que depende todo um conjunto mais ou menos alargado de seres vivos e um leque complexo de relações mutuamente interdependentes, não só entre si, como também entre esse conjunto de seres e o meio onde estão inseridos (Alves, 1998). Relativamente aos Habitats, a sua definição baseou-se nos Habitats listados para o Sítio PTCON0009 – “Estuário do Tejo” (REDE NATURA 2000, Lista Nacional de Sítios, Resolução do Conselho de Ministros nº 142/97 de 28-08-1997, Anexo I, Directiva Habitats (92/43/CEE). Os Habitats naturais e semi-naturais contantes do anexo B-I do Dec. Lei nº 49/2005, para esta área são os apresentados no Quadro 1.2.1.

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Quadro 1.2.1. Habitats naturais e semi-naturais contantes do anexo B-I do Dec. Lei nº 49/2005 na área de estudo.

1110 Bancos de areia permanentemente cobertos por água do mar pouco profunda 1130 Estuários 1140 Lodaçais e areais a descoberto na maré baixa 1150* Lagunas costeiras 1210 Vegetação anual das zonas de acumulação de detritos pela maré 1310 Vegetação pioneira de Salicornia e outras espécies anuais das zonas lodosas e

arenosas 1320 Prados de Spartina (Spartinion maritimae) 1410 Prados salgados mediterrânicos (Juncetalia maritimi) 1420 Matos halófilos mediterrânicos e termoatlânticos (Sarcocornetea fruticosi) 1430 Matos halonitrófilos (Pegano-Salsoletea) 1510* Estepes salgadas mediterrânicas (Limonietalia) 2130* Dunas fixas com vegetação herbácea («dunas cinzentas») 2150* Dunas fixas descalcificadas atlânticas (Calluno-Ulicetea) 2230 Dunas com prados de Malcolmietalia 2250* Dunas litorais com Juniperus spp. 2260 Dunas com vegetação esclerófila da Cisto-Lavanduletalia 2270* Dunas com florestas de Pinus pinea e ou Pinus pinaster 2330 Dunas interiores com prados abertos de Corynephorus e Agrostis 3120 Águas oligotróficas muito pouco mineralizadas em solos geralmente arenosos do

oeste mediterrânico com Isoetes spp. 3150 Lagos eutróficos naturais com vegetação da Magnopotamion ou da Hydrocharition 3160 Lagos e charcos distróficos naturais 3170* Charcos temporários mediterrânicos 3260 Cursos de água dos pisos basal a montano com vegetação da Ranunculion fluitantis

e da Callitricho-Batrachion 3280 Cursos de água mediterrânicos permanentes da Paspalo-Agrostidion com cortinas

arbóreas ribeirinhas de Salix e Populus alba 4030 Charnecas secas europeias 6310 Montados de Quercus spp. de folha perene 6420 Pradarias húmidas mediterrânicas de ervas altas da Molinio-Holoschoenion 91B0 Freixiais termófilos de Fraxinus angustifolia 92A0 Florestas-galerias de Salix alba e Populus alba 9330 Florestas de Quercus suber

Alguns dos Habitats listados para o Sítio PTCON0009 – Estuário do Tejo (REDE NATURA 2000, Lista Nacional de Sítios, Resolução do Conselho de Ministros nº 142/97 de 28-08-1997, Anexo I, Directiva Habitats (92/43/CEE) não foram identificados na área de estudo. Aqueles que não existem na área de estudo são:

• Bancos de areia permanentemente cobertos por água do mar pouco profunda (1110). Justificação: Na área de estudo, não se encontram areais, apenas lodaçais sem vegetação vascular.

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• Lagunas costeiras (1150*). Justificação: Esta designação corresponde a lagoas que retém a água do mar, podendo ser ou não alimentadas por escorrências de água doce e que pelo menos temporariamente mantém uma ligação com o mar, não ocorrendo na área de estudo.

• Estepes salgadas mediterrânicas (Limonietalia) (1510*). Justificação: Nos locais onde o sapal alto se torna seco e se mistura com espécies típicas de pastagens não se verificou a dominância da espécie indicadora, Salicornia patula.

• Dunas com prados de Malcolmietalia (2230). Justificação: Embora ocorram em pequenas áreas, algumas das plantas deste habitat (Malcolmia ramosissima, Cutandia maritima e Silene niceensis), de uma forma geral, apresentam-se muito alteradas e entre outros habitats.

• Dunas com florestas de Pinus pinea e ou Pinus pinaster (2270*). Justificação: Na área de estudo, as plantações de pinhais não apresentam os critérios de elegibilidade, para serem considerados habitats prioritários. Por um lado estão resumidos ao estrato herbáceo, não apresentando estrato arbustivo, devido à pastorícia de gado bovino, por outro, apenas têm idades que não ultrapassam os 50 anos.

• Dunas interiores com prados abertos de Corynephorus e Agrostis (2330). Justificação: Habitat que pode existir conjuntamente em mosaico ou como etapa de degradação do habitat 2150 e 2260. Apesar de ocorrer Corynephorus canescens na área de estudo, não se considerou que este seja dominante no local de colheita.

• Águas oligotróficas muito pouco mineralizadas em solos geralmente arenosos do oeste mediterrânico com Isoetes spp (3120). Justificação: foram visitadas algumas charcas de água doce, na sua maior parte temporárias e potencialmente oligotróficas, nomeadamente nas margens do sapal das Hortas, além dos charcos temporários na mata do Catapereiro, que correspondem ao habitat “Charcos temporários mediterrâncos”. Contudo a espécie determinante, o feto Isoetes sp., nunca foi encontrado sendo uma espécie muito rara que não está nem na lista bibliográfica nem nos registos de campo.

• Cursos de água dos pisos basal a montano com vegetação da Ranunculion fluitantis e da Callitricho-Batrachion (3260). Justificação: Este habitat é típico de zonas de água doce e foi prospectado nas áreas onde teria sido referenciado, na realidade estes locais não apresentam as condições naturais para este habitat pois tratam-se de valas de escoamento na lezíria com grande influência de água salgada, altamente intervencionadas, nas margens onde cresce o caniço (Phragmites australis), uma espécie com elevada tolerância à salinidade.

• Charnecas secas europeias (4030). Justificação: As charnecas secas europeias ocorrem normalmente em zonas localizadas das serras e montanhas interiores. Na área de estudo não ocorre este habitat.

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• Freixiais termófilos de Fraxinus angustifólia (91B0). Justificação: não foram registados freixiais na área de estudo. De um modo geral as galerias ripíciolas existentes, quando arbóreas são dominadas por salgueiro (Salix atrocinerea) acompanhadas por Choupos (Populus spp.), sendo o freixo (Fraxinus angustifolia) uma espécie de ocorrência pontual na área de estudo, nunca ocorrendo em maciço. Deste modo não se considera este habitat presente.

• Florestas de Quercus suber (9330). Justificação: todos os povoamentos de sobreiro na área de estudo correspondem a povoamentos humanizados e explorados pela sua cortiça, mesmo nos casos em que o mato cresce durante vários anos atingindo um porte arborescente e com uma riqueza específica assinalável. Deste modo as florestas da área de estudo não se enquadram neste habitat mas sim no 6310 – montados de Quercus.

1.2.2.2 Breve descrição dos habitats naturais

Estuários (1130) Os estuários são as regiões dinâmicas e heterogéneas, situadas entre a foz e o limite das águas salobras, em permanente contacto com a água marinha, correspondendo à parte dos rios sujeita ao fluxo bidiário das marés. Os sistemas estuarinos possuem elevada complexidade ecológica e geomorfológica, possuindo, para além de áreas desprovidas de vegetação vascular, áreas com comunidades de plantas vasculares halófilas ou sub-halófilas, designadas por sapais. Estes desenvolvem-se sobre lodaçais onde as correntes são incapazes de transportar a totalidade dos sedimentos e a sua composição florística depende de muitos factores físicos sendo nas nossas latitudes, exclusivamente herbácea ou arbustiva. A probabilidade e a duração da submersão pela água da maré são os factores físicos que mais influenciam a composição e zonação da vegetação dos sapais. Diferenciam-se fundamentalmente três tipos de sapal: alto, médio e baixo. O sapal baixo situa-se em zonas mais baixas, permanentemente saturadas com água salgada, o sapal médio apresenta condições intermédias entre os sapais baixo e alto e finalmente o sapal alto só é visitado pelas águas marinhas durante a maré-alta. Os sapais proporcionam condições ecológicas muito selectivas para as plantas e apenas um pequeno número de espécies halófitas existe nestes locais. As espécies características do sapal baixo pertencem às famílias Chenopodiaceae e Gramineae (Spartina sp. ou Puccinellia sp.). O sapal médio também é dominado por plantas da família Chenopodiaceae. O sapal alto apresenta além das Chenopodiaceae, espécies de outras famílias (Gramineae, Compositae ou Plumbaginaceae). Subtipo: Estuários mediterrânicos (1130pt1) Os estuários mediterrânicos são um tipo de estuários que estão sujeitos a marés de menor amplitude, e a uma estação seca prolongada, o que origina uma maior concentração de sais no sapal alto. Apresentam uma maior diversidade florística, quando comparados com os sapais dos territórios eurosiberianos.

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Lodaçais e areais a descoberto na maré baixa (1140) Habitats emersos na maré baixa, constituídos por sedimentos finos não consolidados, sem vegetação vascular ou ocupados por algas azuis e diatomáceas. Subtipo: Lodaçais e areais desprovidos de vegetação vascular (1140pt1) Subtipo encontrado no estuário do Tejo que se caracteriza pela ausência de plantas vasculares, mas frequentemente colonizado por algas azuis e diatomáceas. Este habitat constitui a zona intertidal lodosa, ao longo da margem sul do estuário, conhecidas por bancos de lodo e de areia, ricas em macrofauna bentônica, que são local de alimento para muitas aves limícolas e de apanha de marisco. Vegetação anual das zonas de acumulação de detritos pela maré (1210) Este habitat compreende a faixa intermareal das dunas costeiras, enriquecidas pelos detritos orgânicos trazidos pelo mar. Possui comunidades psamófilas, costeiras, relativamente pobres em espécies e constituídas sobretudo por Beta maritima. Este habitat encontra-se numa estreita faixa ao longo da praia de Alcochete, na zona entre-marés. Vegetação pioneira de Salicornia e outras espécies anuais das zonas lodosas e arenosas (1310) Habitats com vegetação anual halófila ou halonitrófila, suculenta ou de fisionomia graminóide. Na área de estudo apresentam-se sob a forma de sapais ou salinas submetidos a inundações temporárias de água salgada ou taludes de salinas temporariamente encharcados por água salgada ou salobra, ou sob contínuo efeito da maresia salina. Subtipo: Vegetação pioneira anual estival e outonal de plantas suculentas de sapal baixo ou médio (1310pt1) Subtipo muito frequente na área da reserva natural do estuário do Tejo, que se desenvolve em solos de textura arenosa a limosa, salinos e saturados em água, submetidos a uma inundação bi-diária por água salgada ou salobra e à perturbação mecânica das marés. Caracteriza-se por possuir vegetação de sapal baixo ou médio, dominada por espécies anuais suculentas da família Chenopodiaceae (Salicornia ramosissima e Suaeda maritima). Prados de Spartina (Spartinion maritimae) (1320) Os prados de Spartina (S. maritima) instalam-se em sedimentos marinhos ou fluvio-marinhos, mais ou menos finos, com a forma de pequenas ilhas isoladas, saturados na maré baixa e sujeitos à influência diária das marés. Este habitat apresenta uma vegetação pioneira, mono ou pauciespecífica dominada pela gramínea vivaz Spartina marítima, que apresenta um papel fundamental na estabilização dos fundos dos sapais, ao favorecerem a sedimentação, permitindo formação de pequenas ilhotas de

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vegetação pioneira. Na área em estudo este habitat encontra-se principalmente ao longo do sapal de Pancas, jusante do Mouchão da Povoa e do Mouchão do Lombo do Tejo. Prados salgados mediterrânicos (Juncetalia maritimi) (1410) Habitats frequentes em sapais estuarinos, lagoas e rias, ocorrendo preferencialmente em solos arenosos, mas também em solos areno-limosos. Nos sapais constituem a banda de vegetação halófila situada mais a montante, dominados por juncais halófilos (Juncus maritimus, J. acutus ou J. subulatus) ou Aster tripolium subsp. pannonicus, mas com frequência acompanhados por outras espécies halófilas como Apium graveolens, Centaurium spicatum, Elymus elongatus, Inula crithmoides, Limonium vulgare, Oenanthe lachenalii, Polygonum equisetiforme, Spartina versicolor, Spergularia marina. Estes habitats apresentam uma comunidade com amplitude ecológica elevada, ocorrendo tanto em locais húmidos como em locais muito secos. Os juncais poderão ter origem em salinas abandonadas ou em depressões de sapais onde há acumulação de água salobra durante o Inverno ou ainda áreas de sapal convertidas à agricultura e posteriormente abandonadas é comum observar pequenas manchas de juncal em cuja génese está a ascensão capilar de sais. Este habitat está presente, muitas vezes em conjunto com o sapal médio e alto, nas margens dos Mouchões, sendo ainda facilmente observável na zona do sapal das Hortas. Matos halófilos mediterrânicos e termoatlânticos (Sarcocornetea fruticosi) (1420) Os matos halófilos mediterrânicos e termoatlânticos surgem em solos fortemente salinos, ricos em sais de sódio, em geral húmidos e frequentemente inundados por água salgada ou salobra de origem marinha. Caracterizam-se por possuir uma vegetação perene de sapal externo geralmente pobre em espécies e dominada por arbustos halófilos suculentos da família Chenopodiaceae apresentando também com frequência plantas da família Plumbaginaceae (Limonium sp.). Incluem-se neste habitat algumas comunidades halófilas perenes de salinas e arribas litorais não dominadas por Chenopodiaceae arbustivas suculentas. Dominam os sapais da área de estudo, que se distribuem desde Sarilhos Pequenos, passando pelo Samouco, Hortas, Pancas, foz do rio Sorraia, mouchões, margem norte do estuário (frente ao mouchão da Póvoa) e numa estreita faixa pelas margens da lezíria até à ponte de Vila Franca; apresenta-se muitas vezes em conjunto com juncal e caniçal ou pode estar ausente dando lugar as estas comunidades. Subtipo: Sapal baixo de Sarcocornia perennis subsp. perennis (1420pt1) Subtipo que se desenvolve no sapal externo baixo, sujeito ao fluxo bidiário das marés e que apresenta uma dominância de Sarcocornia perennis subsp. perennis. Embora ficando completamente submerso durante a preia-mar não sofre grandes variações de salinidade e de profundidade ao longo do ano, tendo no Verão um dos mais baixos níveis de salinidade de todo o sapal externo.

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Subtipo: Sapal médio de Sarcocornia fruticosa ou de Halimione portulacoides (1420pt2) Subtipo que ocupa preferencialmente margens de esteiros, canais e taludes no sapal externo médio, sendo visitado bidiariamente pelas águas marinhas na preiamar. Apresenta dominância de Sarcocornia fruticosa ou de Halimione portulacoides, apresentando variavelmente outras espécies como Cistanche phelypaea e Puccinellia maritima. Subtipo: Sapal médio de Sarcocornia perennis subsp. alpini (1420pt3) Subtipo que se desenvolve no sapal externo médio, sujeito ao fluxo bidiário das marés, ficando submerso durante a preia-mar, é dominado por Sarcocornia perennis subsp. alpini e ou Halimione portulacoides, apresentando variavelmente outras espécies como Limonium vulgare, Limonium ferulaceum, Sarcocornia fruticosa, Triglochin bulbosa subsp. barrelieri e Inula crithmoides. Subtipo: Sapal alto de Arthrocnemum macrostachyum (1420pt4) Subtipo que ocupa a cotas mais elevadas do sapal (sapal externo alto), em solos salinos preferencialmente argilosos ou argilo-limosos e em muros de salinas, sendo apenas visitado pelas águas marinhas pouco mais de 200 dias/ano. Apresenta dominancia por Arthrocnemum macrostachyum, com presença de outras espécies halófilas, como Inula crithmoides, Limonium ferulaceum, Limonium ovalifolium, Limonium daveaui, Halimione portulacoides, Sarcocornia fruticosa, Sarcocornia perennis subsp. alpini, Suaeda vera, Artemisia caerulescens subsp. caerulescens, Triglochin bulbosa subsp. barrelieri. Subtipo: Comunidades de Suaeda vera (1420pt5) Subtipo frequente no sapal alto, no espaço compreendido entre os limites da preia-mar viva e da preia-mar morta, onde se acumulam resíduos orgânicos transportados pelas marés e que se desenvolve em marachas e caminhos de salinas, em arribas costeiras fortemente batidas pelas águas do mar e muito nitrofilizadas pelos dejectos de aves marinhas e ainda em solos salinos secos perturbados de sapal, frequentemente de textura arenosa ou areno-limosa, que nunca são submersas na preia-mar. Composto por comunidades halonitrófilas, dominadas por Suaeda vera, com presença de um número variável de espécies halófilas, como Cistanche phelypaea, Arthrocnemum macrostachyum, Halimione portulacoides, Limonium ferulaceum, Sarcocornia perennis subsp. alpini, Sarcocornia fruticosa, Inula crithmoides e Beta maritima. Subtipo: Comunidades de Limonium ferulaceum (1420pt7) Subtipo que ocorre em sapais, frequentemente nitrofilizados, nunca inundados, só visitados pelas águas das marés equinociais, em biótopos onde ocorre ascensão de sais ou ainda em arribas costeiras fortemente batidas pelas águas do mar. Possuem comunidades dominadas por Limonium ferulaceum sendo também frequentes Inula crithmoides e Halimione portulacoides.

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Matos halonitrófilos (Pegano-Salsoletea) (1430) Habitats que compreendem a vegetação halonitrófila das margens e/ou orlas de sapais e salinas, com solos, apresentando alguma salinidade e nitrofilizados por resíduos orgânicos ou não, do arrastamento de detritos pela água das marés e da deposição de detritos orgânicos de origem antrópica. Composta por comunidades de caméfitos e nanofanerófitos frequentemente suculentos de folhas pequenas. Apresentam dominância de Atriplex halimus, Frankenia laevis, Salsola vermiculata, ocorrendo também Beta marítima e Suaeda vera. Dunas fixas com vegetação herbácea («dunas cinzentas») (2130*) As dunas cinzentas constituem uma sucessão de cristas e corredores interdunares e caracterizam-se por apresentarem estabilidade das suas partículas arenosas. Habitat dominado por comunidades arbustivas de baixo porte, psamófilas, com um grau de cobertura muito elevado, um importante papel na estabilização das areias dunares, contribuindo fortemente para a conservação dos solos que aí se originam e para a protecção e reabastecimento das toalhas freáticas de água doce. Em Portugal continental as dunas cinzentas são das mais ricas em endemismos ou espécies de Armeria pungens e Linaria caesia. Na área de estudo este habitat ocorre por exemplo junto à Ponte Vasco da Gama, no entanto, estas zonas parecem por vezes muito descaracterizadas e sujeitas a poluição. Dunas fixas descalcificadas atlânticas (Calluno-Ulicetea) (2150*) Este habitat surge em solos de textura arenosa, oligotróficos e com baixa capacidade de retenção de água. As dunas fixas apresentam comunidades subseriais de bosques de Querci ou Pinus, que são favorecidas pelo fogo. Caracterizam-se por possuir comunidades vegetais de tojais, tojais-urzais e tojais-estevais psamófilos litorais ou sublitorais da classe Calluno-Ulicetea, dominadas por arbustos espinhosos da família Leguminosae (Ulex australis subsp. welwitschianus ou U. europaeus subsp. latebracteatus). Subtipo: Dunas fixas com tojais-urzais e tojais-estevais psamófilos com Ulex australis subsp. welwitschianus (2150pt1) Subtipo que ocorre em paleodunas, com sinais de hidromorfismo, com dominância de U. australis subsp. welwitschianus. Para além deste apresentam um número variável de espécies entre as quais Calluna vulgaris, Cistus ladanifer, Erica scoparia, E. umbellata, Genista triacanthos e Halimium halimifolium. Pode contactar com outros habitats como os matagais de Juniperus navicularis (habitat 2250, subtipo 2250pt2), os prados de Malcolmietalia (habitat 2230) e ainda arrelvados de Corynephorus canescens var. maritimus (habitat 2330).

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Dunas litorais com Juniperus spp. (2250*) Os zimbrais litorais ocorrem em solos arenosos de textura grosseira, ácidos, pobres em nutrientes e com pouca capacidade de retenção de água, ocupando dunas consolidadas. Podem ainda ocorrer, por acção antrópica, em ambientes florestais de pinhal ou sobreiral. Caracterizam-se pelo domínio de formações arbustivas do género Juniperus (J. turbinata subsp. turbinata e/ou J. navicularis), onde são também frequentes arbustos como: Rhamnus alaternus, Pistacia lentiscus, Myrtus communis, Asparagus aphyllus, Phillyrea angustifolia, Corema album, Quercus coccifera subsp. coccifera e Antirrhinum majus subsp. cirrhigerum. Podem ocorrer contactando com formações de cistáceas (habitat 2260) ou eventualmente montados (habitat 6310). Apresenta vegetação que, além do seu valor de conservação elevado, constitui o habitat para variada fauna terrestre e contribui para manutenção da dinâmica geomorfológica dos sistemas dunares. A acção antrópica tem contribuído para redução da diversidade e estrutura deste habitats. Na área de estudo estes zimbrais aparecem em ambiente florestal, no Pinhal de Camarate. Subtipo: Paleodunas com matagais de Juniperus navicularis (2250pt2) Subtipo caracterizado por possuir vegetação das associações Daphno gnidii-Juniperetum navicularis e Junipero navicularis-Quercetum lusitanicae, com domínio de Juniperus navicularis. Podem ocorrer também, Corema album, Pistacia lentiscus, Calluna vulgaris, Stipa gigantea, Quercus lusitanica, Ulex australis subsp. welwitschianus, Halimium calycinum, Thymus capitellatus, Stauracanthus genistoides, Armeria rouyana, etc. Na ZPE do Tejo, a sua área potencial coincide com pinhal de P. Pinea (Pinhal de Camarate). Dunas com vegetação esclerófila da Cisto-Lavanduletalia (2260) Habitats presentes em dunas holocénicas terciárias activas estabilizadas, paleodunas plio-pleistocénicas sub-litorais ou interiores e em depósitos de areias soltas, de origem diversa, como aluviões e granitos arenizados. Apresentam substratos arenosos secos hidricamente, sem compensação freática ou níveis impermeáveis areníticos sub-superficiais. Contêm comunidades vegetais arbustivas espinhosas, xerofíticas, aciculifólias ou micrófilas, da classe Cisto-Lavanduletea. São dominantes as plantas da família Leguminosae como Stauracanthus genistoides (Brot.) Sampaio. Apresentam ainda outros taxa, alguns com elevado valor de conservação como Armeria rouyana, Halimium halimifolium, Halimium calycinum, Helichrysum italicum subsp. picardii, Iberis ciliata subsp. welwitschii, Lavandula stoechas subsp. sampaiana, Thymus capitellatus, Ulex australis subsp. welwitschianus, Cistus salvifolius, Calluna vulgaris, Cistus crispus, Corema album e Corynephorus canescens.

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Lagos eutróficos naturais com vegetação da Magnopotamion ou da Hydrocharition (3150) Lagos, lagoas, charcos, açudes, valas, paúis e linhas de água de reduzido caudal de águas eutróficas, paradas ou lentas com comunidades dulçaquícolas flutuantes ou submersas, enraizadas ou suspensas na água. Apresentam comunidades vegetais de um grande número de famílias, como: Lemnaceae, Azollaceae, Ranunculaceae, Potamogetonaceae, sendo normalmente dominadas por espécies como: P. Natans e Wolfia arrhiza. Este habitat é susceptível de ser encontrado, na zona de Pancas, nas lagoas artificiais de água doce (águas represadas), no açude da Herdade da Barroca d’ Alva, que apresentam vegetação aquática abundante, já na zona a sul da barragem do Vale Cobrão, onde estão referidos outros açudes, este habitat não foi confirmado, podendo ter ocorrência sazonal. Lagos e charcos distróficos naturais (3160) Habitats que ocorrem em lagos ou charcos, com águas oligo a mesotróficas, ricas em ácidos húmicos e com um substrato por vezes turfoso, por vezes em processo de terrestrialização, raramente secam no Verão. São colonizados por comunidades vegetais dominadas por hidrófitos dulçaquícolas não enraizados, suspensos na água, pertencentes aos géneros Sparganium e Utricularia, com dominância de U. Gibba e U. Australis. Este habitat não foi confirmado com o trabalho de campo efectuado, apresentando-se como potencial na carta de habitats (Carta [16]). Charcos temporários mediterrânicos (3170*) Charcos formados nas depressões de terreno planos, sazonalmente inundados por água doce, em solos siliciosos e oligotróficos ou em depósitos fluviais onde predominam arenitos e conglomerados numa matriz argilosa. Apresentam comunidades variáveis, normalmente anuais, de plantas vasculares, adaptadas a solos temporariamente encharcados, de floração primaveril e de elevada diversidade. Têm como espécies dominantes o Eryngium corniculatum e várias espécies pertencentes ao género Isoetes (I. velatum subsp. velatum, I. setaceum, I. histrix), com presença sazonal de Illecebrum verticillatum, Lotus hispidus, Juncus pygmaeus, Lythrum hyssopifolia, Mentha pulegium, Agrostis pourretii, Chaetopogon fasciculatus. Os charcos temporários mediterrânicos foram confirmados apenas na área da Mata do Catapereiro, embora a sua localização não seja considerada exaustiva, devido ao período em que o trabalho de campo foi efectuado. Nos outros locais potenciais, todos os charcos encontrados destinavam-se a fornecer água ao gado, estando muito descaracterizados. Cursos de água mediterrânicos permanentes da Paspalo-Agrostidion com cortinas arbóreas ribeirinhas de Salix e Populus alba (3280) Cursos de água mediterrânicos permanentes, com depósitos fluviais ricos em compostos azotados, normalmente de granulometria fina, muito húmidos e quase todo o ano submersos ou encharcados. Possuem arrelvados dominados por Paspalum

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paspalodes, que servem de pastagem a diversos herbívoros durante o verão e são ladeados por cortinas arbóreas ribeirinhas de Salix e Populus alba. Podem surgir também várias espécies da família Gramineae (Agrostis stolonifera, Elymus repens subsp. repens, Polypogon viridis e Panicum repens) e de outras familias (Lythrum junceum, Mentha suaveolens, Ranunculus repens e Rumex sp.). São ainda frequentes salgueirais, juncais nitrófilos de Juncus inflexus, arrelvados de Cynodon dactylon, bem como um número variável de comunidades anfíbias e aquáticas. O trabalho de campo identificou como potencial este tipo de habitat, na vala de rega longitudinal à ribeira do Vale Cobrão e em afluentes represados desta ribeira. Montados de Quercus spp. de folha perene (6310) Os montados integram pastagens naturais perenes com um coberto arbóreo, pouco denso, de sobreiros (Quercus suber) e/ou azinheiras (Q. ilex subsp. ballota). São habitats de origem e manutenção antrópica, que tem por base a regular e moderada pastagem que dificulta a invasão de arbustos heliófilos, por vezes incluindo parcialmente sistemas de agricultura arvense extensiva em rotações longas. Nos montados com declínio da actividade pastorícia verifica-se uma recuperação sucessional do bosque. Para além do porte arbóreo, que pode variar bastante em densidade, existe dominância dos hemicriptófitos das pastagens (T. tomentosum, Parentucellia latifolia, Bellis annua, Erodium botrys, Gynandriris sisyrynchium, Paronychia argentea, Hypochaeris radicata). Pode por vezes possuir esporadicamente outras plantas como Quercus coccifera, Arbutus unedo, Asparagus sp. e Myrtus communis remanescentes do bosque que originou o montado. Os montados possuem um enorme valor de conservação como paisagem cultural e para a biodiversidade faunística e florística. Este habitat descreve todos os povoamentos de sobreiro existentes na área de estudo. Pradarias húmidas mediterrânicas de ervas altas da Molinio-Holoschoenion (6420) Habitats que ocorrem em solos de textura ligeira, húmidos que possuem um lençol freático próximo da superfície. São constituídos por juncais não halófilos e não nitrófilos de elevado grau de cobertura, dominados por Scirpoides holoschoenus, Juncus acutus e/ou J. maritimus e ausência de espécies halófilas. Possuem ainda frequentemente outras espécies da família Cyperaceae (Cyperus sp., Schoenus sp.) e Gramineae (Agrostis sp., Briza sp., Cynodon sp., Holcus sp., Phalaris sp., Poa sp.). Este habitat foi referenciado, com base em trabalho de campo, para as margens da ribeira do Vale Cobrão, onde se verifica a existência simultânea de Scirpus holoshoenus e de Malcomia sp. ou apenas de Scirpus holoshoenus, ao longo das margens desta albufeira.

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Florestas-galerias de Salix alba e Populus alba (92A0) Habitats maioritariamente ripícolas em solos ácidos derivados de material aluvionar. Formam bosques ou matagais, densos, dominadas por choupos (Populus nigra e P. alba), salgueiros arbóreos (Salix alba e S. atrocinerea) ou salgueiros arbustivos (S. salviifolia). Com presença de Hedera sp., Rubus sp., Rosa sp., Bellis sp., Geranium sp., Torilis sp.. Este habitat encontra-se ao longo de algumas linhas de água, encontrando-se bem conservado na vala de rega longitudinal à ribeira do Vale Cobrão e nas valas da Malhada do mar e vala do Mosqueiro, embora de forma descontínua, com a presença de choupos ou apenas de salgueiros (Salix atrocinerea, Salix sp.). na Herdade da Barroca d ‘ Alva tem uma presença mais limitada às margens da represa e ribeira do paul da barroca, embora seja natural e potencial ao longo das margens das ribeira afluentes. Subtipo: Salgueirais-choupais de choupos-negros e/ou salgueiros-brancos (92A0pt2) Subtipo que ocorre em aluviões de margens de rios e ribeiras, valas de drenagem ou mesmo margens de lameiros, apresenta dominância de choupo-negro (Populus nigra) e/ou salgueiro-branco (Salix alba). Subtipo: Salgueirais arbustivos de Salix salviifolia subsp. salviifolia (92A0pt4) Subtipo que se encontra em vales muito estreitos, no leito de cheias ou em curvas pronunciadas dos rios, em depósitos fluviais grosseiros. Estes habitats ocupam as margens de linhas de água (oligotróficas) e são dominados por Salix salviifolia subsp. salviifolia.

1.2.2.3 Identificação e caracterização fitossociologica das comunidades vegetais O termo comunidade foi aplicado a unidades de vegetação cartografadas, que podem abranger mais que um habitat, mas representam uma unidade, isto é, são manchas relativamente homogéneas de ponto de vista fitocenótico. (Proposta de metodologia para os planos de ordenamento das áreas protegidas, ICN, 2000). Utilizando esta terminologia, foram identificadas as seguintes Comunidades e/ou Unidades de Vegetação na área de estudo:

• Montados de Quercus suber • Vegetação arbustiva e subarbustiva (matagais) • Vegetação ripícola (galerias ripícolas e herbáceas higrófilas) • Sistemas húmidos intertidais (sapal, juncal e caniçal) • Vegetação dunar • Vegetação aquática • Prados Naturais • Área agrícola: regadio • Área agrícola: sequeiro/pastagens • Vegetação ruderal

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• Povoamento de coníferas • Plantações de Eucalipto

Segundo a nomenclatura adoptada para os planos de Ordenamento a nível nacional, as comunidades vegetais da área de estudo dividem-se nas seguintes classes: 1 Comunidades vegetais naturais e seminaturais

1.1 Vegetação halófita litoral, da faixa intermareal 1.1.1 Sapal estuarino predominantemente contínuo 1.1.2 Sapal estuarino predominantemente meandrizado 1.1.3 Complexos sapal/taludes/salinas/piscicultura não intensiva

1.2 Vegetação psamófila litoral 1.2.1 Comunidades de areias estabilizadas

1.3 Vegetação aquática dulçaquicola, em águas paradas, fixa na vasa, flutuante e de margem

1.3.1 Charcas, lagoachos e depressões temporariamente alagadas 1.3.2 Albufeiras e açudes não naturalizados

1.4 Vegetação ripícola de cursos de águas correntes 1.4.1 Vegetação ripícola de cursos de água permanentes

1.5 Vegetação herbácea (não halófita, não psamófila, não rupícola e não ripícola)

1.5.1 Prados e arrelvados com predominância de ervas vivazes 1.5.1.1 Depressões húmidas não paludosas (incluindo juncais)

1.6 Vegetação arbustiva [matos - matagais, matos de porte médio e matos rasteiros]

1.6.1 Matos de espécies perenifólias 1.6.1.1 Matos de espécies perenifólias esclerófilas 1.6.1.1.1 Matos de espécies micrófilas 1.6.1.1.1.1 Matos não higrofílicos 1.6.1.1.1.2 Outros matos de espécies perenifólias

1.7 Vegetação arbórea [bosques e matas naturais] 1.7.1 Montados (com aproveitamento sob coberto)

2 Comunidades vegetais com influência antropogénica 2.1 Área agrícola

2.1.1 Áreas de sequeiro 2.1.2 Áreas de regadio 2.1.3 Áreas de alagamento

2.2 Vegetação ruderal 2.3 Povoamento de coníferas 2.4 Plantações de eucalipto

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ESTUDOS DE BASE – ETAPA 1 – DESCRIÇÃO. VOLUME II (REV 1 – 2007-04-30) 25

DESCRIÇÃO DAS UNIDADES 1 Comunidades vegetais naturais e seminaturais

1.1 Vegetação halófita litoral da faixa intermareal 1.1.1 Sapal estuarino predominantemente contínuo 1.1.2 Sapal estuarino predominantemente meandrizado 1.1.3 Complexos sapal/taludes/salinas/piscicultura não intensiva

A vegetação halófita litoral, da faixa intermareal está localizada na zona sob influência das marés, estando sujeita quer às condições de agitação marítima, quer a variações no teor de salinidade das águas, como acontece na foz dos rios, que podem ser do tipo estuário, delta, ria, laguna. São sistemas vulneráveis, de elevada biodiversidade e muito dinâmicos devido à influência da orla costeira e do escoamento fluvial. Em termos de fitossociologia, algumas comunidades e associações características deste tipo de habitats, estão incluídas nas classes Juncetea maritimi, Spartinetea maritimae, Phragmiti-Magnocaricetea, Thero-Salicornietea e Saginetea maritimae. Estas comunidades estão representadas pelos seguintes habitats: 1130 Estuários; 1140 Lodaçais e areais a descoberto na maré baixa; 1210 Vegetação anual das zonas de acumulação de detritos pela maré; 1310 Vegetação pioneira de Salicornia e outras espécies anuais das zonas lodosas e arenosas; 1320 Prados de Spartina (Spartinion maritimae); 1410 Prados salgados mediterrânicos (Juncetalia maritimi); 1420 Matos halófilos mediterrânicos e termoatlânticos (Sarcocornetea fruticosi); 1430 Matos halonitrófilos (Pegano-Salsoletea). O número de habitats dos sistemas húmidos intertidais é revelador da sua importância. Estão incluídos nestas comunidades, os sapais, juncais e caniçais. Os sapais originam-se em zonas costeiras de águas calmas. O reduzido

fluxo das marés facilita a deposição dos detritos e sedimentos em suspensão e assim vão surgindo bancos de vasa onde, a certa altura, há substrato para a instalação de uma vegetação particular denominada halófita. O sapal está entre as zonas mais produtivas da biosfera, no que respeita à produção de matéria viva ou biomassa, os nutrientes chegam a ele naturalmente, levados pelo movimento constante de fluxo e

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refluxo das marés, pelos sedimentos provenientes da zona continental, pelos seres vivos que nele se fixam e, morrendo, ali se decompõem. A vegetação do sapal tem um papel muito importante na depuração das águas, devido à grande capacidade de absorver e fixar metais pesados, muitos dos quais são tóxicos para outros seres vivos; por outro lado, os abundantes microorganismos aqui existentes metabolizam e convertem em nutrientes, materiais que, de outro modo, poluiriam as suas águas. Assim sendo o sapal contribui para a diminuição do nível de eutrofização provocado por efluentes urbanos e industriais. No sapal podem-se distinguir 3 zonas: sapal baixo, margem húmida ou limite inferior do sapal, sapal médio ou zona intermédia, e sapal alto, limite superior do sapal ou margem seca, sendo cada uma destas zonas colonizadas por espécies distintas, influenciadas pela variação de salinidade, período de submersão, sedimentação e arejamento do solo. Os juncais são extensões vegetais, que aparecem nas orlas mais afastadas do sapal alto, onde a espécie dominante é o junco-marítimo ou junco-das-esteiras (Juncus maritimus). Os caniçais têm o seu nome associado ao caniço (Phragmites australis), pelo facto de ser predominante neste habitat. Geralmente tem uma distribuição ainda mais periférica que o juncal, pois é uma espécie que tolera pouco a salinidade, surgindo com o aumento da proporção de água doce, que favorece esta espécie hidrófila. É um habitat de grande importância para muitas espécies de avifauna, para as quais além de proporcionarem alimento, óptimas condições de nidificação e abrigo contra a predação dos animais terrestres, fornecem microclimas no seu interior, estando menos sujeitos a variações do nível da água e abrigadas do vento.

1.2 Vegetação psamófila litoral 1.2.1 Comunidades de areias estabilizadas

Unidade de vegetação que representa uma área muito pequena da Reserva Natural do Estuário do Tejo e que ocorre em dunas estabilizadas. A sua vegetação caracteriza-se por se desenvolver em areias mais ou menos fixas e que apenas se movimentam em pequenos corredores de deflação sem movimentação nas cristas (“dunas cinzentas”). Os solos destas dunas são pouco salinos e possuem um pH

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neutro ou ácido, sendo constituídos por uma baixa percentagem de matéria orgânica. Estas comunidades são representadas por um único habitat prioritário, dunas fixas com vegetação herbácea (“dunas cinzentas”) (2130*). Apresentam uma flora de baixo porte, que está normalmente abrigada dos ventos marinhos, com uma cobertura muito elevada e um papel muito importante na fixação e estabilização das areias dunares. Existem diversas associações, como Crucianellion maritimae, Stellarietea mediae, Linario polygalifoliae e Vulpion alopecuroris. São locais ricos em endemismos, como Armeria welwitschii, Coincya johnstonii, Jasione lusitana, Herniaria maritima, Malcolmia alyssoides, Verbascum ligiosum e outras espécies de distribuição restrita como Anthemis maritima, Armeria pungens subsp. pungens, Linaria caesia subsp. decumbens, L. lamarckii, Herniaria ciliolata subsp. robusta, Matthiola sinuata, Thymus carnosus. Na área da Reserva há uma notória degradação desta unidade de vegetação.

1.3 Vegetação aquática dulçaquicola, em águas paradas, fixa na vasa, flutuante e de margem

1.3.1 Charcas, lagoachos e depressões temporariamente alagadas 1.3.2 Albufeiras e açudes não naturalizados

Devido à localização da Reserva Natural numa zona estuarina, existem vários tipos de ambientes aquáticos de água doce, que ocupam uma área considerável. Esta unidade reúne os habitats de água doce que se encontram em lagos, charcos temporários ou depressões pantanosas de planície (Lagos eutróficos naturais com vegetação da Magnopotamion ou da Hydrocharition (3150); Lagos e charcos distróficos naturais (3160); Charcos temporários mediterrânicos (3170*), este último prioritário). Encontram-se todos em depressões do terreno com solos relativamente impermeáveis ou em locais onde a bacia freática atinge a superfície durante o Inverno, constituindo lagoas temporárias, que podem secar durante o Verão. Ocorrem em águas oligotróficas, mesotróficas ou eutróficas, paradas ou de corrente muito fraca sobre diversos tipos de substrato. Os cursos de água com corrente lenta (lagoas, charcos, açudes, valas, paúis e linhas de água de reduzido caudal), devido à sedimentação das partículas soltas, proporcionam a instalação de plantas enraizadas. As comunidades vegetais que colonizam este tipo de habitats é muito diversa, incluindo: vegetação das margens, vegetação enraizada, flutuante ou submersa e vegetação não enraizada, flutuante e

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dependem não só da disponibilidade de água, mas também do nível de nutrientes orgânicos presente. Podem ser colonizados por plantas de diversas famílias, como Isoetaceae, Lemnaceae, Azollaceae, Ranunculaceae, Hydrocharitaceae, Haloragaceae, Nymphaeaceae, Callitrichaceae, Potamogetonaceae, Najadaceae, Zannichelliaceae Sparganiaceae e Lentibulariaceae, nas margens ocorrem sobretudo plantas das famílias Gramineae, Juncaceae e Caryophyllaceae Lythraceae e Umbelliferae. Estes habitats de água doce desempenham um papel primordial na regulação dos cursos de água e dos nutrientes, pela grande produtividade e diversidade biológica que apresentam. Na área de estudo, os habitats destas comunidades encontram-se muito diminuídos, degradados (eutrofizados) e artificializados por acção antrópica.

1.4 Vegetação ripícola de cursos de águas correntes 1.4.1 Vegetação ripícola de cursos de água permanentes

Estas comunidades estabelecem-se ao longo das margens dos cursos de água, desempenhando uma importante função ecológica de fixação e manutenção das margens, bem como a regularização e retenção de águas em picos de cheia, para além de constituírem habitats próprios para muitas espécies animais. As formações vegetais de margem podem apresentar porte arbóreo, arbustivo ou herbáceo. Na área de estudo são caracterizadas ao nível do estrato arbóreo, pelo amieiro (Alnus glutinosa), freixo (Fraxinus angustifolia), salgueiros (Salix spp), choupos (Populus spp) e ulmeiro (Ulmus minor). No estrato arbustivo podemos encontrar o sanguinho (Frangula alnus), o pilriteiro (Crataegus monogyna), a urze-branca (Erica arborea), silvas (Rubus ulmifolius) e a rosa-de-cão (Rosa canina). Tanto nas comunidades arbóreas, como nas herbáceas, a distribuição das espécies é condicionada pelas exisgências bio-edafo-climáticas de cada uma delas. A vegetação desenvolvida inclui-se, predominantemente, na classe Phragmiti-Magnocaricetea.

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A flora herbácea associada a estes sistemas é muito variada e está estritamente ligada ao caudal, tipo de margem e declive. Assim, o estrato herbáceo é composto por muitas herbáceas higrófilas. Na área de estudo podemos salientar como mais representativas: o poejo (Mentha pulegium), Myosotis discolor subsp. discolor e Myosotis debilis, Lycopus europeus, Carex spp. e Juncus spp. etc. Estas comunidades constituem já habitats de transição entre os terrestres e os claramente aquáticos dulçaquicolas. A vegetação desenvolvida inclui-se predominantemente nas classes Bidentetea tripartitae e Isoeto-Nanojuncetea. Podemos considerar ainda o estrato lianóide (trepadeiras), onde podemos encontrar: a hera (Hedera madeirenses subsp. iberica), as madressilvas (Lonicera spp), o arrebenta-boi (Tamus communis) e a salsaparrilha-bastarda (Smilax aspera). Nestas comunidades estão incluídos os seguintes habitats: Cursos de água mediterrânicos permanentes da Paspalo-Agrostidion com cortinas arbóreas ribeirinhas de Salix e Populus alba (3280) e Florestas-galerias de Salix alba e Populus alba (92A0).

1.5 Vegetação herbácea (não halófita, não psamófila, não rupícola e não ripícola) 1.5.1 Prados e arrelvados com predominância de ervas vivazes 1.5.1.1 Depressões húmidas não paludosas (incluindo juncais)

Os prados naturais são pradarias higrofílicas, localizadas em depressões com um lençol freático próximo da superfície. Possuem solos de textura ligeira e de humidade elevada, mais ou menos constante ao longo do ano, correspondendo neste local a único habitat (Pradarias húmidas mediterrânicas de ervas altas da Molinio-Holoschoenion (6420)). Apresentam vegetação não halófila e não nitrófila, com elevado grau de cobertura, sobretudo da aliança Molinio-Holoschoenion. São dominados por juncais (Scirpoides holoschoenus, Juncus acutus e/ou J. Maritimus). Possuem ainda frequentemente outras espécies da família Cyperaceae (Cyperus sp., Schoenus sp.) e Gramineae (Agrostis sp., Briza sp., Cynodon sp., Gaudinia sp., Holcus sp., Phalaris sp., Poa sp.).

1.6 Vegetação arbustiva [matos - matagais, matos de porte médio e matos rasteiros] 1.6.1 Matos de espécies perenifólias 1.6.1.1 Matos de espécies perenifólias esclerófilas 1.6.1.1.1 Matos de espécies micrófilas 1.6.1.1.1.1 Matos não higrofílicos

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1.6.1.1.1.2 Outros matos de espécies perenifólias Inclui-se aqui os matos baixos, e os matos altos pertencentes aos habitats: 2150* Dunas fixas descalcificadas atlânticas (Calluno-Ulicetea); 2250* Dunas litorais com Juniperus spp. e 2260 Dunas com vegetação esclerófila da Cisto-Lavanduletalia. Os matos baixos apresentam um porte subarbustivo, e constituem formas edaficamente condicionadas, de comunidades que usualmente apresentam estrutura mais evoluída, ou representam etapas seriais evolutivas ou regressivas (Alves, 1998). Nas regiões com características mediterrânicas, estes matos podem ser dominados por rosmaninho, tomilhos, sargaços, urzes xéricas e por carrascos de porte reduzido, podendo ainda surgir, em solos menos básicos, a carvalhiça (Quercus lusitanica), estevas, etc. A vegetação inclui-se nas classes Calluno-Ulicetea, Cisto-Lavanduletea e Rosmarinetea officinalis. Podem-se considerar matos altos ou deporte elevado, em geral densos a muito densos, as comunidades arbustivas a subarbóreas, com altura superior a 1,5 metros e inferior a 2,5/3 metros, dependendo da estrutura e fisionomia. Na região mediterrânica do nosso pais, estão representados, predominantemente, nas zonas calcárias por matagais com folhados, por medronhais, urzais, carrascais, zambujais, lentiscais, sabinais e sanguinhais mais ou menos densos e evoluídos, e por matos evoluídos com Osyris e Juniperus nas zonas arenosas perto do litoral. Do ponto de vista fitissociológico, esta vegetação inclui-se na classe Quercetea ilicis.

1.7 Vegetação arbórea [bosques e matas naturais] 1.7.1 Montados (com aproveitamento sob coberto)

Os montados, constituem um tipo muito particular de formações florestais seminaturais, caracterizado fundamentalmente pela existência de um estrato arbóreo geralmente pouco denso, com uma pastagem natural ou seminatural sob coberto. Os montados de sobreiro, são mais frequentes que os de azinheira e ocorrem em locais de temperaturas menos extremas e com alguma humidade atmosférica e edáfica. Esta comunidade, corresponde ao habitat 6310, estando definida como: estruturas culturais de origem antrópica, em parque, cuja dominância ecológica é partilhada pelo remanescente arbóreo de um antigo bosque de sobreiros (Quercus suber) ou azinheiras (Q. ilex subsp. ballota) e por uma pastagem cespitosa vivaz com origem e persistência associada à pastorícia extensiva. Outras plantas remanescentes do sub-

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bosque de outras etapas de substituição do bosque podem estar pontualmente presentes (e.g. Quercus coccifera, Arbutus unedo, Asparagus sp. pl., Viburnum tinus, Myrtus communis). Em alguns montados persistem algumas manchas de matagal alto correspondentes às antigas orlas do bosque (medronhais, carrascais). Nos montados sub-pastoreados ou não-pastoreados assiste-se ao estabelecimento de comunidades secundárias correspondentes a etapas de recuperação sucessional do bosque (urzais-tojais, estevais, sargaçais ou giestais). Num montado típico, a regeneração das árvores encontra-se muito deprimida ou mesmo inexistente por efeito do uso pastoril (agrícola) do sob-coberto, que impede o sucesso das plântulas de sobreiro ou azinheira. Em Portugal, a área de montado tem vindo a decrescer, em parte devido ao envelhecimento dos efectivos, devido a doenças provocadas por fungos e outras pragas e também devido a práticas culturais desadequadas (Alves, 1998).

2 Comunidades vegetais com influência antropogénica 2.1 Área agrícola

A área agrícola, corresponde a uma unidade de vegetação, inteiramente artificial e que tem sido modelada de acordo com as necessidades humanas. A agricultura praticada é de sequeiro (pastagens) e regadio, nesta última dominam as culturas de arroz (Oryza sativa), milho (Zea mays) e forrageiras. Salienta-se a necessidade de evitar explorações intensivas dos terrenos, que a longo prazo conduzirão a eutrofização das águas das lagoas e charcos, pondo em risco a flora dos mesmos.

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2.5 Vegetação ruderal

A vegetação ruderal corresponde a comunidades vegetais sujeitas a alterações antropológicas em maior ou menor grau, dos factores edáficos. Estes habitats artificializados podem ser bermas de caminhos, taludes de estradas, entulhos, campos abandonados sujeitos a intervenção humana, etc. São predominantes comunidades herbáceas e

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subarbustivas, com um grande número de espécies, que tendem a evoluir para comunidades com maior grau de naturalidade, na ausência de intervenção humana. São típicas as classes de vegetação como, a Artemisetea vulgaris, a Stellarietea mediae, a Polygono-Poetea annua e a Geranio purpurei-Cardaminea.

2.6 Povoamento de coníferas Estes povoamentos são mais vulgarmente conhecidos como pinhais. Correspondem a formações antropógenas, seminaturais, que foram instaladas em diversas áreas do nosso país e em grandes extensões, dando origem a massas florestais monoespecíficas e contínuas, com baixa diversidade biológica. São essencialmente constituídos por povoamentos de pinheiro-bravo (Pinus pinaster), pinheiro-manso (Pinus pinea) e ou mistos, associados por vezes a outras coníferas tais como: Pseudotsuga menziezii, Cryptomeria japonica, Chamaecyparis lawsoniana, etc.

2.7 Plantações de eucalipto As plantações de eucalipto (Eucalyptus globulus) ocupam actualmente uma grande área (quase um terço) das florestas de Portugal. Esta espécie encontrou no nosso País condições ecológicas excepcionais, daí a sua plantação, sobretudo com vista à produção de pasta de papel. A Reserva Natural do Estuário do Tejo possui algumas plantações, que se restringem a pequenos núcleos, ocupando no total uma pequena percentagem da área total. Parte da área florestal é delimitada por peculiares “sebes vivas” de eucaliptos. Para além de E. globulus, também é possível encontrar com representação significativa na área de estudo E. camaldulensis, mas de uma forma geral estes povoamentos são muito pobres em termos de diversidade e interesse florístico. Deve ser salientado o facto de que, a continua plantação de eucaliptos em zonas húmidas conduzirá a drenagem das zonas húmidas, podendo por em perigo alguns habitats das comunidades de vegetação aquática e dos prados naturais.

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1.3 Fauna

1.3.1 Comunidades estuarinas A cadeia alimentar estuarina, assente nos organismos vegetais, desenvolve-se através de uma complexa teia de organismos, desde os invertebrados bentónicos e zooplâncton até aos elos superiores da cadeia, nomeadamente répteis, aves e mamíferos, culminando no Homem.

1.3.1.1.1 Zooplâncton O zooplâncton é constituído por organismos animais que flutuam ao sabor das correntes, alimentando-se do fitoplâncton e servindo por sua vez de alimento para peixes, principalmente juvenis, representando deste modo o segundo elo da cadeia trófica na coluna de água. O zooplâncton é constituído essencialmente por pequenas medusas, ctenóforos, protozoários, microcrustáceos (Copépodes e os Misidáceos) e formas larvares de crustáceos, moluscos, anelídeos e equinodermes. Apresenta picos de densidade na Primavera e no Outono, que dependem essencialmente da abundância de fitoplâncton. A montante no estuário predominam os Copépodes, dos quais a espécie Acartia tonsa é a mais comum, e os Cladóceros. Segundo Cabral (1998), comparando duas zonas do estuário – Vila Franca de Xira e Alcochete – verificou-se uma marcante predominância de misidáceos a montante enquanto os copépodes dominam a jusante. As densidades obtidas são também muito diferentes, com Alcochete a apresentar valores da ordem dos 3 mil indivíduos m-3 e a segunda valores da ordem das duas centenas de indivíduos m-3. O Ictioplâncton é um subgrupo do zooplâncton, correspondendo aos ovos e às fases larvares de peixes. A anchova (Engraulis encrasicolus), os cabozes (Pomatoschistus minutus e P. microps), os charrocos (Halobatrachus didactylus) e a corvina (Argyrossomus regius) fazem as suas posturas no estuário. Por outro lado o linguado (Solea senegalensis) integra o ictioplâncton estuarino já no estado pós-larvar, completando o ciclo de crescimento dentro do estuário (Costa e Salgado, 1999).

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1.3.1.1.2 Macrozoobentos O zoobentos, em particular o macrozoobentos, coloniza os fundos subtidais e intertidais vasosos, vaso-arenosos e areno-vasosos do estuário. No estuário do Tejo os grupos mais abundantes são os anelídeos, os moluscos e os crustáceos (Costa e Salgado, 1999). O poliqueta mais abundante no estuário do Tejo é Hediste diversicolor, típico de ambientes intertidais. Constitui uma importante como fonte de alimento para aves, como a tarambola-cinzenta e peixes, como o linguado ou a patruça, sendo alvo de apanha comercial, como isco para pesca. Os oligoquetas, os poliquetas Cirratulidae, Capitella capitata e Streblospio shrubsolli, e os crustáceos Corophium sp. e Cyatura carinata, são espécies conhecidas por serem tolerantes ao enriquecimento do sedimento em matéria orgânica e são comuns no estuário (Silva et al., 2006). Estas e outras espécies de poliquetas também muito abundantes no estuário, são dominantes em comunidades macrozoobentónicas influenciadas por poluição. Entre os moluscos, destacam-se as espécies que possuem valor comercial no estuário: os bivalves lambujinha (Scrobicularia plana) e o berbigão (Cerastoderma edule), o mexilhão (Mytillus galloprovincialis), além da ostra-portuguesa (Crassostrea angulata), cuja população decresceu drasticamente a partir dos anos 60-70 devido a factores exógenos (bactéria e malformações originais pelo TBT – tributilestanho). Entre os moluscos cefalópodes salienta-se o choco-vulgar (Sepia officinalis), que se reproduz no estuário entre Fevereiro-Março até Agosto, e é alvo de pesca comercial (Dias e Marques, 1999). A nível de crustáceos decápodes, destacam-se pela sua importância ecológica ou comercial o camarão-mouro (Crangon crangon), o camarão-branco (Palaemon longirostris), o camarão-branco-legítimo (Palaemon serratus), o caranguejo-verde (Carcinus maenas) e o caranguejo-chinês (Eriocheir sinensis) (Costa e Salgado, 1999). O camarão-mouro e o caranguejo verde são espécies dominantes no estuário e desempenham um papel muito importante nas cadeias tróficas estuarinas, servindo de alimento preferencial para espécies como o robalo, o congro ou a enguia (Dias e Marques, 1999). O caranguejo chinês é uma espécie exótica recentemente introduzida no estuário, que compete com as espécies indígenas (Carcinus maenas) sendo considerada potencialmente nociva. O primeiro estudo efectuado depois da construção da Ponte Vasco da Gama (Cabral, 2001) sobre os crustáceos decápodes, revelou para a zona oligohalina do estuário que se estende até Vila Franca de Xira, a existência de 3 espécies: camarão-branco, caranguejo-chinês e camarão-mouro. Nas estações de amostragem de montante,

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mais próximas da área de estudo, o camarão-branco surge com maiores densidades na Primavera e no Outono, o camarão-mouro é mais frequente na Primavera, enquanto o caranguejo-chinês é mais comum no Verão. No entanto, as densidades observadas nesta zona do estuário são bem mais baixas do que em outras estações, situadas a jusante. Deve também ser destacada a antiga riqueza dos bancos de ostras no estuário, que se formaram até ao final da década de 60, onde terá sido originária a ostra portuguesa (Crassostrea lusitanica). As ostreiras hoje em dia não tem qualquer interesse comercial, sendo colonizadas por macroalgas. As antigas ostreiras ocupam uma área de 16 km2. Em termos de biótopos, o macrozoobentos distribui-se pelos seguintes habitats principais (Calvário, 1982):

Sapal – Reconhecem-se duas comunidades: uma do supra-tidal (sapal com Juncus maritimus), essencialmente com Lygia oceanica e Porcellio pruinosus; e outra no sapal médio e baixo onde predominam os insectos, seguidos dos crustáceos e dos moluscos. Como espécies exclusivas registam-se Sphaeroma rugicauda que domina os povoamentos. Predominantes são também Orchestia spp. e Hydrobia ulvae. São ainda importantes o isópode Lygia oceanica e o caranguejo Carcinus maenas, Orchestia kosswigi, Paragnathia formica e Physa acuta.

Ostreiras – Possuem sedimento variável que tanto pode ser de areia vasosa, vasa arenosa até às vasas negras compactas, pelo que a comunidade macrozoobentónica se distribui também ao longo deste gradiente. É neste tipo de substrato que se encontram as comunidades com fácies do Mytilus galloprovincialis (mexilhão) e de Cerastoderma edule (berbigão). É também de referir a presença de Hediste diversicolor e o crustáceo Cyathura carinata, comuns nos três tipos de sedimentos e ainda Scrobicularia plana, mais comum em vasa arenosa e vasa negra. As espécies Melita palmata, Hydrobia ulva e Carcinus maenas são capturadas especialmente em areia vasosa. As ostreiras possuem ainda um grande número de espécies exclusivas tanto poliquetas, como crustáceos ou moluscos: Marphysa sanguinea, Nereis succinea, Lagisca extenuata, Eunöe nodosa, Autolytus sp., Hymeniacidon sanguinea, Reniera spp., Lepa anatifera, Heterotanais oerstedii, Sphaeroma hookeri, Leptocheiros pilosus, Littorina littorea, Conopeum sp.

Areias vasosas – Apresentam como espécie dominante, o poliqueta Hediste diversicolor. Refere-se ainda a espécie de crustáceo comum, Cyathura carinata e a espécie exclusiva Glycera convoluta (rara). É ainda de salientar a presença de Cerastoderma edule. Este tipo de sedimento, quando em transição para os os povoamentos lóticos menos salinos (cerca de 5%), apresenta como espécie representativa o crustáceo Gammarus chevreuxi.

Vasas arenosas e vasas negras compactas – Nestes habitats predomina a Scrobicularia plana e Hediste diversicolor, tendo com espécie exclusiva, embora rara, a Diopatra neapolitana (minhoca-da-pesca).

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Areias – As praias interiores do estuário, são constituídas por areias mais ou menos grosseiras e mal calibradas, com origem terrígena e fluvial. Nestes habitats domina o anfípode Talitrus saltator (54% das capturas). Referem-se ainda outras espécies exclusivas da areia: Talorchestia deshayesei, Hyale perieri, Tylos europaeus, Eurydice pulchra, Idotea baltica e Zenobiana prismatica. O supralitoral da praia, onde os detritos se acumulam, caracteriza-se pelos anfípodes detritívoros Talitrus saltator e Talorchestia deshayesei. No mesotidal superior, que é inundado em todas as preia-mar, abundam os anfípodes Orchestia sp., também detritívoros. Nesta faixa encontra-se areia fina sobre sedimentos mais vasosos. Numa faixa inferior, preenchida por areia vasosa que gradualmente se transforma em vasa arenosa e frequentemente inundada, refere-se o anfípode Melita palmata, o poliqueta, Hediste diversicolor, os moluscos Hydrobia ulvae, Phytia myosotis, Leucophytia bidentata e pelo isópode Cyathura carinata. Em níveis inferiores da praia, já vasosos, a espécie Hediste diversicolor e o molusco Scrobicularia plana (lambujinha) dominam, prolongando-se pelo infratidal.

Além do sedimento, outros factores são preponderantes na distribuição do macrozoobentos: temperatura, salinidade e duração do dia/noite, resultando em comunidades representativas de Verão e de Inverno (Silva et al., 2006). A variabilidade interanual, contudo, também é destacada por estes autores, bem como fenómenos episódicos, como por exemplo chuvas intensas.

1.3.1.1.3 Ictiofauna A ictiofauna do estuário pode dividir-se consoante a sua ecologia (Costa, 1982):

• Peixes ocasionais no estuário: geralmente encontrados na preia-mar, se de origem marinha, ou na baixa-mar, se de origem fluvial;

• Peixes marinhos migradores: que utilizam o estuário com área de desova ou nursery; estes entram estuário para desovar ou na sua fase larvar juvenil, enquanto ictioplâncton;

• Peixes migradores anfihalinos: catádromos ou anádromos consoante se reproduzem no mar e entram no estuário para passarem a sua fase adulta em ambiente dulciaquícola ou em meio marinho entrando nos rios apenas para a reprodução;

• Peixes residentes: que vivem a totalidade do seu ciclo de vida no estuário. Em termos de evolução temporal, Costa e Cabral (1999) assinalam a evolução positiva de algumas espécies ou grupos ecológicos e a evolução negativa de outros, como se pode observar no Quadro 1.3.1.

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Quadro 1.3.1. Número de espécies por grupo ecológico.

Grupo ecológico 1978-1980 1994-1996

Residentes 25 35 Anádromos 3 0 Catádromos 3 6 “nursery” 18 16 Marinhas ocasionais 46 40 dulciaquícolas 5 3 Total 39 42

Verifica-se que espécies comuns no estuário como os Syngnathidae, no período 94-96 tornaram-se raras, enquanto outras pouco habituais mostram um aumento, tal como o caboz (Gobius spp.), o sargo (Diplodus vulgaris), a taínha (Liza ramada), o charroco (Halobatrachus didactylus) e a corvina (Argyrossomus regius). A maior parte das espécies piscícolas ocorrentes no estuário do Tejo são espécies cujo habitat predominante é a zona marinha costeira e que frequentam o estuário ocasionalmente (Dias e Marques, 1999). Muitas espécies, como a sardinha (Sardinia pilchardus), o salmonete (Mullus surmuletus), a dourada (Sparus aurata), as tainhas (Liza aurata, Mugil cephalus e Chelon labrosus) e o peixe-rei (Atherina boyerii), usam o estuário como área de crescimento, embora não preferencialmente. O estuário é mais importante para os peixes marinhos que utilizam o estuário como área de postura, como a corvina, o cação e o biqueirão. Outros peixes utilizam o estuário apenas como área de viveiro (nursery) preferencial, como o linguado-legítimo (Solea solea), o linguado do senegal (Solea senegalensis), o robalo (Dicentrarchus labrax), a faneca (Trisopterus luscus), a cabra-cabaço (Trigla lucerna), o laibeque-dos-cinco-barbilhos (Ciliata mustela) e a solha ou patruça (Platichthys flesus). Em relação aos locais de nursery a zona de montante do estuário (Mar-da-Palha até Vila Franca de Xira) possui um papel importante (ver carta [15], vegetação e biótopos). Estudos realizados em 1978-80 e 1994-96 (Costa e Cabral, 1999) mostram um decréscimo na abundância de muitas espécies que utilizam o estuário como “nursery”, nomeadamente da faneca, o laibeque-dos-cinco-barbilhos, o ruivo e a solha. Apenas o linguado e o robalo mantêm a importância no estuário, apesar de apresentarem um padrão de abundância irregular, conforme se representa na Figura 1.3.1 e Figura 1.3.2. O decréscimo verificado na maioria das espécies foi associado pelos autores à poluição das águas estuarinas. De notar que as espécies que viram diminuir os seus efectivos estuarinos têm hábitos demersais, alimentando-se de crustáceos, enquanto que o robalo e as solhas são bênticos com alimentação mais variada.

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/100

0m2

Dicentrarchus labrax

Solea spp.

Figura 1.3.1. Evolução temporal das capturas de robalo (Dicentrarchus labrax) e do linguado

(Solea solea e Solea senegalensis) no estuário do Tejo (Fonte: Costa e Cabral, 1999). O linguado-legítimo (Solea solea) entra no estuário em Abril e atinge a zona de nursery nos canais entre os mouchões (Vila Franca de Xira). O linguado-do-senegal (Solea senegalensis) entra no estuário mais tarde, entre Junho e Agosto, distribuindo-se por duas zonas de alimentação principais: a área anterior e uma área próxima de Alcochete (Cabral, 2000). Na zona de Vila Franca de Xira a sua alimentação é generalista, consoante a disponibilidade de organismos bentónicos, tendo sido registadas nos últimos anos densidades máximas de 410 indivíduos ha-1 para S. senegalensis e 616 indivíduos ha-1 para S. solea (Costa et al., 1996; Cabral, 1998 in Dias e Marques, 1999). Segundo Fonseca (2004), as variáveis ambientais que melhor descrevem a adequabilidade de habitat para os juvenis destas duas espécies são a temperatura da água, as áreas intertidais e a qualidade e quantidade de alimento.

0

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1978 1979 1980 1988 1994 1995 1996

ind.

/100

0m2 Trisopterus luscus

Ciliata mustela

Trigla lucerna

Platichthys flesus

Figura 1.3.2. Evolução temporal das capturas de faneca (Trisopterus luscus), laibeque-de-

cinco-barbilhos (Ciliata mustela), cabra-cabaço (Trigla lucerna) e solha (Platichthys flesus) no estuário do Tejo (Fonte: Costa e Cabral, 1999).

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O robalo (Dicentrarchus labrax) entra no estuário em Maio e atinge as maiores densidades em Junho. A área de maior concentração parece ser junto à margem esquerda do estuário, na zona de Alcochete. Frequenta também as áreas entre os mouchões, alimentando-se de crustáceos – decapoda, mysidacea e isopoda (Cabral e Costa, 2001). As densidades de robalo atingem valores máximos na zona de Alcochete, com 360 a 818 indivíduos ha-1 (Cabral, 1998 in Dias e Marques, 1999). O sargo (Diplodus bellotti) e a safia (Diplodus vulgaris) são espécies que se distribuem, por todo o estuário excepto no alto estuário (desde o canal da Cala das Barcas / Mouchão da Póvoa até Vila Franca de Xira). Enquanto a espécie D. bellottii mostra maiores densidades de adultos e juvenis na boca do estuário e zona costeira adjacente, a espécie D. vulgaris prefere a zona intermédia do estuário, desde os mouchões do Lombo do Tejo e de Alhandra, até à Ponte Vasco da Gama. No entanto, verifica-se uma considerável sobreposição de habitat, na zona da ponte Vasco da Gama. O grupo dos peixes residentes apresenta espécies como as marinhas (Syngnathus abaster, S. acus e S. typhle), os cavalos-marinhos (Hippocampus hippocampus e H. ramulosus), os cabozes (Gobius niger, G. Paganellus, Pomatoschistus minutus e P. microps) e o charroco (Halobatrachus didactylus). A anchova (Scomber japonicus), que também mantém uma população residente no estuário. O caboz-vulgar (Potamoschistus microps) e o caboz-da-areia (Potamoschistus minutus) são as espécies mais comuns no estuário (Cabral et al., 2001 in Salgado et al., 2004) e com uma função importante na teia alimentar estuarina. Estas espécies frequentam as zonas intertidais do estuário, alimentando-se essencialmente de poliquetas (Salgado et al., 2004). Um grupo com grande importância conservacionista e económico embora em progressivo declínio, é o dos migradores anfihalinos, na sua maioria protegidos a nível europeu (Dec.-Lei nº 49/2005 de 24 de Fevereiro que transpõe a Directiva comunitária “Habitats”: 92/43/CE). Encontram-se referidos para o Tejo os peixes anádromos Lampreia-de-mar, a Lampreia-de-rio, a savelha e o sável, e entre os peixes catádromos a enguia e a taínha-fataça. A Lampreia-de-mar (Petromyzon marinus) é uma espécie ameaçada, com estatuto de vulnerável em Portugal (Cabral et al., 2006) e Espanha e que tem verificado um declínio populacional acentuado nos rios portugueses (Almeida et al., 2000). Apresenta elevado valor comercial que tem aumentado com a elevada procura e a diminuição dos efectivos desta espécie nos rios. Para além da pesca como factor de mortalidade da espécie, outros factores, nomeadamente a poluição e a destruição de habitat, associada à construção de barragens e extracção de inertes (Almeida et al., 2000). Esta espécie ocorre nas bacias hidrográficas do norte e centro e no estuário do Tejo efectuando a migração entre Dezembro e Maio, com um pico entre Fevereiro e

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Março, altura em que é abundante no estuário. Durante a migração anádroma, as lampreias não se alimentam e, após a desova, a maior parte morre. As lampreias sobem alguns afluentes, como o Sorraia e a ribeira do Divor, e o rio Tejo até à barragem de Belver, para desovarem. O substrato dos locais de desova é dominando por sdimento groseiro, podendo mesmo ter pedras, mas também sedimento mais fino, para fixação dos ovos. Após a eclosão a larva, denominada amoceta, enterra-se e alimenta-se por filtração. Após a metamorfose, o adulto dirige-se para o mar, só voltando a entrar no estuário para a reprodução. Os leitos de larvas da lampreia foram prospectados por Ferreira e Oliveira (1996 in PBH Tejo, 2000). Entre as ameaças são referidas a construção de açudes e barragens a pesca profissional e o furtivismo, a alteração dos caudais e a poluição e dragagem nos rios (Cabral et al., 2006). A lampreia-de-rio (Lampetra fluviatilis) distribui-se desde as águas costeiras do NW da Europa até ao sul (Almeida, PR, coord, 2004). Em Portugal só é conhecida para a bacia hidrográfica do rio Tejo, nomeadamente nas bacias hidrográficas do rio Sorraia e da Ribeira de Muge. Esta espécie tem estatuto de Criticamente Em Perigo no livro Vermelho (2006) e está provavelmente extinta em Portugal, apesar de, em termos globais, ser considerada como de baixo risco, pela UICN (PBH Tejo, 2000). Tem um período de migração e reprodução desconhecido, preferindo locais abrigados com areia fina ou gravilha e baixa profundidade (cerca de 30 cm) para a desova. As larvas enterram-se alimentando-se por filtração, durante um período que pode ir dos três aos sete anos. A forma adulta desce o rio, vivendo no estuário ou na zona costeira adjacente. A principal ameaça a esta espécie poderá ser a interrupção do continuum lótico, através da construção de açudes e barragens (Almeida, coord., 2004). O sável (Alosa alosa) é uma espécie considerada Em Perigo em Portugal (Livro Vermelho, 2006), sendo raro no Tejo (PBH, 2000), tendo as suas populações a nível nacional sofrido um franco declínio. Entra no estuário a partir de Janeiro/Fevereiro, constituindo o estuário um habitat de passagem para os rios. No entanto após a eclosão, em meio dulciquícola, o juvenis dirijem-se para o estuário, entre Agosto e Outubro, onde permanecem durante um a dois anos, antes de migrarem para o mar. A savelha (Alosa fallax), considerada Vulnerável a nível nacional (Livro Vermelho, 2006), mantém uma população abundante no rio Tejo, embora em regressão (PBH, 1990), sendo classificada também como vulnerável. A savelha tem a época de migração a partir de Março. Após a eclosão, em meio dulciaquícola desce até ao estuário onde permanece mais tempo do que o sável, alimentando-se de outros peixes: sardinha, biqueirão, caboz (Pomatoschistus minutus e P. microps) e peixe-rei e secundariamente de invertebrados e detritos orgânicos (Assis et al., 1992). Em relação a factores de risco para estas duas espécies, destaca-se a construção de açudes e barragens, a pesca profissional e o furtivismo, a alteração dos caudais, a poluição e dragagens nos rios, além da sobrepesca (Cabral et al., 2006). A enguia

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(Anguilla anguilla) apresenta em Portugal estatuto de Em Perigo (Cabral et al., 2006), sendo alvo de pesca ilegal em larga escala, principalmente na sua fase larvar, quando atinge os preços mais elevados no mercado internacional. No entanto, no estuário ainda é considerada abundante. A enguia europeia reproduz-se no mar dos sargaços, migrando as suas larvas de forma passiva através do Atlântico. Ao chegar à plataforma continental sofre metamorfose e passa a apresentar a forma de enguia-de-vidro, meixão ou angula, que tem o aspecto de uma pequena enguia hialina. Com esta forma migra através dos estuários, sendo gradualmente pigmentada, adquirindo então o nome de “enguia amarela”. Com a maturação sexual denomina-se enguia-de-prata ou eiroz. Costa (1989) estudou a enguia no estuário e zonas dulciaquícolas: os machos adultos iniciam a migração de volta ao local da reprodução com cerca de 2 a 4 anos de idade. No estuário a população é mais abundante do que nos rios, possivelmente devido à disponibilidade de alimento, onde têm como presas mais comuns o caranguejo (Carcinus maenas) e anfípodes. A actividade das enguias é inibida por temperaturas baixas (< 7º C) e altas (> 25ºC), sendo a actividade particularmente intensa entre meados do Inverno e o Outono, no estuário do Tejo. Em ambientes dulciaquícolas os insectos são a presa preferencial das enguias. Sendo a densidade no estuário superior à do rio, há mais machos no primeiro e mais fêmeas no segundo, pois o sexo está relacionado com as densidades (Costa et al., 1993; Costa, 1989). A grande plasticidade ambiental da enguia, permite-lhe adaptar-se a condições muito diferentes, quer a nível de sedimento (desde vasoso até cascalhento), salinidade, profundidade da água, oxigenação da água, etc. Entre as ameaças a esta espécie são referidas acima de todas a pesca profissional e o furtivismo. São também graves os factores como a construção de açudes e barragens, a alteração dos caudais, a poluição e as dragagens nos rios. É de salientar a disseminaçao do nematodo Anguillica crassus doença que tem afectado a viabilidade reprodutora desta espécie (Cabral et al., 2006). A taínha, fataça ou muge (Liza ramada) é o único peixe diádromo que não se encontra ameaçado em Portugal, possivelmente devido ao seu ciclo de vida e à ausência de valor comercial (Almeida et al., 2000). Segundo Almeida et al., (1992) a taínha-fataça efectua migrações para o mar, para reprodução entre Setembro e Novembro. Entra enquanto juvenil de novo no estuário, concentrando-se essencialmente na zona de Alcochete, preferindo fundos pouco profundos de vasa negra. Encontram-se também documentadas migrações para montante, para ambientes dulciaquícolas cuja função não é bem conhecida e que decorrem nos meses de Abril a Agosto. Os adultos ingerem detritos e sedimento, digerindo a parte orgânica, mas também poliquetas e algas enquanto os juvenis se presumem carnívoros (Costa et al., 1993). Finalmente é de referir, uma vez que a área de estudo se encontra na zona de montante, que há espécies tipicamente dulciaquícolas que podem ser visitantes ocasionais desta parte do estuário. Nestas condições encontram-se o barbo (Barbus bocagei) - uma espécie endémica da península Ibérica e classificada no Dec.-Lei nº

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49/2005 de 24 de Fevereiro - e a carpa (Cyprinus carpio), uma espécie introduzida. Em termos de densidades, Fonseca (2004) registou nas estações de montante, que interessam ao presente estudo, densidades médias totais entre 5 a 20 indivíduos por 1000 m2. Em termos de riqueza específica, a zona de montante apresentou, segundo este autor, entre 3,4±1,7 e 5±2,7 espécies, com um máximo de 9 espécies.

1.3.1.2 Evolução das comunidades estuarinas e algumas ameaças Em relação aos peixes tem-se vindo a observar uma diminuição das capturas de algumas espécies a par com o aumento de outras, como é referido por Cabral et al., (2001). Verifica-se uma diminuição na abundância de várias espécies que utilizam o estuário como zona de viveiro ou nursery e o aumento de algumas espécies residentes como o caboz (Gobio spp.) e o charroco (Halobatrachus didactylus). Por outro lado, tem-se verificado o aparecimento de algumas espécies de águas mais quentes no estuário do Tejo, tais como a dourada (Sparus aurata) ou o sargo (Diplodus bellottii). Esta modificação da comunidaede íctica poderá estar relacionada com as alterações climáticas recentes, atribuídas às actividades humanas, nomeadamente as emissões industriais à escala planetária. Em relação às espécies que utilizam o estuário como viveiro, tem-se revelado a diminuição de Trisopterus luscus, Ciliata mustela, Trigla lucerna e Platichthys flesus permanecendo os linguados e o robalo (Costa e Cabral, 2001; Vasconcelos, 200/2001). O sargo (Diplodus bellottii), uma espécie originária de Africa tem visto os seus efectivos crescer no estuário e mostra uma sobreposição de habitat razoável com a espécie indígena, a safia (Diplodus vulgaris). Em relação a uma potencial competição entre as duas espécies, não há evidência mas poderá vir a ocorrer já que ambas têm uma ecologia alimentar semelhante, no caso de haver escassez do recurso alimentar (Horta et al., 2004). Em relação à sua distribuição no estuário observam-se as densidades mais elevadas na zona da ponte Vasco da Gama, possivelmente associadas ao tipo de substrato, rochoso e à disponibilidade de alimento para estas espécies omnívoras: algas, bivalves, poliquetas e crustáceos. Em relação a invertebrados, destaca-se a recente colonização do caranguejo-chinês (Eriocheir sinensis), que já é uma espécie comum nas comunidades de crustáceos decápodes estuarinas (Cabral, 2001), podendo vir a tornar-se uma espécie infestante, pois compete com o seu congénere indígena, o caranguejo-verde (Costa e Salgado, 1999). É encontrado nas redes de pesca da enguia, desde o médio-alto estuário (Alcochete, Vila Franca de Xira) até cerca de 80 km para montante da foz. Este caranguejo é comercializado em algumas localidades, podendo atingir preços mais elevados do que os seus congéneres indígenas (Carcinus maenas e Crangon crangon) (Cabral e Costa, 1999).

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1.3.2 Avifauna O Estuário do Tejo é considerado como uma das dez zonas húmidas mais importantes para as aves aquáticas migradoras da Europa e a mais importante a nível nacional (Dias e Marques, 1999). Das cerca de 200 espécies de ocorrência regular, 46 encontram-se incluídas no anexo I da Directiva Aves (Directiva 79/409/CEE) (Costa et al., 2003). Situa-se na rota de migração de importantes contingentes de aves invernantes que o procuram em busca de alimento, tranquilidade e refúgio, preparando-se para a época de reprodução que vai depois decorrer nas regiões mais setentrionais do Paleártico. É uma zona húmida de importância internacional que, concentra durante a época de invernada, um número substancialmente superior a 20 000 aves aquáticas (mínimo considerado necessário para a atribuição do estatuto de zona húmida de valor internacional). Destacam-se, por um claro predomínio, as populações de limícolas, acolhendo em média (anos de 1987 a 1998) cerca 72% dos efectivos invernantes nacionais daquele grupo no estuário do Tejo. Entre as limícolas mais abundantes figuram o maçarico-de-bico-direito (Limosa limosa), o pilrito-comum (Calidris alpina), o alfaiate (Recurvirostra avosetta), a tarambola-cinzenta (Pluvialis squatarola) e o perna-vermelha (Tringa totanus). Também no que respeita aos anatídeos, o Tejo albergou em Janeiro (1989-1992) mais de 30% do total dos efectivos recenseados a nível nacional. A zona possui também grande valor como local de migração Outonal de passeriformes transarianos, onde se incluem espécies como o pisco-de-peito-azul (Luscinia svecica), a felosa-dos-juncos (Acrocephalus schoenobaenus), entre outros (Dias e Marques, 1999). A área justifica ainda a sua importância internacional por suportar mais de 1% da população de várias espécies incluídas no anexo I da Directiva Aves, durante as épocas de reprodução e/ou invernada. São elas, a garça-vermelha (Ardea purpurea), o perna-longa (Himantopus himantopus), o alfaiate (R. avosetta), a garça-branca (Egretta garzetta), a garça-pequena (Ixobrychus minutus), a cegonha-branca (Ciconia ciconia), o colhereiro (Platelea leucorodia), a águia-sapeira (Circus aeruginosus), a águia-pesqueira (Pandion haliaetus), a franga-d´água-pequena (Porzana pusilla), o combatente (Philomachus pugnax), a gaivina-de-bico-preto (Gelochelidon nilotica), o garajau-comum (Sterna sandvicensis), a andorinha-do-mar-anã (Sterna albifrons), a gaivina-dos-paúis (Chlidonias hybridus), a gaivina-preta (Chlidonias niger) e a coruja-do-nabal (Asio flammeus) (Dias e Marques, 1999). As aves nidificantes constituem um grupo muito menos numeroso do que o constituído pelas aves invernantes. Ainda assim, o estuário assume grande importância para a conservação de algumas delas como sejam: a garça-vermelha (A. purpurea), a águia-sapeira (C. aeruginosus), o perna-longa (H. himantopus) e a andorinha-do-mar-anã (S. albifrons) (Dias e Marques, 1999). As principais ameaças à avifauna aquática são as que concorrem para a deterioração ou destruição dos seus habitats. Sobretudo devido à ampliação de zonas portuárias e industriais à custa de zonas de sapal, transformação de salinas para aquacultura, expansão urbanística nas margens do estuário, poluição (industrial,

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urbana e agrícola), aumento da extensão das culturas de regadio, drenagens, etc. A consciencialização do valor desta zona húmida, por parte da comunidade científica, dos ornitólogos e da sociedade em geral, é um passo fundamental para que sejam tomadas medidas necessárias para a preservação deste património ímpar em Portugal (Dias e Marques, 1999).

1.3.2.1 Biótopos e comunidades de aves associadas Como já foi anteriormente referido o estuário do Tejo é constituído por vários biótopos. Zona subtidal ou permanentemente submersa Esta zona abrange cerca de 60% da área total estuarina, na qual ainda se podem considerar dois biótopos:

• Zona subtidal de pequena profundidade - Constitui um biótopo importante de alimentação para aves piscívoras como a garça-branca-pequena e a garça-cinzenta que pescam nos canais e charcas durante a baixa-mar (Leitão et al., 1998).

• Restante zona do corpo central de águas estuarinas - É um dos maiores biótopos do estuário, servindo de habitat a espécies de origem predominantemente marinha. Os grupos de peixes e crustáceos são aqui claramente dominantes encontrando nas águas estuarinas um meio favorável à colonização. Em termos de avifauna o garajau-comum e o corvo-marinho-de-faces-brancas têm aqui uma das suas principais zonas alimentares (Dias e Marques, 1999).

Zona entre-marés sem vegetação A zona intermareal, intertidal ou entre marés, com cerca de 13 600 ha, abrange um pouco mais de 40% da área total estuarina (Dias e Marques, 1999). A natureza do sedimento tem um papel importante na classificação destes biótopos, uma vez que influencia fortemente as comunidades vegetais e animais que neles se desenvolvem. A granulometria, a composição e a natureza dos elementos minerais e biológicos do sedimento permite a identificação da vasa, vasa arenosa, banco de ostras e areias vasosas, como sendo os tipos mais representativos das zonas entre marés. A comunidade de aves associada a estas zonas entre marés é composta por um conjunto de espécies principalmente invernantes e/ou migradoras de passagem, que possuem uma grande capacidade de aproveitamento do alimento disponível durante a baixa-mar (Leitão et al., 1998). A existência no estuário do Tejo de uma faixa entre marés, junto ao limite do sapal, que permanece exposta em preia-mar de águas mortas, oferece às aves um refúgio de preia-mar alternativo a outras zonas abrigadas do efeito da maré, nomeadamente as salinas. No que diz respeito à utilização destes dois tipos de refúgios é nítida a preferência das aves pelos refúgios entre marés, onde permanecem sempre que

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existe espaço disponível. A abundância de aves nas salinas não é independente da altura de preia-mar já que o seu número só aumenta substancialmente nas alturas de preia-mar em que a água chega ao limite do sapal e a zona entre marés fica completamente submersa. No estuário do Tejo a perturbação causada por predadores aéreos, parece ser o factor mais importante na selecção de refúgios de preia-mar. O número de aves que se concentra nos refúgios atrai os predadores, sobretudo aves de rapina, como a águia-sapeira e águia-calçada e ainda a águia-de-asa-redonda, falcão-peregrino, águia-cobreira e a águia-caçadeira. A sua influência é superior nas salinas, onde factores como a fraca visibilidade e a grande concentração de indivíduos aumentam o estado de alerta das aves. Um maior nível de perturbação, aliado ao consequente dispêndio de energia, parece tornar a permanência nas salinas desvantajosas para as aves, relativamente aos refúgios de preia-mar (Encarnação, 2002). A densidade e biomassa de invertebrados disponíveis para as aves limícolas são inferiores nas áreas de refúgio entre-marés relativamente às zonas entre marés adjacentes. As reduzidas densidade e biomassa de invertebrados nas zonas de refúgio, devem-se por um lado a factores físicos que determinam a comunidade de invertebrados ai existente e por outro, à forte pressão predatória a que estão sujeitas. A relação inversa existente entre a densidade de invertebrados e o número máximo de horas consecutivas de exposição das áreas condiciona a utilização destas zonas de refúgio como locais de alimentação pelas aves limícolas. Assim as aves limícolas permanecem preferencialmente nas zonas com menor tempo de exposição, onde a abundância de presas é maior e consequentemente a proporção de aves em alimentação também é mais elevada (Encarnação, 2002). Algumas zonas intertidais do estuário durante a noite encontram-se iluminadas, devido à proximidade de centros urbanos. Algumas aves limícolas, como Charadrius hiaticula, Pluvialis squatarola e Calidris alpina, parecem preferir realizar actividades de alimentação em zonas sujeitas a essa iluminação artificial. Os predadores visuais como C. hiaticula e P. squatarola apresentam uma maior actividade alimentar nas zonas onde os níveis de iluminação são mais elevados. Assim a importância nocturna de áreas iluminadas deve ser tida em conta para a conservação das limícolas e dos seus habitats (Miranda, 2005). A paisagem da margem Norte do estuário do Tejo sofreu alterações profundas (entre 1967 a 1996), ou seja, os campos agrícolas, o coberto predominante em 1967, ocupando 67% desta zona, foram em grande parte substituídos por zonas urbanas, as quais se tornaram na unidade predominante. As salinas registaram decréscimos, em termos de área, de cerca de 40%. O sapal sofreu um diminuição menos acentuada que as salinas e os campos. Estas alterações sugerem que esta margem tenha sido, num passado relativamente recente, e em termos de habitat potencial, uma zona mais

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importante em termos ecológicos para as aves, a nível dos biótopos salinas, zonas agrícolas e sapal (em menor grau) (Rosa, 1999). Em 1996 a comunidade de aves aquáticas das zonas entre marés da margem Norte do estuário do Tejo apresentou uma diversidade específica apreciável, embora individualmente as espécies apresentem densidades relativamente baixas, em comparação com outras zonas entre-marés da margem sul do estuário (Moreira, 1995). As espécies mais abundantes são o guincho, o flamingo, a gaivota-de-asa-escura e o alfaiate. A garça-cinzenta apresentou um número de efectivos apreciável. Nesta zona ocorrem 32 espécies, pertencentes maioritariamente à ordem dos Charadriiformes (69%), representando as ordens dos Ciconiformes e dos Anseriformes 16% e 9%, respectivamente, da totalidade das espécies. O tipo de sedimento é praticamente homogéneo (constituído essencialmente por vasa; Calvário, 1982), constituindo um local favorável à exploração de outros factores, nomeadamente relacionados com a humanização, como é o caso dos efluentes. Assim o tipo de substrato, a humanização da zona e a presença de vegetação de sapal na margem adjacente à zona entre marés, condicionam a distribuição das espécies na margem Norte do estuário. Nesta zona os efluentes com maior carga poluente, são seleccionados pelas espécies de gaivotas. O alfaiate e a gaivota-de-asa-escura são favorecidos pela ocupação das margens por construções humanas e a presença de pessoas na margem. O resultado de futuras intervenções humanas na margem Norte, em termos da ocupação da zona entre marés e da zona de sapal, será de esperar que uma diminuição da diversidade de espécies, acompanhada de um favorecimento de espécies antropofílicas e oportunistas (Rosa, 1999). Vasas (vasa e vasa arenosa) – Vulgarmente conhecidas por lodos ou lamas, formam indubitavelmente o biótopo mais importante no que respeita à produção de alimento para a avifauna migradora invernante. Estas grandes extensões de lama sujeitas à acção das marés são povoadas por macro invertebrados bentónicos, tendo como espécies mais comuns o poliqueta Hediste diversicolor, o bivalve Scrobicularia plana e o isópode Cyathura carinata, que constituem a dieta de alfaiates e maçaricos-de-bico-direito (Dias e Marques, 1999). Os macroinvertebrados bentónicos como, H. diversicolor, Hydrobia ulvae e S. plana, presentes nas zonas de vasa apresentam densidades significativamente mais elevadas nas zonas próximas de canais de escoamento. Na proximidade destes canais (nos 2 m mais próximos) são observadas densidades significativamente mais elevadas de algumas espécies de aves limícolas, nomeadamente o pilrito-comum, a seixoeira, o maçarico-de-bico-direito e o fuselo, a tarambola-cinzenta e o perna-vermelha, que nas zonas envolventes (Lourenço, 2003). A vasa arenosa apresenta um outro tipo de granulometria reflectindo-se na diferença de comunidades, constituídas maioritariamente pelas espécies anteriormente referidas e pelo anfípode Melita palmata e pelo gastrópode Peringia ulvae. São as áreas de alimentação preferênciais do pilrito-comum, da seixoeira e da tarambola-cinzenta (Dias

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e Marques, 1999). Outras espécies que se alimentam de invertebrados como o flamingo, o pato-trombeteiro, a marrequinha, o borrelho-grande-de-coleira, o borrelho-de-coleira-interrompida, o perna-vermelha, o guincho e a gaivota-d’asa-escura, percorrem ou sondam a vasa em busca das suas presas (Leitão et al., 1998). Os bancos de cascas de ostras correspondem às antigas ostreiras, as quais apresentam como espécies predominantes o poliqueta Hediste diversicolor, o caranguejo-verde Carcinus maenas, entre outras. Estas espécies constituem parte da dieta do maçarico-real Numenius arquata, constituindo as ostreiras o habitat preferencial de alimentação desta ave (Dias e Marques 1999; Silva 1995). As Areias vasosas constituem o biótopo alimentar do Fuselo (Dias e Marques, 1999). Sapal Várias espécies de aves nidificam nos sapais, tal como a águia-sapeira, a alvéola-amarela e o pintarroxo. Durante as migrações e no Inverno, outras espécies ocorrem nos sapais, utilizando-os como dormitórios, refúgios de preia-mar ou alimentando-se dos invertebrados que ali abundam tais como a marrequinha, o ganso-comum, a piadeira e o pato-trombeteiro (Dias e Marques, 1999). A garça-real, o maçarico-real, o maçarico-de-bico-direito e o perna-vermelha são algumas das espécies que se refugiam nos sapais durante a preia-mar (Leitão et al., 1998). No sapal a abundância de espécies é maior em Janeiro, sendo a riqueza específica menor nesse período (3 a 11 espécies), e atingindo os valores mais elevados nos meses de Janeiro e Fevereiro (19 e 17 espécies, respectivamente). Os não passeriformes mais abundantes são o pato-real, que é residente, e a garça-branca-pequena e a garça-real, que ocorrem principalmente fora da época de reprodução. Nos passeriformes, existem três residentes, a fuinha-dos-juncos, o pintarroxo e a escrevedeira-dos-caniços e sete invernantes, a petinha-dos-prados, a felosa-do-mato, o pisco-de-peito-azul, o pardal, o verdilhão, o pintassilgo e o trigueirão. Ocorrem também duas espécies estivais, a andorinha-das-chaminés e a alvéola-amarela (Leitão, 1993). Salinas ou marinhas As marinhas são antigas áreas de sapal que foram artificializadas e protegidas da acção das marés, com a finalidade de nelas se produzir sal (Leitão et al., 1998). As alterações do uso das salinas representam uma perda substancial no habitat de alimentação e nidificação para várias espécies de aves que delas dependem devido aos elevados níveis da água. Cada marinha é constituída por três grupos distintos de superfícies, que se subdividem em diferentes ordens de compartimentos, as quais comunicam entre si através de uma rede de canais. O primeiro grupo denominado viveiro recebe a água directamente de um canal ou esteiro através de uma comporta (profundidade entre 40/50 cm e 90/100 cm). O segundo grupo é constituído pelos evaporadores (profundidade média inferior a

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30 cm), que tem a função de libertar a solução de vários elementos que cristalizam em grau mais baixo que o sal (sais de ferro, carbonato de cálcio e gesso). O conjunto do viveiro e evaporadores é denominado superfície preparatória. Finalmente, os cristalizadores ou talhos, onde ocorre a precipitação dos cristais de sal. É nesta superfície que se dá a maior intervenção humana, uma vez que decorrem as operações de extracção e carrego (Neves e Rufino, 1992). O nível de água nos viveiros proporciona o aparecimento de algumas espécies de peixes e camarões (como o Palaemonetes varians) e de larvas de insectos, pequenos coleópteros e pequenos crustáceos como a Artemia sp. nos restantes tanques (sobretudo nos cristalizadores). Esta disponibilidade alimentar e a condição de áreas abrigadas, decorrente da sua localização em antigas zonas de sapal, conduziram à sua eleição como habitat de refúgio e alimentação, na maré-alta, para várias espécies de limícolas (Dias e Marques, 1999). A vegetação superior restringe-se aos cômoros, sendo principalmente constituída por arbustos típicos de sapal e por pastagens ou cultivos forrageiros. O pato-real, a cotovia-de-poupa, a fuínha-dos-juncos, a toutinegra-dos-valados e os melros são nidificantes comuns na vegetação das margens e dos cômoros dos tanques. Por outro lado, o borrelho-de-coleira-interrompida, o pernilongo e a andorinha-do-mar-anã nidificam nos cômoros e barachões das salinas. Grande número de espécies utiliza ainda as salinas como área de alimentação e como refúgio de preia-mar, quer durante as migrações, quer durante o período de invernada. Destacam-se por serem muito abundantes os borrelho-grande-de-coleira, borrelho-de-coleira-interrompida, tarambola-cinzenta, pilrito-de-bico-comprido, o pilrito-comum, a seixoeira, o pilrito-pequeno, o maçarico-de-bico-direito, o fuselo, o perna-vermelha, o guincho, a gaivota-d’asa-escura, o garajau-comum e andorinha-do-mar-anã (Leitão et al., 1998). As aves limícolas tendem a entrar nas salinas a alturas de água da maré diferentes, o que está relacionado, por um lado, com o seu tamanho, e por outro, com o tempo de exposição das suas áreas preferenciais de alimentação. A redução da área disponível nas áreas entre marés à medida que a maré se aproxima do estofo de preia-mar, induz a elevadas concentrações de aves nas zonas junto do sapal, tendendo as aves a aí permanecer até que a altura da água o permita. Assim que as suas zonas de alimentação preferidas ficam a descoberto partem dos locais de refúgio. As espécies tendem a entrar “desfasadas” nas salinas, havendo claramente um grupo de aves que tende a chegar a alturas inferiores, as duas espécies do género Charadrius (borrelho-grande-de-coleira e borrelho-de-coleira-interrompida), um outro grupo que tende a chegar quando a altura da água se situa perto dos 3-3,2 m, constituído por pilrito-comum, rola-do-mar e tarambola-cinzenta, e um último grupo que tende a entrar a alturas da água já relativamente altas (superiores a 3,2 m), onde constam o fuselo, o maçarico-de-bico-direito e o alfaiate. De forma geral, as espécies que entram com alturas da água elevadas, também saem com alturas da água superiores, o mesmo acontecendo para aquelas que entram com alturas de águas inferiores, saindo de igual forma com alturas inferiores. Algumas espécies como a rola-do-mar e o maçarico-de-

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bico-direito permanecem mais tempo nas salinas, que a maioria das outras espécies (Lecoq, 2002b). Assim a permanência destas duas espécies revela que as salinas são utilizadas também como habitat de alimentação alternativo às zonas de marés (Masero et al., 2000). As salinas do Gaio - Rosário encontram-se em avançado estado de degradação, estando os muros e o leito dos tanques invadidos por vegetação de sapal e, ainda, numa grande parte dos tanques o nível das águas está em função da maré, o que não permite utilizar esses locais como refúgios de preia-mar pelas aves. Alguns tanques apresentam níveis de água independentes da maré, permitindo a apanha de camarinha. Nesses tanques e durante o período reprodutor de 2006 foi possível observar uma média de 15,67 (± 3,78) pernilongos, 1,67 (± 0,58) borrelhos-de-coleira-interrompida, 2, 67 (± 1,15) chilretas, 2 (± 1,73) garças-branca-pequena. Foi observado pelo menos um ninho activo de borrelhos-de-coleira-interrompida e três de pernilongos. Relativamente a esta ultima espécie, foram ainda observadas duas crias. O complexo de salinas do Samouco tem vindo a assumir um papel cada vez mais importante no contexto do estuário do Tejo como local de refúgio de preia-mar e local de nidificação de espécies como a chilreta, o pernilongo e o borrelho-de-coleira-interrompida. Como local de refúgio entre o período de 1995 e 2003 as salinas apresentaram uma riqueza específica superior a 25 espécies, com um mínimo de 18 espécies em 1995 e um máximo de 33 em 2002. Em termos de abundância, nos últimos anos (1999 a 2003), têm apresentado um valor relativamente constante na ordem das 50 000 aves, embora se tenha verificado um pico de quase 120 000 aves em 1997 (Naturibérica, 2004). Segundo vários ornitólogos, actualmente o complexo de salinas do Samouco é o salgado com maior riqueza específica e abundância de aves durante o período de preia-mar de todo o Tejo. A importância actual deste local deve-se sobretudo a dois factores: este local é monitorizado e tem sofrido uma manutenção constante desde 1995; por outro lado, os outros salgados encontram-se ao abandono, sendo grande parte deles explorados para captura de camarinha (como é o caso das salinas de Vasa sacos), o que leva a uma gestão os níveis de água inadequados à sua utilização pela maioria das aves limícolas. Lagoas salobras A Lagoa do Mouchão do Lombo do Tejo é um corpo de água actualmente artificial, cujo nível de água e controlado pelas comportas que o separam do meio estuarino, sendo o único corpo que se enuadra na definição de uma lagoa permamnete mas com água salobra. A sua importância a nível histórico foi notável com a reprodução de várias espécies de anatídeos, destacando-se o pato-de-bico-vermelho, Netta rufina, o que determinou a sua classificaçao como área de reserva integral. Esta lagoa passou por um período de

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degradação e reconstrução, nomeadamemnte das margens, com vista à sua estabilização, perdendo grande parte do interesse avifaunístico. Hoje em dia, contudo, há indícios de reabilitação do valor ornitológico da lagoa, pois encontram-se restabelecidas ou em fase de recuperação algumas das condições ambientais responsáveis pela atractividade deste habitat para as aves. Apresenta margens com enrocamento na maior parte do seu perímetro e algumas “ilhotas” com vegetação ripícola (junco, caniço), que providenciam abrigo para as aves, Encontram-se referidos para a lagoa muitos anatídeos com destaque para a piadeira, Anas penelope, a marrequinha, Anas crecca; o marreco, Anas querquedula, a galinha d’agua, Gallinula chloropus, sendo dados como potenciais o caimão, Porphyrio porphyrio, e a Netta rufina, como nidificantes. Areias supralitorais Nas areias supralitorais são comuns os anfípodes, como as pulgas-do-mar Talitrus saltador e Orchestia spp., aqui tendo o habitat preferencial alimentar o pilrito-das-praias, bem como frequentemente, na parte superior da zona entre-marés, as duas espécies de borrelhos, o borrelho-grande-de-coleira e o borrelho-de-coleira-interrompida (Dias e Marques, 1999). Caniçal As manchas de caniço Phragmites australis, desenvolvem-se nas zonas superiores do estuário onde a salinidade das águas é baixa. Constituem um biótopo que se reveste de grande importância para a conservação de algumas espécies de aves, nomeadamente os rouxinóis-dos-caniços (Acrocephalus scirpaceus e Acrocephalus arundinaceus e A. paludicola, com presença provável durante a migração), a cigarrinha-ruiva (Locustella luscinioides), a garça-vermelha (Ardea purpurea), a garça-pequena (Ixobrychus minutus) e a águia-sapeira (Circus aeruginosus) que os utilizam preferencialmente como local de nidificação (Dias e Marques, 1999). Relativamente à garça-vermelha, existe um grande núcleo de nidificação no caniçal do Lombo do Tejo, e núcleos de pequenas dimensões nos caniçais do rio Sorraia e da Herdade da Barroca d’Alva. Açudes e charcos temporários Cursos de água, que durante o Verão podem secar por completo, nomeadamente os charcos temporários. São ladeados por vegetação ripícola, com estratos herbáceo, arbustivo e arbóreo, que os limita do montado onde se inserem. Os açudes e charcos temporários existentes nas herdades da Barroca d’Alva e na Companhia das Lezírias, entre Junho e Julho de 2006 apresentaram uma riqueza específica de 36 espécies. Este biótopo confere um acréscimo de espécies aos montados adjacentes (24 espécies ao montado de sobro e de 21 espécies aos montados mistos com sub coberto arbustivo) (Rocha, 2006a).

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No açude da Barroca d’Alva (Ponto BA 1) foram detectadas 19 espécies. Destas a que mais se evidenciou foi o chapim-azul com uma média de 3,33 contactos/5min, em seguida surge a trepadeira-comum com 1,33 contactos/5min, e ainda o andorinhão-preto, chapim-real e o chamariz ambos com 1contacto/5min. A predominância de espécies típicas de montado, pertencentes às famílias Paridae e Certhidae em detrimento de espécies típicas de vegetação ripícola (família Sylviidae), deveu-se a dois factores: por um lado, a vegetação ripícola embora bem desenvolvida (com estratos arbóreo, arbustivo e herbáceo), ocorria numa pequena área; e por outro, a zona envolvente ao açude é constituída por montado misto (sobro e pinheiro-bravo) aberto, sem sub coberto arbustivo (Rocha, 2006a). Noutro açude desta herdade foram detectadas 18 espécies, das quais o pato-real foi a que apresentou um maior número de contactos (4 contactos/5min). Nas margens desse açude ocorrem ainda a galinha-d’água e a garça-real ou, sobre a vegetação marginal arbustiva, o guarda-rios, o rouxinol e o rouxinol-bravo (Rocha, 2006a). O charco temporário, nesta altura do ano (Junho) já se encontrava praticamente seco, contudo a vegetação herbácea aí existente continuava verdejante, sendo observadas 23 espécies, das quais o estorninho-preto é o mais abundante, apresentando um número médio de 5,33 contactos/5min. A existência de pequenas manchas de matos entre o charco e o montado com sub coberto arbustivos que envolve a zona aumentam a riqueza específica do local. Ocorrendo espécies aquáticas como a garça-real, espécies arborícolas como a trepadeira-azul ou o chapim-real, espécies de matos como a toutinegra-dos-valados e a toutinegra-de-barrete-preto, entre outras (Rocha, 2006a). No açude na herdade da Companhia das Lezírias foram detectadas 26 espécies. Esta diversidade de espécies, pareceu dever-se aos vários tipos de biótopos existentes no local. Ou seja, no interior do açude a existência de caniço e nas margens vegetação ripícola arbustiva e arbórea. A ladear esta área existe uma pastagem e montado de sobro com sub coberto arbustivo. No caniço e vegetação arbustiva ripícola ocorreram espécies como o pintassilgo (2 contactos/5min.), a toutinegra-de-barrete-preto (1,33 contactos/5min.), rouxinol-grande-dos-caniços, o rouxinol (ambas com 0,67 contactos/5min), o rouxinol-bravo e o bico-de-lacre (ambas com 0,67 contactos/5min). Na vegetação ripícola arbórea e no montado, foi detectado abundantemente o pardal, devido à proximidade de habitações (4,67 contactos/5min.) e ainda o pardal-montez (1,67 contactos/5min.). A proximidade de habitações também pareceu ser importante para a ocorrência da rola-turca no estrato arbóreo. Na pastagem envolvente, ocorre a gralha e o trigueirão (ambos com 1,67 contactos/5min.), o chamariz (1 contacto/5min.), a fuinha-dos-juncos (0,67 contactos/5min.) e o cartaxo (0,33 contactos/5min.) (Rocha, 2006a).

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Barragem A barragem do Vale Cobrão situa-se no interior da área compreendida pela Companhia das Lezírias, onde foram detectadas 22 espécies de aves. As garças foram as aves mais abundantes, a garça-branca-pequena apresentou em média 11,75 contactos/5min. e a garça-real 5 contactos/5min. Foram ainda observadas outras aves aquáticas, nomeadamente, o pato-real e o guarda-rios, mas também limícolas como o maçarico-das-rochas e o borrelho-pequeno-de-coleira (3,5 contactos/5min.). Esta última espécie deve utilizar as margens arenosas da barragem para nidificar. As espécies das famílias Sylviidae e Paridae foram detectadas na zona ripícola anterior ao muro da barragem. Destaca-se ainda na zona a ocorrência do milhafre-preto (0,75 contactos/5min.) e da águia-de-asa-redonda (0,5 contactos/5min.), espécies que podem nidificar na zona de pinhal contígua à barragem. Lezírias As lezírias do Tejo correspondem aos terrenos agrícolas situados entre a linha superior de preia-mar e as áreas florestais. Toda esta área, situada a uma cota muito baixa (menos de 5 m acima do nível do mar), está protegida da acção das marés por um sistema de diques e comportas que, juntamente com uma vasta rede de canais de escoamento, drenam o excesso de água durante os períodos mais chuvosos do ano. A agricultura que aqui se pratica assenta essencialmente na criação de gado bovino e os cultivos de sequeiro. Existem grandes extensões de pastagens e de cultivos forrageiros, cereais de Inverno (trigo e aveia) e girassol. O regadio tem aumentado nos últimos anos e serve principalmente o cultivo de milho, arroz e melão. A cultura do arroz, em particular, tem sofrido um incremento assinalável, ocupando hoje uma área significativa. A vegetação espontânea destes terrenos está limitada aos canais de escoamento, às pastagens, às orlas, aos restolhos e às fases iniciais dos cultivos. São essencialmente espécies herbáceas, destacando-se pela sua grande abundância as gramíneas, as leguminosas, entre outras. Existe apenas uma espécie arbustiva e perene (Suaeda vera), que ocorre sob a forma de pequenos arbustos nas zonas mais próximas dos taludes e dos canais de escoamento, nos quais são observadas algumas espécie típicas de habitats alagados, como o caniço, o escarlacho Cynodon dactyleon, os juncos Juncus effusus e Scirpus maritimus, etc. As espécies arbóreas são representadas pelas tamargueiras Tamarix africana ao longo dos diques, o pinheiro-manso Pinus pinea e a oliveira Olea europea nas zonas arenosas a sul do rio Sorraia e várias linhas de eucaliptos Eucaliptus sp. e choupos Populus alba existentes junto à EN10 (Leitão et al., 1998). As lezírias tal como a maioria dos habitats agrícolas são muito sazonais no que diz respeito à estrutura do coberto vegetal e à abundância de alimento para as aves. Esta situação deve-se principalmente à forte actividade humana que ali se desenvolve, mas também às condicionantes climáticas da região. As práticas agrícolas podem causar alterações tão bruscas e adversas como a destruição do coberto vegetal em plena época de nidificação ou alterações tão favoráveis como a disponibilidade de alimento

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na sequência das lavouras outonais. Cerca de 15 espécies nidificam nos terrenos, canais e construções das lezírias do Tejo, sendo as mais abundantes o pato-real, a codorniz, a galinha-d’água, a perdiz-do-mar, a laverca, a calhandrinha-comum, a andorinha-das-chaminés, a alvéola-amarela, a fuínha-dos-juncos, o cartaxo e o trigueirão. Outras espécies como a águia-sapeira, o tartaranhão-caçador, o andorinhão-preto e a andorinha-dos-beirais, são comuns nas lezírias, mas nidificam nos biótopos envolventes. No Inverno a avifauna das lezírias é globalmente mais abundante e diversa, neste período ocorrem mais de 30 espécies, das quais a garça-boieira, o peneireiro-vulgar, o sisão, o abibe, a tarambola-dourada, a narceja-comum, o guincho, a coruja-das-torres, o guarda-rios, a laverca, a petinha-dos-prados, a alvéola-branca, o cartaxo, a fuinha-dos-juncos, a felosa-comum, o pardal, o chamariz, o pintassilgo, o pintarrôxo e o Trigueirão são das mais abundantes (Leitão et al., 1998). Os Charadriiformes ocorrem em todos os biótopos da lezíria, principalmente durante o Inverno (Novembro a Fevereiro), período em que se registam as maiores abundâncias e maior número de espécies. Em alguns biótopos agrícolas (7 biótopos) os Charadriiformes chegam a deter durante os meses de Inverno mais de 20% da abundância em termos de densidade (aves/ha). Das 23 espécies registadas apenas 3 nidificam na área: o pernilongo, o alcaravão e perdiz-do-mar. As espécies invernantes foram as mais abundantes e melhor distribuídas, designadamente o abibe, a tarambola-dourada e o maçarico-real, que ocorrem preferencialmente nas pastagens e forragens, e a narceja, o maçarico-de-bico-direito e o guincho, mais ligadas aos restolhos alagados de milho e arroz. A abundância de Charadriiformes, nomeadamente limícolas, nesta área agrícola, está ligada ao carácter alagadiço dos solos durante o Inverno e à influência dos sapais, extensões de vasa e salinas adjacentes (Leitão, 1993).

Campos de girassol – O girassol é semeado geralmente entre Março e Maio, em terrenos previamente lavrados. Frequentemente constitui uma cultura de regadio, utilizando-se, durante o seu crescimento, aparelhos de rega circulares (pivots). As plantações de girassol constituem monoculturas relativamente densas de crescimento bastante rápido, podendo as plantas atingir cerca de 1,5 metros de altura em cerca de três meses. A ceifa ocorre geralmente durante o mês de Setembro, recorrendo-se a maquinaria especializada a fim de recolher as sementes. Os talhões semeados com girassol são, normalmente, os mesmos todos os anos. Podem, no entanto, permanecer um ano em pousio, ocupados por restolho, que gradualmente se transforma em pastagem (Tomé, 1994). Restolhos de girassol – Após a ceifa do girassol, em Setembro, os talhões podem ser lavrados e semeados com cereal ou permanecer ocupados por restolho, geralmente até à Primavera seguinte. Neste caso, os restolhos são caracterizados, durante os primeiros dias após a ceifa, por uma densidade relativamente elevada de

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caules secos de girassol sobre um solo quase nú. Durante o Inverno assiste-se ao desenvolvimento de várias espécies oportunistas que gradualmente transformam o restolho em pastagem. Os restolhos podem, então, ser usados como pastos para o gado. No início da Primavera os talhões são lavrados a fim de se proceder a nova sementeira (na maioria dos casos, novamente girassol) ou permanecem em pousio por um ano. Neste caso, são normalmente aproveitados como pastagens para gado durante essa Primavera ou Verão (Tomé 1994). No restolho de girassol a abundância de avifauna é máxima nos meses de Dezembro (43,82 aves/ha) e Janeiro e mínima em Novembro e Fevereiro (28,90 aves/ha). Estes valores são superiores aos máximos obtidos após a sementeira de girassol (10,8 aves/ha). A riqueza específica do restolho é maior em Dezembro (12 espécies/ha) e menor em Janeiro e Fevereiro (6 e 8 espécies, respectivamente), registando um aumento acentuado após a sementeira do girassol, com um máximo de 16 espécies em Junho (a riqueza é superior nos campos de girassol, do que no respectivo restolho). No Inverno (no restolho), as espécies mais abundantes são, o carraceiro, o abibe, a tarambola-dourada, o guincho, a laverca, a petinha-dos-prados, o pardal e o pintassilgo. Na Primavera (no girassol) as espécies mais abundantes são, a perdiz, o maçarico-galego, o andorinhão-preto, a calhandra-real, a fuinha-dos-juncos, o cartaxo, o pardal, o pintassilgo, o pintarroxo e o trigueirão (Leitão, 1993). Milheirais – O milho é semeado em regadio em Março ou Abril. A intensidade da rega, realizada por “pivots” provoca um relativo alagamento dos solos nos milheirais. Os milheirais desenvolvidos, constituem monoculturas muito densas, em que a maior parte das plantas pode atingir cerca de 3 metros de altura. O milho cresce até Setembro ou Outubro, altura em que se procede à recolha das espigas e ao corte dos caules. Na Primavera seguinte os milheirais são normalmente implantados nos mesmos talhões (Tomé, 1994). Restolhos de milho – Estes restolhos consistem em terrenos relativamente alagados onde permanecem apenas as bases dos caules de milhos cortados. Os talhões permanecem em restolho entre Setembro e Outubro e a Primavera seguinte, altura em que são lavrados e semeados novamente com milho ou, mais raramente, com girassol (Tomé, 1994). Nos restolhos de milho, a abundância de aves é maior no Inverno, em especial no mês de Janeiro (27,57 aves/ha). A partir deste mês regista uma diminuição progressiva até atingir o mínimo no mês de Abril (0,6 aves/ha), durante o qual ocorre a sementeira do milho, com a consequente destruição do coberto vegetal desenvolvido durante o Inverno. A partir da sementeira, a abundância aumenta ligeiramente. A riqueza específica apresenta uma variação idêntica à da abundância, com valores máximos obtidos em Dezembro, Janeiro e Junho (15, 16 e 14 espécies, respectivamente) e mínimos em Novembro e Abril, durante a sementeira (6 espécies). As espécies residentes mais abundantes são, a perdiz e o pardal, como invernantes ocorrem 8 espécies, o carraceiro, a codorniz, o abibe, a narceja, a laverca, a petinha-

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dos-prados, a petinha-ribeirinha e a petinha-maritima. Como estival a cotovia-de-poupa é a espécie mais comum (Leitão, 1993). Plantações de melão – O melão é semeado em regadio em Março ou Abril, após a lavra dos terrenos. Os talhões ocupados por esta cultura matem o solo muito descoberto e sofrem uma intervenção humana muito intensa até à colheita de todos os frutos, que decorre sobretudo em Julho e Agosto (Tomé, 1994). A abundância de espécies de aves neste biótopo é reduzida, apresentando um aumento após a sementeira (2,8 aves/ha). A riqueza específica variou entre 3 e 6 espécies. Foram observadas entre Abril e Junho 7 espécies, o andorinhão-preto, a calhandrinha, o alvéola-amarela, a fuinha-dos-juncos, o cartaxo, o pardal e o pintarroxo (Leitão, 1993) Restolhos de melão – Após a colheita dos melões, os talhões permanecem geralmente em pousio durante alguns meses, período em que podem ser ocupados pelas espécies vegetais típicas das pastagens. Estes talhões podem, depois ser aproveitados para pastagens ou qualquer cultura agrícola (Tomé, 1994). Campos de cereal – A grande maioria dos talhões cultivados com espécies cerealíferas encontra-se ocupado por aveia (Avena sterilis L.) embora também se cultive trigo. A lavra e sementeira dos terrenos decorre geralmente em Outubro ou Novembro. O cereal cresce até Maio ou Junho, altura em que se procede à ceifa com auxílio de maquinaria especializada. As searas, já muito desenvolvidas em Abril, constituem monoculturas muito densas, de grande cobertura e que atingem cerca 1,5 metros de altura (Tomé, 1994). A riqueza específica de avifauna deste biótopo é reduzida ao longo de todo o ano, não ultrapassando as 9 espécies, e apresentando um mínimo de 4 espécies em Janeiro. A densidade das espécies é mais elevada no início do Inverno (41,7 aves/ha), registando uma descida acentuada até à Primavera. A laverca é responsável por 70% da abundância total durante o Inverno (excepto em Fevereiro) e a fuinha-dos-juncos assume a mesma percentagem durante a Primavera. Como espécies residentes, ocorrem a fuinha-dos-juncos, o cartaxo e o trigueirão, como invernantes, a calhandra-real, a laverca e a petinha-dos-prados, e como estival a codorniz (Leitão, 1993). Restolhos de cereal – Este biótopo surge no final da Primavera, após a ceifa dos campos de cereal. É caracterizado por uma cobertura relativamente escassa e rala das partes dos caules que sobraram da ceifa. Durante o Verão é geralmente utilizado como pasto para o gado. Durante Outubro ou Novembro os talhões são normalmente lavrados, permanecendo com alqueives (terrenos lavrados) até à Primavera seguinte, quando são semeados com girassol (principalmente) ou melão. Os talhões não lavrados no Outono continuam em pousio, sendo aproveitados para pastagens ou lavrados mais tarde e semeados com culturas de Verão (girassol ou melão) (Tomé, 1994).

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Campos de forrageiras – A forragem consiste num conjunto de espécies (denominadas forrageiras) provenientes da área, destinadas à produção de rações para o gado. A lavra e sementeira dos talhões processam-se em Outubro ou Novembro, decorrendo a ceifa a partir de Abril e, sobretudo, em Maio e Junho. As searas de forragem desenvolvidas constituem, tal como os campos de cereal, biótopos muito densos e de grande cobertura, em que a maioria das plantas atinge cerca de 1,5 metros de altura. As espécies mais bem representadas são Melilotus messanensis (L.) All, Brassica nigra (L.) Koch e várias espécies de gramíneas (Avena sterilis L., Hordeum marinum Hudson, Bromus diandrus Roth, etc; Tomé, 1994). O número de espécies que ocorrem neste biótopo é relativamente estável, apresentando um máximo de 12 e um mínimo de 8 espécies. As densidades de aves variaram sobretudo no Inverno (entre 2,9 e 6,8 aves/ha), permanecendo relativamente constantes na Primavera (5 aves/ha). Nas forragens a laverca e a fuínha-dos-juncos são espécies residentes, ocorrendo 5 espécies invernantes, o peneireiro-vulgar, o abibe, a tarambola-dourada, a petinha-dos-prados e a felosinha. Como estivais, ocorrem a codorniz, o andorinhão-preto, a calhandrinha, a andorinha-das-chaminés, a alvéola-amarela e o trigueirão. Durante a ceifa das forragens, entre Maio e Abril, espécies, como a codorniz, a alvéola-amarela, a fuinha-dos-juncos e o trigueirão, diminuem a sua abundância ou acabam mesmo por desaparecer (Leitão, 1993). Restolhos de forragem – Muito semelhantes em termos fisionómicos e estruturais aos restolhos de cereal, a sua utilização é semelhante. No Verão são, da mesma forma, normalmente usados como pastagens. No Outono podem ser lavrados e permanecer com alqueives até à Primavera seguinte (sendo então, semeados com girassol) ou, ao contrário do que acontece com os restolhos de cereal, imediatamente semeados com cereal ou forragem. Podem, também, permanecer em pousio durante todo o Inverno, sendo aproveitados como pastagens ou lavrados na Primavera (Tomé, 1994). Arrozal – Existem várias zonas de arrozal. O arrozal da Giganta é fortemente mecanizado, caracteriza-se pela divisão dos terrenos de cultivo em parcelas, cujas margens são rectilíneas e perpendiculares. Estas parcelas (canteiros) ocupam, de modo geral, 3 a 4 ha. Apresentam um complexo sistema de irrigação e de drenagem por valas ladeadas por vegetação, constituída por Typha sp. e Phragmites sp.. O arroz Oryzea sativa, planta herbácea anual, é cultivada de Abril/Maio a Setembro/Outubro (nesta zona), em terreno inundado quase permanente. No resto do ano, os terrenos de cultivo de arroz encontram-se secos (em condições meteorológicas para época), ocorrendo em consequência do ciclo anual de cultivo. O nível de água oscila entre os 5 e 20 cm, no entanto, a seguir à utilização de herbicidas, pode ser drenada toda a água, mantendo-se os terrenos quase secos. Este arrozal de 645 ha encontra-se envolvido por pastos e é explorado desde 1991 (Martins, 1999).

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Restolho de arrozal – devido ao alagamento necessário para cultivar o arroz, a principal característica deste biótopo é o encharcamento do solo, onde permaneciam os restos dos caules não colhidos daquela planta (Tomé, 1994). Neste biótopo, a maior abundância de avifauna registou-se em Janeiro (16,24 aves/ha), após o qual ocorreu um grande declínio até Abril (2,92 aves/ha). Durante este mês procede-se à sementeira do arroz, altura em que o solo é lavrado, semeado e alagado. A partir daqui verifica-se uma recuperação das densidades de aves, atingindo as 10,58 aves/ha em Maio. A riqueza específica foi maior em Janeiro e Fevereiro (24 e 28 espécies, respectivamente), diminuindo até Abril (10 espécies) e recuperando até Maio e Junho (22 e 15 espécies, respectivamente). Ocorrem como residentes 9 espécies, a garça-branca-pequena, o carraceiro, a garça-real, a cegonha, o maçarico-de-bico-direito, a fuinha-dos-juncos, o cartaxo, o pardal e o bico-de-lacre. Como invernantes ocorrem apenas 12 espécies, o abibe, a narceja, a laverca, a petinha-dos-prados, a petinha-ribeirinha, a petinha-maritima, o rouxinol-bravo, a felosinha, o tentilhão, o verdilhão, o trigueirão e a escrevedeira-dos-caniços. Como estivais surgem 4 espécies, o pato-real, a andorinha-das-barreiras, a andorinha-das-chaminés e a andorinha-dos-beirais. Após o alagamento dos campos de arroz, ocorrem ainda várias espécies de limícolas, o borrelho-grande-de-coleira, o borrelho-de-coleira-interrompida, a rola-do-mar, a tarambola-cinzenta, o pilrito-comum, a seixoeira, o maçarico-das-rochas, o combatente e o pernilongo (Leitão, 1993). Valas – São os canais de escoamento da lezíria, correspondem a zonas permanentemente alagadas, onde podem existir manchas densas de vegetação aquática. Esta vegetação é frequentemente destruída pelo gado das pastagens adjacentes, ou por acções de limpeza dos canais. Neste biótopo, as densidades de avifauna foram maiores no início do Inverno (43,71 aves/ha em Novembro e 35,53 aves/ha em Dezembro), diminuindo em seguida e mantendo-se abaixo das 20 aves/ha, durante a Primavera. O número de espécies foi maior no Inverno (14 espécies em Dezembro e 15 em Fevereiro) e menor na Primavera (abaixo das 10 espécies). Quanto às espécies que ocorrem neste biótopo, pode-se realçar a grande abundância dos não passeriformes, sobretudo ligados ao meio aquático. Assim como residente ocorre, a galinha-d’água, como invernantes, garça-real, a garça-branca-pequena e o guarda-rios, como estivais ocorrem a garça-vermelha e o pato-real. Relativamente aos passeriformes, ocorrem como residentes o fuinha-dos-juncos e o cartaxo, como invernantes, a petinha-dos-prados, a petinha-ribeirinha, a petinha-maritima, a alvéola-branca, o rouxinol-bravo, a felosinha e o pisco-de-peito-azul, e como estivais a andorinha-das-chaminés e a alvéola-amarela (Leitão, 1993). Pastagens Primaveris – durante o Outono, o Inverno e parte da Primavera, as pastagens permanecem sem gado, assistindo-se ao crescimento de uma grande variedade de gramíneas (Avena sterilis L., Vulpia geniculata (L.) Link, Lolium perenne L., Gaudinia fragilis (L.) P. Beaur., Bromus diandrus Roth e Hordeum marinum Hudson). Em Maio ou Junho, as pastagens encontram-se bem desenvolvidas,

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constituindo um biótopo muito denso em que as plantas têm mais de 1 metro de altura. Nesta altura são ocupadas por gado (sobretudo bovino) que nelas permanece durante algumas semanas. O seu efeito é muito intenso e quando o gado é retirado, em Julho ou Agosto, o biótopo encontra-se totalmente alterado. Nesta altura, a cobertura das espécies vegetais é muito pequena, e a grande maioria das plantas não ultrapassa os 10 cm de altura. Estas pastagens permanecem sem gado até se encontrarem de novo desenvolvidas, na Primavera do ano seguinte (Tomé, 1994). A riqueza específica de aves deste biótopo é superior no Inverno (16 a 19 espécies) do que na Primavera (11 a 13 espécies). A abundância varia entre 6 e 10 aves/ha ao longo de todo o ano. A diminuição da riqueza específica e abundância registada na Primavera, parece dever-se à perturbação causada pelo pastoreio. É nestes meses que o gado bovino é transferido para estas pastagens, causando grande destruição no coberto vegetal. Neste biótopo ocorrem 4 espécies residentes, a águia-sapeira, a laverca, a fuinha-dos-juncos e o cartaxo, e 13 espécies invernantes, como a garça-real, o carraceiro, a garça-branca-pequena, o sisão, o peneireiro-vulgar, o abibe, a tarambola-dourada, a narceja, a petinha-dos-prados, o picanço-real, a felosinha, o pintassilgo e o pintarroxo. E ainda 7 espécies estivais, o pato-real, a codorniz, o andorinhão-preto, a andorinha-das-chaminés, a andorinha-dos-beirais, a alvéola-amarela e o trigueirão (Leitão, 1993). Pastagens permanentes – distinguem-se do biótopo anterior pelo facto de comportarem gado durante praticamente todo o ano. O efeito de herbívoria é, assim, permanente e as plantas nunca atingem grande desenvolvimento. Constituem pastagens relativamente ralas, de menos cobertura que as pastagens primaveris e em que a maioria das plantas raramente ultrapassa os 50 cm de altura. A maioria das espécies é a mesma, que se desenvolvem nas pastagens primaveris, contudo nas pastagens permanentes assumem importância outras espécies, mais adaptadas á pressão do gado e mais características de terrenos perturbados ou salgados. Entre elas podem destacar-se Beta vulgaris L., Carlina racemosa L., Cardaria draba (L.) Desv., Suaeda vera J.F. Gemelin, Fankaenia laevis L. e Arthocnemum fruticosum (L.) Moq. (Tomé, 1994). A abundância e riqueza específica são maiores no Inverno que na Primavera. A abundância atinge um máximo em Dezembro (15,6 aves/ha), diminuindo até Junho (2,5 aves/ha). O número de espécies foi máximo no mês de Janeiro (22 espécies) oscilando até ás 9 espécies obtidas em Maio. Estas oscilações parecem dever-se à perturbação causada pela presença de gado, principalmente durante a estação mais seca, altura em que o coberto vegetal quase desaparece. Neste biótopo a laverca ocorre ao longo de todo o ano, mas outras 4 espécies de cariz residente são observadas embora com alguma irregularidade, são a águia-sapeira, a fuinha-dos-juncos, o cartaxo e o trigueirão. Como invernantes ocorrem essencialmente 10 espécies, a garça-branca-pequena, o carraceiro, a garça-cinzenta, o abibe, a tarambola-dourada, a petinha-dos-prados, os estorninhos, o chamariz, o pintassilgo e

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o pintarroxo, enquanto como estivais surgem apenas 3 espécies, a águia-caçadeira, a calhandrinha e a alvéola-amarela (Leitão, 1993). Terrenos lavrados e alqueives – Os alqueives são terrenos lavrados praticamente desprovidos de vegetação que ocupam os talhões durante algumas semanas ou meses, antes de se proceder à sementeira de culturas de sequeiro (cereal ou forragem) ou de Verão (girassol ou melão), respectivamente. Também os talhões ocupados por pastagens permanentes podem ser lavrados, normalmente no Verão, com o intuito de impedir o desenvolvimento excessivo de espécies típicas dos terrenos salgados e sapais (sobretudo Suaeda vera J.F. Gemelin, Fankaenia laevis L.). Algum tempo após a lavra, os talhões são de novo ocupados pelas espécies que normalmente constituem as pastagens (Tomé, 1994). Nos alqueives a abundância da avifauna é maior no pico de Inverno (3,99 aves/ha), diminuindo drasticamente até à Primavera (0,44 aves/ha). Nos terrenos lavrados a abundância é superior nos meses de Maio e Junho. A riqueza específica é reduzida (um máximo de 8 espécies) e segue um padrão idêntico à abundância, sendo mais elevada em Janeiro e Junho. As espécies mais abundantes no Inverno são, o abibe, a tarambola-dourada e a laverca e nos meses de Maio e Junho os passeriformes, a calhandrinha, a laverca, alvéola-amarela e o cartaxo, correspondem à quase totalidade da densidade (Leitão, 1993). Área Florestal Toda a área florestal desde Porto Alto até Alcochete teria sido outrora ocupada por extensos sobreirais. Nestas formações, cujo estrato arbóreo é dominado pelo sobreiro Quercus suber, o sub-bosque é rico e variado, podendo ser encontradas mais de 15 espécies de arbustos. Pela sua abundância, destacam-se as Cistáceas, as Ericáceas e as leguminosas. Posteriormente, a pressão exercida durante décadas pelo pastoreio de bovinos quase fez desaparecer o coberto arbustivo, transformando os sobreirais em montados de sobro. Nos últimos cinquenta anos a situação piorou ainda mais, uma vez que cerca de 50% dos montados de sobro foram substituídos por plantações de pinheiro-manso Pinus pinea e eucalipto Eucaliptus globulus, vinha, pastagens permanentes e, mais recentemente, por regadio de milho e estufas para a floricultura. As sebes possuem também porte arbóreo, mas têm uma estrutura tipicamente linear, existem nas margens de ribeiras, valas, açudes e ao longo da zona de transição montado/lezíria. As primeiras são constituídas salgueiros Salix sp. e amieiros Alnus glutinosa e as segundas por aroeiras Pistacia lentiscus e silvas Rubus sp. de porte arbóreo. Estas formações embora escassas têm sofrido um processo de degradação devido a queimadas e cortes com o argumento de recuperação de terrenos agrícolas ou práticas de “ordenamento” cinegético (Leitão et al., 1998). A comunidade de aves dos biótopos florestais é sem dúvida uma das mais diversas no estuário do Tejo, sendo constituída por mais de 40 espécies nidificantes regulares, das

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quais mais de 30 são residentes. A perdiz, o cuco, a coruja-do-mato, o noitibó-de-nuca-vermelha, abelharuco, a poupa, o peto-verde, o pica-pau-grande-malhado, a cotovia-pequena, o rouxinol, melro, a tordeia, o rouxinol-bravo, a felosa-poliglota, a toutinegra-dos-valados, o chapim-de-poupa, o chapim-azul, o chapim-real, o chapim-rabilongo, a trepadeira-azul, a trepadeira-comum, o estorninho-preto, o picanço-barreteiro, o picanço-real, o gaio, o charneco, a carriça, o pardal-françês, o tentilhão, o chamariz, e o pintassilgo são alguns dos nidificantes mais comuns dos montados, pinhais e sebes do estuário do Tejo (Leitão et al., 1998). Montado sem sub-bosque – Montados de sobro, nos quais o estrato arbustivo é reduzido ou mesmo inexistente, servem normalmente de pastagens permanentes para o gado bovino e equino. A riqueza específica do biótopo é maior durante a Primavera que no Inverno, o mesmo acontece com a abundância das espécies. Das 61 espécies que ocorrem neste tipo de montado, 34 (55,7%) são passeriformes. As espécies não passeriformes mais representativas são a garça-branca-pequena, o abibe e o pombo-torcaz, como invernantes, o cuco, o abelharuco e a poupa, como estivais, e a perdiz como residente. Quanto aos passeriformes, ocorrem como residentes a cotovia-dos-bosques, os estorninhos, o charneco, a carriça, a toutinegra-dos-valados, o melro, o chapim-azul, o chapim-real, a trepadeira comum, o pardal-francês, o tentilhão e o chamariz. Como invernantes, a petinha-dos-prados, a felosinha e o pisco-de-peito-ruivo, e como estivais o picanço-barreteiro, a tordeia e o pardal-montez (Leitão, 1993). Montado com sub-bosque – Montados que possuem um estrato arbustivo relativamente bem conservado. Este biótopo encontra-se em pequenas parcelas, onde, além das actividades cinegéticas e corticeiras, não existem outras actividades humanas. Neste montado a riqueza específica é geralmente menor no Inverno que na Primavera, registando-se uma maior abundância em Novembro (18 aves/ha). Em Novembro é atingido um mínimo de 16 espécies, mas na primavera, ocorrem geralmente 26 espécies. Como espécies residentes ocorrem o pica-pau-malhado-grande, a cotovia-dos-bosques, os estorninhos, a carriça, a toutinegra dos valados, o cartaxo, o melro, o chapim-de-poupa, o chapim-azul, o chapim-real, o chapim-rabilongo, a trepadeira-azul, a trepadeira-comum, o pardal-francês, o tentilhão e o chamariz. Como invernantes, ocorrem a ferreirinha, a felosa-do-mato, a felosinha, estrelinha-real e o pisco-de-peito-ruivo, e como estivais ocorrem o cuco, o picanço-barreteiro, o papa-figos e a felosa-poliglota (Leitão, 1993). Pinhal – O pinhal, plantações de pinheiro-bravo, algumas com mais de 30 anos, onde podem ocorrer alguns sobreiros e pinheiros-mansos. São áreas de pouca perturbação humana, excepto nos períodos em que se resinam os pinheiros ou se processam outras actividades madeireiras. A riqueza é maior na Primavera, registando o mínimo de 11 espécies em Novembro 11 espécies e o máximo de 19 espécies em Março e Maio. A densidade de espécies é maior em Novembro e Dezembro (10,2 e 10,5 aves/ ha, respectivamente), diminuindo sempre até atingir um mínimo de 6,2 aves/ha, em

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Maio e Junho. Tal como os outros biótopos florestados, também no pinhal os passeriformes são mais abundantes que os outros grupos de aves. Durante o Inverno, a felosinha é a espécie mais abundante. Como residentes, são mais frequentes os estorninhos, o gaio, a toutinegra-dos-valados, o melro, o chapim-de-poupa, o chapim-azul, o chapim-real, a trepadeira-azul, a trepadeira-comum, o tentilhão e o chamariz. Como invernantes, ocorrem a felosinha, estrelinha-real, o pisco-de-peito-ruivo e o chapim-rabilongo, e como estivais ocorrem a carriça, o cartaxo, o verdilhão e o pintassilgo (Leitão, 1993).

1.3.2.2 Lista das espécies de aves registadas no Estuário do Tejo

1.3.2.2.1 Ordem Podicepidiformes Família Podicepididae Mergulhão-pequeno, Tachybaptus ruficollis Fenologia: Espécie residente em Portugal. No estuário do Tejo a espécie é residente nidificante raro e invernante comum (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Espécie considerada Pouco Preocupante em Portugal e pela IUCN. Está incluída no anexo II da convenção de Berna (ICN, 2006). Distribuição e movimentos: O Mergulhão-pequeno tem uma área de distribuição vasta, que engloba África, Europa e Sul da Ásia. A subespécie T. ruficollis ruficollis distribui-se pela Europa e Noroeste africano. Esta espécie é residente, mas pode apresentar carácter dispersivo ou migratório, dependendo das condições atmosféricas durante o Inverno (del Hoyo et al., 1992) (Costa e Guedes, 1997). Habitat: Ocorre numa grande diversidade de zonas húmidas, geralmente com água pouco profunda (del Hoyo et al., 1992), evitando fortes ondulações ou correntes violentas (Carmp e Simmons, 1977). No estuário tem preferência por tanques de salinas, valas da lezíria e açudes (Leitão et al., 1998). Nos Invernos de 2004/05 e 2005/2006 a espécie utilizou preferencialmente as salinas do Samouco e a lagoa artificial do mouchão do Lombo do Tejo como local de invernada. População: A população do Paleártico ocidental é estimada num intervalo entre 100 000 e 1 000 000 de indivíduos (Rose e Scott 1994). Nidifica em Portugal, sendo uma espécie residente, mais abundante no Sul do país (Costa e Guedes, 1994). Tratando-se de uma espécie de hábitos mergulhadores, dificulta a sua contagem rigorosa, reflectindo-se este facto nos registos serem muito irregulares bem como as datas de contagens máximas variarem muito de ano para ano Costa e Guedes, 1997). Em Janeiro de 1991 e 1992 foram contados, entre Alcochete e Vila Franca de Xira, 134 e 192 indivíduos, respectivamente. A população nidificante não deve atingir os 5 casais (Leitão et al., 1998). No Inverno de 1992/93 foram contadas no estuário um máximo de 15 aves no mês de Dezembro e 51 indivíduos no esteiro do Montijo no mês de Novembro. Registos mais recentes nomeadamente dos Invernos de 2004/05 e

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2005/2006 foram observados 69 e 45 aves, respectivamente (Encarnação, dados não publicados).

Mergulhão-de-pescoço-preto, Podiceps nigricollis Fenologia: Em Portugal a espécie é invernante. No estuário do Tejo é uma espécie invernante rara. Ocorrendo no estuário durante os meses Março, Agosto e entre os meses de Novembro a Fevereiro (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Espécie considerada Pouco Preocupante em Portugal e internacionalmente Não Ameaçada e pela BirdLife International (2004) e Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída no anexo II da convenção de Berna (ICN, 2006). Distribuição e movimentos: A subespécie P. nigricollis nigricollis apresenta uma distribuição muito alargada, ocorrendo desde Espanha até à China (Hagemeijer e Blair 1997). Contudo, a maioria da população concentra-se entre a região Central da França e o Sul da Rússia, ocorrendo nas áreas mais a norte (ICN, 2006). Habitat: Durante o período de Inverno ocorre em zonas húmidas costeiras e de interior, com alguma preferência por água doce. Ocorre em albufeiras e pequenas charcas, observando-se ocasionalmente em salinas (ICN, 2006). No estuário do Tejo tem é observado em tanques de salinas, canais e águas livres (Leitão et al., 1998). População: A população europeia é estimada em cerca de 100.000 indivíduos (Rose e Scott, 1994), com a maioria destes nas regiões mais orientais (Cramp e Simmons, 1977). Existem diversos registos desta espécie em Portugal, estimando-se um efectivo invernante de 1000 indivíduos dispersos pelo país, e com números mais significativos no estuário do Sado (Moore 1998). A maior parte das observações efectuadas no estuário do Tejo envolveram indivíduos isolados (Leitão et al., 1998). Factores de ameaça: Não estão identificados factores de ameaça específicos para esta espécie. Estando estreitamente dependente de zonas húmidas, esta espécie é afectada por todas as intervenções que resultem na degradação da qualidade ambiental destas áreas, designadamente alterações dos níveis de água, eutrofização, contaminação por poluentes, presença de engenhos de pesca, caça entre outras (ICN, 2006). Medidas de Conservação: Algumas áreas de ocorrência integram a Rede Nacional de Áreas Protegidas, beneficiando assim da protecção atribuída a esses locais (ICN, 2006).

1.3.2.2.2 Ordem Pelecaniformes

Família Phalacrocoracidae Corvo-marinho-de-faces-brancas, Phalacrocorax carbo Fenologia: Em Portugal a espécie é invernante. Ocorre no estuário do Tejo com invernante comum, sobretudo entre os meses de Junho a Maio (Leitão et al., 1998).

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Estatuto de Protecção: Espécie considerada Pouco Preocupante em Portugal e internacionalmente Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída no anexo III da convenção de Berna (ICN, 2006). Distribuição e movimentos: Ocorrem em Portugal, durante o Inverno, as duas subespécies europeias do corvo-marinho-de-faces-brancas, que evidenciam algumas diferenças quanto à ocupação preferencial dos vários tipos de zonas húmidas. Os corvos-marinhos da subespécie carbo invernantes em Portugal são originários maioritariamente da Grã-Bretanha e Irlanda, enquanto os da subespécie sinensis são provavelmente da Alemanha, Holanda e Dinamarca, e, possivelmente de outros países da Europa central e oriental (Rose e Scott, 1994; Costa e Guedes, 1994). Habitat: A subespécie P. carbo carbo predomina nas regiões litorais, já a subespécie P. c. sinensis é mais comum nas áreas mais continentais, como albufeiras, açudes e lagos. No Tejo tem preferência por zonas de águas livres do estuário e viveiros das salinas (Leitão et al., 1998). Os registos dos Invernos de 2004/05 a 2005/06 mostram a preferência por zonas de águas livres do estuário, obtendo-se mais 94% e 87% respectivamente do total da população invernante no estuário. População: A população de P. c. carbo está estimada em cerca de 150 000 indivíduos e a de P. c. sinensis em 120.000 indivíduos, encontrando-se esta última em acentuado crescimento (Rose e Scott, 1994). Durante o período de 1980 e 1982 a população invernante do estuário do Tejo foi estimada em 200 a 400 aves, sendo que no Inverno de 1981/82 a população terá ascendido a cerca de 300 indivíduos. Em Dezembro de 1982 foram contados 342 aves no estuário do Tejo (Teixeira 1985). A população média invernante no período 1992 a 1996 foi de 403 aves, com um máximo de 616 registado em Janeiro de 1992. Apesar os números médios não se afastarem muito do máximo obtido em 1982, tudo leva a crer que a população invernante no estuário esteja a aumentar, devido não só à recuperação das populações da Europa Setentrional, mas também à expansão de pisciculturas, que proporcionam uma fácil fonte de alimento (Leitão et al., 1998). Este aumento foi visível nos Invernos de 2004/05 e 2005/06 onde foram registados 681 e 707 indivíduos, respectivamente (Encarnação, dados não publicados).

1.3.2.2.3 Ordem Ciconiiformes Família Ardeidae Garçote, Ixobrychus minutos Fenologia: Em Portugal a espécie é estival nidificante. No estuário do Tejo ocorre como estival nidificante raro ou ocasional, sendo observado nos meses de Junho e Julho (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Espécie com estatuto de Vulnerável em Portugal. A nível europeu é considerada uma espécie Depauperada pela BirdLife International (2004) e Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída nos anexos das convenções de

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Berna (Anexo II), Bona (Anexo II), e da Directiva Aves/Habitats (Anexo A -I) (ICN, 2006). Distribuição e movimentos: No Paleártico Ocidental distribui-se do Atlântico aos Montes Urais e da Finlândia até ao Golfo Pérsico. Na Europa, não se encontra presente em Inglaterra, Irlanda e Escandinávia. No entanto tem ocorrido ocasionalmente nos Açores, Madeira, ilhas Canárias, etc. A população europeia passa o Inverno na África Oriental, desde o Sudão e da Etiópia até ao Congo e o Sul da África do Sul. Em Portugal a população estende-se de Norte a Sul do país, ao longo de rios e ribeiras principais e em lagoas e albufeiras, embora aparentemente esteja melhor distribuída na zona centro do país (ICN, 2006). Habitat: Frequenta normalmente zonas com abundante vegetação palustre. Inclui lagoas costeiras, valas em zonas de arrozal, cursos de água, pauis, açudes e barragens (ICN, 2006). No estuário do Tejo tem preferência por caniçais e outras manchas de vegetação palustre em pequenos açudes (Leitão et al., 1998). População: Estima-se que a população nacional esteja compreendida entre 250 e 1000 aves, admitindo-se uma tendência de decréscimo dos efectivos (ICN, 2006). Observações efectuadas em 1990 e 1991 sugerem a hipótese de nidificação de um ou dois casais no estuário do Tejo (Leitão et al., 1998). Factores de ameaça: Destacam-se a drenagem e a destruição de caniçais para aproveitamento agrícola e pecuário e a má gestão dos recursos hídricos. Com efeito, tratando-se de uma aves extremamente sensível a alterações do nível da água, pode ser negativamente afectada por intervenções hidráulicas associadas a alterações dos níveis de água, com origem na gestão de açudes e barragens. Também alterações do uso do solo nas áreas circundantes às colónias que são utilizadas como locais de alimentação, nomeadamente o abandono da cultura de arroz ou conversão para cultura de sequeiro ameaçam a conservação desta espécie. O corte e queima dos caniçais também prejudicam esta espécie, dado que o caniço é utilizado para a construção e é também no seu interior que a ave se alimenta. É uma espécie extremamente sensível a qualquer tipo de perturbação nas áreas de nidificação, sendo negativamente afectada pelas acções associadas ao turismo, caça e pesca. Dada a sua grande dependência do meio aquático, é muito afectada pela poluição da água, por efluentes domésticos, industriais e agrícolas e ainda pela utilização de adubos, pesticidas e herbicidas nas zonas de alimentação (ICN, 2006). Medidas de Conservação: A conservação desta espécie requer a manutenção e incremento das áreas de habitat de suporte potencial para a nidificação da espécie, nomeadamente de manchas de caniço, bem como das condições nos habitats de alimentação, assegurando a existência de zonas ricas em peixes e anfíbios. É uma espécie que beneficiará largamente com a melhoria da eficácia do controlo e tratamento das descargas de efluentes. Carece também de medidas que visam reduzir a perturbação nos locais de nidificação e invernada. A criação e implementação de Planos de Ordenamento para áreas ecologicamente sensíveis onde a espécie ocorre que integrassem estas orientações, asseguraria a sua conservação. A monitorização dos efectivos nidificantes é fundamental. A informação e sensibilização das

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populações em geral e das entidades responsáveis, tem um papel importante para a preservação da espécie (ICN, 2006). Carraceiro, Bulbucus ibis Fenologia: Em Portugal a espécie é residente. Ocorre no estuário do Tejo como residente comum não nidificante (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Espécie Pouco Preocupante em Portugal. A nível europeu é considerada uma espécie Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída nos anexos das convenções de Berna (Anexo II) e CITES (Anexo A). Distribuição e movimentos: Oriundo da África central, o carraceiro coloniza hoje todos os continentes exceptuando-se a Antártida, o Árctico e as suas áreas boreais correspondentes (Marquez 1987). Em Portugal distribui-se por todo o país, estando a população nidificante melhor distribuída na metade Sul do país (Rufino, 1989). Habitat: Nidifica colonialmente, não demonstrando especial preferência por um tipo de habitat. As colónias conhecidas localizam-se em ilhotes em rios e barragens, cria em árvores, em ilhéus rochosos no mar, pinhais etc. (Rufino, 1989). No estuário do Tejo ocorre em pastagens na lezíria, zonas de montado aberto e arrozais (Leitão et al., 1998). População: A população nacional nidificante foi estimada entre 14.000 e 18.000 casais (Candeias, Rufino e Araújo, 1987). Entre Agosto de 1990 e Agosto de 1991 efectuaram-se contagens mensais num dormitório de grandes dimensões localizado na Ponta da Erva. O número de indivíduos presente variou entre 4300, em Novembro de 1990 e 25 em Maio de 1991. No Inverno seguinte contaram-se 846 indivíduos em dois dormitórios da zona (Leitão et al., 1998). Nos Invernos de 2004/05 e 2005/06 foram registados 80 e 24 aves, respectivamente, em ambos os casos nos dormitórios existentes na Ponta da Erva (Encarnação, dados não publicados). Goraz, Nycticorax nycticorax Fenologia: Em Portugal a espécie é estival nidificante. Ocorre ocasionalmente no estuário do Tejo. Estatuto de Protecção: Espécie com estatuto de Em Perigo em Portugal. A nível europeu é considerada uma espécie Depauperada pela BirdLife International (2004) e Pouco Preocupante pela IUCN (versão 3.1). Está incluída nos anexos das convenções de Berna (Anexo II) e da Directiva Aves/Habitats (Anexo A -I) (ICN, 2006). Distribuição e movimentos: Na Europa a sua área de distribuição estende-se pelo Sudoeste, centro, Sudeste e Este da Europa, sendo limitada pela disponibilidade alimentar e pela existência de locais de nidificação (Cramp e Simmons, 1977). É uma espécie migratória que maioritariamente inverna em África, no Sul do Sara; apenas cerca de 1% da população passa o Inverno no sul da Europa. A sua área de distribuição em Portugal Continental situa-se na zona centro sul do país, sendo a sua presença mais importante a Sul da bacia do rio Tejo. Como nidificante, ocupa uma área restrita. Ocorre em zonas de nidificação muito bem definidas (actualmente são conhecidos 5 locais) e é raramente observada fora dessas áreas (ICN, 2006).

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Habitat: Frequenta lagoas costeiras, cursos de água, pauis, açudes e barragens. Marcadamente arborícola, onde descansa, dorme e nidifica, utiliza uma grande variedade de espécies de árvores e arbustos, normalmente localizados na orla de rios, mas também por vezes junto de aglomerados urbanos. No entanto a falta de árvores ou arbustos, pode usar também caniçais. Durante o Inverno ou em passagem pode ocorrer em zonas costeiras ou regiões mais secas. A sua adaptabilidade pode ser uma das razões para a sua recuperação, após o declínio no século XIX (ICN, 2006). População: Em Portugal a população representa 0-4% da população global (Livro vermelho dos vertebrados de Portugal). Nos últimos dez a população tem sofrido uma redução na ordem dos 50%, tendo desaparecido importantes colónias, nomeadamente na bacia do Guadiana. A população está compreendida entre 50 e 250 indivíduos, os quais actualmente apresentam alguma estabilidade, principalmente ao longo do rio Tejo e do paul do Boquilobo (ICN, 2006). No estuário do Tejo a espécie é observada em possível habitat de nidificação durante o período reprodutor (ICN, dados provisórios). Foi observado um juvenil entre 15 e 30 de Setembro no estuário do Tejo (Leitão et al., 1998). Os censos realizados no Inverno de 2004/05 foram observados 5 indivíduos no paul da Barroca d’Alva (Encarnação, dados não publicados). Factores de ameaça: Destacam-se a drenagem de zonas húmidas e corte de árvores ao longo da margem dos rios. Também a perturbação exercida por actividades associadas ao turismo e prática de desportos aquáticos, nomeadamente nas proximidades das margens onde se situam as colónias de Ardeídeos, tem afectado particularmente esta espécie devido à sua pouca tolerância à presença humana (ICN, 2006). Medidas de Conservação: A conservação desta espécie requer a manutenção e incremento das áreas de habitat de suporte potencial para a nidificação da espécie, nomeadamente a manutenção das galerias ripícolas que proporcionem condições de nidificação junto a áreas de alimentação mais ricas e adequadas. É também necessária a manutenção e melhoria das condições nos habitats de alimentação, assegurando a existência de zonas ricas em peixes e anfíbios. É uma espécie que beneficiará largamente com a melhoria da eficácia do controlo e tratamento das descargas de efluentes. Carece também de medidas que visam reduzir a perturbação nos locais de nidificação e invernada. A monitorização dos efectivos nidificantes é fundamental. A informação e sensibilização das populações em geral e das entidades responsáveis, tem um papel importante para a preservação da espécie (ICN, 2006). Papa-ratos, Ardeola ralloides Fenologia: Em Portugal a espécie é estival nidificante e invernante. No estuário do Tejo ocorre ocasionalmente. Estatuto de Protecção: Em Portugal ocorrem duas populações, uma nidificante com o estatuto de Criticamente em Perigo e uma invernante considerada Em Perigo. A nível europeu é considerada uma espécie Em Declínio pela BirdLife International (2004) e Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída nos anexos das

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convenções de Berna (Anexo II), Bona (Anexo II) e da Directiva Aves/Habitats (Anexo A -I) (ICN, 2006). Distribuição e movimentos: A sua distribuição estende-se desde o Sul da Europa, Ásia Central até à região do Mar Aral, assim como na zona tropical de África e no Norte de África. Pode ocorrer nas ilhas Canárias, ilhas de Cabo Verde. A maioria das espécies de Papa-ratos do Paleártico Ocidental migra para a zona tropical do Norte de África, e em menor número para Marrocos, Mediterrâneo, Iraque, Irão e Golfo Pérsico (Cramp e Simmons, 1977). Em Portugal, a sua potencial área de distribuição situa-se a Sul do Tejo. Como nidificante ocorre em zonas de nidificação bem definidas (actualmente são conhecidos 5 locais). Como invernante são menos de 10 os locais de ocorrência conhecidos (ICN, 2006). Habitat: Frequenta normalmente zonas com vegetação palustre, lagoas costeiras, arrozais, cursos de água, pauis e açudes (ICN, 2006). No estuário do Tejo a espécie foi observada em 1995 durante o mês de Setembro, nos arrozais a Norte do rio Sorraia e nos arrozais de da Ponta da Erva (1 indivíduo em ambos os casos) (Leitão et al., 1998). É observada ainda no paul da Barroca d’Alva. População: Trata-se de uma espécie com baixa detectabilidade e que não tem sido alvo de contagens dirigidas, sobre a qual não existe muita informação disponível. Contudo, o conhecimento existente permite inferir uma população nidificante e invernantes inferiores a 50 indivíduos. A redução de observações durante o período reprodutor e a não confirmação da sua nidificação, leva a crer um declínio acentuado desta população. Por outro lado, existem cada vez mais registos da sua presença no Inverno (ICN, 2006). No estuário do Tejo a espécie é observada em possível habitat de nidificação durante o período reprodutor (ICN, dados provisórios). Factores de ameaça: Destacam-se a drenagem e a destruição de caniçais para aproveitamento agrícola e pecuário e a má gestão dos recursos hídricos. Com efeito, tratando-se de uma aves extremamente sensível a alterações do nível da água, pode ser negativamente afectada por intervenções hidráulicas associadas a alterações dos níveis de água, com origem na gestão de açudes e barragens. Também alterações do uso do solo nas áreas circundantes às colónias que são utilizadas como locais de alimentação, nomeadamente o abandono da cultura de arroz ou conversão para cultura de sequeiro ameaçam a conservação desta espécie. O corte e queima dos caniçais também prejudicam esta espécie, dado que o caniço é utilizado para a construção e é também no seu interior que a ave se alimenta. É uma espécie extremamente sensível a qualquer tipo de perturbação nas áreas de nidificação, sendo negativamente afectada pelas acções associadas ao turismo, caça e pesca. Dada a sua grande dependência do meio aquático, é muito afectada pela poluição da água, por efluentes domésticos, industriais e agrícolas e ainda pela utilização de adubos, pesticidas e herbicidas nas zonas de alimentação (ICN, 2006). Medidas de Conservação: A conservação desta espécie requer a manutenção e incremento das áreas de habitat de suporte potencial para a nidificação da espécie, nomeadamente de manchas de caniço, bem como das condições nos habitats de alimentação, assegurando a existência de zonas ricas em peixes e anfíbios. É uma

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espécie que beneficiará largamente com a melhoria da eficácia do controlo e tratamento das descargas de efluentes. Carece também de medidas que visam reduzir a perturbação nos locais de nidificação e invernada. A criação e implementação de Planos de Ordenamento para áreas ecologicamente sensíveis onde a espécie ocorre que integrassem estas orientações, asseguraria a sua conservação. A monitorização dos efectivos nidificantes é fundamental. A informação e sensibilização das populações em geral e das entidades responsáveis, tem um papel importante para a preservação da espécie (ICN, 2006). Garça-branca-pequena, Egretta garzetta Fenologia: Em Portugal continental a espécie é residente e no arquipélago dos Açores é invernante. No estuário do Tejo ocorre como residente comum (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Espécie é Pouco Preocupante em Portugal continental e apresenta Informação Insuficiente nos Açores. A nível europeu é considerada uma espécie Não Ameaçada pela BirdLife International (2004) e Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída nos anexos das convenções de Berna (Anexo II), CITES (Anexo A) e da Directiva Aves/Habitats (Anexo A -I) (ICN, 2006). Distribuição e movimentos: Espécie que ocorre na Europa, Sudoeste Asiático, África e Austrália (del Hoyo et al., 1992). Na Europa apresenta distribuição circum-mediterrânica, com as populações mais abundantes em Itália (Hagemeijer e Blair 1997). Nos Açores a garça-branca-pequena é uma espécie migratória invernante sendo observada com regularidade em várias ilhas do arquipélago (Bannerman e Bannerman 1966). Habitat: Ocorre em zonas costeiras e zonas de águas pouco profundas. No estuário do Tejo tem preferência pelas zonas entre marés, tanques de salinas, arrozais e valas (Leitão et al., 1998). São observadas em maior abundância nas salinas do Samouco, de Vasa Saco e Giganta (Encarnação dados não publicados). Em 1992 foram observadas aproximadamente 70 garças-brancas-pequenas alimentando-se em canais e poças isoladas na baixa-amr (vasa negra compacta) na zona de Alcochete. As suas presas consistiram sobretudo em Pomatoschistus spp. e o crustáceo Crangon crangon, mas outras espécies de peixes e invertebrados estão incluídos na sua dieta (Moreira, 1992). População: A população de E. garzetta nidificante em Portugal foi estimada entre 5000 e 5500 casais (Candeias, 1987; Rufino e Araújo, 1987). No Inverno de 1981/82 a população invernante no estuário do Tejo foi estimada em 500-600 indivíduos. Passados dez anos, população foi estimada em 480 aves, durante o Inverno de 1991/92 (Leitão et al., 1998). Na margem Norte do estuário foi observado um máximo de 17 aves numa densidade 0,072 aves/ha (no período entre Dezembro de 1998 e Abril de 1999) (Rosa, 1999). Nos Invernos de 2004/05 e 2005/6 no estuário do Tejo, foram recenseados 54 e 218 indivíduos, respectivamente (Encarnação, dados não publicados). Nas salinas do Samouco a espécie apresentou máximos de 153 e 157 em 2004 durante os meses de Julho e Agosto, respectivamente (Rocha, dados não

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publicados). Na barragem do Vale Cobrão foi observada uma média 11,75 aves em Junho de 2006, tendo se registado um máximo de 16 aves (Rocha, 2006a). Factores de ameaça: Destruição de zonas húmidas e a ocupação das zonas costeiras pelo homem, constituem as principais ameaças para a espécie (ICN, 2006). Medidas de Conservação: a espécie encontra-se protegida por legislação nacional e internacional no âmbito das normas gerais de protecção das aves e dos seus habitats, não tendo sido alvo de acções específicas de conservação. As prioridades de conservação incluem a obtenção de dados sobre a distribuição e a abundância da população nos Açores (ICN, 2006). Garça-real, Ardea cinerea Fenologia: Em Portugal continental a espécie ocorre como residente e invernante, e invernante no arquipélago dos Açores. No estuário do Tejo ocorre como invernante e migrador de passagem comum, não nidifica. No fim do Verão e início de Outubro é possível observar grandes concentrações de Garças-reais nos biótopos favoráveis (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal continental ocorrem duas populações, uma residente e outra invernante, ambas com estatuto Pouco Preocupante. Nos Açores ocorre uma população migratória invernante com o estatuto de Informação Insuficiente. A nível europeu é considerada uma espécie Não Ameaçada pela BirdLife International (2004 in ICN 2006) e Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída no anexo III da convenção de Berna (ICN, 2006). Distribuição e movimentos: A distribuição mundial da espécie inclui a Europa, Ásia e África. A população europeia é abundante e tem uma distribuição muito alargada (Cramp e Simmons, 1977). Nos Açores a espécie é observada com regularidade em várias ilhas do arquipélago, embora não sendo conhecida com detalhe a sua distribuição, a espécie pode ser residente (Bannerman e Bannerman, 1966). Habitat: Ocorre em zonas costeiras e lagoas. No estuário tem preferência pelas margens de valas, vasas, ostreiras, arrozais salinas e sapais (Leitão et al., 1998). No Inverno de 1981/82 as maiores concentrações foram observadas junto à foz da ribeira de Sacavém e ainda nas ostreiras de Pancas (Teixeira 1985). Foi observada com maior abundância durante o Inverno de 2004/2005 na zona de Reserva Integral, no rio Ponta da Erva, no Mouchão da Póvoa, Giganta e salinas do Samouco (Encarnação, dados não publicados). Segundo Moreira (1992 in ICN 2006) a garça-real alimenta-se em valas de vaza negra e compacta captura exclusivamente a tainha (Liza ramada), sendo ingeridas presas com aproximadamente 25 cm. População: O número de aves presente no estuário do Tejo varia muito ao longo do ano. No período de 1977 a 1982 foram registadas até cerca de 200 aves (principalmente em Janeiro) (Teixeira, 1985). Em Setembro de 1992, por exemplo foram estimados 400-500 indivíduos no decurso do transepto de barco efectuado entre Alcochete e o rio Sorraia. A população média invernante no período de 1992 a 1996 foi de 311 indivíduos, com um máximo de 609 aves registado em Janeiro de 1994 (Leitão et al., 1998). Nos Invernos de 2004/05 e 2005/6 foram recenseados 441 e 771

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indivíduos, respectivamente (Encarnação, dados não publicados). Na barragem do Vale Cobrão foi observada uma média 5 aves em Junho de 2006, registando-se um máximo de 9 aves. Foi observada ainda indivíduos isolados em charcos temporários nas Herdades de Barroca d’Alva da Companhia das Lezírias (Rocha, 2006a). Factores de ameaça: Destruição de zonas húmidas e a ocupação das zonas costeiras pelo homem, constituem as principais ameaças para a espécie (ICN, 2006), durante a época de caça muitas garças-cinzentas continuam a ser alvo de abate indiscriminado no estuário do Tejo (Teixeira, 1985). Medidas de Conservação: a espécie encontra-se protegida por legislação nacional e internacional no âmbito das normas gerais de protecção das aves e dos seus habitats, não tendo sido alvo de acções específicas de conservação. As prioridades de conservação incluem a obtenção de dados sobre a distribuição e a abundância da população nos Açores, assim como a obtenção de dados sobre a sua distribuição e abundância a nível regional (ICN, 2006). Garça-vermelha, Ardea purpurea Fenologia: Em Portugal a espécie é estival nidificante. No estuário do Tejo ocorre como estival nidificante comum, sendo observada entre os meses de Março a Setembro e em Outubro (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Espécie Em Perigo em Portugal. A nível europeu é considerada uma espécie Em Declínio pela BirdLife International (2004) e Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída nos anexos das convenções de Berna (Anexo II), Bona (Anexo II), e da Directiva Aves/Habitats (Anexo A -I) (ICN, 2006). Distribuição e movimentos: Está distribuída pelo Paleártico Ocidental estando limitada a Norte pela Holanda e Polónia a Sul pelo Irão, Casaquistão, Balcãs e África subsariana. Menos de um quarto da população encontra-se na Europa. A população europeia migra para a África subsariana, embora muitas aves invernem no Sul da Europa e Arábia (Cramp e Simmons, 1977). Em Portugal, como nidificante distribui-se amplamente ao longo do litoral português, onde está presente de Março a Setembro, nidificando em zonas húmidas ou nas suas imediações (ICN, 2006). Habitat: Associada a zonas húmidas com áreas de vegetação densa de caniçais Phragmites australis. Frequenta estuários, rias, lagoas costeiras, valas, açudes, barragens e pequenos canais e diques que pertencem aos sistemas de irrigação dos arrozais. Prefere águas eutróficas pouco profundas, paradas ou com pouca corrente, de substrato arenoso, sedimentar, lodoso ou com vegetação, e ausente de rochas ou outro tipo de obstáculos. No estuário do Tejo tem preferência por caniçais, valas na lezíria, águas pouco profundas junto a manchas de vegetação palustre e arrozais (Leitão et al., 1998). As principais colónias do estuário do Tejo, situadas no Mouchão do Lombo do Tejo e Póvoa construíram os seus ninhos sobre o caniçal de P. australis (Coelho, 1997). Segundo Leitão (1993), a garça-vermelha utiliza apenas os biótopos alagados dulciaquículas, ocorrendo em grandes densidades nas valas da lezíria, que constituem um dos principais biótopos de alimentação da colónia do mouchão do Lombo do Tejo. Em termos de importância de habitats, ao longo e após a época

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reprodutora, é importante salientar o papel das valas durante o período de postura, eclosão e alimentação das crias, e a relevância dos arrozais como principal habitat de alimentação dos Juvenis emancipados e dos adultos (Coelho, 1997). População: Nos últimos anos, as populações de garça-vermelha têm vindo a sofrer um declínio acentuado, em grande parte devido à degradação e destruição de zonas húmidas, fundamentais à nidificação e alimentação da espécie (Kayser in Tucker e Heath, 1994). Em 1989 estimou-se a população nacional em cerca 100 a 150 casais, distribuídos por 17 colónias numa faixa ao longo da costa e no interior sul do país (Dias, 1989; Rufino, 1989). Nos censos nacionais realizados a partir de 1998 indicam que a população está compreendida entre os 270 e 600 casais (Encarnação, dados não publicados). No estuário do Tejo existem três núcleos de nidificação. Um, de grandes dimensões, localizado nos caniçais do Mouchão do Lombo do Tejo (um dos mais importantes do país, registando em 1991, 38 casais (Costa et al., 1992), os outros dois, mais reduzidos, situados no Mouchão da Póvoa e nos caniçais do rio Sorraia. Em 1991 a população nidificante foi estimada em pelo menos 44 casais, valor que contemplava a população do Paul da Barroca d’Alva (1a 5 casais). Com base em estudos efectuados em 1996, a população foi estimada em 153 a 168 casais, estando 75,1% concentrados numa colónia no Mouchão do Lombo do Tejo e 21,2% no Mouchão do Lombo do Tejo (foram ainda registados 1-3 casais no rio Sorraia, 2 casais no Açude de Vale de Frades e 1-3 casais no açude do Buraco (Herdade da Barroca d’Alva) (Coelho, 1997). Nos últimos anos a tendência de incremento que se vinha a verificar em termos nacionais alterou-se em alguns locais, tendo-se verificado um acentuado decréscimo nas colónias mais importantes, nomeadamente no estuário do Tejo. Assim, em 1999 foram recenseados 294-299 casais, passando para 52-59 casais em 2001 (Coelho, com. pess). Factores de ameaça: Destacam-se a drenagem e a destruição de caniçais para aproveitamento agrícola e pecuário e a má gestão dos recursos hídricos. Com efeito, tratando-se de uma aves extremamente sensível a alterações do nível da água, pode ser negativamente afectada por intervenções hidráulicas associadas a alterações dos níveis de água, com origem na gestão de açudes e barragens. Também alterações do uso do solo nas áreas circundantes às colónias que são utilizadas como locais de alimentação, nomeadamente o abandono da cultura de arroz ou conversão para cultura de sequeiro ameaçam a conservação desta espécie. O corte e queima dos caniçais também prejudicam esta espécie, dado que o caniço é utilizado para a construção e é também no seu interior que a ave se alimenta. É uma espécie extremamente sensível a qualquer tipo de perturbação nas áreas de nidificação, sendo negativamente afectada pelas acções associadas ao turismo, caça e pesca. Sofre ainda os efeitos da caça ilegal, sobretudo na ria de Aveiro. Dada a sua grande dependência do meio aquático, é muito afectada pela poluição da água, por efluentes domésticos, industriais e agrícolas e ainda pela utilização de adubos, pesticidas e herbicidas nas zonas de alimentação (ICN, 2006). Medidas de Conservação: A conservação desta espécie requer a manutenção e incremento das áreas de habitat de suporte potencial para a nidificação da espécie,

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nomeadamente de manchas de caniço, bem como das condições nos habitats de alimentação, assegurando a existência de zonas ricas em peixes e anfíbios. É uma espécie que beneficiará largamente com a melhoria da eficácia do controlo e tratamento das descargas de efluentes. Carece também de medidas que visam reduzir a perturbação nos locais de nidificação e de um reforço na vigilância à caça ilegal. A criação e implementação de Planos de Ordenamento para áreas ecologicamente sensíveis onde a espécie ocorre que integrassem estas orientações, asseguraria a sua conservação. A monitorização dos efectivos nidificantes é fundamental. A informação e sensibilização das populações em geral e das entidades responsáveis, tem um papel importante para a preservação da espécie (ICN 2006). As principais medidas de conservação a implementar no estuário do Tejo, consistem no impedimento da drenagem e destruição dos caniçais, para aproveitamento agrícola e pecuário; na fiscalização e acompanhamento das concentrações e composição dos adubos e pesticidas, nos arrozais e nas valas; na elaboração de um plano de monitorização que avalie os efeitos da acumulação dos contaminantes químicos nas aves, nos seus parâmetros ecológicos e nos habitats; e na contaminação da prática da cultura de arroz de regadio (Coelho, 1997). Família Ciconiidae Cegonha-branca, Ciconia ciconia Fenologia: Em Portugal ocorrem duas populações, uma residente e outra estival nidificante. No estuário do Tejo a espécie ocorre como estival nidificante pouco comum e invernante raro, sobretudo entre os meses de Dezembro a Novembro (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Espécie Pouco Preocupante em Portugal. A nível europeu é considerada uma espécie Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída nos anexos das convenções de Berna (Anexo II), Bona (Anexo II), e da Directiva Aves/Habitats (Anexo A -I) (ICN, 2006). Distribuição e movimentos: A sua área de distribuição estende-se pela Europa Continental, Médio Oriente, Norte de África e África do Sul (Cramp e Simmons, 1977). Na Europa ocorrem duas populações, com rotas migratórias e áreas de invernada distintas. A população ocidental migra principalmente pelo estreito de Gibraltar, invernando na sua maioria na África Central e Ocidental. A população oriental migra principalmente através do Estreito do Bósforo e por Israel (Araújo, 1998). A sua área de distribuição estende-se praticamente por todo território nacional continental, exceptuando o Minho, Douro Litoral e o maciço da Serra da Estrela. Segundo Rosa et al., (2005), a população nidificante estende-se por todo o interior do Norte e do Centro do País (onde é mais comum), envolvendo a Ria de Aveiro, Baixo Mondego e região de Leiria. Da bacia hidrográfica do rio Tejo para Sul, a espécie nidifica em praticamente todo o território nacional, excluindo as serras algarvias. As populações ibéricas têm alterado os seus hábitos, tornando-se sedentárias. É provável que esta mudança de estratégia de migração e invernada (Hernandéz, 1995; Marchamalo de

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Blas 1995; Tortosa et al., 1995; Rosa et al., 1998a), devidas à utilização de novos recursos tróficos, nomeadamente o lagostim-vermelho Procambarus clarkii introduzido em Portugal no final da década de 70 (Ramos e Pereia 1981; Hobbs et al., 1989) e resíduos sólidos obtidos em lixeiras e aterros sanitários, sejam os principais causas desta recuperação (Rosa et al., 2005). Habitat: Encontra-se sobretudo em zonas abertas ocupadas com pastagens, pousios ou culturas de sequeiro, montado aberto, estuários, lagoas costeiras, prados húmidos, arrozais, cursos de água, pauis, charcos, açudes, barragens e lixeiras sobretudo durante o Inverno (Farinha e Costa, 1999). Evita locais frios e zonas de densa vegetação alta (desde caniçais a floresta). Nidifica em locais ensolarados, em árvores altas, igrejas, chaminés, telhados, ruínas e postos de alta tensão, geralmente perto de zonas favoráveis de alimentação. No estuário do Tejo ocorre em charcos de água pouco profunda, açudes, arrozais, lezírias e, raramente nas zonas entre marés (Leitão et al., 1998). Durante o Inverno é observada em maior abundância na Giganta, e em reduzido número na companhia das lezírias, Ponta da Erva e salinas de Vasa sacos. População: A cegonha tem sofrido uma acentuada regressão desde o início do século, particularmente na Europa Ocidental, extinguindo-se como nidificante em alguns países. Em Portugal, segundo Candeias e Araújo, registou-se um decréscimo de cerca de 70% entre os anos 50 e 80. No entanto, após a década de 80 a espécie conheceu um forte incremento em toda a Península Ibérica, sobretudo a sul, tendo na segunda metade da década de 90 alargado e reforçado a sua área de distribuição a norte do Tejo. Nos últimos anos, o número de aves invernantes na Península Ibérica aumentou substancialmente (Araújo, 1998). Da mesma forma, também na última década se verificou a sedentarização de um crescente número de indivíduos, inicialmente confinados à região algarvia, mas actualmente já instalados no Alentejo e Ribatejo. Os efectivos nidificantes recenseados no censo efectuado em 1994 foi de 3490 casais. Relativamente ao número de aves invernantes foram recenseados em 1997, 1708 indivíduos localizando-se os núcleos principais no Estuário do Sado e Castro Marim (Rosa et al., 1998). Em 2004, realizou-se o V Censo Nacional de cegonha-branca, durante o qual foram recenseados 8.205 desta espécie estando ocupados 93,7% deles. Assim a população nacional foi estimada em 7.684 casais, a qual apresentou um aumento de 133%, relativamente ao anterior censo (Rosa et al., 2005). No estuário do Tejo em 1991 criaram 17 casais, no entanto a espécie é mais comum como nidificante na zona envolvente do estuário (Leitão et al., 1998). Relativamente aos dados do Censo Nacional em 2004, podemos analisar os resultados dos concelhos de Vila Franca de Xira e Alcochete por contemplarem a maior área da ZPE do estuário do Tejo. No distrito de Lisboa a espécie encontra-se especialmente associada às áreas de arrozal da envolvente ao estuário do Tejo (Concelho de Vila Franca de Xira) onde foram recenseados 59 ninhos ocupados, os quais se encontravam maioritariamente em postes eléctricos de alta tensão. Pertencente ao distrito de Setúbal, o conselho de Alcochete apresentou um total de 80 ninhos ocupados todos situados em postes de alta tensão. Assim, para o estuário do Tejo podemos estimar uma população nidificante máxima de 139 casais em 2004. Nos

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Invernos de 2004/05 e 2005/06 foram registadas 9 e 85 aves, respectivamente (Encarnação, dados não publicados). Factores de ameaça: A drenagem de pastagens húmidas e outras zonas húmidas constitui uma ameaça porque aqueles biótopos são muito importantes como áreas de alimentação da espécie. A poluição da água por efluentes domésticos, industriais e agrícolas. A utilização de adubos, pesticidas e herbicidas nas zonas de alimentação, sobretudo em arrozais, contamina os recursos alimentares, reduzindo-os e ainda diminui a fertilidade da espécie e aumenta a frequência de ocorrência de deformações nas crias. A colisão e electrocussão em linhas aéreas de transporte de energia uma vez que espécie utiliza frequentemente apoios eléctricos como poiso, dormitório e local de nidificação (Rosa et al., 2005). Medidas de Conservação: Condicionar drenagens de pastagens húmidas e zonas húmidas; Restringir o uso de agro-químicos em áreas importantes de alimentação, nomeadamente arrozais, e adoptar técnicas de controlo alternativas; Manter e melhorar a qualidade da água pelo tratamento eficaz das descargas de efluentes. Fiscalizar e controlar o funcionamento e eficácia das ETAR e monitorizar a qualidade da água. Reduzir a mortalidade de aves por colisão e electrocussão em linhas aéreas de transporte de energia. Corrigir e sinalizar traçados e apoios da rede de distribuição de electricidade que sejam muito perigosos para a espécie; Monitorizar o impacte das linhas eléctricas de transporte de energia nas áreas mais importantes da Espécie (Rosa et al., 2005). Família Therskiornithidae Maçarico-preto, Plegadis falcinellus Fenologia: Em Portugal a espécie é Reprodutora (ICN, 2006). Ocorre no estuário do Tejo como migrador de passagem raro. Estatuto de Protecção: Espécie com estatuto de Regionalmente Extinto em Portugal. A nível europeu é considerada uma espécie Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluído nos anexos das convenções de Berna (Anexo II), Bona (Anexo II), e da Directiva Aves/Habitats (Anexo A -I) (ICN, 2006). Distribuição e movimentos: A sua área de nidificação apresenta uma distribuição alargada, mas bastante descontínua, que inclui a região mediterrânica, Europa central, África, sudoeste da América do Norte, Antilhas, sudoeste asiático e Oceania. O maçarico-preto é uma espécie migratória e dispersiva, possuindo um carácter nómada. No Outono, as aves que nidificam na região Paleártica Ocidental migram, na sua maioria, para África subsariana, para Sul do Sara (Moreau 1972; del Hoyo et al., 1992), ocorrem movimentos dispersivos de imaturos e de adultos em todas as direcções a partir das áreas de nidificação. Nos últimos 100 anos tem-se verificado uma acentuada contracção da área de distribuição na Europa e Norte de África, restringindo-se actualmente a algumas regiões circundantes ao Mar Mediterrâneo e Europa Central (Moreau, 1972; Cramp e Simmons, 1977). No entanto, surgem

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actualmente alguns sinais de recuperação, voltando a colonizar alguns locais como Israel e França (Costa, 1993). Habitat: Está geralmente associado a zonas húmidas, como lagos e lagoas, pântanos, rios, arrozais e outros terrenos alagados, e também regiões costeiras e estuários (Cramp e Simmons, 1977; del Hoyo et al., 1992) (Costa, 1993). População: No século passado, o Maçarico-preto tinha uma área de distribuição mais alargada do que a actual e, provavelmente, passava com regularidade na zona de Esmoriz (Tait, 1896). Até 1945 diversos autores consideram a espécie como rara, não havendo entre 1966 e 1985 registos assinalados para a espécie. No entanto, desde 1985 surgiram várias observações da espécie (Costa, 1993). Tait (1924) e Coverley (1945) referem a ocorrência desta ave durante a época de nidificação, sugerindo mesmo a hipótese da espécie ter nidificado em Pancas. Em Fevereiro de 1991 existe uma observação de uma ave no estuário do Tejo (Costa, 1993). Nas contagens de Inverno de 2005/06 foram registadas 178 aves no Paul da Barroca d’ Alva (Encarnação, dados não publicados). Factores de ameaça: Espécie globalmente não ameaçada, embora seja vulnerável a alterações no seu habitat, à caça, ao uso de pesticidas e á perturbação humana (del Hoyo et al., 1992) (Costa, 1993). Colhereiro, Platalea leucorodea Ocorrência: Em Portugal a espécie ocorre como migrador de passagem e invernante. No estuário do Tejo ocorre como residente pouco comum, não nidificante. É observado em especial entre os meses de Julho a Janeiro e de Fevereiro a Maio (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal ocorre duas populações, uma nidificante com estatuto de Vulnerável e uma população invernante com estatuto de Quase Ameaçada. A nível europeu é considerada uma espécie Rara pela BirdLife International (2004) e Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída nos anexos das convenções de Berna (Anexo II), Bona (Anexo II), e da Directiva Aves/Habitats (Anexo A -I) (ICN, 2006). Distribuição e movimentos: A área de distribuição desta espécie estende-se desde a Europa até à China, Índia, Mar Vermelho e Norte de África. No Paleártico a distribuição é ampla mas fragmentada. Os locais de reprodução são pontuais, encontrando-se, de modo geral, situados na parte oriental (Cramp e Simmons, 1977). As aves do Noroeste e sudoeste da Europa invernam essencialmente na África Ocidental. As do Sudeste da Europa invernam no Mediterrâneo e no Norte de África, as do Leste da Europa e Turquia movem-se para o Médio Oriente e Índia. A sua área de distribuição em Portugal continental estende-se, como invernante, desde a Ria de Aveiro até ao Algarve, sendo no entanto apenas a sul da bacia do rio Tejo que se estabelece como nidificante (ICN, 2006). Habitat: Os locais de invernada e de passagem são normalmente marinhos, encontrando-se confinados a estuários, lagoas, zonas costeiras baixas e abrigadas e, por vezes, barragens. As colónias nidificantes estão presentes na orla costeira,

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estuários, rias, salinas, cursos de água, pauis, açudes, com elevado grau de segurança face à perturbação e à predação. Evita águas estagnadas ou turbulentas, com densa vegetação, quer seja submersa, a flutuar ou emergente (ICN, 2006). No estuário do Tejo ocorre em zonas entre marés, tanques de salinas e arrozais (Leitão et al., 1998). Os maiores registos da população invernante ocorrem na área compreendida pela Reserva Integral. População: A população invernante no Mediterrâneo Ocidental e na costa Ocidental de África, na Europa Ocidental apresenta-se em aumento (Wetlands International 2002). Em Portugal o colhereiro chegou a desaparecer como nidificante, contudo na última década estabeleceu-se como nidificante em vários locais (Paul do Boquilobo, Barragem de Odivelas, Pêro Pião e Ria Formosa) e, desde então, o número de casais reprodutores tem aumentado (Elias et al., 1998). Estima-se que o seu número esteja entre 100 e 250 indivíduos (Encarnação, dados não publicados). Os censos de aves aquáticas invernantes indicam que a população invernante deve compreender 250 e 1.000 indivíduos (Rufino 1993; Costa e Rufino 1993, 1996 e 1997; Encarnação e Guedes, dados não publicados). A maior parte das observações realizadas no estuário do Tejo referem-se a indivíduos isolados ou bandos de pequena dimensão. A 26 de Novembro de 1990 observou-se um bando com 26 indivíduos em Pancas (Leitão et al., 1998). Em Janeiro de 1992, 1993, 1995 e 1996 foram recenseados 8, 7, 34 e 36 aves, respectivamente (Costa e Rufino, 1993, 1995, 1996). No período de 1996/97 e 1997/98 foram recenseados em média 78 indivíduos, apresentando um máximo de 80 aves observadas em Fevereiro de 1997 (Encarnação, dados não publicados). No estuário o número de colhereiros invernantes tem vindo a aumentar, comprovando-se esta tendência de crescimento nos censos realizados nos Invernos de 2004/05 e 2005/06, onde foram registados 267 e 476 (48% da população nacional) indivíduos, respectivamente (Encarnação, dados não publicados). Factores de ameaça: Destacam-se a drenagem de zonas húmidas naturais ou artificiais e corte de árvores ao longo da margem dos rios, lagoas e albufeiras, que resultam na em perda e degradação quer do habitat de alimentação como dos locais de nidificação. Também a perturbação exercida por actividades associadas ao turismo e prática de desportos aquáticos, nomeadamente nas proximidades das margens onde se situam os seus locais de nidificação, tem afectado particularmente esta espécie devido à sua pouca tolerância à presença humana. Dada a sua grande dependência do meio aquático, é muito afectada pela poluição da água, por efluentes domésticos, industriais e agrícolas e ainda pela utilização de adubos, pesticidas e herbicidas nas zonas de alimentação (ICN, 2006). Medidas de Conservação: A conservação desta espécie requer a manutenção e incremento das áreas de habitat de suporte potencial para a nidificação da espécie em bom estado de conservação. É também necessária a manutenção e melhoria das condições nos habitats de alimentação através da melhoria da eficácia do controlo e tratamento das descargas de efluentes. Carece também de medidas que visam reduzir a perturbação nos locais de nidificação. A monitorização dos efectivos nidificantes é fundamental (ICN, 2006).

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Família Phoenicopteridae Flamingo, Phoenicopterus ruber Fenologia: Em Portugal a espécie é invernante. No estuário do Tejo é residente comum, não nidificante (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal ocorre uma população invernante com estatuto de Vulnerável, contudo segundo as anotações de D. Carlos de Bragança (inéditos) existia uma população nidificante no Sul do Guadiana no século XIX, actualmente extinta (Catry, 1999). A nível europeu é considerada uma espécie Localizada pela BirdLife International (2004) e Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída nos anexos das convenções de Berna (Anexo II), Bona (Anexo II), CITES (Anexo II A) e da Directiva Aves/Habitats (Anexo A -I) (ICN, 2006). Distribuição e movimentos: O flamingo distribui-se localmente por vários continentes, encontrando-se no Norte, Sul e Este de África, Sudoeste de Ásia, Galápagos, e também na Europa (Tucker e Heath 1994). No Paleártico Ocidental nidifica em Espanha, França, Tunísia e, mais recentemente, na Sardenha (Cramp e Simmons, 1977). Realiza movimentos dispersivos e erráticos, que ainda não são totalmente conhecidos. A sua distribuição no território continental abarca sobretudo a faixa litoral a Sul da ria de Aveiro, sendo os núcleos mais importantes os dos estuários do Tejo e Sado, ria Formosa e Castro Marim. Começa no entanto a ser encontrado nos açudes, barragens, lagoas ou em zonas de arrozal no interior do país (ICN, 2006). Habitat: Frequenta lagoas abertas e pouco profundas, lagoas ou deltas lodosos, zonas costeiras e menos frequentemente interiores, zonas com água salgada e alcalina; inclui estuários, salinas, arrozais, lagoas costeiras e ocasionalmente barragens. Requer grandes espaços, abertos e tranquilos (pouco tolerável à perturbação). No entanto pode encontrar-se em zonas de sapal artificial e em outras zonas húmidas rodeadas pelo homem (ICN, 2006). No estuário do Tejo ocorre nas zonas entre marés, águas pouco profundas no estuário e salinas. Ocorre principalmente na faixa situada entre Alcochete e a foz do rio Sorraia. É menos regular área dos mouchões, nas salinas do Samouco e no esteiro do Montijo (Leitão et al., 1998). No estuário do Tejo mostra uma marcada preferência por zonas de vasa estuarina a descoberto durante a baixa-mar, recorrendo a salinas sobretudo, na preia-mar (Farinha et al., 1990). Durante o Inverno são observados em grandes concentrações na área da Reserva Integral, salinas do Samouco, Belavista, Tarouca, Atalaia e no mouchão da Póvoa (Encarnação, dados não publicados). População: Em Portugal, segundo Tait (1924), a sua ocorrência era rara é irregular no início do século XX, e também na década de 70 (Cramp e Simmons, 1977). Ao longo da década de 80 o flamingo passou a ser uma ave comum nos principais estuários portugueses, onde apresenta no entanto variações significativas de mês para mês (Farinha et al., 1992). A sua população invernante situa-se entre os 3.000 e 7.000 indivíduos (Rufino 1993, Costa e Rufino 1993, 1996 e 1997; Encarnação e Guedes, dados não publicados). A presença regular da espécie no estuário do Tejo parece ser

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um fenómeno relativamente recente e que se insere no contexto do aumento generalizado da população no mediterrâneo Ocidental (Leitão et al., 1998). Entre os anos de 1978 e 1990 foram recenseados do estuário do Tejo 64 indivíduos, embora em alguns anos a espécie não tenha sido registada, e apresentando um máximo de 240 aves em 1989 (Catry et al., 1992). Só a partir de 1988 é que espécie passa a ser assinada em todas as contagens de Inverno. Em anos normais, o número de indivíduos presente, varia consideravelmente, com as maiores concentrações a ocorrerem no final do Verão e durante o mês de Outubro, como resultado de movimentos de migração e dispersão pós-nupcial. Em 1990 o número de indivíduos presente oscilou entre 21, em Janeiro, e 1955, em Outubro. Em anos secos, como em 1992, o número médio mensal de aves presente é maior, provavelmente como resultado da falta de água nos locais de nidificação. Nesse ano, o número de aves variou entre 350, em Janeiro, e 2008, em Setembro. A população média invernante no período 1992 a 1996 foi de 1220 indivíduos, com um máximo de 2781 registado em Janeiro de 1993 (Leitão et al., 1998). Nos Invernos de 1996/97 e 1997/98 foram observados como valor médio máximo de 2786 indivíduos, apresentando um máximo de 3383 em Outubro de 1997 (Encarnação, dados não publicados). Na margem Norte do estuário no período entre Dezembro de 1998 e Abril de 1999 foi recenseado um número máximo de 239 aves, numa densidade de 0,794 aves/ha (Rosa, 1999). Nos Invernos de 2004/05 e 2005/06 foram registadas 2750 aves (Encarnação, dados não publicados). Nas salinas do Samouco entre 2004/2005 foram atingidos valores máximos de 602 aves nos meses de Fevereiro e Maio de 2005 (Rocha, dados não publicados). Factores de ameaça: O abandono e transformação de salinas para outras actividades, tem constituído um dos grandes factores de ameaça para a sua fixação. Esta alteração traduz-se em perda de habitat de alimentação, quer pela drenagem das mesmas quer pela sua inundação em níveis que não permitem a concentração de sal na água e assim inviabilizar a produção de pequenos crustáceos como a Artemia salina, o seu recurso alimentar principal. A ampliação de zonas industriais e portuárias, nomeadamente à custa de zonas de sapal, constitui uma ameaça a esta espécie. As zonas de vaza junto ou nos meandros, formados pelo sapal constituem uma importante alternativa como zonas de alimentação. Trata-se de uma espécie pouco tolerante à presença humana e outro tipo de perturbações sendo por isso afectada negativamente pela expansão turística e urbanística. A utilização de herbicidas e insecticidas nas áreas de arrozal, ao inviabilizar a existência das suas principais presas, corresponde a uma diminuição da qualidade do habitat de alimentação. É ainda uma ave vítima de abate ilegal (ICN, 2006). Medidas de Conservação: A preservação do Flamingo em Portugal depende da manutenção em bom estado de conservação dos seus locais de conservação dos seus locais de refúgio e alimentação. A criação de salinas artificiais e lagos salgados temporários pode justificar nalgumas áreas. Esta espécie, beneficiará ainda com o controlo e tratamento eficaz das descargas de efluentes, na sua área de ocorrência.

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Também a redução da pressão de abate ilegal é uma medida importante. A monitorização da população é fundamental (ICN, 2006).

1.3.2.2.4 Ordem Anseriformes Família Anatidae Ganso-bravo, Anser anser Fenologia: Espécie invernante em Portugal. Ocorre no estuário do Tejo como invernante comum, entre os meses de Novembro a Fevereiro, apresentando registos máximos entre os meses de Dezembro e Fevereiro (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Espécie Quase Ameaçada em Portugal. A nível europeu é considerada uma espécie Não Ameaçada pela BirdLife International (2004) e Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída nos anexos das convenções de Berna (Anexo III), Bona (Anexo II), e da Directiva Aves/Habitats (Anexo A -III) (ICN, 2006). Distribuição e movimentos: Distribui-se pela Europa e Ásia, desde a Islândia a Oeste até à costa da Rússia a Este. No Paleártico ocidental tem uma distribuição descontínua, sendo actualmente consideradas cinco populações distintas (Madsen 1987, 1991 in Costa e Guedes, 1994). A população do Noroeste da Europa nidifica na Escandinávia e Nordeste Europeu, invernando no Norte da Europa e Península Ibérica (Madsen, 1987 in Costa e Guedes, 1997). Habitat: Surge na zona entre marés, sapais, águas pouco profundas do estuário e pastagens na lezíria. Ocorrência localizada dentro da área considerada, estando restrito quase em exclusive à zona da Ponta da Erva e do Mouchão do Lombo do Tejo (Leitão et al., 1998). No Inverno de 2004/04 foi observado em maior abundância no Mouchão do Lombo do Tejo, no rio propriamente dito e ainda na Ponta da Erva. No Inverno seguinte mantêm a preferência pelo o Mouchão do Lombo do Tejo, onde ocorreu mais de 76% da população invernante. População: No Nordeste da Europa, o efectivo populacional atinge os 120.000 indivíduos, apresentando uma tendência de crescimento (Madsen, 1991). O principal local de invernada do Ganso-bravo em Portugal é o estuário do Tejo, onde ocorre a quase totalidade das aves contadas no país (Costa e Guedes, 1994). A população invernante no estuário do Tejo tem vindo a aumentar ao longo dos últimos anos. No Inverno de 1972/73 foram vistos 3 gansos numa contagem aérea e no Inverno de 1978/79 foram contados 150 indivíduos (Leitão et al., 1998). Nesta área foram contados em 1992/93 mais de 1% da população em causa, isto é mais de 1200 indivíduos (Costa e Guedes, 1994). Entre 1993 e 1996 os números mais elevados foram registados nos meses de Dezembro e Fevereiro, sendo o máximo de 3320 aves em Janeiro de 1996. Este número é o maior registado desde sempre e para além de seguir a tendência de crescimento populacional, deve também ser consequência do Inverno rigoroso que se fez sentir no Norte da Europa (Costa e Guedes, 1997). Em 1996/97 as contagens de ganso-bravo (2740 indivíduos) correspondem a cerca de 1,3% da população do Nordeste da Europa (Costa e Rufino, 1997). Em 1997/98 foram

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registadas 3024 aves, confirmando assim o crescimento da população que inverna no Tejo. Em 2005 e 2006 foram recenseados 2204 e 2718 aves nas contagens de Inverno (Encarnação, dados não publicados). Factores de Ameaça: Destacam-se a drenagem e destruição de zonas húmidas, assim como a poluição da água por efluentes domésticos, industriais e agrícolas (ICN, 1996). Medidas de Conservação: A preservação desta espécie requer a conservação das zonas de repouso e alimentação. É particularmente importante assegurar a manutenção de áreas pantanosas e de prados que proporcionem alimento, adjacentes ás zonas de repouso. Por outro lado a espécie beneficiará da melhoria da eficácia do controlo e tratamento das descargas de efluentes. Importa também assegurar a monitorização dos efectivos invernantes (ICN, 1996). Pato-branco, Tadorna tadorna Fenologia: Invernante pouco comum. Ocorre no estuário do Tejo durante os meses de Novembro a Janeiro e ainda no mês de Fevereiro (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Espécie com estatuto de Rara em Portugal. Está incluída nos anexos das convenções de Berna (Anexo II) e Bona (Anexo II) (SNPRCN, 1990). Distribuição e movimentos: Consideram-se duas populações para esta espécie, uma com área de distribuição no Noroeste da Europa, e outra que nidifica desde o Sudeste europeu até à Ásia (Costa e Guedes, 1994). As aves que nidificam no Norte da Europa Migram para Sul durante o Inverno, logo após a época de muda, altura em que se concentram na costa atlântica de França e da Alemanha (Nehls et al., 1992). Habitat: esta espécie tem preferência por zonas lodosas e salgadas (Cramp e Simmons, 1977; del Hoyo et al., 1992). No Tejo apresenta uma ocorrência localizada sobretudo no sector do estuário compreendido entre a foz da ribeira das Enguias e Pancas, tem preferência pelas zonas entre marés e salinas (Leitão et al., 1998). População: A população norte-europeia está estimada em cerca de 250 000 aves (Monval e Pirot, 1989 in Costa e Guedes, 1994). O Pato-branco é, desde há muito tempo, uma espécie protegida a nível europeu, o que tem permitido um grande crescimento populacional nas últimas décadas (Gélinaud et al., 1992). No Período de 1992/93, a presença da espécie em Portugal restringiu-se a Castro Marim e ao estuário do Tejo (Costa e Guedes, 1994). É assinalado irregularmente nas contagens de Inverno no estuário do Tejo e sempre em pequeno número. Em 1987 foram contados 10 aves. No período de 1991 e 1998 foram recenseadas em média 151 aves, observando-se um máximo de 850 aves em Dezembro de 1995 (não foram observados nos Invernos de 1994/05 e 1996/97) Em 2004/05 foram recenseados 90 aves e 2005/06 apenas 8 aves (Encarnação, dados não publicados). Factores de ameaça: A perturbação dos locais onde nidifica e o abate ilegal SNPRCN, 1990). Medidas de Conservação: Defesa do habitat, sensibilização dos caçadores e necessária investigação biológica adicional (SNPRCN, 1990).

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Piadeira, Anas penelope Fenologia: Em Portugal é uma espécie invernante. No estuário do Tejo ocorre como invernante comum, sendo observada entre os meses de Setembro a Maio apresentando máximos entre os meses de Dezembro a Fevereiro (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Considerada uma espécie Pouco Preocupante em Portugal e internacionalmente pela IUCN (2001). Incluída nos anexos das convenções de Berna (Anexo III), Bona (Anexo II), CITES (anexo C), nas Directivas Aves/Habitats (Anexo D) e na Lei de Bases de Caça (Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal). Distribuição e movimentos: A área de distribuição engloba o Norte da Europa e Ásia, onde a espécie nidifica. São consideradas 3 populações para esta espécie (Monval e Pirot, 1989): uma nidificante na Islândia e invernante na Escócia e Irlanda; uma segunda, nidificante na Escandinávia e Rússia, que inverna no Noroeste da Europa; e ainda uma outra que tem como área de reprodução a Rússia, a oriente do meridiano 60ºE, e que inverna no Mar Negro e na bacia mediterrânea. Portugal faz parte da região utilizada sobretudo por esta ultima população (Monval e Pirot, 1989), embora possam também ocorrer no país aves provenientes do Noroeste europeu. Habitat: A piadeira é uma espécie gregária, formando grandes bandos durante o período de invernada, especialmente em estuários, zonas alagadas sazonalmente e, embora em menor número em lagoas de água doce (Madge e Burn, 1988). São observadas em zonas entre marés e águas pouco profundas do estuário, ocorrendo em concentrações apreciáveis em frente a Alcochete (Leitão et al., 1998). No Inverno de 2004/05 foi mais abundante no Mouchão da Povoa e do rio, no Inverno seguinte para além de ocorrer abundantemente no Mouchão do Lombo do Tejo, surge ainda no Mouchão da Povoa e na Reserva Integral. População: A população do Mar Negro e mediterrânica está estimada em 600 000 indivíduos, com tendência para o decréscimo (Rose, 1995). A espécie inverna sobretudo na região do Ludo e no estuário do Tejo. A população Em Dezembro de 1992 a região do Ludo constituiu uma área de importância internacional para a piadeira, pois apresentou aproximadamente 1% da população mediterrânica desta espécie (5865 aves) seguida do Tejo onde foram registadas 3377 aves correspondendo a 0,56% da população mediterrânica (Costa e Guedes, 1994). Entre os Invernos de 1993 e 1996 o estuário do Tejo tem vindo a ser preterido (5593, 4989, 4120 aves em 1993/94, 1994/95 e 1995/96 respectivamente) pela espécie em relação à região do Ludo, contudo verifica-se um decréscimo da população em especial no último ano, o que poderá ser consequência das más condições atmosféricas, que se fizeram sentir nas zonas habituais de maior ocorrência (Costa e Guedes, 1997). No Inverno seguinte (1996/97) a população do Tejo registou um recorde de ocorrências, registando-se 6875 indivíduos (1,15% da população mediterrânica) no mês de Novembro. Mas no Inverno de 1997/98 a população invernante teve um decréscimo de mais de metade (2859 aves), talvez devido a questões metrológicas. Em 2004/5 e 2005/6 foi observado um aumento da espécie sendo recenseadas 4340 e 4930 aves respectivamente (Encarnação, dados não publicados).

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Frisada Anas strepera Fenologia: Em Portugal ocorrem duas populações, uma residente e outra invernante. No Estuário a espécie é invernante pouco comum. Ocorre no estuário entre os meses de Setembro a Maio ocorrendo ainda durante o mês de Agosto, os registos mais relevantes ocorrem em Novembro (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal população residente tem o estatuto de Vulnerável e a invernante Quase Ameaçada. A nível europeu é considerada Depauperada pela BirdLife International (2004) e pouco preocupante pela IUCN (2001). Está incluída nos anexos das convenções de Berna (Anexo III), Bona (Anexo II), na Directiva Aves/Habitats (Anexo D) e incluída na Lei de Bases de Caça (ICN, 2006). Distribuição e movimentos: A área de distribuição inclui grande parte da América do Norte e da Eurásia. Durante a época de invernada ocorre na América do Norte e Central, no Sul e Centro da Europa, Norte de África e Sul da Ásia (del Hoyo et al., 1992). Contrariamente à maioria das restantes espécies de anatídeos, apresenta uma distribuição bastante dispersa durante o Inverno, não formando grande concentrações. De todas as espécies de patos de superfície que ocorrem em Portugal, é a que se distribui mais a Sul e, nas regiões temperadas, são habitualmente encontradas a invernar nos locais de nidificação (Madge e Burn). Habitat: A frisada é uma das espécies de anatídeos que nidifica em Portugal, associada a meios de água doce (Rufino, 1989 in Costa e Guedes, 1994). Os habitats preferidos são lagos e albufeiras da água doce e pauis com vegetação aquática. Ocorre localmente em estuários e raramente em zonas costeiras (Madge e Burn, 1988 in Costa e Guedes, 1997). No estuário do Tejo ocorre na zona entre-marés, e águas pouco profundas do estuário (Leitão et al., 1998). No Inverno de 2005/06 foi observada sobretudo no Mouchão do Lombo do Tejo. População: A população desta espécie encontra-se actualmente em expansão na Europa (Fox, 1988; Monval e Pirot, 1989), sendo a população mediterrânica estimada em cerca de 75.000 indivíduos (Rose e Scott, 1994). Em Portugal ocorrem duas populações, uma residente estimada entre 250 e 1000 indivíduos, e uma Invernante com um efectivo inferior a 1000 indivíduos (Costa e Guedes, 1997). As contagens de 1992/93 mostram que o número de frisada no estuário do Tejo muito é reduzido tendo sido observadas 6 aves. A população média invernante entre 1993 e 1998 foi de 34 aves. Em 2004/05 e 2005/06 foram recenseadas 2 e 77 aves respectivamente, sendo este último valor, o máximo de aves recenseadas no estuário do Tejo (Encarnação, dados não publicados). Marrequinha, Anas crecca Fenologia: Em Portugal a espécie é Invernante. No estuário do Tejo é Invernante comum, ocorrendo entre os meses de Agosto a Maio e ainda durante o mês de Junho, e apresenta máximos entre os meses de Dezembro a Fevereiro (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal continental a população tem o estatuto de Pouco Preocupante. A nível europeu é considerada Não Ameaçada pela BirdLife International

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(2004) e Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída nos anexos das convenções de Berna (Anexo III), Bona (Anexo II), CITES (Anexo D) das Directivas Aves/Habitats (Anexo D) e incluída na Lei de Bases de Caça (ICN, 2006). Distribuição e movimentos: Embora a marrequinha nidifique em praticamente toda a área contínua de Tundra costeira e floresta desde a Escandinávia até ao Norte da Rússia, notam-se algumas diferenças entre populações (Monval e Pirot, 1989). Assim, as aves que criam desde o Norte da Rússia até ao Mar Báltico invernam no Noroeste europeu; as aves que criam na Islândia invernam na Grã-bretanha; as que criam na Grã-bretanha, França e Holanda apresentam um carácter fortemente residente; e por fim, as marrequinhas que nidificam no Norte da Sibéria e na Rússia invernam na zona mediterrânica (Rüger et al., 1986; Monval e Pirot, 1989). Habitat: A marrequinha é uma espécie fortemente migratória, que se agrupa em grandes concentrações durante o Inverno (Madge e Burn, 1988). Esta espécie ocupa uma grande variedade de habitats, podendo ocorrer praticamente em qualquer tipo de zona húmida (Cramp e Simmons, 1977), embora surja com maior frequência em zonas com vegetação aquática bem desenvolvida (Madge e Burn, 1988). As principais de invernada situam-se em sapais salgados dos estuários e pauis com coberto vegetal abundante, sendo os estuários do Tejo e do Sado as áreas mais importantes de invernada da marrequinha no país (Costa e Guedes, 1994). No estuário do Tejo ocorre nas zonas entre marés, águas pouco profundas do estuário e tanques das salinas. As maiores concentrações desta espécie ocorrem na faixa do estuário compreendida entre Alcochete e a foz do rio Sorraia (Leitão et al., 1998). Segundo Moreira (1995) a espécie tem preferência por zonas com vegetação de sapal e com vaza arenosa. Nos Invernos de 2004/05 e 2005/06 a espécie ocorreu preferencialmente Mouchão do Lombo do Tejo, na Reserva integral (Encarnação, dados não publicados). População: Em Portugal ocorrem aves da população mediterrânica (Rüger et al., 1986; Monval e Pirot, 1989) e um grande número de aves provenientes do Noroeste europeu (Silva e Castro, 1991). Estas aves surgem provavelmente como consequência de movimentos associados a vagas de frio naquela região (Monval e Pirot, 1989). A população mediterrânica está estimada em 1.000.000 de indivíduos (Rose e Scott, 1994), apresentando um aumento global desde 1978, com algumas flutuações (Monval e Pirot, 1989). O número de indivíduos presente no estuário do Tejo tem vindo a aumentar significativamente ao longo dos últimos anos. A média de aves no período de 1976 e 1981 foi de 675 indivíduos, com um máximo de 1151 no Inverno de 1980/81 (Leitão et al., 1998). No período de 1991/92 a marrequinha apresentou picos de abundância durante o Inverno, entre os meses de Dezembro e Março, sendo a densidade mais elevada registada a 17 de Dezembro de 1992, de 17,2 aves/ha na Ponta da Erva (Moreira, 1995). Entre o período de 1992/93 e 1997/98 a população média de marrequinhas no Tejo foi estimada em 7775 aves, atingindo mais de 1% da população mediterrânica em Dezembro de 1993 e Novembro de 1995 (Costa e Guedes, 1994, 1997; dados não publicados). Na margem Norte entre 1991/92, a espécie apresentou um máximo de 106 aves e uma densidade de 0,296 aves/ha (Rosa, 1999). E entre 2004/05 2005/6 foram recenseadas 4201 e 6087 aves,

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respectivamente (Encarnação, dados não publicados). Nas salinas do Samouco a espécie apresentou um máximo de 92 aves durante o período de baixa-mar em Dezembro de 2005 (Rocha, dados não publicados). Factores de ameaça: Destruição de zonas húmidas e a caça excessiva constituem as principais ameaças para esta população (ICN, 2006). Medidas de Conservação: Esta espécie cinegética encontra-se protegida por legislação nacional e internacional. As prioridades de conservação visam a obtenção de dados sobre a sua distribuição e abundância a nível regional (ICN, 2006). Pato-real, Anas platyrhynchos Fenologia: Em Portugal a espécie é residente e invernante. No estuário do Tejo ocorre como residente nidificante e invernante comum (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal continental tem uma situação Pouco Preocupante. A nível europeu é considerada não ameaçada pela BirdLife International (2004) e pouco preocupante pela IUCN (2001). Está incluída nos anexos das convenções de Berna (Anexo III), Bona (Anexo II), das Directivas Aves/Habitats (Anexo D) e incluída na Lei de Bases de Caça (ICN, 2006). Distribuição e movimentos: A área de distribuição engloba quase toda a América Central e do Norte, a Europa e a Ásia e o Norte de África. Para além disso ocorre também na Austrália onde a espécie foi introduzida (Monval e Pirot, 1989; del Hoyo et al., 1992). A relação entre áreas de nidificação e de invernada é bastante complexa para esta espécie. As aves que nidificam no Sul e Oeste da Europa são principalmente residentes, como é o caso de Portugal, às quais se juntam aves provenientes da Islândia, Báltico, Rússia e Escandinávia. Os Patos-reais que nidificam no Norte, Centro e Leste da Europa são principalmente migradores, invernando na costa Norte do Mediterrâneo (Monval e Pirot, 1989). Em Portugal o pato-real ocorre e nidifica em praticamente todo o país, sendo no essencial, residente (Rufino, 1989). Habitat: De entre todos os anatídeos, o pato-real é talvez aquele que se encontra melhor adaptado a todos os tipos de zonas húmidas, distribuindo-se por toda a região Holártica. Espécie oportunista, apresenta grande tolerância à perturbação, explicando-se assim a ocupação dos mais variados tipos de habitat (Monval e Pirot, 1989). Ocorre nas zonas entre-marés, águas pouco profundas no estuário do Tejo, tanques de salinas, valas, açudes, arrozais e lezírias. No Verão juntam-se em grandes bandos, alimentando-se nas lezírias. De Inverno as maiores concentrações ocorrem nas vasas entre Alcochete e Pancas (Leitão et al., 1998). Segundo Moreira (1995) a espécie prefere as zonas de sapal com vasa arenosa como local de alimentação, ocorrendo no interior da Reserva e na zona de Palhais. No Inverno de 2004/05 o Mouchão do Lombo do Tejo, o Mouchão da Póvoa foram os principais locais de invernada da espécie no estuário. No Inverno seguinte para além dos locais anteriormente referidos, destaca-se também a zona da Reserva Integral, que no seu conjunto representam mais de 80% e 84% (em 2004/05 e 2005/06, respectivamente) do efectivo invernante desta espécie no estuário do Tejo (Encarnação, dados não publicados).

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População: A população mediterrânica é estimada em cerca de 4 milhões de indivíduos (Rose e Scott, 1994). Não existem estimativas da população nidificante na no estuário do Tejo. Ao contrário da maioria das outras espécies de patos que ocorrem no estuário, o número de invernantes tem vindo a diminuir nos últimos anos. No período compreendido entre 1976 e 1981 a média anual de patos-real foi de 2377 indivíduos, com um máximo de 4810 no Inverno de 1978/79. A população média (máxima) invernante no período de 1992/93 a 1997/98 foi de 4472 aves apresentando um máximo em Outubro de 1997 de 9462 indivíduos (0,24% da população mediterrânica). As contagens máximas ocorrem nos meses de Outubro a Novembro, período onde ainda se observam grandes concentrações de aves em período pós-nupcial. Na margem Norte do estuário a espécie ocorre em densidades muito reduzidas (0,020 aves/ha), tendo sido observadas um máximo de 7 aves entre 1998/1999 (Rosa, 1999). No período compreendido entre 2004/05 e 2005/06 o número médio de aves invernantes no estuário foi 5856 aves (Encarnação, dados não publicados). Nas salinas do Samouco entre 2004/05 o número máximo de pato-real foi de 137 aves registado durante Fevereiro de 2005 (Rocha, dados não publicados). Factores de ameaça: Destruição de zonas húmidas e a caça excessiva constituem as principais ameaças para esta população (ICN, 2006). Medidas de Conservação: Esta espécie cinegética encontra-se protegida por legislação nacional e internacional. As prioridades de conservação visam a obtenção de dados sobre a sua distribuição e abundância a nível regional (ICN, 2006). Arrábio, Anas acuta Fenologia: Em Portugal a espécie é invernante. Ocorre no estuário do Tejo como invernante pouco comum, sendo observado entre os meses de Setembro a Abril/Maio (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Espécie considerada Pouco Preocupante em Portugal mas também ao nível internacional pela IUCN (2001). Está incluída nos anexos das convenções de Berna (Anexo III), Bona (Anexo II), CITES (Anexo C) das Directivas Aves/Habitats (Anexo D) e incluída na Lei de Bases de Caça (ICN, 2006). Distribuição e movimentos: Nidifica no Norte e Centro da Europa, Norte asiático e América do Norte. Migra para Sul para aí passar o Inverno, no Sul e Centro da Europa, Sul da Ásia e África (del Hoyo et al., 1992). A principal zona de invernada das populações euro-asiáticas situa-se na África equatorial (Monval e Pirot, 1989). Habitat: É uma ave de zonas húmidas abertas, com boa visibilidade. Forma grandes concentrações durante as passagens migratórias e em algumas zonas de invernada, especialmente em estuários, sapais de água salobra e lagoas costeiras (Madge e Burn, 1988). No estuário do Tejo, ocorre nas zonas entre marés, águas pouco profundas no estuário e nas salinas (Leitão et al., 1998). Nos Invernos de 2004 a 2006 a espécie teve preferência quase exclusiva pela zona da Reserva Integral e zona de águas profundas do estuário onde foram observadas mais de 85% e 96% (2004/05 e 2005/06, respectivamente) da população invernante.

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População: A população do Mar Negro e Mediterrâneo estima-se em cerca de 300.000 indivíduos (Scott e Rose, 1993), havendo grandes flutuações populacionais desde a década de 1970 (Monval e Pirot, 1989), sendo por isso difícil de tirar conclusões sobre as tendências populacionais desta espécie (Costa e Guedes, 1994). Em Portugal as principais zonas de invernada do arrábio são os estuários do Sado, do Tejo, o Paul do Boquilobo e Castro Marim (Costa e Guedes, 1997). O número de aves presente no estuário do Tejo é geralmente reduzido, embora, aparentemente tenda a aumentar (Leitão et al., 1998). A população média invernante entre o período de 1992/93 e 1997/98 foi de 1221 indivíduos apresentando um máximo em Fevereiro de 1995 com 2216 aves. No período compreendido entre 2004/05 e 2005/06 o número médio de aves invernantes no estuário foi 799 aves. No primeiro Inverno deste período foi registado o menor número de observações desta espécie no estuário (248 aves) (Encarnação, dados não publicados). Marreco, Anas querquedula Fenologia: Migrador de passagem raro. Ocorre no estuário do Tejo entre os meses de Março a Abril e ainda em Setembro (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Espécie considerada Vulnerável. Está incluída nos anexos das convenções de Berna (Anexo III), Bona (Anexo II), CITES (Anexo C1) da Directiva Aves/Habitats (Anexo II/1) e incluída na Lei de Bases de Caça (SNPRCN, 1990). Distribuição e movimentos: A área de nidificação do marreco estende-se desde a Europa Central até ao Leste asiático (Cramp e Simmons, 1977), ocorrendo também em Portugal, embora em números comparativamente reduzidos e de forma irregular (Rufino, 1989). É uma espécie migradora, que inverna essencialmente em zonas da África tropical. A migração de Primavera ocorre sobretudo em Março, época em que é possível observar esta espécie em Portugal (Madge e Burn, 1988). Habitat: Preferem lagos de água doce e sapais com vegetação abundante e paisagem aberta, frequentemente regiões costeiras (Madge e Burn, 1988 in Costa e Guedes, 1994). No estuário do Tejo procura águas pouco profundas, valas, açudes e tanques de salinas (Leitão et al., 1998). População: Ocorrência irregular, sobretudo na Primavera, durante a passagem migratória. A inexistência de mais registos no período de migração pós-nupcial poderá ficar a dever-se a dificuldades de identificação da espécie durante essa época do ano (Leitão et al., 1998). No estuário do Tejo durante os períodos de 1992/93 e 1997/98, 2004/05 e 2005/06 foram recenseados apenas dois indivíduos durante o mês de Março de 1993. Factores de ameaça: destruição do habitat (SNPRCN, 1990). Medidas de Conservação: conservação do habitat, necessidade de informação sobre a biologia da espécie (SNPRCN, 1990).

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Pato-trombeteiro, Anas clypeata Fenologia: Em Portugal a espécie é residente. Ocorre no estuário do Tejo como invernante comum, entre os meses de Agosto a Abril (Leitão et al., 1998), sendo mais abundante no mês de Janeiro. Estatuto de Protecção: Em Portugal ocorrem duas populações, uma residente muito reduzida que tem o estatuto de espécie Em Perigo e uma invernante muito numerosa com o estatuto Pouco Preocupante. A nível europeu é considerada uma espécie em Declínio, embora este seja recente e moderado, (BirdLife International 2004) e Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída nos anexos das convenções de Berna (Anexo III), Bona (Anexo II), CITES (Anexo C) da Directiva Aves/Habitats (Anexo D) e incluída na Lei de Bases de Caça (ICN, 2006). Distribuição e movimentos: Ocorre na maior parte do hemisfério Norte, com excepção da região Árctica, dos maciços montanhosos do Centro da Ásia e do deserto do Sara. Embora possa ser residente em alguns pontos do Norte da Europa, a maioria desta população migra para a bacia mediterrânica e África (del Hoyo et al., 1992). Habitat: Esta espécie ocupa grande variedade de zonas húmidas, sendo frequente tanto em massas de água doce (açudes, albufeiras e lagos de baixa profundidade), como em zonas de influência marinha, por exemplo estuários e lagoas costeiras (Madge e Burn, 1988). No estuário do Tejo ocorre em zonas entre marés, águas pouco profundas no estuário, açudes e tanques de salinas (Leitão et al., 1998). Segundo Moreira (1995) a espécie apresenta uma maior actividade alimentar nas zonas de sapal da zona interior da Reserva (densidades máximas de 2 aves/ ha). No Inverno de 2004/05 a espécie ocorreu sobretudo nas salinas de Vasa Sacos e a zona mais profunda do estuário. No Inverno seguinte a espécie ocorreu sobretudo na zona da Reserva Integral. População: A maior parte da população concentra-se na bacia mediterrânica, sendo a população mediterrânica ocidental estimada em cerca 175 000 indivíduos (Rose e Scott, 1994). Esta população tem apresentado, nos últimos anos um crescimento significativo (Monval e Pirot, 1989). Em Portugal o principal local de invernada do pato-trombeteiro é o estuário do Tejo, seguido do Ludo e do estuário do Sado. A população invernante no estuário do Tejo tem vindo a aumentar nos últimos anos. Durante o período de 1976 a 1981 o número médio de indivíduos foi de 669, com um máximo de 2620 no Inverno de 1978/79. Entre 1990 e 1993 o número médio de aves no estuário foi de 2943, correspondendo a 28,2% do efectivo nacional. Durante o qual a espécie ocorreu no estuário em maiores concentrações entre Dezembro e Janeiro, obtendo a maior densidade em Vasa Sacos, com 27 aves/ha (Moreira, 1995). No período de 1992/93 e 1997/98 foi de 3437 indivíduos apresentando um máximo em Janeiro de 1997 com 4770 aves (quase 3% da população mediterrânica) (Encarnação, dados não publicados). No período compreendido entre 2004/05 e 2005/06 o número médio de aves invernantes no estuário foi de 2492, apresentando o Inverno de 2005/06 um máximo de 3614 indivíduos (mais de 2% população mediterrânica) (Encarnação, dados não publicados). Nas salinas do Samouco entre 2004/05 o número máximo de

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pato-trombeteiro foi de 578 aves registado durante Janeiro de 2005 (Rocha, dados não publicados). Factores de Ameaça: Perda de habitat, em resultado da drenagem e destruição de zonas húmidas, e a sua degradação da sua qualidade devido à poluição da água por efluentes domésticos, industriais e agrícolas. Começam a registar-se alguns surtos de mortalidade elevada durante o Verão em resultado da alimentação em lagoas das estações de tratamento de águas residuais, muito eutrofisadas. Também a perturbação provocada pelo homem ameaça a sua fixação em locais apropriados à nidificação, normalmente pequenos açudes e pauis fora de áreas protegidas (ICN, 1996). Medidas de Conservação: Esta espécie beneficiará com a manutenção dos níveis de água nas áreas onde nidifica, bem como com a minimização da perturbação nos locais quer de nidificação quer de invernada e, principalmente, com o controlo da caça ilegal. Por outro lado a espécie beneficiará da melhoria da eficácia do controlo e tratamento das descargas de efluentes. Importa também assegurar a monitorização dos efectivos invernantes (ICN, 1996). Pato-de-bico-vermelho, Netta rufina Fenologia: Em Portugal a espécie ocorre como residente e invernante. No estuário do Tejo é uma espécie nidificante rara, sendo observada entre os meses Maio a Abril, Maio a Julho e em Outubro (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal ocorrem duas populações, uma residente muito reduzida (50 a 250 indivíduos) que tem o estatuto de espécie Em Perigo e uma população invernante reduzida (250 a 1000 indivíduos) com o estatuto Quase Ameaçada. A nível europeu é considerada uma espécie em Não Ameaçada pela BirdLife International (2004) e Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída nos anexos das convenções de Berna (Anexo III) e Bona (Anexo II). Distribuição e movimentos: Distribui-se pela Eurásia, em núcleos populacionais dispersos desde a Península Ibérica até ao Centro e Sudeste asiático, estando no entanto maioritariamente concentrada entre o Mar Negro e Turquia, até Noroeste da China. É parcialmente migradora, encontrando-se durante o Inverno na bacia mediterrânica (onde também são residentes), Sudoeste da Rússia, Índia e Sudeste asiático. Apresenta na Europa uma distribuição fragmentada em numerosos núcleos reprodutores, encontrando-se a maior parte da população na Europa Ocidental (del Hoyo et al., 1992) Habitat: Nidifica em lagoas eutróficas médias ou de grande dimensão, em zonas baixas que estão limitadas com caniçais. Frequenta também lagoas de água salobra, estuários e outras zonas costeiras com caniçais. Fora da época de nidificação, encontra-se em águas costeiras ou interiores, em espaços abertos ou rodeados de caniçais, com vegetação bem desenvolvida e submersa; lagoas costeiras, estuários, pisciculturas, pauis, charcos salinos e alcalinos, barragens e açudes (ICN, 2006) População: A população mediterrânica é estimada em 20 000 indivíduos (Rose e Scott, 1994). Nas últimas décadas do século XX, o pato-de-bico-vermelho sofreu uma

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redução nas populações mais numerosas em particular na Rússia e Roménia, no entanto as populações centro-ocidentais da Europa e do Mediterrâneo Ocidental apresentam uma tendência de aumento (Wetlands International, 2002). Actualmente a Lagoa de Santo André é o principal local de conhecido de nidificação e invernada do Pato-de-bico-vermelho em Portugal (Catry 1993 in Costa e Guedes, 1994). Em Abril de 1980 o Pato-de-bico-vermelho foi encontrado a nidificar num lagoa artificial localizada no Mouchão do Lombo do Tejo, tendo sido detectadas 21 ninhadas. Em 1981 e 1982 a população nidificante foi estimada em 20-25 casais, mas em 1990 e 1991 foi observada apenas uma ninhada em cada ano. Desde então, a destruição da comporta que regulava o nível da água, levou à degradação completa da lagoa e ao desaparecimento das condições propícias à nidificação da espécie. Apesar disso, continuam a observar-se com regularidade alguns indivíduos no rio e em tanques de piscicultura, sendo de admitir a hipótese de a espécie ainda nidificar na zona (Leitão et al., 1998). No período de 1992/93 e 1997/98 e 2004/05 e 2005/06 apenas foram recenseados 3 aves (2 em 1996 e 1 em 1997), ambas durante o mês de Março (Encarnação, dados não publicados). Factores de Ameaça: Destacam-se a drenagem zonas húmidas, estas são muitas vezes utilizadas para o cultivo do arroz, o que inviabiliza a sua utilização pela espécie. É afectada pela construção de infra-estruturas hidráulicas, a subida do nível da água reduz o caniçal que protege os ninhos da ondulação e/ou a ausência de caniçal pode levar à inundação dos ninhos. É muito afectado pela poluição da água, por efluentes domésticos, industriais e agrícolas e ainda pela utilização de adubos, pesticidas e herbicidas nas zonas de alimentação. A caça ilegal e em particular, acções de caça com redes de emalhar, representam um dos maiores factores de ameaça para a espécie no Inverno (ICN, 2006). Medidas de Conservação: A conservação desta espécie requer a manutenção e o incremento das áreas de habitat de suporte potencial à nidificação da espécie, bem como reduzir a perturbação nos locais de nidificação. Assim, a manutenção de zonas húmidas, especialmente as que tenham áreas de caniçal significativas, e a criação de zonas de caniçal em torno de massas de água de pequena dimensão, possibilitam a expansão e a melhor distribuição da espécie, sobretudo durante a época de reprodução. Por outro lado a espécie beneficiará da melhoria da eficácia do controlo e tratamento das descargas de efluentes. A informação e sensibilização das populações em geral e das entidades responsáveis e assegurar a monitorização dos efectivos nidificantes e invernantes, são medidas necessárias à preservação desta espécie (ICN, 2006). Zarro, Aythya ferina Fenologia: Invernante raro, ocorre no estuário do Tejo entre os meses de Fevereiro e Março, Agosto e Setembro e Outubro e Dezembro (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal ocorrem duas populações, uma residente muito reduzida (cerca de 15 casais) que tem o estatuto de espécie Em Perigo e uma população invernante reduzida (250 a 1000 indivíduos) com o estatuto Vulnerável. A

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nível europeu é considerada uma espécie em Declínio embora este seja recente e moderado (BirdLife International 2004) e Pouco Preocupante pela IUCN (versão 3.1). Está incluída nos anexos das convenções de Berna (Anexo III), Bona (Anexo II), da Directiva Aves/Habitats (Anexo D) e incluída na Lei de Bases de Caça (ICN, 2006). Distribuição e movimentos: A área de distribuição estende-se pela Europa e Ásia, desde a Península Ibérica até ao sudoeste da Ásia, havendo ainda alguns núcleos populacionais no sudoeste asiático e Japão. A maioria das aves migra para passar o Inverno na bacia mediterrânica, África equatorial e Médio Oriente (del Hoyo et al., 1992). Habitat: O zarro é um pato mergulhador de água doce, que se concentra durante o Inverno em bandos de dimensão variável (Madge e Burn, 1988). Prefere águas pouco profundas (Phillips, 1991), principalmente lagos e albufeiras da água doce e, ocasionalmente, zonas estuarinas (Cramp e Simmons, 1977; Madge e Burn, 1988). No estuário do Tejo está presente em águas pouco profundas no estuário e pisciculturas (Leitão et al., 1998). População: Não se pode falar com segurança na existência de uma divisão de populações na Europa, visto que uma parte importante das aves que invernam na região mediterrânica tem a mesma origem que as aves invernantes no Noroeste da Europa (Monval e Pirot, 1989). O total de invernantes na região mediterrânica é calculado em cerca de 1 250 000 aves (Rose e Scott 1994), notando-se um forte declínio a partir da década de 1980 (Monval e Pirot, 1989). Em Portugal, o zarro é uma espécie nidificante, embora o faça de uma forma irregular e em números bastante reduzidos (Rufino, 1989). As contagens desta espécie têm sido extremamente regulares desde o início dos censos de anatídeos invernantes. As contagens máximas ocorreram sempre em Janeiro. A migração outonal é algo tardia, só se verificando a presença de um número mais significativo de aves a partir de Dezembro. As principais zonas de ocorrência no país são o Paul do Boquilobo e o complexo Ludo - Quinta do Lago. O número de indivíduos presente durante o Inverno é normalmente muito reduzido. Existe pelo menos um registo de nidificação, onde foram observadas duas ninhadas em meados de Junho de 1981 na lagoa do Mouchão do Lombo do Tejo (Leitão et al., 1998). No período de 1992/93 e 1997/98 e 2004/05 e 2005/06 apenas foram recenseadas 2 aves durante o mês de Novembro de 1992 (Encarnação, dados não publicados). Factores de ameaça: Entre os factores de ameaça desta espécie destacam-se a drenagem e destruição de zonas húmidas, a poluição da água, por efluentes domésticos, industriais e agrícolas. É também muito sensível a alterações do nível de água, o que em muitos casos o leva a frequentar planos de água artificiais (ICN, 2006). Medidas de Conservação: É favorecida com a manutenção dos níveis de água nas áreas onde nidifica, bem como com a minimização da perturbação nos locais de nidificação e invernada (ICN, 2006).

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Zarro-negrinha, Aythya fuligula Fenologia: Em Portugal a espécie é invernante. No estuário do Tejo é invernante raro, ocorre entre os meses de Fevereiro e Março, Junho e entre Outubro e Janeiro (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Espécie considerada Vulnerável. A nível europeu é considerada uma espécie em Declínio embora este seja recente e moderado (BirdLife International 2004) e Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída nos anexos das convenções de Berna (Anexo III), Bona (Anexo II), da Directiva Aves/Habitats (Anexo D) e incluída na Lei de Bases de Caça (ICN, 2006). Distribuição e movimentos: Esta espécie nidifica no Norte da Europa, desde a Islândia até ao Leste da Sibéria. Os zarros-negrinhas que invernam na Europa central e no Mediterrâneo são originários da população nidificante da Europa central, aos quais se juntam aves provenientes da Sibéria (Monval e Pirot, 1989). As recapturas em Portugal de aves anilhadas no estrangeiro referem-se a aves da Islândia (Tait sem data, Borges de Carvalho, 1975). Habitat: Prefere zonas húmidas naturais e artificiais de água doce, de preferência profundas, calmas e abertas, e em alguns casos que ofereçam vegetação emergente abundante com margens suaves ou ilhas. Concentram-se igualmente em zonas abrigadas de estuários (ICN, 2006). Ocorre em águas profundas no estuário do Tejo e em pisciculturas (Leitão et al., 1998). População: A população de zarro-negrinha é actualmente estimada em cerca de 600.000 indivíduos (Scott e Rose, 1993), denotando um acentuado crescimento desde o início das contagens internacionais de aves aquáticas, em 1967. Na Europa central, este crescimento deve-se sobretudo à introdução e expansão do molusco Dreissena polymorpha, que se tornou a principal presa desta espécie (Schifferli, 1983). Em Portugal a espécie ocorre tanto em zonas húmidas do interior como do litoral, mas é no estuário do Minho que ocorre regularmente o maior número de indivíduos (ICN, 2006). Actualmente o número de indivíduos invernantes no estuário é bastante reduzido, não ultrapassando geralmente a dezena. No entanto, a situação seria provavelmente diferente há mais de 30 anos atrás. No Inverno de 1968/69, foram estimados cerca de 1000 indivíduos numa contagem efectuada de avião. As causas deste declínio são desconhecidas (Leitão et al., 1998). No período de 1992/93 e 1997/98 e 2004/05 e 2005/06 não foi recenseada qualquer ave no estuário (Encarnação, dados não publicados). Factores de ameaça: Entre os factores de ameaça desta espécie destaca-se a poluição da água por efluentes domésticos, industriais e agrícolas. Devem ainda destacar-se a drenagem e destruição de zonas húmidas costeiras, assim como a perturbação nestas áreas, que constituem refúgios alternativos (ICN, 2006). Medidas de Conservação: Esta espécie beneficiará da melhoria da eficácia do controlo e tratamento das descargas de efluentes, bem como com a minimização da perturbação nos locais de invernada e, principalmente, do controlo da caça ilegal. Importa também assegurar a monitorização dos efectivos residentes e invernantes (ICN, 2006).

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Merganso-de-poupa, Mergus serrator Fenologia: Em Portugal é uma espécie invernante. Ocorre no estuário do Tejo como invernante pouco comum, sobretudo durante os meses de Novembro a Abril (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Espécie considerada Em Perigo. A nível europeu é considerada uma espécie Não Ameaçada pela BirdLife International (2004) e Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída nos anexos das convenções de Berna (Anexo III) e Bona (Anexo II) (ICN, 2006). Distribuição e movimentos: São conhecidas duas populações desta espécie no Paleártico ocidental: uma com área de nidificação na Islândia e no Noroeste da Rússia, e que inverna no Noroeste europeu; e uma população mediterrânica, que nidifica no Norte da Rússia e na Sibéria (Cramp e Simmons, 1977; Monval e Pirot, 1989). Habitat: Embora nidifique sobretudo em lagos e rios de águas profundas, durante a época de invernada ocorre quase exclusivamente em zonas costeiras: estuários e baías (Madge e Burn, 1988). No estuário ocorre em águas profundas. É observado regularmente no esteiro do Montijo e, com menos frequência, na zona da Ponta da Erva (Leitão et al., 1998). População: A população do Mediterrâneo tem cerca de 50 000 indivíduos (Rose e Scott, 1994), dos quais a grande maioria inverna na região do Mar Negro (Monval e Pirot, 1989). O núcleo populacional de merganço-de-poupa em Portugal é relativamente reduzido, e confina-se aos estuários do Minho, Tejo e Sado, à Lagoa de Albufeira e à Ria Formosa (Costa e Guedes, 1997). A população média invernante no estuário do Tejo durante o período de 1992/93 e 1997/98 foi de 19 indivíduos, com um máximo de 62 indivíduos em Janeiro de 1994. No estreito do Montijo, no Inverno observam-se regularmente cerca de duas dezenas de aves. Em 1 de Março e 16 de Novembro de 1991 foram contados 51 indivíduos nesta zona (Leitão et al., 1998). No período 2004/05 e 2005/06 foram apenas recenseadas 8 aves durante o ultimo Inverno na água mais profundas (Encarnação, dados não publicados). Factores de ameaça: Entre os factores de ameaça desta espécie destaca-se a poluição da água por efluentes domésticos, industriais e agrícolas. Deve ainda destacar-se a perturbação exercida por actividades humanas e por caça ilegal, que põem em causa a utilização dos habitats preferenciais (ICN, 2006). Medidas de Conservação: Esta espécie beneficiará da melhoria da eficácia do controlo e tratamento das descargas de efluentes, bem como com a minimização da perturbação nos locais de invernada e, principalmente, do controlo da caça ilegal. Importa também assegurar a monitorização dos efectivos invernantes (ICN, 2006).

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1.3.2.2.5 Ordem Accipitriformes Família Accpitritridae Peneireiro-cinzento, Elanus caeruleus Fenologia: Espécie residente em. No Estuário do Tejo é residente nidificante raro (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Espécie considerada Quase Ameaçada a nível nacional. A nível europeu é considerada uma espécie Rara pela BirdLife International (2004) e Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída nos anexos das convenções de Berna (Anexo II), Bona (Anexo II), CITES (Anexo II A) e das Directivas Aves/Habitats (Anexo A-I) (ICN, 2006). Distribuição e movimentos: O peneireiro-cinzento encontra-se amplamente distribuído como nidificante no sul da Ásia e África (Rufino, 1994). No Paleártico Ocidental ocupa zonas de clima temperado quente, mediterrâneo e subtropical, ocorrendo marginalmente na Europa em Espanha, França e Portugal (BirdLife International/European Bird Census Council 2000; Rufino, 1994). Em Portugal a sua distribuição principal compreende o Alentejo e a Beira Baixa, mas também a Estremadura o vale do Tejo, Beira Alta e Trás-os-Montes, onde se expandiu ultimamente (ICN, 2006). Habitat: O seu habitat preferido são terrenos mais ou menos planos, onde é possível efectuar cerealicultura extensiva sob o coberto de montados abertos (Onofre, 1998). Pode nidificar em montados mais densos, desde que disponha de clareiras com cereais e pastagens nas proximidades (Onofre et al., 1986). Na Beira Interior ocorre em habitats com uma estrutura semelhante mas onde as árvores dominantes são o carvalho negral e o castanheiro (Rufino, 1989). O habitat no Inverno é similar, excepto que no Sul muitos indivíduos descem às várzeas fluviais, aos campos de restolho de arroz ou de outras culturas de regadio (Rufino 1989; Onofre 1998). Frequentemente utiliza postes ou topos de árvores (Acacia) e outros pontos de observação. Por vezes penetra em povoamentos humanos (Cramp e Simmons, 1980). No estuário do Tejo ocorre sobretudo em zonas de montado aberto e nas lezírias (Leitão et al., 1998). População: Calcula-se que actualmente a tendência populacional do peneireiro-cinzento seja de aumento. Com efeito, as observações de campo indicam que os efectivos aumentaram nos anos mais recentes, por exemplo nalgumas zonas do Alentejo (Pais, com. pes.) e em Trás-os-Montes, região onde antes não existia (Monteiro com. pes.; Rufino, 1989; Palma et al., 1999). Apesar de nesta espécie e neste género serem típicas as flutuações demográficas sazonais ou anuais, inclusive diminuições e aumentos drásticos a nível local e regional (Ferrero, 1996; Cramp, 1980), a expansão no sudoeste europeu tem sido sustentada desde pelo menos a década de 1960 (Palma, 1985; Rufino, 1989; Ferrero, 1996). Esta expansão terá sido favorecida pelo aclaramento, limpeza e colocação sob cultivo cerealífero das áreas de montados na Península, segundo Palma (1985) e Carbajo e Ferrero (1985). A espécie no seu limite da área de distribuição, aparentemente encontra-se em fase de

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expansão moderada no território continental (SNPRCN, 1990) A maior parte da população portuguesa de peneireiros-cinzentos está localizada nas planícies alentejanas, tendo Palma et al., (1999) estimado em 100-150 casais. Ocorre no estuário do Tejo, sobretudo na zona de Pancas, sendo mais raro na Ponta da Erva. A população nidificante na zona deverá ser de 2 ou 3 casais (Leitão et al., 1998). Factores de ameaça: As ameaças à espécie residem principalmente na alteração e perda de habitat: a destruição dos montados e a instalação de maciços florestais de produção; a intensificação da agricultura através de monoculturas cerealíferas em detrimento de outros usos como leguminosas e pousios, resulta na redução do mosaico agrícola traduz-se em diminuição na disponibilidade alimentar e de locais importantes para a reprodução; a transformação do sequeiro em regadio, resultando a supressão da rotação de culturas; o abandono agrícola, origina o desenvolvimento de matos, com o desaparecimento da cobertura herbácea fundamental à população de presas. O abate ilegal e a pilhagem dos ninhos constituem um factor de mortalidade desta espécie; O aumento da utilização de agro-químicos intervém directa e indirectamente nas populações de aves, aumentando a mortalidade e reduzindo a capacidade reprodutiva e diminuindo as populações presa (ICN, 2006a). Medidas de Conservação: Conservar as áreas de reprodução e alimentação. Manter/melhorar as manchas de montado aberto já existentes ou instalação de novos povoamentos autóctones com esta configuração, assim como criar condições para a regeneração natural dos montados. Promover cerealicultura extensiva com rotação de culturas, mediante a aplicação de medidas agroambientais e/ou indemnizações compensatórias. Fiscalizar as actividades cinegéticas; Implementar normas de gestão cinegética nas áreas de habitat destas espécies em AC’s (Áreas de Caça). Desenvolver campanhas de sensibilização junto a proprietários e gestores agro-florestais e cinegéticos, bem como da restante população, com vista à diminuição do abate ilegal e roubo de ninhos. Regular o uso de pesticidas e adoptar técnicas de pestes alternativas, como por exemplo utilizar substâncias mais facilmente degradáveis, cujo impacto ambiental não seja tão nefasto. Monitorizar anualmente as populações nidificantes de peneireiro-cinzento e os requisitos de habitat, nas áreas mais importantes (ICN, 2004). Milhafre-preto, Milvus migrans Fenologia: Espécie estival nidificante em Portugal. No estuário do Tejo ocorre como estival nidificante raro (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Espécie considerada Pouco Preocupante a nível nacional e internacional pela IUCN. Está incluída nos anexos das convenções de Berna (Anexo II), Bona (Anexo II), CITES (Anexo II A) e das Directivas Aves/Habitats (Anexo A-I) (ICN, 2006). Distribuição e movimentos: Apresenta uma distribuição bem definida ao nível nacional, sendo mais abundante nas bacias do Tejo e do Mondego (Rufino, 1989). Habitat: Espécie normalmente associada a cursos de água e zonas húmidas, particularmente albufeiras, açudes, e pauis, dos quais depende em parte no que

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respeita à sua alimentação (Rufino, 1989). Ocorre ainda em paisagens abertas com árvores ou bosques dispersos, mesmo longe de água. Frequenta quase todos os biótopos existentes no estuário do Tejo (Leitão et al., 1998). População: a população nidificante nacional foi estimada em cerca de 1000 a 10 000 casais (Rufino, 1989). No estuário do Tejo ocorre sobretudo na zona de Pancas. A população nidificante no estuário não ultrapassará os dois casais (Leitão et al., 1998). Foi observado em Junho de 2006, na barragem do Vale Cobrão um máximo de 2 aves. Miravent (2000), refere a ocorrência de um casal com nidificação possível em 1999 na área do Campo de Tiro. Factores de ameaça: O milhafre-preto é ilegalmente perseguido dentro das zonas de regime cinegético especial e os ninhos são frequentemente pilhados ou destruídos (Leitão et al., 1998). Medidas de Conservação: Ampliar as sanções legais para os prevaricadores em matéria de perseguição/abate de espécies protegidas. Aumentar eficácia dos meios e dos esforços de fiscalização em zonas rurais. Compatibilizar a gestão cinegética com a conservação de aves de rapina, em zonas de caça através do estabelecimento de protocolos e implementação de manuais de gestão ambiental. Assegurar protecção e vigilância aos dormitórios importantes da espécie, nomeadamente condicionando os acessos. Realizar uma campanha nacional de sensibilização e educação ambiental da população rural relativamente às aves de rapina. Milhafre-real, Milvus milvus Fenologia: Em Portugal a espécie é residente e invernante. No estuário do Tejo ocorre como migrador de passagem, não nidificante, sobretudo nos meses de Janeiro, Março a Abril, Maio a Junho, Julho, Agosto e Outubro a Dezembro (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: A espécie ocorre em Portugal em duas populações: uma residente que está Criticamente em Perigo e uma segunda invernante com estatuto Vulnerável. Ao nível internacional apresenta o estatuto espécie Em Declínio pela BirdLife International (2004) e Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída nos anexos das convenções de Berna (Anexo II), Bona (Anexo II), CITES (Anexo II A) e das Directivas Aves/Habitats (Anexo A-I) (ICN, 2006). Distribuição e movimentos: Está restrita essencialmente ao Paleártico Ocidental, desde a Península Ibérica até à Ucrânia, Rússia e Geórgia, tendo como limite setentrional o sul da Suécia e limite meridional o extremo Norte de Marrocos (Hagmeijer e Blair, 1997). As populações da Europa Setentrional e Central são essencialmente migradoras, invernando ao longo da bacia mediterrânica, enquanto as populações meridionais são residentes ou dispersivas (Cramp e Simmons, 1980). A invernada da espécie na Península Ibérica pode considerar-se relativamente importante. Segundo diversos autores (De Juana et al., 1988; Snow e Perrins 1998, Costa 1998; Viñuela et al., 1999), a maior parte dos milhafres-reais que invernam na Península serão originários da Europa Central, particularmente da Alemanha. Em Portugal, a distribuição actual da população nidificante está bastante fragmentada, na

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sua maioria (70-80%) está localizada no planalto Mirandês, região de Ribacôa e na área entre Castelo Branco e Idanha-a-Nova, encontrando-se o restante efectivo disperso por vários locais do Alentejo, e das bacias do Mondego e Tejo. A população invernante ocorre nessas mesmas áreas mas também de uma forma dispersa por todo o sul do país (ICN, 2006). Habitat: O milhafre-real está associado a zonas de relevo suave (planaltos, planícies, baixa montanha) com vocação/utilização agro-silvo-pastoril. Em Portugal essa paisagem corresponde essencialmente a áreas de aproveitamento cerealífero com criação de ovinos e bovinos em regime extensivo e presença de maciços arbóreos dispersos, de espécies do género Quercus, Fraxinus e Pinus. Trata-se de uma ave de rapina florestal, que nidifica em árvores, geralmente de grande porte, integradas em pequenos maciços ou mesmo isoladas, como bosques ribeirinhos, lameiros, pinhais, montados de sobro e azinho. Caça em terrenos abertos, como campos agrícolas e pastagens permanentes, mas também nas imediações de explorações agro-pecuárias, povoações, estradas e lixeiras. No estuário do Tejo ocorre sobretudo nas zonas de montado aberto e lezíria (Leitão et al., 1998). População: A população de milhafre-real tem vindo sistematicamente a decrescer desde meados do século XX, altura em que era comum e, em vários locais, seria mesmo mais comum que o seu congénere milhafre-preto (Coverley, sem data). Esse declínio é já mencionado por Bugalho (1970) que refere que a partir de 1960, e sobretudo depois de 65, observou-se um “enorme declínio” do milhafre-real em resultado do aumento do uso de pesticidas e da perseguição movida por caçadores, pastores; é também referido por Palma (1985) e, mais recentemente, por Palma et al., (1999). No planalto do Douro internacional, bastião actual da população portuguesa, com 19-26 casais (Fernandes e Monteiro, 2003), os registos indicam um declínio elevado e continuado da população (Monteiro, com. press.), à semelhança das regiões vizinhas de Espanha (Viñuela et al., 1999; Monteiro et al., 2002) (Plano sectorial). Admite-se que nos últimos 20-25 anos se verificou uma redução da população nacional de cerca de 50%, tendência que se manterá no futuro se as causas dessa redução não cessarem (ICN, 2006). Em termos da população invernante é de supor que o efectivo se tenha mantido constante durante os últimos 10 anos devido à estabilidade das populações nidificantes no norte e centro da Europa (Snow e Perrins, 1998; Viñuela et al., 1999), sendo a espécie observada com alguma regularidade nos tradicionais quartéis de invernada. Em termos populacionais o Iº censo nacional da espécie, promovido pelo ICN em 2001 permitiu contabilizar a população nacional em 50 a 100 casais nidificantes (Monteiro et al., 2003). Contudo, mais recentemente o Monteiro e Pacheco (2003) e Pais (Com. press.) referem ser comum no Inverno observar dormitórios com dezenas ou mesmo centenas destas aves e admitem que o território nacional seja frequentado por cerca de um milhar de indivíduos (ICN, 2006). No estuário do Tejo Leitão et al., (1998) refere que a espécie é observada irregularmente no estuário, em especial no período de passagem pós-nupcial. Factores de ameaça: O abate por caçadores/proprietários de explorações agro-pecuárias constitui a principal causa de mortalidade da espécie, afectando tanto a

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população sedentária como a invernante. Os hábitos necrófagos desta ave e a capacidade detecção de pequenos cadáveres ou dos seus restos, fazem com que seja bastante vulnerável ao uso de veneno. A electrocussão em linhas eléctricas de média tensão, o Milhano-real deverá ser uma das aves de rapina mais afectadas por esta ameaça, uma vez que as zonas de prospecção alimentar correspondem a áreas rurais onde a rede de distribuição de energia eléctrica está bem representada e constitui uma estrutura atractiva como poiso de caça e dormitório. A redução da disponibilidade alimentar devido ao cumprimento das exigências higieno-sanitárias, levando o encerramento de lixeiras a céu aberto onde as aves buscavam alimento. O corte de maciços florestais O abandono da agricultura tradicional e consequente perda do mosaico agro-florestal. A instalação de parques eólicos em corredores importantes para a migração e dispersão de aves pode constituir um importante factor de mortalidade da espécie através da colisão nas pás dos aerogeradores. Em especial, se esses parques eólicos forem instalados nas zonas importantes em termos de nidificação e dispersão de juvenis, ou ainda nas zonas de alimentação situadas nas cumeadas das serras. A competição com outras rapinas florestais (ICN, 2006a). Medidas de Conservação: Assegurar o incremento e manutenção, a longo prazo, do efectivo nidificante e invernante de milhafre-real, no território nacional. Melhorar as condições de habitat. Ampliar as sanções legais para os prevaricadores em matéria de perseguição/abate de espécies protegidas. Aumentar eficácia dos meios e dos esforços de fiscalização em zonas rurais. Compatibilizar a gestão cinegética com a conservação de aves de rapina, em zonas de caça através do estabelecimento de protocolos e implementação de manuais de gestão ambiental. Assegurar protecção e vigilância aos dormitórios importantes da espécie, nomeadamente condicionando os acessos. Realizar uma campanha nacional de sensibilização e educação ambiental da população rural relativamente às aves de rapina. Estabelecer ferramentas de decisão legal acerca da instalação de traçados eléctricos nas áreas importantes para a espécie. Alterar as características técnicas da rede de linhas de média tensão em zonas importantes para a espécie, nomeadamente proceder à sinalização e correcção de apoios e traçados problemáticos. Implementar um programa nacional de erradicação do uso de venenos. Estabelecer sistemas eficazes de vigilância de áreas problemáticas e de detecção e penalização de casos de uso de venenos para controlo de predadores. Regular o uso de pesticidas e adoptar técnicas de controlo alternativas, como por exemplo utilizar substâncias mais facilmente degradáveis, cujo impacto ambiental não seja tão nefasto. Promover a manutenção e valorização do mosaico agro-florestal nas áreas classificadas através de aplicação de programas de medidas agro-ambientais nos principais núcleos da espécie. Proibir o corte de maciços florestais ou de árvores isoladas de grande porte nas áreas mais importantes para a conservação da espécie. Aumentar a disponibilidade alimentar associada às explorações agro-pecuárias através da criação e gestão de campos de alimentação de aves necrófagas. Condicionar a instalação de parques eólicos nas áreas mais importantes para a migração e reprodução da espécie no nosso país. Todos os parques eólicos devem ser equipados com sinalizadores anti-colisão e armações de

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apoios seguras para aves. Desenvolver estudos de monitorização do impacte dos aerogeradores já existentes, tendo em conta a sua localização geográfica, a sua situação em termos de habitats e a sua tipologia de equipamento, de forma a conhecer o seu efeito na população nacional destas aves. Monitorizar os núcleos mais importantes da população, quer nidificante (determinando os parâmetros reprodutivos) quer invernante. Colaborar em programas internacionais de conservação e estudo da espécie (ICN, 2006a). Águia-cobreira, Circaetus gallicus Fenologia: Em Portugal a espécie é nidificante estival. Ocorre no estuário do Tejo como estival nidificante raro, sobretudo entre os meses de Março a Agosto e em Outubro (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Espécie considerada Quase Ameaçada a nível nacional. A nível internacional é considerada uma espécie Rara pela BirdLife International (2004) e Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída nos anexos das convenções de Berna (Anexo II), Bona (Anexo II), CITES (Anexo II A) e das Directivas Aves/Habitats (Anexo A-I) (ICN, 2006). Distribuição e movimentos: A distribuição da águia-cobreira durante a nidificação estende-se desde o Sudeste e Sudoeste Europeu, Norte de África, Médio Oriente e Ásia (Rocamora, 1994). No Paleártico Ocidental, encontra-se Noroeste de África, nos países mediterrâneos e do Leste da Europa, estendendo-se ainda pela Rússia europeia, Iraque, irão, Casaquistão até à Mongólia, Índia e arquipélago de Sonda (del Hoyo et al., 1994). No Paleártico Ocidental é essencialmente migradora e inverna na África subsariana, à excepção de alguns indivíduos que na estação fria são observados na Europa do Sul e Norte de África (Rocamora, 1994). Em Portugal, segundo Palma et al., (in Onofre 1998) a espécie ocorre como nidificante em grande parte do território nacional, mas principalmente no Alentejo, estando ausente em no Centro e Norte do país. Habitat: Frequenta habitats com agricultura tradicional e pastoreio extensivo, onde as presas são abundantes, como matas secas e abertas, habitats mediterrânicos rochosos, pastagens pedregosas, terra inculta ou áreas abertas com arvoredo e sebes. No Centro e Norte de Portugal ocorre predominantemente em áreas onde o coberto florestal forma manchas de maior dimensão, dando preferência ao pinhal (Pinus pinaster) para nidificar, tanto nas zonas planas das extensas matas nacionais litorais, como nas zonas serranas (Silva 1998; Onofre et al., 1999). No Baixo Alentejo a espécie aparece quase sempre associada a zonas húmidas, frequentando sobretudo caniçais, sapais, arrozais e lezírias (Onofre, 1998). Nidifica em árvores altas, requerendo áreas de floresta alternadas com habitas abertos em planícies e montes (Rocamora, 1994); excepcionalmente também em rochas ou no solo (Cramp e Simmons, 1980). No estuário do Tejo correr sobretudo nas zonas florestais e lezírias (Leitão et al., 1998). População: Segundo Palma et al., (in Onofre, 1998) em Portugal a espécie está aparentemente estável (esteve localmente em expansão no Nordeste). As populações

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mais importantes estarão localizadas no Alto Alentejo e nas serras algarvias e alentejanas, em montados de sobro e sobreirais de Quercus suber, onde se atingem densidades da ordem dos 2,6-5 ca./100 Km2 (Onofre et al., 1999) e 3,3 ca./100 Km2 (Pereira, 1993). De acordo com as estimativas que têm sido feitas para a espécie, a sua população nacional estará compreendida entre 100 e 600 casais (Palma et al., 1999, Ivanowsky et al., 1997, BirdLife International/European Bird Census Council. 2000, BirdLife International 2004). No estuário do Tejo segundo Leitão et al., (1998) a espécie nidifica provavelmente, nas zonas florestais envolventes ao estuário. Factores de ameaça: A redução da área de pinhal, devido a corte ou a fogos florestais e consequente reconversão de vastas áreas para eucaliptal deve ser o factor de ameaça com maior relevância, devido à perda de habitat de nidificação e à redução das populações presa. As podas severas em áreas extensas de montados e o corte e a rarefacção de pinheiros-bravos de grande porte são causa de degradação ou eliminação do substrato de nidificação, desestabilizando os casais e aumentando o insucesso reprodutor. A intensificação da agricultura através de monoculturas, irrigação e constituição de densos cobertos forrageiros, ou a reconversão de olivais e pomares velhos resulta na redução do mosaico agrícola com decréscimo da diversidade de habitat e traduz-se em diminuição na disponibilidade alimentar. A colisão e electrocussão em linhas aéreas de transporte de energia podem ser um factor de mortalidade importante. O abate a tiro por caçadores/proprietários de explorações agro-pecuárias, nomeadamente durante a migração pós-nupcial. A destruição e roubo de ninhos, nomeadamente durante as operações de descortiçamento ou de poda. A destruição de sebes resulta em perda de habitat adequado para as populações presa. O aumento da utilização de agro-químicos intervém directa e indirectamente nas populações de aves, aumentando a mortalidade e reduzindo a capacidade reprodutiva e diminuindo as populações presa. A instalação de parques eólicos em corredores importantes para a migração e dispersão de aves pode constituir um importante factor de mortalidade da espécie através da colisão nas pás dos aerogeradores (ICN, 2004). Medidas de Conservação: Condicionar as plantações de elevada densidade de eucalipto ou pinheiro nos espaços abertos adjacentes ou existentes no seio de áreas de montado mais importantes de ocorrência da espécie. Ordenar as podas (tanto na intensidade como na extensão e ordenamento no espaço) nas áreas de montado mais importantes de ocorrência da espécie. Limitar a densidade de plantação nas acções de arborização, mesmo com sobreiro ou azinheira, nas áreas mais importantes de ocorrência da espécie. Manter alguns pinheiros-bravos de elevado porte dispersos; Corrigir e sinalizar os traçados e apoios da rede de distribuição de electricidade que sejam muito perigosos para a espécie. Promover os sistemas agro-pecuários extensivos, nomeadamente a pastorícia de percursos e a silvo-pastorícia, em zonas importantes para a espécie. Ampliar as sanções legais para os prevaricadores em matéria de perseguição/abate de espécies protegidas. Reduzir o risco de incêndios e os efeitos destes em determinados maciços florestais prioritários para a espécie; Regular o uso de pesticidas e adoptar técnicas de pestes alternativas. Implementar

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normas de gestão cinegética nas áreas de habitat destas espécies em AC’s (Áreas de Caça) e a sua fiscalização. Aumentar o nível de informação e sensibilização do público e decisores através de campanhas de sensibilização e divulgação. Condicionar a instalação de parques eólicos nas áreas mais importantes para a migração da espécie no nosso país. Todos os parques eólicos devem ser equipados com sinalizadores anti-colisão e armações de apoio seguras para aves. Desenvolver estudos sobre o impacte dos parques eólicos na avifauna durante os períodos de passagem migratória das aves. Monitorizar os parâmetros populacionais (avaliação das tendências na distribuição e tamanho da população) (ICN, 2006a). Águia-sapeira, Circus aeruginosos Fenologia: Em Portugal existe uma população residente e ocorre um influxo significativo de aves que aqui vem passar o Inverno. No estuário do Tejo é uma espécie residente nidificante pouco comum (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: A população residente e a população invernantes apresentam um estatuto Vulnerável a nível nacional. A nível internacional é considerada uma espécie Não Ameaçada pela BirdLife International (2004) e Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída nos anexos das convenções de Berna (Anexo II), Bona (Anexo II), CITES (Anexo II A) e das Directivas Aves/Habitats (Anexo A-I) (ICN, 2006). Distribuição e movimentos: Encontra-se em latitudes médias do Paleártico Ocidental, essencialmente em climas temperados e Mediterrânicos estendendo-se para zonas boreais, de estepe e subtropicais (Cramp e Simmons, 1980). A sua área de distribuição na Europa compreende a Albânia, Andorra, Bielo-Rússia, Bulgária, Croácia, Eslováquia, Eslovénia, Espanha, Estónia, França, Grécia, Hungria, Itália, Letónia, Lituânia, Moldávia, Polónia, Portugal, Roménia, Rússia, Turquia e Ucrânia, onde se estima uma população global de 52000 a 88000 casais (BirdLife International/European Bird Census Council 2000). As populações da Europa Setentrional e Central são sobretudo migradoras, invernando desde a bacia mediterrânica e Médio Oriente até à África subsariana, enquanto as populações meridionais são essencialmente dispersivas (Cramp e Simmons, 1980). Em Portugal continental, a população reprodutora de águia-sapeira distribui-se ao longo da faixa costeira ocidental, limitada às principais zonas húmidas, das quais se destacam os estuários do Tejo e Sado, a ria de Aveiro e o baixo Mondego (Rosa et al., 2001). A população invernante distribui-se principalmente pelos mesmos núcleos, embora apresente uma distribuição mais alargada, estando presente em diversas zonas húmidas onde não ocorre durante o período reprodutor (Rosa et al., 1998). Habitat: Nidifica em zonas húmidas de águas doces ou salobras como pauis, sapais, pântanos, margens de lagos e rios e canais com fraco caudal, desde que possuam vegetação aquática emergente abundante, principalmente Phragmites, Typha e Scirpus, (Del Hoyo et al., 1994). Em Portugal, as manchas de caniçal são o habitat preferencial de nidificação, uma vez que aí foram edificados cerca de 90% dos ninhos detectados durante o último censo (Rosa et al., 2001). As manchas de caniçal onde a

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espécie nidifica no nosso país são relativamente extensas (>11 ha), pelo menos quando comparadas com as utilizadas em algumas regiões de Espanha, que podem ter uma dimensão inferior a 1 ha (Rosa et al., 2001). No estuário do Tejo a população nidifica em manchas de sapal, em 1991 foram confirmados 10 ninhos implantados em caniçais e outros 10 com a mesma possível localização (Costa et al., 1993). Procura alimento em águas pouco profundas, doces ou salobras, com vegetação aquática emergente densa, principalmente Phragmites, Typha e Scirpus, em sapais, pauis e pântanos (del Hoyo et al., 1994). Também frequenta habitats correspondentes, em margens de lagos e rios com fraco caudal, ou resultantes de inundações. Normalmente necessita de áreas contínuas de vegetação aquática, onde existe alimento em abundância. Caça ainda frequentemente em campos agrícolas (arrozais, campos de cereais de sequeiro, pousios, prados) nas imediações das zonas húmidas. É sem dúvida o acípiterídeo mais abundante do estuário do Tejo e que regista uma maior amplitude de utilização de biótopos (Leitão et al., 1998), a maior parte da população de águia-sapeira no Tejo caça na faixa de zonas abertas delimitadas a Norte pela estrada Vila Franca/Porto Alto e a Sul pela vila de Alcochete (Costa et al., 1993). Ocorre com maior abundância nos biótopos alagados (valas nas lezírias e sapal), mas também com muita frequência nas pastagens, forragem e cereal de toda a lezíria. Surge ainda nas zonas de vaza, salinas e caniçais (Leitão et al., 1998). Como outras espécies do mesmo género, passa a noite no solo ou sobre vegetação palustre. Fora da época de nidificação, dormem comunalmente, em dormitórios que podem atingir várias centenas de indivíduos (Del Hoyo et al., 1994). Em Portugal os dormitórios de Inverno localizam-se maioritariamente em caniçais de extensão considerável (>11 ha) que podem ser ocupados durante semanas consecutivas (Rosa et al., 1998). No estuário do Tejo apenas um dormitório (Mouchão do Lombo do Tejo) alberga regularmente mais de 10 aves (Costa et al., 1993). População: A espécie apresentou uma tendência populacional positiva. Foram efectuados dois censos da população nidificante (1990/1994 e 1998), em que o esforço de prospecção se pode considerar comparável, tendo-se observado um incremento de cerca de 40% (Fernandes et al., 1996, Rosa et al., em publ.). Este incremento deveu-se principalmente a um aumento de efectivo nos três núcleos principais para a espécie, nomeadamente os estuários do Tejo e Sado e a ria de Aveiro, e não a um aumento significativo da área de distribuição. Quanto à população invernante a tendência é idêntica, tendo sido observado um incremento muito significativo entre os dois censos realizados (1990-1994 e 1998-99, respectivamente) (Fernandes et al., 1996, Rosa et al., 2001). A população residente no país foi estimada em 38 a 49 casais em 1990-1994 (Fernandes et al., 1995) e em 1998 a estimativa foi de 64 a 69 casais (Rosa et al., 2001). Houve ainda um incremento pouco relevante que se deveu à colonização de locais onde a espécie não nidificava pelo menos há 10 anos (Rosa et al., 2001). A população invernante foi estimada em 135 indivíduos em Janeiro durante o censo de 1990-94 (Fernandes et al., 1996) e em 347 indivíduos no mesmo período do ano de 1999 (Rosa et al., 2001) (ICN, 2006a). No estuário do Tejo a espécie nidifica sobretudo nos caniçais dos mouchões. A população nidificante foi

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estimada em 14 casais em 1990 e em 20 casais em 1991. Ocorrendo em dois núcleos: um na parte norte do estuário compreendendo 86-90% dos casais e outro com dois casais na zona da Base Aérea do Montijo (Costa et al., 1993). Em 1998 houve um acréscimo da população nidificante a qual foi estimada em cerca de 29-32 casais (Rosa et al., 2001). Com base em contagens realizadas nos principais dormitórios (destacando-se o Mouchão do Lombo do Tejo) em Janeiro de 1991, estimou-se o número de invernantes em 60 a 70 indivíduos (Leitão et al., 1998). Segundo Rosa et al., (2001) em Janeiro de 1989 foram registas 165 águias-sapeiras em 4 dormitórios no estuário do Tejo No ano seguinte houve um decréscimo da população nidificante na ordem dos 13,9 % (142 indivíduos), embora se tenha incluído mais um dormitório (com 3 aves). Durante as contagens das aves invernantes em Portugal, foram observados no estuário do Tejo durante o mês de Janeiro 9, 10 e 7, referentes aos anos de 1993, 1995 e 1996 (Costa e Rufino, 1993, 1995 e 1996). Nos Invernos de 2004/05 e 2005/06 foram observadas nessas mesmas contagens 16 e 17 aves, respectivamente (Encarnação, dados não publicados). Factores de ameaça: A perda de habitat, durante o final do século XIX e o século XX, um grande número de zonas húmidas foram drenadas e convertidas em campos de cultivo e, mais recentemente, para construção de infra-estruturas de turismo e áreas urbanas, facto que se verifica ainda nos dias de hoje. As alterações do habitat. A perda ou alteração da composição da vegetação palustre emergente devido a sobre exploração ou gestão desregrada dos recursos hídricos e da vegetação e a poluição agrícola, urbana e industrial, são fortes causadores de degradação do habitat desta espécie. A escassa informação existente sobre os parâmetros reprodutores da espécie em Portugal, embora meramente indicativa, aponta para uma produtividade muito baixa, quando comparada com outros países da Europa (Rosa et al., 2001). As causas podem estar relacionadas com fraca disponibilidade alimentar, que por sua vez pode dever-se a uma degradação da qualidade do habitat. O abate ilegal é provavelmente uma causa importante de mortalidade para esta espécie. A perturbação provocada pelas actividades humanas pode ter um impacto negativo no sucesso reprodutivo ou na sobrevivência dos indivíduos, ou mesmo na sua permanência em áreas de pequenas dimensões. Durante o Inverno a perturbação causada pela actividade cinegética, por exemplo, durante a caça aos anatídeos, pode ser determinante para a não utilização de um determinado dormitório e obrigar as aves a procurar locais menos favoráveis. O saturnismo, embora não estejam documentados casos comprovados de saturnismo em Portugal, foram detectados em Espanha vários casos de indivíduos envenenados com chumbo. A poluição e aumento da utilização de agro-químicos, têm sido responsáveis pelo envenenamento de presas e serão responsáveis pela diminuição das suas populações (ICN, 2006a). Medidas de Conservação: Assegurar a manutenção do efectivo populacional de águia-sapeira. Conservar as áreas de reprodução, alimentação e dormida. Assegurar protecção legal aos sítios com habitat favorável para a águia-sapeira. Interditar o uso do chumbo na actividade cinegética em zonas húmidas. Promover a manutenção e incremento do habitat apropriado para a espécie, nomeadamente os maciços de

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plantas palustres. Recuperar as manchas de caniçal mais degradadas ou desaparecidas de forma a incrementar o número e a área de locais propícios à nidificação da águia-sapeira. Condicionar as operações de drenagem em importantes zonas de nidificação da espécie. Regular o uso de pesticidas e adoptar técnicas de pestes alternativas, como por exemplo utilizar substâncias mais facilmente degradáveis, cujo impacto ambiental não seja tão nefasto. Promover e valorizar a exploração sustentada e os usos tradicionais da vegetação palustre (por exemplo o bunho) e a exploração económica do património natural associado à espécie. Reduzir a perturbação por actividades humanas nos locais mais sensíveis. Regulamentar a actividade turística dentro das ZPE’s. Promover restrições e fiscalização à actividade cinegética nos locais mais importantes para a espécie. Promover estudos sobre aspectos da biologia da águia-sapeira, nomeadamente biologia reprodutiva, movimentos, requisitos de habitat e mecanismos para a sua gestão e disponibilidade trófica. Implementar um programa de censo e monitorização da população nacional. Investigar o efeito do saturnismo, da poluição e dos agro-químicos sobre a espécie e restantes elementos da sua cadeia alimentar. Desenvolver e implementar programas educacionais de modo a aumentar o conhecimento do público sobre a espécie e a necessidade de se preservar o seu habitat (ICN, 2006a). Tartaranhão-cinzento, Circus cyaneus Fenologia: Em Portugal a espécie é residente e invernante. No estuário do Tejo ocorre como invernante raro (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Estatuto de Protecção: A população residente apresenta um estatuto Criticamente em Perigo e a população invernante Vulnerável a nível nacional. A nível internacional é considerada uma espécie Não Ameaçada pela BirdLife International (2004) e Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída nos anexos das convenções de Berna (Anexo II), Bona (Anexo II), CITES (Anexo II A) e das Directivas Aves/Habitats (Anexo A-I) (ICN, 2006). Distribuição e movimentos: O tartaranhão-caçador reproduz-se na Eurásia (desde a Península Ibérica até à Península de Kamchatka, exceptuando a Itália, Grécia e outros países adriáticos), e na América do Norte, com populações com populações totalmente migradoras na parte norte destas regiões e populações residentes, parcialmente migradoras ou dispersivas na restante (del Hoyo et al., 1994; Cramp, 1998). C. c. cyaneus inverna desde a Escócia e o Sul da Suécia até à península ibérica e algumas áreas no extremo norte de África e desde a Península Ibérica até a sudeste chinês, passando pela Turquia e irão, enquanto que a C. c. hudsonius inverna principalmente em torno do Golfo do México até ao extremo Norte da América do Sul (del Hoyo et al., 1994, Cramp 1998). Poucos indivíduos invernam em África (Hagemeijer e Blair 1994, Cramp 1998) (ICN, 2006). Em Portugal, segundo Onofre et al., (1995), a espécie ocorre como nidificante apenas numa estreita faixa situada no extremo Norte, correspondendo a um prolongamento da população espanhola do norte da península. No Inverno o tartaranhão-cinzento ocorre em grande parte do

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território, praticamente de norte a sul, com a maioria das observações registadas no Alentejo (Onofre, 1998). Habitat: Em Portugal, na época de nidificação, ocupa terrenos abertos revestidos por matos baixos de urzes e outros matos, como giestais, tojais, etc., e por pinhais jovens, entrecortados por searas e pastagens de altitude, sendo os matos preferidos como biótopo de nidificação (Reino, 1994; Onofre et al., 1995; Pimenta e Santarém, 1996; Silva 1998). Em Portugal, no Inverno, o tartaranhão-cinzento utiliza um número variado de biótopos que incluem zonas húmidas (açudes, sapais, pauis, canteiros de arroz, etc.), culturas arvenses de sequeiro (searas, pousios e alqueives), pastagens, matos de urze, bem como montados de azinho ou de sobro relativamente abertos (Onofre 1998) (ICN, 2006a). No estuário do Tejo ocorre nas lezírias, sapais e salinas (Leitão et al., 1998). População: O tartaranhão-cinzento nunca terá sido uma espécie nidificante comum ou abundante no país, de acordo com o referido por Paulino d’Oliveira (1928) e Reis Júnior (1931). A única estimativa existente para a população ocorrente na faixa norte do país data de 1993 e é 10-20 casais (Onofre et al., 1995; Palma et al., 1999), pensando-se hoje que, em resultado do aparente declínio em número e em área nalguns locais (Pimenta e Santarém 1996), os efectivos possam ser mesmo menores (ICN, 2006a). Contudo, aquela estimativa não é muito diferente da que se pode obter através dos dados constantes nas fichas das IBA’s Serra da Peneda Gerês e Serras de Montesinho e Nogueira (Costa et al., 2003), que apontavam para um intervalo de 13-19 casais (ICN, 2006). Factores de ameaça: A florestação de terrenos abandonados pela agricultura e de áreas de matos adequadas à nidificação da espécie. Embora, nalguns casos, estas acções possam beneficiar inicialmente a espécie, enquanto as árvores ainda são pequenas, por providenciar habitat de nidificação, posteriormente levam à perda de habitat; O abandono agrícola e do pastoreio extensivo resulta em perda de habitat adequado para a nidificação e alimentação. O abandono do pastoreio extensivo é causa de desaparecimento de usos de solo favoráveis a esta espécie (pastagens permanentes e temporárias, culturas forrageiras) e de pousios cuja manutenção era rentabilizada por essa prática; A elevada frequência de incêndios em zonas, onde a espécie tradicionalmente frequenta e se reproduz. A destruição ou degradação de zonas húmidas e da sua vegetação, onde esta espécie muitas vezes pernoita em grupo e onde caça. As acções de drenagem ameaçam as zonas húmidas frequentadas por esta espécie (sapais, pauis e arrozais). O sobre pastoreio afecta a composição e estrutura da vegetação, reduzindo quer a disponibilidade alimentar quer a protecção para nidificar; A intensificação da agricultura ameaça as zonas de cereal extensivo e pastagens naturais e seminaturais, através de monoculturas cerealíferas em detrimento de outros usos como leguminosas e pousios, resulta na redução do mosaico agrícola com decréscimo da diversidade de habitat e traduz-se em diminuição na disponibilidade alimentar e de locais importantes para a reprodução; O aumento da utilização de agro-químicos intervém directa e indirectamente nas populações de aves,

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aumentando a mortalidade e reduzindo a capacidade reprodutiva e diminuindo as populações presa (ICN, 2006a). Medidas de Conservação: Aumentar a população nidificante para o dobro num horizonte de 10 anos (por exemplo 20 a 30 casais na ZPE Montesinho - Nogueira) e conservar o habitat de reprodução, alimentação e dormida. Para tal é necessário: Proibir e/ou condicionar a reflorestação em urzais e zonas montanhosas com matos, onde a espécie ocorre como nidificante e/ou onde estes habitats estejam ameaçados; Ordenar o pastoreio extensivo nas áreas de nidificação da espécie condicionando ou proibindo o seu acesso a áreas percorridas pelo fogo que não resultem de fogos controlados devidamente autorizados; Promover cerealicultura extensiva com rotação de culturas, mediante a aplicação de medidas agro-ambientais e/ou indemnizações compensatórias em áreas prioritárias; Impedir a drenagem em zonas húmidas prioritárias para a espécie; Condicionar o encabeçamento em áreas importantes de alimentação e nidificação; Regular o uso de pesticidas e adoptar técnicas de pestes alternativas, como por exemplo utilizar substâncias mais facilmente degradáveis, cujo impacto ambiental não seja tão nefasto; Monitorizar os parâmetros populacionais (avaliação das tendências na distribuição e tamanho da população) e realizar estudos sobre a ecologia e biologia da espécie (sucesso reprodutivo, selecção de habitat, demografia, movimentos e proveniências, etc.); Desenvolver acções de sensibilização das populações locais, em particular agricultores, proprietários e técnicos florestais, visando a conservação da espécie e dos seus habitats (ICN, 2006a). Águia-caçadeira, Circus pygargus Fenologia: Em Portugal a espécie é estival nidificante. Ocorre no estuário do Tejo como estival nidificante pouco comum (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Espécie Em Perigo a nível nacional. A nível internacional é considerada uma espécie Não Ameaçada pela BirdLife International (2004) e Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída nos anexos das convenções de Berna (Anexo II), Bona (Anexo II), CITES (Anexo II A) e das Directivas Aves/Habitats (Anexo A-I) (ICN, 2006). Distribuição e movimentos: A área de nidificação estende-se pelo Paleártico Ocidental, geralmente a Sul da latitude 60ºN, desde a Península Ibérica ao Kazaquistão, registando-se a ocorrência de alguns casais nidificantes em zonas costeiras do nordeste africano. Inverna na África subsariana, principalmente mo Sudão, Etiópia e África do Leste e no sub-continente indiano (Krogulec, 1997). Tem duas áreas de invernada: uma subsariana, ao longo do Sahel estendendo-se pela África Oriental até à África do Sul, outra no sub-continente indiano e Sri Lanka. Segundo Onofre e Rufino (1995), o tartaranhão-caçador ocorre como nidificante em grande parte do território nacional, em particular na metade este do país, de Norte a Sul, acompanhando a distribuição dos terrenos abertos e das searas nas planícies do Alentejo e os planaltos serranos do Centro Leste e Norte. Segundo o Novo Atlas das Aves Nidificantes de Portugal está praticamente ausente de grande parte do oeste do país e com representação pouco significativa no Algarve (ICN em prep.) (ICN, 2006a).

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Habitat: Utiliza solos secos ou húmidos (incluindo terrenos agrícolas), charnecas, dunas e turfeiras. Também se adapta a zonas arbustivas com Ulex e áreas plantadas com coníferas jovens, urzais e até campos de milho; em condições favoráveis tendem a reproduzir-se em zonas húmidas (Cramp e Simmons, 1980). Frequenta áreas predominantemente desarborizadas. Na região mediterrânica 90% dos casais nidificam no interior de searas mas em latitudes superiores são essencialmente escolhidas áreas de vegetação herbácea natural, matos baixos e plantações florestais recentes. Em Portugal, segundo Franco et al., (1995), as maiores densidades encontram-se associadas às culturas cerealíferas a sul do Tejo, mas há casais que nidificam em dunas do litoral algarvio, sapais do estuário do Tejo e em matos e culturas de centeio dos planaltos serranos do Norte e Centro do país. Claro (2000) afirma, com base num estudo realizado em Évora, que a espécie prefere searas de trigo, aveia ou cevada em detrimento de pousios em geral sobre pastoreados. Os ninhos concentram-se também em áreas com maior proporção de searas e com maior comprimento de orlas (limites de parcelas e linhas de água), por constituírem locais preferências de obtenção de alimento (Claro, 2000). Fora da época de nidificação demonstra pouco interesse por zonas húmidas e pela vizinhança de lagos ou águas interiores (Cramp e Simmons, 1980) (ICN, 2006a). No estuário do Tejo ocorre sobretudo nas lezírias, sapais e salinas (Leitão et al., 1998). População: No nosso país o tartaranhão-caçador apresenta declínio continuado (Cabral et al., em prep.; ICN em prep). A ausência de um censo nacional desta espécie não permite avaliar a sua dinâmica populacional nos últimos anos. Contudo, conhecem-se declínios dramáticos do tartaranhão-caçador nalgumas zonas, nomeadamente em Campo Maior, onde a espécie sofreu uma forte redução, associada à intensificação da agricultura. Considera-se que a população se apresenta em declínio devido ao grande decréscimo da cerealicultura extensiva, habitat de que depende a larga maioria dos seus efectivos. Os casais nidificantes em Portugal representam cerca de 13% da população europeia (excluindo a Rússia). A população nidificante em Portugal na década de 80, segundo Rufino et al., (1985), foi estimada em 1000-1300 casais, sendo posteriormente avaliada por Onofre e Rufino (1995) em 900-1200 casais, com base em censos realizados em algumas áreas e extrapolando para o território nacional os valores obtidos. Esta última estimativa mantém-se actual, não tendo entretanto surgido informações suficientes que permitam uma reformulação consistente (ICN, 2006a). No estuário do Tejo deverão nidificar 2 a 3 casais que utilizam a zona de sapal para construírem os ninhos (Leitão et al., 1998). Factores de ameaça: A actividade da ceifa nos campos cerealíferos, segundo Claro (2000), constitui o principal factor de insucesso reprodutivo, pelo facto de ao ser cortada a vegetação, estes tornarem-se mais vulneráveis à perturbação pelo homem e à predação natural (quando a ceifa é efectuada durante a incubação, regista-se 90-100% de insucesso reprodutivo). A intensificação da agricultura através de monoculturas cerealíferas em detrimento de outros usos como leguminosas e pousios, resulta na redução do mosaico agrícola com decréscimo da diversidade de habitat e

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traduz-se em diminuição na disponibilidade alimentar e de locais importantes para a reprodução. O abandono agrícola. O aumento da utilização de agro-químicos intervém directa e indirectamente nas populações de aves. A florestação das terras agrícolas resulta na perda de habitat e induz o aumento das taxas de predação nas áreas adjacentes. A expansão de cultivos lenhosos. A perturbação provocada pelas actividades humanas, resultante da expansão urbana e construção dispersa e da actividade turística, desportiva e cinegética, influencia muito a escolha do habitat de nidificação por esta espécie, que evita áreas densamente povoadas. O abate ilegal constitui um factor de mortalidade desta espécie. A pilhagem e destruição de ninhos. O aumento de predadores de ovos e crias, nomeadamente os cães assilvestrados. A electrocussão e colisão em linhas aéreas de transporte de energia. Os parques eólicos nas proximidades dos locais de nidificação da espécie, são considerada uma ameaça importante devido à perturbação provocada, colisão com as pás dos aerogeradores. Os traçados eléctricos que estão associados aos parques eólicos constituem outro problema importante devido aos subsequentes riscos de colisão e electrocussão (ICN, 2006a). Medidas de Conservação: Para Manter/aumentar a população nidificante de águia-caçadeira é necessário conservar as zonas de nidificação e alimentação. Para tal é importante: Atrasar a ceifa de forma a salvaguardar as crias e os ovos. Promover cerealicultura extensiva com rotação de culturas, mantendo o mosaico agrícola, mediante a aplicação de medidas agro-ambientais e/ou indemnizações compensatórias em áreas estepárias prioritárias. Incrementar a sustentabilidade económica das áreas estepárias através da certificação de produtos provenientes de áreas “amigas da avifauna estepária”. Proibir ou condicionar a intensificação agrícola em áreas importantes para a espécie; Condicionar a edificação nas ZPE’s importantes para a espécie. Ordenar a actividade turística dentro das ZPE’s; Implementar normas de gestão cinegética nas áreas de habitat destas espécies em AC’s (Áreas de Caça). Fiscalizar as actividades de abate e envenenamento; Fiscalizar e vigiar activamente as principais colónias na época de nidificação. Regular o uso de pesticidas e adoptar técnicas de pestes alternativas. Proibir a florestação e o cultivo de lenhosas nas áreas mais importantes para a conservação da espécie. Controlar as populações de cães assilvestrados em áreas onde se verifique predação. Condicionar a instalação de parques eólicos e de linhas eléctricas de transporte de energia nas áreas mais importantes para a espécie no nosso país. Equipar os parques eólicos e as linhas eléctricas de transporte de energia com sinalizadores anti-colisão e armações de apoios seguras para aves. Desenvolver estudos de monitorização do impacte dos aerogeradores a das linhas eléctricas de transporte de energia já existentes, tendo em conta a sua localização geográfica, a sua situação em termos de habitats e a sua tipologia de equipamento, de forma a conhecer o seu efeito na população nacional destas aves. Elaborar e implementar Planos de Gestão nas ZPE’s com ocorrência da espécie (Moura-Mourão- Barrancos, Campo Maior, Castro Verde). Implementar o Plano Nacional de Acção para as Aves Estepárias; Estudar a dieta e a selecção de habitats de alimentação da águia-caçadeira; Monitorizar anualmente as populações

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nidificantes da espécie nas áreas mais importantes (avaliação das tendências na distribuição e tamanho da população). Estabelecer uma estratégia conjunta Portugal/Espanha visando a conservação das aves dependentes da estepe cerealífera; Inventariar as zonas com características estepárias no Alentejo; Informar a comunidade rural e a população em geral sobre os valores naturais das áreas agrícolas extensivas de sequeiro e sobre as necessidades de conservação das espécies delas dependentes. Esta espécie é contemplada no Plano de acção para a conservação das aves dependentes da estepe cerealífera (Almeida et al., 2003) (ICN, 2006a). Águia-de-asa-redonda, Buteo buteo Fenologia: Residente, em Portugal continental e nos arquipélagos da Madeira e dos Açores. Ocorre no estuário do Tejo como residente nidificante raro e invernante pouco comum (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Espécie Pouco Preocupante a nível nacional. A nível internacional é considerada uma espécie Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída nos anexos das convenções de Berna (Anexo II), Bona (Anexo II) e CITES (Anexo II A) (ICN, 2006). Distribuição e movimentos: Amplamente distribuída por todo o território continental (Rufino, 1989). Habitat: Frequenta uma grande variedade de habitats, ocorrendo tanto em planície como em serras. Nidifica em praticamente todos os habitats arborizados, desde montados de sobro e azinho até pinhais e carvalhais (Rufino 1989). No estuário do Tejo ocorre com maior frequência no montado e áreas adjacentes, e frequenta a lezíria mais no Inverno (Leitão et al., 1998). População: Em temos nacionais a sua abundância é maior na charneca alentejana, a população nacional foi estimada em cerca de 1.000 a 10.000 casais (Rufino, 1989). No estuário do Tejo, Leitão et al., (1998) referem que existiram provavelmente 3 ou 4 casais nidificantes. Foram observadas 2 aves em Junho de 2006 na barragem do Vale Cobrão. É provável que a espécie nidifique na zona, segundo Miravent (2000) foi a espécie com maior número de casais na zona do Campo de Tiro de Alcochete. Factores de ameaça: A espécie é ilegalmente perseguida dentro das zonas de regime cinegético especial (Leitão et al., 1998) Medidas de Conservação: Fiscalizar as actividades cinegéticas especialmente durante a migração e Implementar normas de gestão cinegética nas áreas de habitat destas espécies em AC’s (Áreas de Caça). Águia-calçada, Hieraetus pennatus Fenologia: Em Portugal a espécie é estival nidificante. Ocorre no estuário do Tejo como estival nidificante pouco comum (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Espécie Quase Ameaçada a nível nacional. A nível internacional é considerada uma espécie Rara pela BirdLife International (2004) e Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída nos anexos das convenções de

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Berna (Anexo II), Bona (Anexo II), CITES (Anexo II A) e das Directivas Aves/Habitats (Anexo A-I) (ICN, 2006). Distribuição e movimentos: A espécie ocorre regularmente até 1600 m de altitude, sendo mais comum nas zonas circum-mediterraneas do que nas no centro e leste da Europa Central (Veiga e Viñuela, 1994). A sua área de distribuição no Paleártico Ocidental é constituída por dois núcleos principais: um abrange a Península Ibérica, França e o Norte de África; o outro abrange a Europa Oriental e Ásia Menor (Cramp e Simmons, 1980). A águia-calçada é uma espécie migradora invernando no centro e sul de África (Veiga e Viñuela, 1994), e a sua permanência na Europa durante esta época é normalmente considerada excepcional (Cramp e Simmons, 1980). No entanto, a invernada regular de um número reduzido de indivíduos tem sido assinalada, nos últimos anos, em algumas regiões da Península Ibérica e Norte de África (Costa, 1998). Em Portugal a espécie é sobretudo estival, podendo considerar-se relativamente comum em algumas zonas no Sul do país. Ocorre regularmente em Trás-os-Montes, Beiras interiores e no Alentejo, apresentando uma distribuição contínua nos distritos de Évora, Portalegre, Setúbal, Santarém, Castelo-Branco e Guarda (Palma et al., 1999) (ICN, 2006a). Habitat: Trata-se de uma ave tipicamente florestal, e a sua distribuição é determinada pela presença de manchas de vegetação arbórea com clareiras e zonas abertas, em geral formadas pela actividade agro-pecuária extensiva. Na Península Ibérica ocorre desde os povoamentos de resinosas das zonas montanhosas, também em galerias ribeirinhas, e montados de sobro e azinho que são o seu habitat por excelência nesta região. Nidifica num vasto leque de habitats: principalmente em áreas florestais (intercaladas com clareiras), incluindo arbustos, pastagens, mas também em montados de sobro, associado ou não a pinheiro, pinhal e, com menor frequência montado de azinho (Rufino, 1989). Os seus terrenos de caça estendem-se às zonas abertas de mato, de culturas arvenses e de pousios (Rufino, 1989) (ICN, 2006a). No estuário do Tejo a espécie ocorre nas zonas florestais e nas lezírias (Leitão et al., 1998). Segundo Miravent (2000) na primavera de 1999 foram registados 8 casais com nidificação confirmada e 12 com nidificação provável na zona do Campo de tiro de Alcochete. População: A população ibérica encontra-se em situação estável (Moñoz Gallego e Blas García 2003), estando assinalados aumentos demográficos em determinadas regiões, nomeadamente em Portugal. Por comparação entre os dados do 1º Atlas (Rufino, 1989) e a informação disponível dos trabalhos do 2º Atlas Nacional de Aves Nidificantes (ICN, em prep.) observa-se um aumento substancial da sua área de distribuição no centro e norte do país. Tem sido igualmente detectado um aumento no número de indivíduos invernantes no sul do país. A estimativa mais recente aponta para uma população nidificante de 250 a 350 casais (Palma et. al. 1999). A sul do Tejo, no Alto Alentejo, onde predominam os montados densos de sobro, a espécie atinge as suas mais elevadas densidades, 19-25 casais/100Km2 (Onofre e tal. 1999) ou 8-10 casais em 35 Km2 (grosso modo 23-28

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casais/100Km2) (Miravent 2001). No estuário do Tejo, segundo Leitão et al., (1998) nidificam apenas 1 a 2 casais. Factores de ameaça: A destruição de áreas florestais importantes para a espécie devido ao abate de árvores, fogo, podas desregradas, urbanização e construção de infra-estruturas é o principal factor de ameaça para a espécie. A arborização com eucalipto de terrenos abertos (vales e outras terras de agricultura marginal, matos). As acções de adensamento excessivo dos montados, que limitam o habitat de caça potencial da espécie. O abate ilegal constitui um factor de mortalidade desta espécie. A pilhagem de ninhos tem sido apontada como um dos factores que intervêm na diminuição da produtividade das colónias de águia-calçada, em algumas áreas de nidificação, praticada principalmente durante as tiragens de cortiça ou apanha de pinhas. A colisão e electrocussão em linhas de transporte de energia é um factor de mortalidade importante para a espécie. O aumento da utilização de agro-químicos intervém directa e indirectamente nas populações de águia-calçada, nos locais de invernada, reduzindo a capacidade reprodutiva e diminuindo as populações presa. A instalação de parques eólicos em corredores importantes para a migração e dispersão de aves pode constituir um importante factor de mortalidade da espécie através da colisão nas pás dos aerogeradores. Os traçados eléctricos que estão associados aos parques eólicos constituem outro problema importante devido aos subsequentes riscos de colisão e electrocussão (ICN, 2006a). Segundo Leitão et al., (1998), a espécie é perseguida ilegalmente dentro das zonas de regime cinegético do estuário do Tejo. Medidas de Conservação: Manter/melhorar as manchas de montado aberto já existentes ou instalação de novos povoamentos, em áreas de ocorrência de águia-calçada, assim como criar condições para a regeneração natural dos montados. Condicionar as plantações florestais de elevada densidade, por exemplo de eucalipto ou pinheiro, nas clareiras existentes no seio de áreas de montado ou a ele adjacentes (incluindo em particular os vales e linhas de água). Elaborar recomendações dos limites máximos de densidade de plantação nas acções de beneficiação ou arborização de montados, com sobreiro, azinheira ou pinheiro. As práticas florestais devem ser realizadas fora da época de nidificação, de forma a minimizar a perturbação. Promover a manutenção e recuperação de sistemas de agricultura e ovinicultura tradicionais e também do reordenamento da floresta portuguesa de modo a preservar e criar espaços florestais diversificados, tanto ao nível dos cobertos arbóreos como de outros, e a prevenir a ocorrência dos grandes incêndios florestais. Promover estudos do impacto provocado pelas infra-estruturas hidráulicas ao habitat da espécie. Fiscalizar as actividades cinegéticas especialmente durante a migração. Implementar normas de gestão cinegética nas áreas de habitat destas espécies em AC’s (Áreas de Caça). Diminuir actos de pilhagem de ninhos/juvenis através da vigilância activa das principais colónias no período de nidificação. Estudar o impacte das linhas eléctricas de transporte de energia sobre a espécie através da avaliação do impacte dos principais troços e determinação da perigosidade das linhas. Regular o uso de pesticidas e adoptar técnicas de pestes alternativas, como por exemplo utilizar substâncias mais facilmente degradáveis, cujo impacto ambiental não seja tão nefasto.

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Condicionar a instalação de parques eólicos nas áreas mais importantes para a migração da espécie no nosso país. Desenvolver campanhas de sensibilização para a conservação das aves de rapina e do seu habitat, junto a proprietários rurais, agricultores, pastores, caçadores, guardas e gestores de caça e público em geral. Desenvolver estudos sobre o impacte dos parques eólicos na avifauna durante os períodos de passagem migratória das aves. Monitorizar a espécie (distribuição e densidade), a selecção de habitat, a dinâmica populacional, dieta local e potencial impacte dos pesticidas na fertilidade (ICN, 2006a). Águia-de-Bonelli, Hieraetus fasciatus Fenologia: Em Portugal a espécie é residente. Ocorre no estuário do Tejo como invernante raro (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Espécie prioritária, com estatuto Em Perigo a nível nacional. A nível internacional é considerada uma espécie Em Perigo pela BirdLife International (2004) e Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída nos anexos das convenções de Berna (Anexo II), Bona (Anexo II), CITES (Anexo II A) e das Directivas Aves/Habitats (Anexo A-I) (ICN, 2006). Distribuição e movimentos: A águia-de-Bonelli possui uma distribuição indo-africana, numa extensa área desde a Indochina, Sul da Ásia, Médio Oriente, e em África a Norte e Sul do Sara até à bacia do Mediterrâneo (Rocamora, 1994). No Paleártico Ocidental encontra-se confinada à zona mediterrânica, nomeadamente na Albânia, Bulgária, Chipre, Croácia, Espanha, França, Grécia, Itália, Portugal e Turquia (Cramp e Simmons, 1980, BirdLife International/European Bird Census Council 2000). Em Portugal, a águia-de-Bonelli nidifica principalmente nas regiões montanhosas e nos vales alcantilados do nordeste, na Beira Baixa, no Alentejo e nas serras algarvias (Palma et al., 1999). Ocorre também de forma dispersa na faixa litoral centro, em alguns dos pequenos maciços montanhosos cársicos dessa zona. Diversas áreas do Baixo Alentejo, nomeadamente as vastas zonas estepárias, são regularmente utilizadas pela espécie como quartéis de dispersão e invernada de imaturos e sub-adultos (Pais, 1996). Habitat: Trata-se de uma espécie características dos ecossistemas mediterrâneos, ocorrendo em zonas de média e baixa montanha que combinem zonas tranquilas e protegidas em termos de nidificação com espaços de aproveitamento agro-silvo-pastoril onde se verifique abundância das suas principais presas. Os seus habitats de alimentação preferenciais no nosso país correspondem essencialmente a formações pré florestais de diferente composição e estrutura (matos esparsos, matagais mediterrâneos e bosques abertos), mas também outro tipo de habitats dependendo da disponibilidade de presas (montados de sobro e azinho, olivais, orlas de bosques). Dada a especialização na predação de aves, nomeadamente columbiformes, também explora zonas peri-urbanas, falésias litorais e escarpas montanhosas. Fora da época de nidificação recorre também a zonas húmidas, habitats estepários e outros associados a zonas de relevo suave (Cramp e Simmons, 1980). No Norte de Portugal nidifica principalmente em escarpas e noutros afloramentos rochosos e caça nos

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terrenos agro-pastorís, montados de azinho e matagais das redondezas (Fráguas, 1999). Contudo, no Sul e nomeadamente nas serras do Sudoeste, existe uma população que ocupa habitats florestais ou de matagal arborizado e que nidifica maioritariamente em árvore – grandes sobreiros e eucaliptos (Palma et al., 1999) (ICN, 2006a). No estuário do Tejo ocorre nas zonas de montado e lezírias (Leitão et al., 1998). População: A nível Europeu tem sido assinalada uma drástica redução da população em diversas regiões nomeadamente França e na metade norte da Península Ibérica (Real et al.,1997). Em Portugal a população apresenta duas tendências demográficas distintas, no norte e centro litoral tem vindo a regredir apresentando parâmetros reprodutores muito baixos. Enquanto que no centro interior, Alentejo e Algarve apresenta alguma estabilidade com parâmetros reprodutores normais, e inclusive em algumas zonas tem sido detectado a instalação de novos casais (Palma com. pess.). A população nacional nidificante foi recenseada em 2000 e corresponde a 77-80 casais (Pais 2000), que se encontram distribuídos pelos seguintes núcleos: Bacia do Douro – 30 casais, Estremadura – 4 casais, Bacia do Tejo – 8-10 casais, Bacias do Sado e Guadiana – 11 casais e Serras do Sudoeste – 24 casais (Palma et al., 1999) (ICN, 2006a). A maioria das observações diz respeito a aves imaturas (Leitão et al., 1998). Factores de ameaça: A colisão e electrocussão em linhas aéreas de distribuição e transporte de energia uma vez que espécie possui muita actividade em zonas rurais e peri-urbanas, e utiliza frequentemente apoios eléctricos como poiso de caça e dormitório; A perseguição humana através do abate a tiro e da utilização de iscos envenenados, motivada por conflitos associados ao seu comportamento predatório, constitui um importante factor de mortalidade desta espécie; A rarefacção das populações de coelho-bravo provocado pelas epizootias mixomatose e pneumonia viral hemorrágica; O abandono e alteração de diversas práticas agro-pecuárias tradicionais, caso da cerealicultura, pastoreio extensivo, pombais tradicionais conduzem a uma diminuição das populações de presas; A perturbação humana em zonas de nidificação e durante os períodos mais sensíveis, provocada por actividades agro-silvicolas, actividades cinegéticas, turismo e lazer, conduz a um abaixamento da produtividade da população; Os incêndios florestais assumem forte impacte sobre a população devido à perda de habitat em especial nos núcleos nidificantes do sul do pais onde a espécie nidifica em árvores; A degradação dos habitats de nidificação e/ou alimentação devido à construção de infra-estruturas (barragens, parques eólicos, estradas), instalação de regadios, produção florestal, actividade de extracção de inertes; A competição com outras espécies, caso do Grifo e da Águia-real, em termos de locais de nidificação, nas zonas onde estas coexistem sempre que há pouca disponibilidade de afloramentos rochosos escarpados. A mortalidade de juvenis por doenças, nomeadamente devido à Tricomoniose transmitida a partir dos pombos, pode assumir grande importância para casais muito dependentes desse tipo de alimento; A falta de sensibilidade ambiental por parte de alguns sectores da população rural, como caçadores, criadores de gado, columbófilos, gestores florestais, que vêem nesta espécie um certo entrave para algumas actividades é a causa de conflitos que

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levam à perseguição da espécie; A falta de conhecimento acerca dos processos da biologia e ecologia da espécie e dos seus factores de ameaça, tem acarretado problemas em termos de selecção e aplicação das mais adequadas estratégias de conservação (ICN, 2006a). Medidas de Conservação: Para assegurar a manutenção e recuperação da população nacional e melhorar a sua produtividade, é necessário a conservação das áreas de reprodução, alimentação e invernada/dispersão. Assim é necessário: Criar ferramentas de decisão legal acerca da instalação de traçados eléctricos nas zonas importantes para espécie (nidificação, invernada/dispersão); Corrigir e sinalizar os traçados e apoios da rede de distribuição de electricidade que sejam muito perigosos para a espécie; Monitorizar o impacte das linhas eléctricas de transporte de energia sobre os núcleos mais importantes da espécie; Ampliar as sanções legais para os prevaricadores em matéria de perseguição/abate de espécies protegidas; Aumentar eficácia dos meios e esforços de fiscalização e vigilância nas áreas de nidificação durante os períodos de nidificação; Elaborar e implementar planos de gestão nas ZPES mais importantes para a espécie; Promover a manutenção e valorização do mosaico agro-florestal nas áreas classificadas através de aplicação de programas de medidas agro-ambientais nos principais núcleos da espécie; Estabelecer programas de recuperação das populações de coelho-bravo fundamentadas no melhoramento dos recursos ecológicos desta espécie, e a título excepcional através da implementação de técnicas de repovoamento e reforço dos efectivos com controlo sanitário; Compatibilizar a gestão cinegética com a conservação da espécie, em zonas de caça através do estabelecimento de protocolos e implementação de manuais de gestão ambiental; Estabelecer um conjunto de acções de gestão e ordenamento florestal nas áreas mais importantes da espécie; Recuperar, repovoar, manter e proceder ao acompanhamento sanitário de pombais nas áreas mais importantes para a conservação da espécie; Implementar um programa nacional de erradicação do uso de venenos; Fornecer de alimentação suplementar aos casais e núcleos com maior carência e maior risco de desaparecimento; Reforçar e construir suportes e ninhos nos núcleos que nidificam em árvore ou em zonas com escassa disponibilidade de habitat de nidificação; Proceder ao tratamento de Tricomoniose nos núcleos mais afectados por esta doença; Realizar uma campanha nacional de sensibilização e educação ambiental da população rural relativamente às aves de rapina; Estabelecer sistemas eficazes de monitorização da população nas áreas problemáticas e/ou especialmente importantes para a população nacional; Colaborar em programas internacionais de conservação e estudo da espécie (ICN, 2006a). Família Pandionidae Águia-pesqueira, Pandion haliaetus Fenologia: Em Portugal a espécie é residente e invernante. Ocorre no estuário do Tejo como invernante raro (Leitão et al., 1998).

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Estatuto de Protecção: Em Portugal ocorrem duas populações: uma invernante com estatuto Em Perigo e outra residente, que na realidade é composta apenas por um indivíduo, com estatuto Criticamente em Perigo. A nível internacional é considerada uma espécie Rara pela BirdLife International (2004) e Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída nos anexos das convenções de Berna (Anexo II), Bona (Anexo II), CITES (Anexo II A) e das Directivas Aves/Habitats (Anexo A-I) (ICN, 2006). Distribuição e movimentos: Espécie cuja área de ocorrência abrange todos os continentes à excepção da Antártida, embora as maiores áreas de distribuição se situem na América do Norte, na Ásia e na Europa (Cramp e Simmons, 1980). Nesta última região, ocorre sobretudo no Centro e Norte da Europa, podendo considerar-se relativamente comum na Escandinávia e Finlândia e em algumas regiões da Rússia. Na região Mediterrânica a espécie é mais rara e de ocorrência localizada (Cramp e Simmons, 1980). As populações setentrionais são em grande parte migradoras, invernando sobretudo nas zonas costeiras da África Ocidental, enquanto as populações meridionais são essencialmente residentes. A invernada na bacia mediterrânica é normalmente pouco importante (Cramp e Simmons, 1980). Em Portugal continental a águia-pesqueira inverna numa larga porção do território, em particular no Centro e Sul do país. São observados regularmente alguns indivíduos invernantes em várias zonas húmidas, do litoral e do interior, como açudes, barragens, pauis, lagoas costeiras e estuários. Outrora relativamente comum como nidificante ao longo da Costa Portuguesa, a Águia-pesqueira já nidificou desde a costa rochosa da Estremadura portuguesa (possivelmente até mesmo no Pinhal de Leiria) até à costa sul algarvia (zona de Albufeira) (Palma, 2001). Presentemente encontra-se virtualmente extinta como nidificante desde que, na época de reprodução de 1997, a fêmea do único casal morreu no ninho situado na costa Sudoeste. Desde então o macho tem sido observado regularmente nas imediações do ninho, mas, até à data, não voltou a ser observada a nidificação bem sucedida da espécie na costa Portuguesa (ICN, 2006a). Habitat: Sendo uma ave de rapina especialista que se alimenta apenas de peixe, a águia-pesqueira é totalmente dependente de reservas consideráveis de peixe onde possa pescar durante todo o ano (Cramp e Simmons, 1980; Saurola e Sablevicius 1997). A população Mediterrânica é estritamente marinha frequentando essencialmente zonas costeiras, estuários, lagoas costeiras e albufeiras (Cramp e Simmons, 1980). As áreas de alimentação correspondem essencialmente às zonas costeiras, mas em condições climatéricas desfavoráveis (e.g. temporais, ventos fortes) são substituídas por zonas húmidas interiores como estuários, albufeiras e açudes. A área de pesca é geralmente afastada do ninho podendo ser partilhada por vários indivíduos (Cramp e Simmons, 1980). Faz o ninho em falésias e ilhéus rochosos (Rufino 1989) utilizando ramos, ervas e mesmo desperdícios de redes de pesca ou outros detritos (ICN, 2006a). No estuário do Tejo frequenta águas livres do estuário, salinas e pisciculturas (Leitão et al., 1998). População: Em termos globais, a Águia-pesqueira não se encontra ameaçada. No entanto, durante o século XIX e princípio do século XX a espécie sofreu uma forte

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regressão da sua área de distribuição europeia tendo desaparecido nalguns países da Europa Central e apresentando uma situação bastante precária nos países Mediterrânicos (Tomialojc 1994). De acordo com Palma (2001), a regressão desta espécie em Portugal decorreu durante o século XX de forma bastante acentuada. No princípio do século a população nidificante terá atingido os 22-30 casais, e nos finais dos anos setenta já só existiam dois casais activos. A partir de 1991 a população ficou reduzida a um casal e em 1997 a um único macho, que conseguiu emparelhar com uma nova fêmea em 2000, sem que no entanto se tenham reproduzido. Assim, pode-se considerar que actualmente a espécie se encontra em situação de pré-extinção como nidificante, ocorrendo sobretudo de passagem ou durante o Inverno. Nos últimos dez anos a população nidificante da espécie esteve reduzida a um casal nidificante que entretanto desapareceu. A ocorrência desta espécie durante o Inverno em Portugal é relativamente rara, com efectivos que não devem ultrapassar as duas dezenas de indivíduos (Costa et al., 1999). Apresenta no entanto carácter regular ao longo dos anos, em vários locais. A população do invernante do estuário do Tejo é geralmente constituída por 2 a 3 aves (Leitão et al., 1998). Durante as contagens de Inverno realizadas no mês de Janeiro foram observadas 2 águias-pesqueias em 1993, nenhuma em 1995 e 1 indivíduo em 1996 (Costa e Rufino 1993, 1995 e 1996). Nos Invernos de 2004/05 e 2005/06 foram observadas respectivamente, 3 e 2 aves (Encarnação, dados não publicados). Factores de ameaça: A baixa capacidade de recrutamento de indivíduos reprodutores da população nacional constitui o principal problema de conservação desta espécie. Dada a acentuada filopatria revelada por esta espécie e a fragilidade demográfica das populações mediterrânicas a probabilidade de vir a ocorrer a recuperação natural da espécie na costa portuguesa é reduzida. O uso recreativo intensivo da orla costeira associado ao aumento das áreas urbanas e turísticas e rede viária ao longo da costa resulta na perturbação e degradação dos locais de nidificação (Palma e Beja, 1999). A perturbação associada às actividades recreativas é especialmente intensa durante os meses de Verão. O acesso desordenado a pesqueiros ao longo da costa por pescadores locais constitui igualmente um factor de perturbação importante para indivíduos que possam vir a estabelecer-se como nidificantes. A perturbação associada à pesca é particularmente preocupante já que a época de maior actividade piscatória coincide com o período mais crítico da época de nidificação da águia-pesqueira (Palma, 2001). A morte acidental em fios de pesca abandonados por pescadores à linha nas falésias e o abate ilegal (Palma, 2001). A sobre-exploração dos recursos piscícolas pode provocar a diminuição dos recursos alimentares disponíveis ou até mesmo o esgotamento da principal fonte de alimento desta espécie (Tomialojc, 1994; Palma, 2001). A poluição da água em meios marinhos e dulciaquícolas, por efluentes domésticos, industriais e agrícolas, intervém directa e indirectamente nas populações de águia-pesqueira, pelo aumento da mortalidade, redução da capacidade reprodutora por acumulação de mercúrio e organoclorados, e diminuição das populações piscícolas (Tomialojc, 1994) (ICN, 2006a).

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Medidas de Conservação: A conservação da águia-pesqueira em Portugal passa pelo restabelecimento da população nidificante, a manutenção da população invernante e garantir a conservação do habitat favorável à nidificação e alimentação da espécie. Para tal é necessário: Proceder ao reforço demográfico através da transferência de juvenis de populações dadoras para a costa portuguesa; Monitorizar regularmente os troços da costa com ocupação histórica de águia-pesqueira e dos últimos ninhos conhecidos, a fim de maximizar a capacidade de detecção de casais que venham eventualmente a estabelecer-se na costa portuguesa; Melhorar o habitat de nidificação através da instalação de ninhos artificiais, a fim de atrair potenciais casais nidificantes para áreas do litoral com perturbação reduzida; Controlar rigorosa e eficazmente a expansão urbano-turística; Implementar o ordenamento e a gestão dos acessos a pesqueiros ao longo da costa, principalmente nos troços com ocupação histórica da águia-pesqueira; Regulamentar e fiscalizar com rigor as actividades de pesca à linha nas falésias e do acesso do público em geral nas imediações dos ninhos antigos e locais ainda activos, por meio de restrições espaciais e sazonais; Fiscalizar a actividade piscatória; Aumentar a disponibilidade alimentar através do repovoamento piscícola de açudes e albufeiras costeiras e/ou fornecimento de alimentação suplementar aos indivíduos residentes; Implementar uma política eficaz de tratamento e fiscalização dos efluentes industriais, agrícolas e urbanos, e suas descargas no meio hídrico; Fiscalizar eficazmente a orla costeira, de forma a impedir o lançamento de hidrocarbonetos para o mar, incluindo as limpezas de tanques; Sensibilizar os pescadores, os caçadores, os gestores de aquiculturas e a população em geral para a conservação desta espécie (ICN, 2006a). Açor, Accipiter gentilis Fenologia: Em Portugal a espécie é residente. Estatuto de Protecção: Espécie com estatuto Vulnerável a nível nacional. A nível internacional é considerada uma espécie Não Ameaçada pela BirdLife International (2004) e Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída nos anexos das convenções de Berna (Anexo II), Bona (Anexo II) e CITES (Anexo II A) (ICN, 2006). Distribuição e movimentos: A área de distribuição desta espécie é muito vasta, estendendo-se de modo contínuo por grande parte do Holártico (del Hoyo et al., 1994). O açor distribui-se por uma área bastante grande em Portugal continental, a qual deverá ser superior àquela que é evidenciada no atlas de Rufino (1989) ou no Novo Atlas (ICN dados não publicados). Este facto deve-se á dificuldade da metodologia dos atlas em representar a dispersão real no terreno de algumas espécies, nomeadamente as aves florestais de comportamento mais discreto. No Centro e Norte do país a distribuição do açor é mais contínua da que vem representada no atlas e tem uma população mais densa. A espécie também existe em largas áreas do Sul (Alentejo e serras algarvias), embora a sua presença aqui seja bastante mais dispersa, bem como a sua densidade (Palma et al., 1999a), encontrando-se ausente nalgumas regiões (ICN, 2006).

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Habitat: No Sul de Portugal o açor encontra-se quase sempre em barrancos arborizados de cursos de água, mas algumas zonas, como na Comporta, cria também em pinhal bravo e terrenos planos. No centro e Norte do país o principal habitat de nidificação da espécie é composto por pinhais bravos adultos e possuidores de árvores de grande porte, por bosques e bosquetes de folhosas autóctones (e.g. carvalhais maduros) e, por vezes, eucaliptais. Circundantes às formações arbóreas onde nidifica, encontram-se terrenos abertos de mato, culturas agrícolas e pastagens (Rufino, 1989; Pimenta e Santarém, 1996; Silva, 1998), onde tende a caçar perto das orlas. Evita as paisagens demasiado compartimentadas ou demasiado contínuas (Rufino, 1989), mas em áreas predominantemente florestais, como na região de Mira ou o pinhal de Leiria (onde a cobertura de pinhal é superior a 85%), quantificaram-se ainda assim densidades de açores da ordem de 4-5 casais (Petronilho, 2001a) e 2-3 casais (Onofre et al., 1999) por km2 (ICN, 2006). População: Tal como para grande parte das aves de rapina florestais do país, nunca se fez um censo específico e completo para esta espécie a nível nacional, com base em amostragem e metodologia apropriadas. A única estimativa existente é a de Palma et al. (1999a), a qual apontava para uma população de 200-300 casais, que se pensa estar em declínio, devido à destruição e escassez crescente do seu habitat preferido, os pinhais bravos. Atendendo à grande perda de pinhal que se tem verificado nos últimos anos devido a incêndios florestais e que em 2003 tiveram uma incidência particularmente grave, é provável que uma parte não desprezável da população indicada por Palma et al. (1999a) tenha sido directamente afectada (ICN, 2006). No estuário do Tejo existem 3 registos da espécie na zona de Pancas durante o Inverno de 1990/91 (Leitão et al., 1998). Factores de ameaça: Os incêndios florestais que destroem áreas mais ou menos vastas de pinhal e outro arvoredo maduro são a principal ameaça para o açor em Portugal. A par deste factor de destruição, a reconversão para eucaliptal de curta rotação das antigas manchas de pinhal das serras da região Centro limita grandemente a adequação do habitat para efeitos de nidificação. Com efeito, salvo alguns exemplares de grande porte, a maioria dos eucaliptos e em particular os das plantações florestais, devido ao tipo de inserção e à fragilidade dos seus ramos, não providenciam as melhores condições para o suporte ninhos (González 2004, Onofre dados não publicados) (LV 2006). O corte de povoamentos ou árvores onde a espécie nidifica, a perseguição através do abate directo, destruição dos ninhos e o roubo de crias são outros factores que afectam a população portuguesa. Por se tratar de um predador essencialmente ornitófago, o açor é uma espécie potencialmente vencível aos efeitos dos pesticidas e metais pesados, que poderão afectar o sucesso reprodutivo. Por outro lado, sendo os pombos uma presa muito frequente na sua dieta, como acontece na região de Mira (Petronilho e Vingada, 2002), é provável que se verifique alguma morbilidade e mortalidade em resultado de Tricomoníase e Candidíase (LV 2006). Medidas de Conservação: As medidas de conservação da espécie prendem-se fundamentalmente com as politicas florestais de reordenamento, gestão e

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repovoamento florestal e de prevenção de incêndios. Importa promover espaços florestais diversificados, tanto ao nível dos cobertos arbóreos como de outros, e prevenir a ocorrência dos grandes incêndios florestais. Adicionalmente, Manual de Boas Práticas Florestais deverá incorporar num futuro próximo medidas com vista à conservação das aves de rapina e do seu habitat, para além de outros valores naturais. Deve ainda ser dinamizada a reflorestação com folhosas naturais e a conversão dos bosques e bosquetes de carvalhos (puros ou mistos), através da sensibilização ao recurso generalizado de medidas agro-ambientais apropriadas. A reconversão para eucaliptal das antigas áreas de pinhal deve ser desencorajada, não devendo a rearborização com pinheiro bravo ser apoiada. Devem ser desenvolvidas campanhas de educação ambiental junto aos proprietários e gestores florestais e cinegéticos, madeireiros, resineiros, com vista à sensibilização destes para a conservação das aves de rapina. Importa ainda reforçar a fiscalização e tornar a aplicação da lei mais efectiva, relativamente às infracções e crimes contra a natureza e as aves de rapina em particular. Urge realizar estudos sobre a biologia e ecologia da espécie, que são praticamente inexistentes e a realização de censos ou programas de monitorização periódicos (ICN, 2006). Gavião, Accipiter nisus Fenologia: Residente em Portugal continental e no arquipélago da Madeira. Estatuto de Protecção: Espécie com estatuto Pouco Preocupante a nível nacional. A nível internacional é considerada Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída nos anexos das convenções de Berna (Anexo II), Bona (Anexo II), CITES (Anexo II A) e a sub espécie A. n. granti está incluída nas Directivas Aves/Habitats (Anexo A-I) (ICN, 2006). Distribuição e movimentos: A espécie apresenta uma boa distribuição na metade Norte do país (Rufino, 1989). Habitat: Espécie típica de paisagens em mosaico, com um misto de bosquetes e zonas agrícolas ou pousios. Evita grandes manchas florestais bem como as zonas pouco arborizadas (Rufino, 1989). População: A população nacional de gavião foi estimada em 100 a 1.000 casais, apresentando uma maior abundância no Norte do país (Rufino, 1989). No estuário do Tejo o gavião possui dois registos recentes, dois indivíduos em Pancas (2 de Outubro de 1990) e um indivíduo na ponta da Erva (5 de Novembro de 1990) (Leitão et al., 1998). Família Falconidae Peneireiro-vulgar, Falco tinnunculus Fenologia: Residente em Portugal continental e na Madeira. Ocorre no estuário do Tejo como residente nidificante raro e invernante pouco comum (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Espécie com estatuto Pouco Preocupante a nível nacional. A nível internacional é considerada Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída

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nos anexos das convenções de Berna (Anexo II), Bona (Anexo II) e CITES (Anexo II A) (ICN, 2006). Distribuição e movimentos: O peneireiro-vulgar distribui-se amplamente por todo o país (Rufino, 1989). Habitat: Frequenta uma grande diversidade de habitats, tanto em planície como em planalto ou em zona montanhosas. Ocorre em terrenos agrícolas intensivos e extensivos, com árvores dispersas ou na proximidade de bosquetes ou florestas. Nidifica ainda nas zonas nas zonas alcantiladas, da costa ou do interior. Encontra-se ausente das grandes manchas florestais (Rufino, 1989). Frequenta as zonas de montado aberto, lezírias, sapais (Leitão et al., 1998) e salinas. População: A população nacional foi estimada em cerca de 1.000 a 10.000 aves (Rufino, 1989). Espécie regular na zona de Pancas. Na Ponta da Erva, o número de indivíduos é variável, sendo consideravelmente superior no Outono e Inverno. A população nidificante na área estudada deverá ser constituída por 1 ou 2 casais (Leitão et al., 1998). Esmerilhão-comum, Falco columbarius Fenologia: Invernante em Portugal. Ocorre no estuário do Tejo como invernante raro (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Espécie com estatuto Vulnerável a nível nacional. A nível internacional é considerada uma espécie Não Ameaçada pela BirdLife International (2004) e Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída nos anexos das convenções de Berna (Anexo II), Bona (Anexo II), CITES (Anexo II A) e das Directivas Aves/Habitats (Anexo A-I) (ICN, 2006). Distribuição e movimentos: Tem uma vasta distribuição, essencialmente circumpolar no Holártico como nidificante. Á excepção de um pequeno número de populações, as restantes populações são migradoras. Embora as populações ocidentais invernam fundamentalmente na Europa, em regra as áreas de invernada não se sobrepõem às áreas de nidificação (del Hoyo et al., 1994). A região circum-mediterrânea (por exemplo a Península Ibérica e Itália) não parece assumir muita importância como quartel de Inverno (ao contrário do que acontece na região europeia central) e são poucos os indivíduos que chegam ao Norte de África (de Juana et al., 1988; Cramp 1998). Em Portugal continental, o esmerilhão ocorre em praticamente em todo o território (Costa et al., 1996). Não obstante a ainda deficiente cobertura geográfica e a possibilidade de algum enviasamento nas observações registadas, a espécie tende a ocorrer com maior frequência no baixo Tejo, a sul deste rio e junto ao litoral. Segundo Costa et al., (1996), esta tendência poderá ser explicada pelo facto de o esmerilhão ser essencialmente ornitófago e procurar regiões e locais ricos em aves, como as zonas húmidas e os terrenos agrícolas das extensas planícies alentejanas (ICN, 2006). Habitat: O habitat onde a espécie ocorre em Portugal é constituído por culturas de sequeiro, pousios e pastagens, principalmente no Sul, lezírias, albufeiras, pauis,

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prados costeiros e prados de montanha (Costa 1995, Costa 1998e, Costa et al., 1996). No estuário do Tejo ocorre na zona das lezírias e sapal (Leitão et al., 1998). População: A informação sobre o efectivo de esmerilhão que inverna em Portugal é muito reduzida. Parece no entanto consensual que é baixa a abundância de esmerilhões a invernarem no país, tendo em conta o número de registos mais recentes, estimando-se que a população invernante esteja compreendida entre 50 e 250 indivíduos. Segundo Costa et al., (1996) e Costa (1998e) de grosso modo são observados em média 10 a 3 indivíduos por ano, mas devido à conspicuidade da espécie, ao seu reduzido tamanho e comportamento estes valores devem estar subestimados. No estuário do Tejo no período entre 1983/84 e 1993/94 foram observados 12 aves, das quais 7 ocorreram no estuário e 5 nas lezírias (Costa et al., 1996). Factores de ameaça: O continuado declínio dos sistemas de exploração tradicional agrícola e a sua sub-distribuição por culturas agrícolas ou florestais de carácter intensivo ou mesmo o mero abandono e conversão para matos degradados, pode vir a ter implicações negativas para a espécie a médio e longo prazo. O uso abusivo e desregrado de pesticidas pode constituir uma ameaça para as populações cujos indivíduos vêm invernar no nosso país, em face aos efeitos nefastos da bio-acumulação no seu organismo e no sucesso reprodutor. O abate a tiro constitui igualmente uma ameaça para esta espécie, pois a sua estadia coincide com a época venatória (ICN, 2006). Medidas de Conservação: Campanhas de sensibilização ambiental e de conservação da fauna, em particular das aves de rapina e outros predadores, dirigidas quer a agricultores, caçadores, guardas e gestores de caça, quer ao público em geral. Sensibilização dos agricultores para a adopção de boas práticas agrícolas. Divulgação e incentivo ao recurso mais generalizado das Medidas Agro Ambientais junto dos proprietários e produtores agrícolas. Tendo em vista a manutenção de habitat favorável desta espécie, as acções de arborização de terras agrícolas marginais deverão ser efectuadas com folhosas autóctones (sobreiros e azinheiras), e em densidades não muito elevadas. É importante realizar censos que permitam conhecer os efectivos médios anuais que visitam o país no Inverno, identificar as regiões ou áreas de maior importância para a espécie e estudar temas como a selecção de habitat e alimentação invernal (ICN, 2006). Ógea, Falco subbuteo Fenologia: Estival nidificante em Portugal. Ocorre no estuário do Tejo como migrador de passagem raro (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Espécie com estatuto Vulnerável a nível nacional. A nível internacional é considerada uma espécie Não Ameaçada pela BirdLife International (2004) e Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída nos anexos das convenções de Berna (Anexo II), Bona (Anexo II) e CITES (Anexo II A) (ICN, 2006). Distribuição e movimentos: Espécie de distribuição sobretudo Euro-asiática como nidificante, embora também exista no Norte de África (Marrocos e Tunísia), e que

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ocorre de modo contínuo desde a Península Ibérica, e Reino Unido até ao leste da Sibéria e da China, e ainda no Kamchatka, ilhas Sacalinas e norte do Japão. De Norte a Sul, estende-se do Circulo Polar Árctico até ao Mediterrâneo, Ásia menor, região do Turquemenistão e Tajiquistão e Sudoeste da China (del Hoyo et al., 1994). Á excepção de uma pequena região no sul da China e nordeste da Indochina, onde a espécie é residente todo o ano, as restantes populações são migradoras, invernando no sul de África e no norte do sub-continente indiano (del Hoyo et al., 1994, Cramp 1998). Em Portugal, ocorre em grande parte do país, com excepção das regiões demasiado desarborizadas do leste alentejano e em parte da região Norte, em particular no Douro litoral, onde é escasso ou está mesmo ausente (Rufino 1989, Palma et al.,1999a, ICN dados não publicados) (ICN, 2006). Habitat: Em Portugal aparece tanto em terrenos planos, inclusive junto do litoral, como nas zonas serranas, sempre que o habitat lhe é propício. Assim, no Norte e no Centro ocorre principalmente em paisagens mistas de pequenos bosques (pinhas, carvalhais e bosquetes ripícolas), e de terrenos abertos (campos agrícolas, pastagens, pousios, pauis, lagoas e outras zonas húmidas ou matos) (Rufino 1989; Pimenta e Santarém 1996; Silva 1988). Poderá aparecer em áreas florestais mais extensas, mas neste caso tende a localizar-se perto destas manchas, contíguas a amplos terrenos abertos, como acontece no pinhal de Leiria (Onofre et al., 1999). No Sul aparece principalmente nas zonas de montado de sobro e em áreas de povoamentos mistos (com pinheiro bravo e manso), usualmente com clareiras agrícolas e pastagens nas proximidades, ao mesmo tempo evita os montados mais ralos e não aparece nos terrenos pouco arborizados no geral (Onofre e Palma 1986, Rufino 1989) (ICN, 2006). No estuário do Tejo surge sobretudo nos montados, lezírias e salinas (Leitão et al., 1998). População: O curto período de permanência da espécie em Portugal (de Abril a Agosto) e a sua reduzida conspicuidade, tornam difícil a obtenção de estimativas do seu efectivo populacional. No entanto tendo em conta as observações no decurso dos trabalhos do Novo Atlas (ICN, dados não publicados), estima-se que a sua população poderá ser inferior a 1.000 indivíduos (ICN, 2006). Factores de ameaça: A destruição, degradação e simplificação do habitat, devido a incêndios, arborizações massivas com eucalipto, destruição de bosquetes ribeirinhos e de outras linhas ou cortinas de arvoredo, bem como o abandono agrícola, constituem sem dúvida uma ameaça importante à espécie, em particular no Norte e Centro do país. O abate de gralha-preta, para correcção de densidade ou a sua eventual integração na lista de espécies cinegéticas exploráveis, poderá afectar negativamente este falcão, pois diminuirá a disponibilidade de plataformas naturais de nidificação em árvore a médio prazo. Á semelhança do que está referido para Doňana (Palacín, 2003), não será de excluir que em Portugal a utilização de pesticidas afecte a produtividade da espécie. As actividades florestais que levam ao corte de árvores com ninhos ou que de outro modo perturbam o desenrolar do processo reprodutivo da espécie, afectam também o sucesso reprodutor da espécie indirecta ou directamente. O abate ilegal, o roubo de ninhos, a colisão e a electrocussão em linhas eléctricas,

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podem ainda constituir factores de ameaça, embora a sua relevância não esteja quantificada (ICN, 2006). Medidas de Conservação: Campanhas de sensibilização ambiental e de conservação da fauna, em particular das aves de rapina e outros predadores, dirigidas quer a agricultores, caçadores, guardas e gestores de caça, quer ao público em geral. Sensibilização dos agricultores para a adopção de boas práticas agrícolas. Deve ser reforçada a fiscalização e a aplicação da lei deve ser mais efectiva relativamente às infracções e crimes contra as aves de rapina em particular. Divulgação e incentivo ao recurso mais generalizado das Medidas Agro Ambientais junto dos proprietários e produtores agrícolas. Para as regiões Centro e Norte e nas serras do Sul, e à semelhança do proposto para outras aves de rapina de ecologia florestal, as medidas de conservação para esta espécie prendem-se ainda com politicas florestais de reordenamento, gestão e repovoamento florestal e de prevenção de incêndios. Não deverá ser permitida a inclusão da gralha-preta como espécie cinegética explorável no calendário venatório. É importante realizar censos que permitam melhorar a estimativa populacional e assegurar a sua monitorização. Devem ainda ser estudados aspectos da sua biologia e ecologia, nomeadamente a selecção do habitat e interdependência coma gralha-preta, níveis de toxicidade e sucesso reprodutivo. Monitorizar a mortalidade da espécie ao longo das linhas eléctricas (ICN, 2006). Falcão-peregrino, Falco peregrinos Fenologia: Residente em Portugal. Ocorre no estuário do Tejo como migrador de passagem e invernante raro (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Espécie com estatuto Vulnerável a nível nacional. A nível internacional é considerada uma espécie Não Ameaçada pela BirdLife International (2004) e Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída nos anexos das convenções de Berna (Anexo II), Bona (Anexo II), CITES (Anexo I A) e das Directivas Aves/Habitats (Anexo A-I) (ICN, 2006). Distribuição e movimentos: Espécie de distribuição quase mundial (com excepção da Antártida), que, nidifica na maioria dos países da Europa (Snow e Perrins 1998, BirdLife International/European Bird Census Council, 2000). O seu estatuto migrador está relacionado com a latitude a que cria, sendo os indivíduos escandinavos migradores, ao passo que os sul-europeus são sedentários, efectuando apenas dispersões locais. As áreas de invernada estendem-se desde a Europa Central até África, a sul do Equador (Cramp e Simmons, 1980). Em Portugal distribui-se por todos os principais maciços montanhosos do país, assim como pelos vales escarpados do nordeste, e ao longo de toda a franja litoral centro e sul (Rufino, 1989). As aves invernantes e dispersantes ocorrem por grande parte do território mas com maior frequência nas vastas áreas estepárias do Alentejo (ICN, 2006a). Habitat: Nidifica em arribas marítimas, também em ilhas rochosas ou em precipícios em zonas montanhosas, e ao longo de vales de rios. Dado a sua adaptabilidade, e em situações sem perturbação, encontra-se por vezes em estruturas construídas pelo Homem altas e inacessíveis, como torres, ruínas, antenas e pontes. Evita zonas com

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intensa actividade humana, ou florestas densas, pântanos com vegetação densa, extensas áreas de planície e zonas agrícolas, e áreas abertas e extensas de água. Requer extensos campos abertos para caçar, incluindo biótopos estepárias, zonas húmidas e arribas costeiras. Caça também nas proximidades de encostas escarpadas e falésias aproveitando a surpresa e o desnível para alcançar as suas presas em voo. No Inverno o falcão-peregrino está associado a zonas abertas com abundância de presas, o que no Baixo Alentejo corresponde geralmente às proximidades de zonas húmidas (estuários, vales de rios e barragens) (Cramp e Simmons, 1980; Santos 1998) (ICN, 2006a). Ocorre no estuário do Tejo em lezírias, salinas e sapais (Leitão et al., 1998). População: Apesar da escassa informação quantitativa anterior ao primeiro censo nacional da espécie realizado em 2001 e 2002 é provável que nos últimos 10 anos a população nacional tenha apresentado alguma estabilidade ou aumento, nomeadamente terá ocorrido a reinstalação de alguns casais. Esta tendência é similar à detectada em outros países europeus, entre os quais Espanha (Gainzarain et al., 2003). Estima-se que a população actual esteja compreendida entre 75 e 110 casais. De acordo com Costa et al., (2003), as IBA’s nacionais (excluindo a da Costa Sudoeste, para a qual não são dados valores), totalizam 45-71 casais. No Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina foram identificados 21-23 casais/territórios no (Alcazar et al., 2003). Dados recentes apontam ainda para um mínimo adicional de 12-18 territórios no litoral rochoso entre Lagos e Portimão, entre a serra da Arrábida e o Cabo Mondego e para mais alguns locais do país onde a espécie tem sido observada (ICN, em prep.) (ICN, 2006a). Factores de ameaça: O aumento da utilização de agro-químicos intervém indirectamente nas populações do falcão-peregrino. Sendo ornitófago e situando-se no topo da cadeia trófica, acumula no seu organismo os produtos tóxicos que consome através das suas presas. A perseguição humana através do abate a tiro e utilização de iscos envenenados, motivada por conflitos associados ao seu comportamento predatório, constitui um importante factor de mortalidade desta espécie; A pilhagem de ninhos e o roubo de juvenis, para a falcoaria, continuam a ser factores importantes que intervêm na diminuição da produtividade das colónias; A perturbação humana em zonas de nidificação e durante os períodos mais sensíveis, provocada por actividades de turismo e lazer, actividades cinegéticas, conduz ao abandono de territórios e abaixamento da produtividade da população; O abandono e alteração de diversas práticas agro-pecuárias tradicionais, caso da cerealicultura, pastoreio extensivo, pombais tradicionais conduzem a uma diminuição das populações de presas; A colisão e electrocussão em linhas aéreas de distribuição e transporte de energia; A degradação dos habitats de nidificação e/ou alimentação devido à construção de infra-estruturas (barragens, parques eólicos, estradas), instalação de regadios, produção florestal, actividade de extracção de inertes; As doenças dos pombos (por exemplo, a Candidíase Tricomoníase, etc.). Como outras aves ornitófagas, este falcão pode ser afectado por morbilidade e mortalidade causadas pelas doenças daquelas aves. A instalação de parques eólicos nas proximidades dos locais de nidificação da espécie

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está considerada como uma ameaça importante devido à perturbação provocada quer durante a fase de construção quer durante a fase de exploração, e devido à colisão nas pás dos aerogeradores (ICN, 2006a). Medidas de Conservação: Para assegurar a manutenção e recuperação da população nacional da espécie, é necessário melhorar a produtividade reprodutiva da população, bem como a conservação das áreas de reprodução, alimentação e invernada/dispersão. Para tal será necessário: Regular o uso de pesticidas e promover a utilização de substâncias mais facilmente degradáveis, Aumentar eficácia dos meios e esforços de fiscalização e vigilância nas áreas de nidificação durante os períodos de nidificação; Restringir o acesso às áreas de nidificação importantes e ordenar as e actividades radicais em escarpas, dada a vulnerabilidade da espécie à perturbação; Ampliar as sanções legais para os prevaricadores em matéria de perseguição/abate de espécies protegidas; Elaborar e implementar planos de gestão nas ZPES mais importantes para a espécie; Promover a manutenção e valorização do mosaico agro-florestal nas áreas classificadas através de aplicação de programas de medidas agro-ambientais nos principais núcleos da espécie; Recuperar, repovoar, manter e proceder a acompanhamento sanitário de pombais nas populações de falcão-peregrino do nordeste do País; Criar ferramentas de decisão legal acerca da instalação de traçados eléctricos nas zonas importantes para espécie (nidificação, invernada/dispersão); Corrigir e sinalizar os traçados e apoios da rede de distribuição de electricidade que sejam muito perigosos para a espécie; Condicionar a instalação de parques eólicos nas áreas mais importantes para a espécie no nosso país; Todos os parques eólicos devem ser equipados com sinalizadores anti-colisão e armações de apoios seguras para aves; Promover campanhas de sensibilização ambiental e de conservação da fauna, em particular das aves de rapina, dirigidas a caçadores, guardas e gestores de caça, afim de minimizar ou erradicar o abate ilegal e roubo de ninhos; Sensibilizar os agricultores para a adopção de boas práticas agrícolas, tanto em termos da racionalização no emprego de pesticidas, como da utilização preferencial pela luta integrada e de produtos de mais rápida e inofensiva degradação; Desenvolver estudos de monitorização do impacte dos aerogeradores já existentes, tendo em conta a sua localização geográfica, a sua situação em termos de habitats e a sua tipologia de equipamento, de forma a conhecer o seu efeito na população nacional destas aves; Estabelecer sistemas eficazes de monitorização da população nas áreas problemáticas e/ou especialmente importantes para a população nacional; Colaborar em programas internacionais de conservação e estudo da espécie (ICN, 2006a).

1.3.2.2.6 Ordem Galliformes Família Phasianidae Perdiz, Alectoris rufa Fenologia: Residente nidificante em Portugal continental e ilhas. Ocorre no estuário do Tejo como uma espécie residente nidificante pouco comum (Leitão et al., 1998).

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Estatuto de Protecção: Espécie com estatuto Pouco Preocupante em Portugal continental, nos arquipélagos dos Açores e da Madeira tem o estatuto de Não Aplicável. A nível internacional é considerada uma espécie Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída nos anexos das convenções de Berna (Anexo III), das Directivas Aves/Habitats (Anexo D) e na Lei de Bases de Caça (ICN, 2006). Distribuição e movimentos: A perdiz apresenta uma distribuição muito alargada no país, sendo mais no Sul do que no Norte (Rufino, 1989). Habitat: Espécie típica de culturas cerealíferas em confluência com áreas de mato e pousios (Rufino, 1989). No estuário do Tejo, frequenta áreas florestais, principalmente montados abertos, bem como nos terrenos agrícolas adjacentes. Ocorre na mancha florestal entre o Porto Alto e Alcochete, onde nidifica, observando-se na lezíria apenas esporadicamente (Leitão et al., 1998). População: As densidades de perdiz no estuário do Tejo, em 1991/1992, raramente ultrapassaram 0,3 aves/10ha. Factores de ameaça: A caça excessiva constitui a principal ameaça para a população (Rufino, 1989). Medidas de Conservação: Esta espécie cinegética encontra-se protegida por legislação nacional e internacional, não tendo sido alvo de acções específicas de conservação. Codorniz, Coturnix coturnix Fenologia: Em Portugal continental surgem como Invernantes, estivais nidificantes, e residentes, nas ilhas ocorrem como estivais nidificantes, e residentes. No estuário do Tejo a codorniz é uma espécie estival nidificante comum e invernante rara (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Espécie com estatuto Pouco Preocupante em Portugal continental e arquipélago da Madeira e nos Açores tem o estatuto de Informação Insuficiente. A nível internacional é considerada uma espécie Depauperada pela BirdLife International (2004) e Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída nos anexos das convenções de Berna (Anexo III), de Bona (Anexo II), das Directivas Aves/Habitats (Anexo D) e na Lei de Bases de Caça (ICN, 2006). Distribuição e movimentos: A distribuição mundial da espécie inclui a Europa, a Ásia, e a África. A população europeia tem registado flutuações marcadas, com tendência para a espécie se expandir para norte e para oeste em anos de elevadas abundâncias (Cramp e Simmons, 1980). Em Portugal continental é uma espécie abundante e com distribuição alargada. Ocorre ainda nas ilhas da Madeira e Porto Santo. Nos Açores, segundo Bannerman e Bannerman (1966) ocorrem as subespécies C. c. coturnix e C. c. conturbans, a primeira com estatuto migratório e a segunda residente em todas as ilhas do arquipélago (ICN, 2006). Habitat: Ocorre em campos abertos cultivados (ICN, 2006). No estuário do Tejo a espécie é muito comum nos terrenos agrícolas e pastagens da lezíria (Leitão et al., 1998).

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População: As densidades desta espécie obtidas em 1991/92 no estuário do Tejo variam entre 0,5 e 2,5 aves/10ha (Leitão et al., 1998). Factores de ameaça: A caça excessiva constitui a principal ameaça para a população (ICN, 2006). Medidas de Conservação: Esta espécie cinegética encontra-se protegida por legislação nacional e internacional, não tendo sido alvo de acções específicas de conservação. As prioridades de conservação da codorniz incluem a clarificação do estatuto taxonómico e fenológico da população que ocorre nos Açores, assim como a obtenção de dados sobre a biologia de reprodução, distribuição e abundância a nível regional (ICN, 2006).

1.3.2.2.7 Ordem Gruiformes Família Rallidae Frango-d’água, Rallus aquaticus Fenologia: Residente em Portugal. Ocorre no estuário do Tejo como residente nidificante comum (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Espécie com estatuto Pouco Preocupante a nível nacional. A nível internacional é considerada uma espécie Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída no anexo III da convenção de Berna (ICN, 2006). Distribuição e movimentos: É uma espécie nitidamente mais comum nas zonas da costa ocidental do que no resto do país, devido à maior disponibilidade de habita (Rufino, 1989) Habitat: Frequenta zonas húmidas de características bastante diferentes como lagoas, pauis, estuários e rios, desde que existam manchas de vegetação aquática densa e bem desenvolvida (Rufino, 1989). No estuário ocorre em caniçais, sapais, salinas abandonadas e valas (Leitão et al., 1998). População: A população nacional foi estimada em cerca de 1.000 a 10.000 casais (Rufino, 1989) Galinha-d’água, Galinulla chloropus Fenologia: Residente em Portugal continental e nos arquipélagos da Madeira e dos Açores, neste ultimo a espécie ocorre ainda como estival nidificante. No estuário do Tejo é uma espécie residente nidificante comum (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Espécie com estatuto Pouco Preocupante em Portugal continental, Em Perigo no arquipélago da Madeira e com Informação Insuficiente nos Açores. A nível internacional é considerada uma espécie Não Ameaçada pela BirdLife International (2004) e Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída nos anexos das convenções de Berna (Anexo III) e das Directivas Aves/Habitats (Anexo D), e na Lei de Bases de Caça ICN, 2006). Distribuição e movimentos: Espécie com distribuição alargada na Europa, Ásia, África e América nas zonas temperada e tropical, ocorrendo regularmente em ilhas

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oceânicas. Na Europa, ocorre na Finlândia, na Escandinávia, ilhas Britânicas e nas ilhas Atlânticas (Cramp e Simmons, 1980). Em Portugal Continental, a espécie apresenta uma distribuição alargada (ICN, 2006). Habitat: Espécie de hábitos secretivos que ocorre em charcos e lagoas com vegetação nas margens (ICN, 2006). No estuário do Tejo ocorre em valas nas lezírias e pequenos açudes (Leitão et al., 1998). População: No Continente, a espécie apresenta uma população numerosa. Nos Açores, segundo Bannerman e Bannerman (1966) ocorrem as subespécies: a G. c. chloropus que é migradora e tem origem no continente europeu e a G. c. correiana residente no arquipélago. Neste arquipélago a espécie nunca foi alvo de estudos dirigidos, não existindo dados sobre a sua abundância. Na Madeira, com base nas contagens efectuadas entre 2001 e 2003, a população foi estimada em menos de 50 indivíduos (Nunes e Faguntes, com. press.) (ICN, 2006). Factores de ameaça: A destruição de zonas húmidas constitui a principal ameaça à preservação da espécie. Na Madeira devido à reduzida área de habitat disponível, esta ameaça é muito relevante (ICN, 2006). Medidas de Conservação: Esta espécie encontra-se protegida por legislação nacional e internacional, não tendo sido alvo de acções específicas de conservação. Nos Açores as prioridades de conservação da galinha-d’água incluem a clarificação do estatuto taxonómico e fenológico da população, assim como a obtenção de dados sobre a sua distribuição e abundância a nível regional (ICN, 2006). Caimão, Porphyrio porphyrio Fenologia: Residente em Portugal. Não tem registos nos estuário do Tejp mas considera-se a sua presença como potecncial, pois é dada para outras zonas húmidas próximas no concelho de Benavente, situando-se no corredor de migração litoral esta ave. Estatuto de Protecção: estatuto Vulnerável. A nível internacional é considerada uma espécie Localizada pela IUCN (2001). Está incluída nos anexos das convenções de Berna (Anexo II), da Directiva Aves/Habitats (Anexo I, prioritária) Distribuição e movimentos: vasta área de distribuição, incluindo África, região mediterrânica, sul da Ásia e a Oceânia. Na Europa tem uma distribuição fragmentada, ocorrendo em Portugal, Espanha, França, Italia e sudeste da Rússia. Em Portugal os nidifica nas zonas húmidas litorais, principalmente no Algarve, sendo referido um casal para a bacia do Tejo. No estuário do Tejo considera-se como provável em lagoas /represas com abundante vegetação (como o caniço, tabúa), sno confirmada na proximidade da ZPE. Habitat: Esta ave não se encontra referenciada na literatura especializada, mas será possível de encontrar em lagoas permanentes e cujo nível de água não sofra grandes oscilações, como o são as zonas entre-marés, na ZPE e na RNET, em particular na Lagoa do Mouchão do Lombo do Tejo, como invernante ou como nidificante (Encarnação, com. Pess.).

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População: são estimados em cerca de 49-67 os pares nificantes. No anos 80 esta espécie regrediu muito, ficando restrita ao Algarve, mas a população nidfificante recuperou na dácvada seguinte, expandindo-se naturalmemnte para as zonas húmidas costeiras no sule através de um programa de repovoamento no baixo Mondego Galeirão-comum, Fulica atra Fenologia: Residente e invernante em Portugal. Ocorre no estuário do Tejo como residente nidificante e invernante raro (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal ocorrem duas populações, uma residente e outra invernante, ambas com o estatuto Pouco Preocupante. A nível internacional é considerada uma espécie Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída nos anexos das convenções de Berna (Anexo III), Bona (Anexo II), da Directiva Aves/Habitats (Anexo D) e incluída na Lei de Bases de Caça (ICN, 2006). Distribuição e movimentos: A área de distribuição inclui a Eurásia, o Norte de África, e a Oceânia. A população da bacia mediterrânica é sobretudo residente, embora se verifique a migração de aves no Norte e Centro da Europa para Sul, para aí passar o Inverno (Cramp e Simmons, 1980). Em Portugal os principais de invernada da espécie situam-se na Lagoa de Santo André, Ludo, Castro Marim e Lagoa de Albufeira (Costa e Guedes, 1997). Habitat: Presente numa grande variedade de zonas húmidas, geralmente com águas pouco profundas, mas também lagos, albufeiras de grandes dimensões (Cramp e Simmons, 1980) (Costa e Guedes, 1997). No estuário do Tejo ocorre em tanques de salinas e açudes. Até ao início da década de 90 um pequeno número de indivíduos nidificou na lagoa artificial do mouchão do Lombo do Tejo. Em 1991, alguns casais nidificaram num pequeno açude perto de Pancas. (Leitão et al., 1998). Em 2006, nas salinas do Samouco foi registado um casal nidificante. Relativamente à população Invernante concentra-se sobretudo na lagoa do mouchão no Lombo do Tejo e nas salinas da Atalaia (representaram mais de 92% e 97% da população invernante nos Invernos de 2004 a 2006), e em menor número na Ponta da Erva e salinas da Saragoça (Encarnação, dados não publicados). População: A população mediterrânea e do Mar Negro foi estimada em cerca de 2.500.000 indivíduos (Rose e Scott, 1994) apresentando um decréscimo (Rose, 1995). O número de indivíduos invernantes no estuário do Tejo é normalmente bastante baixo, em Dezembro de 1991 foram contados um máximo de 20 galeirões nos tanques da salina de Saragoça (Leitão et al., 1998). Em Janeiro de 1992 foram recenseados 130 aves (Rufino, 1992), mas em Janeiro de 1993, 1995 e 1996 não foram registadas quaisquer aves durante os Censos de Aves Invernantes em Portugal (Costa e Rufino, 1993, 1995 e 1996). Contudo nos Invernos de 2004/05 e 2005/06 foram observadas em média 430 aves no estuário do Tejo (Encarnação, dados não publicados).

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1.3.2.2.8 Família Otididae Família tetrax Sisão, Tetrax tetrax Fenologia: Espécie residente em Portugal. Ocorre no estuário do Tejo como invernante comum, residente nidificante raro (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal o sisão é uma espécie prioritária em termos conservacionistas, apresentando um estatuto Vulnerável. A nível internacional é considerada uma espécie Vulnerável pela BirdLife International (2004) e Quase Ameaçado pela IUCN (2004a). Está incluída nos anexos das convenções de Berna (Anexo II), CITES (Anexo II A) e das Directivas Aves/Habitats (Anexo I) (ICN, 2006). Distribuição e movimentos: O sisão é uma espécie de distribuição Paleártica, que ocupa, de forma descontínua, a faixa compreendida entre os paralelos 35º N e 50º N (Cramp e Simmons, 1980). Apresenta dois núcleos principais: um ocidental, abrangendo a Península Ibérica, França e extremo sudeste de Itália (na Sardenha), e outro oriental, no sudeste da Rússia Europeia e o Kazaquistão (Schulz, 1985ª; BirdLife International/European Bird Census Council, 2000). Inverna numa vasta área desde o Mediterrâneo, passando pela Turquia e o Cáucaso, até ao Irão. De forma errática ocorre ainda no Sul da Ásia. No Inverno o sisão é gregário, formando bandos que podem atingir milhares de indivíduos e é habitual o uso de dormitórios comunitários. As populações do Sul da sua área de distribuição, em particular da Península Ibérica, tendem a ser sedentárias ou parcialmente migradoras, ao contrário das populações do Norte que são totalmente migradoras (Cramp e Simmons, 1980). Apesar do conhecimento ser parco neste domínio, foi provado recentemente invernada na Estremadura Espanhola de sisões que se reproduziram em França (Almeida et al., 2003). Em Portugal distribui-se desde Trás-os-Montes até ao Algarve, sendo mais localizada a Norte do Tejo e, por isso, menos abundante (ICN, 2006a). Habitat: O sisão frequenta regiões estepárias, planícies ligeiramente onduladas com vegetação rasteira pouco densa. Tal como a abetarda tende a ocupar extensas áreas de mosaicos formadas pela prática da cerealicultura extensiva, pousios e pastagens (pseudo-estepes), seleccionando áreas com vegetação rasteira, não excedendo os 20 cm (Martinez, 1994; Salamolard e Moreau, 1999; Silva et al., 2004). Na época de nidificação os machos adultos optam preferencialmente pelos pousios para formar os seus territórios, e em locais com uma maior disponibilidade de insectos (Martinez 1998; Salamolard e Moreau, 1999). No Inverno os bandos tendem a ocorrer no topo das elevações e são sensíveis à perturbação humana evitando a proximidade de estradas e casas habitadas (Silva et al., 2004). Em Portugal encontra-se em planícies abertas ou com árvores dispersas, ocupando ocasionalmente e de forma marginal montados pouco densos. Está sobretudo associado a zonas agrícolas (De Juana e Martinez, 2001) e particularmente em locais onde é praticada a cerealicultura extensiva e pastagens em época de reprodução (ICN, 2006a). No estuário do Tejo ocorre desde Pancas até Vila Franca de Xira em pastagens, terrenos cultivados e

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restolhos da lezíria. Existe um pequeno grupo reprodutor nas pastagens e montados abertos próximos de Pancas (Leitão et al., 1998). De salientar ainda a permanência, como invernantes, nos campos de cereal da Ponta da Erva, na Lezíria (Encarnação, com.pess.), o que atesta a importância deste biótopo na diversidade do estuário do Tejo. População: Actualmente, segundo Schulz (1985a) e De Juana e Martinez (1996 e 2001), considera-se que a população mais viável desta espécie se encontra na Península Ibérica, constituindo mais de metade da população mundial. Desconhece-se qual a tendência populacional à escala nacional, suspeitando-se, no entanto, de regressões locais em zonas com agricultura mais intensificada (Silva, com. pess.). Terá regredido como nidificante nas zonas de Campo Maior, Estuário do Tejo e Castro Marim. Em Castro Verde, segundo Borralho (com. pess.), dados referentes à monitorização do Plano Zonal indicam que terá havido um aumento no número de sisões no interior da área de intervenção deste plano. Os efectivos de sisão para Portugal estão estimados entre 10 000 e 20 000 indivíduos (Goriup, 1994). Apenas existem estimativas populacionais recentes para a região de Castro Verde, com 2400 indivíduos, segundo Moreira (1999) e para a ZPE de Campo Maior com uma estimativa de 79 machos territoriais em 1998 (Silva et al., 2004). O número de nidificantes no estuário do Tejo não deve ultrapassar os 20 indivíduos, com um máximo de 6 macho observados em 1992. A população invernante foi de cerca de 700 aves em 1991/92 e de cerca 300 aves em 1992/93 (Leitão et al., 1998). Factores de ameaça: A intensificação da agricultura através de monoculturas cerealíferas em detrimento de outros usos como leguminosas, pousios e montado disperso, resulta na redução do mosaico agrícola com decréscimo da diversidade de habitat e traduz-se em diminuição na disponibilidade alimentar. O incremento dos tratamentos agrícolas (adubos, herbicidas, etc.) permite aumentar o rendimento da terra com consequente redução da área de pousio: traduz-se em diminuição (qualitativa e quantitativa) da disponibilidade alimentar por eliminação de um importante biótopo de alimentação, rico em insectos. Além disso a transformação do sequeiro em regadio afecta negativamente a espécie conduzindo a perda de diversidade de habitats resultante da supressão de rotação de culturas. A florestação das terras agrícolas resulta na perda de habitat e induz o aumento das taxas de predação nas áreas adjacentes. A expansão de cultivos lenhosos: a plantação de pomares, amendoais, vinha, olival resultam em perda de habitat adequado à alimentação e reprodução. A construção de estradas, albufeiras, outras infra-estruturas e introdução de outras actividades humanas resultam em perda de habitat adequado à alimentação e reprodução e são factores de fragmentação de habitat. Acrescem ainda perturbação na fase de instalação e por vezes durante a fase de exploração. A ceifa e a lavoura efectuadas no período de nidificação da espécie são responsáveis pela destruição de ovos e crias. O abandono agrícola e do pastoreio extensivo resulta em perda de habitat. O abandono do pastoreio extensivo é causa de desaparecimento de usos de solo favoráveis a esta espécie (como pastagens e pousios) cuja manutenção era rentabilizada por essa prática. Por outro lado, origina o

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desenvolvimento de matos, com o desaparecimento da cobertura herbácea fundamental à espécie. O sobrepastoreio afecta a composição e estrutura da vegetação, reduzindo a disponibilidade alimentar. A presença de gado em alta densidade nos locais de nidificação representa, também, perigo elevado de pisoteio dos ninhos e das crias. Também, a instalação de vedações para gado resulta em perda de habitat para a espécie. O aumento da utilização de agro-químicos intervém directa e indirectamente nas populações de aves estepárias, aumentando a mortalidade e reduzindo a capacidade reprodutiva e diminuindo as populações presa. A colisão com linhas aéreas de transporte de energia é um importante factor de mortalidade em aves gregárias, particularmente em dias de fraca visibilidade. O aumento de predadores de ovos e crias, nomeadamente os cães assilvestrados pode influir no êxito reprodutor das espécies de aves que nidificam no solo. A expansão urbano-turística resulta na perda e fragmentação do habitat e na introdução de perturbação. A perturbação provocada pelas actividades humanas causa stress nas aves, voos de fuga em condições desfavoráveis (com risco de danos associados) e uma redução do tempo dedicado pelas aves à alimentação. A redução da tranquilidade pode levar ao abandono de locais seleccionados para reprodução e alimentação. Como principais factores perturbação destaca-se a actividade cinegética, o “birdwatching” e actividades recreativas e desportos com veículos motorizados (ICN, 2006a). Medidas de Conservação: Para preserva a população de sisão é necessário manter ou melhorar as áreas de reprodução, alimentação e dormida. Para tal é fundamental: Promover a cerealicultura extensiva com rotação de culturas, e manter o mosaico agrícola, mediante aplicação de medidas agro-ambientais e/ou indemnizações compensatórias em áreas estepárias prioritárias; Proibir ou condicionar a intensificação agrícola em áreas importantes para a espécie; Promover o pastoreio extensivo e condicionar o encabeçamento nas áreas mais importantes de reprodução; Proibir ou condicionar a instalação de vedações em áreas importantes para a espécie; Regular o uso de agro-químicos em áreas importantes para a avifauna estepária; Retardar a ceifa e condicionar a lavoura de pousios durante o período de nidificação nas áreas mais importantes de reprodução da espécie; Proibir a florestação e o cultivo de lenhosas nas áreas mais importantes para a conservação da espécie; Incrementar a sustentabilidade económica das áreas estepárias através da certificação de produtos provenientes de áreas “amigas da avifauna estepária”; Ordenar e regulamentar práticas de observação de aves e desportos de natureza nas áreas mais importantes para a conservação da espécie; Controlar as populações de cães assilvestrados em áreas onde se verifique predação; Elaborar e implementar Planos de Gestão nas ZPE’s com ocorrência da espécie (Moura-Mourão- Barrancos, Campo Maior, Castro Verde); Implementar o Plano Nacional de Acção para as Aves Estepárias; Estabelecer uma estratégia conjunta Portugal/Espanha visando a conservação das aves dependentes da estepe cerealífera; Sujeitar projectos de construção e asfaltamento de caminhos municipais e de linhas eléctricas de alta tenção a AIA, tendo em conta a perda de habitat estepário e a sua fragmentação, o incremento esperado no número

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de predadores e o efeito cumulativo/sinérgico dos projectos individuais; As AIA referentes a projectos de construção de estradas, vias férreas, linhas eléctricas, outras infra-estruturas, plantações florestais, vinhas e perímetros de rega e outros usos devem ter em conta a perda de habitat estepário e a sua fragmentação, o incremento esperado no número de predadores e o efeito cumulativo/sinérgico dos projectos individuais; Fiscalizar o cumprimento das medidas de minimização e compensação previstas nas avaliações de EIA; Restringir a construção de edifícios, estradas, albufeiras e outras infra-estruturas em ZPE’s importantes para avifauna estepária; Controlar a expansão urbano-turística em áreas importantes para a avifauna estepária; Ordenar a actividade turística e a prática de desporto de natureza em áreas importantes para a avifauna estepária e proceder à respectiva fiscalização; Regular a actividades cinegética; Promover estudos sobre a distribuição e abundância da espécie para os períodos de reprodução, pós-nupcial e Inverno, procurando entender igualmente os movimentos e áreas concretas de que dependem ao longo do ano; Monitorizar os parâmetros populacionais da espécie (avaliação das tendências na distribuição e tamanho da população); Inventariar as zonas com características estepárias no Alentejo; Informar a comunidade rural e a população em geral sobre os valores naturais das áreas agrícolas extensivas de sequeiro e sobre as necessidades de conservação das espécies delas dependentes (ICN, 2006a). Esta espécie é contemplada no Plano de acção para a conservação das aves dependentes da estepe cerealífera (Almeida et al., 2003).

1.3.2.2.9 Ordem Charadriiformes Família Haematopodidae Ostraceiro, Haematopus ostralegus Fenologia: Invernante em Portugal. Ocorre no estuário do Tejo como migrador de passagem e invernante pouco comum, não nidifica (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal tem um estatuto Quase Ameaçado, contudo até à década de 30 (Coverley 1939) existia uma população nidificante, actualmente extinta e por isso com o estatuto de Regionalmente Extinto. A nível internacional é considerada uma espécie Não Ameaçada pela BirdLife International (2004) e Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída no anexo III da convenção de Berna (ICN, 2006). Distribuição e movimentos: Nidifica na Europa e Ásia Oriental. A subespécie que ocorre em Portugal nidifica na Islândia, Ilhas Britânicas, Escandinávia, Europa ocidental e Mediterrâneo até à Turquia. Inverna no Oeste da Europa e África (del Hoyo et al., 1996). Em Portugal continental está presente ao longo da faixa litoral (Farinha e Costa 1999). Habitat: Zonas húmidas, nomeadamente estuários (salinas e zonas entre marés) e zonas húmidas do interior (lagoas). Pode também ocorrer na orla costeira, em praias (ICN, 2006). No estuário do Tejo tem preferência pelas zonas entre marés arenosas e

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salinas (especialmente nas salinas do Samouco, onde são observados regularmente) (Leitão et al., 1998). Segundo os dados de censos de aves invernantes, as salinas do Samouco parecem ser o local mais importante para a espécie no estuário do Tejo. População: Nas zonas estuarinas esta espécie tem sido monitorizada desde a década de 1970. Na última década, a sua abundância tem oscilado entre 500 e 1.500 indivíduos. A análise destes censos até 2000, permitiu verificar que a abundância da população tem permanecido estável (Sousa, 2002b). No estuário do Tejo a população média invernante no período de 1975/1978 foi de 12 aves, apresentando um máximo de 26 aves em 1978 (Rufino, 1978). No Inverno de 1989 foram recenseadas 2 aves (Rufino, 1989) e em 1991, 50 aves (Rufino, 1991). No período de 1992 a 1996 a população foi estimada em 10 indivíduos (Leitão et al., 1998). Em Janeiro de 2004 foram recenseados 148 aves, 138 nas salinas do Samouco (Encarnação, dados não publicados). No Inverno seguinte foram observadas 150 aves em Fevereiro, também nas salinas do Samouco. Factores de ameaça: Perda ou degradação de habitat (por acção do Homem), nomeadamente abandono ou degradação de salinas, a transformação de salinas em aquaculturas e a destruição ou degradação das zonas entre marés (ICN, 2006). Medidas de Conservação: A maior parte das áreas estuarinas utilizadas por esta população durante o Inverno estão incluídas em áreas com estatuto legal de protecção (Reservas Naturais, Zonas de Protecção Especial, Sítio Ramsar). Várias outras zonas foram recentemente designadas como Zonas Importantes para as Aves (Costa et al., 2003). No entanto, é necessário uma monitorização mais eficaz, de modo a obter estimativas mais fiáveis da sua abundância (ICN, 2006). Família Recurvirostridae Alfaiate, Recurvirostra avosetta Fenologia: Em Portugal a espécie é invernante. No estuário do Tejo ocorre como migrador de passagem e invernante pouco comum, ocasionalmente nidifica (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal ocorrem duas populações, uma nidificante com estatuto Quase Ameaçada e outra Invernante Pouco Preocupante. A nível internacional é considerada uma espécie Não Ameaçada pela BirdLife International (2004) e Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Estão incluídas nos anexos das convenções de Berna (Anexo II), de Bona (Anexo II) e das Directivas Aves/Habitats (Anexo I) (ICN, 2006). Distribuição e movimentos: A espécie distribui-se por todo o Paleártico. Os indivíduos que se reproduzem no limite norte da área de distribuição da espécie são tipicamente migratórios, mas as populações nidificantes no Sul da Europa são residentes ou efectuam movimentos de pequena dimensão (Cramp e Simmons, 1983). A sua área de distribuição estende-se pela Europa e Ásia Central e Oeste até ao Sudeste da Sibéria e Nordeste da China. Inverna na Europa Ocidental, África, Médio

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Oriente, China Oriental (del Hoyo et al., 1996) (ICN, 2006). A sua área de distribuição como invernante, abrange as zonas estuarinas do litoral do Minho ao Algarve, estando presente como nidificante habitual apenas no Algarve (ICN, em prep.). Ocorre esporadicamente como nidificante nos Estuários do Tejo e Sado (Farinha e Costa 1999). Habitat: Utiliza salinas activas ou abandonadas, aquaculturas e outras zonas húmidas costeiras (por exemplo, lagoas) como habitat de nidificação (Rufino 1989, Catry et al., in press.). No estuário do Tejo tem preferência pelas vazas entre marés e salinas (Leitão et al., 1998). Segundo (Moreira, 1995) a espécie selecciona como habitats de alimentação, áreas com sedimento vasoso fino, sendo que este apresenta quantidades de água consideráveis, nesses locais (sobretudo na zona interior da Reserva e na parte central do estuário) apresentam densidades com um valor médio máximo de 23 aves/ha. Segundo o mesmo autor, o alfaiate revela ainda uma preferência por áreas humanizadas. No estuário R. avosetta é mais abundante nas zonas de alimentação (vasa) durante o dia (apresenta um intake energético semelhante entre a noite e o dia), capturando presas como, Tharix sp., Hediste diversicolor e S. chrubsolii (preferência decrescente) (Silva, 2005). Como local de refúgio de preia-mar as salinas de Vasa Sacos, Tarouca e Samouco, são os locais mais importantes para a espécie, no estuário do Tejo. População: A população desta espécie tem vindo a registar um decréscimo em Portugal, em parte justificado pela redução dos efectivos invernantes no Estuário do Tejo. A população invernante regista números entre 10 000 e 15 000 indivíduos, sendo a população nidificante bastante mais reduzida. De acordo com Catry et al., (2004), em 2001 e 2002, durante a época de reprodução, foram registados 702 e 908 indivíduos maturos, respectivamente (ICN, 2006a). No estuário do Tejo a população média invernante no período de 1975/1978 foi de 8170 aves, apresentando um máximo de 9200 aves em 1977 (Rufino, 1978). No Inverno de 1989 foram recenseadas 13661 aves (Rufino, 1989) e em 1991, 10175 aves (Rufino, 1991). No estuário do Tejo a população média invernante no período de 1992 a 1996 foi de 6682 indivíduos, com um máximo de 12373 a ser atingido em Janeiro de 1992. Em 1993 foi detectado um casal que nidificou (sem sucesso) nas salinas do Samouco. Em 2 de Julho de 1996 foram observados1 adulto e 5 juvenis não voadores nas salinas de Vaza Sacos (Leitão et al., 1998). Segundo Moreira (1995) a população média de alfaiates no período de 1990/93 no estuário foi de 8387 aves, correspondendo a 53,3% do efectivo nacional. As maiores densidades da espécie entre 1991 1992 ocorreram entre meados de Janeiro e Março, na ordem das 5 aves/ha, obtendo um máximo de 35,4 aves/ha na zona na Arrentela a 28 de Março. Na margem Norte do estuário entre 1998/1999, a espécie apresentou densidades de 0,588 aves/ha, tendo sido observadas um máximo de 116 aves (Rosa, 1999). No Inverno de 1999/2000 foram recenseados 1460 aves, sendo que 1429 foram observadas nas salinas da Tarouca. No ano seguinte o número de invernantes foi menor, apresentando um total de 916 aves, mas no Inverno de 2003/2004 o seu efectivo teve um incremento, registando-se 1579 aves (Encarnação, dados não publicados). Nas salinas do Samouco entre

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2004/05 o número máximo de alfaiates foi de 652 aves registado durante o mês Janeiro de 2005 (Rocha, dados não publicados). Factores de ameaça: Perda ou degradação de habitat (por acção do Homem), nomeadamente abandono ou degradação de salinas e a transformação de salinas em aquaculturas são as principais ameaças à conservação da espécie (ICN, 2006). Medidas de Conservação: A maior parte das áreas estuarinas utilizadas por esta população durante a nidificação estão incluídas em áreas com estatuto legal de protecção (Reservas Naturais, Zonas de Protecção Especial, Sítio Ramsar) ou Zonas Importantes para as Aves (Costa et al., 2003). São necessárias acções de controlo da predação e perturbação humana e restauração e manutenção dos complexos de salinas, utilizados por esta espécie (ICN, 2006). Pernilongo, Himantopus himantopus Fenologia: Residente e estival nidificante. No estuário do Tejo ocorre como estival nidificante comum e invernante pouco comum (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal tem o estatuto de Pouco Preocupante. A nível internacional é considerada uma espécie Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluído nos anexos das convenções de Berna (Anexo II), de Bona (Anexo II) e das Directivas Aves/Habitats (Anexo I) (ICN, 2006). Distribuição e movimentos: No Paleártico Ocidental e durante a época de reprodução a espécie distribui-se de uma forma descontínua pela Europa Ocidental e Meridional, Balcãs, Ucrânia e Cáucaso. Encontra-se ausente na Europa Central e Escandinávia (Cramp e Simmons, 1983). A área de distribuição da espécie como nidificante no território continental, abrange sobretudo as zonas costeiras estuarinas a sul da bacia do rio Vouga. É frequente ainda em lagoas, albufeiras, arrozais e mesmo pequenos charcos, quer na costa quer no interior a Sul do Tejo. De Inverno, ocorre ao longo da costa quer nos estuários quer em lagoas costeiras, mas apenas a sul do Mondego (ICN, 2006a). Em 1990, o estuário do Tejo suportou 5% da população reprodutora de H. himantopus (Farinha e Trindade, 1994) Habitat: Confinada a águas pouco profundas, doces ou salobras, não marcadamente tidal, de substrato arenoso, argiloso ou lodoso, sem vegetação ou pedras. Requer águas de elevada produtividade biológica, com grande disponibilidade de invertebrados. Não necessita de zonas de abrigo, tolerando vegetação esparsa de Salicornia, Scirpus ou Spartina. Ocorre em salinas, pisciculturas, lagoas costeiras, terrenos alagados, arrozais, pauis, charcos, açudes e barragens com margens de declive suave e áreas de lama a descoberto, lagoas e estações de tratamento de águas (ETAR) (ICN, 2006a). No estuário do Tejo tem preferência por salinas, arrozais e outros terrenos alagados. Os locais de nidificação preferidos são as salinas inactivas, seguindo-se as salinas activas e finalmente as pisciculturas tradicionais. Nos últimos anos os arrozais têm vindo a ser crescentemente utilizados (Leitão et al., 1998). Como local de invernada as salinas do Vau, Samouco, Vasa Sacos e Tarouca parecem ser os local mais importantes no estuário. Como local de nidificação as salinas do Samouco parecem constituir o local de maior relevo para a espécie.

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População: Os censos realizados anualmente sugerem a estabilidade da população, tanto nidificante como invernante, apesar dos resultados de anilhagem desta espécie indicarem que alguns indivíduos, efectuam movimentos dispersivos durante os primeiros anos de vida, enquanto outros permanecem fiéis aos locais onde nasceram. A população nidificante ronda os 1.500 a 2.000 casais e a população invernante está estimada entre os 1.000 e os 1.300 indivíduos (ICN, 2006a). A população nidificante no estuário do Tejo foi avaliada em 472 casais em 1983 e 252 casais (dos quais 113 casais nidificaram em salinas activas, 121 em salinas inactivas e 18 pisciculturas (Rufino e Neves, 1991)) em 1990. A população média invernante no período de 1992 a 1996 foi de 18 indivíduos, com um máximo de 28 a ser atingido em Janeiro de 1994 (Leitão et al., 1998). E 1997 foram detectadas 112 posturas da espécie nas salinas de Vaza Sacos e 81 no arrozal da Giganta. Nestes locais o sucesso de eclosão, não apresentou diferenças significativas, tendo sido registado 79,6% em Vaza Sacos e 72,9% na Ginga. O número médio de juvenis voadores por núcleo familiar foi de 1,7 nas salinas em Vaza Sacos e 2,1 no arrozal da Giganta, sendo a predação responsável pelo reduzido sucesso reprodutor (86,6% nas salinas e 39,5% no arrozal) (Martins et al., 1999) Nas salinas do Samouco entre 1996 e 2005 a população média nidificante, foi de 117 casais, obtendo um máximo de 311 casais em 1997. Nestas salinas, durante o período de 2004/2005 foram observadas em média 188 aves, registando-se um máximo de 417 aves em Maio de 2005 (Rocha, dados não publicados). O número médio de H. himantopus invernantes no estuário do Tejo no período de 1995 a 1998 foi de 22,5 aves. Nos Invernos de 1999/00 e 2000/01foram recenseados 81 aves (a espécie não foi recenseada nas salinas do Samouco). Em Janeiro de 2004 foram recenseadas 214 aves das quais 82 foram observadas nas salinas do Samouco (Encarnação, dados não publicados). Em Janeiro de 2005 foram observados 87 aves nas Salinas do Samouco (Rocha, dados não publicados) Factores de ameaça: O abandono e reconversão da actividade salineira tradicional. A predação por animais domésticos e selvagens. Os casos mais graves são sem dúvida as salinas nos Estuários do Tejo e do Sado, devido ao facto das salinas na sua quase totalidade se encontrarem abandonadas, sem manutenção e guarda possibilitando o acesso fácil dos predadores, principalmente os domésticos; A pressão urbanística e turística da zona litoral, afecta a Ria Formosa, onde nidifica cerca de 5% da população da Europa Ocidental (Farinha e Trindade 1994). A poluição da água, por efluentes domésticos, industriais e agrícolas. A contaminação com mercúrio, metal pesado cumulativo no organismo, afecta principalmente o Estuário do Tejo (ICN, 2006a). Medidas de Conservação: Proteger as zonas mais importantes de reprodução evitando a sua ocupação por actividades turísticas, controlando os níveis de água nas zonas de nidificação ou promovendo a criação de zonas de nidificação artificiais; Fiscalizar a perturbação humana decorrente da actividade turística não sustentável; Manter as salinas em actividade e efectuar gestão adequada das salinas abandonadas, nomeadamente através de medidas específicas de incentivo, nas áreas mais importantes para a conservação da espécie; Reduzir a predação pela construção de cercas eléctricas à volta das colónias, nos locais de nidificação e pelo controlo dos

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animais assilvestrados; Manter e melhorar a qualidade da água pelo tratamento eficaz das descargas de efluentes. Fiscalizar e controlar o funcionamento e eficácia das ETAR e monitorizar a qualidade da água; Restringir o uso de agro-químicos e adoptar técnicas alternativas; Promover estudos sobre aspectos básicos da biologia da espécie (ecologia, movimentos, requisitos de habitat e recursos alimentares); Monitorizar a população; Elaborar os planos de gestão / ordenamento dos locais de que a espécie depende, nomeadamente das ZPE’s mais importantes para a espécie (ICN, 2006a). No estuário do Tejo para além de todas as medidas anteriormente referidas, é importante a manutenção e controlo dos níveis de água (5-15cm) em salinas abandonadas e activas, ao longo de todo o ano e em especial durante o período de nidificação; As nas águas devem ser renovadas, de forma a favorecer o desenvolvimento invertebrados, que vão servir de alimento à espécie (Engilis e Reid,); Criação de ilhas artificiais para a nidificação da espécie; Corte da vegetação dos cômoros das salinas, proporcionando locais favoráveis à nidificação da espécie; Avaliação do impacto dos principais predadores, nomeadamente a ratazana-castanha, Rattus norvegicus no sucesso reprodutor da espécie, os seus efectivos populacionais e medidas de controlo; Determinação dos níveis de pesticidas presentes nos arrozais e sua possível correlação com o sucesso reprodutor da espécie nesse biótopo; Determinação dos níveis de metais pesados presentes nos arrozais e salinas da ZPE e sua possível correlação com o sucesso reprodutor da espécie nesses biótopos (ICN, 2006a). Família Burhinidae Alcaravão, Burhinus oedicnemus Fenologia: Residente e invernante em Portugal. No estuário do Tejo ocorre como residente nidificante pouco comum (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal tem o estatuto de Vulnerável. A nível internacional é considerada uma espécie Vulnerável pela BirdLife International (2004) e Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluído nos anexos das convenções de Berna (Anexo II), de Bona (Anexo II) e das Directivas Aves/Habitats (Anexo I) (ICN, 2006). Distribuição e movimentos: O alcaravão ocorre em latitudes baixas e médias baixas no Mediterrâneo, estepes, zonas de clima temperado moderado, zonas áridas de clima continental e ilhas do Atlântico e do Mediterrâneo (Cramp e Simmons, 1983). No Paleártico distribui-se na Europa do Sul e Central, perfazendo um quarto da população mundial. A população da Península Ibérica comporta-se fundamentalmente como sedentária podendo, no entanto, apresentar movimentos dispersivos e pequeno acréscimo de aves invernantes. As populações do Norte e Este Europeu são migradoras, invernando no Sul da Europa, Norte de África e no Sul do Sara (Heath, 1994). Em Portugal continental a população nidificante desta espécie encontra-se distribuída pelas regiões do interior Norte e Centro e por todo o território a sul do Rio

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Tejo, sendo claramente mais abundante no Sul do país (Rufino, 1989). Relativamente à população invernante, e apesar de não existirem elementos seguros que permitam delimitar com precisão a sua actual distribuição no nosso país, é de esperar que a tendência de maior concentração populacional na região sul do território nacional se mantenha (Brito, 1998). Habitat: Em Portugal o alcaravão frequenta habitats abertos com vegetação herbácea e/ou arbustiva rala, com poucas ou nenhumas árvores, como dunas, pousios e culturas arvenses de sequeiro. Prefere locais a baixa altitude, ocorrendo ainda em planalto e, ocasionalmente, em searas (Rufino, 1989). O ninho é feito no solo em zonas abertas, preferencialmente em superfícies irregulares e fragmentadas, mas também em superfícies planas com vegetação rasteira; muitas vezes em ramos depositados no solo, pequenos arbustos, etc. (Cramp e Simmons, 1983). Em Mourão as preferências desta espécie durante o período reprodutor, estavam significativamente associados ao tipo de habitat incultos, apresentando no local de postura uma maior percentagem de solo nu e de pedregosidade e menor cobertura e altura da vegetação (Brito, 1996). No estuário do Tejo frequenta zonas de montado aberto, lezírias (Leitão et al., 1998), tanques de salinas secos e faixa dunar que ladeia o complexo de salinas do Samouco. População: As populações do Noroeste da Europa e Europa Central têm sofrido, nos últimos 20-30 anos, uma forte regressão, cuja causa principal é atribuída às alterações dos habitats tradicionais de nidificação (Heath, 1994). Em Portugal, embora se desconheça a tendência geral no país, observações efectuadas em algumas regiões indicam decréscimo no número de efectivos. A população europeia deverá estar entre os 40.000 e 150.000 casais, albergando a Península Ibérica a maior população reprodutora desta espécie (Barros 1994). A população reprodutora portuguesa está estimada em 2.500 a 10.000 indivíduos (ICN, dados não publicados). Nos montados pouco densos do estuário do Tejo, nidificaram 1-5 casais (Leitão, 1993). Nas salinas do Samouco no período de 2004/05 registou-se a nidificação de 3 casais (2 em salinas abandonadas e 1 no cordão dunar), no ano seguinte apenas se verificou a nidificação de um casal no cordão dunar (Rocha, dados não publicados). Factores de ameaça: A intensificação da agricultura através de monoculturas cerealíferas em detrimento de outros usos como leguminosas e pousios, resulta na redução do mosaico agrícola com decréscimo da diversidade de habitat e traduz-se em diminuição na disponibilidade alimentar e de locais importantes para a reprodução. A florestação de áreas abertas, nomeadamente com espécies de rápido crescimento, resulta na perda de habitat e induz o aumento das taxas de predação nas áreas adjacentes. A construção de estradas, albufeiras, outras infra-estruturas e introdução de outras actividades humanas resultam em perda de habitat adequado à alimentação e reprodução e são factores de fragmentação de habitat. O aumento da utilização de agro-químicos intervém directa e indirectamente nas populações de aves, aumentando a mortalidade e reduzindo a capacidade reprodutiva e a disponibilidade alimentar (nomeadamente, invertebrados). O sobrepastoreio afecta a composição e estrutura da vegetação, reduzindo a disponibilidade alimentar. A utilização de maquinaria agrícola

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perturba a espécie especialmente na época de nidificação e a destruição das posturas e das crias, durante a lavoura. O aumento de predadores de ovos e crias, por corvídeos e cães assilvestrados. A actividade cinegética afecta directamente a espécie através da caça ilegal e gera movimentação de pessoas e ruído que, causando perturbação, fazem com que o tempo dedicado pelas aves à alimentação seja substituído pela vigilância. A colisão com linhas aéreas de transporte de energia é um importante factor de mortalidade em aves gregárias, particularmente em dias de fraca visibilidade. A expansão urbano-turística resulta na perda e fragmentação do habitat e na introdução de perturbação. As actividades recreativas e desportos com veículos motorizados, causam stress nas aves (ICN, 2006). Medidas de Conservação: Promover cerealicultura extensiva com rotação de culturas, assegurando o mosaico agrícola, mediante a aplicação de medidas agro-ambientais e/ou indemnizações compensatórias; Promover o pastoreio extensivo e condicionar o encabeçamento nas áreas mais importantes de reprodução; Controlar as populações de cães assilvestrados em áreas onde se verifique predação; Restringir a construção de estradas, albufeiras e outras infra-estruturas em ZPE’s importantes para avifauna estepária; Regular o uso de pesticidas e adoptar técnicas de pestes alternativas, como por exemplo utilizar substâncias mais facilmente degradáveis, cujo impacto ambiental não seja tão nefasto; Restringir a utilização de maquinaria agrícola durante a época de nidificação ou remover as crias em risco para parcelas contíguas; Fiscalizar as actividades cinegéticas; Condicionar a instalação de linhas eléctricas de transporte de energia nas áreas mais importantes para a espécie no nosso país; Equipar as linhas eléctricas de transporte de energia com sinalizadores anti-colisão e armações de apoios seguros para aves; Desenvolver estudos de monitorização do impacte das linhas eléctricas de transporte de energia já existentes, tendo em conta a sua localização geográfica, a sua situação em termos de habitats e a sua tipologia de equipamento, de forma a conhecer o seu efeito na população nacional destas aves; Monitorizar os parâmetros populacionais (avaliação das tendências na distribuição e tamanho da população). Controlar a expansão urbano-turística em áreas importantes para a avifauna estepária (ICN, 2006). Família Glareolidae Perdiz-do-mar, Glareola pranticola Fenologia: Residente e invernante em Portugal. No estuário do Tejo ocorre como estival nidificante pouco comum (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal tem o estatuto de Vulnerável. A nível internacional é considerada uma espécie Em Declínio pela BirdLife International (2004) e Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluído nos anexos das convenções de Berna (Anexo II), de Bona (Anexo II) e das Directivas Aves/Habitats (Anexo I) (ICN, 2006).

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Distribuição e movimentos: Espécie migratória, inverna na zona subsariana desde o Senegal à Etiópia (Cramp e Simmons, 1983), ocupando igualmente a costa leste africana. Nidifica na zona circum-mediterrânica e leste europeu, estendendo-se no seu limite de distribuição a alguns países do Centro-Sul asiático (e.g. Casaquistão, Irão e Paquistão) (Dolz 1994) (ICN, 2006a). Em Portugal continental distribui-se pelo Sul, principalmente nos estuários do Tejo e do Sado, Alentejo e Algarve (Rufino 1989; Farrobo e Leitão 1997; ICN dados não publicados). Habitat: Esta ave colonial nidifica em habitats com características particulares, nomeadamente: zonas abertas, de vegetação rasteira, escassa ou ausente; locais planos ou de inclinação mínima; terrenos secos, mas sempre localizados em áreas associadas a sistemas estuarinos, lacustres ou ripícolas e portanto com grande disponibilidade em insectos (Calvo 1994b). Como por exemplo pastagens baixas, pousios ou alqueives, terrenos lavrados, ilhas ou margens semi-desérticas de açudes ou albufeiras, zonas de sapal com lamas secas com nível freático a 28 cm abaixo do solo (segundo Dolz, 1989), salgados e também cômoros de salinas. Frequenta também arrozais (Farinha e Costa, 1999) que pela sua maior disponibilidade em insectos se apresentam como boas áreas de alimentação. No estuário do Tejo ocorrem nas lezírias, sapais, arrozais e salinas (Leitão et al., 1998). O habitat de nidificação consiste essencialmente em terrenos agrícolas situados próximos de valas de irrigação, excepto no mouchão do Lombo do Tejo onde as aves nidificam no sapal. No estuário do Tejo é provável que as actuais zonas de nidificação na lezíria tenham sido locais de nidificação no antigo sapal, que posteriormente foi drenado, tendo em conta a fidelidade da espécie aos locais de nidificação apesar da transformação da paisagem (Calco e Alberto, 1990; Calvo 1994a) (Farrobo, 1996). População: Após uma fase de declínio generalizado na Europa, nos últimos 10 anos a sua abundância na Europa Ocidental tem permanecido estável, ao contrário das populações da Europa de Leste que continua em declínio (Wetlands International, 2002). Em Portugal não tem havido monitorização nos últimos 10 anos que permita avaliar a tendência populacional. É normalmente pouco abundante, podendo ser comum em alguns locais com condições de habitat favoráveis. No território nacional nidificam pelo menos 7% da população ibérica (Farrobo, 1996) que, sem incluir a população russa (para a qual não existem dados precisos), representa aproximadamente 70% do efectivo europeu de perdiz-do-mar (Calvo, 1994b). Dados de 1985 a 1995 permitiram estimar a população nacional em aproximadamente 315 a 550 casais, distribuídos por cerca de 33 colónias (Farrobo e Leitão, 1997). A espécie deve ocorrer no estuário do Tejo pelo menos desde 1891. Embora com uma lacuna entre 1981 e 1987, desde 1978 há observações regulares da ocorrência da espécie nesta zona, tendo-se inicialmente confirmado a sua nidificação em 1979. Este núcleo integra várias colónias nidificantes, respectivamente no Mouchão do Lombo do Tejo, na lezíria e também na zona a Oeste de Benavente (Farinha e Trindade, 1994). Em 1992 Leitão (1993), estimou a população nidificante de parte da área em 83 a 103 casais, distribuídos por 5 colónias (4 na lezíria e 1 no mouchão do Lombo do Tejo). Em 1995 Farrobo (1996),

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estimou para a totalidade da área cerca de 137 casais, distribuídos por 9 colónias distintas. Segundo a mesma autora a população de perdiz-do-mar no estuário do Tejo deve possuir perto de 150 casais. Leitão et al., (1998) estima a actual população nidificante em cerca de 120-150 casais, distribuídas por 10 colónias. Actualmente a Lezíria do estuário do Tejo é sem dúvida a área de reprodução da espécie mais importantes do país, representando mais de 30% do total nacional (Farrobo, 1996). Factores de ameaça: Em áreas predominantemente agrícolas a perdiz-do-mar selecciona como habitats de nidificação terrenos agricultados, os quais são durante a nidificação e criação alvo de lavoura, rega, pulverização, e outras práticas decorrentes do uso agrícola. Estas actividades, sobretudo em regimes de intensificação agrícola, perturbam a população, diminuem a disponibilidade alimentar e afectam o sucesso reprodutivo, podendo mesmo destruir as posturas; A utilização inadequada de produtos fitossanitários para controlo de insectos, base da dieta de Glareola pratincola, contribui para a diminuição da disponibilidade alimentar; A perda de habitat de nidificação favorável por drenagem de zonas húmidas, o que provoca a redução das áreas potenciais de instalação de colónias em sapal, bem como das áreas de alimentação (e.g. caniçais e juncais). Estudos efectuados sobre a biologia de reprodução da perdiz-do-mar destacam a grande vulnerabilidade desta espécie a predadores, relacionando parte do insucesso reprodutor com a predação de ovos e pintos por rapinas, corvídeos, cães e ratazanas (Calvo 1994b). A perturbação nos locais de nidificação devido à presença humana, (associada frequentemente a actividades recreativas) despoleta na maioria das vezes comportamentos de defesa da colónia com o levantamento das aves, provocando perdas energéticas desnecessárias, diminuição dos cuidados parentais, aumento do risco de predação, e consequentemente a diminuição do sucesso reprodutor. Nas salinas, a pilhagem de ovos pode ser um risco não negligenciável. A presença de gado em elevadas densidades nos locais de instalação da colónia pode ser prejudicial pelo perigo de pisoteio de ninhos ou crias. Contudo, um maneio adequado do encabeçamento pode ter efeitos positivos ao manter a vegetação baixa e ao aumentar a disponibilidade em invertebrados associados aos excrementos (ICN, 2006a). Medidas de Conservação: Manter usos agrícolas extensivos; Minimizar as perturbações derivadas das actividades agrícolas nos locais de nidificação. Muitas localizações de colónias são constantes de ano para ano, pelo que é possível identificar locais prioritários para aplicação de medidas agrícolas sustentáveis, tais como: - Compatibilização espaço-temporal das actividades agrícolas com o período de nidificação e criação e, sempre que possível, manter em pousio o terreno ocupado pela colónia; - Restrição do uso de produtos fitossanitários, tendo em conta o Código de Boas Práticas Agrícolas, ou segundo os princípios da agricultura biológica; - Implementação de medidas financeiras de compensação dos prejuízos aos agricultores, recorrendo a financiamentos no âmbito da nova PAC; Conservar ou recuperar áreas de vegetação natural e reservas de águas (lagunas, esteiros, canais, arrozais) nos locais de nidificação em terrenos agrícolas, dada a importância destas zonas húmidas para a alimentação; Interditar a drenagem nas áreas de sapal,

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assegurando a manutenção de zonas potenciais de nidificação; Assegurar vigilância sobre locais reconhecidamente alvo de pilhagem de ovos; Restringir o livre acesso das áreas mais vulneráveis; Realizar acções de sensibilização dirigidas aos proprietários/usufrutuários, de modo a adequar o maneio do gado nos locais de instalação das colónias, onde o pastoreio deverá ser deslocado durante o período de nidificação ou mantido em baixas densidades; Realizar estudos de bio-ecologia, monitorização e conservação, dirigidos para: - monitorização das populações (especialmente de parâmetros de dinâmica populacional) para avaliação da tendência populacional, bem como da eficiência das ZPE na protecção da espécie; - análise do impacto de alguns factores limitantes ainda não confirmados em Portugal, que afectam negativamente a população; - identificação das colónias que carecem de protecção, devido a vulnerabilidade à perturbação humana (ICN, 2006a). Família Charadriidae Borrelho-pequeno-de-coleira, Charadrius dubius Fenologia: Residente nidificante. No estuário do Tejo ocorre como estival nidificante, migrador de passagem pouco comum e invernante raro (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal tem o estatuto de Pouco Preocupante. A nível internacional é considerada uma espécie Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluído nos anexos das convenções de Berna (Anexo II) e de Bona (Anexo II) (ICN, 2006). Distribuição e movimentos: Distribui-se amplamente na metade Sul do território nacional (Rufino, 1989). Habitat: Nidifica em ilhéus e margens, de areia ou cascalho, de rios ou ribeiros não muito rápidos. Ocorre ainda em margens arenosas ou barrentas de albufeiras e açudes (Rufino, 1989). No estuário do Tejo ocorre em salinas, charcos na lezíria (Leitão et al., 1998) e barragem do Vale Cobrão. População: Surge sempre em número muito reduzido. O máximo de indivíduos observados durante a migração outonal foi de 14 em finais de Julho de 1993. Nas contagens de Inverno de 1990 foram registados 25 aves. Em 1993 foram detectados dois casais a nidificar, um numa salina abandonada junto à ribeira das enguias e outro num areeiro abandonado perto de pancas (Leitão et al., 1998). No fim de Junho de 2006 foram registados na barragem do Vale Cobrão uma média de 3,5 aves, observando-se um máximo de 6 aves. Pelo comportamento de algumas aves a espécie parece nidificar nas margens da barragem (Rocha, 2006a). Borrelho-grande-de-coleira, Charadrius hiaticula Fenologia: Em Portugal a espécie é Invernante. No estuário do Tejo ocorre como Invernante e migrador de passagem comum (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal tem o estatuto de Pouco Preocupante. A nível internacional é considerada uma espécie Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está

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incluído nos anexos das convenções de Berna (Anexo II) e de Bona (Anexo II) (ICN, 2006). Distribuição e movimentos: No Paleártico Ocidental nidifica no domínio da tundra árctica e em toda a faixa costeira dos mares do Norte, Báltico e de Wadden. A sua área de distribuição como reprodutora estende-se desde a Alemanha, Bélgica, Bielo-Rússia, Dinamarca (Ilhas Féroe e Gronelândia), Estónia, Finlândia, França, Holanda, Islândia, Letónia, Lituânia, Noruega (Svalbard), Polónia, Reino Unido, República da Irlanda, Rússia e Suécia (BirdLife International/European Bird Census Council, 2000). Tal como a maioria das limícolas migradoras, quanto mais setentrionais são as populações nidificantes mais meridionais são os seus quartéis de Inverno, atingindo esta espécie a África Ocidental e do Sul (Cramp e Simmons, 1983) (ICN, 2006a). A sua distribuição em Portugal abrange toda a faixa costeira do continente desde o Minho ao Algarve, ocorrendo ainda, embora em número muito reduzido, em alguns açudes e barragens do interior do país, sobretudo no Alentejo (ICN, 2006a). Habitat: Concentram-se em areais extensos ou praias; em áreas abertas, sem árvores, arbustos e ervas altas, nem excessivamente lodosas e rochosas. Frequenta também a costa rochosa, embora em números reduzidos, normalmente em áreas com pequenas praias e lagoas expostas na maré baixa. Pontualmente ocorre em zonas húmidas interiores (orlas de albufeiras, por exemplo) desde que a estas estejam associadas áreas de lama relativamente extensa e também em estuários, rios, lagoas costeiras, arrozais e terrenos alagados. É comum em planícies com vasa. Apesar da preferência por terrenos húmidos, passa aí pouco tempo, mesmo em águas pouco profundas. Como pontos de refúgio de maré-alta elege sobretudo salinas, sapais praias e restingas de areia, formando bandos mistos com o pilrito-comum Calidris alpina, normalmente muito compactos (ICN, 2006a). No estuário do Tejo ocorrem em zonas entre marés principalmente arenosas e salinas (Leitão et al., 1998). O borrelho-grande-de-coleira ocorre no estuário ao longo de todo o ano em densidades que raramente excederam as 3 aves/ha. A espécie é observada em actividade alimentar todo o ano na zona do Samouco e em maiores densidades na zona superior do estuário no Outono e Inverno. A espécie apresenta uma preferência por áreas de alimentação de areia longe da linha de maré (onde o substrato é pouco húmido). Ocorre ainda em áreas de areia misturada com vasa, e nas ostreiras (Moreira, 1995). Esta espécie, é um predador visual que no estuário do Tejo se alimenta mais intensamente durante o dia nas zonas vasosas (apresentando intake energético superior durante o dia) embora seja mais abundante nessas zonas durante a noite. Durante o dia alimenta-se preferencialmente de Hydrobia ulvae e Hediste diversicolor seguido dos sifões de Scrobicularia plana, de noite alimenta-se principalmente de Hediste diversicolor (Silva, 2005). População: Tem sido registado um ligeiro aumento nas populações invernantes desta espécie. (Wetlands International, 2002.). Em Portugal tem sido registado igualmente algum incremento nos números obtidos nos censos realizados anualmente. Os efectivos populacionais invernantes têm flutuado entre os 2 500 e os 6 000 indivíduos (ICN, 2006a). No estuário do Tejo durante os Invernos de 1975/1978 foram

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recenseados em termos médios 581 aves, apresentando um máximo de 950 aves em 1977 (Rufino, 1978). No Inverno de 1989 foram recenseadas 200 aves (Rufino, 1989) e em 1991, 206 aves (Rufino, 1991). No estuário do Tejo a população média invernante no período 1992-96 foi de 325 indivíduos, com um máximo de 420 aves a ser atingido em Janeiro de 1996. É abundante durante as passagens migratórias no Outono. Em 1981 foi registado um máximo de 1715 aves em finais de Agosto (Leitão et al., 1998). Na margem Norte do estuário entre 1998/1999, a espécie apresentou densidades muito reduzidas na ordem de 0,006 aves/ha, tendo sido observadas um máximo de 3 aves (Rosa, 1999). O número médio de médio de aves observadas no período de 1990/93, foi de 437 aves, correspondendo a 13,6 % do efectivo nacional (Moreira, 1995). No Inverno de 2000/01 foram recenseados 330 indivíduos dos quais 300 foram observados nas salinas do Vau, em 2004 foram registados 19 aves, maioritariamente nas salinas do Samouco (Encarnação, dados não publicados). Nas salinas do Samouco entre 2004/05 o número máximo de borrelho-de-grande-de-coleira foi de 549 aves registados em Dezembro de 2004 (Rocha, dados não publicados). Factores de ameaça: A pressão turística nos locais de refúgio e alimentação. As actividades ligadas ao turismo, nomeadamente as relacionadas com os desportos náuticos, provocam a perturbação no período em que as aves se alimentam, obrigando-as a constantes voos e consequente perda de energia; O abandono e reconversão da actividade salineira tradicional. A transformação ou abandono de salinas, importante habitat de alimentação, deixa esta espécie em muitos casos, sem alternativa; A caça ilegal, incluindo a caça fora da época, seja o abate directo ou a perturbação provocada pelo exercício da caça a outras espécies, é um problema grave. Na Ria de Aveiro, importante local de invernada para a espécie, representa uma ameaça séria à presença da espécie naquela região; A poluição da água, por efluentes domésticos, industriais e agrícolas; A destruição do habitat de descanso e alimentação. O crescente interesse sobre a faixa litoral para a instalação de complexos turísticos, tem afectado fortemente as zonas habituais de descanso e alimentação desta espécie, quer pela ocupação do solo, com a consequente destruição ou alteração do habitat, quer por um aumento significativo de perturbação que esses empreendimentos induzem em toda a área envolvente das zonas húmidas. A colisão com linhas aéreas de transporte de energia pode ser um importante factor de mortalidade, particularmente em dias de fraca visibilidade, quando aquelas estruturas são colocadas perto das áreas utilizadas pela espécie ou nas suas rotas de migração; A instalação de parques eólicos em corredores importantes para a migração e dispersão de aves pode constituir um importante factor de mortalidade da espécie através da colisão nas pás dos aerogeradores. Os traçados eléctricos que estão associados aos parques eólicos constituem outro problema importante devido aos subsequentes riscos de colisão (ICN, 2006a). Medidas de Conservação: Efectuar a protecção efectiva das zonas mais importantes de invernada evitando a sua ocupação por actividades turísticas; Manter as salinas em actividade e efectuar gestão adequada das salinas abandonadas, nomeadamente

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através de medidas específicas de incentivo, nas áreas mais importantes para a conservação da espécie; Incrementar a sustentabilidade económica das salinas, nomeadamente através da certificação de produtos; Restringir o exercício da caça e da exploração cinegética inadequada nos locais de descanso e de invernada; Manter e melhorar a qualidade da água pelo tratamento eficaz das descargas de efluentes; Fiscalizar e controlar o funcionamento e eficácia das ETAR e monitorizar a qualidade da água; Restringir o uso de agro-químicos e adoptar técnicas alternativas; Proibir a instalação de linhas eléctricas de transporte de energia nas áreas mais importantes para a espécie; Equipar as linhas eléctricas de transporte de energia já existentes, e que se revelem mortíferas para a espécie, com sinalizadores anti-colisão; Condicionar a instalação de parques eólicos nas áreas mais importantes para a migração e dispersão da espécie. Melhorar eficácia de fiscalização sobre a perturbação e abate ilegal; Monitorizar as populações invernantes a nível nacional; Desenvolver estudos de monitorização do impacte das linhas eléctricas de transporte de energia já existentes, de forma a conhecer o seu efeito na população nacional destas aves; Elaborar os planos de gestão / ordenamento dos locais de que a espécie depende, nomeadamente das ZPE’s mais importantes para a espécie; Promover estudos sobre aspectos básicos da biologia da espécie (ecologia, movimentos, requisitos de habitat e recursos alimentares) (ICN, 2006a). Borrelho-de-coleira-interrompida, Charadrius alexandrinus Fenologia: Em Portugal continental a espécie é residente e migrador de passagem, nos arquipélagos dos Açores e Madeira é residente. No estuário do Tejo ocorre como residente nidificante e migrador de passagem comum, sendo particularmente abundante entre os meses de Agosto a Setembro (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal continental a espécie tem o estatuto de Pouco Preocupante, Informação Insuficiente nos Açores e Criticamente em Perigo na Madeira. A nível internacional é considerada uma espécie Em Declínio pela BirdLife International (2004) e Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída nos anexos das convenções de Berna (Anexo II), de Bona (Anexo II) e das Directivas Aves/Habitats (Anexo I) (ICN, 2006). Distribuição e movimentos: No Paleártico Ocidental a espécie tem uma distribuição marcadamente meridional, embora esteja presente como nidificante nas costas Norte -europeias entre a Bretanha e o Ocidente do Mar Báltico. No Norte de África e Médio Oriente está presente do Sara Ocidental ao delta do Nilo e Turquia. As populações Norte - europeias possuem um carácter fortemente migratório. A maioria das aves europeias, invernam em áreas costeiras no Mediterrâneo e ao longo da costa no Sul de África até ao Equador.A sua distribuição em Portugal abrange toda a faixa costeira do continente desde o Minho ao Algarve, ocorrendo ainda, embora em número muito reduzido, em alguns açudes e barragens do interior do país, sobretudo no Alentejo (ICN, 2006a). Nos Açores ocorre nas ilhas do Faial, Pico, graciosa, Terceira, São Miguel e Santa Maria (Bannerman e Bannerman 1966). No arquipélago da Madeira ocorre unicamente em Porto Santo (ICN, 2006).

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Habitat: No Inverno procura normalmente praias, salinas ou pequenas ilhas de areia. Gosta de superfícies macias de areia e zonas lodosas, tolera praias com cascalho e evita terrenos rochosos e costas expostas ao vento. Depende de áreas protegidas como reservas naturais e de salinas, que lhes providencia alimento e ausência de grandes perturbações. O alimento é obtido em águas pouco profundas, na vasa ou em terreno aberto. Embora essencialmente costeiro em grande parte da área de nidificação, encontrando-se em zonas arenosas e em lagoas costeiras, ocorre também em zonas interiores muito diferenciadas de região para região, desde zonas húmidas artificiais, a salinas, estuários e arrozais (ICN, 2006a). No estuário do Tejo a espécie tem preferência pelas zonas entre marés, salinas e arrozais (Leitão et al., 1998). O borrelho-de-coleira-interrompida ocorre no estuário ao longo de todo o ano em densidades que raramente excederam as 2 aves/ha. A espécie é observada em actividade alimentar na parte central/superior e ainda na zona do Samouco. Nestas zonas ocorre em maiores densidades em áreas longe da linha de maré e com substrato de vasa arenosa (Moreira, 1995). C. alexandrinus é um predador visual que na zona vasosa se alimenta mais intensamente durante o dia (apresentando intake energético superior durante esse período) embora seja mais abundante nas áreas de alimentação durante a noite. Durante a noite alimenta-se preferencialmente de Hydrobia ulvae, seguido de Hediste diversicolor e dos sifões de Scrobicularia plana, de dia alimenta-se principalmente de Hediste diversicolor (Silva, 2005). População: A tendência populacional é de declínio, quer ao nível global quer em Portugal (Wetlands International 2002). Os efectivos populacionais invernantes têm flutuado entre os 2.500 e os 4.000 indivíduos, sendo as estimativas para o efectivo nidificante situadas entre 1.200 e 3.000 casais (ICN, 2006a). No estuário do Tejo a população média invernante no período de 1975/1978 foi de 123 aves, apresentando um máximo de 212 aves em 1978 (Rufino, 1978). No Inverno de 1989 foram recenseadas 423 aves (Rufino, 1989) e em 1991, foram recenseadas 245 aves (Rufino, 1991). A população média invernante no estuário do Tejo no período de 1992-1996 foi de 318 indivíduos, com um máximo de 548 aves atingido em Janeiro de 1995. Nos Invernos de 1999/00 e 2000/01 foram recenseados 153 indivíduos, em 2004 foram registados 159 aves (Encarnação, dados não publicados) e em Dezembro de 2005 390 aves nas salinas do Samouco (Rocha, dados não publicados). A população nidificante foi estimada em 98 casais em 1983. Nos meses em que a espécie é muito abundante, o número de aves desta espécie pode ascender aos 1700 indivíduos como sucedeu em Setembro de 1993 (Leitão et al., 1998). Na margem Norte do estuário entre 19989/1999, a espécie apresentou densidades reduzidas na ordem de 0,025 aves/ha, tendo sido observadas um máximo de 11 aves (Rosa, 1999). Nas salinas do Samouco entre 2004/05 o número máximo de borrelho-de-coleira-interrompida foi de 667 aves registado durante Agosto de 2005. As salinas do Samouco parecem ser um local importante para a nidificação da espécie no estuário do Tejo, o número médio de posturas entre 1996 e 2005 foi de 257,6 ocorrendo um máximo de 467 ninhos em 1997 e um mínimo de 80 ninhos em 1999 (Rocha, dados não publicados). Durante o período reprodutor de 2005 foi estimada uma população nidificante de 31 casais

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(Rocha, 2005). O número médio de médio de aves observadas no período de 1990/93, foi de 372 aves, correspondendo a 20,2 % do efectivo nacional (Moreira, 1995). Factores de ameaça: A pressão turística nos locais de nidificação, devido a perturbação, mas também a destruição dos ninhos em consequência do pisoteio; O abandono e reconversão da actividade salineira tradicional. A transformação ou destruição de salinas, importante habitat de alimentação e de nidificação; A caça ilegal, incluindo a caça fora da época, seja o abate directo ou a perturbação provocada pelo exercício da caça a outras espécies, é um problema grave. Para além do Homem, muitos animais, como raposas, gaivota, cães e gatos domésticos alimentam-se dos ovos, provocando importante redução no sucesso reprodutor da espécie; A poluição da água, por efluentes domésticos, industriais e agrícolas; A destruição do habitat de descanso e alimentação (ICN, 2006). Medidas de Conservação: Efectuar a protecção efectiva das zonas mais importantes de reprodução evitando a sua ocupação por actividades turísticas ou promovendo a criação de zonas de nidificação artificiais; Manter as salinas em actividade e efectuar gestão adequada das salinas abandonadas, nomeadamente através de medidas específicas de incentivo, nas áreas mais importantes para a conservação da espécie; Restringir o exercício da caça e da exploração cinegética inadequada nos locais de descanso e de invernada; Reduzir a predação, nomeadamente pela construção de cercas eléctricas à volta das colónias, nos locais de nidificação e controlando os animais assilvestrados; Manter e melhorar a qualidade da água pelo tratamento eficaz das descargas de efluentes. Fiscalizar e controlar o funcionamento e eficácia das ETAR e monitorizar a qualidade da água; Restringir o uso de agro-químicos e adoptar técnicas alternativas; Proceder a fiscalização adequada sobre a perturbação humana decorrente da actividade turística; Elaborar os planos de gestão / ordenamento dos locais de que a espécie depende, nomeadamente das ZPE’s mais importantes para a espécie; Monitorizar os efectivos populacionais; Promover estudos sobre aspectos básicos da biologia da espécie (ICN, 2006a). Tarambola-dourada, Pluvialis apricaria Fenologia: Em Portugal a espécie é Invernante. No estuário do Tejo ocorre como invernante comum (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal a espécie tem o estatuto de Pouco Preocupante. A nível internacional é considerada Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída nos anexos das convenções de Berna (Anexo III), de Bona (Anexo II), das Directivas Aves/Habitats (Anexo I, D) e incluída na Lei de Bases de Caça (ICN, 2006). Habitat: No estuário do Tejo, ocorre em toda a lezíria, onde frequenta pastagens, forragens e terrenos lavrados (Leitão et al., 1998). População: No estuário do Tejo a população a invernante em 1990/1991 foi de 79 aves (Rufino, 1991). No Inverno de 1991/92 as densidades de Tarambola-dourada variam entre 5 e 26 aves/10ha em Novembro e Dezembro e entre 0,4 e 7aves/10ha em Janeiro e Fevereiro. Esta forte diminuição na abundância a partir de Janeiro poderá ter estado relacionada, entre outros factores, com a elevada pressão

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cinegética que esta espécie sofre na lezíria e com o grande desenvolvimento da vegetação nas pastagens temporárias no final do Inverno (Leitão et al., 1998). Em 1997 foram recenseadas 916 aves, 300 em 2001 (sobretudo na Giganta e salina do Vau) e 5 em 2004 (Encarnação, dados não publicados). Tarambola-cinzenta, Pluvialis squatarola Fenologia: Em Portugal a espécie é Invernante. No estuário do Tejo ocorre como invernante e migrador de passagem comum (Leitão et al., 1998), sendo mais abundante durante o Outono e Inverno (Andrade, 2001). Estatuto de Protecção: Em Portugal a espécie tem o estatuto de Pouco Preocupante. A nível internacional é considerada Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída nos anexos das convenções de Berna (Anexo III) e de Bona (Anexo II) (ICN, 2006). Distribuição e movimentos: Espécie marcadamente boreal, presente apenas na tundra árctica, pelo que a sua distribuição no Paleártico Ocidental como reprodutora está restrita ao extremo norte da Rússia. Inverna na Europa Ocidental, Mediterrâneo, África Ocidental, Central e do Sul (Cramp e Simmons, 1983). A sua área de distribuição no território nacional continental abrange sobretudo a faixa costeira de Norte a Sul do país, constituindo os estuários as zonas de maior concentração (ICN, 2006a). Habitat: Espécie limícola predominantemente estuarina, pode, ainda, encontrar-se em salinas, lagoas costeiras, terrenos alagados e arrozais. Alimenta-se principalmente em zonas de vasa (ICN, 2006a). No estuário do Tejo ocorre na zona entre-marés, salinas e mais raramente, terrenos cultivados (Leitão et al., 1998). A tarambola-cinzenta ocorre no estuário ao longo de todo o ano (diminuindo os seus efectivos entre Junho e Agosto) em densidades geralmente abaixo das 4 aves/ha. Com excepção do Verão a espécie é observada em actividade alimentar nas zonas central e superior do estuário. Apresenta uma preferência por áreas de alimentação de vasa arenosa (principalmente no Inverno) e por áreas com canais, próximos da linha de maré, mas com longos períodos de emersão. No Verão não apresenta preferência por qualquer tipo de substrato (Moreira, 1995). A espécie é um predador visual que na zona vasosa se alimenta mais intensamente durante o dia (contudo apresenta um intake energético superior durante a noite). Durante o dia alimenta-se preferencialmente de Hydrobia ulvae e Hediste diversicolor e durante a noite inverte essa preferência (Silva, 2005). O poliqueta Hediste diversicolor representou pelo menos 83% da biomassa ingerida pela espécie, sendo as suas presas secundárias os gastrópodes Peringia ulvae e os sifões de Scrobicularia plana (Moreira, 1995). Os principais locais de refúgio de preia-mar da espécie são as salinas do Samouco, Bela vista, Vasa Sacos e Vale Frades. População: A tendência sugerida pelos censos internacionais para esta área geográfica de distribuição da espécie é de incremento. Os censos anuais de aves invernantes em Portugal indicam uma população entre 8 000 e 10 000 indivíduos (Encarnação, com pess.) (ICN, 2006). No estuário do Tejo a população média invernante no período de 1975/1978 foi de 4345 aves, apresentando um máximo de

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8900 aves em 1978 (Rufino, 1978). No Inverno de 1989 foram recenseadas 6836 aves (Rufino, 1989). O número médio de médio de aves observadas no período de 1990/93, foi de 4261 aves, correspondendo a 55,9 % do efectivo nacional (Moreira, 1995). A população média invernante no período de 1992/96 foi de 3402 indivíduos, com um máximo de 5200 aves a ser atingido em Janeiro de 1993. As contagens de tarambolas feitas no Verão e Outono de 1981 permitiram constatar a existência de grandes flutuações nos efectivos presentes no estuário, sugerindo assim uma forte migração pós-nupcial nesta zona (Leitão et al., 1998). Na margem Norte do estuário entre 1998/1999, a espécie apresentou densidades na ordem de 0,377 aves/ha, tendo sido observadas um máximo de 71 aves (Rosa, 1999). Nos Invernos de 1995/98 foram observadas 2678 aves e entre 1999/00 e 2000/01 1377 aves. Em Janeiro de 2004 foram recenseadas apenas 455 aves (Encarnação, dados não publicados), no ano seguinte foram observadas 408 aves nas salinas do Samouco durante o mês de Dezembro. Nas salinas do Samouco entre 2004/05 o número máximo de tarambola-cinzenta foi de 2660 aves registado em Agosto de 2004 (Rocha, dados não publicados). Factores de ameaça: A pressão turística nos locais de invernada. A poluição da água, por efluentes domésticos, industriais e agrícolas. No Inverno esta espécie ocupa preferencialmente zonas estuarias, sendo extremamente vulnerável a incidentes relacionados com a poluição; A caça ilegal. Em Aveiro a caça ilegal, incluindo a caça fora da época, seja o abate directo ou a perturbação provocada pelo exercício da caça a outras espécies, é um problema grave. A colisão com linhas aéreas de transporte de energia pode ser um importante factor de mortalidade, particularmente em dias de fraca visibilidade, quando aquelas estruturas são colocadas perto das áreas utilizadas pela espécie ou nas suas rotas de migração; A instalação de parques eólicos em corredores importantes para a migração e dispersão de aves pode constituir um importante factor de mortalidade da espécie através da colisão nas pás dos aerogeradores. Os traçados eléctricos que estão associados aos parques eólicos constituem outro problema importante devido aos subsequentes riscos de colisão (ICN, 2006a). Medidas de Conservação: Proceder à protecção efectiva das zonas mais importantes de invernada evitando a sua ocupação por actividades turísticas. Diminuir a utilização de fertilizantes orgânicos; Manter e melhorar a qualidade da água pelo tratamento eficaz das descargas de efluentes. Fiscalizar e controlar o funcionamento e eficácia das ETAR e monitorizar a qualidade da água; Restringir o uso de agro-químicos e adoptar técnicas alternativas; Controlar a caça ilegal sobretudo na zona do Baixo Vouga; Monitorizar as áreas de invernada e de passagem mais importantes; Ordenar práticas de desporto da natureza; Ordenar actividades de recreio e lazer; Proibir a instalação de linhas eléctricas de transporte de energia nas áreas mais importantes para a espécie; Equipar as linhas eléctricas de transporte de energia já existentes, e que se revelem mortíferas para a espécie, com sinalizadores anti-colisão; Condicionar a instalação de parques eólicos nas áreas mais importantes para a migração e dispersão da espécie. Desenvolver estudos de monitorização do impacte das linhas

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eléctricas de transporte de energia já existentes, de forma a conhecer o seu efeito na população nacional destas aves; Elaborar os planos de gestão / ordenamento dos locais de que a espécie depende, nomeadamente das ZPE’s mais importantes para a espécie (ICN, 2006a). Abibe, Vanellus vanellus Fenologia: Em Portugal a espécie é Invernante. No estuário do Tejo ocorre como invernante comum (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal a espécie tem o estatuto de Pouco Preocupante. A nível internacional é considerada Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída nos anexos das convenções de Berna (Anexo III) e de Bona (Anexo II) (ICN, 2006). Habitat: Frequenta um largo espectro de biótopos da lezíria, desde pastagens, forragens e cultivos de cereal, até restolhos alagados, alqueives e montados abertos (Leitão et al., 1998). População: No estuário do Tejo a população a invernante em 1989, foi de 200 aves (Rufino, 1989) e em 1990/1991 foram recenseadas 793 aves (Rufino, 1991). Neste último Inverno as densidades registadas nas pastagens permanentes, nos alqueives e nos restolhos de girassol e milho ultrapassaram frequentemente 10 aves/10ha, tendo sido mais baixas nos restantes biótopos (Leitão et al., 1998). Nos Invernos de 1995/98 foram observadas 528 aves e entre 1999/00 e 2000/01 742 aves, sobretudo na Companhia das Lezírias. Em Janeiro de 2004 foram recenseadas apenas 4629 aves, na sua maioria observadas na Giganta (Encarnação, dados não publicados) Família Scolopacidae Seixoeira, Calidris canutos Fenologia: Em Portugal a espécie é Invernante. No estuário do Tejo ocorre como invernante pouco comum e migrador de passagem comum (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal a espécie tem o estatuto de Vulnerável. A nível internacional é considerada uma espécie Em Declínio pela BirdLife International (2004) e Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída nos anexos das convenções de Berna (Anexo III) e de Bona (Anexo II) (ICN, 2006). Distribuição e movimentos: Nidifica em várias zonas do Árctico, desde o Alasca, Canadá, Gronelândia, até à Sibéria. Em Portugal continental ocorrem duas subespécies distintas: Calidris canutos canutos e C. c. islandica. As subespécies que ocorrem em Portugal nidificam no Canadá, Gronelândia e Sibéria central. Inverna no Oeste da Europa, Mediterrâneo e África, e provavelmente na Austrália (del Hoyo et al., 1996). Habitat: Ocorre preferencialmente em zonas húmidas costeira (salinas, zonas entre-marés). No estuário do Tejo tem preferência pelas zonas entre-marés de areia vasosa com valas e vegetação de sapal e ainda salinas (Leitão et al., 1998). A seixoeira

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ocorre no estuário em densidades que raramente ultrapassam as 5 aves/ha, apresentando alguns picos que correspondem a movimentos pré-nupciais. A espécie surge em densidades mais elevadas na parte terminal do estuário, nas zonas de vasa arenosa (no Inverno) e nas zonas de vasa (no Outono). Na Primavera ocorre em zonas de vasa mais interiores do estuário (Moreira, 1995). Alimenta-se preferencialmente de poliquetas, gastrópodes e bivalves, sendo a principal presa o gastrópode Peringia ulvae (Moreira, 1995). População: Esta espécie tem sido monitorizada nas zonas estuarinas desde a década de 1970. A análise destes censos até 2000 permitiu verificar que a abundância da população tem permanecido estável, oscilando entre 400 e 900 indivíduos (Sousa 2002b) (ICN, 2006). No estuário do Tejo a população média invernante no período de 1975/1978 foi de 346 aves, apresentando um máximo de 625 aves em 1976 (Rufino, 1978). No Inverno de 1989 foram recenseadas 1010 aves (Rufino, 1989). O número médio de médio de aves observadas no estuário do Tejo no período de 1990/93, foi de 91 aves, correspondendo a 29,6 % do efectivo nacional (Moreira, 1995). A população média invernante no estuário no período de 1992 a 1996 foi de 220 aves, com um máximo de 550 indivíduos a ser atingido em Janeiro de 1996. Ocorre em maior número durante a migração pós-nupcial (1405 aves em Setembro de 1981) e na migração pré-nupcial (Leitão et al., 1998). No Inverno de 2000/2001 foram observados 3690 nas salinas de Vasa Sacos, em 2003/04 foram recenseadas 112 aves (Encarnação, dados não publicados), 95 nas salinas do Samouco. Nas salinas do Samouco entre 2004/05 o número médio de tarambola-cinzenta foi de 245 aves, registando-se um máximo de 1285 aves em Novembro de 2004 (Rocha, dados não publicados). Factores de ameaça: Perda ou degradação de habitat (por acção do Homem), nomeadamente abandono ou degradação de salinas, a transformação de salinas em aquaculturas e a destruição ou degradação das zonas entre marés (ICN, 2006). Medidas de Conservação: A maior parte das áreas estuarinas utilizadas por esta população durante o Inverno estão incluídas em áreas com estatuto legal de protecção (Reservas Naturais, Zonas de Protecção Especial, Sítio Ramsar). Várias outras zonas foram recentemente desiganadas como Zonas Importantes para as Aves (Costa et al., 2003). Deve ser promovida a manutenção da actividade salineira e condicionada a alteração de uso das áreas ocupadas por salinas, também fora de áreas classificadas (por exemplo, estuário do Tejo). É necessário uma monitorização mais eficaz, de modo a obter estimativas mais fiáveis da sua abundância (ICN, 2006). Pilrito-sanderlingo, Calidris alba Fenologia: Em Portugal a espécie é Invernante. No estuário do Tejo ocorre como invernante e migrador de passagem pouco comum (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal a espécie tem o estatuto de Pouco Preocupante. A nível internacional é considerada uma espécie Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída nos anexos das convenções de Berna (Anexo II) e de Bona (Anexo II) (ICN, 2006).

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Distribuição e movimentos: Nidifica no extremo Árctico. Os locais de invernada mais importantes localizam-se em África, nas ilhas Britânicas e no mar de Wadden (Smith e Piersma, 1989). Habitat: No estuário do Tejo ocorre principalmente nas salinas do Samouco, surge ainda noutras salinas e nas zonas entre marés arenosas (Leitão et al., 1998). No estuário do Tejo, o pilrito-sanderlingo é observado em duas zonas com padrões de ocupação diferente: - nas praias próximas da foz (Santo Amaro e Cruz Quebrada) a densidade da espécie foi extremamente elevada, atingindo valores médios da ordem das 50 aves/ha; -nas áreas tipicamente estuarinas, as densidades foram muito baixas, raramente excedendo as 6 aves/ha. As maiores densidades da espécie em actividade alimentar surgem nas zonas arenosas e rochosas na parte terminal do estuário (foz) durante o Outono e Inverno. Na Primavera a espécie surge em maiores densidades nas zonas de vasa no interior do estuário (Moreira, 1995). População: No estuário do Tejo a população média invernante no período de 1975/1978 foi de 6 aves, apresentando apenas um registo em 1976de 24 aves em (Rufino, 1978). No Inverno de 1989 foram recenseadas 20 aves (Rufino, 1989) e em 1991, 20 aves (Rufino, 1991). A população média invernante no estuário do Tejo no período de 1992 a 1996 foi de 50 aves, com um máximo de 105 indivíduos a ser atingido em Janeiro de 1994. É mais abundante nas passagens migratórias. Em Agosto de 1993 foram observados 171 indivíduos. (Leitão et al., 1998). Em Janeiro de 2004, foram registadas 215 aves, 210 na Praia (Encarnação, dados não publicados). Nas salinas do Samouco entre 2004/05 o número médio de pilrito-sanderlingo foi de 54 aves, registando-se um máximo de 100 aves em Novembro de 2004 (Rocha, dados não publicados). Pilrito-pequeno, Calidris minuta Fenologia: Em Portugal a espécie é Invernante. No estuário do Tejo ocorre como invernante pouco comum e migrador de passagem comum. Como migrador de passagem é mais abundante no Outono do que na Primavera (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal a espécie tem o estatuto de Pouco Preocupante. A nível internacional é considerada uma espécie Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída nos anexos das convenções de Berna (Anexo II) e de Bona (Anexo II) (ICN, 2006). Habitat: No estuário do Tejo ocorre principalmente nas salinas e nas zonas entre marés (Leitão et al., 1998). População: No estuário do Tejo a população média invernante no período de 1975/1978 foi de 23 aves, apresentando um máximo de 37 aves em 1978 (Rufino, 1978). No Inverno de 1989 foram recenseadas 110 aves (Rufino, 1989) e em 1991, 24 aves (Rufino, 1991). A população média invernante no estuário do Tejo no período de 1992 a 1996 foi de 178 aves, com um máximo de 336 indivíduos a ser atingido em Janeiro de 1995. É mais abundante nas passagens migratórias. Em Agosto de 1993 foram observados 171 indivíduos. Em Outubro de 1993 observaram-se pelo menos 888 indivíduos (Leitão et al., 1998). Nos Invernos de 1995/98 foram observadas 218

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aves, 105 em 2000 e 108 em 2004, 93 das quais nas salinas do Samouco (Encarnação, dados não publicados). Em Janeiro de 2005 foram observadas 156 aves nas salinas do Samouco, apresentando um máximo de 607 aves no mês de Dezembro (Rocha, dados não publicados). Pilrito-de-Temminck, Calidris temminckii Fenologia: No estuário do Tejo ocorre como migrador de passagem raro (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal a espécie tem o estatuto de Não Ameaçado. Está incluído nos anexos das convenções de Berna (Anexo II) e de Bona (Anexo II) (SNPRCN, 1990). Habitat: No estuário do Tejo ocorre nas salinas, charcos e terrenos alagados (Leitão et al., 1998). População: A maioria das observações diz respeito a indivíduos isolados (Leitão et al., 1998). Pilrito-de-bico-comprido, Calidris ferruginea Fenologia: Em Portugal a espécie é Invernante e migradora de passagem. No estuário do Tejo ocorre como invernante pouco comum e migrador de passagem comum. Na migração pré-nupcial é pouco comum. É mais abundante na migração pós-nupcial, de Julho a Setembro. (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal a espécie tem o estatuto de Vulnerável. A nível internacional é considerada uma espécie Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída nos anexos das convenções de Berna (Anexo II) e de Bona (Anexo II) (ICN, 2006). Distribuição e movimentos: Nidifica na Sibéria. Inverna predominantemente na África subsariana, península arábica, até à Austrália (del Hoyo et al., 1996). Em Portugal ocorre principalmente em zonas húmidas, nomeadamente na Ria Formosa (Farinha e Costa 1999). Habitat: Ocorre preferencialmente em zonas húmidas costeira, em salinas e zonas entre-marés tal como acontece no estuário do Tejo (Leitão et al., 1998). População: Esta espécie tem sido monitorizada nas zonas estuarinas desde a década de 1970. A análise destes censos até 2000 mostra que, embora nos primeiros anos a sua abundância seja pequena e irregular, na década de 1990 o número de aves aumentou. Verifica-se que na última década a sua abundância tem permanecido estável, tendo oscilado entre 50 e 350 indivíduos (Sousa, 2002b) (ICN, 2006). No estuário do Tejo a durante o período de 1975/1978 foi recenseada apenas, 1 ave em 1977 (Rufino, 1978). Em finais de Julho de 1981 foram contados 930 indivíduos (Leitão et al., 1998). No Inverno de 1996 foram observados 200 aves, em 2000 foram recenseadas 112 aves nas salinas da Atalaia (Encarnação, dados não publicados). Em Novembro de 2004 foram observadas 1785 aves nas salinas do Samouco (Rocha, dados não publicados).

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Factores de ameaça: Perda ou degradação de habitat (por acção do Homem), nomeadamente abandono ou degradação de salinas, a transformação de salinas em aquaculturas e a destruição ou degradação das zonas entre marés (ICN, 2006). Medidas de Conservação: A maior parte das áreas estuarinas utilizadas por esta população durante o Inverno estão incluídas em áreas com estatuto legal de protecção (Reservas Naturais, Zonas de Protecção Especial, Sítio Ramsar). Várias outras zonas foram recentemente desiganadas como Zonas Importantes para as Aves (Costa et al., 2003). No entanto, é necessário assegurar a conservação do habitat e a minimização dos factores de ameaça referidos, nomeadamente a promoção e a manutenção da actividade salineira. É necessário obter estimativas fiáveis da sua abundância e distribuição (ICN, 2006). Pilrito-comum, Calidris alpina Fenologia: Em Portugal a espécie é Invernante e migradora de passagem. No estuário do Tejo ocorre como invernante e migrador de passagem comum (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal a espécie tem o estatuto de Pouco Preocupante. A nível internacional é considerada uma espécie Pouco Preocupante pela IUCN (2001 in ICN 2006). Está incluída nos anexos das convenções de Berna (Anexo II), de Bona (Anexo II) e a subespécie Calidris alpina schinzii está incluída no anexo I das Directivas Aves/Habitats (ICN, 2006). Distribuição e movimentos: Tem uma distribuição holárctica, nidificando em regiões árcticas e sub árcticas, ocorrendo ainda como nidificante nas zonas temperadas no Norte da Europa. No Inverno distribuem-se predominantemente pelas zonas húmidas costeiras das regiões temperadas e subtropicais, desde o sudoeste da Europa e noroeste de África até ao noroeste da Índia e raramente ao Bangladesh (del Hoyo et al.,1996). A espécie Calidris alpina é uma migradora de longa distância com uma distribuição circumpolar da sua área de reprodução, sendo conhecidas nove subespécies (del Hoyo et al., 1996). Ocorrem em Portugal três subespécies (C. a. alpina, C. a. schinzii e C. a. arctica) que integram bandos mistos. Em Portugal ocorre sobretudo ao longo da faixa litoral, os estuários do Tejo e do Sado, a ria de Aveiro e a ria Formosa albergam, no seu conjunto, a maioria da população invernante no nosso país. O estuário do Tejo pode albergar, em alguns anos, mais de 1% da população invernante da costa oeste europeia (Farinha e Costa, 1999). Habitat: O habitat ocupado por esta espécie é composto pela presença de água e de zonas sem vegetação ou com vegetação herbácea de pequena dimensão. Evita zonas secas pedregosas ou rochosas e locais com densa vegetação ou arbustos altos. Encontra-se frequentemente associada a extensas áreas lamacentas deixadas a descoberto na maré baixa, rica em invertebrados. Também ocorre regularmente em estuários, salinas, lagoas costeiras, terrenos alagados, arrozais, açudes e barragens. As salinas, praias e bancos de sapal, constituem importantes áreas de refúgio das marés. A actividade desta espécie tende a seguir o regime das marés mais do que a periodicidade diurna. Descansa nos estuários e durante a preia-mar em salinas, ilhas

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ou zonas de sapal, geralmente estendendo-se ao longo da linha de água (ICN, 2006). As aves tendem a seleccionar áreas entre marés próximas dos locais de refúgio, tanto no que diz respeito à escolha de áreas de refúgios durante as águas-mortas (localizados junto ao sapal), como no que diz respeito às áreas de alimentação no interior do estuário (Lecoq, 2002a). A dieta de C. alpina é constituída essencialmente por anelídeos no Outono e bivalves no Inverno (sobretudo Scrobicularia plana). Na Primavera, preda essencialmente Hediste diversicolor (Moreira, 1995). O pilrito-comum apresenta preferência marcada por sedimentos vaso-arenosos durante os meses de Inverno. Esta preferência parece estar relacionada com uma maior abundância das suas presas preferidas nestes sedimentos. A sua dieta é constituída por o anelídeo Hediste diversicolor (corresponde a 80% da biomassa consumida), os bivalves Scrobicularia plana e Abra tenuis e o gastrópode Hydrobia ulvae (Santos, 2001). O plirito-comum ocorre no estuário em densidades que variam as 0 e 20 aves/ha, apresentando alguns picos em Janeiro e Abril/Maio. A espécie tem preferência marcada por áreas de vasa arenosa em especial junto de vegetação de sapal, seleccionando ainda áreas humanizadas (embora seja sensível à presença humana). Na Primavera a espécie surge em maiores densidades nas zonas de vasa no interior do estuário (Moreira, 1995). Utiliza como principais locais de refúgio de preia-mar as salinas do Samouco, Belavista, Vasa Sacos, Vale Frades e Atalaia, e ainda a Giganta e a Reserva Integral. População: A estabilidade tem caracterizado a tendência registada nos últimos anos para esta espécie. Contudo, a subespécie C. a. schinzii tem apresentado decréscimo do número de efectivos na sua área de distribuição (Wetlands International, 2002). Mais de 62 000 indivíduos permanecem em Portugal durante o Inverno e muitas mais aves usam a costa portuguesa durante a sua migração para África (Lopes 2004). No estuário do Tejo a população média invernante no período de 1975/1978 foi de 29346 aves, apresentando um máximo de 34400 aves em 1977 (Rufino, 1978). No Inverno de 1989 foram recenseadas 22980 aves (Rufino, 1989) e em 1991, 9681 aves (Rufino, 1991). O número médio de médio de aves observadas no período de 1990/93, foi de 14364 aves, correspondendo a 34,6 % do efectivo nacional (Moreira, 1995). Nos Invernos de 1995/98 foram observadas 9943 aves, 6520 aves entre 2000 e 2001 e 6056 aves em 2004 (Encarnação, dados não publicados). Na margem Norte do estuário entre 1998/1999, a espécie apresentou densidades na ordem de 0,124 aves/ha, tendo sido observadas um máximo de 130 aves (Rosa, 1999). Entre os meses de Dezembro de 2001 e Janeiro de 2002 os principais locais de refugio de preia-mar do pilrito-comum no estuário do Tejo foram as salinas de Vasa Sacos, Samouco e Vale de Frades, tendo sido observadas em média 5130 (±362), 3761 (±532) e 1476 (±187) aves, respectivamente (Lecoq, 2002a). Nas salinas do Samouco entre 2004/05 o número médio de pilrito-comum foi de 2477 aves, registando-se um máximo de 5331 aves em Novembro de 2004 (Rocha, dados não publicados). Factores de ameaça: A pressão urbanística e turística da zona litoral, tem afectado fortemente as zonas habituais de descanso e alimentação, quer pela ocupação do solo, com a consequente destruição ou alteração do habitat, quer por um aumento

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significativo de perturbação que esses empreendimentos induzem em toda a área envolvente das zonas húmidas; A poluição da água, por efluentes domésticos, industriais e agrícolas. No Inverno esta espécie ocupa preferencialmente zonas estuarias, sendo extremamente vulnerável a incidentes relacionados com a poluição. O abandono e reconversão da actividade salineira tradicional. As salinas constituem importantes áreas de refúgio de marés e alternativa na busca de alimentação, quando as zonas habituais estão submersas ou são perturbadas; A transformação ou destruição de salinas, importante habitat de alimentação, deixa esta espécie em muitos casos sem habitat alternativo. A colisão com linhas aéreas de transporte de energia pode ser um importante factor de mortalidade, quando aquelas estruturas são colocadas perto das áreas utilizadas pela espécie ou nas suas rotas de migração; A instalação de parques eólicos em corredores importantes para a migração e dispersão de aves pode constituir um importante factor de mortalidade da espécie através da colisão nas pás dos aerogeradores (ICN, 2006). Medidas de Conservação: Manter as salinas em actividade e efectuar gestão adequada das salinas abandonadas, nomeadamente através de medidas específicas de incentivo, nas áreas mais importantes para a conservação da espécie; Manter e melhorar a qualidade da água pelo tratamento eficaz das descargas de efluentes. Fiscalizar e controlar o funcionamento e eficácia das ETAR e monitorizar a qualidade da água; Restringir o uso de agro-químicos e adoptar técnicas alternativas; Condicionar expansão urbano-turística; Proibir a instalação de linhas eléctricas de transporte de energia nas áreas mais importantes para a espécie; Equipar as linhas eléctricas de transporte de energia já existentes, e que se revelem mortíferas para a espécie, com sinalizadores anti-colisão; Condicionar a instalação de parques eólicos nas áreas mais importantes para a migração e dispersão da espécie. Ordenar e regulamentar a actividade de observação de aves; Desenvolver estudos de monitorização do impacte das linhas eléctricas de transporte de energia já existentes, de forma a conhecer o seu efeito na população nacional destas aves; Monitorizar as populações do Pilrito-comum nos estuários; Elaborar os planos de gestão / ordenamento dos locais de que a espécie depende, nomeadamente das ZPE’s mais importantes para a espécie (ICN, 2006). Combatente, Philomachus pugnax Fenologia: Em Portugal a espécie é Invernante e migrador de passagem. No estuário do Tejo ocorre como migrador de passagem pouco comum e invernante raro (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal a espécie tem o estatuto de Em Perigo. A nível internacional é considerada uma espécie Em Declínio pela BirdLife International (2004) e Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída nos anexos das convenções de Berna (Anexo III), de Bona (Anexo II) e das Directivas Aves/Habitats (Anexo A-I) (ICN, 2006). Distribuição e movimentos: Nidifica no Noroeste da Europa até à Sibéria Oriental. Inverna no Mediterrâneo e África subsariana, Médio Oriente, e sub-continente indiano

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(del Hoyo et al., 1996). Em Portugal ocorre principalmente em zonas húmidas, costeiras e interiores (Farinha e Costa, 1999). Habitat: Ocorre principalmente nas margens de rios, lagoas, albufeiras, campos agrícolas alagados, sapais e mais raramente em zonas costeiras (por exemplo, áreas entre-marés). É observado no estuário do Tejo em salinas e terrenos agrícolas alagados (Leitão et al., 1998). No estuário do Tejo a espécie ocorre com maior abundância na Giganta e Companhia das Lezírias. População: Esta espécie tem sido monitorizada nas zonas estuarinas desde a década de 1970. A análise destes censos até 2000 permitiu verificar que se trata de uma espécie que ocorre em reduzida abundância na maior parte dos anos. O efectivo populacional tem permanecido estável, tendo na última década oscilado entre 50 a 300 indivíduos (Sousa, 2002b). No entanto, devido à sua presença em outros locais esta estimativa poderá estar subestimada (Farinha e Costa 1999) (ICN, 2006). No estuário do Tejo a população média invernante no período de 1975/1978 foi de 6 aves, apresentando um máximo de 9 aves em 1976 (Rufino, 1978). No Inverno de 1991 foi recenseada 1 ave (Rufino, 1991). Em finais de Julho de 1981 foram contados 930 indivíduos (Leitão et al., 1998). A migração pré-nupcial através do estuário do Tejo inicia-se logo no princípio de Fevereiro. Em 23 Fevereiro de 1993 foram observados pelo menos 200 aves abandonando o estuário para se irem alimentar em campos de arroz. Na migração pós-nupcial, o número de aves vistas no Tejo é geralmente reduzido (máximo de 231 aves em Setembro de 1993). Nos Invernos de 1995/98 foram observadas 4 aves, 22 aves entre 2000 e 2001 e 131 aves em 2004 (Encarnação, dados não publicados). Em Março de 2005 foram observadas 9 aves nas salinas do Samouco (Rocha, dados não publicados). Factores de ameaça: Perda ou degradação de habitat (por acção do Homem), nomeadamente abandono ou degradação de habitats estuarinos e a destruição ou degradação das zonas entre marés (ICN, 2006). Medidas de Conservação: A maior parte das áreas estuarinas utilizadas por esta população durante o Inverno estão incluídas em áreas com estatuto legal de protecção (Reservas Naturais, Zonas de Protecção Especial, Sítio Ramsar). Várias outras zonas foram recentemente desiganadas como Zonas Importantes para as Aves (Costa et al., 2003). No entanto, é necessário assegurar a conservação do habitat e a minimização dos factores de ameaça referidos. É necessário obter estimativas mais fiáveis da sua abundância e distribuição (ICN, 2006). Narceja-comum, Gallinago gallinago Fenologia: Em Portugal continental a espécie é invernante, migrador de passagem e nidificante no Noroeste do país. Nos Açores a espécie é residente. No estuário do Tejo ocorre como invernante comum (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal a população nidificante tem o estatuto de Criticamente em Perigo e a população Invernante de Pouco Preocupante. No arquipélago dos Açores a espécie apresenta Informação Insuficiente. A nível internacional é considerada uma espécie Em Declínio pela BirdLife International (2004)

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e Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída nos anexos das convenções de Berna (Anexo III), de Bona (Anexo II), das Directivas Aves/Habitats (Anexo D) e incluída na Lei de Bases de Caça (ICN, 2006). Distribuição e movimentos: Distribui-se desde o Norte e Centro da Europa, Ásia e América do Norte. A subespécie que ocorre em Portugal distribui-se desde as ilhas britânicas, Escandinávia e Oeste da Europa, abrangendo o Norte e Centro da Eurásia até ao estreito de Bering (del Hoyo et al., 1996; Hagemeijer e Blair, 1997). Em Portugal continental a distribuição actual da população nidificante é muito restrita, no Norte do território, provavelmente num único local. A sua área se distribuição tem diminuindo durante as últimas décadas (Santos 1979; Rufino 1989; Pimenta e Santarém 1996; ICN dados não publicados). Nos Açores a espécie ocorre em todos os grupos do arquipélago, não existindo contudo confirmação da nidificação em todas as ilhas. Habitat: No continente, os habitats utilizados para a nidificação são caracterizados por solos com elevado conteúdo de matéria orgânica, rico em invertebrados e com cobertura herbácea. Por essa razão prefere zonas húmidas de altitude, nomeadamente matos higrófilos e lameiros abandonados. Nos Açores a espécie nidifica em terras alagadiças, nomeadamente em zonas de turfeira. Ocorre no estuário do Tejo em biótopos alagados dulciaquícolas, como restolhos alagados de milho e arroz, margens de valas, açudes, charcos temporários e por vezes salinas, sapais e caniçais (Leitão et al., 1998). População: A população do oeste da Europa tem mantido valores estáveis durante as últimas décadas (Wetlands International, 2002). Em Espanha, durante a última década, a sua população tem também mantido valores estáveis (Salvadores et al., 2003). Em Portugal continental a população invernante parece sofrer variações apreciáveis em certos locais, provavelmente em consequência da variabilidade dos movimentos realizados em direcção a áreas mediterrânicas, quando as condições meteorológicas no Norte e Leste da Europa são mais rigorosas (Moore, 1998). Sobre a população nidificante não existem dados pormenorizados da sua tendência de declínio. Contudo, a área de distribuição tem diminuído durante as ultimas décadas (Santos 1979; Rufino 1989; Pimenta e Santarém 1996; ICN em prep.). As dificuldades de detecção da espécie limitam a obtenção de dados sobre a dimensão da população, pelo que não são conhecidos os números de invernantes. Quanto à população nidificante, existem poucas estimativas fiáveis, admitindo-se que contenha menos de 50 indivíduos maturos. A nidificação foi raramente confirmada durante as últimas décadas. Desde a última confirmação de nidificação nos finais da década de 1970 (Santos, 1979) o mais recente registo de nidificação confirmada foi em 2003, ano em que se detectaram 3 ninhos (Pimenta e Santarém em prep). No estuário do Tejo a população invernante em 1991, foi de 41 aves (Rufino, 1991). No Inverno de 1991/92 as densidades desta espécie nos restolhos de milho e arroz, e nas valas da lezíria do estuário do Tejo ultrapassaram frequentemente 5 aves / 10ha, tendo sido mais baixa nas pastagens (Leitão et al., 1998). Nos Invernos de 1995/98 foram observadas 8 aves e em 2004, 50 aves sobretudo na Giganta e companhia das Lezírias (Encarnação,

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dados não publicados). Em Dezembro de 2004 foram observadas 3 aves nas salinas do Samouco (Rocha, dados não publicados). Factores de ameaça: A população nidificante é ameaçada principalmente por factores intrínsecos, nomeadamente a sua densidade baixa e distribuição restrita. A sua dependência de habitats de nidificação específicos torna esta população muito vulnerável à perda ou degradação de habitat (por acção do Homem), nomeadamente a alteração do regime de gestão dos locais de nidificação conhecidos. A drenagem visando a transformação das zonas húmidas em áreas de pastagem ou de cultivo, a extracção de água, o abandono dos sistemas pastoris tradicionais, o sobrepastoreio e o fogo têm levado à degradação do habitat de nidificação (ICN, 2006). Medidas de Conservação: Promover a manutenção de prados húmidos nomeadamente os lameiros extensivos de montanha nas áreas de nidificação; Condicionar a drenagem de zonas húmidas nas áreas mais importantes de nidificação da espécie; Promover a manutenção dos sistemas de pastoris tradicionais, mediante a aplicação de medidas agro-ambientais em áreas prioritárias para espécie; Estabelecer uma estratégia conjunta Portugal/Espanha visando a conservação da espécie. Promover estudos sobre a distribuição e abundância da população nidificante procurando entender igualmente os movimentos e áreas concretas de que dependem ao longo do ano; Monitorizar os parâmetros populacionais da espécie (avaliação das tendências na distribuição e tamanho da população nidificante). Como a população nidificante em Portugal está muito dependente dos esforços de conservação em Espanha, a protecção das restantes zonas de nidificação na Galiza são essenciais para a viabilidade da população portuguesa, nomeadamente a expansão do Parque Natural Baixa Limia-Serra do Xurés (Espanha) (Marti e Del Moral, 2003) (ICN, 2006). Galinhola, Scolopax rusticola Fenologia: Em Portugal continental a espécie é invernante e nos arquipélagos dos Açores e da madeira é residente. No estuário do Tejo ocorre como invernante raro (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal continental e nos Açores as populações têm o estatuto de Informação Insuficiente e na Madeira Vulnerável. A nível internacional é considerada uma espécie Em Declínio pela BirdLife International (2004) e Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída nos anexos das convenções de Berna (Anexo III), de Bona (Anexo II), das Directivas Aves/Habitats (Anexo D) e incluída na Lei de Bases de Caça (ICN, 2006). Distribuição e movimentos: Distribui-se pelos Açores, Madeira, Ilhas Canárias, e Britânicas, Europa Ocidental, Cáucaso, China, Norte da Índia até ao Japão. Inverna no Oeste e Sul da Europa, Norte de África, índia e Indochina (del Hoyo et al., 1996). Em Portugal continental distribui-se principalmente no Norte do país. Nos Açores, segundo Bannerman e Bannerman (1966), a espécie ocorre em todo o arquipélago, não existindo confirmação da sua nidificação em todas as ilhas. Na Madeira, ocorre exclusivamente na ilha com o mesmo nome, onde é uma espécie pouco abundante.

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Habitat: No continente a espécie está presente em florestas e zonas arbustivas. Pode também utilizar prados, principalmente durante a noite. Nos Açores ocorre em altitudes elevadas, nidificando na floresta natural húmida em zonas de clareira ou em áreas de transição para pastagem. Na Madeira vive sobretudo em zonas com vegetação arbustiva densa e zonas de urzal bem desenvolvido. No estuário do Tejo ocorre em zonas encharcadas em montados de sobro e outros biótopos florestados (Leitão et al., 1998). População: Devido ao seu comportamento discreto, é difícil a sua observação pelo que não existem estimativas fiáveis do tamanho e da distribuição da sua população no continente. Nos Açores não existem dados pormenorizados sobre a sua abundância a nível regional. No arquipélago da Madeira, a população está estimada em entre os 250 e os 2500 indivíduos (ICN, 2006). Factores de ameaça: No continente e nos Açores a população é ameaçada principalmente pela caça e pela destruição do habitat (por exemplo, incêndios florestais). Para além das ameaças já referida, a predação por ratos é um factor limitante da população de Galinhola na Madeira (ICN, 2006). Medidas de Conservação: Esta espécie cinegética encontra-se protegida por legislação nacional e internacional no âmbito das normas gerais de protecção de aves e dos seus habitats, não tendo sido alvo de acções específicas de conservação. As prioridades de conservação visam a obtenção de dados sobre a sua distribuição e abundância. Nos Açores as prioridades da conservação da Galinhola passam pela obtenção de dados sobre a biologia de reprodução, distribuição e abundância da Galinhola a nível regional (ICN, 2006). Maçarico-de-bico-direito, Limosa limosa Fenologia: Em Portugal a espécie é Invernante. No estuário do Tejo ocorre como invernante e migrador de passagem comum, não nidifica (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal a espécie tem o estatuto de Pouco Preocupante. A nível internacional é considerada uma espécie Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída nos anexos das convenções de Berna (Anexo III) e de Bona (Anexo II) (ICN, 2006). Distribuição e movimentos: Reproduz-se em latitudes médias, oceânicas e continentais, principalmente em terras baixas de zonas temperadas e boreais (Cramp e Simmons, 1983). Espécie que se distribui por todas as regiões biogeográficas à excepção do Novo Mundo (Cramp e Simmons, 1983). A principal área de invernada da população do Noroeste da Europa é na África Ocidental, a Sul do Saara, apesar de algumas aves passarem o Inverno ao longo da costa Atlântica do Noroeste da Europa, e na bacia do Mediterrâneo. As aves que nidificam na Europa Oriental invernam na África Oriental e Central (ICN, 2006a). Em Portugal é invernante e ocorrem duas subespécies: L. limosa limosa, que nidifica principalmente nos Países Baixos e na Alemanha, e L. l. islandica, que cria sobretudo na Islândia (Cidraes Vieira, 1998). A sua distribuição estende-se ao longo da faixa

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litoral a sul da Ria de Aveiro, sendo o Estuário do Tejo a zona de maior concentração (ICN, 2006a). Habitat: Encontra-se sobretudo ao longo das praias e estuários e alguns no interior. Prefere águas pouco profundas, como pântanos, campos inundados, lagos interiores, etc. As aves descansam juntas e os bandos muitas vezes encontram-se misturados com outras Charadrii. O alimento é obtido principalmente em estuários (ICN, 2006a). No estuário do Tejo ocorre nas zonas entre marés, salinas, terrenos de cultivo e arrozais. As aves que se alimentam nas vasas do estuário ingerem principalmente o bivalve Scrobicularia plana, sendo o poliqueta Nereis diversicolor a presa secundária mais importante (Leitão et al., 1998). A proporção das duas presas principais na dieta de L. limosa variou ao longo do Inverno. Assim, a taxa alimentar de H. diversicolor enquanto que a sobre S. plana foi aumentando, ao longo do Inverno (Moreira, 1995). Nos restolhos de arroz, estas aves ingerem quase exclusivamente grãos dessa planta (Leitão et al., 1998). O maçarico-de-bico-direito ocorre no estuário entre os meses Julho a Março, em densidades que variam as 1 e 10 aves/ha. As maiores densidades da espécie em actividade alimentar surgem na central /superior do estuário, durante o Outono atingem valores médios máximos 8,9 aves/ha. Embora não apresente preferência marcada por um tipo de sedimento, e evitando a areia vasosa e sedimentos grosseiros, as maiores densidades surgem nas áreas de sedimento fino, nomeadamente vasa, com algum teor em água e sujeita a períodos longos de emersão (Moreira, 1995). População: As populações europeias desta espécie têm conhecido nos últimos dez anos um período de declínio (Wetlands International 2002). A população média invernante em Portugal foi estimada em 50 000 aves (Rufino 1993, Rufino e Costa 1993, Costa e Rufino 1994) (ICN, 2006a). Durante o Inverno ocorrem no Tejo duas populações distintas: a Limosa limosa limosa que utiliza o estuário principalmente como local de repouso, alimentando-se nos restolhos de arroz e milho da região, e a L. L. Islandica que habita o estuário propriamente dito. O número médio de médio de aves observadas no período de 1990/93, foi de 35572 aves, correspondendo a 87,2 % do efectivo nacional (Moreira, 1995). No estuário do Tejo a população média invernante no período de 1975/1978 foi de 7274 aves, apresentando um máximo de 12195 aves em 1976 (Rufino, 1978). No Inverno de 1989 foram recenseadas 3112 aves (Rufino, 1989) e em 1991, 35371 aves (Rufino, 1991). A população média invernante no período de 1992 a 1996 foi de 29474. Os censos até agora realizados não permitem distinguir com segurança as duas populações, sendo a O total da população L. l. limosa foi estimado em 81993 aves em Fevereiro de 1992 e 48170 em Fevereiro de 1993. Estas aves começam a chegar ao estuário vindas de África, já em Janeiro. Na passagem pós-nupcial são menos abundantes. L. l. islandica, por outro lado, é mais escassa, sendo no entanto difícil de estimar o seu número uma vez que se confunde com a subespécie nominal. No Inverno de 1994/95 foram recenseadas mais de 4500 aves em censos durante a baixa-mar (é provável que a sua maioria fosse L. l. islandica) (Leitão et al., 1998). Na margem Norte do estuário entre

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1998/1999, a espécie apresentou densidades na ordem de 0,335 aves/ha, tendo sido observadas um máximo de 76 aves (Rosa, 1999). Nos Invernos de 1999/00 e 2000/01 foram observadas 11309 aves na sua maioria na Companhia das Lezírias e em 2004, 1410 aves sobretudo na Reserva Integral e nas salinas do Samouco (Encarnação, dados não publicados). Nas salinas do Samouco entre 2004/05 o número médio de maçarico-de-bico-direito foi de 266 aves, registando-se um máximo de 395 aves em Novembro de 2004 (Rocha, dados não publicados). Factores de ameaça: A pressão urbanística e turística da zona litoral; A drenagem de zonas húmidas nas áreas de invernada da espécie e a sua conversão em terrenos agrícolas, nomeadamente em pastagem ou culturas de regadio; O crescente uso de fertilizantes; A poluição da água, por efluentes domésticos, industriais e agrícolas; O abandono e reconversão da actividade salineira tradicional; A colisão com linhas aéreas de transporte de energia pode ser um importante factor de mortalidade; A instalação de parques eólicos em corredores importantes para a migração e dispersão de aves (ICN, 2006a). Medidas de Conservação: Manter as zonas húmidas e áreas de pastagem húmidas; Reduzir e controlar a utilização de fertilizantes orgânicos e pesticidas; Manter e melhorar a qualidade da água pelo tratamento eficaz das descargas de efluentes; Restringir o uso de agro-químicos e adoptar técnicas alternativas; Manter as salinas em actividade e efectuar gestão adequada das salinas abandonadas, nomeadamente através de medidas específicas de incentivo, nas áreas mais importantes para a conservação da espécie; Proibir a instalação de linhas eléctricas de transporte de energia nas áreas mais importantes para a espécie e equipar as linhas eléctricas de transporte de energia já existentes com sinalizadores anti-colisão; Condicionar a instalação de parques eólicos nas áreas mais importantes para a migração e dispersão da espécie; Monitorizar os efectivos da espécie nas áreas de invernada e de passagem mais importantes; Elaborar os planos de gestão / ordenamento dos locais de que a espécie depende, nomeadamente das ZPE’s mais importantes para a espécie (ICN, 2006a). Fuselo, Limosa lapponica Fenologia: Em Portugal a espécie é Invernante. No estuário do Tejo ocorre como invernante e migrador de passagem comum (sendo mais abundante no Inverno (Andrade, 2001)), não nidifica (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal a espécie tem o estatuto de Pouco Preocupante. A nível internacional é considerada uma espécie Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída nos anexos das convenções de Berna (Anexo III), de Bona (Anexo II) e das Directivas Aves/Habitats (Anexo A-I) (ICN, 2006). Distribuição e movimentos: No Paleártico a distribuição do Fuselo como nidificante restringe-se às zonas de tundra costeira do Norte da Noruega, Finlândia e Rússia. Inverna ao longo da costa da Europa Ocidental, bem como nas zonas húmidas costeiras da África Ocidental. É observado ao longo da costa Portuguesa,

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essencialmente em estuários, albergando a Ria de Faro a maioria da população nacional (Neves e Rufino 1998). Habitat: Em Portugal é uma limícola invernante essencialmente estuarina (Rufino e Costa 1993). Fortemente gregária, desloca-se em bandos compactos, associando-se a outras espécies. Descansa e dorme na praia, excepto nas marés vivas, retirando-se para locais mais elevados e por vezes mais distantes. Refugia-se em sapais durante a preia-mar, nas áreas confinantes às zonas de alimentação. Utiliza também, em menor escala, salinas como pontos de refúgio, sendo raramente observada a alimentar-se neste biótipo (Neves e Rufino 1998). A procura de alimento é feita em bando, na vasa arenosa, refugiando-se durante a preia-mar nos sapais das áreas confinantes (Farinha e Costa 1999). No estuário do Tejo ocorre sobretudo nos sectores de vasa compacta ou arenosa (Leitão et al., 1998). O Fuselo ocorre no estuário em densidades reduzidas que raramente ascendem as 2 aves/ha, sendo o valor mais elevado registado na zona de preia-mar adjacente às secas do bacalhau, de 2,7 aves/ha. Ocorrem em actividade alimentar sobretudo na zona superior do estuário onde atingem um valor médio máximo de 8,9 aves/ha durante o Inverno. Têm preferência por sedimentos mais finos como a vasa arenosa, evitando zonas próximas do sapal e áreas humanizadas (Moreira, 1995). População: Os censos de aves invernantes internacionais indicam a estabilidade das populações da espécie (Wetlands International 2002). Os censos nacionais efectuados anualmente indicam uma população invernante entre 3 000 e 6 000 indivíduos (Encarnação dados não publicados) (ICN, 2006a). No estuário do Tejo a população média invernante no período de 1975/1978 foi de 1611 aves, apresentando um máximo de 3100 aves em 1977 (Rufino, 1978). Em Setembro de 1981 foram contadas 2500 aves, provavelmente de passagem (Leitão et al., 1998). No Inverno de 1989 foram recenseadas 1300 aves (Rufino, 1989) e em 1991, 1400 aves (Rufino, 1991). O número médio de médio de fuselos observados no estuário do Tejo durante o período de 1990/93, foi de 797 aves, correspondendo a 33,8 % do efectivo nacional (Moreira, 1995). A população média invernante no estuário no período de 1992 a 1996 foi de 716 aves, com um máximo de 1500 indivíduos a ser atingido em Janeiro de 1996 (Leitão et al., 1998). No Inverno de 2000/01 foram recenseadas 445 aves nas salinas de Vasa Sacos e 1100 aves em 2003/04, sendo que 1000 foram observadas nas salinas do Samouco (Encarnação, dados não publicados). Em Janeiro de 2005 foram recenseadas 118 aves nas salinas do Samouco, contudo durante o mês de Novembro de 2004 foram observadas 910 aves (Rocha, dados não publicados). Factores de ameaça: A pressão urbanística e turística da zona litoral; A drenagem de zonas húmidas nas áreas de invernada da espécie e a sua conversão em terrenos agrícolas, nomeadamente em pastagem ou culturas de regadio; O crescente uso de fertilizantes; A poluição da água, por efluentes domésticos, industriais e agrícolas; O abandono e reconversão da actividade salineira tradicional; A colisão com linhas aéreas de transporte de energia pode ser um importante factor de mortalidade; A instalação de parques eólicos em corredores importantes para a migração e dispersão de aves (ICN, 2006a).

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Medidas de Conservação: Impedir a conversão de sapais; Manter e melhorar a qualidade da água pelo tratamento eficaz das descargas de efluentes; Restringir o uso de agro-químicos e adoptar técnicas alternativas; Reduzir a perturbação nas zonas de refúgio e alimentação consideradas mais importantes; Proibir a instalação de linhas eléctricas de transporte de energia nas áreas mais importantes para a espécie e equipar as linhas eléctricas de transporte de energia já existentes com sinalizadores anti-colisão; Condicionar a instalação de parques eólicos nas áreas mais importantes para a migração e dispersão da espécie; Monitorizar os efectivos da espécie nas áreas de invernada e de passagem mais importantes; Elaborar os planos de gestão / ordenamento dos locais de que a espécie depende, nomeadamente das ZPE’s mais importantes para a espécie (ICN, 2006). Maçarico-galego, Numenius phaeopus Fenologia: Em Portugal a espécie é Invernante. No estuário do Tejo ocorre como migrador de passagem comum e invernante raro, não nidifica (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal a espécie tem o estatuto de Vulnerável. A nível internacional é considerada uma espécie Não Ameaçada pela BirdLife International (2004) e Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída nos anexos das convenções de Berna (Anexo III) e de Bona (Anexo II) (ICN, 2006). Distribuição e movimentos: Presente na maior parte do Alasca, Norte do Canadá e Norte da Europa e Ásia. A subespécie que ocorre em Portugal nidifica na Islândia, Ilhas Féroe, Escócia, Escandinávia até à Península de Taymyr. Inverna na maior parte do sudoeste da Europa, África, Médio Oriente, Oeste da Índia e Sri Lanka (del Hoyo et al., 1996). Em Portugal distribui-se ao longo da faixa costeira (Farinha e Costa 1999). Habitat: Principalmente em zonas entre marés, salinas, campos agrícolas húmidos ou alagados. No estuário do Tejo ocorre na zona entre marés, salinas e, durante as passagens migratórias, terrenos agrícolas e montados (Leitão et al., 1998). População: Esta espécie tem sido monitorizada nas zonas estuarinas desde a década de 1970. Na última década, a sua abundância tem oscilado. A análise destes censos até 2000 permitiu verificar que é uma espécie que ocorre em abundância reduzida na maior parte dos anos e que a população tem permanecido estável na última década, com oscilações entre 100 e 400 indivíduos (Sousa 2002b). No estuário do Tejo a população invernante em 1991, foi de 150 aves (Rufino, 1991). Entre 1992 e 1996 só foi registado três vezes nas contagens de Inverno realizadas no estuário do Tejo: 35 aves em 1992, 10 em 1993 e 3 em 1995. Não existem contagens nos períodos de passagem excepto para a migração pós-nupcial de 1981, em que o número de exemplares atingiu os 345 no final de Agosto (Leitão et al., 1998). Em 2001 foram recenseadas 25 aves na Ponta da Erva (Encarnação, dados não publicados), nas salinas do Samouco a espécie apresentou um máximo de 98 indivíduos durante o mês de Julho de 2004 (Rocha, dados não publicados). Factores de ameaça: Perda ou degradação de habitat (por acção do Homem), nomeadamente abandono ou degradação de salinas, a transformação de salinas em aquaculturas e a destruição ou degradação das zonas entre marés. A caça ilegal

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também afecta esta espécie (por exemplo, a ria de Aveiro e estuário do Mondego) (ICN, 2006). Medidas de Conservação: A maior parte das áreas estuarinas utilizadas por esta população durante o Inverno estão incluídas em áreas com estatuto legal de protecção (Reservas Naturais, Zonas de Protecção Especial, Sítio Ramsar). Várias outras zonas foram recentemente desiganadas como Zonas Importantes para as Aves (Costa et al., 2003). É necessário uma monitorização mais eficaz para obter estimativas fiáveis. O reforço da fiscalização da actividade cinegética (ICN, 2006). Maçarico-real, Numenius arquata Fenologia: Em Portugal a espécie é Invernante. No estuário do Tejo ocorre como migrador de passagem comum e invernante raro, não nidifica (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal a espécie tem o estatuto de Pouco Preocupante. A nível internacional é considerada uma espécie Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída nos anexos das convenções de Berna (Anexo III) e de Bona (Anexo II) (ICN, 2006). Distribuição e movimentos: É uma espécie migratória que nidifica na Europa Central e do Norte (Cramp e Simmons, 1983). A área das ilhas Britânicas e Mar de Wadden, o banco de Arguim (Mauritânia) e o Golfo do gabes (Tunísia) são os principais locais de invernada da espécie (Smit e Piersma, 1989) Habitat: No estuário do Tejo ocorre na zona entre marés e terrenos agrícolas alagados (Leitão et al., 1998). O Maçarico-real ocorre no estuário ao longo de todo o ano com densidades que raramente ascendem as 1,5 aves/ha, apresentando um pico de abundância no Inverno. Durante esse período, as maiores densidades de aves em actividade alimentar são registadas na zona central do estuário, apresentando uma preferência marcada por ostreiras (Moreira, 1995). População: No estuário do Tejo a população média invernante no período de 1975/1978 foi de 671 aves, apresentando um máximo de 1110 aves em 1978 (Rufino, 1978). No Inverno de 1989 foram recenseadas 295 aves (Rufino, 1989) e em 1991, 241 aves (Rufino, 1991). O número médio de médio de aves observadas no estuário do Tejo durante o período de 1990/93, foi de 616 aves, correspondendo a 23,2 % do efectivo nacional (Moreira, 1995). A população média invernante no estuário do Tejo no período de 1992 a 1996 foi de 644 aves, com um máximo de 927 indivíduos a ser atingido em Janeiro de 1992 (Leitão et al., 1998). Na margem Norte do estuário entre 1998/1999, a espécie apresentou densidades muito reduzidas na ordem de 0,011 aves/ha, tendo sido observadas um máximo de 4 aves (Rosa, 1999). Nos Invernos de 1995/98 foram recenseadas 316 aves, em 2001, 80 aves sobretudo na Ponta da Erva e em 2004, 167 aves maioritariamente no mouchão da Povoa (Encarnação dados não publicados). Perna-vermelha-escuro, Tringa erythropus Fenologia: Em Portugal a espécie é Invernante. No estuário do Tejo ocorre como migrador de passagem e invernante pouco comum (Leitão et al., 1998).

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Estatuto de Protecção: Em Portugal a espécie tem o estatuto de Vulnerável. A nível internacional é considerada uma espécie Em Declínio pela BirdLife International (2004) e Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída nos anexos das convenções de Berna (Anexo III) e de Bona (Anexo II) (ICN, 2006). Distribuição e movimentos: Nidifica no Norte da Escandinávia e Rússia até à Sibéria. Inverna no Oeste da Europa, Mediterrâneo e África, Médio Oriente, Sul da Ásia, até à ilha Formosa (del Hoyo et al., 1996). Em Portugal continental apresenta uma distribuição alargada, ocorrendo principalmente em zonas húmidas costeiras, como o Estuário do Sado e Tejo, e a ria Formosa (Farinha e Costa 1999) (ICN, 2006). Habitat: Zonas húmidas costeiras (salinas, zonas entre marés) e zonas húmidas interiores (lagoas) (ICN, 2006). No estuário do Tejo ocorre na zona entre marés, salinas e charcos ou terrenos alagados (Leitão et al., 1998). População: Esta espécie tem sido monitorizada nas zonas estuarinas desde a década de 1970. É uma espécie que ocorre em abundância reduzida na maior parte dos anos. A análise destes censos até 2000, permitiu verificar que a abundância da população tem permanecido estável, oscilando entre 50 e 100 indivíduos (Sousa 2002b). No estuário do Tejo a população média invernante no período de 1975/1978 foi de 21 aves, apresentando um máximo de 66 aves em 1978 (Rufino, 1978). No Inverno de 1989 foram recenseadas 4 aves (Rufino, 1989) e em 1991, 13 aves (Rufino, 1991). A população média invernante no estuário do Tejo no período entre 1992 e 1996 foi de 15 indivíduos, com um máximo de 24 aves obtido em Janeiro de 1993. Durante as passagens migratórias é um pouco mais numeroso, nunca sendo porém observadas mais do que algumas dezenas de exemplares (Leitão et al., 1998). Nos Invernos de 1995/98 foram recenseadas 3,5 aves, em 2000, 6 aves e em 2004, 11 aves, 5 das quais nas salinas do Samouco (Encarnação dados não publicados). Nas salinas do Samouco foi registado um máximo de 62 aves de Novembro de 2005 (Rocha, dados não publicados). Factores de ameaça: Perda ou degradação de habitat (por acção do Homem), nomeadamente abandono ou degradação de salinas, a transformação de salinas em aquaculturas e a destruição ou degradação das zonas entre marés (ICN, 2006). Medidas de Conservação: A maior parte das áreas estuarinas utilizadas por esta população durante o Inverno estão incluídas em áreas com estatuto legal de protecção (Reservas Naturais, Zonas de Protecção Especial, Sítio Ramsar). Várias outras zonas foram recentemente desiganadas como Zonas Importantes para as Aves (Costa et al., 2003). No entanto, é necessário assegurar a conservação do habitat e a minimização dos factores de ameaça anteriormente referidos. É necessário obter estimativas mais fiáveis da sua abundância e distribuição (LV, 2006). Perna-vermelha, Tringa totanus Fenologia: Em Portugal a espécie é Invernante e nidificante. No estuário do Tejo ocorre como migrador de passagem e invernante comum, nidificante ocasional (Leitão et al., 1998).

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Estatuto de Protecção: Em Portugal a população nidificante tem o estatuto de Criticamente Ameaçada e a população Invernante Pouco Preocupante. A nível internacional é considerada uma espécie Em Declínio pela BirdLife International (2004) e Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída nos anexos das convenções de Berna (Anexo III) e de Bona (Anexo II) (ICN, 2006). Distribuição e movimentos: Islândia, Europa e Ásia Central. A subespécie que ocorre em Portugal distribui-se desde as ilhas Orkney e Shetland, abrangendo a Península Ibérica, Europa do Norte, Norte de Itália, Tunísia, Turquia até à Sibéria (del Hoyo et al., 1996, Hagemeijer e Blair 1997). Em Portugal continental distribui-se pelo Centro e Sul do país, restrita a várias zonas húmidas costeiras e interiores, nomeadamente Estuário do Tejo e Sado, ria Formosa e Castro Marim (Rufino 1989, Farinha e Costa 1991, ICN dados não publicados). Habitat: Utiliza vários tipos de zonas húmidas costeiras e do interior, nomeadamente sapais salobros, salinas abandonadas e lagoas ou albufeiras. No estuário do Tejo ocorre nas zonas entre marés de sedimento mais fino, salinas e, com menor frequência, zonas alagadas na lezíria e nos montados (Leitão et al., 1998). O perna-vermelha ocorre no estuário com densidades que foram sempre inferiores a 2 aves/ha. Ocorre de forma generalizada nas partes central e superior do estuário, durante o Outono e Inverno, onde as maiores densidades de aves em actividade alimentar atingem um valor máximo de 6,9 aves/ha. Na selecção das áreas de alimentação tem preferência pela presença da linha de maré e por sedimentos finos com longos períodos de emersão. As presas principais são os sifões do bivalve Scrobicularia plana, o poliqueta Hediste diversicolor e o gastrópode Peringia ulvae (Moreira, 1995). No estuário a espécie alimenta-se mais intensamente na zona vasosa durante o dia, período em que também é mais abundante nessas zonas de alimentação, e onde captura Hydrobia ulvae e Hediste diversicolor. Durante a noite inverte essa preferência (apresenta um intake energético semelhante entre o dia e a noite) (Silva, 2005). No período de preia-mar a espécie refugia-se nas salinas do Samouco, Atalaia, Vale Frades e Tarouca, e ainda na Reserva Integral. População: A população nidificante é muito reduzida, provavelmente menor que 50 aves. Existem registos isolados de nidificação confirmada em várias zonas húmidas costeiras e em outras zonas húmidas interiores também pode nidificar (ICN, dados não publicados). A ocorrência de registos aumentou nos últimos anos, provavelmente devido mais a um maior esforço de obtenção de registos de nidificação do que a uma tendência populacional (ICN, 2006). No estuário do Tejo a população média invernante no período de 1975/1978 foi de 2000 aves, apresentando um máximo de 2620 aves em 1978 (Rufino, 1978). No Inverno de 1989 foram recenseadas 1820 aves (Rufino, 1989) e em 1991, 2565 aves (Rufino, 1991). O número médio de aves observadas no estuário do Tejo durante o período de 1990/93, foi de 2210 aves, correspondendo a 49,9 % do efectivo nacional (Moreira, 1995). A população média invernante no estuário no período entre 1992 e 1996 foi de 1848 indivíduos, com um máximo de 2910 a ser atingido em Janeiro de 1995. Também é muito numeroso como migrador de passagens, tendo sido contados 5185

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indivíduos no estuário no final de Julho de 1981. Em 1983 foi confirmada a nidificação de dois casais em salinas (Leitão et al., 1998). Nos Invernos de 1995/98 foram recenseadas 1760 aves (Encarnação dados não publicados). Na margem Norte do estuário entre 1998/1999, a espécie apresentou densidades na ordem de 0,442 aves/ha, tendo sido observadas um máximo de 96 aves (Rosa, 1999). Nos Invernos de 1999/00 e 2000/01 foram recenseadas 226 aves e em 2004, 971 aves (Encarnação, dados não publicados). Nas salinas do Samouco entre 2004/05 o número médio de perna-vermelha foi de 170 aves, registando-se um máximo de 375 aves em Agosto de 2004 (Rocha, dados não publicados). Factores de ameaça: Esta população está ameaçada principalmente por factores intrínsecos, nomeadamente a sua distribuição restrita. A sua dependência do habitat de nidificação torna esta população muito vulnerável à perda ou degradação de habitat (por acção do Homem), nomeadamente abandono ou degradação de salinas, a transformação de salinas e sapais em aquaculturas ou a sua drenagem (ICN, 2006). Medidas de Conservação: A maior parte das áreas estuarinas utilizadas por esta população durante o Inverno estão incluídas em áreas com estatuto legal de protecção (Reservas Naturais, Zonas de Protecção Especial, Sítio Ramsar). Várias outras zonas foram recentemente desiganadas como Zonas Importantes para as Aves (Costa et al., 2003). No entanto, é necessário assegurar a conservação do habitat e a minimização dos factores de ameaça anteriormente referidos. É necessário obter estimativas mais fiáveis da sua abundância e distribuição (ICN, 2006). Perna-verde, Tringa nublaria Fenologia: Em Portugal a espécie é Invernante. No estuário do Tejo ocorre como migrador de passagem e invernante pouco comum (sendo mais abundante no Outono e Inverno (Andrade, 2001)), não nidificante (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal tem o estatuto de Vulnerável. A nível internacional é considerada uma espécie Não Ameaçada pela BirdLife International (2004) e Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída nos anexos das convenções de Berna (Anexo III) e de Bona (Anexo II) (ICN, 2006). Distribuição e movimentos: Nidifica desde a Escócia e Escandinávia até à Sibéria. Inverna no Oeste da Europa, Mediterrâneo e África, Médio Oriente, Sul de Ásia, Indonésia e Austrália (del Hoyo et al., 1996). Em Portugal continental distribui-se principalmente pelas zonas húmidas costeiras (Farinha e Costa 1999). Como local de refúgio de preia-mar a espécie tem preferência pelas salinas do Samouco e Giganta. Habitat: Utiliza as zonas húmidas costeiras (salinas, sapais, zonas entre marés) e do interior (lagoas e pauis), e ainda, campos agrícolas inundados. No estuário do Tejo ocorre nas zonas entre marés, salinas e terrenos alagados (Leitão et al., 1998). População: Esta espécie tem sido monitorizada nas zonas estuarinas desde a década de 1970. É uma espécie que ocorre em abundância reduzida na maior parte dos anos. A análise destes censos até 2000, permitiu verificar que a abundância da população tem permanecido estável, oscilando entre 150 e 200 indivíduos (Sousa 2002b). No estuário do Tejo a população média invernante no período de 1975/1978 foi de 10

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aves, apresentando um máximo de 28 aves em 1978 (Rufino, 1978). No Inverno de 1989 foi recenseada 1 ave (Rufino, 1989) e em 1991, 4 aves (Rufino, 1991). A população média invernante no estuário do Tejo no período entre 1992 e 1996 foi de 17 indivíduos, com um máximo de 59 aves obtido em Janeiro de 1993. Durante as passagens migratórias parece ser igualmente escasso (Leitão et al., 1998). No Inverno de 2000 foram recenseadas 8 aves, em 2001, 21 aves e em 2004, 72 aves, das quais 57 aves nas salinas do Samouco (Encarnação, dados não publicados), Em Março de 2005 foi observado um máximo de 171 aves, nas salinas do Samouco (Rocha, dados não publicados). Factores de ameaça: Perda ou degradação de habitat (por acção do Homem), nomeadamente abandono ou degradação de salinas, a transformação de salinas em aquaculturas (ICN, 2006). Medidas de Conservação: A maior parte das áreas estuarinas utilizadas por esta população durante o Inverno estão incluídas em áreas com estatuto legal de protecção (Reservas Naturais, Zonas de Protecção Especial, Sítio Ramsar). Várias outras zonas foram recentemente desiganadas como Zonas Importantes para as Aves (Costa et al., 2003). No entanto, é necessário assegurar a conservação do habitat e a minimização dos factores de ameaça anteriormente referidos, nomeadamente a promoção da salicultura. É necessário obter estimativas mais fiáveis da sua abundância e distribuição (ICN, 2006). Maçarico-bique-bique, Tringa ochropus Fenologia: Em Portugal a espécie é Invernante. No estuário do Tejo ocorre como migrador de passagem e invernante pouco comum (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal tem o estatuto de Quase Ameado. A nível internacional é considerada uma espécie Não Ameaçada pela BirdLife International (2004) e Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída nos anexos das convenções de Berna (Anexo II) e de Bona (Anexo II) (ICN, 2006). Distribuição e movimentos: Nidifica desde a Escandinávia e Europa oriental até à Sibéria. Inverna no Oeste da Europa, Mediterrâneo, África tropical, Turquia, Médio Oriente, sub-continente Indiano, até ao Sul do Japão, China do Leste, Filipinas e Bornéu (del Hoyo et al., 1996). Em Portugal continental distribui-se principalmente pelo Centro e Sul do país, restrita a várias zonas húmidas costeiras e interiores (Farinha e Costa 1999). Habitat: Utiliza as zonas húmidas interiores (pauis), margens de rios, pequenas lagoas e canais com vegetação riparia. É menos frequente em zonas entre marés, mas mais frequente em sapais, salinas abandonadas e canais de sapal (ICN, 2006). No estuário do Tejo frequenta as valas da lezíria, charcos e açudes (Leitão et al., 1998). População: Esta espécie tem sido monitorizada nas zonas estuarinas desde a década de 1970. A análise destes censos até 2000, permitiu verificar que a abundância da população tem permanecido estável, oscilando entre 50 e 70 indivíduos (Sousa 2002b). No entanto, consideram-se estimativas muito subestimadas devido a vários

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factores, nomeadamente a dificuldade em observar esta espécie nos locais recenseados e em outros locais, e admite-se que a população poderá conter entre 250 a 1.000 aves (ICN, 2006). No estuário do Tejo a população média invernante no período de 1975/1978 foi de 8 aves, apresentando um máximo de 11 aves em 1978 (Rufino, 1978). No Inverno de 1989 foram recenseadas 2 aves (Rufino, 1989). Em 1995 foram recenseadas 2 aves invernantes e em 2004, 16 aves, observadas na Companhia das Lezírias e Giganta (Encarnação, dados não publicados). Factores de ameaça: Perda ou degradação de habitat (por acção do Homem), nomeadamente abandono ou degradação de salinas, destruição de sapais, corte de vegetação riparia ao longo de zonas húmidas interiores (ICN, 2006). Medidas de Conservação: A maior parte das áreas estuarinas utilizadas por esta população durante o Inverno estão incluídas em áreas com estatuto legal de protecção (Reservas Naturais, Zonas de Protecção Especial, Sítio Ramsar). Várias outras zonas foram recentemente desiganadas como Zonas Importantes para as Aves (Costa et al., 2003). No entanto, é necessário assegurar a conservação do habitat e a minimização dos factores de ameaça anteriormente referidos, nomeadamente a promoção da salicultura. É necessário obter estimativas mais fiáveis da sua abundância e distribuição (ICN, 2006). Maçarico-bastardo, Tringa glareola Fenologia: No estuário do Tejo ocorre como migrador de passagem raro (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal tem o estatuto de Não Ameado. Está incluído nos anexos das convenções de Berna (Anexo II), de Bona (Anexo II) e Directivas Aves/Habitats (Anexo I-A) (SNPRCN, 1990). Habitat: No estuário do Tejo frequenta charcos e tanques de salinas (Leitão et al., 1998). Maçarico-das-rochas, Actitis hypoleucos Fenologia: Em Portugal a espécie é Invernante e nidificante. No estuário do Tejo ocorre como migrador de passagem e invernante pouco comum, sendo mais abundante no Verão e início do Outono. (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal a população nidificante e invernante têm o estatuto de Vulnerável. A nível internacional é considerada uma espécie Em Declínio pela BirdLife International (2004) e Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída nos anexos das convenções de Berna (Anexo II) e de Bona (Anexo II) (ICN, 2006). Distribuição e movimentos: Nidifica na Europa, abrangendo a Ásia Central até ao Japão. Durante o Inverno distribui-se principalmente pelo Sul da Europa, África, Sul da Ásia, Indonésia e Austrália (del Hoyo et al., 1996). Em Portugal continental durante a época de nidificação é mais comum no interior do território, ocorrendo principalmente junto de cursos de água corrente, mas encontra-se também em zonas húmidas costeiras. De Inverno, distribui-se principalmente por zonas próximas de cursos de

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água e por zonas costeiras, nomeadamente estuários (Rufino 1989, Farinha e Costa 1999, ICN, dados não publicados). Habitat: Utiliza vales de montanha e cursos de rios, preferencialmente de água corrente durante o Verão, com pequenas ilhas ou praias e sem perturbação humana. Pode utilizar também lagunas, açudes e albufeiras, principalmente com vegetação ripícola e habitats estuarinos (e. g. canais e esteiros de salinas). Durante o Inverno é encontrado principalmente junto de cursos de água interiores e na costa utiliza predominantemente zonas entre-marés, salinas, outros habitats estuarinos e ainda, campos agrícolas alagados (ICN, 2006). No estuário do Tejo frequenta as valas de salinas, salinas, zonas com taludes relativamente abruptos à beira de água (Leitão et al., 1998). População: Não existe nenhuma estimativa actual da população nidificante. No entanto, a estimativa actual do território espanhol (Balmori 2003) permite estimar a população portuguesa em 500 a 4000 aves. Durante o Inverno, a espécie tem sido monitorizada nas zonas estuarinas desde a década de 1970. A análise destes censos até 2000, permitiu verificar que a abundância da população invernante tem permanecido estável, oscilando em redor dos 100 indivíduos (Sousa 2002b). No entanto, uma vez que as contagens não têm assegurado uma cobertura nacional a sua abundância estará subestimada, admitindo-se que a população invernante nacional esteja entre os 250 e os 1.000 indivíduos (ICN, 2006). No estuário do Tejo a população invernante em 1989 foi de 97 aves (Rufino, 1989) e em 1991, 13 aves (Rufino, 1991). A população média invernante no estuário do Tejo no período entre 1992 e 1996 foi de 9 indivíduos. O número deve estar muito subestimado. (Leitão et al., 1998). Entre o período de 2000 e 2001 foram recenseadas 4 aves invernantes e em 2004, 7 aves (Encarnação, dados não publicados). Nas salinas do Samouco foi observado um máximo de 25 aves em Julho de 2004 (Rocha, dados não publicados). Factores de ameaça: Perda ou degradação de habitat (por acção do Homem). A população nidificante é ameaçada, entre outros factores, pela construção de barragens, alterações na quantidade de sedimentos transportados pelos rios e a destruição da vegetação ripícola. A população invernante é afectada pelo abandono ou degradação de salinas e pela transformação de salinas em aquaculturas (ICN, 2006). Medidas de Conservação: Alguns trechos de rios e a maior parte das áreas estuarinas utilizadas por esta população estão incluídas em áreas com estatuto legal de protecção (Reservas Naturais, Zonas de Protecção Especial, Sítio Ramsar). Várias outras zonas foram recentemente desiganadas como Zonas Importantes para as Aves (Costa et al., 2003). No entanto, é necessário assegurar a conservação do habitat e a minimização dos factores de ameaça anteriormente referidos, nomeadamente a promoção da salicultura. É necessário obter estimativas mais fiáveis da sua abundância e distribuição (ICN, 2006).

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Rola-do-mar, Arenaria interpres Fenologia: Em Portugal continental e nos Açores a espécie é Invernante. Segundo Catry et al., (1992), em Portugal é um visitante não nidificante razoavelmente comum, ocorrendo tanto no Inverno como durante a passagem migratória, embora já tenha sido detectada em todos os meses do ano. No estuário do Tejo ocorre como migrador de passagem e invernante pouco comum (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal continental a espécie têm o estatuto de Pouco Preocupante e nos Açores de Informação Insuficiente. A nível internacional é considerada uma espécie Não Ameaçada pela BirdLife International (2004) e Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída nos anexos das convenções de Berna (Anexo II) e de Bona (Anexo II) (ICN, 2006). Distribuição e movimentos: A Rola-do-mar possui uma distribuição holárctica, nidificando numa vasta área que compreende a maioria do Árctico e se estende desde a Ilha de Ellesmere e Oeste da Gronelândia até à Escandinávia a Escandinávia e à Península de Chuckchi (Cramp e Simmons, 1983). É uma espécie essencialmente migradora, que inverna na orla costeira de todos os continentes. A sua área de distribuição em Portugal continental abrange sobretudo os estuários e outras zonas costeiras, a sul da Ria de Aveiro (ICN, 2006a). Habitat: Prefere plataformas rochosas do litoral e lamas estuarinas, ocorrendo ainda em menor quantidade em zonas de praia nomeadamente em bancos de areia, marismas e entre algas, habitualmente em pequeno número. Alimenta-se na beira de água, esgravatando e virando as pedras e as algas. A dormida é exclusivamente comunal, usualmente em dormitórios predefinidos perto da primeira zona que fica a descoberto após a maré-alta. Quando o vento é forte procura abrigo na vegetação, em cavidades, etc. (ICN, 2006). No estuário do Tejo surge com mais frequência em zonas com sedimentos arenosos e salinas (Leitão et al., 1998). A rola-do-mar ocorre sobretudo nas praias próximas da foz do estuário, durante o Outono e Inverno, no entanto é observada todo ano no estuário. As maiores densidades de aves em actividade alimentar são observadas em áreas rochosas ou de calhaus perto da foz do rio (Moreira, 1995). População: A tendência populacional sugerida pelos censos internacionais é de incremento. (Wetlands International, 2002), não existindo estimativas seguras para Portugal. Em Portugal, os censos de aves invernantes indicam uma população média entre 1000 e 1500 indivíduos (Encarnação, dados não publicados). Ao contrário do que sucede com a maior parte das outras espécies de limícolas, a rola-do-mar não se concentra nos grandes estuários e os seus efectivos apresentam-se bastantes dispersos, o que dificulta a obtenção de uma estimativa para a população invernante (Elias et al., 1998) (ICN, 2006a). No estuário do Tejo a população média invernante no período de 1975/1978 foi de 4 aves, apresentando apenas uma observação de 15 aves em 1978 (Rufino, 1978). No Inverno de 1989 foram recenseadas 10 aves (Rufino, 1989) e em 1991, 48 aves (Rufino, 1991). A população média invernante no estuário do Tejo no período entre 1992 e 1996 foi de 79 indivíduos, com um máximo de 155 aves a ser atingido em Janeiro de 1993. Durante as passagens migratórias é mais

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abundante, havendo observações de até 200 aves na Primavera e 182 no Outono (Leitão et al., 1998). Nos Invernos de 1995/98 foram recenseadas 31 aves, em 2000, 4 aves e em 2004, 125 aves, 55 das quais na praia (Encarnação dados não publicados). Nas salinas do Samouco entre 2004/05 o número médio de rola-do-mar foi de 167 aves, registando-se um máximo de 793 aves em Agosto de 2004 (Rocha, dados não publicados). Factores de ameaça: A poluição da água, por efluentes domésticos, industriais e agrícolas; A pressão turística nos locais de refúgio e alimentação; A destruição do habitat de descanso e alimentação. A colisão com linhas aéreas de transporte de energia pode ser um importante factor de mortalidade, quando aquelas estruturas são colocadas perto das áreas utilizadas pela espécie ou nas suas rotas de migração; A instalação de parques eólicos em corredores importantes para a migração e dispersão de aves pode constituir um importante factor de mortalidade da espécie através da colisão nas pás dos aerogeradores (ICN, 2006a). Medidas de Conservação: Manter e melhorar a qualidade da água pelo tratamento eficaz das descargas de efluentes; Restringir o uso de agro-químicos e adoptar técnicas alternativas; Controlar e fiscalizar a perturbação dos locais habituais de refúgio e de alimentação; Proibir a instalação de linhas eléctricas de transporte de energia nas áreas mais importantes para a Espécie e equipar as linhas eléctricas já existentes, com sinalizadores anti-colisão; Condicionar a instalação de parques eólicos nas áreas mais importantes para a migração e dispersão da espécie; Monitorizar os efectivos invernantes; Elaborar os planos de gestão / ordenamento dos locais de que a espécie depende, nomeadamente das ZPEs mais importantes para a espécie (ICN, 2006a). Falaropo-de-bico-fino, Phalaropus lobatus Fenologia: No estuário do Tejo ocorre como migrador de passagem raro (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal tem o estatuto de Não Ameado. Está incluído nos anexos das convenções de Berna (Anexo II), de Bona (Anexo III) e Directivas Aves/Habitats (Anexo I-A) (SNPRCN, 1990). Habitat: No estuário do Tejo surge em salinas (Leitão et al., 1998). Família Laridae Gaivota-de-cabeça-preta, Larus melanocephalus Fenologia: Em Portugal a espécie é Invernante. No estuário do Tejo ocorre como migrador de passagem e invernante pouco comum, não nidifica (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal tem o estatuto de Pouco Preocupante. A nível internacional é considerada uma espécie Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída nos anexos das convenções de Berna (Anexo II), de Bona (Anexo II) e das Directivas Aves/Habitats (Anexo A-I) (ICN, 2006).

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Habitat: No estuário do Tejo ocorre em salinas e zonas de águas livres. É mais abundante nas salinas do Samouco e Vaza Sacos (Leitão et al., 1998). População: Geralmente surge no estuário do Tejo em pequeno número, em Setembro de 1990 foram registados 250 indivíduos (Leitão et al., 1998). Durante o período de 2004 e 2005 foi observado um número máximo de 60 aves em Julho, nas salinas do Samouco (Rocha, dados não publicados). Gaivota-pequena, Larus minutus Fenologia: No estuário do Tejo ocorre como migrador de passagem raro (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal tem o estatuto de Não Ameaçada. Está incluída no anexo II da convenção de Berna (SNPRCN, 1990). Habitat: No estuário do Tejo ocorre em salinas (Leitão et al., 1998). População: Em 29 de Abril de 1990 foi observado um máximo de 5 aves nas salinas do Samouco. Guincho-comum, Larus ridibundos Fenologia: Em Portugal a espécie é Invernante. No estuário do Tejo ocorre como migrador de passagem e invernante comum, não nidificante (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal tem o estatuto de Pouco Preocupante. A nível internacional é considerada uma espécie Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída no anexo III da convenção de Bona (ICN, 2006). Distribuição e movimentos: A área geográfica de nidificação desta espécie engloba toda a Europa Central e o do Leste e ilhas Britânicas. No sul é mais raro como nidificante (Cramp e Simmons, 1983). No Inverno é vulgar não só nas zonas costeiras mas também nas zonas interiores. Em Portugal, é uma espécie muito abundante no Inverno, designadamente no estuário do Tejo, onde se observou a maior concentração da Península Ibérica (Galissa, 1988) Habitat: No estuário do Tejo ocorre em zona de águas livres, zonas entre marés, salinas, valas da lezíria, arrozais e por vezes em campos agrícolas (Leitão et al., 1998). O guincho ocorre todo o ano nalgumas áreas do estuário, apresentando uma densidade geralmente abaixo das 20 aves/ha, registando-se os maiores valores perto da foz, onde é mais comum sobretudo no Inverno. Como áreas de alimentação, a espécie tem preferência por zonas de areia vasosa, próximas da linha de maré e com forte influência humana. Durante o Inverno apresenta as maiores densidades aves em actividade alimenta em zonas de areia vasosa e de sedimentos grosseiros, já no Verão prefere zonas de vasa e vasa arenosa (Moreira, 1995). A dieta de L. ridibundos nas zonas entre marés durante o Verão é constituída sobretudo pelo poliqueta Hediste diversicolor. No Inverno a sua presa principal são os sifões do bivalve Scrobicularia plana, ingerindo ainda outras presas como Peringia ulvae, o anfípode Corophium volutator e os crustáceos Crangon spp. e Carcinus maenas, o berbigão Cerastoderma edule e outros poliquetas (Moreira, 1995).

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População: No período de Dezembro de 1981 a Março de 1982 a população de guinchos invernante no estuário do Tejo foi estimada em 42570 indivíduos (Leitão et al., 1998). O número médio de aves observadas no estuário durante o período de 1990/93, foi de 42570 a 58180 aves (Teixeira 1981, 1985). Na margem Norte do estuário entre 1998/1999, a espécie apresentou densidades na ordem de 2,134 aves/ha, tendo sido observadas um máximo de 491 aves (Rosa, 1999). Nas salinas do Samouco entre 2004/05 o número médio de guincho foi de 328 aves, registando-se um máximo de 808 aves em Fevereiro de 2005 (Rocha, dados não publicados). Alcatraz-pardo, Larus canus Fenologia: No estuário do Tejo ocorre como migrador de passagem raro (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal tem o estatuto de Não Ameaçada. Está incluída no anexo III da convenção de Berna (SNPRCN, 1990). Habitat: No estuário do Tejo ocorre em águas livres e salinas. Observam-se regularmente alguns indivíduos nas salinas do Samouco e esteiro do Montijo. Na foz de estuário é um invernante raro mas regular (Leitão et al., 1998). População: Em 29 de Abril de 1990 foi observado um máximo de 5 aves nas salinas do Samouco (Leitão et al., 1998). Gaivota-d’asa-escura, Larus fuscus Fenologia: Em Portugal a espécie é Invernante e nidificante. No estuário do Tejo ocorre como migrador de passagem e invernante comum, não nidifica (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal a população nidificante tem o estatuto de Vulnerável e a invernante Pouco Preocupante. A nível internacional é considerada uma espécie Não Ameaçada pela BirdLife International (2004) e Pouco Preocupante pela IUCN (2001) (ICN, 2006). Distribuição e movimentos: Espécie amplamente distribuída por todo o Paleártico, que está maioritariamente concentrada no Reino Unido (Cramp, 1985; Hagemeijer e Blair, 1997). E Portugal a Gaivota-d’asa-escura nidifica em pequenos núcleos localizados no arquipélago das Berlengas, ilha do Pessegueiro e ria Formosa. Não excluindo a hipótese de em situações pontuais nidificar ao longo da costa a Sul do cabo Sardão, e no estuário do Sado, no sei de núcleos reprodutores de gaivota-de-patas-amarelas (ICN, 2006). Habitat: Em Portugal nidifica ilhas e em zonas estuarinas ou lagunares (ICN, 2006). No estuário do Tejo ocorre em zonas entre maré, zonas de águas livres, salinas, arrozais, lezíria e zonas urbanas (Leitão et al., 1998). A Gaivota-d’asa-escura ocorre durante todo o ano no estuário, sendo que entre Setembro e início de Fevereiro surgem as maiores densidades em sectores mais próximos da foz do rio, onde pode ocorrer em densidades geralmente superiores a 100 aves/ha. Tem preferência por

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áreas de alimentação com grande influência humana, em zonas com períodos de emersão curtos e/ou áreas com sedimentos grosseiros (Moreira, 1995). A dieta de L. fuscos na zona entre-marés é constituída por bivalves (principalmente o berbigão Cerastoderma edule), crustáceos (caranguejos) e por vezes alimentam-se ainda de cadáveres de tainhas (Moreira, 1995). População: A estimativa actual em Portugal sugere um valor máximo de 50 casais (Granadeiro, L. Morais e N.M. Lecoq, com pess.), com os principais núcleos localizados no arquipélago das Berlengas e na ria Formosa. População (ICN, 2006). O número médio de aves observadas no estuário do Tejo durante o período de 1990/93, foi de 19356 a 21370 aves (Teixeira 1981, 1985). No estuário a população invernante foi estimada em 19356 aves no período de 1981/82 (Leitão et al., 1998). Na margem Norte do estuário entre 1998/1999, a espécie apresentou densidades na ordem de 0,679 aves/ha, tendo sido observadas um máximo de 175 aves (Rosa, 1999). Nas salinas do Samouco entre 2004/05 o número médio de guincho foi de 315 aves, registando-se um máximo de 401 aves em Abril de 2005 (Rocha, dados não publicados). Factores de ameaça: Embora possua um efectivo reduzido no nosso país, essencialmente por se encontrar no limite sul da sua distribuição, esta espécie não sofre actualmente de ameaças directas, sendo a ave marinha mais comum na costa portuguesa durante o Inverno. Contudo, à semelhança de outras aves marinhas, esta espécie pode ser gravemente afectada por ameaças globais como derrames de hidrocarbonetos, podendo igualmente sofrer algumas perdas em artes de pesca (ICN, 2006). Medidas de Conservação: A maioria das colónias está incluída em áreas protegidas, sendo por isso alvo de alguma vigilância e gestão (ICN, 2006). Gaivota-de-patas-amarelas, Larus cachinnans Fenologia: Em Portugal continental e nos arquipélagos dos Açores e Madeira a espécie é Residente. No estuário do Tejo ocorre como invernante raro (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal a população tem o estatuto Pouco Preocupante. A nível internacional é considerada uma espécie Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída no anexo III da convenção de Bona (ICN, 2006). Habitat: No estuário do Tejo ocorre em salinas e zonas de águas livres (Leitão et al., 1998). População: No estuário do Tejo a espécie é mais abundante na foz do estuário e na zona costeira adjacente (Leitão et al., 1998). Alcatraz-comum, Larus marinus Fenologia: No estuário do Tejo ocorre como invernante raro (Leitão et al., 1998). Habitat: No estuário do Tejo ocorre na parte mais larga do estuário, na zona entre Lisboa e a Base Aérea nº 6 do Montijo (Leitão et al., 1998).

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Família Sternidae Tagaz, Gelochelidon nilotica Fenologia: Em Portugal a espécie é estival nidificante. No estuário do Tejo ocorre como migrador de passagem raro (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal a espécie tem o estatuto de Em Perigo. A nível internacional é considerada uma espécie Vulnerável pela BirdLife International (2004) e Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída nos anexos das convenções de Berna (Anexo II), de Bona (Anexo II) e das Directivas Aves/Habitats (Anexo A-I) (ICN, 2006). Distribuição e movimentos: A espécie apresenta uma distribuição cosmopolita, mas descontínua. A subespécie Gelochelidon nilotica nilotica nidifica na Europa, África Ocidental, Médio Oriente, Manchúria, Paquistão e no Sri Lanka (Hagemeijer e Blair, 1997). Na Europa nidifica sobretudo na região do Mediterrâneo e no Mar Negro. A população europeia inverna em África: as aves da Europa Ocidental invernam possivelmente entre a Mauritânia e o Chade e as aves da Europa Oriental entre o Sudão e o Botswana (Hagemeijer e Blair, 1997). Em Portugal, ocorre no estuário do Tejo e em barragens no Alentejo (Farinha e Costa 1999), ocupando uma área inferior a 100 km2. A albufeira de Alqueva assume actualmente grande importância para a espécie (ICN dados não publicados) (ICN, 2006). Habitat: Em Portugal nidifica em zonas húmidas costeiras, barragens e arrozais. A cobertura vegetal é um factor importante como habitat de nidificação, pois os ninhos são construídos junto a tufos de vegetação. Alimenta-se voando a baixa altitude sobre a superfície a superfície da água ou em zonas abertas secas (ICN, 2006). O estuário do Tejo ocorre em arrozais, salinas e terrenos e valas da lezíria (Leitão et al., 1998). População: Nos anos 30 nidificava na ria de Aveiro e nos estuários de Sado e Mira (Tait, 1924; Coverley, 1939), mas nos anos seguintes possivelmente extinguiu-se como nidificante. Na década de 80, a espécie foi observada nalguns do Sul do país, não sendo confirmada a sua nidificação (Rufino, 1989). Em 1999 foi confirmada a sua nidificação no Alentejo (Catry, 1999). A população deve ser inferior a 250 aves (em trabalhos na região do Alqueva foram contabilizadas duas colónias com 70-80 indivíduos (Moreira, com. pess.). (ICN, 2006). No estuário do Tejo uma boa parte das observações dizem parte a aves isoladas, no entanto a 22 de Julho de 1995 foram observados 22 aves nos arrozais da lezíria da Ponta da Erva (Leitão et al., 1998). Factores de ameaça: Embora possua um efectivo reduzido no nosso país, essencialmente por se encontrar no limite sul da sua distribuição, esta espécie não sofre actualmente de ameaças directas, sendo a ave marinha mais comum na costa portuguesa durante o Inverno. Contudo, à semelhança de outras aves marinhas, esta espécie pode ser gravemente afectada por ameaças globais como derrames de hidrocarbonetos, podendo igualmente sofrer algumas perdas em artes de pesca (ICN, 2006).

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Medidas de Conservação: A maioria das colónias está incluída em áreas protegidas, sendo por isso alvo de alguma vigilância e gestão (ICN, 2006). Garajau-grande, Sterna caspia Fenologia: Em Portugal a espécie é invernante, mas também migrador de passagem. No estuário do Tejo ocorre como migrador de passagem raro (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal a espécie tem o estatuto de Em Perigo. A nível internacional é considerada uma espécie Vulnerável pela BirdLife International (2004) e Pouco Preocupante pela IUCN (1994). Está incluída nos anexos das convenções de Berna (Anexo II), de Bona (Anexo II) e das Directivas Aves/Habitats (Anexo A-I) (ICN, 2005). Distribuição e movimentos: Ocorre em todos os continentes à excepção da América do Sul e Antártida. No Paleártico Ocidental esta espécie ocorre do Báltico e Norte do Mar Vermelho até à Ásia Central. Na Europa existem três populações, ambas migradoras: mar Báltico, Norte do Mar Negro e Norte do mar Cáspio. As populações europeias invernam sobretudo na zona do rio Níger, Mali, África Ocidental, mas alguns indivíduos invernam no Mediterrâneo (Hagemeijer e Blair 1997). Em Portugal a espécie inverna sobretudo ao longo da costa algarvia: Ria formosa, sapal de Castro Marim (Farinha e Costa, 1999) (ICN, 2005). Habitat: Inverna em estuários e zonas húmidas costeiras, em particular no Algarve (ICN, 2005). No estuário do Tejo segundo Leitão et al., (1998) a espécie ocorre em águas livres e salinas. População: Inverna regularmente no Algarve, mas em reduzido número. O máximo de indivíduos contados na Ria formosa e Castro Marim foi de 52, em 1992 (Farinha e Costa, 1999). Não têm sido realizados censos sistemáticos que possam contribuir para detectar possíveis oscilações na população invernante, no entanto, não há evidências que sugiram que esteja em declínio continuado. Os indivíduos observados no país são oriundos sobretudo da Escandinávia (Farinha e Costa, 1999) (ICN, 2005). No estuário do Tejo a maioria das observações diz respeito a indivíduos isolados (Leitão et al., 1998). Factores de ameaça: A população nidificante europeia tem diminuído desde os anos 70 (Hagemeijer e Blair 1997), mas as causas não são conhecidas. A perturbação humana não é um factor importante, pois as suas colónias no mar Báltico, em regressão desde os anos 70, são protegidas e o seu acesso está vedado durante a reprodução. Uma possível causa para este declínio poderá ser a caça durante a migração e nas zonas de invernada no Mali. A pequena população que inverna no Algarve não está sujeita a ameaças particulares. Assim, a manutenção desta pequena população deverá estar dependente da conservação da espécie nas áreas de reprodução e nas principais áreas de invernada (ICN, 2005). Medidas de Conservação: São necessários estudos para determinar as causas do declínio verificado nas colónias europeias. Em Portugal, a espécie inverna sobretudo em áreas protegidas. É importante a sensibilização do público em geral, e dos

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pescadores e mariscadores do Algarve em particular, para a importância desta população (ICN, 2005). Garajau-comum, Sterna sandvicensis Fenologia: Em Portugal a espécie é invernante. No estuário do Tejo ocorre como migrador de passagem comum e invernante pouco comum (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal a espécie tem o estatuto de Quase Ameaçado. A nível internacional é considerada uma espécie Depauperada pela BirdLife International (2004) e Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída nos anexos das convenções de Berna (Anexo II), de Bona (Anexo II) e das Directivas Aves/Habitats (Anexo A-I) (ICN, 2005). Distribuição e movimentos: Apresenta uma distribuição muito alargada. A área de nidificação compreende zonas costeiras da América do Norte e do Sul, Caraíbas e Eurásia. A subespécie nominal Sterna sandvicensis sandvicensis nidifica em zonas costeiras da Europa Ocidental (França, Bélgica, Holanda, Dinamarca e Grã-bretanha), mar Báltico, mar Negro, mar Cáspio, mar de Azov e Mediterrâneo Ocidental (Hagemeijer e Blair 1997). As populações da Europa Ocidental invernam sobretudo entre a Mauritânia e a África do sul. As populações dos mares Negro, Cáspio e de Azov invernam sobretudo no mar Negro e Mediterrâneo Oriental (Hagemeijer e Blair 1997). Em Portugal os indivíduos invernantes distribuem-se ao longo da costa continental, ocorrendo sobretudo na ria de Aveiro, estuários do Tejo e Sado, ria de alvor e ria Formosa (ICN, 2005). Habitat: Inverna ao longo da orla costeira, nomeadamente em estuários e zonas húmidas (ICN, 2005). No estuário do Tejo a espécie ocorre em águas livres e salinas (Leitão et al., 1998). População: A população ocidental desta espécie, invernante na costa da península Ibérica, apresenta-se em aumento (Wetlands International, 2002). Não existem estimativas concretas da população invernante. As observações de vários ornitólogos nas diferentes zonas húmidas costeiras sugerem uma população de cerca de 1000 indivíduos, não existindo evidências que apresente declínio continuado. No, entanto desconhece-se se esta população sofre flutuações acentuadas, como acontece noutras espécies desta família. Durante o período de passagem pós-nupcial, chegam a observar-se concentrações de mais de 1000 indivíduos em zonas húmidas do litoral (Farinha e Costa, 1999). Ocorre em todo o estuário do Tejo, sendo menos abundante nas zonas a montante de Alcochete. Durante a migração pós-nupcial podem observar-se grandes dormitórios desta espécie nas salinas e praias fluviais. No complexo de salinas do Samouco, foram observados concentrações de 1000 e 700, em Agosto de 1990 e Julho de 1992, respectivamente. A 20 de Agosto de 1993 foram observados entre 1000 a 1500 indivíduos a pescar na parte mais larga do estuário, entre Lisboa e a Base Aérea nº6 do Montijo. O máximo observado nas salinas de Vasa Sacos foi de 200 indivíduos em Julho de 1992. Durante os restantes meses do ano não são geralmente observados mais de 20 indivíduos nas salinas do Samouco, nem mais de 50 entre o Montijo e Lisboa (Leitão et al., 1998). Nos Invernos de 2004/05 e 2005/06

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foram recenseados 34 e 35 aves, respectivamente. Durante o período de 2004 e 2005, foi observado um máximo de 35 aves em Julho (Rocha, dados não publicados). Factores de ameaça: Desconhece-se a dieta da espécie ao longo da costa, bem como o possível impacto que actividades como a aquacultura e pesca artesanal poderão ter nos recursos alimentares desta espécie. Não estão apontadas ameaças particulares para os locais de refúgio (ICN, 2005). Medidas de Conservação: As maiores concentrações da espécie ocorrem sobretudo em áreas protegidas. São necessários censos que localizem concretamente todas as áreas de ocorrência ao longo da orla costeira. Estudos que identificassem as principais zonas de alimentação e descanso, bem como as suas características seriam úteis para propor medidas de gestão adequadas (ICN, 2005). Gaivina, Sterna hirundo Fenologia: Ocorre como estival nidificante em Portugal continental e nos arquipélagos da Madeira e Açores. No estuário do Tejo ocorre como migrador de passagem pouco comum e estival nidificante raro (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal continental a espécie tem o estatuto de Em Perido e nas ilhas de Vulnerável. A nível internacional é considerada uma espécie Não Ameaçada pela BirdLife International (2004) e Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída nos anexos das convenções de Berna (Anexo II), de Bona (Anexo II) e das Directivas Aves/Habitats (Anexo A-I) (ICN, 2005). Distribuição e movimentos: Apresenta uma distribuição muito largada. A área de nidificação é contínua desde o noroeste europeu, através da Eurásia até à Península de Kamchatka. Encontrando-se Portugal no limite sul da área de distribuição da população nidificante europeia (Hagemeijer e Blair 1997). Nidifica igualmente na costa Leste da América do norte. Inverna na América do sul até ao sul da argentina, ao longo da costa Africana e no Leste da Austrália (Hagemeijer e Blair 1997). Em Portugal continental nidifica em números muito reduzidos, nos estuários do Tejo e Sado. No arquipélago dos açores nidifica em todas as ilhas em pequenas colónias, cujo número total varia de ano para ano (9-15 colónias). No arquipélago da Madeira distribui-se de uma forma dispersa e em colónias de reduzidas dimensões ao longo de todas as ilhas (ICN, 2005). Habitat: trata-se uma espécie costeira, contudo nidifica frequentemente ao longo de rios e em zonas húmidas no interior. Em Portugal continental nidifica em salinas e pisciculturas (Elias e Leitão, 1992). Nos Açores nidifica em praias de areia ou calhau associadas a falésias costeiras e ilhéus. Na Madeira ocorre fundamentalmente em zonas de falésias costeiras e ilhéus (ICN, 2005). No estuário do Tejo segundo Leitão et al., (1998) a espécie ocorre em águas livres e salinas. População: No passado existem registos de nidificação na ria de Aveiro (Vieira, 1904 in ICN, 2005) e no estuário do Sado (Coverley, 1939). A partir dos anos 90 a sua nidificação tem sido observada regularmente nos estuários do Tejo e Sado, mas sempre em pequenos números (menos de 10 casais). Os censos de toda a zona costeira dos Açores, realizados em 1989 permitiram estimar uma população de 4015

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casais (Monteiro et al., 1996b). No arquipélago da Madeira a população foi estimada em cerca de 250 a 2500 indivíduos. No estuário do Tejo é claramente mais abundante durante a migração pós-nupcial, tendo sido registados entre Montijo e Lisboa máximos de 20 e 30 indivíduos, nos meses de Agosto e Setembro, respectivamente. No complexo de salinas do Samouco foi contado um máximo de 130 aves em Agosto de 1992. Quanto à nidificação, foram assinalados dois casais, um nas salinas do Samouco em 1992 e outro nas salinas de Vasa Sacos em 1993 (Leitão et al., 1998). Entre nas salinas do Samouco a um casal nidificou no período de 2003/04 e 2004/05 (Rocha, dados não publicados) Factores de ameaça: a principal ameaça à conservação da espécie é a destruição do habitat de nidificação. A pequena população nidificante em Portugal pode sofrer efeitos adversos de abandono de salinas e de perturbação elevada nas pisciculturas. Nos arquipélagos dos Açores e Madeira para além da destruição do habitat de nidificação através da ocupação humana (e introdução de plantas e animais não indígenas nos Açores) e a perturbação das colónias, constituem as principais ameaças a esta espécie (ICN, 2005). Medidas de Conservação: No continente, as áreas onde a espécie nidifica são Áreas Protegidas ou Zonas de Protecção Especial (ZPE). A sensibilização do público em geral e, em particular, de salineiros e piscicultores para a conservação desta e de outras espécies em ecologia semelhante é uma medida de grande prioridade. Nos Açores a maior parte das colónias ocorre em ZPE’s, foram elaborados planos de gestão que têm que postos em prática, as prioridades à conservação da espécie passam pela erradicação de mamíferos não indígenas, restauro dos habitats naturais e monitorização das populações. Ao abrigo do projecto Life “Gestão integrada de zonas costeiras marinhas dos Açores”, foram realizados: programa experimental de erradicação de espécies não indígenas invasoras; estudo da biologia e ecologia das aves marinhas dos Açores. Na Madeira parte da sua área de ocorrência está incluída em distintas áreas protegidas (ICN, 2005). Chilreta, Sterna albifrons Fenologia: Em Portugal a espécie é estival nidificante. No estuário do Tejo ocorre como migrador de passagem comum e estival nidificante pouco comum, sendo observada entre os meses de Abril a Outubro (início) (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal a espécie tem o estatuto de Vulnerável. A nível internacional é considerada uma espécie Em Declínio pela BirdLife International (2004) e Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída nos anexos das convenções de Berna (Anexo II), de Bona (Anexo II) e das Directivas Aves/Habitats (Anexo A-I) (ICN, 2005). Distribuição e movimentos: A Chilreta tem uma distribuição cosmopolita. No Paleártico a sua área de nidificação vai desde a costa atlântica à Ásia Central, e desde o Mediterrâneo e Norte do Médio Oriente até a Fenoscândia e Rússia (BirdLife International/ European Bird Census Council, 2000). A população Europeia inverna ao longo da costa Ocidental e Oriental de África, no Mar Vermelho e Golfo Pérsico

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(Tomialojc, 1994). Em Portugal a espécie distribui-se ao longo da costa em estuários e lagoas costeiras, a Sul da ria de Aveiro. As aves que nidificam em Portugal passam o Inverno na costa atlântica de África, da Guiné aos Camarões (Farinha e Costa 1999). Habitat: Distribui-se essencialmente ao longo da faixa litoral, em zonas de baixa profundidade, nomeadamente nos estuários, lagunas costeiras, salinas, pisciculturas e lagoas costeiras. Evita vegetação densa. Reproduz-se geralmente em zonas abertas perto de água, preferindo ilhas isoladas ou penínsulas, quer em praias de areia ou seixos, lagos arenosos pouco profundos ou em pequenas ilhotas em grandes rios. Pode nidificar em zonas de salinas (ICN, 2005). No estuário do Tejo a Chilreta ocorre nas águas livres e salinas (Leitão et al., 1998). População: Os censos internacionais sugerem uma situação de estabilidade, o mesmo sucedendo em Portugal onde apesar de algumas variações pontuais, se têm mantido os efectivos populacionais nidificantes mais ou menos estáveis desde os anos 70 (Catry 2000, Catry et al., 2004). Os resultados de censos ocorridos em 2000-2002 sugerem uma estimativa de cerca de 440 casais (Catry 2000; Catry et al., 2004). No estuário do Tejo é mais abundante durante a migração pós-nupcial. Entre o Montijo e Lisboa foram registados máximos de 50 indivíduos em Julho de 1992 e Agosto de 1991 e 280 em Setembro de 1993. Nas salinas do Samouco em 1992 foram observados 500, 650 e 44 indivíduos em Julho, Agosto e Setembro, respectivamente, enquanto que em Julho de 1993 foram registados 553 indivíduos. Nas salinas de Vasa Sacos registaram-se máximos de 150 e 250 indivíduos em Julho e Agosto de 1992, respectivamente. Em 2004 durante no período entre Abril a Agosto foram observadas em média 68,4 aves, surgindo um máximo de 189 aves em Julho (Rocha, dados não publicados). O primeiro registo de nidificação da espécie no estuário do Tejo refere-se a três casais nas salinas do Samouco em 1985. Em 1993 foram registados 46 casais, dos quais 28 estavam localizados no areal do Bugio e os restantes 18 em salinas entre o Samouco e Vasa Sacos (Leitão et al., 1998). No período entre 1995 e 2005 a espécie nidificou nas salinas do Samouco apresentando uma população reprodutora média de 28 casais, obtendo como mínimo 1 casal em 1999 e 2001 e um máximo em 2005 de 74 casais (Rocha, dados não publicados). Neste último ano o sucesso de eclosão dos ovos foi de 42% (Rocha, 2005). Factores de ameaça: A pressão turística nos locais de nidificação. As praias estão sujeitas a grande exploração turística, provocando não só o abandono dos locais de nidificação em resultado da perturbação, mas também a destruição dos ninhos em consequência do pisoteio; O abandono e reconversão da actividade salineira tradicional. A transformação, abandono ou destruição de salinas, importante habitat de alimentação e de nidificação, deixa esta espécie em muitos casos, sem habitats alternativos; A predação por gaivotas, cães e gatos domésticos que, ao alimentarem-se dos ovos, provocam importante redução no sucesso reprodutor da espécie; A poluição da água, por efluentes domésticos, industriais e agrícolas. A utilização de adubos, pesticidas e herbicidas nas zonas de alimentação e reprodução, contaminam os recursos alimentares (ICN, 2005).

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Medidas de Conservação: As medidas de conservação da espécie passam: - Efectuar a protecção efectiva das zonas mais importantes de reprodução evitando a sua ocupação por actividades turísticas ou promovendo a criação de reservas integrais nas principais áreas de nidificação; - Manter as salinas em actividade e efectuar gestão adequada das salinas abandonadas; - Reduzir a predação, nomeadamente pela construção de cercas eléctricas à volta das colónias, nos locais de nidificação e controlando os animais assilvestrados; - Construir cercados ou locais abrigados para protecção dos juvenis da predação, de forma a aumentar o sucesso de nidificação; - Criar praias artificiais de substrato arenoso e ilhas artificiais em salinas abandonadas; - Atrair a espécie para habitats potenciais de nidificação protegidos da perturbação humana e de predadores; - Manter e melhorar a qualidade da água pelo tratamento eficaz das descargas de efluentes; - Restringir o uso de agro-químicos e adoptar técnicas alternativas; - Promover estudos sobre aspectos básicos da biologia da espécie (ecologia, movimentos, requisitos de habitat e recursos alimentares); - Monitorizar os efectivos nidificantes; - Efectuar campanhas de sensibilização ambiental para as populações e autoridades competentes, nomeadamente para prevenir o pisoteio e a perturbação junto das colónias; -Elaborar os planos de gestão / ordenamento dos locais de que a espécie depende, nomeadamente das ZPE’s mais importantes para a espécie (ICN, 2005). Gaivina-dos-pauis, Chlidonias hybridus Fenologia: Em Portugal a espécie é estival nidificante. No estuário do Tejo ocorre como migrador de passagem pouco comum e invernante raro, sendo observada sobretudo entre os meses de Março a Abril (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal a espécie tem o estatuto de Criticamente Em Perigo. A nível internacional é considerada uma espécie Depauperada pela BirdLife International (2004) e Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída nos anexos da convenção de Berna (Anexo II) e das Directivas Aves/Habitats (Anexo A-I) (ICN, 2005). Distribuição e movimentos: A sua área de distribuição é alargada, estendendo-se da Europa à Austrália. Na Europa, a espécie encontra-se dispersa pelo Sul e Leste. As populações da Europa Ocidental migram para a África Ocidental, embora algumas aves invernem no Sul da Europa. As populações da Europa de leste invernam no delta do Nilo Austrália (Hagemeijer e Blair, 1997). A sua distribuição em Portugal Continental, situa-se na zona centro sul do país, onde frequenta pequenos pauis ou lagoas. Existem poucas confirmações da sua nidificação, sendo normalmente inconstante. Em 1995 foi confirmada a nidificação em Salreu, ria de Aveiro (Neto e Meireles, 1999). O Paul do Boquilobo constitui a principal zona húmida nacional para esta espécie (ICN, 2005). Habitat: Frequenta normalmente zonas com abundante vegetação aquática flutuante. Inclui estuários, salinas, arrozais, pauis e açudes. Nidifica em massas de água naturais ou artificiais, seleccionando locais com água moderadamente profunda. Em condições naturais as colónias de gaivinha-dos-pauis, preferem vegetação flutuante

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em águas paradas ou com pouca corrente, de preferência límpida, lagos, estuários e por vezes pântanos (ICN, 2005). No estuário do Tejo é observada em canais de águas livres, salinas, valas da lezíria e arrozais. A expansão da área ocupada por arrozais na lezíria da Ponta da Erva parece favorecer a ocorrência da espécie na zona (Leitão et al., 1998). População: O carácter de nidificação irregular desta espécie dificulta a detecção de tendências nas estimativas populacionais. Contudo, trata-se de uma espécie com área de ocupação muito reduzida e que tem sofrido declínio da qualidade do seu habitat, da área de ocupação e do número de localizações (ICN, em prep.). Segundo Farinha e Costa (1999) a estimativa populacional para 1991, foi entre 40 e 200 indivíduos. A população do Paul do Boquilobo foi acompanhada entre 1980 e 1995, situando-se entre alguns e 240 indivíduos, o que reflecte o carácter de nidificação irregular desta espécie (Catry et al., 1997). A maioria das colónias europeias raramente excede os 50 casais (Van der Winden 1997). Na Ponta da Erva em 22 de Julho de 1995 foram observados 75 indivíduos (Leitão et al., 1998). Factores de ameaça: A drenagem dos pântanos resulta na perda de habitat favorável para a nidificação e para a alimentação; A regularização intensiva dos rios. A gestão desajustada dos cursos de água, especialmente pisciculturas, reservatórios e alguns estuários de grandes rios, envolvendo reduções drásticas e regulares da vegetação flutuante emergente; O aumento da pressão turística e dos desportos aquáticos junto às colónias de nidificação, provoca a perda dos locais de nidificação; A colisão com linhas aéreas de transporte de energia pode ser um importante factor de mortalidade, particularmente em dias de fraca visibilidade, quando aquelas estruturas são colocadas perto das áreas utilizadas pela espécie ou nas suas rotas de migração; A instalação de parques eólicos em corredores importantes para a migração e dispersão de aves pode constituir um importante factor de mortalidade da espécie através da colisão nas pás dos aerogeradores (ICN, 2005). Medidas de Conservação: A conservação desta espécie passa por: - Recuperar e conservar as zonas húmidas de características ajustadas à espécie, mantendo os cursos de água com bom desenvolvimento da vegetação emergente e flutuante; - Estabelecer um perímetro de protecção nos locais de nidificação contra a perturbação humana; - Criar plataformas artificiais em cursos de água geridos intensivamente, proporcionando locais apropriados para a nidificação; - Proibir a instalação de linhas eléctricas de transporte de energia nas áreas mais importantes para a espécie, e equipar as linhas eléctricas existentes, e que se revelem mortíferas para a espécie, com sinalizadores anti-colisão; - Condicionar a instalação de parques eólicos nas áreas mais importantes para a migração e dispersão da espécie. - Desenvolver estudos de monitorização do impacte das linhas eléctricas de transporte de energia já existentes, de forma a conhecer o seu efeito na população nacional destas aves; Promover estudos sobre aspectos básicos da biologia da espécie (ecologia, movimentos, requisitos de habitat e recursos alimentares); - Monitorizar os efectivos

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nidificantes; - Elaborar os planos de gestão / ordenamento dos locais de que a espécie depende, nomeadamente das ZPE’s mais importantes para a espécie (ICN, 2005). Gaivina-preta, Chlidonias niger Fenologia: Em Portugal a espécie é estival nidificante. No estuário do Tejo ocorre como migrador de passagem pouco comum, sendo observada sobretudo entre os meses de Abril a Maio e entre Julho a Outubro (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal tem o estatuto de Não Ameaçada. Está incluída nos anexos da convenção de Berna (Anexo II) e das Directivas Aves/Habitats (Anexo I-A) (SNPRCN, 1990). Habitat: No estuário do Tejo ocorre em canais e águas livres, salinas, valas da lezíria e arrozais (Leitão et al., 1998). População: É mais abundante durante a migração pós-nupcial. No troço Montijo/Lisboa os registos de Abril e Maio nunca vão além dos 10 indivíduos, enquanto em Agosto e Setembro já foram observados cerca de 60 indivíduos. Nas salinas do Samouco foram registados 93 aves em Setembro de 1992 (Leitão et al., 1998) e 10 aves em Agosto de 2005 (Rocha, dados não publicados)

1.3.2.2.10 Ordem Columbiformes Família Columbidae Pombo-bravo, Columba oenas Fenologia: Em Portugal a espécie é residente e invernante. No estuário do Tejo ocorre como migrador de passagem pouco comum e invernante raro, sendo observada sobretudo entre os meses de Janeiro a Fevereiro e entre Outubro e Novembro (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal a espécie tem o estatuto de Informação Insuficiente. A nível internacional é considerada uma espécie Não Ameaçada pela BirdLife International (2004) e Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída nos anexos da convenção de Berna (Anexo III), da Directiva Aves/Habitats (Anexo D) e incluída na Lei de Bases de Caça (ICN, 2005). Distribuição e movimentos: O pombo-bravo distribui-se por quase toda a Europa, desde o mediterrâneo até ao sul da Escandinávia e ainda Norte de África, Irão, Mar Cáspio e Sibéria Ocidental (del Hoyo et al., 1997 in ICN, 2005). Em Portugal a população nidificante tem uma distribuição muito fragmentada, apresentando núcleos de nidificação pouco numerosos e descontínuos, localizando-se mais alargado no extremo Nordeste (ICN, dados não publicados). Como invernante, a sua distribuição é pouco conhecida. No Baixo Alentejo, de Inverno, é mais abundante na metade oriental, estando ausente da faixa costeira e das serras na fronteira com o Algarve (Elias et al., 1998). Habitat: No Norte frequenta soutos e carvalhais com árvores velhas (Rufino, 1989 in ICN, 2005), sendo observado em alimentação em terrenos lavrados, pousios, prados e

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lameiros na proximidade de soutos (Patacho, 1998). No Centro e Sul do país ocorre em montados de sobro e de azinho abertos, zonas acidentadas com estevais e montados, terrenos agrícolas e pousios (Elias et al., 1998). Nidificam em árvore, mas também em construções (ICN, 2005). No estuário do Tejo, ocorre em terrenos cultivados nas proximidades de áreas florestadas (Leitão et al., 1998). População: De acordo com Rufino (1989) a população nidificante será possivelmente residente e durante o Inverno acresce uma população migradora proveniente do Norte da Europa, como sugerem os dados de anilhagem (Elias et al., 1998). Desconhece-se o tamanho exacto da população nacional de pombo-bravo, que não tem sido alvo de censos dirigidos durante a época de nidificação ou de invernada. Normalmente são observados no estuário do Tejo um máximo de 10 a 20 pombos-bravos, contudo de forma excepcional a 22 de Outubro de 1991 observaram-se cerca de 300 aves em (Leitão et al., 1998). Factores de ameaça: em Portugal não são bem conhecidos os factores de ameaça. Em Espanha, a pressão cinegética e a redução dos locais de nidificação, por eliminação de árvores mais velhas e ruína de construções rurais, são os principais factores limitantes da espécie (Fernández e Bea, 2003). Medidas de Conservação: Não foram identificadas medidas de conservação específicas, para além das normas gerais de protecção das aves e dos seus habitats. Importa assegurar a monitorização das suas populações e apurar estatísticas de caça fiáveis. É também necessário obter mais informação sobre a biologia e ecologia da espécie (ICN, 2005). Pombo-torcaz, Columba palumbus Fenologia: Em Portugal continental residente e migrador de passagem, nos arquipélagos dos Açores e da Madeira é residente. No estuário do Tejo ocorre como residente nidificante pouco comum e invernante comum (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal continental a espécie tem o estatuto de Pouco Preocupante e Informação Insuficiente e Regionalmente Extinto, nos Açores e na Madeira, respectivamente. A nível internacional é considerada uma espécie Não Ameaçada pela BirdLife International (2004) e Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída nos anexos D e A-I (a subespécie Columba palumbus azorica) da Directiva Aves/Habitats (Anexo D) e incluída na Lei de Bases de Caça (ICN, 2005). Distribuição e movimentos: Espécie com distribuição alargada na Europa e na Ásia, estendendo-se para oriente até aos Urais e à Ásia central, e para sul até Omã. Na Europa o pombo-torcaz esteve uma expansão marcada desde o século XIX, nidificando ocasionalmente na Islândia (Cramp, 1985). Habitat: Ocupa preferencialmente zonas florestadas de pinheiro Pinus spp. E faia Myrica faya e zonas de mata de urze Erica azorica e cedro-do-mato Juniperus brevifolia (Bannerman e Bannerman, 1966 in ICN, 2005). No estuário do Tejo ocorre preferencialmente em montados de sobro e pinhais (Leitão et al., 1998). População: Não existem dados sobre a sua abundância em Portugal continental e no arquipélago dos Açores. No continente existem populações numerosas e com

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distribuição alargada. Nos Açores ocorre a subespécie endémica Columba palumbus azorica e na Madeira ocorria a subespécie endémica C. p. madeirensis, actualmente extinta. Na zona de Pancas foi observado um máximo de cerca de 50.000 aves em 28 de Novembro de 1991. No mesmo local em 21 de Fevereiro de 1992 foram observados 10.000 aves. No entanto, o número de aves é habitualmente muito mais reduzido (Leitão et al., 1998). Factores de ameaça: Nos Açores a substituição em larga escala de áreas de floresta natural por zonas de pastagem e a caça ilegal constituem as principais ameaças para a população do arquipélago (ICN, 2005). Medidas de Conservação: Parte da área de distribuição da espécie nos Açores situa-se em Reservas Florestais Naturais e em Zonas de Protecção especial. Nesta Região a conservação da espécie passa pelo estudo do estatuto taxonómico da população de pombo-torcaz dos Açores, nomeadamente através de padrões biométricos, de variabilidade genética, distribuição e tendências populacionais no arquipélago (ICN, 2005). Rola-brava, Streptopelia turtur Fenologia: Em Portugal a espécie é residente e migradora de passagem. No estuário do Tejo ocorre como migrador de passagem pouco comum e estival nidificante raro (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal tem o estatuto de Pouco Preocupante. A nível internacional Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída nos anexos da convenção de Berna (Anexo III), CITES (Anexo A) e da Directiva Aves/Habitats (Anexo D) e incluída na Lei de Bases de Caça (ICN, 2005). Distribuição e movimentos: Espécie distribuída praticamente por todo o país, sendo mais abundante no norte do país, nomeadamente em Trás-os-Montes (Rufino, 1989). Habitat: Frequenta habitats mistos, particularmente associações de culturas arvenses ou outras agrícolas, com manchas de vegetação arbórea, sejam matas de coníferas, matas ribeirinhas ou bosques de carvalhos. Ocorre ainda em parques de grandes dimensões e em montados (Rufino, 1989). No estuário do Tejo ocorre preferencialmente em biótopos florestados, mas também em restolhos de cereal e cultivos de girassol (Leitão et al., 1998). População: O maior bando observado foi de 150 aves em 2 de Setembro de 1992 (Leitão et al., 1998). Factores de ameaça: A diminuição gradual da população verificada nos últimos anos, deve estar relacionada com as áreas de invernada e com a excessiva pressão de caça (Rufino, 1989). Medidas de Conservação: Importa assegurar a monitorização das suas populações e apurar estatísticas de caça fiáveis. Rola-turca, Streptopelia decaoto Fenologia: Em Portugal a espécie é residente. No estuário do Tejo ocorre como residente e nidificante comum (Leitão et al., 1998).

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Estatuto de Protecção: Em Portugal tem o estatuto de Pouco Preocupante. A nível internacional Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída no anexo III da convenção de Berna (ICN, 2005). Habitat: Na Península Ibérica parece preferir as zonas portuárias de descarga de cereais e os parques urbanos pouco movimentados e bem desenvolvidos (Rufino, 1989). Ocorre nas imediações dos centros urbanos e nos seus jardins, nomeadamente na vila de Alcochete.

1.3.2.2.11 Ordem Cuculiformes Família Cuculidae Cuco-rabilongo, Clamator glandarius Fenologia: Em Portugal a espécie é estival nidificante. No estuário do Tejo ocorre como estival nidificante raro, sendo observado de forma descontínua entre os meses de Março a Agosto (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção Em Portugal o cuco-rabilongo é uma espécie prioritária em termos conservacionistas, apresentando um estatuto Vulnerável. A nível internacional é considerada uma espécie Não Ameaçada pela BirdLife International (2004) e Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluído no anexo II Directiva Aves/Habitats (ICN, 2005). Distribuição e movimentos: Distribui-se pela Europa do sul, Turquia, Irão, Iraque e Médio Oriente até ao Egipto e Norte de África. Ocorre ainda na África subsariana, do Senegal e Libéria até ao Sudão, Eritreia, Etiópia, Somália, Quénia, Tanzânia, Angola e África do Sul (del Hoyo et al., 1996). A população inverna em África. Em Portugal a espécie ocupa uma faixa mais interior de Norte a Sul do país (ICN, 2005). Habitat: Em Portugal a espécie frequenta habitats mistos de bosques de zonas abertas (mato, culturas arvenses e pousios) e, por vezes, montados abertos, parasita sobretudo da pega e da gralha-preta (Rufino 1989). No estuário do Tejo ocorre preferencialmente em sebes de arbustos e em montado disperso (Leitão et al., 1998). População: Admite-se que a população de cuco-rabilongo esteja em declínio continuado. Com efeito, na década de 80 a espécie era pouco abundante em toda a sua área de distribuição e mais comum nas zonas do interior do que na proximidade do litoral (Rufino, 1989,). Esta situação acentuou-se, verificando-se que terá ocorrido uma contracção da sua área de ocorrência, agora restringida à faixa interior (ICN, dados não publicados). As observações de campo sugerem uma redução do número de aves, na ordem dos 30% nos últimos 10 anos, tendência que se poderá manter no futuro próximo. A população nacional foi estimada como contendo entre 1.000 e 10.000 indivíduos (ICN, 2005). Factores de ameaça: Não estão identificados factores de ameaça específicos à conservação desta espécie em Portugal (ICN, 2005). Medidas de Conservação: Não foram identificadas medidas de conservação específicas, para além de normas gerais de protecção das aves e dos seus habitats. A

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conservação desta espécie beneficiará com a manutenção de áreas agro-silvo-pastorís extensivas. Dado que esta espécie depende dos seus hospedeiros para se reproduzir, a sua conservação depende da manutenção dessas espécies num estado favorável. Deve ser assegurada a monitorização das tendências na distribuição e no tamanho da população desta espécie (ICN, 2005). Cuco, Cuculos canorus Fenologia: Em Portugal a espécie é estival nidificante. No estuário do Tejo ocorre como estival nidificante pouco comum, sendo observado sobretudo entre os meses de Março a Junho (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção Em Portugal o cuco apresenta um estatuto Pouco Preocupante. A nível internacional é considerado uma espécie Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluído no anexo III Directiva Aves/Habitats (ICN, 2005). Distribuição e movimentos: Espécie bem distribuída por todo o país (Rufino, 1989). Habitat: Frequenta praticamente todos os habitats disponíveis em Portugal, excepto floresta densa, em particular de pinheiro e eucalipto. Evita ainda os andares superiores das serras e as zonas urbanas. Parece preferir habitats mistos (Rufino, 1989). No estuário do Tejo ocorre em todas as zonas que possuam árvores bem desenvolvidas e em montado disperso (Leitão et al., 1998). População: A sua abundância varia sobretudo com o habitat utilizado, não parecendo existir diferenças significativas entre o norte e o sul (Rufino, 1989).

1.3.2.2.12 Ordem Strigiformes Família Tytonidae Coruja-das-torres, Tyto alba Fenologia: Em Portugal a espécie é residente e invernante. No estuário do Tejo ocorre como invernante comum e estival nidificante pouco comum (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal a espécie tem o estatuto de Pouco Preocupante. A nível internacional é considerada uma Pouco Preocupante pela IUCN (2001 in ICN, 2005). Está incluída nos anexos da convenção de Berna (Anexo II) e CITES (Anexo II-A) (ICN, 2005). Distribuição e movimentos: Espécie de distribuição cosmopolita, bem distribuída no continente europeu, onde apenas se encontra ausente no extremo norte, nos Pirinéus e nos Alpes (Cramp, 1985). Os movimentos de maior extensão, que envolvem um maior número de indivíduos, ocorrem principalmente nas populações do Norte da Europa, levando algumas aves a invernar na Península Ibérica (Elias et al., 1998). Em Portugal ocorre por todo o país, sendo aparentemente mais comum no centro e sul (Rufino, 1989). Habitat: Segundo Tomé (1994 in ICN, 2005), a espécie está associada a biótopos abertos (como pastagens e terrenos agrícolas) ou semiabertos (como montados pouco densos). Nas zonas agrícolas ou em áreas reflorestadas ocorre apenas em zonas com

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extensa rede de corredores de alimentação (pastagens), situadas ao longo das margens de valas de drenagem, rios e sebes (Shawyer 1994) ou semiabertos (como montados pouco densos). Nas zonas agrícolas ou em áreas reflorestadas ocorre apenas em zonas com extensa rede de corredores de alimentação (pastagens), situadas ao longo das margens de valas de drenagem, rios e sebes (Shawyer 1994). Procura alimento na berma de auto-estradas (Cramp 1985). Em áreas mais agricultadas, os restolhos de milho e girassol são particularmente seleccionados durante o Outono e Inverno (Elias et al., 1998). Nidifica em quintas, montes, moinhos, celeiros, ruínas e igrejas, e mesmo em grandes povoações. Ocorre ainda em montados de azinho e em soutos, onde cria em cavidades de árvores (Rufino 1989). No estuário do Tejo ocorre em campos cultivados, pastagens da lezíria e montados de sobro (Leitão et al., 1998). Segundo Tomé (1994) os restolhos de girassol e de milho são os biótopos preferenciais da espécie no estuário do Tejo durante o Outono e Inverno. Durante a Primavera, as corujas seleccionam sobretudo as pastagens primaveris, preferindo sobretudo os restolhos de forragem no Verão. População: Nos últimos anos as populações de coruja-das-torres têm apresentado, na globalidade, um declínio moderado na Europa, embora em Espanha se verifique declínio acentuado. Em Portugal a população residente é considerada estável (BirdLife International 2004 in ICN, 2005) podendo a população invernante apresentar flutuações. Por comparação dos dados dos dois Atlas das Aves que nidificam em Portugal Continental verifica-se que não há alteração na sua área de distribuição (Rufino 1989, ICN em prep). Embora não sejam efectuados censos a nível nacional, mas apenas localizados, a população nacional de coruja-das-torres está estimada em 2000-6000 casais (BirdLife International, 2004). A população nidificante no estuário do Tejo poderá situar-se entre os 5 e os 10 casais. Fora da época de cria pode observar-se um grande aumento do número de indivíduos presentes na zona (Leitão et al., 1998). A população da espécie na zona da Ponta da Erva é relativamente reduzida (talvez devido à falta de locais propícios à nidificação), não deve de ultrapassar os 10 casais. Esta zona é sobretudo frequentada por aves juvenis em dispersão, registando-se a máxima abundância no período outonal (talvez pela grande disponibilidade de recursos tróficos). A maior parte das aves permanecerá na Ponta da Erva por um curto período de tempo, abandonando-a de seguida, provavelmente em busca de uma área mais propícia à nidificação (Tomé, 1994). Factores de ameaça: A intensificação da agricultura resulta na redução do mosaico agrícola com decréscimo da diversidade de habitat e traduz-se em diminuição na disponibilidade alimentar (Shawyer, 1994). A demolição e reconversão de edifícios antigos, juntamente com o aumento da ocupação humana nos edifícios, reduzem seriamente as oportunidades de nidificação e de dormida da espécie (Shawyer, 1994). O aumento da utilização de agro-químicos, provoca uma diminuição das populações presa e uma redução da eficácia reprodutiva, nomeadamente devido a uma diminuição da espessura da casca do ovo. A crescente mecanização na agricultura resulta no desaparecimento de terrenos com uma elevada disponibilidade de presas e locais de dormida (Shawyer, 1994). O abate ilegal e a pilhagem de ninhos constituem factores

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de mortalidade da coruja-das-torres, que por ser uma ave nocturna continua a estar associada a superstições. A colisão com viaturas que ocorre nas estradas, continua a levar à morte inúmeras aves, tendo para isso contribuído o aumento do volume e velocidade do tráfego automóvel. Numa paisagem agrícola, a pouca ou nenhuma gestão das bermas das estradas, permite a colonização de vegetação silvestre, desenvolvendo-se habitats de orla pouco perturbados, propícios para os micro mamíferos e outras espécies de presas essenciais para a coruja-das-torres (Shawyer, 1994) elevando assim a probabilidade de colisão com viaturas. O uso de iscos envenenados para eliminar espécies prejudiciais à agricultura, nomeadamente às sementeiras, como é o caso dos roedores, pode conduzir à morte da coruja-das-torres, visto a sua dieta ser essencialmente constituída por estas espécies. Medidas de Conservação: As medidas de conservação da espécie passam por manter os efectivos populacionais, manter a presença de população invernante no país e conservar as áreas de reprodução, dormida/refúgio e alimentação. Para isso é necessário: - Promover os sistemas agrícolas extensivos, nomeadamente a policultura e os sistemas cerealíferos tradicionais, indispensáveis à manutenção das populações presa da espécie; - Diminuir actos de pilhagem de ninhos/juvenis através da vigilância activa no período de nidificação; - Realização de acções de esclarecimento sobre a espécie junto do público em geral; - Fiscalizar as actividades cinegéticas; - Implementar normas de gestão cinegética nas áreas de habitat destas espécies em AC’s (Áreas de Caça); - Prevenir a mortalidade por colisão nas estradas através da implementação de medidas minimizadoras; - Restringir o uso de pesticidas, nomeadamente por utilização de substâncias mais facilmente degradáveis, cujo impacto ambiental não seja tão nefasto; - Monitorização de parâmetros populacionais (avaliação das tendências na distribuição e tamanho da população). A estratégia de conservação de Tyto alba na área da Ponta da Erva (e em locais de utilização agrícola e pecuária semelhante) deverá incluir a manutenção das faixas de vegetação natural existentes entre cultivos (em valas, sebes e junto às cearas), a conservação do mosaico paisagístico existente compreendo pastagens naturais e cultivos agrícolas, a implementação de caixas-ninho e manutenção dos locais potenciais de nidificação, o controlo rigoroso na aplicação de pesticidas e o não alargamento da rede viária alcatroada para o interior desta área (Tomé, 1994). Família Strigidae Mocho-galego, Athene noctua Fenologia: Em Portugal a espécie é residente. No estuário do Tejo ocorre como residente nidificante pouco comum (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal a espécie tem o estatuto de Pouco Preocupante. A nível internacional é considerada uma Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída nos anexos da convenção de Berna (Anexo II) e CITES (Anexo II-A) (ICN, 2005). Distribuição e movimentos: Distribui-se por todo o país (Rufino, 1989).

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Habitat: Frequenta uma grande diversidade de habitats, sobretudo em planície e planalto, ocorrendo com menos frequência nas zonas montanhosas, acima dos 1.000 metros. Nidifica em terrenos abertos e sem árvores, paisagens mistas de terreno agrícola com árvores e mesmo em jardins de grandes dimensões em zonas urbanas. Pode construir o ninho em árvores, buracos em paredes ou mesmo em montes de pedras (Rufino, 1989). No estuário do Tejo ocorre sobretudo em zonas de montado de sobro, associadas ou não a habitações humanas (Leitão et al., 1998). População: Aparentemente é mais abundante ao sul no Tejo do que no resto do país, sendo particularmente abundante em olivais (Rufino, 1989). Coruja-do-mato, Strix aluco Fenologia: Em Portugal a espécie é residente. No estuário do Tejo ocorre como residente nidificante pouco comum (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal a espécie tem o estatuto de Pouco Preocupante. A nível internacional é considerada uma Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída nos anexos da convenção de Berna (Anexo II) e CITES (Anexo II-A) (ICN, 2005). Distribuição e movimentos: Aparentemente é mais abundante no Centro - Sul do país (Rufino, 1989). Habitat: É uma espécie que se encontra associada à floresta e ao bosque, embora evite as grandes manchas florestais, em particular as de resinosas. Trata-se de uma espécie da orla da floresta, nidificando nas proximidades de terrenos agrícolas. Não frequenta zonas abertas, como culturas arvenses e matos (Rufino, 1989). No estuário do Tejo ocorre em zonas com árvores bem desenvolvidas, nomeadamente montados de sobro e pinhais (Leitão et al., 1998). Bufo-pequeno, Asio otus Fenologia: Em Portugal continental e arquipélago dos Açores a espécie é residente. No estuário do Tejo ocorre como residente nidificante raro (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal continental e Açores a espécie tem o estatuto de Informação Insuficiente. A nível internacional é considerada uma espécie Não Ameaçada pela BirdLife International (2004) e Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída nos anexos da convenção de Berna (Anexo II) e CITES (Anexo II-A) (ICN, 2005). Distribuição e movimentos: Ocorre no Holártico, com uma distribuição desde aproximadamente o Círculo Polar Árctico até ás regiões mediterrânicas e de estepe. No Paleártico nidifica desde as ilhas Britânicas, Península Ibérica e Marrocos até ao extremo leste da Sibéria, Kamchatka e Japão e de Norte para sul desde a Escandinávia e Sibéria até ao noroeste de África, Ásia Menor, região do sudeste do Mar Cáspio, com bolsas no norte do Paquistão, índia e sudoeste da China (Sibley e Monroe 1990, Cramp 1998). As populações do norte do Paleártico, são migradoras, invernando no Egipto, norte da Índia e no Sul da china, enquanto que as meridionais são principalmente sedentárias (Cramp 1998). Nidifica sobretudo em quase todo o

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território continental nacional, com uma distribuição provavelmente não tão dispersa como indicada no atlas (Rufino 1989, Reino 1994, Lourenço et al., 2001, ICN dados não publicados). Nos Açores a espécie ocorre em todos os grupos do arquipélago (ICN, 2005). Habitat: Em Portugal continental o habitat da espécie é constituído por pinhais (Pinus ssp.), carvalhais (quercus spp.), pequenos soutos (Castanea sativa), matas ribeirinhas (Rufino 1989, Silva 1998, Petronilho 2001a,b in ICN, 2005) e por montados de azinho (Q. rotundifolia) abertos, com sobreiros (Q. suber) e pinheiros no sul (Cruz et al., 1994, Godinho, com. pess). Tem sido observada a nidificação em ninhos antigos de aves de rapina diurnas, principalmente, construídos em pinheiros, sobreiros e azinheiras (Cruz et al., 1994, Petronilho 2001a, Godinho, com. pess). Nos açores, ocorre em zonas de bosques ou floresta, nomeadamente de coníferas (ICN, 2005). No estuário do Tejo ocorre em zonas florestais e terrenos abertos da lezíria. A maior parte das observações provêm da zona das lezírias, onde por vezes é detectado de noite pousado em postes de vedações ou nas escassas árvores ali existentes. Em 1994 foi possível confirmar a sua nidificação na zona de Pancas (Leitão et al., 1998). População: As características da espécie, nomeadamente ser muito discreta e a grande irregularidade na nidificação, tornam difícil estimar o tamanho da população. É referida como uma ave rara ou pelo menos pouco abundante e localizada (Rufino 1989, Reino 1993, ICN dados não publicados). A tendência da população desta espécie em Portugal é desconhecida, mas de acordo com as observações a nível local, deve ser irregular ou flutuante, com oscilações inter ou plurianuais (ICN, 2005). Factores de ameaça: As ameaças a esta espécie no nosso país não são bem conhecidas. A competição com a coruja-do-mato, pelo espaço, plataformas de nidificação e alimentação pode ser um factor limitante desta espécie (Fajardo e Babiloni 1996, Cortés e Martí 2003, entre outros). O envenenamento na sequência de campanhas de controlo e extermínio de pragas de roedores na agricultura, nas arborizações florestais e nas lixeiras constitui uma ameaça potencial. Morte por colisão com em linhas eléctricas (Onofre, dados não publicados) ou por colisão com automóveis poderá também constituir um factor de mortalidade não-natural. Também é provável que o abate ilegal ainda seja um importante factor de ameaça, tendo em conta o número de exemplares embalsamados encontrados em vários pontos do país (Palma 1985, Cruz et al., 1994). A destruição por incêndio ou corte de manchas de pinhal e bosquetes ribeirinhos, onde existam ninhos de aves de rapina e de corvídeos e que constituem locais de nidificação para a espécie, actuais ou potenciais, constituem um factor de perda ou degradação de habitat. O abate da gralha-preta, para correcção de densidades ou a sua eventual integração na lista de espécies cinegéticas exploráveis, afectará negativamente o bufo-pequeno, pois diminuirá a disponibilidade de plataformas naturais de nidificação em arvora a médio prazo (ICN, 2005). Medidas de Conservação: A conservação da espécie pode ser assegurada através das seguintes medidas: - dinamização de campanhas de sensibilização ambiental e de conservação das aves de rapina, dirigidas a caçadores, guardas e gestores de caça,

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proprietários florestais e público em geral, afim de minimizar o abate ilegal e roubo de ninhos; - a adopção e divulgação de boas práticas agrícolas e florestais, nomeadamente a minimização do corte de árvores com ninhos de corvídeos e aves de rapina; - implementação de medidas de controlo da venda e do uso de substâncias tóxicas para o controle de roedores; - No Centro e Norte e ainda nas serras do Sul, deverá ser condicionado o corte de linhas ou cortinas de arvoredo, nomeadamente ripícolas, e no caso das pequenas manchas de pinheiro-bravo devem ser realizados apenas cortes selectivos; - No Sul, a conservação do seu habitat passa por ordenar e fiscalizar as podas de arvoredo de montados. A conservação do habitat pode ser obtida através de uma maior divulgação das medidas Agro-ambientais; Não deverá ser permitida a inclusão da gralha-preta como espécie cinegética, e por outro lado as acções de correcção de densidades dessa espécie só deve ser autorizada pelas autoridades competentes após um estudo prejuízos/impacte no bufo-pequeno; - Deve ser reforçada a fiscalização relativamente ao abate ilegal e roubo de ninhos; - Importa realizar censos e monitorizações periódicas, e aprofundar aspectos da sua biologia e ecologia; - Deve ser feita a monitorização da mortalidade nas linhas eléctricas e a correcção das mesmas, sempre que tal se justifique (ICN, 2005). Coruja-do-Nabal, Asio flammeus Fenologia: Em Portugal a espécie é invernante. No estuário do Tejo ocorre como invernante raro, é pode ser observado entre os meses de Outubro a Março (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal a espécie tem o estatuto de Em Perigo. A nível internacional é considerada uma espécie Depauperada pela BirdLife International (2004) e Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída nos anexos da convenção de Berna (Anexo II), CITES (Anexo II-A) e das Directivas Aves/Habitats (Anexo A-I) (ICN, 2005). Distribuição e movimentos: A coruja-do-nabal tem uma distribuição circumpolar, estendendo-se pela região holárctica (Lindberg 1994). No Paleártico Ocidental, a espécie nidifica no Norte da Europa, e em populações mais fragmentadas, na Europa Central e Sudeste europeu, ocorrendo nestas áreas unicamente durante os anos de elevada densidade de roedores ou quando o alimento é limitado na zona Norte da sua área de distribuição (Cramp 1985, Lindberg 1994). A coruja-do-nabal inverna no sul da sua área de nidificação, nomeadamente no Mediterrâneo, e também no Norte de África, Índia e Ásia Oriental. Espécie caracterizada sobretudo, pelos seus hábitos dispersivos e pelas grandes migrações que efectua (Cramp 1985). Em Portugal, esta espécie ocorre por todo o território continental em baixas densidades e de forma algo localizada, conhecendo-se alguns locais tradicionais de ocorrência, nomeadamente zonas estuarinas onde se verifica a sua ocorrência associada a sapais e a salinas, registando-se a sua presença também em certos locais do interior, como por exemplo, Moura (Elias et al., 1998). De acordo com Tomé et al., (1994) o estuário do Sado deve ser um dos principais locais de invernada.

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Habitat: No Inverno procura zonas baixas junto à costa, por vezes em pequenos grupos e, em áreas abertas tais como, terrenos agrícolas, restolhos, pântanos, em salgueiros, arbustos e plantações (Cramp 1985, Lindberg 1994). Os dormitórios normalmente proporcionam uma boa protecção, em moitas, pilhas de ramos e pilriteiros; em áreas pantanosas. Algumas áreas de invernada são utilizadas ano após ano (Cramp 1985). No Baixo Alentejo, foi observada por Tomé et al., (1994), em zonas de sapal e salinas adjacentes ao estuário do Rio Sado, local que se deverá revestir de grande importância para esta espécie e onde poderão invernar algumas dezenas de indivíduos. Foi ainda detectada em zonas abertas, tanto isoladamente como em grupo. Caça em lezírias, sendo também importantes, as salinas, os arrozais e a vegetação ripícola (Elias et al., 1998). No estuário do Tejo ocorre em zonas em zonas abertas, preferencialmente perto de água, como valas da lezíria, salinas, sapais e caniçais (Leitão et al., 1998). População: Não existe informação disponível que permita de um modo sustentado, interpretar a tendência populacional da população invernante da espécie no nosso país. Contudo, no norte da Europa a sua abundância pode variar significativamente de uns anos para os outros (Mikkola 1983). O mesmo poderá ocorrer no nosso território, como reflexo dessas oscilações (Cramp 1998). Em Portugal é considerada como rara ou pouco comum (Tomé et al., 1994), sendo escassa a informação sobre o seu efectivo populacional, admitindo-se que esteja entre os 50 – 250 indivíduos (Almeida et al., in Cabral et al., em publ.). Factores de ameaça: A intensificação da agricultura, através de monoculturas cerealíferas em detrimento de outros usos como leguminosas e pousios, resulta na redução do mosaico agrícola com decréscimo da diversidade de habitat, contribuindo para a diminuição de zonas de refúgio das espécies que ocupam este tipo de habitat, e influenciando a abundância, distribuição e vulnerabilidade das populações presas. A alteração, decréscimo ou abandono das actividades tradicionais nas zonas húmidas nomeadamente a salicultura e orizicultura. A limpeza da vegetação ribeirinha de valas e cursos de água, leva à destruição do habitat de descanso e de alimentação desta espécie. A expansão urbanística e turística afecta as zonas habituais de descanso e de alimentação desta espécie, quer pela ocupação do solo, com a consequente destruição ou alteração do habitat, quer por um aumento significativo de perturbação que esses empreendimentos induzem em toda a área envolvente das zonas húmidas; O abate ilegal constitui um factor de mortalidade desta espécie. O uso de iscos envenenados para eliminar espécies prejudiciais à agricultura, nomeadamente às sementeiras, como é o caso dos roedores, pode conduzir à morte da coruja-do-nabal, visto a sua dieta alimentar ser essencialmente constituída por estas espécies. A colisão ou electrocussão com linhas aéreas de transporte de energia, são factores assinalados para Espanha (Fajardo e Babiloni, 1996) e que deverão ser certamente nocivos esta espécie em Portugal. A colisão com viaturas que ocorre nas estradas, continua a levar à morte de aves, tendo para isso contribuído o aumento do volume e velocidade do tráfego automóvel. Numa paisagem agrícola, a pouca ou nenhuma gestão das bermas das estradas, permite a colonização de vegetação silvestre,

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desenvolvendo-se habitats de orla pouco perturbados, propícios para os micro mamíferos e outras espécies de presas essenciais para a coruja-do-nabal (Lindberg 1994) elevando assim a probabilidade de colisão com viaturas. O aumento da utilização de agro-químicos, provoca uma diminuição das populações presa e uma redução da eficácia reprodutiva, nomeadamente devido a uma diminuição da espessura da casca do ovo (ICN, 2005). Medidas de Conservação: Para a preservação desta espécie é necessário conservar as áreas de dormida refúgio e alimentação. Para além disso será necessário: - Manter extensas áreas contíguas de pastagens, pântanos, pousios e prados húmidos; - Manter as salinas em actividade e efectuar gestão adequada das salinas abandonadas, nomeadamente através de medidas específicas de incentivo, nas áreas mais importantes para a conservação da espécie; - Incrementar a sustentabilidade económica das salinas, nomeadamente através da certificação de produtos; - Condicionar a limpeza da vegetação em margens de canais de drenagem e irrigação e fiscalizar o cumprimento da lei no que se refere à conservação da vegetação ribeirinha de linhas de água e à conservação do seu perfil natural; - Condicionar expansão urbano-turística nas áreas mais importantes de invernada da espécie; - Fiscalizar as actividades cinegéticas; - Implementar normas de gestão cinegética nas áreas de habitat favorável para esta espécie em AC’s (Áreas de Caça); - Proibir a instalação de linhas eléctricas de transporte de energia nas áreas mais importantes para a espécie; - Equipar as linhas eléctricas de transporte de energia já existentes, e que se revelem mortíferas para a espécie, com sinalizadores anti-colisão; - Desenvolver estudos de monitorização do impacte das linhas eléctricas de transporte de energia já existentes, de forma a conhecer o seu efeito na população nacional destas aves; - Prevenir a mortalidade por colisão nas estradas através da implementação de medidas minimizadoras; - Dinamizar campanhas de sensibilização ambiental, sobre a fauna e em especial sobre a conservação das aves de rapina, dirigidas tanto a caçadores, guardas e gestores de caça, como a exploradores e produtores agrícolas e florestais e ao público em geral, afim de minimizar ou erradicar o abate ilegal; - Sensibilizar os agricultores, em particular, para a adopção de boas práticas agrícolas, nomeadamente no que se refere ao controle de roedores. Este deve estar sujeito a autorização e ao acompanhamento permanente por parte das entidades competentes, deve implicar a obrigatoriedade da utilização de tóxicos cuja nocividade tenha uma persistência a mais curta possível e a remoção imediata de cadáveres. Adicionalmente, a venda de qualquer tóxico, dos pesticidas em particular, deve passar a ser acompanhada pelo registo do nome e morada do comprador e deverá ser desenvolvida e divulgada a investigação sobre métodos alternativos de controlo ou de protecção das culturas agrícolas e florestais; - Restringir o uso de pesticidas, nomeadamente por utilização de substâncias mais facilmente degradáveis, cujo impacto ambiental não seja tão nefasto; - Monitorizar os parâmetros populacionais (avaliação das tendências na distribuição e tamanho da população) (ICN, 2005).

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1.3.2.2.13 Ordem Caprimulgiformes Família Caprimulgidae Noitibó-cinzento, Caprimulgus europaeus Fenologia: Em Portugal a espécie é estival nidificante. No estuário do Tejo ocorre como estival nidificante pouco comum, sendo observado entre os meses de Abril a Agosto (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal a espécie tem o estatuto de Vulnerável. A nível internacional é considerada uma espécie Depauperada pela BirdLife International (2004) e Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída nos anexos das convenções de Berna (Anexo II) e Directivas Aves/Habitats (Anexo A-I) (ICN, 2005). Distribuição e movimentos: Encontra-se amplamente distribuído durante o período reprodutor pelo continente europeu, o Noroeste de África e pela Ásia Central até à China. Inverna sobretudo na África subsariana (del Hoyo et al., 1999). Em Portugal continental distribui-se principalmente pelo Norte e Centro, sendo escasso no Sul (Rufino, 1989). Ocorre numa elevada diversidade de habitats, estando presente desde zonas litorais até zonas montanhosas (ICN, 2005). Habitat: Ocupa principalmente áreas de arvoredo disperso, frequentando clareiras e áreas marginais de bosques de quercíneas, caducifólias e coníferas, povoamentos florestais jovens e zonas abertas com coberto arbustivo (Rufino, 1989 in ICN, 2005). Pode ser encontrado desde o nível do mar até altitudes de 800-1.000 m. Aparentemente evita povoamentos florestais densos e extensos. Algumas das áreas tradicionalmente ocupadas pela espécie tendem a ser florestadas, o que se tem vindo a traduzir em perda de habitat (ICN, 2005). No estuário do Tejo ocorre nas zonas arborizadas, nomeadamente montados, pinhais e eucaliptais (Leitão et al., 1998). População: Não existem estimativas precisas da população presente em Portugal. Rufino (1989 in ICN, 2005) estimou grosseiramente que a população deverá situar-se no intervalo de 1.000 a 10.000 casais. No entanto, e apesar da clara falta de dados populacionais fiáveis, observa-se um declínio continuado do seu habitat pelo que se infere que a população se encontra em declínio. Esta tendência parece ser confirmada com observações de campo em alguns locais, que revelam o declínio da população, nomeadamente na região da Beira Litoral e parte ocidental das Beiras Interiores (C. Pacheco, com. pess.) Factores de ameaça: Os factores de ameaça para o noitibó-cinzento em Portugal não são muito bem conhecidos, uma vez que não se conhece com exactidão a situação actual da população, a magnitude do declínio e os requisitos ecológicos. A degradação do habitat e o uso de pesticidas são apontados como causas principais do seu declínio na Europa (Tucker e Heath, 1994). Em Portugal tem-se verificado um aumento das áreas de povoamentos florestais densos (eucalipto e pinheiro), que aparentemente são evitados pela espécie, e também alguma intensificação agrícola, da qual geralmente resulta um incremento do uso de agro-químicos desfavorável a esta

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espécie. Outro factor que pode ter um impacte negativo significativo nesta espécie é a mortalidade causada por atropelamento (Tucker e Heath, 1994). Medidas de Conservação: Será necessário aprofundar o conhecimento sobre a dimensão do efectivo populacional desta espécie, sua tendência e requisitos de habitat. Uma redução do uso de pesticidas e de produtos fitossanitários na agricultura parece ser uma medida importante para a conservação da espécie. Por outro lado, a manutenção de áreas extensas de habitat que possuam zonas abertas intercaladas com bosquetes e uma politica florestal equilibrada são importantes para a conservação dos habitats de que depende. No mesmo sentido, a manutenção dos sistemas agro-silvo-pastorís tradicionais e da agricultura extensiva será positiva para a espécie (ICN, 2005). Noitibó-de-nuca-vermelha, Caprimulgus ruficollis Fenologia: Em Portugal a espécie é estival nidificante. No estuário do Tejo ocorre como estival nidificante pouco comum, sendo observado entre os meses de Abril a Agosto (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal a espécie tem o estatuto de Vulnerável. A nível internacional é considerada uma espécie Não Ameaçada pela BirdLife International (2004) e Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída no anexo II da convenção de Berna (ICN, 2005). Distribuição e movimentos: Encontra-se confinado à península Ibérica e ao Noroeste de África (Marrocos, Argélia e Tunísia). Inverna na África subsariana (del Hoyo et al., 1999). Em Portugal distribui-se principalmente pela metade Sul do país e no interior das regiões Centro e Norte (Rufino, 1989). Está ausente em regiões montanhosas (ICN, 2005). Habitat: Ocupa principalmente áreas compostas por arvoredo disperso, intercaladas com matagal mediterrâneo e zonas abertas (pastagens, áreas agrícolas) (Rufino, 1989), utilizando estas últimas para se alimentar. É uma espécie de zonas de baixa ou média altitude, não sendo encontrado geralmente acima dos 800 m. Evita povoamentos florestais densos e extensos (ICN, 2005). No estuário do Tejo frequenta quase exclusivamente os montados de sobro, podendo também surgir em eucaliptais (Leitão et al., 1998). População: Não existem estimativas precisas da população presente em Portugal. Segundo Rufino (1989) a população deverá situar-se entre 1.000 a 10.000 casais. No entanto, e apesar da clara falta de dados populacionais fiáveis, observa-se um declínio continuado do seu habitat (por intensificação agrícola, aumento da área de povoamentos florestais densos, aumento da rede viária alcatroada, etc.), pelo que se infere que a população se encontra em declínio. Esta tendência parece ser confirmada com observações de campo em alguns locais, que revelam o declínio da população, nomeadamente na região da ocidental da Beira interior Sul e em áreas do concelho de Odemira (Pacheco, com. pess.). Factores de ameaça: Os factores de ameaça para o noitibó-de-nuca-vermelha em Portugal não são muito bem conhecidos, uma vez que não se conhece com exactidão

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a situação actual da população, a magnitude do declínio e os requisitos ecológicos. A mortalidade por atropelamento é provavelmente a principal causa de morte não natural. O alcatroamento de caminhos em zonas rurais, com consequente aumento da velocidade e intensidade de circulação, contribui para o aumento da mortalidade em algumas zonas (e.g. Beira Baixa) (C. Pacheco, com. pess.). A degradação do habitat e o uso de pesticidas são provavelmente causadores do seu declínio. Em Portugal tem-se verificado um aumento das áreas de povoamentos florestais densos (eucalipto e pinheiro), que são evitados pela espécie, e também alguma intensificação agrícola, da qual geralmente resulta um incremento do uso de agro-químicos desfavorável a esta espécie (ICN, 2005). Medidas de Conservação: Será necessário aprofundar o conhecimento sobre a dimensão do efectivo populacional desta espécie, sua tendência e requisitos de habitat. Uma redução do uso de pesticidas e de produtos fitossanitários na agricultura parece ser uma medida importante para a conservação da espécie. A manutenção dos sistemas agro-silvo-pastorís tradicionais e da agricultura extensiva será positiva para a espécie. Limitar o alcatroamento de caminhos rurais e a velocidade nos mesmos contribuirá para não incrementar a mortalidade não natural (ICN, 2005).

1.3.2.2.14 Ordem Apodiformes Família Apodidae Andorinhão-preto, Apus apus Fenologia: Em Portugal a espécie é estival nidificante. No estuário do Tejo ocorre como estival nidificante comum, sendo observado entre os meses de Março a Outubro (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal a espécie tem o estatuto Pouco Preocupante. A nível internacional é considerada uma espécie Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída no anexo III da convenção de Berna (ICN, 2005). Distribuição e movimentos: Em Portugal distribui-se por todo o país. A sua abundância parece estar condicionada pela existência de locais de ninho apropriados e, por isso, torna-se mais abundante nas grandes cidades do que em outros locais (Rufino, 1989). Habitat: Para nidificar, utiliza edifícios urbanos, barragens, pontes e paredões, falésias de costa e de interior e, localmente árvores com buracos (por exemplo, palmeiras). As áreas de alimentação não estão confinadas às proximidades das colónias podendo a espécie ser observada em locais distantes das mesmas, durante a época de reprodução (Rufino, 1989). No estuário do Tejo nidifica nos núcleos urbanos periféricos, utilizando todo o estuário para se alimentar (Leitão et al., 1998). População: Rufino (1989) estimou a população nacional no intervalo de 10.000 a 100.000 casais.

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Andorinhão-pálido, Apus pallidus Fenologia: Em Portugal continental e arquipélago da Madeira a espécie é estival nidificante. No estuário do Tejo ocorre como estival nidificante pouco comum, sendo observado entre os meses de Março a Setembro (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal continental a espécie tem o estatuto Pouco Preocupante, mas na Madeira tem o estatuto de Informação Insuficiente. A nível internacional é considerada uma espécie Não Ameaçada pela BirdLife International (2004) e Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída no anexo II da convenção de Berna (ICN, 2005). Distribuição e movimentos: Nidifica nas zonas costeiras e em ilhas do Mediterrâneo, em zonas interiores do Sul da Europa, na Península Arábica, Norte de África, Madeira, Sul do Sara e Este do Paquistão (Hagemeijer e Blair, 199). Em todo arquipélago da Madeira, embora seja aparentemente pouco abundante (ICN, 2005). Habitat: O habitat preferido são os ilhéus e falésias costeiras, contudo pode ocorrer em habitats mais variados do interior, como zonas de montanha, rurais e suburbanas (Oliveira, 1999). No estuário do Tejo nidifica em núcleos urbanos periféricos, alimentando-se em toda a área do estuário (Leitão et al., 1998). População: É uma das espécies menos conhecidas do arquipélago da Madeira, o que em larga escala se fica a dever ao facto de existirem poucos observadores regulares nesta região, que consigam fazer a distinção entre a espécie A. unicolor (ICN, 2005). Factores de ameaça: Não existe qualquer tipo de referência sobre a existência ou não de ameaças históricas e presentes que ponham em causa a perpetuação da espécie (ICN, 2005). Medidas de Conservação: Não se preconizam medidas de conservação concretas a implementar. Importa aumentar o conhecimento sobre a situação da espécie (efectivos e tendências) na Madeira (ICN, 2005). Andorinhão-real, Apus melba Fenologia: Em Portugal continental a espécie é estival nidificante. No estuário do Tejo ocorre como migrador de passagem raro, sendo observado entre os meses de Março a Maio e Julho a Agosto (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal continental a espécie tem o estatuto Quase ameaçado A nível internacional é considerada uma espécie Não Ameaçada pela BirdLife International (2004) e Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída no anexo II da convenção de Berna (ICN, 2005). Distribuição e movimentos: Distribui-se como reprodutor desde a Península Ibérica e restantes países mediterrâneos até à Ásia Menor, Paquistão, Índia e Sri Lanka, havendo ainda populações isoladas na Península Arábica, Este e Sul de África e Madagáscar. A sua distribuição no período de nidificação está condicionada pela disponibilidade de escarpas rochosas de grande dimensão, onde nidifica (del Hoyo et al., 1999). Em Portugal encontra-se apenas em áreas onde este tipo de habitat ocorre, nomeadamente na costa rochosa do Algarve, Alentejo e Estremadura, nas zonas alcantiladas do rio Douro (principalmente na zona do Douro internacional) e,

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pontualmente, em escarpas serranas no centro do país (Rufino, 1989, ICN, dados não publicados). Está ausente de zonas com habitat aparentemente favorável como o Parque Natural da Serra da Estrela (ICN, 2005). Habitat: Nidifica em escarpas rochosas de grande dimensão ou em estruturas humanas apropriadas, cuja disponibilidade condiciona genericamente a sua distribuição no país (Rufino, 1989). Ocorre principalmente abaixo dos 1.700 m (Carmona, 2003). Na costa rochosa do Algarve, Alentejo e Estremadura, nidifica em falésias costeiras de arenito, xisto e calcário, enquanto que nas zonas alcantiladas do rio Douro as escarpas são graníticas. Nas regiões serranas nidifica em maciços calcários e as construções humanas. As aves alimentam-se em diversos tipos de habitats, geralmente a grande altitude e por vezes a grande distância dos locais de nidificação. Contudo, é frequente observar aves a caçar a baixa altitude sobre arrozais na região algarvia e no Baixo Alentejo (Pereira e Pacheco, com pess.). No estuário do Tejo sobrevoa todo o estuário (Leitão et al., 1998). População: Em Portugal, a informação sobre a abundância é muito escassa. No período de 1978-84, Rufino (1989) estimou grosseiramente a população em cerca de 100 a 1.000 casais. Apesar da falta de dados populacionais fiáveis, observou-se na última década o abandono de alguns locais tradicionais de cria (e.g. Tejo internacional) e uma redução do número de efectivos em grandes colónias, pelo que se infere que a população se encontre em declínio. Factores de ameaça: A perturbação dos locais de nidificação por actividades humanas, pode ser localmente importante. Dado que se alimenta de insectos sobre campos agrícolas (e.g. arrozais), a contaminação com pesticidas é um problema que pode ser importante para a espécie. Pode ainda ocorrer a predação de ovos e crias por outras aves, como a gralha-de-nuca-cinzenta (Algarve e Alentejo), contudo o seu efeito é desconhecido (ICN, 2005). Medidas de Conservação: Será necessário aprofundar o conhecimento sobre a dimensão do efectivo populacional desta espécie, bem como eventuais ameaças às populações. Uma redução do uso de pesticidas e de produtos fitossanitários na agricultura parece ser uma medida importante para a conservação da espécie. Condicionar as actividades humanas potencialmente perturbadoras junto das zonas de nidificação, contribuirá para um aumento do sucesso reprodutor (ICN, 2005).

1.3.2.2.15 Ordem Coraciiformes Família Alcedinidae Guarda-rios, Alcedo atthis Fenologia: Em Portugal a espécie é residente. No estuário do Tejo ocorre como invernante e migrador de passagem pouco comum (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal continental a espécie tem o estatuto Pouco Preocupante. A nível internacional é considerada uma espécie Pouco Preocupante

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pela IUCN (2001). Está incluída nos anexos das convenções de Berna (Anexo II) e da Directiva Aves/Habitats (Anexo A -I) (ICN, 2005). Distribuição e movimentos: a espécie deve nidificar em todo o território, parecendo ser menos abundante no interior, centro e Norte, do que no resto do país, talvez devido à maior altitude dessas zonas (Rufino, 1989). Habitat: Frequenta uma grande variedade de habitats de água doce, salobra e salgada. Principalmente em rios de curso lento ou moderado, açudes, valas de rega, esteiros de salinas, lagoas, estuários, e localmente, na orla costeira. No estuário do Tejo frequenta qualquer zona com água, nomeadamente no estuário, salinas, valas, ribeiros e açudes (Leitão et al., 1998). População: Rufino (1989) estimou a população nacional em cerca de 1.000 a 10.000 casais. Em Setembro de 2006 a espécie foi observada em açudes e na barragem, sendo mais abundante num açude da Herdade de Barroca d’Alva onde foi observado numa média de 1,5 aves (Rocha, 2006a) Família Meropidae Abelharuco, Merops apiaster Fenologia: Em Portugal a espécie é estival nidificante. No estuário do Tejo ocorre como estival nidificante pouco comum, sendo observado durante os meses de Março a Agosto (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal a espécie tem o estatuto Pouco Preocupante. A nível internacional é considerada uma espécie Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída nos anexos das convenções de Berna (Anexo II) e Bona (Anexo II) (ICN, 2005). Distribuição e movimentos: É mais abundante na zona Centro e sul e ainda na zona interior do país (Rufino, 1989). Habitat: Frequenta uma grande variedade de habitats abertos, desde montados pouco densos e com clareiras até aos vales com encostas cobertas de mato e outras zonas de mato com clareiras. Colonial constrói os seus ninhos em barreiras, como protecções de valas, muros de salinas e mesmo no chão (Rufino, 1989). No estuário do Tejo ocorre em areeiros e zonas de arvoredo disperso (Leitão et al., 1998). População: Rufino (1989) estimou a população nacional em cerca de 10.000 a 100.000 casais. Em 2006 a espécie foi mais abundante no montado de sobro da Herdade de Barroca d’Alva que na barragem do Vale Cobrão e montado da Companhia da Lezírias, apresentando um valor médio de 2,5 aves (Rocha, 2006a) Família Coraciidae Rolieiro, Coracias garrulus Fenologia: Em Portugal a espécie é estival nidificante. No estuário do Tejo ocorre como migrador de passagem raro, sendo observado nos meses de Março e Agosto (Leitão et al., 1998).

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Estatuto de Protecção: Em Portugal a espécie tem o estatuto Criticamente em Perigo. A nível internacional é considerada uma espécie Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída nos anexos das convenções de Berna (Anexo II), Bona (Anexo II) e das Directivas Aves/Habitats (Anexo A-I) (ICN, 2005). Distribuição e movimentos: Distribui-se como nidificante no Paleártico, desde o Noroeste de África e Península Ibérica a Oeste dos Himalaias, e inverna na África subsariana (Tucker e Heath, 1994, del Hoyo et al., 1999 in ICN, 2005). Em Portugal apresenta uma distribuição fragmentada, existindo três principais grupos populacionais: Castro Verde, Vila Fernando/Elvas e Beira Baixa. Aparentemente extinguiu-se em algumas zonas do país, podendo-se referir que a área de distribuição está a diminuir (ICN, 2005). Habitat: Na Beira Baixa frequenta áreas planas e abertas com árvores dispersas ou pequenos bosquetes de carvalho-negral (Quercus pyrenaica), mas também montados de sobro (Quercus suber) e azinho (Quercus rotundifolia) esparsos. Utiliza principalmente pastagens, pousios, zonas incultas com matos esparsos e terrenos de cerealicultura extensiva. Nidifica em cavidades de árvores velhas e também em antigos ninhos de pica-pau-malhado-grande. Na zona de Castro Verde e Elvas a espécie ocorre essencialmente no mosaico cerealífero extensivo em sistema rotativo e pastagens, com árvores (azinheiras, sobreiros, oliveiras (Olea europaea)) e habitações abandonadas dispersas, onde nidifica (ICN, 2005). No estuário do Tejo ocorre em zonas abertas ou com árvores dispersas (Leitão et al., 1998). População: A informação sobre a população de rolieiro em Portugal é escassa em algumas regiões. No período de 1978-84 Rufino (1989) estimou a população nacional em 100 a 1.000 casais. Em 2003 a SPEA estimou a população em 100 a 300 casais. Em 2005 realizaram-se censos parciais em algumas áreas, os quais sugerem uma população ainda menor constituída por 80 a 150 casais (Silva, 2003; Moreira, Pacheco e Silva, com. pess.). Apesar da clara falta de dados populacionais fiáveis, observa-se um declínio continuado do habitat em algumas zonas do país (Beira Alta, Trás-os-Montes e Alto Douro, Beira Baixa e do Alto Alentejo), inferindo-se que a população também se encontre em declínio (ICN, 2005). Factores de ameaça: As principais ameaças para o rolieiro são a perda e a fragmentação do habitat, devido à intensificação agrícola, florestação de terrenos agrícolas, abandono agrícola e do pastoreio extensivo (Tucker e Heath, 1994; Pacheco, com. pess.; Silva, com. pess.; Infante, com. pess). A perturbação humana junto dos locais de nidificação pode levar ao abandono dos ninhos. A predação e a pilhagem dos ovos e crias também são factores negativos. A perda de suportes de nidificação, por obstrução ou destruição de cavidades em construções humanas e, corte e queda de árvores maduras. A escassez de locais de nidificação parece ser um factor limitante da espécie. A mortalidade por electrocussão em linhas eléctricas, embora a sua magnitude seja desconhecida, pode ser um factor importante no declínio da espécie (Pacheco, com. pess). Medidas de Conservação: As medidas prioritárias para a preservação da espécie, passam pela conservação dos habitas de alimentação e nidificação. Assim sendo será

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necessário: - informar os agricultores das áreas de agrícolas extensivas de sequeiro sobre incentivos existentes; - Promover a agricultura biológica; - impedir a utilização de subsídios com efeitos negativos sobre os habitats em causa; - Manutenção de construções humanas em ruínas e se possível criar cavidades para a nidificação da espécie; - Colocação de ninhos artificiais em zonas com poucos recursos para a nidificação; a espécie beneficiará com a classificação de mais áreas com características estepárias. Em determinadas zonas (onde se verificar mortalidades acentuadas) será necessário corrigir as linhas eléctricas; Será importante implementar um programa de monitorização da espécie e promover campanhas de sensibilização para a comunidade rural e publico em geral (ICN, 2005). Família Upupidae Poupa, Upupa epops Fenologia: Em Portugal continental a espécie é invernante e residente nidificante, no arquipélago da Madeira é residente. No estuário do Tejo ocorre como estival nidificante comum e invernante raro (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal continental a espécie tem o estatuto Pouco Preocupante e Vulnerável na Madeira. A nível internacional é considerada uma espécie Em Declínio pela BirdLife International (2004) e Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída no anexo II da convenção de Berna (ICN, 2005). Distribuição e movimentos: Distribui-se nas zonas temperadas e subtropicais, das ilhas Canárias até à costa chinesa do Pacífico, a Oeste e até à Sibéria, a Este (Hagemeijer e Blair, 1997). No continente existe uma população residente a que se junta uma população invernante, ambas numerosas e com distribuição alargada. Na Madeira é uma ave rara, nidificando apenas na ilha de Porto Santo (Câmara, 1997). Habitat: A poupa usa muito o solo pelo que o seu habitat envolve áreas com um coberto herbáceo e arbustivo pouco denso e áreas agrícolas. No geral trata-se de uma espécie que procura zonas secas (ICN, 2005). No estuário do Tejo ocorre em zonas arborizadas com clareiras e orlas de campos cultivados (Leitão et al., 1998). População: No arquipélago da Madeira como resultado do Novo Atlas das Aves que Nidificam em Portugal, a população da subespécie foi estimada em 250 a 2.500 aves (Oliveira e Menezes, 2004). A tendência desta população parece ser estável (ICN, 2005). Factores de ameaça: Apesar de escassos conhecimentos sobre a poupa, a julgar pela tendência populacional da espécie não existem ameaças (pelo menos a curto prazo), que ponham em risco a sua preservação (Oliveira, 1999). Medidas de Conservação: Não existe um plano de gestão dirigido a esta espécie, nem a sua principal área de ocorrência tem qualquer tipo de protecção legal. Seria importante realizar a monitorização da sua tendência populacional (ICN, 2005).

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1.3.2.2.16 Ordem Piciformes Família Picidae Torcicolo, Jynx torquila Fenologia: Em Portugal a espécie é estival nidificante e invernante. No estuário do Tejo ocorre como migrador de passagem raro, sendo observado entre os meses de Abril a Maio e Agosto a Setembro (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal a espécie tem o estatuto Informação Insuficiente. A nível internacional é considerada uma espécie Em Declínio pela BirdLife International (2004) e Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída no anexo II da convenção de Berna (ICN, 2005). Distribuição e movimentos: A área de nidificação da espécie distribui-se pelas zonas boreais, temperadas e subtropicais da Europa e de grande parte da Ásia, para Este até Sakhalin e Hokkaio (Hagemeijer e Blair, 1997). Em Portugal apresenta uma distribuição alargada, parecendo evitar a faixa ocidental, sobretudo na zona Centro e Norte (ICN, 2005). Habitat: Espécie associada a habitats arborizados, com disponibilidades de cavidades para nidificar e abundância de alimento (e.g. formigas), correspondendo a zonas de subcoberto pouco abundante ou com clareiras em zonas mais soalheiras (Cortés e González, 2003). Em Portugal nidifica em montados, carvalhais, pomares, bosques mistos, zonas agrícolas e galerias ripícolas (ICN, 2005). No estuário do Tejo é observado em zonas arborizadas (Leitão et al., 1998). População: Trata-se de uma espécie pouco conhecida, para a qual não foram realizados censos dirigidos, pelo que se desconhece o tamanho da população. Os resultados do Novo Atlas das Aves que Nidificam em Portugal, a população nidificante foi estimada em 2.500 a 10.00 aves. Desconhece-se a tendência da população (ICN, 2005). Factores de ameaça: Os principais factores de ameaça prendem-se com a diminuição da disponibilidade de alimento em resultado das modernas técnicas de produção agrícola e por influência de condições meteorológicas menos favoráveis que também interferem na disponibilidade de alimento (Cortés e González, 2003). Medidas de Conservação: As medidas de conservação da espécie passam pela preservação do habitat de nidificação, disponibilizando ninhos artificiais. E por outro lado, aumentando a disponibilidades de alimentar através da redução do uso de insecticidas e favorecendo a produção agrícola e animal em regime extensivo (ICN, 2005).

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Peto-verde, Picus viridis Fenologia: Em Portugal a espécie é residente. No estuário do Tejo ocorre como residente pouco comum (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal a espécie tem o estatuto Pouco Preocupante. A nível internacional é considerada uma espécie Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída no anexo II da convenção de Berna (ICN, 2005). Distribuição e movimentos: É claramente mais abundante na parte Norte e Centro -Oeste do país (Rufino, 1989). Habitat: No Norte do país frequenta sobretudo pinhais e outras manchas florestais principalmente as descontínuas. No Sul, ocorre sobretudo em pinhal e montado de sobro, e ainda com menor frequência em montado de azinho (Rufino, 1989). No estuário do Tejo tem preferência por montados de sobre e pinhais (Leitão et al., 1998). População: Rufino (1989) estimou a população nacional no intervalo de 10.000 a 100.000 casais. Pica-pau-malhado-grande, Dendrocopos major Fenologia: Em Portugal a espécie é residente. No estuário do Tejo ocorre como residente nidificante pouco comum (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal a espécie tem o estatuto Pouco Preocupante. A nível internacional é considerada uma espécie Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída no anexo II da convenção de Berna (ICN, 2005). Distribuição e movimentos: A espécie distribui-se por praticamente todo o país, sendo aparentemente mais comum no Centro e Sul do mesmo (Rufino, 1989) Habitat: Frequenta habitats florestais, evitando no entanto, os povoamentos puros de pinheiro. Ocorre ainda em pequenos bosquetes ripícolas, em manchas de mato com árvores dispersas e em pinhais queimados. Utiliza, com frequência, os postes telefónicos como local de nidificação, nas zonas pouco arborizadas (Rufino, 1989). No estuário do Tejo tem preferência por montados de sobro, pinhais e sebes (Leitão et al., 1998). População: Rufino (1989) estimou a população nacional no intervalo de 10.000 a 100.000 casais. Em Junho 2006 apresentou abundância média de 0,67 aves no montado misto (Herdade de Camarate) (Rocha, 2006a). Pica-pau-galego, Dendrocopos minor Fenologia: Em Portugal a espécie é residente. No estuário do Tejo ocorre como residente nidificante raro (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal a espécie tem o estatuto Pouco Preocupante. A nível internacional é considerada uma espécie Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída no anexo II da convenção de Berna (ICN, 2005). Distribuição e movimentos: Dada a irregularidade da distribuição da espécie e a sua raridade, não é possível saber onde é mais abundante (Rufino, 1989). Habitat: Frequenta zonas de arvoredo denso, nomeadamente sobreirais densos e com sub-bosque desenvolvido ou matas ribeirinhas de choupo e salgueiro. Existem

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ainda observações da espécie em habitats diferentes como os montados de sobro aberto (ICN, 2005). No estuário do Tejo ocorre em montados de sobro e pinhais (Leitão et al., 1998).

1.3.2.2.17 Ordem Passeriformes Família Alaudidae Calhandra-real, Melanocorypha calandra Fenologia: Em Portugal a espécie é residente. No estuário do Tejo ocorre como residente nidificante pouco comum (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal a espécie tem o estatuto Quase Ameaçada. A nível internacional é considerada uma espécie Em Declínio pela BirdLife International (2004) e Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída nos anexos das convenções de Berna (Anexo II) e das Directivas Aves/Habitats (Anexo A-I) (ICN, 2005). Distribuição e movimentos: Distribui-se na região mediterrânica, Mar Negro, parte Norte do Médio Oriente, Norte de África e estepes da Ásia Central (Hagemeijer e Blair, 1997). Em Portugal a calhandra-real ocorre no interior Sul, com algumas regiões localizadas de ocorrência na Beira Alta. Da década de 1980 até aos dias de hoje a espécie desapareceu do Algarve, região de Lisboa e Trás-os-Montes (ICN, 2005). Habitat: A espécie ocorre nas estepes cerealíferas, nomeadamente em pousios e pastagens. É mais abundante nos pousios que em terrenos lavrados e pastagens, e durante o Outono a espécie ocorre ainda em restolhos (ICN, 2005). No estuário do Tejo ocorre em pastagens, cultivos de cereal e alqueives da lezíria (Leitão et al., 1998). População: O tamanho da população foi estimada em mais de 10.000 aves, só em Castro Verde a população poderá ser superior a 8.500 aves (Moreira, 1999). Num estudo realizado no estuário do Tejo em 1991/92, a calhandra-real foi registada unicamente em três biótopos (pastagem permanente, cereal e alqueive), em densidades que apenas uma vez foram superiores a 3 aves/10ha (Leitão et al., 1998). Factores de ameaça: A intensificação agrícola, abandono da agricultura em terrenos marginais conjugados com a florestação, levam à diminuição da área de pousios e pastagens. Os pousios sofreram uma redução na ordem dos 50% no período de 1979/99 (INE, 1979, 2001), prevendo-se a continuação desta tendência (ICN, 2005). Medidas de Conservação: Será importante a manutenção da agricultura cerealífera e pastoreio extensivos, evitando a florestação de terras agrícolas importantes para a espécie (ICN, 2005). Calhandrinha, Calandrella brachydactyla Fenologia: Em Portugal a espécie é estival nidificante. No estuário do Tejo ocorre como estival nidificante comum (Leitão et al., 1998).

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Estatuto de Protecção: Em Portugal a espécie tem o estatuto Pouco Preocupante. A nível internacional é considerada uma espécie Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída nos anexos das convenções de Berna (Anexo II) e das Directivas Aves/Habitats (Anexo A-I) (ICN, 2005). Distribuição e movimentos: Distribui-se à volta do Mar Mediterrâneo e Negro e estende-se em direcção a Este para as estepes da Ásia central (Díaz Esteban, 1994). A maior parte da população europeia nidifica na Península Ibérica e na Rússia (Díaz Esteban, 1994). Espécie essencialmente migratória, inverna em planícies de estepe e semi-desertos de África, no Sul do Sara. As aves da Europa invernam nas zonas costeiras do Mar Vermelho e em Sahel, excepto uma população sedentária ou parcialmente migratória da Grécia (Díaz Esteban, 1994). É particularmente abundante no sul e nordeste de Portugal, principalmente devido à grande disponibilidade de habitat (Rufino 1989). Habitat: Espécie estepária, frequenta planícies e planaltos, terrenos com socalcos e declivosos. Em alguns países as aves podem ocupar zonas baixas e arbustivas de garrigue com pequenas áreas sem vegetação (Díaz Esteban, 1994). Em Espanha os efectivos populacionais são mais altos nos habitats estepários, desde dunas até zonas de estepe arbustivas. Também podem ocorrer em áreas cultivadas, pouco intensivas, onde seleccionam os lavrados para nidificar (Díaz Esteban, 1994) e os pousios (Rufino, 1989). Nidifica no solo em pequenas depressões abrigadas por vegetação, mas por vezes também em espaços abertos (Cramp 1988) principalmente em pousios (Rufino, 1989). No estuário do Tejo ocorre largamente na lezíria, numa vasta gama de biótopos agrícolas, principalmente aqueles onde a cobertura vegetal é mais reduzida, como pastagens permanentes, terrenos lavrados ou recentemente semeados e restolhos (Leitão et al., 1998). População: Ao comparar-se os mapas de Rufino (1989) e os mapas provisórios do actual Atlas das Aves que Nidificam em Portugal (ICN em prep.) verifica-se uma regressão na distribuição desta espécie num espaço de 20 anos. Esta regressão observa-se ao nível de todo o país, litoral e interior Norte, Centro e interior Sul. Desconhecem-se os efectivos populacionais. Na primavera de 1992 as maiores densidades desta espécie foram registadas nas pastagens permanentes com uma média de 10 aves/ 10 ha, e as menores nos cultivos de melão, com uma média de 4 aves/ 10 ha (Leitão et al., 1998). Factores de ameaça: A intensificação da agricultura seguida da perda da cultura tradicional de cereais e das pastagens (substituição das culturas tradicionais por campos intensivamente irrigados). O abandono agrícola e do pastoreio extensivo resulta em perda de habitat adequado para a nidificação, alimentação e descanso. A florestação das terras agrícolas resulta na perda de habitat e induz o aumento das taxas de predação nas áreas adjacentes. A construção de infra-estruturas turísticas, nomeadamente junto à costa, pode também constituir uma ameaça uma vez que resulta em perda de habitat adequado à alimentação e reprodução, sendo um factor de fragmentação de habitat. O aumento da utilização de agro-químicos intervém directa e indirectamente nas populações de aves estepárias, aumentando a

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mortalidade e reduzindo a capacidade reprodutiva e diminuindo as populações presa (ICN, 2005). Medidas de Conservação: A conservação da espécie está dependente das seguintes medidas: - Implementar áreas de pousio dentro de zonas agrícolas de cereal intensivo; - Promover cerealicultura extensiva com rotação de culturas, assegurando o mosaico de habitat e o pastoreio extensivo, mediante a aplicação de medidas agro-ambientais e/ou indemnizações compensatórias; - Condicionar ou proibir a florestação de terras agrícolas; - Condicionar a edificação em ZPE’s importantes para avifauna estepária. - Regular o uso de pesticidas e adoptar técnicas de controlo alternativas; - Controlar as populações de cães assilvestrados em áreas onde se verifique predação; - Monitorização de parâmetros populacionais (avaliação das tendências na distribuição e tamanho da população); - Informar a comunidade rural e a população em geral sobre os valores naturais das áreas agrícolas extensivas de sequeiro e sobre as necessidades de conservação das espécies delas dependentes (ICN, 2005). Cotovia-de-poupa, Galerida cristata Fenologia: Em Portugal a espécie é residente. No estuário do Tejo ocorre como residente nidificante pouco comum (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal a espécie tem o estatuto Pouco Preocupante. A nível internacional é considerada uma espécie Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída no anexo III da convenção de Berna (ICN, 2005). Distribuição e movimentos: É mais frequente em zonas próximas da costa do que no interior (Rufino, 1989). Habitat: Frequenta zonas abertas, como culturas arvenses, dunas, pousios, orla de estradas e, por vezes, mesmo zonas agrícolas em mosaico, estando ausente em zonas montanhosas (Rufino, 1989). No estuário do Tejo ocorre sobretudo em salinas, pastagens e cultivos adjacentes a áreas florestadas (Leitão et al., 1998). População: Rufino (1989) estimou a população nacional no intervalo de 10.000 a 100.000 casais. As densidades desta espécie no estuário do Tejo em 1991/92, raramente foram superiores a 2 aves/10ha (Leitão et al., 1998). Cotovia-dos-bosques, Lullula arborea Fenologia: Em Portugal a espécie é residente. No estuário do Tejo ocorre como residente nidificante e Invernante comum (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal a espécie tem o estatuto Pouco Preocupante. A nível internacional é considerada uma espécie Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída nos anexos das convenções de Berna (Anexo III) e das Directivas Aves/Habitats (Anexo A-I) (ICN, 2005). Distribuição e movimentos: É o Alaudideo mais comum, devendo nidificar provavelmente em todo o território nacional, observando-se diferenças entre habitats (Rufino, 1989). Habitat: Frequenta uma grande variedade de habitats, como montados abertos, matos esparsos com árvores, dunas arborizadas, olivais e mesmo mosaicos de zonas

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agrícolas e bosques (principalmente pinhais). Presente em mesmo em zonas montanhosas acima dos 1000 m (Rufino, 1989). É observado no estuário do Tejo em zonas florestais, principalmente em montados sem coberto arbustivo (Leitão et al., 1998). População: Rufino (1989) estimou a população nacional no intervalo de 100.000 a 1.000.000 casais. As maiores densidades da espécie no estuário do Tejo ocorrem no montado sem sub-bosque, na ordem das 1 a 9 aves/10 ha (Leitão et al., 1998). Laverca, Alauda arvensis Fenologia: Em Portugal continental a espécie é residente e invernante. No estuário do Tejo ocorre como residente nidificante comum (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal continental a espécie tem o estatuto Pouco Preocupante. A nível internacional é considerada uma espécie Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída no anexo III da convenção de Berna (ICN, 2005). Distribuição e movimentos: Distribui-se pelo território nacional de Norte a Sul, contudo a Sul do Tejo encontra-se quase exclusivamente nas zonas litorais (Rufino, 1989). Habitat: Frequenta zonas abertas com matos esparsos, culturas arvenses e pastagens. No Norte do país frequenta ainda pastagens em montanha e culturas arvenses nos planaltos, mas a Sul do Tejo é exclusiva das zonas costeiras (Rufino, 1989). No estuário do Tejo ocorre sobretudo em pastagens e forragens, alqueives e cereais de Inverno e cultivos de Primavera e respectivos restolhos (Leitão et al., 1998). População: Rufino (1989) estimou a população nacional no intervalo de 100.000 a 1.000.000 casais. As densidades da espécie no estuário do Tejo durante o Inverno são bastante elevadas, chegando a ultrapassar as 50 aves/10 ha, na pastagem primaveril e 300 aves/10 ha, no cereal recentemente semeado e restolho de girassol. Na primavera as densidades são mais baixas não ultrapassando 18, 16 e 14 aves/10 ha, na pastagem primaveril, terreno lavrado e restolho de forragem, respectivamente (Leitão et al., 1998). Família Hirundinidae Androrinha-das-barreiras, Riparia riparia Fenologia: Em Portugal continental a espécie é estival nidificante. No estuário do Tejo ocorre como estival nidificante e migrador de passagem comum, sendo observada principalmente entre os meses Fevereiro a Setembro (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal continental a espécie tem o estatuto Pouco Preocupante. A nível internacional é considerada uma espécie Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída no anexo II da convenção de Berna (ICN, 2005). Distribuição e movimentos: A distribuição desta espécie coincide em parte, com mas principais zonas de regadio do país. Segundo Coverley (sem data), na primeira meta do século, a espécie também tinha uma distribuição localizada, contudo era mais

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alargada. As principais colónias da espécie localizam-se no vale do Mondego, Tejo, Sorraia e Guadiana (Rufino, 1989). Habitat: Nidifica normalmente na proximidade de água, seja de rios, arrozais ou albufeiras. Os seus ninhos são escavados barreiras arenosas naturais ou artificiais, sendo frequente constituírem colónias em areeiros (Rufino, 1989). No estuário do Tejo ocorre em montados de sobro abertos, terrenos cultivados, sapais e salinas (Leitão et al., 1998). População: Rufino (1989) estimou a população nacional no intervalo de 10.000 a 100.000 casais. Em 1993, no Estuário do Tejo foi detectada uma colónia com cerca de 100 casais num areeiro perto de Pancas (Leitão et al., 1998). Andorinha-das-chaminés, Hirundo rustica Fenologia: Em Portugal continental a espécie é estival nidificante. No estuário do Tejo ocorre como estival nidificante e migrador de passagem comum, sendo observada de Janeiro a Novembro (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal continental a espécie tem o estatuto Pouco Preocupante. A nível internacional é considerada uma espécie Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída no anexo II da convenção de Berna (ICN, 2005). Distribuição e movimentos: Encontra-se uniformemente distribuída por todo o país, aparentemente com maiores densidades em zonas agrícolas (Rufino, 1989). Habitat: Frequente praticamente todos os habitats disponíveis em Portugal, à excepção da floresta. Constrói os seus ninhos numa grande variedade de construções humanas (azenha de estábulos, telheiros, pontões e pontes, etc.) (Rufino, 1989). No estuário do Tejo frequenta todos os habitas desta zona, nidificando em todo o tipo de estruturas humanas, desde edifícios, poços, pontes, comportas, etc. (Leitão et al., 1998). População: Rufino (1989) estimou a população nacional em mais de 1.000.000 casais. Em 1993, no Estuário do Tejo foi detectada uma colónia com cerca de 100 casais num areeiro perto de Pancas. Durante a migração pós-nupcial, conjuntamente com a andorinha-das-barreiras, formam grandes dormitórios em caniçais no estuário do Tejo, os quais podem albergar mais de um milhar de aves (Leitão et al., 1998) Andorinha-dáurica, Hirundo daurica Fenologia: Em Portugal continental a espécie é estival nidificante. No estuário do Tejo ocorre como estival nidificante raro, sendo observada de forma irregular entre os meses de Abril e Dezembro (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal continental a espécie tem o estatuto Pouco Preocupante. A nível internacional é considerada uma espécie Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída no anexo II da convenção de Berna (ICN, 2005). Distribuição e movimentos: Espécie cuja distribuição está associada ao clima mediterrânico. Segundo Coverley (sem data) e Santos (1960) a sua área de

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distribuição há mais de vinte anos, seria muito mais reduzida que a actual, o que sugere uma expansão da área de distribuição da espécie (Rufino, 1989). Habitat: Frequenta principalmente paisagens pouco humanizadas, como vales de rios e ribeiros, mas também certas zonas de cultura arvense, em especial no Sul do país. Os ninhos são construídos isoladamente ou em pequenos grupos, numa grande variedade de construções humanas (à semelhança da andorinha-das-chaminés) e por vezes em fragas (Rufino, 1989). No estuário do Tejo frequenta exclusivamente montados de sobro (Leitão et al., 1998). População: É geralmente pouco abundante em toda a sua área de distribuição, sendo talvez um pouco mais frequente no interior Sul. Rufino (1989) estimou a população nacional em cerca de 10.000 a 100.000 casais. Andorinha-dos-beirais Delichon urbica Fenologia: Em Portugal continental a espécie é estival nidificante. No estuário do Tejo ocorre como estival nidificante comum, sendo observada entre os meses de Dezembro a Outubro (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal continental a espécie tem o estatuto Pouco Preocupante. A nível internacional é considerada uma espécie Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída no anexo II da convenção de Berna (ICN, 2005). Distribuição e movimentos: Espécie associada a aglomerados populacionais e, por isso, distribuída por todo o território (Rufino, 1989). Habitat: Prefere as povoações humanas para nidificar, embora crie fora destas. Os ninhos em colónia são construídos em beirais, pontes, barragens e por vezes em fragas (Rufino, 1989). No estuário do Tejo nidifica nas zonas urbanas (onde se localiza a maior parte das colónias), embora existam alguns pequenos núcleos fora dessas zonas. Alimentam-se em todos os habitats existentes no estuário (Leitão et al., 1998). População: Parece ser mais abundante em zonas de densidade populacional média e próximas de rios e barragens. Rufino (1989) estimou a população nacional em cerca de 100.000 a 1.000.000 casais. Família Motacillidae Petinha-dos-campos, Anthus campestris Fenologia: Em Portugal continental a espécie é estival nidificante. No estuário do Tejo ocorre como estival nidificante raro, migrador de passagem pouco comum e invernante raro, sendo observada principalmente entre os meses Março a Agosto (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal continental a espécie tem o estatuto Pouco Preocupante. A nível internacional é considerada uma espécie Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída nos anexos da convenção de Berna (Anexo II) e das Directivas Aves/Habitats (Anexo A-I) (ICN, 2005). Distribuição e movimentos: Apresenta uma distribuição contínua embora seja pouco abundante em especial na metade Sul do território (Rufino, 1989).

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Habitat: O habitat preferido desta espécie é o cume, não arborizado e com pouco mato, das serras do Centro e Norte. No entanto frequenta ainda pousios extensos e pastagens a baixas altitudes (Rufino, 1989). No estuário do Tejo ocorre em pastagens na lezíria, salinas e áreas florestais abertas (Leitão et al., 1998). População: É mais abundante nas zonas montanhosas do que na planície (Rufino, 1989). Rufino (1989) estimou a população nacional em cerca de 1.000 a 10.000 casais. Na primavera de 1992 foram registados na lezíria um casal e três machos em parada nupcial (Leitão et al., 1998). Petinha-das-árvores, Anthus trivialis Fenologia: Em Portugal continental a espécie é estival nidificante e migradora de passagem. No estuário do Tejo ocorre como migrador de passagem comum, sendo observada entre os meses Agosto a Novembro (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal continental a espécie tem o estatuto Quase Ameaçada. A nível internacional é considerada uma espécie Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída no anexo II da convenção de Berna (ICN, 2005). Distribuição e movimentos: Como nidificante apresenta uma distribuição Paleártica, ocorrendo na Europa e Ásia Ocidental. Inverna na África subsariana e na Índia (Cramp, 1998). Nidifica na maior parte da Europa, estando no entanto ausente da Irlanda, Centro e Sul da Península Ibérica e parte da orla do Mediterrâneo. Em Portugal apresenta uma distribuição restrita ao Norte do país, com sinais de expansão nos últimos dez anos (Pimenta e Santarém, com. pess.). Habitat: No Gerês frequenta orlas de bosques abertos de carvalho-negral e matas de pinheiro-silvestre, nas imediações de matos e pastagens, acima dos 800 m de altitude (Pimenta e Santarém, 1996). Em Nogueira ocorre em orlas de bosques mistos de resinosas com clareiras ou campos de cereais, carvalho-negral por vezes associado a pinheiros-silvestres e ainda em carvalhais arbustivos, entre os 1.000 e 1.200 m de altitude (Patacho, 1998). No estuário do Tejo ocorre em pastagens, restolhos e montados de sobro abertos (Leitão et al., 1998). População: No decorrer dos trabalhos do Novo Atlas a população nacional foi estimada entre 250 e 1000 aves. Não havendo evidências de declínio continuado da população (ICN, 2005). Factores de ameaça: Não se conhecem problemas de conservação específicos, para além dos associados a perda e degradação do habitat, como resultado, por exemplo dos incêndios (ICN, 2005). Medidas de Conservação: Parte significativa da sua área de distribuição está englobada em Áreas Protegidas e em Rede Natura. A conservação do habitat da espécie deve estar contemplado nos planos de gestão das Áreas Protegidas, onde ocorre (Rufino, 1989).

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Petinha-dos-prados, Anthus pratensis Fenologia: Em Portugal continental a espécie é invernante. No estuário do Tejo ocorre como invernante comum, sendo observada entre os meses Outubro a Abril (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal continental a espécie tem o estatuto Pouco Preocupante. A nível internacional é considerada uma espécie Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída no anexo II da convenção de Berna (ICN, 2005). Habitat: No estuário do Tejo ocorre em sapais, salinas, pastagens, cultivos, restolhos e áreas florestais abertas (Leitão et al., 1998). População: É a petinha mais abundante no estuário do Tejo, as densidades registadas no Inverno de 1991/92 chegaram a atingir 50 aves/10 ha nas pastagens primaveris e 63 aves/10 ha nas margens de valas (Leitão et al., 1998). Petinha-ribeirinha, Anthus spinoletta Fenologia: Em Portugal continental a espécie é invernante e nidificante. No estuário do Tejo ocorre como invernante comum, sendo observada principalmente entre os meses Outubro a Maio (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal continental a população invernante tem o estatuto Pouco Preocupante e Em Perigo a população nidificante. A nível internacional é considerada uma espécie Não Ameaçada pela BirdLife International (2004) e Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída no anexo II da convenção de Berna (ICN, 2005). Distribuição e movimentos: Espécie com distribuição holártica (Cramp, 1998) e parcialmente migradora. Na Europa como nidificante, apresenta uma distribuição fragmentada e na Península Ibérica está confinada aos cumes das montanhas desflorestadas do Centro e Norte. Em Portugal como nidificante, tem uma distribuição muito restrita, a Norte. Nidificando apenas no Gerês (nidificação possível) e em Montesinho. Já a população invernante tem uma distribuição muito alargada (ICN, 2005). Habitat: No Gerês ocorre a mais de 1.100 m de altitude, em lameiros, pastagens de montanha, ou extensões rochosas intercaladas com matos esparsos (Pimenta e Santarém, 1996). Em Montesinho a espécie encontra-se associa a lameiros em altitude, com sebes de vidoeiros e pinheiros-silvestres (ICN, 2005). No estuário do Tejo ocorre em restolhos alagados, margens de sapais e salinas (Leitão et al., 1998). População: Ocorre no país uma população invernante bastante numerosa. Contudo, a população nidificante é constituída apenas por um casal com nidificação confirmada (Montesinho), pelo que a população nacional foi estimada como sendo inferior a 50 aves. Não existem evidências de declínio continuado da sua população (ICN, 2005). Factores de ameaça: Não se conhecem problemas de conservação específicos. Contudo alterações pontuais do seu habitat, resultantes do turismo, instalação de parques eólicos, entre outras, podem constituir uma grave ameaça a esta espécie com uma distribuição tão localizada no país (ICN, 2005).

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Medidas de Conservação: Parte significativa da sua área de distribuição está englobada em Áreas Protegidas e em Rede Natura. A conservação do habitat da espécie deve estar contemplado nos planos de gestão das Áreas Protegidas, onde ocorre (ICN, 2005). Alvéola-amarela, Motacilla flava Fenologia: Em Portugal continental a espécie é estival nidificante. No estuário do Tejo ocorre como estival nidificante comum, sendo observada principalmente entre os meses Fevereiro a Novembro (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal a espécie tem o estatuto Pouco Preocupante. A nível internacional é considerada uma espécie Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída no anexo II da convenção de Berna (ICN, 2005). Distribuição e movimentos: A sua distribuição cobre praticamente todas as manchas de habitat utilizável pela espécie e que se localizam no litoral do país (Rufino, 1989). Habitat: Frequenta zonas húmidas, como arrozais, salinas, pauis e lagoas costeiras. No Norte ocorre ainda em zonas alagadiças de montanha, como lameiros (Rufino, 1989). No estuário do Tejo ocorre em sapais, caniçais, salinas, pastagens, forragens, arrozais, cultivos e margens de valas (Leitão et al., 1998). População: Parece ser uniformemente abundante de Norte a Sul do país, não existindo diferenças entre habitats. Rufino (1989) estimou a população nacional em cerca de 10.000 a 100.000 casais. Na Primavera de 1992 ocorreu com maior densidade no sapal (máximo 66 aves/10 ha), na pastagem primaveril (máximo 29 aves/10 ha) e nas valas (máximo 36 aves/10 ha). As densidades médias nos sapais variaram entre 0,72 e 6.01 casais/10 ha (Leitão et al., 1998). Alvéola-cinzenta, Motacilla cinerea Fenologia: Em Portugal continental a espécie é residente e invernante e, nos arquipélagos dos Açores e da Madeira é residente. No estuário do Tejo ocorre como invernante raro, sendo observada principalmente entre os meses de Agosto a Março (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal continental e ilhas a espécie tem o estatuto Pouco Preocupante. A nível internacional é considerada uma espécie Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída no anexo II da convenção de Berna (ICN, 2005). Distribuição e movimentos: Segundo Coverley (sem data) a distribuição da espécie na primeira metade do século, a área de nidificação da espécie estendia-se de forma uniforme de Norte a Sul do país. Contudo actualmente a espécie é mais abundante no Norte e Centro do país do que a Sul do rio Tejo (Rufino, 1989). Habitat: Frequenta cursos de água, sobretudo rápidos, desde regatos de montanha (em altitudes superiores a 1000 m) até aos grandes rios. Com menor frequência ocorre ainda em habitats agrícolas (Rufino, 1989). No estuário do Tejo ocorre nas margens de charcas, açudes, valas e ribeiras (Leitão et al., 1998).

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População: Rufino (1989) estimou a população nacional em cerca de 10 000 a 100 000 casais (Rufino, 1989). Em Junho de 2006 a espécie, apresentou uma abundância média de 1,5 aves na barragem de Vale Cobrão (Rocha, 2006a) Alvéola-branca, Motacilla alba Fenologia: Em Portugal a espécie é residente e invernante. No estuário do Tejo ocorre como invernante comum, sendo observada principalmente entre os meses de Setembro a Abril (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal a espécie tem o estatuto Pouco Preocupante. A nível internacional é considerada uma espécie Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída no anexo II da convenção de Berna (ICN, 2005). Distribuição e movimentos: Segundo Coverley (sem data) durante a primeira metade do século a área de distribuição da alvéola-branca estaria limitada à metade Norte do país. Actualmente a espécie distribui-se a Sul do rio Tejo de forma não uniforme mas com alguma frequência (Rufino, 1989). Habitat: Frequenta uma grande variedade de habitats mas normalmente associados a cursos de água. No Norte e Centro do país tem preferência por zonas agrícolas. Contudo nidifica também ao longo de cursos de água, que no Sul do país são utilizados quase em exclusivo (Rufino, 1989). No estuário do Tejo ocorre nas lezírias e áreas florestais abertas (Leitão et al., 1998). População: É mais abundante no Centro e Norte, do que no Sul do país. Rufino (1989) estimou a população nacional em cerca de 10.000 a 100.000 casais (Rufino, 1989). No Inverno de 1991/92, as maiores densidades foram registadas nas valas da lezíria (mais de 5 aves/10 ha) (Leitão et al., 1998). Família Troglodytidae Carriça, Troglodytes troglodyites Fenologia: Em Portugal a espécie é residente. No estuário do Tejo ocorre como residente nidificante comum (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal continental a espécie tem o estatuto Pouco Preocupante. A nível internacional é considerada uma espécie Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída no anexo II da convenção de Berna (ICN, 2005). Distribuição e movimentos: Distribui-se de forma uniforme ao longo de todo o país, à excepção da Beira Interior e Baixo Alentejo onde a espécie é mais rara (Rufino, 1989). Habitat: Ocorre em sebes, bosques húmidos e floresta desde que com sub-bosque bem desenvolvido. Ocorre ainda em jardins e zonas urbanas e suburbanas. No interior Centro e Sul está confinada quase exclusivamente a matas ribeirinhas (Rufino, 1989). No estuário do Tejo tem preferência por sub-bosques em habitats florestais e margens de ribeiras com vegetação densa (Leitão et al., 1998). População: É mais abundante no Centro e Norte, do que no Sul do país. Rufino (1989) estimou a população nacional em cerca de 10 000 a 100 000 casais (Rufino, 1989). No Inverno de 1991/92 as maiores densidades de carriça no estuário do Tejo,

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foram registadas no montado de sobro com sub-bosque (mais de 8 aves/10 ha) (Leitão et al., 1998). Família Prunellidae Ferreirinha, Prunella modularis Fenologia: Em Portugal a espécie é residente. No estuário do Tejo ocorre como invernante pouco comum, sendo observada entre os meses de Setembro e Abril (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal continental a espécie tem o estatuto Pouco Preocupante. A nível internacional é considerada uma espécie Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída no anexo II da convenção de Berna (ICN, 2005). Distribuição e movimentos: Distribui-se de como nidificante no Noroeste onde é abundante, escasseando à medida que nos afastamos dessa zona (Rufino, 1989). Habitat: Frequenta sebes e matos mesmo ao nível do mar (na zona Nordeste) e de forma quase exclusiva em urzais e plantações jovens de coníferas, normalmente em zonas montanhosas acima dos 1000 m de altitude (zona Leste e Sul da área de distribuição) (Rufino, 1989). No estuário do Tejo tem preferência por montados de sobro com sub-bosque e sebes (Leitão et al., 1998). População: É mais abundante no Nordeste do país. Rufino (1989) estimou a população nacional em cerca de 10 000 a 100 000 casais (Rufino, 1989). No Inverno de 1991/92 as maiores densidades de ferreirinha no estuário do Tejo, foram registadas no montado de sobro com sub-bosque (mais de 9 aves/10 ha) (Leitão et al., 1998). Família Turdidae Pisco-de-peito-ruivo, Erithacus rubecula Fenologia: Em Portugal continental a espécie é residente e invernante, nos arquipélagos dos Açores e Madeira é residente. No estuário do Tejo ocorre como invernante comum, sendo observada entre os meses de Setembro e Abril (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal continental e ilhas a espécie tem o estatuto Pouco Preocupante. A nível internacional é considerada uma espécie Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída no anexo II das convenções de Berna e de Bona (ICN, 2005). Distribuição e movimentos: A Norte do rio Tejo tem uma distribuição mais ou menos uniforme, sendo no entanto mais abundante na faixa litoral e central do que no interior e estando praticamente ausente nas zonas de características mediterrânicas de Trás-os-Montes e Beira Interior. A Sul do rio Tejo tem uma presença muito localizada, nomeadamente à serra de São Mamede, no Alentejo e ao complexo de serranias de Monchique e Caldeirão, no Algarve (Rufino, 1989). Habitat: Nidifica em complexos de vegetação arbórea/arbustiva sombrios e húmidos, geralmente densos (Rufino, 1989). No estuário do Tejo ocorre em terrenos florestados,

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sebes, zonas com vegetação ripícola, salinas e valas da lezíria com coberto arbustivo bem desenvolvido (Leitão et al., 1998). População: É mais abundante no Nordeste do país (Rufino, 1989). Rufino (1989) estimou a população nacional em cerca de 10 000 a 100 000 casais. Em 1991/92 as maiores densidades de pisco-de-peito-ruivo no estuário do Tejo, foram registadas no montado de sobro com e sem sub-bosque (máximo de 20 a 16 aves/10 ha, respectivamente), do que em pinhais (máximo de 6 aves/10 ha) (Leitão et al., 1998). Rouxinol, Luscinia megarhynchos Fenologia: Em Portugal a espécie é estival nidificante. No estuário do Tejo ocorre como estival nidificante e migrador de passagem comum, sendo observada entre os meses de Março a Setembro (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal a espécie tem o estatuto Pouco Preocupante. A nível internacional é considerada uma espécie Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída no anexo II das convenções de Berna e de Bona (ICN, 2005). Distribuição e movimentos: Espécie com uma distribuição alargada em Portugal (Rufino, 1989). Em Junho 2006 foi observada associada a vegetação ripícola de charcas temporárias e açudes, sendo o valor médio máximo de uma ave, obtido num açude (Rocha, 2006a). Habitat: Tem preferência por habitats com vegetação muito densa, como formações arbóreas-arbustivas húmidas e sombrias, como as que marginal determinados cursos de água um pouco por todo o país. E ainda, por formações arbustivas em zonas muito secas encontradas em vales de cursos de água, permanentes ou temporários (no Alentejo e serras algarvias) (Rufino, 1989). No estuário do Tejo ocorre zonas com vegetação arbustiva ou arbórea densa, nomeadamente sebes e margens de ribeiras, valas e açudes (Leitão et al., 1998). População: É mediamente abundante por todo o país, com excepção do litoral Norte onde a espécie é pouco comum (Rufino, 1989). Rufino (1989) estimou a população nacional em cerca de 10 000 a 100 000 casais. Pisco-de-peito-azul, Luscinia svecica Fenologia: Em Portugal a espécie é invernante. No estuário do Tejo ocorre como invernante e migrador de passagem comum, sendo observada entre os meses de Agosto a Março (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal a espécie tem o estatuto Pouco Preocupante. A nível internacional é considerada uma espécie Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída nos anexos das convenções de Berna (Anexo II), de Bona (Anexo II) e das Directivas Aves/Habitats (Anexo A-I) (ICN, 2005). Habitat: No estuário do Tejo ocorre em sapais, salinas, caniçais, valas da lezíria, e outros habitats alagados com vegetação de porte arbustivo bem desenvolvido (Leitão et al., 1998). População: A população invernante é originária de França e pertence à subespécie L. s. namnetum. A subespécie L. s. cyanecula, oriunda da Europa Central, ocorre apenas

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de passagem e com pouca abundância. No Inverno de 1991/92 as densidades registadas no sapal e nas valas da lezíria variaram entre 10 a 56 aves/10 ha e entre 9 e 23 aves/ 10 ha, respectivamente (Leitão et al., 1998). Rabirruivo-preto, Phoenicurus ochruros Fenologia: Em Portugal a espécie é residente. No estuário do Tejo ocorre como invernante pouco comum, sendo observada entre os meses de Outubro e Março (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal a espécie tem o estatuto Pouco Preocupante. A nível internacional é considerada uma espécie Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída no anexo II das convenções de Berna e de Bona (ICN, 2005). Distribuição e movimentos: Espécie com uma distribuição uniforme a Norte do rio Tejo e limitada sobretudo à faixa costeira a Sul de Portugal (Rufino, 1989). Habitat: No Norte do país ocorre na faixa costeira rochosa, aglomerados urbanos e ainda em vários tipos de habitats rochosos (vales com escarpas e socalcos) e habitats de montanha que podem ultrapassar os 1200 m de altitude. Na zona Sul do país ocorre sobretudo em falésias costeiras, vales escarpados, aglomerados urbanos e em grande construções humanas (Rufino, 1989). No estuário do Tejo ocorre em montados abertos, geralmente próximos de construções humanas e lezíria (Leitão et al., 1998). População: Parece ser mais abundante na metade Norte do país, até porque aí se encontra mais bem distribuído (Rufino, 1989). Rufino (1989) estimou a população nacional em cerca de 10.000 a 100.000 casais. Rabirruivo-de-testa-branca, Phoenicurus phoenicurus Fenologia: Em Portugal a espécie é estival nidificante. No estuário do Tejo ocorre como migrador de passagem raro, sendo observada entre os meses de Setembro e Outubro (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal a espécie tem o estatuto Pouco Preocupante. A nível internacional é considerada uma espécie Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída no anexo II das convenções de Berna e de Bona (ICN, 2005). Distribuição e movimentos: Esta espécie ocorre em várias regiões do país, mas de forma localizada (Rufino, 1989). Habitat: Embora a escassez de informação sobre esta espécie, o rabirruivo-de-testa-branca parece preferir manchas de castanheiros e carvalho em confluência com zonas mais abertas, sobreirais nas serras do Sul do país e parques de árvores frondosas desde que relativamente espaçadas (Rufino, 1989). No estuário do Tejo ocorre em montados de sobro pouco densos e campos agrícolas adjacentes (Leitão et al., 1998). População: Rufino (1989) estimou a população nacional em cerca de 100 a 1.000 casais.

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Cartaxo-nortenho, Saxicola rubetra Fenologia: Em Portugal a espécie é estival nidificante. No estuário do Tejo ocorre como migrador de passagem pouco comum, sendo observada principalmente entre os meses de Setembro e Novembro (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal a espécie tem o estatuto Vulnerável. A nível internacional é considerada uma espécie Não Ameaçada pela BirdLife International (2004 in ICN, 2005) e Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída no anexo II das convenções de Berna e de Bona (ICN, 2005). Distribuição e movimentos: A área de distribuição estende-se por grande parte da Europa, embora esta espécie seja rara ou ausente em muitas regiões mais meridionais. Fora da Europa, encontra-se na zona mais ocidental da Ásia. É um migrador transariano, invernando em África (Cramp, 1998). Em Portugal durante a época de nidificação a espécie localiza-se em alguns sectores elevados no Gerês e Montesinho (Coverley, 1933; Rufino, 1989; Pimenta e Santarém, 1996; Reino, 1996). Habitat: Ocorre geralmente em altitudes de 1.000-1.200 m, em matos higrófilos associados a cabeceiras de linhas de água (Pimenta e Santarém, com. pess.). Frequenta ainda prados de montanha com carvalho-negral disperso (Reino, 1994). No estuário do Tejo ocorre em salinas, terrenos da lezíria e montados de sobro abertos (Leitão et al., 1998). População: A população nacional está compreendida entre 50 a 1.000 aves, sendo o Parque Nacional da Peneda Gerês, uma das principais áreas de ocorrência da espécie em Portugal, existindo uma população nidificante de 50 casais (Pimenta e Santarém, com. pess.). Ocorre ainda no Parque Natural de Montesinho, mas ai a população é muito escassa (Reino 1994, 1996). Ocorre em Portugal uma população migradora de passagem que é consideravelmente mais numerosa do que a população nidificante. Factores de ameaça: As reflorestações, os incêndios e a alteração das práticas de pastoreio tradicionais constituem ameaças potenciais para esta espécie nas áreas de reprodução (ICN, 2005). Medidas de Conservação: A quase totalidade das áreas de reprodução da espécie em Portugal, estão inseridas em Área Protegidas. Assim é fundamental a inclusão de medidas , nos planos de ordenamento e gestão das Áreas Protegidas, que permitam a conservação do habitat onde a espécie ocorre. É importante monitorizar a tendência populacional desta rara espécie (ICN, 2005). Cartaxo, Saxicola torquata Fenologia: Em Portugal a espécie é residente. No estuário do Tejo ocorre como residente nidificante comum (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal a espécie tem o estatuto Pouco Preocupante. A nível internacional é considerada uma espécie Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída no anexo II das convenções de Berna e de Bona (ICN, 2005). Distribuição e movimentos: Esta espécie distribui-se por todo o país (Rufino, 1989). Habitat: Frequenta habitats muito variados, como complexos de vegetação dunar, prados, e pastagens de montanha (mesmo acima dos 1000 m), montados abertos, etc.

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(Rufino, 1989). No estuário do Tejo ocorre numa grande variedade de habitats, desde caniçais e salinas, passando pelos terrenos da lezíria, até aos montados de sobro e pinhais (Leitão et al., 1998). Nos sapais do Tejo, o cartaxo é típico das zonas marginais deste biótopo, sendo observado ainda em biótopos onde domina Phragmites communis e onde domina Arthrocnemum perenne ou de A. Perenne e Arthrocnemum sp. dada a proximidade destes com os taludes. É uma espécie pouco no coberto vegetal do sapal, apresentando densidades reduzidas (0,55 casais / 10 ha) (Crespo, 1993). População: O cartaxo parece mais abundante no Alentejo e Beira Interior do que no resto da sua área de distribuição. Por outro lado é raro no extremo sueste do país e na zona de Aveiro, onde ocorre em densidades muito baixas (Rufino, 1989). Rufino (1989) estimou a população nacional em cerca de 10.000 a 100.000 casais. Em 1991/92 dos 14 biótopos estudados (sapal, valas, 9 biótopos agrícolas e 3 florestais), a espécie só não foi registada no sapal. Com excepção das valas, as densidades raramente ultrapassam as 10 aves/10 ha (Leitão et al., 1998). Chasco-cinzento, Oenanthe oenanthe Fenologia: Em Portugal a espécie é estival nidificante. No estuário do Tejo ocorre como migrador de passagem comum, sendo observado principalmente durante os meses de Agosto a Novembro (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal a espécie tem o estatuto Pouco Preocupante. A nível internacional é considerada uma espécie Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída no anexo II das convenções de Berna e de Bona (ICN, 2005). Distribuição e movimentos: Segundo Coverley (sem data) a espécie apresentava na primeira metade do século uma distribuição mais alargada no Norte do país, sendo comum nos complexos dunares do litoral Norte. Actualmente embora a população se mantenha o seu limite a Sul, na zona litoral Norte é meramente residual (Rufino, 1989). Habitat: Frequenta áreas abertas muito variadas, preferindo habitats de montanha, como prados e pastagens, desde que sejam húmidos e com afloramentos rochosos (Rufino, 1989). No estuário do Tejo é o chasco-cinzento é observado na lezíria, salinas e montados de sobro abertos (Leitão et al., 1998). População: Rufino (1989) estimou a população nacional em cerca de 1.000 a 10.000 casais. Factores de ameaça: A redução da população na zona litoral Norte do país poderá ser resultado da ocupação desses locais pela construção. Para disso, sofreu uma redução do habitat nas zonas montanhosas, como consequência da florestação progressiva das zonas mais altas das serras do país (Rufino, 1989). Melro-preto, Turdus merula Fenologia: Em Portugal continental e nos arquipélagos dos Açores da Madeira a espécie é residente. No estuário do Tejo ocorre como residente nidificante comum (Leitão et al., 1998).

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Estatuto de Protecção: Em Portugal continental e nas ilhas a espécie tem o estatuto Pouco Preocupante. A nível internacional é considerada uma espécie Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída nos anexos das convenções de Berna (Anexo III), de Bona (Anexo II), das Directivas Aves/Habitats (Anexo D) e na Lei de Bases de Caça (ICN, 2005) Distribuição e movimentos: Distribui-se por todo o território nacional, sendo igualmente comum no Norte e Sul do país (Rufino, 1989). Habitat: É observado numa elevada diversidade de habitats, como: pomares, jardins, parques, bosques, bosquetes mistos, zonas de culturas agrícolas com sebes vivas, complexos arbustivos de toda a natureza, formações dunares, charnecas e matagais, povoamentos arbóreos, etc. (Rufino, 1989). No estuário do Tejo é o melro ocorre sobretudo em áreas florestais e sebes (Leitão et al., 1998). População: Rufino (1989) estimou a população nacional em cerca de 100.000 a 1.000.000 casais. Em 1991/92 as densidades nos montados de sobro variaram entre 3 e 17 aves/10 ha, enquanto que no pinhal não ultrapassaram as 2 aves/10 ha (Leitão et al., 1998). Tordo-pinto, Turdus philomelos Fenologia: Em Portugal a espécie é Invernante e nidificante. No estuário do Tejo ocorre como invernante comum, sendo observado entre os meses de Outubro e Março (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal a população nidificante tem o estatuto de Quase ameaçada e, Pouco Preocupante no caso da população invernante. A nível internacional é considerada uma espécie Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída nos anexos das convenções de Berna (Anexo III), de Bona (Anexo II), das Directivas Aves/Habitats (Anexo D) e na Lei de Bases de Caça (ICN, 2005). Distribuição e movimentos: Como nidificante distribui-se por quase toda a Europa, à excepção dos sectores mais meridionais, e por grande parte da Ásia Ocidental. Tem uma área de invernada essencialmente circum-mediterrânica (Cramp, 1998). Em Portugal a espécie nidifica nas zonas serranas do extremo Norte do país, no Minho e Trás-os-Montes (ICN, 2005). Habitat: Ocorre em bosques de folha caduca ou mistos, com predominância para carvalhais, bosques de faias e matas ribeirinhas com amieiros e freixos (Reino, 1994; Pimenta e Santarém, 1996; Patacho, 1998; Cardoso, 1999). No estuário do Tejo é observado em zonas arborizadas e sebes (Leitão et al., 1998). População: A população invernante é numerosa e com distribuição alargada. A população nidificante nunca foi recenseada, mas através da realização de vários trabalhos foi possível determinar que esta população é reduzida. Esta está provavelmente compreendida entre 250 e 10.000 aves e em expansão (Pimenta, com. pess.). Factores de ameaça: Os factores de ameaça não estão devidamente estudadas, mas os incêndios, com a consequente destruição das zonas de matas caducifólias onde nidificam, são sempre uma ameaça. A população invernante sofre uma grande

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pressão cinegética (Fontoura 1996a, b), contudo desconhece-se o efeito sobre essa mesma população (ICN, 2005). Medidas de Conservação: A proibição da caça nas áreas de reprodução e a protecção do habitat são medidas susceptíveis de favorecer a espécie. Tordo-ruivo, Turdus iliacus Fenologia: Em Portugal a espécie é Invernante. No estuário do Tejo ocorre como invernante pouco comum, sendo observado entre os meses de Dezembro e Fevereiro (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal a espécie tem o estatuto de Pouco Preocupante. A nível internacional é considerada uma espécie Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída nos anexos das convenções de Berna (Anexo III), de Bona (Anexo II), das Directivas Aves/Habitats (Anexo D) e na Lei de Bases de Caça (ICN, 2005). Habitat: No estuário do Tejo é observado em zonas florestadas (Leitão et al., 1998). Tordoveia, Turdus viscivorus Fenologia: Em Portugal a espécie é residente. No estuário do Tejo ocorre como residente nidificante pouco comum (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal a espécie tem o estatuto de Pouco Preocupante. A nível internacional é considerada uma espécie Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída nos anexos da convenção de Berna (Anexo III), das Directivas Aves/Habitats (Anexo D) e na Lei de Bases de Caça (ICN, 2005). Distribuição e movimentos: A tordoveia distribui-se por todo o país (Rufino, 1989). Habitat: Mostra preferência por habitas mistos, como culturas agrícolas em confluência com bosques mistos, sebes vivas, matas ribeirinhas, etc. Ocorre ainda na orla de grandes povoamentos de coníferas (existem registo de nidificação acima dos 1.000 m), montados de sobro e azinho, por vezes associados a pastagens e culturas arvenses (no Alentejo) (Rufino, 1989). No estuário do Tejo ocorre em zonas florestais, nomeadamente montados de sobro abertos (Leitão et al., 1998). População: Nidifica normalmente em densidades baixas e parece ser mais abundante no Centro e Norte do país (Rufino, 1989). Rufino (1989) estimou a população nacional em cerca de 10.000 a 100.000 casais. Família Sylviidae Rouxinol-bravo, Cettia cetti Fenologia: Em Portugal a espécie é residente. No estuário do Tejo ocorre como residente nidificante comum (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal a espécie tem o estatuto de Pouco Preocupante. A nível internacional é considerada uma espécie Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída no anexo II das convenções de Berna e de Bona (ICN, 2005).

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Distribuição e movimentos: Distribui-se praticamente por todo o país, estando contudo ausente no Noroeste (Rufino, 1989). Habitat: Ocorre zonas junto de água desde que exista vegetação densa (por exemplo, os silvados). O importante na selecção do habitat parece estar o tipo de vegetação e a sua proximidade à água, e não as características da massa de água (Rufino, 1989). No estuário do Tejo ocorre em sapais, caniçais, tamargueiras e na vegetação das margens de valas, ribeiras e açudes (Leitão et al., 1998). No sapal do Tejo, a espécie ocorre essencialmente em taludes e caniçais (Crespo, 1993). População: É mais abundante em todo o país, com excepção do Noroeste onde se torna rara (Rufino, 1989). Rufino (1989) estimou a população nacional em cerca de 100.000 a 1.000.000 casais. Num estudo realizado no estuário do Tejo em 1992 as maiores densidades da espécie foram registadas no caniçal e na orla do sapal (1,36 e 5,7 casais/10 ha, respectivamente), tendo sido inferiores noutros tipos de sapal estudados (máximo de 0,18 casais/10 ha) (Leitão et al., 1998). Fuinha-dos-juncos, Cisticola juncidis Fenologia: Em Portugal a espécie é residente. No estuário do Tejo ocorre como residente nidificante comum (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal a espécie tem o estatuto de Pouco Preocupante. A nível internacional é considerada uma espécie Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída no anexo II das convenções de Berna e de Bona (ICN, 2005). Distribuição e movimentos: A distribuição da espécie parece ser condicionada pela altitude, daí que esteja ausente em grande parte do Noroeste do país (Rufino, 1989). Habitat: Ocorre numa grande variedade de habitas abertos, nomeadamente dunas, orlas de caniçais, searas, pousios, incultos suburbanos, etc. (Rufino, 1989). No estuário do Tejo ocorre em zonas abertas desde que possuam vegetação herbácea ou arbustiva bem desenvolvida, o que acontece na lezíria, em sapais, salinas e caniçais (Leitão et al., 1998). Segundo Crespo (1993) durante o período reprodutor a espécie tem preferência por zonas mais húmidas ou próximas de água (caso da proximidade de Halimione portucaloides aos canais de irrigação do sapal). População: É aparentemente mais abundante no Sul e litoral do que no Centro interior (Rufino, 1989). Rufino (1989) estimou a população nacional em cerca de 100.000 a 1.000.000 casais. Num estudo realizado no estuário do Tejo em 1991/92 a espécie ocorreu com maior regularidade e abundância no sapal que nos restantes biótopos estudados. As densidades máximas registadas após a época de nidificação, foram de 61 e 81 aves/10 ha no sapal e valas, respectivamente. A espécie foi registada em todas as classes de sapais estudadas na Primavera de 1992, com densidades médias que variaram de 0,79 a 8,48 casais/10 ha (Leitão et al., 1998). Cigarrinha-malhada, Locustella naevia Fenologia: No estuário do Tejo ocorre como migrador de passagem raro (Leitão et al., 1998).

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Habitat: No estuário do Tejo ocorre em caniçais, sapais e zonas com vegetação ripícola (Leitão et al., 1998). Cigarrinha-ruiva, Locustella luscinioides Fenologia: Em Portugal a espécie é estival nidificante. No estuário do Tejo ocorre como estival nidificante raro (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal a espécie tem o estatuto de Vulnerável. A nível internacional é considerada uma espécie Não Ameaçada pela BirdLife International (2004) e Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída no anexo II das convenções de Berna e de Bona (ICN, 2005). Distribuição e movimentos: Como nidificante, distribui-se em latitude médias e baixas no Paleártico, desde a Europa Ocidental e Noroeste de África até à Mongólia. É migrador transariano, invernando na África subsariana (Cramp, 1998). Em Portugal ocorre na faixa litoral, desde o Minho ao Alentejo, sendo as principais áreas de ocorrência, zonas húmidas litorais, nomeadamente a ria de Aveiro, o baixo Mondego ou a lagoa de Santo André (ICN, 2005). Habitat: Ocorre em zonas de vegetação palustre do tipo predominantemente herbáceo. Parece ter preferência por povoamentos extensos e diversificados, e por zonas não sujeitas ao regime das marés (ICN, 2005). No estuário do Tejo ocorre em manchas de caniçal de dimensão média ou grande (Leitão et al., 1998). População: Estima-se que a população nacional esteja compreendida entre 1.000 e 10.000 aves. Não existem indícios concretos que a espécie esteja em declínio, no entanto não é de excluir essa hipótese, dada a degradação que se tem assistido dos povoamentos palustres nas zonas húmidas nacionais (ICN, 2005). No estuário do Tejo em 1992 a espécie foi registada nos caniçais da área com densidades de 0,18 e 1,36 casais/10 ha (Leitão et al., 1998). Factores de ameaça: O principal factor de ameaça da espécie é a degradação do habitat, nomeadamente a drenagem ou alteração das zonas húmidas para aproveitamento agrícola, pastoreio ou outros usos do solo. A transformação de sistemas palustres herbáceos em outros dominados por arbustos ou árvores, afecta a espécie. E ainda a alteração das zonas de invernada em África constitui uma ameaça potencial à preservação da espécie (ICN, 2005). Medidas de Conservação: Manutenção de povoamentos palustres extensos e diversificados. Embora grande parte da área de nidificação da espécie se encontre incluída em Áreas Protegidas, será necessário incluir a espécie no plano de gestão e ordenamento dessas mesmas áreas onde a espécie ocorre (ICN, 2005). Felosa-dos-juncos, Acrocephalus schoenobaenus Fenologia: No estuário do Tejo ocorre como migrador de passagem pouco comum (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: A espécie em Portugal é considerada Não Ameaçada. Está incluída no anexo II das convenções de Bona e Berna (SNPRCN, 1990)

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Habitat: No estuário do Tejo ocorre em caniçais, valas pastagens e forragens (Leitão et al., 1998). Rouxinol-pequeno-dos-caniços, Acrocephalus scirpaceus Fenologia: Em Portugal a espécie é estival nidificante. No estuário do Tejo ocorre como estival nidificante e migrador de passagem comum, sendo observada durante os meses de Março e Setembro (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal a espécie tem o estatuto de Quase Ameaçada. A nível internacional é considerada uma espécie Não Ameaçada pela BirdLife International (2004 in ICN, 2005) e Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída no anexo II das convenções de Berna e de Bona (ICN, 2005). Distribuição e movimentos: Como nidificante, distribui-se por quase toda a Europa, à excepção das zonas mais setentrionais, Norte de África e nalguns sectores ocidentais da Ásia (Cramp, 1998). Inverna na África subsariana (ICN, 2005). Em Portugal ocorre em habitats extremamente restritos formados por caniçal encontrando-se ao longo de toda a franja litoral e penetrando para o interior no Ribatejo e Alto Alentejo (ICN, 2005). Habitat: Ocorre quase exclusivamente em caniçais de Phragmites communis com extensão média ou grande, sendo escasso ou estando mesmo ausente em manchas de caniço muito pequenas ou noutros povoamentos de vegetação palustre (ICN, 2005). No estuário do Tejo ocorre principalmente em caniçais e ocasionalmente em sapais, salinas e regadio de milho (Leitão et al., 1998). População: A população nidificante nacional foi estimada como sendo superior a 2.500 aves. Em Portugal ocorre ainda uma população migradora de passagem bem mais numerosa que a população nidificante (ICN, 2005). No estuário do Tejo as densidades médias registadas em 1992 foram de 6,13 e 19,94 casais/10 ha em dois tipos de caniçal (Leitão et al., 1998). Factores de ameaça: A drenagem ou degradação das zonas húmidas em geral, e dos caniçais em particular, constituem a principal ameaça da espécie em Portugal. A perda de caniçal pela sucessão natural e ao assoreamento também são factores a considerar. A alteração das zonas de invernada em África constitui uma ameaça potencial à preservação da espécie (ICN, 2005). Medidas de Conservação: A conservação e gestão activa dos caniçais são fundamentais para a espécie. Embora grande parte da área de distribuição da espécie se encontre zonas húmidas com algum estatuto de protecção, é necessário um plano gestão do caniçal (ICN, 2005). Rouxinol-grande-dos-caniços, Acrocephalus arundinaceus Fenologia: Em Portugal a espécie é estival nidificante. No estuário do Tejo ocorre como estival nidificante e migrador de passagem comum, sendo observada durante os meses de Março e Setembro (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal a espécie tem o estatuto de Quase Ameaçada. A nível internacional é considerada uma espécie Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída no anexo II das convenções de Berna e de Bona (ICN, 2005).

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Distribuição e movimentos: Distribui-se ao longo do litoral, sendo que a Sul do rio Tejo a sua distribuição alarga-se para o interior do país (Rufino, 1989). Habitat: Ocorre em caniçais, tábua, bunho e por vezes associações de tábua, tamargueira e salgueiro. Ocorre em manchas de habitat reduzido, dai que surja também no interior do país (Rufino, 1989). No estuário do Tejo ocorre principalmente em caniçais (Leitão et al., 1998). Em Junho de 2006 a espécie, apresentou uma abundância média de 0,67 aves num açude na Companhia das Lezírias (Rocha, 2006a). População: Parece ser igualmente comum no Norte e Sul do país (Rufino, 1989). Rufino (1989) estimou a população nacional em cerca de 1.000 a 10.000 casais. No estuário do Tejo em 1992, registaram-se densidades médias de 2,47 casais/10 ha em caniçais (Leitão et al., 1998). Felosa-aquática, Acrocephalus paludicola Fenologia: Em Portugal a espécie é migrador de passagem. No estuário não tem sido observada, o que deriva do facto de não se fazerem contagens de passeriformes migradores nesta região (Encarnação, com pess.), estando provavelmente presente mas em números muito baixos; Estatuto de Protecção: Em Portugal a espécie tem o estatuto de Em perigo. A nível internacional é considerada uma espécie Vulnerável pela IUCN (2001). Está incluída nas convenções de Berna (anexo II) e de Bona (anexos II e III) e como espécie prioritária do Anexo I da Directiva Habitats (ICN, 2005). Distribuição e movimentos: Distribui-se ao longo do litoral, sendo que a Sul do rio Tejo a sua distribuição se alarga para o interior do país (Rufino, 1989). Habitat: Ocorre em caniçais de Phragmites australis, bunho ou outra vegetação palustre. População: é rara em Portugal, aparentando ter alguma tendência para a sua diminuiçao, a par do se que se passa nas zonas norte-europeias de nidificação. Felosa-poliglota, Hippolais polyglotta Fenologia: Em Portugal a espécie é estival nidificante. No estuário do Tejo ocorre como estival nidificante e migrador de passagem pouco comum, sendo observada durante os meses de Abril e Setembro (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal a espécie tem o estatuto de Pouco Preocupante. A nível internacional é considerada uma espécie Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída no anexo II das convenções de Berna e de Bona (ICN, 2005). Distribuição e movimentos: Distribui-se ao longo de todo o país (Rufino, 1989). Habitat: Ocorre numa grande variedade de habitats, preferindo sebes, matas ribeirinhas, orla de montados e outros bosques, mistos de mato com clareiras e ainda matos de ribeiros temporários (Rufino, 1989). No estuário do Tejo ocorre sobretudo em sebes, margens de ribeiras e açudes. Ocorre ainda na de sapais e caniçais (Leitão et al., 1998).

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População: Parece ser mais abundante no Sul que no Norte do país (Rufino, 1989). Rufino (1989) estimou a população nacional em cerca de 1000.000 a 1.000.000 casais. Toutinegra-do-mato, Sylvia undata Fenologia: Em Portugal a espécie é residente. No estuário do Tejo ocorre como invernante comum, sendo observada durante os meses de Outubro e Fevereiro (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal a espécie tem o estatuto de Pouco Preocupante. A nível internacional é considerada uma espécie Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída nos anexos da convenção de Berna (Anexo II) e das Directivas Aves/Habitats (Anexo A-I) (ICN, 2005). Distribuição e movimentos: Distribui-se ao longo de todo o país, ocorrendo falhas em consequência sobretudo da falta de habitat (Rufino, 1989). Habitat: Frequenta sobretudo urzais, em zonas montanhosas, matos de duna e matos de esteva nas zonas mais áridas do país. Tem preferência por formações sem clareiras e com altura média uniforme, ocorrendo desde o nível do mar e acima dos 1000 m. Ocasionalmente é observada em pinhais com mato bem desenvolvido e em jovens plantações de coníferas (Rufino, 1989). No estuário do Tejo ocorre sobretudo em zonas com vegetação arbustiva, nomeadamente, no sub-bosque do montado de sobro, margens de valas na lezíria, salinas e sapais (Leitão et al., 1998). População: Aparentemente é mais comum no litoral e nas zonas montanhosas, embora isso possa resultar de uma maior disponibilidade de habitat nestas zonas (Rufino, 1989). Rufino (1989) estimou a população nacional em cerca de 10.000 a 100.000 casais. No Inverno de 1991/92 as maiores densidades foram registadas no sapal (máximo de 15 aves/10 ha) e no montado com sub-bosque (máximo de 7 aves/10 ha) do estuário do Tejo (Leitão et al., 1998). Toutinegra-de-bigodes, Sylvia cantillans Fenologia: Em Portugal a espécie é estival nidificante. No estuário do Tejo ocorre como migradora de passagem rara, sendo observada durante os meses de Setembro e Outubro (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal a espécie tem o estatuto de Pouco Preocupante. A nível internacional é considerada uma espécie Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída no anexo II das convenções de Berna e de Bona (ICN, 2005). Distribuição e movimentos: apresenta uma distribuição bem definida, sendo uma espécie típica do interior com um prolongamento para o litoral na serra algarvia (Rufino, 1989). Habitat: Ocorre principalmente em matos altos com árvores dispersas, como os de esteva com azinho e os de giesta com carvalho negral. Com menor frequência é observada em matos sem árvores, no Nordeste do país, nidifica ainda em sebes bem desenvolvidas (Rufino, 1989). No estuário do Tejo ocorre sobretudo em sebes (Leitão et al., 1998).

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População: É mais comum no Nordeste e Beira interior do que no resto do país (sendo a Sylvia mais comuns em Trás-os-Montes) (Rufino, 1989). Rufino (1989) estimou a população nacional em cerca de 10.000 a 100.000 casais. Toutinegra-dos-valados, Sylvia melanocephala Fenologia: Em Portugal a espécie é residente. No estuário do Tejo ocorre como residente comum (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal a espécie tem o estatuto de Pouco Preocupante. A nível internacional é considerada uma espécie Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída no anexo II das convenções de Berna e de Bona (ICN, 2005). Distribuição e movimentos: Distribui-se ao longo de todo o país (Rufino, 1989). Habitat: Ocorre numa grande variedade de habitats, desde matos de esteva a montados de sobro e azinho com matos, dos silvados aos olivais, localmente em jardins suburbanos, mas está ausente nas zonas montanhosas (Rufino, 1989). No estuário do Tejo ocorre em montados, sapais, salinas, zonas com vegetação ripícola e sebes (Leitão et al., 1998). Nos sapais do Tejo, a espécie tem preferência pelas zonas marginais deste biótopo, onde apresenta densidades que podem atingir 1,075 casais/10 há. Pode ser ainda observada em biótopos onde domina Arthrocnemum perenne ou A. Perenne e Arthrocnemum sp., mas em menores densidades (0,180 a 0,204 casais/10 ha) (Crespo, 1993). População: É claramente mais abundante no Sul do que no Norte do país, sendo a mais comum das toutinegras (Rufino, 1989). Rufino (1989) estimou a população nacional em cerca de 100.000 a 1.000.000 casais. No estuário do Tejo em 1991/92 as maiores densidades foram registadas nos montados de sobro com sub-bosque (máximo de 30 aves/10 ha) (Leitão et al., 1998). Papa-amoras, Sylvia communis Fenologia: Em Portugal a espécie é estival nidificante. No estuário do Tejo ocorre como migradora de passagem pouco comum, sendo observada entre os meses de Agosto e Outubro (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal a espécie tem o estatuto de Pouco Preocupante. A nível internacional é considerada uma espécie Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída no anexo II das convenções de Berna e de Bona (ICN, 2005). Distribuição e movimentos: Apresenta uma distribuição confinada sobretudo ás zonas montanhosas do Norte e Centro do país, ocorrendo ainda ao nível do mar no Noroeste (Rufino, 1989). Segundo (Coverley, sem data), durante a primeira metade do século passado, a espécie nidificaria mais para Sul do que actualmente. Habitat: É observada em matos de giesta e urze nas zonas montanhosas, preferindo os matos descontínuos. No Norte e Noroeste ocorre ainda em sebes vivas com ou sem arvoredo (Rufino, 1989). No estuário do Tejo ocorre nos matos dos montados, sebes, salinas e sapais (Leitão et al., 1998).

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População: A sua abundância diminui, de um modo geral, à medida que nos deslocamos para Sul da sua área de distribuição (Rufino, 1989). Rufino (1989) estimou a população nacional em cerca de 1.000 a 10.000 casais. Toutinegra-das-figueiras, Sylvia borin Fenologia: Em Portugal a espécie é estival nidificante. No estuário do Tejo ocorre como estival nidificante e migrador de passagem pouco comum, sendo observada durante os meses de Agosto e Outubro (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal a espécie tem o estatuto de Vulnerável. A nível internacional é considerada uma espécie Não Ameaçada pela BirdLife International (2004) e Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída no anexo II das convenções de Berna e de Bona (ICN, 2005). Distribuição e movimentos: Como nidificante distribui-se de forma alargada por toda a Europa, Oeste da Ásia até à Sibéria Central (Hagemeijer e Blair, 1997). Em Portugal restrita ao extremo Noroeste do território, apesar de ocorrerem alguns registos em áreas mais a Sul (ICN, dados não publicados). Habitat: Ocorre em bosques ribeirinhos, bosques de folhosas, sobretudo carvalhais, normalmente na proximidade de lameiros (Rufino, 1989). O Parque Nacional da Peneda Gerês (deverá albergar a maioria da população nacional) a espécie ocorre principalmente em carvalhais de carvalho-negral com sub-bosque bem desenvolvido, e ainda em bosques ribeirinhos na proximidade de lameiros e silvados (Pimenta e Santarém, 1996). No estuário do Tejo ocorre na vegetação arbustiva bem desenvolvida (Leitão et al., 1998). População: A população nacional nidificante, será superior a 50 e inferior a 1000 aves (ICN, 2005). Factores de ameaça: Não existem factores de ameaça da espécie conhecidos. Contudo dado o reduzido tamanho da população, esta deverá ser muito susceptível à destruição de carvalhais de carvalho-negral e bosques ribeirinhos (ICN, 2005). Medidas de Conservação: Manutenção de bosques ribeirinhos e carvalhais de carvalho-negral (ICN, 2005). Toutinegra-de-barrete, Sylvia atricapilla Fenologia: Em Portugal continental e nos arquipélagos dos Açores e da Madeira a espécie é residente. No estuário do Tejo ocorre como residente nidificante pouco comum (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal continental e ilhas a espécie tem o estatuto de Pouco Preocupante. A nível internacional é considerada uma espécie Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída no anexo II das convenções de Berna e de Bona (ICN, 2005). Distribuição e movimentos: É uma espécie com uma distribuição quase contínua por todo o país (Rufino, 1989). Habitat: Ocorre em zonas mais ocidentais, numa grande variedade de habitats, desde jardins, pomares e bosques de folhosas. No interior frequenta quase exclusivamente

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matas ribeirinhas, de freixo, amieiro ou salgueiro. Existe desde o nível do mar a zonas montanhosas acima dos 1000 m (Rufino, 1989). No estuário do Tejo ocorre em árvores e sebes junto de linhas de água (Leitão et al., 1998). População: É mais abundante nas zonas ocidentais que nas interiores (Rufino, 1989). Rufino (1989) estimou a população nacional em cerca de 100.000 a 1.000.000 casais. Felosinha, Phylloscopus collybita Fenologia: Em Portugal a espécie é invernante. No estuário do Tejo ocorre como invernante comum, sendo observado entre os meses de Outubro a Março (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal tem o estatuto de Pouco Preocupante. A nível internacional é considerada uma espécie Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída no anexo II das convenções de Berna e de Bona (ICN, 2005). Habitat: No estuário do Tejo ocorre em zonas com vegetação com porte arbustivo ou arbóreo (Leitão et al., 1998). População: No Inverno de 1991/92, foi registada em oito biótopos diferentes, com maior abundância nas valas (máximo de 250 aves/10 ha) e nos montados (máximo de 46 aves/10 ha). Em 6 de Dezembro de 1980 foi observado um indivíduo da subespécie P. c. tristis na Ponta da Erva. Felosinha-ibérica, Phylloscopus ibericus Fenologia: Em Portugal a espécie é estival nidificante. No estuário do Tejo ocorre como estival nidificante, rara (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal tem o estatuto de Pouco Preocupante. Em Espanha é considerada uma espécie Pouco Preocupante. Está incluída no anexo II das convenções de Berna e de Bona (ICN, 2005). Distribuição e movimentos: Espécie bem distribuída pelo país é mais comum na zona litoral do país do que nas zonas mais orientais. Habitat: Frequenta bosques e floresta húmida, como matas ribeirinhas, matas nas encostas e vales ensombrados, desde que densas e com sub-bosque bem desenvolvido. Evita as serras (sendo rara acima dos 1000 m) e as zonas áridas do interior (Rufino, 1989). No estuário do Tejo a espécie ocorre em zonas com vegetação arbórea bem desenvolvida nas margens de linhas de água (Leitão et al., 1998). População: É mais comum na parte ocidental da sua área de nidificação do nas interiores (Rufino, 1989). Rufino (1989) estimou a população nacional em cerca de 10.000 a 100.000 casais. Felosa-musical, Phylloscopus trochilus Fenologia: Em Portugal a espécie é migradora de passagem. No estuário do Tejo ocorre como migrador de passagem, sendo observado entre os meses de Agosto e Outubro (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal tem o estatuto de Não Ameaçada. Está incluída no anexo II das convenções de Berna e de Bona (SNPRCN, 1990).

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Habitat: No estuário do Tejo ocorre em zonas com árvores, arbustos e caniço (Leitão et al., 1998). Estrelinha-real, Regulus ignicapillus Fenologia: Em Portugal continental a espécie é residente e invernante e no arquipélago da Madeira é residente. No estuário do Tejo ocorre residente invernante pouco comum (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal continental e Madeira a espécie tem o estatuto de Pouco Preocupante. A nível internacional é considerada uma espécie Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída no anexo II das convenções de Berna e de Bona (ICN, 2005). Distribuição e movimentos: Distribui-se sobretudo na zona Noroeste e em algumas zonas litorais do Centro do país (Rufino, 1989). Habitat: Espécie típica de bosque frondoso e sombrio, ocorrendo sobretudo em coníferas mas também em matas de folhosas, no Norte e Noroeste e ainda parques mistos na Beira Alta. Nidifica desde o nível do mar até ao limite arbóreo nas serras (Rufino, 1989). No estuário do Tejo ocorre em pinhal, montado de sobro, e por vezes em zonas com vegetação ripícola (Leitão et al., 1998). População: É mais abundante no extremo Norte da sua área de distribuição do que no resto do país (Rufino, 1989). Rufino (1989) estimou a população nacional em cerca de 10.000 a 100.000 casais. Num estudo realizado no estuário do Tejo em 1991/92 apenas foi registado nos biótopos florestais, sendo as maiores densidades registadas no montado com sub-bosque (máximo de 16 aves/10 ha). Família Muscicapidae Taralhão-cinzento, Muscicapa striata Fenologia: Em Portugal a espécie é estival nidificante. No estuário do Tejo ocorre como migrador de passagem pouco comum (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal continental a espécie tem o estatuto Quase Ameaçada. A nível internacional é considerada uma espécie Depauperada pela BirdLife International (2004 in ICN, 2005) e Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída no anexo II da convenção de Berna e Bona (ICN, 2005). Distribuição e movimentos: Distribui-se como reprodutor no pelo Paleártico Central e Ocidental, desde a Escandinávia até ao Norte de África e do Irão até à Mongólia e o Oeste dos Himalaias (Cramp e Perrins 1993; Tucker e Heath, 1994). Inverna na África subsariana (Cramp e Perrins 1993). Em Portugal embora se distribua de Norte a Sul do país, a espécie encontra-se essencialmente região Sul da Estremadura, Alto Alentejo e serras algarvias. No resto do país apresenta uma distribuição fragmentada, ocorrendo de forma dispersa nas serras do Centro e Norte, geralmente abaixo dos 1.000 m de altitude (ICN, 2005). Habitat: Tem preferência por arvoredo pouco denso, como margens de bosques e clareiras, montados e soutos. Evita zonas desflorestadas e com densidades arbóreas

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muito altas (Huertas, 2003). No estuário do Tejo tem preferência por zonas arborizadas e sebes (Leitão et al., 1998). População: Em Portugal a informação sobre a abundância da espécie é escassa. No período de 1978-1984, Rufino (1989) estimo grosseiramente a população em cerca de 100 a 1.000 casais. Apesar da clara falta de dados populacionais, observa-se um declínio continuado do seu habitat, devido essencialmente à degradação do habitat (ICN, 2005). Factores de ameaça: As principais causas do declínio da espécie devem-se à destruição do seu habitat, devido nomeadamente, à ocorrência de incêndios que destroem extensas áreas de florestais, substituição de áreas florestais autóctones por plantações de pinheiro e eucalipto. A proliferação de do uso de pesticidas em zonas agrícolas e a contaminação das águas, parece ser um factor relevante (ICN, 2005). É referido por alguns autores, que as populações podem ser afectadas por secas e vagas de frio, as quais limita a disponibilidade de presas (Tucker e Heath, 1994). Medidas de Conservação: - Será necessário aprofundar o conhecimento sobre a dimensão do efectivo populacional, a tendência da população e seus requisitos de habitat; - A adopção de medidas que visem a redução de pesticidas e produtos fitossanitários na agricultura; - Promover a florestação com espécies autóctones; - Criar faixas folhosas entre manchas extensas de florestas de produção; - Adoptar medidas de prevenção de fogos florestais (ICN, 2005). Papa-moscas, Ficedula hypoleuca Fenologia: Em Portugal a espécie é estival nidificante. No estuário do Tejo ocorre como migrador de passagem comum (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal continental a espécie tem o estatuto Rara. Está incluída no anexo II da convenção de Berna e de Bona (SNPRCN, 1990). Distribuição e movimentos: A espécie deve nidificar apenas no extremo Noroeste numa zona muito restrita e talvez na serra de Monchique (Algarve). Ocorre ainda em Portugal uma população migradora de passagem, sendo mais abundante no Sul do país (Rufino, 1989). Habitat: A reduzida população nidificante do Noroeste do país tem preferência por matas de folhosas associadas a zonas abertas (Rufino, 1989). No estuário do Tejo tem preferência por zonas com árvores, arbustos e sebes (Leitão et al., 1998). População: Rufino (1989) estimou a população nidificante nacional em cerca de 10 a 100 casais. Família Aegithalidae Chapim-rabilongo, Aegithalos caudatus Fenologia: Em Portugal a espécie é residente. No estuário do Tejo ocorre como residente nidificante comum (Leitão et al., 1998).

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Estatuto de Protecção: Em Portugal a espécie tem o estatuto de Pouco Preocupante. A nível internacional é considerada uma espécie Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída no anexo III da convenção de Berna (ICN, 2005). Distribuição e movimentos: Encontra-se distribuído por todo a país (Rufino, 1989). Habitat: Frequenta bosques húmidos como matas ribeirinhas e bosques de montanha, encostas sombrias de planície e planalto, carvalhais, sobreirais e pinhais (Rufino, 1989). No estuário do Tejo ocorre nas zonas com vegetação ripícola (em especial salgueiros), montados de sobro e pinhais (Leitão et al., 1998). População: Tendo em conta as diferenças na abundância da espécie em diferentes habitats, na generalidade é mais abundante no Norte que no Sul (Rufino, 1989). Rufino (1989) estimou a população nacional em cerca de 100.000 a 1.000.000 casais. Em 1991/92 as maiores densidades de chapim-rabilongo detectadas no estuário do Tejo, ocorreram no montado com sub-bosque (7 aves/ 10 ha) e no pinhal (9 aves/10 ha) (Leitão et al., 1998). Em Junho de 2006 a espécie, foi mais abundante no montado misto com subcoberto arbustivo do que no montado de sobro sem subcoberto arbustivo, apresentando um abundância média de 1,33 aves em oposição a 0,5 aves observado no montado de sobro (Rocha, 2006a) Família Paridae Chapim-de-poupa, Parus cristatus Fenologia: Em Portugal a espécie é residente. No estuário do Tejo ocorre como residente nidificante pouco comum (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal a espécie tem o estatuto de Pouco Preocupante. A nível internacional é considerada uma espécie Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída no anexo II da convenção de Berna (ICN, 2005). Distribuição e movimentos: Encontra-se distribuído uniformemente por todo o país, apresentando algumas descontinuidades que resultam da falta de habitat, pelo menos no interior Centro e Sul do país (Rufino, 1989). Habitat: Espécie florestal, que ocorre montados de sobro e azinho, olivais na metade Sul do país. No Norte ocorre sobretudo em pinhais e ainda em matas de carvalhais (Rufino, 1989). No estuário do Tejo ocorre nas zonas florestadas, especialmente em pinhais (Leitão et al., 1998). População: Rufino (1989) estimou a população nacional em cerca de 100.000 a 1.000.000 casais. Em 1991/92 as densidades de chapim-de-poupa em pinhais do estuário do Tejo (16 aves/10 ha) foram superiores às obtidas no montado com sub-bosque (2 aves/10 ha) (Leitão et al., 1998). Chapim-azul, Parus caeruleus Fenologia: Em Portugal a espécie é residente. No estuário do Tejo ocorre como residente nidificante comum (Leitão et al., 1998).

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Estatuto de Protecção: Em Portugal a espécie tem o estatuto de Pouco Preocupante. A nível internacional é considerada uma espécie Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída no anexo II da convenção de Berna (ICN, 2005). Distribuição e movimentos: Encontra-se distribuído uniformemente por todo o país (Rufino, 1989). Habitat: Frequenta habitats florestais (é pouco abundante em pinhais), sebes com árvores, matas ribeirinhas, pomares, olivais, zonas de arvoredo, disperso e jardins urbanos (Rufino, 1989). No estuário do Tejo ocorre em montados, pinhais, zonas com vegetação ripícola, sebes e raramente caniçais (Leitão et al., 1998). População: Rufino (1989) estimou a população nacional em mais de 1.000.000 casais. Em 1991/92 o chapim-azul ocorreu no estuário do Tejo sobretudo em montados e pinhal com densidades até 27 aves/10 ha (Leitão et al., 1998). No montado misto com subcoberto arbustivo a espécie apresentou uma abundância 4,25 aves, superior à obtida para o chapim-real, de 2,25 aves (Rocha, 2006a) Chapim-real, Parus major Fenologia: Em Portugal a espécie é residente. No estuário do Tejo ocorre como residente nidificante comum (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal a espécie tem o estatuto de Pouco Preocupante. A nível internacional é considerada uma espécie Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída no anexo II da convenção de Berna (ICN, 2005). Distribuição e movimentos: Encontra-se distribuído uniformemente por todo o país (Rufino, 1989). Habitat: Frequenta habitats florestais, de folhosas ou resinosas, e ainda outros habitats não florestais, como pomares, jardins públicos, sebes, matas ribeirinhas e mesmo matos com árvores dispersas (Rufino, 1989). No estuário do Tejo ocorre em montados, pinhais, sebes bem desenvolvidas e zonas com vegetação ripícola (Leitão et al., 1998). População: É aparentemente tão abundante a Norte como a Sul do país, verificando-se diferenças apenas entre habitats (Rufino, 1989). Rufino (1989) estimou a população nacional em mais de 1.000.000 casais. No estudo realizado no estuário do Tejo em 1991/92 o chapim-real ocorreu no sobretudo em montados e pinhal com densidades até 24 aves/10 ha (Leitão et al., 1998). Família Sittidae Trepadeira-azul, Sitta europaea Fenologia: Em Portugal a espécie é residente. No estuário do Tejo ocorre como residente nidificante pouco comum (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal a espécie tem o estatuto de Pouco Preocupante. A nível internacional é considerada uma espécie Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída no anexo II da convenção de Berna (ICN, 2005).

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Distribuição e movimentos: Encontra-se distribuído uniformemente por todo o país, apresentando algumas descontinuidades que resultam da falta de habitat (Rufino, 1989). Habitat: Espécie típica de floresta de folhosas, nomeadamente carvalhais, montados e soutos. Ocorre ainda em pinhais, embora com menor frequência e evita povoamentos dispersos ou constituídos por arvoredo jovem (Rufino, 1989). No estuário do Tejo ocorre especialmente em montados e pinhais (Leitão et al., 1998). População: As diferenças na abundância da espécie ao longo do país devem-se à existência de habitas favoráveis ou não, apresentando densidades elevadas em montados de sobro e azinho (Rufino, 1989). Rufino (1989) estimou a população nacional em cerca de 10.000 a 100.000 casais. No estudo realizado no estuário do Tejo em 1991/92 a trepadeira-azul ocorreu no sobretudo em montados com sub-bosque e pinhal com densidades máximas de 7 e 10 aves/10 ha, respectivamente. Não foi registada no montado sem sub-bosque (Leitão et al., 1998). Em Junho de 2006, a espécie, teve preferência pelo montado misto com coberto arbustivo em detrimento do montado de sobro sem coberto arbustivo. Dentro do montado misto foi mais abundante na Herdade de Camarate onde registou uma abundância média de 3 aves (Rocha, 2006a). Família Certhiidae Trepadeira-comum, Certhia brachydactyla Fenologia: Em Portugal a espécie é residente. No estuário do Tejo ocorre como residente nidificante comum (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal a espécie tem o estatuto de Pouco Preocupante. A nível internacional é considerada uma espécie Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída no anexo II da convenção de Berna (ICN, 2005). Distribuição e movimentos: Encontra-se distribuído uniformemente por todo o país (Rufino, 1989). Habitat: Frequenta uma grande variedade de habitats, floresta de folhosas ou resinosas, pomares (em particular amendoais), olivais e matas ribeirinhas. Ocorre preferencialmente em povoamentos florestais densos e maduros, e é sobretudo uma espécie de planície e planalto (Rufino, 1989). No estuário do Tejo ocorre especialmente em montados, pinhais e outros habitats florestais (Leitão et al., 1998). População: Demonstra ser mais abundante na metade Sul da sua área de distribuição (Rufino, 1989). Rufino (1989) estimou a população nacional em cerca de 100.000 a 1.000.000 casais. No estuário do Tejo a espécie não revela diferenças significativas nos vários biótopos em que a espécie ocorre, apresentando densidades máximas de 6 a 8 aves/10 ha (Leitão et al., 1998). Em Junho de 2006, a espécie, teve preferência pelo montado misto com coberto arbustivo em detrimento do montado de sobro sem coberto arbustivo. Dentro do montado misto foi mais abundante na Herdade de Camarate onde registou uma abundância média de 2,3 aves (Rocha, 2006a)

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Família Remizidae Chapim-de-faces-pretas, Remiz pendulinus Fenologia: Em Portugal a espécie é invernante. No estuário do Tejo ocorre como invernante comum (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal a espécie tem o estatuto de Quase Ameaçada. A nível internacional é considerada uma espécie Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída no anexo III da convenção de Berna (ICN, 2005). Habitat: No estuário do Tejo ocorre em manchas de caniço e ocasionalmente outro tipo de vegetação palustre (Leitão et al., 1998). Família Oriolidae Papa-figos, Oriolus oriolus Fenologia: Em Portugal a espécie estival nidificante. No estuário do Tejo ocorre como estival nidificante pouco comum, sendo observada entre os meses de Maio a Agosto (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal a espécie tem o estatuto de Pouco Preocupante. A nível internacional é considerada uma espécie Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída no anexo II da convenção de Berna (ICN, 2005). Distribuição e movimentos: Encontra-se distribuído por todo o país (Rufino, 1989). Habitat: Nidifica preferencialmente em habitats arborizados, nomeadamente povoamentos de árvores altas e frondosas, como as que marginam os cursos de água (por exemplo, choupos e freixos). Nidifica ainda em bosques mistos, pomares, parques em confluência com habitats mais abertos, árvores baixas com coberto arbustivo reduzido (quando não existem árvores de porte elevado) (Rufino, 1989). No estuário do Tejo ocorre especialmente em montados de sobro e zonas com vegetação ripícola (Leitão et al., 1998). População: Rufino (1989) estimou a população nacional em cerca de 10.000 a 100.000 casais. Família Laniidae Picanço-real, Lanius meridionalis Fenologia: Em Portugal a espécie é residente. No estuário do Tejo ocorre como residente nidificante comum (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal a espécie tem o estatuto de Pouco Preocupante. A nível internacional é considerada uma espécie Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída no anexo II da convenção de Berna (ICN, 2005). Distribuição e movimentos: Distribuído pelas planícies a Sul e pelas serranias a Norte e Centro do país (Rufino, 1989). Habitat: Frequenta habitats abertos, com árvores e arbustos isolados, onde faz o seu ninho. Ocorre tanto em zonas agrícolas como em dunas, pastagens ou matos

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dispersos (Rufino, 1989). No estuário do Tejo ocorre praticamente em todos os tipos de zonas abertas, excepto sapais e zonas entre marés (Leitão et al., 1998). População: É mais abundante nas planícies do Sul do que na restante área de nidificação (Rufino, 1989). Rufino (1989) estimou a população nacional em cerca de 10.000 a 100.000 casais. Picanço-barreteiro, Lanius senator Fenologia: Em Portugal a espécie é estival nidificante. No estuário do Tejo ocorre como estival nidificante comum (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal continental a espécie tem o estatuto Quase Ameaçada. A nível internacional é considerada uma espécie Em Declínio pela BirdLife International (2004) e Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída no anexo II da convenção de Berna (ICN, 2005). Distribuição e movimentos: Como nidificante distribui-se quase exclusivamente pelo Paleártico Ocidental, perimediterrânea. Ocorre desde o Norte de África e até à Europa Central e a Este alcança o Irão. Migrador subsariano, Inverna na África central (Cramp e Perrins 1993). Em Portugal apresenta uma distribuição muito alargada, mas encontra-se ausente da faixa ocidental do Norte do país (ICN, 2005). Habitat: Frequenta habitats agro-florestais, como montados abertos, mas também olivais, pomares, sebes e matas ribeirinhas (ICN, 2005). No estuário do Tejo tem preferência por montados de sobro e terrenos agrícolas adjacentes (Leitão et al., 1998). População: A população nacional foi estimada como sendo superior a 10.000 aves. A espécie é mais comum e abundante no Sul do país, desconhecendo-se se encontra em declínio continuado (ICN, 2005). No estuário do Tejo durante a Primavera de 1992 foram registadas densidades máximas de 2 e 8 aves/10 ha nos montados (Leitão et al., 1998). Factores de ameaça: O efeito da utilização de biocidas na regressão desta espécie é referenciado para Espanha (Martí e Moral, 2003). O abandono da pastorícia extensiva, a expansão de mato, a instalação de povoamentos florestais, a eliminação de sebes e de bosques ripícolas, constituem ameaças à conservação da espécie. Tratando-se de uma ave migradora está sujeita a ameaças que operem na zona de invernada em África, nomeadamente a caça, secas prolongadas e alterações das práticas agrícolas (ICN, 2005). Medidas de Conservação: Carece de monitorização à escala nacional e investigação ecológica de forma a conhecer a tendência populacional da espécie e possíveis ameaças; Devem ser conservadas extensas manchas de montado e bosquetes associados a áreas abertas; A espécie deve ser incluída no anexo I da Directiva Aves, é apontada como uma medida importante (ICN, 2005).

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Família Corvidae Gaio, Garrulus glandarius Fenologia: Em Portugal a espécie é residente. No estuário do Tejo ocorre como residente nidificante pouco comum (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal a espécie tem o estatuto de Pouco Preocupante. A nível internacional é considerada uma espécie Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída no anexo D das Directivas Aves/Habitats e na Lei de Bases de Caça (ICN, 2005). Distribuição e movimentos: Distribuído por todo o território nacional (Rufino, 1989). Habitat: Ave de floresta e bosque, em planície, planalto e montanha. Frequenta pinhal, carvalhais, montados e matas mistas de azinheiras e zambujeiros. Prefere matas com densidades médias, evitando montados muito abertos e as plantações densas de pinheiro e de eucalipto (Rufino, 1989). No estuário do Tejo ocorre em montados de sobro e pinhais (Leitão et al., 1998). População: Distribui-se de forma uniforme por todo o território nacional, embora seja um pouco mais abundante no Centro e Norte do país (Rufino, 1989). Rufino (1989) estimou a população nacional em cerca de 10.000 a 100.000 casais. Charneco, Cyanopica Cyanus Fenologia: Em Portugal a espécie é residente. No estuário do Tejo ocorre como residente nidificante comum (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal a espécie tem o estatuto de Pouco Preocupante. A nível internacional é considerada uma espécie Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída no anexo II da convenção de Berna (ICN, 2005). Distribuição e movimentos: Distribui-se pela metade Sul do território nacional, à excepção do Alto Alentejo onde a espécie está ausente, e pela Beira interior (Rufino, 1989). Habitat: Frequenta principalmente bosque aberto em planície e planalto, ocorrendo ainda em montanha. Tem preferência por montados de sobro, mas ocorre ainda em pomares, pinhais, montados de azinho e bosques de carvalho-negral (Rufino, 1989). No estuário do Tejo ocorre em montados de sobro e pinhais (Leitão et al., 1998). População: É mais abundante na bacia dos rios Tejo e Sado do que na restante área de distribuição (Rufino, 1989). Rufino (1989) estimou a população nacional em cerca de 10.000 a 100.000 casais. Gralha-preta, Corvus corone Fenologia: Em Portugal a espécie é residente. No estuário do Tejo ocorre como residente nidificante pouco comum (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal a espécie tem o estatuto de Pouco Preocupante. A nível internacional é considerada uma espécie Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída no anexo D das Directivas Aves/Habitats e na Lei de Bases de Caça (ICN, 2005).

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Distribuição e movimentos: Distribui-se por todo o território nacional, à excepção de parte do Algarve (Rufino, 1989). Habitat: Encontra-se associada a zonas mistas de terrenos agrícolas e bosques, particularmente pinhal. É mais comum em paisagens em mosaico do que em zonas de culturas extensivas (Rufino, 1989). No estuário do Tejo ocorre em zonas florestais, como montados e pinhais, e também campos de cultivo adjacentes (Leitão et al., 1998). População: É mais abundante na região centro e oeste/noroeste do que no resto do país (Rufino, 1989). Rufino (1989) estimou a população nacional em cerca de 1.000 a 10.000 casais. Família Sturnidae Estorninho-malhado, Sturnus vulgaris Fenologia: Em Portugal continental a espécie é invernante e no arquipélago dos Açores é residente. No estuário do Tejo ocorre como invernante pouco comum (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal continental e Açores a espécie tem o estatuto de Pouco Preocupante. A nível internacional é considerada uma espécie Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída no anexo D das Directivas Aves/Habitats e na Lei de Bases de Caça (ICN, 2005). Habitat: No estuário do Tejo ocorre em zonas florestais (especialmente em montados abertos), pastagens e terrenos de cultivo (Leitão et al., 1998). Estorninho-preto, Sturnus unicolor Fenologia: Em Portugal a espécie é residente. No estuário do Tejo ocorre como residente nidificante comum (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal a espécie tem o estatuto de Pouco Preocupante. A nível internacional é considerada uma espécie Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída no anexo II da convenção de Berna (ICN, 2005). Distribuição e movimentos: Distribui-se por todo o território nacional, sendo uma das espécies mais abundantes da avifauna nidificante Portuguesa (Rufino, 1989). Habitat: Frequenta praticamente todos os habitats disponíveis em Portugal, à excepção das grandes manchas florestais resinosas. Tem preferência por paisagens em mosaico, com bosquetes ou montados e explorações agrícolas. Ocorre tanto ao nível do mar como acima dos 1000 m de altitude (Rufino, 1989). No estuário do Tejo ocorre em zonas florestais (especialmente em montados abertos), pastagens e terrenos de cultivo (Leitão et al., 1998). População: É mais abundante nas zonas mais orientais do país (Rufino, 1989). Rufino (1989) estimou a população nacional em cerca de 100.000 a 1.000.000 casais. No estuário do Tejo durante a Primavera de 1992 as maiores densidades foram registadas nos montados sem sub-bosque (12 aves/10 ha) (Leitão et al., 1998).

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Família Passeridae Pardal, Passer domesticus Fenologia: Em Portugal continental e arquipélago dos Açores (introduzida) a espécie é residente. No estuário do Tejo ocorre como residente nidificante comum (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal continental a espécie tem o estatuto de Pouco Preocupante e nos Açores Não Aplicável. A nível internacional é considerada uma espécie Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Distribuição e movimentos: Distribui-se por todo o território nacional, sendo uma das espécies mais abundantes da avifauna nidificante Portuguesa (Rufino, 1989). Habitat: Ocorre geralmente associada a povoações humanas, quintas, fábricas, armazéns, etc. Não ocorre nas zonas mais elevadas das serranias e nas florestas densas e extensas (Rufino, 1989). No estuário do Tejo ocorre em zonas urbanas, florestais e agrícolas, bem como salgados e salinas (Leitão et al., 1998). População: É abundante em todo o país (Rufino, 1989). Rufino (1989) estimou a população nacional em cerca de mais de 1.000.000 casais. No estuário do Tejo durante o Inverno de 1991/92 as maiores densidades foram registadas nos restolhos de milho (64 e 96 aves/10 ha) e no girassol (21 e 90 aves/10 ha) (Leitão et al., 1998). Pardal-montêz, Passer montanus Fenologia: Em Portugal é uma espécie residente. No estuário do Tejo ocorre como residente nidificante pouco comum (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal é uma espécie Pouco Preocupante. A nível internacional é considerada uma espécie Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída no anexo III da convenção de Berna (ICN, 2005). Distribuição e movimentos: Embora esteja presente em Portugal continental, os dados são insuficientes para caracterizar a sua distribuição. Contudo, segundo Rufino (1989), esta espécie é pouco comum no interior e sul e mais comum no litoral norte e centro do país (Rufino, 1989). Habitat: Pode ser encontrado em zonas agrícolas, de cultura não arvense, em mosaico associada a bosquetes de folhosas. No interior do Alentejo, frequenta em especial matas ribeirinhas próximas de explorações agrícolas (Rufino, 1989). No Estuário do Tejo ocorre em montados, sebes e terrenos agrícolas adjacentes e arrozais. Encontra-se menos associado aos meios humanizados do que o pardal (Leitão et al., 1998). População: Rufino (1989) estimou a população nacional como no intervalo de 100.000 e 1000.000 casais. No Estuário do Tejo, no estudo realizado em 1991/92, a densidade de pardal-montês foi maior nos arrozais (máximo de 4 aves/10 ha) e no montado sem sub-bosque (máximo de 8 aves/10 ha) (Leitão et al., 1998). Em Junho de 2006, a espécie foi observada em maior número junto de um açude, juntamente com o pardal, apresentando uma abundância média de 1,67 aves (rocha, 2006a)

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Pardal-francês, Petronia petronia Fenologia: Em Portugal continental e arquipélago da Madeira é uma espécie residente. No estuário do Tejo ocorre como residente nidificante comum (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal continental a espécie tem o estatuto Pouco Preocupante, no entanto é considerada Vulnerável na Madeira. A nível internacional é considerada uma espécie Não Ameaçada pela BirdLife International (2004) e Pouco Preocupante pela IUCN (2001). Está incluída no anexo II da convenção de Berna (ICN, 2005). Distribuição e movimentos: Apresenta distribuição pelo Sul da Europa, Norte de África, Médio Oriente e da Ásia Central até ao Leste da Manchúria (Hagemeijer e Blair, 1997). No Arquipélago da Madeira ocorre nas ilhas da Madeira e Porto Santo (existem ainda registos de nidificação nas Desertas) (ICN, 2005). Habitat: Pode ser encontrado em locais com vegetação rasteira, falésias sobre o mar e áreas cultivadas (ICN, 2005). No Estuário do Tejo ocorre em zonas florestais, sobretudo montados de sobro (Leitão et al., 1998). População: No Arquipélago da Madeira, de acordo com os levantamentos efectuados para o novo Atlas das Aves que nidificam em Portugal, estima-se que a população deverá situar-se entre 250 e 2.500 indivíduos maturos (Oliveira e Menezes 2004). No Estuário do Tejo, no estudo realizado em 1991792 foi mais abundante no montado sem sub-bosque (máximo de 12 aves710ha) do que nos restantes habitats florestais (Leitão et al., 1998). Rufino (1989) estimou a população nacional como sendo de 10.000 a 100.000 casais. Factores de ameaça: Embora não existam dados concretos que confirmem, uma das explicações para o declínio populacional e redução drástica da área de distribuição desta espécie é a existência de competição com o pardal-espanhol Passer hispaniolensis. Contudo, hoje em dia esta ameaça não existe, devido ao declínio acentuado do pardal-espanhol (ICN, 2005). Medidas de Conservação: Não existe um plano de acção ou qualquer medida de gestão dirigida a esta espécie, no entanto, algumas áreas do seu habitat estão incluídas em zonas protegidas com estatuto de Reserva Integral e de Reserva Parcial. Será importante a realização de monitorização, para definir a tendência populacional, de forma a que possam ser tomadas medidas adequadas (ICN, 2005). Família Estrildidae Bico-de-lacre, Estrilda astrild Fenologia: Em Portugal a espécie é não indígena com nidificação provável ou confirmada (ICN, 2005). No estuário do Tejo ocorre como residente nidificante comum (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal a espécie tem um estatuto Não Aplicável. Está incluída nos anexos da convenção CITES (Anexo C) e da lei que regula a introdução na natureza de espécies não-indígenas da flora e da fauna (Anexo I) (ICN, 2005).

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Distribuição e movimentos: O bico-de-lacre ocorre a Sul do Sara, nomeadamente da Guiné-Bissau à Costa do Marfim e do Leste do Gana à Etiópia. Para Sul pode ser observado de forma fragmentada até à África do Sul (Matias, 2002). Em Portugal foi inicialmente introduzido em Óbitos, em 1967 (Xavier, 1968) e posteriormente noutros locais, nomeadamente no vale do Tejo, ocupa hoje uma grande parte do habitat onde foi inicialmente introduzido, estando a colonizar novos habitats. A sua distribuição tem-se alargado continuamente nos últimos anos (Rufino, 1989). Habitat: Ocorre em caniçais e sebes bem desenvolvidas e próximas de água, e matas ribeirinhas com denso coberto arbustivo (Rufino, 1989). No estuário do Tejo ocorre em caniçais, salinas, cultivos de regadio, sebes, margens de valas, ribeiras e açudes (Leitão et al., 1998). População: É particularmente abundante nos vales do Sado, Tejo, Sorraia e Mondego (Rufino, 1989). Rufino (1989) estimou a população nacional em cerca de 10.000 a 100.000 casais. Família Fringillidae Tentilhão, Fringilla coelebs Fenologia: Em Portugal continental e nos arquipélagos dos Açores e da Madeira a espécie é residente. No estuário do Tejo ocorre como residente nidificante e invernante comum (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal continental e ilhas é uma espécie Pouco Preocupante. A nível internacional é considerada uma espécie Pouco Preocupante pela (IUCN, 2001). Está incluída no anexo III da convenção de Berna (ICN, 2005). Distribuição e movimentos: O tentilhão apresenta uma distribuição muito ampla no nosso país, embora sua abundância não seja uniforme em todas as regiões, dependendo do habitat disponível (Rufino, 1989). Habitat: Ocorre e nidifica praticamente em todo o tipo de habitat onde exista arvoredo. Tem preferência por bosques mistos com cobertura arbustiva, em confluência com culturas agrícolas, sebes vivas, pomares, montados, parques e jardins (Rufino, 1989). No Estuário do Tejo ocorre em habitats florestais e terrenos agrícolas adjacentes (Leitão et al., 1998). População: Rufino (1989) estimou a população nacional em mais de 1.000.000 casais. No Estuário do Tejo, num estudo realizado em 1991/92, a espécie ocorreu de forma mais regular e com maior abundância no montado sem sub-bosque (densidade entre 7 e 12 aves/10 ha). É aparentemente ausente nos meses de Verão (Leitão et al., 1998). Chamariz, Serinus serinus Fenologia: Em Portugal a espécie é residente. No estuário do Tejo ocorre como residente nidificante comum (Leitão et al., 1998).

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Estatuto de Protecção: Em Portugal a espécie é Pouco Preocupante. A nível internacional é considerada uma espécie Pouco Preocupante pela (IUCN, 2001). Está incluída no anexo II da convenção de Berna (ICN, 2005). Distribuição e movimentos: O chamariz apresenta uma distribuição muito alargada no nosso país, sendo talvez a espécie mais comum da nossa avifauna nidificante (Rufino, 1989). Habitat: Ocorre e nidifica numa grande variedade de habitat tanto em zonas humanas como em zonas inóspitas. Tem preferência por jardins, pomares, parques, bosques de qualquer natureza, culturas agrícolas em confluência com matas ribeirinhas ou sebes vivas, dunas com pequenos povoamentos de pinheiro, etc. No Estuário do Tejo ocorre sobretudo em terrenos arborizados, no Outono e Inverno ocorre ainda em pastagens e cultivos na lezíria (Leitão et al., 1998). População: É igualmente abundante no Norte e Sul do país (Rufino, 1989). Rufino (1989) estimou a população nacional em mais de 1.000.000. No Estuário do Tejo, durante o Inverno de 1991/92, as maiores densidades da espécie foram registadas nas pastagens permanentes e no restolho de girassol (máximos de 5 e 30 aves/10 ha, respectivamente). Na Primavera seguinte, as densidades máximas registaram-se no montado sem sub-bosque e no pinhal (15 e 16 aves/10 ha, respectivamente) (Leitão et al., 1998). Verdilhão, Carduelis chloris Fenologia: Em Portugal continental e nos arquipélagos dos Açores e da Madeira a espécie é residente (foi introduzida nos Açores). No estuário do Tejo ocorre como residente nidificante comum (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal continental e no arquipélago da Madeira é uma espécie Pouco Preocupante, na Madeira Não é Aplicável. A nível internacional é considerada uma espécie Pouco Preocupante (IUCN, 2001). Está incluída no anexo II da convenção de Berna (ICN, 2005). Distribuição e movimentos: O verdilhão tem uma distribuição muito alargada no nosso país, sendo mais abundante no litoral, Oeste e Sul, do que no interior (Rufino, 1989). Habitat: Tem uma preferência marcada por zonas mistas (dependente da presença de árvores), estando bem adaptado aos povoamentos de resinosas, nomeadamente de pinheiro-manso (Rufino, 1989). No Estuário do Tejo ocorre em habitats florestais e por vezes na lezíria e caniçais (Leitão et al., 1998). População: Rufino (1989) estimou a população nacional em mais de 1.000.000 casais. No Estuário do Tejo, em 1991/92, as maiores densidades de verdilhão foram registadas no restolho de arroz e (4 aves/10 ha,) durante o Inverno e no pinhal (9 aves/10 ha) na Primavera (Leitão et al., 1998).

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Pintassilgo, Carduelis carduelis Fenologia: Em Portugal continental e nos arquipélagos dos Açores e da Madeira a espécie é residente (foi introduzida nos Açores). No estuário do Tejo ocorre como residente nidificante e invernante comum (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal continental e no arquipélago da Madeira é uma espécie Pouco Preocupante, na Madeira Não é Aplicável. A nível internacional é considerada uma espécie Pouco Preocupante (IUCN, 2001). Está incluída no anexo II da convenção de Berna (ICN, 2005). Distribuição e movimentos: O pintassilgo tem uma distribuição muito alargada no nosso país (Rufino, 1989). Habitat: Frequenta zonas mistas, com árvores dispersas, orla de bosques em confluência com campos agrícolas, sebes vivas, pomares, jardins, etc. (Rufino, 1989). No Estuário do Tejo ocorre em habitats florestais, sebes, pastagens e cultivos na lezíria (Leitão et al., 1998). O pintassilgo surge nos sapais do Tejo, apresentando uma maior frequência no talude que margina a faixa deste habitat (Crespo, 1993). População: É particularmente abundante no litoral Centro e Sudoeste e ainda no Algarve (Rufino, 1989). Rufino (1989) estimou a população nacional em mais de 1.000.000 casais. No Estuário do Tejo, em 1991/92, as maiores densidades de pintassilgo foram registadas no restolho de girassol e na pastagem permanente (máximo de 121 e 65 aves/10 ha, respectivamente) durante o Inverno e no pinhal (máximo de 14 aves/10 ha) na Primavera (Leitão et al., 1998). Lugre, Carduelis spinus Fenologia: Em Portugal a espécie é invernante. No estuário do Tejo ocorre como invernante pouco comum, sendo observado entre os meses de Outubro a Fevereiro (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal é uma espécie Pouco Preocupante. A nível internacional é considerada uma espécie Pouco Preocupante (IUCN, 2001 in ICN, 2005). Está incluída no anexo II da convenção de Berna (ICN, 2005). Habitat: No Estuário do Tejo ocorre em habitats florestais e sebes (Leitão et al., 1998). Pintarroxo, Carduelis cannabina Fenologia: Em Portugal continental e arquipélago da Madeira a espécie é residente. No estuário do Tejo ocorre como residente nidificante comum (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal continental e Madeira é uma espécie Pouco Preocupante. A nível internacional é considerada uma espécie Pouco Preocupante (IUCN, 2001). Está incluída no anexo II da convenção de Berna (ICN, 2005). Distribuição e movimentos: O pintarroxo tem uma ampla zona de distribuição no nosso país (Rufino, 1989). Habitat: Como nidificante tem preferência por zonas que apresentam coberto arbustivo denso e alto, com árvores dispersas. Ocorre em dunas, orla de estuários, salinas, urzais em zonas de montanha (mesmo acima dos 1000 m de altitude). No Estuário do Tejo ocorre em terrenos abertos, nomeadamente salinas, sapais e na

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lezíria (Leitão et al., 1998). No estuário do Tejo a espécie parece ocorrer com preferência nos taludes que marginam a faixa de sapal e nos biótopos onde predominam Halimione portucaloides e Arthroncemum perenne, A. Fruticosum e A. Glaucum. Podem-se, assim, encontrar em zonas de sapal alto e zonas limítrofes onde os machos encontram postos de canto ou observação (Crespo 1993). População: A sua abundância varia conforme o habitat, parecendo ser um pouco mais abundante no Norte e Centro do que no Sul (Rufino, 1989). Rufino (1989) estimou a população nacional em cerca de 100.000 a 1.000.000 casais (Rufino, 1989). No Estuário do Tejo, em 1991/92, as densidades máximas de pintarroxo foram registadas no sapal e restolho de girassol (44 e 33 aves/10 ha, respectivamente). Na Primavera a espécie ocorreu em cinco classes diferentes de sapal, em densidades que oscilaram entre 0,27 e 1,67 casais/10 ha (Leitão et al., 1998). Bico-grossudo, Coccothraustes coccothraustes Fenologia: Em Portugal a espécie é residente. No estuário do Tejo ocorre como residente nidificante pouco comum (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal é uma espécie Pouco Preocupante. A nível internacional é considerada uma espécie Pouco Preocupante (IUCN, 2001 in ICN, 2005). Está incluída no anexo II da convenção de Berna (ICN, 2005). Distribuição e movimentos: O bico-grossudo é uma espécie que nidifica em baixas densidades e a sua nitidez torna a sua detectabilidade reduzida, dificultando a determinação da sua distribuição exacta no nosso país (Rufino, 1989). Habitat: Ocorre principalmente em dois tipos de habitats: um misto de pequenas explorações agrícolas, pomares e bosques de árvores frondosas (no interior Norte do e algumas zonas do Algarve); os pinhais de pinheiro-manso, simples ou associados com sobro (bacias do Tejo e Sado) (Rufino, 1989). No Estuário do Tejo ocorre em zonas florestais, em particular montados de sobro, pinhais de pinheiro-manso e zonas com vegetação ripícola (Leitão et al., 1998). População: A sua abundância varia conforme o habitat, parecendo ser um pouco mais abundante no Norte e Centro do que no Sul (Rufino, 1989). Rufino (1989) estimou a população nacional em cerca de 100.000 a 1.000.000 casais. No Estuário do Tejo, em 1991/92, as densidades máximas de pintarroxo foram registadas no sapal e restolho de girassol (44 e 33 aves/10 ha, respectivamente). Na Primavera a espécie ocorreu em cinco classes diferentes de sapal, em densidades que oscilaram entre 0,27 e 1,67 casais/10 ha (Leitão et al., 1998). Família Emberizidae Escrevedeira, Emberiza cirlus Fenologia: Em Portugal a espécie é residente. No estuário do Tejo ocorre como residente nidificante pouco comum (Leitão et al., 1998).

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Estatuto de Protecção: Em Portugal é uma espécie Pouco Preocupante. A nível internacional é considerada uma espécie Pouco Preocupante (IUCN, 2001). Está incluída no anexo II da convenção de Berna (ICN, 2005). Distribuição e movimentos: apresenta uma distribuição bem delimitada, estando a espécie ausente das zonas mais áridas do Sul do país (Rufino, 1989). Habitat: Ocorre principalmente na orla de vários habitats, nomeadamente montados, pinhais, pomares, olivais e mosaicos agrícolas. Na Estremadura ocorre ainda em zonas abertas de mato com afloramentos rochosos (Rufino, 1989). No Estuário do Tejo ocorre em zonas florestais e terrenos agrícolas adjacentes (Leitão et al., 1998). População: É aparentemente mais abundante no Oeste e Norte da sua área de distribuição, ocorrendo normalmente em densidades baixas (Rufino, 1989). Rufino (1989) estimou a população nacional em cerca de 10.000 a 100.000 casais. Sombria, Emberiza hortulana Fenologia: Em Portugal a espécie é estival nidificante. No estuário do Tejo ocorre como migradora de passagem rara (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal é uma espécie com Informação insuficiente. A nível internacional é considerada uma espécie Pouco Preocupante (IUCN, 2001). Está incluída nos anexos da convenção de Berna (Anexo III) e das directivas Aves/Habitats (Anexo A-I) (ICN, 2005). Distribuição e movimentos: A área de nidificação da espécie estende-se desde o Norte do Mediterrâneo ao círculo árctico até à Ásia Central (Hagemeijer e Blair, 1997). Em Portugal distribui-se principalmente no Centro Norte do continente, geralmente em altitudes superiores a 800 m (Rufino, 1989; ICN, dados não publicados). Habitat: Ocorre no mosaico paisagístico de urzais e pastagem em zonas de montanha, normalmente com blocos de pedra (Rufino, 1989). No Estuário do Tejo ocorre em campos abertos e salinas (Leitão et al., 1998). População: Não existem censos dirigidos para esta espécie, contudo através dos trabalhos realizados para o Novo Atlas, a população foi estimada em 250 a 2.500 aves. Desconhece-se a tendência da população (ICN, 2005). Factores de ameaça: Alterações nas paisagens rurais onde ocorre, as quais incluem perda de sebes arbóreas e arbustivas, redução da diversidade de cultivos, são as principais ameaças da espécie (Tucker e Heath, 1994). Em Portugal, as ameaças à espécie são desconhecidas (ICN, 2005). Medidas de Conservação: São necessárias estimativas exactas da sua abundância e distribuição, bem como estudos sobre a sua ecologia (ICN, 2005). Escrevedeira-dos-caniços, Emberiza shoeniclus Fenologia: Em Portugal a espécie é residente e invernante. No estuário do Tejo ocorre como residente nidificante pouco comum e invernante comum (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal a população residente tem o estatuto de Vulnerável e a população invernante é Pouco Preocupante. A nível internacional é

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considerada uma espécie Pouco Preocupante (IUCN, 2001). Está incluída no anexo II da convenção de Berna (ICN, 2005). Distribuição e movimentos: Existem várias subespécies que ocorrem desde a Europa Ocidental até ao Japão e ilha de Sacalina, e desde a zona subártica até à zona quente continental da Ásia Central (Hagemeijer e Blair, 1997). Em Portugal, durante a época de nidificação ocorre sobretudo a Norte do Tejo, de forma muito localizada em zonas húmidas litorais, mas também algumas interiores. A população invernante apresenta uma distribuição mais alargada por todo o país (ICN, 2005). Habitat: Ocorre em caniçais, juncais, valas de arroz com vegetação bem desenvolvida e outras zonas húmidas de água doce ou salobra (Rufino, 1989). No Estuário do Tejo ocorre em caniçais, sapais e restolhos de arroz (Leitão et al., 1998). População: A população nidificante foi estimada como sendo inferior a 1.000 aves, estando maioritariamente localizada na ria de Aveiro. A tendência da população é desconhecida, contudo existem evidências de redução na área de habitat e mesmo extinções locais (ICN, 2005). No Estuário do Tejo, durante o Inverno de 1991/92, as densidades máximas foram registadas no sapal e no restolho de arroz (19 e 16 aves/10 ha, respectivamente). No estudo da avifauna dos sapais, a espécie ocorreu em cinco classes diferentes de sapal, em densidades que oscilaram entre 0,07 e 2,00 casais/10 ha (Leitão et al., 1998). Segundo Crespo (1993) a espécie predomina em manchas de sapal baixo e de transição, dominadas por Halimione portucaloide e marginadas por manchas de Scripus sp., apresentando uma densidade de 2,5 casais/ 10 ha. Factores de ameaça: Drenagem de zonas húmidas (principalmente na ria de Aveiro), corte de vegetação durante o período de nidificação (Neto, 2003). Medidas de Conservação: Evitar a drenagem de zonas húmidas; - O corte do caniço e junco apenas deverá ser efectuado de Setembro a Fevereiro, inclusive (ICN, 2005). Trigueirão, Miliaria calandra Fenologia: Em Portugal a espécie é residente. No estuário do Tejo ocorre como residente nidificante comum (Leitão et al., 1998). Estatuto de Protecção: Em Portugal é uma espécie Pouco Preocupante. A nível internacional é considerada uma espécie Pouco Preocupante (IUCN, 2001). Está incluída no anexo III da convenção de Berna (ICN, 2005). Distribuição e movimentos: apresenta uma distribuição alargada em todo o território, estando a espécie ausente em parte da zona Centro - Oeste do país (Rufino, 1989). Habitat: Frequenta uma grande variedade de habitats abertos, sem árvores ou com árvores dispersas, como culturas arvenses extensivas, matos de estevas e de giesta com clareiras, zonas montanhosas até aos 800 m de altitude. Evita pequenas manchas e paisagens muito compartimentada (Rufino, 1989). No Estuário do Tejo ocorre na lezíria em outras zonas abertas (Leitão et al., 1998). Não sendo uma espécie típica de sapal ocorre neste habitat predominantemente nas zonas marginais, com densidades que podem ascender a 4,63 casais/ 10 ha (Crespo 1993).

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População: É mais abundante na metade Sul da sua área de distribuição (Rufino, 1989). Rufino (1989) estimou a população nacional em cerca de 100.000 a 1.000.000 casais. No Estuário do Tejo, durante o Inverno de 1991/92, as densidades máximas foram registadas no restolho de arroz e no cereal (29 e 10 aves/10 ha, respectivamente) e na Primavera foram máximas nas pastagens e cultivos forrageiros (8 e 5 aves/10 ha, respectivamente) (Leitão et al., 1998).

1.3.2.2.18 Espécies exóticas que ocorrem no estuário do tejo Família Psittacidae Periquito-de-colar, Psittacula Krameri Fenologia: Em Portugal a espécie é não indígena com nidificação provável ou confirmada. Estatuto de Protecção: Não Aplicável (ICN, 2005) Distribuição e movimentos: Espécie de distribuição alargada, podendo ser encontrado em África, numa estreita faixa a Sul do Sara desde o Sul da Mauritânia à Eritreia e Etiópia. Na Ásia ocorre no Paquistão e da Índia ao Sudeste da China. Em Portugal ocorre sobretudo na região de Lisboa, existindo observações no noutros locais do país, como Pancas (Benavente), na região do grande Porto, Comporta (Alcácer do Sal) (onde a espécie tem nidificação confirmada), Guimarães, Torres Novas, Reserva Natural do Paul do Boquilobo e Amadora (Matias, 2002). Habitat: Ocorre principalmente em grandes jardins urbanos (Matias, 2002). População: No estuário do Tejo, nomeadamente em Pancas foi observado nos finais de 1970 o primeiro registo da espécie em Portugal (Matias, 2002). Família Ploceidae Tecelão-de-cabeça-preta, Ploceus melanocephalus Fenologia: Em Portugal a espécie é não indígena com nidificação provável ou confirmada. Estatuto de Protecção: Não Aplicável (ICN, 2005) Distribuição e movimentos: Espécie que se distribui pela África a Sul do Sara ocorrendo desde o Sul da Mauritânia ao Nordeste do Sudão e, para Sul, até ao Norte da Zâmbia. A presença deste tecelão no nosso país é muito recente, tendo sido observada pela primeira vez em 1996 na Herdade de Barroca D’Alva (Alcochete). A partir dessa data foi observado em diversos locais, Algarve (nidificação no caniçal de Vilamoura, Loulé), é comum no Paul da Tornada (Caldas da Rainha), Paul das Caniceiras (Loures), Paul do Boquilobo (Golegã). Aparentemente está a expandir as suas áreas de ocorrência, quer devido a novas fugas de cativeiro quer, possivelmente, devido a uma dispersão a partir dos locais de nidificação já existente (Matias, 2002).

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Habitat: Ocorre principalmente em zonas de caniçal como os pauis. Nos seus locais de nidificação compete directamente com o rouxinol-grande-dos-caniços e com o rouxinol-pequeno-dos-caniços (Matias, 2002). População: No estuário do Tejo, nomeadamente na Herdade de Barroca d’Alva foi o primeiro local onde a espécie foi observada em Portugal, em 1996 (Matias, 2002). Pardal-de-bico-vermelho, Quelea quelea Fenologia: Em Portugal é uma espécie não indígena, com nidificação provável. Estatuto de Protecção: Não Aplicável (ICN, 2005) Distribuição e movimentos: Ocorre numa grande parte da África subsariana, nomeadamente desde o Senegal, Gambia e Guiné-Bissau, estendendo-se numa faixa até ao Chade, ocorrência ainda da Eritreia, Somália e Quénia até à África do Sul e Namíbia (Matias, 2002). Existem poucas observações da espécie em Portugal, sendo esses locais a Lagoa de Santo André (Santiago do Cacém), Ponta da Erva (Vila Franca de Xira), Cabo Espichel (Sesimbra), Gafanha do Areão (Mira) e no Paul da Madriz (Soure). Habitat: Ocorre principalmente em zonas de cultivo, como o arrozal (Matias, 2002). População: O estatuto desta espécie permanece incógnito. A sua nidificação não está confirmada, não sendo conhecida nenhuma área de ocorrência regular no país. Foi observado um bando de 15 aves na Ponta da Erva, nos finais de Março de 1998 (Matias, 2002). Bispo-de-coroa-amarela, Euplectes afer Fenologia: Em Portugal a espécie é não indígena com nidificação provável ou confirmada. Estatuto de Protecção: Não Aplicável (ICN, 2005). Distribuição e movimentos: Tem uma distribuição bastante alargada a Sul do Sara, embora descontínua e fragmentada, ocorrendo no Senegal, Gambia, Guiné-Bissau para Leste até ao Oeste do Sudão e para Sul, até à África do Sul. Ocorre ainda na Etiópia, no Quénia e na Tanzânia. Os primeiros registos da espécie foram obtidos em 1980 no Algarve. Actualmente tem uma área de distribuição muito alargada no nosso país, podendo ser encontrado ao longo de quase toda a zona litoral, embora de forma descontínua (Matias, 2002). Habitat: Ocorre principalmente em zonas de arrozal e de caniçal. Actualmente a espécie ocorre apenas numa parte do habitat disponível, sendo de esperar que a sua expansão continue (Matias, 2002). População: O estuário do Tejo é um dos principais locais de ocorrência de espécie em Portugal (o outro situa-se na Quinta do Canal), sendo observada em diversos locais. O mais importante parece ser a zona de arrozal na Herdade de Barroca D’Alva, pode ser ainda observada na Ponta da Erva, e nos arrozais de Porto de Montalvo e Corte Marquesa. A população desta área foi estimada em 70 aves, podendo a população nidificante nacional contar com um mínimo de 200 aves (Matias, 2002).

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Durante o Inverno foram observadas na Ponta da Erva 30 aves (15/04/1992) e 10 aves (10/11/1999) (Matias, 2002). Bispo-vermelho, Euplectes orix Fenologia: Em Portugal a espécie é não indígena com nidificação provável ou confirmada. Estatuto de Protecção: Não Aplicável (ICN, 2005). Distribuição e movimentos: Ocorre na África meridional desde o Uganda até à África do Sul. É muitas vezes observado nos mesmos locais frequentados pelo bispo-de-coroa-amarela (ao longo de quase toda a zona litoral), mas sempre em número reduzido, é observado de forma regular na Quinta do Canal e Barrinha de Esmoriz, embora em números reduzidos. Existem ainda observações de indivíduos isolados em várias zonas do país (Matias, 2002). Habitat: Ocorre principalmente em zonas de arrozal e de caniçal (Matias, 2002). População: Foram observados machos isolados em plumagem nupcial em Agosto de 1996 na Herdade de Barroca D’Alva (Matias, 2002). Família Estrildidae Bengali-vermelho, Amandava amandava Fenologia: Em Portugal a espécie é não indígena com nidificação provável ou confirmada (ICN, 2005). Estatuto de Protecção: m Portugal a espécie tem um estatuto Não Aplicável. Está incluída nos anexos da convenção CITES (Anexo C) e da lei que regula a introdução na natureza de espécies não-indígenas da flora e da fauna (Anexo I) (ICN, 2005). Distribuição e movimentos: Ocorre no Sul da Ásia ao Norte da Oceânia, podendo ser encontrado do Centro do Paquistão ao Sudoeste da China. Ocorre ainda na Tailândia, Cambodja, Vietname (Sul) e ainda nas Ilhas de Java, Bali, Lombok, Flores, Sumba, Roti e Timor (Matias, 2002). Os primeiros registos de bengali-vermelho na Península ibérica ocorreram no início dos anos de 1970. A espécie expandiu-se rapidamente pelo vale do Guadiana até chegar à fronteira portuguesa, possivelmente no início dos anos 1980. É na zona de Elvas, junto aos rios Caia e Guadiana, na continuidade da área de distribuição espanhola, que a espécie ocorre hoje em maior número, tendo sido estimada em pelo menos 2.000 indivíduos. Ocorre ainda no estuário do Tejo em diversas zonas, no Algarve, Barrinha de Esmoriz (Ovar), estuário do Sado, etc. (Matias, 2002). Habitat: Ocorre principalmente em zonas de caniçal (Matias, 2002). População: O estuário do Tejo é a segunda área mais importante do país para o bengali-vermelho, ocorrendo em diversos locais e em ambas as margens. Foi observado na Herdade de Barroca D’Alva (Alcochete), Paul das Carniceiras (Loures), perto da Base área da Ota (Alenquer) e no Rio Frio (Montijo) (Matias, 2002). Na Herdade de Barroca D’Alva, ocorre de forma regular, tendo sido observado um

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máximo de 10 a 15 aves em 9/04/1994 (Matias, 2002). Foi ainda, observado um macho na Ponta da Erva em 19/10/89 (Leitão et al., 1998). Bico-de-chumbo-de-cabeça-preta, Lonchura malacca Fenologia: Em Portugal a espécie é não indígena com nidificação provável ou confirmada (ICN, 2005). Estatuto de Protecção: m Portugal a espécie tem um estatuto Não Aplicável. Está incluída nos anexos da convenção CITES (Anexo C) e da lei que regula a introdução na natureza de espécies não-indígenas da flora e da fauna (Anexo I) (ICN, 2005). Distribuição e movimentos: Ocorre numa vasta área no Sul e Sudeste da Ásia. (Matias, 2002). Ocorre ao longo do rio Arade, do Portimão a Silves. Desconhece-se a dimensão da população local, sendo as observações referentes à subespécie L. m. atricapilla. O bico-de-chumbo-de-cabeça-preta foi observado ainda na Barrinha de Esmoriz (Ovar), Salreu e Estarreja (Aveiro) e foram capturados dois indivíduos na Lagoa de Santo André (Matias, 2002). Habitat: Ocorre principalmente em zonas de caniçal (Matias, 2002). População: A espécie ocorre regularmente desde 1992, na Herdade de Barroca d’Alva, onde foram observados um máximo de 15 aves em Junho de 1992 (Matias, 2002).

1.3.3 Mamíferos Os mamíferos não marinhos são um grupo que apresenta 78 espécies descritas em Portugal, das quais 27 são mamíferos voadores, pertencentes à Ordem Quiróptera. A área de estudo apresenta uma considerável variedade de habitats entre zonas agrícolas, montados, floresta de produção, áreas alagadas, zonas salobras, ilhas e águas estuarinas. No entanto, muitas das áreas são propriedade privada, encontrando-se vedadas, o que dificulta o movimento dos animais de locomoção terrestre e dimensões médias entre parcelas. Por outro lado a área de estudo apresenta-se consideravelmenrte humanizada e relativamene fragmentada, o que a torna menos adequada à sobrevivencia das espécies menos tolerantes à espécie humana.

1.3.3.1 Habitats Os mamíferos na área de estudo distribuem-se por biótopos muitos variados, sendo indicadas as suas preferências por espécie e por grupo, pois apresentam muitas vezes hábitos ecológicos semelhantes.

1.3.3.1.1 Insectívoros O grupo dos insectívoros, no estuário do Tejo, é representado por três espécies por vezes associadas a habitats humanizados. São espécies relativamente comuns e com

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ampla distribuição na Europa. Ocorrem principalmente nos biótopos agrícolas, na zona urbanas (jardins, quintais), áreas florestadas autóctones.

1.3.3.1.2 Quiropteros Os Quiropteros assumem elevada importância em termos conservacionistas pois, entre as 25 espécies referenciadas para Portugal continental, apenas 5 apresentam estatuto de Pouco Preocupante. Das restantes, 9 encontram-se ameaçadas e 9 com Informação insuficiente ou Não avaliadas. A importância deste grupo é confirmda pelo facto de todas espécies existentes no país se encontrarem classificadas nas convenções de Bona e de Berna e na Directiva (das quais 10 no Anexo B-II e 25 no Anexo B-IV do D.L. nº 49/2005 de 24 de Fevereiro). Na área de estudo foram identificadas 10 espécies de morcegos 14 abrigos activos de morcegos, todos localizados em edifícios. No entanto, a importância destes abrigos é relativamente baixa (Rainho, 1997). No que se refere aos habitats de ocorrência, os habitats aquáticos, albufeiras e ribeiros mostram ser os mais importantes, seguidos do montado e das pastagens (de sequeiro). Por outro lado os pinhais, zonas agrícolas (arrozais e lezírias), salinas (activas ou não), zonas urbanas apresentam uma importância moderada, enquanto os habitats sapal, aquacultura e eucaliptal não se regista nenhuma ocorrência. Os biótopos terrestres montados e pastos mostram maior riqueza específica, com 4 espécies registadas, enquanto os aquáticos obtém maior número de encontros (abundância) e menos de espécies (2 espécies). As espécies referenciadas para a área de estudo são indicadas no Quadro 1.3.2. A maior parte das espécies são comuns em Portugal, não estando ameaçadas. Salienta-se a presença do morcego-arboricola-pequeno (Nyctalus leisleri) que foi encontrado em vários locais da área de estudo (ver carta [17], fauna) que apresenta um estatuto de vulnerável a nível nacional. Em relação a outras espécies com estatuto de conservação desfavorável, como o morcego-de-peluche ou indeterminadas, como o morcego-rabudo apenas apresentam referências do início do Século XX (1910), não tendo sido confirmadas em estudos mais recentes (Rainho, 1997). As principais ameaças a este grupo são:

• A falta de local de abrigo, um factor que poderá justificar a ausência de uma maior riqueza deste grupo na área de estudo;

• O uso intensivo de pesticidas, pois, sendo um grupo com elevado consumo de insectos, é vulnerável à bioacumulação e biomagnificação das substâncias tóxicas;

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• São também um grupo considerado vulnerável ao atropelamento em rodovias, principalmente quando estas se situam próximo de abrigos, pois é na fase juvenil que são mais susceptíveis a este risco.

Quadro 1.3.2. Espécies de morcegos referenciadas para a área de estudo (Rainho, et al., 2003)

Família / Espécie Nome-comum Estatuto Vespertilionidae Myotis daubentonii Morcego-de-água LC Pipistrellus pipistrelus Morcego-anão LC Pipistrellus nathusii Morcego-de-nathusii NE Pipistrellus kuhli Morcego-de-Kuhl LC Nyctalus leisleri leisleri Morcego-arboricola-pequeno DD Nyctalus lasiopterus Morcego-arboricola-gigante DD Eptesicus serotinus Morcego-hortelão LC Plecotus austriacus Morcego-orelhudo-cinzento LC Miniopteridae Miniopterus schreibersii Morcego-de-peluche VU Molossidae Tadarida lasiopterus Morcego-rabudo DD

1.3.3.1.3 Roedores Na sua maioria os roedores são um grupo comum e muitas vezes comensal da espécies humana, sendo geralmente considerados como “praga”. No entanto, na área de estudo encontram-se referidas três espécies que pela sua raridade ou endemicidade apresentam elevado valor conservacionista: o rato de Cabrera (Microtus cabrerae), um endemismo ibérico, considerado Vulnerável e o Leirão (Elyomis quercinus), que apenas tem um registo indirecto (encontrado em dejectos de-coruja-das-torres), na Lezíria norte (Mira et al., 2003), sendo considerado Insuficientemente Conhecido. O rato de Cabrera apresenta elevado valor conservacionista tendo sido alvo de vários estudos específicos. No estuário do Tejo está definida uma área desde Pancas até Porto Alto como uma zona de prioridade de conservação (Mathias e Costa, s/data). Nesta área o rato de Cabrera, distribui-se pelo Sapal (86% dos registos), agricultura de sequeiro (pastagens) (12%) e montado (2%). O rato de Cabrera alimenta-se da parte subterrânea dos talos de juncáceas e herbáceas, como o escarlacho, o que confere aos seus excrementos uma cor verde-vivo (C. Matos, com. Pess.). De um modo geral esta espécie frequenta zonas húmidas, onde as ervas são verdes, sendo muito sensível à perturbação representada pelo revolvimento de terras, plantação. Como ameaças salienta-se o regadio, a competição com o rato-cego (Microtus lusitanicus).

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1.3.3.1.4 Lagomorfos

Os lagomorfos são um grupo de destaque pois tanto são valorizadas pelo Homem, como espécie cinegética, como constituem um elo importante na cadeia alimentar, pois sendo como espécies de estratégia reprodutiva R (colonizadores com elevada fertilidade) representam um recurso alimentar abundante para várias espécies, tais como mamíferos carnívoros ou aves de rapina. A lebre e o coelho são consumidores primários que beneficiam muito do mosaico de habitats agrícola e florestal, que lhes proporciona refúgio e alimento: na área de estudo foram encontradas com maior frequência nas áreas de montado com pastagem semi-natural no sob-coberto (por exemplo Barroca d’Alva, montado misto de Pinus spp., na ribeira de Vale Cobrão), zonas de pinhal com áreas abertas de matos e pastagens (mata do Catapereiro).

1.3.3.1.5 Carnívoros Os carnívoros são muitas vezes considerados como daninhos e prejudiciais às actividades humanas, quer da criação de aves de capoeira quer como “competidores” pelo mesmo recurso, a caça. No entanto grande parte da predação deste grupo incide sobre os roedores e a sua dieta inclui também o consumo de frutos e de invertebrados. Os carnívoros são normalmente perseguidos em Portugal, sendo alvo privilegiado do controlo de predadores, uma prática vulgarizada no mundo rural, que recorre ao envenenamento ou armadilhagem, mesmo que ilegais. Regra geral, este grupo apresenta territórios bem definidos e percorre os habitats das suas presas: áreas de mosaico com zonas agrícola e zonas de refúgio com vegetação natural densa (matos, galerias ripícolas e zonas arborizadas). Destaque ainda para os mamíferos de hábitos aquáticos que é a lontra. Esta espécie tem-se revelado mais comum do que se pensava há 15 anos em Portugal, embora esteja em acentuado declínio na Europa, denotando uma plasticidade ambiental notável. Na área de estudo está presente ao longo de toda a sub-bacia hidrográfica do rio Sorraia e vários afluentes que desembocam na margem sul do estuário do Tejo, como a ribeira das enguias (Trindade et al., 1998).

1.3.3.1.6 Artiodáctilos O Javali é o única espécie de caça grossa que se encontra na área de estudo, sendo bastante comum, nomeadamente nos biótopos de montado com pastagem ou mato,

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tendo sido referida a sua presença regular na mata do catapereiro, na envolvente da barragem de Vale Cobrão e na Barroca d’Alva.

1.3.3.2 Lista de espécies ocorrentes na área de estudo

1.3.3.2.1 Insectívoros Família Erinacidae Ouriço-cacheiro, Erinaceus europaeus Estatuto de Protecção: Espécie Pouco Preocupante em Portugal continental; incluída no Anexo III da Convenção de Berna. Distribuição: Comum em todo o país. Habitat: Ocorre em vários tipos de biótopos, desde zonas florestadas e agrícola e até em jardins. Ameaças: A mais conhecida é o atropelamento nas estradas, pois são animais que apresentam hábitos nocturnos e se deslocam lentamente. Família Soricidae Musaranho-de-dentes-brancos, Crocidura russula Estatuto de Protecção: Espécie Pouco Preocupante em Portugal continental; incluída no Anexo III da Convenção de Berna. Distribuição: Comum em todo o país. Habitat: Ocorre zonas de transição entre biótopos – hortas, jardins, florestas e campos abertos; tolera bem a presença humana encontrando-se associado a habiatts humanizados. Musaranho-anão, Suncus etruscus Estatuto de Protecção: Espécie Pouco Preocupante em Portugal continental; incluída nos Anexos II da Convenção de Berna e da Convenção de Bona e no Anexo IV da Directiva “Habitats”. Distribuição: Encontra-se em baixas densidades distribuído pelo ribatejo, Lisboa e vale do Tejo, Alentejo e Algarve. Habitat: Ocorre em fendas de casas e muros, em terrenos abandonados e colonizados por vegetação xerófila mediterrânica, estando registado também em sapais.

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1.3.3.2.2 Quirópteros Família Vespertilionidae Morcego-de-água, Myotis daubentonii Estatuto de Protecção: Espécie Pouco Preocupante em Portugal continental; incluída nos Anexos II da Convenção de Berna e da Convenção de Bona e no Anexo IV da Directiva “Habitats”. Distribuição: Em Portugal ocorre em todo o pais, sendo muito comum. Habitat: Encontra-se principalmente em zonas urbanas. Morcego-anão, Pipistrellus pipistrelus Estatuto de Protecção: Espécie Pouco Preocupante em Portugal continental; incluída nos Anexos II da Convenção de Berna e da Convenção de Bona e no Anexo IV da Directiva “Habitats”. Distribuição: Em Portugal ocorre em todo o pais, sndo muito comum. Habitat: geralmente alimenta-se em qualquer tipo de biótopo, com preferência pelos habitats urbano e zonas húmidas; pode encontrar abrigos em edigícios ou cavidades em árvores ou rochas. Morcego de Kuhl, Pipistrellus kuhli Estatuto de Protecção: Espécie Vulnerável em Portugal continental; incluída nos Anexos II da Convenção de Berna e da Convenção de Bona e no Anexo IV da Directiva “Habitats”. Distribuição: Em Portugal ocorre no norte e centro, embora seja provável também no sul. Habitat: Geralmente alimenta-se sobre a copa das árvores; não são conhecidos abrigos em portugal, estando referenciada em cavidades de árvores. Morcego-de-nathusii, Pipistrellus nathusii Estatuto de Protecção: Espécie Pouco Preocupante em Portugal continental; incluída nos Anexos II da Convenção de Berna e da Convenção de Bona e no Anexo IV da Directiva “Habitats”. Distribuição: Há dúvidas sobre se esta espécie ocorre em Portugal ou não, estimando-se que em caso positivo, seja rara e localizada. Habitat: não há dados para Portugal, embora esteja descrita como alimentando-se em zonas arborizadas, próximo de água e com abrigos em cavidades de árvores. Morcego-arboricola-pequeno, Nyctalus leisleri Estatuto de Protecção: Espécie Insuficientemente Conhecida em Portugal continental; incluída nos Anexos II da Convenção de Berna e da Convenção de Bona e no Anexo IV da Directiva “Habitats”.

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Distribuição: Há dúvidas sobre se esta espécie ocorre em Portugal ou não, estimando-se que em caso positivo, seja rara e localizada. Habitat: não há dados para Portugal, embora esteja descrita como alimentando-se em zonas arborizadas, próximo de água e com abrigos em cavidades de árvores. Morcego-arboricola-gigante, Nyctalus lasiopterus Estatuto de Protecção: Espécie Insuficientemente Conhecida em Portugal continental; incluída nos Anexos II da Convenção de Berna e da Convenção de Bona e no Anexo IV da Directiva “Habitats”. Distribuição: Aparentemente ocorre de norte a sul, embora com distribuição localizada. Habitat: Descrita como alimentando-se em zonas arborizadas, embora possa também frequentar zonas húmidas e zonas urbanas; não são conhecidos abrigos em Portugal para esta espécie, sendo descrita como abrigando-se em cavidades de árvores. Ameaças: A diminuição de floretas de folhosas, com árvores velhas que tenham cavidades, adequadas para o abrigo desta espécie; a utilização de pesticidas e insecticidas na agricultura; supostamente é uma espécie susceptível de colidir com aerogeradores, devido ao seu voo alto. Morcego-hortelão, Eptesicus serotinus Estatuto de Protecção: Espécie Pouco Preocupante em Portugal continental; incluída nos Anexos II da Convenção de Berna e da Convenção de Bona e no Anexo IV da Directiva “Habitats”. Distribuição: Comum em todo o país. Habitat: Ocorre em vários tipos de biótopos, desde zonas florestadas, agrícolas e, massas de água, sendo frequente em áreas urbanas; abriga-se principalmente edifícios, mas também ocorre em pontes e cavidades rochosas. Morcego-orelhudo-cinzento, Plecotus austriacus Estatuto de Protecção: Espécie Pouco Preocupante em Portugal continental; incluída nos Anexos II da Convenção de Berna e da Convenção de Bona e no Anexo IV da Directiva “Habitats”. Distribuição: Comum em todo o país. Habitat: Ocorre em vários tipos de biótopos, desde zonas florestadas, agrícolas e massas de água, sendo frequente em áreas urbanas; abriga-se em edifícios ou árvores ocas. Família Miniopteridae e família Molossidae O Morcego-de-peluche (Miniopterus schreibersii) e o morcego-rabudo (Tadarida teniotis) – são espécies que se põe em dúvida a sua existência na área de estudo, sendo a primeira exclusivamente cavernícola e a segunda abriga-se em fendas de rochas. De um modo geral, considera-se que a área de estudo não apresenta elevado

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valor para este grupo: embora tenham sido encontrados vários abrigos, todos eles se situam em edifícios e apresentam-se como espécies de vasta distribuição em Portugal.

1.3.3.2.3 Roedores Família Muridae Rato-cego-mediterrânico, Microtus duodecimcostatus Estatuto de Protecção: Espécie Pouco Preocupante em Portugal continental. Distribuição: Distribui-se pelo SW da França e SW da Península Ibérica. Comum no centro e sul do país. Habitat: Principalmente em áreas agrícolas, pomares, hortas e campos de arroz, por vezes encontra-se em povoamentos de sobreiro, pinhais e olivais, com sub-bosque de gramíneas. Rato-cego, Microtus lusitanicus Estatuto de Protecção: Espécie Pouco Preocupante em Portugal continental; Distribuição: Distribui-se pelo NW da Península Ibérica, em Portugal é comum no norte e no centro. Habitat: Mais abundante em pomares e hortas, mas ocorre também em prados e lameiros. Rato de Cabrera, Microtus cabrerae Estatuto de Protecção: Espécie Vulnerável em Portugal continental; incluída no Anexos II da Convenção de Berna e nos Anexos II e IV da Directiva “Habitats”. Distribuição: Endemismo ibérico. Ocorre no SW Alentejano, bacias do Tejo e Sado, litoral centro, e pela bacia do Tejo até ao interior centro. Habitat: Prefere zonas relativamente húmidas com ervas altas como juncais, policulturas e montados; Ameaças: A destruição de habitat é referedida como o mais sério factor de ameaça, mas são uma espécie muito sensível à perturbação, quer causada por pessoas ou gado (C. Matos, Com. Pess.). Ratinho-do-campo, Apodemus sylvaticus Estatuto de Protecção: Espécie Pouco Preocupante em Portugal continental; Distribuição: Distribuição paleártica. Comum em todo o país. Habitat: Ocorre em vários tipos de biótopos, desde zonas florestadas a agrícolas. Por vezes comensal do Homem. Ratazana-castanha, Rattus norvegicus Estatuto de Protecção: Espécie Pouco Preocupante em Portugal continental. Distribuição: Distribuição em todo o mundo devido à introdução acidental levada a cabo pelo Homem. Comum em todo o país.

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Habitat: Ocorre em vários tipos de biótopos, geralmente em zonas com batante água, desde esgotos em áreas urbanas, dunas, pantanos, mas também áreas agrícolas (por exemplo cerealíferas). É uma espécie comensal do Homem que se tem expandido juntamente com as actividades humanas. É geralmente considerada praga. Ratazana-preta, Rattus rattus Estatuto de Protecção: Espécie Pouco Preocupante em Portugal continental. Distribuição: Distribuição em todo o mundo devido à introdução acidental levada a cabo pelo Homem. Ocorre de norte a sul do país, embora menos comum do que a ratazana-castanha, com a qual sofre competição. Habitat: Ocorre em vários tipos de biótopos, tolerando melhor a secura do que a anterior: desde zonas florestadas, agrícolas e áreas urbanas, onde é comensal do Homem. Ratinho caseiro, Mus domesticus Estatuto de Protecção: Espécie Pouco Preocupante em Portugal continental; Distribuição: Distribuição em todo o mundo devido à introdução acidental levada a cabo pelo Homem. Comum em todo o país. Habitat: Ocorre em vários tipos de biótopos: áreas urbanas, hortas, jardins, áreas litorais arenosas e margens dos cursos de água. É uma espécie comensal do Homem. Ratinho ruivo, Mus spretus Estatuto de Protecção: Espécie Pouco Preocupante em Portugal continental; Distribuição: NW África, Península Ibérica e sul de França. Comum em todo o país. Habitat: Ocorre em vários tipos de biótopos secos: pinhais, jardins e áreas agrícolas - sequeiro ou vinhas. Família Gliridae Leirão, Eliomys quercinus Estatuto de Protecção: Espécie com Informação insuficiente em Portugal continental; incluída no Anexo III da Convenção de Berna. Distribuição: Na Europa (excepto Grã-Bretanha e Escandinávia) e norte de África. Existe de norte a sul do país, embora em manchas fragmentadas e sempre com registos escassos. Habitat: Ocorre em vários tipos de biótopos. Montados, pinhais, zonas pedregosas com vegetação escassa, matagal, mas também em habitações, hortas jardins e pomares. Ameaças: Não se encontram ainda definidos, mas a espécie tem sofrido sérias regressões em alguns países europeus.

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1.3.3.2.4 Lagomorfos Família Leporidae Lebre, Lepus granatensis Estatuto de Protecção: Espécie Pouco Preocupante em Portugal continental; incluída no Anexo III da Convenção de Berna. Distribuição: Na Europa do sul e Grã-Bretanha, África, Asia, América do Norte e central. Existe de norte a sul do país, embora de forma descontínua, com maior representatividade no centro e leste. Habitat: Zonas florestadas que alteram com áreas agrícolas, frequentemente área abertas como vinha ou pomares. Coelho, Oryctolagus cuniculi Estatuto de Protecção: Espécie com Quase Ameaçado em Portugal continental. Distribuição: Na Europa, América, Austrália e N. África. Existe em todo o país. Habitat: Matos mediterrânicos, zonas agrícolas, orlas de pomares, sapais, matas e bosques. Ameaças: As epizotias, a mixomatose e a doença hemorrágica viral, têm sido vários os factores que contribuiram para baixar as densidades desta espécie em todo o continente de uma forma muito acentuada. A perda de habitat por abandono das zonas agrícolas e a caça excessiva também são factores importantes (Alves e Ferreira, s/ data).

1.3.3.2.5 Carnívoros Família Canidae Raposa, Vulpes vulpes Estatuto de Protecção: Espécie Pouco Preocupante em Portugal continental; incluída no Anexo III da Convenção de Berna; espécie cinegética. Distribuição: Eurásia, norte de África e América do Norte; em Portugal cobre todo o território. Habitat: Ocupa uma grande variedade de biótopos, preferindo áreas em mosaico: zonas agrícolas, bosques, terrenos abertos e matagais. Família Mustelidae Texugo, Meles meles Estatuto de Protecção: Espécie Pouco Preocupante em Portugal continental; incluída no Anexo III da Convenção de Berna. Distribuição: Eurásia. Existe em todo o país, sendo mais frequente no centro e no sul. Habitat: Mosaico de bosques caducifólios com pastagens e áreas agrícolas.

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Lontra, Lutra lutra Estatuto de Protecção: Espécie Pouco Preocupante em Portugal continental; incluída no Anexos B-II e B-IV da Directiva “Habitats” e no Anexo II da Convenção de Berna; Distribuição: Eurásia e norte de África. Existe em todo o país. Habitat: Mosaico de bosques caducifólios com pastagens e áreas agrícolas. Doninha, Mustela nivalis Estatuto de Protecção: Espécie Pouco Preocupante em Portugal continental; incluída no Anexo III da Convenção de Berna. Distribuição: N. África, América central e do Norte, Ásia central e setentrional e Europa. Distribui-se por todo o país sendo um dos carnívoros mais comuns. Habitat: Pode encontrar-se em quase todo o tipo de habitat, preferindo áreas agrícolas com orlas com muros de pedra solta e vegetação densa. Toirão, Mustela putorius Estatuto de Protecção: Espécie Insuficientemente conhecida em Portugal continental; incluída no Anexo III da Convenção de Berna. Distribuição: Europa, excepto as ilhas e a Península Balcânica e Marrocos. Encontra-se de norte a sul do país, de forma descontínua. Habitat: Associada a habitats aquáticos, como margens de rios ou pantanos, zonas arborizadas ou pastagens com árvores; Ameaças: Provavelmente uma combinação de factores tem levado a diminuição desta espécie, um declínio cuja magnitude não se consegue ainda avaliar. Diminuição de habitat disponível, decréscimo da população-presa (coelho), atropelamento e perseguição ilegal. Fuinha, Martes foina Estatuto de Protecção: Espécie Pouco Preocupante em Portugal continental; incluída no Anexo III da Convenção de Berna. Distribuição: Na maior parte da Eurásia, excepto ilhas atlânticas e mediterrânicas, excepto as ilhas e a Península Balcânica e Marrocos. Encontra-se em todo o país. Habitat: Áreas arborizadas como pinhais e áreas rochosas; frequenta muitas vezes habitats rurais humanizados, como quintas etc. Família Felidae Geneta, Genetta genetta Estatuto de Protecção: Espécie Pouco Preocupante em Portugal continental; incluída no Anexo III da Convenção de Berna e no Anexo B-V da Directiva “Habitats”; espécie cinegética. Distribuição: Sul de França e Península Ibérica, África do Norte, oriental e sul. Em Portugal cobre todo o território, sendo um dos carnívoros mais comuns.

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Habitat: Ocupa uma grande variedade de biótopos, preferindo florestas de caducifólias e mistas e zonas rochosas; encontra-se também na proximidades de corpos de água, desde que com vegetação densa na margem. Sacarrabos, Herpestes ichneumon Estatuto de Protecção: Espécie Pouco Preocupante em Portugal continental; incluída no Anexo III da Convenção de Berna e no Anexo B-V da Directiva “Habitats”; espécie cinegética. Distribuição: África, Península Ibérica, Ásia menor e Palestina. Em Portugal está presente no sul e a área de distribuição mostra tendência de expansão para norte do rio Tejo. Habitat: Ocupa uma grande variedade de biótopos, desde que com vegetação densa (matagal alto, vegetação densa nas margens das linhas de água).

1.3.3.2.6 Artiodáctilos Família Suidae Javali, Sus scrofa Estatuto de Protecção: Espécie Pouco Preocupante em Portugal continental; espécie cuja caça se encontra regulada. Distribuição: Europa, excepto Grã-Bretanha e Escandinávia, norte de África, e sul da Ásia. Em Portugal está presente de norte a sul, sendo mais comum na zona fronteiriça e a sul do rio Tejo; aparenta ser comum na área de estudo, nomeadamente nos biótopos de montado com pastagem ou mato. Habitat: Ocupa uma grande variedade de biótopos, desde que com vegetação densa (matagal alto, vegetação densa nas margens das linhas de água).

1.3.4 Herpetofauna A designação de herpetofauna engloba as classes Amphibia e Reptilia, dois grupos com funções e nichos ecológicos distintos, mas que têm em comum serem terrestres e poiquilotérmicos, ou seja, regulam a temperatura exteriormente. Este factor condiciona a sua distribuição a nível dos grandes biomas da terra sendo grupos cuja maior riqueza se encontra nas regiões tropicais e sub-tropicais, sendo praticamente ausentes dos climas com frio extremo.

1.3.4.1 Anfíbios Os anfíbios são os vertebrados terrestres que mais dependência mostram do meio aquático, uma vez que, para se reproduzirem, têm obrigatoriamente de voltar ao meio aquático, sendo os ovos e as fases larvares aquáticos. Deste modo esta classe encontra-se mais dependente dos biótopos aquáticos dulciaquícolas, pelo menos

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durante parte do seu ciclo de vida, pelo que este tipo de habitats são considerados cruciais para a sobrevivência das espécies desta classe. Em Portugal continental existem 17 espécies de anfíbios, entre as quais 5 constituem endemismos ibéricos. Apenas duas espécies se encontram com estatuto de ameaça. Na área de estudo estão contabilizadas 11 espécies de anfíbios (Quadro 1.3.3), sendo duas delas endemismos e uma com estatuto de quase ameaçada.

Quadro 1.3.3. Espécies de anfíbios referenciadas para a área de estudo.

Nome científico Nome comum Habitat típico Reprodução Estatuto Conserv. Observações

Nº de registos (1)

Ordem Caudata

Pleurodeles waltl Salamandra-de-costelas-salientes

Depósitos aquáticos Charcos temporários de natureza arenosa

Meados de Outubro - Inverno

LC 13

Salamandra salamandra ssp. gallaica

Salamandra Poços, tanques Setembro a Maio

LC 9

Triturus boscai Tritão-de-ventre-laranja

Prados, bosques e zonas agricolas; ribeiros, poços, charcos

Novembro a Junho

LC Endemismo ibérico ocidental

10

Triturus marmoratus Tritão-marmorado

Charcos, lagos, tanques, represa, albufeiras...

Outubro-Maio LC DH (IV) 12

Ordem Anura

Alytes cisternasii Sapo-parteiro-ibérico

Ribeiros temporários Outubro a fim de Abril

Endemismo ibérico. DH (DH-IV)

3

Discoglossus galganoi

Discoglosso

Terrenos encharcados, charcos com vegetação, lagoas litorais

Inverno até ao Verão

NT Endemismo ibérico. DH (II e IV)

1

Pelobates cultripes Sapo-de-unha-negra

Areais, campos, cultivados, pastagens, onde se enterram

Outubro-meados da Primavera

LC (DH-IV) 12

Pelodytes punctatuts/ibericus

Sapinho-de-verrugas-verdes

Montados, dunas costeiras, matos

Fim Outono-fim Primavera

LC 13

Bufo bufo Sapo Hábitos terrestres Novembro-abril LC Pode efectuar longas migrações para reprodução

12

Bufo calamita Sapo-corredor Hábitos terrestres; charcos temporários para a reprodução

Meados Inverno-Primavera

LC

Volta ao charco de origem para a reprodução. (DH-IV)

5

Hyla arborea Rela

Arborícola (arbustos, canas, juncos), junto a charcos, pantânos, etc.

Fevereiro-Abril/Maio

LC (DH-IV) 25

Rana perezi Rã-verde

Quase ubíqua – ribeiros, barragens, charcos, tanques, pantanos

Primavera LC Muito comum. (DH-V)

57

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Fontes: Oliveira e Crespo, 1989; Ferrand de Almeida et al., 2001; (1) dados não publicados do Novo Atlas dos Anfíbios e Répteis. LC – baixa preocupação, NT – Quase Ameaçado.; DH (II e IV) - Directiva “Habitats” (Decreto-Lei nº 49/2005 de 24 de Fevereiro, anexo B-II - espécies cuja conservação exige a designação de zonas especiais de conservação e anexo B-IV – espécies de interesse comunitário que exigem protecção rigorosa; anexo V – Espécies cuja apanha pode ser sujeita a regulamentação).

1.3.4.1.1 Habitats A maioria dos anfíbios concentra-se em zonas com águas doces paradas ou com fraca corrente. Muitos anfíbios, apesar das limitações adaptativas, vivem quase todo o ciclo de vida em habitats terrestres, necessitando de regressar ao biótopo aquático só para a reprodução, em zonas pelo menos temporariamente alagadas. Fora do período de reprodução podem dispersar-se pelos biótopos vizinhos, nomeadamente o montado, habitat típico do sapinho-de-verrugas-verdes, um dos anuros de menor dimensão, pastagens, terrenos agrícolas, jardins etc (por exemplo o sapo, o sapo-de-unha-negra ou o sapo-corredor). Geralmente de meios dulciaquícolas, há algumas espécies de anfíbios que toleram salinidades relativamente elevadas, tais como a rã-de-focinho-pontiagudo (Oliveira et al., 2006, in Livro Vermelho dos Vertebrados, 2006). Como espécies mais comuns na área de estudo realçam-se a rã-verde (Rana perezi), espécie comum em todo o país e a rela, uma rã-arborícola. A espécie com maior valor conservacionista é o discoglosso, um endemismo ibérico com estatuto de Quase Ameaçado (NT). Esta espécie encontra-se classificada na Convenção de Berna, como a generalidade dos anfíbios e na Directiva “Habitats” (Decreto-Lei nº 49/2005 de 24 de Fevereiro). Trata-se também da espécie de anfíbio mais rara a nível do estuário do Tejo, com apenas uma referência. Esta espécie geralmente ocorre nas proximidades de massas de água com vegetação, podendo encontrar-se em terrenos húmidos ou encharcados. Reproduz-se em charcos, temporários ou permanentes, ribeiros, canais, resistindo a salinidades relativamente elevadas. O segundo endemismo ibérico ocorrente na área de estudo é o sapo-parteiro-ibérico, para o qual existem apenas três referências na área de estudo, situadas na área da Herdade da Barroca d’Alva. Esta espécie, confinada à Península Ibérica ocidental, encontra-se em Portugal de norte a sul, com algumas lacunas: assim o alto Douro, o Tejo, no seu troço intermédio e o Alentejo interior, não encontram referência para este sapo. O sapo-parteiro-ibérico adapta-se a ambientes áridos e quentes. Tem hábitos fossadores, enterrando-se sob pedras, raízes ou em buracos podendo entrar em inactividade com temperaturas desfavoráveis. A reprodução ocorre em duas épocas do ano, no Outono e na Primavera. O nome deste sapo deriva do facto dos machos carregarem as posturas, o que é uma forma de manterem as condições de humidade e temperatura que os ovos necessitam; após cerca de 3 semanas largam os ovos em charcos, pantanos, tanques ou ribeiros, onde as larvas eclodem. Ambas as espécies ocorrem no sudoeste da área de estudo, na região da Herdade da Barroca d’Alva.

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1.3.4.1.2 Lista de Espécies ocorrentes no estuário do Tejo ORDEM URODELOS Família Salamandridae Salamandra-de-costelas-salientes, Pleurodeles waltl Estatuto de Protecção: Pouco Preocupante em Portugal continental; incluída nos Anexo III da Convenção de Berna. Distribuição: Distribui-se pelo norte de Ãfrica e Península Ibérica. Em Portugal ocorre no centro e sul do país e a norte pela zona interior até à terra quente transmontana. Na área de estudo apresenta 13 registos. Habitat: Habita em regiões de clima quente e seco, desde o nível do mar até aos 890m (Parque Natural de Montesinho); apresentam hábitos aquáticos frequentando uma grande variedade de habitats: charcos, poços, lagoas, tanques represas e remansos de rios; resiste relativamente bem à poluição. Reprodução: Entre Setembro a Julho, dependendo da região. Salamandra-de-pintas-amarelas, Salamandra salamandra Estatuto de Protecção: Pouco Preocupante em Portugal continental; incluída nos Anexo III da Convenção de Berna. Distribuição: Tem ampla distribuição a nível do globo, ocupando grande parte da região paleártica ocidental: Europa, Ásia menor, próximo oriente e norte de África. Em Portugal ocorre e todo o pais excepto nas regiões mais áridas do Alentejo. Na área de estudo apresenta 9 registos. Habitat: Prefere zonas montanhosas húmidas e sombrias, podendo também ocorrer em lameiros, prados, campos agrícolas, pinhais, azinhais e sobreirais; procura o meio aquático apenas para se reproduzir. Reprodução: Entre Setembro a Maio (período mais húmido), ovovivípera e vivípera, permanece na água 2-6 meses, até à metamorfose. Tritão-de-ventre-laranja, Triturus boscai Estatuto de Protecção: Pouco Preocupante em Portugal continental; incluída nos Anexo III da Convenção de Berna. Distribuição: Endemismo da região ocidental da Península Ibérica. Em Portugal ocorre em todo o pais. Habitat: Habita uma grande variedade de ambientes, incluindo prados, bosques, zonas agrícolas e massas de água muito diversas, charcos, ribeiros de corrente fraca e vegetação aquática, poços, lagoas, tanques, albufeiras e represas; pode ser encontrado em água praticamente todo o ano, podendo ter um período terrestre estival (Oliveira e Crespo, 1989).

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Reprodução: De meados do Inverno até fim da Primavera (Novembro a Maio) variando com o clima: nas zonas baixas e quentes observa-se desde Novembro-Dezembro; os ocovos eclodem após 10 a 20 dias. Tritão-marmorado, Triturus marmoratus Estatuto de Protecção: Pouco Preocupante em Portugal continental; incluída nos Anexo III da Convenção de Berna e no Anexo IV da Directiva “Habitats”. Distribuição: França e Península Ibérica. Em Portugal ocorre em todo o país. Habitat: Habita uma grande variedade de ambientes, incluindo prados, bosques e zonas agrícolas e massas de água muito diversas, charcos, ribeiros de corrente fraca e vegetação aquática, poços, lagoas, tanques, albufeiras e represas; terrestre, volta à água para a reprodução. Reprodução: Entre Outubro a Maio (dependendo da temperatura), em massa de água parada com com fraca corrente. ORDEM ANURA Família Discoglossidae Estatuto de Protecção: Espécie Quase Ameaçada (NT) e em Portugal continental; incluída nos Anexo III da Convenção de Berna e nos Anexos II e IV da Directiva “Habitats”. Distribuição: Endemismo ibérico. Em Portugal ocorre de norte a sul, embora em núcleos populacionais fragmentados. Habitat: Frequenta uma grande variedade de habitats, geralmente prados, lameiros ou terrenos encharcados nas imediações de corpos de água. Reprodução: Reproduz-se em ribeiros, poças, charcos, canais de rega, etc, entre meados do Inverno até ao princípio do Verão. Factores de Ameaça e conservação: Os principais factores de ameaça são a perda de habitat, por fragmentação ou degradação, devido por exemplo à instalação de agricultura intensiva, florestação com espécies de produção, poluição aquática ou urbanização. Sapo-parteiro-ibérico, Alytes cisternasii Estatuto de Protecção: Pouco Preocupante em Portugal continental; incluída no Anexo II da Convenção de Berna no Anexo IV da Directiva “Habitats”; Distribuição: Endemismo ibérico. Em Portugal ocorre a sul do Tejo e acima deste, pela zona raiana até Trás-os-Montes. Habitat: Habita zonas de baixa altitude, em zonas de solos arenosos e pouco consistentes. Durante o Verão enterram-se muitas vezes em leitos de ribeiras, quando estes secam. Reprodução: Reproduz-se em ribeiros, poças, charcos ou tanques entre Outubro a fins de Abril.

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Família Peloditidae Sapinho-de-verrugas-verdes, Pelodytes sp. Estatuto de Protecção: Espécie Pouco Preocupante em Portugal continental; incluída nos Anexo III da Convenção de Berna. Distribuição: França, NW Itália e Península Ibérica; em Portugal distribui-se pela metade sul do País e costa atlântica até Vila do Conde. Habitat: Grande variedade de habitats, como bosques, matos, dunas costeiras, aparentemente preferindo zonas calcárias, ocupando muitas vezes concavidades ou grutas para se refugiar. Reprodução: Reproduz-se em charcos temporários, remansos em ribeiros, lagos e até águas salobras, desde final de Outubro a final da Primavera. Família Pelobatidae Sapo-de-unha-negra, Pelobates cultripes Estatuto de Protecção: Espécie Pouco Preocupante em Portugal continental; incluída nos Anexo III da Convenção de Berna no Anexo IV da Directiva “Habitats”. Distribuição: Sul e oeste de França e Península Ibérica. Em Portugal ocorre a sul do Tejo e acima deste, pela zona raiana até Trás-os-Montes e pelo litoral até Vila do Conde. Habitat: Em zonas de solos arenosos, como dunas, campos agrícolas, pastagens e zons planálticas. Para a reprodução pode tolerar zonas com águas salobras. Reprodução: Reproduz-se de meados de Outono até à Primavera, dependendo essencialmente da precipitação, em ribeiros, poças, charcos ou tanques entre Outubro a fins de Abril. Família Bufonidae Sapo-corredor, Bufo calamita Estatuto de Protecção: Espécie Pouco Preocupante em Portugal continental; incluída nos Anexo III da Convenção de Berna no Anexo IV da Directiva “Habitats”. Distribuição: Desde a Estónia até à Península Ibérica; Em Portugal ocupa quase todo o território excepto zona centro litoral. Habitat: Desde o nível do mar até à serra da estrela, procura solos pouco compacados e locais abertos. Reprodução: Desde o Inverno até fim da Primavera, dependendo essencialmente da precipitação; procuram sempre o mesmo charco, geralmente charcos temporários, pequenos e pouco profundos, mas os machos por vezes podem procurar também outros charcos.

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Sapo-comum, Bufo bufo Estatuto de Protecção: Espécie Pouco Preocupante em Portugal continental; incluída nos Anexo III da Convenção de Berna. Distribuição: Ocorre em toda a Eurásia, excepto no extremo norte. Em Portugal é bastante comum, desde norte a sul. Habitat: Em grande variedade de habitats: áreas agrícolas, montanha, montados e boques de caducifólias. Reprodução: Reproduz-se entre Novembro a Abril, em massa de água permanentes, rios, albufeiras e charcos grandes. Família Ranidae Rã-verde, Rana perezi Estatuto de Protecção: Espécie Pouco Preocupante em Portugal continental e apresenta Informação insuficiente nos Açores. Incluída no Anexo III da Convenção de Berna e no Anexo V da Directiva “Habitats”. Distribuição: Ocorre desde o sul da França até à Península Ibérica; em Portugal tem distribuição ubíqua a nível do país e muito comum. Habitat: Apresenta enorme plasticidade ambiental, frequentando quase todo o género de corpos de água doce, inclusivé em lagos de cidade, independentemente do biótopo circundante (57 registos) e desde o nível do mar até à serra da Estrela. Reprodução: Reproduz-se essencialmente na Primavera. Família Hylidae Rela, Hyla arborea Estatuto de Protecção: Espécie Pouco Preocupante em Portugal continental, Incluída no Anexo III da Convençao de Berna e no Anexo IV da Directiva “Habitats”. Distribuição: Ocorre em toda a Europa, excepto nos países do Norte, Grã-Breanha e Irlanda. Em Portugal tem distribuição na maior parte do País, embora fragmentada e no sudeste, onde existe a Hyla meridionalis. No sul existe nas bacias hidrográficas do Sado, Tejo (jusante) e cursos de água litorais, desde Peniche até ao Alentejo e no centro, nas bacias hidrográficas do Mondego, Vouga e cabeceiras do Tejo. Existem ainda pequenos núcleos populacionais supostamente isolados uns dos outros no Alto Alentejo, Montesinho e bacia do Douro (25 registos). Habitat: Normalmente frequenta a vizinhança de charcos, cursos de água, pantanos, lagos e lagoas, com abundante vegetação. Reprodução: Reproduz-se essencialmente na Primavera.

1.3.4.2 Répteis Os répteis são uma classe que adquiriu maior independência do meio aquático, pois os seus ovos são revestidos por uma casca dura que evita a dissecação, podendo

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também apresentar ovoviviparidade. Outra adaptação ao meio terrestre são as escamas epidérmicas que cobrem o corpo dos répteis, as quais, como não regulam a temperatura internamente, os protegem da dissecação. A classe dos répteis na Península Ibérica tem tanto as influências atlânticas como as africanas, incluindo também alguns endemismos. Registam-se 36 espécies de répteis em Portugal continental, das quais 4 aparecem como divagantes na costa (tartarugas marinhas) e duas são exóticas, introduzidas recentemente (tartaruga da Florida e lagartixa italiana). Da fauna nativa terrestre, 7 espécies têm estatuto de ameaçadas e duas Quase Ameaçadas. Para a área de estudo estão referenciadas 17 espécies, entre elas uma Em Perigo, uma Vulnerável e uma Quase Ameaçada (Quadro 1.3.4).

Quadro 1.3.4. Répteis ocorrentes na área de estudo.

Nome científico Nome comum Habitat típico Estatuto Conserv. Observações Nº de registos (1)

Ordem Testudines

Mauremys leprosa Cágado-mediterrânico

Lagos, charcos, ribeiros LC Endemismo iberico. DH (II e IV)

12

Emys orbicularis Cágado-de-carapaça-estriada

Lagos, charcos, ribeiros EN DH (II e IV) 2

Ordem Sauria Tarentola mauritanica

Osga Zonas urbanas, locais pedregoso

LC Comum no sul do país

12

Blanus cinereus Cobra-cega Hábitos subterrâneos em terrenos relativamente áridos

LC - 2

Acantodactylus erithrurus

Lagartixa-de-dedos-denteados

Pinhais litorais, matos dispersos

NT - 2

Lacerta lepida sardão Areais costeiros, terrenos cultivados, charnecas, matagais e bosques

LC ubíqua em Portugal

8

Podarcis hispanica

Lagartixa-ibérica Áreas húmidas: pastos, clareiras, campos agrícolas

LC DH (IV) 60

Psammodromus algirus

Lagartixa-do-mato

Pinhais arenosos LC - 30

Psammodromus hispanicus

Lagartixa-do-mato-ibérica

Terrenos arenosos com grau de aridez variável, com matos baixos dispersos

NT - 15

Chalcides striatus Fura-pastos Pinhais sobre areia, matos LC - 13 Ordem Serpentes

Coronella girondica

Cobra-lisa-meridional

Locais semi-áridos e rochosos LC - 2

Elaphe scalaris Cobra-de-escada

Biótopos sedemiáridos, bem expostos

LC - 9

Malpolon monspessulanus

Cobra-rateira Matos, bosques com sobreiro, pinhais arenosos, jardins, zonas pedregosas

LC - 31

Natrix maura Cobra-de-água-viperina

Lagos, charcos, represas, pantanos, barragens e cursos de água

LC - 14

Vipera latastei Víbora-cornuda Matagais, z. Agrícolas e pinhais arenosos.

VU - 3

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Fontes: Oliveira e Crespo, 1989; Ferrand de Almeida et al., 2001; (1) dados não publicados do Novo Atlas dos Anfíbios e Répteis. LC – baixa preocupação, NT – quase ameaçado; VU – Vulnerável; EN – Em Perigo. DH (II e IV) - Directiva “Habitats” (Decreto-Lei nº 49/2005 de 24 de Fevereiro, anexo B-II - espécies cuja conservação exige a designação de zonas especiais de conservação e anexo B-IV – espécies de interesse comunitário que exigem protecção rigorosa )

1.3.4.2.1 Habitats O réptil mais comum na área de estudo é sem dúvida a lagartixa-ibérica (Podarcis hispanica, tipo 2, que ocorre a sul do Douro, em Portugal), seguida da lagartixa-do-mato (P. algirus ssp. algirus). Estas são espécies comuns em Portugal, com uma distribuição que abrange praticamente toda a Península Ibérica (excepto o extremo norte), o SW da França e o norte de África. A primeira ocorre preferencialmente em zonas arenosas ou de solos pouco compactos, com arbustos de pequeno porte, com pouca cobertura e pouco densa, enquanto a segunda procura solos pedregosos nomeadamente bosques com zonas abertas, como montados e olivais. As espécies com maior valor conservacionista são relativamente pouco abundantes na área de estudo, nomeadamente:

• O Cágado-de-carapaça-estriada (Emys orbicularis) é uma espécie considerada Em Perigo a nível nacional, tendo sofrido uma perda de 70% ou mais dos efectivos populacionais. Este cágado distribui-se desde a Europa oriental até à Península ibérica, incluindo também o norte de África. Em Portugal apresenta uma distribuição descontínua, sendo os núcleos mais importantes confirmados na bacia do Guadiana (troço intermédio), NE Alentejano e Tejo internacional, costa sudoeste e sul-ocidental e pequenos núcleos dispersos. Na bacia do Tejo, são consideradas zonas prioritárias para protecçção desta espécie, o paúl do Boquilobo, o Tejo interior e Aviz. No estuário do Tejo, as três referências dizem respeito à uma área pertencente à Companhia das Lezírias, na sub-bacia da Ribeira de Vale Cobrão em simpatria com o cágado-mediterrânico. Como factores de ameaça a esta espécie são referidas alteração ou destruição de zonas húmidas, construção, captação ou poluição de água. Por outro lado referem-se também a captura acidental ou intencional de espécimens.

• O cágado-mediterrânico (Mauremys leprosa) constitui um endemismo ibérico, sendo o cágado mais comum em Portugal e Espanha. Para além da Península, ocorre também no norte de África. Em Portugal existe em todo o território excepto no centro (acima da bacia hidrográfica do Mondego) e norte litorais.no estuário do Tejo ocorre em várias áreas, por vezes em conjuntamente com o cágado-de-carapaça-estriada.

• A víbora-cornuda (Vipera latastei) distribui-se por toda a Península Ibérica, excepto na costa norte e pela costa norte-africana. Em Portugal é referenciada essencialmente no norte e centro, especialmente nas serras

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do Gerês, Alvão, Montesinho e Estrela e em núcleos “isolados”, na serra de S. Mamede, bacia do Tejo, costa sudoeste e bacia do Guadiana (troço intermédio). É uma espécie pouco comum e entre os factores de ameaça salientam-se a perda ou fragmentação de habitat por incêndio, silvicultura intensiva, agricultura. Outros factores referidos são o atropelamento em estradas e a perseguição, devido a ser considerada uma espécie perigosa para o Homem. Na área do estuário do Tejo ocorre na zona de Alcochete/Montijo, uma área relativamente fragmentada em termos de habitat por inúmeras rodovias, aglomerados urbanos e indústrias.

• A Lagartixa-de-dedos-denteados (Acantodactylus erythrurus ssp. erythrurus) a sua área de distribuição inclui a Portugal, Espanha e o norte de África, sendo a subespécie nominal restrita à Península. Em Portugal restringe-se às bacias do baixo Tejo e baixo Sado, zonas fronteiriça do centro (cabeceiras dos rios Zêzere, Erges, Côa e Douro internacional) e núcleos pontuais no norte, oeste (Nazaré), alto alentejo (ribeira de Nisa) e Algarve (Ria Formosa). É uma espécie sensível às alterações do uso do solo, nomeadamente para a silvicultura e agricultura e entre os factores de ameaça salientam-se a perda ou perturbação do seu habitat. Tolera, contudo, uma pressão humana moderada.

1.3.4.2.2 Lista de Espécies ocorrentes no estuário do Tejo

ORDEM SAURIA Família Gekkonidae Osga, Tarentola mauritanica Estatuto de Protecção: Espécie Pouco Preocupante em Portugal continental; incluída nos Anexo III da Convenção de Berna. Distribuição: Distribui-se pelo norte de África e Península Ibérica. Em Portugal ocorre no centro e sul do país e a norte pela zona interior até à terra quente transmontana. Na área de estudo apresenta 13 registos. Habitat: Habita em regiões de clima quente e seco, desde o nível do mar até aos 800m (serra do Reboredo); locais pedregosos, muros, troncos de árvores paredes etc., Reprodução: entre Março e Junho, com a postura anual entre Abril e Junho. Cobra-cega, Blanus cinereus Estatuto de Protecção: Espécie Pouco Preocupante em Portugal continental; incluída nos Anexo III da Convenção de Berna. Distribuição: Endémica da Península Ibérica. Em Portugal tem uma distribuição termófila, isto é, ocorre principalmente em zonas de climas amenos. Habitat: Geralmente zonas quentes e um pouco húmidas a baixa e média altitude, com solos pouco compactados, pois tem vida subterrânea.

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Reprodução: O período reprodutor inicia-se bastante cedo, antes da Primavera e a postura realiza-se até Junho. Família Lacertidae Sardão, Lacerta lepida Estatuto de Protecção: Espécie é Pouco Preocupante em Portugal continental; incluída nos Anexo II da Convenção de Berna. Distribuição: Distribui-se pela Península Ibérica, sudeste de França e NW de Itália. Em Portugal a espécie é ubíqua. Habitat: Habita em areais costeiros, charnecas, matagais, terrenos agrícoas e bosques. Reprodução: Na Primavera, com a postura anual entre Março e Maio. Lagartixa-ibérica, Podarcis hispanica Estatuto de Protecção: Espécie Pouco Preocupante em Portugal continental; incluída nos Anexo III da Convenção de Berna; Anexo IV da Directiva “Habitats”. Distribuição: Distribui-se pelo norte de África, sul de França e Península Ibérica. Em Portugal ocorre em todo o país. Habitat: Encontra-se numa grande variedade de habitats, geralmente pedregosos e em zonas abertas (em carvalhais, sobreirais e olivais) e em zonas urbanas. Reprodução: Entre Fevereiro e Junho, com a posturas (que podem ir até três posturas anuais) entre Abril e Junho. Lagartixa-do-mato, Psammodromus algirus Estatuto de Protecção: Espécie Pouco Preocupante em Portugal continental; incluída nos Anexo III da Convenção de Berna. Distribuição: Distribui-se pelo norte de África, sul de França e Península Ibérica. Em Portugal ocorre em todo o país, com excepção de uma zona no litoral norte. Habitat: Ocorre numa grande variedade de habitats, encontrando-se associada a pinhais arenosos. Reprodução: Entre Abril e Julho, geralmente com duas posturas anuais e excepcionalmente três. Lagartixa do mato-ibérica, Psammodromus hispanicus Estatuto de Protecção: Espécie Quase ameaçada em Portugal continental; incluída nos Anexo III da Convenção de Berna. Distribuição: Distribui-se pelo sul de França e Península Ibérica. Em Portugal ocorre principalmente no centro e sul e pelo interior ate Montesinho. Habitat: Ocorre em áreas secas e abertas, com solos arenosos e cobertura arbustiva baixa e dispersa. Reprodução: Entre Março e Maio, com as posturas entre Abril e Junho.

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Família Sincidae Fura-pastos, cobra-de-pernas-pentadáctila, Chalcides bedriagai Estatuto de Protecção: Espécie Pouco Preocupante em Portugal continental; incluída nos Anexo II da Convenção de Berna e no Anexo IV da Directiva “Habitats”. Distribuição: Distribui-se pelo sul de França e Península Ibérica. Em Portugal ocorre principalmente no centro e sul e pelo interior até Montesinho. Habitat: ocorre em áreas secas e abertas, com solos arenosos ou pedregosos e cobertura vegetal dispersa em matagais e bosques, desde o nivel do mar até aos 1120 m (serra do Gerês). Reprodução: Desde a Primavera até ao Verão. ORDEM SERPENTES Família Colubridae Cobra-lisa-meridional, Coronella girondica Estatuto de Protecção: Espécie Pouco Preocupante em Portugal continental; incluída no Anexo II da Convenção de Berna e no Anexo IV da Directiva “Habitats”. Distribuição: Distribui-se pelos Alpes, Itália, Sicília, norte de África, sul de França e Península Ibérica. Em Portugal ocorre de norte a sul mas em pequenos núcleos. Habitat: Ocorre em áreas semi-áridas, com solos pedregosos e cobertura vegetal dispersa, em matagais e bosques, a sua distribuição vai até à serra da Estrela embora, seja mais frequente a baixas altitudes. Reprodução: Inicia-se em Maio-Junho com as posturas em Julho. Cobra-de-escada, Elaphe scalaris Estatuto de Protecção: Espécie Pouco Preocupante em Portugal continental; incluída no Anexo III da Convenção de Berna. Distribuição: Distribui-se pelo NW Itália, sul de França e Península Ibérica. Em Portugal ocorre em todo o país. Habitat: Prefere áreas secas e expostas dispersa, podendo ser encontrada em matos, pinhais, áreas agrícolas e até zonas urbanas; a sua distribuição vai dese o nível do mar até aos 900 m (Montesinho). Reprodução: desde fim da Primavera até meados do Verão (geralmente Maio-Julho). Cobra-rateira (Malpolon monspessulanus). Estatuto de Protecção: Espécie Pouco Preocupante em Portugal continental; incluída no Anexo III da Convenção de Berna. Distribuição: Distribui-se pelo sul da Europa, ásia ocidental e Península Ibérica. Em Portugal ocorre em todo o país. Habitat: Ocupa uma grande variedade de habitats: zonas de matos, áreas pedregosas, bosques de sobreiros, estepes cerealíferas, zonas agrícolas, pinhais

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arenosos, ruínas e jardins, encontrando-se desde o nível do mar até à serra da Estrela. Reprodução: Desde em Maio-Junho, com as posturas em Julho. Cobra-de-água-viperina, Natrix maura Estatuto de Protecção: Espécie Pouco Preocupante em Portugal continental; incluída no Anexo III da Convenção de Berna. Distribuição: Distribui-se pelo centro e sul da França, SW Suiça, NW Itália, Córsega, Sardenha, norte de África e Península Ibérica. Em Portugal ocorre em todo o país. Habitat: Associada a habitats aquáticos: lagos, charcos, represas, barragens, pantanos e cursos de água, desde o desde o nível do mar até à serra da Estrela. Reprodução: Desde Março a Maio, mas por vezes também no Outono. Família Viperidae Víbora-cornuda, Vipera latastei Estatuto de Protecção: Espécie Vulnerável em Portugal continental; incluída no Anexo II da Convenção de Berna. Distribuição: Distribui-se pelo norte de África e Península Ibérica. Em Portugal ocorre em todo o país, embora em núcleos descontínuos: SW Alentejano, zona raiana baixo-alentejana, Serra de S. Mamede, Grande Lisboa, Malcata, centro-litoral e acima do Douro, excepto no litoral. Habitat: Em zonas baixas ocorre em matagais, áreas agrícolas e pinhais arenosos. Reprodução: Desde Março a Maio, mas por vezes também no Outono.

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ICNB INSTITUTO DA CONSERVAÇÃO DA NATUREZA

E DA BIODIVERSIDADE

PLANO DE ORDENAMENTO E GESTÃO PARA A RESERVA NATURAL DO ESTUÁRIO

DO TEJO

ESTUDOS DE BASE

ETAPA 1 – DESCRIÇÃO

Volume II / III

ABRIL 2007

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ICNB INSTITUTO DA CONSERVAÇÃO DA NATUREZA E DA BIODIVERSIDADE

PLANO DE ORDENAMENTO E GESTÃO PARA A RESERVA NATURAL DO ESTUÁRIO DO TEJO

ESTUDOS DE BASE

ETAPA 1 – DESCRIÇÃO

Volume II / III ABRIL 2007 Trabalho elaborado por HIDROPROJECTO, Engenharia e Gestão, SA, cujo sistema da Qualidade e

Ambiente está certificado pela APCER, respectivamente com os n.ºs 1998/CEP.777 e 2002/AMB.72