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PLANTAS MEDICINAIS -DIAGNÓSTICO E GESTÃO

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Plantas MedicinaisDiagnóstico e Gestão

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Ministro do Meio AmbienteJosé Sarney Filho

Presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais RenováveisHamilton Nobre Casara

Diretor de Gestão EstratégicaRômulo José F. Barreto Mello

Coordenador do Programa de Educação Ambiental e Divulgação Técnico-CientíficaJosé Silva Quintas

Coordenador do Projeto de Divulgação Técnico-CientíficaLuiz Cláudio Machado

As opiniões expressas são de responsabilidade do autor.

Edições IBAMAInstituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais RenováveisDiretoria de Gestão EstratégicaPrograma de Educação Ambiental e Divulgação Técnico-CientíficaProjeto de Divulgação Técnico-CientíficaSAIN Avenida L/4 Norte, s/n70800-200 - Brasília-DFTelefones:(061) 316-1191 e 316-1222e-mail: [email protected]:\\www.ibama.gov.br

Brasília2001

Impresso no BrasilPrinted in Brazil

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2001

Ministério do Meio AmbienteInstituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

PLANTAS MEDICINAISDIAGNÓSTICO E GESTÃO

Mary Carla Marcon Neves

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Série Meio Ambiente em Debate, 35

RevisãoNorma Azeredo

DiagramaçãoIramir Souza SantosOldenyr da Silva Lima

Projeto gráficoDenys Márcio

CapaFátima Feijó

Criação, arte-final e impressãoProjeto de Divulgação Técnico-Científica - Edições IBAMA

Ficha CatalográficaSonia M. L. N. Machado

CATALOGAÇÃO NA FONTEINSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENIVÁVEIS

N518p Neves, Mary Carla MarconPlantas medicinais: diagnóstico e gestão / Mary Carla Marcon

Neves. � Brasília : Ed. IBAMA, 2001.52p. � (Série meio ambiente em debate ; 35)

Inclui bibliografia.ISSN 1413-25883

1. Planta medicinal. 2. Gestão ambiental. I. Instituto Brasileiro do MeioAmbiente e dos Recursos Naturais Renováveis. II. Título. III. Série.

CDU (2. ed.) 633.88

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�... AS PLANTAS SÃO A SAÚDE DAS NAÇÕES.�

Apocalipse 22-2

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AGRADECIMENTOS

Não poderia deixar de formalizar o agradecimento a Marilda Corrêa Heck, Chefe daDivisão de Controle e Fiscalização da Superintendência do IBAMA do estado de São Paulo, aNilde Lago Pinheiro, Superintendente do IBAMA do estado de São Paulo e a Fernando Dal�Ava,Coordenador da Divisão de Fauna e Flora da Diretoria de Ecossistemas do IBAMA- SEDE, emBrasília, pelo apoio e incentivo no desenvolvimento dos trabalhos e também pelo interessedemonstrado tanto na sua realização como no seu acompanhamento. E a todos os profissionaisligados às plantas medicinais que, direta ou indiretamente, colaboraram no fornecimento deinformações, portanto, na execução deste projeto.

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APRESENTAÇÃO

Sempre atenta às iniciativas criativas e responsáveis resolvi, ao longo de 1994, prestigiarao limite, as servidoras Mary Carla Marcon Neves e Marilda Corrêa Heck, ambas lotadas naSuperintendência do IBAMA em São Paulo. Tudo começou com a estarrecedora informaçãode que toneladas de ervas medicinais saíam mensalmente do Vale do Ribeira em direção amercados regionais e internacionais. No primeiro caso, em virtude da tradição e do empirismo;já no segundo, tendo em vista a disponibilidade de laboratórios aptos em transformar tradiçãoem medicamentos promissores. É voz corrente o prestígio que a pesquisa científica desfruta empaíses desenvolvidos; já no Brasil...

A par dessa situação confortável, esses países detêm, em seus territórios, cenários debiodiversidade muito aquém daqueles descortinados pelas florestas tropicais, gerandoindisfarsável cobiça pelo que é nosso.

Outra informação desairosa sobre o contexto ervas medicinais dizia respeito àilegalidade dessa extração, ou seja, ausência de registro no IBAMA, conforme determina anorma vigente.Tal fato representa muito pouco para o descalabro de verdadeiros atos de rapina,pois o registro no IBAMA não tem o condão da sustentabilidade. Urgia norma mais conseqüente.Resolveram ir à luta.

Contrapondo-se à mera burocracia, surgia o interesse voltado para um conhecimentomais profundo e capaz de lastrear dispositivos normativos compatíveis com a importânciaambiental, econômica e, principalmente, de saúde pública que as ervas medicinais representam.

Contataram e visitaram os principais centros que acumulam saber nessa área,procuraram organizações não-governamentais preocupadas com a temática, levantarambibliografia específica e iniciaram um processo de registros organizados com vistas à ampladiscussão junto à comunidade científica, extratores e à comunidade em geral. Esta fase,representada pela publicação dessa síntese, certamente, proporcionará ao leitor respostas àsdúvidas mais corriqueiras, como também informações até então desconhecidas.

É nosso dever esclarecer que a redação final é de Mary Carla Marcon Neves queresolveu dar continuidade ao trabalho em Brasília. Marilda C. Heck continua em São Paulo,firme na dobradinha bem-sucedida.

Este é o primeiro passo que o IBAMA, pioneiramente, dá em direção a uma atividadeeconômica lícita e ambientalmente sustentável.

Oxalá o Brasil, na questão ervas medicinais, não nos faça mais lembrar da famosapeça teatral dos anos sessenta: �Pobre menina rica�.

Nilde Lago PinheiroSuperintendente IBAMA/SP

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SUMÁRIO

Antecedentes................................................................................................................... 13

Introdução....................................................................................................................... 19

Legislação ....................................................................................................................... 25

Diretrizes para a Gestão Ambiental/Plantas Medicinais ..................................................... 27

Objetivo Geral ................................................................................................................. 29

Indicadores de Desempenho ........................................................................................... 31

Constrangimentos ........................................................................................................... 33

Sugestões para os Constrangimentos ............................................................................... 35

Ações .............................................................................................................................. 37

Conclusão ....................................................................................................................... 41

Anexos ............................................................................................................................ 43

Referências Bibliográficas ................................................................................................ 49

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Antecedentes

Em janeiro de 1994, a bióloga Elisabete de Castro Oliveira, da Superintendência doIBAMA do estado do Paraná, apresentou uma proposta elaborada em colaboração comoutros órgãos, sobre método de trabalho padronizado de coleta de plantas nativas ou de suaspartes, bem como coleta de sementes, sejam ornamentais, medicinais ou outras, visando aoplantio, ao comércio nacional ou à exportação.

Concomitantemente, em março do mesmo ano, a Divisão de Controle e Fiscalizaçãoda Superintendência do IBAMA do estado de São Paulo, passou a emitir autorizações deexportação de plantas medicinais, por determinação informal do Ministério da Agricultura,instalado no posto alfandegário do Aeroporto Internacional de Guarulhos � São Paulo, que seviu diante de uma grande quantidade de casca de Tecoma heptaphylla (ipê-roxo) sendoexportada sem comprovação da sua origem. Este foi apenas o primeiro de uma série de outrosprodutos (plantas, partes de plantas) que o sucederam, como observamos no quadro abaixo:

RECURSOS NATURAIS EXPORTADOS PELA SUPERINTENDÊNCIA DO IBAMA DOESTADO DE SÃO PAULO NO PERÍODO DE MARÇO A DEZEMBRO DE 1994

Nome Vulgar1 Grau de Industrialização

Ipê-roxo rasurado; casca; pó; extrato fluido de casca; cápsulas; cháPfaffia paniculata2 pó; extrato secoErva-príncipe folhasEspinheira-santa folhas; pedaçoErva-de-bicho planta rasuradaChapéu-de-couro folhas cortadas e rasuradasPedra-hume-kaá folhaCascara-sagrada cascaCatuaba cascaGuaraná semente; póMelão-de-são-caetano concentradoPata-de-vaca folhaQuebra-pedra inteiraBugre cháJambolão folhaDatura arboroisia2 suco

1 São colocados no quadro os nomes vulgares por não serem precisos os nomes científicos apresentados nos processos deexportação.

2 Nome científico. Nos processos de exportação não foram apresentados os nomes vulgares.

(continua)

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PAÍSES IMPORTADORES DE PLANTAS MEDICINAIS

�Japão

�Coréia do Sul

�Alemanha

�Estados Unidos da América

�Austrália

�Suíça

�Espanha

�Itália

Nome Vulgar Grau de Industrialização

Angico folhaJalapa póJapecanga cascaMarapuama pó; raizPau-ferro cascaMutamba cascaAroeira folha; cascaGengibre flocosCajueiro cascaMaracujá folhaCaroba raiz cortadaMuirapuama raizAlcaçuz raizTayuya póJagube cháMate rasuradoNoz-kola póParreira-brava raiz; cauleYohimbine casca rasuradaGinseng raizJatobá casca trituradaIpê-preto cascaPau-tenente lenhoIpecacuanha raizVinca minor2 folhasGuassotonga folhasBaicoru folhasPau-pereira cascaVelame-do-campo raiz; folhasCambará-branco folhasCambui casca; lenho

Produtos como a ESTOMALINA�CHÁ (composto de espinheira-santa, angélica, hortelãpimenta, camomila em flor e boldo) também tiveram solicitação de exportação apresentada aoIBAMA. Entretanto tal solicitação é totalmente improcedente, posto que o Instituto não temcompetência para autorizar exportação de produtos desta natureza.

(continuação)

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DADOS DAS DEZ ESPÉCIES MAIS EXPORTADAS NO PERÍODODE MARÇO A DEZEMBRO DE 1994

Ipê-roxo 84.598,02 kg US$ 237.406,78Pfaffia paniculata 1.215,15 kg US$ 25.074,25Chapéu-de-couro 1.109,00 kg US$ 5.382,30Catuaba 41,25 kg US$ 1.039,40Erva-príncipe 761,00 kg US$ 2.054,70Erva-de-bicho 500,00 kg US$ 1.300,00Pedra-hume-kaá 58,00 kg US$ 254,80Carqueja 45,00 kg US$ 25,80Espinheira-santa 45,10 kg US$ 3,40

Total de Exportação em 1994 107.529,90 kg US$ 389.416,95

Esta situação gerou entre os técnicos do IBAMA de São Paulo, reflexão acerca dopapel do Instituto no controle desta atividade, posto que são inexistentes parâmetros técnicos ecientíficos para orientar os extratores.

Diante disto e com o objetivo de iniciar uma discussão mais abrangente, aSuperintendência de São Paulo passou a tomar algumas iniciativas, conforme relato abaixo:

� Reunião na Superintendência do IBAMA/SP, tendo como participantes técnicos doIBAMA/Brasília, Ministério da Agricultura, IBAMA/Paraná, IBAMA/Maranhão e Indústrias,no sentido de demonstrar a necessidade de iniciar discussões nacionais sobre aproblemática;

� Visita a algumas empresas exportadoras registradas no IBAMA, constatando-se que 50%das plantas comercializadas são nativas e extraídas da flora nativa brasileira, não havendocultivo das mesmas e, que as plantas medicinais são comercialmente sazonais,influenciadas pelo marketing que se faz em cima do seu �suposto� princípio ativo;

� Visita à Associação de Extratores e Produtores de Plantas Aromáticas e Medicinais�AEPAM�no Vale do Ribeira, que tem como objetivo principal discutir a sustentabilidadedas espécies extraídas pelos coletores da região. Constatou-se, nesta oportunidade, quesão extraídas em média 250 à 400 t/mês, sem nenhum tipo de fiscalização, sem registrono órgão ambiental, e com extratores clandestinos exclusivos de grandes empresaspaulistas.

�Bélgica

�Portugal

�Dinamarca

�Argentina

�Paquistão

�França

P.S. 1 - Dados obtidos com exportações realizadas através do Aeroporto Internacional de Cumbica-Guarulhos-São Paulo.

2 - Listagens relacionadas por ordem decrescente de interesse.

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Após tomadas todas estas iniciativas, realizou-se uma reunião no IBAMA/Brasília, soba coordenação da Diretoria de Recursos Naturais Renováveis � DIREN, e com a participaçãode técnicos do IBAMA de São Paulo, Paraná e Maranhão. Nesta ocasião foi decidida a criaçãode um Grupo de Trabalho constituído por funcionários do Instituto, com abertura para convitesde pesquisadores da área, com a finalidade de estabelecer instrumentos mais eficientes nocontrole da exploração, transporte, comercialização e exportação de plantas nativas medicinaisou suas partes, que possibilitem o acompanhamento desde a origem até o destino final. EsteGrupo de Trabalho ficou instituído através de Portaria IBAMA nº 321, de 21 de fevereiro de1995.

Aos 17, 18 e 19 de abril de 1995, promoveu-se em Brasília uma reunião preliminarda referida Comissão, com todos os seus titulares e suplente e no período de 3 a 5 de julho domesmo ano, ocorreu a 1ª reunião com a participação dos técnicos do IBAMA e de pesquisadoresde diversas instituições do país. Ali foi elaborada uma Minuta de Portaria sobre o assunto emepígrafe e ficou constatado que o grande problema em relação a este tema deve-se à deficiênciade informações sobre as práticas de manejo e de cultivo.

Uma das iniciativas da Comissão foi o estabelecimento de um convênio com o Institutopara o Desenvolvimento, Meio Ambiente e Paz�Vitae Civilis, já citado acima, para viabilizar oprojeto �Conservação da Biodiversidade e Sustentabilidade do Uso de Plantas Medicinais daMata Atlântica (Vale do Ribeira,São Paulo, Brasil)� do programa �Ações Integradas para aConservação da Biodiversidade, Proteção Cultural e Sustentabilidade do Desenvolvimentoda Mata Atlântica� desenvolvido pelo Instituto em questão.

O objetivo deste projeto é a obtenção de parâmetros científicos sobre o manejosustentado de espécies medicinais, que possam embasar a elaboração da legislação, de formaemergencial e no longo prazo, que legalizem e legitimem a ação dos extratores da região,buscando a compatibilização do uso sustentável deste recurso, a conservação da Mata Atlânticae o desenvolvimento socioeconômico de populações do Vale do Ribeira.

Diante do quadro apresentado, foi realizada uma série de viagens pelos membros daComissão no período de agosto a outubro de 1995, para se obter um panorama nacionalsobre as plantas medicinais. Os dados mais relevantes obtidos foram:

Museu Paraense Emílio Goeldi - Belém - PA

Contato com a pesquisadora Maria Elisabeth van den Berg, que apresentou as seguintespropostas:

� Manter contato com: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico -CNPq; Instituto de Botânica; Sistema de Comércio Exterior - SISCOMEX; FundaçãoNacional do Índio - FUNAI; Ministério da Saúde; Sociedade Brasileira de Botânica; CentroPluridisciplinar de Pesquisas Químicas, Biológicas e Agrícolas da Universidade deCampinas - CPQBA/UNICAMP.

� Educação Ambiental direcionada para exportadores, comerciantes e extratores.

� Utilização de uma ficha para obter informações sobre o extrator e o exportador.

� Registrar o extrator, definindo as espécies permitidas para coleta.

� Solicitar às indústrias listagem das plantas por elas comercializadas.

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Porto do Ver-o-Peso

Grande quantidade de plantas comercializadas sem origem definida e vastoconhecimento tradicional.

Universidade de Brasília� UnB

Contato com Jean Kleber de Abreu Mattos/professor

� Realizou trabalho de levantamento de plantas com potencial valor econômico junto àFaculdade de Medicina da UnB;

� Problemas encontrados com o cultivo de plantas medicinais: sazonalidade, crescimentolento, falta de tecnologia e necessidade de observar como os países circunvizinhosorganizaram este setor.

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária � EMBRAPA/Centro Nacional de RecursosGenéticos� CENARGEM

Levantamento de espécies medicinais nativas do cerrado, determinando as 10 maiseconomicamente importantes para estudos, principalmente enfocando a identificação botânica.

No Brasil existem algumas técnicas de cultivo pontuais, mas não em escala comercial,como acontece na Índia e na Malásia.

A sugestão feita é de se considerar as técnicas de manejo utilizadas para Seringueira eCastanheira para se incentivar o cultivo até chegar à mesma qualidade do princípio ativo dasplantas nativas.

Fundação Oswaldo Cruz� FIOCRUZ/RJ

Contato com o Dr. Benjamin Gilbert

� Ausência de cultivo de plantas em escala comercial no Brasil, existindo apenas o dealgumas poucas espécies para suprir uma demanda local.

� Na Fundação Oswaldo Cruz estão desenvolvendo cultivo de quebra-pedra e picão einiciando um Banco de Dados detalhado de plantas medicinais.

� Formalizar um processo químico e analítico para identificação correta da planta,controlando o conteúdo e eficácia do princípio ativo.

� Há de se promover o cultivo, incentivar o replantio, elaborar um financiamento para ocultivo e incentivar a pesquisa aplicada. Talvez controlar através de imposto territorialou penalidade fiscal.

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística� IBGE/RJ

Contato com o Dr. Celso José Monteiro Filho da Divisão de Recursos Naturais

� Banco de Dados com 3.512 espécies vegetais de importância econômica, sendoaproximadamente 1.800 fármacos.

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária� EMBRAPA/PR

� Projeto de avaliação dos bracatingais quanto à ocorrência natural de espécies medicinais,bem como demanda das principais espécies na região metropolitana de Curitiba eestudo detalhado até chegar à comercialização do recurso natural. Este projeto está sobcoordenação da Dra. Maria Cristina Medeiros Mazza.

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Empresa Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural� EMATER/PR

Contato com o Dr. Cirino Corrêa Júnior

� Orientador de cultivo de plantas medicinais no Paraná, tendo sob a sua orientaçãoaproximadamente 20 produtores da região, trabalhando junto às Empresas do setor,garantindo, assim, a venda da safra obtida e a sua qualidade.

Universidade Federal do Paraná � Departamento de Agronomia

� Incentivar o CNPq a desenvolver um diretório e dar prioridade ao manejo e preservaçãodos recursos genéticos de plantas medicinais.

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Introdução

Um pouco de História...

São conhecidos os registros da utilização de plantas pelo homem desde a Antiguidade.O homem observava a natureza e se utilizava dos recursos disponíveis com fins práticos:alimentação, moradia, defesa, práticas religiosas e saúde.

A utilização das plantas com o objetivo de curar doenças era mesclada com omisticismo, uma vez que os males antigos eram na maioria considerados como castigos ouprodutos da ira dos deuses (também, na maioria, elementos da natureza). Mesmo assim, ohomem precisava conhecer as plantas certas para cada finalidade, preocupando-se emdiferenciar as plantas umas das outras.

Pode-se observar registros escritos no Egito Antigo no Livro dos Vivos, onde sãodescritos o emprego e as propriedades de extratos puros e misturados de origem vegetal notratamento de diferentes doenças.

Mais adiante na história pode-se encontrar no Talmud hebraico, uma extensa partereservada ao estudo das plantas, suas propriedades, a maneira correta de cultivo e a indicaçãodo modo de uso de cada espécie a ser utilizada.

Entre os séculos IX e XII, a invasão árabe na Europa implicou na miscigenação dasculturas oriental e ocidental e, como conseqüência, na adição de conhecimentos sobre novasplantas de interesse prático, e naturalmente, plantas com poder de cura.

A partir do século XV, com a colonização da África e a descoberta e tambémcolonização das Américas, o conhecimento de uma nova vegetação (tropical e subtropical),bem como as possibilidades de uso de diferentes plantas, aumentou ainda mais oconhecimento dos cientistas botânicos europeus. Como as colônias abasteciam suficientementeas Metrópoles, com bens que incluíam as plantas, o uso dessas novas plantas foi incorporadono Velho Mundo.

No Novo Mundo, as plantas, diferentes das encontradas na Europa, também eramutilizadas pelos povos nativos para muitas finalidades, inclusive a cura de doenças. Infelizmente,muitos desses conhecimentos foram sendo perdidos ao longo da história, uma vez que essespovos não deixaram registros escritos e foram sendo dizimados. A passagem de conhecimentosera e ainda é feita oralmente, de geração para geração. Além disso, tais conhecimentos sãobens dos mais valiosos para os povos tradicionais e são frequentemente mantidos em poderde um número limitado de indivíduos por geração, o que dificulta ainda mais a difusão dessasinformações.

Contudo, apesar de o homem abandonar progressivamente o campo, perdendo ocontato direto com as plantas nativas e desaprendendo sua importância e propriedades,atualmente 75% da população mundial ainda utiliza plantas medicinais para o tratamento dediversas enfermidades, seja pela dificuldade de usufruir da medicina moderna por causa dopreço elevado ou pela falta de medicamentos em locais de difícil acesso ou ainda, por naturismoou modismos difundidos e acentuados pelo marketing aplicado às plantas. Segundo Farnsworth(1988), 119 drogas usadas hoje são derivadas de plantas e 74% tem o mesmo uso que aspopulações tradicionais davam a ela.

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Atualmente ...

As doenças resultam do desequilíbrio entre o homem e o ambiente. As plantasmedicinais podem conter princípios terapêuticos que contribuirão para a recuperação dacondição deste equilíbrio.

Cerca de 250 mil espécies vegetais são fontes de drogas para a população mundial,entretanto, apenas algumas centenas são de uso corrente e praticamente são inexistentesestudos de sustentabilidade da sua exploração .

O extrativismo intensivo de plantas medicinais nativas tem levado a reduções drásticasdas populações naturais, seja pelo processo predatório de exploração, seja pelodesconhecimento dos mecanismos de perpetuação.

Por outro lado, a conservação destas espécies e respectivos ecossistemas revela umacomplexidade que envolve interesses diversos, sejam eles políticos, sociais, legais, econômicosou culturais.

� Políticos

A visão holística da flora brasileira é indispensável para a sua sustentabilidade epreservação.

As políticas ambientais, principalmente no que tange às plantas medicinais, deveriamestar associadas a outras políticas (indústria, agricultura, planejamento, educação e saúde), nocontexto do fortalecimento da democracia.

Contudo, além das restrições financeiras pelas quais o país passou em decorrência dosdiferentes programas econômicos, um dos maiores problemas relacionados às políticaseconômicas e sociais é a descontinuidade administrativa que menospreza o planejamento nolongo prazo. Assim, mesmo os programas e projetos no curto prazo acabam abandonados enovas políticas são concebidas, em detrimento de processos em desenvolvimento.

Observamos, também, uma tendência de transferências de indústrias de uso intensivoem recursos naturais dos países centrais para os países periféricos, que estabelecem exigênciasmenores em termos de saúde e de meio ambiente, e que detêm também uma maior diversidadede recursos naturais.

A globalização de padrões ambientais, assim como o acesso ao �know how�tecnológico, tornam-se fundamentais para inverter essa tendência.

É preciso criar uma Política Nacional de Desenvolvimento e Preservação das PlantasMedicinais, priorizando a internalização dos conceitos por toda a sociedade, os seus objetivose justificativas, corroborando assim, para a garantia de direitos soberanos sobre tais recursos.

Por isso, é de suma importância o conhecimento do mercado interno e externo e detodo o processo no qual as plantas nativas estão envolvidas: extração, produção, comercializaçãoe exportação, tendo em vista a Lei de Patentes e de Recursos Genéticos.

�Econômicos

As plantas de uso medicinal têm um valor altíssimo no mercado nacional einternacional. O Brasil detêm o maior potencial e riqueza em termos de diversidade biológicado planeta e o mercado internacional está todo voltado para ele para obtenção de insumos ematérias-primas inovadoras.

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As indústrias farmacêutica, de cosméticos e alimentícia têm em nossas florestasinúmeras possibilidades de geração de novos produtos.

Estas possibilidades, num mercado em pleno e acelerado desenvolvimento,estimulam a competição para o seu domínio, obviamente encabeçada pelos mais ricos edetentores de tecnologia, podendo assim desencadear um novo ciclo econômico como foramo do ouro e o do café.

Neste contexto, o Brasil deveria se organizar, pois sendo o detentor do insumo essencialpara fomentar este processo, tem que saber como fazê-lo, ter mecanismos eficazes para controlá-lo, conservá-lo e ainda obter lucros, tanto em divisas como em geração de empregos, enfim,promover o desenvolvimento nacional.

Entendemos que primeiro precisamos nos respaldar para depois apoiar, explotar nossasflorestas racionalmente e economicamente, incentivando a pesquisa em nossas universidades,objetivando um uso mais eficiente e no longo prazo, contemplando toda a sua potencialidadeeconômica, obtendo uma participação equitativa nos benefícios derivados da exploração dosrecursos, sempre dentro de uma política de desenvolvimento sustentado.

�Legais

A geração de conhecimento e de tecnologia, bem como o seu emprego por parte dosprodutores de plantas depende não apenas da consistência destas informações, mas,principalmente, da perspectiva de garantia de possibilidades de exploração e produção, ouseja, da legalização do processo.

A regularização das atividades de extração, produção, comercialização e exportaçãode plantas é fator sine qua non para:

1. conter o extrativismo ilegal que fomenta o tráfico das plantas;

2. manter o equilíbrio dos estoques naturais;

3. utilizar estes recursos de maneira sustentável na geração de renda;

4. levar os extratores a perceber a necessidade de compartibilizar a conservação com seuuso para a comercialização.

� Sociais e Culturais

Urge proteger e registrar a cultura oriunda de populações tradicionais� conhecimentosempíricos repassados de geração a geração, que estão sendo perdidos juntamente com opatrimônio genético nativo e sem nenhum retorno às comunidades, pois não lhes é agrupadoo devido valor, o que, em realidade, contribuiria para o desenvolvimento socioeconômico e amelhoria da visão em relação aos recursos naturais.

O conhecimento adquirido, já existente e muitas vezes consagrado pelo seu usocontínuo por sociedades autóctones, de tradição oral, deveria ser considerado, valorizado etestado em bases científicas, podendo ser muito útil para a elaboração de estudosfarmacológicos, fitoquímicos e agronômicos, com uma grande economia de tempo e dinheiro.

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É preciso criar parâmetros para conscientizar os extratores da potencialidade damata, compatibilizada com a sua sustentabilidade, e com o seu próprio desenvolvimentosocioeconômico.

As relações interprodutores, entre produtor (proprietário) e extrator (empregado), entreprodutores e extratores autônomos, entre extratores/produtores e indústria, entre extratores/produtores e órgãos governamentais e fiscais, e as relações entre extratores/produtores e recursosnaturais devem ser observadas e otimizadas em todas as suas interfaces para não seremestabelecidos problemas de ordem social.

Em tempo deve-se ressaltar aqui a importância do uso das plantas medicinais naatenção primária à saúde como alternativa eficaz na melhoria da qualidade de vida dapopulação carente tanto do ponto de vista do acesso ao medicamento como da sua qualidade.

A flora brasileira constitui a maior reserva de biodiversidade do mundo, e a suaexploração pela engenharia genética é considerada como a maior promessa científica (logo,financeira também) do futuro.

Entretanto, observamos que ,apesar de seu potencial e dinâmica, ela tem sofrido umintenso processo de degradação, tanto através do extrativismo ilegal que fomenta o tráfico deplantas medicinais no mercado interno e externo, como através de empresas privadas quecontribuem para o desmatamento, perda da cobertura vegetal e da biodiversidade.

Estudos demonstram que o extrativismo de recursos naturais, especificamente emrelação às plantas medicinais, da forma como realizado, com base apenas em métodostradicionais desenvolvidos pelos extratores, já que são inexistentes dados científicos, configurafato comprometedor da manutenção do equilíbrio ecológico da flora brasileira.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que cerca de 80% da população depaíses em desenvolvimento fazem uso de algum tipo de medicina tradicional para cuidadosbásicos da saúde, e 85% destes envolvem plantas medicinais. Segundo uma pesquisadoravietnamita, o seu país tem 13% da sua economia baseada na produção de arroz e 87% naextração de plantas medicinais. Em países desenvolvidos como os Estados Unidos, 25% dosmedicamentos comercializados contêm produtos ou princípios ativos de origem vegetal,articulando um mercado de 8 bilhões de dólares por ano (Farnsworth & Soerjato, 1985). Parafinalizar, o Banco Mundial possui a informação de que o mercado mundial de fármacos,agroquímicos e sementes extrapola os US$ 250 bilhões anuais. Ter acesso a somente 1% destemercado excederia o orçamento do Global Envairoment Facility � GEF. Veja Quadro abaixo:

EUA Europa, Japão, Austrália,Canadá e EUA

1980 1990 1995

Vendas de DrogasDerivadas de Plantas 4,5 bi 15,5 bi 43 bilhões

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Entendemos que o governo pode sustar a destruição de florestas tropicais e de outrasreservas de diversidade biológica e, ao mesmo tempo, desenvolvê-las economicamente,objetivando um uso mais eficiente e de longo prazo, contemplando toda a sua potencialidadeeconômica e tendo uma participação equitativa nos benefícios derivados da exploração dosrecursos genéticos.

A participação do Brasil no mercado internacional de plantas medicinais também ébastante expressiva. Segundo dados da Carteira de Comércio Exterior, o Brasil exportou noano de 1984 um valor estimado de US$ 20 milhões em produtos naturais obtidos de plantas.

A exploração de recursos medicinais no Brasil, no entanto, está relacionada, em grandeparte, à coleta extensiva e extrativa de material silvestre. Apesar da exportação de várias espéciesmedicinais na forma bruta ou de seus subprodutos, poucas espécies atingiram o ponto paracultivo. O fato é mais marcante quando consideramos as espécies nativas, cujas pesquisasbásicas são ainda incipientes, não existindo o cultivo em grande escala.

A legislação brasileira sobre coleta de material da flora é ainda muito recente,praticamente um embrião se comparada com a devastação que o nosso país vem sofrendodesde a sua descoberta. Os atuais instrumentos de controle nela inseridos, não conseguemcumprir o papel proposto e não correspondem plenamente às exigências do setor.

Esta situação gera reflexão acerca do papel do órgão ambiental no controle daextração de recursos naturais, que acaba se tornando muitas vezes em patentes de proprietáriosestrangeiros, posto que o Brasil � país da �grande� Biodiversidade � é um dos principaisfornecedores mundiais de recursos genéticos, mas que não obtêm divisas e nem participaçãoem lucros, informações ou desenvolvimento tecnológico, corroborando, assim, para a perdade direitos soberanos sobre tais recursos.

Pelo exposto, a presente nota técnica tem por objetivo iniciar a discussão acerca dessaquestão, estabelecendo o seguinte paradigma: as plantas medicinais, do ponto de vistada biodiversidade, são um importantíssimo recurso natural, com potencialeconômico indiscutível e de imprescindível gestão do seu uso, contextualizando-ona estrutura organizacional e funcional do IBAMA, principalmente no que se refere aconstrangimentos e vantagens.

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Legislação

A Legislação Federal atinente à matéria não corresponde plenamente às exigênciasdo setor. Segundo as portarias que regulamentam a Lei nº. 4.771, de 15 de setembro de 1965,o Código Florestal, segue o que dispõe a Portaria Normativa nº 122-p, de 19 de março de1985, no seu capítulo VII que trata da coleta, transporte, comercialização e industrialização deplantas ornamentais, medicinais, aromáticas ou tóxicas. Esta portaria necessita ser analisadana sua aplicabilidade e, se necessário, reformulada.

Quanto ao transporte de plantas medicinais, aromáticas e ornamentais, deve atendera Portaria IBAMA nº. 44, de 06 de abril de 1993, sobre autorização para Transporte de ProdutosFlorestais (ATPF). Observa-se na prática que ambas as legislações mereciam um tratamentounificado e interligado, o que atualmente não acontece.

A coleta em Unidades de Conservação está regida pela Portaria nº. 92, de 02 desetembro de 1994. O Decreto nº. 98.830 de 15 de janeiro de 1990, dispõe sobre a coleta dedados por estrangeiros e materiais científicos no Brasil e a Portaria nº. 55, de 14 de março de1990, do Ministério de Ciência e Tecnologia, regulamenta sobre o mesmo tema: a coleta porestrangeiros de dados e materiais científicos no Brasil.

No IBAMA existe também uma legislação, Portaria nº. 302, de 09 de novembro de1988, referente ao cadastro, que obriga o registro nas categorias referentes a extrator, produtor,comerciante e exportador de plantas, registro este que só deveria ser concedido mediante oatendimento dos requisitos contidos na Portaria nº. 122/85 e com acompanhamento técnicopara controle da extração e reposição das espécies, o que merece maior discussão.

A Portaria mais recente é a de nº. 83, de 15 de outubro de 1996, que trata da exportaçãode produtos e subprodutos da flora e fauna, nativa e exótica.

A Portaria nº. 332, de 13 de março de 1990, que trata de Licenças de Coleta deMaterial Zoológico destinado a fins científicos ou didáticos, que regulamenta a Lei nº. 5.197,de 03 de janeiro de 1967, a qual dispõe sobre a Proteção à Fauna, atualmente está sendoaplicada para coleta de material botânico, até o estabelecimento de outra mais abrangentesobre o assunto.

Observamos, então, que na esfera federal a Portaria nº. 122/85 já mencionada e oDecreto nº. 750, de 10 de fevereiro de 1993 que tratam da exploração de Mata Atlântica, nãofixam parâmetros com base técnico-científica para o licenciamento de atividades de manejosustentado de essências nativas. Portanto, a realização de pesquisas para inserir tais parâmetrosé, não só uma necessidade à manutenção da biodiversidade, como também serviria para ostécnicos do IBAMA como instrumento de trabalho. Os resultados dessas pesquisas serviriam,por conseqüência, aos extratores que almejam sair da ilegalidade.

Além dessas portarias que citam especificamente as plantas medicinais, existem outrasmais abrangentes que, com uma leitura atenciosa, permitem encontrar meios de aplicá-las.Por exemplo, na Portaria nº.113, de 29 de dezembro de 1995, o artigo 2º, parágrafo 1º,dispensa a apresentação de plano de manejo florestal para áreas inferiores a 50 ha. Portanto,

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desde que haja um a companhamento técnico, é possível testar modelos de manejo sustentável.Também é possível planejar a produção, de forma que não haja escassez de matéria-prima deboa qualidade. Quanto a isto levantamos ainda a aplicação do Plano Integrado Floresta-Indústria. A Instrução Normativa nº.1, de 05 de setembro de 1996, que trata da reposiçãoflorestal obrigatória, plano integrado floresta-indústria, e associação florestal, divide aresponsabilidade da preservação dos recursos naturais entre os produtores e os consumidorese é aplicada, hoje, em empreendimentos que têm um consumo anual de produtos florestaisigual ou superior a 12.000 st/ano.

Mais recentemente ocorreu a normatização dos fitoterápicos, através da Portaria nº.06, de 31 de janeiro de 1996, da Secretaria de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde,que preconiza o aval do IBAMA, como uma das exigências para o registro de fitoterápicos, oque só reforça a urgência da elaboração de legislação específica e eficaz sobre o assunto.

Além disso, existe o SISCOMEX, referente às normas administrativas de exportação,que contempla apenas as espécies ipecacuanha, jaborandi, fava-d�anta e barbatimão.

Como pano de fundo deste contexto de trabalho de gestão sobre o recurso natural/plantas medicinais, temos o Decreto Legislativo nº. 02, de 03 de fevereiro de 1994, que aprovao texto da Convenção sobre Diversidade Biológica ressalva a utilização sustentável dadiversidade biológica para benefício das gerações presentes e futuras; repartição justa e equitativados benefícios derivados da utilização dos recursos genéticos; acesso adequado a eles e atransferência de tecnologias pertinentes, levando em conta todos os direitos sobre tais recursose tecnologias, mediante um financiamento adequado.

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Diretrizes para a Gestão Ambiental/Plantas Medicinais

� Administrar o uso dos recursos ambientais utilizando como paradigma a busca pelodesenvolvimento sustentável;

� Apoiar o planejamento e gestão do uso dos recursos ambientais no binômio embasamentotécnico- científico e participação dos usuários dos recursos neste processo (administraçãoparticipativa);

� Apoiar, técnica e financeiramente, projetos de pesquisa de forma a garantir o aporte deconhecimentos necessários aos processos de gestão;

� Gerenciar, de forma integrada, as ações relativas à conservação da biodiversidade(preservação e manejo);

� Incentivar o cultivo visando desacelerar o processo de extrativismo irracional, fornecendoproduto de boa qualidade ao mercado nacional;

� Gerenciar, de forma integrada, as várias atividades que utilizam recursos ambientais,notadamente aquelas ligadas aos setores químico, farmacêutico, agronômico e florestal;

� Definir parâmetros científicos que embasem a legalização da atividade, de formaemergencial e no longo prazo;

� Eleger espécies que sejam de maior interesse para a conservação no curto, médio e longoprazo;

� Desenvolver processos de parceria intra e interinstitucional que viabilizem adesconcentração /descentralização do processo de gestão;

� Viabilizar a participação dos usuários dos recursos ambientais nos processos de gestão(entende-se por processo de gestão o conjunto de ações desde a coleta de dados até asmedidas que disciplinam o uso do recurso);

� Viabilizar mecanismos que tornem os fóruns de negociação entre usuários de recursosambientais equilibrados politicamente;

� Percepção integrada da natureza complexa e a interação dos aspectos físicos, biológicos,sociais, econômicos e culturais;

� Demonstrar a possibilidade de compatibilizar a utilização racional dos recursos naturaiscom a conservação da mata nativa, por meio de uma proposta de melhoria das condiçõesde vida de populações locais e com a adoção dos conceitos de desenvolvimento decomunidades sustentáveis.

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Objetivo Geral

Proposição de Plano ou Política de Desenvolvimento com base no modelo desustentabilidade e na identificação, análise e avaliação das interfaces entre a administração dosfatores intrínsecos que caracterizam o uso dos recursos naturais e o desenvolvimento econômico,cultural e social dos grupos humanos.

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Indicadores de Desempenho

� Melhoria da qualidade ambiental:

� aumento na disponibilidade de recursos florestais;

� diminuição da atividade antrópica;

� Conservação das populações nativas;

� Melhoria da qualidade de vida dos usuários dos recursos naturais, notadamente daspopulações tradicionais;

� Melhoria quali-quantitativa das formas de organização dos usuários;

� Diminuição dos conflitos pelo uso dos recursos ambientais;

� Criação de fonte de renda alternativa para os produtores locais;

� Conservação dos ecossistemas;

� Produto inigualável e admirável no mercado internacional;

� Melhoria da produtividade e qualidade do material produzido, de forma a garantir aqualidade fitoquímica e farmacológica das plantas medicinais para a produção defitoterápicos eficazes e de outros produtos originários dos recursos naturais;

� Melhoria, fortalecimento e maior eficiência do processo de parceria;

� Maior eficiência no processo de desconcentração-descentralização dos processos de gestão;

� Melhoria da qualidade do recurso natural como produto econômico para o mercadointerno e externo, gerando assim divisas para o país;

� Crescimento na curva de empregos;

� Garantia de retorno financeiro de produtos obtidos de experimentos feitos no exteriorcom recurso natural nativo.

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Constrangimentos

� Definição de papéis no processo de gestão do objeto de estudo;

� Falta de pessoal;

� Falta de recursos financeiros;

� Disseminação de informações das diversas instituições;

� Ausência de uma unidade funcional específica para a coordenação do processo de gestão;

� Acelerado e intenso processo de extração;

� Problemática socioeconômica que envolve a temática;

� Obtenção do real nome científico das plantas;

� Clandestinidade dos extratores;

� Falta de incentivo à pesquisa;

� Interface com a questão fundiária.

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Sugestões para os Constrangimentos

� Maior integração intra e interinstitucional;

� Contratação de pessoal especializado;

� Ação junto aos extratores para conscientização quanto à compatibilização do usosustentado do recurso natural com a sua conservação;

� Acompanhar o fluxo de comercialização do material extraído, objetivando conhecer ebuscar formas de controlar as pressões econômicas determinantes do índice de extração;

� Apresentar, aos extratores e produtores, alternativas de obtenção de renda, como porexemplo o cultivo de plantas exóticas, para que suas necessidades e reivindicações sejamatendidas;

� Indicar ao CNPq prioridade de pesquisas técnicas de manejo e cultivo de espécies queestejam sofrendo algum tipo de pressão;

� Incentivar projetos de pesquisa na área;

� Incrementação do cultivo de plantas medicinais exóticas e nativas, organizando as safrasdos produtores com o interesse da indústria;

� Melhoria do sistema de estruturas de beneficiamento, buscando maximizar oaproveitamento de matéria-prima e melhorar a qualidade do preço do produto paramanter a taxa de lucro com menor intensidade de extração do recurso em questão.

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Ações

Para apoiar o desenvolvimento do extrativismo de recursos não madeireiros comníveis de sustentabilidade mais aceitáveis, a pesquisa deve concentrar sua política e seus esforçoscom vistas a transformar essa atividade em empreendimento viável. Para tal deve selecionarcultivos anuais e perenes de essências florestais que sejam fáceis de serem estabelecidos, queexijam baixos níveis de insumos e sejam de alto valor para o enriquecimento da reserva e suaintegração em sistemas agroflorestais (Serrão e Homma, 1992).

Para a superação das limitações de sustentabilidade do ponto de vista econômico, énecessário alterar as estratégias de mercado, buscando beneficiar produtores que utilizemmodelos de exploração extrativa ou de cultivos florestais sustentáveis.

Por outro lado, somente o cultivo não seria suficiente, pois a �domesticação� deespécies vegetais pode levar muitos anos, às vezes mais tempo do que o desenvolvimentode um medicamento propriamente dito, que leva, segundo pesquisadores e literatura, cercade dez anos para estudos fitoquímicos e farmacológicos pré-clínicos e clínicos. Isto porque,além da domesticação propriamente dita, deve haver preocupação com o efeito das técnicasde cultivo sobre a produção dos metabólicos secundários, substâncias de ação farmacológica,sem as quais a planta não tem valor terapêutico. Posto isto, é necessário desenvolver técnicasde manejo sustentado para corroborar paralelamente com o desenvolvimento de técnicasde cultivo eficazes.

Sendo assim, é necessário ser estabelecida uma Política Nacional sobre o tema emepígrafe, envolvendo outros segmentos afins como Ministério da Agricultura, Empresa Estadualde Assistência Técnica e Extensão Rural �EMATER, Casa do Agricultor, universidades e jardinsbotânicos, os quais poderiam se transformar numa rede importante ex situ de conservação dosrecursos de plantas silvestres (WRI/UICN/PNUMA/1992).

Segundo um Grupo de Trabalho sobre Plantas Medicinais reunido no XXXVICongresso de Olericultura realizado em julho de 1996, no Rio de Janeiro, existe a necessidadede informações estatísticas e contábeis sobre espécies a serem cultivadas. Produtores orientadospor agrônomos anseiam por informações e possibilidades de mercado para poderem trabalhar.

Já existem projetos com o objetivo de promover o cultivo com comprovação daeficácia do seu produto e proposta de formação de cooperativas ou de grupos informais parasubsidiar o mercado e centros de fitoterapia, oferecendo produtos de alta qualidade, garantidospor um selo verde ou pela ISO 14.000.

A EMATER/PR desenvolve tal procedimento orientando mais ou menos vinteprodutores, mesclando espécies, apoiando-se na fitotecnia para a obtenção de boa safra,interagindo com a indústria, oferecendo produtos de qualidade full time, devido à sazonalidadedas espécies. O Ministério da Agricultura está encabeçando um projeto nesta área de cultivo.Faz-se necessário portanto o estabelecimento de um termo de cooperação técnica entre o IBAMAe o referido projeto. O Centro Pluridisciplinar de Pesquisas Químicas, Biológicas e Agrícolasda Universidade de Campinas desenvolve estudos com plantas medicinais há alguns anos econsidera imprescindível a padronização das plantas para conferir-lhes qualidade, tendo emvista a sua variabilidade genética na produção. Estudos como estes demoram em média 5anos e precisam de incentivos para serem concretizados.

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Seria altamente positivo o estabelecimento de parcerias com estas instituições paraacelerar o processo de domesticação de espécies; a criação de associações de extratores/produtores devidamente regulamentados para facilitar as negociações e estabelecer ummercado organizado e extremamente rentável.

Concorrentemente, poderiam ser criados cursos de extensão, como já foi discutidocom universidades federais, para o desenvolvimento de estudos sobre manejo e cultivo deespécies mais pressionadas, contemplando os estudos etnobotânicos e taxonômicos, propondo,assim, uma reavaliação nos incentivos que o governo oferece para o acesso profissional,tornando mais atraente o trabalho de campo.

Outra possibilidade, tendo em vista também a conservação, seria o reflorestamentocom espécies nativas em Matas Ciliares que, segundo especialistas, tem sido efetuado comêxito para a recuperação de áreas degradadas.

No que tange ainda à indústria, o estreitamento das relações é imprescindível parapodermos exercer a soberania nacional sobre os recursos genéticos e regular seuaproveitamento. Devemos criar incentivos eficazes e equitativos para uma hibridização epesquisa de plantas por parte do setor privado. Os recursos biológicos e a variedade de espécies,deverão ser adequadamente valorados para o aumento da receita nacional.

A aproximação com a indústria deve acontecer por meio da promoção de reuniõese da identificação do seu processo de produção, para tentar se estabelecer o real valoragregado ao recurso natural, gerando, assim, conhecimento dos recursos pressionados ecom significativo potencial econômico. Isso poderá ser feito pelo Sindicato das IndústriasFarmacêuticas � SINDUSFARMA ou de indústrias já conhecidas do Instituto pelos processosde exportação.

O conhecimento do mercado de fitoterápicos é de suma importância para termos umpanorama nacional, conseguirmos criar mecanismos efetivos de controle, obtermos lucros eretorno para a população tradicional para que o pequeno extrator/produtor tenha o valor justopelo seu trabalho e para proporcionar à população alternativas acessíveis de medicamentos.Neste caso, seria imprescindível a parceria do Ministério da Saúde, pois ele promove odesenvolvimento de pesquisas com plantas medicinais desde 1973 e em 1983 implantou oPrograma de Pesquisas de Plantas Medicinais � PPPM que tem como prioridade a produçãode medicamentos oriundos de nossa flora. Setenta e quatro (74) espécies vegetais foramselecionadas para estudos (anexo 1).

É importante ainda criar e fomentar os centros fitoterápicos já existentes, apresentandoalternativas para aliviar a pressão sobre a mata, gerando produtos de qualidade e, porconseqüência, atraentes e competitivos. Poderia haver a parceria da Vigilância Sanitária nestemomento ou mesmo ter como parâmetro a metodologia desenvolvida pelo Centro Nacionalde Desenvolvimento Sustentado das Populações Tradicionais� CNPT nas Reservas Extrativistas,extrapolando tal tecnologia para as comunidades localizadas fora delas (Flonas, Rebios etc.).

Fica claro, assim, que existem duas demandas distintas e com diferenciados critériosde normatização: a Indústria e a Comunidade.

Como dito acima, a indústria farmacêutica deverá colaborar no incremento da pesquisaaplicada, principalmente no que se refere ao cultivo em grande escala e participar do processode desenvolvimento sustentável do recurso natural. Já para comunidade, há de se promoverprojetos, como hoje acontece no Nordeste com o projeto �Farmácias Vivas�, criado peloProfessor Francisco Abreu Matos, da Universidade Federal do Ceará � UFC, que tem comoobjetivo realizar o cultivo de espécies medicinais para a elaboração de fitoterápicos para fomentar

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os Postos de Saúde, atendendo assim a população carente. Atualmente existem , só no Ceará,17 farmácias vivas que abrigam hortas de 5 mil m2 cada uma e onde são cultivadas 50 espéciesmedicinais já avaliadas em laboratório, escolhidas entre as 600 mais usadas pela medicinapopular da região. Torna-se explícita, então, a necessidade de vigência de legislaçãodiferenciada para o setor empresarial e para a atenção primária à saúde que se utiliza de umrecurso natural brasileiro para a melhoria da qualidade de vida da população brasileira.

Outra atitude a ser tomada seria o estabelecimento de termo de cooperação técnicacom o IBGE para se formalizar uma rede nacional de informações sobre as plantas medicinaispara acelerar a circulação de dados, objetivando avaliações locais, regionais, nacionais emundiais, proporcionando, assim, a toda a população, garantias legais e institucionais deacesso às informações sobre projetos de desenvolvimento e outras atividades que possaminfluir sobre o referido tema. Estas informações contemplarão somente dados oficiais,eximindo quaisquer dúvidas que poderão surgir em relação às espécies cadastradas. Deverãoser realizados inventários nacionais, com produção de avaliações nacionais periódicas deplantas, congregando dados estatísticos sobre os produtos extrativos mais comumenteutilizados para subsidiar o mercado, principalmente no que se refere as possibilidades detrabalho. O IBGE é importante no processo, pois possui uma Divisão de Recursos Naturaisque criou um Banco de Dados com 3.512 espécies vegetais de importância econômica,cadastradas e embasadas em dados científicos, sendo que aproximadamente 1.800 sãofármacos.

No que se refere à legislação, faz-se necessário o estabelecimento de normas eprocedimentos claros sobre o tema. Na Portaria nº. 302/88, por exemplo, poderia dividir-se a categoria de produtores e extratores de plantas ornamentais, medicinais, aromáticas etóxicas, eliminando-se as tóxicas, já que todas as plantas medicinais são tóxicas, e a doseé o determinante de tal toxidade. As medicinais e aromáticas seriam colocadasseparadamente das ornamentais para se obter um número exato de cadastrados por setor,posto que atualmente o IBAMA possui 871 produtores e 142 extratores registrados emtodo o país na categoria acima descrita e ainda, para incrementar o Banco de Dados, poderiaser aplicada, no momento do registro no IBAMA, a ficha de informações técnicas deprodutores e extratores de plantas por espécie.

Isto discutido, a Portaria nº. 122/85 deve ser revisada em sua proposta de manejo,tornando-a mais viável em sua aplicabilidade; e, por consequência, analisar as outrasnormas elencadas acima, para que se coadunem na mesma linha de raciocínio.

Na questão das exportações, é necessário ressaltar a urgência de estabelecimentode procedimento sobre o assunto, reforçando a Portaria nº. 83/96. Nos postos alfandegáriosdos portos e aeroportos deve haver um controle eficaz, com profissionais especializados,como por exemplo, taxonomistas, para identificação do material a ser exportado. Devemser criados, também, procedimentos quanto aos Correios, hoje em aberto para qualquertipo de exportação de planta.

Outra ação neste sentido seria a inserção de algumas espécies medicinais naConvenção sobre o Comércio Internacional de Espécies da Flora e Fauna Selvagens emPerigo de Extinção � CITES posto que são existentes dados biológicos e comerciais quejustifiquem tal procedimento.

A análise do mercado externo, principalmente dos países circunvizinhos, éimportante para não haver conflitos de legislações e má adequação do processo deorganização do setor no contexto mundial, tendo em vista a importância e a dimensão domercado de fármacos.

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Conclusão

Ao desenvolver trabalhos com plantas medicinais, o IBAMA demonstra interesse emconhecer a situação de um importante recurso natural da Biodiversidade Brasileira, abrindonovas fronteiras em relação à preservação e à conservação do Meio Ambiente.

Quando se trata de plantas medicinais, observamos a ineficiência de se estabelecerdecisões políticas sem a interação dos vários órgãos envolvidos com o tema, com a participaçãoda sociedade civil no processo.

Urge a adoção de uma Política de desenvolvimento e, ao mesmo tempo, protecionistasobre o assunto, porque o desenvolvimento da indústria de fitoterápicos vem- se processandode forma acentuada, à medida que vão sendo explorados os recursos existentes e sãoinexistentes medidas de proteção para a manutenção do equilíbrio ecológico. Dessa formaserá garantindo ao Estado brasileiro o direito de patentear o seu potencial terapêutico pormeio da sua riquíssima flora.

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ANEXO

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Espécies vegetais selecionadas pelo Ministério da Saúde para estudos

Nome Científico Nome popular

1 Achyrocline satureoides marcela

2 *Ageratum conyzoides mentrasto

3 Allium sativum alho

4 *Alpinia nutans colônia

5 Amaranhus viridis bredo

6 Anona muricata graviola

7 Anona squamosa pinha

8 Arrabidae chica pariri

9 Artemisia vulgaris artemisia

10 Astronium urundeuva aroeira

11 Baccharis trimera carqueja

12 Bauhinia affinis unha-de-vaca

13 Bauhinia forficata unha-de-vaca

14 Bixa orellana urucu

15 Boerhavia hirsuta pega-pinto

16 Brassica oleraceae couve

17 Bryophyllum callicynum folha-da-fortuna

18 Caesalpinia ferrea jucá

19 Carapa guianensis andiroba

20 Cecropia glazioui embaúba

21 Chenopodium ambrosioides mastruço

22 Cissus sicyoides cipó-pucá

23 *Coleus barbatus boldo

24 Costus spicatus cana-do-brejo

25 Croton zehtnery canela-de-cunhã

26 Cucurbita maxima abóbora

OBS: As espécies marcadas com asterisco já estão com seus estudos concluídos. (continua)

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Nome Científico Nome popular

27 Cuphea aperta sete-sangrias

28 *Cymbopogon citratus capim-cidrão

29 Dalbergia subcymosa veronica

30 Dioclea violacea mucunha

31 Elephantopus scaber língua-de-vaca

32 Eleutherine plicata marupari

33 Foeniculum vulgare funcho

34 Hymenaea courbaryl jatobá

35 Imperata exaltata sapé

36 Lanta camara cambará

37 Leonotis nepetaefolia cordão-de-frade

38 *Lippia alba falsa-melissa

39 Lippia gracillis alecrim

40 *Lipia sidoides alecrim

41 Luffa operculata cabacinha

42 *Matricaria chamomilla camomila

43 Maytenus ilicifolia espinheira-santa

44 Melissa officinalis erva-cidreira

45 Mentha peperita hortelã

46 Mentha spicata hortelã

47 *Mikania glomerata guaco

48 Momordica charantia melão-de-são-caetano

49 Musa sp. bananeira

50 Myrcia uniflora pedra-ume-caá

51 Nasturtium officinale agrião

52 *Passiflora edulis maracujá

53 Persea americana abacateiro

OBS: As espécies marcadas com asterisco já estão com seus estudos concluídos. (continua)

(continuação)

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Nome Científico Nome popular

54 Petiveria alliacea tipi

55 Phyllanthus niruri quebra-pedra

56 Phytolacea dodecandra �endod�

57 Piper callosum elixir paregórico

58 *Plantago major tanchagem

59 Polygonum acre erva-de-bicho

60 Portulaca pilosa amor-crescido

61 Pothomorphe peltata caapeba-do-norte

62 Porthomorphe umbelellata caapeba

63 Psidium guajava goiabeira

64 Pterodon polygalaeflorus sucupira-branca

65 Schinus terebentifolius aroeira

66 Scoparia dulcis vassourinha

67 Sedum prealtum bálsamo

68 Sollanum paniculatum jurubeba

69 Stachytarpheta cayenensis gervão-roxo

70 Striphnodendron barbatiman barbatimão

71 *Symphytum officinale confrei

72 *Syzygyum joambolanum jambolão

73 Tradescantia diuretica trapoeraba

74 Xylopia sericea embiriba

OBS: As espécies marcadas com asterisco já estão com seus estudos concluídos.

(continuação)

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Referências Bibliográficas

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VIEIRA, R.F. 1994. Coleta e Conservação de Recursos Genéticos de Plantas Medicinais- I CongressoBrasileiro de Medicina e Terapia Naturais.

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Série Meio Ambiente em Debate

1. Seminário sobre a Formação do Educador para Atuar no Processo de Gestão Ambiental � Anais

2. Modernidade, Desenvolvimento e Meio Ambiente � Cristovam Buarque

3. Desenvolvimento Sustentável � Haroldo Mattos de Lemos

4. A Descentralização e o Meio Ambiente � Aspásia Camargo

5. A Reforma do Estado � Cláudia Costim

6. Meio Ambiente e Cidadania � Marina Silva

7. Desenvolvimento Sustentável � Ignacy Sachs

8. A Política Nacional Integrada Para a Amazônia Legal � Seixas Lourenço

9. Diretrizes Para Operacionalização do Programa Nacional de Educação Ambiental

10. Análise de Um Programa de Formação de Recursos Humanos em Educação Ambiental � Nilza Sguarezzi

11. A Inserção do Enfoque Ambiental no Ensino Formal de Goiás � Magali Izuwa

12. Educação Ambiental para o Século XXI & A Construção do Conhecimento: suas implicações na educaçãoambiental � Naná Mininni Medina

13. Conservação, Ecologia Humana e Sustentabilidade na Caatinga: Estudo da Região do Parque Nacional daSerra da Capivara � Moacir Arruda

14. Planejamento Biorregional � Kenton Miller

15. Planejamento e Gestão de APAs: Enfoque Institucional � Dione Angélica de Araújo Côrte

16. Educação Ambiental Não-Formal em Unidades de Conservação Federais na Zona Costeira Brasileira: Umaanálise crítica � Marta Saint Pastous Madureira e Paulo Roberto A. Tagliani

17. Efeitos Ambientais da Urbanização de Corumbá-MS � Maria José Monteiro

18. Elementos de Ecologia Urbana e sua Estrutura Ecossistêmica � Genebaldo Freire Dias

19. Educação Infantil e Subjetividade Ética � Jara Fontoura da Silveira

20. Subsídios Para Uma Proposta de Monitoramento Ambiental dos Meios Aquático Continental e Aquático Marinho,Atmosférico e Terrestre � DITAM

21. Estudo Ambiental de Alterações Antrópicas nas Matas de Galeria da Bacia Hidrográfica do Ribeirão Taboca �Antonio de Souza Gorgônio

22. Estudos Sobre Ecologia e Conservação do Peixe-boi Marinho ( Trichechus manatus manatus ) no Nordestedo Brasil � Danielle Paludo

23. Indicadores de Qualidade de Vida: um estudo de caso em quatro áreas periféricas do DF � Maria AugustaFernandes

24. Anteprojeto de Lei Florestal do Estado de São Paulo: Avanço ou Retrocesso? � Ubiracy Araújo

25. Embarcações Pesqueiras Estrangeiras � Antônio Jarbas Rodrigues e Francisco de A. G. Queiróz

26. Manutenção e Transporte de Lagostas � Samuel N. Bezerra

27. Flora do Parque Estadual de Ibitipoca � Raquel de Fátima Novelino e José Emílio Zanzirolani de Oliveira

28. A Educação Ambiental como Instrumento na Busca de Soluções para os Problemas Socioambientais naIlha dos Marinheiros � Márcia Wojtowicz Maciel

29. Hipóteses Sobre os Impactos Ambientais dos Estilos de Desenvolvimento na América Latina a Partir dosAnos 50 � Caio Paulo Smidt de Medeiros

30. Peixe-boi Marinho (Trichecus manatus): Distribuição, Status de Conservação e Aspectos Tradicionais ao Longodo Litoral Nordeste do Brasil � Régis Pinto de Lima

31. A Pesca nas Lagoas Costeiras Fluminenses � Lisia Vanacôr Barroso e outros

32. O Lugar do Parque Nacional no Espaço das Comunidades dos Lençóis Maranhenses � Álvaro de Oliveira D'Antona

Page 52: PLANTAS MEDICINAIS -DIAGNÓSTICO E GESTÃO

33. Perspectivas para Análise de Conflitos Ambientais: Desafios sociambientais em Lisarbsarret � Textos para umcurso de Educação Ambiental

34. Formigas Cortadeiras: Princípios de Manejo Integrado de Áreas Infestadas � D'Alembert de B. Jaccoud

35. Plantas Medicinais: Diagnóstico e Gestão � Mary Carla Marcon Neves