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A plataforma open-source Alfresco "versus" o Microft SharePoint e as Redes Sociais, ao nível Empresarial A colaboração e as redes sociais estão a impulsionar surpreendentemente os negócios de um par de plataformas em código aberto. Na gestão de conteúdos web, a empresa fornecedora da tecnologia Drupal está a conquistar território, em conjunto com as empresas que querem criar sites de cima a baixo para encorajar a colaboração e a interacção social. À frente da gestão de informação corporativa, a plataforma de código aberto Alfresco tem feito da colaboração e interoperabilidade o princípio básico da sua plataforma. Não deveria ser tão surpreende que a colaboração seja parte do DNA destes pacotes de software. O modelo de código aberto só funciona se as comunidades de utilizadores e programadores trabalharem em conjunto para criar e manter os seus produtos. De outra forma, eles não teriam qualquer hipótese diante dos poderosos recursos de empresas de sistemas comerciais. Com a crise económica, o reflexo da proposta do uso de códigos abertos aponta para o baixo custo na aquisição do software. Mas os clientes empresariais querem mais do que uma plataforma ou software em saldos ou até mesmo gratuitos. Eles querem o melhor. Desta maneira, a colaboração é mais do que se manter fiel ao credo sobre comunidade e cooperação profetizado pelos adeptos do open source. É também uma jogada de negócio inteligente. Tanto a Drupal quanto a Alfresco mostram-nos isso, face aos seus sucessos recentes. A Drupal foi desenvolvida desde o seu inicio para permitir que os criadores de sites incluíssem componentes de software sociais, como um perfil, um blog, individual ou partilhado e rintegrado em rede social. O modelo tem vindo a conquistar adeptos. A Sony BMG e a Warner Bros. usam uma solução para criar sites para s seus artistas, assim como a Onion, um site satírico de notícias. O sistema de escolas de Nova York também adoptou a plataforma como parte de um grande projecto de "data-mining", o que permite que 80 mil professores e directores partilhem ideias sobre como usar testes e outros dados para identificar atrasos no desempenho de alunos, e melhorando a qualidade do ensino.

Plataformas Open-Source de Colaboração na Web

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A plataforma open-source  Alfresco "versus" o Microft SharePoint e as Redes Sociais, ao nível Empresarial

A colaboração e as redes sociais estão a impulsionar surpreendentemente os negócios de um par de plataformas em código aberto. Na gestão de conteúdos web, a empresa fornecedora da tecnologia Drupal está a conquistar território, em conjunto com as empresas que querem criar sites de cima a baixo para encorajar a colaboração e a interacção social. À frente da gestão de informação corporativa, a plataforma de código aberto Alfresco tem feito da colaboração e interoperabilidade o princípio básico da sua plataforma.

Não deveria ser tão surpreende que a colaboração seja parte do DNA destes pacotes de software. O modelo de código aberto só funciona se as comunidades de utilizadores e programadores trabalharem em conjunto para criar e manter os seus produtos. De outra forma, eles não teriam qualquer hipótese diante dos poderosos recursos de empresas de sistemas comerciais.

Com a crise económica, o reflexo da proposta do uso de códigos abertos aponta para o baixo custo na aquisição do software. Mas os clientes empresariais querem mais do que uma plataforma ou software em saldos ou até mesmo gratuitos. Eles querem o melhor. Desta maneira, a colaboração é mais do que se manter fiel ao credo sobre comunidade e cooperação profetizado pelos adeptos do open source. É também uma jogada de negócio inteligente. Tanto a Drupal quanto a Alfresco  mostram-nos isso, face aos seus sucessos recentes.

A Drupal foi desenvolvida desde o seu inicio para permitir que os criadores de sites incluíssem componentes de software sociais, como um perfil, um blog, individual ou  partilhado e rintegrado  em rede social. O modelo tem vindo a conquistar adeptos. A Sony BMG e a Warner Bros. usam  uma solução para criar sites para  s seus artistas, assim como a Onion, um site satírico de notícias. O sistema de escolas de Nova York também adoptou a plataforma como parte de um grande projecto de "data-mining", o que permite que 80 mil professores e directores partilhem ideias sobre como usar testes e outros dados para identificar atrasos no desempenho de alunos, e melhorando a qualidade do ensino.

A fabricante de software confia na força que é comum entre outros projectos de código aberto de sucesso: uma comunidade vibrante direccionada à inovação e que permite que as empresas explorem os esforços de desenvolvimento de milhares de pessoas que experimentam no seus sistemas.

Essa é uma das razões pela qual a WorkHabit escolheu a Drupal. A empresa desenvolve sites sociais de larga escala para empresas de "media" e outros negócios. "Alguns novos serviços de web 2.0 saem um dia e no dia seguinte já tem um conector", disse Troy Angrignon, vice-presidente de vendas e marketing da empresa fornecedora, que  remata: "Nós tiramos proveito dessa inovação."

É claro que o desenvolvimento baseado em comunidades abertas tem o seu lado negativo. Cada vez que a Drupal faz um "upgrade" no núcleo do seu

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sistema, as empresas que dependem de módulos específicos têm de esperar que os criadores do módulo forneçam o código novo ou a própria empresa tem de criá-los. E com milhares de módulos disponíveis, fica difícil escolher o mais apropriado. A não ser que se possa fazer seu próprio desenvolvimento, a implementação de gestão de conteúdo web fica-se à mercê das pessoas que querem ajustar os códigos em seu tempo livre. As linhas também precisam de ser verificadas cuidadosa. Um programador diz que faz testes mais abrangentes dos módulos Drupal do que em software comerciais, já que ele não pode vacilar na qualidade do software de código aberto.

Esses são alguns motivos que fazem com que a WorkHabit não trabalhe apenas com Drupal. A empresa também cria sites para clientes usando o Jive Software. "Em alguns casos, faz mais sentido optar por um sistema proprietário em código fechado", pondera Angrignon.

O David e o Golias. Sabe identificá-los ?

A Alfresco oferece uma plataforma de gestão de conteúdo empresarial construída com base em software de código aberto, que as empresas usam para gerir documentos. A fabricante não é única plataforma ECM em open source. Outras plataformas incluem a Jahia, em Genebra e a Nuxeo, em Paris.

A Gestão de conteúdos é um mercado em crescimento, portanto não há  grandes fornecedores proprietários, muito embora as soluções da EMC, IBM e Oracle. Mas o arqui-inimigo da Alfresco é, na verdade, a famosa e ainda poderosa anti-código aberto; a Microsoft.

O SharePoint, da Microsoft, tem guerreado no mercado ECM com a mesma arma poderosa da Drupal: a colaboração. O sistema da gigante torna mais fácil para as equipes de vendas, marketing e desenvolvimento de produto acessem e compartilharem conteúdo usando ferramentas comuns do Office. Graças a isso, o sistema invadiu o mercado ao empacotar habilidades essencial de gestão de documentos, incluindo controle de acesso, autorização e workflows por todo o ambiente colaborativo. O SharePoint pode chegar a render US$ 1 bilhão este ano.

Os fornecedores convencionais podem criticar dizendo que o SharePoint não deveria ser considerado plataforma de ECM, mas muitas empresas não dão atenção aos argumentos semânticos. Mais importante é observar como as companhias reagem ao sucesso da solução da Microsoft, e é isso que a Alfresco tem feito.

Em Outubro, a fabricante de código aberto lançou o Share, um sistema de colaboração construído na Enterprise 3.0, sua plataforma de ECM. A solução permite que tanto funcionários quanto pessoas que não trabalham em determinada empresa configurem uma área de trabalho para colaborar em documentos e arquivos. Como a maioria dos aplicativos de colaboração, o Share também oferece blogs, wikis, calendários e uma maneira simples de subir documentos e geri-los sob a forma de uma biblioteca que inclui um visualizador em Flash, para que as pessoas possam visualizar um documento antes de efectuar o seu download, se necessário.

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O mais interessante é que a companhia parece ter usado um pouco de "jiu-jítsu" tecnológico contra seu oponente mais forte. O Share usa, para se conectar aos servidores Alfresco, os mesmos protocolos de rede que o Office 2007 usa para comunicar com o SharePoint. Isso significa que os funcionários podem criar arquivos Word, Excel e PowerPoint e colaborar como fariam em um ambiente Microsoft, mas sem a necessidade da infra-estrutura de back end da gigante. Com isso, as empresas podem usar o Share em qualquer sistema operacional ou software de base de dados, ao invés de se manterem presos à companhia de código proprietário; a MicroSoft.

Mas esse pode ser apenas o começo de uma grande competição. Um padrão proposto promete abrir os silos de ECM e permitir que os programadores criem uma nova geração de aplicativos que pode puxar conteúdo de depósitos heterogéneos. As especificações de CMIS (Content Management Interoperability Services) são apoiadas por quase toda a indústria e são esperadas ainda em 2009.

Hoje, as empresas devem comprar ou criar as integrações para ligar as aplicações para produtos de ECM que competem entre si. John Newton, CTO da Alfresco, disse que o CMIS causará o mesmo impacto em ECM que o padrão SQL causou nas bases de dados. "Antes de termos um padrão, dependíamos dos fornecedores para criar aplicações sobre um  repositório de dados", disse ele. "Agora temos uma grande variedade de aplicações, ferramentas de busca, de publicação e integração com a web".

Newton diz que a fundação de código aberto da Alfresco vai permitir que a empresa seja mais rápida do que as outras. Uma afirmação confirmada pelo facto de ser a primeira fornecedora a lançar uma implementação-piloto da especificação proposta. "Difícil ver alguém ser contra uma plataforma de alta qualidade, gratuita e baseada em um padrão que todos irão seguir", disse John Howard, presidente e CEO da empresa.

Essas são palavras ousadas de uma companhia que ainda não é rentável, especialmente quando bate de frente com a EMC, IBM e Microsoft, que têm crescido rápido e com o apoio de alguns dos orçamentos P&D mais importantes da indústria. Pelo ponto de vista do produto, a Alfresco ainda tem um longo caminho a percorrer antes de se tornar um produto de ECM maduro. E ainda não possui o certificado DoD 5015.2, registo de gestão padrão do Departamento de Defesa  dos USA, (DoD) usado por todas as agências federais. nos EUA. E também precisa do certificado de registo europeu. Sem esses selos de aprovação, as agências governamentais podem buscar outras soluções para gerir os seus registos oficiais.

Ainda assim, a boa vontade de grandes empresas que usam as plataformas da Drupal e da Alfresco demonstram que elas estão investindo em colaboração para levar o uso de código aberto a um novo território.

Já se foram os dias em que as empresas preocupavam-se com a viabilidade dos modelos de desenvolvimento de código aberto ou quando os ideais políticos e culturais influenciavam na decisão de se usar ou não código aberto. As empresas de código aberto provaram que podem competir "taco-a-taco" com os fornecedores proprietários, para resolver problemas reais de negócio.

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Hoje as empresas avaliam esses produtos de gestão de conteúdo em código aberto com objectividade prática.

Francisco Gonçalves / Fonte: IT Web (Jan 2009).