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PMPR CURITIBA, PR, 28 DE OUTUBRO DE 2014. EM 3ª SEÇÃO DIRETRIZ Nº 003/2014. PROCEDIMENTOS EM LOCAIS DE CRIME e PRESERVAÇÃO DE LOCAIS DE CRIME QUE DEMANDAM A REALIZAÇÃO DE EXAMES PERICIAIS1. FINALIDADE Normatizar procedimentos a serem adotados em locais de crime que demandam preservação para a realização de exames periciais, envolvendo ou não vítimas fatais, assim como em casos de necessidade de socorro a vítima(s) de confronto armado envolvendo Militares Estaduais de serviço. 2. REFERÊNCIA a. Constituição da República Federativa do Brasil; b. Constituição Estadual do Paraná; c. Código Penal; d. Código Penal Militar; e. Código de Processo Penal; f. Código de Processo Penal Militar; g. Lei nº 16.575, de 28 de Setembro de 2010 (Lei de Organização Básica da PMPR); h. Lei nº 5.002, de 6 de fevereiro de 1965 (Criação do Serviço de Verificação de Óbitos no IML Paraná); i. Diretriz nº 004/2000 Diretriz Geral de Planejamento e Emprego da PMPR; j. Resolução nº 34/169 - ONU, de 17 Dez 1979 (Código de Conduta para os Policiais e Princípios Básicos sobre a Utilização da Força e de Armas de Fogo pelos Funcionários Responsáveis pela Aplicação da Lei); k. Programa Nacional de Direitos Humanos - PNDH I e II; l. Resolução nº 08, de 21 Dez 2012, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDHPR); m. Portaria nº 1.405 de 29 de junho de 2006, do Ministério da Saúde (Institui a Rede Nacional de Serviços de Verificação de Óbito e Esclarecimento da Causa Mortis - SVO); n. Resolução nº 1.779/2005 - Conselho Federal de Medicina; o. Manual do Ministério da Saúde / Conselho Federal de Medicina- “A declaração

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PMPR CURITIBA, PR, 28 DE OUTUBRO DE 2014. EM 3ª SEÇÃO DIRETRIZ Nº 003/2014.

“PROCEDIMENTOS EM LOCAIS DE CRIME e PRESERVAÇÃO DE LOCAIS DE

CRIME QUE DEMANDAM A REALIZAÇÃO DE EXAMES PERICIAIS”

1. FINALIDADE

Normatizar procedimentos a serem adotados em locais de crime que demandam

preservação para a realização de exames periciais, envolvendo ou não vítimas fatais,

assim como em casos de necessidade de socorro a vítima(s) de confronto armado

envolvendo Militares Estaduais de serviço.

2. REFERÊNCIA

a. Constituição da República Federativa do Brasil;

b. Constituição Estadual do Paraná;

c. Código Penal;

d. Código Penal Militar;

e. Código de Processo Penal;

f. Código de Processo Penal Militar;

g. Lei nº 16.575, de 28 de Setembro de 2010 (Lei de Organização Básica da

PMPR);

h. Lei nº 5.002, de 6 de fevereiro de 1965 (Criação do Serviço de Verificação de

Óbitos no IML Paraná);

i. Diretriz nº 004/2000 – Diretriz Geral de Planejamento e Emprego da PMPR;

j. Resolução nº 34/169 - ONU, de 17 Dez 1979 (Código de Conduta para os

Policiais e Princípios Básicos sobre a Utilização da Força e de Armas de Fogo pelos

Funcionários Responsáveis pela Aplicação da Lei);

k. Programa Nacional de Direitos Humanos - PNDH I e II;

l. Resolução nº 08, de 21 Dez 2012, da Secretaria de Direitos Humanos da

Presidência da República (SDHPR);

m. Portaria nº 1.405 de 29 de junho de 2006, do Ministério da Saúde (Institui a Rede

Nacional de Serviços de Verificação de Óbito e Esclarecimento da Causa Mortis -

SVO);

n. Resolução nº 1.779/2005 - Conselho Federal de Medicina;

o. Manual do Ministério da Saúde / Conselho Federal de Medicina- “A declaração

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de óbito: documento necessário e importante”;

p. Informação nº 10/11 – DA (IML Paraná);

q. Apostila do Curso de Preservação de Local de Crime- SENASP 2009.

3. OBJETIVOS

a. Normatizar os procedimentos a serem adotados por Militares Estaduais visando a

uniformidade das ações em locais de crime que exigem preservação para exame

pericial;

b. Normatizar os procedimentos a serem adotados por Militares Estaduais quanto à

prestação de socorro a(s) vítima(s) de confronto armado com Militares Estaduais em

situação de ocorrência policial militar ou outras situações envolvendo Militares

Estaduais de serviço;

c. Orientar os Militares Estaduais na execução da correta interdição de local de

crime, para sua preservação e de seus vestígios e provas;

d. Auxiliar o desenvolvimento dos trabalhos da perícia criminal, guardando e

preservando o local de crime e todos os vestígios nele existentes;

e. Padronizar procedimentos objetivando a excelência nos resultados das ações e

operações desenvolvidas, principalmente no auxílio aos serviços e ações dos

profissionais da Polícia Civil e da Polícia Científica;

f. Normatizar os procedimentos a serem adotados pela Corregedoria-Geral da

PMPR (COGER/PMPR) nos locais de crime decorrentes de confronto armado em

ocorrência policial militar ou em outras situações que envolvam Militares Estaduais de

serviço, que tenham como consequência a ocorrência de homicídio ou de lesão

corporal.

4. CONCEITOS BÁSICOS

a. Local de Crime

Considera-se “local de crime” a área onde tenha ocorrido um fato definido pela

Lei como delituoso.

b. Vestígio

Os peritos criminais, ao examinarem um local de crime, procuram todos os tipos

de objetos, marcas ou sinais sensíveis que possam ter relação com o fato investigado.

Todos esses elementos, individualmente, são chamados de vestígios.

c. Evidência

Quando os peritos chegam à conclusão que determinado vestígio está, de fato,

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relacionado ao evento periciado, ele deixa de ser um vestígio e passa a denominar-se

evidência. A evidência, segundo definição do dicionário, significa: qualidade daquilo

que é evidente, que é incontestável, que todos veem ou podem ver e verificar.

d. Indício

O Código de Processo Penal define indício como sendo a circunstância

conhecida e provada, que, tendo relação com o fato, autorize, por indução, concluir-se

a existência de outra(s) circunstância(s). Em verdade, os termos vestígio e evidência

são usados tecnicamente no âmbito da perícia, enquanto que na persecução penal,

recebem o nome de indício.

e. Cadeia de Custódia

A cadeia de custódia pode ser definida como a sucessão de eventos seguros e

confiáveis que, tendo início na investigação, mantém a integridade e idoneidade do

vestígio até sua utilização pela justiça como elemento probatório. Envolve todos os

procedimentos praticados desde o isolamento do local do fato, a coleta, o manuseio,

análise dos vestígios e armazenamento.

f. Classificação de local de crime

O local de crime é tecnicamente classificado em:

1) Quanto ao local em si

Está diretamente relacionado com sua situação topográfica, apresentando-se

sob duas formas:

a) Local de crime interno ou interior

É aquele identificado por um espaço limitado por meio de paredes e

cobertura. Como local de crime interno ou interior pode ser citada uma sala, um quarto

ou dependência qualquer de uma construção, mesmo que rudimentar.

b) Local de crime externo ou exterior

É o caracterizado por ocorrer em ambiente aberto, como por exemplo, a rua,

o jardim, o quintal de uma residência, etc.

c) Os locais de crime, internos e externos são subdivididos em:

(1) Ambiente imediato

É a área onde ocorreu o crime, sendo o local onde normalmente se

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coletam os detalhes, presumindo-se que tenha sido convenientemente preservado

desde o comparecimento do primeiro Militar Estadual.

(2) Ambiente mediato

Compreende as adjacências do local onde ocorreu o fato e, por assim

dizer, a área intermediária entre o local da ocorrência e o ambiente exterior.

2) Quanto à natureza do fato

O local de crime assume os seguintes aspectos:

a) Local de Homicídio;

b) Local de Furto;

c) Local de Furto Qualificado;

d) Local de Incêndio;

e) Outros.

3) Quanto ao exame do local

A realização de exames no local de crime leva em consideração três situações

distintas, a saber:

a) Local idôneo

Considera-se aquele que não foi violado, isto é, que não sofreu qualquer

alteração desde a ocorrência do fato, até o comparecimento do Militar Estadual de

serviço.

b) Local inidôneo, violado, alterado ou desfeito

É aquele que foi alterado, ou seja, que sofreu modificação após a ocorrência

do fato. Esta modificação pode ter ocorrido, antes, durante ou após o conhecimento do

fato pelo Militar Estadual.

c) Locais Relacionados

São os que se referem a uma mesma ocorrência e oferecem pontos comuns

de contato. Exemplo: falsificação de moedas, de selos, atentados terroristas, etc. Nos

casos de falsificação, a moeda ou selos são vendidos e apreendidos em determinado

local, porém fabricados em outro; nos de atentado terrorista, o atentado é praticado em

determinado local, porém o material explosivo é adquirido ou preparado em outro; os

locais onde se deram os fatos e aqueles onde o material foi preparado estão

relacionados.

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g. Resumo esquemático da classificação de local de crime

5. O ESTUDO DE LOCAL DE CRIME

O estudo do local de crime, considerando o local em si e a natureza do fato, tem por

finalidade:

a. Determinar a natureza da área onde o mesmo ocorreu

O estudo da natureza da área responde à indagação: onde ocorreu o fato?

b. Determinar a natureza do fato ocorrido

A natureza do fato ocorrido responde à pergunta: o que aconteceu?

6. ASPECTOS LEGAIS

a. Código de Processo Penal

O Código de Processo Penal (Decreto nº 3.689, de 03 de outubro de 1941), com

relação ao local de crime, estabelece:

[...] Art. 6o Logo que tiver conhecimento da prática da

infração penal, a autoridade policial deverá:

I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se

alterem o estado e conservação das coisas, até a chegada

dos peritos criminais;

II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato,

após liberados pelos peritos criminais;

III-colher todas as provas que servirem para o

esclarecimento do fato e suas circunstâncias;

IV-ouvir o ofendido;

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V-ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável,

do disposto no Capítulo III do Título Vll, deste Livro,

devendo o respectivo termo ser assinado por duas

testemunhas que Ihe tenham ouvido a leitura;

VI-proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a

acareações;

VII-determinar, se for caso, que se proceda a exame de

corpo de delito e a quaisquer outras perícias;

VIII-ordenar a identificação do indiciado pelo processo

datiloscópico, se possível, e fazer juntar aos autos sua folha

de antecedentes;

IX-averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de

vista individual, familiar e social, sua condição econômica,

sua atitude e estado de ânimo antes e depois do crime e

durante ele, e quaisquer outros elementos que contribuírem

para a apreciação do seu temperamento e caráter. [...]

Art. 169 - Para o efeito de exame do local onde houver sido

praticada a infração, a autoridade providenciará

imediatamente para que não se altere o estado das coisas

até a chegada dos peritos que poderão instruir seus laudos

com fotografias, desenhos ou esquemas elucidativos.

Parágrafo único - Os peritos registrarão, no laudo, as

alterações do estado das coisas e discutirão, no relatório,

as conseqüências dessas alterações na dinâmica dos fatos.

[...]

b. Código de Processo Penal Militar

O Código de Processo Penal Militar (Decreto-Lei nº 1.002, de 21 Out 1969), com

relação ao IPM, estabelece:

[...] Art. 9º – O inquérito policial militar é a apuração

sumária de fato, que, nos termos legais, configure crime

militar, e de sua autoria. Tem o caráter de instrução

provisória, cuja finalidade precípua é a de ministrar

elementos necessários à propositura da ação penal.

Parágrafo único. São, porém, efetivamente instrutórios da

ação penal os exames, perícias e avaliações realizados

regularmente no curso do inquérito, por peritos idôneos e

com obediência às formalidades previstas neste Código.

Art 12º – Logo que tiver conhecimento da prática de

infração penal militar, verificável na ocasição, a autoridade

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a que se refere o §2º do art. 10, deverá, se possível:

a) dirigir-se ao local, providenciando para que

se não alterem o estado e a situação das coisas, enquanto

necessário;

b) apreender os instrumentos e todos os objetos

que tenham relação com o fato;

[...]

d) colher todas as provas que sirvam para o

estabelecimento do fato e suas circunstâncias. [...]

c. Valor e proteção do local de crime

A preservação do local de crime é de fundamental importância para a elucidação

dos fatos ali ocorridos, pois oferece os primeiros elementos que norteiam a Polícia

Judiciária nas investigações iniciais. Estes primeiros elementos recebem o nome

genérico de provas, que são de duas espécies:

1) Provas testemunhais: são constituídas pelos depoimentos das testemunhas,

as quais deverão ser arroladas pelo Militar Estadual e levadas ao cartório das

delegacias policiais onde, na presença do escrivão de polícia, prestam depoimento

sobre o ocorrido. Para tanto, no trabalho de relacionamento de testemunhas, o Militar

Estadual deverá tomar o cuidado de não relacionar curiosos, o que só trará prejuízo às

investigações.

2) Provas Técnicas: são constituídas pelas peças materiais que podem ser

encontradas no local de crime. Por isso, o Militar Estadual que primeiro chegar ao local

de crime deverá preservá-lo convenientemente, para que essas peças não sejam

alteradas de qualquer modo.

7. PROCEDIMENTOS A SEREM ADOTADOS EM LOCAIS DE CRIME

Normalmente os Militares Estaduais, em face de sua atividade ostensiva, são os

primeiros Agentes Públicos a chegar ao local de crime. Por isso, é absolutamente

necessário que apliquem todas as medidas que visem manter o local de crime

exatamente nas mesmas condições em que se encontrava quando ali consumado o

ato criminoso, resguardando, dessa forma, os vestígios ali existentes.

a. Procedimentos Gerais

A autoridade ou agente policial que primeiro chegar a um local de crime ou de

sinistro deve, inicialmente, observar aspectos de segurança e, se necessário, socorrer

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vítimas. Em seguida, deve isolar e preservar adequadamente a área onde ocorreu o

fato e, se possível, as cercanias, até a chegada dos peritos criminais e a conclusão

dos levantamentos periciais, cuidando para que não ocorra, salvo os casos previstos

em lei, modificações por sua própria iniciativa, impedindo, ainda, a ultrapassagem da

linha de isolamento por qualquer pessoa, mesmo familiares da vítima, imprensa, e até

mesmo de outros policiais que não estiverem envolvidos na ocorrência.

b. Procedimentos Específicos

1) Local de Crime Interno ou Interior

a) Segurança

Chegando ao local de crime o Militar Estadual deve observar, antes de tudo,

a condição de segurança do local, verificando, por exemplo, se o autor do crime ainda

se encontra no local, se existem riscos de explosões ou desabamentos, possibilidade

de ocorrência de acidentes de trânsito em virtude de má sinalização da via, existência

de substâncias tóxicas ou radioativas, etc;

b) Socorrer a vítima

Dar prioridade ao socorro de vítimas, prestando os primeiros socorros e/ou

acionando os Serviços Médicos de Emergência - Sistema Integrado de Atendimento ao

Trauma em Emergências (SIATE), Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU)

ou outro serviço de atendimento médico emergencial, de acordo com a peculiaridade

de cada localidade.

c) Prender o criminoso

Agir com a cautela necessária, revistando o autor do crime, desarmando-o e

colocando-o sob custódia até a chegada da autoridade policial ou seu

encaminhamento para a delegacia policial competente. Havendo necessidade de optar

entre o socorro da vítima e a prisão do criminoso, a prioridade é o socorro da(s)

vítima(s), porém adotando todos os esforços para a efetivação da prisão do criminoso

(acionamento de equipes para apoio).

d) Interditar o local

Isolar o local visando protegê-lo, obstando, principalmente, na “área imediata”,

o ingresso de estranhos, curiosos, interessados, parentes ou outras pessoas que não

sejam a autoridade policial competente e, em certos casos, não permitir a saída de

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qualquer pessoa que se encontre no recinto sem antes identificá-la adequadamente.

Se o fato tiver ocorrido dentro de um prédio, todo ele deve ser interditado parcial ou

totalmente.

e) Preservar o local

1) Não mexer em absolutamente nada que componha a cena do crime ou

do sinistro, em especial não retirando, colocando, ou modificando a posição do que

quer que seja, excetuando-se os casos de estrita necessidade de prestação de socorro

à vítima;

2) Evitar que se arrume o que está fora dos respectivos lugares,

principalmente na “área imediata”, considerando que o aspecto de desordem, a

posição dos móveis desarrumados ou desviados de suas posições normais, roupas de

cama em desalinho, armas e instrumentos caídos no assoalho constituem elementos

valiosos para orientar a Polícia Técnica na elucidação do fato criminoso;

3) Quando não ofereçam risco, instrumentos do crime e principalmente

armas devem permanecer no local em que inicialmente se encontravam quando da

chegada da equipe PM, não devendo ser recolhidas e/ou guardadas na viatura, o

mesmo se aplicando a estojos, projéteis e demais objetos do crime;

4) Não fumar, não comer e não beber nada na cena do crime, nem

tampouco permitir que outras pessoas o façam. Caso esses vestígios tenham sido

depositados no local pelo Militar Estadual, poderão trazer dúvidas quanto à sua

origem, confundindo os peritos. Também podem aparecer misturados com os outros

vestígios que já estavam no local antes da chegada do Militar Estadual, o que, do

mesmo modo, compromete a conclusão dos trabalhos periciais;

5) Manter portas, janelas, imobiliário, eletrodomésticos, utensílios, tais

como foram encontrados, não os abrindo ou fechando, não os ligando ou desligando,

salvo o estritamente necessário para conter risco eventualmente existente;

6) Não usar o telefone, sanitário ou lavatório;

7) As portas e janelas com fechaduras, quando sem as chaves, podem ter

sido abertas por meio de chaves falsas, gazuas ou canetas de bombas, devendo, por

isso, permanecer abertas para evitar que sejam destruídos os vestígios dos meios

empregados na abertura;

8) As janelas e portas não deverão ser fechadas antes do exame pericial.

Nos batentes, parapeitos e nas folhas podem ser encontrados diversos vestígios que

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orientam os trabalhos da perícia e permitirem chegar-se a uma conclusão sobre os

fatos;

9) Os cadeados que tenham sido violados por qualquer processo não

devem ser fechados antes do exame pericial;

10) Afastar os animais soltos, principalmente, onde houver cadáver;

11) Havendo cadáver, não tocá-lo, não movê-lo de sua posição original,

não revirar os bolsos das vestes e não realizar sua identificação, atribuição esta de

responsabilidade da perícia criminal;

12) Nos casos de acidente por vazamento de gás, deve-se fechar a torneira

geral, retirar as vítimas para a “área mediata” e abrir todas as janelas de modo a

ventilar completamente o ambiente, tendo, entretanto, o cuidado de não alterar o local

de crime;

13) Nos casos de incêndio, antes de tudo deve-se auxiliar na retirada das

pessoas que estiverem dentro do prédio ou residência, as quais deverão ser mantidas

nas adjacências, isto é, as mesmas deverão ser retiradas da “área imediata,”

procurando, ainda, informar-se sobre a existência de outras pessoas no interior do

prédio ou residência. Havendo cadáver na área onde estiver ocorrendo o incêndio e

não havendo alternativa para a sua preservação, se possível, o mesmo deverá ser

retirado.

f) Comunicar o fato

Comunicar imediatamente o fato ao COPOM ou Sala de Operações da

Unidade e à autoridade policial da área, ou, se não puder, solicitar que alguém o faça,

usando o meio mais rápido que dispuser.

g) Arrolar testemunhas do fato

O Militar Estadual deve arrolar testemunhas que tenham presenciado a

ocorrência no seu todo ou parcialmente. Inexistindo testemunhas, relacionar pessoas

que tenham conhecimento do fato, relacionando as que forem mais capazes de prestar

à autoridade policial informações fiéis, precisas e completas sobre o ocorrido.

h) Permanecer no local até o encerramento dos trabalhos de perícia

Permanecer no local até a chegada da Polícia Judiciária e da Polícia

Científica, repassando o local de crime à autoridade de polícia judiciária e transmitindo-

lhe as informações já obtidas, e ainda, aguardar o término dos trabalhos da Polícia

Científica, sendo que, se for o caso, deverá também ser aguardada a retirada do corpo

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pela autoridade competente, constando-se no Boletim de Ocorrência e no relatório de

serviço os nomes de todos os profissionais de outros órgãos que tiveram atuação no

local de crime.

2) Local de Crime Externo ou Exterior

Os procedimentos a serem adotados no local de crime externo ou exterior são

idênticos aos que devem ser respeitados no local de crime interno ou interior,

acrescentando-se as seguintes orientações:

a) Na interdição do local, o Militar Estadual deverá interditar apenas a área que

contenha vestígios, procurando, caso o fato tenha ocorrido em logradouro, tanto

quanto possível, não interromper o trânsito;

b) Devem ser preservados os indícios porventura existentes, como sulcos,

pegadas, etc., mantendo a posição original dos objetos, instrumentos e armas

encontradas;

c) Havendo peças ou vestígios capazes de serem inutilizadas pelo contato

com o ar, mau tempo, etc., o Militar Estadual deverá protegê-los, como por exemplo:

mancha de sangue, pegada, arma, etc.. Essas peças, como todo e qualquer outro

vestígio, podem e devem ser protegidas, cobrindo-se com uma caixa, lata, tábua, etc.,

tendo-se, entretanto, o cuidado de não deixar que esses elementos de proteção fiquem

em contato com os vestígios. A finalidade principal é proteger os vestígios, sem,

entretanto prejudicá-los ou inutilizá-los;

d) Da mesma forma que preconizado para o local de crime interno ou interior,

adotar as demais providências de comunicação do fato, arrolamento de testemunhas,

aguardar no local até a chegada da Polícia Judiciária e da Polícia Científica, bem como

aguardar o encerramento dos trabalhos da Polícia Científica nos locais de morte, e a

retirada do corpo pela autoridade competente, ou outro órgão/instituição designado por

aquela, de acordo com as peculiaridades regionais.

c. Outras recomendações

1) Caso ocorra acionamento tão somente do SIATE para atendimento de

ocorrências de natureza “ferimento por disparo de arma de fogo”, ou de outras

ocorrências que, devido às circunstâncias, representem evidente risco à equipe de

socorristas, caberá ao COPOM/SOp PM, uma vez cientificado(a) sobre a ocorrência,

adotar as providências que se fizerem necessárias ao deslocamento de uma

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Guarnição PM até o local da ocorrência, priorizando tal deslocamento, mesmo que,

para tanto, seja necessário o deslocamento de equipes de outro Setor ou mesmo de

outra Área de responsabilidade territorial. Em todos os casos, caberá a coordenação

do Oficial CPU;

2) Não prestar qualquer informação a pessoas desconhecidas sob qualquer

pretexto. Todas as informações que obtiver sobre o caso deverão ser preservadas para

orientação de trabalhos futuros. Poderá e deverá, naturalmente, informar detalhes aos

seus superiores hierárquicos e à Autoridade de Polícia Judiciária competente;

3) Jamais emitir à imprensa ou a pessoas estranhas à atividade policial o seu

ponto de vista pessoal sobre o caso;

4) Não se manifestar prematuramente, especialmente em entrevistas à imprensa,

quanto à possível autoria do delito, sendo preferível, e mesmo conveniente, dizer que

não possui informações circunstanciadas quanto às causas do evento. Eventuais

conclusões sobre o caso poderão/deverão ser repassadas, obrigatoriamente, à

Autoridade Militar a quem estiver subordinado e, logicamente, à Autoridade de Polícia

Judiciária com competência para a apuração do fato. A regra é guardar inteiro sigilo

sobre todos os fatos de que tenha conhecimento em razão de sua função (a ética

profissional deve estar sempre presente na conduta do Militar Estadual);

5) Tomar cuidado com atitudes e postura no local de crime, principalmente

naqueles que envolvem óbito, evitando risos e brincadeiras diante de familiares, de

integrantes da imprensa e do público em geral;

6) Permitir o trabalho dos órgãos de comunicação, adotando, todavia, os

cuidados necessários no sentido de que seus agentes não destruam ou substituam,

inconscientemente ou não, os indícios deixados pelo(s) autor(es) do crime.

d. Materiais para isolamento de locais de crime

Os materiais adequados para o isolamento e preservação do local de crime são

fitas, cordas, cavaletes e lonas. Se o Militar Estadual deles não dispuser, fará o

isolamento utilizando qualquer material que esteja disponível.

e. Aspectos referentes à Cadeia de Custódia

1) No local de crime o Militar Estadual deverá relacionar todas as pessoas que

participaram do atendimento da ocorrência, inclusive civis que eventualmente já se

encontravam no local quando da chegada da Polícia Militar (equipe de socorro médico,

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autoridade de polícia judiciária e/ou seus agentes, equipe de perícia, outros);

2) Todos os objetos eventualmente existentes no local de crime e que forem

apreendidos pela autoridade policial ou pelos peritos deverão ser devidamente

relacionados no Boletim de Ocorrência lavrado pelos Militares Estaduais- Formulário

para Relação de Objetos/Documentos (ROD);

3) A identificação de objetos ou instrumentos do crime, tal como tipo de arma de

fogo, nº de série, dentre outros, fica condicionada à prévia coleta dos referidos objetos

ou instrumentos pela equipe pericial, sendo vedado aos Militares Estaduais manusear

tais objetos ou armas antes da chegada dos peritos.

f. Procedimentos em locais onde se presume ter ocorrido um crime

Os procedimentos preconizados na presente normativa deverão ser adotados

também nos locais que, embora não exista a certeza de cometimento de crime,

apresentem indícios que levam a essa presunção, como no encontro de cadáver,

morte suspeita, entre outros.

g. Atendimento de ocorrências envolvendo morte natural

1) Conceito de Morte Natural:

Morte natural é aquela decorrente de uma doença ou outra causa mórbida

(p.ex. malformações congênitas).

2) Serviço de Verificação de Óbito:

a) A Portaria Nº 1.405, datada de 29 de junho de 2006, do Ministério da

Saúde, instituiu a Rede Nacional de Serviços de Verificação de Óbito e

Esclarecimento da Causa Mortis (SVO), integrante do Sistema Nacional de Vigilância

em Saúde, sendo que a gerência destes serviços é competência da Secretaria

Estadual de Saúde e/ou Secretarias Municipais de Saúde;

b) Dentre as funções do SVO, relaciona-se:

(1) Realizar necropsias de pessoas falecidas de morte natural sem ou com

assistência médica, inclusive os casos encaminhados pelo IML;

(2) Transferir ao IML os casos:

(a) Confirmados ou suspeitos de morte por causas externas,

verificadas antes ou no decorrer da necropsia;

(b) Em estado avançado de decomposição;

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(c) De morte natural de identidade desconhecida.

c) Caberá ainda ao SVO, de acordo com o artigo 9º da Portaria 1.405,

independente de seu porte:

(1) Funcionar de modo ininterrupto e diariamente, para a recepção de

corpos;

(2) Contar com serviço próprio de remoção de cadáver ou com serviço de

remoção contratado ou conveniado com outro ente público, devidamente organizado,

para viabilizar o fluxo e o cumprimento das competências do serviço.

3) Disposições da Resolução N° 1.779/05, do Conselho Federal de Medicina:

a) No caso de morte natural com assistência Médica, deve emitir a

Declaração de Óbito (DO):

(1) O médico que vinha prestando assistência ao paciente, sempre que

possível, em todas as situações;

(2) O médico assistente e, na sua falta, o médico substituto ou plantonista,

para óbitos de pacientes internados sob regime hospitalar;

(3) O médico designado pela instituição que prestava assistência, para

óbitos de pacientes sob regime ambulatorial;

(4) O médico do Programa de Saúde da Família, Programa de Internação

Domiciliar e outros assemelhados, para óbitos de pacientes em tratamento sob regime

domiciliar;

(5) O SVO pode ser acionado para emissão da DO, em qualquer das

situações acima, caso o médico não consiga correlacionar o óbito com o quadro clínico

concernente ao acompanhamento registrado nos prontuários ou fichas médicas destas

instituições.

b) No caso de morte natural sem assistência Médica, deve emitir a

Declaração de Óbito (DO):

(1) Nas localidades com Serviço de Verificação de Óbitos a Declaração de

Óbito deverá ser fornecida pelos médicos do SVO;

(2) Nas localidades sem Serviço de Verificação de Óbitos a Declaração de

Óbito deverá ser fornecida pelos médicos do serviço público de saúde mais próximo do

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local onde ocorreu o evento; na sua ausência, por qualquer médico da localidade.

4) Procedimentos a serem adotados pela PMPR em casos de ocorrências

que envolvam situações de morte natural:

a) O IML de Curitiba somente atende casos referentes a mortes violentas,

mediante requisição pelas Autoridades Policiais Civis e Militares, Judiciárias e

Ministério Público, no exercício de processos criminais, administrativos e,

excepcionalmente, cíveis;

b) Em Curitiba, por força da Lei Estadual nº 5.002, de 6 de fevereiro de 1965,

o IML atende casos de morte natural “sem assistência médica”, exclusivamente no

Município de Curitiba, desde que emitida guia de necropsia pela Delegacia de

Homicídios da Polícia Civil do Paraná;

c) Em todos os demais municípios do Estado do Paraná, as prefeituras

municipais têm a incumbência de manter o Serviço de Verificação de Óbito para

prestar atendimento ininterrupto;

d) Nos Municípios em que ainda não foram criados os SVO, a prestação do

serviço geralmente tem ocorrido por meio das Unidades de Saúde 24 horas ou

serviços de Pronto Atendimento dos Hospitais Municipais;

e) No âmbito da Região Metropolitana de Curitiba e interior do Estado caberá

aos Comandantes de Batalhão, Companhia, Pelotões, contatar as autoridades

municipais competentes e verificar quais são os protocolos de atendimento, para o

caso de ocorrências PM envolvendo situações de morte natural.

8. LOCAL DE CRIME COM VÍTIMAS DE CONFRONTO ARMADO DECORRENTE DE

OCORRÊNCIA POLICIAL MILITAR OU DE OUTRAS SITUAÇÕES ENVOLVENDO

MILITARES ESTADUAIS DE SERVIÇO

A prestação de socorro a vítimas de confronto armado em ocorrência policial militar

deverá ser realizada preferencialmente pelo Serviço Integrado de Atendimento ao

Trauma em Emergência (SIATE), somente sendo permitida a remoção do(s) ferido(s)

pela própria equipe PM, nos casos de comprovada impossibilidade de comparecimento

do SIATE, ou ainda, nos casos de excessiva demora de comparecimento do SIATE ao

local da ocorrência, quando houver indicativo de piora dos sinais vitais da(s) vítima(s).

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a. Atribuições

1) Comandante da Equipe (ou Militar Estadual mais antigo)

a) Logo após o confronto:

(1) Verificar a situação da(s) vítima(s);

(2) Acionar o Serviço Integrado de Atendimento ao Trauma em Emergência

(SIATE), informando ao COPOM/Sala de Operações o número de feridos para

encaminhamento, preferencialmente via rádio e/ou via fone 190, no caso de dificuldade

de radiocomunicação;

(3) Adotar procedimentos para assistência ao(s) ferido(s), de modo a

mantê-lo(s) em condição favorável à manutenção de sua vida, buscando, por meio de

atitudes como a preocupação com a vida e o socorro, minimizar a situação, enquanto

aguarda a chegada do SIATE;

(4) Em caso da piora dos sinais vitais da vítima, somado à

dificuldade/demora da chegada do SIATE, havendo decisão pela remoção do(s)

ferido(s) para o hospital, tal procedimento deverá ser feito com total observância das

normas e técnicas de segurança e de primeiros socorros, bem como, com a ciência do

Oficial Coordenador do Policiamento da Unidade (Oficial CPU), devendo o

encaminhamento ser feito, preferencialmente, por equipe de Militares Estaduais que

estejam em apoio;

(5) Caso necessário, devido à urgência, o encaminhamento será realizado

pela própria equipe envolvida no confronto, sendo que outra Equipe deverá ser

acionada para guarnecer e adotar demais providências no local onde aconteceu o

confronto (isolamento e preservação, arrolamento de testemunhas, etc);

(6) Nos casos de Unidades Especializadas (BPEC, BOPE, BPAmb, BPRv,

RPMon, BPFRON, CCB, etc.) a comunicação a que se refere o item anterior deverá se

dar ao Oficial de Serviço da própria OPM Especializada;

(7) Em todos os casos, deverá ser cientificado sobre a ocorrência o Oficial

CPU com responsabilidade territorial sobre a Área onde aconteceu o fato.

(8) Tudo deverá ser devidamente fundamentando no Boletim de

Ocorrência;

b) Caso ocorra óbito no local (constatação de óbito(s) pelo SIATE):

(1) Interditar o local;

(2) Preservar o local;

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(3) Solicitar e aguardar a chegada da Polícia Judiciária e da Polícia

Científica, bem como permanecer no local até que os peritos concluam seus trabalhos;

(4) Arrolar testemunhas do fato;

(5) Registrar Boletim de Ocorrência Unificado (BOU);

(6) Lavrar o Auto de Resistência à Prisão, se possível relacionando

testemunhas civis;

(7) Adotar outras providências que venham a ser preconizadas em atos das

autoridades legais (Leis, Decretos, Resoluções da SESP e/ou outras normas internas);

(8) Observar outros procedimentos previstos no Subtítulo 7 da presente

Diretriz (PROCEDIMENTOS A SEREM ADOTADOS EM LOCAIS DE CRIME).

2) Despachante do COPOM/Sala de Operações

a) Comunicar imediatamente ao Chefe de Operações ou responsável pela Sala

de Operações;

b) Acionar o Serviço Integrado de Atendimento ao Trauma em Emergência

(SIATE);

c) Em caso da confirmação de óbito(s) no local, solicitar o comparecimento da

Polícia Judiciária e da Polícia Científica;

d) Registrar todo andamento da ocorrência e as providências tomadas no

sistema de controle operacional de despacho de ocorrência - SisCOpWeb.

3) Oficial Coordenador do Policiamento da Unidade (Oficial CPU)

a) Coordenar a ocorrência de modo a manter no local somente o efetivo

necessário;

b) Comparecer no local da ocorrência e conferir se foram tomadas as

medidas necessárias de isolamento e preservação do local de crime;

c) Informar de imediato (logo que possível) o Comandante da OPM e o

Comandante da Companhia onde ocorreu o fato, repassando detalhes sobre a

ocorrência;

d) Reunir os elementos necessários para confecção da documentação sobre

o fato (BOU, autos de apreensão de armas, veículos, objetos, outros);

e) Lavrar o Termo de Apresentação Espontânea.

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4) Chefe de Operações do COPOM/Responsável pela Sala de Operações

a) Em Curitiba, informar de imediato o Oficial Supervisor das OPMs do 1º e 6º

CRPM, bem como o respectivo Comandante de OPM;

b) Nas Unidades do interior, informar de imediato o Comandante da OPM e o

Comandante da Companhia onde ocorreu o fato;

c) No caso de ocorrências envolvendo Militares Estaduais pertencentes a

Unidades Especializadas (BPEC, BOPE, BPAmb, BPRv, BPFRON), ou envolvendo

Bombeiros Militares, além da comunicação ao Oficial Supervisor (Curitiba e RMC) e ao

Comandante da OPM/OBM a que pertencerem os Militares Estaduais envolvidos na

ocorrência, deverá também ser cientificado sobre a ocorrência o Oficial CPU com

responsabilidade territorial sobre o local dos fatos, o qual, de acordo com a

necessidade, informará o seu respectivo Comandante;

d) No caso de ocorrências envolvendo Militares Estaduais de folga, que

tenham agido em razão da função, da mesma forma deverá ser informado o Oficial

Supervisor (Curitiba e RMC), o Comandante da OPM com responsabilidade sobre a

Área em que ocorreu o fato, e também o Comandante da OPM/OBM a que pertencer

o(s) Militar(s) Estadual(is) envolvido(s) no confronto. Idêntico procedimento deverá ser

adotado em casos de ocorrências que envolvam Militares Estaduais inativos;

e) Coordenar e tomar iniciativas que visem agilizar o acionamento dos órgãos

necessários ao atendimento da ocorrência, e realizar demais contatos decorrentes;

f) INFORMAR IMEDIATAMENTE AO PLANTÃO DA CORREGEDORIA-GERAL DA PMPR,

NA CAPITAL, E DAS SUBCORREGEDORIAS, NO INTERIOR DO ESTADO.

5) Oficiais Comandantes de Companhia

Em se tratando de horário de expediente, comparecer ao local de ocorrência

com vítima(s) de confronto armado e certificar-se de que todas as providências legais

e administrativas pertinentes ao caso foram corretamente adotadas pelo Oficial CPU

ou pelo Militar Estadual responsável pela administração da ocorrência.

6) Oficiais Supervisores (1º e 6º CRPM)

a) Em se tratando de ocorrência fora do horário de expediente, comparecer

ao local de ocorrência com vítima(s) de confronto armado e certificar-se de que todas

as providências legais e administrativas pertinentes ao caso foram corretamente

adotadas pelo Oficial CPU ou pelo Militar Estadual responsável pela administração da

ocorrência.

b) No caso de inexistência de Oficial Supervisor no âmbito do CRPM, o

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acionamento será dirigido diretamente ao Comandante da Companhia com

responsabilidade sobre a localidade onde ocorreu o fato, independentemente do

horário da ocorrência.

7) Comandante da OPM a que pertencer os Militares Estaduais envolvidos

no confronto

a) Dependendo da repercussão da ocorrência, Informar de imediato ao

Comandante do CRPM a que estiver subordinado;

b) Tomar as seguintes medidas administrativas:

(1) Instauração imediata de IPM;

(2) Determinar o afastamento e encaminhar o(s) militar(es) estadual(is)

envolvido(s) diretamente no confronto para avaliação psicossocial (observar o contido

na Nota de Instrução nº 002/2003 da 3ª Seção do Estado Maior - Atenção Psicossocial

a Policiais Militares Envolvidos em Ocorrência de Alto Risco);

(3) Encaminhamento de cópia de toda a documentação relativa à

ocorrência à Corregedoria-Geral da PMPR, em até 3 (três) dias úteis.

8) Comandantes de CRPM

Informar de imediato, de acordo com a repercussão da ocorrência, ao

Subcomandante-Geral da PMPR, o qual, se entender necessário, repassará detalhes

sobre a ocorrência ao Comandante-Geral da Corporação.

b. Prestação de Socorro em Municípios onde o SIATE não atua

1) Nos Municípios em que não existe a prestação do serviço de socorro pelo

SIATE, deverão ser acionadas outras Unidades Móveis de Socorro, tais como SAMU

ou outras ambulâncias disponibilizadas pela Secretaria de Saúde Municipal;

2) Na impossibilidade de atendimento pelo serviço especializado de socorro,

recomenda-se que a vítima seja socorrida/conduzida preferencialmente por equipe PM

que esteja em apoio, devendo ser evitada, sempre que possível, a remoção do(s)

ferido(s) pela equipe PM envolvida diretamente no confronto.

c. Outras situações

1) Os casos atípicos, não enquadrados nas regras anteriormente preconizadas,

deverão ser criteriosamente avaliados pelo Oficial CPU e, por ordem deste, se for o

caso, a própria equipe realizará o socorro da(s) vítima(s).

2) O Oficial CPU deverá registrar de forma circunstanciada as razões e motivos

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que o conduziram a tomar tal decisão e, imediatamente, dará ciência ao Chefe de

Operações do COPOM e ao Comandante da respectiva OPM onde ocorreu o fato.

9. PROCEDIMENTOS A SEREM OBSERVADOS PELOS ENCARREGADOS DE

PROCEDIMENTOS ADMINISTRATIVOS INSTAURADOS EM DECORRÊNCIA DE

CONFRONTOS ARMADOS ENVOLVENDO MILITARES ESTADUAIS DE SERVIÇO

Considerando que todos os corpos que adentram ao Instituto Médico Legal do

Paraná - IML, são obrigatoriamente identificados, recebendo uma numeração única do

Serviço de Medicina Legal (número SML), cabe aos Encarregados de procedimentos

administrativos (IPM, Sindicâncias, outros) no âmbito da PMPR a adoção das

seguintes providências:

a. Quando a vítima não for inicialmente identificada, deverão ser levadas a efeito

diligências junto ao setor competente do IML para buscar a identificação da pessoa

envolvida em confronto armado com Militares Estaduais. Para tanto, deverá ser

informado ao IML a data, o horário e o endereço da ocorrência;

b. Nos Ofícios de encaminhamento de armas para a Polícia Científica, com vistas a

verificar a confrontação balística das armas com o(s) projétil(eis) encontrados no corpo

da vítima, além de outras informações, deverá ser obrigatoriamente inserida a

identificação da vítima, ou, no caso de não possuir a identificação, deverá ser

informado o número SML conferido ao corpo no momento da entrada no IML;

c. Não será mais admitido nos Autos de Inquérito Policial Militar a não

identificação da(s) vítima(s), salvo casos excepcionais em que o IML não lograr

êxito nas identificações, ocasião em que o Encarregado deverá constar,

obrigatoriamente, o número SML;

d. Os encarregados de procedimentos administrativos, quando a vítima não for

identificada, devem diligenciar juntamente ao Setor competente do IML (Setor

Administrativo do Necrotério) para buscar a identificação da pessoa envolvida em

confronto armado, para tal devem informar o endereço e horário do óbito;

e. Quando os projéteis do confronto armado não se encontrarem no IML, nos casos

em que couber, diligenciar junto ao hospital em que houve o atendimento médico de

emergência para que sejam apresentados tais projéteis, os quais serão apreendidos

pelo encarregado e encaminhados, juntamente com o Ofício de solicitação de exame,

à Policia Científica;

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f. Todos os pedidos oriundos da Corporação à Polícia Científica devem conter a

identificação da OPM de origem e o nome completo do requerente, além de conter

todos os dados do que for requerido, evitando-se, dessa forma, a devolução

equivocada ou incompleta por parte da Polícia Científica. Recomenda-se constar,

inclusive, o endereço para o qual deverão retornar os resultados das perícias

solicitadas;

g. Em todos os casos em que houver negativa da equipe da Polícia Científica em

comparecer ao local de crime, deverá o COPOM, incontinenti certificar no SiscopWeb

o nome completo do Perito e as razões do não comparecimento, ou, conforme o caso,

registrar o nome daquele que representado o Perito Oficial. Esta situação deverá ser

repassada ao Oficial CPU para que determine o registro no BOU e reproduza em seu

relatório de serviço, para a adoção das medidas exigidas ao caso;

h. Na Capital, a Polícia Científica possui um plantão de atendimento 24 horas, o

qual poderá ser contatado pelo COPOM, SOp ou Oficial CPU para esclarecimentos no

tocante ao comparecimento ou não da equipe de perícia no local de crime;

i. Todas as remissões indicadas acima se aplicam às Unidades no interior do

Paraná, nos municípios atendidos pela Polícia Científica e IML, devendo cada

Comando de área estreitar relações para melhoria dos processos de exames periciais

em local de crime.

10. PROCEDIMENTOS A SEREM ADOTADOS PELA CORREGEDORIA-GERAL DA PMPR EM

LOCAIS DE CRIME COM VÍTIMAS DE CONFRONTO ARMADO DECORRENTE DE

OCORRÊNCIA POLICIAL MILITAR OU ENVOLVENDO MILITARES ESTADUAIS DE SERVIÇO

a. Procedimentos a serem adotados pela Corregedoria-Geral da PMPR:

1) A COGER/PMPR tem autonomia para comparecer em qualquer ocorrência

envolvendo confrontos armados com Militares Estaduais de Serviço ou que tenham

atuado em decorrência da função;

2) A atuação da COGER/PMPR em nenhuma circunstância desonera o

Comandante da OPM com responsabilidade territorial sobre a Área ou Região onde

aconteceu o fato, ou o Comandante da OPM Especializada, nos casos de ocorrências

que envolvam efetivos pertencentes a OPMs com área de atuação extensiva a todo o

Estado, DA COMPETÊNCIA AFETA ÀS AUTORIDADES EM CUJO ÂMBITO DE

CIRCUNSCRIÇÃO OU COMANDO HAJA OCORRIDO A INFRAÇÃO PENAL, atendida

a hierarquia do infrator.

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3) Composição da Equipe

Quando necessário o deslocamento até o local de ocorrência, a equipe da

COGER será composta por no mínimo 2 (dois) Militares Estaduais, sendo comandada

por um Oficial.

4) Logística

a) Viatura - Orgânica da COGER, podendo ser caracterizada ou não;

b) Rede-rádio - acesso a toda rede de rádio da Corporação, para controle e

fiscalização das ocorrências;

c) Uniforme - Orgânico da COGER;

d) Armamento e Equipamentos- os disponibilizados pela Corporação.

b. Procedimentos da COGER em locais de crime:

1) Equipe da Corregedoria

Nos casos em que ocorrer o deslocamento da equipe da COGER, o objetivo

será constatar os procedimentos adotados pelos Militares Estaduais que atenderam e

estiveram no local da ocorrência, sem, no entanto, interferir no trabalho do Oficial CPU

e demais equipes que estejam no local de crime.

2) Serão observados os seguintes procedimentos pela equipe da COGER:

a) No local da ocorrência, e sempre que possível, localizar e identificar o

Oficial CPU da Unidade e informar que procederá a fiscalização das equipes e

procedimentos realizados no local de crime, bem como preencher o relatório

específico;

b) Esclarecer aos Militares Estaduais que a presença da equipe da COGER se

deve a uma atividade de caráter rotineiro e geral, não existindo qualquer atuação

pontual no local de crime;

c) Observar o respeito às equipes e ao bom andamento do serviço, evitando

comentários inconvenientes, bem como se abstendo de julgamentos precipitados

sobre as condutas observadas no local;

d) Agir com discrição em sua atuação e evitar a exposição de eventual conduta

irregular detectada;

e) Fotografar o local de ocorrência, principalmente em relação às ruas onde

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aconteceram os fatos, destacando o isolamento do local de crime, as guarnições que

se encontram presentes e seu posicionamento no local;

f) Preencher o relatório e, sempre que possível, entrevistar a equipe que

atendeu a ocorrência, demais Militares Estaduais e testemunhas que se fizeram

presentes;

g) Deverá o Oficial da COGER também tomar conhecimento dos anseios e

reclamações em relação às atividades executadas e quanto a possíveis irregularidades

narradas pelos Militares Estaduais, bem como sugestões relativas à melhoria das

condições para o desempenho da atividade;

h) Somente intervir na ocorrência quando for constatado o desrespeito às

garantias fundamentais estabelecidas na Constituição Federal, cometimentos de

infrações previstas na legislação infraconstitucional e inobservância das normas

castrenses, devendo ser acionado o respectivo Comandante dos envolvidos, ou outras

providências que a situação requeira, para assegurar o cumprimento das medidas de

policia judiciária militar e disciplinares;

i) Na impossibilidade de comparecer ao local, caso necessário, o oficial da

COGER fará contato pessoal ou por telefone com o Oficial de Serviço (Supervisor,

Cmt. Cia PM ou CPU) ou equipe que atendeu a ocorrência, a fim de ficar ciente dos

fatos e seus desdobramentos.

3) Equipes de Serviço, Oficial CPU, Comandante de Companhia e Oficial

Supervisor

Colaborar com os trabalhos da equipe da Corregedoria, prestando eventuais

esclarecimentos sempre que necessário.

4) Outras medidas a serem adotadas pela Corregedoria-Geral da PMPR:

(1) Verificar se foi instaurado IPM para apuração dos fatos;

(2) Verificar se foram adotadas as providências de afastamento e

encaminhamento do(s) Militar(es) Estadual(is) diretamente envolvido(s) em

confronto(s) para avaliação psicossocial (observar o contido na Nota de Instrução n°

002/2003 da 3ª Seção EM - Atenção Psicossocial a Policiais Militares Envolvidos em

Ocorrência de Alto Risco);

(3) Sugerir a adoção de procedimentos específicos e/ou necessários à

elucidação de fatos, bem como a instauração de procedimentos administrativos ou de

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Inquérito Policial Militar, caso tais providências ainda não tenham sido tomadas pelo

Comandante da OPM envolvida;

11. PROCEDIMENTOS A SEREM ADOTADOS PELOS MILITARES ESTADUAIS EM

LOCAL DE CRIME CONTRA O PATRIMÔNIO

Uma vez prestado socorro a eventuais vítimas, realizada a prisão de criminosos e

adotadas outras providências de urgência, serão ainda adotadas pelo Militar Estadual

as medidas abaixo especificadas:

1) Em ocorrências envolvendo crimes contra o patrimônio tais como furto

qualificado e roubo, havendo indícios no local de crime, o COPOM acionará a

autoridade de polícia judiciária competente, a quem caberá o acionamento da Polícia

Científica;

2) Em todos os casos, a vítima será orientada a manter o local exatamente no

estado em que se encontra, não devendo mexer em absolutamente nada, para que

não seja prejudicado o trabalho da perícia;

3) O exame pericial poderá ocorrer de maneira direta ou indireta, de acordo com

a disponibilidade da Polícia Científica e a critério da autoridade de polícia judiciária,

motivo pelo qual, visando não prejudicar as atividades de prevenção desenvolvidas

pela Polícia Militar, uma vez orientada(s) a(s) vítima, deverá a equipe retornar ao

policiamento ostensivo;

4) Nas ocorrências que denotam claramente a ação de marginais que atuam em

associação criminosa, que têm grande repercussão e que representam uma elevada

ameaça à segurança pública, caberá à equipe policial militar permanecer in loco

realizando a preservação do local de crime, desde que confirmado, pelo COPOM, o

acionamento da Polícia Científica pela autoridade de polícia judiciária competente,

bem como confirmada a disponibilidade daquele órgão (Polícia Científica) para o

efetivo deslocamento e realização do exame direto no local do crime;

5) Nos casos de latrocínio, mesmo que a vítima tenha sido encaminhada para o

Hospital, havendo vestígios, obrigatoriamente a equipe PM permanecerá realizando a

preservação do local de crime até a chegada dos demais órgãos competentes,

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inclusive durante o tempo necessário à garantia da segurança da equipe responsável

pela perícia.

6) A comunicação à Delegacia Especializada ou à Delegacia da Área dar-se-á por

meio do SISCOPWEB, via CECOM, cabendo ao COPOM, nos casos em que a equipe

PM permanecer na preservação do local de crime, contactar diretamente o CECOM,

por telefone, para que haja maior rapidez no acionamento da Polícia Científica;

7) No âmbito do interior do Estado, de acordo com as peculiaridades de cada

região, e, no caso de eventuais impedimentos de adoção dos procedimentos

anteriormente descritos, caberá aos Comandantes de OPM verificar, junto às

respectivas autoridades de polícia judiciária local, qual a sistematização e os

procedimentos a serem adotados no atendimento de ocorrências de crimes contra o

patrimônio onde exista a necessidade da realização de perícias;

8) Quanto aos crimes de competência da polícia judiciária militar, caberá ao

Oficial CPU a adoção dos procedimentos cabíveis, inclusive no que se refere ao

acionamento da Polícia Científica;

9) Em se tratando de crimes contra o patrimônio, cujo bem

lesado/roubado/furtado seja de propriedade da União (órgãos, autarquias,

fundações e outras entidades federais) a polícia judiciária a ser comunicada e/ou para

onde devem ser realizadas as eventuais conduções de detidos ou apreensões será a

Polícia Federal da localidade onde aconteceu o fato;

10) Adotar outras providências que venham a ser preconizadas/padronizadas em

atos das autoridades legais (Leis, Decretos, Resoluções da SESP e/ou normas

internas);

12. PRESCRIÇÕES DIVERSAS

a. O tratamento dispensado pelos Militares Estaduais da Corregedoria-Geral aos

Militares Estaduais que estejam no local do crime, e vice-versa, pautar-se-á sempre

pela disciplina, pela camaradagem e pela civilidade, assentado em manifestações de

cortesia, respeito, confiança e lealdade;

b. Nas instruções de manutenção deverão ser enfatizados os procedimentos

corretos a serem observados nos locais de crime, ressaltando-se, em todos os casos,

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a importância de sua preservação, como forma eficiente e eficaz no auxílio da

elucidação do fato delituoso;

c. Além de permanente instrução e conscientização dos Militares Estaduais quanto

à necessidade da adequada preservação dos locais de crime, nas instruções de

manutenção da tropa deverá, também, ser dada ênfase na atualização dos

conhecimentos e técnicas de primeiros socorros, especialmente no que tange aos

procedimentos relativos ao atendimento de pessoas feridas por disparos de armas de

fogo;

d. A atuação da Corregedoria-Geral da PMPR será precedida de ampla divulgação

da presente Diretriz a todas as OPMs/OBMs, de modo que haja divulgação à tropa dos

objetivos e finalidades da atuação do Órgão Corregedor, assegurando-se, dessa

forma, a legalidade e a publicidade das atividades de fiscalização;

e. A presente Diretriz deverá ser incluída no conteúdo a ser ministrado nos

diversos cursos e treinamentos realizados na Corporação, especialmente no

Treinamento Policial Básico, a fim de garantir a difusão do conhecimento;

f. A Corregedoria-Geral da PMPR ficará responsável por programar instruções,

desenvolver estudos de casos, padronizar o relatório de fiscalização e

encaminhamentos de relatórios estatísticos para a divulgação de dados em toda a

Corporação;

g. Em todos os casos, o não comparecimento no local de crime dos órgãos

responsáveis e especializados deve ser de imediato informado ao escalão superior, o

qual deverá tomar as medidas necessárias para a solução da ocorrência, sendo que,

neste caso, o registro de todo o evento deverá ser minuciosamente formalizado pelo

COPOM e pelos Militares Estaduais envolvidos, registrando-se inclusive o nome do

perito e o motivo do não comparecimento ao local da ocorrência;

h. Enquanto não estiverem adequadamente estruturadas, não haverá necessidade

das Subcorregedorias da COGER deslocarem equipes para o local de crime onde

ocorreu confronto armado com Militares Estaduais de serviço, devendo, no entanto,

verificar em momento oportuno se todos os procedimentos e atribuições estabelecidos

na presente Diretriz foram devidamente cumpridos pelas OPMs envolvidas;

i. Caberá ao Corregedor-Geral da PMPR normatizar a escala das equipes da

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COGER, bem como estabelecer outros procedimentos afetos à Corregedoria-Geral da

PMPR, quanto ao fiel cumprimento da presente Diretriz;

j. Uma vez publicada a presente Diretriz, cada Unidade terá um prazo de 45

(quarenta e cinco) dia s úteis para ministrar instrução específica para toda a tropa da

OPM, encaminhando à P/3 do respectivo CRPM um relatório que contenha a data, o

nome do responsável pela instrução e outras informações correlatas. Da mesma forma

deverá ser procedido em relação às OPMs Especializadas, encaminhando-se os

relatórios ao Subcomandante-Geral da PMPR;

k. A presente Diretriz revoga a Diretriz nº 011/2009 e a NI nº 003/1997.

ASSINADO NO ORIGINAL

Cel. QOPM Péricles de Matos, Subcomandante-Geral, respondendo

pelo Comando-Geral da PMPR.

DISTRIBUIÇÃO: Comandante-Geral – Subcmt-Geral (OPM especializadas) - COGER – DEP (APMG/EsO/EsFAEP)

– 1º ao 6º CRPMs (OPM subordinadas) – CCB (OBM subordinadas) – CIOSP (COPOM) – SESP – Casa Militar.

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POLÍCIA MILITAR DO PARANÁ ESTADO-MAIOR

3ª SEÇÃO

DIRETRIZ Nº 003/2014

“PROCEDIMENTOS EM LOCAIS DE CRIME e PRESERVAÇÃO DE LOCAIS

DE CRIME QUE DEMANDAM A REALIZAÇÃO DE EXAMES PERICIAIS”

CURITIBA

2014