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PCA – Pó de Carvão Aditivado:
Manual do Usuário Arnaldo Romanus ( * )
Introdução
O presente manual tem por finalidade básica prestar as devidas orientações
quanto ao uso correto do PCA (pó de carvão aditivado) por parte das fundições, de
modo a adotarem composições da areia a verde elaboradas sob um ponto de vista muito
técnico, sempre visando reduzir o refugo de peças, a ocorrência de quebras de moldes e
o descarte de areia de retorno, entre outros problemas.
Com a finalidade de se entender melhor os objetivos propostos será feita uma
descrição pormenorizada das principais variáveis que atuam sobre a performance da
areia a verde, para se poder efetuar sem qualquer receio a substituição do pó de carvão
Cardiff pelo PCA.
1. Composição básica da areia a verde
Simplesmente com o objetivo de confeccionar moldes, bastaria que a areia a
verde fosse preparada com os seguintes componentes:
areia de sílica;
bentonita;
água,
além de poder ser assim classificada:
areia de sistema: mistura de areia de retorno, areia base, bentonita e água;
areia de faceamento: uso exclusivo de areia base ou em mistura com areia de
retorno, além de bentonita e água;
areia de enchimento: mistura de areia de retorno com água, eventualmente
contendo certa quantidade de bentonita e de areia base.
Ao se partir para o emprego de máquinas de moldar de alta produtividade,
todavia, é praticamente proibitivo o uso de areia de faceamento, motivo pelo qual a
areia de sistema deverá ter uma qualidade tal que não apenas resulte num bom
acabamento das peças, mas que também evite a ocorrência de defeitos tais como
pinholes, bolhas de gás, penetração por explosão, escamas, rabos de rato e veiamento,
entre outros, bem como não poderá ocasionar quebras de bolos/cantos dos moldes e nem
tampouco sinterização nos fundidos.
Com o intuito de impedir ou, pelo menos, de atenuar significativamente alguns
dos defeitos/problemas citados, o fundidor acaba lançando mão de aditivos carbonáceos,
com destaque para o pó de carvão mineral.
2. Defeitos de fundição
2.1- Defeitos gasosos
Pinholes, bolhas de gás, bolsões de gás e penetração por explosão ocorrem
quando existe um excesso de umidade na areia a verde, principalmente se a mesma
estiver sob a forma de “água livre”, a qual, por sua vez, é oriunda das seguintes
variáveis:
deficiência de mistura;
renovação insuficiente do sistema.
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( * ) Engenheiro metalurgista. Diretor e sócio da Foundry Cursos e Orientação Ltda. e
da Romanus Tecnologia e Representações Ltda.
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Também a permeabilidade incorreta poderá piorar a incidência de defeitos
gasosos se não for viável trabalhar com um teor de voláteis relativamente baixo na areia
a verde, sendo que alterações inadequadas da primeira dessas características poderão ter
as seguintes causas básicas:
granulometria incorreta da areia base em uso na moldagem e/ou na macharia;
deficiência de mistura (no caso da permeabilidade ser muito baixa);
argila ativa fora da faixa especificada.
2.2- Acabamento rugoso / erosão dos moldes / inclusões de areia
Muitas vezes, com o intuito de evitar defeitos gasosos oriundos de baixa
permeabilidade, o fundidor acaba partindo para o emprego de areia base muito grossa, a
qual, por seu turno, poderá resultar em erosão dos moldes (por insuficiência de teor de
finos na areia a verde), bem como em inclusões de areia nas peças e em acabamento
rugoso das mesmas.
2.3- Sinterização de areia
Esse defeito que, às vezes, não consegue ser removido das peças nem mesmo
através de jateamento prolongado, pode ter as seguintes causas primárias:
insuficiência de aditivo carbonáceo na areia a verde;
uso de pó de carvão com baixo teor de carbono vítreo e/ou do tipo higroscópico;
excesso de umidade na areia de moldagem;
uso de areia base muito grossa;
excesso de argila ativa na areia a verde, com a situação se agravando ainda mais
se a bentonita empregada for do tipo sódica ativada (nacional);
excesso de sais na água industrial empregada na preparação da areia a verde e/ou
no resfriamento da areia de retorno;
excesso de “finos inertes” na areia de moldagem.
2.4- Entranhamento (penetração metálica)
Às vezes esse defeito também é erroneamente denominado de “sinterização”,
tendo o aspecto de metal que penetrou fortemente em pontos quentes e/ou de difícil
adensamento dos moldes, tais como as regiões dos ataques do sistema de alimentação e
em paredes laterais ou ainda em cavidades profundas.
Geralmente esse defeito exige rebarbação intensa para ser removido, o que
muitas vezes ocasiona perda das peças nessa operação de limpeza.
São as seguintes as principais causas desse defeito:
excesso de umidade da areia preparada, que dificulta a sua fluidez e
conseqüentemente também diminui o adensamento dos moldes;
insuficiência de pressão na rede de ar comprimido;
excesso de modelos na placa.
2.5- Defeitos de expansão
São assim chamados por serem oriundos da expansão que a areia de sílica sofre
durante o vazamento do metal, podendo surgir até mesmo em peças de alumínio já que
os mesmos ocorrem abaixo de 600 oC.
Os defeitos de expansão podem ser assim subdivididos:
a) rabos de rato: é o estágio anterior ao da formação de escamas, quando uma camada
de areia ressecada está sendo flexionada – sem chegar a romper – para dentro da
cavidade do molde que formará a peça; em outras palavras, é uma estria em baixo
relevo que se manifesta na superfície dos fundidos, a qual nem sempre chega a resultar
em refugo por esse defeito em si, porém poderá causar o deslocamento de grãos de areia
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do molde, o que, por sua vez, provocará o aparecimento de inclusões dos mesmos nas
peças;
b) escamas: é o estágio posterior ao da formação de rabos de rato, quando uma camada
ressecada do molde não apenas flexiona para dentro da cavidade que formará a peça,
mas que inclusive chega a romper; embora nem sempre o produto fundido venha a ser
refugado em função desse defeito – devido à sua localização, entre outros fatores –,
certamente acaba-se tendo a ocorrência de inclusões de areia até mesmo grosseiras no
mesmo;
c) veiamento: trata-se de uma estria em alto relevo existente na superfície das peças, a
qual muitas vezes não resulta em refugo, porém exige um excessivo trabalho de
rebarbação para a sua remoção, já que, dependendo de sua localização, nem sempre se
consegue eliminá-la por meio de jateamento intensivo.
No tocante à origem desses defeitos, convém esclarecer o seguinte:
a) rabos de rato e escamas: normalmente possuem as seguintes causas básicas:
baixa RTU (resistência à tração a úmido) da areia a verde, por sua vez oriunda
das seguintes variáveis principais:
- deficiência de mistura;
- uso de bentonita com baixa RTU;
- insuficiência de argila ativa;
- excesso de “finos inertes”;
fortes tensões de compressão dos moldes, provenientes das seguintes variáveis
fundamentais:
- excesso de “finos inertes”;
- teor de finos demasiadamente elevado;
- grau de compactação muito forte;
b) veiamento: não é um defeito muito estudado na areia a verde, pelo fato de que a sua
ocorrência é mais típica das regiões feitas por machos (principalmente de “cold-box”);
todavia, pelo que se sabe, a causa elementar que pode fazer com que o mesmo surja
também por meio do molde é a seguinte:
resistências elevadas demais, que fazem com que o molde fique muito rígido até
o metal completar totalmente a sua cavidade, porém que logo em seguida se
enfraquecem e permitem a rachadura em determinados locais (por onde o metal
ainda líquido acaba penetrando).
3. Pó de carvão mineral
3.1- Definição
Também conhecido por “Cardiff”, o pó de carvão mineral é um material
orgânico que se decompõe por ação térmica em vários produtos gasosos, plásticos e
sólidos, sendo que a fração plástica, que contém o alcatrão, aparentemente é a mais
importante por possuir compostos ricos em carbono, tais como benzeno, tolueno, xileno
e naftaleno ( 1 ).
3.2- Finalidades de utilização
São várias as razões que justificam o uso do pó de carvão mineral na areia a
verde, porém merecem destaque os seguintes efeitos que o mesmo ocasiona:
melhora do acabamento das peças;
redução da aderência de areia aos fundidos.
3.3- Mecanismos de ação protetora
Basicamente são três as teorias que visam explicar os mecanismos de ação
protetora do pó de carvão sobre os fundidos, cada uma envolvendo a decomposição
térmica do aditivo ( 2 ):
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a) teoria do colchão de gás: a reação metal-molde é inibida tanto por uma camada de
bolhas descontínuas como por uma evolução de gases, que se interpõem entre a areia e o
metal líquido. Entretanto, essa teoria não foi comprovada experimentalmente e, por
conseqüência, é questionável.
Nota: o autor do presente trabalho acredita na validade dessa teoria, pois experiências
particulares realizadas numa fundição visando melhorar a colapsibilidade dos moldes
durante a desmoldagem das peças através da substituição do pó de carvão mineral
(numa época em que este se encontrava em falta no mercado) por farinha de madeira
não apenas apresentaram resultados benéficos nesse sentido, mas, surpreendentemente,
conseguiu-se inclusive eliminar problemas de sinterização de areia às peças existentes
na ocasião; como, todavia, a farinha de madeira forma uma quantidade muito pequena
de carbono vítreo, a explicação mais lógica para esse fenômeno é a de que o seu elevado
teor de voláteis teria gerado uma camada de gases suficiente para evitar a reação metal-
molde que levaria à sinterização;
b) teoria da atmosfera redutora: o aditivo carbonáceo disperso na areia a verde cria no
molde uma atmosfera de gases redutores que previne contra a oxidação do metal líquido
na interface areia-metal, evitando assim a formação da faialita, que causa penetração
metálica e sinterização total;
c) teoria do carbono vítreo: o uso de aditivos carbonáceos produz voláteis que, por meio
de pirólise, depositam-se como carbono vítreo na interface areia/metal. Essa deposição
age como uma barreira física contra a formação da faialita e, além disso, não é molhável
pelo metal líquido.
Já de acordo com Marcheze et al ( 1 ), são as seguintes as teorias que procuram
explicar o efeito dos aditivos carbonáceos sobre o acabamento superficial das peças:
a) formação de um colchão de gás que reduz o contato metal/molde;
b) envolvimento dos grãos de areia por finas camadas de carbono;
c) formação de uma atmosfera redutora na interface metal/molde;
d) formação de uma película de carbono vítreo, originado a partir dos hidrocarbonetos
voláteis mais pesados,
sendo que, segundo levantamentos bibliográficos ( 3 – 5 ) efetuados por esses
pesquisadores ( 1 ), as duas últimas teorias são as mais aceitas.
Por sua vez, Novelli e Rinaldi ( 6 ) afirmam que é o carbono vítreo, estado
alotrópico do carbono e muito próximo estruturalmente da grafita obtida por pirólise,
com ampla superfície específica e formado a partir dos hidrocarbonetos pesados
desprendidos durante o contato com o metal líquido, o responsável pela melhora do
acabamento superficial das peças ( 4, 5 ).
3.4- Efeitos colaterais
Como, antes de gerar carbono vítreo, o pó de carvão libera voláteis durante a sua
decomposição térmica, se a areia a verde já estiver com excesso de umidade certamente
a tendência à formação de defeitos gasosos nas peças aumenta ao se passar a empregar
uma maior quantidade de aditivo carbonáceo nas misturas como forma de procurar
diminuir a sinterização de areia aos fundidos.
Outro aspecto crítico é o fato de que, durante o vazamento do metal, o pó de
carvão não apenas libera carbono vítreo, mas também forma partículas de coque, as
quais possuem pelo menos dois efeitos colaterais:
aumento da umidade da areia preparada a um mesmo nível de compactabilidade,
já que o coque formado, por ser poroso, resulta num incremento da quantidade
de “água livre”, sendo que isso certamente piora a possibilidade de ocorrência de
defeitos gasosos nas peças;
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formação de pelotas metálicas aderidas à superfície dos fundidos, em função da
queima desse coque durante o vazamento do metal nos ciclos posteriores ao de
sua formação.
Ainda no tocante às partículas de coque, dados práticos de várias fundições
comprovam que carvões altamente higroscópicos aumentam excessivamente a relação
perda ao fogo / voláteis, ou seja, resultam numa maior formação desses componentes
porosos na areia a verde.
3.5- Adição ótima de pó de carvão mineral
Embora a proporção ideal de pó de carvão em relação à quantidade de bentonita
que normalmente é adicionada à areia a verde possa variar muito de uma fundição para
outra em função de uma série de fatores, geralmente são as seguintes as proporções em
peso entre ambos os produtos, respectivamente, quando se estiver trabalhando com um
teor adequado de argila ativa:
para 100 % de bentonita sódica ativada: 0,2/1 – 0,3/1 ;
para 100 % de bentonita sódica natural: 0,4/1 – 0,5/1,
sendo que, se forem empregados simultaneamente os dois tipos de bentonitas,
logicamente a proporção de pó de carvão em relação à soma de ambos os produtos sofre
a devida modificação.
Na condição de que a fundição adote o método de ensaio recomendado pelo
autor deste trabalho em seu livro “Moldagem em Areia a Verde: Manual de Defeitos
& Soluções” ( 7 ), são os seguintes os valores considerados ideais para os voláteis (V), a
perda ao fogo (PF) e a relação perda ao fogo / voláteis em função do tipo de liga
metálica, ao se utilizar pó de carvão Cardiff na areia a verde:
voláteis: - ferros fundidos e aços: 2,5 – 3,5 %
- alumínio e ligas de cobre: 2,0 – 3,0 %
perda ao fogo: - ferros fundidos e aços: 4,0 – 5,5 %
- ligas de cobre: 3,5 – 5,0 %
- alumínio: 2,2 – 3,2 %
relação PF/V: - ferros fundidos e aços: 1,40 – 1,70
- ligas de cobre: 1,30 – 1,60
- alumínio: 1,10 – 1,30.
3.6- Especificação
Sob hipótese nenhuma as fundições poderiam utilizar outro pó de carvão
Cardiff que não seja o tipo “A”, caso contrário se teria mais efeitos colaterais do que
soluções.
Assim sendo, sugere-se que seja adotada a seguinte especificação para esse
aditivo carbonáceo:
voláteis (V): mín. 30 %
carbono vítreo (Cv): mín. 9,0 %
relação V/Cv: 2,9 – 3,3
cinzas: máx. 15 %
enxofre: máx. 1,5 %
umidade: máx. 3,0 %
retenção na # 40: máx. 5,0 %
retenção na # 200: 45 – 65 %.
Especificamente no tocante à umidade e à granulometria convém comentar o
seguinte:
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a) umidade: desde que haja a devida orientação da assistência técnica do produtor de pó
de carvão, é possível que as fundições utilizem sem maiores problemas um produto com
essa característica alcançando até cerca de 6,0 % de teor;
b) granulometria: na condição de que a fundição receba a adequada assistência técnica
por parte do fornecedor de pó de carvão, é viável que se utilize um material
consideravelmente mais grosso que o anteriormente sugerido, o qual não apenas queima
em menor intensidade sob condições apropriadas de relação areia/metal média (gerando,
portanto, uma maior quantidade de carbono vítreo), mas também não é sugado com
excessiva intensidade pelo sistema de exaustão.
4. Composição técnica da areia a verde (válida para o uso de Cardiff)
Para se definir a composição técnica da areia a verde mediante o emprego de pó
de carvão Cardiff, tudo começa com três dados fundamentais, conforme segue:
determinação do grau de incorporação de resíduos de machos (AM) à areia de
retorno (em termos de porcentagem), sendo que, quando a regeneração de
machos é feita meramente por atrito mecânico, também este produto deverá ser
encarado como se fosse areia de machos (AM);
cálculo da relação areia/metal média (RAM) mensal (ou de um determinado
período específico), ou seja, divide-se o peso da areia a verde que de fato foi
utilizada na confecção dos moldes (descontando-se o peso dos moldes refugados
e também o peso da areia raspada dos moldes durante o seu processo de
confecção) pelo peso bruto de metal efetivamente vazado nos mesmos;
avaliação do nível de componentes deletérios existentes na areia de retorno,
levando-se em consideração os seguintes aspectos:
- se a fundição não utiliza machos na produção de suas peças e se simultaneamente
alcança uma ótima eficiência de mistura, se possui resfriador que permita obter no
máximo 45 oC na areia de retorno na entrada do misturador, se o sistema de exaustão de
“finos inertes” estiver funcionando a contento e se utilizar bentonita(s) de excelente
qualidade, então se poderá adotar o fator de renovação F = 10;
- se a fundição utilizar uma quantidade excessiva de machos “cold-box”, tiver uma
péssima eficiência de mistura, não possuir resfriador e nem tampouco sistema de
exaustão de “finos inertes” e se não empregar bentonita(s) de qualidade muito boa,
então se deverá utilizar um fator F = 30 (o qual poderá chegar a F = 50 quando houver
uma incidência excessiva de defeitos atribuíveis à areia a verde, principalmente pinholes
e penetração por explosão);
- se a fundição utilizar uma quantidade bastante grande de machos (principalmente
“cold-box”), porém se tiver uma boa eficiência de mistura, se conseguir resfriar a areia
de retorno até abaixo de 45 oC na entrada do misturador e se o sistema de exaustão
estiver funcionando a contento, recomenda-se iniciar o acerto da performance da areia a
verde geralmente com fator F = 25, o qual poderá ser gradativamente diminuído até
fator F = 15, neste caso desde que a(s) bentonita(s) em uso seja(m) de excelente
qualidade.
Partindo do princípio que uma dada fundição tenha:
- um grau médio de incorporação de machos AM = 3,0 %;
- uma relação areia/metal média RAM = 6 (ou seja, 6/1);
- uma eficiência de mistura relativamente boa (porém não excelente);
- um sistema de exaustão de “finos inertes” que não funcione a contento;
- um resfriador que nem sempre consiga fazer com que a areia de retorno fique com
temperatura inferior a 45 oC na entrada do misturador,
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então inicialmente se poderia adotar um fator F = 30, mediante o qual se passaria a ter a
seguinte necessidade de adição de areia base (AB) às misturas de areia a verde:
AB = (F/RAM) – AM = (30/6) – 3,0 = 5,0 – 3,0 = 2,0 %,
ou seja, dever-se-ia adicionar 2,0 % de areia base em todas as misturas até se conseguir
reduzir substancialmente os defeitos/problemas atribuíveis à areia a verde, quando então
se poderia tentar diminuir aos poucos até F = 15 o grau de renovação do sistema (desde
que isso não resulte numa adição negativa de areia base às misturas, como acabaria
ocorrendo no caso do exemplo citado).
Já no tocante às adições de bentonita e de pó de carvão Cardiff, uma vez tendo-
se definido o grau de renovação que se pretende ter no sistema de areia a verde deve-se
também estabelecer os teores de argila ativa e de voláteis com os quais se deseja
trabalhar, bem como as bentonitas e o pó de carvão a serem utilizados durante um
período não inferior a 3 (três) meses consecutivos, para então se poder calcular os graus
de queima desses componentes em função dos teores estabelecidos para estas
características e dos resultados efetivamente alcançados na areia a verde.
Como se verá mais adiante, em se tratando do PCA, no entanto, existe a
possibilidade de se zerar a adição de areia base às misturas mesmo quando se tem uma
elevada incorporação de machos “cold-box” à areia de retorno, desde que sempre se
consiga alcançar uma boa eficiência de mistura, que se tenha uma exaustão adequada
dos “finos inertes”, que se obtenha uma temperatura da areia de retorno inferior a 45 oC
na entrada do misturador e que se utilize bentonita(s) de ótima qualidade.
5. PCA (Pó de Carvão Aditivado)
5.1- Considerações gerais
O aspecto mais crítico atualmente existente na maioria das fundições é o elevado
custo da areia de retorno depositada em aterro industrial, com a situação se tornando
ainda pior se houver a necessidade de se efetuar uma demasiada adição de areia base às
misturas de areia a verde, neste caso visando solucionar diversos defeitos ou problemas,
tais como gases, entranhamento e sinterização.
Outro problema existente é o fato de que o uso de macharia “cold-box” aumenta
consideravelmente a “água livre” e, portanto, também a umidade da areia a verde a um
determinado nível de compactabilidade, praticamente obrigando o fundidor a utilizar
um maior grau de renovação do sistema mediante a adição de areia base às misturas da
areia de moldagem numa quantidade até mesmo superior à normalmente empregada
para o processo “shell”, ao se utilizar pó de carvão Cardiff como aditivo carbonáceo.
Mesmo incorporando uma elevada quantidade de areia base à areia a verde, nem
sempre, em função de uma considerável deficiência de mistura e/ou de uma má
eficiência de exaustão dos “finos inertes”, o fundidor consegue trabalhar com um teor
de umidade adequado para poder produzir moldes com a dureza necessária em sistemas
automatizados, havendo ainda a necessidade de partir para o emprego pelo menos
parcial de bentonita sódica natural (importada), de modo a poder então adotar um menor
teor de argila ativa.
Ainda como forma de tentar reduzir a incidência de defeitos gasosos nos
fundidos, na maioria das vezes torna-se necessário trabalhar com areia base
relativamente grossa tanto na moldagem como na macharia, o que, por sua vez, resulta
num acabamento das peças nem sempre considerado satisfatório.
Um componente normalmente apontado como “vilão” na areia a verde é o pó de
carvão Cardiff, mesmo que seja do tipo “A”, pelo fato de reduzir a sua permeabilidade
(conduzindo à formação de defeitos gasosos nas peças) e por aumentar o seu teor de
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enxofre (reduzindo a sua resistência à tração a úmido e, portanto, tornando o sistema de
moldagem bastante propício à ocorrência de defeitos de expansão nos fundidos).
Sempre com o intuito de diminuir a nocividade do aditivo carbonáceo à areia a
verde e, portanto, também às peças fundidas, já há várias décadas existem os chamados
“geradores de carbono vítreo” compostos (GCV), sendo que o próprio pó de carvão
Cardiff é um GCV, porém puro e, portanto, apresentando uma série de deficiências.
Os GCV tradicionais existentes certamente melhoram diversas características da
areia a verde, porém não a sua permeabilidade, visto que são obtidos a partir de
hidrocarbonetos insolúveis em água; além disso, para se poder alcançar, nos GCV, um
elevado teor de carbono vítreo em relação ao seu teor de voláteis, muitas vezes se parte
para a utilização, nos mesmos, de hidrocarbonetos com teor de enxofre até mesmo
superior ao existente na maioria dos pós de carvão Cardiff do tipo “A”.
O autor do presente trabalho, através de sua empresa Foundry, está investigando
ativamente os GCV desde 1993, quando procurou desenvolver esse tipo de material
para um produtor brasileiro de pó de carvão Cardiff, porém naquela ocasião somente
foram utilizados hidrocarbonetos insolúveis em água e não houve justificativa para as
fundições empregarem esse novo aditivo carbonáceo pelo fato de que o mesmo somente
aumentaria o custo final dos fundidos, motivo pelo qual, desde então e utilizando o seu
próprio laboratório e o da Coquesul, decidiu partir para o estudo de GCV elaborados a
partir de hidrocarbonetos solúveis em água, a serem utilizados puros ou em mistura com
o pó de carvão Cardiff, sendo que a partir dessa idéia nasceu o projeto do PCA (pó de
carvão aditivado), desenvolvido com exclusividade para a Coque do Sul (CDS).
5.2- Especificação
Tomando-se como referência os resultados normais dos ensaios do pó de carvão
mineral “AF”, da CDS, e de diversos hidrocarbonetos solúveis em água, foram
elaboradas várias formulações de PCA, para as quais, em princípio, é válida a seguinte
especificação (exceto para as situações em que se incorporam produtos completamente
diferentes em sua composição):
umidade: máx. 3,0 %
voláteis: 45 – 70 %
carbono vítreo: 15 – 22 %
cinzas: máx. 12 %
enxofre: máx. 1,2 %
granulometria: não aplicável.
Particularmente no tocante ao carbono vítreo, o teor total desse componente é
obtido a partir da soma dos valores dessa característica avaliada em duas temperaturas
distintas, conforme segue:
carbono vítreo em 400 oC: 8 – 19 %
carbono vítreo em 875 oC: 3 – 7 %,
sendo que, para os interessados, a Foundry fornecerá, mediante consulta expressa, a
metodologia correta para a realização desse ensaio.
5.3- Vantagens e eventuais efeitos colaterais
Desde que o PCA passou a ser utilizado rotineiramente por diversas fundições, a
partir de 2006, chegou-se aos seguintes resultados até o presente momento:
o PCA, ao contrário do pó de carvão Cardiff, praticamente exige que a areia a
verde esteja bastante “contaminada” com machos “cold-box”, com toda a
renovação do sistema podendo vir a ser efetuada exclusivamente por meio de
resíduos calcinados de macharia;
a permeabilidade da areia a verde tem condições de ser aumentada em mais de
50 AFS, permitindo que a fundição parta para o emprego de areia base mais fina
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na macharia como forma de melhorar o acabamento das peças, sem que isso
resulte no aparecimento de defeitos gasosos nas mesmas;
em função da drástica redução do grau de renovação do sistema (a ser alcançado
mediante a fortíssima diminuição ou até mesmo através da eliminação da areia
base na composição da areia a verde), existe a possibilidade de se reduzir em até
30 % a necessidade de adição de bentonita à areia de moldagem;
mediante o emprego de PCA, também será perfeitamente viável o uso de 100 %
de bentonita sódica ativada (nacional) para quem estiver utilizando até cerca de
30 % de sódica natural (importada) ou então se poderá alcançar uma redução
acentuada da necessidade do segundo produto se o mesmo participar em 50 %
ou mais do total de bentonita em uso na fundição;
como ponto de partida, pode-se estimar em 1/3 a necessidade de adição de PCA
em comparação ao pó de carvão Cardiff na composição da areia a verde, com a
redução da incorporação de aditivo carbonáceo às misturas chegando, em alguns
casos, a 75 %
Nota: em termos práticos, o ideal seria que a adição de PCA à areia a verde fosse
limitada em máx. 0,12 %, raramente podendo ser superior a 0,15 %, caso contrário
existe a possibilidade de se vir a ter saturação desse componente na mesma, o que, por
sua vez, resultará em queda dos voláteis e em aumento da relação perda ao fogo /
voláteis e da “água livre”, além de encarecer desnecessariamente a sua composição;
em função da drástica redução que o PCA origina na presença de “água livre” na
areia a verde, poderá haver uma diminuição superior a 0,5 % de umidade
calculada ao nível de 45 % de compactabilidade, o que elimina em definitivo a
possibilidade de ocorrência de defeitos gasosos nas peças (com destaque para o
de penetração por explosão);
o PCA permite que se trabalhe com até 0,5 % a menos de voláteis na areia a
verde do que o teor que seria necessário mediante o emprego de pó de carvão
Cardiff, sem que isso resulte numa piora da sinterização de areia às peças após a
sua limpeza, o que diminui consideravelmente a probabilidade de ocorrência de
defeitos gasosos;
existe uma drástica diminuição do teor de enxofre contido na areia a verde, já
que esta característica, no PCA, geralmente é inferior a 1,0 %, ou seja, é como
se a fundição passasse a empregar pó de carvão Cardiff com cerca de 0,3 %
desse componente deletério.
Torna-se necessário informar, todavia, que desde que foram iniciados os estudos
com o PCA nas fundições verificou-se que o seu uso poderá vir a diminuir em demasia
a umidade real da areia a verde, mesmo que se aumente a sua compactabilidade; se, por
um lado, isso é altamente benéfico quanto ao combate a defeitos gasosos, por outro lado
se poderá ter um ressecamento excessivo da areia preparada e dos moldes, os quais
então apresentarão um aumento da tendência a sofrerem erosão durante o vazamento do
metal, o que, por sua vez, poderá piorar a incidência de inclusões de areia nas peças.
Diante desse único efeito colateral detectado pelo uso do PCA, chega-se à
conclusão de que efetivamente, na maioria dos casos, existe a necessidade de a fundição
partir para o emprego de dextrina de milho na composição de sua areia a verde,
preferencialmente já incorporada à bentonita nacional durante (e não após) o seu
processo de ativação.
6. Bentonitas
Convém salientar que estudos do teste de dispersabilidade efetuados pelo
laboratório da Foundry (empresa do autor do presente trabalho) já demonstraram que se
10
obtém, na bentonita sódica ativada com barrilha e simultaneamente aditivada com
dextrina de milho, valores de RTU (resistência à tração a úmido) superiores aos
alcançados em bentonita sódica natural argentina tida como sendo de excelente
qualidade e, portanto, muito maiores que os resultados gerados pelas melhores
bentonitas sódicas ativadas brasileiras, fazendo com que seja viável produzir peças tais
como a 5a roda em areia a verde, sem haver a ocorrência de escamas de expansão nas
mesmas (pelo menos não em níveis críticos).
Considerando, todavia, que uma bentonita sódica natural argentina de excelente
qualidade terá, em princípio, estabilidade térmica superior à da bentonita brasileira
aditivada com dextrina de milho, pelo menos em linhas de moldagem automatizadas em
princípio convém utilizar ambos os produtos, com a proporção existente entre as duas
bentonitas podendo variar de acordo com a avaliação de “custos x benefícios” de cada
fundição.
No entanto, para que o PCA possa ter pleno sucesso ao ser utilizado na areia a
verde de qualquer fundição, é de suma importância que as bentonitas empregadas na
mesma possuam pelo menos as seguintes características fundamentais:
inchamento
- brasileira: mín. 38 ml / 2 g para o produto simplesmente ativado com barrilha ou mín.
40 ml / 2 g se vier a sofrer adição de dextrina de milho;
- argentina: mín. 35 ml / 2 g;
adsorção de azul de metileno original
- brasileira: mín. 52 ml / 0,5 g para o produto simplesmente ativado com barrilha ou
mín. 50 ml / 0,5 g se vier a sofrer adição de dextrina de milho;
- argentina: mín. 54 ml / 0,5 g.
7. Dados fundamentais para o emprego de PCA
A fim de se poder avaliar o tipo exato de PCA a ser fornecido a uma dada
fundição e para se poder formular a melhor composição a ser adotada para a sua areia a
verde contendo este aditivo carbonáceo, inicialmente será necessário que cada cliente
forneça à Foundry e à CDS as seguintes informações básicas:
ramo de atividade (automobilístico, agrícola, construção civil, etc.);
produção em areia a verde (t/mês de metal vazado e tipos de ligas metálicas,
com a sua devida participação percentual sobre o peso total produzido);
tipo(s) de máquina(s) de moldar;
tipo(s) de misturador(es), com a sua respectiva capacidade nominal;
equipamentos/acessórios adicionais porventura existentes (resfriador, sistema de
exaustão, peneirador, silos de areia de retorno, etc.);
peso de areia de retorno existente em circulação (caso não se saiba o seu peso,
bastará que se multiplique o seu volume por 1,15 t/m3);
reciclagem da areia de retorno (isto é, a quantidade de ciclos/dia da mesma);
relação areia/metal média;
refugo (de fundição e de usinagem) no mínimo dos últimos 3 meses;
defeitos existentes ao menos nos últimos 3 meses (na fundição e na usinagem,
com a sua respectiva participação percentual sobre o refugo de cada um destes
setores);
percentual de moldes quebrados na extração dos modelos, no mínimo durante os
últimos 3 meses;
tempo de jateamento;
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composição da areia a verde e ciclo de mistura empregado (se forem utilizadas
formulações distintas na areia de sistema e/ou se também houver o uso de areia
de faceamento, não apenas deverão ser justificados os motivos para isso, como
também cada uma deverá ter a sua composição devidamente esclarecida, além
de ser necessário indicar o seu respectivo percentual de participação sobre o
peso total da areia preparada pela fundição);
controle do processo de areia a verde (além de ser citado o local de coleta da
amostra e o modo de seu armazenamento, deverão ser esclarecidos os ensaios
que a fundição tem condições de realizar rotineiramente, a sua freqüência de
controle e os resultados médios obtidos para cada característica com a sua
respectiva variação normal e máxima; independente de a fundição possuir ou
não o seu próprio laboratório, deverá ser informado se a compactabilidade é
determinada diretamente pelo setor de preparação da areia a verde e a sua
respectiva freqüência de ensaios ou se a empresa não possui condições de avaliar
nem mesmo essa característica);
controle do recebimento de matérias-primas (deverão ser esclarecidos os tipos de
testes de recebimento efetivamente realizados em cada matéria-prima utilizada
na areia a verde e a especificação em vigor para cada uma);
consumo médio mensal de matérias-primas utilizadas na areia a verde no
mínimo durante os últimos 3 meses;
processos de macharia em uso, com a respectiva participação de cada um (se
houver mais de um, logicamente) e o percentual médio de resíduos de machos
naturalmente incorporados à areia de retorno;
custos de cada matéria-prima utilizada na areia a verde e da areia de retorno
depositada em aterro industrial (essa informação poderá ser prestada somente se
efetivamente houver um acerto para o uso do PCA pela fundição).
8. Aditivos prontos para areia a verde
O ideal mesmo seria que a fundição utilizasse uma mistura já pronta para areia a
verde, composta por bentonita sódica ativada com barrilha e simultaneamente aditivada
com dextrina de milho, bentonita sódica natural e PCA (com o tipo exato deste aditivo
carbonáceo podendo ser alterado periodicamente de acordo com as reais necessidades
de cada fundição).
Certo é que, se a fundição partir para o emprego de aditivos prontos para areia a
verde, estes somente poderão ser adquiridos de fornecedores que tiverem pleno
conhecimento do próprio assunto “areia a verde”, visto que, se no dia a dia existe a
necessidade de periodicamente se efetuar alterações na incorporação de apenas uma ou
outra das bentonitas ou então somente do aditivo carbonáceo em uso, como é que se
poderá admitir o emprego de um produto composto por todos esses insumos, o qual não
venha a sofrer qualquer modificação em sua formulação ao longo de vários meses
consecutivos?
Diante disso, para que os aditivos prontos para areia a verde tenham pleno
sucesso ao serem utilizados na mesma, o seu fornecedor obrigatoriamente deverá:
ter um especialista em areia a verde que lhe preste os devidos esclarecimentos
quanto às modificações a serem implantadas na formulação do aditivo pronto
destinado a cada fundição, a qual, por sua vez, deverá ser orientada por essa
mesma pessoa quanto à maneira correta de utilizar cada produto diferente;
possuir um laboratório completo destinado aos ensaios de areia a verde de cada
fundição, incluindo a aparelhagem para a determinação da RTU (resistência à
tração a úmido), da friabilidade e da evolução de gases, principalmente nos
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momentos que antecedem a produção de novos lotes do aditivo pronto, a fim de
verificar a eventual necessidade de se alterar a sua formulação;
transmitir à fundição os devidos resultados dos ensaios obtidos em sua areia a
verde, inclusive justificando os motivos que o levaram a eventualmente
modificar a formulação do aditivo pronto.
Considerações finais
Não restam dúvidas de que cada fundição deverá reduzir em muito o descarte de
areia de retorno, sem que isso venha a resultar numa piora do índice de refugo e de
outros problemas atribuíveis à areia a verde.
Atualmente já se sabe que essa meta está sendo viável de ser alcançada mediante
a substituição do pó de carvão Cardiff tradicional pelo PCA (pó de carvão aditivado),
neste caso a ser utilizado, na areia a verde, geralmente em conjunto com bentonita
sódica ativada com barrilha e simultaneamente aditivada com dextrina de milho e certa
proporção de bentonita sódica natural.
Também se sabe que já passou da hora de todas as fundições partirem para o
emprego de aditivos prontos para areia a verde, porém estes, a exemplo do PCA,
igualmente deverão ser desenvolvidos de acordo com a particularidade de cada fundição
e eventualmente necessitarão ter a sua formulação modificada periodicamente em
função de eventuais problemas detectados pelo seu usuário num dado momento.
Bibliografia
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acabamento superficial de peças fundidas. Metalurgia ABM, 41 (327): 81 – 85, fev.
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jun. 1966.
4. KOLORS, A. & ORTHS, K. Zur Optimierung der Wirkungen von
Formstoffzusätzen auf die Beschaffenheit der Gussoberfläche. Giesserei, 51: 723 – 729,
nov. 1964.
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Bestimmung der aus Formstoffzusätzen. Giesserei, 51: 729 – 730, nov. 1964.
6. NOVELLI, G. & RINALDI, A. Avances Tecnologicos en los Sistemas de
Acondicionamiento de Arena en Verde. Congresso de Fundição, ILAFA, 1976.
7. ROMANUS, A. Moldagem em Areia a Verde: Manual de Defeitos & Soluções.
Abifa e Global Market: 478 páginas, 2005.