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POESIA 2ª FASE MODERNISTA (1930-1945)

POESIA 2ª FASE MODERNISTA (1930-1945). TEMAS Abordagem mais universal (questionamentos do Homem) Poesia reflexiva Espiritualismo Preocupação social Metalinguagem

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POESIA 2ª FASE MODERNISTA(1930-1945)

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TEMAS

•Abordagem mais universal (questionamentos do Homem)

•Poesia reflexiva

•Espiritualismo

•Preocupação social

•Metalinguagem

•Sensualismo

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POETAS

•Carlos Drummond de Andrade

•Murilo Mendes

•Jorge de Lima

•Cecília Meireles

•Vinícius de Morais

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POETAS

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CARLOS DRUMMOND DE

ANDRADE

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A obra de Drummond é dividida em 4 fases:

Fase gauche (lê-se “gôche)

Fase social

Fase do não

Fase da memória

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FASE “GAUCHE”

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Gauche = termo francês, que significa errado, torto; um eu que se sente inadequado ao convívio social.

Temas:

A terra natal (Itabira)

A família

A infância

Os amigos

Pessimismo/ironia

Obras:

“Alguma poesia”

“Brejo das almas”

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POEMA DE SETE FACES

Quando nasci, um anjo tortodesses que vivem na sombradisse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.

As casas espiam os homensque correm atrás de mulheres.A tarde talvez fosse azul,não houvesse tantos desejos.

O bonde passa cheio de pernas:pernas brancas pretas amarelas.Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.Porém meus olhosnão perguntam nada.

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O homem atrás do bigodeé sério, simples e forte.Quase não conversa.Tem poucos, raros amigoso homem atrás dos óculos e do bigode.

Meu Deus, por que me abandonastese sabias que eu não era Deus,se sabias que eu era fraco.

Mundo mundo vasto mundose eu me chamasse Raimundoseria uma rima, não seria uma solução.Mundo mundo vasto mundo,mais vasto é meu coração.

Eu não devia te dizermas essa luamas esse conhaquebotam a gente comovido como o diabo.

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CONFIDÊNCIA DO ITABIRANO

Alguns anos vivi em Itabira.Principalmente nasci em Itabira.Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro.Noventa por cento de ferro nas calçadas.Oitenta por cento de ferro nas almas.E esse alheamento do que na vida é porosidade e comunicação

A vontade de amar, que me paralisa o trabalho,vem de Itabira, de suas noites brancas, sem mulheres e sem horizontes.E o hábito de sofrer, que tanto me diverte,é doce herança itabirana.

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De Itabira trouxe prendas diversas que ora te ofereço:este São Benedito do velho santeiro Alfredo Duval:este couro de anta, estendido no sofá da sala de visita:este orgulho, esta cabeça baixa...

tive ouro, tive gado, tive fazendas.Hoje sou funcionário público.Itabira é apenas uma fotografia na paredeMas como dói!

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INFÂNCIA

Meu pai montava a cavalo, ia para o campo.Minha mãe ficava sentada cosendo.Meu irmão pequeno dormia.Eu sozinho menino entre mangueiraslia a história de Robinson CrusoéComprida história que não acaba mais.

No meio dia branco de luz uma voz que aprendeua ninar nos longes da senzala - e nunca se esqueceuchamava para o café.Café preto que nem a preta velhacafé gostosocafé bom.

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Minha mãe ficava em casa cosendoOlhando para mim:- Psiu... Não acorde o menino.Para o berço onde pousou um mosquito.E dava um suspiro... que fundo!Lá longe meu pai campeavano mato sem fim da fazenda.

E eu não sabia que a minha históriaera mais bonita que a de Robinson Crusoé.

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FASE SOCIAL

•Deixa de lado o “gauchismo” e se volta para os problemas da sociedade.

•O poeta mostra-se solidário com a problemática do mundo (influência principalmente da Segunda Guerra

Mundial)

• Obras:

“Sentimento do mundo”

“José”

“Rosa do povo”

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“JOSÉ”

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E agora, José?A festa acabou,a luz apagou,o povo sumiu,a noite esfriou,e agora, José?e agora, Você?Você que é sem nome,que zomba dos outros,Você que faz versos,que ama, protesta?e agora, José?

Está sem mulher,está sem discurso,está sem carinho,já não pode beber,já não pode fumar,cuspir já não pode,a noite esfriou,o dia não veio,o bonde não veio,o riso não veio,não veio a utopiae tudo acaboue tudo fugiue tudo mofou,e agora, José?

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MÃOS DADAS

“Não serei o poeta de um mundo caduco.Também não cantarei o mundo futuro. Estou preso à vida e olho meus companheiros.Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças. Entre eles, considero a enorme realidade. O presente é tão grande, não nos afastemos.Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.”

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FASE DO NÃO

•Poesia reflexiva, filosófica, metafísica

•Poesia nominal (influência da poesia com recursos visuais, Poesia Concreta)

•Temas: a morte, a passagem do tempo, a velhice, a vida

•Visão pessimista da vida.

•Esta fase inicia-se a partir da obra “Claro enigma”

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O ENTERRADO VIVO

“É sempre no passado aquele orgasmo,é sempre no presente aquele duplo,é sempre no futuro aquele pânico.

É sempre no meu peito aquela garra.É sempre no meu tédio aquele aceno.É sempre no meu sono aquela guerra.

É sempre no meu trato o amplo distrato.Sempre na minha firma a antiga fúria.Sempre no mesmo engano outro retrato.

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É sempre nos meus pulos o limite.É sempre nos meus lábios a estampilha.É sempre no meu não aquele trauma.

Sempre no meu amor a noite rompe.Sempre dentro de mim meu inimigo.E sempre no meu sempre a mesma ausência.”

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FASE TEMPO DE MEMÓRIA

•São retomados alguns temas: a infância, Itabira, a família, a autoironia.

•Nesta fase vemos também o erotismo.

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BOITEMPO

“Entardece na roça de modo diferente. A sombra vem nos cascos, no mugido da vaca separada da cria. O gado é que anoitece e na luz que a vidraça da casa fazendeira derrama no curral surge multiplicada sua estátua de sal, escultura da noite. 

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Os chifres delimitam o sono privativo de cada rês e tecem de curva em curva a ilha do sono universal. No gado é que dormimos e nele que acordamos. Amanhece na roça de modo diferente. A luz chega no leite, morno esguicho das tetas, e o dia é um pasto azul que o gado reconquista.”

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MURILO MENDES

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CARACTERÍSTICAS

•Influência do Surrealismo

•Uso de imagens insólitas/estranhas

•Poesia social

•Religiosidade

•Influência do Concretismo (uso de recursos gráficos/poesia visual)

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PRÉ-HISTÓRIA

“Mamãe vestida de rendasTocava piano no caos.Uma noite abriu as asasCansada de tanto som,Equilibrou-se no azul,De tonta não mais olhouPara mim, para ninguém!Cai no álbum de retratos.”

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POEMA ESPIRITUAL

“Eu me sinto um fragmento de DeusComo sou um resto de raizUm pouco de água dos maresO braço desgarrado de uma constelação.

A matéria pensa por ordem de Deus,Transforma-se e evolui por ordem de Deus.A matéria variada e belaÉ uma das formas visíveis do invisível.

Cristo, dos filhos do homem és o perfeito.Na Igreja há pernas, seios, ventres e cabelosEm toda a parte, até nos altares.Há grandes forças de matéria na terra, no mar e no arQue se entrelaçam e se casam reproduzindoMil versões dos pensamentos divinos.A matéria é forte e absoluta, sem ela não há poesia.”

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JORGE DE LIMA

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CARACTERÍSTICAS

•Regionalismo (o folclore, a fauna e a flora do Nordeste)

•Poesia social: a marginalização e exploração dos negros

•Religiosidade

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ESSA NEGRA FULÔ

“Ora, se deu que chegou (isso já faz muito tempo) no bangüê dum meu avô uma negra bonitinha, chamada negra Fulô.

Essa negra Fulô!Essa negra Fulô!

Ó Fulô! Ó Fulô! (Era a fala da Sinhá) — Vai forrar a minha cama pentear os meus cabelos, vem ajudar a tirar a minha roupa, Fulô!

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Essa negrinha Fulô!ficou logo pra mucama pra vigiar a Sinhá, pra engomar pro Sinhô!

Essa negra Fulô! Essa negra Fulô!

Ó Fulô! Ó Fulô!(Era a fala da Sinhá) vem me ajudar, ó Fulô, vem abanar o meu corpo que eu estou suada, Fulô! vem coçar minha coceira, vem me catar cafuné, vem balançar minha rede, vem me contar uma história, que eu estou com sono, Fulô!”

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MULHER PROLETÁRIA

“Mulher proletária — única fábricaque o operário tem, (fabrica filhos)tu, na tua superprodução de máquina humanaforneces anjos para o Senhor Jesus, forneces braços para o senhor burguês.

Mulher proletária, o operário, teu proprietáriohá de ver, há de ver:a tua produção,a tua superprodução,ao contrário das máquinas burguesassalvar o teu proprietário.”

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CECÍLIA MEIRELES

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•Poesia neosimbolista: musicalidade/ realidade expressa de maneira vaga

•Fugacidade do tempo, efemeridade da vida (tudo é passageiro, nada é permanente)

•O amor, o infinito, a solidão a natureza

•Poesia social: "O Romanceiro da Inconfidência"

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FUGACIDADE DO TEMPO, EFEMERIDADE DA VIDA

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“Encostei-me a ti, sabendo que eras somente onda.

Sabendo bem que eras nuvem, depus a minha vida em ti.

Como sabia bem tudo isso, e dei-me ao teu destino frágil,

Fiquei sem poder chorar, quando caí."

 

(Epigrama)

 

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MOTIVO

“Eu canto porque o instante existee a minha vida está completa.Não sou alegre nem sou triste:sou poeta.

Irmão das coisas fugidias, não sinto gozo nem tormento.Atravesso noites e diasno vento.

Se desmorono ou se edifico, se permaneço ou me desfaço, — não sei, não sei. Não sei se ficoou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.Tem sangue eterno a asa ritmada.E um dia sei que estarei mudo:— mais nada.” 

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POESIA SOCIAL

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O ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA

“Melhor negócio que Judasfazes tu, Joaquim Silvério:que ele traiu Jesus Cristo,

tu trais um simples Alferes.Recebeu trinta dinheiros...e tu muitas coisas pedes:pensão para toda a vida,

perdão para quanto deves,comenda para o pescoço,honras, glória, privilégios.

E andas tão bem na cobrançaque quase tudo recebes!Melhor negócio que Judasfazes tu, Joaquim Silvério!

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Pois ele encontra remorso,coisa que não te acomete.

Ele topa uma figueira,tu calmamente envelheces,

orgulhoso impenitente,com teus sombrios mistérios.(Pelos caminhos do mundo,nenhum destino se perde:

há os grandes sonhos dos homens,e a surda força dos vermes.)”

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LIRISMO

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MURMÚRIO

“Traze-me um pouco das sombras serenasque as nuvens transportam por cima do dia!

Um pouco de sombra, apenas,- vê que nem te peço alegria.

Traze-me um pouco da alvura dos luaresque a noite sustenta no teu coração!

A alvura, apenas, dos ares:- vê que nem te peço ilusão.

Traze-me um pouco da tua lembrança,aroma perdido, saudade da flor!

- Vê que nem te digo - esperança!- Vê que nem sequer sonho - amor!”

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VINÍCIUS DE MORAIS

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1ª FASEQUESTÕES METAFÍSICAS

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•Como poeta, Vinícius integra o grupo de poetas religiosos de sua geração. A primeira fase da poesia de

Vinícius é marcada pela crise existencial diante da condição humana e pelo desejo de superar, por meio da transcendência mística, as sensações de pecado, culpa e desconsolo que a vida terrena lhe oferecia.

•De versos mais longos, melancólicos, tom declamatório, linguagem abstrata, alegórica, que nos lembram versículos bíblicos, mantêm o poeta ainda distante das conquistas expressivas mais modernas.

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•Poesia espiritualista, neossimbolista

•Linguagem grandiloquente e mais elaborada

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"No sangue e na lama

O corpo sem vida tombou.

Mas nos olhos do homem caído

Havia ainda a luz do sacrifício que redime

E no grande Espírito que adejava o mar e o monte

Mil vozes clamavam que a vitória do homem forte tombado na luta

Era o novo Evangelho para o homem da paz que lavra no campo."

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2ª FASEPOESIA LÍRICA AMOROSA E SOCIAL

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•O poeta passa a interessar-se por temas cotidianos, pelas coisas simples da vida e explora com sensualismo

os temas do amor e da mulher. A linguagem também tende à simplicidade o verso livre passa a ser mais empregado, a comunicação torna-se mais direta e

dinâmica.

•Pode-se dizer que pela primeira vez, Vinícius de Morais adere às propostas dos modernistas de 22, apesar de sempre terem feito parte de sua poesia certa dicção

clássica e o gosto pelo soneto. Contudo, em suas mãos, o soneto ganha roupagem diferente, mais moderna e

real, fazendo uso do vocábulo do cotidiano, pouco comuns nesse tipo de composição. 

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•Poesia sensual e erótica

•Uso de soneto

•Expressão do cotidiano e do social

•Composições de música popular

•Linguagem coloquial

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SONETO DO MAIOR AMORMaior amor nem mais estranho existeQue o meu, que não sossega a coisa amadaE quando a sente alegre, fica tristeE se a vê descontente, dá risada.

E que só fica em paz se lhe resisteO amado coração, e que se agradaMais da eterna aventura em que persisteQue uma vida mal-aventurada.

Louco amor meu, que quando toca, fereE quando fere vibra, mas prefereFerir a fenecer – e vive a esmo

Fiel à sua lei de cada instanteDesassombrado, doido, deliranteNuma paixão de tudo e de si mesmo.

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SONETO DO AMOR TOTALAmo-te tanto, meu amor... não canteO humano coração com mais verdade...Amo-te como amigo e como amanteNuma sempre diversa realidade.

Amo-te afim, de um calmo amor prestanteE te amo além, presente na saudade.Amo-te, enfim, com grande liberdadeDentro da eternidade e a cada instante. 

Amo-te como um bicho, simplesmente.De um amor sem mistério e sem virtudeCom um desejo maciço e permanente.

E de te amar assim, muito e amiúdeÉ que um dia em teu corpo de repenteHei de morrer de amar mais do que pude.

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SONETO DE SEPARAÇÃO

De repente do riso fez-se o prantoSilencioso e branco como a brumaE das bocas unidas fez-se a espumaE das mãos espalmadas fez-se o espanto

De repente da calma fez-se o ventoQue dos olhos desfez a última chamaE da paixão fez-se o pressentimentoE do momento imóvel fez-se o drama

De repente não mais que de repenteFez-se de triste o que se fez amanteE de sozinho o que se fez contenteFez-se do amigo próximo, distanteFez-se da vida uma aventura erranteDe repente, não mais que de repente

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A BOMBA ATÔMICA

“A bomba atômica é triste Coisa mais triste não háQuando cai, cai sem vontade Vem caindo devagar Tão devagar vem caindo Que dá tempo a um passarinho De pousar nela e voar...Coitada da bomba atômica Que não gosta de matar! 

Coitada da bomba atômicaQue não gosta de matar Mas que ao matar mata tudo Animal e vegetal Que mata a vida da terra E mata a vida do arMas que também mata a guerra...Bomba atômica que aterra! Bomba atônita da paz!

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Pomba tonta, bomba atômica Tristeza, consolação Flor puríssima do urânio Desabrochada no chão Da cor pálida do hélium E odor de rádium fatal Loelia mineral carnívora Radiosa rosa radical.

Nunca mais oh bomba atômica Nunca em tempo algum, jamaisSeja preciso que matesOnde houve morte demais:Fique apenas tua imagem Aterradora miragem Sobre as grandes catedrais:Guarda de uma nova era Arcanjo insigne da paz!”

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MPB

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Garota de Ipanema

“Olha que coisa mais lindaMais cheia de graçaÉ ela meninaQue vem e que passaNum doce balançoA caminho do mar”

Onde anda você

“E por falar em saudadeOnde anda vocêOnde andam os seus olhosQue a gente não vêOnde anda esse corpoQue me deixou mortoDe tanto prazer”

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Eu sei que vou te amar

“Eu sei que vou te amarPor toda a minha vida eu vou te amarEm cada despedida eu vou te amarDesesperadamente eu sei que vou te amarE cada verso meu será pra te dizerQue eu sei que vou te amar Por toda a minha vida”

Tarde em Itapuã

“Um velho calção de banhoo dia pra vadiar Um mar que não tem tamanho e um arco-íris no ar Depois, na Praça Caymmisentir preguiça no corpoe numa esteira de vime beber uma água de coco, é bom 

Passar uma tarde em Itapuãao sol que arde em Itapuã ouvindo o mar de Itapuã falar de amor em Itapuã”