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Mata Amapá Filha de bacabeiras; Das açaizeiras cunhã. Do moleque curupira de pé virado sou amiga; Companheira do curimatã. Vivo nas planícies e nos igarapés; Me visto com a relva verde da serra; Na canoa do caboclo sou mulher; Sou o canto fraco da guiné, lutando em defesa da terra. Da terra do japim, da preguiça do curumim; Da mandioca, da iara, da pororoca, da pirarára; Da cutia e do beija flor; Da Sofía que mundía qual boto namorador. Da terra do marabaixo, da seringueira; Do macho e da benzedeira. Eu conto as coisas da mata Amapá; Como o tucumã, o cupu, o cará. Eu canto o choro dos filhos de cá. Que sofrem na luta e num grito se escuta... Não Mata Amapá Odália Araújo

Poesia Mata Amapa Odalia Araujo

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Page 1: Poesia Mata Amapa Odalia Araujo

Mata Amapá Filha de bacabeiras;

Das açaizeiras cunhã.

Do moleque curupira de pé virado sou amiga;

Companheira do curimatã.

Vivo nas planícies e nos igarapés;

Me visto com a relva verde da serra;

Na canoa do caboclo sou mulher;

Sou o canto fraco da guiné, lutando em defesa da terra.

Da terra do japim, da preguiça do curumim;

Da mandioca, da iara, da pororoca, da pirarára;

Da cutia e do beija flor;

Da Sofía que mundía qual boto namorador.

Da terra do marabaixo, da seringueira;

Do macho e da benzedeira.

Eu conto as coisas da mata Amapá;

Como o tucumã, o cupu, o cará.

Eu canto o choro dos filhos de cá.

Que sofrem na luta e num grito se escuta...

Não Mata Amapá

Odália Araújo