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Um olhar sobre... A Poesia... Semana da Leitura De 8 a 12 de Março 2010

Poesia na Rua

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Semana da Leitura

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Page 1: Poesia na Rua

Um olhar sobre...

A Poesia...

Semana da Leitura

De 8 a 12 de Março 2010

Page 2: Poesia na Rua

Ai que cheirinho a pão quentinho!

Senhora padeira,

Mas que canseira!

Toda a noite a trabalhar

Obrigada, querida amiga,

Porque me vou consolar.

Poema às massas

Amassa a massa o padeiro,

vende massa o merceeiro,

usa massa o vidraceiro

e também o cozinheiro.

Na Avenida e no Rossio

passam massas populares,

as canções que as massas cantam

vão voando pelos ares.

Ó ladrão, senhor ladrão,

responda, mas não se zangue,

a mania de roubar

está-lhe na massa do sangue?

Perdi todo o meu dinheiro,

fui pedir massa emprestada,

mas a massa que me deram,

vejam - foi massa folhada!

Uma massa, outra massa...

Com tanta massa amassada,

digam lá se este poema

não é mesmo uma maçada!

Luísa Ducla Soares

Poemas da Mentira e da Verdade

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Page 3: Poesia na Rua

No centro da vila, o Café Central!

À mesa,

Bebendo chá ou café

Os amigos trocam conversas

Falam da Maria e do Zé!

Jogam às cartas

Apostam na sorte

No Euromilhões e na Lotaria.

E quando se ganha:

Ai que alegria!

A Minha Casinha

Fiz uma casinha

de chocolate,

tapei-a por cima

com um tomate.

Pus-lhe uma janela

de rebuçado

e mais uma porta

de pão torrado.

Pus-lhe um chupa-chupa

na chaminé;

a fazer de neve,

açucar pilé.

A minha casinha

bem saborosa…

comi-a ao almoço.

Sou tão gulosa!

Luísa Ducla Soares

Poemas da Mentira e da Verdade

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Page 4: Poesia na Rua

Senhor Presidente,

Faça uma pausa

Dê um minuto

A quem o vem visitar.

Quer ouvir um poema?

Diga que sim,

Nós não vamos demorar!

A vida de uma cidade

Na cidade, o cidadão

Trabalha na profissão.

O calceteiro meio curvado

Embeleza o empedrado

Sempre tão pobre

Coitado.

O empregado de café

A fazer de equilibrista

Vai e vem no mesmo pé.

Onde houver uma impureza

Está o homem da limpeza

E entre papéis a voar

Restos do que ninguém usa

E fome de matar bicho,

Triste vida leva o homem

Que vive a apanhar o lixo.

Quase sem força nas pernas

Passa a senhora Maria:

- Fruta fresca do pomar! -

Lá vai ela a apregoar.

Parado no cruzamento

O autocarro não anda

Se o condutor não comanda.

E desde que o sol nasce

Até ir para outras bandas

Assim corre o formigueiro

Que enche as ruas da cidade.

Por praças, largos e esquinas,

Travessas, recantos, escadas,

Por toda a parte se sente

Que a cidade só existe,

Só resiste, porque há gente.

Estátuas, jardins, monumentos,

Parques, escolas, hospitais,

Não são prendas de almas boas

A vida de uma cidade

Nasce das mãos das pessoas.

Fernando Bento Gomes,

Aventuras do Espantalho Voador

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Page 5: Poesia na Rua

Bombeiro amigo,

Nos livras do perigo

E nos dás a mão.

Bombeiro!

Estás sempre no nosso coração.

Andam Tristes os Bichos da Terra

Andam tristes os bichos da Terra

por verem crescer cidades sem sol

sobre as pedras esquecidas

perdidas no tempo com tudo por contar.

«Vamos salvar o que resta das pedras!»

dizem os bichos da Terra,

sentados em círculo à volta do fogo

e eu oiço-os falar e oiço-os sonhar

e dou-lhes razão,

razão que sobra para os ajudar.

Depois da água e da pedra, digo fogo

e fico a tremer, não de frio, mas de medo,

com medo de ver a floresta ardida,

a casa queimada, o cereal em cinza, o pão por fazer.

Oiço sirenes, gritos na noite

e volto a tremer com medo do fogo da chama

que chama mais fogo, mais fogo.

Chega a água e apaga o lume.

saltam da toca os bichos da Terra

e fazem uma roda contentes

por verem a seiva a correr,

a floresta de novo a cantar

com árvores velhas, sábias e firmes

dançando belas canções de embalar.

José Jorge Letria- Viagem ao Verde 5

Page 6: Poesia na Rua

A D. Lucinda, no seu salão

Com a tesoura na mão

E o jeitinho nos seus dedos

Transforma os caracóis,

Sem hesitações, sem medos,

Em cabelos lisos

Esvoaçantes

Brilhantes…

O colchão dentro do toucado

Chaves na mão, melena desgrenhada,

batendo o pé na casa, a Mãe ordena

que o furtado colchão, fofo e de pena,

a filha o ponha ali, ou a criada.

A filha, moça esbelta e aperaltada

Lhe diz co´a doce voz que o ar serena:

- Sumiu-se-lhe o colchão, é forte pena!

Olhe não fique a casa arruinada...

- Tu respondes assim? Tu zombas disto?

Tu cuidas que, por teu pai embarcado,

já a mãe não tem mãos? E dizendo isto,

Arremete-lhe à cara e ao penteado;

Eis senão quando – caso nunca visto! –

Sai-lhe o colchão de dentro do toucado.

Nicolau Tolentino Sec. XVIII

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Page 7: Poesia na Rua

Senhores funcionários,

Não façam confusão!

Tantas cartas que chegaram!

Tantos embrulhos, enfim…

Olhe, eu moro em Caxarias,

Veja lá, com atenção,

Veio algo para mim?

O carteiro

Manhã cedo segue a marcha

sempre na mesma cadência

e lá vai de caixa em caixa

metendo a correspondência

para uns são alegrias

para outros tristezas são

o carteiro não tem culpa

é a sua profissão

Chegou o carteiro

das nove p´ras dez

a vizinha do lado

de roupão enfiado

chegou-se à janela

em bicos de pés

e logo gritou:

"Traz carta p´ra mim?"

e o carteiro que é gago

espera um bocado

e responde-lhe assim:

"Não não não não não

não não não trago nada

só só só só só

só trago o pacote

da sua criada"

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Page 8: Poesia na Rua

E o sr. Roque desespera

pelo vale que nunca vem

vai sentindo infelizmente

como faz falta o vintém

para uns são alegrias

para outros tristezas são

o carteiro não tem culpa

é a sua profissão

Chegou o carteiro

das nove p´ras dez

a vizinha do lado

de roupão enfiado

chegou-se à janela

em bicos de pés

e logo gritou:

"Traz carta p´ra mim?"

e o carteiro que é gago

espera um bocado

e responde-lhe assim:

"Não não não não não

não não não trago nada

só só só só só

só trago o pacote

da sua criada"

Quando o carteiro se atrasa

os protestos são em coro

as garotas ansiosas

por notícias do namoro

para umas são alegrias

para outras tristezas são

o carteiro não tem culpa

é a sua profissão

Conjunto António Mafra

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Page 9: Poesia na Rua

Trem de ferro

Café com pão

Café com pão

Café com pão

Virge Maria

que foi isso maquinista?

Agora sim

Café com pão

Agora sim

Voa, fumaça

Corre, cerca

Ai seu foguista

Bota fogo

Na fornalha

Que eu preciso

Muita força

Muita força

Muita força

Oô...

Passa o comboio

Na estação.

Ó senhor maquinista,

Faça muita atenção!

Veja o horário

Da partida e da chegada.

Vai para o Porto, ou para a capital?

Quem entra…

Quem sai…

Não conhece, pois não?

Deixe lá, não faz mal!

Foge, bicho

Foge, povo

Passa ponte

Passa poste

Passa pasto

Passa boi

Passa boiada

Passa galho

Da ingazeira

Debruçada

No riacho

Que vontade

De cantar!

Vou depressa

Vou correndo

Vou na toda

Que só levo

Pouca gente

Pouca gente

Pouca gente...

Manuel Bandeira

Estrela da Manhã 9

Page 10: Poesia na Rua

Tenho aqui uma dor

Atchim, estou constipada

Senhora farmacêutica,

Não tem por aí nada?

Um comprimido…

Ou um xarope…

Qualquer coisa para tomar!

Ó senhora doutora,

Será que me pode ajudar?

Oração ao Farmacêutico

Bendito sejas tu!... Que em horas mortas,

Para servir um lar que a dor invade,

Vais abrir tua porta com bondade

Quando o sono fechou todas as portas!

Bendito sejas tu!...Que mal suportas

Dos venenos a cruel letalidade

E os transforma, por bem da humanidade,

Nos bálsamos que arranca das retortas!

Quando o mundo chegar a novas eras,

Quando os homens, em vez de serem feras,

Se unirem pela força dos ideais

Erguer-se-ão monumentos de granito

Em cujos pedestais se tenha escrito

“Farmacêutico” só! Para quê mais?

Álvaro de Albuquerque

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Page 11: Poesia na Rua

Ao Centro de Saúde

Vem o velho e a criança

Há doença e há esperança

Há desabafos, sorrisos…

Encontros com o doutor

E também com a enfermeira.

Vê-se a tensão arterial

E pondo-se a jeito

Ausculta-se o peito

Ah, é aí que está o mal!

O medo

Fiquei com pele de galinha

com os dentes a bater

e os joelhos a abanar

sozinho no arvoredo

e a noite metia medo!

Estava branco como a cal

estava com palpitações

estava sem pinta de sangue

sem palavras, mudo e quedo

com certeza, era do medo!

Tinha os cabelos em pé

tinha o coração nas mãos

suores frios e coceiras

e na boca um gosto azedo

de tanto engolir o medo!

Queres rezar pelas alminhas?

Queres sentir dor de barriga

e tremer como varas verdes?

Vou ensinar-te o segredo

não há melhor do que o medo!

Sérgio Godinho

O Pequeno Livro dos Medos

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Page 12: Poesia na Rua

“As pessoas que lêem

vivem muitas vidas.

As pessoas que não lêem

vivem apenas a sua!...”

S.I. HayaKma

Professor e escritor norte-americano

Mas ler, nem sempre é um hábito presente no dia a dia das pessoas.

Cabe-nos a nós, Biblioteca Escolar, intervir neste âmbito, dando o seu contributo, oferecendo uma grande variedade

de livros, documentos e actividades que podem ser partilhados com todos os que gostam de ler e, sobretudo, seduzir

aqueles que ainda não despertaram para a magia da Leitura.

Boas Leituras!

A equipa da Biblioteca Escolar

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