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Política Social no Brasil: notas e críticas a partir da Teoria Marxista da Dependência Rodrigo de Souza Filho Doutor em Serviço Social pela UFRJ e professor da Faculdade de Serviço Social da UFJF Este artigo compõe a Revista Conexão Geraes do CRESS-MG nº 5/2014. INTRODUÇÃO As breves notas apresentadas neste artigo possuem caráter exploratório e apresentam como hipótese, para futuros desdobramentos, o entendimento de que na América Latina, devido à estrutura da dependência, as demandas e necessidades sociais para a reprodução da força de trabalho são exponenciadas e os recursos do fundo público para atender tais demandas/necessidades são estruturalmente restringidos. Além disso, indicamos que o autodenominado “neodesenvolvimentismo” implementado pelos governos do Partido dos Trabalhadores (PT), não passa do modelo neoliberal com ajustes, mantendo, portanto, a dinâmica estrutural da dependência, caracterizada pela superexploração da força de trabalho, nos termos de Marini (2005). Para o desenvolvimento destas reflexões, partimos da compreensão de que a expansão do fundo público no capitalismo se realiza devido à ampliação das funções econômicas, para intervir na dinâmica monopólica, e da expansão da função de integração do Estado, via políticas sociais, para contribuir com o processo de legitimação da ordem. A mediação objetiva que estabelece a relação entre a orientação da política econômica e a configuração da política social é realizada através do fundo público. O cenário de expansão das políticas sociais determina, assim, “uma redistribuição considerável do valor socialmente criado em favor do orçamento público, que tinha de absorver uma percentagem cada vez maior de rendimentos sociais a fim de proporcionar uma base material adequada à escala ampliada do Estado do capital monopolista” (MANDEL, 1982: 339). O processo de expansão do fundo público gerou, na interpretação precisa de Oliveira (1998), a constituição de uma esfera pública em torno do orçamento do Estado, produzindo mais um espaço onde se realiza a luta de classes. As disputas tanto no campo da arrecadação quanto na definição dos gastos públicos expressam as lutas entre as classes e frações de classes na sociedade. Obviamente, a existência dessas lutas, não retira o caráter objetivo da necessidade estrutural do fundo público para a reprodução ampliada do capital no quadro do capitalismo monopolista. Contudo, as ações das classes, neste processo, podem produzir, em determinadas conjunturas, uma retração da exploração. Neste cenário, “a fração do trabalho não pago, fonte da mais-valia, se reduz socialmente” (idem, p.26). O aspecto mais imediato que expressa o limite e a possibilidade da expansão do fundo público para as políticas sociais diz respeito à sua relação com a política econômica (principalmente na sua expressão tributária e na do gasto público indicado na peça orçamentária). Nesse sentido,

Politica Social No Brasil _ Notas e Criticas a Partir Da Teoria Marxista Da Dependencia

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  • Poltica Social no Brasil: notas e crticas a partir da TeoriaMarxista da Dependncia

    Rodrigo de Souza Filho Doutor em Servio Social pela UFRJ e professor da Faculdade de Servio Social da UFJFEste artigo compe a Revista Conexo Geraes do CRESS-MG n 5/2014.INTRODUOAs breves notas apresentadas neste artigo possuem carter exploratrio e apresentam comohiptese, para futuros desdobramentos, o entendimento de que na Amrica Latina, devido estrutura da dependncia, as demandas e necessidades sociais para a reproduo da fora detrabalho so exponenciadas e os recursos do fundo pblico para atender taisdemandas/necessidades so estruturalmente restringidos. Alm disso, indicamos que oautodenominado neodesenvolvimentismo implementado pelos governos do Partido dos Trabalhadores (PT), no passa do modelo neoliberal com ajustes, mantendo, portanto, adinmica estrutural da dependncia, caracterizada pela superexplorao da fora de trabalho,nos termos de Marini (2005). Para o desenvolvimento destas reflexes, partimos da compreenso de que a expanso dofundo pblico no capitalismo se realiza devido ampliao das funes econmicas, paraintervir na dinmica monoplica, e da expanso da funo de integrao do Estado, via polticassociais, para contribuir com o processo de legitimao da ordem. A mediao objetiva que estabelece a relao entre a orientao da poltica econmica e aconfigurao da poltica social realizada atravs do fundo pblico. O cenrio de expanso daspolticas sociais determina, assim, uma redistribuio considervel do valor socialmente criadoem favor do oramento pblico, que tinha de absorver uma percentagem cada vez maior derendimentos sociais a fim de proporcionar uma base material adequada escala ampliada doEstado do capital monopolista (MANDEL, 1982: 339). O processo de expanso do fundo pblico gerou, na interpretao precisa de Oliveira (1998), aconstituio de uma esfera pblica em torno do oramento do Estado, produzindo mais umespao onde se realiza a luta de classes. As disputas tanto no campo da arrecadao quanto nadefinio dos gastos pblicos expressam as lutas entre as classes e fraes de classes nasociedade. Obviamente, a existncia dessas lutas, no retira o carter objetivo da necessidadeestrutural do fundo pblico para a reproduo ampliada do capital no quadro do capitalismomonopolista. Contudo, as aes das classes, neste processo, podem produzir, em determinadasconjunturas, uma retrao da explorao. Neste cenrio, a frao do trabalho no pago, fonte da mais-valia, se reduz socialmente (idem, p.26). O aspecto mais imediato que expressa o limite e a possibilidade da expanso do fundo pblicopara as polticas sociais diz respeito sua relao com a poltica econmica (principalmente nasua expresso tributria e na do gasto pblico indicado na pea oramentria). Nesse sentido,

  • para um enfrentamento das expresses da questo social que venha a atender de forma maisampla os interesses da classe trabalhadora, exige-se uma poltica econmica tambm com este objetivo. Portanto, uma poltica econmica que refora as desigualdades sociais, que nopotencializa o enfrentamento das iniquidades sociais determina as (im)possibilidades deconstruo de uma poltica social voltada para os interesses das classes subalternas. Assim, uma poltica tributria regressiva e um gasto pblico voltado, prioritariamente, para osinteresses imediatos do capital, em suas diferentes fraes, no iro propiciar a expanso depolticas sociais numa perspectiva universalista. Em linhas gerais, esta configurao vem a seraquela constituda pelos pases dependentes, devido sua dinmica estrutural. 1 - A DINMICA DO FUNDO PBLICO NOS PASES DEPENDENTES: BREVES NOTASA insero dos pases perifricos/dependentes na dinmica do capitalismo tardio realizada, emgeral, a partir de uma diviso internacional do trabalho, onde cabe periferia a produo dematrias primas, gneros alimentcios e bens de consumo no durvel. Alm dessa caracterstica, os bens de consumo durveis so produzidos a partir da associaocom o capital internacional (emprstimo, investimento externo direto, pagamento de royalties...)e/ou comprando mercadorias do exterior, principalmente relacionadas ao capital constante,necessrias para a produo de bens industrializados (MARINI, 2005 e AMARAL eCARCANHOLO, 2012). Assim, seja atravs da construo dos preos de produo (diferencial da taxa de lucro) oudevido origem do capital e/ou origem de determinadas mercadorias que compem o capitalconstante (fixo), ocorre transferncia de valor produzida na periferia para o centro. Estemovimento para os pases centrais do valor produzido na periferia tem como consequncia areduo do excedente disponvel para a dinmica interna da produo e reproduo dasrelaes sociais dos pases perifricos. Do ponto de vista do capital, a consequncia imediata a reduo da quantidade de mais valorque pode ser apropriado privadamente, seja para o consumo do capitalista, seja para areproduo e ampliao do capital. Esta situao gera a necessidade estrutural de compensar aperda da mais valia, ocasionada pela transferncia de valor. Conforme explicita Marini (2005, p.154):Vimos que o problema colocado pela troca desigual para a Amrica Latina no precisamente ade se contrapor transferncia de valor que implica, mas compensar a perda da mais-valia, eque, incapaz de impedi-la no nvel das relaes de mercado, a reao da economia dependente compens-la no plano da produo interna.Neste sentido, Marini (2005) defende a tese de que a dinmica da dependncia implica naconfigurao da superexplorao da fora de trabalho como elemento estrutural do processo deproduo e reproduo das relaes sociais dos pases perifricos. Nas palavras do autor:Chamada para contribuir com a acumulao de capital com base na capacidade produtiva do trabalho, nos pases centrais, a Amrica Latina teve de faz-lo mediante uma acumulaobaseada na superexplorao do trabalhador. nessa contradio que se radica a essncia dadependncia latino-americana (MARINI, 2005, p. 162).De acordo com Marini (2005), diante da sangria de mais valor dos pases dependentes e da

  • impossibilidade/dificuldade de aumento de produtividade (no acesso tecnologia e no condio de desenvolver tecnologia de forma endgena, devido, dentre outras, necessidade de altos investimentos), a elevao da taxa de mais valia realizada custa da extrao demais trabalho no remunerado de seus operrios. Esta elevao da extrao do mais trabalho realizada atravs da violao do valor da fora de trabalho. Sendo assim, o que caracteriza asuperexplorao da fora de trabalho nos pases dependentes seu carter estrutural deviolao do valor da fora de trabalho como dinmica da produo e reproduo das relaessociais capitalistas. Ou seja, a superexplorao da fora de trabalho uma particularidade doprocesso de acumulao capitalista que ocorre nas formaes sociais dependentes.Osrio (2009, p. 175) sintetiza esta formulao precisamente quando afirma que asuperexplorao, nas economias dependentes, se encontra no centro da acumulao:E ganha sentido quando se analisa o capitalismo como sistema mundial, que reclamatransferncia de valores das regies perifricas para o centro, e quando as primeiras comoforma de compensar essas transferncias, acabam transformando parte do fundo necessrio deconsumo do operrio em um fundo de acumulao de capital, dando origem a uma formaparticular de capitalismo: o dependente (OSRIO, 2009, p. 175).Visando caracterizar a superexplorao, o mesmo autor, em artigo mais recente (OSRIO, 2013,p. 63), destaca que a superexplorao a violao do valor da fora de trabalho e que ela serealiza sob diversas formas, algumas violando diretamente o valor dirio da fora de trabalho eoutras, mediadas, violando seu valor total. Amaral e Carcanholo (2012, pp 99 e 100) indicamque os mecanismos de efetivao da superexplorao so: a) a intensificao do trabalho, apartir de um patamar; b) prolongamento da jornada de trabalho, tambm a partir de um determinado nvel; c) a reduo do salrio, atravs da apropriao, por parte do capitalista, deparcela do fundo de consumo do trabalhador; e d) ampliao histrica do valor da fora detrabalho, sem o devido repasse ao trabalhador. Num esforo de sntese, Carcanholo (2013) afirma:i) a superexplorao uma categoria que no pode ser confundida com as distintas formasexistentes no capitalismo para elevar a taxa de mais-valia (taxa de explorao), ainda que spossa se materializar por meio destas formas; e ii) a superexplorao uma categoriaespecfica da economia dependente portanto, em um menor nvel de abstrao do que as leisgerais do modo de produo capitalista , mesmo que, evidentemente, enquanto forma deelevao da taxa de mais-valia, opere em qualquer economia capitalista, mesmo nas centrais.A consequncia da dinmica da superexplorao, decorrente da transferncia de parte do maisvalor produzido nos pases dependentes para os pases centrais, para o desenvolvimento depolticas sociais duplamente perverso.Por um lado, na perspectiva da distribuio da renda nacional, temos a reduo das condiesobjetivas de destinao de recursos, oriundos da produo de riqueza nacional, constitutivos dofundo pblico, necessrias para expanso/universalizao dos direitos sociais. Em outras palavras, como parte do excedente produzido pelos pases dependentes transferida para os pases centrais, h necessidade de o capital compensar esta perda. Uma parcela destacompensao, estruturalmente, realizada pela superexplorao. No entanto, outra parcela

  • compensada pelo fundo pblico constitudo pelo Estado. Dessa forma, estruturalmente tambm,h necessidade de o Estado suprir esta demanda do capital, seja para compensar a transferncia de valor, seja para subsidiar o processo de industrializao no quadro tardio daexpanso das relaes capitalistas dos pases perifricos.Em relao a este ltimo aspecto (processo de industrializao), convm sinalizar que Marx, ao tratar do capital inicial necessrio para iniciar um investimento, indica que este valor varia emdiferentes graus de desenvolvimento da produo capitalista e, dado o grau dedesenvolvimento, diferente nas diferentes esferas da produo, conforme as condies tcnicas especficas de cada uma. Neste sentido, conforme ressalta o autor, leva o Estado asubsidiar determinadas iniciativas particulares, na medida em que no se encontram capitaisdisponveis suficientes em mos de indivduos isolados (MARX, 1996, p. 423). Este quadro seintensifica ao considerarmos a condio de insero dos pases perifricos/dependentes na dinmica do capitalismo tardio, exigindo que parte do fundo pblico seja destinado expansodas relaes capitalistas, independente da transferncia de valor que ocorre devido situaode dependncia. Como decorrncia de todo esse movimento descrito anteriormente, os recursos que poderiamser disputados para o desenvolvimento de polticas sociais so reduzidos. Este fato nos parece determinante, do ponto de vista objetivo, para uma tendncia de produo,nos pases dependentes, de polticas tributrias regressivas, mesmo em condies de baixacapacidade de tributao sobre o trabalho, devido superexplorao. Por outro lado, a dinmica da violao do valor da fora de trabalho deteriora as condies devida da classe trabalhadora de maneira substantiva, produzindo um agravamento dasexpresses da questo social e, portanto, ampliando as necessidades fundamentais para areproduo social do trabalhador.Sintetizando, o quadro exposto aponta para a baixa condio de vida da classe trabalhadora,gerando aumento das necessidades para sua reproduo social, e uma restrio do fundopblico para o desenvolvimento de polticas sociais. Consideramos que esses elementos conformam as determinaes objetivas centrais que fundamentam a precarizao das polticassociais nos pases perifricos.2 - FUNDO PBLICO E POLTICAS SOCIAIS NO BRASIL: A ESTRUTURA DA DEPENDNCIA NA PARTICULARIDADE BRASILEIRAA Revoluo de 1930 um ponto de inflexo na trajetria histrica do Brasil, na medida em que representa o incio de um novo projeto poltico e social para a sociedade: industrializao eurbanizao, sob o comando da interveno estatal, a partir do pacto conservador entre aoligarquia agrria e a burguesia emergente.Do ponto de vista da economia poltica, esse projeto, como muito bem demonstrado por Oliveira(2003), conduzido a partir da articulao entre a economia agrria e a indstria emergente,constituindo um entrelaamento entre caractersticas pr-capitalistas e capitalistas de produo,atravs da relao entre a produo agrcola baseada numa intensiva explorao de trabalho e arecente produo industrial que se beneficia daquela explorao.Segundo a anlise de Oliveira (2003, pp. 45-47), a relao dialtica entre a agricultura e o setor

  • industrial emergente se expressa na funcionalidade da agricultura para o crescimento industrial,via fornecimento da fora de trabalho e de alimentos, atravs da manuteno do padroprimitivo de acumulao na agricultura, baseado numa alta taxa de explorao da fora de trabalho (OLIVEIRA, 2003, p. 45).De acordo com o analista (IDEM, pp. 55-58), esta mesma articulao que combina alta taxa deexplorao da fora de trabalho na agricultura e ampliao das condies de acumulaourbana-industrial, no incio do processo de industrializao brasileiro, ocorrer, no momentoposterior de consolidao do referido processo, entre o setor tercirio e o setor industrial. Ou seja, como a industrializao brasileira desenvolveu-se com base numa acumulao capitalistarazoavelmente pobre, no momento de sua consolidao, a exigncia de expanso do setortercirio teve de ser atendida, tambm, atravs do crescimento no-capitalstico do setorTercirio. Dessa forma, como argumenta Oliveira (IDEM, p.57), os servios realizados base de purafora de trabalho, que remunerada a nveis baixssimos, transferem, permanentemente, paraas atividades econmicas de corte capitalista, uma frao de seu valor, mais valia em sntese.Em nosso entendimento - apesar do autor no fazer esta articulao -, essa anlise concreta daexpanso e consolidao das relaes capitalistas no Brasil, fundada na alta taxa deexplorao e remunerao a nveis baixssimos da fora de trabalho, realizada por Oliveira(2003), nos permite indicar, como hiptese, que essa a singularidade do processo de superexplorao em nosso Pas. Dessa forma, a dinmica estrutural da dependncia no Brasil,fundada na superexplorao da fora de trabalho, se realiza objetivamente atravs das conexes existentes entre o processo de industrializao, responsvel pela expanso das relaescapitalistas no Brasil, e as funes desempenhadas pelo setor agrcola e pelo setor tercirio,tendo como base o rebaixamento do valor da fora de trabalho rural e do setor tercirio. Florestan Fernandes (1981: 241) completa a anlise mostrando que o desenvolvimentocapitalista no Brasil se processa a partir de uma dupla articulao: 1.) internamente, atravs daarticulao do setor arcaico ao setor moderno (...); 2.) externamente, atravs do complexoeconmico agro-exportador s economias capitalistas centrais. Esse tipo de transio daeconomia capitalista brasileira produziu uma aliana entre a burguesia industrial emergente e setores da oligarquia agrria para processar o projeto de industrializao e urbanizao deforma dependente ao capital internacional. Neste contexto, criou-se, ento, no pas um sistema diferenciado de interveno na rea social. Para os trabalhadores urbanos regulamentados estruturou-se um sistema pblico de proteosocial, baseado na previdncia social e assistncia mdica, desenvolvido pelos Institutos deAposentadoria e Penses (SANTOS, 1987); para os demais trabalhadores e o restante dapopulao, ou seja, aos excludos do sistema pblico, destinou-se o aparato assistencial existente, fundado nas aes das entidades filantrpicas (laicas e religiosas), apoiando suaexpanso, atravs de subvenes pblicas (MESTRINER, 2001). Assim, de forma geral,podemos dizer que a poltica social no Brasil ser constituda tendo como base as concepesde cidadania regulada (SANTOS, 1987), na perspectiva da poltica previdenciria e deassistncia mdica - destinada aos trabalhadores urbanos que possussem sua profisso

  • reconhecida legalmente -, a qual ser implementada com base na lgica corporativo-estatal, e acidadania invertida (FLEURY, 1991) como expresso da ao assistencial - destinadas aosdemais segmentos da populao -, configurando-se como recurso de clientelismo do podercentral. importante destacar que esse formato de desenvolvimento de polticas sociais no Brasil - incorporao seletiva e limitada das classes subalternas s riquezas produzidas nacionalmente -se adqua ao processo de desenvolvimento de nosso capitalismo dependente que, conformedescrito acima, por condies estruturais no possua recursos para a implementao depolticas sociais amplas e abrangentes. Ou seja, as condies objetivas postas eram adversas aum projeto de universalizao e aprofundamento de direitos sociais. Em linhas gerais, essepadro de operar as polticas sociais no sofrer alterao at o advento do golpe de 1964.Na anlise de Fiori (1995), o processo de consolidao monoplica do projeto de capitalismoperifrico e dependente, implementado a partir de 1964, se caracteriza, uma vez mais, comouma fuga para frente. Para fugir dos conflitos e contradies do projeto de economiadependente, o Estado desenvolvimentista projetava-se para frente, buscando ampliar as condies de acumulao, atravs de sua maior interveno na economia. A opo poltica das classes dominantes se orientou, por um lado, para manter a duplaarticulao e, por outro lado, para excluir as classes trabalhadoras do processo de participaopoltica das decises sobre o desenvolvimento e da ampliao do acesso s riquezasproduzidas, mantendo assim, como destaca Oliveira (2003), o carter concentrador de poder,renda e propriedade. O socilogo afirma que a diferena fundamental do sistema ps-1964 do de etapas anteriores talvez se expresse na combinao de um maior tamanho com a persistnciados antigos problemas. Sob esse aspecto, o ps-64 dificilmente se compatibiliza com a imagemde uma revoluo econmica burguesa, mais semelhante com o seu oposto, o de umacontrarrevoluo (OLIVEIRA, 2003, p. 106 itlicos no original). Oliveira (2003, p. 84) afirma que a acelerao, a partir do perodo Kubitschek, fundada numabase capitalstica interna pobre e nas condies internacionais descritas, requeria, para sua viabilizao, um aumento na taxa de explorao da fora de trabalho. Em seguida, afirma o autor: a represso salarial um fato (Idem, p. 100). Esta represso essencial para sustentara superacumulao necessria para viabilizar a realizao da acumulao real. Oliveira (2003: 100-105) demonstra que a situao de manuteno da desigualdade socialdurante a expanso capitalista no perodo ps-1964, mais precisamente a partir de 1967, explica-se pela necessidade de se realizar um processo de acumulao compatvel com a estratgia demonopolizao e acelerao da industrializao do perodo, atravs do aprofundamento daexplorao do trabalho como mecanismo central para resolver as contradies entre relaes deproduo e desenvolvimento das foras produtivas, na medida em que necessrio aumentar ataxa de lucros, para ativar a economia, para promover a expanso (idem: 100). Nesse sentido,afirma o autor, o aprofundamento da taxa de explorao do trabalho se apresenta como requisito estrutural da expanso monoplica. reafirmada a opo da burguesia brasileira de se aliar ao capital internacional, mantendo, mesmo que de forma subordinada, as oligarquias agrrias no poder, em detrimento de uma

  • aliana progressista com a classe trabalhadora voltada para um projeto burgus nacional-democrtico. Ao longo desse perodo (1964-1985), com a restrio dos direitos civis e polticos, os direitossociais implementados pela ditadura civil-militar, por meio de suas polticas sociais, marcaram oincio do desmonte do aparato de regulao da cidadania, unificando, uniformizando eampliando os servios sociais, com certa tendncia universalizante. Como no se procedeu auma alterao substancial das bases de financiamento das polticas sociais, devidos ao dilemaestrutural da dependncia, conforme abordado anteriormente, ampliaram-se os servios debaixa qualidade.Conforme sinaliza Werneck Vianna (1998), institui-se uma americanizao perversa naseguridade social brasileira. A universalizao das polticas sociais se processa de maneiracombinada mercantilizao de servios. Forja-se um sistema pblico de baixa qualidade paraa massa da populao brasileira. Por outro lado, cria-se um sistema privado (principalmente nasreas de sade e educao) para as camadas mdia e alta da sociedade. Portanto,desenvolvem-se polticas sociais de tendncia universalizante, conduzidas pelo Estado, pormconstitudas sobre uma estrutura institucional residual e precria para desenvolver tal tarefa. A no efetivao da universalizao dos servios possibilitou que se mantivesse, dessa forma, asituao de cidadania invertida para a grande maioria da populao brasileira em combinaocom a expanso de servios sociais pblicos de baixa qualidade. As polticas sociais de baixa qualidade foram organizadas atravs de uma estruturaadministrativa tambm de baixa qualidade, a expanso de servios no foi acompanhada porum incremento proporcional nos investimentos para sua implementao, devido, principalmente,ao investimento no processo de consolidao da fase monoplica no Pas, no contexto dadependncia.Neste sentido, reproduz-se a dinmica da superexplorao como elemento estrutural da acumulao perifrica, devido manuteno da transferncia de valor produzida internamente,agora no quadro da consolidao da fase monoplica no Brasil, impactando, as condies dedisponibilizao do fundo pblico para as polticas sociais. Dessa forma, sobre outras bases,rearticula-se a dinmica pautada, por um lado, pela deteriorao das condies de vida dasclasses subalternas e, pelo outro, pelos parcos recursos disponveis do fundo pblico para ofortalecimento de polticas sociais universalistas, gratuitas e de qualidade, reatualizando asdeterminaes objetivas centrais que fundamentam a precarizao das polticas sociais nospases perifricos, conforme j indicado.3 - CRISE DO CAPITAL E A CONJUNTURA BRASILEIRA DOS ANOS 2000: AJUSTE NOMODELO NEOLIBERAL DA DEPENDNCIA OU NOVO DESENVOLVIMENTISMO?No Brasil, os princpios da Carta de 1988 relativos criao de um sistema de proteo socialpblica universalista e da criao de espaos institucionais democrticos no mbito das polticaspblicas setoriais deram-se, em concomitncia, ao contexto de crise e de rearranjo mundial docapitalismo a partir dos finais da dcada de 70: a passagem para um novo padro deacumulao (a chamada acumulao flexvel) e para um novo regime de regulao social (as polticas estatais deveriam seguir as polticas de ajuste neoliberais impostas pelos organismos

  • internacionais). A nova agenda poltica nacional inaugurada com a Carta de 1988 no poderia ser implementada- dada a nossa condio de pas de capitalismo perifrico e dependente - em face de umpensamento nico mundial que enunciava uma poltica de ajuste dominada por temas comorefluxo do Estado e primazia do mercado, desregulamentao e privatizao, reduo dosfundos pblicos para o financiamento das polticas sociais - e a consequente substituio dauniversalidade pelo binmio focalizao/assistencializao - enfim, uma agenda que s podia serconduzida contra as conquistas de 1988. A poltica econmica dos dois governos de Cardoso (1995-1998 e 1999-2002) se caracterizoupela dominncia ortodoxo-monetarista, supervalorizando a estabilizao e o controle inflacionrioe a reduo do papel do Estado na rea social (FIORI, 1995; SOARES, 2001). Nesse quadro, asestratgias de focalizao via programas de combate pobreza - e descentralizao - apelo solidariedade voluntria contriburam, como sinalizam Laurell (1995) e Soares (2001) para amanuteno de mecanismos clientelistas na rea social. Dessa forma, reeditado, de formaorgnica, o pacto de dominao conservadora que implementou o projeto desenvolvimentista,mas que, na conjuntura da crise daquele modelo, organiza-se para orientar uma intervenoeconmica e social pautada nas teses neoliberais.Os governos do Partido dos Trabalhadores (PT) de Lula da Silva, em 2003-2006 e 2007-2010, eDilma Rousseff, em 2011 at o momento, mantiveram, no geral, a poltica econmica e social dogoverno Cardoso (GONALVES e FILGUEIRAS, 2007; DRUCK e FILGUEIRAS, 2007;FILGUEIRAS et alii, 2010; GONALVES, 2012, 2013a, 2013b; CARCANHOLO, 2010;MARTINS, 2011).Em relao aos governos do PT, cabe de forma breve, destacar alguns elementos que mostrama continuidade da perspectiva neoliberal como eixo condutor das intervenes econmicas esociais do Estado, ao longo do perodo 2003-2013, apesar da existncia de melhoras emdiferentes indicadores sociais.O governo e os intelectuais vinculados ao PT tm difundido a ideia de que o avano socialconquistado est relacionado mudana do modelo de desenvolvimento produzido pela gestopetista. Ocorreram avanos sociais porque o modelo econmico-social deixou de ser neoliberal,passando para uma perspectiva ps-neoliberal (SADER, 2013) de cunho novo desenvolvimentista (OLIVA, 2010). Deve-se questionar essa explicao oficial, ou seja, a questo que deve ser analisada refere-sea como se explicam as melhoras de tais indicadores. Em outras palavras, os avanos sociaisesto vinculados, realmente, a uma alterao estrutural do modelo econmico e social brasileiroou so avanos decorrentes da conjuntura mundial de crescimento econmico que favorecerama economia brasileira e devido, tambm, aos ajustes realizados na gesto de polticas eprogramas sociais? De forma ilustrativa, podemos sintetizar as anlises de Gonalves (2012) e Carcanholo (2010)que mostram de forma contundente a manuteno da matriz neoliberal pelos governos Lula.Gonalves demonstra, a partir de dados empricos, que os governos do PT no produziram ummodelo novo desenvolvimentista, na medida em que no Governo Lula ocorre o nacional-

  • desenvolvimentismo com sinal trocado visto que a conduta do governo, o desempenho da economia e as estruturas de produo, comrcio exterior e propriedade caminham no sentidocontrrio ao que seria o projeto nacional-desenvolvimentista (GONALVES, 2012, p.7).Em relao estrutura produtiva e ao padro de comrcio, o economista mostra o processo de reprimarizao de nossa economia, implementado a partir da desindustrializao edessubstituio de importao, impulsionados pela liberalizao comercial. Os dados relativosao progresso tcnico explicitam a continuidade de nossa dependncia tecnolgica frente aospases centrais. Neste mesmo caminho, as informaes sistematizadas pelo autor desvelaram adesnacionalizao da propriedade no Brasil; a perda de competitividade internacional; a manuteno da vulnerabilidade externa estrutural, a partir do crescimento do passivo externo; aconcentrao de capital e a poltica econmica hegemonizada pelo setor financeiro.Enfim, o autor de forma incisiva apresenta dados empricos consistentes que indicam a noalterao do modelo de desenvolvimento econmico e social implementado pelos governos doPT em relao aos Governos de Cardoso. O artigo do economista Marcelo Dias Carcanholo demonstra que os governos do Presidente Lula mantiveram os dois pilares da estratgia neoliberal do Consenso de Washington, isto , aestabilizao macroeconmica como precondio e as reformas pr-mercado para a retomadados investimentos privados, no alterando, dessa forma, o modelo de desenvolvimento empauta. Alm disso, a anlise do autor mostra a manuteno da poltica econmica ortodoxaatravs das seguintes medidas: a) manuteno dos megassupervits primrios; b) manuteno do regime de metas inflacionrias; c) poltica cambial flutuante; d) manuteno da poltica comercial (CARCANHOLO, 2010, p. 115).Relacionado a esta ltima medida, Carcanholo analisa que a melhora das contas externasocorreu devido a uma conjuntura econmica mundial favorvel economia brasileira, fundadanos seguintes fatores: (i) alta no ciclo de liquidez internacional, que produziu a reduo dastaxas internacionais de juros e viabilizou um crescimento da economia mundial; (ii) fortecrescimento da economia chinesa, elevando a importao de produtos brasileiros (comodities); e(iii) crescimento do preo das commodities. (CARCANHOLO, 2010, p. 122). Nenhuma destas razes deve-se a ao do governo brasileiro. tudo fruto de um cenrioexterno extremamente favorvel, que propiciou o forte crescimento das exportaes, a reversono dficit da balana comercial e de transaes correntes e o acmulo de reservasinternacionais que permitiram, dentre outras coisas, o pagamento antecipado de um montante da dvida com organismos internacionais (idem, ibidem). A situao econmica mundialpotencializou o crescimento econmico nacional, favorecendo, assim, o afrouxamento da polticamonetria, produzindo a reduo dos juros, disponibilizando, desta forma, mais recursos parainvestimentos e programas sociais, principalmente, de recuperao do salrio mnimo e detransferncia de renda, voltado para o combate pobreza (FILGUEIRAS et alii, 2010). Portanto,as causas que produziram a melhora dos indicadores sociais, no esto relacionadas alterao do modelo econmico e social, mas sim a uma conjuntura externa favorvel

  • economia brasileira. Alm disso, segundo Osrio (2012), os pases latino-americanos nas ltimas dcadas incorporaram o modelo neoliberal sem romper significativamente com o padro dereproduo do capital do sculo XX, mantendo a estrutura de dependncia de suas economias,agora sob um padro exportador de especializao produtiva que preserva o peso da produoagromineira na produo e incorpora maior elaborao na produo dos bens exportados. Do ponto de vista social, neste contexto, temos por um lado, a despeito do aumento real dosalrio mnimo nos ltimos anos, o incremento da superexplorao da fora de trabalho(MARTINS, 2011a e LUCE, 2013). Por outro lado, a manuteno da lgica que privilegia polticas sociais focalizadas de transferncia de renda, em detrimento da expanso e qualificaodas polticas setoriais universais, informa a permanncia do modelo neoliberal no campo social,indicando, assim, a restrio dos recursos do fundo pblico para as polticas sociais. A poltica social do Governo Lula, dessa forma, coerente com o modelo econmico adotado.Ganha centralidade a tendncia assistencializao das polticas sociais na conjuntura atual(MOTA, 2008). Esse processo de assistencializao da proteo social brasileira se expressa natendncia expanso da poltica de assistncia social, via programas de transferncia de renda,em concomitncia a um processo de restrio e orientao privatizante das polticas de sade,previdncia e educao e ampliao do gasto pblico com o pagamento dos juros e servios dadvida. Os dados recentes expressam com preciso a manuteno da tendncia a assistencializao das polticas sociais. Entre 2011-2013, houve queda das despesas com as funes da rea social(assistncia social, sade, previdncia social e educao), em relao despesa total anual, de31,99%, em 2011, para 28,22%, em 2013. Por outro lado, ocorreu o crescimento das despesas com o pagamento de juros, amortizao erefinanciamento da dvida pblica, passando de 42,25% para 45,09%. Corroborando estaanlise, o crescimento nominal das despesas das funes da rea social, no perodo 2011-2013, menor (22,58%) do que o crescimento total das despesas (38,9%). Vale ressaltar que ocrescimento nominal, no perodo tratado, das despesas com o pagamento de juros, amortizao e refinanciamento da dvida pblica da ordem de 48,2%, o que mostra, inclusive, que aampliao deste gasto foi maior que o crescimento total das despesas pblicas. Alm disso, ocrescimento que ocorreu com as despesas da Funo Assistncia Social foi o maior (35,6%)dentre as funes da rea social (sade: 27,8%; previdncia social: 19,3% e educao: 26,3%). Em outras palavras, a dinmica permanece mantendo o crescimento do oramento pblico, coma ampliao do gasto para o pagamento dos juros e servios da dvida pblica, com reduo dosgastos da rea social, porm garantindo a expanso dos gastos com assistncia social,principalmente, via programas de transferncia de renda. Ou seja, reafirmao da tendncia assistencializao das polticas sociais.CONCLUSO Diante do exposto, podemos concluir apoiando a afirmao de Gonalves (2012, p.24) de que dentre os mritos ou pontos fortes [dos governos PT] no se encontram grandestransformaes, reverso de tendncias estruturais e polticas desenvolvimentistas. Naverdade, encontramos a manuteno da estrutura da dependncia, reafirmando a

  • superexplorao da fora de trabalho e, por consequncia, a dinmica de restrio dos recursosdo fundo pblico para a inverso em polticas sociais. Nas palavras de Osrio (2012, p. 104), o que temos na Amrica Latina so novas formas deorganizao reprodutiva que reeditam, sob novas condies, os velhos signos da dependncia edo subdesenvolvimento como modalidades reprodutivas que tendem a caminhar de costas paraas necessidades da maioria da populao.NOTAS1 - Este artigo foi elaborado com base na palestra realizada em Braslia, no dia 05 de abril de2013, por ocasio da Plenria Nacional CFESS-CRESS Desafios do Trabalho de Assistentes Sociais na Poltica de Assistncia Social e da interveno realizada, em Belo Horizonte, no IIISIMPSIO MINEIRO DE ASSISTENTES SOCIAIS Expresses socioculturais da crise do capital e as implicaes para a garantia dos direitos sociais e para o Servio Social, na mesaque abordou o tema Poltica Social e Neo-desenvolvimentismo: impactos na estrutura dedesigualdade, no dia 07 de julho de 2013.2 - Sobre as polmicas a respeito da formulao de Oliveira (1998) sobre o fundo pblico, ver asntese de Salvador (2010).3 - A possibilidade da superexplorao indicada por Marx no Livro I, volume 1 dO capital, empelo menos dois momentos: quando trata do valor da fora de trabalho no captulo IV (MARX, 1996, p. 290) e ao discutir o conceito de mais valia relativa, no captulo X (MARX, 1996, p.430).Alm dessas passagens, no Livro III, volume 4, captulo XIV (MARX, 2008, pp. 313-314), aodiscutir os fatores contrrios queda tendencial da taxa mdia de lucro, Marx tambm apresentaindicaes sobre a possibilidade da violao do valor da fora de trabalho no modo de produo capitalista. Para uma anlise acurada dessas indicaes marxianas e a categoriasuperexplorao, ver Osrio (2013).4 - Marini (2005) identifica como mecanismos de efetivao da superexplorao apenas os trsprimeiros indicados por Amaral e Carcanholo (2012). No entanto, consideramos adequada aincluso do quarto mecanismo proposto pelos autores.5 - Para o interesse do presente artigo, o fundamental explicitar as determinaes objetivas darestrio de utilizao do fundo pblico para as polticas sociais, por isso no entraremos nodebate sobre as condies subjetivas.6 - Ao longo do perodo 2003-2013, consideramos ser fato a existncia de melhoras em diversosindicadores sociais brasileiros, independentemente da crtica que possamos realizar em relaoa determinadas metodologias de construo e aferio de indicadores sociais e da qualidade evelocidade dos avanos identificados. Para um panorama da evoluo dos indicadores sociais,ver Indicadores de Desenvolvimento Brasileiro (BRASIL, 2013). 7 - Neste trabalho no reproduziremos os dados empricos levantados por Gonalves, quepodem ser encontradas em seu artigo (GONALVES, 2012), apenas indicaremos as concluses analticas do autor para cada dimenso investigada.8 - Em relao ao Governo Dilma, ver Gonalves (2013a e 2013b). A anlise do autor em relaoao Governo Dilma ratifica a manuteno do modelo liberal perifrico durante o governo daPresidenta petista. Se, por um lado, verdade que durante o governo FHC foi aplicado o

  • Modelo Liberal Perifrico; por outro, tambm verdade que as caractersticas marcantes destemodelo persistem, se consolidam e at mesmo avanam nos governos petistas (Gonalves,2013a, p. 22).REFERNCIASAMARAL, M.S. e CARCANHOLO, M.D. Superexplorao da fora de trabalho e transferncia devalor: fundamentos da reproduo do capitalismo dependente. In: FERREIRA, C.; OSRIO, J.; LUCE, M.S. (orgs). Padro de reproduo do Capital. So Paulo. Boitempo, 2012B R A S I L . I n d i c a d o r e s d e D e s e n v o l v i m e n t o B r a s i l e i r o . D i s p o n v e l e m :http://189.28.128.178/sage/apresentacoes/arquivos/ indicadores_de_desenvolvimento_2013.pdf.Acessado em: 05 jun 2013.CARCANHOLO, M.D. (Im)precises sobre a categoria superexplorao da fora de trabalho. In:Almeida Filho, N. (org). Desenvolvimento e dependncia: ctedra Ruy Mauro Marini. Braslia:Ipea, 2013.CARCANHOLO, Marcelo Dias. Insero externa e vulnerabilidade da Economia brasileira noGoverno Lula. In: MAGALHAES, Joo Paulo de Almeida (Org.). Os Anos Lula: contribuies paraum balano Crtico 2003-2010. Rio de Janeiro. Ed. Garamond, 2010. DRUCK, Graa.; FILGUEIRAS, Luis. Poltica social focalizada e ajuste fiscal: as duas faces dogoverno Lula. Revista Kallysis. Florianpolis, v. 10, n. 1, p. 24-34, jan./jun, 2007.FERNANDES, F. A revoluo burguesa no Brasil. Rio de Janeiro. Zahar Editores, 1981.FILGUEIRAS, Luis. et. alii,. Modelo liberal-perifrico e bloco de poder: poltica e dinmicamacroeconmica nos governos Lula. In: MAGALHAES, Jos Paulo de Almeida (Org.). Os AnosLula: contribuies para um balano Crtico 2003-2010. RJ: Garamond, 2010.FIORI, J.L. Em busca do dissenso perdido. Rio de Janeiro, Insight, 1995.FLEURY, S. Assistncia na previdncia social: uma poltica marginal. In: SPOSATI, Aldaza et alii(orgs). Os Direitos (dos desassistidos) sociais. So Paulo: Cortez, 1991.GONALVES R. Governo Lula e o nacionaldesenvolvimentismo s avessas. Revista SociedadeBrasileira de Economia Poltica, So Paulo. n. 31, p. 5-30, fev., 2012.______. Balano crtico da economia brasileira nos governos do Partido dos Trabalhadores.Disponvel em: Portal: http://www. ie.ufrj.br/hpp/mostra.php?idprof=77. Acessado em: 26set.2013a. ______. Governo Dilma - Apoteose da mediocridade: Cinco fatos e uma pergunta. Disponvelem: http://www.ie.ufrj.br/hpp/mostra. php?idprof=77. Acessado em: 26 set. 2013b. GONALVES, R.; FILGUEIRAS, L. A Economia Poltica do Governo Lula. RJ: Contraponto,2007.LAURELL, A.C. Avanando em direo ao passado: a poltica social do neoliberalismo. In:LAURELL, A.C. (org.) Estado e polticas sociais no neoliberalismo. SP. Cortez, 1995.MANDEL, Ernest. O Capitalismo Tardio. So Paulo: Abril Cultural, 1982.MARINI, R. M. Dialtica da dependncia, 1973. In: TRASPADINI, R. e STEDILE, J.P. (orgs). Ruy Mauro Marini: vida e obra. So Paulo. Expresso Popular, 2005.MARTINS, C.E. Globalizao, dependncia e neoliberalismo na Amrica Latina. SP: Boitempo,2011.

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