58
INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS E PREDIAIS Professora: Engª Civil Silvia Romfim UNEMAT Universidade do Estado de Mato Grosso

Pontes de Concreto - UNEMAT – Campus Sinopsinop.unemat.br/site_antigo/prof/foto_p_downloads/fot_9556aula_05... · INTRODUÇÃO A água da chuva é um dos elementos mais danosos

  • Upload
    vulien

  • View
    216

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS E PREDIAISProfessora: Engª Civil Silvia Romfim

UNEMATUniversidade do Estado de Mato Grosso

INSTALAÇÕES PREDIAIS DE ÁGUAS PLUVIAIS

2

INTRODUÇÃOA água da chuva é um dos elementos mais danosos à durabilidade e boa

aparência das construções.

As coberturas das edificações destinam-se a impedir que as águas de

chuva atinjam áreas a serem protegidas e, resulta que um volume de água

deve ser convenientemente coletada e transportado à rede pública de

drenagem, cabendo ao projetista fazer com que o escoamento das mesmas

se faça pelo trajeto mais curto e ao mesmo tempo possível.

3

1. Definição:

As instalações prediais de águas pluviais seguem as preconizações

da norma NBR 10844 (ABNT,1989) - Instalações Prediais de Águas

Pluviais.

O sistema de aguas pluviais e drenagem é o conjunto de calhas,

condutores, grelhas, caixas de areia e de passagem e demais

dispositivos que são responsáveis por captar aguas da chuva e de

lavagem de piso e conduzir a um destino adequado.

Este sistema e fundamental, pois evita alagamentos, diminui a

erosão do solo e protege as edificações da umidade excessiva.

4

2. Componentes da instalação:

2.1 CALHAS

2.1.1 Formato das calhas

As calhas apresentam geralmente as seções em forma de V, U,

semicircular, quadrada ou retangular.

2.1.2 Tipos de calhas

Diversos tipos de calhas podem ser instaladas.

A Figura 2-1 ilustra a calha instalada em beiral;

A Figura 2-2 ilustra a calha instalada em platibanda;

A Figura 2-3 ilustra a calha instalada no encontro das águas do

telhado (água-furtada).

5

6

2. Componentes da instalação:

2.2 MATERIAIS UTILIZÁVEIS

Calha: aço galvanizado, cobre, aço inoxidável, alumínio,

fibrocimento, pvc rígido, fibra de vidro, concreto ou alvenaria.

7

2. Componentes da instalação:

2.2 MATERIAIS UTILIZÁVEIS

Condutor vertical: Tubo de descida que conduz a água do bocal da calha

até o piso, ou até a tubulação subterrânea que coleta as águas da chuva.

Pode ser de ferro fundido, fibrocimento, pvc rígido, aço galvanizado, cobre,

chapas de aço galvanizado, chapas de cobre, aço inoxidável, alumínio ou

fibra de vidro.

8

2. Componentes da instalação:

2.2 MATERIAIS UTILIZÁVEIS

Caixa de areia: Caixa enterrada utilizada para recolher detritos contidos

nas tubulações de aguas pluviais, além de permitir a inspeção do sistema.

Esses detritos ficam depositados no fundo da caixa, o que permite a sua

retirada periodicamente. Esta caixa pode possuir uma grelha para também

coletar águas do piso.

9

2. Componentes da instalação:

2.2 MATERIAIS UTILIZÁVEIS

Calha de piso: Canal que coleta água e outros líquidos que escoam dos

pisos dos pátios, jardins, estacionamentos, garagens, praças, piscinas e

industrias, conduzindo a um destino final.

10

2. Componentes da instalação:

2.2 MATERIAIS UTILIZÁVEIS

Tubo de Drenagem: Tubo perfurado e enterrado que capta a umidade

excessiva do solo, conduzindo a um destino final.

11

2. Componentes da instalação:

2.2 MATERIAIS UTILIZÁVEIS

Caixa de Passagem: Caixa normalmente enterrada que serve somente

para interligar as tubulações subterrâneas do sistema de águas pluviais,

permitindo inspeção do sistema.

12

2. Componentes da instalação:

2.2 MATERIAIS UTILIZÁVEIS

Válvula de retenção: Conexão que impede o retorno das águas pluviais

em situações como: inundações, enchentes, refluxo de mares,

entupimentos, vazões elevadas em períodos de chuva.

13

Válvula de retenção

Tubo de Drenagem

Calha de Piso

Calha de Beiral

Caixa de Passagem

Condutor Vertical

Caixa de Areia

Sistema de águas pluviais – Componentes de Instalação

14

3. Projeto de instalações prediais de águas pluviais

3.1 Principais prescrições da NBR 10844 a serem observadas e adotadas são:

a. O sistema de esgotamento das águas pluviais deve ser completamente separado

da rede de esgotos sanitários, rede de água fria e de quaisquer outras instalações

prediais. Deve-se prever dispositivo de proteção contra o acesso de gases no

interior da tubulação de águas pluviais, quando houver risco de penetração destes.

b. Nas junções e, no máximo de 20 em 20 metros, deve haver uma caixa de

inspeção.

c. Quando houver risco de obstrução, deve-se prever mais de uma saída.

d. Lajes impermeabilizadas devem ter declividade mínima de 0,5%.

e. Calhas de beiral e platibanda devem ter declividade mínima de 0,5%.

f. Nos casos em que um extravasamento não pode ser tolerado, pode-se prever

extravasores de calha que descarregam em locais adequados.

g. Sempre que possível, usar declividade maior que 0,5% para os condutores

horizontais.

15

3. Projeto de instalações prediais de águas pluviais

3.2 Fatores meteorológicos

Para se determinar a intensidade pluviométrica (I) para fins de projeto, deve ser fixada a

duração da precipitação e do período de retorno adequado, com base em dados

pluviométricos locais.

3.2.1 Duração da precipitação

Deve ser fixada em 5 minutos.

3.2.2 Período de retorno

A NBR 10844 fixa os seguintes períodos de retorno, baseados nas características da área a

ser drenada:

T = 1 ano: para áreas pavimentadas onde empoçamentos possam ser tolerados;

T = 5 anos: para coberturas e/ou terraço;

T = 25 anos: para coberturas e áreas onde empoçamentos ou extravasamentos não

possam ser tolerados.

16

3. Projeto de instalações prediais de águas pluviais

3.2.3 Intensidade de precipitação

A intensidade de precipitação (I) a ser adotada deve ser de 150mm/h

quando a área de projeção horizontal for menor que 100m². Se a área

exceder a 100m², utilizar a tabela 1 a seguir.

17

Tabela 1 – Índice de chuvas no Brasil

Calhas:

A inclinação das calhas de beiral e platibanda deve ser uniforme, com

valor mínimo de 0,5%.

As calhas de água-furtada têm inclinação de acordo com o projeto da

cobertura.

Quando não se pode tolerar nenhum transbordamento ao longo da calha,

extravasores podem ser previstos como medida adicional de segurança.

Nestes casos, eles devem descarregar em locais adequados.

Em calhas de beiral ou platibanda, quando a saída estiver a menos de 4 m

de uma mudança de direção, a Vazão de projeto deve ser multiplicada

pelos coeficientes da Tabela a seguir:

18

19

Dimensionamento

Cálculo da vazão de contribuição do telhado:

Para calcular a vazão de contribuição do telhado, utiliza-se a

seguinte fórmula:

Q = i.Ac

Sendo:

Q: vazão de escoamento

i: intensidade de chuva na região para período de retorno de 5 anos

Ac: área de contribuição

20

21

A Tabela 02, apresenta a área máxima de contribuição de telhado que os

condutores circulares e retangulares, conforme as localidades do país (já

considerando as chuvas com período de retorno de 5 anos).

Tabela 2 – Índice de chuvas no Brasil

Fonte: Manual Tigre

Figura 01 - Áreas de contribuição de águas pluviais. Ref. NB-61122

Dimensionamento

Cálculo do número de condutores

Passo 1: Veja na tabela a localidade do projeto e qual o condutor

desejado. Assim, você obtém a área máxima de telhado (At) em

metros que um condutor consegue atender.

Passo 2: Calcule a área de contribuição de cada plano do seu

telhado, utilizando a fórmula pertinente ao tipo de superfície do

telhado, conforme Figura 01.

23

Passo 3: Calcule a quantidade de condutores (Nc) que deverão

ser utilizados para cada plano do telhado através da fórmula:

Onde:

Nc: número de condutores

Ac: área de contribuição (m²)

At: área de telhado (m²)

Passo 4: Calcule a distância entre condutores (d) (para 2 ou mais

condutores) através da fórmula:

Onde:

d: distância entre condutores (m)

b: comprimento total do plano do telhado (m)

Nc: Número de condutores 24

Passo 5: Calcule a vazão de projeto (Q): vazão de referência

para o dimensionamento de condutores e calhas.

A vazão de projeto deve ser calcula pela Equação:

onde:

Q = vazão de projeto (l/min);

I = intensidade pluviométrica (mm/h);

A = área de contribuição (m²).

25

Passo 6: Dimensionamento das calhas: O dimensionamento das

calhas deve ser feito através da fórmula de Manning- Strickler,

indicada a seguir:

onde:

Q = vazão da calha (l/min);

S = área molhada (m²);

RH = raio hidráulico = S/P (m);

i = declividade da calha (m/m);

n = coeficiente de rugosidade;

K = 60000 (coeficiente para transformar a vazão em m³/s para l/min).

26

Passo 6.1: Cálculo do Raio Hidráulico: A figura a seguir ilustra uma calha

de seção retangular. O cálculo do raio hidráulico é obtido dividindo-se a

área molhada pelo perímetro molhado.

A seção retangular mais favorável ao escoamento ocorre quando a base

é o dobro da altura d’água no canal, isto é, para valores de b = 2a.

27

Passo 6.1: A Tabela a seguir fornece as capacidades de calhas

semicirculares, usando coeficiente de rugosidade n = 0,011 para alguns

valores de declividade. Os valores foram calculados utilizando a fórmula

de Manning-Strickler, com lâmina de água igual à metade do diâmetro

interno.

28

Passo 7: Condutores Verticais:

Podem ser colocados externa e internamente ao edifício, dependendo de

considerações de projeto, do uso e da ocupação do edifício e do material

dos condutores.

Os condutores verticais podem ser ligados na sua extremidade superior a

uma calha (casa com telhado) ou receber um ralo quando se trata de

terraços ou calhas largas.

Devem ser projetados, sempre que possível, em uma só prumada. Quando

houver necessidade de desvio, devem ser usadas curvas de 90º de raio

longo ou curvas de 45º e devem ser previstas peças de inspeção.

O diâmetro interno mínimo dos condutores verticais de seção circular é 70

mm.

29

30

Como os condutores são verticais, seu dimensionamento

não pode ser feito pelas fórmulas do escoamento em canal. A NBR

10844/89 apresenta ábacos específicos para o dimensionamento dos

condutores verticais a partir dos seguintes dados:

Q = Vazão de projeto, em L/min

H = altura da lâmina de água na calha, em mm

L = comprimento do condutor vertical, em m

Para calhas com saída em aresta viva ou com funil de saída, deve-se

utilizar, respectivamente, o ábaco (a) ou (b).

31

Procedimento:

1. Levantar uma vertical por Q até interceptar as curvas de H e L correspondentes.

2. Se não haver curvas dos valores de H e L, interpolar entre as curvas existentes.

3. Transportar a interseção mais alta até o eixo D.

4. Adotar o diâmetro nominal cujo diâmetro interno seja superior ou igual ao valor

encontrado.

32

Ábaco para a determinação de diâmetros de condutores verticais.

33

Ábaco para a determinação de diâmetros de condutores verticais.

34

O dimensionamento dos condutores verticais também pode ser feito com

emprego da tabela a seguir que fornece o diâmetro do condutor e o valor

máximo da área de telhado drenada pelo tubo.

35

8: Condutores Horizontais:

Os condutores horizontais devem ser projetados, sempre que possível,

com declividade uniforme, com valor mínimo de 0,5%.

O dimensionamento dos condutores horizontais de seção circular deve ser

feito para escoamento com lâmina de altura igual a 2/3 do diâmetro interno

(D) do tubo.

As vazões para tubos de vários materiais e inclinações usuais estão

indicadas na Tabela a seguir.

36

37

9. Ralos

Nos locais de onde se pretende esgotar águas pluviais, usam-se ralos

que coletam a água de áreas cobertas ou de calhas, canaletas e

sarjetas, permitindo sua entrada em condutores e coletores.

O ralo compreende duas partes:

a) caixa;

b) grelha (ralo propriamente dito). As grelhas podem ser planas ou

hemisféricas (também chamadas “cogumelo” ou “abacaxi”).

38

10. Caixa de areia e de inspeção

Nas tubulações aparentes, devem ser previstas inspeções sempre

que houver conexões com outra tubulação, mudança de declividade,

mudança de direção e ainda a cada trecho de 20 m nos percursos

retilíneos.

Nas tubulações enterradas, devem ser previstas caixas de areia

sempre que houver conexões com outra tubulação, mudança de

declividade, mudança de direção e ainda a cada trecho de 20 m nos

percursos retilíneos.

A ligação entre os condutores verticais e horizontais é sempre feita

por curva de raio longo, com inspeção ou caixa de areia, estando o

condutor horizontal aparente ou enterrado.

Exemplo de caixa de areia (planta baixa e corte).

39

40Projeto – Águas Pluviais

41

Má execução de Projeto de Águas Pluviais

Exemplo 01:

42

Seu João está com problemas no telhado de sua residência e procurou um

engenheiro para dimensionar o sistema de calhas e condutores.

Dados relevantes para o projeto:

- Localidade da residência: Teresina/PI

- Modelo do condutor: Retangular

- Tipo do telhado: 02 águas

- Comprimento do telhado: 10 m

- Largura do Telhado: 36 m

- Altura do Telhado: 1,20m

Solução:

Passo 1: Na tabela AP 01 – Tabela de Escoamento, marque Teresina e o condutor

retangular para obter o valor de área máxima de telhado que cada condutor

consegue escoar.

No caso, At = 70 m²

43

Passo 2: Calcule a área de contribuição do telhado. Veja que neste caso

as duas aguas do telhado possuem as mesmas dimensões. Ou seja, basta

calcular para 1 agua e utilizar os mesmos resultados para a outra.

Onde:

a: largura da agua (plano do telhado) (m) = 5m

b: comprimento do telhado (m) = 36m

h: altura do telhado (m) = 1,20m

44

Figura 01 - Áreas de contribuição de águas pluviais. Ref. NB-61145

Passo 3: calcule o número de condutores através da fórmula:

Dados:

Ac: 201,6 m²

At: 70 m²

Nc = 201,60/70

Nc = 2,88 Condutores

Arredondando este valor, o Engenheiro adotou 3 condutores para cada

água de telhado. Como são duas aguas, teremos:

6 condutores.

46

Passo 4: Calcule a distância “d” entre os condutores:

Concluindo, deverá instalar 3 condutores retangulares em cada água

do telhado, deixando 18 m de distância entre eles.

47

Se não, reveja os

cálculos e responda

qual a nova solução.

48

E se este projeto

fosse em Sinop/MT

o projeto seria o

mesmo?

49

Exemplo 02:

Faça o dimensionamento de águas pluviais para o projeto a seguir

considerando que o mesmo é para a cidade de Goiânia /GO.

Figura 01 - Áreas de contribuição de águas pluviais. Ref. NB-61150

51

52

53

Tabela 1 – Índice de chuvas no Brasil

54

55

56

57

BIBLIOGRAFIA BÁSICA

MACINTYRE, Archibald Joseph. Instalações Hidráulicas Prediais e

Industriais. 4 ed. Rio de Janeiro: LTC, 2010.

CREDER, H. Instalações hidráulicas e sanitárias. Rio de Janeiro: LTC, 1999.

Carvalho Jr., R. de. Instalações Hidráulicas e o projeto de arquitetura. 2ª

Ed. São Paulo: Edgard Blucher, 2009.

CEG. Regulamento de Instalações Prediais (RIP). Regulamento Aplicado às

Instalações Prediais de Gás Canalizado e à Medição e Faturamento dos

Serviços de Gás Canalizado,1997.

NBR 5626/1998 - Instalações Prediais de Água Fria

NBR 7198/1993 - Instalações Prediais de Água Quente

NBR 8160/1999 - Sistemas Prediais de Esgoto Sanitário

NBR 5688/1999 - Sistemas Prediais de Água Pluvial e Esgoto Sanitário

NBR 7229:1993 – Tanque Séptico

NBR 10844/1989 - NB 611- Instalações Prediais de Águas Pluviais

58