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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
PUC-SP
Roberta Werlang Isolan Cury
Análise da fala na acromegalia
DOUTORADO EM LINGUÍSTICA APLICADA E ESTUDOS DA LINGUAGEM
Tese apresentada à Banca Examinadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como exigência parcial para obtenção do título de Doutor em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem sob a orientação da Profa. Dra. Zuleica Camargo
SÃO PAULO
2014
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo Programa de Estudos Pós Graduados em Linguística Aplicada e
Estudos da Linguagem LAEL-PUC SP Tese de Doutorado Análise da fala na acromegalia Data da defesa: 24/06/2014 Roberta Werlang Isolan Cury Orientadora: Profa. Dra. Zuleica Camargo ERRATAS:
• Na página 32, na primeira linha, leia-se maior ao invés de menor. Na
mesma página, 32, no título da tabela 1, excluir a palavra sexo.
• Na página 34, no título do quadro 3: aonde está escrito “caracterização dos falantes do grupo estudado (GE)”, leia-se “caracterização do grupo controle (GC)”.
• Na página 57 no título da figura 16: Dendrograma representativo do
agrupamento entre as classes (C1,C2 e C3) originadas pela análise aglomerativa hierárquica de cluster para o GE-Sexo Feminino para os ajustes de qualidade vocal (VPAS-PB). Ao invés de GE-sexo feminino, leia-se GC-sexo masculino.
• Na penúltima linha da página 81, aonde está escrito figuras 12 e 13,
leia-se figuras 13 e 14.
• Na página 85, na quarta linha, aonde está escrito F1 e F3, leia-se F1 e F2.
II
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
PUC-SP
Programa de Estudos Pós-Graduados em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem – LAEL
Coordenação do Curso de Pós-Graduação:
Profa. Dra. Angela Brambilla C. T. Lessa
Vice Coordenação:
Profa. Dra. Sandra Madureira
SÃO PAULO
2014
V
AUTORIZAÇÃO
Autorizo, exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou
parcial desta tese por processos de fotocopiadoras ou eletrônicos.
Roberta Werlang Isolan Cury
São Paulo_____de ___________de 2014
VI
AGRADECIMENTO ESPECIAL
Aos meus filhos: Gabriel e Leonardo pela enorme paciência comigo ao
longo destes 4 anos, simplesmente por existirem! Eu cresço e aprendo a cada dia
junto com vocês...meus amores. Amor imensurável...
E ao Adriano, pela parceria, pelo amor e pela amizade. Sem dúvida me
auxiliou a valorizar cada etapa da construção desta tese; o seu apoio e a sua força
me ajudaram a prosseguir e chegar até aqui. Je t’aime.
VII
AGRADECIMENTOS
Aos pacientes que participaram deste estudo.
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) pelo
recurso financeiro para a concretização desta pesquisa.
À Profa. Dra. Zuleica Camargo, exemplo de ser humano, mestre e profissional, me
acolheu e caminhou ao meu lado com dedicação inquestionável e excelente.
Obrigada por todas as orientações, daquelas mais suaves até as mais rigorosas! O
seu apoio foi importante para que eu conseguisse finalizar esta tese. Foi um enorme
privilégio ser orientada por você. Minha profunda e sincera gratidão.
À Profa. Dra. Sandra Madureira, por todas as contribuições ao longo do projeto e da
pesquisa, por todas as aulas e seminários ministrados com maestria e serenidade
contagiantes, por todos os apontamentos durante as etapas de qualificação que
foram fundamentais para a construção desta tese.
À Profa. Dra. Nilza Scalissi: inicialmente pela acolhida, confiança e pela porta aberta
no ambulatório de Endocrinologia e Metabologia da Santa Casa de São Paulo. Por
todas as discussões e contribuições ao longo da pesquisa e nos momentos de
qualificação. Muito obrigada pelo apoio!
Ao Prof. Dr. Osmar Monte, pela ideia e discussão inicial sobre o tema e pela e
confiança em mim depositadas.
VIII
Ao Dr. José Viana Júnior e Dra. Carolina Ferraz por todas as discussões ao longo
da coleta dos dados no ambulatório de Neuroendocrinologia da Irmandade da Santa
Casa de Misericórdia de São Paulo.
Ao Prof. Dr. Luiz Carlos Rusilo pela atenção e disponibilidade para o tratamento
estatístico dos dados e por todas as discussões e apontamentos fundamentais para
a discussão dos dados, muito obrigada!
À Profa. Dra. Irene Marchesan pela importante discussão nas etapas de
qualificação da tese.
Ao Prof. Dr. Chin Nan Pai pelas discussões iniciais sobre o projeto de pesquisa.
Aos meus queridos colegas de LIAAC, pelo divertido e enriquecedor convívio ao
longo destes quatro anos: Aline Neves Pessoa Almeida, Cristina Canhetti Alves,
Luciana Oliveira, Maria Augusta Forte Svicero, Solange Vieira Lapastina, Marilea
Fontana, Paulo Sergio Menegon, Sergio Augusto Mauad, Marcelo Henrique
Barbosa, Alice Rodrigues Crochiquia, Lilian Cristina Kühn Pereira, Fabiana Gregio,
Layla Penha, Maria Lúcia da Cunha Waldon, Gabriela Daneluci, Amaury Flávio Silva,
Natália Escamez, Cristiane Magacho e Renata Vieira.
À talentosa dupla de novas fonaudiólogas: Thamires Rodrigues de Freitas e
Perpétua Coutinho Gomes por terem me auxiliado sobre o plug-in Akustyk. Obrigada
por toda a disponibilidade, atenção e compromisso.
IX
Ao estagiário Felipe Magalhães Bonel pelo auxílio sobre os tutoriais e manutenção
durante o curso online do VPAS-PB disponibilizado durante o treinamento para as
juízas da pesquisa.
À minha colega doutoranda Andréa Baldi por todos os papos descontraídos e
divertidos sobre a arte de educar meninos! Por todo o apoio e disposição para ajudar
em todas as etapas do trabalho e principalmente por ter me ajudado a organizar os
dados de percepção na planilha em um momento crítico!
À querida e competente fonoaudióloga Luciana Oliveira, que me orientou sobre o uso
do paquímetro e sobre as medidas antropométricas faciais, muito obrigada!
À querida secretária do LIAAC PUC/SP, Maria de Fátima Albuquerque, sempre
pronta para ajudar em todos os momentos!
À Maria Lúcia dos Reis pela atenção e dedicação na secretaria do LAEL.
À Marcia Martins, pelo apoio, paciência e torcida na etapa de avaliação do artigo
para o término da Qualificação Complementar.
À querida amiga Maria Fernanda Silva Jardim e a pequena notável Isabel, pela
amizade, disponibilidade e torcida.
X
Aos meus queridos amigos e também ex-colegas de trabalho: Andreia Rauber,
Armando Silveiro, Magnum Rochel, Fernanda Reis e Carina Cadoná pela alegre e
sábia parceria!
Ao meu querido “filho adotivo” Armando Silveiro pelo olhar atento e cuidadoso sobre
a tese! Você foi essencial!
Para a incansável dupla para ajudar em casa e com as crianças: Doquinha da Silva e
Nathália Ribeiro Lobato, sem elas, seria impossível!
Às queridas amigas: Celina de Camargo Costa Batista, Daniela Uziel, Luciana
Cerboncini, por terem me acompanhado em todos os momentos de tese! Obrigada
pela amizade, pela força e pela amizade!
À querida amiga e vizinha Fernanda Levy e toda a sua querida família: Ricardo, Bia e
Gabí: por todas as quebradas de galho com os meninos e pela amizade simples e
verdadeira!
Aos meu pais: Floriano e Nara Isolan, mesmo morando um pouco distantes
geograficamente, sempre presentes e atentos a minha vida! Obrigada pela
confiança, presença e torcida.
Aos meus irmãos Rodrigo e Leonardo a às minhas respectivas cunhadas Fabiana e
Tanise pela torcida e companhia, e aos meus sobrinhos: Felipe e Marcelo, pela
bagunça! É muito bom tê-los por perto sempre que possível!
XI
Aos meus sogros Raquel e Pedro Cury pela presença, torcida e apoio.
À todas as pessoas que direta ou indiretamente participaram desta etapa da minha
formação profissional.
E a Deus, força maior, seja ele de qualquer, raça, forma ou energia, sempre
presente e iluminando o meu caminho.
Muito Obrigada!
XII
Não esconder a voz, mas projetá-la no espaço-tempo
onde só tu habitas. Não consentir
que nada e ninguém possa rompê-la
Igual às aeronaves, -que defendem seu campo de vôo e de
pouso- defender teu campo de som.
E nele, construir mil e uma formas de liberdade”
(Delmar e Déa Mancuso-2000-/A Voz: variações sobre
um mesmo tema Porto Alegre, Ed. O Quintal)
XIII
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Roteiro para avaliação fonética da qualidade vocal para o português
brasileiro VPAS-PB: Parte I(Camargo and Madureira 2008)...................................22
Figura 2. ilustração representativa das vogais orais do português brasileiro
(Barbosa and Albano 2004)......................................................................................28
Figura 3. Registro fotográfico dos falantes do Grupo Estudado de ambos os sexos:
visão frontal e perfil...................................................................................................34
Figura 4. Representação da forma de apresentação das sentenças-veículo aos
falantes participantes da pesquisa............................................................................37
Figura 5. Ilustração da localização correspondente aos pontos facias: glabela, sub-
nasal e gnatio de uma paciente do grupo estudado, sexo feminino, para a
mensuração das medidas antropométricas faciais...................................................39
Figura 6. Intervalos de confiança para os juízes J1 a J4 com todas as análises e
desvio padrão (DP)...................................................................................................43
Figura 7. Intervalos de confiança para os juízes J1 a J4 para as observações não
nulas..........................................................................................................................44
Figura 8. Intervalos de confiança para os julgamentos intra-juízes e seus respectivos
erros e intervalos de confiança..................................................................................45
Figura 9. Tela Extraída do software Praat no momento de posicionamento do cursor
no período de estabilidade do traçado da vogal [a] da sentença “Diga papa baixinho
da primeira repetição da paciente GE-P1para a extração das medidas de
frequências formânticas. Janela superior representa a forma de onda e na janela
inferior o espectograma de banda larga tela à direita representa a sequência de
extração automática pelo plug-in Akustyk.................................................................46
XIV
Figura 10. Tela Extraída do software Praat no momento de posicionamento do
cursor no período de estabilidade do traçado da vogal [a] da sentença “Diga papa
baixinho” da primeira repetição da paciente GE-P1 para a extração das medidas de
frequências formânticas. A janela superior representa a forma de onda e a janela
inferior, o espectograma de banda larga. A tela intermediária representa a extração
manual medidas no software Praat ...........................................................................47
Figura 11. Ilustração sobre os grupos analisados: grupo controle e grupo estudado
separados por sexo....................................................................................................48
Figura 12 Perfil médio de ajustes da qualidade vocal por meio do roteiro VPAS-PB
para os falantes do GE-sexo feminino, GC-sexo feminino GE-sexo masculino e GE-
sexo masculino...........................................................................................................52
Figura 13. Dendrograma representativo do agrupamento entre as classes (C1,C2 e
C3) originadas pela análise aglomerativa hierárquica de cluster para o GE-Sexo
Feminino para os ajustes de qualidade vocal (VPAS-PB).........................................54
Figura 14. Dendrograma representativo do agrupamento entre as classes (C1,C2 e
C3) originadas pela análise aglomerativa hierárquica de cluster para o GC-Sexo
Feminino para os ajustes de qualidade vocal (VPAS-PB).........................................55
Figura 15. Dendrograma representativo do agrupamento entre as classes (C1,C2,
C3 e C4) originadas pela análise aglomerativa hierárquica de cluster para o GE-
Sexo Masculino para os ajustes de qualidade vocal (VPAS-PB)..............................56
Figura 16. Dendrograma representativo do agrupamento entre as classes (C1,C2 e
C3) originadas pela análise aglomerativa hierárquica de cluster para o GE-Sexo
Feminino para os ajustes de qualidade vocal (VPAS-PB)........................................57
XV
Figura 17. Gráficos representativos dos intervalos de confiança das frequências
formânticas (F1, F2, F3 e F4) dos falantes do sexo feminino de ambos os grupos:
grupo controle e grupo estudado...............................................................................62
Figura 18. Gráficos representativos dos intervalos de confiança das frequências
formânticas (F1, F2, F3 e F4) dos falantes do sexo masculino de ambos os grupos:
grupo controle e grupo estudado...............................................................................65
Figura 19. Dendrograma representativo do agrupamento entre as classes pela
análise aglomerativa hierárquica de cluster para o GE-sexo feminino para as
frequências for ânticas (F1, F2, F3 e F4) .................................................................66
Figura 20 Dendrograma representativo do agrupamento entre as classes pela
análise aglomerativa hierárquica de cluster para o GC-sexo feminino para as
frequências formânticas (F1, F2, F3 e F4).................................................................66
Figura 21. Dendrograma representativo do agrupamento entre as classes pela
análise aglomerativa hierárquica de cluster para o GE-sexo masculino para as
frequências formânticas (F1, F2, F3 e F4).................................................................67
Figura 22. Dendrograma representativo do agrupamento entre as classes pela
análise aglomerativa hierárquica de cluster para o GC-sexo masculino para as
frequências formânticas (F1, F2, F3 e F4).................................................................68
Figura 23. Distância dos centroides e impacto na segregação das frequências
formânticas entre GE-1 e GC-1,F1 e F2 representam: eixo 1 e eixo 2,
respectivamente denominados como Fator 1 e Fator 2.............................................70
Figura 24. Distância dos centroides e o impacto na segregação das frequências
formânticas entre GE-2 e GC-2: aonde F1 e F2 representam: eixo 1 e eixo 2,
respectivamente denominados como Fator 1 e Fator 2............................................72
XVI
Figura 25. Distância dos centroides e o impacto na segregação das frequências
formânticas entre GE-3 e GC-3: aonde F1 e F2 representam: eixo 1 e eixo 2,
respectivamente denominados como Fator 1 e Fator 2.............................................73
Figura 26. Distância dos centroides e o impacto na segregação das frequências
formânticas entre GE-4 e GC-4: aonde F1 e F2 representam: eixo 1 e eixo 2,
respectivamente denominados como Fator 1 e Fator 2.............................................74
Figura 27. Representação da configuração do trapézio das vogais orais originada
pela extração automática das frequências formânticas por meio do plug in Akustik
para todos os falantes do grupo estudado (GE) e respectivos pareamentos com o
grupo controle (GC)....................................................................................................75
Figura 28 Distribuição das variáveis perceptivas e acústicas originadas da análise
de correlação canônica entre os dados perceptivos e acústicos do GE-sexo
feminino......................................................................................................................76
Figura 29. Distribuição das variáveis perceptivas e acústicas originadas da Análise
de correlação canônica entre os dados perceptivos e acústicos do GC-sexo feminino
...................................................................................................................................77
Figura 30. Distribuição das variáveis perceptivas e acústicas originadas da Análise
de correlação canônica entre os dados perceptivos e acústicos do GE-sexo
masculino...................................................................................................................78
Figura 31 Distribuição das variáveis perceptivas e acústicas originadas da Análise
de correlação canônica entre os dados perceptivos e acústicos do GC-sexo
masculino...................................................................................................................70
XVII
LISTA DE QUADROS
Quadro 1. Descrição das sete vogais orais do português brasileiro (Camargo e
Navas 2009)...............................................................................................................27
Quadro 2. Caracterização dos falantes do Grupo Estudado (GE) conforme sexo,
idade, ocupação, presença ou não de macroglossia, naturalidade e níveis de GH e
IGF-I e momento da doença (em atividade ou em remissão)....................................33
Quadro 3. Caracterização dos falantes do grupo estudado (GE) conforme sexo,
idade, naturalidade e ocupação.................................................................................34
Quadro 4. Representação do pareamento realizado entre os falantes do grupo
estudado-GE e do grupo controle-GC por idade e sexo............................................34
XVIII
LISTA DE TABELAS
Tabela1. Valores de Referência para GH e IGF-1 conforme sexo e idade
(Laboratório NUCLIMAGEM - método IRMA............................................................32
Tabela 2. Valores da média das medidas antropométricas em milímetros (mm) dos
falantes do grupo estudado (GE) e do grupo controle (GC)......................................38
Tabela 3. Matriz de Confusão para os dados de validação cruzada de análise
discriminante para estimação do sexo dos falantes a partir das variáveis perceptivas
para o GE...................................................................................................................59
Tabela 4. Matriz de Confusão para os dados de validação cruzada de análise
discriminante para estimação do sexo dos falantes a partir das variáveis perceptivas
para o GC...................................................................................................................59
Tabela 5. Valores médios das frequências formânticas (F1,F2,F3 e F4) das sete
vogais orais do português brasileiro(PB) para o GE-sexo feminino, desvio padrão,
limite inferior e limite superior....................................................................................60
Tabela 6. Valores médios, das frequências formânticas (F1,F2,F3 e F4) das sete
vogais orais do português brasileiro(PB) para o GC-sexo feminino, desvio padrão,
limite inferior e limite superior....................................................................................61
Tabela 7. Valores médios, das frequências formânticas (F1,F2,F3 e F4) das sete
vogais orais do português brasileiro(PB) para o GE-sexo masculino, desvio padrão,
limite inferior e limite superior.....................................................................................63
Tabela 8. Valores médios, das frequências formânticas (F1,F2,F3 e F4) das sete
vogais orais do português brasileiro(PB) para o GC-sexo masculino, desvio padrão,
limite inferior e limite superior, todos em Hertz..........................................................64
XIX
Tabela 9. Matriz de confusão para os resultados de validação cruzada da análise
discriminante para a estimação do falante GE-1 e GC-1 a partir das medidas
formânticas.................................................................................................................69
Tabela 10 Matriz de confusão para os resultados de validação cruzada da análise
discriminante para a estimação do falante GE-2 e GC-2 a partir das medidas
formânticas.................................................................................................................69
Tabela 11. Matriz de confusão para os resultados de validação cruzada da análise
discriminante para a estimação do falante GE-3 e GC-3 a partir das medidas
formânticas.................................................................................................................69
Tabela 12. Matriz de confusão para os resultados de validação cruzada da análise
discriminante para a estimação do falante GE-4 e GC-4 a partir das medidas
formânticas.................................................................................................................69
Tabela 13. Matriz de Confusão para os dados de validação cruzada da análise
discriminante para a estimação das vogais pareadas entre os falantes GE-1 e GC-1
do sexo feminino a partir das medidas formânticas...................................................70
Tabela 14. Matriz de Confusão para os dados de validação cruzada da análise
discriminante para a estimação das vogais pareadas entre os falantes GE-2 e GC-2
do sexo feminino a partir das medidas formânticas...................................................71
Tabela 15. Matriz de Confusão para os dados de validação cruzada da análise
discriminante para a estimação das vogais pareadas entre os falantes GE-3 e GC-3
do sexo feminino a partir das medidas formânticas...................................................72
Tabela 16. Matriz de Confusão para os dados de validação cruzada da análise
discriminante para a estimação das vogais pareadas entre os falantes GE-4 e GC-4
do sexo feminino a partir das medidas formânticas...................................................73
XX
RESUMO
Análise da Fala na Acromegalia Roberta Werlang Isolan Cury Orientação: Profa. Dra .Zuleica Camargo A acromegalia é uma doença insidiosa com características clínicas resultantes da exposição anormal dos tecidos e sistemas ao excesso de hormônio do crescimento (growth hormone/GH). Ocorrem tipicamente modificações fisionômicas como o alargamento do nariz, aumento dos lábios, prognatismo, má-oclusão dentária, macroglossia, além do aumento das extremidades. Em particular interesse para fonoaudiólogos, e na área de linguística aplicada à fala, há citações das duas maiores alterações estruturais do trato vocal, as quais tendem a promover alterações de fala e voz: o alargamento das estruturas laríngeas e a hipertrofia lingual. Objetivo: analisar a fala de pacientes com acromegalia dos pontos de vista perceptivo e acústico. Após a aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa em Seres Humanos da Santa Casa de São Paulo (CEP número 324/11), foram analisadas as amostras de fala de pacientes com o diagnóstico clínico e laboratorial da doença e em tratamento no serviço de Endocrinologia da Irmandade da Santa Casa de São Paulo. Corpus para o estudo: três repetições aleatorizadas de sentença veículo, contendo palavras chaves com as sete vogais orais do português brasileiro[a][e][ε][i] ][o],[ɔ] e [u]. Também foram extraídas as medidas antropométricas orofaciais (terço médio da face, terço inferior da face e altura da face). As amostras de áudio foram posteriormente analisadas por meio do Plug in Akustik disponível no software Praat para a extração de medidas de frequência dos formantes (F1,F2,F3,F4). As amostras de áudio foram também analisadas por meio do roteiro VPAS-PB (Vocal Profile Analises Scheme–VPAS) por três juízes experientes. Os dados foram submetidos à análise estatística multivariada e discutidos quanto às correlações entre os dados perceptivos e acústicos com base no modelo fonético da qualidade vocal. A análise estatística evidenciou os ajustes de qualidade vocal relevantes para os falantes com acromegalia: mandíbula extensão diminuída e protraída, hipofunção laríngea, corpo de língua recuado. No âmbito acústico, as medidas de F1 e F2 revelaram diferenças diferentes entre as mulheres e os homens. Para ambos os sexos foram detectadas correlações significativas com o movimento e postura lingual entre os falantes acromegálicos. Os valores de F3 e F4, por sua vez, mostraram correlação com ajustes de dimensão faríngea e altura da laringe, reforçando os achados de qualidade vocal para o grupo de falantes acromegálicos. Os dados integrados, perceptivos e acústicos, contribuem para a compreensão da qualidade vocal, propiciada pela abordagem fonética e pela análise das frequências formânticas. Os achados deste estudo foram além da questão do rebaixamento do pitch, e trouxeram informações específicas e fundamentais para uma abordagem de fala direcionada para a população com acromegalia. Descritores: Acromegalia, Acústica da Fala, Fonética, Voz
XXI
ABSTRACT
Speech Analysis and Acromegaly Roberta Werlang Isolan Cury Advisor: Prof. Zuleica Camargo, PhD. Acromegaly is an insidious disease with clinical features resulting from abnormal exposure of tissues and systems to excess growth hormone (GH). Physiognomic changes typically occur such as the enlargement of the nose and the lips, prognathism, malocclusion, macroglossia, in addition to increased extremities. Two major structural changes in the vocal tract are particularly relevant for speech therapists and linguists working on speech disorders: enlargement of laryngeal structures and hypertrophy of the tongue, which tend to cause changes to speech and voice. Objective: perform perceptual and acoustic analyses of the speech of acromegalic patients. After the study was approved by the Human Research Ethics Committee of the Santa Casa Hospital in São Paulo (REC Code number 324/11), analyses were made of the speech samples of acromegalic patients that had been given clinical and laboratory diagnosis and treatment provided by the Endocrinology department of the abovementioned hospital. Corpus for the study: three randomized repetitions of carrier sentences containing keywords with the seven oral vowels found in Brazilian Portuguese: [a][e][ε][i] ][o],[ɔ] and [u]. Anthropometric orofacial measures (middle facial third, lower facial third, and face height) were also taken. The audio samples were subsequently analyzed using the add-on Akustik available on the software Praat for measurements of formant frequencies (F1,F2,F3,F4). The audio samples were also analyzed with the VPAS-PB (Vocal Profile Analysis Scheme–VPAS) script by three experienced raters. The data underwent multivariate statistical analysis and were discussed for correlations between perceptual and acoustic data based on the phonetic description of voice quality model. The statistical analysis showed significant voice quality adjustments for acromegalic speakers: protruded jaw, laryngeal hypofunction, retracted tongue body. Acoustically, measures of F1 and F2 showed differences between men and women. For both sexes, significant correlations were detected between tongue movement and position for the acromegalic speakers. The values of F3 and F4, in turn, were correlated with adjustments of pharynx size and larynx height, thus reinforcing the findings of voice quality for the group of acromegalic speakers. The integrated perceptual and acoustic data contribute to the understanding of vocal quality, aided by the phonetic approach and the analysis of formant frequencies. The findings of this study went beyond the issue of pitch lowering as they brought up specific and fundamental information for an approach to speech aimed at people with acromegaly. Descriptors: Acromegaly, Speech Acoustics, Phonetics, Voice
XXII
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................1
1.1 Objetivo Geral........................................................................................................5
1.2 Objetivos Específicos.............................................................................................5
2. REVISÃO DE LITERATURA...................................................................................6
2.1 Acromegalia...........................................................................................................6
2.1.1 Acromegalia: sinais, sintomas e aspectos diagnósticos ....................................6
2.1.2 Formas de tratamento ......................................................................................13
2.1.3 Aspectos da qualidade de vida dos pacientes com acromegalia .....................15
2.2 Análise da qualidade vocal com motivação fonética............................................17
2.2.1 Aspectos perceptivos........................................................................................17
2.2.1.1 Modelo fonético de descrição da qualidade vocal..........................................17
2.2.1.2 Análise Perceptivo-auditiva da qualidade vocal por meio do roteiro Vocal
Profile Analysis Scheme para o Português Brasileiro ( VPAS- PB)...........................21
2.2.2 Aspectos Acústicos: qualidade vocálica............................................................25
2.2.2.1 Modelo fonte-filtro para a descrição das vogais.............................................25
2.2.2.2 Medidas acústicas aplicadas à avaliação da qualidade vocal ......................28
3. MÉTODOS.............................................................................................................31
3.1 Caracterização do grupo estudado -GE...............................................................31
3.2 Caracterização do grupo controle-GC..................................................................34
3.3 Procedimentos de coleta de dados......................................................................35
3.3.1 Gravação de áudio............................................................................................35
3.3.2 Coleta de medidas antropométricas orofaciais.................................................37
3.4 Procedimentos de análise dos dados..................................................................39
XXIII
3.4.1 Análise perceptivo-auditiva...............................................................................40
3.4.2. Análise acústica...............................................................................................45
3.4.3 Análise estatística dos dados............................................................................48
4. RESULTADOS.......................................................................................................51
4.1 Dados de natureza perceptiva (Vocal Profile Analysis Scheme-VPAS-PB)........51
4.2 Dados de natureza acústica: análise das frequências formânticas por grupos (GE
e GC) e por pareamento entre os falantes de ambos os grupos...............................60
4.2.2 Análise Discriminante (AD) para a estimativa das amostras dos grupos
estudado e controle....................................................................................................68
4.2.3 Análise Discriminante (AD) das medidas de frequências formânticas para
estimativa das vogais em amostras dos grupos GE e GC (a partir do pareamento
entre os falantes)........................................................................................................70
4.3. Análise Integrada entre os dados perceptivos (VPAS-PB) e acústicos
(frequências formânticas)...........................................................................................76
5 DISCUSSÃO...........................................................................................................80
6. CONCLUSÃO........................................................................................................86
7.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................88
ANEXOS....................................................................................................................95
1
1. INTRODUÇÃO
A acromegalia é uma doença que se manifesta por características
clínicas resultantes da exposição anormal dos tecidos e sistemas ao excesso de
hormônio do crescimento (GH, do inglês growth hormone). Ocorrem tipicamente
modificações fisionômicas como o alargamento do nariz, aumento dos lábios, dos
seios da face, prognatismo, má-oclusão dentária, macroglossia, além do aumento
das extremidades, ou seja, o crescimento das mãos e pés que é descrito pelos
pacientes, observado no aumento dos números dos sapatos e anéis (Ben-Sholmo,
Sheppard et al. 2011).
Com o particular interesse para fonoaudiólogos e foneticistas,
encontra-se a descrição de duas alterações estruturais do trato vocal nas pessoas
com este diagnóstico, as quais tendem a promover mudanças na fala e na voz.
São elas: o alargamento das estruturas faciais e a hipertrofia lingual (Raisova and
Marek 1988).
A investigação sobre as manifestações de fala, decorrentes de
algumas doenças que determinam alterações anatômicas, ganharam projeção nas
últimas décadas (Cukier-Blaj, Camargo et al. 2004; Magri, Cukier-Blaj et al. 2007).
Os estudos publicados, até o momento, sobre a acromegalia e as
suas prováveis alterações na produção vocal, restringiram-se apenas em abordar
as mudanças de frequência fundamental (f0). Não havia, até a data de produção
2
deste trabalho, outros estudos que se dedicaram à análise mais detalhada de fala,
ou seja, sobre o que de fato ocorre e como se percebe a fala destes indivíduos.
No presente estudo, a abordagem da qualidade vocal debruça-se
sobre a fonética clínica para compreender dados de produção em falantes com
acromegalia.
A abordagem fonética da qualidade vocal, conforme o modelo
proposto por John Laver (Laver 1980), preconiza a análise por meio do princípio da
susceptibilidade dos segmentos aos ajustes de qualidade vocal, ou seja, a relação
entre os ajustes fonatórios (ou laríngeos) e articulatórios (supralaríngeos) e os
diferentes segmentos da produção de fala.
O diálogo entre a linguística aplicada e os estudos da linguagem com
diferentes especialidades médicas, pode proporcionar maior compreensão do
quanto as alterações do âmbito comunicativo podem afetar a qualidade
comunicativa destas pessoas (Camargo 2002; Oliveira 2011; Medina 2012). Ao
mesmo tempo, trazem respaldo científico sobre como pensar na atuação clínica
fonoaudiológica frente a determinadas alterações, sejam elas de linguagem, fala,
audição ou deglutição.
O modelo proposto por Laver (Laver 1980) fundamentou a proposição
do roteiro de descrição fonética da qualidade vocal, denominado Vocal Profile
Analysis Scheme, o qual integra os aspectos fonatórios (laríngeos), articulatórios
(supralaríngeos) e de tensão (Laver et al., 1991; Laver, 2000; Mackenzie-Beck,
3
2005).
A proposta respalda-se na análise detalhada sobre as mobilizações
de longo termo e, mais especificadamente, na qualidade vocal, não somente de
natureza fonatória, mas aquelas articulatórias e ressonantais e de tensão muscular
(Mackenzie-Beck 2005).
São escassos os trabalhos que buscam entender e descrever as
alterações vocais em falantes acromegálicos. Além disso, os poucos estudos
existentes fundamentaram-se apenas em análises sobre a emissão sustentada de
vogais para analisar a voz e limitaram-se a relatar a percepção de rebaixamento da
frequência fundamental (Kinnman 1976; Razvi and Perros 2007; Aydin, Turkyilmaz
et al. 2013).
Parece ser limitado o fato de se abordar somente um aspecto vocal,
por exemplo: analisar somente o rebaixamento de pitch, quando se pretende
estudar a qualidade vocal, como consequência ou sinal, de qualquer doença e,
neste estudo, na acromegalia. Na acromegalia, as alterações morfológicas que
ocorrem em estruturas importantes para a produção e modelamento sonoro como
por exemplo: a protrusão mandibular e o aumento do volume lingual podem
impactar na mobilidade dos denominados órgãos fonoarticulatórios? E com isto
podem afetar a sua produção sonora final?
Diante de tal descrição, destacam-se as seguintes questões de
pesquisa:
4
1. A abordagem fonética da qualidade vocal permite descrever o
impacto das alterações mandibulares e linguais na fala dos pacientes
acromegálicos?
2. A qualidade vocálica, mensurada por meio da descrição das
frequências formânticas, permite delinear a configuração articulatória entre os
falantes com acromegalia?
3. Quais são os achados perceptivos e acústicos que diferenciam um
grupo de falantes com acromegalia e outro sem na doença ou grupo controle?
4. Os dados de fala podem colaborar para a convenção e atuação de
manifestações clínicas da acromegalia?
Tendo em vista estas questões de pesquisa, levantam-se algumas
hipóteses:
a) A abordagem fonética da qualidade vocal, por meio da análise
perceptivo-auditiva, poderá trazer mais informações detalhadas sobre quais seriam
os ajustes mais frequentes que caracterizariam a fala dos acromegálicos.
b) Os ajustes de qualidade vocal de natureza mandibular e lingual
poderão serão frequentes na referida população.
c) A análise acústica pode apresentar resultados que forneçam
inferências sobre a configuração do trato vocal supraglótico destes falantes.
d) Em relação ao alongamento do trato vocal, descrito na literatura,
acredita-se que seja decorrente do ajuste de laringe abaixada e da protrusão
5
mandibular. Assim, os dados da presente pesquisa poderão contribuir para a
discussão de tais questões.
Considerando as questões e as hipóteses descritas neste tópico, os
objetivos traçados para esta pesquisa foram os seguintes:
1.1 Objetivo Geral: Analisar a fala de pacientes com acromegalia
dos pontos de vista perceptivo e acústico.
1.2 Objetivos Específicos:
1.2.1 Analisar as características perceptivo-auditivas da
qualidade vocal de pacientes com acromegalia;
1.2.2 Analisar a qualidade das vogais, por meio das
frequências formânticas, produzidas pelos pacientes com
acromegalia;
1.2.3 Analisar de forma integrada os achados perceptivos e
acústicos da fala dos pacientes com acromegalia.
6
2. REVISÃO DE LITERATURA
A revisão de literatura é apresentada em duas sessões: a primeira
sessão aborda a acromegalia, seus sinais, sintomas, aspectos diagnósticos, as
suas formas de tratamento e alguns aspectos da qualidade de vida dos pacientes.
No segundo tópico, é explanada a análise da qualidade vocal com motivação
fonética, tanto com relação aos seus aspectos perceptivos quanto aos seus
aspectos acústicos.
No campo dos aspectos perceptivos, serão referenciados o modelo
fonético da qualidade vocal e o roteiro Vocal Profile Analysis Scheme para o
Português Brasileiro. Do ponto de vista acústico, serão abordados os preceitos do
modelo fonte-filtro para a descrição das vogais, além das medidas acústicas
aplicadas à avaliação da qualidade vocal.
2.1 Acromegalia
2.1.1 Acromegalia: sinais, sintomas e aspectos diagnósticos
A acromegalia resulta normalmente do excesso de GH (do inglês
growth hormone, hormônio do crescimento) produzidos por tumores hipofisários
(adenoma) (Williams, Richards et al. 1994). A doença em questão é acompanhada
por multicomorbidades e alterações metabólicas, podendo ser diagnosticada em
qualquer idade e ocorrendo com a mesma frequência em homens e mulheres
7
(Holdaway and Rajasoorya 1999; Donangelo, Une et al. 2003; Reid, Post et al.
2010).
Estudos epidemiológicos na Europa revelaram uma prevalência de 40
a 70 casos/milhão e uma incidência anual de 3 a 4 casos/milhão de habitantes.
Como não há estudos na população brasileira, estima-se que cerca de 650 novos
casos de acromegalia sejam diagnosticados anualmente no Brasil (Donangelo,
Une et al. 2003).
O diagnóstico é tardio, na maioria dos casos, sendo que o tempo do
início dos sintomas até o diagnóstico pode levar vários anos (Reid, Post et al.
2010).
Comumente, após a suspeita clínica pelos clássicos sinais e
sintomas, é realizada a investigação laboratorial, como critérios diagnósticos, dos
valores de GH basal, IGF-1 (do inglês insulin-like growth factor-1/ fator de
crescimento semelhante à insulina) e dosagem de GH durante o Teste Oral de
Tolerância à Glicose (TOTG). Este último é considerado o padrão ouro para o
diagnóstico da acromegalia. É importante ressaltar que o GH é secretado de forma
pulsátil. Em pessoas sem acromegalia, 70% a 80% dos valores de GH em 24
horas são indetectáveis, mas podem ocorrer picos de secreção com valores que
excedem várias vezes o limite de normalidade. Assim, os pacientes acromegálicos
podem apresentar valores de GH dentro da variação dita como normal.
8
A interpretação dos valores de dosagem de GH deve ser cautelosa
justamente devido às dificuldades de estabelecimento da faixa de normalidade
para o GH basal (ou randômico), para diferenciar indivíduos com e sem
acromegalia (Vieira Neto, Abucham et al. 2011).
O rastreamento para a doença deve ser realizado com as dosagens
basais, tanto de GH quanto de IGF-I (do inglês insulin-like growth factor / fator de
crescimento semelhante à insulina): níveis séricos randômicos de GH < 0,4 ng/mL
e de IGF-I normais para a idade excluem o diagnóstico de acromegalia. Além
disso, nos pacientes em que o diagnóstico não pode ser afastado com as
dosagens basais, está indicado o teste oral de tolerância à glicose (TOTG), com a
administração de 75g de glicose anidra, e dosagens subsequentes de GH e
glicose, a cada 30 minutos por duas horas, quando normalmente deve ocorrer a
supressão do GH (Vieira Neto, Abucham et al. 2011). Valores de GH menor ou
igual a 0.4ng/mL em qualquer ponto da curva descartam a doença(Aydin, Cinar et
al. 2014).
Não existem diretrizes estabelecendo, de forma específica, quantos
sintomas e sinais clínicos devem estar presentes para submeter o paciente ao
rastreamento para acromegalia. Naqueles pacientes com características típicas da
doença, como mudanças faciais e aumento das extremidades, o diagnóstico clínico
da acromegalia é, em geral, facilmente estabelecido e confirmado pelo valor alto de
IGF-I e o exame de imagem (Girma, Lavergne et al. ; Clemmons 2011),
9
independente do valor de GH basal ou do teste oral de tolerância à glicose (Aydin,
Cinar et al. 2014).
O exame de imagem é indicado para todos dos pacientes, por
Ressonância Magnética (RM) ou Tomografia Computadorizada (Melmed 2009;
Melmed, Colao et al.) de sela túrsica, já que o adenoma de hipófise é responsável
por quase todos os casos de hipersecreção de GH (Donangelo, Une et al. 2003).
Quanto ao diagnóstico precoce, é discutível se, em uma doença de
baixa prevalência, seria custo-efetivo o rastreamento em pessoas assintomáticas
ou com sintomas inespecíficos (Neto, Araújo et al. 2011).
As características clínicas que compõem o diagnóstico de pacientes
com acromegalia não mudaram nos últimos 25 anos (Reid, Post et al. 2010). As
razões pelas quais a acromegalia tem sido tradicionalmente sub- reconhecida não
são claras, mas pode-se incluir desde o seu curso lento e progressivo até as suas
mudanças serem notadas pelo paciente, familiares ou clínicos. Os pacientes
geralmente visitam alguns ambulatórios até receber o diagnóstico em algum centro
especializado.
Em um estudo sobre os fatores diagnósticos (Neto, Araújo et al.
2011), foram analisados 324 casos entre os anos de 1981 e 2006. Os pacientes
tinham, em média 43 anos, sendo 44% do sexo masculino e 56% do sexo
feminino. Os dados de evolução clínica, bioquímica e radiográfica foram coletados
no período compreendido entre o início dos sintomas e o diagnóstico. A avaliação
10
e o diagnóstico da acromegalia ocorreram após as mudanças faciais em 15,2%
dos casos, e após o alargamento das mãos e dos pés em 16,8%.
No mesmo estudo, mudanças faciais como engrossamento, e
aprofundamento da rima nasolabial, alteracões tireoideanas e entre os anos de
1981 e 2006. Os aumento do volume das glândulas salivares também são
descritos como achados típicos da doença. Não houve diferença significativa na
presença de queixas nos pacientes com diagnóstico recente ou tardio.
Em dois estudos (Miller, Learned-Miller et al. 2011; Schneider,
Kosilek et al. 2011) sobre instrumentos que auxiliem e documentem o
reconhecimento clínico da acromegalia, os pesquisadores utilizaram dois softwares
similares para comparar as modificações faciais na acromegalia. O primeiro
estudo, com 59 participantes acromegálicos, utilizou uma foto de cada um deles
para classificá-los em três grupos: modificações faciais discretas, moderadas e
severas e, paralelamente, as mesmas imagens foram analisadas por meio do
software FIDA (facial image identity). Os pacientes classificados com modificações
faciais discretas também apresentaram as menores concentrações de GH. Ao
correlacionar ambas as análises, clínica-visual e fotográfica-digital para o
reconhecimento e diagnóstico clínico, a acurácia foi maior do que 80%.
No segundo estudo, foram analisadas, pelo clínico e em paralelo
pelo software, 24 fotografias em três dimensões. Em ambas as análises, as
características faciais foram descritas da mesma forma. Os dois grupos discutiram
11
limitações, pois não se pode afirmar que possa ser aplicado de forma generalizada
a outras populações. O software por ser utilizado como auxílio para o registro ou
análise no diagnóstico e durante o acompanhamento da doença (Miller, Learned-
Miller et al. 2011; Schneider, Kosilek et al. 2011).
As mudanças na face, decorrentes da exposição a quantidade
elevada de GH, foram descritas como um provável motivo da mudança estética ou
funcional que podem levar até mesmo à necessidade de cirurgias reparadoras
(Kunzler and Farmand 1991). O objetivo desses autores foi estudar a taxa de
ocorrência, assim como a expressividade dos estigmas faciais presentes nas
alterações de crescimento dos ossos da face, alargamento do queixo e da
protrusão mandibular principalmente. Para tanto, estudaram 31 pacientes de
ambos os sexos com média de 52,7 anos, todos tratados por cirurgia transfenoidal.
Três diferentes tipos de radiografias (RX) foram avaliadas: cefalograma padrão
lateral do crânio inteiro, ortopantograma e tomografia linear das articulações
temporomandibulares, para realizar a seguinte classificação: hiperplasia
hemimandibular e alongamento hemimandibular (Obwegeser and Makek 1986). Os
primeiros sinais e sintomas apontados neste estudo, foram os seguintes:
alargamento dos pés, mudanças na aparência, amenorreia, síndrome da túnel do
carpo, dor de cabeça, cardiomiopatia, diabetes, alargamento da mandíbula e
hipertranspiração. Como mudanças intraorais ocorrem: mordida cruzada anterior,
macroglossia, protrusão mandibular e protrusão alveolar com diastemas entre os
12
dentes. Na análise de imagem, houve diferença significativa entre o grupo controle
e o grupo estudado; principalmente a classe III (protrusão mandibular evidente)
(Morewood, Belchetz et al. 1986; Murrant and Gatland 1990; Razvi and Perros
2007).
Além das alterações faciais descritas, a hipersecreção prolongada de
GH pode causar várias complicações, como doenças vasculares (cardiovasculares
e cerebrovasculares), respiratórias, neoplásicas, endócrinas e metabólicas. As
complicações respiratórias são a segunda causa mais comum das mortes
registradas na acromegalia. Prognatismo, lábios grossos, macroglossia e
hipertrofia da mucosa e das cartilagens laríngeas, calcificação traqueal e artropatia
da junta cricoaritenóidea, presente em casos mais raros, contribuem para a fixação
uni ou bilateral das pregas vocais ou até mesmo para estenose laríngea, o que
pode levar às mudanças vocais e, de forma mais severa, à obstrução das vias
aéreas superiores (Melmed, Bonert et al. 2009).
A voz “agravada” ou apenas citada como “grave e rouca” é descrita
como achado na acromegalia há anos. Os primeiros estudos foram relatos de caso
e focaram para a questão do rebaixamento da frequência fundamental vocal
(Weinberg, Dexter et al. 1974; Barcelo, Salto et al. 1976; Kinnman 1976), porém
sem discussões sobre os demais aspectos da dinâmica e ajustes da qualidade
vocal.
13
A partir da década de 90, estudos se propuseram a investigar o
rebaixamento de f0, tremor e instabilidades, mas ainda baseados no registro e na
análise de vogais sustentadas, sem o enfoque de seus aspectos articulatórios ou
dos mecanismos supraglóticos da fala (Williams, Richards et al. 1994; Razvi and
Perros 2007).
Em um recente estudo, as amostras de vogais sustentadas de 37
pacientes com acromegalia foram analisadas por meio do software MDVP (Multi-
Dimensional Voice Program). Os dados foram comparados com um grupo controle.
Apesar de terem encontrado diferenças entre ambos os grupos, os autores não
relataram diferenças significativas entre os pacientes que não haviam sido
submetidos a hipofisectomia (Aydin, Turkyilmaz et al. 2013).
2.1.2 Formas de tratamento
O tratamento da acromegalia pode ser cirúrgico, medicamentoso e
radioterápico (RT) (Donangelo, Une et al. 2003). A doença causa uma importante
morbidade e redução da expectativa de vida. Consequentemente, o tratamento
multidisciplinar com endocrinologistas, neurocirurgiões e radioterapeutas,
representa a melhor escolha para os pacientes, em vez da opção por uma única
modalidade terapêutica.
As metas do tratamento são: ablação ou redução da massa tumoral
com preservação da função adeno-hipofisária, prevenção da recorrência tumoral,
controle bioquímico do excesso de GH/IGF-I, e o controle das complicações
14
cardiovasculares, respiratórias e metabólicas (Melmed, Colao et al. 2009; Barkan,
Bronstein et al. 2010)
O tratamento de escolha do tumor hipofisário é a remoção cirúrgica
por meio da cirurgia transfenoidal. Os medicamentos representam a segunda
opção do tratamento, com o emprego dos análogos de somatostatina, agonistas
dopaminérgicos e os antagonistas do receptor de GH. São usados também no
periodo pré-operatório e podem reduzir em até 48% o tamanho do tumor. Os
análagos de somatostatina, quando usados neste período, reduzem a morbidade
dos pacientes. Ao melhorarem a função cardíaca, diminuem a chance de arritmias
ventriculares e podem melhorar o controle da hipertensão arterial e das glicemias
nos diabéticos, bem como facilitar a intubação orotraqueal pela redução do edema,
do espessamento das vias aéreas superiores e do tamanho da língua (Stevenaert
and Beckers 1996). Outra modalidade de tratamento é a radioterapia (RT),
indicada quando as terapias medicamentosa e cirúrgica não são suficientes para
reduzir os níveis séricos de GH e IGF-I (Barkan, Bronstein et al. 2010).
A radioterapia de megavoltagem pode ser a convencional ou a
radiocirurgia. A RT convencional é dirigida ao tumor com uma margem de
segurança 1 a 2 cm, para a proteção do nervo ópitico, por dois feixes laterais e um
frontal. Já na radiocirurgia, é administrada uma dose elevada de radiação ionizante
em uma única sessão e com alta precisão dirigida ao tumor, com mínimo efeito
nocivo no tecido circunjacente. É empregada através de Gamma Knife ou com uso
15
de acelarador linear (Barkan, Bronstein et al. 2010). O Gamma Knife é uma
modalidade de radiocirurgia que utiliza fontes emissoras de cobalto-60 (60Co) gama
focadas no alvo tumoral.
O prognóstico dos pacientes com acromegalia dependerá da
efetividade do tratamento que objetiva a normalização de GH e IGF-I. Com isso,
busca-se o maior controle das comorbidades que acompanham a doença
(Stevenaert and Beckers 1996).
Ao longo da última década, os critérios bioquímicos que definem o
controle da doença tornaram-se cada vez mais rigorosos. Durante o tratamento
clínico, considera-se a doença controlada quando GH é < 0.4ng/mL após TOTG. E
quando GH < 1 ng/mL, em uso de Sandostatin LAR; GH após TOTG < 0.4ng/mL
após cirurgia (hipofisectomia); e a normalização de IGF-I por idade para todos os
tipos de tratamentos (Clemmons 2011).
2.1.3 Aspectos da qualidade de vida dos pacientes com
acromegalia
A acromegalia vêm sendo estudada também sob o ponto de vista
psicológico, frente aos estigmas provocados pela doença. As alterações nas
caraterísticas faciais podem levar o paciente à reclusão social e profissional.
Além dos estigmas faciais, as comorbidades que acompanham a
doença trazem prejuízos à qualidade de vida. Em um estudo que objetivou
comparar a qualidade vida de 40 acromegálicos com 40 pacientes com diferentes
16
doenças crônicas, foi utilizado o protocolo QoL ( Quality of Life) e não houve
diferenças entre os dois grupos. Porém, quando comparado o grupo dos pacientes
com acromegalia com os 40 indivíduos do grupo controle, os pacientes com
acromegalia apresentaram características psicológicas significativamente
diferentes em relação ao grupo controle: tensão, depressão, fadiga e irritabilidade.
O estudo destacou, ainda, a maior incidência destes achados no gênero feminino e
quando esses eram associados à radioterapia (Anagnostis, Efstathiadou et al.
2014). Existe um protocolo específico para avaliar o impacto dos aspectos físicos e
psicológicos da acromegalia, o AcroQoL (Qualidade de vida na acromegalia-
Anexo 1). O protocolo é composto por 22 questões e uma delas é destinada à
questão articulatória. Por exemplo:
(Questão 17: “é difícil articular algumas palavras devido ao tamanho de minha
língua”) (Badia, Webb et al. 2004).
Os estudos que abordaram o AcroQoL tiveram por objetivo identificar
a relação entre sintomas e comorbidades com a melhora do tratamento clínico e
cirúrgico. A maioria dos resultados apontam para a melhora dos sintomas
depressivos, tensão e irritabilidade; porém, em nenhum estudo aponta-se melhora
significativa dos demais aspectos, como os articulatórios e de estigmas facias
(“dificuldade em articular palavras” e “sentir-se feio”) (Badia, Webb et al. 2004;
Tiemensma, Kaptein et al. 2011; Kepicoglu, Hatipoglu et al. 2013). Como pode-se
constatar, o caminho a ser percorrido desde o diagnóstico até o controle da doença
17
é por vezes longo e carrega consequências físicas e psicológicas estigmatizantes.
2.2 Análise da qualidade vocal com motivação fonética 2.2.1 Aspectos perceptivos
A abordagem dos aspectos perceptivos centra-se nos aspectos do
modelo fonético de descrição da qualidade vocal (Laver 1980) e do roteiro para a
avaliação da qualidade vocal VPAS-PB (Laver, Wirs et al. 1981; Camargo and
Madureira 2008).
2.2.1.1 Modelo fonético de descrição da qualidade vocal
A qualidade vocal de um indivíduo traduz as suas características
físicas, culturais, sociais e pode revelar características da sua identidade, bem
como de sua personalidade. Ao contrário das abordagens impressionísticas, o
modelo fonético de descrição da qualidade vocal proposto por (Laver 1980) não
restringe a qualidade vocal a único evento isolado da fala, ou apenas ao resultado
sonoro da passagem do fluxo aéreo através das pregas vocais. Descreve que as
condições vibratórias de pregas vocais (aspectos laríngeos), de tensão muscular
em conjunto com os ajustes do trato vocal supralaríngeos e de tensão, moldam e
determinam a qualidade sonora final. Ou seja, a qualidade vocal final corresponde
a um conjunto de ajustes musculares quase permanentes ao longo de uma
sequência sonora. Desta forma, o termo qualidade vocal integra a produção sonora
em seus correlatos acústicos, perceptivos e articulatórios (Camargo 2002).
18
Para compreendermos melhor o modelo (Laver 1980), é fundamental
conhecermos a sua base analítica: primeiramente, a definição da unidade de
análise: setting . O termo setting articulatório pode ser interpretado como o
conjunto de características articulatórias que compõem a postura articulatória
correspondente ao ajuste muscular de cada falante dentro de qualquer língua
(Mackenzie-Beck 2005; Camargo and Madureira 2008).
A análise da qualidade vocal por meio deste modelo não preconiza a
discussão entre padrões de normalidade versus alteração, mas respeita o conjunto
dos ajustes laríngeos, supralaríngeos e de tensão muscular que podem ocorrer
concomitantemente ao longo da fala. Para esta modalidade de análise, é
considerado um ajuste de referência: o ajuste neutro.
O ajuste neutro não se refere ao padrão normal, ou de repouso dos
articuladores, e sim compõe um conjunto de características que deve ser
considerado como padrão intermediário de atividade das estruturas do trato vocal.
Com base na descrição de Laver (1980), o ajuste neutro caracteriza-
se pelas seguintes características:
Os lábios não estão nem protraídos nem estirados.
A laringe não está nem elevada nem abaixada.
O trato vocal supraglótico, em secção transversal, tem
diâmetro similar ao longo de toda a sua extensão.
19
As articulações anteriores são realizadas pela ponta ou lâmina
da língua.
O corpo da língua, não se encontra nem avançado, nem
recuado.
Não há constrição de trato vocal pelos músculos constritores
faríngeos.
A mandíbula não se encontra nem fechada, nem aberta
indevidamente.
O uso do sistema velofaríngeo causa nasalidade apenas
quando a nasalidade é inerente ao segmento produzido.
A vibração das pregas vocais é regular, sem crepitância ou
escape de ar excessivo.
Vários ajustes de qualidade vocal podem ocorrer de forma
simultânea. O modelo teórico prevê os princípios de relacionamentos dos ajustes
de qualidade vocal entre si. Dentro desta esfera, surge o conceito da
compatibilidade entre os ajustes e a sua interação com a anatomia individual de
cada falante, que não pode ser descartada.
Apesar de serem apresentados isoladamente, existe a
interdependência e a relação entre eles; por exemplo, quando diferentes ajustes
(settings) competem para o uso de mesma parte do trato vocal ou quando em
determinado ajuste é exigida a mesma parte laríngea (Laver 2009).
20
A susceptibilidade refere-se a um princípio que aborda a seleção
entre ajustes de qualidade vocal e segmentos. Pode ser explicada como um
conceito baseado em graus de manifestação de mecanismos sucessivos da fala
sobre o efeito de uma determinada configuração nos segmentos (Mackenzie-Beck
2005).
Outro ponto importante do modelo se refere à conjunção da ação dos
fatores intrínsecos e extrínsecos na determinação da qualidade vocal.
No âmbito dos fatores intrínsecos, pode-se considerar que todos os
seres humanos nascem com características anatômicas: ósseas, cabeça, peito,
comprimento do trato vocal da laringe aos lábios, tamanho da língua, formato do
palato, dentição e pregas vocais. Tais estruturas podem passar, em todas as
etapas do crescimento, por mudanças e também por consequência da presença de
determinados distúrbios que afetem seus aspectos morfológicos (Mackenzie-Beck
2005; Thomas 2011).
Já os fatores extrínsecos são representados pelas possibilidades de
usos que os falantes fazem das estruturas de seu trato vocal, de forma a
assumirem variadas configurações ou ajustes na dinâmica de fala (Camargo 2002).
Tradicionalmente, dentro das ciências da comunicação humana, os
termos voz e fala são apresentados distintivamente na maioria das discussões que
abrangem as alterações vocais. Por outro lado, há um crescente aumento nos
21
estudos dentro da linguística voltados para o aprofundamento de uma visão mais
ampla em termos da abordagem fonética da qualidade vocal.
Esta abordagem propicia a análise integrada tanto dos ajustes
glóticos, como supraglóticos e de tensão muscular que moldam a qualidade vocal,
no campo prosódico (Camargo 2002; Camargo and Madureira 2009).
2.2.1.2 Análise Perceptivo-auditiva da qualidade vocal por meio
do roteiro Vocal Profile Analysis Scheme para o Português Brasileiro ( VPAS-
PB)
O modelo fonético de descrição da qualidade vocal fundamentou a
proposição de um roteiro de avaliação dos aspectos de qualidade e de dinâmica
vocal, contemplados na proposta intitulada Vocal Profile Analysis Scheme-VPAS
(Laver, Wirs et al. 1981). Tal proposta propiciou a combinação entre a articulação e
os aspectos fonatórios com base na influência dos fatores anatômicos e
fisiológicos.
Os princípios gerais da aplicação do VPAS envolvem a consideração
da atividade de todo o trato vocal para a avaliação da qualidade vocal, ou seja: a
análise dos ajustes vocais enquanto tendências musculares de longo termo nos
planos fonatório, do trato vocal e de tensão muscular.
O roteiro é periodicamente revisado. A versão para a língua
portuguesa brasileira, VPAS-PB (Camargo and Madureira 2008), vem sendo
22
utilizada com êxito nas pesquisas do Grupo de estudos sobre a Fala
LIAAC/GEFala da PUC–SP, com resultados que permitem validar a sua
aplicabilidade clínica (Camargo 2012). O roteiro é subdividido em descrição da
qualidade vocal e dinâmica vocal, a ser abordado neste estudo. A parte I
contempla os ajustes de trato vocal (supralaríngeos), os elementos fonatórios
(laríngeos) e de tensão. (Figura 1).
Figura 1. Roteiro para avaliação fonética da qualidade vocal para o português brasileiro VPAS-PB: Parte I(Camargo and Madureira 2008)
QUALIDADE VOCAL PRIMEIRA PASSADA SEGUNDA PASSADA
Neutro Não neutro AJUSTE Moderado Extremo 1 2 3 4 5 6
A. ELEMENTOS DO TRATO VOCAL
1.Lábios
Arredondados/protraídos Estirados Labiodentalização
Extensão diminuída Extensão aumentada
2. Mandíbula
Fechada Aberta Protraída
Extensão diminuída Extensão aumentada
3.Língua ponta/lâmina Avançada Recuada
4. Corpo de língua
Avançado Recuado Elevado Abaixado
Extensão diminuída Extensão aumentada
5.Faringe Constrição Expansão
6.Velofaringe Escape nasal audível Nasal Denasal
7. Altura de laringe Elevada Abaixada
B. TENSÃO MUSCULAR GERAL
8. Tensão do trato vocal Hiperfunção Hipofunção
9. Tensão laríngea Hiperfunção Hipofunção
C. ELEMENTOS FONATÓRIOS
AJUSTE Presente Graus de escala
Neutro Não Neutro Moderado Extremo 1 2 3 4 5 6
10. Modo de fonação
Modal Falsete Crepitância/ vocal fry Voz crepitante
11. Fricção laríngea Escape de ar Voz soprosa
12.Irregularidade laríngea Voz áspera
Ocorrências em curto termo ( )quebras ( ) instabilidades ( ) diplofonia ( ) tremor
Para ajustes de ocorrência intermitente assinalar (i)
23
Os ajustes de qualidade vocal auditivamente identificados, tendo
sempre como correspondência o ajuste neutro, são graduados em uma escala que
pode variar de 1-2-3 dentro de manifestações moderadas a 4-5-6 consideradas,
manifestações de grau mais acentuados.
A aplicabilidade do roteiro VPAS-PB para a avaliação perceptivo-
auditiva da qualidade vocal e de elementos de dinâmica vocal é defendida em
diferentes estudos e sob diferentes perspectivas (Camargo 2002; Gregio 2006;
Magri, Cukier-Blaj et al. 2007; Fernandes 2011; Forte-Svicero 2012; Lima-Silva
2012; Pessoa 2012; Queiroz 2012).
Em um estudo recente com professores, nas amostras de fala de um
grupo de 25 profissionais de rede pública de ensino de uma cidade do interior de
São Paulo, foram descritos os achados acústicos e perceptivos referentes às
principais alterações vocais de indivíduos com alterações laríngeas. Os principais
ajustes de qualidade vocal encontrados auxiliaram a comprovar os principais
comportamentos vocais realizados por estes profissionais: hiperfunção laríngea,
laringe elevada, hiperfunção de trato vocal, mandíbula fechada, constrição
faríngea, corpo de língua elevado, voz áspera e escape de ar (Lima-Silva 2012).
Outros estudos baseados no modelo fonético para a descrição da
qualidade vocal (Fernandes 2011; Queiroz 2012) em populações sem queixas
vocais, demonstraram, por meio do roteiro VPAS-PB, a interdependência de
24
determinados ajustes, tais como a voz áspera em associação ao ajuste de escape
de ar ou hiperfunção laríngea e a voz soprosa; expansão faríngea combinada à
laringe abaixada, o que reforça o modelo de descrição fonética da qualidade vocal,
e o princípio de interdependência entre os ajustes (Laver 1980). Estes autores
apontaram para a estreita relação entre os ajustes de hiperfunção laríngea e voz
soprosa, escape de ar e a voz áspera.
No âmbito dos estudos multidisciplinares, em uma investigação da
qualidade vocal em indivíduos com disfunção paradoxal das pregas vocais, foram
descritas as combinações entre os ajustes de hiperfunção, voz crepitante, voz
áspera e escape de ar e a ocorrência em curto termo de quebras e diplofonia
(Cukier 2006).
O enfoque sobre os aspectos da dinâmica vocal, foi incorporado
encontra-se a tese que objetivou analisar a correlação de achados perceptivos e
acústicos em crianças com perda auditiva usuárias de implante coclear. Neste
estudo, destacaram-se os achados de hiperfunção laríngea combinadas àqueles
referentes à diminuição da extensão de movimento dos lábios, mandíbula e língua,
além de corpo de língua recuado, com variações entre abaixado e elevado (Pessoa
2012)
25
2.2.2 Aspectos Acústicos: qualidade vocálica
2.2.2.1 Modelo fonte-filtro para a descrição das vogais
As mudanças comumente descritas no trato vocal dos acromegálicos
podem influenciar, de forma intensa, a produção dos segmentos vocálicos,
assumindo-se que serão afetados por ajustes de longo termo da qualidade vocal.
As descrições de alterações de qualidade vocálica podem colaborar
para a compreensão do impacto das alterações anatômicas dos acromegálicos na
produção da fala. Para tanto, as contribuições da teoria acústica da produção da
fala, e, especialmente, do modelo fonte-filtro serão relevantes (Fant 1960).
A partir desta teoria, o trato vocal funciona como um filtro que
transfere algumas frequências produzidas a partir da atividade vibratória das
pregas vocais. A teoria contempla a descrição detalhada dos fenômenos acústicos
no domínio das frequências. Os formantes são descritos como faixas de freqüência
com maior concentração de energia que, durante o seu percurso pelo trato vocal,
poderão ser amplificadas ou atenuadas em decorrência de determinadas
configurações vocálicas. São definidos como as ressonâncias do trato vocal
supraglótico. Acusticamente, são identificados como picos de energia na curva que
representa as amplitudes da frequência fundamental (primeiro harmônico) e de
seus subsequentes harmônicos (Kent and Read 1992).
Antes de explanar sobre a análise vocálica em acromegálicos, é
importante compreender as características acústicas e articulatórias das vogais:
26
dependem do formato e do volume dos chamados espaços ressonantais do trato
vocal supraglótico. Este volume e estes espaços são determinados por
características anatômicas (comprimento total do trato vocal, altura e largura do
palato duro) e por ajustes articulatórios dos lábios, da língua e da faringe (Kent and
Read 1992).
Os sons das vogais são classificados quanto à conformação dos
espaços supraglóticos, uma vez que as pregas vocais vibram no momento de sua
produção e não há obstáculo à passagem do ar (Camargo and Navas 2008).
O sistema respiratório é responsável por esta passagem do ar de
forma controlada pelo trato vocal supraglótico (faringe, língua, cavidade nasal), e
cabe às pregas vocais converterem esta energia aerodinâmica em energia
acústica. Os falantes podem modificar as frequências formânticas em decorrência
dos movimentos mandibulares, linguais ou do palato mole, pelo tensionamento dos
músculos faríngeos ou pelo formato dos lábios (Kreiman and Sidtis 2011).
Logo, as vogais podem ser classificadas, articulatoriamente,
conforme os fatores a seguir:
27
1. Postura da língua em relação à altura: altas, médias (alta e
baixa) e baixas;
2. Postura da língua em relação ao deslocamento ântero-
posterior (anterior, central ou posterior);
3. Postura dos lábios (arredondados ou não);
4. Postura do palato mole (oral-elevado; nasal-abaixado);
5. Abertura (abertas e fechadas, intermediárias: semiaberta e
semifechada).
Resumidamente, a seguir temos a classificação articulatória das
vogais para o português brasileiro;
Quadro 1. Descrição das sete vogais orais do português brasileiro (Camargo and Navas 2008)(Camargo e Navas 2009)
[a] vogal oral, baixa, central, não arredondada, aberta;
[e] vogal oral, média-alta, anterior, não arredondada, fechada;
[ε] vogal oral, média-baixa, anterior, não arredondada, aberta;
[i] vogal oral, alta, anterior, não arredondada, fechada;
[o] vogal oral, média-alta, posterior, arredondada, fechada;
[ɔ] vogal oral, média-baixa, posterior, arredondada, aberta;
[u] vogal oral, alta, posterior, arredondada, fechada.
28
Esta classificação pode ser representada por meio do trapézio
conforme, conforme a Figura 2.
Figura 2. ilustração representativa das vogais orais do português brasileiro (Barbosa and Albano 2004)
2.2.2.2 Medidas acústicas aplicadas à avaliação da qualidade vocal
Abordados os aspectos da configuração articulatória das vogais,
modela-se, do ponto de vista acústico, o trato vocal como um tubo flexível,
moldável pela ação dos articuladores. As pregas vocais, ao entrarem em vibração,
produzem uma série de ondas periódicas. O número de ciclos glóticos produzidos
por segundo determinam a frequência fundamental (f0) vocal, que corresponde, do
ponto de vista perceptivo, ao pitch vocal. Ou seja, quanto maior o número de ciclos
vibratórios por segundo, maior a frequência fundamental (mais agudo o pitch da
voz). Quanto menor os ciclos por segundo, mais baixa será f0 (mais grave o pitch
a voz) (Kent and Read 1992).
A vibração das pregas vocais ocorre de forma periódica, mas a
u
29
velocidade da fase de fechamento de cada ciclo glótico é maior que a velocidade
da fase de abertura. Graças a essa assimetria natural do pulso glótico, não há a
produção apenas da frequência fundamental (primeiro harmônico), mas de uma
série harmônica onde a frequência de cada componente é um múltiplo inteiro da
frequência fundamental (f0), conhecidos como os harmônicos da voz (Vieira 2004).
O processo da produção da fala envolve a mudança no formato do trato
vocal ajustada principalmente pelo formato e posição lingual, mandibular e labial.
Esses ajustes resultarão em resultados, tanto acústicos, quanto auditivos. Como
por exemplo: resultarão em diferentes ajustes do trato vocal supraglótico e
consequentemente nas frequências formânticas (formantes).
Teoricamente, é infinito o número de formantes, mas para propósitos
práticos, apenas os três mais baixos são frequentemente investigados em
caracterização fonética das línguas. São identificados por números: F1, F2, F3 e
assim sucessivamente (Kent and Read 1992). O padrão dos formantes é definido
pela frequência, intensidade e largura de banda dos formantes.
A frequência do primeiro formante (F1) varia de forma inversamente
proporcional à altura da língua e está relacionado com a dimensão da cavidade
faríngea, ou seja: quanto mais baixa estiver a posição da língua, menor será a
cavidade faríngea e, consequentemente, maior será o valor da frequência do
primeiro formante (F1) e vice-versa. A frequência do segundo formante(F2) se
modifica conforme o eixo de movimento anteroposterior da língua; deste modo,
30
quando a língua estiver avançada dentro da cavidade oral, a cavidade oral estará
menor e consequentemente, maior será o valor de F2 e vice-versa. A frequência do
terceiro formante também representa aspectos individualizados do trato vocal de
cada falante. Seu valor é dependente da constrição língua-faringe. Quanto menor a
cavidade oral, mais elevado será o valor de F3, e quanto maior a cavidade oral,
menor será o seu valor (Stevens 2000; Fant 2004). Já F4 é descrito como o
formante mais relacionado à laringe. As demais ressonâncias sofrem influências de
fatores individuais do falante e da estrutura de seu trato vocal (Vieira 2004).
As frequências formânticas também sofrem influências de forma
generalizada do comprimento do trato vocal (Fant 1960).
Diferentes estudos propuseram-se a analisar as frequências formânticas
(variante paulistana) com a metodologia fonética. O estudo mais recente, no qual
foi contemplada a análise de fala das frequências formânticas do português
brasileiro e as suas diferenças entre os sexos associou dados preliminares de
análise vocálica com imagem de ultrassonografia (Forte-Svicero 2012). Estes
resultados podem ser consultados no Anexo 2. Em outra pesquisa anterior, foi
realizada uma análise do trato vocal supraglótico por meio de imagens de
ressonância magnética das vogais orais e nasais do português brasileiro, o que
permitiu analisar o movimento dos articuladores durante a produção das vogais
(Gregio 2006).
31
3. MÉTODOS
O presente estudo foi submetido e aprovado no Comitê de Ética e
Pesquisa em Seres Humanos da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São
Paulo sob o número 324/11 em 30/11/2011 (Anexo 2). Após a aprovação do
Comitê de Ética, foi iniciada a seleção dos participantes da pesquisa para a
posterior coleta e análise dos dados.
3.1 Caracterização do grupo estudado (GE)
Durante o período de agosto do ano de 2012 a agosto de 2013, todos
os pacientes com o diagnóstico clínico e laboratorial de acromegalia do
Ambulatório de Endocrinologia e Metabologia da Irmandade de Misericórdia da
Santa Casa de São Paulo foram convidados a participar do estudo no momento da
consulta médica e encaminhados à pesquisadora, que se alocou no próprio
ambulatório durantes os meses de coleta. Os critérios de inclusão estabelecidos
para o GE foram: pacientes adultos, com idades entre 18 anos a 60 anos, com o
diagnóstico clínico e laboratorial de acromegalia, com a doença em atividade ou
remissão. Os valores de referência para o diagnóstico laboratorial estão
apresentados na Tabela 1.
Os critérios de exclusão para o GE foram: ter idades inferior a 18 ou
32
maior a 60 anos e apresentar histórico de alterações vocais ou alterações
laríngeas anterior à doença ou atual.
Tabela1. Valores de Referência para GH e IGF-1 conforme idade (Laboratório NUCLIMAGEM - método IRMA)
GH (pacientes adultos) 0,1 a 5,0 ng/mL
Idade : IGF-I :
20-30 anos 210ng/mL
31-40 anos 182ng/mL
41-50 anos 159ng/mL
51-70 anos 130ng/mL
71-80 anos 106ng/mL
33
No período de coleta dos dados, foram avaliados um total de 15
falantes com acromegalia com idades variadas, entre 27 e 61 anos. Optou-se pela
formação de um grupo pareado por faixa etária e sexo; assim, a amostra final para
o grupo estudado (GE) foi constituída por 4 falantes, sendo dois do sexo feminino e
dois do sexo masculino (Quadro 2).
Quadro 2. Caracterização dos falantes do Grupo Estudado (GE) conforme sexo, idade, ocupação, presença ou não de macroglossia, naturalidade e níveis de GH e IGF-I e momento da doença (em atividade ou em remissão)
GE Sexo Idade Ocupação
/naturalidade
Macroglossia GH IGF-I Doença*
GE-1 Fem 42 anos do lar/SP sim 0.1ng/mL 94.3ng/mL atividade
GE-2 Fem 41 anos do lar/SP sim 1.0ng/mL 211ng/mL remissão
GE-3 Masc 42 anos cozinheiro/SP sim 35.9ng/mL 864ng/mL atividade
GE-4 Masc 44 anos serviços gerais/SP sim 17.1ng/mL 645ng/mL atividade
*momento da doença.
Figura 3. Registro fotográfico dos falantes do Grupo Estudado de ambos os sexos: visão frontal e perfil GE-1 sexo feminino, 42 anos de idade GE-2 sexo feminino 41 anos de idade
GE-3 sexo masculino, 42 anos de idade GE- 4 sexo masculino, 44 anos de idade
34
3.2 Caracterização do grupo controle-GC
Para o grupo controle (GC), os critérios de inclusão foram: estar na
mesma faixa etária da amostra do GE, ou seja, entre 40 e 50 anos de idade, não
apresentar histórico de alterações ou queixas endocrinológicas e não apresentar
queixas ou sintomas vocais anteriores à doença. A amostra do GC apresenta-se
caracterizado no Quadro 3.
Quadro 3. Caracterização dos falantes do grupo controle (GC) conforme sexo, idade, naturalidade e ocupação
Grupo Controle Sexo Idade: Naturalidade: Ocupação
GC-1 Feminino 44 anos São Paulo aux.de enfermagem
GC-2 Feminino 41 anos São Paulo do lar
GC-3 Masculino 42 anos São Paulo aux.enfermagem
GC-4 Masculino 46 anos São Paulo desempregado
Após a formação de ambos os grupos (GE e GC), foi estruturado o
pareamento por idade e sexo conforme exposto no Quadro 4.
Quadro 4. Representação do pareamento realizado entre os falantes do grupo estudado-GE e do grupo controle-GC por idade e sexo
Falantes GE Idade Sexo Falantes GC Idade Sexo
GE-1 42anos Feminino GC-1 44 anos Feminino
GE-2 41anos Feminino GC-2 41anos Feminino
GE-3 42anos Masculino GC-3 42anos Masculino
GE-4 44anos Masculino GC-4 46anos Masculino
35
3.3 Procedimentos de coleta de dados
Os procedimentos de coleta dos dados foram realizados com cada
uma dos falantes participantes após a leitura e assinatura do termo de
consentimento livre e esclarecido (Anexo 4).
3.3.1 Gravação de áudio
A gravação foi realizada dentro de uma cabina acústica de 1,50m x
1,50m com espaço para um falante e com isolamento acústico. O falante foi
orientado a sentar-se confortavelmente com os dois pés apoiados no chão, mãos
ao longo do corpo ou apoiadas sobre as pernas e a coluna também apoiada
confortavelmente no encosto da cadeira.
O microfone da marca TASCAM iM2 para iPhone foi acoplado a um
aparelho iPhone4S e posicionado a uma distância de 10 cm do queixo do falante.
Foi utilizada uma régua para estabelecer a distância padrão do queixo ao
microfone. O aparelho iPhone e o microfone foram apoiados e ajustados conforme
a altura de cada falante e posicionados em frente ao paciente.
A orientação fornecida verbalmente pela pesquisadora foi a seguinte:
“Você deverá repetir ou ler as frases apresentadas na altura habitual da sua voz,
apesar de estar escrito “Diga papa baixinho”, você deverá ler na altura normal da sua voz, não
precisa ler em voz baixa. O acento de cada palavra estará grifado e destacado. Por exemplo: Diga
pápa baixinho” , Diga pépe baixinho, Diga pêpe baixinho, Diga pipi baixinho, Diga pôpo baixinho,
Diga pópo baixinho, Diga pupu baixinho. Em caso de dúvida, você poderá avisar-me e repetir. Em
36
qualquer momento poderemos pausar a gravação se necessário, portanto fique à vontade,
podemos começar?
Após a orientação sobre o procedimento de gravação, a
pesquisadora fechou a porta da cabina para garantir o isolamento acústico e
posicionou-se do lado de fora, em pé e de frente para a janela em vidro (visor)
voltada para o paciente com as frases impressas em folha A4 com fonte arial
número 90. As frases foram apresentadas para cada falante de forma aleatorizada.
Corpus: Três repetições aleatorizadas das sentenças-veículo contendo as sete
vogais do português brasileiro (Barbosa and Albano 2004) em posição tônica foram
apresentadas [a], [e], [ε], [i], [o],[ ɔ], [u] uma de cada vez, conforme ilustrado no
Figura 4.
Figura 4. Representação da forma de apresentação das sentenças-veículo aos falantes participantes da pesquisa
Diga pápa baixinho Diga pêpe baixinho Diga pépe baixinho
Diga pípi baixinho Diga pôpo baixinho Diga pópo baixinho
Diga pupu baixinho
37
As amostras de áudio foram digitalizadas em frequência de
amostragem de 44100 Hz, 16 bits e extensão wav., de acordo com as referências
de estudos realizados no Laboratório Integrado de Análise Acústica e Cognição
(LIAAC) da PUCSP.
3.3.2 Coleta de medidas antropométricas orofaciais:
As medidas antropométricas faciais foram extraídas após o
procedimento de gravação, do lado de fora da cabina acústica com o paquímetro
Digital Calipter (0-150mm). O paciente sentou-se com a coluna ereta, com a
cabeça em posição natural, alinhada ao corpo, com os lábios fechados, dentes em
oclusão, sem apertamento, e com a face em repouso. Os pontos foram marcados
na face com lápis de maquiagem antialérgico na cor preta e de fácil remoção.
Foram realizadas três medidas em cada ponto, de acordo com o protocolo MBGR
(Marchesan, Genaro et al. 2009). Os pontos mensurados foram: terço médio da
face (glabela ao sub-nasal), terço inferior da face (sub-nasal e gnatio) e altura da
face (soma do terço médio com o inferior) os pontos estão ilustrados na Figura 5. O
valor médio de três mensurações foi considerado para cada um dos parâmetros
acima (Ramires, Ferreira et al. 2010). Estes valores estão representados na Tabela
2.
38
Figura 5. Ilustração da localização correspondente aos pontos facias: glabela, sub-nasal e gnatio de uma paciente do grupo estudado, sexo feminino, para a mensuração das medidas antropométricas faciais
Glabela Sub-nasal gnatio
terço médio da face terço inferior da face
altura da Face
. Tabela 2. Valores da média das medidas antropométricas em milímetros (mm) dos falantes do grupo estudado (GE) e do grupo controle (GC)
Falantes Terço médio da face
(mm)
Terço inferior da face
(mm)
Altura da Face
(mm)
GE-1 57.66 53.39 111.05
GE-2 65.00 56.80 121.80
GE-3 81.79 69.63 151.42
GE-4 52.77 53.61 106.38
GC-1 57.91 51.34 109.25
GC-2 61.87 52.51 114.38
GC-3 72.74 53.73 136.47
GC-4 72.23 62.12 134.35
39
3.4 Procedimentos de análise dos dados 3.4.1 Análise perceptivo-auditiva
As amostras de áudio dos falantes foram inicialmente editadas em
frases (sentença-veículo estudada) com o uso do software de livre acesso Praat
(Boersma and Weenik).
Durante o procedimento de coleta dos dados, conforme exposto no
item anterior, cada falante repetiu três vezes as sete sentenças-veículo (Diga
p__p__ baixinho) que continham as sete vogais orais do português brasileiro.
Logo, foram gravadas 21 frases para cada um falante (3 repetições de 7
sentenças=21 frases). Para o total de 8 falantes estudados (4 do grupo estudado-
GE e 4 do grupo controle-GC), foram registradas 168 sentenças. Além das
sentenças veículo, foram registradas emissões espontâneas para 6 falantes. Os
outros falantes (de números 5 e 8), integrantes do Grupo Controle, não realizaram
emissão semi-espontânea por não terem conseguido finalizar no mínimo 5
segundos de emissão e não conseguiram permanecer por mais tempo dentro da
cabina.
Somando-se as sentenças-veículo (168 emissões) aos trechos de
emissão semi-espontânea (6 emissões), totalizaram-se 174 amostras de fala.
Além destas 174 amostras, foram acrescidos, de forma aleatória, 35
amostras ao total das mesmas emissões. Tal acréscimo, de ordem de 20% das
amostras, teve como objetivo de proceder o teste de confiabilidade e consistência
40
inter e intra avaliadores. As amostras tiveram seus dados de identificação original
(nome e data) substituídos por números. Após esta substituição aleatorizada, as
amostras foram salvas em CD-R e, a cada aproximadamente 20 trechos de
amostras de fala dos falantes, foi inserido um trecho de música (estilo jazz
instrumental), com o objetivo de oferecer um pequeno descanso auditivo ao
avaliador. Após a organização das amostras, quatro fonoaudiólogos com formação
fonética e com experiência mínima de 2 anos na aplicação do roteiro VPAS-PB
foram convidados e aceitaram participar como juízes da pesquisa.
Em um primeiro momento, todos os 4 juízes (denominados: J1, J2,
J3, J4) participaram de um curso online organizado e disponível para o grupo de
pesquisadores do Laboratório Integrado de Acústica e Cognição (LIAAC). O curso
objetiva a capacitação e o treinamento no uso do roteiro e disponibiliza 5 aulas,
conforme explanado a seguir:
Aula 1. Apresentação e Introdução ao Modelo Teórico de Descrição
da Qualidade Vocal.
Aula 2. O Roteiro Vocal Profile Analysis Scheme para o português
brasileiro (VPAS-PB).
Aula 3. A dimensão dos ajustes supralaríngeos ou do trato vocal.
Aula 4. A dimensão dos ajustes laríngeos ou fonatórios e de tensão
muscular.
Aula 5. O perfil de qualidade vocal e os aspectos de dinâmica vocal.
41
Para a aula 5, 16 arquivos sonoros oriundos do banco de dados do
LIAAC foram disponibilizados para que cada juiz realizasse um treinamento prático.
Após sete dias da disponibilização do material do curso, a
pesquisadora entrou em contato com cada um dos juizes para recolher as
respectivas respostas da análise incluídas e realizadas na aula 5 do curso. Após a
observação de cada resposta de cada juiz, os dados foram registrados em uma
planilha e, por meio de e-mail ou de contato telefônico, foi realizada a devolutiva
aos juízes sobre os julgamentos das 16 amostras disponibilizadas para o curso.
Após a conclusão do curso, o CD-R organizado para esta análise,
contendo os 216 arquivos de áudio (209 estímulos/amostras acrescido de 7
trechos musicais dispostos aproximadamente a cada 20 amostras), foi entregue a
cada juiz, juntamente com um caderno contendo 209 folhas para o preenchimento
do roteiro. Na páginas iniciais deste caderno foram fornecidas as orientações sobre
a análise, e como ela deveria ser realizada (Anexo 5). Em seguida, foi apresentado
o termo de consentimento livre e esclarecido destinado aos juízes (Anexo 6). Foi
enfatizado que a escuta deveria ser individual e que a discussão entre juízes-
participantes não era permitida. Os arquivos estavam em formato.wav e poderiam
ser escutados até 5 vezes antes da anotação no próprio roteiro. O prazo para
análise foi de no mínimo 10 dias e no máximo 20 dias. Após a conclusão das
análises por parte de cada juíz, os cadernos foram recolhidos e todos os dados
tabulados em planilha Excel.
42
O primeiro momento da análise dos dados perceptivos foi a análise
de confiabilidade e consistência nas respostas inter e intra juízes. Para esta, foi
utilizado o Teste Kappa; ele fornece a medida de concordância inter-observador e
mede o grau de concordância além do que seria esperado somente pelo acaso.
Nesta medida de concordância, o valor máximo 1, que representa
total concordância, e os valores próximos, e até abaixo de 0, indicam discordância
(Baltar and Okano 2014).
Foi determinado, como o julgamento médio, a média resultante da
análise realizada pelos quatro juízes. Na Figura 6, é apresentado o resultado da
análise de concordância, pela construção de intervalos de confiança de 95% para a
média percentual de erros que cada juiz comete em relação ao juiz médio.
Figura 6. Intervalos de confiança para os juízes J1 a J4 com todas as análises e desvio padrão (DP)
43
Na sequência, foram também estimados intervalos de confiança
apenas para os julgamentos não nulos, ou seja, apenas quando cada juiz observou
algum grau de manifestação diferente de zero, que são apresentados na Figura 7.
Figura 7. Intervalos de confiança para os juízes J1 a J4 para as observações não nulas
Observa-se que as Figuras 6 e 7 apresentam intervalos de confiança
semelhantes, e mostram o juiz 2 afastado dos demais, cujas discordâncias são
bem mais próximas. Estatisticamente, pode-se afirmar que o juiz 2 tem o desvio
padrão dos julgamentos distintos dos demais e que estes apresentam desvio
padrão coincidente entre si.
Com relação à análise intra-juízes, foi realizada a comparação entre
julgamentos realizados para repetições aleatoriamente apresentadas, comparando-
se o quanto cada juiz divergiu em seus julgamentos de mesma repetição, com a
construção de intervalos de confiança de 95% para cada juíz.
44
Figura 8. Intervalos de confiança para os julgamentos intra-juízes e seus respectivos erros e intervalos de confiança
Observa-se que o juíz 4 apresenta menor média percentual de erros
que os demais. Estatisticamente, pode-se afirmar que o juiz 4 tem média
percentual de erros diferente dos demais e que estes têm média coincidente entre
si.
Apesar do juiz 2 ter apresentado maior porcentagem de erros em
relação ao juiz médio, apresentou consistência equivalente aos juízes 1 e 3.
Por outro lado, o juiz 4, com consistência distinta em relação aos
demais, apresenta maior consistência. Quanto aos juízes 1 e 3, os testes não
apresentam contraste suficiente para que se possa distinguir a qualidade entre
eles; porém, o juiz 3 apresenta ligeiras inclinações a menos desvios em relação ao
juiz médio e maior consistência.
Com base nos resultados do Teste Kappa, optou-se por excluir os
julgamentos do juiz 2 e nova análise estatística com os demais juízes foi realizada.
É importante ressaltar que a exclusão do juiz 2 não é demérito algum à qualidade
45
de seus julgamentos e sim um reconhecimento da complexidade da tarefa de
julgamento. O julgamento do VPAS-PB é uma tarefa criteriosa e também está
relacionado à experiência e à vivência de cada juiz - avaliador com o roteiro,
VPAS-PB.
Além disso, na pesquisa em questão, não foram utilizadas as
sentenças originais pertencentes ao protocolo (Camargo and Madureira 2008) com
os respectivos segmentos-chave, o que também pode ter dificultado os seus
julgamentos. Neste estudo, em decorrência da dificuldade e por vezes a falta de
fluência na tarefa de leitura apresentada pelos falantes participantes, optou-se pelo
emprego das sentenças-veículo com a sete vogais orais do PB.
3.4.2. Análise acústica
Inicialmente, as amostras digitalizadas no formato .wav foram
convertidas em mono e ajustadas para a freqüência de amostragem de 10 kHz. Em
seguida, foi utilizado o plug-in Akustyk (Anexo 7) aplicável ao software de livre
acesso Praat versão 5.1.31, desenvolvido por Paul Boersma e David Weenink da
Universidade de Amsterdã, disponível em www.praat.org, para a extração
automática das medidas formânticas (F1, F2, F3 e F4) para cada uma das sete
vogais orais da sílaba tônica da palavra p___p___. Os passos da análise
formântica estão descritos no tutorial disponível no anexo ( Anexo 7).
46
A extração das medidas de frequências formânticas (Hz) pode ser
realizada manualmente, sem o auxílio do plug-in especificado; porém, com o uso
do plug-in de forma criteriosa e obedecendo rigorosamente os critérios para uma
análise fidedigna, ele propicia a extração automática das frequências formânticas,
gerando o trapézio das vogais.
É importante ressaltar que, para a extração das medidas de cada
uma das sete vogais estudadas, o cursor foi posicionado, preferencialmente, no
período estacionário da onda, conforme ilustra a Figura 9:
Figura 9. Tela Extraída do software Praat no momento de posicionamento do cursor no período de estabilidade do traçado da vogal [a] da sentença “Diga papa baixinho da primeira repetição da paciente GE-P1para a extração das medidas de frequências formânticas. Janela superior representa a forma de onda e na janela inferior o espectograma de banda larga tela à direita representa a sequência de extração automática pelo plug-in Akustyk
47
Para comparação e confirmação dos valores da extração automática
e da extração manual, amostras aleatórias foram analisadas por meio das duas
formas, e os resultados estão demonstrados nas Figuras 9 e 10.
Os valores das frequências formânticas F1 a F3 apresentaram
diferença de até 40Hz. E para F4 de 123Hz, estes valores se modificam conforme
a mudança do cursor. Enquanto na Figura 9 o cursor estava posicionado em
5.646839s; na Figura 10, o cursor estava posicionado o mais próximo possível, em
5.646910s; pequena diferença essa que pode justificar a variação maior em
valores de F4.
Figura 10. Tela Extraída do software Praat no momento de posicionamento do cursor no período de estabilidade do traçado da vogal [a] da sentença “Diga papa baixinho” da primeira repetição da paciente GE-P1 para a extração das medidas de frequências formânticas. A janela superior representa a forma de onda e a janela inferior, o espectograma de banda larga. A tela intermediária representa a extração manual medidas no software Praat
48
3.4.3 Análise estatística dos dados
Para os dados de natureza perceptiva (resultados do julgamento
perceptivo auditivo por meio do roteiro VPAS-PB) e de natureza acústica ( medidas
formânticas) foram realizadas as seguintes análises, primeiramente os achados
das variáveis perceptivas (ajustes de qualidade vocal / VPAS-PB), em seguida as
variáveis acústicas (resultados das medidas formânticas) e, por último, a análise de
correlação entre os achados perceptivos e acústicos. Na figura 11 está
representada a formação e separação dos grupos para análise.
Figura 11. Ilustração sobre os grupos analisados: grupo controle e grupo estudado separados por sexo
A) Análise aglomerativa hierárquica de cluster (CAH)
A análise aglomerativa hierárquica de cluster é uma técnica de
análise multivariada, com o auxílio do software XLSTAT, que proporciona uma ou
várias partições na massa de dados, em grupos, por algum critério de
classificação, de tal forma que exista homogeneidade intra e heterogeneidade
49
entre grupos. No caso deste estudo: para o grupo estudado (GE) e para o grupo
controle (GC). É importante salientar que a divisão entre os sexos (feminino e
masculino) foi importante em decorrência das diferenças anatômicas entre eles.
B) Análise Discrimimante (AD) para a estimativa das variáveis
perceptivas e acústicas para os grupos GE e GC.
A análise discriminante também faz parte dos métodos estatísticos
multivariados, em que se emprega para o levantamento de características que
distinguem os membros de um grupo dos membros de outro, de modo que,
conhecidas as características de um novo indivíduo, seja possível prever a que
grupo ele pertence (Fisher 1936). Neste estudo, estão apresentados os valores do
poder discriminante das medidas (em %), matriz de estimação para validação
cruzada e gráficos bidimensionais (centroides).
C) Foram investigados os intervalos de confiança para as medidas
formânticas para os quarto grupos estudados: GE-sexo feminino, GE-sexo
masculino, GC-sexo feminino e GC-sexo masculino. Foi realizado também a
análise para o cálculo da média (em Hertz) das medidas das frequências
formânticas, limite inferior e superior assim como o desvio padrão (DP).
D) Análise de Correlação Canônica para o estudo da correlação entre
os achados dos ajustes de qualidade vocal (âmbito perceptivo) e das medidas
formânticas ( âmbito acústico)
50
A análise de correlação canônica tem como objetivo principal explicar
a relação entre dois conjuntos de variáveis encontrando um pequeno número de
combinações lineares, para cada um dos conjuntos de variáveis, de modo a
maximizar as correlações possíveis entre os grupos.
51
4. RESULTADOS
Os resultados, enquanto dados perceptivos e dados acústicos, são
apresentados de maneira isolada e de maneira integrada para os grupos: Grupo
Estudado e Grupo Controle e seus respectivos pareamentos, por sexo e idade.
4.1 Dados de natureza perceptiva (Vocal Profile Analysis
Scheme-VPAS-PB)
Na Figura 12, estão expostos os resultados denominados como a
média para os ajustes do VPAS-PB para ambos os grupos, GE e GC, de maneira
separada para os falantes do sexo feminino e do masculino, respectivamente. Na
primeira coluna estão os ajustes de qualidade vocal e, nas colunas seguintes, para
cada grupo, estão preenchidos de acordo com o grau do ajuste de acordo com a
legenda da mesma figura.
52
Figura 12 Perfil médio de ajustes da qualidade vocal por meio do roteiro VPAS-PB para os falantes do GE-sexo feminino, GC-sexo feminino GE-sexo masculino e GE-sexo masculino
Qualidade Vocal GE-sexo
feminino
GC-sexo
feminino
GE-sexo
masculino
GC-sexo
masculino
A. Ajustes Supraglóticos
Lábios arredondados
Mandíbula fechada
Mandíbula protraída
Mandíbula –extensão diminuída
Mandíbula-extensão aumentada
Corpo de língua avançado
Corpo de língua recuado
Corpo de língua elevado
Corpo de língua abaixado
Corpo de língua extensão diminuída
Laringe elevada
Laringe abaixada
B. Ajustes de Tensão Muscular Geral
Hiperfunção de trato Vocal
Hipofunção de trato vocal
Hiperfunção laríngea
Hipofunção laríngea
C.Elementos Fonatórios
Modal
Crepitância/Vocal Fry
Voz crepitante
Voz áspera
Média de graduação Preenchimento
0,50-1,0
1,0- 1,5
Acima de 1,5
Neutro
53
Os resultados de análise aglomerativa hierárquica de cluster para os
ajustes de qualidade vocal são apresentados para o sexo feminino (Figuras 13 e
14) e para o sexo masculino (Figuras 15 e 16).
O dendrograma da Figura 13 aponta para três agrupamentos,
denominados C1, C2, C3. Houve destaque, ou seja, maior variância intra-classe,
para o agrupamento de classe C2, representado pelos seguintes ajustes: lábios
extensão diminuída, mandíbula extensão diminuída, corpo de língua extensão
diminuída, hipofunção de trato vocal e hipofunção laríngea. Para o agrupamento
C3, destacaram-se os ajustes de mandíbula protraída, corpo de língua abaixado,
hiperfunção laríngea e voz áspera.
54
Figura 13. Dendrograma representativo do agrupamento entre as classes (C1,C2 e C3) originadas pela análise aglomerativa hierárquica de cluster para o GE-Sexo Feminino para os ajustes de qualidade vocal (VPAS-PB)
C1
C2
C3
16
21
26
31
36
41
46
51
56
61
66
Dis
sim
ilarid
ade
Dendrograma
Legenda para os agrupamentos por ajustes: C1 (expansão faríngea, nasal, laringe abaixada, corpo
de língua recuado, ponta de língua avançada, lábio extensão diminuída. C2 (lábios extensão
diminuída, mandíbula extensão diminuída, corpo de língua extensão diminuída, hipofunção de trato
vocal e hipofunção laríngea) e C3 (mandíbula protraída, corpo de língua abaixado, hiperfunção
laríngea e voz áspera).
55
Figura 14. Dendrograma representativo do agrupamento entre as classes (C1,C2 e C3) originadas pela análise aglomerativa hierárquica de cluster para o GC-Sexo Feminino para os ajustes de qualidade vocal (VPAS-PB)
C1
C2
C3
10
15
20
25
30
35
40
45
Dis
sim
ilarid
ade
Dendrograma
Legenda para os agrupamentos por ajustes: C1: lábios extensão diminuída, corpo de língua
elevado, corpo de língua extensão diminuída, escape nasal audível, hiperfunção de trato vocal. C2:
mandíbula protraída, constrição faríngea, nasal, laringe elevada, voz cerpitante, voz áspera. C3:
mandíbula extensão diminuída, corpo de língua abaixado, corpo de língua extensão diminuída,
hiperfunção laríngea, modal.
Na figura 14, que representa os agrupamentos de três classes
(C1,C2,C3) para o GC do sexo feminino, observam-se principalmente, para C2, os
seguintes ajustes de qualidade vocal: de mandíbula protraída, constrição faríngea,
nasal, laringe elevada, voz crepitante e voz áspera. Para C3 destacaram-se:
mandíbula extensão diminuída, corpo de língua abaixado, corpo de língua
extensão diminuída, hiperfunção laríngea e modal.
56
Figura 15. Dendrograma representativo do agrupamento entre as classes (C1,C2, C3 e C4) originadas pela análise aglomerativa hierárquica de cluster para o GE-Sexo Masculino para os ajustes de qualidade vocal (VPAS-PB)
C4
C3
C1
C2
11
21
31
41
51
61
71
81
91
Dis
sim
ilarid
ade
Dendrograma
Legenda para os agrupamentos por ajustes: C1: lábios estirados, labiodentalização, ponta da língua
avançada, expansão faríngea, denasal, laringe abaixada, hipofunção de trato vocal, hipofunção
laríngea, crepitância; C2: lábios extensão diminuída, mandíbula protraída, mandíbula extensão
diminuída, corpo de língua abaixado, copro de língua extensão diminuída, nasal, modal; C3: corpo
de língua recuado, voz áspera; C4: hiperfunção laríngea.
Na figura 15, para o GE- sexo masculino, observou-se a formação de
4 agrupamentos principais, sendo dois com muitas ocorrências (C1 e C2) e os
outros dois (C3 e C4) com poucos ajustes. Para C1, destacaram-se os ajustes de
lábios arredondados, lábios estirados, labiodentalização, lábios extensão
aumentada, mandíbula fechada, mandíbula aberta, mandíbula extensão
aumentada, ponta da língua avançada, ponta da língua recuada, corpo da língua
avançado, corpo da língua elevado, corpo de língua extensão aumentada,
constrição faríngea, expansão faríngea, escape nasal audível, denasal, laringe
abaixada, hipofunção de trato vocal e hipofunção laríngea. Para C2: lábios
57
extensão diminuída, mandíbula protraída, mandíbula extensão diminuída, corpo de
língua abaixado, corpo de língua extensão diminuída, nasal, laringe elevada,
hiperfunção de trato vocal, modal, voz crepitante, e escape de ar. E para os grupos
secundários, em C3: corpo de língua recuado e voz áspera e para C4: hiperfunção
laríngea.
Figura 16. Dendrograma representativo do agrupamento entre as classes (C1,C2 e C3) originadas pela análise aglomerativa hierárquica de cluster para o GC-Sexo Masculino para os ajustes de qualidade vocal (VPAS-PB)
C2
C1
C4
C5
C3
9
19
29
39
49
59
69
79
89
Dis
sim
ilarid
ade
Dendrograma
)
Legenda para os agrupamentos por classe: C1: lábios arredondados, lábios estirados, lábios
extensão aumentada, mandíbula fechada, mandíbula aberta, mandíbula protraída, ponta da língua
avançado, corpo de língua elevado, corpo de língua extensão diminuída; C2: lábios extensão
diminuída, nasal, denasal, escape de ar, voz soprosa; C3: mandíbula extensão diminuída, corpo de
língua abaixado, corpo de língua extensão diminuída, voz áspera; C4: corpo de língua recuado,
laringe elevada, hiperfunção de trato vocal, modal e voz crepitante; C5: hiperfunção laríngea.
Na Figura 16, para o GC-sexo masculino, observou-se a formação
de cinco classes em relação ao GE. Agruparam-se com maior proximidade C1, C2
e C4 e, em menor, C3 e C5. Para C1, destacaram-se os seguintes ajustes: lábios
arredondados, lábios estirados, lábios extensão aumentada, mandíbula fechada,
58
mandíbula aberta, mandíbula protraída, mandíbula extensão aumentada, ponta da
língua avançada, ponta da língua recuada, corpo da língua avançado, corpo de
língua extensão aumentada, constrição e expansão faríngea, escape nasal audível,
laringe abaixada, hipofunção laríngea, falsete, crepitância. Para C2 agruparam-se
os ajustes: mandíbula extensão diminuída, nasal, denasal, hipofunção de trato,
escape de ar e voz soprosa. Para C4: corpo de língua recuado, laringe elevada,
hiperfunção de trato vocal, modal e voz crepitante. Para C3 agruparam-se os
ajustes de: mandíbula extensão diminuída, corpo de língua abaixado, corpo de
língua extensão diminuída e voz áspera. E por fim, para C5: hiperfunção laríngea.
Para o GE tanto do sexo masculino, como para o sexo feminino, os
ajustes que distanciaram ambos de seus respectivos controles foram: hipofunção
de trato vocal, corpo de língua abaixado, corpo de língua extensão diminuída,
lábios extensão diminuída, mandíbula extensão diminuída e protrusão mandibular.
E para o GC: corpo de língua elevado, denasal, hiperfunção laríngea e crepitância.
Na análise discriminante (AD) para as variáveis perceptivas, na
matriz de correlação e validação cruzada, apresentou porcentagem acima de 70%,
tanto para o GE quanto para o GC e apontou a similaridade e homonegeidade
intragrupo
59
Tabela 3. Matriz de Confusão para os dados de validação cruzada de análise discriminante para estimação do sexo dos falantes a partir das variáveis perceptivas para o GE.
Tabela 4. Matriz de Confusão para os dados de validação cruzada de análise discriminante para estimação do sexo dos falantes a partir das variáveis perceptivas para o GC.
GC M F Total % correto
GC-‐sexo masculino 33 9 42 78,57%
GC-‐sexo feminino 9 33 42 78,57%
Total 42 42 84 78,57%
GE H F Total % correto
GE-‐sexo masculino(M) 31 11 42 73,81%
GE-‐sexo feminino(F) 11 31 42 73,81%
Total 42 42 84 73,81%
60
4.2 Dados de natureza acústica: análise das frequências
formânticas por grupos (GE e GC) e por pareamento entre os falantes de
ambos os grupos
Na Tabelas 5,6,7 e 8 estão apresentados os dados de medidas de
frequências formânticas extraídas para cada um dos grupos: GE e GC de ambos
os sexos e nas figuras 17 e 18 os gráficos dos intervalos de confiança em ambos
os sexos para GE e GC.
Tabela 5. Valores médios das frequências formânticas (F1,F2,F3 e F4) das sete vogais orais do português brasileiro(PB) para o GE-sexo feminino, desvio padrão, limite inferior e limite superior
F1 (Hz) F2(Hz)
vogais Média DP LI LS Média DP LI LS
[a] 835 30 804 868 1419 63 1352 1486
[e] 373 12 360 387 2068 66 1998 2138
[ε] 521 36 482 560 1937 36 1899 1976
[i] 309 34 274 345 2152 44 2105 2199
[o] 412 28 383 442 804 59 743 867
[ɔ] 621 61 557 686 929 94 830 1028
[u] 374 25 348 401 743 94 645 842
F3(Hz) F4 (Hz)
vogais Média DP LI LS Média DP LI LS
[a] 2458 90 2364 2554 3693 403 3271 4117
[e] 2680 66 2611 2749 3642 102 3535 3749
[ε] 2509 162 2339 2679 3544 265 3265 3823
[i] 2772 86 2682 2863 3597 148 3441 3753
[o] 2491 122 2363 2619 3527 55 3469 3585
[ɔ] 2498 158 2332 2665 3481 102 3373 3589
[u] 2412 136 2270 2556 3399 375 3006 3793
DP=desvio padrão; Li=limite inferior, LS=limite superior
62
Figura 17. Gráficos representativos dos intervalos de confiança das frequências formânticas (F1, F2, F3 e F4) dos falantes do sexo feminino de ambos os grupos: grupo controle e grupo estudado
Formante 1-F1 Formante 2 - F2
Formante 3-F3 Formante 4 -F4
63
Tabela 7. Valores médios, das frequências formânticas (F1,F2,F3 e F4) das sete vogais orais do português brasileiro(PB) para o GE-sexo masculino, desvio padrão, limite inferior e limite superior
F1(Hz) F2 (Hz)
Vogais Média DP LI LS Média DP LI LS
[a] 792 37 753 831 1349 46 1301 1399
[e] 475 35 438 513 1883 158 1717 2050
[ε] 610 33 575 645 1771 170 1592 1951
[i] 337 50 285 390 2057 196 1850 2264
[o] 470 31 438 504 843 84 755 932
[ɔ] 602 38 562 643 915 55 858 974
[u] 380 37 341 420 697 37 658 737
F3 (Hz) F4 (Hz)
Vogais Média DP LI LS Média DP LI LS
[a] 2285 176 2100 2470 3065 397 2648 3482
[e] 2343 231 2101 2586 3065 269 2783 3348
[ε] 2369 119 2245 2494 3220 271 2936 3504
[i] 2699 349 2333 3065 3099 345 2737 3461
[o] 2248 164 2075 2421 3010 216 2784 3238
[ɔ] 2210 164 2038 2383 2818 206 2602 3035
[u] 2254 154 2092 2417 2975 135 2834 3117
DP=desvio padrão; Li=limite inferior, LS=limite superior
64
Tabela 8. Valores médios, das frequências formânticas (F1,F2,F3 e F4) das sete vogais orais do português brasileiro(PB) para o GC-sexo masculino, desvio padrão, limite inferior e limite superior, todos em Hertz
DP=desvio
padrão;
Li=limite inferior, LS=limite superior
65
Figura 18. Gráficos representativos dos intervalos de confiança das frequências formânticas (F1, F2, F3 e F4) dos falantes do sexo masculino de ambos os grupos: grupo controle e grupo estudado
Formante 1-F1 Formante 2 –F2
Formante 3-F3 Formante 4-F4
66
4.2.1 Análise Aglomerativa Hierárquica de Cluster para as
frequências formânticas das vogais.
Os dados apresentados nas figuras 19 a 22 elucidam os
agrupamentos referentes às frequências formânticas para o GE e GC.
Figura 19. Dendrograma representativo do agrupamento entre as classes pela análise aglomerativa hierárquica de cluster para o GE-sexo feminino para as frequências formânticas (F1, F2, F3 e F4)
F3
F4
F1
F2
0
20000000
40000000
60000000
80000000
100000000
120000000
140000000
160000000
180000000
200000000
Dis
sim
ilarid
ade
Dendrograma
Figura 20 Dendrograma representativo do agrupamento entre as classes pela análise aglomerativa hierárquica de cluster para o GC-sexo feminino para as frequências formânticas (F1, F2, F3 e F4)
F1
F4
F2
F3
0
20000000
40000000
60000000
80000000
100000000
120000000
Dis
sim
ilarid
ade
Dendrograma
67
Como pode-se observar na figura 20 para o GC-sexo feminino, o
agrupamento ocorreu de forma diferente ao GE. Na figura 19 ficou evidente o
agrupamento de F1 com F2 e F3 e F4 para outro grupo.
Figura 21. Dendrograma representativo do agrupamento entre as classes pela análise aglomerativa hierárquica de cluster para o GE-sexo masculino para as frequências formânticas (F1, F2, F3 e F4)
F3
F4
F1
F2
0
20000000
40000000
60000000
80000000
100000000
120000000
140000000
Dis
sim
ilarid
ade
Dendrograma
Para o GE-sexo masculino o agrupamento em classes ocorreu da
mesma forma do que no GE-sexo feminino (figura 19) ou seja: F1 e F2 em maior
destaque e, em seguida, F3 e F4.
68
Figura 22. Dendrograma representativo do agrupamento entre as classes pela análise aglomerativa hierárquica de cluster para o GC-sexo masculino para as frequências formânticas (F1, F2, F3 e F4)
F3
F4
F1
F2
0
20000000
40000000
60000000
80000000
100000000
120000000
140000000
160000000
180000000
Dis
sim
ilarid
ade
Dendrograma
O dendograma para o GC-sexo masculino revelou semelhanças ao
dendograma do GE do mesmo sexo (figura 21): agrupou três classes, desta vez,
segregando F1 em uma classe, F2 e F3 como um segundo agrupamento e como
último grupo, o F4 .
4.2.2 Análise Discriminante (AD) para a estimativa das amostras dos grupos estudado e controle.
As tabelas 11 e 12 representam a matriz de confusão para os
resultados de validação cruzada para os falantes do sexo feminino (GE-1, GC-1,
GE-2 e GC-2) e as tabelas 13 1 14 representam a matriz de confusão para os
resultados de validação cruzada para os falantes do sexo masculino (GE-3, GC-3,
GE-4 e GC-4).
69
Tabela 9. Matriz de confusão para os resultados de validação cruzada da análise discriminante para a estimação do falante GE-1 e GC-1a partir das medidas formânticas
GE-1 e GC-1 C E Total % correto
C 14 7 21 66,67%
E 3 18 21 85,71%
Total 17 25 42 76,19%
Tabela 10 Matriz de confusão para os resultados de validação cruzada da análise discriminante para a estimação do falante GE-2 e GC-2 a partir das medidas formânticas
GE-2/ GC-2 C E Total % correto
C 17 4 21 80,95%
E 4 17 21 80,95%
Total 21 21 42 80,95%
Tabela 11. Matriz de confusão para os resultados de validação cruzada da análise discriminante para a estimação do falante GE-3 e GC-3 a partir das medidas formânticas
GE-3 e GC-3 C E Total % correto
C 11 10 21 52,38%
E 12 9 21 42,86%
Total 23 19 42 47,62%
Tabela 12. Matriz de confusão para os resultados de validação cruzada da análise discriminante para a estimação do falante GE-4 e GC-4 a partir das medidas formânticas
GE-4 e GC-4 C E Total % correto
C 15 6 21 71,43%
E 4 17 21 80,95%
Total 19 23 42 76,19%
70
4.2.3 Análise Discriminante (AD) das medidas de frequências formânticas para estimativa das vogais em amostras dos grupos GE e GC (a partir do pareamento entre os falantes)
Tabela 13. Matriz de Confusão para os dados de validação cruzada da análise discriminante para a estimação das vogais pareadas entre os falantes GE-1 e GC-1 do sexo feminino a partir das medidas formânticas
GE-‐1 e GC-‐1 [a] [e] [ε] [i] [o] [ɔ] [u] Total % correto
[a] 6 0 0 0 0 0 0 6 100,00%
[e] 0 4 1 0 0 0 1 6 66,67%
[ε] 0 0 0 0 0 0 6 6 100,00%
[i] 0 0 6 0 0 0 0 6 100,00%
[o] 0 0 0 5 1 0 0 6 83,33%
[ɔ] 0 0 0 0 0 6 0 6 100,00%
[u] 0 0 0 1 5 0 0 6 83,33%
Total 6 4 7 6 6 6 7 42 90,48%
Figura 23. Distância dos centroides e impacto na segregação das frequências formânticas entre GE-1 e GC-1,F1 e F2 representam: eixo 1 e eixo 2, respectivamente denominados como Fator 1 e Fator 2.
[a]
[e] [i]
[o] [u]
[ɔ] [ε]
-10
-5
0
5
10
15
-10 -5 0 5 10 15
Fato
r 2 (1
5,69
%)
Fator 1 (82,84 %)
Centróides (eixos Fator 1 e Fator 2: 98,53 %)
Centróides
Os centroides representam a distância entre dois grupos com a diferença
entre as suas médias para todas as variáveis ou seja, ele demonstra a separação
71
dos grupos com base nos fatores. Fator 1 e Fator 2 correspondem a um conjunto
de fatores influentes para a distinção entre ambos os grupos. Na figura 23,
observa-se a alta porcentagem (acima de 90%) de acerto que segrega os falantes
(GE-1 e GC-1) em um único eixo ( conjunto de fatores 1). Nas figuras 24 a 26 que
ilustram os centróides para os pareamentos GE-2/GC-2; GE-3/GC-3; GE-4 e GC-4,
também demonstraram que em único eixo denominado aqui como Fator 1(conjunto
de fatores) a segregação entre os falantes do GE e GC ficou acima de 90%.
Tabela 14. Matriz de Confusão para os dados de validação cruzada da análise discriminante para a estimação das vogais pareadas entre os falantes GE-2 e GC-2 do sexo feminino a partir das medidas formânticas
GE-‐2 e GC-‐2 [a] [e] [ε] [i] [0] [ɔ] [u] Total % correto
[a] 6 0 0 0 0 0 0 6 100,00%
[e] 0 1 3 0 0 0 2 6 16,67%
[ε] 0 3 0 0 0 0 3 6 50,00%
[i] 0 2 4 0 0 0 0 6 66,67%
[o] 0 0 0 5 1 0 0 6 83,33%
[ɔ] 1 0 0 0 0 5 0 6 83,33%
[u] 0 0 0 2 4 0 0 6 66,67%
Total 7 6 7 7 5 5 5 42 66,67%
72
Figura 24. Distância dos centroides e o impacto na segregação das frequências formânticas entre GE-2 e GC-2: aonde F1 e F2 representam: eixo 1 e eixo 2, respectivamente denominados como Fator 1 e Fator 2.
[a]
[e]
[i]
[o]
[u]
[ɔ]
[ε]
-5
0
5
10
-10 -5 0 5 10
Fato
r 2 (
26,8
3 %
)
Fator 1 (72,72 %)
Centróides (eixos Fator e Fator : 99,55 %)
Centróides
Tabela 15. Matriz de Confusão para os dados de validação cruzada da análise discriminante para a estimação das vogais pareadas entre os falantes GE-3 e GC-3 do sexo feminino a partir das medidas formânticas
GE-‐3/GC-‐3 [a] [e] [ε] [i] [0] [ɔ] [u] Total % correto
[a] 6 0 0 0 0 0 0 6 100,00%
[e] 0 6 0 0 0 0 0 6 100,00%
[ε] 0 2 0 0 0 0 4 6 66,67%
[i] 0 0 6 0 0 0 0 6 100,00%
[o] 0 0 0 2 4 0 0 6 33,33%
[ɔ] 0 0 0 0 0 6 0 6 100,00%
[u] 0 0 0 4 2 0 0 6 33,33%
Total 6 8 6 6 6 6 4 42 76,19%
73
Figura 25. Distância dos centroides e o impacto na segregação das frequências formânticas entre GE-3 e GC-3: aonde F1 e F2 representam: eixo 1 e eixo 2, respectivamente denominados como Fator 1 e Fator 2.
[a]
[e]
[i] [o]
[u]
[ɔ]
[ε]
-10
-5
0
5
10
15
-10 -5 0 5 10 15
Fato
r 2 (
8,82
%)
Fator 1 (90,46 %)
Centróides (eixos F1 e F2: 99,28 %)
Centróides
Tabela 16. Matriz de Confusão para os dados de validação cruzada da análise discriminante para a estimação das vogais pareadas entre os falantes GE-4 e GC-4 do sexo feminino a partir das medidas formânticas
GE-‐4 /GC-‐4 [a] [e] [ε] [i] [0] [ɔ] [u] Total % correto
[a] 6 0 0 0 0 0 0 6 100,00%
[e] 0 4 2 0 0 0 0 6 66,67%
[ε] 0 0 0 0 0 0 6 6 100,00%
[i] 0 1 5 0 0 0 0 6 83,33%
[o] 0 0 0 3 2 1 0 6 50,00%
[ɔ] 0 0 0 0 0 6 0 6 100,00%
[u] 0 0 0 2 4 0 0 6 66,67%
Total 6 5 7 5 6 7 6 42 80,95%
74
Figura 26. Distância dos centroides e o impacto na segregação das frequências formânticas entre GE-4 e GC-4: aonde F1 e F2 representam: eixo 1 e eixo 2, respectivamente denominados como Fator 1 e Fator 2
[a]
[e]
[i] [o]
[u]
[ɔ]
[ε]
-5
0
5
10
-5 0 5 10
Fato
r 2 (
34,8
9 %
)
Fator 1 (61,96 %)
Centróides (eixos Fator 1 e Fator 2: 96,85 %)
Centróides
75
Figura 27. Representação da configuração do trapézio das vogais orais originada pela extração automática das frequências formânticas por meio do plug in Akustik para todos os falantes do grupo estudado (GE) e respectivos pareamentos com o grupo controle (GC) GE-1 (sexo feminino, 42 anos GC-1 (sexo feminino, 44 anos)
3150 2538 1925 1312 7001000
800
600
400
200
F 1 (H
z)
F2 (Hz)
VOWEL CHART MONITOR
a
!
e
i
o
!
u
GE-2 (sexo feminino, 41 anos) GC-2 (sexo feminino, 41 anos)
3150 2538 1925 1312 7001000
800
600
400
200
F 1 (H
z)
F2 (Hz)
VOWEL CHART MONITOR
eiou
!
!
a
3150 2538 1925 1312 700
1000
800
600
400
200F 1
(Hz)
F2 (Hz)
VOWEL CHART MONITOR
i
a
!
eo
!
u
GE-3 (sexo masculino, 42 anos) GC-3 (sexo masculino, 42 anos)
3150 2538 1925 1312 7001000
800
600
400
200
F 1 (H
z)
F2 (Hz)
VOWEL CHART MONITOR
ii
oe u
!!
a
3150 2538 1925 1312 700
1000
800
600
400
200
F 1 (H
z)
F2 (Hz)
VOWEL CHART MONITOR
a
u
!
!
e oi
GE-4 (sexo masculino, 44 anos) GC-4 (sexo masculino, 46 anos)
3150 2538 1925 1312 7001000
800
600
400
200
F 1 (H
z)
F2 (Hz)
VOWEL CHART MONITOR
a
e
i ou
!!
3150 2538 1925 1312 700
1000
800
600
400
200
F 1 (H
z)
F2 (Hz)
VOWEL CHART MONITOR
a
!
e
i
o
!
u
3150 2538 1925 1312 7001000
800
600
400
200
F 1 (H
z)
F2 (Hz)
VOWEL CHART MONITOR
a
!
ei
ou
!
76
4.3. Análise Integrada entre os dados perceptivos (VPAS-PB) e
acústicos (frequências formânticas)
A análise de correlação canônica para os dados perceptivos e
acústicos para o GE-sexo feminino (figura 27) o ajuste de ponta de língua
avançada correlacionou-se com a medida de F1 (44%); os ajustes de lábios
extensão diminuída (32%), mandíbula aberta e protraída (36%) correlacionou-se
com F3. Os ajustes correlacionados com F4 foram principalmente laringe abaixada
(35%), hipofunção laríngea (36%) e instabilidades (45%) (Figura 28).
Figura 28. Distribuição das variáveis perceptivas e acústicas originadas da análise de correlação canônica entre os dados perceptivos e acústicos do GE-sexo feminino
Lábios Arredondados
Labiodentalização
Lábios Extensão Diminuída
Mandíbula Aberta Mandíbula Protraída
Mandíbula Extensão Diminuída
Mandíbula Extensão Aumentada
Ponta da Língua Recuada
Corpo de Língua Avançado
Corpo de Língua Recuado
Corpo de Língua elevado
Corpo de Língua Abaixado
Corpo de Língua Extensão Diminuída
Nasal
Laringe Elevada
Laringe Abaixada
Hiperfunção de Trato Vocal
Hipo de trato vocal
Hiperfunção Laríngea
Hipofunção Laríngea
Modal
Falsete
Crepitância
Voz Crepitante
Escape de ar
Voz soprosa
Voz áspera
Quebras instabilidades
F1
F2
F3
F4
-1
-0,75
-0,5
-0,25
0
0,25
0,5
0,75
1
-1 -0,75 -0,5 -0,25 0 0,25 0,5 0,75 1
Fato
r 2
(28,
44 %
)
Fator 1 (30,27 %)
Variáveis (eixos Fator 1 e Fator 2: 58,71 %)
77
Para o GC-sexo feminino (figura 29), os dados perceptivos e acústicos
apontaram para a correlação entre: escape nasal audível e F1 (38%), constrição
faríngea e F3(35%), laringe elevada e F3 (30%), laringe elevada e F4(31%) e
hiperfunção laríngea e F4(30%), figura 26.
Figura 29. Distribuição das variáveis perceptivas e acústicas originadas da Análise de correlação canônica entre os dados perceptivos e acústicos do GC-sexo feminino
Lábios Estirados Lábios Extensão
Diminuída
Lábios Extensão Aumentada
Mandíbula Fechada
Mandíbula Protraída
Mandíbula Extensão Diminuída
Ponta da Língua Recuada
Corpo de Língua Recuado
Corpo de Língua elevado
Corpo de Língua Abaixado
Corpo de Língua Extensão Diminuída
Corpo de Língua Extensão Aumentada
Constrição Faríngea
Escape Nasal Audível
Nasal
Denasal
Laringe Elevada
Hiperfunção de Trato Vocal
Hipo de trato vocal
Hiperfunção Laríngea
Hipofunção Laríngea
Modal
Voz Crepitante
Voz soprosa
Voz áspera
F1
F2
F3
F4
-1
-0,75
-0,5
-0,25
0
0,25
0,5
0,75
1
-1 -0,75 -0,5 -0,25 0 0,25 0,5 0,75 1
Fato
r 2 (2
7,39
%)
Fator 1 (34,35 %)
Variáveis (eixos Fator 1 e Fator 2: 61,75 %)
78
Para o GE-sexo masculino a análise de correlação canônica apontou para:
mandíbula extensão diminuída e F2 (26%), corpo de língua extensão diminuída
(32,7%), corpo de língua recuado e F3 (37%), corpo de língua abaixado e
F4(32%).(Figura 30)
Figura 30. Distribuição das variáveis perceptivas e acústicas originadas da Análise de correlação canônica entre os dados perceptivos e acústicos do GE-sexo masculino
Lábios Estirados Lábios Extensão
Diminuída
Lábios Extensão Aumentada
Mandíbula Protraída
Mandíbula Extensão Diminuída
Mandíbula Extensão Aumentada
Ponta da Língua Recuada
Corpo de Língua Avançado
Corpo de Língua Recuado
Corpo de Língua elevado
Corpo de Língua Abaixado
Corpo de Língua Extensão Diminuída
Constrição Faríngea
Escape Nasal Audível
Nasal
Laringe Elevada
Hiperfunção de Trato Vocal
Hipo de trato vocal
Hiperfunção Laríngea
Modal
Voz Crepitante
Escape de ar
Voz soprosa
Voz áspera
Quebras
instabilidades
F1
F2
F3
F4
-1
-0,75
-0,5
-0,25
0
0,25
0,5
0,75
1
-1 -0,75 -0,5 -0,25 0 0,25 0,5 0,75 1
Fato
r 2 (2
6,2
0 %
)
Fator (26,93 %)
Variáveis (eixos Fator1 e Fator2: 53,13 %)
A análise de correlação canônica das variáveis perceptivas e
acústicas das amostras do GC-sexo masculino (Figura 31) revelou correlação de
79
ajustes modal e medida F3 (58,8%), voz áspera e F3 (54,3%), escape de ar e F3
(50,9%).
Figura 31 Distribuição das variáveis perceptivas e acústicas originadas da Análise de correlação canônica entre os dados perceptivos e acústicos do GC-sexo masculino
Lábios Arredondados Lábios Estirados
Lábios Extensão Diminuída
Mandíbula Protraída
Mandíbula Extensão Diminuída
Mandíbula Extensão Aumentada
Ponta da Língua Avançada
Ponta da Língua Recuada
Corpo de Língua Avançado
Corpo de Língua Recuado
Corpo de Língua elevado
Corpo de Língua Abaixado
Corpo de Língua Extensão Diminuída
Corpo de Língua Extensão Aumentada
Constrição Faríngea
Nasal
Denasal
Laringe Elevada
Hiperfunção de Trato Vocal
Hipo de trato vocal Hiperfunção Laríngea
Hipofunção Laríngea
Modal
Crepitância
Voz Crepitante
Escape de ar Voz soprosa
Voz áspera Quebras instabilidades
F1
F2
F3
F4
-1
-0,75
-0,5
-0,25
0
0,25
0,5
0,75
1
-1 -0,75 -0,5 -0,25 0 0,25 0,5 0,75 1
Fato
r 2 (2
4,98
%)
Fator 1 (30,69 %)
Variáveis (eixos Fator 1 e Fator 2: 55,67 %)
80
5.DISCUSSÃO
No que se refere à acromegalia, doença caracterizada, além das
alterações clínicas, por modificações fisionômicas, na maioria das vezes
estigmatizantes e irreversíveis (Adelman, Liebert et al. 2013), ainda existem
poucos estudos sobre a fala dos pacientes. A alteração do pitch ou a percepção de
uma voz mais grave e com qualidade rouca, descrita na literatura, parece ser
apenas uma entre outras modificações na fala em decorrência da acromegalia.
Estudar a fala no contexto fonético, e inclinada para os ajustes de
qualidade vocal (campo perceptivo) e medidas das frequências formânticas (campo
acústico das vogais) possibilitou, neste estudo, uma investigação detalhada sobre
os ajustes mais evidentes de qualidade vocal, assim como a caracterização
vocálica nesta população.
O perfil médio dos ajustes de qualidade vocal mais frequentes nos
grupos analisados demonstrou a predominância para o GE-sexo feminino de
mandíbula protraída, corpo de língua abaixado e extensão diminuída e hipofunção
de trato vocal e laríngea. No GE-sexo masculino, para os grupos pareados (GC e
GE), tiveram destaque os ajustes de mandíbula protraída e corpo de língua
abaixado e hipofunção de trato vocal e laríngea. Tais ajustes são compatíveis com
protrusão mandibular evidente em todos os casos da doença (Melmed 2009). Tal
achado possivelmente também influenciou a detecção do ajuste de diminuição da
81
extensão do movimento mandibular. Essa influência de um ajuste de qualidade
vocal sobre outro é fundamentada pela interdependência fisiológica dos ajustes de
qualidade vocal sob o ponto de vista fonético, conforme descrito por Laver (2009),
que reforça a existência do princípio da compatibilidade entre certos ajustes. Sob o
mesmo princípio, o da compatibilidade, o ajuste de laringe abaixada, em
coexistência ao ajuste de mandíbula protraída, pode justificar o alongamento do
trato vocal descrito em alguns trabalhos (Kinnman 1976; Razvi and Perros 2007;
Aydin, Turkyilmaz et al. 2013) como uma característica na acromegalia. Tal
alongamento (do trato vocal) parece estar relacionado ao consequente aumento da
distância entre o nível glótico (pregas vocais) e lábios, uma vez que, quanto mais
baixa a laringe e maior protrusão mandibular ou labial, maior será este
alongamento. Estes dados reforçam a sugestão para estudos futuros que
contemplem a análise do trato vocal por meio de imagens. A hipofunção de trato
vocal presente em ambos os grupos, em maior intensidade no GE-sexo feminino,
pode ser associada à posição de laringe mais baixa e, consequentemente. à
diminuição da força de adução glótica, conforme descrito na literatura sobre a
fisiologia da produção vocal (Pontes and Pinho 2008).
Os dendrogramas gerados para a análise dos dados perceptivos
revelaram que os ajustes de qualidade vocal agruparam-se de forma distinta para
os grupos Ge e GC do sexo feminino (Figuras 13 e 14). No primeiro, os ajustes
que se destacaram foram: lábios e mandíbula com extensão diminuída,
82
hipofuncão de trato vocal e hipofunção laríngea; no segundo agrupamento, os
ajustes mais evidentes foram laringe elevada, hiperfuncão laríngea ao invés de
hipofunção e a contrição faríngea. Tal distribuição evidenciou as especificidades
dos ajustes de qualidade vocal para os falantes com ou sem acromegalia. Tais
diferenças eram previstas no âmbito perceptivo, tendo em vista as alterações
morfológicas presentes entre os acromegálicos. Para o sexo masculino, GE e GC,
ajustes como laringe abaixada e hipofunção de trato vocal aliada com
denasalidade também foram encontrados em ambos os grupos e, em menor
ocorrência, no GC.
Os dados de análise estatística revelaram capacidade discriminatória
dos dados perceptivos acima de 70% para ambos os grupos em ambos os sexos,
e, com isso, confirmou-se que as os ajustes de qualidade vocal que caracterizam
o grupo estudado são: hipofunção laríngea e de trato vocal, laringe abaixada,
lábios extensão diminuída, mandíbula extensão diminuída versus ajustes corpo de
língua elevado, denasalidade, hiperfunção laríngea e crepitância para o grupo
controle.
Esses resultados reforçam a relevância do estudo, do ponto de vista
fonético, da qualidade vocal em certas doenças como, no caso, a acromegalia.
Direcionar apenas os estudos da fala para achados de pitch não contempla o
comportamento de fala destes falantes e, consequentemente, não permite um
planejamento diferenciado de terapia de fala. Da mesma forma, o conhecimento de
83
ajustes de qualidade vocal de natureza laríngea, supralaríngea e de tensão
muscular pode auxiliar na escolha de técnicas terapêuticas que objetivam a
atenuação do impacto destes ajustes sobre a qualidade vocal resultante nos
falantes com acromegalia. Convém descrever, aqui, que em uma doença
estigmatizante e com outros fatores com consequência direta na qualidade de vida
destas pessoas (Badia, Webb et al. 2004; Trepp, Everts et al. 2005; Adelman,
Liebert et al. 2013), a melhoria da fala pode impactar positivamente seus aspectos
sociais.
Em ambos os grupos, o aumento do volume lingual dificulta a
realização de certos movimentos articulatórios. Essas dificuldades podem estar
presentes durante a fala e/ou canto e figuram como eventuais queixas entre os
falantes com acromegalia (Mitra, Trefny et al. ; Razvi and Perros 2007)
No âmbito acústico, para o GE do sexo feminino, observou-se,
principalmente nas medidas de F1 e F2, valores mais baixos principalmente para
as vogais [a], [e] e [ε]. A frequência do primeiro formante (F1) está relacionada ao
movimento lingual em seu eixo vertical, ou seja, quanto mais alta a língua, menor
F1 e vice-versa (Johnson 2000). Nos acromegálicos, em decorrência do aumento
do volume lingual, pode ter causado este movimento sobre F1. A frequência do
segundo formante também está relacionada ao movimento lingual, mas em seu
eixo horizontal, ou seja: quanto mais anteriorizada a língua estiver dentro da
cavidade oral, menor estará a cavidade oral e consequentemente, maior será a
84
frequência de F2 e vice versa. Entre o grupo estudado do sexo feminino em
comparação ao seu GC, os valores de F2 também estavam mais baixos, o que
pode ser discutido em coexistência ao ajuste de qualidade vocal de corpo de língua
recuado. Importante reforçar que as vogais foram analisadas como segmentos-
chave quando realizada a análise perceptiva por meio do roteiro VPAS-PB; e as
vogais se modificam de acordo com ajustes linguais e mandibulares. Para o grupo
estudado-sexo masculino, os intervalos de confiança demonstraram,
principalmente para as vogais mencionadas no grupo do sexo feminino, valores de
F1 e F2 maiores em relação ao grupo controle, ou seja, ao resgatarmos valores de
F1 elevados, podemos atribuir ao ajuste de corpo de língua abaixado.
Para as vogais [o] e [u] por exemplo, os valores ficaram mais
próximos entre os grupos, provavelmente em decorrência de ajuste de diminuição
de movimento mandibular no GE e, principalmente, lingual, o que pode ter
dificultado o seu movimento e talvez mantendo-a em posição mais baixa.
Na análise integrada (análise de correlação canônica), os dados
revelados pela análise discriminante trouxeram confirmações e permitiram relação
com os achados de ajuste de qualidade vocal em longo termo e sua associação à
análise vocálica (qualidade das vogais) como representante da análise de curto
termo, enquanto segmentos chave para detecção dos ajustes linguais e
mandibulares. Mais uma vez, o princípio da susceptibilidade dos segmentos aos
ajustes de qualidade vocal tornou-se evidente ao observar a correlação entre
85
ajustes linguais com F1 e ajuste de hipofunção laríngea e laringe abaixada e F4,
por exemplo (Camargo 2012). As frequências de F3 e F4 relacionam-se, em maior
grau, com os aspectos de qualidade vocal, como a identidade do falante, por
exemplo. Já F1 e F2 representam a identidade fonética das vogais (Johnson 2000;
Vieira 2004). Finalmente, os resultados discutidos revelam o perfil de fala dos
pacientes com acromegalia, os quais podem direcionar novas pesquisas e metas
de terapia.
86
6. CONCLUSÃO
A abordagem de qualidade vocal, a partir do roteiro de descrição
fonética da qualidade vocal (VPAS-PB), possibilitou a identificação dos ajustes de
qualidade vocal mais frequentes no grupo de falantes acromegálicos. Nesse
âmbito, os achados que diferenciaram os falantes dos grupo estudado e controle
foram: mandíbula protraída, laringe abaixada, hipofunção de trato vocal e extensão
diminuída de mandíbula.
No âmbito acústico, as medidas de F1 e F2 apresentaram-se
ligeiramente diferenciadas entre homens e mulheres. No grupo estudado,
apresentaram correlações com ajustes referente à mobilidade de língua para os
falantes acromegálicos.
A análise da qualidade vocálica, associada à análise perceptiva,
permitiu compreender o alongamento do trato vocal referido na literatura.
Os valores de F3 e F4, por sua vez, mostraram correlação com
ajustes de dimensão faríngea e altura da laringe, reforçando os achados de
qualidade vocal para o grupo de falantes acromegálicos.
Os dados de análise integrada da fala (perceptiva e acústica)
permitiram avançar por descrições que não se restrigem à caracterização do pitch
da voz. As informações de ajustes de qualidade vocal e caracterização formântica
87
das vogais pode ser importante no processo de diagnóstico. Além disso, os
achados apontam possibilidades de abordagem terapêutica.
88
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Adelman, D. T., K. J. Liebert, et al. (2013). "Acromegaly: the disease, its impact on patients, and managing the burden of long-term treatment." International journal of general medicine 6: 31-38. Anagnostis, P., Z. A. Efstathiadou, et al. (2014). "Psychological profile and quality of life in patients with acromegaly in Greece. Is there any difference with other chronic diseases?" Endocrine. Aydin, K., N. Cinar, et al. (2014). "Diagnosis of acromegaly: Role of the internist and the other medical professionals." European journal of internal medicine 25(2): e25-26. Aydin, K., D. Turkyilmaz, et al. (2013). "Voice characteristics of acromegaly." European archives of oto-rhino-laryngology : official journal of the European Federation of Oto-Rhino-Laryngological Societies 270(4): 1391-1396. Badia, X., S. M. Webb, et al. (2004). "Acromegaly Quality of Life Questionnaire (AcroQoL)." Health and quality of life outcomes 2: 13 Baltar, V. T. and V. Okano (2014). http://www.lee.dante.br/pesquisa/kappa/. Barbosa, P. and E. Albano (2004). "Braziliam Portuguese." Journal of the International Phonetic Association 34: 6. Barbosa, P. and E. Albano (2004). "Illustrations of the IPA: Braziliam Portuguese." J. International Phonetic Association 34(2): 227-232. Barcelo, B., L. Salto, et al. (1976). "[Secretion of growth hormone in acromegaly]." Revista clinica espanola 141(1): 19-25. Barkan, A., M. D. Bronstein, et al. (2010). "Management of acromegaly in Latin America: expert panel recommendations." Pituitary 13(2): 168-175. Ben-Sholmo, A., M. C. Sheppard, et al. (2011). "Clinical, quality of life, and economic value of acromegaly disease control." Pituitary 14: 284-294. Boersma, P. and D. Weenik. "http://www.fon.hum.uva.nl/praat/."
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89
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ANEXOS ANEXO 1
The final AcroQoL questionnaire 1. My legs are weak* 2.I feel ugly** 3. I get depressed* 4.I look awful in photographs** 5.I avoid going out very much with friends because of my appearance*** 6 I try to avoid socializing*** 7 I look different in the mirror** 8 I feel rejected by people because of my illness*** 9 I have problems carrying out my usual activities* 10 People stare at me because of my appearance*** 11 Some part of my body (nose, feet, hands,...) are too big** 12 I have problems doing things with my hands, for example, sewing or handling tools** 13 The illness affects my performance at work or in my usual tasks* 14 My joints ache* 15 I am usually tired* 16 I snore at night** 17 It is hard for me to articulate words due to the size of my tongue** 18 I have problems with sexual relationships*** 19 I feel like a sick person* 20 The physical changes produced by my illness govern my life*** 21 I have little sexual appetite*** 22 I feel weak* Frequency of occurrence (always, most of the time, sometimes, rarely, never) or degree of agreement with the items (completely agree,
moderately agree, neither agree nor disagree, moderately disagree, completely disagree) are the response choices. * Scale 1 (Physical) **
Scale 2-1 (Psychological/ appearance) *** Scale 2-2 Psychological/ personal relations) (Badia, Webb et al. 2004)
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ANEXO 4
IRMANDADE DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE SÃO PAULO
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
DADOS DE IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO DA PESQUISA
Nome:_________________ C_____________ DN__/__/__
Documento de identidade n .___________________ Sexo: ( ) M ( ) F
Endereço:_________________________________________Cidade_____________
CEP:___________ Telefones para contato ( principal e recado):________________________
DADOS SOBRE A PESQUISA CIENTÍFICA:
Título da pesquisa: Análise de Fala na Acromegalia
Pesquisador(a): Adriano Namo Cury *
Pesquisador(a) convidado da PUC SP: Roberta W. Isolan Cury(fonoaudióloga responsável pela
coleta dos dados)
Cargo/Função*: Médico Endocrinologista do Setor de Endocrinologia da ISCMSP e Professor
Instrutor da Faculdade de Ciências Medicas da Santa Casa de São Paulo.
Departamento da I.S.C.M.S.P: Setor de Endocrinologia do Depto. De Clínica Medica
Avaliação do risco da pesquisa: sem risco
Duração da pesquisa: 36 meses
REGISTRO DAS EXPLICAÇÕES DO PESQUISADOR AO PACIENTE
O objetivo desta pesquisa é conhecer melhor a fala e a voz nos pacientes com acromegalia.
Sabemos que pode haver mudanças na voz mas ainda não foram estudadas quais mudanças são.
Primeiro será realizada uma gravação de voz aonde será solicitado que o paciente repita ou leia as
frases contendo as sete vogais do português brasileiro conforme o exemplo a seguir:
Diga_____baixinho ( papa, pêpe, pépe,pipo,pôpo,pópo,pupu) As mesmas serão apresentadas três
vezes de forma aleatorizada, após serão gravados também amostras de fala espontânea e
automática, como por exemplo contar de 1 até 20, falar os dias da semana e falar sobre algum
tópico de interesse: novela, culinária, futebol, etc. Importante salientar que a gravação deverá ser
realizada dentre de uma cabina acústica, na posição sentado próximo a um microfone.
Depois de feita a gravação, realizaremos uma mensuração/medida da face ( rosto). Será utilizado
um paquímetro ( espécie de régua) para medirmos o tamanho da face(rosto). Um registro
fotográfico também será realizado para registro e documentação.
ESCALERECIMENTOS DADOS PELO PESQUISADOR SOBRE GARANTIAS DO SUJEITO DA
PESQUISA:
A informação obtida neste estudo será utilizada para fins de pesquisa e não será divulgado o
nome do paciente envolvido, bem como dados que o identifiquem.
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A qualquer momento o paciente poderá deixar de participar da pesquisa e não perderá seu
direito de assistência à saúde neste hospital por sua desistência.
O paciente contará com assistência na Santa Casa de apresentar problemas de saúde
causados por procedimentos aplicados na pesquisa, o que não é esperado, uma vez que se trata
de uma avaliação sem riscos.
Não será oferecido, qualquer tipo de pagamento ou benefício ao paciente que participar desta
pesquisa.
IMPORTANTE: Em caso de dúvidas, intercorrências ou desejo de desligar-se do estudo, o
paciente tem o direito de entrar em contato com o pesquisador responsável (Adriano Namo
Cury) através dos telefones: (11)996371815, 99992-2625 ou (11)2176-7300 que fornecerá as
informações e orientações necessárias.
5.CONSENTIMENTO:
Declaro que, após convenientemente esclarecido pelo pesquisador, e ter entendido o
que me foi explicado, consinto em participar desta pesquisa. Eu estou ciente de que os dados de
áudio ficarão armazenados em um banco de dados e poderão ser utilizados em outros estudos
complementares à esta pesquisa mantendo a identidade do paciente preservada.
São Paulo, de de
Assinatura do sujeito da pesquisa Assinatura do pesquisador
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ANEXO 5 CAPA DO CADERNO ENTREGUE PARA AS JUÍZAS DA PESQUISA. PREZADO (A) JUÍZ(A): _____________________________________ 1.Você está recebendo um caderno contendo 209 folhas com o Roteiro VPAS-PB em cada uma delas e um CD com 216 arquivos de áudio na extensão .wav, sendo 209 estímulos para análise e 7 arquivos de trechos musicais que serão apresentados em 7 momentos para descanso auditivo. 2. Antes de iniciar, por favor leia e assine o termo de consentimento. 3.No alto de cada página com o VPAS-PB, deverá ser anotado o número do estímulo analisado, por exemplo 01.wav. ATENÇÃO NA MARCAÇÃO DO NÚMERO DO ESTÍMULO, POIS QUANDO FOR MÚSICA( PAUSA) TAMBÉM HAVERÁ UM NÚMERO porém não é preciso anotá-lo. Por exemplo: Se você acabou de analisar o estímulo 23.wav, o 24.wav será pausa/música, assim, você deverá anotar na próxima folha o número 25.wav que deverá ser o próximo estímulo a ser analisado. 4. Utilizar fones de ouvido para realizar a escuta e estar em ambiente silencioso. 5. A escuta e a análise é individual. A discussão entre as juízas participantes não é permitida uma vez que pode influenciar os resultados dos julgamentos. 6. Você poderá escutar até 5 vezes cada estímulo antes de anotar na folha. 7. Ao escutar um estímulo musical denominado numericamente na sequência do CD, você não precisa analisá-lo; trata-se de uma pequena pausa para seu descanso auditivo antes de prosseguir com a tarefa de análise auditiva. 8. Todos os arquivos estão no formato .wav, assim você pode escolher o programa para abrir somente o arquivo de áudio. Usar preferencialmente o Media Player. 9. Para garantir o bom desempenho na análise, sugere-se que cada juiz realize as análises em duas etapas (dois dias). Por favor respeite o seu limite e a sua tolerância para evitar erros no julgamento. 10. Por favor, após o término de sua análise, separar o caderno e o CD fornecido dentro da pasta. O material será retirado no dia 13 de janeiro/2014 em local combinado previamente com a pesquisadora responsável. Desde já agradeço a sua participação, a sua colaboração é muito importante! ASS. ROBERTA (11)999922625
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ANEXO 6 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido dos Juízes Caro(a) Senhor(a) Eu, Roberta Werlang Isolan Cury, fonoaudiólogo(a), portadora do CPF 92853617068, RG 9071485875, estabelecido(a) na Rua Itapicuru 488 apto 132, CEP 05006000, na cidade de São Paulo, cujo telefone de contato é (11) 32133912 e(11) 999922625, vou desenvolver a pesquisa cujo título é “Análise Perceptiva e Acústica da Fala de pacientes com Acromegalia O objetivo deste estudo é analisar a fala do ponto de vista acústico e perceptivo auditivo de falantes com o diagnóstico de Acromegalia. Solicito sua participação voluntária no processo de avaliação fonética da qualidade vocal por meio do roteiro Vocal Profile Analysis Scheme for Brazilian Portuguese–PB de um conjunto de 209 amostras de fala. Não existe outra forma de obter dados com relação ao procedimento em questão e que possa ser mais vantajoso. Informo que o Sr(a). tem a garantia de acesso, em qualquer etapa do estudo, a esclarecimento de eventuais dúvidas. Se tiver alguma consideração ou dúvida sobre a ética da pesquisa, entre em contato com Roberta W. Isolan Cury, pelo telefone (11)99992.2625. Também é garantida a liberdade da retirada de consentimento a qualquer momento e deixar de participar do estudo, sem qualquer prejuízo. Garanto que as informações obtidas serão mantidas em sigilo, não sendo divulgado a identificação de nenhum dos participantes. O Sr(a). tem o direito de ser mantido atualizado sobre os resultados parciais da pesquisa e caso seja solicitado, darei todas as informações necessárias. Não existirão despesas ou compensações pessoais para o participante em qualquer fase do estudo. Também não há compensação financeira relacionada à sua participação. Se existir qualquer despesa adicional, ela será absorvida pelo orçamento da pesquisa. Eu me comprometo a utilizar os dados coletados somente para pesquisa e os resultados serão veiculados através de artigos científicos em revistas especializadas e/ou encontros científicos e congressos, sem nunca tornar possível sua identificação. Anexo está o consentimento livre e esclarecido para ser assinado caso não haja dúvida alguma. Termo de Consentimento Livre e Esclarecido Acredito ter sido suficiente as informações que li ou que foram lidas para mim, descrevendo o estudo “Análise Perceptiva e Acústica da Fala de pacientes com Acromegalia”. Eu discuti com a fonoaudióloga Roberta W Isolan Cury sobre a minha decisão em participar nesse estudo. Ficaram claros para mim quais são os propósitos do estudo, os procedimentos a serem realizados, bem como de seus
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desconfortos e riscos, a garantia de confiabilidade e de esclarecimentos permanentes. Ficou claro também que minha participação é isenta de despesas e que tenho garantia do acesso aos resultados e de esclarecer minhas dúvidas a qualquer tempo. Concordo voluntariamente em participar deste estudo e poderei retirar o meu consentimento a qualquer momento, antes ou durante o mesmo, sem penalidade ou prejuízo ou perda de qualquer benefício que eu possa ter adquirido. São Paulo, de de 2013. ________________________________________ Assinatura do juiz Nome: Endereço: RG: Fone: ________________________________________ Assinatura do(a) pesquisador(a)
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ANEXO 7 TUTORIAL: PLUG-IN AKUSTYK- PRAAT O Akustyk é um plug-in para o programa Praat, que, de forma rápida, nos permite realizar análise acústica. Após ser instalado* tal plug-in aparecerá na janela Praat Object, especificamente, na opção Praat, conforme explicitado na Etapa 1:
Etapa 1-De início, para que o programa localize a pasta em que está a amostra de fala deve-se fornecer os dados da pasta em questão. Para tal, Abre o Akustyk e localiza o parâmetro Set preferences:
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Etapa 3- Logo após usar o parâmetro Set preferences, aparecerá a janela Set up preferences Akustyk. Em tal janela deve-se preencher basicamente os seguintes campos: Spreadsheet ( “caminho” para o plug-in localizar a pasta em que está o som) e Session name ( Nome da pasta). Deve-se também informar o idioma em questão usando a opção Language: Brazilian_portuguese. Para finalizar é só aplicar (Apply).
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Etapa 6- Após inserir os dados é só aplicar e clicar em continue.
Etapa 7- O Plug-in nos permite também inserir as informações sociolinguísticas do falante. Para isso, deve-se voltar na janela Praat Objects- Praat- Akustyk- Set new speaker...
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Após inserir os dados na janela Speaker metadata, aplicar e clicar em continue.
Etapa 8 - Após tais procedimentos, deve-se posicionar o cursor no período estacionário da onda do segmento em análise.
Etapa 9- Para a geração do espectro LPC e obtenção dos valores de frequência e intensidade formânticas, usa-se o parâmetro Get quick LPC.
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Etapa 10- Na janela Quick LPC, deve-se modificar a ordem ( Prediction Order) para um valor, sendo 9 o valor mínimo e 12, o máximo.
Etapa 11- Espectro LPC: as setas indicam os valores de frequência( Hz) e de intensidade (Leadbitter, Pearce et al.) do primeiro formante.
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Etapa 12- Os valores de frequência, intensidade e banda dos formantes aparecerão também na Janela Praat info:
Etapa 13- Para os valores de frequência, intensidade e banda, para obtenção da relação entre harmônicos e formantes e de outras informações, deve-se voltar ao som e usar o parâmetro Get formants.
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Etapa 14 Na janela Brazilian portuguese Vowel informa-se a ordem ( figura 10), o segmento em análise, seu ponto e modo de articulação e as informações dos segmentos adjacentes.
Etapa 15 - Por fim, os dados acústicos aparecerão na Janela Praat info e a vogal será disposta no trapézio, conforme seu espaço acústico:
OBS: Para a análise de outro segmento da mesma sentença- veículo realiza o processo a partir da figura 8.