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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
Programa de Pós-Graduação em Psicologia Experimental:
Análise do Comportamento
Uma análise histórica de respostas verbais de relacionar
behaviorismo radical e determinismo
Rodrigo Pinto Guimarães
São Paulo
2005
Rodrigo Pinto Guimarães
Uma análise histórica de respostas verbais de relacionar
behaviorismo radical e determinismo
Dissertação apresentada à Banca Examinadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como exigência parcial para obtenção do título de Mestre em Psicologia Experimental: Análise do Comportamento sob orientação da Profa Dra Nilza Micheletto
Projeto de pesquisa parcialmente financiado pela CAPES.
PUC-SP
2005
Banca Examinadora
_______________________________
_______________________________
_______________________________
Autorizo, exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial desta dissertação por processos fotocopiadores ou eletrônicos. São Paulo, 03 de junho de 2005 _____________________________ Rodrigo P. Guimarães
Agradecimentos
Aos meus pais e a Lika minha eterna gratidão e amor pelo incentivo e apoio
incondicionais. Estou aqui hoje, graças ao apoio de vocês.
A minha querida orientadora, agradecimentos especiais pelo cuidado e presteza
com que modelou meu comportamento; pela maneira delicada e paciente de me
acolher nos momentos de dúvidas e incertezas (e olha que não foram poucos...)
A Amália pela convivência prazerosa, afeto e disponibilidade total de ajudar e
de tornar este mestrado a melhor experiência possível...
A Téia por fazer parte do dia a dia, por compartilhar das agonias e alegrias, dos
erros e dos acertos. Por ter me ensinado tanto!
Ao Beto (Alberto Lima), quem primeiro me acolheu aqui em São Paulo.
A Tati Boreli e família pelo carinho e atenção dispensados a mim... Por terem se
tornado minha família paulistana.
Ao Saulo, Marcelinho (agora, Dr. Benvenuti), Nico (Nicolau) e Cândido pela
amizade, pelos bons momentos, pelas risadas e incentivo. Que bom ter
encontrado amigos como vocês.
A Lili, pela amizade e companheirismo (na farra e nos estudos) nestes 2 anos de
mestrado.
A Raquel, pela amizade e carinho. Por ter dividido comigo importantes
momentos deste mestrado.
A Regina, pela atenção e disponibilidade em ajudar.
As amigas KK, Rafinha, Carolzinha, Carol Perroni, Karine, Thaís Sales, Thais
Nogara, Verônica.
A Dinalva, pela amizade e disponibilidade em ajudar. Di, sem suas idas e vindas
à biblioteca do laboratório, jamais teria terminado minha coleta.
A Paula Gióia, pelas inúmeras “visitas” à sua biblioteca.
A Ziza, Fátima e Roberto por sempre estarem disponíveis para escutar e ajudar.
Ao Maurício, Neuza e Conceição pela boa convivência no laboratório.
Ao Professor Emmanuel pela gentileza de ter aceitado meu convite.
A todos que torceram por mim e que me ajudaram nesta reta final. Sem vocês
não teria conseguido.
A CAPES, por ter financiado a pesquisa.
Guimarães, R. P. (2005). Uma análise histórica de respostas verbais de relacionar behaviorismo radical e determinismo. São Paulo (p. 96). Dissertação de
Mestrado. Programa de Estudos Pós-Graduados em Psicologia Experimental - Análise do Comportamento, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Orientadora: Nilza Micheletto Linha de Pesquisa: História e Fundamentos Epistemológicos, Metodológicos e Conceituais da Análise do Comportamento Núcleo: O Behaviorismo Radical de B. F. Skinner
Resumo
Esta pesquisa teve por objetivo analisar historicamente, a partir de periódicos nacionais e estrangeiros, como diferentes autores têm abordado as relações entre behaviorismo radical e determinismo. Analisar como os autores relacionam behaviorismo radical e determinismo é, na verdade, analisar o comportamento verbal destes autores e suas variáveis de controle. Foram analisadas as relações estabelecidas entre behaviorismo radical e determinismo e algumas possíveis variáveis relacionadas a este comportamento Mais especificamente, este trabalho se propôs a analisar: a distribuição das publicações sobre o tema ao longo dos anos; fontes de publicação; autoria dos artigos; os trabalhos de Skinner referenciados e os tipos de referências feitas à estes trabalhos e as definições de determinismo encontradas nos artigos. As respostas verbais dos autores foram comparadas com respostas verbais de Skinner (como entendidas pelos autores) e buscou-se identificar os trabalhos que analisaram o tema a partir de uma perspectiva histórica. Os resultados mostram que houve um pico de publicações sobre o tema a partir do fim da década de 80 até o início da década atual. As fontes que mais publicaram sobre o tema foram os periódicos The Behavior Analyst e Behavior and Philosophy. 141 trabalhos diferentes de Skinner foram referenciados. O tipo de referência mais realizada pelos autores foi transcrição direta (tipo I) seguida pela referência que indica apenas a obra (tipo III). As definições mais comuns foram as que definiram determinismo como mecanicismo, seguidas por definições de determinismo como seleção por conseqüências. Foram encontrados sete tipos diferentes de relações estabelecidas entre behaviorismo radical e determinismo, exceto a primeira relação todas as outras expressam posições deterministas: 1) relações de negação do determinismo; 2) relações de afirmação do determinismo (estas relações referem-se a respostas verbais que explicitamente afirmam que o behaviorismo radical é determinista, em oposição direta a negação de tal relação); 3) aproximação do mecanicismo; 4) afastamento do mecanicismo; 5) afastamento de modelos causais teleológicos; 6) aproximação de modelos que buscam em variáveis ambientais externas ao organismo as causas do comportamento e 7) alinhamento do behaviorismo radical com um modelo de determinação que considera diferentes níveis de determinação. Relação de afastamento do behaviorismo radical de modelos causais mecanicistas foi a mais identificada. Poucos trabalhos realizaram análises históricas sobre o tema. A maioria dos autores julga ter a mesma posição que Skinner sobre o tema. Palavras – chave: behaviorismo radical; determinismo; análise histórica.
Abstract
This study attempted to analyze articles historically from national and international journals that discuss the relationship between radical behaviorism and determinism. Analyzing how authors have related determinism and radical behaviorism means to analyze the verbal behavior of the authors and its controlling variables. Specifically, this study analyze: the distribution of the articles that discuss the relations between radical behaviorism and determinism throughout the years; the journals that they were published; the authorship of the articles; the citation of Skinner’s works in these articles; the kind of citation made and the definitions of determinism found in the articles. The verbal responses of the authors were compared to Skinner’s verbal responses (as understood by the authors); historical analysis of the theme of this study was identified. The results show that there was a high rate of publication from the end of the 80’s to the beginning of this decade. The Behavior Analyst and Behaviorism and Philosophy were that journals that had more articles published about this theme. 141 different publications of Skinner were cited in the articles. The most common kind of citation was citing some part of Skinner’s work directly. The most common definitions of determinism found were those that defined determinism as mechanism causal mode. The second most common definitions of determinism were those that defined determinism as selection by consequences. Seven different types of relations between radical behaviorism and determinism were found. Except for one established relation, all the others were considered determinist: 1) denial of determinism; 2) assertion of determinism (this relation refers to specific verbal responses that explicitly asserts that radical behaviorism is determinist in relation to verbal responses that deny determinism); 3) approximation of mechanistic modes; 4) dissociation from mechanistic modes; 5) dissociation from teleological causal modes; 6) approximation of causal modes that search for the causes of behavior in external environmental variables and 7) approximation of causal modes that consider different levels of determination (e.g. phylogenetic, ontogenetic and cultural). Dissociation from mechanistic models was the most common relation identified in the articles. Few articles made historical analysis. Most of the authors think they have the same position about this theme as did Skinner. Key-words: radical behaviorism; determinism; historical analysis.
Sumário
Introdução................................................................................................................ 1
Análise histórica.......................................................................................... 11
Método .................................................................................................................. 19
Seleção de fontes..........................................................................................19
Seleção de palavras de busca.. ....................................................................21
Seleção de artigos........................................................................................ 22
Registro de informações............................................................................... 28
Teste de fidedignidade.................................................................................. 35
Resultados e Discussão ........................................................................................36
Números de artigos através dos anos..........................................................36
Fontes de Publicação...................................................................................38
Autoria..........................................................................................................41
Análise Histórica...........................................................................................42
Definições de determinismo.........................................................................44
Respostas verbais de estabelecer relações entre determinismo e
behaviorismo radical....................................................................................52
Obras de Skinner referenciadas...................................................................84
Classificação dos textos nos programas de pesquisa.................................90
Conclusão.............................................................................................................. 93
Referências Bibliográficas......................................................................................96
Anexos .................................................................................................................. 97
Lista de Figuras
Figura 1. Número acumulado de artigos com respostas verbais de relacionar determinismo e
behaviorismo radical por ano............................................................................................................36
Figura 2. Número de artigos com resposta verbal de relacionar behaviorismo radical e
determinismo por ano de publicação.................................................................................................37
Figura 3. Número de artigos com respostas verbais de relacionar behaviorismo radical e
determinismo por fontes de publicação.............................................................................................39
Figura 4. Número de artigos que apresentam respostas verbais de relacionar determinismo e
behaviorismo radical a partir de analises históricas e não históricas
...........................................................................................................................................................43
Figura 5. Número de artigos que apresentam respostas verbais de definir determinismo por grupo
classificatório.....................................................................................................................................51
Figura 6. Número de artigos por tipo de resposta verbal de relacionar determinismo e behaviorismo
radical ...............................................................................................................................................53
Figura 7. Número de artigos que apresentam respostas verbais de negar o behaviorismo radical
como uma filosofia determinista através dos anos............................................................................82
Figura 8. Número de artigos que apresentam respostas verbais de afirmar o behaviorismo radical
como uma filosofia determinista através dos anos...........................................................................82
Figura 9. Número de artigos que apresentam respostas verbais de aproximar o behaviorismo
radical de modelos de determinação mecânicos através dos anos................................................. 82
Figura 10. Número de artigos que apresentam respostas verbais de afastar o behaviorismo radical
de modelos de determinação mecanicistas através dos anos..........................................................82
Figura 11. Número de artigos que apresentam respostas verbais de afastar o behaviorismo radical
dos modelos causais teleológicos através dos anos.........................................................................82
Figura 12. Número de artigos que apresentam respostas verbais de afirmar que o behaviorismo
radical busca causas externas ao organismo para explicar o comportamento através dos
anos...................................................................................................................................................82
Figura 13. Número de artigos que apresentam respostas verbais de relacionar o behaviorismo
radical com modelos causais que consideram diferentes níveis de determinação através dos
anos...................................................................................................................................................82
Figura 14. Número de referências por tipo de referência..................................................................89
Figura 15. Número de artigos de Skinner por classificação..............................................................90
Figura 16. Número de textos por programa de pesquisa identificado...............................................91
Lista de Quadros Quadro 1: Texto selecionado pelo mecanismo de busca e rejeitado por não apresentar
respostas verbais de relacionar determinismo e behaviorismo radical.................................23
Quadro 2: Texto selecionado pelo mecanismo de busca e rejeitado por não apresentar
respostas verbais de relacionar determinismo e behaviorismo radical.................................24
Quadro 3: Texto cuja relação entre determinismo e behaviorismo radical não foi
identificada, mas que teve texto ‘em resposta’ cuja esta relação foi identificada.................25
Quadro 4: Texto ‘em resposta’ no qual foi identificada a relação entre determinismo e
behaviorismo radical.............................................................................................................25
Quadro 5: Primeiro programa de pesquisa: A proposição de uma ciência do
comportamento......................................................................................................................32
Quadro 6: Segundo programa de pesquisa: A proposição da necessidade de uma teoria do
comportamento......................................................................................................................32
Quadro 7: Terceiro programa de pesquisa: Revisitando a questão da teoria........................33
Quadro 8: Quarto programa de pesquisa: Revisitando seu próprio programa de pesquisa...33
Quadro 9: Texto classificado no quarto programa de pesquisa de acordo com suas
características........................................................................................................................34
Quadro 10: Autores que tiveram dois ou mais artigos com resposta verbal de relacionar
behaviorismo radical e determinismo localizados.............................................................................42
Quadro 11: Exemplo de texto no qual a resposta verbal do autor de definir determinismo foi
classificada como relação funcional...................................................................................................45
Quadro 12: Exemplo de texto no qual a resposta verbal do autor de definir determinismo foi
classificada como relação funcional...................................................................................................45
Quadro 13: Exemplo de texto no qual a resposta verbal do autor de definir determinismo foi
classificada como seleção por conseqüências....................................................................................46
Quadro 14: Exemplo de texto no qual a resposta verbal do autor de definir determinismo foi
classificada como seleção por conseqüências....................................................................................47
Quadro 15: Exemplo de texto no qual a resposta verbal do autor de definir determinismo foi
classificada como mecanicista............................................................................................................48
Quadro 16: Exemplo de texto no qual a resposta verbal do autor de definir determinismo foi
classificada como mecanicista............................................................................................................48
Quadro 17: Exemplo de texto no qual a resposta verbal do autor de definir determinismo foi
classificada como determinismo metodológico..................................................................................49
Quadro 18: Exemplo de texto no qual a resposta verbal do autor de definir determinismo foi
classificada como determinismo metodológico..................................................................................50
Quadro 19: Exemplo de texto no qual a resposta verbal do autor de definir determinismo foi
classificada como ‘outros’..................................................................................................................50
Quadro 20: Exemplo de texto no qual a resposta verbal do autor de definir determinismo foi
classificada como ‘outros’..................................................................................................................51
Quadro 21: Exemplo de texto que classificado no grupo que afasta o behaviorismo radical de uma
perspectiva determinista de compreensão do comportamento humano.............................................54
Quadro 22: Exemplo de texto classificado no grupo que afasta o behaviorismo radical de uma
perspectiva determinista de compreensão do comportamento humano.............................................55
Quadro 23 : Exemplo de texto que aborda o tema ‘variação randômica/acaso’ ao emitir respostas
verbais de afastar behaviorismo radical e determinismo....................................................................57
Quadro 24: Exemplo de texto que aborda o tema ‘probabilidade’ quando do estabelecimento de
respostas verbais de afastar behaviorismo radical e determinismo....................................................58
Quadro 25: Exemplo de texto que aborda os temas ‘predição e controle’ ao emitir respostas verbais
de afastar behaviorismo radical e determinismo................................................................................59
Quadro 26: Exemplo de texto classificado no grupo que afirma o behaviorismo radical como uma
perspectiva determinista de compreensão do comportamento humano.............................................61
Quadro 27: Exemplo de texto que aborda o tema ‘probabilidade’ ao emitir respostas verbais de
aproximar o behaviorismo radical do determinismo..........................................................................62
Quadro 28: Exemplo de texto que aborda o tema ‘liberdade/autodeterminação` ao emitir respostas
verbais de afirmar o determinismo. ...................................................................................................63
Quadro 29 : Exemplo de texto que aborda o tema ‘variação randômica’ ao emitir respostas verbais
de aproximar behaviorismo radical e determinismo..........................................................................64
Quadro 30: Exemplo de texto classificado no grupo que aproxima o behaviorismo radical de uma
perspectiva mecanicista de compreensão do comportamento humano..............................................66
Quadro 31: Exemplo de texto que não considera o modelo de seleção por conseqüências um modelo
causal ao emitir respostas verbais de aproximar o behaviorismo radical de modelos mecanicistas..68
Quadro 32: Exemplo de texto classificado no grupo que afasta o behaviorismo radical de uma
perspectiva mecanicista de compreensão do comportamento humano..............................................70
Quadro 33: Exemplo de texto que aborda a ‘teleologia’ ao emitir respostas verbais de afastar
behaviorismo radical de modelos mecanicistas de determinação do comportamento
humano...............................................................................................................................................72
Quadro 34: Exemplo de texto classificado no grupo que afasta o behaviorismo radical de modelos
causais teleológicos ou finalistas........................................................................................................73
Quadro 35: Exemplo de texto classificado no grupo que identifica o modelo de determinação do
behaviorismo radical como um modelo que busca as causas do comportamento em variáveis
ambientais externas ao organismo......................................................................................................75
Quadro 36: Exemplo de texto que aborda o tema ‘eventos privados/subjetividade’ ao emitir
respostas verbais de aproximar o behaviorismo radical de modelos que buscam as causas
comportamento em variáveis ambientais externas ao organismo......................................................76
Quadro 37: Exemplo de texto classificado no grupo que alinha o behaviorismo radical com um
modelo causal que considera diferentes níveis de determinação.......................................................77
Quadro 38: Exemplo de texto que apresenta resposta verbal de afastar o behaviorismo radical de
modelos mecânicos e de negar o determinismo.................................................................................80
Quadro 39: Exemplo de divergência entre resposta verbal do autor e resposta verbal de Skinner....83
Quadro 40: Exemplo de oposição entre a resposta verbal do autor e resposta verbal de Skinner.....84
Quadro 41: Lista das obras de Skinner referenciadas com ano de publicação original, classificadas
em ordem decrescente pelo número total de vezes em que foram referenciadas...............................84
Skinner desenvolveu uma ciência do comportamento que encontrava no
determinismo comportamental seu postulado fundamental. Supor que o comportamento
não é um fenômeno determinado no sentido de que é caprichoso ou indeterminado não
faz sentido para uma ciência que tem na previsão e no controle do fenômeno
comportamental um dos seus objetivos (Skinner, 1998/1953).
Para ser possível uma ciência do comportamento devemos adotar o postulado
fundamental de que o comportamento humano é um dado ordenado [lawful] e que não
pode ser perturbado [disturbed] pela ação caprichosa de qualquer agente livre [free
agent] – em outras palavras, que ele é completamente determinado (Skinner, 1999/1947,
p. 345).
Afirmações deste porte são bastante comuns ao longo dos trabalhos de Skinner.
Em 1953, Skinner novamente faz afirmações sobre o determinismo, comportamento
humano e o uso dos métodos da ciência para seu estudo.
Se vamos usar os métodos da ciência no campo dos assuntos humanos, devemos
pressupor que o comportamento é ordenado e determinado. Devemos esperar descobrir
que o que o homem faz é o resultado de condições que podem ser especificadas e que,
uma vez determinadas, poderemos antecipar e até certo ponto determinar as ações
(Skinner, 1998/1953, p. 7).
Ainda neste livro de 1953, Ciência e Comportamento Humano, segundo Neto e
Tourinho (1999, p. 49), aparece de forma inicial e embrionária o que mais tarde, em um
artigo de 1981 – Seleção por Conseqüências – será considerado o modelo de
determinação do behaviorismo radical, baseado nos processos de variação e seleção.
Skinner estende para o comportamento humano, nível ontogenético, e para a cultura,
nível cultural, a teoria da seleção natural, evolução das espécies de Darwin. O
comportamento é entendido como sendo produto da interação destes três níveis de
determinação, filogenético, ontogenético e cultural.
1
Skinner (1974) aponta motivos práticos para justificar a busca das causas do
comportamento. Para este autor, é necessário estudar as causas do comportamento para
que seja possível prevê-lo e controlá-lo.
Por que as pessoas se comportam da maneira como o fazem? Primeiramente, ela
provavelmente foi uma questão prática: Como uma pessoa poderia antecipar e, portanto,
se preparar para o que outra pessoa faria? Depois esta questão se tornou prática em um
outro sentido: Como outra pessoa poderia ser induzida a se comportar de determinada
maneira? (p. 10)
Skinner (1974), ao falar das causas do comportamento, também respondeu a
algumas críticas comumente atribuídas ao behaviorismo radical. Entre elas a de que o
behaviorismo radical:
“Ignora consciência, sentimentos e estados mentais. Negligencia dons inatos e defende
que todo o comportamento é adquirido durante o período de vida de um indivíduo.
Formula o comportamento simplesmente como um conjunto de respostas a estímulos,
representando, desta forma, uma pessoa como um autômato, robô, fantoche ou
máquina... Limita-se apenas à predição e ao controle do comportamento e desconsidera
a natureza essencial do ser humano” (p. 4)
Segundo Slife, Yanchar e Williams (1999), não há consenso sobre a noção de
determinismo no behaviorismo radical. Apesar desta falta de consenso, de maneira
geral, o pensamento de Skinner é caracterizado por vários autores como determinista.
Tal caracterização, porém, é fonte de divergências e desentendimentos (Slife e cols.
1999).
Determinismo tem sido uma suposição central em várias formas de behaviorismo,
incluindo o behaviorismo radical. No entanto, esta suposição tem sido um obstáculo
para várias pessoas - tanto dentro como fora do campo do behaviorismo radical –
resultando em equívocos e más interpretações. (p. 75)
2
Apesar das afirmações de Skinner, existem divergências entre autores sobre as
relações que podem ser estabelecidas entre behaviorismo radical e determinismo. Por
exemplo, a posição atribuída ao behaviorismo radical sobre determinismo e causalidade
tem sido uma questão de debate (Day, 1969; Vorsteg, 1974; Belgelman, 1978; Marr,
1982; Vaughan Jr., 1983; Moxley, 1997).
Ao produzir conhecimento sobre um determinado fenômeno, neste caso sobre as
relações entre determinismo e behaviorismo radical, o cientista está, na verdade,
emitindo comportamento verbal que permitirá futuros ouvintes (que podem ou não ser
outros cientistas) se comportarem efetivamente em relação ao fenômeno em questão
(Skinner, 1992/1957, p. 418).
Skinner (1992/1957) enfatiza a importância do controle preciso de estímulos
sobre as respostas verbais dos cientistas. Este controle preciso pode se dar pelo objeto
de estudo ou por alguma de suas propriedades. Esta mesma precisão do controle de
estímulos também se faz necessária quando as respostas verbais são sobre estímulos
verbais.
A comunidade científica encoraja o controle preciso de estímulo sob o qual um objeto ou
propriedade de um objeto é identificado ou caracterizado de tal modo que a ação prática
será a mais efetiva... A comunidade lógica e científica também aguça e restringe
comportamento verbal em resposta a estímulo verbal. Garantir a acurácia do
comportamento ecóico e textual é um exemplo óbvio; é importante saber o que foi
realmente dito, na forma vocal ou escrita. De maneira geral, contudo, práticas são
planejadas para clarificar as relações entre uma resposta verbal para um estímulo
verbal e as circunstâncias não verbais responsáveis por ela. (p. 419 e 420)
Neste sentido, é plausível supor que as diferentes relações assumidas entre
behaviorismo radical e determinismo podem ser decorrentes de diferentes controles de
estímulos verbais sobre respostas verbais. Isto pode ser exemplificado, como afirmam
3
Slife e colaboradores (1999), pelo fato de “... não haver definição padrão de
determinismo na literatura behaviorista radical.” (p. 76)
Afirmar que não há consenso sobre a definição do termo ‘determinismo’ na
literatura behaviorista radical é dizer que este termo possui diferentes ‘significados’.
Segundo Skinner, “significado não é uma propriedade do comportamento como tal, mas
das condições sob as quais o comportamento ocorre” (Skinner, 1992/1957, p. 13 e 14).
A partir desta afirmação de Skinner, fica evidente que ao se analisar
comportamento verbal dos cientistas (ou de qualquer outra pessoa), é necessário analisar
quais as condições, quais as variáveis controladoras do comportamento verbal em
questão. Neste sentido, para tornar possível a compreensão de respostas verbais de
relacionar determinismo e behaviorismo radical, é necessário conhecer quais as
variáveis que controlam tais respostas.
Os dois autores comentados a seguir apresentam respostas verbais de relacionar
behaviorismo radical e determinismo topograficamente semelhantes (ambos afirmam
que o behaviorismo radical é determinista), mas discordam no tocante à espontaneidade
como característica própria do comportamento.
Marr (1982) afirma que a posição comportamentalista requer uma perspectiva
determinista, mas para este autor, comportamento ocorre espontaneamente. Em outras
palavras, Marr (1982) supõe que a espontaneidade seja uma característica própria do
comportamento, porém limitada pela genética da espécie e individual.
...espontaneidade pode ser uma característica típica do comportamento...
Espontaneidade, também não implica que simplesmente qualquer coisa possa
ocorrer... a espécie a que se pertence e a dotação genética individual
estabelecem limites naturais para a forma e variabilidade do comportamento
espontaneamente emitido. (p. 206)
4
Vaughan Jr. (1983) também assume uma posição determinista, embora discorde
de Marr (1982) sobre a espontaneidade do comportamento. Vaughan Jr. (1983) não
admite a espontaneidade como característica do comportamento. Em seu artigo,
Vaughan Jr. (1983) afirma que a espontaneidade do comportamento defendida por Marr
(1982) é resultado de uma falta de evidências das variáveis controladoras, ou seja, é
resultado de limitações metodológicas que impedem conhecimento e predição acurados
sobre o comportamento.
No seu artigo ‘Determinismo’, Jackson Marr argumenta que o comportamento apresenta
espontaneidade. Qual é a evidência comportamental para esta posição? É, e só pode ser,
falta de evidência: casos... nos quais o comportamento muda, mas nós somos incapazes
de especificar as variáveis controladoras... Nos casos em que Marr identifica como
exibindo espontaneidade, nós podemos perguntar: um conhecimento maior sobre a
história do organismo nos diria mais? Saber mais sobre o ambiente atual nos diria
mais? Computadores mais potentes nos diriam mais?... Dizer que espontaneidade está
presente no comportamento é o equivalente a dizer que nenhuma dessas operações nos
permitiria fazer melhores predições sobre o comportamento. De onde tiramos licença
para fazer tal inferência? (Vaughan Jr., 1983, p. 111)
Fraley (1994), assim como Vaughan Jr. (1983), também recusa a possibilidade
de abandonar suposições deterministas em função de limites metodológicos. Segundo
ele, a suposição determinista é oriunda da experiência científica e argumentos de cunho
metodológicos não a invalidam.
Limitações na capacidade de mensuração não podem logicamente ser interpretadas
como ocasiões para abandonar suposições deterministas sobre a natureza... O
determinismo moderno dos comportamentalistas e de outras ciências naturais situa-se
como uma grande indução de toda a experiência científica... (p. 82)
Fraley (1994) argumenta ainda que quando predições precisas sobre um
fenômeno não podem ser feitas, a ciência da probabilidade deve ser usada. No entanto,
5
para Fraley (1994), o uso da probabilidade não significa que o fenômeno sob
investigação seja desordenado ou aleatório.
A incapacidade de descobrir todas as variáveis que participam do controle de uma
resposta operante e a inabilidade de investigar e medir seus respectivos efeitos e
contribuições... não foi considerado como uma ocasião para abandonar as
pressuposições da ciência natural, mas sim como uma ocasião para buscar os princípios
de outra ciência para ajudar. A ciência da probabilidade permite a alguém responder
efetivamente a situações que não permitem predições precisas... (Fraley, 1994, p. 81)
Tourinho (2003), assim como Fraley (1994), ressalta a impossibilidade de lidar
com todas as variáveis das quais o comportamento é função. Em decorrência disso,
Tourinho (2003) afirma que o analista do comportamento trabalha com a noção de
determinismo probabilístico:
O reconhecimento da multideterminação do comportamento (mesmo quando
permanecemos apenas no nível ontogenético) levará o analista do comportamento a
trabalhar com um determinismo probabilístico. O que significa isso? Basicamente, que é
impossível lidar com todas as variáveis das quais um comportamento é função e que
quando lidamos com algumas daquelas variáveis podemos apenas aumentar ou reduzir a
probabilidade de um comportamento, mas não determiná-lo de modo absoluto.
(Tourinho, 2003, p. 38)
Até este ponto, ao emitirem respostas verbais de relacionar determinismo e
behaviorismo radical, os diferentes autores se referiram às características do objeto de
estudo - comportamento - e das possibilidades e limites metodológicos no seu estudo.
Nos estudos que se seguem os autores emitem respostas verbais sobre respostas verbais
de Skinner de relacionar determinismo e behaviorismo radical. Em outras palavras, os
autores analisaram o posicionamento que, segundo eles, Skinner assumiu sobre a
6
discussão em questão. Essa maneira de abordar o tema possibilita aos autores mostrar
concordância ou discordância em relação à posição assumida por Skinner.
Para Scharff (1982), Skinner assume uma posição determinista em relação ao
comportamento, e o que caracterizaria esta afirmação seria a crença em uma relação
necessária entre eventos, ou seja, uma crença em relações invariáveis entre eventos. Ao
falar na crença de uma correlação necessária entre eventos, Scharff (1982) diz:
“... a única coisa que pode ter incitado essa opinião [de que correlações necessárias
entre eventos podem ser observadas] é uma suposição ontológica subjacente e
profundamente enraizada de que qualquer ciência... lida com um mundo de fenômenos
necessariamente correlacionados.” (p. 48)
Ainda segundo Scharff (1982), a suposição ontológica determinista de Skinner
também não pode ser invalidada por limitações metodológicas.
Skinner sustenta que a razão pela qual sua ciência só pode prover explicações prováveis
do comportamento não é porque o mundo é indeterminado, mas sim por causa de
limitações do cientista... Essa limitação, insiste Skinner, não prova que o mundo é
desordenado [unlawful]. Apenas ilustra as inadequações da ciência humana. (p.53)
Vorsteg (1974) tem uma análise semelhante à de Scharff (1982). Para ele, a
posição de Skinner em relação ao determinismo é de uma pressuposição da relação
necessária entre comportamento e suas variáveis de controle.
Quando dizemos que um... comportamento é determinado, isso significa que ele é uma
instância de uma lei causal... Por lei causal, eu entendo uma afirmação verdadeira sobre
efeito, que quando quer que condições do tipo F ocorram, condições do tipo G
invariavelmente ocorrerão... Essa é a noção de determinismo que Skinner parece ter em
mente quando ele insiste na necessidade do determinismo. (Vorsteg, 1974, p. 109 e 110)
Diferentemente da posição defendida por Vorsteg (1974) e Scharff (1982), de
que Skinner defende uma correlação necessária entre todas as instâncias do
7
comportamento e suas variáveis controladoras, para Belgelman (1978), não é claro se
Skinner supunha uma relação necessária estrita, ou simplesmente uma ordenação
[lawfulness] dos fenômenos. “Entretanto, ainda é uma questão aberta se Skinner usava
as palavras ‘ordenado’ e ‘determinado’ no sentido de uma necessidade causal estrita
[relações de necessidade entre eventos], ou num sentido menos rigoroso, como
explicação probabilística” (p. 14 e 15). Na verdade, Belgelman (1978) afirma não ser
claro o que Skinner pretendia dizer quando utilizava o termo ‘determinista’.
Existem poucas referências específicas ao ‘determinismo’ como tal nos escritos de
Skinner. Ele falou mais sobre o que a ‘ordenação’ [lawfulness] do comportamento
significa para conceitos como liberdade e responsabilidade moral, do que sobre que tipo
de determinista ele realmente é. Conseqüentemente, a natureza precisa da posição
filosófica de Skinner em relação ao ‘determinismo’ – se é que ele tem uma - é obscura.
(p. 14)
Esta divergência de opinião entre Belgelman (1978) e Vorsteg (1974) exposta
acima, pode ser evidenciada pelo seguinte comentário de Belgelman (1978): “Vorsteg
parece estar atribuindo posições ‘deterministas’ para Skinner que são duvidosas que o
último tivesse tido” (p. 15).
Apesar de considerar a posição de Skinner como determinista supondo uma
relação necessária e invariável entre comportamento e suas variáveis de controle,
Vorsteg (1974) não concorda com a posição de Skinner. Vorsteg (1974) defende que a
teoria do reforçamento operante não demonstra tal suposição (relação necessária entre
eventos), pois as explicações do comportamento humano, baseadas nesta teoria, são de
cunho probabilístico e não de cunho causal (relações necessárias e invariáveis). Para
este autor, explicações probabilísticas não são necessariamente deterministas e, por essa
razão, as explicações de Skinner, no tocante ao comportamento operante, não requerem
a suposição do determinismo, nem mostram que tal suposição é verdadeira.
8
No caso do condicionamento operante, deve ser admitido que essas explicações
[explicações baseadas no condicionamento operante] se aplicam às ações humanas. Mas
também deve ser notado que elas não são explicações deterministas. Elas são
explicações probabilísticas e não envolvem nenhuma lei causal. (Vorsteg, 1974, p. 117).
Moxley (1997), assim como Vorsteg (1974) nega o determinismo. Moxley
(1997), ao falar sobre as relações do determinismo com o behaviorismo radical, afirma
que a consideração de Skinner como determinista precisa ser modificada. Na verdade,
segundo este autor, a suposição do determinismo pareceu ser a única solução em um
período histórico onde era necessário escolher “entre um mundo ordenado e
determinado e um mundo caótico do acaso... A questão que surge é se o determinismo é
a melhor explicação hoje” (p. 4).
Moxley (1997) opõe determinismo à visão selecionista, revelando uma
concepção mecanicista de determinismo. Neste sentido opor o modelo de seleção por
conseqüências ao determinismo parece ser, na verdade, uma oposição entre o modelo de
seleção por conseqüências e o modelo mecanicista. “A receptividade original de Skinner
[ao determinismo] é evidente a partir do seu conhecimento educacional e religioso e da
aceitação difundida do determinismo mecanicista pela comunidade científica no começo
da sua carreira.” (p.14)
Ainda neste artigo - Do determinismo à variação randômica -, Moxley (1997)
leva em consideração a influência de diferentes autores sobre Skinner. Primeiramente,
Moxley (1997) afirma que o modelo de causação de Skinner era originalmente
mecanicista. Ao fazer tal afirmação, Moxley (1997) aponta a influência de deterministas
mecanicistas, como John B. Watson, Loeb e Bertrand Russell. Em seguida, Moxley
(1997) afirma que Skinner abandonou o determinismo em favor da variação randômica
9
como base para as origens do comportamento. Moxley (1997) aponta Mach, Peirce e
Dewey como autores que influenciaram Skinner nesta mudança.
Embora Skinner tenha privilegiado o determinismo em graus variados enquanto
desenvolvia explicações mecânicas do comportamento que estavam alinhadas com visões
como as de Loeb, Watson e Russell, seu desenvolvimento do determinismo desapareceu
depois que suas explicações se tornaram alinhadas mais de perto com visões
selecionistas como a de Mach, Peirce e Dewey. (p. 3)
Marr (1982), diferentemente de Moxley (1997), abandona noções mecânicas de
causalidade sem abandonar o determinismo.
Como analistas do comportamento nós somos imbuídos com uma perspectiva
determinista... O abandono do determinismo mecanicista não deve ser visto com
desespero pelos comportamentalistas, mas preferivelmente visto como libertação (assim
como foi para a Física). (Marr, 1982, p. 205 e 207)
Chiesa (1994) ao analisar modelos psicológicos de determinação do
comportamento, aponta para o fato de que modelos que não consideram o
comportamento como objeto de estudo em si mesmo, mas sim expressão de algum outro
fenômeno (entidades mentais, processos neurológicos ou fisiológicos, entre outros),
podem ser considerados mecanicistas, pois requerem ligações seqüenciais e lineares
entre tais fenômenos e o comportamento. Do outro lado, segundo Chiesa (1994), o
modelo causal de seleção pelas conseqüências do behaviorismo radical, proposto por
Skinner em 1981, é incompatível com um modelo mecanicista de causalidade.
O modelo causal do behaviorismo radical [seleção pelas conseqüências] o separa da
maioria da psicologia experimental contemporânea, pois ele não requer ligações em
uma cadeia causal para explicar as relações do seu objeto de estudo. (Chiesa, 1994,
p.96)
10
Uma variedade de respostas verbais de relacionar determinismo e behaviorismo
radical pode ser identificada nos trechos dos autores acima citados. Alguns destas
respostas verbais sugerem que a teoria do reforçamento operante não corrobora a
posição determinista, outros apóiam o determinismo como uma perspectiva válida para
o behaviorismo radical e apontam problemas de cunho metodológico que dificultam o
conhecimento de todas as variáveis de controle, impedindo, conseqüentemente, uma
determinação e previsão exatas do comportamento humano. Outras respostas verbais se
concentram no abandono de noções mecanicistas de causalidade. Dentre este último
conjunto de respostas verbais, algumas defendem o abandono da perspectiva
determinista como uma forma de abandonar o mecanicismo, outras sugerem que o
abandono da perspectiva mecanicista não requer o abandono da perspectiva
determinista.
Análise histórica
Sabe-se que Skinner foi um pensador que escreveu desde a década de 30 até
quando morreu, em 1990. Seu pensamento passou por transformações, e é muito
plausível que a falta de consenso no tocante à sua posição sobre o determinismo, bem
como o mau entendimento de suas posições, de forma geral, sejam devidos a análises
realizadas em diferentes momentos históricos de sua obra (Moxley, 1998). Moxley
(1998), ao explicar porque as formulações de Skinner são mal entendidas, afirma que:
Uma razão para essa [mau entendimento do trabalho de Skinner] dificuldade é que
mudanças na maneira que Skinner formulou suas visões ocorreram numa evolução
gradual através do tempo e da sua carreira, e que tais mudanças e seus significados não
foram tão conspicuamente ressaltados como poderiam ter sido... Quando não entendido
em seu desenvolvimento histórico através do tempo, uma amostra de leitura das opiniões
11
de Skinner pode prontamente resultar em interpretações inacuradas e equivocadas,
particularmente em relação ao seu trabalho mais tardio. (p. 73).
Nesta mesma linha de argumentação, Micheletto (1997) afirma que muitas das
divergências em relação ao pensamento skinneriano podem ser oriundas de análises que
não levam em consideração os diferentes momentos históricos das obras de Skinner.
Ao analisar o Behaviorismo Radical, a partir da obra de Skinner, é preciso distinguir os
escritos iniciais dos produzidos no momento em que as características fundamentais do
seu pensamento estão propostas. Talvez muitas das críticas ao pensamento de Skinner
devam-se ao fato de elas se aterem às propostas bastante iniciais de Skinner, não
atentando para as alterações que marcam o desenvolvimento de seu pensamento. (p. 30)
Neste sentido, ao analisar a resposta verbal de um autor sobre Skinner (ou sobre
qualquer outro autor), identificar em que trabalhos o autor fundamenta sua análise pode
dar indícios de possíveis variáveis que estão relacionadas à suas respostas verbais. Esta
análise relaciona a posição assumida por um autor e o trabalho específico de Skinner no
qual o autor fundamenta esta posição. Em suma, este tipo de análise pode permitir
esclarecer as possíveis variáveis que controlam o comportamento verbal de assumir uma
certa posição.
Alguns autores (Belgelman, 1978; Dias, 2003) analisam respostas verbais de
outros autores que analisam o comportamento verbal de Skinner, a partir dos textos de
Skinner em que estes autores basearam suas análises. Outros autores (Scharff, 1982)
analisam as próprias respostas verbais de Skinner deixando claro quais obras
fundamentaram sua análise.
Ao criticar a posição de Vorsteg (1974), Belgelman (1978), por exemplo,
comenta que é importante considerar e ter acesso a diferentes escritos de Skinner sobre
as relações entre determinismo e behaviorismo radical, pois há o perigo de uma falta de
elementos para a realização de uma interpretação tão complexa quanto essa. Ao se
12
referir a uma passagem de Ciência e Comportamento Humano na qual Vorsteg (1974)
se baseou para realizar sua interpretação de que Skinner é um ‘determinista rígido’1,
Belgelman (1978) afirma:
Vorsteg pode estar certo em supor que a passagem é de autoria de um determinista
‘rígido’. Do outro lado, considerando outras seções dos escritos de Skinner,
especialmente aqueles indicando que os efeitos do reforçamento se dão na probabilidade
da emissão da resposta, é possível que a passagem tenha a intenção de ressaltar a
importância da ‘ordenação’ [lawfulness] sem pressupor uma necessidade causal
rigorosa2. (p. 14)
Scharff (1982), destacando obras de Skinner de diferentes períodos, mostra que a
concepção de operante de Skinner mudou de 1938 até 1953, quando Skinner separou
definitivamente o comportamento operante do reflexo. Para Scharff (1982), a separação
entre comportamento reflexo e operante fez com que Skinner mudasse o tipo de
afirmação determinista que sua ciência podia fazer. Ao falar de Skinner em uma
passagem, Scharff (1982) explicita esta mudança.
Eu quero dizer que, revisando os quase 20 anos (1935 – 1953) que transcorreram para
ele oficialmente separar o operante do reflexo, qualquer um acha amplas provas que sua
pesquisa descritivamente concebida foi incapaz de conviver satisfatoriamente com suas
pressuposições deterministas subjacentes... Esse movimento, a separação dos conceitos
de reflexo e operante, ... força-o a reduzir as reivindicações do tipo de afirmações que
sua ciência pode fazer, de necessárias para probabilísticas. (p. 48 e 53)
1 Determinismo rígido basicamente se refere a uma concepção em que todas as instâncias do fenômeno comportamental são determinadas. Esta informação pode ser encontrada em Edwards (1964) e Hospers (1964) (referências citadas por Belgelman ao utilizar o termo ‘determinista rígido’). 2 Necessidade causal rigorosa refere-se à concepção de determinismo rígido, no qual todas as instâncias do fenômeno comportamental são totalmente determinadas (Belgelman, 1978). Necessidade causal rigorosa, determinismo rígido e relações necessárias e invariáveis entre eventos podem ser considerados sinônimos.
13
Segundo a autora, Skinner só separou operante de reflexo quando ele pôde
explicar as variações no comportamento operante através dos esquemas de
reforçamento. Esta separação entre comportamento reflexo e operante não eliminou a
suposição determinista de Skinner.
Skinner, em 1953, estava aparentemente disposto a considerar o operante como não
reflexivo porque os resultados de sua pesquisa sugeriam que esquemas de reforçamento
são as únicas leis comportamentais secundárias necessárias para explicar
adequadamente a variabilidade comportamental... A questão a ser perguntada, então, é
como isso afeta o seu determinismo?... aparentemente não desafia suas suposições
deterministas de nenhuma maneira significativa. (p. 53)
Dias (2003), com objetivo de descrever os elementos constituintes das respostas
verbais de estabelecer relações entre behaviorismo radical e a filosofia da linguagem de
Wittgenstein, investigou se as relações estabelecidas entre behaviorismo radical e
pragmatismo sofriam influencias de diferentes posições de Skinner em diferentes
momentos. Os elementos constituintes considerados foram, entre outros: “(a) Tipos de
relações estabelecidas; b) Referências a Skinner, referências a autores pragmatistas e
referências a Wittgenstein; c) Formas de apresentação das referências; d) Temas ou
assuntos tratados quando da ocorrência de tais referências” (p. 14).
Com relação às referências a Skinner, a autores pragmatistas e a Wittgenstein,
Dias (2003) registrou todas as obras de Skinner, de autores pragmatistas e de
Wittgenstein que foram referenciadas nos artigos selecionados em sua pesquisa. Para a
forma de apresentação das referências, foram classificados três tipos de referências, de
acordo como apareciam nos dados coletados: foram incluídas referências que continham
trechos transcritos de obras de Skinner, com indicação do ano de publicação e página(s)
(Tipo I); referências que continham o nome ou obra do autor seguido do ano de
14
publicação e página (Tipo II); foram incluídas aquelas referências que faziam menção
apenas ao nome ou obra do autor, seguido do ano de publicação, com ou sem indicação
do capítulo (Tipo III).
Analisar as referências apresentadas por um autor ao emitir respostas verbais de
relacionar determinismo e behaviorismo radical e a forma como o faz pode esclarecer
possíveis variáveis controladoras desta resposta ou, como afirma Dias, descrever
elementos constituintes de tais respostas verbais.
Além da forma como as referências são apresentadas, o tipo de trabalho
referenciado (empírico ou teórico) pode ser uma condição esclarecedora a ser descrita
ao se analisar as respostas verbais dos autores. Andery, Micheletto e Sério (2004)
analisaram, através do tempo, todas as publicações de Skinner (entre 1930 e 2004).
Essas publicações listadas foram divididas em livros e artigos. Os artigos foram
classificados em empíricos, teóricos ou outros. A partir desta classificação, é possível
analisar se os trabalhos referenciados caracterizam-se especialmente como teóricos ou
empíricos.
Andery e Sério (2002) também realizaram uma análise histórica focando o
trabalho de Skinner entre 1931 e 1957. Estas autoras, ao analisarem o trabalho de
Skinner neste período, apontaram para transformações na obra deste autor e
identificaram quatro programas de pesquisa propostos por Skinner que refletem as
transformações apontadas. Cada programa de pesquisa identificado apresenta sete
aspectos constituintes. Eles são:
1) Especificidade da ciência do comportamento – este aspecto refere-se às
características específicas da ciência do comportamento. São as características
que conferem à análise do comportamento a especificidade como uma ciência
diferente de outras delimitando seu objeto de estudo.
15
2) Interfaces com outras ciências – este aspecto discute “quais seriam as ciências
com as quais a ciência do comportamento manteria relações” e que relações
seriam essas (Andery e Sério, 2002, p. 259).
3) Unidade de análise – refere-se à unidade de análise da ciência do
comportamento proposta por Skinner.
4) Medida – este aspecto revela qual dimensão do objeto de estudo é tomada como
medida para a ciência do comportamento.
5) Fontes de variação – discute quais as fontes de variação consideradas por
Skinner, “com base na suposição de que o objeto de estudo de uma ciência
precisa variar para que possa ser tomado como objeto de investigação” (Andery
e Sério, 2002, p. 259).
6) Contexto para estudo – são as condições adequadas para se desenvolver um
estudo do comportamento. Neste aspecto, as autoras dão especial atenção para
delineamentos experimentais.
7) Objetivos da ciência do comportamento – este aspecto revela objetivos do
empreendimento científico para Skinner.
O 1º programa de pesquisa identificado foi denominado por Andery e Sério
(2002) de: A proposição de uma ciência do comportamento. Este programa foi
identificado no trabalho de 1931 de Skinner – The Concept of Reflex in the Description
of Behavior.
O 2º programa de pesquisa identificado foi chamado de: A proposição da
necessidade de uma teoria do comportamento. Este programa foi identificado a partir de
dois trabalhos de Skinner: 1) Current Trends in Experimental Psychology (1947) e 2)
The flight from the laboratory (1961).
16
O 3º programa de pesquisa proposto por Skinner também foi identificado a partir
de dois trabalhos: 1) Are theories of learning necessary?(1950), e 2) The experimental
analysis of behavior (1957). Este 3º programa foi denominado de Revisitando a questão
da teoria.
O 4º e último programa identificado foi: Revisitando seu próprio programa de
pesquisa. Este programa foi identificado através do livro Verbal Behavior (1957) e do
artigo Reinforcement Today (1958).
Essa classificação, exposta acima, permite localizar momentos históricos
diferentes na obra de Skinner e características do desenvolvimento da ciência do
comportamento. A partir desta classificação uma análise possível é se os autores que
emitem respostas verbais de relacionar behaviorismo radical e determinismo apresentam
características da ciência do comportamento identificadas nestes programas de pesquisa
e, a partir disto, analisar se suas respostas podem estar delimitadas a programas
elaborados em momentos específicos.
O presente trabalho pretende, através de uma análise histórica de textos
publicados em periódicos, caracterizar as respostas verbais identificadas, de diferentes
autores, de relacionar behaviorismo radical e determinismo e algumas possíveis
condições sob as quais este comportamento ocorre.
Para tanto, este trabalho analisará as publicações sobre o tema através das
seguintes variáveis: 1) dos anos, permitindo esclarecer a freqüência do comportamento
verbal dos autores; 2) das fontes, permitindo esclarecer o tipo de comunidade que tem
acesso a essa discussão e sua abrangência; 3) da classificação dos artigos analisados em
um dos quatro programas de pesquisa skinnerianos identificados por Andery e Sério
(2002), possibilitando, desta forma, um levantamento das características atribuídas ao
behaviorismo radical pelos autores, que, por sua vez, ajudaria na compreensão das
17
variáveis controladoras das respostas verbais de relacionar determinismo e
behaviorismo radical e 4) da identificação dos artigos de Skinner referenciados bem
como da forma como estas referências são apresentadas e do tipo de artigo – teórico ou
empírico – referenciado, a partir da classificação proposta por Andery, Micheletto e
Sério (2004), buscando identificar possíveis controles que estes artigos podem ter sobre
respostas verbais de relacionar determinismo e behaviorismo radical.
MÉTODO
18
● Seleção das Fontes
A. Artigos em língua estrangeira
Através do portal on-line – www.periodicos.capes.gov.br, foram consultadas
duas bases de dados. 3
A primeira base de dados é da psicologia – PsycINFO. Este banco de dados
possui mais de 1300 periódicos indexados, além de livros, dissertações, capítulos de
livros e relatórios de pesquisa também indexados.
A segunda base de dados é da filosofia – Philosopher’s Index. Este banco de
dados contém referências e resumos de livros e periódicos de filosofia e áreas correlatas.
Esta base de dados cobre áreas como ética, estética, filosofia social e política,
epistemologia, metafísica entre outras.
Ambos os bancos de dados procuram as palavras de busca, utilizadas pelo
pesquisador, nos títulos, resumos, palavras-chaves, nomes de autores e referências dos
trabalhos indexados em seus arquivos. As palavras-chaves utilizadas na busca aparecem
em negrito nestas partes dos registros. Estes bancos de dados foram escolhidos devido à
relação evidente entre a psicologia e a filosofia nesta pesquisa.
Ao constatar que o procedimento acima não incluiu a produção nacional de
textos sobre o tema deste trabalho, apenas quatro (4) artigos nacionais foram
localizados, foi utilizado outro procedimento que permitisse a inclusão de textos
nacionais.
B. Artigos nacionais
3 A parte do procedimento de coleta de dados referente ao portal Capes foi a mesma utilizada por Dias
(2003).
19
Optou-se por escolher periódicos brasileiros utilizados por César (2002). A
autora utilizou como critério para selecionar os periódicos a representatividade dos
periódicos para a Análise do Comportamento no Brasil. A partir deste critério, sete (7)
periódicos foram selecionados: 1) Psicologia: Teoria e Pesquisa; 2) Psicologia; 3)
Temas em Psicologia; 4) Psicologia USP; 5) Ciência e Cultura; 6) Cadernos de Análise
de Comportamento e 7) Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva.
Além destes periódicos foi incluído o livro Sobre Comportamento e Cognição,
por ser de domínio público que nesta fonte, juntamente com a Revista Brasileira de
Terapia Comportamental e Cognitiva, há uma grande concentração de publicações de
analistas do comportamento brasileiros.
Todos os periódicos foram consultados a partir do seu ano inicial de publicação,
com exceção do periódico Ciência e Cultura. Este periódico foi consultado a partir do
ano de 1961, mesma data utilizada por César (2002). Segundo a autora, 1961, data em
que Keller veio pela primeira vez ao Brasil, é o marco de origem da abordagem da
análise do comportamento no país, apontado por vários textos que analisam sua história
no Brasil. Os últimos volumes e números consultados foram os últimos disponíveis
quando da realização desta coleta (dezembro de 2004) para os periódicos ainda em
circulação, ou o último número publicado para periódicos que já saíram de circulação.
Abaixo os períodos de publicação das fontes utilizadas.
1) Psicologia: Teoria e Pesquisa – Data inicial: Vol. 1 (1985). Data final: Vol. 20
(2004), n. 2
2) Psicologia* – Data inicial: Vol. 1 (1975). Data final: Vol. 13 (1987), n. 3
3) Temas em Psicologia4 – Data inicial: Vol. 1 (1983). Data final: Vol. 10 (2002), n. 3
4) Psicologia USP – Data inicial: Vol. 1 (1990). Data final: Vol. 14 (2003), n. 2
* Periódicos que saíram de circulação.
20
5) Ciência e Cultura – Data inicial: 1961. Data final: Vol 56 (2004), n. 4
6) Cadernos de Análise de Comportamento* – Data inicial: Vol. 1 (1981). Data final:
Vol. 6 (1986)
7) Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva - Data inicial: Vol. 1
(1999). Data final: Vol. 6 (2004), n. 2
8) Sobre Comportamento e Cognição - Data inicial: Vol. 1 (1997). Data final: Vol. 14
(2004)
● Seleção das Palavras de Busca
A partir dos resumos, títulos e palavras-chaves dos textos utilizados na
Introdução deste trabalho, foram selecionadas palavras relacionadas com o respectivo
tema, totalizando uma lista com 24 palavras de busca. Destas 24 palavras listadas, seis
foram consideradas palavras de busca básicas. Foram realizados, então, cruzamentos e
combinações entre as palavras da lista (as combinações utilizadas são apresentadas no
anexo I). As seis palavras chaves básicas estão presentes em todas as combinações e não
combinam entre si. Foi obtido um total de 132 combinações. Abaixo, seguem as 24
palavras chaves5 (em negrito as palavras chaves básicas).
4 Este periódico não saiu de circulação, mas passa por reformulações sem publicações posteriores a 2002. 5 As palavras chaves são na língua inglesa, pois as bases de dados só aceitam palavras em inglês.
1. Behaviorism
2. Radical Behaviorism
3. Behavior Analysis
4. B. F. Skinner
5. Skinner
6. Operant Reinforcement Theory
7. Cause
8. Causation
9. Causality
10. Determinism
21
11. Determination
12. Environmental-determination
13. Probabilistic Determinism
14. Self-determination
15. Functional Relation 22. Random Variation
16. Mechanicism
17. Mechanism
18. Mechanistic
19. Necessitarian Causality
20. Probabilistic Causality
21. Probability
23. Selectionism
24. Selection by Consequences
● Seleção de Artigos
A. Artigos em língua estrangeira
Fase 1: As duas bases de dados foram consultadas usando as combinações de
palavras chaves já mencionadas. Na base de dados PsycInfo, foram obtidos 1089
registros. Após o término de todas as consultas, foi utilizado um recurso da base de
dados que exclui os registros repetidos de todas as consultas realizadas. Obteve-se,
assim, um total de 591 registros não repetidos.
Na base de dados Philosopher’s index, foram obtidos 283 registros. Após o
término de todas as consultas, foi utilizado o mesmo recurso que exclui os registros
repetidos. O número total de registros diminui para 136.
Como o portal não possui nenhum recurso que identifique registros repetidos em
pesquisas realizadas em diferentes bases de dados, todos os registros das duas bases de
dados, total de 727 registros, foram lidos. Dos 727 registros, apenas 16 foram repetidos,
obtendo, desta maneira, um total de 711 registros diferentes nas duas bases de dados.
Fase 2: A segunda fase consistiu na seleção dos trabalhos que discutem a
relação entre determinismo e Behaviorismo Radical. Foram lidos os títulos e resumos de
todos os 711 diferentes registros e excluídos aqueles nos quais não foram identificadas
respostas verbais de relacionar determinismo e behaviorismo radical. Nos Quadros 1 e 2
abaixo, dois exemplos de artigos que foram selecionados pelo mecanismo de busca e
22
rejeitados por não se identificar respostas verbais de relacionar behaviorismo radical e
determinismo.
Quadro 1: Texto selecionado pelo mecanismo de busca e rejeitado por não apresentar
respostas verbais de relacionar determinismo e behaviorismo radical.
TÍTULO: Humanistic contributions to the field of psychotherapy: Appreciating the
human and liberating the therapist.
AUTOR: Barton,-Anthony
FONTE: Humanistic-Psychologist. 2000 Spr-Fal; Vol 28(1-3): 231-250
RESUMO: Discusses philosophical and psychological sources of humanism and
humanistic psychology. It considers the work of C. Rogers, V. Frankl, F. Perls, V. Satir,
and M. Erickson. These theorists give 3 major contributions to the field of
psychotherapy. The first is that they, as humanistic psychotherapists, perennially
celebrate, assert, and evoke the full gifted presence of human beings in opposition to
reductive biologism, materialism, mechanism, cognitive behaviorism, psychoanalysis,
or any other reducing prismatic vision. They all proclaim an attitude of reverent
celebration and appreciation as the foundational place and space from which therapy
practice ought to come. They assert this appreciative presence as creating a field of
interaction within which human possibilities can optimally flourish.
PALAVRAS-CHAVE: Humanistic-Psychology; Psychotherapy
23
Quadro 2: Texto selecionado pelo mecanismo de busca e rejeitado por não apresentar
respostas verbais de relacionar determinismo e behaviorismo radical.
TÌTULO: Self-determination and student involvement in functional assessment:
Innovative practices.
AUTORES: Wehmeyer,-Michael-L; Baker,-Daniel-J; Blumberg,-Richard; Harrison,-
Richard.
FONTE: Journal-of-Positive-Behavior-Interventions. 2004, Vol 6: 29-35.
RESUMO: The fundamental feature that distinguishes positive behavior support (PBS)
from previous generations of applied behavior analysis is its focus on the remediation
of deficient contexts that are determined to be the source of the problem. Determining
this source involves conducting a functional assessment. This innovative practices
article presents the argument that if professionals are to successfully address issues
pertaining to the context of problem behaviors, they must incorporate the perspectives
and knowledge of people receiving behavioral supports into the functional assessment
process. The authors report the results of a pilot examination of a person-guided
functional assessment and present ideas for enhancing consumer involvement in the
functional assessment process.
PALAVRAS-CHAVE: deficient behavior context; source remediation; functional
assessment process; positive behavior support; problem behaviors; support recipients;
person guided assessment; special education students
À medida que os títulos e resumos dos 711 registros foram sendo lidos,
identificou-se que alguns artigos nos quais foram identificadas respostas verbais de
relacionar determinismo e behaviorismo radical apresentavam texto(s) ‘em resposta’ no
qual não tinha sido identificada tal resposta verbal. O contrário também ocorreu: foram
identificadas respostas verbais de relacionar determinismo e behaviorismo radical em
24
textos ‘em respostas’ a outros textos nos quais não tinham sido identificadas respostas
verbais de relacionar behaviorismo radical e determinismo. Optou-se por incluir tais
textos. Nos quadros 3 e 4 exemplo de texto no qual não foi identificada resposta verbal
de relacionar determinismo e behaviorismo radical e texto ‘em resposta’ cuja resposta
verbal de relacionar determinismo e behaviorismo radical foi identificada,
respectivamente.
Quadro 3: Texto cuja relação entre determinismo e behaviorismo radical não foi
identificada, mas que teve texto ‘em resposta’ cuja esta relação foi identificada.
TÍTULO: Can Skinner tell a lie: Notes on the epistemological nihilism of B. F.
Skinner.
AUTOR: Hinman, Lawrence M.
FONTE: Southern Journal of Philosophy. 1979. Vol 17: 47-60.
Palavras-chaves: Determinism; Epistemology; Nihilism.
RESUMO: Não há resumo
Quadro 4: Texto ‘em resposta’ no qual foi identificada a relação entre determinismo e
behaviorismo radical.
TÍTULO: Determinism and behaviorist epistemology: A conditioned response to a
Hinman stimulus.
AUTOR: Waller, Bruce N.
FONTE: Southern Journal of Philosophy. 1982. Vol 20: 513-532.
RESUMO: Lawrence Hinman (in "Can Skinner Tell a Lie" "southern journal of
philosophy", xvii, 1979, pages 47-60) argues that skinner's deterministic views are
inconsistent with knowledge claims, and that on skinner's behaviorist principles no
truth/falsehood distinction can be drawn. Hinman's several arguments for this claim are
critiqued, and skinner's epistemology is elaborated. It is concluded that although
Skinner rejects the notion of autonomous individuals who recognize indubitable truths,
Skinner's radical behaviorism can accommodate a workable account of truth.
PALAVRAS-CHAVE: determinism; epistemology; nihilism
25
Após o término da leitura dos títulos e resumos dos 711 registros, levando em
consideração os critérios acima mencionados, foram selecionados 87 trabalhos. Destes
87 trabalhos selecionados, 2 eram dissertações, que foram eliminadas. Também foram
eliminados 10 registros que se referiam a livros ou capítulos de livros. Desta maneira, o
número de trabalhos selecionados caiu para 75.
A etapa seguinte deste trabalho consistiu na aquisição de todos estes 75 artigos.
Estes textos foram procurados, primeiramente, nas bibliotecas da PUC-SP e USP.
Textos que não foram localizados nestas bibliotecas passaram por outro método de
localização. Foi utilizado o site www.ibict.br Este site fornece informação sobre
periódicos existentes em qualquer biblioteca do país. Desta maneira, textos localizados
neste site foram adquiridos através do sistema de COMUT nacional, sistema de envio de
material entre bibliotecas do mesmo país. Por fim, textos que não foram localizados no
Brasil foram procurados no site: www.periodicos.capes.gov.br que além de permitir
acesso à diferentes bases de dados, possui 8597 periódicos com textos completos. Nove
textos foram excluídos por não terem sido localizados através destes três recursos.
Sendo assim, o número total de textos selecionados caiu de 75 para 66. Todos os 66
artigos foram lidos integralmente.
Após a leitura integral, cinco artigos foram excluídos por não fazerem relação
entre determinismo e behaviorismo radical. Assim sendo, o número total de textos
analisados caiu para 61.
B. Artigos nacionais
O critério de seleção foi similar ao utilizado para os bancos de dados. Todos os
títulos, resumos (quando disponíveis) e palavras chaves de todos os artigos destes
periódicos foram lidos com o intuito de identificar alguma das 132 combinações de
palavras de busca utilizadas anteriormente. Para o periódico Ciência e Cultura foram
26
utilizados os dados coletados por César (2002) para a seleção de artigos, visto que: 1)
César (2002) coletou todos os artigos sobre análise do comportamento que foram
publicados entre os anos de 1961 e 2002, e 2) a dificuldade operacional de realizar tal
consulta manualmente, devido ao grande número de publicações. As edições publicadas
depois do período coletado por César (2002), entre 2002 e 2004, foram consultadas
manualmente.
Assim como os demais periódicos, os 14 volumes do livro Sobre
Comportamento e Cognição também foram consultados. Como os seis primeiros
volumes deste livro não possuem resumo foi lido o primeiro parágrafo de cada texto no
lugar do resumo.
Após este procedimento de coleta de textos nacionais, foram encontrados 20
textos. Após a leitura integral dos textos, 1 texto foi descartado por não se identificar
respostas verbais de relacionar determinismo e behaviorismo radical, restando assim 19
textos. Destes 19 textos, três já haviam sido selecionados através do portal da Capes. O
total geral de textos aumentou para 77 (61 textos coletados pelo portal da Capes mais 16
novos textos coletados em periódicos brasileiros)
Por fim, foram lidas todas as referências de todos os 77 artigos coletados.
Referências que contivessem no título alguma das combinações das palavras de busca já
mencionadas, e que não estivessem entre os 77 artigos previamente selecionados, foram
incluídos. Um total de quatro novas referências foi encontrado. Destas quatro
referências, três eram de livros e apenas uma de artigo. Sendo assim, um novo artigo foi
encontrado. Após sua leitura integral, o artigo foi descartado por não se identificar
respostas verbais de relacionar determinismo e behaviorismo radical. Desta forma, o
total geral de artigos (lista completa dos artigos e sua identificação no banco de dados
pode ser vista no anexo II) selecionados permaneceu em 77.
27
● Registro das Informações
Um banco de dados foi criado, utilizando o programa Access6, para registrar as
informações coletadas.
● Dados de identificação
Os textos selecionados foram identificados por título, autoria, ano de publicação,
periódico, volume, página inicial e final.
● Definições de determinismo
O passo seguinte foi transcrever para o banco de dados os trechos em que foram
localizadas respostas verbais dos autores de definirem determinismo (caso ocorra). As
definições transcritas para os bancos de dados foram definições que os autores utilizam
em seus textos. Tais definições não precisam ser originais nem formuladas pelos
autores, podem ser definições existentes de outros autores. 43 textos apresentaram
definição de determinismo e todas as definições encontradas foram transcritas para o
banco de dados. Após a transcrição, as definições foram agrupadas, de acordo com suas
características, em cinco grupos diferentes. Algumas definições apresentam
características de mais de um grupo, por isso foram classificadas mais de uma vez. No
anexo IV seguem todas as definições e suas respectivas classificações.
Os cinco grupos de definições foram: 1) Relação funcional; 2) Seleção por
conseqüências; 3) Mecanicismo; 4) Determinismo metodológico e 5) ‘Outros’. As
definições e exemplos de cada um destes grupos encontram-se na parte de Resultados
deste trabalho.
6 Ver banco de dados em CD room, anexo III.
28
● Relação entre behaviorismo radical e determinismo
Após o agrupamento das definições de determinismo, foram transcritos para o
banco de dados os trechos dos artigos em que foram localizadas respostas verbais de
relacionar determinismo e behaviorismo radical e/ou trechos em que foram localizadas
respostas verbais dos autores sobre respostas verbais de Skinner de relacionar
determinismo e behaviorismo radical. Ao transcrever tais relações, elas foram agrupadas
em sete tipos diferentes. Seguem abaixo os sete tipos de relações estabelecidos. Suas
definições e exemplos encontram-se na seção de Resultados deste trabalho.
1. Negação do determinismo;
2. Afirmação do determinismo;
3. Proximidade de modelos causais mecânicos;
4. Afastamento de modelos causais mecânicos;
5. Afastamento de modelos causais teleológicos ou finalistas;
6. Causas externas x causas internas
7. Proximidade de modelos causais que salientam diferentes níveis de
determinação.
● Trabalhos de Skinner referenciados
Todos os trabalhos de Skinner referenciados foram listados. Quando os trabalhos
referenciados foram: 1) Contingencies of Reinforcement; 2) Cumulative Record; 3)
Upon Further Reflection; 4) Reflections on Behaviorism and Society; 5) Canonical
Papers e 6) Recent Issues, o pesquisador identificou as páginas que eram referenciadas.
Depois de localizadas as páginas, o pesquisador identificou qual edição dos livros os
autores utilizaram nas suas referências. De posse das edições referenciadas, o autor
localizou através das páginas qual(is) artigo(s) tinha(m) sido realmente referenciado(s),
29
substituindo a referência ao livro pela(s) referência(s) ao(s) artigo(s). No entanto, este
procedimento não foi possível para referências sem indicação da página, tipo III, (ver
tópico abaixo). Portanto, quando as referências a algum destes livros era do tipo III o
título do livro foi mantido como referência. Os títulos dos livros também foram
mantidos como referências quando as páginas indicadas se referiam ao prefácio.
● Tipos de referências
Todos os trabalhos de Skinner referenciados foram classificados quanto ao tipo
de referências feitas a eles. Os três tipos de referências7 são:
a) Referência do tipo I: transcrição de trecho de alguma obra de Skinner seguida da
indicação da obra (ano de publicação, título da obra ou ambos) e da(s) página(s)
de onde foi retirada;
b) Referência do tipo II: indicação do ano de publicação ou título da obra de
Skinner (ou ambos) seguido de indicação da(s) página(s);
c) Referência do tipo III: apenas indicação do ano de publicação ou título da obra
de Skinner (ou ambos), com ou sem indicação de capítulo (ver banco de dados
em anexo para visualizar as obras e os tipos de referências feitas).
● Categorização dos artigos de Skinner apresentados nas referências
Os artigos de Skinner (excluindo-se livros, entrevistas, etc) referenciados foram
classificados como teóricos, empíricos e outros de acordo com análise realizada por
Andery, Micheletto e Sério (2004). Eles foram classificados em três grupos:
7 Os tipos de referências são as mesmas utilizadas por Dias (2003).
30
1) Teóricos - artigos históricos, interpretativos, conceituais e artigos que propõem
algum tipo de intervenção;
2) Empíricos - relatos de pesquisas, sejam elas empíricas ou não, ou artigos que
descrevem equipamentos de pesquisa ou que discutem resultados de outras
pesquisas;
3) Outros - artigos não acadêmicos, cartas a editores, resumos e resenhas (ver
banco de dados em anexo para visualizar os artigos e os grupos nos quais foram
classificados).
● Programas de pesquisa
Seguindo, os textos foram classificados em um dos quatro programas de
pesquisa skinnerianos identificados por Andery e Sério (2002). Esta classificação foi
feita a partir da correspondência entre as características encontradas nos textos
analisados ao se referir ao behaviorismo radical e às características de cada programa de
pesquisa. Quando não era possível encontrar características suficientes para classificar o
texto em um dos programas de pesquisa ou quando as características encontradas
pertenciam a mais de um programa, impossibilitando a diferenciação entre eles, os
textos foram classificados como ‘programa de pesquisa não identificado’. Os quatro
programas de pesquisa identificados por Andery e Sério (2002) contêm sete aspectos
constituintes. Nos quadros de 5 a 8, seguem os programas de pesquisa. Na primeira
linha encontram-se os aspectos constituintes dos programas. Na segunda linha estão as
características relativas a cada aspecto constituinte dos programas de pesquisa.
31
Programa 1. Proposição de uma Ciência do Comportamento
Quadro 5: Primeiro programa de pesquisa: A proposição de uma ciência do
comportamento.
Especificidade
da ciência do
comportamento
Interface
com
outras
ciências
Unidade
de
análise
Medida Fontes de
variação
Contexto
para estudo
Objetivos da
ciência do
comportamento
•Comportamento •Fisiologia •Reflexo •Força
do
reflexo
medida
pela
taxa de
resposta
•Operações
experimentais
•Setting
experimental
•Descrição
Fonte: adaptado de Andery e Sério, 2002.
Programa 2. A proposição da necessidade de uma teoria do comportamento.
Quadro 6: Segundo programa de pesquisa: A proposição da necessidade de uma
teoria do comportamento.
Especificidade
da ciência do
comportamento
Interface
com
outras
ciências
Unidade de
análise
Medida Fontes de
variação
Contexto
para estudo
Objetivos da
ciência do
comportamento
•Comportamento
humano
•Fisiologia
•Ciências
sociais e
humanas
•Reconhece
dificuldades
•Probabilidade
de respostas
medida pela
freqüência de
respostas
•Genética
•História
pessoal
•Ambiente
presente
•Setting
experimental
•Delineamento
do sujeito
único
•Teorias para
compreender e
resolver
problemas
humanos =
predição e
controle
Fonte: adaptado de Andery e Sério, 2002.
32
Programa 3. Revisitando a questão da teoria
Quadro 7: Terceiro programa de pesquisa: Revisitando a questão da teoria.
Especificidade
da ciência do
comportamento
Interface
com
outras
ciências
Unidade
de
análise
Medida Fontes de
variação
Contexto
para estudo
Objetivos da
ciência do
comportamen
to
•Comportamento
humano
•Fisiologia
•Ciências
sociais e
humanas
•Classe
de
respostas
•Probabilidade
de respostas
medida pela
freqüência de
respostas
•Genética
•História pessoal
•Conseqüências
•Antecedentes
•Condições
momentâneas
•Setting
experimental
•Delineamento
do sujeito
único
•Medida
contínua
•Teorias para
compreender e
resolver
problemas
humanos =
predição e
controle
Fonte: adaptado de Andery e Sério, 2002.
Programa 4. Revisitando seu próprio programa de pesquisa
Quadro 8: Quarto programa de pesquisa: Revisitando seu próprio programa de
pesquisa
Especificida
de da
ciência do
comportam
ento
Interface
com outras
ciências
Unidade
de análise
Medida Fontes de
variação
Contexto
para estudo
Objetivos da
ciência do
comportament
o
•Comportam
ento humano
•Fisiologia
•Ciências
sociais e
humanas
•Ciências
da
linguagem
•Classe de
respostas
•Contingên
cias de
reforçamen
to
•Probabilidade
(força)
medida pela:
emissão da
resposta,
propriedades
da resposta
•Genética
•História pessoal
•Conseqüências
•Antecedentes
•Condições
momentâneas
•Setting
experimental
•Delineament
o do sujeito
único
•Medida
contínua
•Teorias para
compreender e
resolver
problemas
humanos =
predição e
controle
33
emitida (nível
de energia,
repetição,
velocidade) e
freqüência do
responder
Foco na
aquisição e
manutenção
do responder
•Descrição
•Explicação
Fonte: adaptado de Andery e Sério, 2002.
No quadro 9, exemplo de texto que foi classificado no programa de pesquisa 4
por possuir características pertencentes a este programa.
Quadro 9: Texto classificado no quarto programa de pesquisa de acordo com suas
características.
TÌTULO: Skinner May Be Difficult, But...
AUTOR: David W. Schaal
Especificidade
da ciência do
comportamento
Interface
com
outras
ciências
Unidade de
análise
Medida Fontes
de
variação
Contexto
para estudo
Objetivos da
ciência do
comportamento
Comportamento
Humano
Contingências
de
reforçamento
Classe de
respostas
(operante)
Reflexo
Probabilidade
de resposta
Genética Setting
Experimental
Controle
34
● Análise Histórica
Por fim, os artigos foram divididos em dois grupos: os que não realizam análises
históricas e os que realizam análises históricas. Este trabalho considerou como pesquisa
histórica qualquer trabalho que identificasse mudanças, em diferentes momentos da
obra de Skinner, em conceitos, opiniões, temas ou nas diferentes variáveis controladoras
do comportamento verbal de Skinner.
● Teste de Fidedignidade
Uma amostra do material coletado no portal Capes (110 textos) foi analisada por
dois observadores distintos com o intuito de identificar os artigos que estabelecem
relação entre behaviorismo radical e determinismo. Dentre os 110 textos, os
observadores concordaram em um total de 101 classificações. Dividindo o número total
de concordâncias pelo número total de textos obteve-se um índice de 92% de
concordância.
35
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Números de artigos através dos anos
Foram identificados 77 artigos em que os autores analisam as relações entre
determinismo e behaviorismo radical. A primeira publicação detectada sobre o tema
ocorreu em 1972 e a última em 2003 (ver anexo II para lista dos artigos).
A Figura 1 apresenta o número acumulado de artigos no período de 1972 a 2003.
Durante este período, houve um crescimento do número de artigos publicados sobre o
tema. Entre 1988 até 2001 houve um crescimento bastante acelerado das publicações
sobre o tema. Durante este período foram publicados 62 dos 77 artigos coletados.
Figura 1. Número acumulado de artigos com respostas verbais de relacionar determinismo e behaviorismo radical por ano
0
6
12
18
24
30
36
42
48
54
60
66
72
78
1972
1973
1974
1975
1976
1977
1978
1979
1980
1981
1982
1983
1984
1985
1986
1987
1988
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
Anos
Núm
ero
acum
ulad
o de
text
os
About BehaviorismSelection by Consequences
Recent IssuesUpon Further Reflection
Em 1971 foi publicado o livro Beyond Freedom and Dignity. O início das
publicações localizadas sobre o tema (1972) pode ter sido influenciada pelo livro.
Depois de 1974 pode-se observar um aumento de publicações nos anos seguintes sobre
36
o tema que estagnaram entre 1979 e 1982. A partir de 1982, houve uma aceleração na
curva, provavelmente influenciada pela publicação do artigo Selection by
Consequences, em 1981. A partir de 1988 até 2001 observa-se um grande aumento nas
publicações sobre o tema que pode estar relacionada com as publicações de Upon
Further Reflection em 1987 e Recent Issues em 1989. Vale relembrar que embora Upon
Further Reflection e Recent Issues não constem como uma das obras mais referenciadas
de Skinner (ver Quadro 41), sua catalogação na lista de obras referenciadas foi feita
através dos seus artigos separadamente. Apenas referências que não continham página
nem capítulo permaneceram com os títulos dos livros.
A Figura 2 representa o número de artigos com respostas verbais de relacionar
determinismo e behaviorismo radical por ano de publicação. A partir desta figura é
possível observar a quantidade de textos publicados em cada ano. O ano em que ocorreu
o maior número de publicações sobre o tema desta pesquisa foi 1993, com 12
publicações, seguido de 2001, com oito publicações. 1992, 1997 e 1998 tiveram seis
publicações cada um.
Figura 2. Número de artigos com resposta verbal de relacionar behaviorismo radical e determinismo por ano de publicação
0
2
4
6
8
10
12
1972
1973
1974
1975
1976
1977
1978
1979
1980
1981
1982
1983
1984
1985
1986
1987
1988
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
Anos
Núm
ero
de a
rtig
os
37
Fontes de Publicação
Ter conhecimento sobre as fontes de publicações de um determinado tema
(qualquer tema) pode revelar onde se concentram publicações sobre o mesmo,
facilitando pesquisas futuras, e pode revelar quais leitores têm acesso à literatura em
questão.
A Figura 3 indica o número de artigos com respostas verbais de relacionar
determinismo e behaviorismo radical por fonte de publicação. Como é possível
observar, há uma diversidade de fontes de publicação. The Behavior Analyst e Behavior
and Philosophy8 foram os periódicos que apresentaram maior número de publicações,
22 e 12 artigos, respectivamente. O livro Sobre Comportamento e Cognição apresentou
sete artigos, seguido dos periódicos: The Psychological Record, com seis artigos,
American Psychologist e Psicologia: Teoria e Pesquisa, com cinco artigos cada.
Importante notar que, apesar da diversidade de fontes - 22 diferentes fontes de
publicação - dois terços dos artigos coletados (57 artigos) foram publicados nas seis
fontes mencionadas acima. Ainda vale ressaltar que as três primeiras fontes (The
Behavior Analyst, Behavior and Philosophy e Sobre Comportamento e Cognição), nas
quais foram publicados 41 dos 77 artigos, são fontes que publicam principalmente
artigos de analistas do comportamento. Este dado parece indicar que a discussão do
presente trabalho se concentra para um público de analistas do comportamento.
Apesar de a maioria dos textos ter sido publicada em fontes específicas de
análise do comportamento, foram identificadas oito fontes específicas de psicologia que
publicaram sobre o tema. Este dado mostra que esta discussão também se apresenta para
um público de psicólogos em geral, não necessariamente analistas do comportamento.
Há ainda um número pequeno de fontes de outras áreas, o que permite supor que,
38
embora de maneira tímida, a discussão sobe determinismo e behaviorismo radical atinge
públicos de fora da psicologia, como filosofia e educação.
Figura 3. Número de artigos com respostas verbais de relacionar behaviorismo radical e determinismo por fontes de publicação
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22
Fontes
Núm
ero
de a
rtig
os
Legenda da Figura 3
8 Até 1989 este periódico se chamava Behaviorism. Todos artigos publicados no Behaviorism foram contabilizados como pertencentes ao Behavior and Philosophy.
39
Ao perceber altas taxas de publicações em alguns anos específicos e poucos
periódicos responsáveis por grande parte das publicações, resolveu-se verificar se estes
dados poderiam estar, de alguma forma, correlacionados.
Dos 12 artigos publicados em 1993 (ver Figura 2), 9 foram publicados no The
Behavior Analyst (TBA), 6 no n. 1 e três no n. 2.
O número 1 do TBA de 1993 contém vários artigos diferentes. Cinco dos seis
artigos publicados são reflexões sobre mecanicismo e contextualismo no behaviorismo
radical, baseadas no texto Behavior Analysis and Mechanism: One Is Not the Other, de
Edward K. Morris, artigo também publicado neste número. No n. 2 do TBA de 1993
aparece outro texto - Mechanism and Contextualism in Behavior Analysis: Just Some
Observations - de Edward K. Morris sobre mecanicismo e contextualismo, comentando
sobre as observações feitas pelos outros autores sobre seu texto inicial no número
anterior. Os outros dois textos deste número também focam o debate entre
contextualismo e mecanicismo no behaviorismo radical. Sendo assim, todos os nove
artigos publicados no TBA, no ano de 1993, discutiram o tema do contextualismo x
mecanicismo.
Dos seis artigos publicados em 1998 (ver Figura 2), cinco foram publicados no
TBA na mesma edição (n.1). Quatro dos seis artigos publicados neste número são
discussões sobre o artigo Why Skinner Is Difficult, escrito por Roy A. Moxley, também
publicado nesta edição. A discussão dos textos gira em torno da afirmação feita por
Moxley de que Skinner passou gradualmente de uma Psicologia S→R para a noção de
que o comportamento é selecionado pelas conseqüências e que isso demonstra que
Skinner abandonou o determinismo e favoreceu a variação randômica como base
fundacional para a sua ciência. O sexto texto também é de autoria de Roy A. Moxley,
no qual ele foca as considerações feitas pelos outros autores sobre seu primeiro artigo.
40
Autoria
Saber que autores publicam sobre um tema pode ser informação valiosa. Ela
permite avaliar a quantidade de pesquisadores interessados em determinado tema, sendo
um indicador indireto da importância do tema em questão para a comunidade científica
a que o autor pertence. Também permite saber quais autores são pesquisadores ‘ativos’
da área, publicando com certa regularidade, e quais pesquisadores publicaram apenas
um artigo. Além disso, certos tipos de respostas verbais sobre um tema podem ser
emitidos por um grupo específico de autores, permitindo uma identificação de possíveis
características da comunidade verbal. Por exemplo, Roy A. Moxley é autor da maioria
dos textos que ao mesmo tempo apresentam respostas verbais de negar o determinismo
e afastar o behaviorismo radical de noções causais mecanicistas (Moxley, 1996a, 1996b,
1997, 1998a, 1998b, 19999). W. Teed Rockwell também compartilha da opinião de Roy
A. Moxley (Rockwell, 19949). Essa informação revela que apenas estes dois autores
emitem respostas verbais nas quais as duas relações acima são identificadas. Além
disso, dos 20 artigos que apresentam definições de determinismo como mecanicismo
(ver tópico - definições de determinismo), 6 foram encontradas em artigos de Roy A.
Moxley. Este autor também é o que mais realiza análises históricas sobre o tema.
Nos 77 artigos deste trabalho, 70 diferentes autores foram identificados,
revelando uma grande diversidade de autores. Os autores que mais publicaram, dentre
os textos analisados, foram: Roy. A Moxley, com 10 artigos; Edward K. Morris, com
quatro artigos e Maria Amália P. A. Andery, com três artigos. Os demais autores
tiveram duas ou menos publicações. Abaixo, no Quadro 10, é apresentada uma relação
dos autores que tiveram duas ou mais publicações dentre os textos analisados (ver anexo
V para lista completa dos autores com apenas uma publicação).
41
Quadro 10: Autores que tiveram dois ou mais artigos com resposta verbal de relacionar
behaviorismo radical e determinismo localizados.
Autores Número de artigos
Roy A. Moxley 10
Edward K. Morris 4
Maria Amália P. A. Andery 3
Emilio Ribes-Iñesta 2
Jackson Marr 2
Jay Moore 2
Jon D. Ringen 2
Josele Abreu Rodrigues 2
Marcus Bentes de C. Neto 2
Maria Tereza de A. Silva 2
Mecca Chiesa 2
Nilza Micheletto 2
Tereza Maria A. P. Sério 2
Análise Histórica
Como já foi ressaltado na introdução, ao se analisar a posição de um autor sobre
determinado tema é importante distinguir possíveis transformações no seu pensamento.
Identificar diferentes momentos da obra de um autor é identificar, no tempo, mudanças
em diferentes características do seu pensamento, possibilitando, inclusive, identificar
diferentes variáveis controladoras do comportamento verbal do autor. Em outras
9 Referências completas dos textos e sua localização no banco de dados no anexo II.
42
palavras, através de análises históricas, é possível entender o desenvolvimento da
posição de um autor sobre determinado tema, bem como identificar as características
principais do seu pensamento (Micheletto 1997; Moxley 1998).
Dos 77 textos selecionados, 11 identificaram mudanças no trabalho de Skinner
ao realizarem suas análises, como pode ser observado na Figura 4. É possível ainda
observar que o número de análises históricas é bastante pequeno em relação ao número
total de textos que analisam o tema deste trabalho. Eles representam cerca de 14% do
total dos textos.
Este dado pode ser tomado como indicativo de que poucos autores explicitam
em suas análises possíveis mudanças nas várias características que constituem o
behaviorismo radical ao traçar relações com o determinismo. Em suma, poucos
trabalhos apresentaram respostas verbais de relacionar determinismo e behaviorismo
radical a partir da identificação de diferentes características e de suas possíveis
mudanças no desenvolvimento do behaviorismo radical.
Figura 4. Número de artigos que apresentam respostas verbais de relacionar determinismo e behaviorismo radical a partir de análises históricas e não históricas.
66
11
Análises não históricas
Análises históricas
43
Definições de determinismo
As diversas concepções de determinismo encontradas nos textos analisados
podem estar relacionadas às diferentes, e muitas vezes divergentes, relações
estabelecidas entre determinismo e behaviorismo radical.
Não foram identificadas respostas verbais de definir determinismo em todos os
artigos analisados. Dentre os 77 textos que apresentam respostas verbais de relacionar o
behaviorismo radical e determinismo, 43 apresentam definições de determinismo. Estas
definições foram classificadas em cinco grupos de acordo com suas características.
Foram identificadas, em alguns textos, respostas verbais de definir determinismo que
apresentavam características de mais de um grupo. Sendo assim, a soma do número de
respostas verbais de definir determinismo nos cinco grupos ultrapassa o número total de
textos (43) nos quais elas foram encontradas.
O primeiro grupo se refere a definições que relacionam determinismo com
relação funcional. Negação do modelo causal mecanicista baseado em forças que
‘causariam’ o comportamento através de uma ação temporal contígua, linear e
unidirecional. Afirmação da multideterminação do comportamento e ênfase na
descrição de relações funcionais recíprocas e biunívocas entre eventos constituem as
características principais deste grupo. Abaixo, exemplos nos Quadros 11 e 12.
44
Quadro 11: Exemplo de texto no qual a resposta verbal do autor de definir determinismo foi
classificada como relação funcional.
TÍTULO: Radical Behaviorism and Scientific Frameworks - From Mechanistic to Relational
Accounts
AUTORES: Mecca Chiesa
FONTE: American Psychologist. 1992. Vol: 41(11), 1287-1299
Resposta verbal da autora de definir determinismo: “Hoje a concepção científica de
causação refere-se a eventos que ocorre, ‘como função’ de outros eventos e não em termos de
‘A exerce uma força em B’.” (p. 1289)
Quadro 12: Exemplo de texto no qual a resposta verbal do autor de definir determinismo foi
classificada como relação funcional.
TÍTULO: Conceptions of Determinism in Radical Behaviorism: A taxonomy
AUTORES: Brent D. Slife; Stephen C. Yanchar; Barnt Williams.
FONTE: Behavior and Philosophy. 1999. Vol: 27, 75-96.
Resposta verbal dos autores de definir determinismo: “A quarta e última categoria de
determinismo refere-se à noção de interdependência funcional... Quando essa perspective é
aplicada a análise do comportamento, o trabalho do behaviorista radical não é descobrir
causação, mas descrever relações funcionais que ocorrem entre o organismo e seu ambiente...
o vocabulário tradicional da ciência de ‘causa e efeito’ é abandonado nesta perspectiva.” (p.
92)
O segundo grupo consiste de definições que relacionam determinismo com o
modelo de seleção por conseqüências. Este segundo grupo, assim como o primeiro,
também se opõe a um modelo de causalidade mecânica e enfatiza a multideterminação
45
do comportamento. Variação, seleção e inter-relação de diferentes níveis de
determinação (filogenético, ontogenético e cultural) do fenômeno comportamental são
características fundamentais destas definições. Exemplos nos Quadros 13 e 14.
Quadro 13: Exemplo de texto no qual a resposta verbal do autor de definir determinismo foi
classificada como seleção por conseqüências.
TÍTULO: Variação e Seleção: as novas possibilidades de compreensão do comportamento
humano
AUTORES: Nilza Micheletto.
FONTE: Sobre Comportamento e Cognição. 1997. Vol: 1, 116-129.
Resposta verbal da autora de definir determinismo: “A seleção por conseqüências como
um novo modelo que permite compreender a determinação do comportamento... envolve
ambientes selecionadores e um organismo que age. A determinação do ambiente não é
mecânica, e o organismo que age não é o iniciador... A seleção por conseqüências como um
modelo causal destaca o caráter processual e histórico do comportamento, um processo com
longas e diferentes extensões temporais, - da espécie, da vida do indivíduo e das práticas
culturais - que envolve uma análise histórica integrada dos três níveis em que a seleção opera
sobre o comportamento, tornando-o um objeto que se transforma como fruto de várias
determinações ambientais inter-relacionadas... Ação, variação e seleção e, conseqüentemente,
transformações são constitutivas dessa noção de determinação.” (p. 116, 120, 126, 127)
46
Quadro 14: Exemplo de texto no qual a resposta verbal do autor de definir determinismo foi
classificada como seleção por conseqüências.
TÍTULO: Adaptation, Teleology, and Selection by Consequences
AUTORES: Jon D. Ringen
FONTE: Journal of the Experimental Analysis of Behavior. 1993. Vol: 60 (1), 3-15.
Resposta verbal do autor de definir determinismo: “… um modelo causal distinto que ele
[Skinner] nomeou de seleção por conseqüências... Embora a geração de variação, o processo
de seleção, e a interação entre variação e seleção sejam todos atualmente entendidos, como
processos causais eficientes, é muito claro que os processos de seleção não são mecanicistas.
Sistemas mecanicistas são regidos unicamente por princípios que fazem de estados posteriores
uma função temporalmente próxima de estados antecedentes. Princípios da seleção entendem
estados atuais como função de conseqüências passadas específicas de estados ainda mais
anteriores.” (p. 3, 8)
O terceiro grupo de definições se refere a concepções mecânicas de
determinismo, ou seja, concepções que se baseiam na ação de forças invariáveis e
necessárias que atuariam unidirecional, linear e contiguamente no fenômeno em
questão. O reflexo é um exemplo, apresentado algumas vezes pelos autores, desta
relação invariável de necessidade, no qual uma força (estímulo eliciador) desencadearia
a ação (resposta reflexa). A despeito de outras condições, sem o estímulo eliciador não
há resposta. Negação de forças ocultas sobrenaturais que determinam o comportamento,
afirmação de uma realidade imutável independente do sujeito que se comporta e critério
de verdade do conhecimento como correspondência ao objeto constituem características
encontradas neste grupo de definições. Abaixo, nos Quadros 15 e 16, encontram-se dois
exemplos.
47
Quadro 15: Exemplo de texto no qual a resposta verbal do autor de definir determinismo foi
classificada como mecanicista.
TÍTULO: Contextualism: The World View of Behavior Analysis
AUTORES: Edward K. Morris
FONTE: Journal of the Experimental Child Psychology. 1988. Vol: 46, 289-323.
Resposta verbal de definir determinismo: “De acordo com a visão de mundo mecanicista…
na causação os elementos são entendidos como agindo um sobre o outro como fazem as forças
físicas. Os resultados são conexões tipo ‘corrente’ [chain-like connection] ou seqüências entre
estímulos e respostas. Causação flui do estímulo para a resposta de uma maneira que é
imediata, contígua e eficiente. O critério de verdade destes mecanismos causais é a
correspondência: dado que conhecimento no mecanicismo é conhecimento sobre a natureza de
uma ontologia realista, a verdade deste conhecimento é descoberta nas correspondências entre
propriedades da atividade da máquina ou em previsões entre o que é dito sobre máquinas (ex.
hipóteses) e como essas máquinas operam (ex. confirmações).” (p. 299)
Quadro 16: Exemplo de texto no qual a resposta verbal do autor de definir determinismo foi
classificada como mecanicista.
TÍTULO: Behavior Analysis and Mechanism: One is not the other
AUTORES: Edward K. Morris
FONTE: The Behavior Analyst. 1993. Vol: 16, 25-43.
Resposta verbal do autor de definir determinismo: “John Malone (1990) define
mecanicismo como...‘suposição de que explicações não devem se referir a agentes externos,
como demônios ou forças vitais' (p.53). Dito de outra maneira, explicações de fenômenos
naturais não podem se referir a agentes sobrenaturais, ou seja, agentes externos à natureza.
Como Malone (1990) observou, ‘isso é que é entendido como determinismo na ciência’
(p.45).” (p. 26)
48
O quarto grupo refere-se a definições de determinismo que negam ou rejeitam
qualquer tipo de afirmação sobre a realidade, isentando-se, desta forma, de fazer
qualquer afirmação sobre a realidade da natureza. Para este grupo de definições a
aplicação do método científico permite ‘descobrir’ regularidades no comportamento,
mas isso não significa afirmar que o comportamento não seja um fenômeno
indeterminado, pois este grupo de definições isenta-se de fazer afirmações sobre a
natureza do seu objeto de estudo. Este grupo foi chamado de ‘determinismo
metodológico’. Este termo não é original e é usado por outros autores. Baldwin (1988),
por exemplo, usa o termo determinismo metodológico, como pode ser visto no Quadro
18. A seguir dois exemplos deste grupo de definições nos Quadros 17 e 18.
Quadro 17: Exemplo de texto no qual a resposta verbal do autor de definir determinismo foi
classificada como determinismo metodológico.
TÍTULO: Conceptions of Determinism in Radical Behaviorism: A taxonomy
AUTORES: Brent D. Slife; Stephen C. Yanchar; Barnt Williams.
FONTE: Behavior and Philosophy. 1999. Vol: 27, 75-96.
Resposta verbal dos autores de definir determinismo: “Deterministas científicos
distinguem os resultados dos seus métodos de afirmações metafísicas sobre a realidade. Eles
acreditam que o mundo é melhor estudado através da aplicação cuidadosa do método
científico. Previsão exata pode ser resultado deste estudo sistemático, na medida em que
tendências históricas são usadas para antecipar respostas ainda não evocadas de um
organismo. Entretanto, essas pressuposições (ex. previsibilidade) são puramente
metodológicas para um determinista científico; elas são inerentes ao método científico e ao
seu uso, e não precisam ser estendidas para a realidade por si mesma.” (p. 85)
49
Quadro 18: Exemplo de texto no qual a resposta verbal do autor de definir determinismo foi
classificada como determinismo metodológico.
TÍTULO: Mead and Skinner: Agency and Determinism
AUTORES: John D. Baldwin
FONTE: Behaviorism. 1988. Vol: 16 (2), 109-127.
Resposta verbal do autor de definir determinismo: “... determinismo metodológico como
uma perspectiva que concentra seus esforços em descobrir regularidades na natureza... No
entanto, determinismo metodológico afirma apenas que vale a pena procurar por leis aqui, não
que elas existem com certeza aqui, e certamente não que elas necessariamente existem sempre
e em qualquer lugar (Kaplan, 1964, p. 124).” (p.112)
O quinto e último grupo foi classificado como ‘outros’, composto por definições
com características diversas. Referência a modelos causais teleológicos e afirmação do
comportamento como objeto de estudo próprio são exemplos de características das
definições deste grupo. Nos Quadros 19 e 20, seguem dois exemplos deste grupo.
Quadro 19: Exemplo de texto no qual a resposta verbal do autor de definir determinismo foi
classificada como ‘outros’.
TÍTULO: Behavioral Determinism: A Strategic Assumption?
AUTORES: Howard H. Kendler.
FONTE: American Psychologist. 1988. Vol: 43(10), 822-823.
Resposta verbal do autor de definir determinismo: “… Eu rotulo de determinismo
comportamental a consideração do ‘comportamento... como objeto de estudo no seu próprio
direito’ (Skinner, 1987, p. 780).” (p. 822)
50
Quadro 20: Exemplo de texto no qual a resposta verbal do autor de definir determinismo foi
classificada como ‘outros’.
TÍTULO: Comments About Morris's Paper
AUTORES: Hayne W. Reese
FONTE: The Behavior Analyst. 1993. Vol: 16(1), 67-74.
Resposta verbal do autor de definir determinismo: "Determinismo é uma suposição
ontológica quando se refere à natureza das relações de causa e efeito e é uma suposição
epistemológica quando se refere à explicação. Epistemologicamente é uma negação da
causalidade finalista e do acaso [final and chance causality], mas ela não requer uma negação
dos antecedentes não materiais assumidos no mecanicismo teleológico e em versões do
‘idealismo objetivo’..." (p. 68, 69)
A seguir é apresentado na Figura 5 o número de artigos em que foram
identificadas respostas verbais de definir determinismo por grupo classificatório.
Figura 5. Número de artigos que apresentam respostas verbais de definir determinismo por grupo classificatório.
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
Relação Funcional Seleção porConseqüências
Mecanicismo DeterminismoMetodológico
Outros
Grupos de definições
Núm
ero
de a
rtig
os
51
Respostas verbais de definir determinismo como ‘mecanicismo’ e como ‘seleção
por conseqüências’ foram as mais encontradas, 20 e 12 respostas verbais,
respectivamente. Respostas verbais de definir determinismo como ‘relação funcional’
foram encontradas nove vezes, seguidas de respostas verbais de definir determinismo
classificadas como ‘outros’, cinco respostas verbais. Apenas duas respostas verbais de
definir determinismo como ‘determinismo metodológico’ foram encontradas.
Respostas verbais de estabelecer relações entre determinismo e behaviorismo
radical
Foram identificados sete grupos de respostas verbais de estabelecer relações
entre behaviorismo radical e determinismo que serão definidos a seguir. Assim como
para as respostas verbais de definir determinismo, um único texto pode apresentar mais
de uma relação e ser contabilizado mais de uma vez. Portanto, a soma da quantidade de
respostas verbais que estabelecem relações entre behaviorismo radical e determinismo
ultrapassa o número total de artigos (77).
A Figura 6, que apresenta o número de artigos por tipo relação estabelecida entre
behaviorismo e determinismo, mostra que a relação de afastamento entre modelos
mecânicos de determinação e behaviorismo radical foi a mais identificada, em 34
artigos. Do outro lado, 11 artigos apresentaram respostas verbais de aproximar
behaviorismo radical de modelos mecânicos de determinação. Também é possível
observar que 14 artigos apresentam respostas verbais de afirmar o behaviorismo radical
como um sistema determinista (os artigos classificados neste grupo são apenas aqueles
que explicitamente usam o termo ‘determinismo’ e afirmam literalmente que o
behaviorismo radical é determinista, embora todas as relações identificadas neste
trabalho, exceto a relação de negação do determinismo, sejam relações deterministas),
52
enquanto 11 artigos negam tal relação. 13 artigos apresentaram respostas verbais de
identificar o behaviorismo radical com um modelo que considera diferentes níveis de
determinação. Por fim, 12 artigos apresentaram respostas verbais de afirmar que o
behaviorismo radical busca nas variáveis externas ao organismo as causas do
comportamento e seis apresentaram respostas verbais de afastar o behaviorismo radical
de modelos causais teleológicos.
Figura 6. Número de artigos por tipo de resposta verbal de relacionar determinismo e behaviorismo radical.
0
5
10
15
20
25
30
35
Negação dodeterminismo
Afirmação dodeterminismo
Afastamentodo
mecanicismo
Aproximaçãodo
mecanicismo
Afastamentoda teleologia
Causasexternas
Diferentesníveis de
determinaçãoRelações
Núm
ero
de a
rtig
os
A primeira relação estabelecida refere-se à negação do behaviorismo radical
como perspectiva determinista de compreensão do comportamento humano. Os autores
dos textos pertencentes a este grupo afirmam literalmente que o behaviorismo radical
não é uma filosofia determinista. O ponto central desta discussão gira em torno da
impossibilidade de uma predição total do comportamento e da sua natureza
53
probabilística de emissão devido à interação das inúmeras variáveis que participam da
determinação do comportamento. Ver exemplos nos Quadros 21 e 22 abaixo.
Quadro 21: Exemplo de texto que classificado no grupo que afasta o behaviorismo radical de
uma perspectiva determinista de compreensão do comportamento humano.
TÍTULO: Mead and Skinner: Agency and Determinism
AUTORES: John D. Baldwin
FONTE: Behaviorism. 1988. Vol: 16 (2), 109-127.
Resposta verbal de relacionar determinismo e behaviorismo radical: “Já que é difícil
prever exatamente quando um operante ocorrerá na presença dos seus Sd's, operantes não se
encaixam em modelos deterministas tão bem quanto eles se encaixam em modelos
probabilísticos que Mead propôs ... Nunca poderíamos obter conhecimento suficiente sobre a
genética das pessoas, história de condicionamento passada e estimulação atual para predizer
em detalhadamente a solução para novos problemas... Problemas novos confrontam as pessoas
com vários Sd's - muitos dos quais não exercem um forte controle de estímulos sobre
operantes específicos - misturados em padrões não familiares, tornando improvável que um
padrão ou uma resposta facilmente previsível surja... Claramente, modelos probabilísticos são
mais apropriados que modelos deterministas... Avanços na ciência do comportamento podem
sugerir a plausibilidade do determinismo para alguns, mas um sério reconhecimento da
natureza probabilística e imprevisível de vários tipos de comportamento tem o efeito oposto,
enfraquecer a suposição de que ‘o comportamento humano como um todo é totalmente
determinado'...” (p. 119, 120, 122)
54
Quadro 22: Exemplo de texto classificado no grupo que afasta o behaviorismo radical de uma
perspectiva determinista de compreensão do comportamento humano.
TÍTULO: Why Skinner is difficult
AUTORES: Roy A. Moxley
FONTE: The Behavior Analyst. 1998. Vol: 21(1), 73-91.
Resposta verbal do autor sobre resposta verbal de Skinner de relacionar determinismo e
behaviorismo radical: "A concepção Laplaciana [concepção mecanicista] representou a
concepção padrão de determinismo científico no início da carreira de Skinner. Se Skinner
quisesse que seu determinismo (ex. de 1947) fosse visto diferentemente do de Lapalce, ele
nunca se incomodou em distinguir seu determinismo de uma interpretação que vários leitores
suporiam na ausência de distinções qualitativas… Skinner (1931) mostrou uma aceitação
inicial do determinismo ao dizer que 'o reflexo é importante na descrição do comportamento
porque, por definição, é uma afirmação da necessidade desta relação' (entre comportamento
e seu estímulo) (Cumulative Record, 1972, p. 449). Skinner estava ecoando uma das
pressuposições da tradição determinista e (mecanicista) na fisiologia… inicialmente, Skinner
pareceu acreditar que a descoberta da necessidade poderia ser feita detalhadamente... Mais
tarde, Skinner (1938, pp. 11, 443) mostrou alguma dúvida sobre se as implicações do
detalhamento minucioso do determinismo poderiam algum dia serem observadas
empiricamente... em 1947, Skinner formulou afirmações relativamente definitivas sobre o que
ele queria dizer com o determinismo, dizendo que era essencial assumir 'que [comportamento]
não pode ser perturbado [disturbed] pela ação caprichosa de qualquer agente livre [free
agent] - em outras palavras, que é completamente determinado [determined]' (p.23)… Essa
posição está alinhada com o determinismo clássico de um detalhamento exato [exactly
detailing], fórmula Laplaciana para todos eventos no universo... Depois, Skinner continuou a
propor o determinismo por um período, mas com afirmações ponderadas. Controle não era
55
mais apresentado como uma ação/força [forcing] inexorável do operante discriminativo. Ao
invés, Skinner (1973) apresentou controle como uma mudança mais modesta na
probabilidade… além disso, Skinner apresentou o determinismo como uma questão de
plausibilidade e não como uma suposição essencialmente necessária... Das afirmações mais
seguras de 1947 e 1953, determinismo agora é qualificado com ‘não pode provar’, ‘mais
plausível’ e ‘possivelmente’... rachaduras começam a aparecer na aceitação do determinismo
por Skinner mesmo antes da publicação de 'Beyond Freedom and Dignity'. Essas rachaduras
revelam a maneira como Skinner ampliou seu uso do termo determinismo para um uso mais
amplo que se opõe ao uso mais comum. Além disso, Skinner dá um papel ao acaso que se
opõe a visão tradicional do determinismo que considera um universo caótico como uma
alternativa horrorosamente forçada a um universo determinado e ordenado... as rachaduras no
determinismo de Skinner continuaram a aparecer quando ele reconheceu que o acaso parecia
se opor a um sistema determinístico e deixou passar uma oportunidade de defender ou
reafirmar sua aceitação do determinismo... em seus anos finais, Skinner claramente apresentou
a variação randômica em lugar do determinismo como uma fonte para a origem do
comportamento em suas explicações… apelo ao determinismo é agora irrelevante para o tipo
de explicação que Skinner propõe... embora Skinner nunca tenha explicitamente rejeitado o
determinismo, ele o marginalizou a um ponto no qual ele [determinismo] era irrelevante para
o seu selecionismo." (Moxley, 1998, p. 84, 85, 86, 87, 88)
As respostas verbais que afastam o behaviorismo radical do determinismo em
muitos textos estão relacionadas a afirmações que destacam a ‘variação
randômica/acaso’ do fenômeno comportamental (8 dos 11 artigos). Tais afirmações
referem-se a uma desordem ou inconstância intrínseca do fenômeno sob estudo, o que
impede sua explicação e previsão. Assim como nas mutações, não se sabe a origem da
56
emissão da primeira resposta operante, sendo sua emissão tida como aleatória ou ao
acaso.
Os textos que abordam este tema, ao falar de determinismo discutem o papel do
acaso ou variação randômica como base fundacional para o comportamento operante
em oposição a uma determinação completa. Em outras palavras, processos randômicos
controlariam a emissão de respostas operantes e isso contradiria, para estes autores, o
determinismo.
Quadro 23 : Exemplo de texto que aborda o tema ‘variação randômica/acaso’ ao emitir
respostas verbais de afastar behaviorismo radical e determinismo.
TÍTULO: Skinner: From Determinism to Random Variation
AUTORES: Roy A. Moxley
FONTE: Behavior and Philosophy. 1997. Vol: 25(1), 3-28.
Resposta verbal de relacionar determinismo e behaviorismo radical: “As posições
instáveis de Skinner em relação ao determinismo mudaram para uma na qual o determinismo
era irrelevante... Será argumentado que Skinner poderia estar consciente, desde o começo das
suas publicações, de algumas questões conflituosas envolvidas no uso do determinismo e
variação randômica como uma fundação para o comportamento. Isso explicaria porque
Skinner mostrou um conflito inicial entre valores pragmatistas e deterministas e porque o seu
determinismo aumentou e diminuiu antes de ser substituído por sua preferência explícita pela
variação randômica como base fundacional para o comportamento operante.” (p. 3 e 4)
Além disso, 7 dos 11 artigos ao abordarem esta relação de afastamento do
determinismo destacaram o tema da ‘seleção por conseqüências/seleção natural’, ou
seja, referiram-se a um modelo causal com duas características básicas: variação e
57
seleção. Seleção por conseqüências é discutida como um análogo nos níveis
ontogenético e cultural do modelo de seleção natural de Darwin que explica a evolução
das espécies (nível filogenético).
Respostas verbais que afastam o behaviorismo radical do determinismo também
freqüentemente (7 dos 11 textos), referem-se ao caráter probabilístico da unidade de
medida da análise do comportamento (probabilidade de respostas) e das previsões
comportamentais, em oposição a afirmações de certeza absolutas ou previsões absolutas
(100%). Alguns destes textos discutem o caráter probabilístico da unidade de medida da
análise do comportamento (probabilidade de respostas) como uma oposição a qualquer
afirmação determinista sobre o comportamento. Em outras palavras, para os autores
destes textos, o fato de a análise do comportamento fazer afirmações e previsões apenas
de ordem probabilística sobre o comportamento invalidaria qualquer tipo de afirmação
de certeza absoluta (determinismo), visto que a certeza absoluta ou previsão total
(100%) não possui um caráter probabilístico.
Quadro 24: Exemplo de texto que aborda o tema da probabilidade quando do estabelecimento
de respostas verbais de afastar behaviorismo radical e determinismo.
TÍTULO: Operant Reinforcement Theory and Determinism
AUTORES: Robert H. Vorsteg
FONTE: Behaviorism. 1974. Vol: 2, 108-119.
Resposta verbal de relacionar determinismo e behaviorismo radical: “...
[condicionamento operante] um processo no qual um aspecto identificável do comportamento
por parte de um organismo em um dado conjunto de circunstâncias é reforçado, com o
resultado de que nestas mesmas circunstâncias há uma probabilidade aumentada de que uma
resposta similar ocorrerá... Fenômenos explicados em termos de leis probabilísticas não são
nem precisam ser deterministas.” (Vorsteg, 1974, p. 114, 118)
58
Com menor freqüência, a possibilidade de prever e controlar, cinco e quatro
artigos respectivamente, também está relacionada com respostas verbais de negar o
behaviorismo radical enquanto uma perspectiva determinista de compreensão do
comportamento humano.
Quadro 25: Exemplo de texto que aborda os temas ‘predição e controle’ ao emitir respostas
verbais de afastar behaviorismo radical e determinismo.
TÍTULO: Behaviorism: Methodological, Radical, Assertive, Skeptical, Ethological, Modest,
Humble, and Evolving
AUTORES: Allen Neuringer
FONTE: The Behavior Analyst. 1991 Vol. 14(1), 43-47.
Resposta verbal de relacionar determinismo e behaviorismo radical: O determinista
behaviorista espera prever e controlar todo comportamento, pelo menos em teoria. Do outro
lado, eu hipotetizo que vários comportamentos são imprevisíveis, mesmo com conhecimento
total de todas as variáveis controladoras. Apenas após sua emissão sentido pode ser dado para
estes comportamentos imprevisíveis. Explicações ‘post-hoc’ (em oposição à predição e
controle) podem ser a única coisa possível para alguns comportamentos às vezes... Instâncias
autônomas não podem ser previstas pelo emissor do comportamento ou por observadores
externos. Do outro lado, como implícito nos comentários de Nevin, a classe [set] pode ser
prevista. Deste modo, determinismo se aplica à classe [set] e indeterminismo à instância.
(Neuringer, 1991, p. 46)
A análise deste conjunto de artigos também revelou que, embora presente desde
a década de 70, a maioria dos artigos se concentra no período de 1994 a 1999 (ver
Figura 7, página 82). Além disso, dentre os 11 artigos deste tipo, 7 foram de autoria de
59
Roy A. Moxley enquanto que os restantes apresentavas diferentes autores. Todos os
artigos de Roy A. Moxley foram publicados entre 1996 e 2003. Desconsiderando os
textos do referido autor, restariam apenas quatro publicações neste grupo, sendo a mais
recente datada de 1994. Portanto, a afirmação de que o behaviorismo radical não é
determinista parece não ter ocorrido nos últimos anos na comunidade de analistas do
comportamento.
O segundo tipo de relação estabelecida refere-se à afirmação do behaviorismo
radical como uma perspectiva determinista de compreensão do comportamento
humano, em contraste direto com a relação descrita acima de negação desta perspectiva.
Vale relembrar o leitor que os artigos classificados neste grupo são aqueles que
explicitamente usam o termo ‘determinismo’ e afirmam literalmente que o
behaviorismo radical é determinista. Ainda vale relembrar que todos os tipos de
relações apresentadas a seguir, são relações deterministas.
Liberdade humana (livre arbítrio), falta de conhecimento sobre todas as variáveis
que participam da determinação do comportamento e suas interações e,
conseqüentemente, capacidade de predição e controle do comportamento constituem o
foco dos textos que afirmam que o behaviorismo radical é determinista. Estes temas não
necessariamente aparecem conjuntamente em todos os artigos, eles são tratados
diferentemente e muitas vezes um mesmo aspecto ou característica é usado para
defender tanto a negação do determinismo como sua afirmação. Por exemplo, a
probabilidade é invocada no Quadro 21 como uma característica que corrobora a
posição de que o behaviorismo radical não é uma filosofia determinista. Já no Quadro
26 abaixo, probabilidade e determinismo não são entendidos como conceitos opostos.
Aliás, de certa forma, estes dois conceitos são usados como complementares formando
o conceito de ‘determinismo probabilístico’. Neste sentido, a possibilidade de predição
60
total (100%) do fenômeno comportamental não é característica fundamental do
determinismo para o texto do Quadro 26, diferentemente do texto do Quadro 21.
Quadro 26: Exemplo de texto classificado no grupo que afirma o behaviorismo radical como
uma perspectiva determinista de compreensão do comportamento humano.
TÍTULO: Determinação do comportamento e intervenção social: a contribuição da análise
experimental do comportamento.
AUTORES: Silvio Paulo Botomé
FONTE: Cadernos de Análise do Comportamento. 1982. Vol: 2(3), 30-68.
Resposta verbal de relacionar determinismo e behaviorismo radical: “... não há um único
e simples determinante ("causa") para cada evento ("efeito") e sim vários possíveis
determinantes para um mesmo evento. É o que marca a passagem de um determinismo
absoluto ("há uma causa") para um determinismo apenas probabilístico (onde encontramos
vários possíveis e atuais "eventos ou condições" determinando o comportamento).
Probabilístico é o tipo de determinismo que a ciência - e dentro dela a Análise Experimental
do Comportamento - defende... O problema básico na controvérsia sobre determinismo parece
ser a suposição de que "determinismo" e "possibilidade de determinar" são a mesma coisa. O
conhecimento exato e a possibilidade de determinação total são tendências (como o conceito
de infinito) que a ciência não afirma como sendo sua característica ou capacidade. Os eventos
ou condições que interferem na determinação são inúmeros e há sempre a possibilidade de
haver fatores desconhecidos que também interferem. Além disso, cada evento ou condição
interage com os outros em número e intensidade variável, alterando a própria interferência de
cada um com o que é determinado. A probabilidade de predição de um "efeito" fica, assim,
relativa, de acordo com o número de fatores, interações entre eles, conhecimento que se tem,
etc.” (p. 34)
61
Outros textos discutem a probabilidade como um recurso utilizado em
momentos nos quais não se tem conhecimento de todas as variáveis que participam da
determinação do fenômeno nem de suas interações. Exemplo no Quadro 27, abaixo.
Quadro 27: Exemplo de texto que aborda o tema da probabilidade ao emitir respostas verbais de
aproximar o behaviorismo radical do determinismo.
TÍTULO: Uncertainty About Determinism: A Critical Review of Challenges to the
Determinism of Modern Science
AUTORES: Lawrence E. Fraley
FONTE: Behavior and Philosophy. 1994. Vol: 22(2), 71-83.
Resposta verbal do autor sobre resposta verbal de Skinner no tocante a relação entre
determinismo e behaviorismo radical: “Skinner e outros têm sustentado que complexidade
não nega o determinismo. Apenas complica a tarefa de mensuração... Isso é consistente com a
crença duradoura de Skinner de que o comportamento era uma reação natural de um
organismo ao seu ambiente controlador, e que a forma particular do comportamento exibido
sempre foi estritamente determinada... Skinner reconheceu a complexidade [de traçar todas as
variáveis que participam da determinação do comportamento] no controle antecedente de
comportamentos operantes exibidos, mas a evidência é clara que ele não abandonou a ciência
natural e determinista em face da complexidade, como outros fizeram. Skinner teve outra
abordagem. Ele apelou para a ciência da probabilidade, que é a ciência do manejo da
ignorância que faz predições não específicas para variáveis dependentes que são parcialmente
dependentes em antecedentes não mensuráveis e geralmente não detectados.” (Fraley, 1994,
p. 76, 80, 81)
62
Dentre os 14 artigos que formam este grupo (Figura 6), ‘liberdade’ foi o tema
mais freqüentemente abordado, presente em cinco artigos. Nestas análises o
determinismo atribuído ao behaviorismo radical é discutido em contraste direto com a
idéia de que o comportamento humano não seja determinado, posição na qual o
indivíduo teria uma ‘escolha livre’, independente das diversas variáveis que influenciam
o comportamento. É interessante notar que defender o comportamento livre é dizer que
quem decide, escolhe ou determina seu comportamento é o próprio indivíduo que se
comporta. Portanto, a questão da liberdade e do livre arbítrio é, na verdade, uma questão
de autodeterminação versus uma determinação ambiental ao indivíduo que se comporta.
Quadro 28: Exemplo de texto que aborda o tema ‘liberdade/autodeterminação` ao emitir
respostas verbais de afirmar o determinismo.
TÍTULO: Defying Determinism
AUTORES: Maxine Greene
FONTE: Teachers College Record. 1972 Vol: 74(2), 147-154.
Resposta verbal do autor sobre resposta verbal de Skinner de relacionar determinismo
e behaviorismo radical: “Existem numerosos exemplos de argumentos e contra argumentos
que presume a possibilidade do determinismo e implicitamente invalidam o livre arbítrio... B.
F. Skinner, cujo livro Beyond Freedom and Dignity parece expor liberdade como uma ilusão
e dignidade como uma hipocrisia.... Skinner nega a existência da autonomia e justifica o que
levam outros ao desespero... seu objetivo é modelar uma visão de uma utopia que pode ser
conseguida através do controle deliberado do comportamento, algo que ele não proporia caso
acreditasse no livre arbítrio... Para ele [Skinner], o conceito de liberdade se desenvolveu
através do tempo principalmente baseado nas experiências dos homens de se afastarem de
reforços negativos ou aversivos... Nossa esperança está, diz Skinner, não em libertar os
63
homens do controle mas em aperfeiçoar as técnicas de controle e reforçamento no ambiente
social o que induzirá seres humanos a viverem juntos pacificamente e produtivamente. A
noção de autonomia humana tem que ser sacrificada já que é o ambiente que é responsável
por repertórios comportamentais, não a escolha humana, certamente não o livre arbítrio...
Ainda permanece, a despeito de Skinner e Ryle - a experiência existencial de ser capaz de
exercer o livre arbítrio, de ser capaz de escolher fazer ou não certas coisas... Somente se o
ambiente fosse severamente restrito, como no Walden Two de Skinner, predições deste tipo
[predições de escolha] poderiam se tornar realmente eficientes.” (Greene, 1972, p. 147, 148,
149, 150, 152)
‘Seleção por conseqüências/seleção natural’, ‘previsão’, ‘controle’ e ‘variação
randômica/acaso’ foram outros temas abordados na afirmação do determinismo no
behaviorismo radical (3 dos 14 artigos). No Quadro 29 exemplo de texto que aborda o
tema ‘variação randômica/acaso’ ao afirmar o behaviorismo radical como uma
perspectiva determinista de compreensão do ser humano.
Quadro 29 : Exemplo de texto que aborda o tema ‘variação randômica’ ao emitir respostas
verbais de aproximar behaviorismo radical e determinismo.
TÍTULO: Beyond Pride and Humility
AUTORES: John A. Nevin
FONTE: The Behavior Analyst. 1991. Vol: 14(1), 35-36.
Resposta verbal de relacionar determinismo e behaviorismo radical: “No seu argumento
em favor da humildade na questão do determinismo, Neuringer discute a aleatoriedade
[randomness] do comportamento como um problema para o determinismo. Aleatoriedade
[randomness], por sua vez, sugere a possibilidade de um gerador endógeno de aleatoriedade.
Mas se tal coisa existe, presumivelmente ela resulta de processos evolucionários da mesma
maneira que, digamos, o aparelho sensório motor do pombo.” (Nevin, 1991, p. 36)
64
A afirmação de que o behaviorismo é uma filosofia determinista aparece
presente da década de 70 até a década atual (ver Figura 8, página 82). Interessante notar
que, embora tal afirmação tenha ‘sempre estado presente’, o número de artigos que
fazem tal afirmação explicitamente (14) é pequeno em relação ao total de artigos que
abordam a questão do determinismo (77). Isso evidencia que tal afirmação parece ser
consenso entre os autores que publicam sobre o tema, exceto para os que negam que o
behaviorismo radical seja determinista. Mais que isto, parece que a discussão que
envolve respostas verbais de afirmar e negar o behaviorismo radical enquanto uma
filosofia determinista diminuiu a partir de 2000. Na verdade, ao examinar as Figuras 7 e
8 (página 82), é possível constatar que, com exceção do fim da década de 90 no qual
houve uma concentração de publicações sobre estas relações, este tipo de discussão
aparece muito diluído desde a década de 70.
A terceira relação é de proximidade entre behaviorismo radical e modelos
causais mecanicistas: modelos baseados na unidirecionalidade, linearidade e
contigüidade espaço-temporal. A causa de um fenômeno, para estes modelos, é
considerada como o evento imediatamente anterior ao fenômeno sob investigação. No
Quadro 30, afirmações ontológicas sobre aspectos do mundo que existem
independentemente do organismo que interage com eles são consideradas pelos autores
como uma característica que aproxima o behaviorismo radical do mecanicismo.
65
Quadro 30: Exemplo de texto classificado no grupo que aproxima o behaviorismo radical de
uma perspectiva mecanicista de compreensão do comportamento humano.
TÍTULO: Mechanistic Ontology and Contextualistic Epistemology: A Contradiction Within
Behavior Analysis
AUTORES: Dermot Barnes e Bryan Roche.
FONTE: The Behavior Analyst. 1994. Vol: 17(1), 165-168.
Resposta verbal de relacionar determinismo e behaviorismo radical: "Hayne Reese
(1993) sugerem que a ontologia da análise do comportamento é mecanicista, mas que sua
epistemologia é contextualista. Nós concordamos com esta descrição, mais especificamente,
concordamos que o comportamento verbal da maioria dos analistas do comportamento é
consistente com essa perspectiva... Skinner [em Ciência e Comportamento Humano, 1953]
claramente sugere que o mundo existe em partes ‘ao nosso redor’ (ex. independentemente da
gente) e que essas partes são governadas por leis que podemos descobrir e usar. A idéia de que
podemos descobrir leis que regem partes independentes do universo é patentemente
mecanicista. Em outras palavras, se falamos de um universo físico real, estamos dizendo que
estímulos têm alguma forma de existência além do nosso comportamento; essa posição
claramente contradiz a epistemologia analítica comportamental, na qual não pode haver
estímulos (ex. universo físico) se não existe organismo para prover respostas que definem
estes estímulos... a ontologia sugerida aqui entende a realidade como uma interação entre
observador e observado. Realidade não é nem o universo físico nem um mundo mental.
Realidade é uma interação comportamental - nem é o estímulo nem a resposta - mas sua
interação co-definidora [codefining]... Deste modo, a ontologia contextualista é ela própria
interação comportamental." ( p. 165,166, 168)
66
Alguns destes artigos, ao discutirem o mecanicismo, fazem-no em relação ao
‘contextualismo’. Este tema foi abordado em 7 dos 11 artigos que compõem este grupo.
Para os contextualistas, o comportamento é entendido como um fenômeno histórico e
contextual, no qual as suas múltiplas variáveis controladoras interagem de inúmeras
maneiras, a partir de uma história passada e de acordo com o contexto em vigor, na
determinação do comportamento.
O tema‘ contextualismo’ sempre foi abordado como um contra ponto ao
mecanicismo. Os diferentes autores que abordam ‘contextualismo’ ao aproximar
behaviorismo radical de modelos mecânicos de causalidade, defendem que o
behaviorismo radical apresenta características de modelos mecânicos, como a afirmação
de uma realidade independente do sujeito, e não de modelos contextualistas. O Quadro
30 também mostra o debate ‘contextualismo’ x ‘mecanicismo’. Vale ressaltar que o
texto do referido quadro foi classificado em duas relações simultaneamente:
aproximação e afastamento do mecanicismo (quarta relação proposta).
Dois textos que aproximaram o behaviorismo radical do mecanicismo
abordaram o tema ‘Seleção por conseqüências’. Um destes textos, assim como o
exemplo do Quadro 30, foi categorizado em duas relações, aproximação e afastamento
do mecanicismo. Neste texto, quando o tema ‘seleção por conseqüências/seleção
natural’ foi abordado o autor estava mostrando características que afastam o
behaviorismo radical do mecanicismo. No entanto, o outro texto que abordou o tema
‘seleção por conseqüências/seleção natural’ teve como ponto central da sua discussão
mostrar que o modelo de seleção por conseqüências não pode se constituir como um
modelo causal. Ver Quadro 31.
67
Quadro 31: Exemplo de texto que não considera o modelo de seleção por conseqüências um
modelo causal ao emitir respostas verbais de aproximar o behaviorismo radical de modelos
mecanicistas.
TÍTULO: Causal Constructs and Conceptual Confusions.
AUTORES: Hayes, L. J.; Adams, M. A.; Dixon, M. R
FONTE: The Psychological Record. 1996. Vol: 46, 97-112.
Resposta verbal de relacionar determinismo e behaviorismo radical: “Nós acreditamos
que [reforçamento como seleção] pode ser descrita como uma tentativa de sua parte [de
Skinner] de se afastar de maneiras mais mecanicistas de pensar. Não acreditamos que esta
tentativa obteve sucesso... Primeiro, ambas, biologia evolucionária e condicionadores
operantes [operant conditioners] liderados por Skinner (Skinner, 1981, p. 501; Baum, 1995;
Catania, 1992) consideram seleção como um processo causal. Como já discutido, porém,
influência causal não é característica de eventos mas das nossas descrições de eventos, e este é
o caso independentemente do subconjunto de eventos em questão. Em outras palavras, a
hipótese biológica de seleção natural é tão estranha [is as much at odds with] aos eventos da
evolução das espécies como é a hipótese analítica comportamental do desenvolvimento de
repertório através da seleção por conseqüências. Não existem forças causais entre eventos,
independentemente da maneira como são concebidos. Além disso, como processo causal,
seleção implica em duas categorias de eventos, aqueles que selecionam e aqueles que são
selecionados. Natureza, no entanto, não é dividida em categorias. Categorias são produtos de
atos de categorização - eles pertencem ao campo das reações a eventos, não ao campo dos
eventos. Em resumo, seleção por conseqüências é uma construção - derivada de eventos - mas
que também faz referência a fatores não encontrados entre os eventos...” (Hayes; Adams;
Dixon, 1996, p. 104, 105, 106, 107, 108, 109, 110)
68
Vale notar que quase metade dos artigos deste grupo se concentra
eminentemente em 1993 e que 10 dos 11 artigos foram publicadas entre 1992 e 1997
(ver Figura 9, página 82), mostrando que a aproximação entre behaviorismo radical e
modelos mecânicos de causalidade não tem sido proposta por quase 10 anos. Essa pausa
relativamente longa de publicações que aproximam o behaviorismo radical do
mecanicismo, juntamente com o pequeno número de publicações que propuseram tal
relação (11 dos 77 artigos) podem servir de base para a afirmação de que essa relação
está sendo superada pelos autores analisados. Importante lembrar que, como foi
mostrada na análise das fontes, grande parte do público que tem acesso a esta discussão
são analistas do comportamento. Neste sentido, não aproximar o behaviorismo radical
de modelos mecânicos de causalidade parece ser uma relação superada para a
comunidade de analistas do comportamento.
A quarta relação identificada é de afastamento entre behaviorismo radical e
modelos causais mecanicistas. Ao estabelecer tal relação, os autores recorrem a vários
elementos para fundamentar suas afirmações. No Quadro 32, é possível observar a
negação da noção de força, unidirecionalidade, linearidade e contigüidade espaço
temporal, elementos característicos de modelos mecânicos. Além disso, é possível
observar, ainda neste exemplo, que a autora se baseia em temas como ‘relação
funcional’ e ‘seleção por conseqüências/seleção natural’ para se opor ao mecanicismo.
69
Quadro 32: Exemplo de texto classificado no grupo que afasta o behaviorismo radical de uma
perspectiva mecanicista de compreensão do comportamento humano.
TÍTULO: Radical Behaviorism and Scientific Framework: From Mechanistic to Relational
Accounts
AUTORES: Mecca Chiesa
FONTE: American Psychologist. 1992. Vol: 47 (11), 1287-1299.
Resposta verbal de relacionar determinismo e behaviorismo radical: “Influenciado pela
análise de Mach, Skinner substitui força, causalidade puxa-empurra, pelas relações funcionais
de Mach. Como em outras ciências naturais contemporâneas, causa no behaviorismo radical é
destituída de sua conotação mais antiga de força ou ação [agency]. Além de se distanciar de
concepções populares de causa como força ou ação [agent] que produz mudança, o
behaviorismo radical também se distancia da tradicional metáfora da corrente [chain
metaphor], que requer que (como máquinas) relações causais sejam contíguas no espaço e
tempo, que lacunas entre causa e efeito sejam preenchidas por uma seqüência de eventos que
mantêm relação de sucessão... Em contraste, behaviorismo radical adota um modelo causal
que não precisa prover conexões mediadoras entre eventos, que não é seqüencial e que não
pressupõe contigüidade no tempo e espaço. É um modelo que engloba causação através do
tempo (história de vida, experiência) e tem sido comparado com o modelo darwiniano de
seleção por variação... Behaviorismo radical apela para a seleção de características do
comportamento, através do tempo, dentre uma vasta gama de possibilidades disponíveis para
o indivíduo (seleção por variação: ontogenético)... Seleção ocorre através do tempo, não
necessariamente em uma relação temporal ou espacial imediata com o repertório de interesse."
(Chiesa, 1992, p. 1290, 1291)
70
Dos 34 artigos que compõem este grupo (Figura 6), 17 abordaram o tema
‘seleção por conseqüências/seleção natural’ e 12 abordaram o tema ‘relação funcional’
para se oporem ao mecanicismo. O tema ‘relação funcional’ refere-se a um modelo que
atenta para relações constantes e recíprocas (bidirecionais em oposição a
unidirecionalidade) entre eventos, como também é possível observar no Quadro 32. Este
dado revela que ambos os temas são usados freqüentemente ao se afastar o
behaviorismo radical de modelos mecânicos. Importante notar que nem sempre estes
temas ocorrem juntos quando os autores afastam o behaviorismo radical de noções
mecânicas de causalidade. Em vários artigos, apenas uma destas noções de
determinismo é apresentada. Somente sete artigos apresentam ambos os aspectos como
noção alternativa ao mecanicismo.
Oito artigos abordaram os temas ‘contextualismo’ e ‘variação randômica/acaso’
para fundamentar sua posição anti-mecanicista. Interessante notar que dos oito artigos
que se fundamentam no tema da ‘variação randômica/acaso’ para afastar behaviorismo
radical do mecanicismo, seis foram escritos por Roy A. Moxley. Este dado mostra que o
referido tema não é muito utilizado por diferentes autores que estabelecem tal relação,
diferentemente de ‘seleção por conseqüências/seleção natural’, ‘relação funcional’ e
‘contextualismo’, que foram abordados por 8, 10 e 8 autores diferentes,
respectivamente. Vale chamar atenção para o fato de que os outros dois autores que se
fundamentam no tema ‘variação randômica/acaso’ para afastar o behaviorismo radical
do mecanicismo não abordam concomitantemente o tema ‘seleção por
conseqüências/seleção natural’, como fez Roy A. Moxley em cinco dos seus seis artigos
que abordaram ‘variação randômica/acaso’ para afastar behaviorismo radical do
mecanicismo.
71
‘Probabilidade’ foi outro tema abordado por autores que afastaram o
behaviorismo radical de modelos causais mecanicistas. Nos cinco artigos que analisam
este afastamento abordando o tema ‘probabilidade’, os autores discutem o caráter
probabilístico do comportamento.
‘Teleologia’ também foi mais um tema encontrado nas respostas verbais que
afastam o behaviorismo radical de modelos mecanicistas de determinação. ‘Teleologia’
refere-se a modelos causais finalistas nos quais as causas do comportamento estariam no
futuro, dirigidas para o futuro, em conseqüências do comportamento que ainda não
ocorreram, ao invés de estarem na história passada de condicionamento. Diferentes
autores, ao falarem das características do modelo de causalidade do behaviorismo
radical, o afastam-no de noções causais teleológicas ou finalistas. A seguir, exemplo no
Quadro 33.
Quadro 33: Exemplo de texto que aborda a ‘teleologia’ ao emitir respostas verbais de afastar
behaviorismo radical de modelos mecanicistas de determinação do comportamento humano.
TÍTULO: O Modelo de Consequenciação de B. F. Skinner (O controle pela conseqüência no
desenvolvimento da cultura).
AUTORES: Andery, M. A. P. A. e Sério, T. M. A. S.
FONTE: Psicologia: Teoria e Pesquisa. 1989. Vol: 5 (2), 149-155.
Resposta verbal de relacionar determinismo e behaviorismo radical: [Skinner] ao negar
uma história teleológica (CR, p. 41), corretamente do nosso ponto de vista, só permanece a
alternativa de descobrir na construção da história as determinações do presente. No entanto, ao
abordá-la como um paralelo da evolução, a história acaba sendo reduzida à seleção (acaba por
ser reduzida a casos que foram selecionados e mantidos) e, assim, acaba por ser assumida
como um processo que simplesmente existiu (e existe), mas cuja importância se esgota no
momento da seleção e não pode, deste modo, ser compreendida como um determinante real da
cultura. (p. 153)
72
Analisando a distribuição dos artigos classificados neste grupo através do tempo
(ver Figura 10, página 82), nota-se que há 2 artigos na década de 80, 1982 e 1984,
publicados logo depois do artigo Selection by Consequences de 1981. No entanto, é só
na década de 90 que há uma grande freqüência de respostas verbais em que ocorrem
esta relação. Os últimos artigos localizados que estabelecem essa relação datam de
2001. Este dado revela ainda ser atual a relação de afastamento entre behaviorismo
radical e modelos mecânicos, diferentemente da relação anterior que os aproxima. Além
disso, a quantidade de artigos nos quais foi identificada tal relação, quase metade do
total de artigos, mostra a importância da mesma para a comunidade científica.
O quinto tipo de relação estabelecida se refere ao afastamento do behaviorismo
radical de modelos de causalidade teleológicos ou finalistas, nos quais as causas do
comportamento estariam no futuro, nas conseqüências futuras do comportamento, e não
na história passada de condicionamento. Exemplo no Quadro 34.
Quadro 34: Exemplo de texto classificado no grupo que afasta o behaviorismo radical de
modelos causais teleológicos ou finalistas.
TÍTULO: O modelo de seleção por conseqüência e a subjetividade
AUTORES: Maria Amália P. A. Andery
FONTE: Sobre Comportamento e Cognição. 1997. Vol: 1, 197-206.
Resposta verbal de relacionar determinismo e behaviorismo radical: “... o modelo de
seleção por conseqüências, permite a Skinner definitivamente resolver o problema da
teleologia: é através deste modelo que se esclarece a aparente finalidade das mudanças
comportamentais; é através dele que se esclarece que o ambiente opera como um selecionador
e não como um indicador da direção a ser seguida por uma espécie, indivíduo, ou uma
cultura.” (p. 199)
73
Dois temas aparecem regularmente neste grupo de artigos: ‘seleção por
conseqüências/seleção natural’ e ‘mecanicismo’. Dos seis artigos nos quais foi
identificada esta relação, quatro abordam estes dois temas. Como pode ser visto no
Quadro 34, a autora parece encontrar no modelo de ‘seleção por conseqüências/seleção
natural’ um contra ponto ao modelo causal finalista. Do outro lado, parece que os
autores não se baseiam no ‘mecanicismo’ como um contra ponto ao modelo teleológico.
A freqüência com que o tema ‘mecanicismo’ aparece nos textos deste grupo parece
estar relacionada com o fato de que, constantemente, este tema é abordado
conjuntamente com o tema ‘seleção por conseqüências/seleção natural’ (ver a quarta
relação identificada). Por fim, os temas ‘relação funcional’, ‘eventos
privados/subjetividade’ e ‘liberdade’ também aparecem nesta relação, porém em poucos
artigos. ‘Relação funcional’ e ‘eventos privados/subjetividade’ em dois artigos e
‘liberdade’ em apenas um artigo.
Ao analisar este grupo de textos através dos anos (ver Figura 11, página 82) é
possível observar que embora tenha havido publicações nas décadas de 70 e 80, é na
década de 90 que elas se concentram, sendo a última publicação localizada em 1997. É
possível inferir, a partir deste dado, que o afastamento do behaviorismo radical de
modelos teleológicos é consenso na comunidade científica e, portanto, não mais
discutido. O baixo número de publicações que estabelecem essa relação, 6 dos 77
artigos, também corrobora tal conclusão.
O sexto tipo de relação estabelecida identifica o modelo de determinação do
behaviorismo radical como um modelo no qual ‘as causas’ do comportamento estão em
variáveis ambientais externas ao organismo que se comporta, em oposição a modelos
de determinação que procuram ‘as causas’ do comportamento em variáveis
organísmicas (eventos privados e estados mentais). Geralmente, como pode ser visto no
74
Quadro 35, a discussão gira em torno da natureza destes estímulos e de suas relações
funcionais com estímulos externos.
Quadro 35: Exemplo de texto classificado no grupo que identifica o modelo de determinação do
behaviorismo radical como um modelo que busca as causas do comportamento em variáveis
ambientais externas ao organismo.
TÍTULO: Respuestas de J. R. Kantor y de B. F. Skinner a las Preguntas Epistemológicas
Básicas
AUTORES: Blanca Patrícia Ballesteros; Amanda Rey
FONTE: Revista Latino Americana de Psicologia, 2001. Vol: 33(2), 177-197.
Resposta verbal das autoras sobre resposta verbal de Skinner de relacionar
determinismo e behaviorismo radical: “Skinner falou de estímulos proprioceptivos e
interoceptivos, não porque são causas do comportamento observável por terceiros, mas sim
porque adquirem a função dos estímulos ambientais que os eliciam ou evocam. Mas sem a
relação com o ambiente (seja filogenético ou ontogenético) os eventos privados não
discriminariam nada... Desta forma, no nível ontogenético, não implica considerar o
organismo e suas trocas internas como causa do comportamento, dado que a natureza dos
eventos privados e públicos é a mesma.” (p. 183, 185)
Este tipo de discussão engloba a maior parte dos textos deste grupo e é refletido
nos textos que abordam os temas ‘relação funcional’ e ‘eventos privados/subjetividade’.
Este último se refere a eventos que acontecem dentro da pele de um indivíduo e por essa
razão só passíveis de serem observados por ele mesmo. Este tema surge quando se é
discutido o papel causal dos eventos privados. Diferentemente do tema
‘liberdade/autodeterminação’, a discussão aqui não gira em torno da ‘escolha livre’ ou
da ‘suposta’ autonomia do indivíduo em relação às influências do ambiente externo,
75
mas sim em torno do papel dos eventos privados na determinação do comportamento e
da sua natureza. Exemplo no Quadro 36.
Quadro 36: Exemplo de texto que aborda o tema ‘eventos privados/subjetividade’ ao emitir
respostas verbais de aproximar o behaviorismo radical de modelos que buscam as causas
comportamento em variáveis ambientais externas ao organismo.
TÍTULO: Eventos privados em uma psicoterapia externalista: causa, efeito ou nenhuma das
alternativas?
AUTORES: Rodrigues, J. A.; Sanabio, E.T.
FONTE: Sobre Comportamento e Cognição. 2001. Vol: 8, 206, 216.
Resposta verbal de relacionar determinismo e behaviorismo radical: “Eventos privados
são comportamentos e, como os demais (públicos), resultam da história genética e ambiental
dos indivíduos (Skinner, 1974). Isto é, comportamentos privados são variáveis dependentes e,
enquanto tais, não podem ser considerados causas primárias (iniciadoras) de outros
comportamentos (público ou privado, verbal ou não verbal). Isto não implica em dizer que os
eventos privados não influenciam comportamento. É possível que sim. Comportamentos
privados, como os comportamentos públicos, podem assumir funções de estímulo e, dessa
forma, participar da determinação do comportamento subseqüente...” (p. 207)
Dentre os 12 artigos deste grupo (Figura 6), 8 abordam o tema ‘eventos
privados/subjetividade’, enquanto que os outros 4 artigos fazem afirmações sobre um
determinismo externalista sem discutir o papel dos eventos privados. Cinco artigos
abordaram o tema ‘relação funcional’ e, destes cinco, quatro artigos abordaram ‘eventos
privados/subjetividade’ ao mesmo tempo. Apesar da maioria dos artigos abordarem
estes dois temas mencionados acima, vários outros temas (‘controle’, ‘predição’,
‘probabilidade’, ‘teleologia’, ‘seleção por conseqüências/seleção natural’,
76
‘liberdade/autodeterminação’, ‘mecanicismo’ e ‘contextualismo’) foram abordados,
porém poucas vezes.
Os 12 artigos classificados neste grupo encontram-se distribuídos desde a década
de 70 até a década atual, sendo as últimas publicações identificadas em 2001 (Figura 12,
página 82). Este dado mostra que discussões acerca do papel causal dos eventos
privados nunca saíram de foco, constituindo-se ainda como discussão atual. Do outro
lado, a quantidade de artigos que estabelecem esta relação parece indicar uma menor
importância para este tipo de discussão.
O sétimo e último tipo de relação identificada alinha o behaviorismo radical com
um modelo de determinação que afirma que o comportamento é resultado de diferentes
níveis de determinação (ex.: filogenético, ontogenético e cultural). Todos os textos deste
grupo se baseiam no tema ‘seleção por conseqüências/seleção natural’. Exemplo no
quadro 37.
Quadro 37: Exemplo de texto classificado no grupo que alinha o behaviorismo radical com um
modelo causal que considera diferentes níveis de determinação.
TÍTULO: Skinner e o lugar das variáveis biológicas em uma explicação comportamental
AUTORES: Marcus Bentes de Carvalho Neto; Emmanuel Zagury Tourinho
FONTE: Psicologia: Teoria e Pesquisa. 1999. Vol: 15, 45-53.
Resposta verbal dos autores sobre resposta verbal de Skinner de relacionar
determinismo e behaviorismo radical: "O comportamento seria, para Skinner (1953/1989 e
1966/1980), um produto da interação entre o organismo (com sua base genética) e seu
ambiente (histórico e imediato). Não existiria organismo que não estivesse inserido em um
meio nem existiria comportamento a ser estudado sem a presença de um organismo
constituído filogeneticamente... Skinner(1981/1984a) apresenta um modelo explicativo para o
77
comportamento humano que consistiria basicamente de dois processos complementares
(variação e seleção) que atuariam em três níveis distintos (filogênese, ontogênese e práticas
culturais). Ao nível ontogenético, por exemplo: (a) existiria uma ampla variedade, topográfica
e funcional, de comportamentos, uma pluralidade de relações entre organismo/ambiente que
estaria em constante modificação (variação); por sua vez, (b) as respostas de uma classe
produziriam mudanças no ambiente e essas viriam a afetar o organismo, alterando a
probabilidade da mesma classe de respostas voltar a ocorrer sob condições semelhantes... Este
modelo causal também aparece em outras obras de Skinner, como, por exemplo, 1953/1989
(de forma embrionária e diluída) e em 1990 (sua última versão). Tal modelo estenderia a
noção de causalidade contida na seleção natural de Darwin para os níveis ontogenético e
cultural... Comportamento seria produzido, então, pela atuação conjunta dos três níveis de
contingências (filogenéticas, ontogenéticas e culturais). Skinner (1990) argumenta, ainda, que
o fenômeno comportamental só será conhecido, em todas as suas dimensões, com a reunião
dos saberes produzidos pela Etologia, pela Análise do Comportamento e por uma parte da
antropologia (encarregadas dos níveis de contingências acima citadas, respectivamente) e pela
Fisiologia (encarregada do organismo que se comporta)... Para Skinner... tal processo
[condicionamento operante] seria mais um produto da seleção natural e tanto a origem da
primeira resposta quanto a explicação para a sensibilidade a determinadas conseqüências
estariam irremediavelmente atreladas à filogênese. Os dois pontos são vitais na noção de
operante e para ambos, Skinner buscou soluções na história evolutiva." (p.48, 49, 50)
Quando analisados através dos anos (ver Figura 13, página 82), verifica-se que
os artigos deste grupo começaram a ser publicados em 1989, havendo uma aceleração
do meio para o fim da década de 90. A última publicação encontrada foi de 2003. Estes
dados revelam que respostas verbais que estabelecem esta relação são atuais. O relativo
78
baixo número de publicações neste caso, apenas 13 (ver Figura 6), pode não revelar
acuradamente a importância desta relação, visto que a primeira publicação é datada de
1989, diferentemente da maioria dos outros grupos de relações que possuem textos na
década de 70 ou início da década de 80.
Alguns dos artigos que estabelecem relações de afirmação e negação do
determinismo são encontrados tanto em relações que aproximam como em relações que
afastam o behaviorismo radical do mecanicismo. Artigos que negam ou afirmam o
determinismo podem afastar ou aproximar o behaviorismo radical de modelos causais
mecânicos. Geralmente essa relação depende de como os autores definem
determinismo. Por exemplo, cinco artigos que definem determinismo como
mecanicismo (grupo 3) negam que o behaviorismo radical seja uma filosofia
determinista (Moxley, 1996a, 1996b, 1997, 1998a, 1999)10. Além destes cinco textos,
outros dois textos (Rockwell, 1994 e Moxley, 1998b) que não apresentam definição de
determinismo também igualam determinismo a modelos mecânicos baseados na física
newtoniana e afastam o behaviorismo radical de ambos. Sendo assim, do total de 11
textos que afirmam que o behaviorismo radical não é determinista sete o fazem no
sentido de afastar o behaviorismo radical de modelos mecânicos de causalidade. Em
outras palavras, negar o determinismo, nestes casos, é afastar o behaviorismo radical do
mecanicismo e não postular que o fenômeno comportamental seja caprichoso ou
indeterminado. Ainda há outros dois textos (Vorsteg, 1974 e Baldwin, 1988) que
negam que o behaviorismo radical seja determinista, porém os autores deixam claro que
esta é a posição deles e que ela é contrastante com a opinião de Skinner. Abaixo, no
Quadro 38, exemplo de texto que apresenta resposta verbal de afastar o behaviorismo
radical do mecanicismo e negar o determinismo simultaneamente.
79
Quadro 38: Exemplo de texto que apresenta resposta verbal de afastar o behaviorismo radical de
modelos mecânicos e de negar o determinismo.
TÍTULO: Skinner: From Determinism to Random Variation
AUTORES: Roy A. Moxley
FONTE: Behavior and Philosophy. 1997. Vol: 25(1), 3-28.
Resposta verbal do autor de relacionar determinismo e behaviorismo radical: “A
explicação selecionista do comportamento não requer uma posição determinista... Porque se
preocupar em resgatar o determinismo? Que contribuições o determinismo traz para
desenvolver [advancing] uma explicação [account of] selecionista do comportamento? Em
nenhum momento uma explicação [account of] selecionista do comportamento requer o apoio
do determinismo... Resumindo, a filosofia mecanicista do determinismo pode ser entendida
como as conseqüências da idealização do planejamento de máquinas [design of machines].
Essas conseqüências eram então consideradas como causas, não só de máquinas, mas de
qualquer coisa no universo.” (p. 21, 22)
Outras regularidades entre os grupos de definição de determinismo e as relações
estabelecidas foram encontradas. Dos oito textos que apresentam definição de
determinismo como relação funcional (grupo 1), quatro textos relacionam o
behaviorismo radical com modelos não mecânicos de causalidade. Outros três textos,
frisam que as causas do comportamento precisam ser buscadas em variáveis externas ao
organismo que se comporta. Este dado mostra que relação funcional é uma
característica utilizada pelos autores para afastar ou se opor a modelos causais
mecanicistas (ver Quadro 32). Além disso, este dado indica que ao afirmar um
10 No anexo VI são apresentados os artigos por relação nas quais foram classificados de acordo com suas respostas verbais.
80
determinismo externalista os autores se fundamentam na relação funcional para
descrever o papel ‘causal’ das variáveis externas.
Dos 12 textos que definem determinismo como seleção por conseqüências
(grupo 2), 7 ressaltam os diferentes níveis de determinação do comportamento, 6
afastam o behaviorismo radical de modelos mecanicistas e 3 afastam o behaviorismo
radical de modelos teleológicos de determinação. A partir destes dados, fica claro que o
modelo de seleção por conseqüências, assim como o modelo de relação funcional, é um
modelo de oposição a modelos mecanicistas de causalidade (exemplo no Quadro 32).
Também fica claro que o modelo de seleção por conseqüências é utilizado para
demonstrar que o comportamento é produto, não apenas de um nível de determinação,
mas de diferentes níveis de determinação (exemplo no Quadro 37). Além disso, o
modelo de seleção por conseqüências é usado para afastar o behaviorismo radical de
modelos causais teleológicos (Quadro 34). Essa conclusão ganha força se levarmos em
consideração que apenas seis artigos estabelecem relação de afastar o behaviorismo
radical de modelos teleológicos e, destes seis artigos, metade deles (3) apresentam
definição de determinismo como seleção por conseqüências.
Não foram encontradas regularidades entre respostas verbais de relacionar
behaviorismo radical e determinismo e os grupos de definições ‘determinismo
metodológico’ e ‘outros’.
81
Figura 7. Número de artigos que apresentam respostas verbais de negar o behaviorismo radical como uma filosofia determinista através dos anos
0
4
8
12
16
20
24
28
32
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1972197
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Anos
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ro de
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os
Figura 8. Número de artigos que apresentam respostas verbais de afirmar o behaviorismo radical como uma filosofia determinista através dos anos
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Anos
Núm
ero d
e atig
os
Figura 9. Número de artigos que apresentam respostas verbais de aproximar o behaviorismo radical de modelos de determinação mecânicos através dos anos
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2003
Anos
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Figura 10. Número de artigos que apresentam respostas verbais de afastar o behaviorismo radical de modelos de determinação mecanicistas através dos anos
0
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1972
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1980
1981
1982
1983
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1985
1986
1987
198819
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3
Anos
Núm
ero
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s
Figura 11. Número de artigos que apresentam respostas verbais de afastar o behaviorismo radical de modelos causais te leológicos através dos anos
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Anos
Figura 12. Número de artigos que apresentam respostas verbais de afirmar que o behaviorismo radical busca causas externas ao organismo para explicar o comportamento através dos anos
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Anos
Figura 13. Número de artigos que apresentam respostas verbais de re lacionar o behaviorismo radical com modelos causais que consideram diferentes níve is de determinação através dos anos
0
4
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28
32
36
Anos
82
Alguns autores, ao discutirem determinismo e behaviorismo radical, emitem
respostas verbais sobre as respostas verbais de Skinner e deixam claro que não
concordam com a posição de Skinner sobre o tema. Dentre os 77 artigos analisados, 8
apresentam divergências explícitas entre o posicionamento dos autores e o de Skinner,
como entendidas pelos autores dos textos. A partir do baixo número de divergências,
parece plausível afirmar que as respostas verbais de Skinner sobre determinismo,
enquanto variáveis controladoras de respostas verbais de outros autores, influenciaram o
comportamento verbal da maioria dos autores de forma semelhante. Exemplos de
discordância entre resposta verbal dos autores e resposta verbal de Skinner nos quadros
39 e 40.
Quadro 39: Exemplo de divergência entre resposta verbal do autor e resposta verbal de Skinner.
TÍTULO: Operant Reinforcement Theory and Determinism
AUTORES: Robert H. Vorsteg
FONTE: Behaviorism. 1974. Vol: 2, 108-119.
“Vários psicólogos acreditam que qualquer tentativa de prover uma explicação científica do
comportamento humano tem que ser baseada na suposição de que o determinismo se aplica
aos seres humanos. E nenhum psicólogo foi mais efetivamente insistente neste ponto do que
B. F. Skinner... Skinner sugere que o objeto da ciência é descobrir relações ordenadas [lawful]
entre eventos e ele sustenta que a tentativa de descobrir tais relações no comportamento
humano requer a suposição de que tal comportamento é ordenado [lawful] e determinado
[determines]… Desta forma, se estou correto ao sugerir que comportamento novo e criativo
não pode ser explicado em termos de condicionamento operante, isso deve ser suficiente para
mostrar que a teoria do reforçamento operante não requer uma suposição determinista.” (p.
108, 109, 117)
83
Quadro 40: Exemplo de oposição entre a resposta verbal do autor e resposta verbal de Skinner.
TÍTULO: Mead and Skinner: Agency and Determinism
AUTORES: John D. Baldwin
FONTE: Behaviorism. ANO:1988. Vol: 16(2). Páginas inicial e final: 109-127.
“Ele [Skinner] também assumiu posições sobre determinismo que podem facilmente parecer
inconsistentes e confusas... A análise comportamental skinneriana de respostas internas e
externas não produz uma teoria completamente determinista, mas, na verdade, é compatível
com o modelo de Mead de uma ciência não determinista do comportamento.” (p. 118)
Obras de Skinner referenciadas
Saber em quais trabalhos de Skinner os diferentes autores se basearam para
relacionar behaviorismo radical e determinismo é identificar algumas possíveis
variáveis controladoras das respostas verbais destes autores. Esta identificação permite a
compreensão das relações propostas e possíveis divergências entre elas. No Quadro 41
uma lista das publicações de Skinner mais referenciadas nos artigos analisados (no
anexo 7 é apresentada uma lista com os trabalhos de Skinner referenciados oito ou
menos vezes).
Quadro 41: Lista das obras de Skinner referenciadas com ano de publicação original,
classificadas em ordem decrescente pelo número total de vezes em que foram referenciadas.11
Obras de Skinner e ano de publicação original Número de vezes referenciadas
Science and human behavior (1953) 49
About behaviorism (1974) 40
11 Os títulos das obras de Skinner estão referenciados como nas suas publicações originais, de acordo com trabalho de Andery, Micheletto e Sério (2004).
84
The behavior of organisms (1938) 36
Verbal behavior (1957) 32
Beyond freedom and dignity (1971) 28
Selection by consequences (1981) 26
The operational analysis of psychological terms
(1945)
24
The concept of reflex in the description of
behavior (1931)
23
The shaping of a behaviorist: Part two of an
autobiography (1979)
16
Contingencies of reinforcement (1969) 16
Can psychology be a science of mind? (1990) 15
Experimental psychology (1947) 14
Behaviorism at fifty (1963) 14
Are theories of learning necessary? (1950) 14
The generic nature of the concepts of stimulus and
response (1935)
13
A matter of consequences: Part three of an
autobiography (1983)
11
The phylogeny and ontogeny of behavior (1966) 10
Whatever happened to psychology as the science
of behavior? (1987)
9
Operant behavior (1963) 9
The behavior of organisms at 50 (1989) 9
Two types of conditioned reflex: A reply to
Konorski and Miller (1937)
9
Walden Two (1948) 9
Drive and reflex strength (1932) 9
Do total de 77 artigos analisados, 4 não fizeram referência a Skinner. Das 141
diferentes obras de Skinner referenciadas, Science and Human Behavior é a que aparece
o maior número de vezes, referenciada em 49 textos. Em seguida, vieram About
85
Behaviorism, The Behavior of Organisms, Verbal Behavior, Beyond Freedom and
Dignity e Selection by Consequences, referenciadas em 40, 36, 32, 28 e 26 textos,
respectivemente. The operational analysis of psychological terms e The concept of
reflex in the description of behavior também foram bastante referenciados nos textos
analisados, 24 e 23 vezes, respectivamente.
As cinco obras mais referenciadas foram livros, aparecendo o primeiro artigo na
sexta posição de mais referenciada. O artigo Selection by Consequences como uma das
obras mais referenciadas não é surpresa, visto que neste artigo Skinner deixa explícito o
modelo de seleção por conseqüências como o modelo de determinação do behaviorismo
radical. The operational analysis of psychological terms e The concept of reflex in the
description of behavior foram a sétima e oitava obras mais referenciadas. Eles são
artigos antigos, 1945 e 1931 respectivamente, do início da carreira de Skinner, quando
as características fundamentais do seu trabalho ainda estavam sendo elaboradas, como
pode ser visto na análise de Andery e Sério (2002). Interessante notar que no artigo -
The concept of reflex in the description of behavior - Skinner redefine comportamento
de maneira que este possa ser objeto de estudo próprio de uma ciência. Além disso,
neste artigo, ao propor a substituição da noção de causa e efeito pela noção de relação
funcional Skinner começa a abandonar noções mecânicas de determinação. É neste
artigo que Andery e Sério (2002) identificaram o primeiro programa de pesquisa
proposto por Skinner.
Current trends in experimental psychology (1947) e Are theories of learning
necessary? (1950), ambos referenciados em 14 artigos, foram artigos nos quais Andery
e Sério (2002) identificaram o segundo e terceiro programas de pesquisa propostos por
Skinner, respectivamente. No primeiro destes artigos, Skinner mostra como deve
ocorrer a construção de uma teoria do comportamento. No segundo artigo, Skinner
86
identifica 3 tipos de teorias - neural, mental e conceitual - questionando a necessidade
destes tipos de teorias para o estudo do comportamento, e defendendo a construção de
uma teoria comportamental.
Na tentativa de identificar algumas variáveis controladoras das respostas verbais
dos autores, foram investigadas as obras de Skinner por grupo de artigos que abordavam
um determinado tema. Descobriu-se que algumas obras específicas estavam
freqüentemente relacionadas com determinados temas.
Das obras de Skinner a que mais esteve associada em freqüência com os temas
foi o livro About Behaviorism. Dos 10 artigos que abordam o tema ‘eventos
privados/subjetividade, 9 apresentaram referências a este livro. Dos 34 artigos que
abordaram o tema do mecanicismo, 21 também fizeram referência ao About
Behaviorism. Este livro também esteve presente em 7 dos 10 artigos que abordaram o
tema ‘variação randômica/acaso’. Por fim, dos 23 artigos que formaram o conjunto que
abordou o tema da ‘relação funcional’, 15 referenciaram o livro em questão. O About
Behaviorism é um livro que responde a críticas comumente feitas ao behaviorismo
radical. Entre estas críticas, encontra-se a acusação de que o behaviorismo radical não
considera eventos privados e que possui uma maneira mecanicista de entender o homem
e seu comportamento. Desta forma, é possível compreender a conexão deste livro com
estes temas.
O livro Science and Human Behavior também esteve constantemente associado
com diferentes conjuntos de temas. Dos 14 artigos que abordam ‘predição’, 10 fazem
referência a esta obra. Science and Human Behavior foi referenciado em todos os cinco
artigos que tratam do tema ‘operante e reflexo’. Science and Human Behavior é um
livro sobre a ciência do comportamento chamada de análise experimental do
comportamento. Predição como um dos objetivos da ciência e a distinção entre operante
87
e reflexo são assuntos abordados neste livro que não discute a filosofia de uma ciência
do comportamento, mas essa própria ciência. Desta forma, fica evidente a importância
deste livro para estes assuntos.
Vale também notar que, além de Science and Human Behavior, The Behavior of
Organisms também foi referenciado em todos os cinco artigos que abordaram o tema
‘operante e reflexo’. Além deste livro, o artigo do doutorado de Skinner, de 1931, The
Concept of Reflex in the Description of Behavior foi referenciado em quatro artigos
deste grupo. Neste artigo, Skinner redefine reflexo em termos de uma correlação
funcional entre estímulo e resposta.
O artigo Selection by Consequences foi bastante referenciado quando o tema
abordado era ‘seleção por conseqüências/seleção natural’. Este artigo apareceu em 23
dos 33 artigos que abordaram este tema. O título do artigo já deixa evidenciada a
relação que ele tem com este tema em questão.
Por fim, a última correlação observada foi entre o conjunto de textos que
abordaram o tema ‘liberdade/autodeterminação’ e o livro Beyond Freedom and Dignity.
Este livro foi referenciado em todos os 12 artigos deste conjunto.
A forma como estas obras foram referenciadas foi classificada em três tipos
como descrito no método. A Figura 14 mostra quantas vezes cada tipo de referência foi
feito. Referências (do tipo I) com transcrição e indicação da página foram as mais
realizadas, 396 referências. Seguidas pelas referências (do tipo III) que indicam apenas
o ano de publicação, 358 referências. Referências (do tipo II) que indicam ano e página
foram as menos realizadas, 238 referências. É importante ressaltar que as quantidades
de referências são bem maiores do que o total de obras de Skinner referenciadas (como
pode ser visto na Figura 14), pois um mesmo texto de Skinner referenciado pode ser
contabilizado até 3 vezes, por apresentar os três tipos de referências.
88
Alto número de referências com transcrição e indicação da página ou sem
transcrição, mas com indicação da página, pode revelar um maior domínio do conteúdo
da obra sendo referenciada por parte do autor.
Figura 14. Número de referências por tipo de referência.
0306090
120150180210240270300330360390
Transcrição com indicação daobra e página
Indicação da obra e página Indicação da obra
Tipos de Referências
Núm
ero
de R
efer
ênci
as
Além do tipo de referência feita e do número de vezes que determinada obra de
Skinner foi referenciada, todos os artigos referenciados foram classificados como: 1)
teórico; 2) empíricos e 3) outros, de acordo com classificação realizada por Andery,
Micheletto e Sério (2004). Como exposto no método, a classificação ‘teórico’ agrupa
artigos históricos, interpretativos, conceituais e artigos que propõem algum tipo de
intervenção. A classificação ‘empírico’ agrupa artigos que relatam pesquisas, sejam elas
empíricas ou não, descrevem equipamentos de pesquisa ou que discutem resultados de
outras pesquisas. Por fim, a classificação ‘outros’ agrupa artigos não acadêmicos, cartas
a editores, resumos e resenhas.
Como é possível observar, a partir da Figura 15, a grande maioria dos artigos de
Skinner referenciados nos textos analisados neste trabalho se enquadra no grupo
89
‘teórico’ (62 artigos). Dezesseis (16) artigos pertencem ao grupo ‘empíricos’ e 5 ao
grupo ‘outros’.
Andery, Micheletto e Sério (2004) apontaram para o fato de que a maioria dos
artigos de Skinner foi classificada como ‘teóricos’. No entanto, a grande diferença do
número de artigos ‘teóricos’ em relação aos ‘empíricos’ e ao grupo ‘outros’ mostra que
as respostas verbais de relacionar determinismo e behaviorismo radical dos autores são
controladas, eminentemente, por trabalhos teóricos.
Figura 15. Número de artigos de Skinner por classificação.
0
6
12
18
24
30
36
42
48
54
60
66
Teórico Empírico Outros
Categorias
Núm
ero
de a
rtig
os
Classificação dos textos nos programas de pesquisa
Como foi ilustrada na introdução, a análise do trabalho de Skinner publicado
entre 1931 e 1957, realizada por Andery e Sério (2002), resultou na identificação de
quatro propostas diferentes, denominadas de programas de pesquisa. Estes programas de
pesquisa revelam diversas características da construção e desenvolvimento da ciência do
90
comportamento. Em suma, estes programas revelam características de diferentes
momentos históricos do desenvolvimento da obra de Skinner.
Cada texto foi classificado em um programa pesquisa de acordo com as
características constituintes de cada programa de pesquisa encontradas nos textos.
Textos que realizaram análises históricas separando diferentes momentos da produção
científica de Skinner foram classificados mais de uma vez de acordo com os momentos
destacados, de modo que a soma do número de textos em cada programa de pesquisa
ultrapassa o número total de textos.
Como é possível notar, a partir da Figura 16, a grande maioria dos textos (46) foi
classificada no quarto programa de pesquisa. Três textos foram classificados no
primeiro programa de pesquisa, dois textos no segundo programa de pesquisa e 10
textos no terceiro programa de pesquisa. 18 textos não tiveram programa de pesquisa
identificado.
Figura 16. Número de textos por programa de pesquisa identificado
0
4
8
12
16
20
24
28
32
36
40
44
48
Pp1 Pp2 Pp3 Pp4 Pp nãoidentificado
Programas de Pesquisa
Núm
ero
de te
xtos
cla
ssifi
cado
s em
cad
a Pp
91
O grande número de textos classificados no quarto programa de pesquisa indica
que a maioria dos textos analisados atribui características ao behaviorismo radical que
se enquadram neste programa de pesquisa e não em outros. As características que
distinguem o quarto programa de pesquisa dos demais são: ciências da linguagem como
uma nova possibilidade de interface com a análise do comportamento; contingências de
reforço como unidade de análise; propriedades das respostas (nível de energia, repetição
e velocidade) como maneiras adicionais de medir a probabilidade de respostas (unidade
de medida), além da freqüência de respostas; foco na aquisição e manutenção do
responder como contexto para estudo do comportamento e descrição e explicação como
objetivos da ciência do comportamento. Estas características revelam que os diferentes
autores, em sua maioria, ao discutirem behaviorismo radical e determinismo, estão sob
controle de características fundamentais do behaviorismo radical. Em outras palavras,
textos que são classificados no quarto programa de pesquisa indicam que as discussões
sobre determinismo e behaviorismo radical ocorrem em um contexto no qual os
aspectos fundamentais que constituem o behaviorismo radical são levados em
consideração, diferentemente dos programas de pesquisa 1 e 2, que revelam momentos
históricos do desenvolvimento da ciência do comportamento nos quais as características
fundamentais desta ciência ainda não tinham sido propostas.
Outro dado que pode corroborar a afirmação acima é o fato de o livro
Comportamento Verbal, uma das duas fontes a partir das quais o quarto programa de
pesquisa foi identificado, ter sido umas das obras mais referenciadas.
O relativo alto número de textos que não tiveram programas de pesquisa
identificados pode ser explicado pela impossibilidade de diferenciar os programas de
pesquisas a partir das características identificadas nos textos. Isso ocorreu quando as
características identificadas nos textos pertenciam a mais de um programa de pesquisa.
92
CONCLUSÃO
O objetivo deste trabalho foi caracterizar algumas das possíveis variáveis
controladoras do comportamento verbal de diferentes autores de estabelecer relações
entre determinismo e behaviorismo radical
As análises realizadas indicam que a discussão sobre o tema deste trabalho
perdura por mais de três décadas, embora o número de artigos publicados sobre o tema
só tenha aumentado de freqüência a partir do fim da década de 80.
A maioria dos autores não costuma publicar muito sobre o tema. Apenas 13 dos
70 autores publicaram dois ou mais artigos. No entanto, o grande número de autores que
analisaram esta questão mostra a importância deste tema.
Embora de maneira tímida, a discussão deste trabalho atingiu um público não só
de analistas do comportamento, como é possível observar a partir da análise realizada
sobre as ‘Fontes’ de publicação.
A maioria dos textos que apresentam respostas verbais de relacionar
behaviorismo radical e determinismo leva em consideração características constituintes
fundamentais desta ciência, como expostas por Andery e Sério (2002).
O fato da maioria dos artigos apresentarem respostas verbais de considerar o
behaviorismo radical como uma filosofia determinista (todas as respostas verbais
encontradas, exceto as que explicitamente afastaram o determinismo do behaviorismo
radical) está em concordância com as afirmações de Skinner (1953; 1947) e com a
afirmação de Slife e cols. (1999) de que o behaviorismo radical é considerado, de
maneira geral, determinista.
Slife e cols. (1999) também afirmaram que não há consenso sobre definição de
determinismo na literatura behaviorista radical. As diferentes e, muitas vezes,
93
divergentes definições encontradas suportam tal afirmação. Além disso, tal diferença
nas respostas verbais de definir determinismo parece indicar que elas estão sob
diferentes controles. Em outras palavras, embora Skinner tenha enfatizado a importância
do controle preciso de estímulos sob o comportamento verbal do cientista (1992/1957),
fica claro que tal tipo de controle, no que se refere a respostas verbais de definir
determinismo, não ocorre na comunidade behaviorista radical.
A maioria dos artigos que negam que o behaviorismo radical seja uma filosofia
determinista o fazem, na verdade, no intuito de afastar o behaviorismo radical de noções
mecânicas de causalidade. Essa conclusão é corroborada pelo fato de que mais da
metade dos artigos que negam o determinismo apresenta definições que igualam
determinismo e mecanicismo.
Os resultados também revelaram que respostas verbais de afastar behaviorismo
radical do mecanicismo foram as mais dominantes. A partir deste fato e de que grande
parte da comunidade que tem acesso a esta discussão é de analistas do comportamento,
é possível concluir que o afastamento entre behaviorismo radical e mecanicismo é bem
difundido entre analistas do comportamento. No entanto, uma das críticas feitas ao
behaviorismo radical é de que ele compreende o homem e, conseqüentemente, seu
comportamento como uma máquina, como mostrou Skinner (1974). Assim sendo, surge
uma pergunta: porque essa relação não é difundida fora da comunidade de analistas do
comportamento?
Como salientaram Micheletto (1997) e Moxley (1998), divergências de opinião
sobre o pensamento skinneriano podem ser resultados de interpretações que se basearam
em diferentes obras de Skinner sem levar em consideração seus diferentes momentos
históricos e, conseqüentemente, suas diferentes características. Entretanto, o fato de
poucas análises históricas terem sido realizadas indica que os autores que publicam
94
sobre este tema não estão atentos ou não consideram importante este tipo de análise.
Estudos futuros que analisassem correlações específicas entre alguns tipos de respostas
verbais de relacionar determinismo e behaviorismo radical e as referências de Skinner
utilizadas poderiam corroborar as afirmações de Micheletto (1997) e Moxley (1998).
Além disso, estudos deste tipo podem produzir conhecimento que levem seus ouvintes a
se comportarem de maneira efetiva sobre a relação entre behaviorismo radical e
determinismo, ou seja, estudos desta natureza podem gerar um controle de estímulos
preciso sobre as respostas verbais, dos analistas do comportamento, de relacionar
behaviorismo radical e determinismo.
95
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108-119.
98
ANEXO I
99
Lista das Combinações de Palavras-Chaves
1. Determinism and Behaviorism
2. Determinism and Radical Behaviorism
3. Determinism and Behavior Analysis
4. Determinism and B. F. Skinner
5. Determinism and Skinner
6. Determinism and Operant Reinforcement Theory
7. Determination and Behaviorism
8. Determination and Radical Behaviorism
9. Determination and Behavior Analysis
10. Determination and B. F. Skinner
11. Determination and Skinner
12. Determination and Operant Reinforcement Theory
13. Self-determination and Behaviorism
14. Self-determination and Radical Behaviorism
15. Self-determination and Behavior Analysis
16. Self-determination and B. F. Skinner
17. Self-determination and Skinner
18. Self-determination and Operant Reinforcement Theory
19. Environmental-determination and Behaviorism
20. Environmental-determination and Radical Behaviorism
21. Environmental-determination and Behavior Analysis
22. Environmental-determination and B. F. Skinner
23. Environmental-determination and Skinner
24. Environmental-determination and Operant Reinforcement Theory
25. Causation and Behaviorism
26. Causation and Radical Behaviorism
27. Causation and Behavior Analysis
28. Causation and B. F. Skinner
29. Causation and Skinner
30. Causation and Operant Reinforcement Theory
31. Cause and Behaviorism
32. Cause and Radical Behaviorism
33. Cause and Behavior Analysis
100
34. Cause and B. F Skinner
35. Cause and Skinner
36. Cause and Operant Reinforcement Theory
37. Causality and Behaviorism
38. Causality and Radical Behaviorism
39. Causality and Behavior Analysis
40. Causality and B. F. Skinner
41. Causality and Skinner
42. Causality and Operant Reinforcement Theory
43. Selection by Consequences and Behaviorism
44. Selection by Consequences and Radical Behaviorism
45. Selection by Consequences and Behavior Analysis
46. Selection by Consequences and B. F. Skinner
47. Selection by Consequences and Skinner
48. Selection by Consequences and Operant Reinforcement Theory
49. Selectionism and Behaviorism
50. Selectionism and Radical Behaviorism
51. Selectionism and Behavior Analysis
52. Selectionism and B. F. Skinner
53. Selectionism and Skinner
54. Selectionism and Operant Reinforcement Theory
55. Probabilistic Determinism and Behaviorism
56. Probabilistic Determinism and Radical Behaviorism
57. Probabilistic Determinism and Behavior Analysis
58. Probabilistic Determinism and B. F. Skinner
59. Probabilistic Determinism and Skinner
60. Probabilistic Determinism and Operant Reinforcement Theory
61. Random Variation and Behaviorism
62. Random Variation and Radical Behaviorism
63. Random Variation and Behavior Analysis
64. Random Variation and B. F. Skinner
65. Random Variation and Skinner
66. Random Variation and Operant Reinforcement Theory
67. Functional Relation and Behaviorism
68. Functional Relation and Radical Behaviorism
101
69. Functional Relation and Behavior Analysis
70. Functional Relation and B. F. Skinner
71. Functional Relation and Skinner
72. Functional Relation and Operant Reinforcement Theory
73. Probabilistic Causality and Behaviorism
74. Probabilistic Causality and Radical Behaviorism
75. Probabilistic Causality and Behavior Analysis
76. Probabilistic Causality and B. F. Skinner
77. Probabilistic Causality and Skinner
78. Probabilistic Causality and Operant Reinforcement Theory
79. Necessitarian Causality and Behaviorism
80. Necessitarian Causality and Radical Behaviorism
81. Necessitarian Causality and Behavior Analysis
82. Necessitarian Causality and B. F. Skinner
83. Necessitarian Causality and Skinner
84. Necessitarian Causality and Operant Reinforcement Theory
85. Mechanicism and Behaviorism
86. Mechanicism and Radical Behaviorism
87. Mechanicism and Behavior Analysis
88. Mechanicism and B. F. Skinner
89. Mechanicism and Skinner
90. Mechanicism and Operant Reinforcement Theory
91. Mechanism and Behaviorism
92. Mechanism and Radical Behaviorism
93. Mechanism and Behavior Analysis
94. Mechanism and B. F. Skinner
95. Mechanism and Skinner
96. Mechanism and Operant Reinforcement Theory
97. Mechanistic and Behaviorism
98. Mechanistic and Radical Behaviorism
99. Mechanistic and Behavior Analysis
100. Mechanistic and B. F. Skinner
101. Mechanistic and Skinner
102. Mechanistic and Operant Reinforcement Theory
103. Probability and Determinism and Behaviorism
102
104. Probability and Determinism and Radical Behaviorism
105. Probability and Determinism and Behavior Analysis
106. Probability and Determinism and B. F. Skinner
107. Probability and Determinism and Skinner
108. Probability and Determinism and Operant Reinforcement Theory
109. Probability and Determination and Behaviorism
110. Probability and Determination and Radical Behaviorism
111. Probability and Determination and Behavior Analysis
112. Probability and Determination and B. F. Skinner
113. Probability and Determination and Skinner
114. Probability and Determination and Operant Reinforcement Theory
115. Probability and cause and Behaviorism
116. Probability and cause and Radical Behaviorism
117. Probability and cause and Behavior Analysis
118. Probability and cause and B. F. Skinner
119. Probability and cause and Skinner
120. Probability and cause and Operant Reinforcement Theory
121. Probability and causation and Behaviorism
122. Probability and causation and Radical Behaviorism
123. Probability and causation and Behavior Analysis
124. Probability and causation and B. F. Skinner
125. Probability and causation and Skinner
126. Probability and causation and Operant Reinforcement Theory
127. Probability and causality and Behaviorism
128. Probability and causality and Radical Behaviorism
129. Probability and causality and Behavior Analysis
130. Probability and causality and B. F. Skinner
131. Probability and causality and Skinner
132. Probability and causality and Operant Reinforcement Theory
103
ANEXO II
104
Número do
artigo no
banco de
dados
Referências dos artigos
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77. Sant' Anna, R. C. (2001). Behaviorismo radical: o comportamento sob
uma perspectiva otimista. Sobre Comportamento e Cognição, 7, 94-97.
110
ANEXO III
111
112
ANEXO IV
113
Definições de determinismo por grupo classificatório12
Grupo 1
1) “Today the scientific conception of causation refers to events occurring 'as
function of' other events rather than in terms of 'A exerts a force on B'… It is a
mode [Radical behaviorism’s causal mode] that encompasses causation over time (life
history, experience) and has been compared with Darwinian mode of selection on
variation.” (Chiesa, 1992, p. 1289, 1291)
2) "... causalidad es sustituida por la descripción de relaciones funcionales
(Skinner, 1931)... En la década [del 60], introdujo la causalidad consecuencial como
primer modo causal por el cual el ambiente determina (selecciona) el comportamiento:
la selección por consecuencia... Este autor [Skinner] clasifica tres niveles de selección
por consecuencias: filogenéticas, ontogenéticas y culturales." (Bellesteros e Rey, 2001,
190)
3) "... causalidade passa a ser considerada como uma seqüência espaço-temporal entre
dois eventos. Entretanto, eventos contíguos não mantêm, necessariamente, relações
funcionais entre si (como por exemplo, sentimento e comportamento manifesto). Deste
modo, à análise do comportamento interessam eventos contingentes o que, em outros
termos, significa dizer que um evento produz outro." (Abreu, 1988, p. 135)
4) "... termos como causalidade, causa ou causação referem-se apenas às relações
funcionais entre eventos..." (Gongora e Abib, 2001, p. 10)
5) “A substituição de ‘relação de causa e efeito’ por ‘relação funcional’... implica na
consideração de que não há um único e simples determinante (‘causa’) para cada evento
(‘efeito’) e sim vários possíveis determinantes para um mesmo evento. É o que marca a
passagem de um determinismo absoluto (‘há uma causa’) para um determinismo apenas
12 Definições que possuem características de mais de um grupo estão transcritas na íntegra em todos os grupos de definições no quais pertencem. Em negrito encontram-se as partes das definições que apresentam as características dos respectivos grupo.
114
(?) probabilístico (onde encontramos vários possíveis e atuais ‘eventos ou condições’
determinando o comportamento).” (Botomé, 1982, p. 34)
6) "... noção de relação funcional como uma nova noção que substitua a noção de
causalidade mecânica, segundo a qual compreender envolve descobrir a força que
desencadeia o fenômeno... determinação que existe independentemente do
pesquisador. O ambiente age selecionando." (Michelleto, 2000, p.118, 120)
7) "... metaphysical determinism. This position holds that all events in the universe,
including organismic behavior, are the necessary outcome of antecedent conditions.
Nothing but the behavior that occurred could have occurred, given the antecedent causal
circumstances... Metaphysical determinism leaves no room for any self-determination in
the sense of free will... metaphysical probabilism typically assume that natural events
occur in a metaphysically chaotic or stochastic fashion, rather than a metaphysically
determined fashion. From this perspective, the unpredictability of behavioral events
results from an interaction between the nature of physical reality and our observational
techniques, rather than from flawed instrumentation alone... Scientific determinists
distinguish the results of their methods from metaphysical statements about reality.
They believe that the world is best studied through the careful application of the
scientific method. Accurate prediction can follow from this systematic study, as
historical trends are used to anticipate an organism's as yet unevoked responses.
However, these assumptions (e.g., predictability) are purely methodological for a
scientific determinist; they inhere in the scientific method and its use, and need not be
extended to reality itself... A fourth and final category of determinism concerns the
notion of functional interdependency... When this perspective [functional
interdependency] is applied to behavior analysis, the job of the radical behaviorist
is not to discover causation, but to describe functional relations occurring between
the organism and the environment... the traditional 'cause and effect' vocabulary
of science is abandoned within this view." (Slife & cols., 1999, p. 76, 77, 78, 84, 85.
87, 88, 89 and 92)
8) "... like Mach, Skinner employed the term 'cause' to mean nothing more than an
observed correlation between events" (Leigland, 1998, p. 429)
115
9) “Existe deux formes du déterminisme: le causalisme et le légalisme. Le principe de
causalité peut s'énoncer comme suit: - Tout phénomène a une cause où tout ce qui arrive
(ou commence à l'être) suppose avant lui quelque chose dont il résulte suivant une règle
- (Kant). Le légalisme est une doctrine formulée surtout par les positivistes, suivant
laquelle: la science doit se borner à l'établissement des lois (rapport constant entre
deux phénomènes) et abandonner la vaine recherche des causes.” (Vexliard, 1986,
p. 723)
Grupo 2
1) “... seleção pela conseqüência como um modelo de determinação do
comportamento.” (Machado e Ferrara, 1989, p. 140)
2) "A seleção por conseqüências como um novo modelo que permite compreender a
determinação do comportamento... A seleção por conseqüências envolve ambientes
selecionadores e um organismo que age. A determinação do ambiente não é mecânica, e
o organismo que age não é o iniciador... A seleção por conseqüências como um modelo
causal destaca o caráter processual e histórico do comportamento, um processo com
longas e diferentes extensões temporais, - da espécie, da vida do indivíduo e das práticas
culturais - que envolve uma análise histórica integrada dos três níveis em que a seleção
opera sobre o comportamento, tornando-o um objeto que se transforma como fruto de
várias determinações ambientais inter-relacionadas... Ação, variação e seleção e,
conseqüentemente, transformações são constitutivas dessa noção de determinação."
(Micheletto, 1997, p. 116, 120, 126, 127)
3) "Enquanto modelo de causalidade, a seleção por conseqüências opera sobre variações
pequenas e aleatórias que, por se mostrarem adaptativas, são selecionadas e
reproduzidas." (Andery, 1997, p. 197)
4) "Selection as a causal mode..." (Chiesa, 1998, p. 104)
5) “… a distinctive causal mode that he [Skinner] termed selection by consequences…
Even though the generation of variation, the process of selection, and the interaction of
variation and selection are all currently understood to be efficient causal process, it is
116
quite clear that selection processes are not mechanistic. Mechanistic systems are
governed solely by principles that make later states a function of temporally proximate
antecedent states. Selection principles make current states a function of specific past
consequences of still earlier states” (Ringen, 1993, p. 3, 8)
6) “... causalidad es sustituida por la descripcíon de relaciones funcionales (Skinner,
1931). En la década [del 60] , introdujo la causalidad consecuencial como primer
modo causal por el cual el ambiente determina (selecciona) el comportamiento: la
seleccíon por consecuencia... Este autor [Skinner] clasifica tres niveles de seleccíon
por consecuencias: filogenéticas, ontogenéticas y culturales.” (Bellesteros e Rey,
2001, 190)
7) “... noção de relação funcional como uma nova noção que substitua a noção de
causalidade mecânica, segundo a qual compreender envolve descobrir a força que
desencadeia o fenômeno... determinação que existe independentemente do
pesquisador. O ambiente age selecionando.” (Michelleto, 2000, p. 118, 120)
8) ... o modelo de seleção pelas conseqüências como uma maneira de compreender a
multideterminação do fenômeno comportamental... um modelo explicativo para o
comportamento humano que consistiria basicamente de dois processos complementares
(variação e seleção) que atuariam em três níveis distintos (filogênese, ontogênese e
práticas culturais)... O primeiro processo (variação) consistiria em uma tendência à
variabilidade e à mutação e a conseqüente coexistência de inúmeros padrões, acrescida,
ainda, do aparecimento regular de novos padrões (sejam eles caracteres de uma dada
espécie, classe de respostas operantes ou práticas culturais, respectivamente). O
segundo processo (seleção) envolveria uma espécie de triagem dos padrões existentes,
promovida pelo ambiente conseqüente (conseqüências de sobrevivência, no caso da
filogênese e das práticas culturais, e de reforçamento, no caso da ontogênese). Certos
padrões seriam mantidos, enquanto outros, declinariam de freqüência.." (Neto e
Tourinho, 1999, p. 48, 49)
9) "Selectionism is just a naturalistic explanation for complexity, and is fully compatible
with the assumption that there are no occult forces at work in nature." (Palmer, 1998, p.
95)
117
10) "... selectionism regards variability within classes of phenomena as fundamental,
whereas essentialism regards it as a misleading irrelevance." (Palmer & Donahoe, 1992,
p. 1346)
11) “Today the scientific conception of causation refers to events occurring 'as function
of' other events rather than in terms of 'A exerts a force on B'… It is a mode [Radical
behaviorism’s causal mode] that encompasses causation over time (life history,
experience) and has been compared with Darwinian mode of selection on
variation.” (Chiesa, 1992, p. 1289, 1291)
12) "... buscar os determinantes do comportamento é sinônimo do que tradicionalmente
tem sido chamado de buscar suas causas... o termo causa no estudo do comportamento,
deverá se referir exatamente aos processos de variação e seleção responsáveis pela
produção das histórias que originaram o evento comportamental." (Andery e Sério,
2001, p. 159, 163)
Grupo 3
1) "determinism, the view that the state of the world at any instant determines a unique
future and that knowledge of all the position of things and the prevailing natural forces
would permit an intelligence to predict the future state of the world with absolute
precision. This view was advanced by Laplace in the early nineteenth century; he was
inspired by Newton's success at integrating our physical knowledge of the world.
Contemporary determinists do not believe that Newtonian physics is the supreme
theory. Some do not even believe that all theories will someday be integrated into a
unified theory. They do believe that, for each event, no matter how precisely described,
there is some theory or system of laws such that the occurrence of that event under that
description is derivable from those laws together with information about the prior state
of the system (pp.196 - 197)'... the mechanical philosophy of determinism can be seen
as the consequences of idealizing the design of machines. These consequences were
then regarded as causes, not only of machines, but of everything in the universe"
(Moxley, 1997, p. 7, 22)
118
2) "Laplace (1814/1951) gave the classic formulation for scientific determinism: 'We
ought…to regard the present state of the universe as the effect of its anterior state and as
the cause of the one which it follows. Given for one instant an intelligence which could
comprehend all the forces by which nature is animated and the respective situation of
the beings who compose it - an intelligence sufficiently vast to submit these data to
analysis - it would embrace in the same formula the movement of the greatest bodies of
the universe and those of the lightest atom; for it, nothing would be uncertain and the
future, as the past, would be present to its eyes. (p.4)'." (Moxley, 1998, p. 85, 88)"
3) "The logical features of causality (necessary connection, succession, and
contiguity)… originated in classical mechanics." (Ribes-Iñesta, 1997, p. 619)
4) "As John Malone (1990) defines mechanism... Mechanism is the 'assumption that
explanations must not refer to outside agents, such as demons or life forces' (p.53). Put
another way, explanations of natural phenomena must not refer to supernatural agents,
that is, to agents outside of nature. As Malone (1990) notes, "this is what is meant by
determinism in science" (p.45)" (Morris, 1996, p. 26)
5) "Given for one instant an intelligence which could comprehend all the forces by
which nature is animated and the respective situation of the beings who compose it - an
intelligence sufficiently vast to submit these data to analysis - it would embrace in the
same formula the movement of the greatest bodies of the universe and those of the
lightest atom; for it, nothing would be uncertain and the future, as the past, would be
present to its eyes. (Laplace 1814/1951, p.4)" (Moxley, 1999, p. 100)
6) “Scientific determinism… Was given a classic formulation by Laplace: ‘We ought…
To regard the present state of the universe as the effect of its anterior state and as the
cause of the one which is to follow. Given for one instance an intelligence which could
comprehend all the forces by which nature is animated and the respective situation of
the beings who compose it – an intelligence sufficiently vast to submit these data to
analysis – it would embrace in the same formula the movement of the greatest bodies of
the universe and those of the lightest atom; for it, nothing would be uncertain and the
future, as the past, would be present to its eyes.’ (1814/1951, p.4). Popper (1982)
presented this scientific determinism… ‘The intuitive idea of determinism may be
119
summed up by saying that the world is like a motion-picture film: The picture or still
which is just being projected is the present. Those parts of the film which have already
been shown constitute the past. And those which have not yet been shown constitute the
future. In the film, the future co-exists with the past; and the future is fixed, in exactly
the same sense as the past.’ (p.5, also cf. pp. Xx-6)” (Moxley, 1996, 294, 295)
7) “The jack-in-the-box conception is mechanistic (although a simplistic one)… In these
caricatures, pulling the proper string for the puppet or pressing the ‘open’ button for the
jack-in-the-box is treated as analogous to an eliciting stimulus for a response…
mechanistic accounts are not generally simplistic. A sophisticated mechanistic approach
recognizes the contextual dependence of phenomena including the ‘meaning’ of
behavior” (Shull and Lawrence, 1993, p. 241)
8) “In mechanism… The goal of the scientist is to discover the laws of how the world
works – laws that are presumed to be extant things and relations independent of the
scientist.” (Barnes and Roche, 1994, p. 165)
9) “Mechanism’s root metaphor, in turn, is the machine and its parts. Its theory of truth
is a causal-adjustment version of correspondence, for instance, the correspondence of
theories about nature with facts and evidence thereof, usually as predictions deduced
from hypotheses to data.” (Morris, 1997, p. 531)
10) “… ‘pure Mechanism is (a) a single kind of stuff, all of whose parts are exactly
alike except for differences of position and motion; (b) a single fundamental kind of
change, viz., change of position [horizontal ellipsis] (c) a single elementary causal law,
according to which particles influence each other by pairs; and (d) a single and simple
principle of composition, according to which the behavior of any aggregate of particles
[horizontal ellipsis] follows in a uniform way from the mutual influences of the
constituent particles taken by pairs’… Particles are like points. The fundamental relation
is between two particles, like a line connecting two points. In addition, causal relations
were necessary relations like the necessary relations in Euclidean proofs… The essence
of mechanical explanation in fact is to regard the future and the past as calculable
functions of the present, and thus to claim that all is given… Mechanical or
deterministic relation…” (Moxley, 1992, p. 13.., 13..)
120
11) “According to the mechanistic world view… As for causation, the elements are said
to act on one another as do physical forces, the results of which are chain-like
connection between, or sequences of, stimuli and responses. Causation flows from
stimulus to response in a manner that is immediate, contiguous, and efficient. The truth
criterion of these causal mechanisms is correspondence: Given that knowledge in
mechanism is knowledge about the nature of a realist ontology, the truth of that
knowledge is found in the correspondences across domains of the activity of the
machine or in predictions between what is said about machines (e.g. hypothesis) and
how the machine operates (e.g. confirmations).” (Morris, 1988, p. 299)
12) “A world of necessarily collected phenomena.” (Scharff, 1982, p. 48)
13) "And determinism is the thesis that every item of behavior is an instance of a causal
law...by a causal law I mean a true statement to the effect that whenever conditions of
kind F occur, conditions of kind G invariably occur." (Vorsteg, 1974, p. 109 and 110)
14) "Determinism is the thesis that, given the conditions surrounding an event, nothing
else but it could happen. Scientific determinism is the belief that whatever happens has
physically determined causes and is the predictable result of these causes." (Fraley,
1994, p. 71)
15) "... todo proceso natural está absoluta y cuantitativamente determinado, al menos
por la totalidad de circunstancias o condiciones físicas que acompañan su aparición.
Este postulado, que há sido llamado principio de la causalidad..." (Arroyo, 1989, p. 468)
16) “… the belief that everything in the universe is governed by causal laws, that for
everything that happens there are conditions such that (given those conditions) nothing
else could have happened.” (Greene, 1972, p. 147)
17) "... metaphysical determinism. This position holds that all events in the
universe, including organismic behavior, are the necessary outcome of antecedent
conditions. Nothing but the behavior that occurred could have occurred, given the
antecedent causal circumstances... Metaphysical determinism leaves no room for
any self-determination in the sense of free will... metaphysical probabilism typically
121
assume that natural events occur in a metaphysically chaotic or stochastic fashion,
rather than a metaphysically determined fashion. From this perspective, the
unpredictability of behavioral events results from an interaction between the nature of
physical reality and our observational techniques, rather than from flawed
instrumentation alone... Scientific determinists distinguish the results of their methods
from metaphysical statements about reality. They believe that the world is best studied
through the careful application of the scientific method. Accurate prediction can follow
from this systematic study, as historical trends are used to anticipate an organism's as
yet unevoked responses. However, these assumptions (e.g., predictability) are purely
methodological for a scientific determinist; they inhere in the scientific method and its
use, and need not be extended to reality itself... A fourth and final category of
determinism concerns the notion of functional interdependency... When this perspective
[functional interdependency] is applied to behavior analysis, the job of the radical
behaviorist is not to discover causation, but to describe functional relations occurring
between the organism and the environment... the traditional 'cause and effect'
vocabulary of science is abandoned within this view." (Slife & cols., 1999, p. 76, 77,
78, 84, 85. 87, 88, 89 and 92)
18) "... 'scientific determinism' - the only variety of determinism considered here - ... On
Popper's analysis: It is characteristic of all forms of the deterministic doctrine that every
event in the world is predetermined: if at least one (future) event is not predetermined,
determinism is to be rejected, and indeterminism is true. In terms of what I call
'scientific determinism', this means that if at least one future event in the world could
not in principle be predicted by way of calculation from natural laws and data
concerning the present or the past state of the world, then 'scientific' determinism would
have to be rejected... (Moxley, 1996, p. 160)
19) “No caso do mecanicismo, prevalece a idéia de que as partes ou as peças da
engrenagem têm significado em si mesmas ou em pequenos conjuntos possíveis numa
análise singular. Nesse sentido, a idéia de simples justaposição, contigüidade ou
associação de estímulos ou de estímulos e respostas, representaria seguramente uma
espécie de mecanicismo que leva a uma compreensão parcial, dicotomizada e
incompleta do comportamento humano.” (Carrara, 2001, p. 235)
122
20) “This is what ‘causes’ come down to – they are predictating meanings that endow
our descriptive accounts with ‘this’ or ‘that’ form of explanation… The material-cause
predication explains things on the basis of the impetus that shapes them or moves
events about. Billiard-ball causation is efficient causation. Formal-cause predication
explains things based on the pattern that they take on as a total essence (which includes
mathematics). And final-cause predication explains things based on the intention to
attain some presumed end, ‘a that, for the sake of which’ something exists or takes
place. Final causation encompasses formal causation, because the ‘that’ (reason,
purpose) which frames the ensuing intention is a formal cause (plan, strategy, goal,
etc.).” (Rychlak, 1992, p. 349)
Grupo 4
1) "... metaphysical determinism. This position holds that all events in the universe,
including organismic behavior, are the necessary outcome of antecedent conditions.
Nothing but the behavior that occurred could have occurred, given the antecedent causal
circumstances... Metaphysical determinism leaves no room for any self-determination in
the sense of free will... metaphysical probabilism typically assume that natural events
occur in a metaphysically chaotic or stochastic fashion, rather than a metaphysically
determined fashion. From this perspective, the unpredictability of behavioral events
results from an interaction between the nature of physical reality and our observational
techniques, rather than from flawed instrumentation alone... Scientific determinists
distinguish the results of their methods from metaphysical statements about
reality. They believe that the world is best studied through the careful application
of the scientific method. Accurate prediction can follow from this systematic study,
as historical trends are used to anticipate an organism's as yet unevoked responses.
However, these assumptions (e.g., predictability) are purely methodological for a
scientific determinist; they inhere in the scientific method and its use, and need not
be extended to reality itself... A fourth and final category of determinism concerns
the notion of functional interdependency... When this perspective [functional
interdependency] is applied to behavior analysis, the job of the radical behaviorist is not
to discover causation, but to describe functional relations occurring between the
organism and the environment... the traditional 'cause and effect' vocabulary of science
123
is abandoned within this view." (Slife & cols., 1999, p. 76, 77, 78, 84, 85. 87, 88, 89
and 92)
2) "...methodological determinism as a perspective that focuses their efforts on
uncovering regularities in nature... However, methodological determinism states only
that laws are worth looking for here, not that they surely exist here, and surely not that
they necessarily exist always and everywhere' (Kaplan, 1964, p. 124)." (Baldwin, 1988,
p.120)
Grupo 5
1) “… I label behavioral determinism, as the consideration of ‘behavior… as a subject
matter in its own right’ (Skinner, 1987, p. 780)” (Kendler, 1988, p. 822)
2) "Modern biologists distinguish between two models of causation for living systems:
proximate and ultimate causation... Proximate causation answers 'how' questions. For
example, how do biological traits occur? It yields microexplanations to questions such
as how DNA programs are transformed into proteins and how cells, behaviors, and
organisms become distinguished by differing structures as wings, flippers, or arms.
Proximate causation is the domain of functional biology, and its causes are independent
of evolutionary contingencies. Ultimate causation answers questions of why or 'how
come?' For example, why does the DNA program in bats call for wings located
anatomically where in dolphins it calls for flippers and in humans it calls for arms?
Using the evolutionary model, it yields macroexplanations to "how come?" questions by
describing the processes by which the traits (analyzed by the sciences of proximate
causation) evolved." (Alessi, 1992, p. 1359, 1360)
3) “Determinism is an ontological assumption when it refers to the nature of cause-
effect relations and is an epistemological assumption when it refers to explanation.
Epistemologically, it is a denial of final and chance causality, but it does not require
denial of the nonmaterial antecedents assumed in theological mechanism and in
versions of ‘objective idealism’ in which the telos is conceptualized as the beginning as
well as the end…” (Reese, 1993, p. 68, 69)
124
4) “A rationally defensible conception of causality must begin with the concept of
entity. Only entities act; only entities move; only entities change. H.W.B. Joseph writes:
‘a cause is a thing acting’ (1906, p. 426). All actions are the actions of something, that
is, of some particular entity. To be particular means to posses specific attributes and
characteristics, to have a specific nature or identity. The recognition of the fact that
things have a specific nature, that things are what they are, is formulated in the logic as
the Law of Identity… ‘The law of causality is the law of identity applied to action. All
actions are caused by entities. The nature of an action is caused and determined by the
nature of the entities that act; a thing cannot act in contradiction to its nature’…”
(Locke, 1972, p. 178, 179)
5) "Causal knowledge, from a philosophical standpoint, is simply knowledge of the
pattern of events, nothing more." (Hayes et. al., 1996, p. 109)
125
ANEXO V
126
Autores No de artigos
Alessandra Salina 1
Alexandre Vexliard 1
Allen Neuringer 1
Amanda Rey 1
Ana Roberta Prado Montanher 1
Andrew C. Theophanus 1
Barnt Williams 1
Blanca Patricia Ballesteros 1
Brent D. Slife 1
Bruce N. Waller 1
Bryan Roche 1
D. A. Begelman 1
David W. Schaal 1
Dennis J. Delprato 1
Dermot Barnes 1
Edward G. Carr 1
Edwin A. Locke 1
Elisa Tavares Sanabio 1
Emmanuel Zagury Tourinho 1
Galen Alessi 1
Hayne W. Reese 1
Howard H. Kendler 1
J. E. R. Staddon 1
J. L. Prieto Arroyo 1
Jack Marr 1
John A. Nevin 1
John D. Baldwin 1
John W. Donahoe 1
José Antônio Damásio Abib 1
Joseph F. Rychlak 1
Judith L. Scharff 1
Kester Carrara 1
127
Laura Abdalla Cavalcanti 1
Lawrence E. Fraley 1
Lawrence M. Hinman 1
Lígia Maria de Castro M. Machado 1
Linda J. Hayes 1
M. Jackson Marr 1
Maria Helena Leite Hunziker 1
Maria Lúcia Dantas Ferrara 1
Mark A. Adams 1
Mark R. Dixon 1
Maura Alves Nunes Gongora 1
Maxine Greene 1
P. Scott Lawrence 1
Richard L. Shull 1
Robert E. Lana 1
Robert Epstein 1
Robert H. Vorsteg 1
Rodolfo Carbonari Sant' Anna 1
Roosevelt R. Starling 1
Sam Leigland 1
Silvio Paulo Botomé 1
Stephen C. Yanchar 1
Theodore Mischel 1
Timothy D. Hackenberg 1
Vicki L. Lee 1
W. Teed Rockwell 1
128
ANEXO VI
129
Relações Número dos textos no banco de dados
Afastamento do
mecanicismo
1, 3, 11, 12, 14, 15, 17, 18, 19, 25, 26, 28, 29, 31, 36, 37, 38,
39, 42, 43, 46, 47, 48, 49, 52, 53, 54, 56, 57, 58, 59, 69, 72, 75
Aproximação do
mecanicismo 16, 34, 35, 37, 40, 41, 47, 52, 53, 55, 58
Causas externas 2, 8, 10, 44, 51, 62, 64, 66, 67, 68 , 69, 76
Afastamento da
teleologia 24, 25, 26, 48, 55, 64
Diferentes níveis
de determinação 1, 9, 20, 22, 23, 24, 25, 26, 27, 53, 62, 70, 77
Negação do
determinismo 3, 5, 11, 13, 14, 18, 28, 33, 36, 39, 50,
Afirmação do
determinismo 6, 7, 8, 12, 27, 30, 32, 50, 51, 60, 61, 65, 71, 73
130
ANEXO VII
131
Obras de Skinner e ano de publicação original Número de vezes referenciadas
An operant analysis of problem solving (1966) 8
A case history in scientific method (1956) 8
Some thoughts about the future (1986) 8
Two types of conditioned reflex and a pseudo type
(1935)
8
Answers for my critics (1973) 8
Particulars of my life (1976) 8
Notebooks (1980) 7
Some consequences of selection [Response to
comments on the article “Selection by
Consequences”] (1984)
7
The evolution of behavior (1984) 7
The experimental analysis of operant behavior
(1977)
7
Why I am not a cognitive psychologist (1977) 7
The technology of teaching (1968) 6
What is psychotic behavior? (1956) 6
The origins of cognitive thought (1989) 6
The evolution of verbal behavior (1986) 6
Outlining a science of feeling (1987) 6
The problem of consciousness: A debate.
(response to Blanchard) (1967)
5
Are we free to have a future? (1973) 5
Cognitive science and behaviorism (1985) 5
The initiating self (1989) 5
Enjoy old age: A program of self management
(1983)
4
To know the future (1990) 4
The machine that is man (1969) 4
The behavior of the listener (1989) 4
Herrnstein and the evolution of behaviorism
(1977)
4
132
A lecture on “having” a poem (1972) 4
The role of the environment (1968) 4
The flight from the laboratory (1959) 4
Reflections on behaviorism and society (1978) 4
Laurence D. Smith [Review of Behaviorism and
Logical Positivism: A reassessment of the alliance]
(1987)
3
Some issues concerning the control of human
behavior: A symposium (1956)
3
A critique of psychoanalytic concepts and theories
(1954)
3
What is the experimental analysis of behavior?
(1966)
3
Genes and behavior (1988) 3
The rate of establishment of a discrimination
(1933)
3
Drive and reflex strength II (1932) 3
The verbal summator and a method for the study
of latent speech (1936)
3
The experimental analysis of behavior (1957) 3
Freedom and the control of men (1955) 3
Recent issues in the analysis of behavior (1989) 3
How to discover what you have to say - A talk to
students (1981)
3
Superstition in the pigeon (1948) 3
Humanism and behaviorism (1972) 3
Creating the creative artist (1970) 2
Has Gertrude Stein a secret? (1934) 2
News from nowhere, 1984 (1985) 2
Is it behaviorism? (1986) 2
Cumulative Record (1999) 2
Interview with B. F. Skinner (1979). Behaviorism
for Social Actions Journal
2
133
Interview with B. F. Skinner (1979) 2
Contingencies of reinforcement in the design of
culture (1966)
2
B. F. Skinner… An autobiography (1967) 2
Concept formation in philosophy and psychology
(1960)
2
Canonical papers of B. F. Skinner (1984) 2
Some contributions of an experimental analysis of
behavior to psychology as a whole (1953)
2
The shaping of phylogenic behavior (1975) 2
On the conditions of elicitation of certain eating
reflexes (1930)
2
The design of cultures (1961) 2
Signs and countersigns (1988) 2
A quantitative estimate of certain types of sound-
patterning in poetry (1941)
2
A second type of “superstition” in the pigeon
(1957)
1
A review of “Stochastic models for learning” of
Bush and Mosteller (1956)
1
A thinking aid (1987) 1
A world of our own (tape recording made by the
author - 1989)
1
Cumulative Record (1975) 1
B. F. Skinner says what’s wrong with the social
sciences (1971)
1
Cumulative Record (1972) 1
Behaviorism, Skinner on (1987) 1
Critique of psychoanalytic concepts and theories
(1954)
1
Between Freedom and Despotism (1977) 1
Contingency management in the classroom (1969) 1
B. F. Skinner: The man and his ideas (1968) 1
134
Can the experimental analysis of behavior rescue
psychology? (1983)
1
A new preface to Beyond Freedom and Dignity
(1989)
1
The shame of American Education (1984) 1
Programmed instruction revisited (1986) 1
The contrived reinforcement (1982) 1
The creative student (1968) 1
The distribution of associated words (1937) 1
The ethics of helping people (1975) 1
The force of coincidence (1977) 1
The analysis of behavior: A program for self-
instruction (1961)
1
The operant side of behavior therapy (1988) 1
The Alliteration in Shakespeare’s Sonnets: A study
in Literary Behavior (1939)
1
The steep and thorny way to a science of behavior
(1975)
1
Visions of utopia (1967) 1
Walden (One) and Walden Two (1973) 1
What ever happened to psychology as the science
of behavior? (1987)
1
What is wrong with the daily life in the western
world? (1986)
1
Why I am not acting to save the world (1987) 1
Why we are not acting to save the world (1987) 1
The nature of the operant reserve (1940) 1
“Self – awareness” in the pigeon (1981) 1
Freedom and dignity revisited (1972) 1
Handwriting with write and see (1968) 1
Intellectual self-management in old age (1983) 1
Interview (1967) 1
Interview: I have been misunderstood (1972) 1
135
Methods and theories in the experimental analysis
of behavior (1984)
1
The books that have been most important… (1986) 1
Preface to the behavior of organisms (Seventh
Printing) (1966)
1
Experimental psychology (1947) 1
Psychology: A behavioral reinterpretation – “Man”
(1964)
1
Why we need teaching machines (1961) 1
Resurgence of responding after the cessation of
response-independent reinforcement (1980)
1
Schedules of Reinforcement (1957) 1
Some relations between behavior modification and
basic research (1972)
1
Some responses to the stimulus 'Pavlov' (1966) 1
Teaching thinking (1968) 1
On the rate of formation of a conditioned reflex
(1932)
1
136