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 CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – TEORIA, EXERCÍCIOS E DISCURSIVAS – TCU PROFESSORES: FREDERICO DIAS E JEAN CLAUDE 1 www.pontodosconcursos.com.br Aula 1 - Poder Constituinte. Emenda, Reforma e Revisão Constitucional. Aplicabilidade das normas constitucionais. Interpretação constitucional. Bom dia! Seja bem-vindo à primeira aula do nosso curso. Iniciaremos, hoje, um curso de revisão dos principais aspectos do Direito Constitucional relacionados ao edital do concurso de Auditor Federal de Controle Externo do Tribunal de Contas da União. Realizaremos essa breve revisão a partir dos principais tópicos de teoria e complementaremos com recentes questões do Cespe. Ao final, temos certeza, você estará atualizadíssimo nos assuntos que têm sido cobrados pelos atuais examinadores dessa banca. Por fim, como o TCU não exige só isso, você poderá se preparar para a prova discursiva por meio do envio de três redações para a nossa correção. A primeira delas poderá ser enviada logo após a Aula 3. Na aula de hoje, trataremos principalmente do assunto “Poder constituinte e reforma da Constituição” (mas não só disso). Isso é o mais interessante do Direito Constitucional! Vejam como os assuntos estão interligados. Na primeira aula, vimos que nossa Constituição é rígida, mas não imutável, certo? Naquela ocasião, talvez não seja o seu caso, mas um aluno iniciante pode ter pensado: ok... sei que, por ser rígida, a CF/88 é alterada por um procedimento mais custoso que o exigido para as demais leis, mas como é esse procedimento? Quem está habilitado a propor essa alteração? Quais os assuntos não podem ser suprimidos, mesmo por emenda constitucional? Pode o poder judiciário fiscalizar a regularidade desse procedimento de alteração da Constituição? É disso que vamos falar hoje. Logo a seguir, vamos abordar dois assuntos relacionados à teoria do Direito Constitucional: Aplicabilidade das normas constitucionais e Interpret ação Constitucional. Assim, dê uma olhada no programa da nossa aula de hoje. 1 – Poder Constituinte 1.1 - Espécies 1.2 Limitações do Poder Constituinte Derivado 2 – Modificação da Constituição Federal de 1988. Reforma, revisão e emenda constitucional 3 – Entrada em vigor de uma nova Constituição 4 – Aplicabilidade das normas constitucionais 4.1 – Normas de eficácia plena 4.2 – Normas de eficácia contida

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Aula 1 - Poder Constituinte. Emenda, Reforma e Reviso Constitucional. Aplicabilidade das normas constitucionais. Interpretao constitucional. Bom dia! Seja bem-vindo primeira aula do nosso curso. Iniciaremos, hoje, um curso de reviso dos principais aspectos do Direito Constitucional relacionados ao edital do concurso de Auditor Federal de Controle Externo do Tribunal de Contas da Unio. Realizaremos essa breve reviso a partir dos principais tpicos de teoria e complementaremos com recentes questes do Cespe. Ao final, temos certeza, voc estar atualizadssimo nos assuntos que tm sido cobrados pelos atuais examinadores dessa banca. Por fim, como o TCU no exige s isso, voc poder se preparar para a prova discursiva por meio do envio de trs redaes para a nossa correo. A primeira delas poder ser enviada logo aps a Aula 3. Na aula de hoje, trataremos principalmente do assunto Poder constituinte e reforma da Constituio (mas no s disso). Isso o mais interessante do Direito Constitucional! Vejam como os assuntos esto interligados. Na primeira aula, vimos que nossa Constituio rgida, mas no imutvel, certo? Naquela ocasio, talvez no seja o seu caso, mas um aluno iniciante pode ter pensado: ok... sei que, por ser rgida, a CF/88 alterada por um procedimento mais custoso que o exigido para as demais leis, mas como esse procedimento? Quem est habilitado a propor essa alterao? Quais os assuntos no podem ser suprimidos, mesmo por emenda constitucional? Pode o poder judicirio fiscalizar a regularidade desse procedimento de alterao da Constituio? disso que vamos falar hoje. Logo a seguir, vamos abordar dois assuntos relacionados teoria do Direito Constitucional: Aplicabilidade das normas constitucionais e Interpretao Constitucional. Assim, d uma olhada no programa da nossa aula de hoje.1 Poder Constituinte 1.1 - Espcies 1.2 Limitaes do Poder Constituinte Derivado 2 Modificao da Constituio Federal de 1988. Reforma, reviso e emenda constitucional 3 Entrada em vigor de uma nova Constituio 4 Aplicabilidade das normas constitucionais 4.1 Normas de eficcia plena 4.2 Normas de eficcia contida

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4.3 Normas de eficcia limitada 5 Interpretao constitucional 5.1 Princpios de Interpretao 5.2 Mtodos de Interpretao 6 Exerccios de Fixao

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Ento, boa aula! 1 Poder Constituinte O Poder Constituinte o poder de elaborar ou atualizar uma Constituio. A teoria do poder constituinte foi desenvolvida pelo abade francs Emanuel Seys, em sua obra O que o Terceiro Estado, que apontava como seu titular a nao. Antes disso, o exerccio do poder pelas monarquias europias era justificado pelo Direito divino e pela hereditariedade. Deus era o titular do poder e o exercia por meio de seu representante na terra (rei ou monarca). Ao passar dos anos, esse exerccio do poder era transmitido aos sucessores de sangue do rei ou monarca. Isso foi superado com a ascenso da burguesia e o crescimento do iluminismo. Da a importncia de Sieys e a teoria (mais racional) do Poder Constituinte naquele momento. Apesar disso, modernamente, pacfico o entendimento de que o titular do poder constituinte o povo. Isso importante, pois bastante cobrado pelas bancas: Titular do Poder Constituinte POVO Interessante observar que, como vimos na Aula demonstrativa, nossa Constituio estabelece que todo o poder emana do povo (CF, art. 1, pargrafo nico), no o Estado, no a nao. Pois bem, o povo o titular do poder constituinte, mas seu exerccio se d de forma democrtica (poder constituinte legtimo) ou autocrtica (poder constituinte usurpado). 1.1 - Espcies Tradicionalmente, o poder constituinte segmenta-se em originrio e derivado. O poder constituinte originrio o poder de elaborar uma Constituio. Podemos dizer que ele se manifesta em dois momentos distintos: na formao de um novo Estado (quando elaborada a primeira Constituio), ou, em um Estado j existente, quando ocorre uma ruptura da ordem jurdica, sendo uma Constituio substituda por outra nova. O poder constituinte originrio tem por caractersticas ser um poder poltico, inicial, autnomo, incondicionado e permanente. Guarde a distino entre esses conceitos. 2www.pontodosconcursos.com.br

um poder poltico (e no jurdico), porque antecede o Direito.

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um poder inicial porque a sua obra, que a Constituio, a base da ordem jurdica. um poder autnomo ou ilimitado porque no est limitado pelo direito anterior, isto , no tem que respeitar os limites estabelecidos pelo direito positivo antecessor, podendo, at mesmo, desrespeitar direito adquirido e clusulas ptreas existentes no regime anterior. incondicionado porque no est sujeito a qualquer forma prefixada para manifestar sua vontade. Enfim, o poder constituinte originrio no tem que obedecer a qualquer forma ou procedimento prdeterminado para realizar a sua obra de elaborao de uma nova Constituio. Ademais, o poder constituinte originrio permanente porque no desaparece, no se esgota com a realizao de sua obra, isto , com a elaborao da nova Constituio. Elaborada a nova Constituio, o poder constituinte permanece latente, podendo manifestar-se posteriormente, mediante uma nova Assemblia Constituinte ou um novo ato revolucionrio. Com esses detalhes, voc tem de ter em mente que no h limites para o poder constituinte originrio. Em outras palavras, as normas constitucionais originrias no respeitam qualquer norma ou procedimento. Em decorrncia disso, destaca-se uma importante concluso: no h controle de constitucionalidade quanto s normas originrias da CF/88. Vale mencionar que h doutrinadores, que defendem que haveria limitaes de ordem supranacional atuao do poder constituinte originrio. Ou seja, no mbito do direito internacional no seria admissvel uma nova Constituio que desrespeitasse normas bsicas de direitos humanos, por exemplo. H quem sustente ainda a existncia de outros limites, de ordem natural (valores ticos superiores), como o alemo Otto Bachoff, ou de ordem lgica (no seria admitida a extino do Estado, por exemplo). Mas no o que predomina no Brasil: podemos dizer que, no Brasil, inexistem limitaes ao poder constituinte originrio. Veja essas questes: 1. (CESPE/PROCURADOR/TCE-ES/2009) No tocante ao poder constituinte originrio, o Brasil adotou a corrente positivista, de modo que o referido poder se revela ilimitado, apresentando natureza prjurdica. O Brasil adotou a corrente positivista. Para o positivismo, o Poder Constituinte Originrio no sofre limitaes, uma vez que a ordem jurdica nasce com ele, no antes dele. Ou seja, no h normas jurdicas anteriores a estabelecer limites para sua atuao. Da o fato de ser 3www.pontodosconcursos.com.br

classificado como um poder poltico ou pr-jurdico, ao contrrio do Poder Constituinte Derivado, classificado como jurdico. Numa viso oposta, a corrente jusnaturalista defendia a existncia de normas de direito natural limitando a atuao do Poder Constituinte Originrio. Item certo. 2. (CESPE/DELEGADO DE POLCIA CIVIL SUBSTITUTO/PCRN/2009) O carter ilimitado do poder constituinte originrio deve ser entendido em termos, pois haver limitaes, por exemplo, de ndole religiosa e cultural. O Cespe considerou certo esse enunciado. Como vimos, a discusso sobre a existncia ou no de limites ao poder constituinte originrio est relacionada com a distino entre a doutrina jusnaturalista e a doutrina positivista. Assim, trazendo esse enunciado especificamente para o caso brasileiro, cremos que ele no estaria correto (como vimos na questo anterior, mais recente). Todavia, em outros ordenamentos, admite-se a imposio de limites atuao do poder constituinte originrio. Talvez, por no se referir especificamente ao poder constituinte no Brasil, o Cespe tenha considerado o enunciado correto. Item certo. 3. (CESPE/PROCURADOR/TCE-ES/2009) As normas produzidas pelo poder constituinte originrio so passveis de controle concentrado e difuso de constitucionalidade. O poder constituinte originrio autnomo, ilimitado, no deve respeito ordem jurdica anterior. Como um poder pr-jurdico, no h normas jurdicas anteriores a serem respeitadas. Nesse sentido, no h que se falar em controle de constitucionalidade de normas originrias. Item errado. Para finalizar os comentrios a respeito do poder constituinte originrio, vale a pena aprofundar num detalhe que o Cespe j cobrou: a distino entre poder constituinte material e poder constituinte formal. Para dividirmos esses conceitos, voc deve distinguir dois momentos na elaborao de uma Constituio: (i) a ideia, a concepo de uma nova ordem constitucional; e (ii) a formalizao do texto escrito da Constituio. Em outras palavras, primeiro concebe-se uma nova Constituio, tratase ainda de uma ideia (uma deciso poltica, que constitui o poder constituinte material). Posteriormente, elabora-se o texto da Constituio propriamente dito (consubstanciando do poder 4www.pontodosconcursos.com.br

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constituinte formal). Assim, define-se o que constitucional (poder constituinte material); logo a seguir, atribui-se juridicidade constitucional a essa escolha (poder constituinte formal). Tratemos agora da outra espcie: o poder constituinte derivado. O poder constituinte derivado (secundrio, institudo, constitudo, ou de segundo grau) est previsto no texto da prpria Constituio, resultando da vontade do poder constituinte originrio. Vale dizer, ele derivado do poder constituinte originrio, pois foi criado por este poder, deriva desse poder. O poder constituinte derivado tem por caractersticas ser um poder jurdico, derivado, subordinado e condicionado. um poder jurdico (ao contrrio do originrio, que poltico), pois integra o direito positivo, isto , est presente no texto da prpria Constituio. derivado porque retira sua fora do poder constituinte originrio. subordinado porque se encontra limitado pelas normas expressas e implcitas presentes na Constituio Federal, normas essas que no poder contrariar, sob pena de inconstitucionalidade de sua conduta. condicionado porque seu exerccio deve obedecer fielmente s regras previamente estabelecidas no texto da Constituio Federal. Pois bem, por um lado, o poder constituinte originrio no sofre limitaes, da se dizer que no h controle de constitucionalidade da sua obra: as normas originrias. Ao contrrio, o poder constituinte derivado sofre sim limitaes, procedimentais e materiais; e, por isso, h controle de constitucionalidade de sua obra (as normas constitucionais decorrentes de emenda constitucional). Mas o assunto no se esgota a. O poder constituinte derivado segmenta-se em: poder constituinte reformador e poder constituinte decorrente. O poder constituinte derivado reformador o competente para modificar o texto da Constituio Federal, respeitando-se o regramento estabelecido pela prpria Constituio. Na Constituio Federal de 1988, ele exercido pelo Congresso Nacional, na forma do artigo 60 da Constituio (processo de emenda) e do art. 3 do Ato das Disposies Constitucionais Transitrias ADCT (processo de reviso constitucional). Alguns autores classificam esta ltima espcie de poder constituinte derivado revisor. Fique tranquilo, pois esse assunto (a diferena entre esses procedimentos) ser mais bem detalhado logo a seguir. O poder constituinte derivado decorrente a competncia que tm os estados-membros, em virtude de sua autonomia poltico-administrativa, de elaborar suas prprias Constituies. Mesmo nesse caso, o exerccio 5www.pontodosconcursos.com.br

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do poder constituinte derivado est sujeito a diversas limitaes como se detalha no prximo item da aula. Aqui, acho melhor fazermos uma pausa para sintetizar tudo que j foi falado. Sintetizando:

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Vejamos mais questes do Cespe sobre isso. 4. (CESPE/ANALISTA JUDICIRIO/REA ADMINISTRATIVA/STJ/2008) O poder constituinte derivado decorrente consiste na possibilidade que os estados-membros tm, em virtude de sua autonomia polticoadministrativa, de se autoorganizarem por meio das respectivas constituies estaduais, sempre respeitando as regras estabelecidas pela CF. Como comentado, o poder constituinte derivado divide-se em (1) reformador e (2) decorrente. Esse ltimo realmente relaciona-se com a elaborao de Constituies estaduais por parte dos estados-membros. E realmente esse poder est limitado por regras estabelecidas pela CF/88. Item certo. 5. (CESPE/TCNICO DE NVEL SUPERIOR/MDS/2008) O poder constituinte decorrente subordina-se s limitaes que o rgo investido de funes constituintes primrias ou originrias estabeleceu no texto da CF. 6www.pontodosconcursos.com.br

O poder constituinte decorrente derivado, condicionado e est sujeito s limitaes estabelecidas pelo poder constituinte originrio. Inclusive, essa necessidade de respeito s normas da Carta Cidad est expressa no art. 25 da CF/88: Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituies e leis que adotarem, observados os princpios desta Constituio. Item certo. 1.2 Limitaes do Poder Constituinte Derivado Como vimos, o poder constituinte derivado criado pelo poder constituinte originrio e est sujeito a limitaes tanto de ordem formal (procedimental), quanto de ordem material. Podemos classificar essas limitaes em quatro grupos: a) temporais - quando a Constituio estabelece um perodo durante o qual o seu texto no pode ser modificado. importante ter em mente que no temos limitaes desta natureza na Constituio Federal de 1988; b) circunstanciais - quando a Constituio veda a sua modificao durante certas circunstncias excepcionais, em ocasies extraordinrias (a CF/88 prev limitaes circunstanciais, ao proibir a aprovao de emendas durante a vigncia de estado de defesa, estado de stio e interveno federal art. 60, 1); c) processuais ou formais - quando a Constituio estabelece um determinado procedimento para o processo legislativo de sua modificao. Na aula demonstrativa, relembramos a classificao da nossa Constituio como rgida, exatamente porque esse procedimento mais difcil do que aquele estabelecido para a elaborao das demais normas infraconstitucionais (art. 60, incisos I, II e III e 2, 3 e 5); d) materiais - quando a Constituio enumera certas matrias que no podero ser abolidas do seu texto pelo reformador. Na Constituio Federal de 1988, temos limitaes materiais expressas ou explcitas e limitaes materiais implcitas ou tcitas. As limitaes materiais expressas ou explcitas esto previstas no 4 do art. 60 da Constituio, e so as chamadas clusulas ptreas expressas. Ou seja, temas importantes da nossa Repblica que no podem ser abolidos por emenda. Logo a seguir veremos exatamente quais so essas clusulas ptreas. As limitaes materiais implcitas ou tcitas so aquelas que impedem a alterao da titularidade do poder constituinte originrio, a alterao da titularidade do poder constituinte derivado e alteraes ao procedimento estabelecido na Constituio para a modificao do seu texto. Como o nome j enuncia, elas no decorrem de norma expressa 7www.pontodosconcursos.com.br

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da Constituio, jurisprudencial. Sintetizando:

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mas

sim

de

desenvolvimento

doutrinrio

e

Bem, mas para fazer as questes do Cespe no basta saber isso. Voc tem de conhecer quais so essas limitaes; ou seja, conhecer o procedimento de reforma, as clusulas ptreas, o processo de reviso constitucional etc. Veremos todos esses detalhes no tpico seguinte. 2 Modificao da Constituio Federal de 1988. Reforma, reviso e emenda constitucional A Constituio constitucional. alterada por mutao, reviso e emenda

A mutao constitucional o fenmeno que se verifica nas Constituies ao serem modificadas de forma silenciosa, contnua, sem alterao textual. isso mesmo, trata-se de um processo informal e espontneo de alterao da interpretao constitucional, em que se muda o contedo de determinado dispositivo, sem mudana no teor da norma. o que acontece quando o Supremo Tribunal Federal muda seu entendimento sobre certo dispositivo constitucional, por decorrncia da prpria evoluo de usos e costumes. Pode-se relacionar esse fenmeno ao conceito de poder constituinte difuso. Assim, se na sua prova vier algo relacionado ao poder constituinte difuso, no se assuste: trata-se do conceito de mutao constitucional. J a reviso constitucional e o processo de emenda so processos formais de mudana nas Constituies, por meio de procedimentos estabelecidos pelo poder constituinte originrio. Trata-se de dois procedimentos distintos: o procedimento simplificado de reviso constitucional, previsto no art. 3 do ADCT; e o procedimento rgido de emenda, estabelecido no art. 60 da CF/88. Em primeiro lugar, lembre-se de que os dois procedimentos reviso e emenda - so manifestaes do poder constituinte derivado reformador 8www.pontodosconcursos.com.br

ou revisor. Assim, sujeitam-se s limitaes impostas pelo poder constituinte originrio e revisadas em tpico anterior. Mas, observe, entre eles h diversas diferenas, como se passa a apresentar. A reviso constitucional est prevista no art. 3 do ADCT e consistiu em um procedimento simplificado, que ocorreu apenas uma vez: cinco anos aps a promulgao da CF/88. As emendas foram aprovadas por maioria absoluta de votos em sesso unicameral do Congresso Nacional. Ademais, o texto foi promulgado pela Mesa do Congresso Nacional. Este procedimento caracterizado, por alguns autores, como conseqncia da ao do poder constituinte derivado revisor. J o procedimento de emenda constitucional (CF, art. 60) tem outras caractersticas. As propostas de emenda constitucional so discutidas e votadas em cada Casa (reunio bicameral) do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, trs quintos dos votos dos respectivos membros. As emendas so promulgadas pelas Mesas da Cmara dos Deputados e do Senado Federal. Observe como um processo bem mais rgido que o de reviso. H ainda algumas importantes diferenas entre os procedimentos de reviso e emenda: I) enquanto o processo de reviso foi nico e no pode ser criado outro, o processo de emenda permanente (exceto naquelas ocasies excepcionais que resultam nas limitaes circunstanciais (CF, art. 60, 1). II) enquanto o processo de reviso no pode ser adotado pelas estados-membros, o de emenda de observncia obrigatria por eles. Sintetizando:

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Reviso Constitucional (ADCT, art. 3)

Emenda Constitucional (CF, art. 60)

Procedimento simplificado (maioria absoluta, em sesso unicameral) Procedimento nico (cinco anos aps a promulgao da CF/88) Procedimento vedado aos estadosmembros No pode ser criado outro por meio de emenda (limitao material implcita) As Emendas Constitucionais de Reviso (ECR) foram promulgadas pela Mesa do Congresso Nacional

Procedimento rduo (2 turnos, com aprovao de 3/5 de cada Casa) Procedimento permanente (a CF/88 sempre poder ser alterada por emenda) Observncia obrigatria pelos estadosmembros No pode ser modificado por meio de emenda (limitao material implcita) As Emendas Constitucionais (EC) so promulgadas pelas Mesas da Cmara dos Deputados e do Senado Federal

Agora, temos de entrar nos detalhes do art. 60 da Constituio Federal. Primeiro, vejamos quais so as limitaes formais (j conceituadas nessa aula) e que resultam na classificao da CF/88 como uma Constituio rgida. Iniciativa: A legitimidade para proposio de emenda constitucional bem mais restrita que no caso das demais normas infraconstitucionais. Segundo o caput do art. 60, a Constituio poder ser emendada mediante proposta: I - de um tero, no mnimo, dos membros da Cmara dos Deputados ou do Senado Federal; II - do Presidente da Repblica; III - de mais da metade das Assemblias Legislativas das unidades da Federao, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros. Deliberao e Promulgao: Como comentado, a proposta de emenda ser discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, trs quintos dos votos dos respectivos membros (CF, art. 60, 2). A emenda Constituio ser promulgada pelas Mesas da Cmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo nmero de ordem (CF, art. 60, 3).

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Fique atento a dois detalhes importantssimos (relacionados tambm com o processo legislativo a ser estudado na Aula 6): I) nos processo de emenda, no h sano nem veto do Presidente da Repblica; sua participao se esgota na possibilidade de iniciativa da proposta de emenda; e II) a matria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada no pode ser objeto de nova proposta na mesma sesso legislativa (CF, art. 60, 5). Quanto a esse ltimo ponto trata-se de regra distinta daquela referente ao processo das leis em geral, em que se admite a reapresentao daquele PL rejeitado por meio da proposta da maioria absoluta dos membros de qualquer uma das Casas legislativas. No caso das emendas constitucionais, no se admite em nenhuma hiptese a reapresentao na mesma sesso legislativa. Agora, passemos a apresentar as chamadas clusulas ptreas, limitaes materiais expressas ao poder constituinte derivado. Clusulas ptreas: Segundo o art. 60, 4, no ser objeto de deliberao a proposta de emenda tendente a abolir: a) a forma federativa de Estado; b) o voto direto, secreto, universal e peridico; c) a separao dos Poderes; d) os direitos e garantias individuais. Vamos aos detalhes: I) uma proposta de emenda tendente a abolir clusula ptrea no deve nem mesmo ser objeto de deliberao; assim, se admite mandado de segurana impetrado por congressista a fim de sustar o trmite da proposta de emenda tendente a abolir clusula ptrea; II) no que h bice a qualquer tipo de emenda tratando de clusula ptrea; s no se admite a proposta tendente a abolir clusula ptrea; e III) no so clusulas ptreas todos os direitos e garantias fundamentais; apenas os direitos e garantias individuais, independentemente de se situarem ou no no art. 5. Vamos resolver algumas questes do Cespe? 6. (AUFC/TCU/2009) Da mesma forma que o poder constituinte originrio, o poder de reforma no est submetido a qualquer limitao de ordem formal ou material, sendo que a CF apenas estabelece que no ser objeto de deliberao a proposta de emenda tendente a abolir a forma federativa de Estado, o voto direto, secreto, universal e peridico, a separao de poderes e os direitos e garantias individuais. 11www.pontodosconcursos.com.br

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O poder constituinte originrio , de fato, ilimitado e incondicionado. Entretanto, o poder constituinte derivado est sim sujeito a limitaes tanto de ordem formal (o procedimento do art. 60 da CF/88), quanto de ordem material (clusulas ptreas e limitaes implcitas). Item errado. 7. (PROCURADOR/TCE-ES/2009) A CF pode ser alterada, a qualquer momento, por intermdio do chamado poder constituinte derivado reformador e tambm pelo derivado revisor. Est errado afirmar que a CF/88 poder ser alterada em qualquer momento pelo poder reformador e pelo poder revisor. Primeiro, porque h limitaes circunstanciais que impedem a alterao da Constituio na vigncia de interveno federal, de estado de defesa ou de estado de stio (CF, art. 60, 1). Ademais, a reviso constitucional foi restringida a um processo nico, com data pr-fixada (cinco anos contados da promulgao da Constituio Federal, nos termos do art. 3 do ADCT). Item errado. 8. (CESPE/IRBR/DIPLOMACIA/2009) No passvel de deliberao a proposta de emenda constitucional que desvirtue a forma republicana de governo, a qual est prevista como clusula ptrea; no entanto, pode o Congresso Nacional, no exerccio do poder constituinte derivado reformador, promover modificao do modelo federal, de modo a transformar o Brasil em Estado unitrio. A Constituio gravou com a chancela de clusula ptrea apenas a forma de Estado (Federao) e no a forma de governo (Repblica) (CF, art. 60, 4). Portanto, no pode o Congresso Nacional aprovar emenda transformando o Brasil em Estado unitrio. De qualquer forma, parte da doutrina entende que apesar de no estar explcito, h vedao adoo da monarquia como forma de governo. Em primeiro lugar, o voto peridico clusula ptrea (CF, art. 60, 4, II). Em segundo lugar, segundo essa linha doutrinria, a deciso tomada pelo poder constituinte originrio no plebiscito de 1993 no poderia ser alterada por emenda constitucional. Item errado. (AUFC/TCU/2009) Considerando que um deputado federal, diante da presso dos seus eleitores, pretende modificar a sistemtica do recesso e da convocao extraordinria no mbito do Congresso Nacional, e sabendo que o poder constituinte derivado reformador manifesta-se por meio das denominadas emendas constitucionais, as quais esto regulamentadas no art. 60 da CF, julgue os itens a seguir. 9. (AUFC/TCU/2009) A CF estabelece algumas limitaes de forma e de contedo ao poder de reforma. Assim, no caso narrado, para que a modificao pretendida seja votada pelo Congresso Nacional, a 12www.pontodosconcursos.com.br

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proposta de emenda constitucional dever ser apresentada por, no mnimo, um tero dos membros da Cmara dos Deputados. De fato, o art. 60 da CF/88 estabelece que a iniciativa para proposta de emenda poder ser apresentada exclusivamente: I por um tero, no mnimo, dos membros da Cmara dos Deputados ou do Senado Federal; II pelo Presidente da Repblica; III por mais da metade das Assemblias Legislativas das unidades da Federao, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros. Item certo. 10. (JUIZ/TRF 5.a Regio/2009) A CF admite emenda constitucional por meio de iniciativa popular. A Constituio at permite iniciativa popular para projetos de lei federal (CF, art. 61, 2), e prev essa possibilidade no mbito estadual (art. 27, 4) e municipal (art. 29, III), como comentaremos na aula sobre processo legislativo. Entretanto, no h previso para iniciativa popular no caso de emendas Constituio (CF, art. 60, caput). Item errado. 11. (AUFC/TCU/2009) Uma vez preenchido o requisito da iniciativa e instaurado o processo legislativo, a proposta de emenda CF ser discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, trs quintos dos votos dos respectivos membros. Segundo a Carta Maior, a proposta de emenda ser discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, trs quintos dos votos dos respectivos membros (CF, art. 60, 2). O fato de o rito de deliberao das emendas constitucionais ser mais complexo do que o rito ordinrio das leis federais em geral faz com que a nossa Constituio possa ser classificada como rgida. Alis, um detalhe importante: Alexandre de Moraes classifica nossa Constituio como super-rgida, j que tem um ncleo que no pode ser suprimido por emenda: as clusulas ptreas. Item certo. 12. (PROCURADOR/BACEN/2009) A proposta de emenda constitucional deve ser discutida e votada em cada casa do Congresso Nacional, em dois turnos, e ser considerada aprovada se obtiver, em ambos, trs quintos dos votos dos respectivos membros e for promulgada aps a respectiva sano presidencial.

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Viu como esse aspecto relevante? No h sano presidencial nos projetos de emenda constitucional. Aps aprovao nas duas Casas, a emenda ser promulgada pelas Mesas da Cmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo nmero de ordem (CF, art. 60, 3). Item errado. 13. (CESPE/TCNICO JUDICIRIO/REA ADMINISTRATIVA/STF/2008) O incio da tramitao de proposta de emenda constitucional cabe tanto ao Senado Federal quanto Cmara dos Deputados, pois a CF confere a ambas as casas o poder de iniciativa legislativa. No h obrigatoriedade para a apresentao de proposta de emenda em determinada Casa do Congresso Nacional. Assim, como afirma a questo, o incio da tramitao de PEC caber tanto a uma quanto a outra casa Cmara dos Deputados ou Senado Federal. Item certo. 14. (JUIZ/TRF 5.a Regio/2009) Uma proposta de emenda constitucional que tenha sido rejeitada ou prejudicada somente pode ser reapresentada na mesma sesso legislativa mediante a propositura da maioria absoluta dos membros de cada casa do Congresso Nacional. A matria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada no pode ser objeto de nova proposta na mesma sesso legislativa em nenhuma hiptese (CF, art. 60, 5). A questo misturou o procedimento de emenda com o rito ordinrio das leis. Com efeito, a Constituio admite que matria constante de projeto de lei rejeitado seja objeto de novo projeto na mesma sesso legislativa, mediante proposta da maioria absoluta dos membros de qualquer das Casas do Congresso Nacional (CF, art. 67). Entretanto, essa possibilidade no se aplica aos projetos de emenda constitucional. Outra hiptese de impossibilidade de reapreciao de matrias na mesma sesso legislativa, diz respeito s medidas provisrias, que no podero ser reeditadas em caso de rejeio ou perda de eficcia por decurso de prazo, conforme veremos na aula sobre processo legislativo. Item errado. 3 Entrada em vigor de uma nova Constituio Caro aluno, para estudar esse assunto, voc deve se imaginar em 1988. Ao entrar em vigor a Constituio Federal, o que aconteceu com a Constituio antiga? E com todo o ordenamento jurdico infraconstitucional? Pois ... so essas e outras perguntas que pretendemos responder neste tpico.

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A entrada em vigor de uma nova Constituio alcana todo o ordenamento jurdico, com efeitos sobre a Constituio antiga e a legislao infraconstitucional. Um primeiro detalhe que, de acordo com a jurisprudncia do STF, as novas normas constitucionais, salvo disposio em contrrio, se aplicam de imediato, alcanando os efeitos futuros de fatos passados. Essa eficcia especial denomina-se retroatividade mnima. dizer, salvo disposio constitucional em contrrio (pois a Constituio pode estabelecer outra regra de aplicabilidade), a entrada em vigor de norma constitucional no alcana os fatos consumados no passado, nem as prestaes vencidas e no pagas. Para clarear podemos citar o exemplo do art. 7, IV da CF/88. Esse dispositivo veda a vinculao do salrio mnimo para qualquer fim. Assim, em outubro de 1988, quando entrou em vigor a Constituio, os proventos de penso que seriam recebidos aps aquela data deixariam de estar vinculados ao salrio mnimo automaticamente, apesar de ter havido essa vinculao at ento, para os proventos recebidos anteriormente. importante deixar claro que essa regra especial serve apenas para a Constituio Federal. No caso das constituies estaduais e legislao infraconstitucional, essa regra no se aplica. Elas no podem retroagir. Veja que em 2009 o Cespe cobrou esse assunto: 15. (PROCURADOR/BACEN/2009) De acordo com entendimento do STF, as normas constitucionais provenientes da manifestao do poder constituinte originrio tm, via de regra, retroatividade mxima. Como vimos, o STF deixou assente que, salvo disposio expressa ao contrrio, a nova Constituio aplica-se de imediato, alcanando efeitos futuros de negcios passados. Essa regra de eficcia denominada retroatividade mnima. Seria retroatividade mxima se a nova Constituio pudesse alcanar inclusive os fatos j consumados. Ela at pode, desde que o faa expressamente. Item errado. Bem, continuando com a abordagem da problemtica da fora de um novo texto constitucional em relao ao direito anterior ou o direito pr-constitucional. Assim, promulgada uma nova Constituio... I) A Constituio pretrita ter todos seus dispositivos integralmente revogados pela nova Constituio, em bloco, ainda que haja alguma compatibilidade; ou seja, no se aproveita nada da Constituio pretrita. II) O direito infraconstitucional materialmente compatvel Ser recepcionado pela nova Constituio, com o status (fora) que esta lhe der. Expliquemos melhor. 15www.pontodosconcursos.com.br

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No confronto entre o direito pr-constitucional e Constituio futura s interessa a compatibilidade material (contedo da norma). No interessa compatibilidade formal, ligada ao processo legislativo de elaborao das normas. Em outras palavras, se a Constituio pretrita exigia lei ordinria para regular a matria e a nova Constituio passa a exigir lei complementar para esse mesmo fim, a norma poder sim ser recepcionada pela nova Constituio. E ser recepcionada com fora (status) de lei complementar. Concluso: apesar de ter sido aprovada anteriormente como lei ordinria, s poder ser revogada por lei complementar ou norma hierarquicamente superior. III) O direito infraconstitucional materialmente incompatvel Ser revogado pela nova Constituio; observe bem, no que ele se torna inconstitucional. O confronto entre a nova Constituio e o direito prexistente materialmente incompatvel se resolve pela revogao deste por aquela. Sobre isso, guarde aquele famoso bordo: no h inconstitucionalidade superveniente no Brasil. IV) o direito infraconstitucional no vigente no momento da promulgao da nova Constituio At poder ter a sua vigncia restaurada pela nova Constituio, desde que esta o faa expressamente (poder ocorrer repristinao expressa). Entretanto, no tem sua vigncia tacitamente (automaticamente) restaurada. Trata-se de outro bordo: no haver repristinao tcita. Quanto a esse ltimo ponto tem um detalhe importante, relativo ao direito infraconstitucional que se encontrar no perodo da vacatio legis no momento da promulgao da nova Constituio. Trata-se da chamada vacncia da lei, o perodo entre a publicao da lei e o incio de sua vigncia (o legislador estabelece esse prazo, mas o mais comum estabelecer que essa lei entra em vigor na data de sua publicao). Caso a lei esteja no perodo de vacatio legis no momento da promulgao da nova Constituio, ela no entrar em vigor no novo ordenamento constitucional que se inicia; ou seja, no ser aproveitada pela nova Constituio. Bem, vamos ento ao que interessa, um resumo dos aspectos mais relevantes. Guarde os trs aspectos seguintes. Em primeiro lugar, o confronto entre a nova Constituio e o direito infraconstitucional anterior se resolve pela recepo ou revogao deste ltimo, tendo em vista que no h inconstitucionalidade superveniente.

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Em segundo lugar, para a anlise desse confronto, no interessa, em nada, os aspectos formais, procedimentais. Avalia-se exclusivamente a compatibilidade material da norma com a nova ordem constitucional. Por fim, interessa observar que, para que norma infraconstitucional possa ser recepcionada pela nova Constituio, ela deve cumprir os seguintes requisitos: (i) estar em vigor no momento da promulgao da nova Constituio; (ii) ter contedo compatvel com a nova Constituio; e (iii) ter sido produzida de modo vlido (de acordo com a Constituio de sua poca). Vamos ver se voc entendeu... 16. (CESPE/JUIZ SUBSTITUTO/TJ/SE/2008) Determinada lei ordinria, sancionada em 1973, disciplina uma dada matria. Entretanto, a CF/88 disps que a mesma matria agora dever ser disciplinada por lei complementar. Diante dos fatos acima narrados, correto afirmar que a) h vcio formal na lei de 1973 por incompatibilidade com a atual CF. b) resoluo do Senado Federal, promulgada em 2007, poderia revogar a lei de 1973. c) a lei de 1973 foi recepcionada como lei complementar, mas pode ser alterada por lei ordinria. d) a lei de 1973 foi recepcionada como lei ordinria, mas s pode ser alterada por lei complementar. e) a lei de 1973 pode ser revogada por emenda constitucional. A assertiva "a" est errada, pois no confronto entre a lei de 1973 e a atual CF s importa o aspecto material. As assertivas "b" e "c" esto erradas, pois a lei foi recepcionada com fora de lei complementar, s podendo ser revogada por outra de igual o maior status. A assertiva "d" est errada, pois a lei foi recepcionada com status de lei complementar (j que a nova Constituio passou a exigir lei complementar para disciplinar aquele assunto), e no de lei ordinria. A assertiva "e" est correta. De fato, lei complementar pode ser revogada por norma hierarquicamente superior, como o caso de uma emenda constitucional. Gabarito: e 17. (PROCURADOR/TCE-ES/2009) No fenmeno da recepo, so analisadas as compatibilidades formais e materiais da lei em face da nova constituio. 17www.pontodosconcursos.com.br

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No caso da entrada em vigor de uma nova Constituio, o que importa apenas a compatibilidade material para se avaliar a recepo ou revogao da legislao infraconstitucional. No analisada a compatibilidade formal. Item errado. 18. (CESPE/PROMOTOR DE JUSTIA SUBSTITUTO/MPE/RO/2008) Uma lei estadual editada com base na sua competncia prevista em Constituio pretrita recepcionada como lei federal, quando a nova Constituio atribui essa mesma competncia Unio. Pois bem, vimos que no importa os aspectos formais para se analisar a recepo/revogao de uma norma infraconstitucional. Entretanto, h um detalhe importante nisso. Digamos que na vigncia da Constituio anterior, a competncia para disciplinar determinada matria era da Unio, tendo esse ente editado diploma legal sobre o assunto. Pois bem, caso a nova Constituio atribua essa competncia aos estados, havendo compatibilidade material entre a lei e a nova Constituio, a lei federal pretrita ser recepcionada com status de lei estadual. Entretanto, a situao apresentada na questo inversa: anteriormente, a competncia era estadual; a nova Constituio atribuiu aquela competncia Unio. Nesse caso, no haver a recepo das leis pr-constitucionais pela nova Constituio. E por um motivo lgico... Se a competncia anterior era dos estados, cada um (dos 26 estados) tinha disciplinado a matria sua maneira. Como saber qual norma dentre essas 26 existentes seria recepcionada com status de lei federal? Em suma, na mudana de competncia entre os entes polticos, efetivada pela nova Constituio, admitida a estadualizao (de cima para baixo) da legislao federal pretrita; mas no a federalizao (de baixo para cima) da legislao estadual ou municipal pretrita. O mesmo raciocnio vale envolvendo os municpios. Item errado. Os prximos assuntos relacionam-se mais com a teoria do Direito Constitucional e complementam os aspectos tratados na aula demonstrativa. 4 Aplicabilidade das normas constitucionais para a mudana da competncia

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Nesse tpico passaremos a abordar sucintamente o assunto eficcia e aplicabilidade das normas constitucionais. Em primeiro lugar: todas as normas constitucionais possuem eficcia jurdica. Podemos at considerar a existncia de uma variao no grau de eficcia e aplicabilidade dessas normas. Mas, no existem normas desprovidas de eficcia jurdica no texto da Constituio. Bem, ocorre que algumas normas j produzem seus efeitos essenciais com a simples promulgao da Constituio. Outras tm um grau de eficcia reduzido, j que s produzem os seus plenos efeitos quando forem regulamentados por lei. Voc pode perguntar: o mesmo pode ser afirmado quanto ao prembulo da Constituio? E quanto s normas integrantes do Ato das Disposies Constitucionais Transitrias ADCT? A resposta no e sim, respectivamente. Expliquemos: I) O STF j firmou entendimento no sentido de que o prembulo no norma constitucional. apenas mera manifestao de cunho poltico/filosfico/ideolgico que no se insere no mbito do Direito Constitucional. Em outros termos, o prembulo no possui a mesma fora normativa das demais normas constitucionais: (i) no serve de parmetro para controle de constitucionalidade; (ii) no impe limite ao poder constituinte derivado ao emendar a Constituio; e (iii) no de observncia obrigatria pelos estados-membros na elaborao de suas Constituies (os estados no precisam nem mesmo criar prembulo na Constituio Estadual!). II) Por outro lado, o ADCT uma norma constitucional como qualquer outra, ressalvada a sua natureza transitria. Assim: (i) as normas do ADCT so formalmente constitucionais; (ii) tm a mesma rigidez e situam-se no mesmo nvel hierrquico das demais normas constitucionais (no h subordinao entre norma integrante do ADCT e norma do corpo principal da Constituio); (iii) e podem ser modificadas (ou revogadas, ou acrescentadas) por emenda Constituio. Nesse sentido, a nica diferena entre as normas do ADCT e as demais (parte dogmtica, corpo principal da Constituio) que a primeira tem natureza transitria: ocorrida a situao transitria prevista na norma do ADCT, esgota-se a sua eficcia. Bem, de qualquer forma, quando se fala em aplicabilidade das normas constitucionais, o mais comum cairem questes sobre a classificao do prof. Jos Afonso da Silva: normas constitucionais de eficcia plena, limitada e contida. Esse assunto no cai.... despenca em concursos! E o melhor que bem simples de voc dividi-las... Assim, as normas constitucionais dividem-se em trs diferentes graus de eficcia:

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eficcia plena

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eficcia contida eficcia limitada 4.1 Normas de eficcia plena As normas de eficcia plena so aquelas que j esto aptas para produzirem os seus plenos efeitos com a simples entrada em vigor da Constituio, independentemente de regulamentao por lei. Assim, so dotadas de aplicabilidade imediata (porque esto aptas para produzir efeitos imediatamente, com a simples promulgao da Constituio); direta (porque no dependem de nenhuma norma regulamentadora intermediria para a produo de efeitos); e integral (porque j produzem seus essenciais efeitos). 4.2 Normas de eficcia contida As normas de eficcia contida, restringida ou restringvel tambm esto aptas para a produo de seus plenos efeitos com a simples promulgao da Constituio, mas podem ser restringidas. Promulgada a Constituio, aquele direito (nelas previsto) imediatamente exercitvel, mas esse exerccio poder ser restringido no futuro. Assim, so dotadas de aplicabilidade imediata (porque esto aptas para produzir efeitos imediatamente, com a simples promulgao da Constituio); direta (porque no dependem de nenhuma norma regulamentadora intermediria para a produo de efeitos); mas nointegral (porque sujeitas imposio de restries). Ademais, vale a pena comentar que as restries s normas de eficcia contida podem ser impostas: a) por lei (exemplo: art. 5, XIII, da CF/88, que prev as restries ao exerccio de trabalho, ofcio ou profisso, que podero ser impostas pela lei que estabelecer as qualificaes profissionais); b) por outras normas constitucionais (exemplo: art. 139 da CF/88, que impe restries ao exerccio de certos direitos fundamentais, durante o perodo de estado de stio); c) por conceitos tico-jurdicos geralmente aceitos (exemplo: art. 5, XXV, da CF/88, em que o conceito de iminente perigo pblico autoriza a autoridade competente a impor uma restrio ao direito de propriedade, requisitando administrativamente a propriedade particular). 4.3 Normas de eficcia limitada As normas de eficcia limitada so aquelas que s produzem seus plenos efeitos depois da exigida regulamentao. Elas asseguram determinado direito, mas esse direito no poder ser exercido enquanto no for regulamentado pelo legislador ordinrio. Enquanto no 20www.pontodosconcursos.com.br

expedida a regulamentao, o exerccio do direito permanece impedido. So, por isso, dotadas de aplicabilidade mediata (s produziro seus efeitos essenciais posteriormente, depois da regulamentao por lei); indireta (no asseguram, diretamente, o exerccio do direito, dependendo de norma regulamentadora intermediria para tal); e reduzida. Podemos dizer que, com a simples promulgao da Constituio, sua eficcia meramente negativa. importante explicar melhor essa eficcia negativa. que elas no produzem seus plenos efeitos ainda (j que dependem da regulamentao), mas j servem de parmetro para a realizao do controle de constitucionalidade das leis: (i) revogando a legislao pretrita em sentido contrrio; e (ii) permitindo a declarao da inconstitucionalidade da legislao posterior em sentido contrrio. Ademais, essas normas tambm servem de parmetro para o exerccio da interpretao constitucional. Ou seja, errada a questo que afirme que at a regulamentao, as normas de eficcia limitada so desprovidas de eficcia. Continuando nossa anlise sobre as normas de eficcia limitada, elas podem ser divididas em dois grupos: a) de princpio institutivo ou organizativo; b) de princpio programtico. As normas definidoras de princpio institutivo ou organizativo so aquelas em que a Constituio estabelece regras para a futura criao, estruturao e organizao de rgos, entidades ou institutos, mediante lei (por exemplo, a lei dispor sobre a organizao administrativa e judiciria dos Territrios (CF, art. 33)). Vale comentar que essas normas constitucionais definidoras de princpio institutivo podem ser impositivas (quando determinam peremptoriamente a edio de norma) ou facultativas (quando facultam ao legislador, no impem). J as normas constitucionais definidoras de princpios programticos so aquelas em que a Constituio estabelece os princpios e diretrizes a serem cumpridos futuramente pelos rgos estatais (legislativos, executivos, jurisdicionais e administrativos), visando realizao dos fins sociais do Estado. Constituem programas a serem realizados pelo Poder Pblico, disciplinando interesses econmico-sociais, tais como: realizao da justia social; valorizao do trabalho; amparo famlia; combate ao analfabetismo etc. (por exemplo, a Repblica Federativa do Brasil buscar a integrao econmica, poltica, social e cultural dos povos 21www.pontodosconcursos.com.br

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da Amrica Latina, visando formao de uma comunidade latinoamericana de naes (CF, art. 4, pargrafo nico)). Esse grupo composto pelas chamadas normas programticas. Sabemos bem que no so agradveis esses termos (normas definidoras de princpio institutivo e normas programticas), mas o que importa voc saber distinguir um grupo do outro na hora da prova. Para isso, pense que: se a norma de aplicabilidade limitada no estiver relacionada criao e organizao de rgos ou entidades, ela ser uma norma programtica. Bem, esquematizamos essas informaes para que voc possa memoriz-las de forma mais simples. Sintetizando: Eficcia das normas constitucionais - Produzem seus efeitos essenciais com a simples entrada em vigor Eficcia PlenaImediata (aptas para produzir efeitos imediatamente)

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- Aplicabilidade

Direta (no dependem de nenhuma norma regulamentadora) Integral (j produzem seus integrais efeitos)

- Produzem seus efeitos essenciais, mas eles podem ser restringidos Eficcia ContidaImediata (aptas para produzir efeitos imediatamente)

- Aplicabilidade

Direta (no dependem de nenhuma norma regulamentadora) No integral (sujeitas imposio de restries)

- S produzem seus plenos efeitos depois da exigida regulamentao Eficcia LimitadaMediata (efeitos essenciais apenas aps regulamentao)

- Aplicabilidade

Indireta (dependem de nenhuma norma regulamentadora) Reduzida (com a promulgao da Constituio, sua eficcia meramente negativa, isto , revogam a legislao pretrita e probem a legislao futura em sentido contrrio)

- Princpio Institutivo regras para a futura criao, estruturao e organizao de rgos,entidades ou institutos, mediante lei.

- Princpio Programtico princpios e diretrizes a serem cumpridos futuramente pelosrgos estatais visando realizao dos fins sociais do Estado.

O Cespe tem diversas questes sobre esse assunto: 19. (CESPE/PROCURADOR/TCE-ES/2009) As normas constitucionais de eficcia limitada tm por fundamento o fato de que sua abrangncia pode ser reduzida por norma infraconstitucional, restringindo sua eficcia e aplicabilidade. O conceito apresentado refere-se a normas de eficcia contida. Item errado. 22www.pontodosconcursos.com.br

20. (CESPE/NOTARIOS/TJ/AC/2006) As normas constitucionais de eficcia limitada contam pelo menos com a imediata eficcia de revogao das regras preexistentes que lhes sejam contrrias. Podemos dizer que, com a simples promulgao da Constituio, a eficcia das normas de eficcia limitada meramente negativa. Nesse sentido, elas no produzem seus plenos efeitos ainda, mas j servem de parmetro para a realizao do controle de constitucionalidade das leis: (i) revogando a legislao pretrita em sentido contrrio; e (ii) permitindo a declarao da inconstitucionalidade da legislao posterior em sentido contrrio. Ademais, essas normas tambm servem de parmetro para o exerccio da interpretao constitucional. Item certo. 21. (CESPE/PROCURADOR DO MUNICPIO/VITRIA/2007) As normas constitucionais em que h regulao suficientemente realizada pelo constituinte, mas que abrem oportunidade a que o legislador ordinrio restrinja os seus efeitos, so denominadas de normas de eficcia contida. Acredito que voc no teve dificuldades em acertar essa questo. Ela apresenta corretamente o conceito de norma constitucional de eficcia contida ou restringvel. Memorize esses conceitos: Se o direito pode ser restringido eficcia restringvel ou contida Item certo. 22. (CESPE/TCNICO JUDICIRIO/REA ADMINISTRATIVA/TRT 17 REGIO/2009) A norma constitucional que estabelece a liberdade quanto ao exerccio de qualquer trabalho, ofcio ou profisso constitui norma de eficcia plena. Esse o exemplo por excelncia das normas de eficcia contida. Veja o teor do inciso XIII do art. 5 da CF/88: livre o exerccio de qualquer trabalho, ofcio ou profisso, atendidas as qualificaes profissionais que a lei estabelecer. Ou seja: enquanto a lei no regulamentar determinado trabalho, ofcio ou profisso, o seu exerccio livre a qualquer pessoa; em seguida, a partir da regulamentao do assunto (estabelecendo em lei as qualificaes profissionais necessrias ao seu exerccio), o exerccio de tal trabalho, ofcio ou profisso ficar restrito quelas pessoas que atenderem a tais qualificaes fixadas na lei. Assim, trata-se de tpica norma de eficcia contida (norma constitucional de aplicabilidade direta e imediata, mas sujeita a posterior restrio por lei). 23www.pontodosconcursos.com.br

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Item errado.

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23. (CESPE/TCNICO JUDICIRIO/REA ADMINISTRATIVA/STJ/2008) As normas que estabelecem diretrizes e objetivos a serem atingidos pelo Estado, visando o fim social, ou por outra, o rumo a ser seguido pelo legislador ordinrio na implementao das polticas de governo, so conhecidas como normas programticas. De fato, essa uma tima definio para a concepo de norma constitucional programtica. Item certo. 5 Interpretao constitucional Neste tpico, estudaremos os princpios e os principais mtodos de interpretao constitucional. Os princpios de interpretao constituem-se em diretrizes, vetores, verdadeiras balizas que orientam a tarefa de exegese, principalmente em reas cinzentas, onde a aplicao simples da tcnica ou mtodo de interpretao no se mostra suficiente. 5.1 Princpios de Interpretao Tendo como primeira referncia doutrinria o constitucionalista portugus Jos Gomes Canotilho, identificamos os princpios da unidade da constituio, da conformidade funcional, da concordncia prtica, da mxima efetividade, da fora normativa e do efeito integrador. Falaremos ainda do mais importante: a interpretao conforme a Constituio. Unidade da Constituio Este princpio propugna que o texto da constituio deve ser interpretado de forma a evitar contradies (antinomias) entre suas normas e princpios. O intrprete deve considerar a constituio como um sistema unitrio de regras e princpios, procurando a conciliao de suas aparentes contradies. Como corolrio (decorrncia) do princpio da unidade temos que: a) no existem antinomias constitucionais; verdadeiras entre as normas

b) todas as normas constitucionais tm igual dignidade; c) no existem normas constitucionais originrias inconstitucionais; nesse sentido, no pode uma norma do constituinte originrio ser declarada inconstitucional frente a outro dispositivo, ainda que clusula ptrea. Surgem tambm como corolrio do princpio da unidade os princpios do conformidade funcional e da concordncia prtica, vistos a seguir. 24www.pontodosconcursos.com.br

Conformidade Funcional

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Tambm chamado de princpio da justeza ou correo funcional, esse princpio preconiza que os intrpretes no podero chegar a uma posio que subverta, altere ou perturbe o esquema organizatriofuncional estabelecido na Constituio, como o caso da separao dos poderes. Concordncia prtica Por esse princpio, tambm chamado de princpio da harmonizao os encarregados da interpretao devero coordenar e combinar os bens jurdicos em conflito de forma a evitar o sacrifcio total de uns em relao aos outros. Tem como decorrncia a igual dignidade dos bens constitucionais, sendo muito utilizado para soluo de conflitos aparentes entre princpios fundamentais. Mxima Efetividade Este cnone interpretativo, tambm chamado princpio da eficincia est estritamente vinculado ao princpio da fora normativa, configurando um subprincpio, e orienta os aplicadores da Constituio para que interpretem suas normas em ordem a otimizar-lhes a eficcia, sem alterar seu contedo. Em suma, no exerccio da interpretao deve-se extrair da norma aquele sentido que fornea a mxima eficcia para a Constituio. Vincula um apelo aos realizadores da Constituio para que densifiquem os preceitos constitucionais, principalmente os relativos aos direitos fundamentais, sem que isso implique no sacrifcio de iguais direitos de outrem ou de outros direitos e garantias, o que exige a combinao desse princpio com os princpios da unidade e o da harmonizao ou concordncia prtica. Fora Normativa Afirma este princpio que o intrprete, diante das possveis alternativas, deve escolher aquela que garanta maior aplicabilidade e permanncia das normas constitucionais. Segundo este postulado, devem ser valorizadas as solues que possibilitem a atualizao normativa, a eficcia e a perenidade da constituio, em que pese toda norma jurdica constitucional ou no -, precisa de um mnimo de eficcia, sob pena de perder sua vigncia e aplicabilidade. Efeito Integrador Tambm chamado de interpretao efetiva ou eficcia integradora, esse princpio prev que na resoluo dos problemas jurdicoconstitucionais deve-se dar primazia aos critrios que favoream a integrao poltica e social, e ao reforo da unidade poltica e unidade normativa da Constituio. Isso porque, alm de criar uma nova ordem jurdica, toda Constituio tem por misso manter a coeso sociopoltica, como condio de viabilidade do prprio sistema jurdico. 25www.pontodosconcursos.com.br

Interpretao Conforme a Constituio

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Instrumento situado no mbito do controle de constitucionalidade e no apenas uma simples regra de interpretao, este princpio refora os princpios da unidade e da conformidade funcional, Por esse postulado, os aplicadores da Constituio, em face de normas de mltiplos significados ou com mais de uma possibilidade de interpretao vlida, devero escolher o sentido que as torne constitucionais e no aquele que resulte na declarao de sua inconstitucionalidade. A doutrina e a jurisprudncia, entretanto, apontam alguns limites ao uso da interpretao conforme: - o intrprete no poder subverter o sentido da norma constitucional e nem o seu sentido literal, a fim de salvar a lei custa da constituio; - s ser utilizada quando houver um espao de deciso no qual sejam admissveis mais de uma alternativa de interpretao; estando pelo menos uma delas em conformidade com a constituio; devendo ser escolhida a exegese que melhor corresponde deciso do constituinte. O quadro-resumo a seguir apresenta os princpios de interpretao, conjugados com suas palavras-chave, que facilitam a sua identificao.

parei 5.2 Mtodos de Interpretao Tendo os princpios como pano de fundo e diretriz, orientando a atividade hermenutica, surgem os mtodos de interpretao: tcnicas desenvolvidas pela doutrina e pela jurisprudncia com base em critrios e premissas diferentes, porm complementares, o que confirma o carter unitrio da tarefa hermenutica. As principais tcnicas catalogadas pela doutrina compreendem o mtodo jurdico ou hermenutico clssico, o tpico problemtico, hermenutico concretizador, o cientfico espiritual, o normativo estruturante e a comparao constitucional. Mtodo jurdico ou hermenutico clssico Por esta tcnica, o intrprete deve considerar a Constituio, em essncia, como lei, no obstante o seu carter supremo. Dessa forma, h de ser interpretada pelas regras tradicionais de hermenutica, articulando-se e complementando-se, para revelar seu sentido, os mesmos elementos gentico (investigao das origens dos conceitos empregados no texto constitucional), filolgico (literal, gramatical, 26www.pontodosconcursos.com.br

textual), lgico (sistemtico), histrico (contexto em que se desenvolveu o trabalho de elaborao da constituio) e teleolgico (busca da finalidade da norma) - que so levados em conta na interpretao das leis, em geral. Mtodo tpico problemtico Utilizado para complementar a insuficincia das regras clssicas de interpretao, este mtodo induz idia de que a interpretao deve ter um carter prtico, buscando resolver problemas concretos. As normas possuem carter fragmentrio, aberto e indeterminado, exigindo sua leitura em um processo aberto de argumentao, do qual participam, como legtimos intrpretes, todos os legitimados da sociedade aberta dos intrpretes, preconizada por Peter Hberle (lembra-se dos princpios?). Aqui, voc vai guardar a idia de partir do problema para a norma (primazia do problema sobre a norma), como forma de no se confundir com o prximo mtodo, o hermenutico concretizador. Mtodo hermenutico concretizador Os adeptos desta tcnica procuram ancorar a interpretao no prprio texto constitucional, como limite da concretizao, mas sem perder de vista a realidade que ele tenta regular. Aqui, parte-se de uma pr-compreenso, de um juzo abstrato e antecipado da norma constitucional, que ser comparado com a realidade constatada, permitindo concretizaes minimamente controlveis. Surge ento, o denominado crculo hermenutico, que deriva dos movimentos pendulares do elemento objetivo para o subjetivo e viceversa, e que resulta das sucessivas reformulaes da pr-compreenso do intrprete. Aqui, parte-se, a princpio, da norma para o caso concreto. Mtodo cientfico espiritual Esse mtodo de interpretao sistmico e espiritualista se baseia na premissa de que o intrprete deve levar em conta os valores subjacentes Constituio (econmicos, sociais, polticos e culturais), integrando o sentido de suas normas a partir da "captao espiritual" da realidade da comunidade. Assim, as normas so analisadas menos pelo seu sentido textual e mais pela ordem de valores do mundo real, a fim de alcanar a integrao da Constituio com a realidade espiritual da comunidade. Mtodo normativo estruturante

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Esse mtodo reconhece a inexistncia de identidade entre a norma jurdica e o texto normativo. Isso porque o teor literal da norma deve ser interpretado luz da concretizao da norma na realidade. Ele parte da premissa de que existe uma implicao necessria entre o programa normativo (Constituio) e o mbito ou domnio normativo (demais normas e realidade regulada). O intrprete deve identificar o contedo da norma constitucional mediante a anlise de sua concretizao normativa, seja nas leis, seja na realidade objetiva que procura regular. Dessa forma, a norma no pressuposto, mas resultado da interpretao. O texto constitucional literal abrange um pedao da realidade social, apenas a ponta do iceberg e conformado tambm pela atividade jurisdicional e pela administrativa. Mtodo da comparao constitucional A interpretao se d mediante comparao dos institutos jurdicos em vrios ordenamentos, identificando semelhanas e diferenas. Apesar de receber crticas quanto ao seu carter duvidoso de autonomia de metodologia de interpretao, este mtodo propugna que ao confrontar diferentes sistemas constitucionais, de diferentes pases, o intrprete comparatista deve se utilizar dos mesmos mtodos de que se valem os constitucionalistas em geral. Por isso, mais conveniente utilizarmos o termo interpretao comparativa, como uma proposta hermenutica tendente a captar os pontos comuns e divergentes de diferentes institutos da geografia jurdica mundial. Bom, sabemos que no fcil tentar captar todos esses conceitos de uma vez s... Fique tranquilo, pois esse assunto o mais terico e abstrato do curso. De qualquer forma, guarde o mais importante de cada mtodo. Sintetizando:

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I) mtodo jurdico = interpreta-se a constituio como se interpreta uma lei, utilizando-se dos tradicionais elementos filolgico, lgico, histrico, teleolgico e gentico; II) mtodo tpico problemtico = confere primazia ao problema perante a norma, parte-se do problema para a norma; III) mtodo hermenutico concretizador = pr-compreenso do sentido do texto constitucional atravs do intrprete, conferindo primazia norma perante o problema, formando um crculo hermenutico; IV) mtodo cientfico-espiritual = de cunho sociolgico, leva em conta a ordem de valores subjacente ao texto constitucional, bem assim a integrao do texto constitucional com a realidade da comunidade; V) mtodo normativo-estruturante = a norma constitucional abrange um pedao da realidade social; assim, a interpretao deve verificar o texto da norma, bem como sua concretizao na realidade; VI) mtodo comparativo = comparao entre diferentes ordenamentos constitucionais, a partir do direito constitucional comparado. Com isso podemos resolver e comentar algumas questes do Cespe sobre princpios e mtodos de interpretao constitucional. (CESPE/ANALISTA JUDICIRIO/REA JUDICIRIA/TRE MA/2009) Acerca da aplicabilidade e interpretao das normas constitucionais, julgue os itens a seguir 24. (CESPE/ANALISTA JUDICIRIO/REA JUDICIRIA/TRE MA/2009) A interpretao conforme com reduo de texto tem aplicao quando o STF exclui da norma questionada interpretao incompatvel com a CF, reduzindo seu alcance valorativo. Se tem reduo de texto, haver supresso de parte da norma constitucional incompatvel com a interpretao dada pelo intrprete. J a interpretao conforme tem lugar quando a norma constitucional permite mais de uma interpretao plausvel (pelo menos uma conforme). Assim, o intrprete ir aplicar aquela que permite manter a norma vlida, sem alterao no seu teor, amoldando-se ainda vontade do constituinte e aos princpios de interpretao. Item errado. 25. (CESPE/ANALISTA JUDICIRIO/REA JUDICIRIA/TRE MA/2009) De acordo com o princpio interpretativo da mxima efetividade ou da eficincia das normas constitucionais, devem ter prioridade, quando da resoluo de problemas jurdico-constitucionais, critrios que favoream a integrao poltica e social. O princpio de interpretao da mxima efetividade ou eficincia proclama que seus utilizadores devero dar norma o sentido constitucional que d maior eficcia possvel ao texto constitucional. A 29www.pontodosconcursos.com.br

integrao poltica e social derivada do princpio da eficcia integradora. Item errado. 26. (CESPE/PROCURADOR PREVIDENCIRIO/INST. PREV. CARIACICA/2007) A interpretao uma atividade destinada a expor o significado de uma expresso, configurando-se, tambm, como uma atividade criadora. A atividade hermenutica tambm criadora, na medida em que desenvolve e busca identificar o sentido da norma, para dar-lhe uma interpretao coerente, e que nem sempre est dentre as que j vigoravam no entendimento jurdico. Alm disso, por vezes, o STF tem adotado a chamada posio concretista, ao interpretar o comando constitucional e dando significado concreto ao ordenamento jurdico faltante, exigido pela norma constitucional de eficcia limitada. Item certo. 27. (CESPE/PROCURADOR PREVIDENCIRIO/INST. PREV. CARIACICA/2007) Na interpretao constitucional tradicional, h uma limitao ao levantamento de todas as possveis interpretaes que a norma sob exame comporta, por intermdio da utilizao dos mtodos histrico, cientfico, literal, sistemtico e teleolgico. A questo trata das limitaes do mtodo hermenutico clssico ou jurdico, e que deve ser complementado pelas demais tcnicas de interpretao, que tangenciam e superam os mtodos tradicionais de exegese. Item certo. 28. (CESPE/PROCURADOR PREVIDENCIRIO/INST. PREV. CARIACICA/2007) Sempre que uma lei puder de alguma forma colocar em risco o ordenamento constitucional, cumpre ao Poder Judicirio anul-la, no sendo possvel aplicar-lhe uma forma de interpretao que preserve um dos sentidos que ela comporte e que esteja em harmonia com a Constituio Federal. Na utilizao do princpio da interpretao conforme a Constituio justamente o que se busca: preservar a norma, em seu sentido original, dando-lhe o entendimento mais aderente constituio. Item errado. 29. (CESPE/PROCURADOR PREVIDENCIRIO/INST. PREV. CARIACICA/2007) A aplicao do princpio da interpretao conforme a Constituio no est limitada literalidade da norma, ou seja, permitido ao intrprete inverter o sentido das palavras e subverter a inteno do legislador. cedio (pacfico) que, na utilizao desta tcnica interpretativa, o intrprete no pode subverter o sentido do texto, para fazer leitura 30www.pontodosconcursos.com.br

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estranha sua literalidade, pois, caso contrrio, estaria agindo com funo legislativa, contrariando o princpio da separao dos poderes. Item errado. 30. (PROCURADOR/PGE-PE/2009) No que se refere interpretao e aplicao das normas constitucionais, assinale a opo correta. a) Conforme entendimento do STF, o dispositivo constitucional que afirma que o dever do Estado com a educao ser efetivado mediante a garantia de educao infantil, em creche e pr-escola, s crianas de at cinco anos de idade, um exemplo de norma de eficcia limitada, na medida em que exige do Estado uma prestao discricionria e objetiva no sentido de construo de creches ou aumento das vagas as creches pblicas j existentes. b) O prembulo constitucional, segundo entendimento do STF, tem eficcia jurdica plena, consistindo em norma de reproduo obrigatria nas constituies estaduais. c) Se uma norma estadual contrariar uma norma prevista nos atos das disposies constitucionais transitrias, no ser admitido o controle concentrado de constitucionalidade. d) De acordo com o mtodo de interpretao constitucional denominado cientfico-espiritual, a Constituio instrumento de integrao, no apenas sob o ponto de vista jurdico-formal, mas tambm, e principalmente, em perspectiva poltica e sociolgica, como instrumento de soluo de conflitos, de construo e de preservao da unidade social. e) Em razo do princpio da eficcia integradora, se norma fundamental instituir um sistema coerente e previamente ponderado de repartio de competncias, no podero os seus aplicadores chegar a resultado que subverta esse esquema organizatriofuncional. A alternativa a est errada. Apesar de ser sim norma programtica, de eficcia limitada, a efetivao desse direito no depende de avaliao discricionria por parte do poder pblico. Em verdade, a jurisprudncia do STF firmou-se no sentido da existncia de direito subjetivo pblico de crianas at cinco anos de idade ao atendimento em creches e pr-escolas. Ademais, consolidou o entendimento de que possvel a interveno do Poder Judicirio visando efetivao daquele direito constitucional. Veja: A educao infantil, por qualificarse como direito fundamental de toda criana, no se expe, em seu processo de concretizao, a avaliaes meramente discricionrias da Administrao Pblica, nem se subordina a razes de puro pragmatismo governamental. (RE 554.075-AgR, Rel. Min. Crmen Lcia, 30-6-09).

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A alternativa b est errada, pois no podemos dizer que o prembulo tem eficcia normativa plena. Ademais, no vincula os estadosmembros. A alternativa c est errada, pois o ADCT tem a mesma hierarquia das demais normas constitucionais presentes na parte permanente da Constituio, podendo funcionar como parmetro para o controle de constitucionalidade das leis. A alternativa d est correta. Segundo o mtodo cientfico-espiritual, analisa-se as normas menos pelo seu sentido textual (ponto de vista jurdico-formal) e mais pela ordem de valores do mundo real, a fim de alcanar a integrao da Constituio com a realidade espiritual da comunidade. Ou seja, traz em si a relevncia da noo de ordem de valores subjacente ao texto constitucional. A alternativa e est errada, pois essa histria de no poder chegar a uma interpretao que subverta o esquema organizatrio-funcional relaciona-se ao princpio da conformidade funcional. Gabarito: d 6 Exerccios de Fixao Seguem a partir de agora alguns exerccios de fixao. Qualquer dvida poder ser respondida no frum de dvidas. 31. (CESPE/JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO/TJ/AL/2008) Atribui-se ao abade Emmanuel Sieys o desenvolvimento da teoria do poder constituinte, com a obra Que o Terceiro Estado? (CESPE/ANALISTA JUDICIRIO/REA JUDICIRIA/TJ/CE/2008) Em relao reforma e reviso constitucional, julgue os itens seguintes de acordo com a CF e com o entendimento jurisprudencial do Supremo Tribunal Federal. 32. (CESPE/ANALISTA JUDICIRIO/REA JUDICIRIA/TJ/CE/2008) A emenda apresentada na reviso constitucional precisa de aprovao por maioria absoluta em um turno na Cmara dos Deputados e, em seguida, aps o envio ao Senado Federal, a aprovao por igual quorum, nessa Casa. 33. (CESPE/ANALISTA JUDICIRIO/REA JUDICIRIA/TJ/CE/2008) O presidente da Repblica tem poder de vetar emenda constitucional contrria ao interesse pblico. 34. (CESPE/ANALISTA JUDICIRIO/REA JUDICIRIA/TJ/CE/2008) A CF no poder ser emendada na vigncia de estado de stio. 35. (CESPE/ANALISTA JUDICIRIO/REA JUDICIRIA/TJ/CE/2008) A reforma constitucional no instrumento hbil instituio da pena de trabalhos forados.

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36. (CESPE/ANALISTA JUDICIRIO/REA JUDICIRIA/TJ/CE/2008) A periodicidade da reviso constitucional, de acordo com a necessidade da adoo de polticas pblicas nacionais, foi opo adotada pelo constituinte originrio em razo da instabilidade econmica vivida pelo Brasil na dcada de oitenta. 37. (CESPE/DELEGADO DE POLCIA CIVIL SUBSTITUTO/PCRN/2009) O poder constituinte de reforma no inicial, nem incondicionado nem ilimitado, no entanto, no est subordinado ao poder constituinte originrio. 38. (CESPE/PROMOTOR/MPE/RR/2008) Um fazendeiro que detenha a propriedade de nascente de gua desde setembro de 1988 pode invocar direito adquirido contra a norma constitucional, oriunda do poder constituinte originrio, que estabeleceu a dominialidade pblica dos recursos hdricos. (CESPE/ANALISTA JUDICIRIO/REA JUDICIRIA/STJ/2008) Um deputado federal pretende cumprir com um compromisso de campanha de fazer aprovar uma emenda CF visando alterar o Sistema Tributrio Nacional, o qual considera muito complexo e oneroso para a sociedade. Acerca dessa situao hipottica, julgue os itens a seguir. 39. (CESPE/ANALISTA JUDICIRIO/REA JUDICIRIA/STJ/2008) Essa proposio legislativa deve ser apresentada na Cmara dos Deputados subscrita por, pelo menos, um tero dos deputados federais. 40. (CESPE/ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO/REA:CONTROLE EXTERNO/TCU/2008) A repblica e a forma federativa de Estado foram arroladas expressamente como clusulas ptreas pelo constituinte originrio. 41. (CESPE/PROMOTOR/MPE/RR/2008) No Brasil, o exerccio do poder constituinte j foi restrito a determinado grupo ou pessoa, o que resultou em Constituio dita outorgada. 42. (CESPE/DELEGADO DE POLCIA/POLCIA CIVIL/PB/2008) O poder constituinte formal no se confunde com o poder constituinte material. Este o poder de autoconformao do Estado segundo certa ideia de direito, enquanto aquele o poder de decretao de normas com a forma e a fora jurdica prprias das normas constitucionais. Em outras palavras, enquanto o poder constituinte material tem por fim qualificar como constitucional determinadas matrias, o formal atribui a essa escolha uma fora constitucional. 43. (CESPE/PROMOTOR DE JUSTIA SUBSTITUTO/MPE/RO/2008) As mutaes constitucionais decorrem da conjugao da peculiaridade da linguagem constitucional, polissmica e indeterminada, com fatores externos, de ordem econmica, social e

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cultural, que a CF intenta regular, produzindo leituras sempre renovadas das mensagens enviadas pelo constituinte. 44. (CESPE/DELEGADO DE POLCIA CIVIL SUBSTITUTO/PCRN/2009) Como o poder constituinte originrio inaugura uma nova ordem jurdica, todas as normas infraconstitucionais perdem vigor com o advento da nova constituio. 45. (CESPE/ANALISTA JUDICIRIO/REA ADMINISTRATIVA/STF/2008) Todos os direitos e garantias fundamentais previstos na CF foram inseridos no rol das clusulas ptreas. 46. (CESPE/ADVOGADO DA UNIO/AGU/2006) O poder constituinte derivado decorrente abrange os estados, para elaborarem suas constituies, e os municpios, para elaborarem suas leis orgnicas. 47. (CESPE/ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO DO TCU/2007) O poder de reforma inclui tanto o poder de emenda como o poder de reviso do texto constitucional. 48. (CESPE/NVEL SUPERIOR/ME/2008) Normas programticas so disposies que indicam os fins sociais a serem atingidos pelo Estado com a melhoria das condies econmicas, sociais e polticas da populao, e, por serem normas meramente enunciativas de programas e metas constitucionais, no possuem efeitos concretos e imediatos. 49. (CESPE/TCNICO JUDICIRIO/REA ADMINISTRATIVA/STJ/2008) Normas de eficcia limitada so aquelas que dependem da edio de outra norma da mesma estatura jurdica para que possam produzir efeito. 50. (CESPE/FISCAL DA RECEITA ESTADUAL ACRE/2006) Normas constitucionais de eficcia contida so aquelas que no podem ser aplicadas de imediato, sem a necessidade de um ato legislativo regulamentar. 51. (CESPE/TCNICO JUDICIRIO/REA ADMINISTRATIVA/TRT 17 REGIO/2009) A disposio constitucional que prev o direito dos empregados participao nos lucros ou resultados da empresa constitui norma de eficcia limitada. 52. (CESPE/ESPECIALISTA/REA JURDICA/ANATEL/2004) Nem todas as normas constitucionais so de eficcia plena, pois algumas demandam regulamentao. Nesse caso, so normas programticas, e a oportunidade e a avaliao da extenso do programa de regulamentao ficam a cargo, exclusivamente, do Poder Executivo. 53. (CESPE/NVEL SUPERIOR/ME/2008) As normas constitucionais que prevem ser dever do Estado fomentar prticas desportivas formais e no-formais, como direito de cada um, e a que estabelece que o 34www.pontodosconcursos.com.br

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poder pblico deve incentivar o lazer como forma de promoo social, so exemplos de normas programticas da atual CF. 54. (CESPE/ANALISTA JUDICIRIO REA ADMINISTRATIVA/TRT 9 REGIO/2007) A regra que assegura o livre exerccio de qualquer trabalho, ofcio ou profisso, atendidas as qualificaes profissionais que a lei estabelecer, considerada norma constitucional de eficcia limitada. 55. (CESPE/PROCURADOR DO MUNICPIO/ARACAJU/2007) O Ato das Disposies Constitucionais Transitrias hierarquicamente inferior parte permanente da Constituio por se limitar a cuidar da passagem de um regime constitucional para um outro novo. 56. (CESPE/NOTARIOS/TJ/AC/2006) O prembulo da Constituio pode ser classificado como uma norma de reproduo obrigatria. 57. (CESPE/ANALISTA/ADVOCACIA/SERPRO/2008) As normas da parte dita permanente da CF so hierarquicamente superiores s do Ato das Disposies Constitucionais Transitrias. 58. (CESPE/PROCURADOR/AGU/2004) O mtodo de interpretao constitucional denominado hermenutico-concretizador pressupe a pr-compreenso do contedo da norma a concretizar e a compreenso do problema concreto a resolver, havendo, nesse mtodo, a primazia do problema sobre a norma, em razo da prpria natureza da estrutura normativo-material da norma constitucional. 59. (CESPE/ANVISA/2004) O princpio de interpretao da Constituio segundo o qual, na soluo de problemas jurdico-constitucionais, deve-se dar primazia aos critrios ou pontos de vista que favoream a integrao poltica e social e o reforo da unidade poltica, denomina-se princpio da concordncia prtica ou da harmonizao. 60. (CESPE/ANVISA/2004) A chamada interpretao conforme a Constituio somente vivel quando a norma constitucional apresentar vrios significados, uns compatveis com a Constituio, que, por isso, devem ser preferidos pelo intrprete, e outros com ela inconciliveis. 61. (CESPE/ANALISTA JUDICIRIO/REA JUDICIRIA: EXECUO DE MANDADOS/TRT 17 REGIO/2009) O princpio do efeito integrador estabelece que, havendo lacuna na CF, o juiz deve recorrer a outras normas do ordenamento jurdico para integrar o vcuo normativo. 62. (CESPE/ANALISTA JUDICIRIO/REA JUDICIRIA: EXECUO DE MANDADOS/TRT 17 REGIO/2009) Segundo o princpio da unidade da constituio, cada pas s pode ter uma constituio em vigor, de modo que a aprovao de nova constituio implica a automtica revogao da anterior. 35www.pontodosconcursos.com.br

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63. (CESPE/ANALISTA JUDICIRIO/REA JUDICIRIA: EXECUO DE MANDADOS/TRT 17 REGIO/2009) O princpio da mxima efetividade estabelece que o intrprete deve atribuir s normas constitucionais o sentido que lhes d maior efetividade, evitando, sempre que possvel, solues que impliquem a no-aplicabilidade da norma. 64. (CESPE/ESPECIALISTA EM REGULAO DE SERVIOS PBLICOS DE TELECOMUNICAES/REA:DIREITO/ANATEL/2008) A interpretao judicial desempenha um papel de fundamental importncia, no s na revelao do sentido das regras normativas que compem o ordenamento positivo, mas, sobretudo, na adequao da prpria Constituio Federal s novas exigncias, necessidades e transformaes resultantes dos processos sociais, econmicos e polticos que caracterizam a sociedade contempornea. 65. (CESPE/TITULARIDADE DE SERVIOS NOTARIAIS E DE REGISTRO/TJDFT/2008) O princpio da correio funcional destina-se a interpretar a CF, com a finalidade de orientar seus intrpretes no sentido de que, instituindo a norma fundamental um sistema coerente e previamente ponderado de repartio de competncias, no podem os seus aplicadores chegar a resultados que perturbem o esquema organizatrio funcional nela estabelecido, como o caso da separao de Poderes, cuja observncia consubstancial prpria idia de estado de direito. 66. (CESPE/ANALISTA: ADVOCACIA/SERPRO/2008) O desafio de realizar a Constituio na prtica exige que o intrprete e aplicador priorize os critrios ou pontos de vista que favoream a integrao poltica e social e o reforo da unidade poltica, visto que essas so algumas das finalidades primordiais da Constituio. o que se denomina de princpio do efeito integrador. 67. (PROCURADOR/BACEN/2009) Pelo mtodo de interpretao hermenutico-concretizador, a anlise da norma constitucional no se fixa na sua literalidade, mas decorre da realidade social e dos valores insertos no texto constitucional, de modo que a constituio deve ser interpretada considerando-se seu dinamismo e constante renovao, no compasso das modificaes da vida da sociedade. 68. (PROCURADOR/BACEN/2009) Pelo princpio da concordncia prtica ou harmonizao, os rgos encarregados de promover a interpretao da norma constitucional no podem chegar a resultado que altere o esquema organizatrio-funcional constitucionalmente estabelecido pelo legislador constituinte originrio. (AUFC/TCU/2009) Quanto interpretao e aplicabilidade das normas constitucionais, julgue os itens que seguem.

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69. (AUFC/TCU/2009) O princpio da mxima efetividade revela que as normas constitucionais no devem ser vistas e analisadas de forma isolada, mas sim como preceitos integrados a um sistema unitrio de regras e princpios. 70. (AUFC/TCU/2009) O princpio da concordncia prtica ou da harmonizao, derivado do princpio da unidade da CF, orienta o aplicador ou intrprete das normas constitucionais no sentido de que, ao se deparar com um possvel conflito ou concorrncia entre os bens constitucionais, busque uma soluo que evite o sacrifcio ou a negao de um dele. 71. (CESPE/JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO/TJ/AL/2008) Para Konrad Hesse, as normas jurdicas e a realidade devem ser consideradas em seu condicionamento recproco. A norma constitucional no tem existncia autnoma em face da realidade, e a constituio no configura apenas a expresso de um ser, mas tambm de um dever ser. Assim, para ser aplicvel, a constituio deve ser conexa realidade jurdica, social, poltica; no entanto, ela no apenas determinada pela realidade social, mas tambm determinante desta. correto afirmar que o texto acima aborda o princpio da a) unidade da constituio. b) fora normativa da constituio. c) conformidade funcional. d) concordncia prtica ou da harmonizao. e) eficcia integradora. 72. (CESPE/ANALISTA/REA: JUDICIRIA/TER/GO/2008) Liberdade de expresso. Garantia constitucional que no se tem como absoluta. Limites morais e jurdicos. O direito livre expresso no pode abrigar, em sua abrangncia, manifestaes de contedo imoral que implicam ilicitude penal. As liberdades pblicas no so incondicionais, por isso devem ser exercidas de maneira harmnica, observados os limites definidos na prpria Constituio Federal (CF), artigo 5., 2., primeira parte. O preceito fundamental de liberdade de expresso no consagra o direito incitao ao racismo, dado que um direito individual no pode constituir-se em salvaguarda de condutas ilcitas, como sucede com os delitos contra a honra. Prevalncia dosprincpios da dignidade da pessoa humana e da igualdade jurdica. HC 82424, Relator(a): min. Moreira Alves, Relator(a) p/ Acrdo: min. Maurcio Corra, Tribunal Pleno, julgado em 17/9/2003, DJ 19/3/2004 PP-00017. No trecho reproduzido acima, o Supremo Tribunal Federal (STF) travou discusso sobre determinada publicao que continha manifestaes de contedo racista. A controvrsia residia em se definir a amplitude do princpio constitucional que garante a liberdade de expresso e decidir se 37www.pontodosconcursos.com.br

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esse princpio estaria ou no em conflito com o princpio da dignidade da pessoa humana e da igualdade. Como se percebe da leitura desse trecho, o STF, buscando harmonizar os princpios em jogo, deu prevalncia ao princpio da dignidade da pessoa humana e da igualdade jurdica em detrimento do princpio de liberdade de expresso. Com base nessas informaes, assinale a opo correspondente ao princpio de interpretao constitucional utilizado pelo STF para dirimir a questo. a) princpio da concordncia prtica b)princpio da conformidade funcional c) princpio da mxima efetividade d) princpio da fora normativa CF 73. (CESPE/ANALISTA/REA: JUDICIRIA/TER/GO/2008) Esse mtodo parte da premissa de que existe uma relao necessria entre o texto e a realidade, entre preceitos jurdicos e os fatos que eles intentam regular. Para Mller, na tarefa de interpretar-concretizar a norma constitucional, o intrprete aplicador deve considerar tanto os elementos resultantes da interpretao do texto (programa normativo), como os decorrentes da investigao da realidade (domnio normativo). Isso porque, partindo do pressuposto de que a norma no se confunde com o texto normativo, afirma Mller que o texto apenas a ponta do iceberg; mas a norma no compreende apenas o texto, pois abrange tambm um pedao de realidade social, sendo esta talvez a parte mais significativa que o intrprete aplicador deve levar em conta para realizar o direito. Dirley da Cunha Jnior. Curso de Direito Constitucional. 2. ed. Salvador: Editora Juspodivum, 2008, p. 214. (com adaptaes). O trecho acima descreve o mtodo de interpretao constitucional denominado a) mtodo cientfico-espiritual. b) mtodo normativo-estruturante. c) mtodo tpico-problemtico. d) mtodo hermenutico-clssico. 74. (CESPE/PROMOTOR DE JUSTIA/MPE/RN/2009) Desde o momento da elaborao do texto at o instante de sua aplicao, a norma determinada histrica e socialmente. Logo, quando o jurista cogita dos elementos e situaes do mundo da vida sobre os quais recai determinada norma, no se refere a um tema metajurdico. A norma composta pela histria, pela cultura e pelas demais caractersticas da sociedade no mbito da qual se aplica. O texto normativo diz Muller uma frao da norma, aquela parte absorvida pela linguagem jurdica, porm no a norma, pois a norma jurdica no se reduz linguagem jurdica. A norma congrega todos os elementos que compem o mbito normativo (elementos e situaes do 38www.pontodosconcursos.com.br

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mundo da vida sobre os quais recai determinada norma). Alm disso, os textos normativos so formulados tendo em vista determinado estado da realidade social (que eles pretendem reforar ou modificar); este estado da realidade social geralmente no aparece no texto da norma. O texto abstrato e geral (isto , sem referncia a motivos e contexto real). Mas o aspecto da realidade referida pela norma constitui conjuntamente seu sentido (esse sentido no pode, a partir da, ser perseguido apartado da realidade a ser regulamentada). A realidade tanto parte da norma quanto o texto; na norma, esto presentes inmeros elementos do mundo da vida. Eros Roberto Grau. Ensaio e discurso sobre a interpretao/aplicao do direito. 3. ed. So Paulo: Malheiros, 2005, p. 74-5 (com adaptaes). O mtodo de interpretao constitucional tratado pelo autor no trecho de texto acima o mtodo a) jurdico ou hermenutico-clssico. b) tpico-problemtico. c) normativo-estruturante. d) hermenutico-concretizador. e) cientfico-espiritual. 75. (CESPE/DEFENSOR PBLICO/DPU/2010) Atendendo ao princpio denominado correo funcional, o STF no pode atuar no controle concentrado de constitucionalidade como legislador positivo. 76. (CESPE/PROCURADOR/AGU/2010) Pelo princpio da concordncia prtica ou harmonizao, na hiptese de eventual conflito ou concorrncia entre bens jurdicos constitucionalizados, deve-se buscar a coexistncia entre eles, evitando-se o sacrifcio total de um princpio em relao ao outro. 77. (CESPE/PROCURADOR/AGU/2010) O mtodo hermenuticoconcretizador caracteriza-se pela praticidade na busca da soluo dos problemas, j que parte de um problema concreto para a norma. 78. (CESPE/PROCURADOR/AGU/2010) No que se refere ao