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P ortais, e-mails, jornais eletrô- nicos... O uso de ferramentas online em condomínios e lo- teamentos não para de crescer. Dois fatores, basicamente, explicam esse aumento. Um deles: a expansão do mercado imobiliário. “Antigamente era fácil prestar um bom serviço por- que existiam poucos prédios. Com o boom imobiliário, as administradoras precisaram encontrar meios de manter a qualidade, mas sem elevar custos, e passaram a recorrer com mais frequência à internet”, analisa Emma- Navegar é preciso nuel Dornelas, supervisor de Marketing da Group Software, empresa especiali- zada no desenvolvimento de sistemas para administração de condomínios. A mudança do perfil do morador também foi fundamental para a proli- feração da internet nos condomínios. “Hoje as pessoas preferem solicitar qualquer coisa pela internet a se lo- comover, e isso vale também para a segunda via de um boleto”, explica Dornelas. Esse novo comportamento só foi possível devido ao advento do computador pessoal, segundo Iraê Sica de Azevedo, diretor da Campo Belo Administradora de Condomínios, de São Paulo. “Hoje muita gente tem um micro em casa. Isso facilita as consultas, afinal ninguém quer ler ata de assembleia de condomínio no tra- balho”, comenta. Boa parte dos clientes da Campo Belo usa e-mail para se comunicar com a administradora. O diretor estima que metade dos contatos de síndicos e condôminos ocorre por esse meio. Ele reconhece, inclusive, que a ferramenta acelerou o crescimento de sua empre- sa. “Não fosse a internet, dificilmente daríamos conta de atender uma cartei- ra de 32 prédios e 2.200 condôminos.” Azevedo considera que, apesar dos progressos, há muito a evoluir, visto que a maioria dos acessos ainda é para obter a segunda via do boleto. “Vejo a internet ainda engati- nhando tanto no que diz respeito ao relacionamento do morador com a administradora como em relação aos condôminos entre si.” Na Campo Belo, a regra é, a cada ligação, orientar os moradores sobre as consultas e serviços que podem ser efetuados na web, para que eles se acostumem a procurar o que precisam na internet. A estratégia já começa a surtir efeito. “A migração é visível. Nota- mos que as ligações estão diminuindo e os acessos ao site aumentando”, esclarece o diretor da administradora. Uso restrito “Ainda é relativamente pequena a utilização dos meios digitais nos condomínios”, afirma Juraci Baena Garcia, diretor da Vice-presidência de Administração Imobiliária e Condomí- nios do Secovi-SP. Ele relata que várias administradoras paulistas disponibili- zam serviços na internet para síndico e condôminos, mas confirma que, no geral, o uso se restringe à emissão de segunda via do boleto. O e-mail De olho na agilidade e objetividade proporcionadas, cada vez mais condomínios recorrem à internet para se comunicar com os condôminos e suas administradoras PRINCIPAIS VANTAGENS DA WEB - Agilidade - Objetividade - Transparência - Menos conflitos 22 Por Sônia Salgueiro CAPA

Por Sônia Salgueiro Navegar é preciso - condominionline.com · da Group Software, empresa especiali-zada no desenvolvimento de sistemas ... Cuide para que algumas informações

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Portais, e-mails, jornais eletrô-

nicos... O uso de ferramentas

online em condomínios e lo-

teamentos não para de crescer. Dois

fatores, basicamente, explicam esse

aumento. Um deles: a expansão do

mercado imobiliário. “Antigamente

era fácil prestar um bom serviço por-

que existiam poucos prédios. Com o

boom imobiliário, as administradoras

precisaram encontrar meios de manter

a qualidade, mas sem elevar custos,

e passaram a recorrer com mais

frequência à internet”, analisa Emma-

Navegar é preciso

nuel Dornelas, supervisor de Marketing

da Group Software, empresa especiali-

zada no desenvolvimento de sistemas

para administração de condomínios.

A mudança do perfil do morador

também foi fundamental para a proli-

feração da internet nos condomínios.

“Hoje as pessoas preferem solicitar

qualquer coisa pela internet a se lo-

comover, e isso vale também para a

segunda via de um boleto”, explica

Dornelas. Esse novo comportamento

só foi possível devido ao advento do

computador pessoal, segundo Iraê

Sica de Azevedo, diretor da Campo

Belo Administradora de Condomínios,

de São Paulo. “Hoje muita gente tem

um micro em casa. Isso facilita as

consultas, afinal ninguém quer ler ata

de assembleia de condomínio no tra-

balho”, comenta.

Boa parte dos clientes da Campo

Belo usa e-mail para se comunicar com

a administradora. O diretor estima que

metade dos contatos de síndicos e

condôminos ocorre por esse meio. Ele

reconhece, inclusive, que a ferramenta

acelerou o crescimento de sua empre-

sa. “Não fosse a internet, dificilmente

daríamos conta de atender uma cartei-

ra de 32 prédios e 2.200 condôminos.”

Azevedo considera que, apesar

dos progressos, há muito a evoluir,

visto que a maioria dos acessos

ainda é para obter a segunda via do

boleto. “Vejo a internet ainda engati-

nhando tanto no que diz respeito ao

relacionamento do morador com a

administradora como em relação aos

condôminos entre si.”

Na Campo Belo, a regra é, a cada

ligação, orientar os moradores sobre

as consultas e serviços que podem

ser efetuados na web, para que eles se

acostumem a procurar o que precisam

na internet. A estratégia já começa a

surtir efeito. “A migração é visível. Nota-

mos que as ligações estão diminuindo

e os acessos ao site aumentando”,

esclarece o diretor da administradora.

Uso restrito

“Ainda é relativamente pequena

a utilização dos meios digitais nos

condomínios”, afirma Juraci Baena

Garcia, diretor da Vice-presidência de

Administração Imobiliária e Condomí-

nios do Secovi-SP. Ele relata que várias

administradoras paulistas disponibili-

zam serviços na internet para síndico

e condôminos, mas confirma que, no

geral, o uso se restringe à emissão

de segunda via do boleto. O e-mail

De olho na agilidade e objetividade proporcionadas, cada vez mais condomínios recorrem à internet para se comunicar com os condôminos e suas administradoras

é preciso

nuel Dornelas, supervisor de Marketing

da Group Software, empresa especiali-

zada no desenvolvimento de sistemas

para administração de condomínios.

A mudança do perfil do morador

também foi fundamental para a proli-

feração da internet nos condomínios.

visto que a maioria dos acessos

ainda é para obter a segunda via do

boleto. “Vejo a internet ainda engati-

nhando tanto no que diz respeito ao

De olho na agilidade e objetividade proporcionadas, cada vez mais condomínios recorrem à internet para se comunicar com os condôminos e suas administradoras

visto que a maioria dos acessos

ainda é para obter a segunda via do

PRINCIPAIS

VANTAGENS

DA WEB

- Agilidade

- Objetividade

- Transparência

- Menos conflitos

22

Por Sônia Salgueiro

caPa

receber informação relevante na hora

que precisa.”

Os especialistas acreditam que, no

futuro, a web se tornará realidade em

todos os condomínios e administrado-

ras. “Será o fim do papel. Prestação de

contas, convocação de assembleia,

boleto, autorização de entrada e

saída... Em dez anos tudo será digi-

tal e feito pela internet”, aposta Carlos

Cêra, diretor de Desenvolvimento de

Produtos da Superlógica, empresa

que oferece soluções em tecnologia

para a administração de condomínios.

Sediada em Campinas (SP), a

também é bem requisitado quando

há um problema pontual. “Na hora de

fazer uma reclamação ao síndico ou à

administradora, o morador recorre à

mensagem eletrônica.”

Marcelo Amorim, sócio-diretor da

Viva Condomínios – empresa que

desenvolve e implementa projetos

de comunicação e programas socio-

ambientais que integram a vida em

comunidade –, observa uma demanda

forte para que os sites sejam mais uti-

lizados. “Há condomínios que têm um

ótimo site, porém muito pouco usado”,

afirma, acrescentando que não basta

dispor de um portal ou endereço de

e-mail. “É preciso uma estratégia inte-

grada”, defende. “Esse público quer

Baena Garcia: “Na hora de fazer uma reclamação ao síndico ou à administradora, o morador recorre à mensagem eletrônica”

companhia possui um software que

permite, entre outras coisas, que o

condômino acesse o relatório de pres-

tação de contas. “Esse tipo de serviço

era pouco utilizado, mas hoje em dia

receber informação relevante na hora também é bem requisitado quando

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seu uso é maciço. Tenho clientes que

não aceitam mais tirar a segunda via

de um boleto pela administradora; só

pela internet”, conta Cêra. Ele diz que

há um motivo extra para o condômino

emitir a segunda via: quando o boleto

está vencido, só pode ser pago no

banco emissor. Já a emissão online

inclui a multa do boleto, permitindo

sua quitação em qualquer instituição

financeira.

Assembleias mais curtas

Iraê Azevedo esclarece que ge-

ralmente os sites dos condomínios

disponibilizam dados mais básicos,

como informações financeiras (balan-

cete, extrato, etc.), atas, convenções

e regulamentos. “Nós oferecemos fó-

runs de discussão, mas por enquanto

nenhum dos nossos clientes utiliza.”

Isso, na interpretação do diretor,

ocorre porque quem mora em condo-

mínios acha que é o corpo diretivo que

tem de se preocupar com o empreen-

dimento, não ele. Com o rápido avan-

ço das redes sociais, porém, Azevedo

antevê os condôminos usando mais

os meios digitais, incluindo os fóruns

de discussão.

briga e muita confusão com o anfi-

trião do evento. “Por e-mail ele deixa

registrada a sua insatisfação, para o

síndico ou para todos os moradores,

mas de modo mais ponderado, uma

vez que todo mundo costuma pensar

duas vezes antes de escrever, algo que

nem sempre acontece quando se fala.”

Para Giovana, o e-mail também

é sinônimo de comodidade. “Em vez

de ligar à meia-noite para a casa do

síndico, o morador envia um e-mail,

que será lido provavelmente no dia

seguinte. Isso é melhor do que sair à

porta ou conversar pelo interfone no

meio da noite”, ilustra.

A intenção de aderir às ferra-

mentas digitais surgiu em março de

2010, logo que Giovana se tornou

subsíndica – seis meses depois, após

Quem embarcou na onda da tec-

nologia digital garante que a prática

trouxe mais agilidade e transparência

e melhorou as relações condôminos-

-síndico-administradora. “A internet co-

labora para um melhor relacionamento

entre os condôminos e evita dores

de cabeça”, opina Giovana Baradelli,

síndica do Residencial dos Pinheiros,

condomínio com 27 sobrados situado

em São Bernardo do Campo, na Gran-

de São Paulo. Num empreendimento

que não possui site ou sistema de

envio de mensagem para os morado-

res, um condômino incomodado com

o barulho de uma festa pode gerar

Dornelas: “Hoje as pessoas preferem solicitar qualquer coisa pela internet a se locomover”

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1 hora e meia.”

Democratizando a informação

“Há dois anos, quando assumimos

a associação, sentimos a necessidade

de nos comunicar”, diz Fabíola Martho,

presidente da Associação Bosque dos

Jatobás, loteamento de 371 lotes loca-

lizado em Jundiaí. Com esse intuito,

a diretoria lançou um jornal interno

com notícias da associação, que era

disseminado, no início, via fotocópias

tiradas pelo zelador.

“Chegamos, entretanto, à con-

clusão de que as informações não

poderiam ficar restritas ao loteamento,

porque temos muitos investidores.

Surgiu, então, a ideia do site (www.

bosquedosjatobas.com.br), que entrou

no ar no primeiro semestre de 2010”,

conta. Lá há informações sobre o

loteamento, assembleias, eventos

(incluindo palestras promovidas pelo

Secovi-SP em Jundiaí e na Capital),

fotos de festas, programação das

obras, andamento das melhorias, etc.

Também há uma área denominada Fale

com o presidente, por meio da qual

o proprietário pode enviar sugestões,

críticas ou reportar problemas.

As informações gerais e fotos

do Bosque dos Jatobás podem ser

acessados por qualquer visitante. Já

para ter acesso aos demais assuntos,

a renúncia do antigo síndico, ela virou

síndica. “Vi que todos os moradores

tinham e-mail e achei que o contato

por mensagem eletrônica simplificaria

a vida de todo mundo, porque 80%

dos moradores trabalham em São

Paulo e só chegam ao condomínio

após as 19 horas.” Ela também abriu

um e-mail (sindico_RP@...) para o

condomínio. “Optei por um endere-

ço genérico, em vez de usar o meu

nome, para que os próximos síndicos

possam usá-lo.”

A síndica passou ainda a fazer

fóruns informais por e-mail, reco-

lhendo a opinião dos condôminos

sobre vários assuntos, incluindo obras.

“Agora vamos para a assembleia com

o assunto previamente discutido”,

conta, explicando que os orçamentos,

que só eram conhecidos na reunião,

ficam disponíveis na web. “Com isso

as reuniões encurtaram. Já tivemos

assembleias de 4 horas para discutir

dois temas. Agora, elas duram 1 hora,

Fabíola: “O site facilitou muito a comunicação no empreendimento”

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1 hora e meia.”

a renúncia do antigo síndico, ela virou

síndica. “Vi que todos os moradores

e achei que o contato

por mensagem eletrônica simplificaria

a vida de todo mundo, porque 80%

dos moradores trabalham em São

Paulo e só chegam ao condomínio

após as 19 horas.” Ela também abriu

(sindico_RP@...) para o

condomínio. “Optei por um endere-

ço genérico, em vez de usar o meu

do Bosque dos Jatobás podem ser

acessados por qualquer visitante. Já

para ter acesso aos demais assuntos,

25

é preciso login e senha.

O site, segundo Fabíola, possui o

mérito de permitir que os proprietários

saibam o que está ocorrendo. “Tudo

acontece muito rápido e não há tempo

de escrever, xerocar e distribuir para

todos os interessados, especialmente

para os que não estão aqui. Por isso o

site facilitou muito a comunicação no

empreendimento”, esclarece. O con-

domínio também possui um e-mail, que

recebe mensagens de proprietários e

fornecedores, entre outros. “São cerca

de 50 mensagens por dia”, contabiliza

Fabíola.

Treinamento online

A internet é vital para a BRC Gestão

de Propriedades e Serviços, braço da

Cyrela Brasil Realty responsável pelas

marcas Facilities e Classic Home

nos empreendimentos residenciais,

comerciais e resorts do grupo. “Con-

seguimos ter um preço competitivo

graças à internet”, ressalta a diretora

Vânia Reis. “Administramos condo-

mínios que nem hotéis conseguem

competir”, comenta, informando que

um empreendimento localizado no Rio

de Janeiro soma 72 itens de lazer. Ela

informa que, via internet, os moradores

pedem de tudo – desde a reserva de

um espaço até o serviço de buffet ou

a decoração do salão de festas. Além

do básico do condomínio, como é o

caso da limpeza, os moradores têm

um serviço pay per use.

“Até a formação dos nossos funcio-

nários acontece via internet, utilizando

o Skype, pois damos treinamento

simultâneo ao pessoal de quatro ou

cinco empreendimentos”, relata Vâ-

nia. Os pagamentos a prestadores de

serviço dentro de Facilities também

são feitos via computador. A auditoria

de patrimônio (número de lâmpadas

trocadas, quanto se comprou de ma-

terial de limpeza, etc.) também está

disponível online.

A executiva conta que, apesar de

tudo poder ser feito pela internet, as

solicitações também são realizadas

por outros meios. “Há pessoas de

mais idade que não estão plugadas”,

esclarece. Existe um computador 24

horas na recepção e esses moradores

só precisam colocar sua senha no

equipamento e passar as outras instru-

ções para o concierge, que completa

o processo. “A internet, bem utilizada,

é fundamental para o bem da coleti-

vidade”, conclui a diretora da BRC.

Vânia: “Até a formação dos nossos funcionários acontece via internet”

Azevedo: “As ligações estão diminuindo e os acessos ao site aumentando”

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CONSElHOS ÚTEIS NA WEB

Fonte: Group Software

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Por Sônia Salgueiro

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