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A D IVERSIDADE DA G EOGRAFIA B RASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO 1687 POR UM OLHAR GEOGRAFICO SOBRE A IDENTIDADE CULTURAL: BREVES PROPOSTAS CONCEITUAIS ATRAVÉS DAS DIMENSÕES ESPACIAIS DO LUGAR, PAISAGEM E TERRITORIO FÁBIO RODRIGO FERNANDES ARAÚJO 1 ROSALVO NOBRE CARNEIRO 2 RESUMO: Se discuti brevemente, sobre como três das principais dimensões objetivas e ao mesmo tempo subjetivas do espaço geográfico, a saber, lugar, paisagem e território, podem ser analisadas conceitualmente como condições fundantes, para a construção epistemológica, do conceito de identidade cultural, numa possível perspectiva contemporânea nas ciências sociais e humanas. Diante disto, esta produção cientifica, será dividida em quatro partes. A primeira é uma breve revisão de literatura da teoria da identidade cultural, presente em obras de autores das Ciências Sociais e Humanas. A segunda, terceira e quarta parte, são proposições argumentativas, sob quais elementos empíricos, ou teóricos, podem ser analisados e interpretadas, a noção de identidade cultural, por meio das dimensões do lugar, paisagem e território. Sendo que por fim, estas dimensões do espaço, instrumentalizam as formas simbólicas, que ligam o ser social a sua condição existencial. Palavras-Chave: Identidade. Lugar. Paisagem. Território. Ser. ABSCTRAT: If discuss briefly about three of the main objective dimensions and subjective at the same time the geographical space, namely, place, landscape and territory can be analyzed conceptually as founding conditions for the epistemological construction, the concept of cultural identity, a possible contemporary perspective in the social sciences and humanities. In view of this, this scientific production, will be divided into four parts. The first is a brief literature review of the theory of cultural identity, present in works of authors of the Social Sciences and Humanities. The second, third and fourth part, are argumentative propositions, in which empirical or theoretical elements can be analyzed and interpreted, the notion of cultural identity, through the dimensions of place, landscape and territory. Since finally these dimensions of space, instrumentalize the symbolic forms, which connect the social being his existential condition. Keywords: Identity. Place. Landscape. Territory. Be. . 1 Mestrando em Ciências Sociais e Humanas da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte UERN. Bolsista Capes. E-mail de Contato: [email protected] 2 Docente do Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais e Humanas da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte - UERN. E-mail de contato: [email protected]

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A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO

DE 9 A 12 DE OUTUBRO

1687

POR UM OLHAR GEOGRAFICO SOBRE A IDENTIDADE CULTURAL:

BREVES PROPOSTAS CONCEITUAIS ATRAVÉS DAS DIMENSÕES

ESPACIAIS DO LUGAR, PAISAGEM E TERRITORIO

FÁBIO RODRIGO FERNANDES ARAÚJO1 ROSALVO NOBRE CARNEIRO2

RESUMO: Se discuti brevemente, sobre como três das principais dimensões objetivas e ao mesmo

tempo subjetivas do espaço geográfico, a saber, lugar, paisagem e território, podem ser analisadas conceitualmente como condições fundantes, para a construção epistemológica, do conceito de identidade cultural, numa possível perspectiva contemporânea nas ciências sociais e humanas. Diante disto, esta produção cientifica, será dividida em quatro partes. A primeira é uma breve revisão de literatura da teoria da identidade cultural, presente em obras de autores das Ciências Sociais e Humanas. A segunda, terceira e quarta parte, são proposições argumentativas, sob quais elementos empíricos, ou teóricos, podem ser analisados e interpretadas, a noção de identidade cultural, por meio das dimensões do lugar, paisagem e território. Sendo que por fim, estas dimensões do espaço, instrumentalizam as formas simbólicas, que ligam o ser social a sua condição existencial. Palavras-Chave: Identidade. Lugar. Paisagem. Território. Ser. ABSCTRAT: If discuss briefly about three of the main objective dimensions and subjective at the same time the geographical space, namely, place, landscape and territory can be analyzed conceptually as founding conditions for the epistemological construction, the concept of cultural identity, a possible contemporary perspective in the social sciences and humanities. In view of this, this scientific production, will be divided into four parts. The first is a brief literature review of the theory of cultural identity, present in works of authors of the Social Sciences and Humanities. The second, third and fourth part, are argumentative propositions, in which empirical or theoretical elements can be analyzed and interpreted, the notion of cultural identity, through the dimensions of place, landscape and territory. Since finally these dimensions of space, instrumentalize the symbolic forms, which connect the social being his existential condition. Keywords: Identity. Place. Landscape. Territory. Be. .

1 Mestrando em Ciências Sociais e Humanas da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte – UERN.

Bolsista Capes. E-mail de Contato: [email protected] 2 Docente do Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais e Humanas da Universidade do Estado do Rio

Grande do Norte - UERN. E-mail de contato: [email protected]

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1 Introdução

É construído um artigo, que faça uma breve discussão reflexiva, sobre como

três das principais dimensões objetivas, e ao mesmo tempo subjetivas, do espaço

geográfico, que a saber, são o lugar, paisagem e território, podem ser analisadas

como condições fundantes, para a construção epistemológica, de uma teoria da

identidade cultural, numa possível perspectiva contemporânea nas ciências sociais e

humanas.

Pois deve-se responder, em quatro grande tópicos, quais enunciados

epistemológicos, ou empíricos, que a ciência geográfica, pode conceituar a

identidade cultural, como expressão subjetiva e indelével dos meios espaciais do

lugar, paisagem e território.

Neste sentido, a primeira parte deste trabalho será composta de uma breve

mas profunda revisão teórica – interpretativa do que seria a identidade, enquanto

conceituação cultural, postulado por autores das ciências sociais e humanas.

A segunda, terceira e quarte parte, será instituída por breves propostas de

analise conceitual, sobre como a teoria da identidade cultural, poderá ser construída,

através das categorias de representação e estudo do espaço geográfico, de lugar,

paisagem e território.

Logo, faz-se necessário esta produção cientifica, como aporte epistemológico,

em especifico dos estudos culturais em geografia, sobre como o sujeito articula na

contemporaneidade sua identidade cultural, individual ou coletiva mediante os

processos que ele mesmo constrói para si e ao outros no tocante as ações, sentidos

e conteúdos que ele expressa na sua vivência, pertencimento e identificação em

relação ao seu espaço geográfico cotidiano em suas multidimensões subjetivistas de

lugar, paisagem, território e região.

2 Por uma possível conceituação teórica–interpretativa do que é a identidade

cultural

Para se analisar a construção de um identidade cultural, o pesquisador

devera se posicionar em relação a este tipo de análise, como um conhecimento, que

não é somente do senso comum, mais sim acadêmico, sobre a relação entre

identidade e cultura (AGIER,2001, p. 07).

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Por outro lado, tem-se que delineá-la como algo a ser gestado e articulado,

por jovens e adultos citadinos, escolarizados e conectados as redes informacionais

globais, na qualidade de “profissionais da identidade” (idem, p.17-27).

Consonante a isto, a construção identitária cultural, pode ser afirmada pelo

campo relacional da diferença, porquê existe mediante o contato que o sujeito ou o

grupo de indivíduos, tem com o diferente (WOODWARD, 2000, p.9-10).

Sob a produção desta, Hall (2000), evidencia que ela, poderá ser arquitetada

fundamentalmente, por discursos e práticas discursivas sobre o sujeito, na condição

de algo incompleto, que está sempre em construção, conforme seu próprio

sustentáculo material e simbólico.

Mas, é no processo de interseção e conexão entre padrões, normas e formas

simbólicas singulares, no que é chamado de hibridismo, isto é, as praticas e

processos socioculturais, que passam a existir em uma estrutura unificada e

uniforme, em seus objetos, ações e atores (CLANCINI, 2001, p. 19-21).

Desta forma, este construto identitário, é articulado por um corpus social

coletivo denominado por Bauman (2003) de “Comunidade de entendimento em

comum”, que é construída, por meio de constantes exercícios de comunicação,

persuasão e argumentação dos seus atores sociais, sobre seus modos de vida.

Por sua vez, ela se prende definitivamente ao cotidiano dos seus atores

sociais, quando passa a se interconectar com o fator memória de seus personagens

reais, no tocante aos seus valores e traços culturais (SANTOS, 2004, p.59).

Para isto, os povos e seus grupos sociais, deverão se unir como uma só força

humana, no que é denominado de ethos, isto é, a visão que cada sociedade tem

conjunto, com suas manifestações culturais, sobre si mesmos, do que seja as

centralidades de suas identificações simbólicas (OLIVEIRA, 1999, RIBEIRO, 1996).

É neste sentido, que a identidade cultural pode ser instrumentalizada no

próprio sujeito, na medida que interpela ele, por meio de diferentes situações,

instituições e agrupamentos sociais (LOURO, 2000, p. 12).

Porém, a identificação cultural, é mensurada em sociedade, por meio da

identidade legitimadora – arquitetada pelas instituições dominantes para perpetuar

seu poder no tocante a práticas culturais de seus grupos humanos; identidade de

resistência – serve como um tipo de construção identitária que luta contra sua

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contraparte legitimadora; e identidade de projeto – é aquela que propõe a

construção de um novo tipo de identidade em substituição a seu tipo de resistência

(CASTELLS, 1999 apud TILIO, 2009, p. 115).

Não obstante, tem-se a identidade como estrutura artífice, da formação social

do sujeito, quando a sua existência cultural, na pluralidade de atributos culturais e

na sua capacidade de se inter-relacionar entre si, num tipo de arcabouço social de

tensão e contradição nos seus sistemas de auto-representação e ação de seus

participantes (CASTELLS ,1999, p. 22).

No entanto, é no fenômeno da globalização, que a identidade cultural,

encontra seus efeitos mais profundos sobre a formação social do sujeito, ao

interpela-lo por uma variedade de identificações coletivas, de região, gênero, etnia,

sexualidade e classe, que estarão sempre disputando, o reconhecimento,

conhecimento e adeptos de suas diferenciações internas e externas (PIERUCCI,

1999 apud FELIPPI, 2006, P. 53).

Portanto a partir dai, o intelectual das ciências sociais e humanas, deve tentar

promover um renovação epistemológica, sobre a teorização da identidade cultural,

ao trata-la como peça-chave do imaginário humano, que tem como meta, alcançar

os outros objetivos do sujeito diante de seu próprio grupo social, e silenciar

definitivamente os mitos e as mentiras (APPIAH, 1997) sobre sua gênese e evolução

temporal e social.

3 O lugar: a dimensão geográfica do sentido e experiência da identidade

cultural

O espaço geográfico se transforma em lugar à medida que subjetivamente

adquire pelo sujeito, definição e significado, se tornando assim uma construção

espacial, na qual este pode habitar, em diferentes e transitórios momentos, para ser

contingenciado, na condição de outra dimensão imaterial do envolvimento do

homem com o mundo, onde assim se desenvolve perspectivas de análise da

identidade cultural, através das experiências verbais, corporais e mentais que o

sujeito insere no lugar, quando lhe confere significados, em vez de apenas

representar as experiências identitarias dele, a ser produzida e reproduzida

constantemente, por sua subjetividade relacional, com as coisas e objetos, e os

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demais seres humanos (RELPH, 1979, TUAN, 1983, HOLZER, 1999, 2005, SAZAKI

, 2010).

Não obstante, o processo de identificação cultural do sujeito, começa no

momento em que ele cria laços emocionais, com os espaços que ele prática, os atos

de referência as entidades incorpóreas, que regem os dogmas religiosos de seu

próprio corpus cultural, criando assim, dois tipos de significação identitária cultural,

para os seus lugares de professar a sua fé.

O primeiros é uma significação mais profunda, que seria o status de suporte

mais significativo de suas práticas culturais, que ele confere aos templos religiosos,

ao transformar estes em o habitat de sua identidade, enquanto membro de grupos

sociais, que articulam ela de acordo, com sua própria concepção de ser-estar no

mundo, através de suas normas e atos de construir sua compreensão de mundo, por

meio de sua relação com os seus deuses.

O segundo é a significação efêmera, isto é, o campo relacional mais

contemporâneo em relação aos lugares sagrados, por que esta seria a fluidez que o

ser social experimenta o que é ter uma identidade cultural, ao se abrir não para um,

mas para várias correntes de fé ao visitar os variados espaços em que esta aciona,

transformando assim a identidade cultural pelos lugares sagrados, em um ampla

rede transitória do que o eu humano é ou deveria ser.

Outros exemplo de análise de identidade cultural, são as casas, devido ao

seu caráter de lugares, cujo significado identitário, se produzem por intermédio das

relações familiares que se configuram em seu interior, por meio dos hábitos

cotidianos de seus atores sociais, por intermédio das conexões e entrecruzamentos

sociais, entre as tradições das famílias tanto em seu lado materno quanto paterno,

como por exemplo, mudar o interior de sua casa devido aos acontecimentos de

morte, casamento ou aniversário de um algum membro da família.

Outro tipo de teorização sobre a identidade cultural, que deve-se fazer, é no

tocante aos espaços públicos, como praças ou feiras comerciais, que podem criar

um lugar tipicamente especial, na medida que são arquitetados para se tornarem

guias das afirmações identitárias da própria cultura dos sujeitos, por atos de

relações linguísticas dos frequentadores destes no dia-a-dia, de seu uso efêmero e

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ao mesmo tempo fixo, se transformam em um sistema referencial dela, para os

grupos sociais, quanto são praticados em sua fisicalidade espacial.

Em especifico, é na parte interior dos lugares do lazer, que se cria um outro

sentido de identidade cultural, baseado na forma que o ser social, criar trejeitos

corporais específicos, para simbolizar a sua ação de está consumindo para si e sua

família, a ação de descansar nestes, ao lhe dar o sentido simbólico de localidade

apropriada, para afirmar o caráter próprio e distinto de construção social coletiva,

quando confere a estes, signos e códigos de experiência, que só sua totalidade

cultural, seja de família ou de amigos, poderá ver e compreender subjetivamente.

4 A paisagem como dimensão artística da identidade cultural

Refletindo que a paisagem é um centro de significação e memória espacial de

forma visual, que evidencia, em um determinado momento, as heranças que

representam as sucessivas relações entre homem e a natureza (SANTOS, 1988

apud ALMEIDA, 2014, p. 115-116), enquanto “verdadeiros laboratórios, onde as

marcas dos processos pretéritos se farão presentes, entrarão em choque com

processos atuais e determinarão processos futuros” (CARVALHO, 1994, p. 99). Para

tanto, a paisagem enquanto criação simbólica e artística da identidade cultural,

mediante a sua respectiva tipificação estética, é construída por meio de quatro

formas de artes, contextualizadas historicamente e socialmente, pelos grupos

humanos que a idealizaram, produziram e reproduziram em pintura, escultura ou

música.

A primeira seria a arte grega, em sua forma clássica da antiguidade, que

descreve uma identidade cultural mais religiosa, que tinha como fundamentação

ideológica, visualizar a subserviência da população grega, aos seus dogmas, e ao

seu mundo vivencial, numa paisagem inreal-real, que tinha um sentido conotativo de

afirmação identitária, para os sujeitos que a viam ou tocavam, nas suas pinturas e

esculturas.

A segunda é a arte barroca, que ao ser construída principalmente em

escultura, em países como Portugal e principalmente no Brasil, durante os séculos

XVI e XVII, reconhece uma paisagem, que transfigura visualmente uma identidade

cultural, voltada mais para sua produção, do que seu simples conceito de

representação, ao ser idealizado em sua criação pictórica, tanto religiosa quanto

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retratista, uma identificação cultural arquitetada, como sendo ilusória, que existia

como um tipo de máscara, no tocante a verdadeira construção simbólica do homem

daquela referida época, ao mostrar este em uma visão distorcida, como persona

social, que vive e articula sua cultura identitária, em algo perfeito, sem nenhum

fratura subjetiva e objetiva no seu corpo, como um todo, e em especifico nos seus

hábitos e racionalidades afetivas.

A terceira é a arte moderna, que surgiu no final do século XIX, e durou até a

primeira parte do século XX, pois compreendia uma paisagem, que representava o

predomínio de uma identidade cultural, focada nos novos estilos de vida dos

habitantes da cidade, construídos mediante o advento da renovação, pelo qual

estavam passando os meios industriais, acadêmicos e informacionais, ao

privilegiarem uma formação cultural identitária, em que sua personificação de origem

por excelência, não seria mais seus atores sociais, mais sim os produtos identitários

de suas cultura urbana, como fotografia e cinema, em que o objetivo seria

representar o “eu” do sujeito, através de suas respectivas expressões emocionais,

de sensibilidade e significância, frente aos seus símbolos identitários.

Logo, a própria paisagem como espacialidade visual, que mostra em imagem,

a vivência cultural urbana do sujeito, se transforma neste estilo de arte, num tipo de

exercício subjetivo, que centrava suas pinturas, fotografias ou tramas fílmicas, num

momento abstrato da sua cultura, em o que “já é” se figura num que “virar a ser”

dele, ao imagina-la como construto subjetivo do ser social, que está sempre

transcendendo o seu passado e o presente, que é obtido num futuro fluido em vez

de fixo, cuja mudança é prevista, pela constante troca de estética artística moderna,

para outra.

O quarto é a paisagem da arte contemporânea, que se transforma na

compreensão visual da existência da própria identidade cultural, como algo múltiplo,

com vários processos e possibilidades de identificação para seu participante, e que

existe para ser o que está entre, e além dele mesmo.

Para isto, ela recorre a recursos estilísticos inovadores, como por exemplo:

efeitos especiais para dar movimento físico a suas obras de arte; o uso do recorte e

colagem para a criação da obra de arte, no qual impera a liberdade do artista, em

experimentar vários tipos de tendências de tons, sons, imagens e cores, para criar

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sua especifica compreensão da sua identidade cultural, como aquilo que é criado

para ser instantâneo, trocável, e que é assumido e afirmado por si e não totalmente

aos outros, na sua condição de autor de sua narrativa identitária.

E é portanto na paisagem como visualidade artística, que as identidades

culturais como moveis e mutáveis, encontram sua chancela simbólica, para fazer o

homem, se transformar em ator libertário de suas práticas culturais, diante dos

estados-nações e suas instituições políticas.

5 Território: poder e afirmação das identidades culturais

Para se refletir sobre a identidade cultural em uma estruturação territorial, tem

que ver a primeira como reflexo social e simbólico da outra, na qual as construções

identitárias como culturais, se dão sob esta dimensão espacial potencializada, como

força e conteúdo de poder e pertencimento do próprio sujeito, na forma de esta

como território, transformando assim este tipo de identidade cultural. em territorial,

porque ela está fundamentada como:

[...] Dentro de uma relação de apropriação que se dá tanto no campo das ideias quanto no da realidade concreta, o espaço geográfico constituindo assim parte fundamental dos processos de identificação. […] De forma muito genérica podemos afirmar que não há território sem algum tipo de identificação e valoração simbólica (positiva ou negativa) do espaço pelos seus habitantes. (HAESBAERT, 1999, p. 172).

É pensando nisto, que se analisa as identidades culturais, como tributarias ao

território, quando o pertencimento do sujeito, a múltiplos ou unidimensionais

processos de identificação, forem articulados através de seu poder político, ou

social, sobre determinado espaço geográfico, e suas respectivas formas simbólicas

de representação visual, ou verbal, porque o território, para constitui em sociedade

as identidades culturais, tem que ser estudado sob dois pontos de vista.

O primeiro é o da exclusão, na qual a identificação cultural, para se afirmar

em relação a um determinado espaço, como seu construto territorial, tem que

garantir em seus atores sociais, o desejo de poder sobre as outras culturas, ao

exclui-las de seu convívio social e epistemológico, através de ações e atos visuais e

linguísticos de teor preconceituoso.

O segundo é da diferença inclusiva, que acontece, quando determinado grupo

social, aceita em seu convívio e no seu próprio território, algumas práticas culturais

diferentes da sua, onde assim é criado um novo tipo de identidade cultural, cuja

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afirmação assim se dar pela aceitação da alteridade, isto é, a organização e

reconhecimento dela, se obtém de acordo com olhar do outro, ou seja, do que é

diferente no sistema simbólico, que arquiteta as junções identitárias culturais dos

territórios, numa valoração mais global do que nacional.

Mas, é nos símbolos visuais e verbais subjetivos, que representam o território

para outras tribos sociais, é que o sujeito confirma sua própria identidade cultural,

como sendo pertence não somente a si, mas também a coletividade social do qual

faz parte, cuja força é vista através de políticas públicas enunciadas por instituições

governamentais, de estados-nações, com o objetivo de evocar para os habitantes de

suas cidades e campos, o que é pertencer e viver sob uma identificação cultural, que

se insere como guia, pra uma afetividade do sujeito no tocante a sua terra natal, e

as tradições culturas que a governam, na condição de complemento institucional,

que demarca a sua natureza original, na qual povos e tribos sociais, criam

instrumentos imaginários e imagéticos, para cristaliza-las como algo ao mesmo

tempo fixo e em constante flexibilidade física, política e econômica.

A reflexão territorial, sobre a identidade cultural, se debruça sobre três

principais formas simbólicas, que demarcam o poder de pertencimento do sujeito, a

especificas idealizações indentitarias, sejam elas nacionais ou regionais.

A primeira seria a bandeira de estado, que com suas cores muitas vezes,

sendo claras ou escuras, apresenta a transição de um processo identitário cultural,

para o outro, cuja constante transitividade é desenvolvida, pela ocupação política e

militar do próprio estado-nação, por outro povo ou cultura estrangeira, ao qual com

isso denota, o desejo de uma cultura afirmar a identidade do sujeito, em outros

meios espaciais, mediante estratégias militares, que objetivem tomar posse daquele

pais ou região, e de sua respectiva construção cultural identitária, com a ajuda de

recursos materiais ou imateriais.

O segundo seria os meios de comunicação, que por intermédio da publicidade

visual e verbal, de produtos construídos por empresas que operam com o aval dos

estados-nações, dinamiza a implantação de uma ideia de território, e da respectiva

identidade cultural de seus atores sociais, ao lhe conferir por meio da publicidade,

filmes e series de tv, o caráter de resistência preservadora dele, a ser feita por

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intermédio dos atos e práticas de verbalização, do ser social, em relação a sua

função e poder, sobre o respectivo arcabouço simbólico dos territórios locais.

O terceiro são as instituições políticas, que tem como sua condição objetiva, a

de regular e também fiscalizar, se o ser social está inserindo em sua vida cotidiana,

as normas e condutas culturais, que deverá adotar para melhor fazer a gestão

social, de seu respectivo território nacional e de suas tipificações regionais.

Para isto, é utilizado políticas governamentais de incentivo a memória cultural

de povos e grupos territorialmente diferenciados, como por exemplo, a preservação

de museus que glorifiquem os atores sociais, que lutaram para que a identidade

cultural de seu território fosse mantida, mesmo com a invasão de outros povos ou

imaginários identitários distintos.

No entanto, é através de um “eu” coletivo que deve pertencer a este meio

geográfico, que o sujeito como seu agente de afirmação e construção da sua

essência, a encontra em sua forma cultural, com seus ritos, vestimentas, idiomas, e

modos de ver as acepções simbólicas de nascimento, maturidade, casamento e

morte, como algo a ser constituído por uma totalidade, em vez de uma

unidimensionalidade das práticas culturais, sobre e no território.

6 Considerações finais

O lugar se configura como o sentido da identidade cultural, na medida que o

habitante deste lhe confere uma significação afetiva e memorialista, sobre o que ele

diz sobre seus intercursos identitários, durante o desenvolver de sua vida cotidiana,

em termos de rituais familiares, visão religiosa, e posicionamento sobre quais bens e

normais, ele deve adquirir para viver em seu grupo social de pertencimento.

A paisagem geográfica enquanto construção artística, se torna a dimensão

imagética da experimentação e liberdade das identidades culturais, quando passou

a representar em imagens pictóricas ou audiovisuais, a vontade de seus autores

contemporâneas em renegar sua identificação cultural de origem, para assim

assumir outro tipo de identidade cultural, uma que seja escrita por si próprio e não

visualizada ou ditada pelos outros.

Quanto ao território, ele é o meio espacial que constata ao mesmo tempo que

contesta o poder e afirmação da identidade cultural, quando seus respectivos

sujeitos são convocados pelo seu estado-nação a proteger o seu espaço geográfico,

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e seu conjunto de práticas culturais, contra o predomínio de um poder político e

ideológico estrangeiro, ao preservaram para si como nação, símbolos, hábitos e

costumes cotidianos, que afirmam a força dela frente as territorialidades globais.

Portanto, a identidade cultural, em sua essência epistemológica nas ciências

sociais e humanas, pode ser vista como uma construção subjetiva, e em constante

progressão e mudança do “eu” individual ou coletivo do sujeito, a ser substanciada

não mais somente pelo olhar do outro, mas sim instrumentalizada pelas formas

simbólicas, que ligam o ser social e sua condição existencial, a seus grupos sociais

e suas práticas culturais, em textos e contextos geográficos de lugar, paisagem e

território

7 Referências

AGIER, M. Distúrbios identitários em tempos de globalização. Mana (Rio de Janeiro. Online), nº 7, ano (2), p.7-33, 2001. ALMEIDA, A. A .L. Revisitando os significados de paisagem à luz das abordagens do pensamento geográfico. Geografar (Curitiba. Online), vol.09, nº 2, p. 104-120, 2014. APPIAH, Kwame Anthony. Na casa de meu pai. A África na filosofia da cultura. Rio de janeiro: Contraponto, 1997. BAUMAN, Zygmund. Comunidade: a busca por segurança no mundo atual. Tradução de Plínio Dentzien. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2003. CANCLINI, Nestor Garcia. Culturas híbridas: estratégias para entrar e sair da modernidade. São Paulo: EdUSP, 2001. CARVALHO, Marcos B. de. A natureza da Geografia no ensino médio. In: OLIVEIRA, Ariovaldo U. de. (org.). Para onde vai o ensino de Geografia. 5. ed. São Paulo: Contexto, 1994. CASTELLS, Manuel. O poder da identidade. São Paulo: Paz e Terra, 1999. FELLIPI, Ângela Cristina Trevisan. Jornalismo e identidade cultural: construção da identidade gaúcha em zero hora. 2006. 177f. Tese (Doutorado em Comunicação social). Programa em Pós-graduação da Pontificia Universidade católica do Rio Grande do Sul- PUC/RS, 2006. LOURO, Guarcida Lopes. Pedagogias da sexualidade. In: LOURO, G. L. (Org.). O corpo educado: pedagogias da sexualidade. Belo Horizonte: Autêntica, 2000. p. 7-34.

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