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Poupança Externa e Poupança Externa e Crescimento Crescimento Econômico : uma Econômico : uma crítica a crítica a “ortodoxia “ortodoxia convencional” convencional” Prof. José Luis Oreiro Prof. José Luis Oreiro Departamento de Economia – Departamento de Economia – UNB UNB Pesquisador Nível I do CNPq. Pesquisador Nível I do CNPq.

Poupança Externa e Crescimento Econômico : uma crítica a “ortodoxia convencional”

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Poupança Externa e Crescimento Econômico : uma crítica a “ortodoxia convencional”. Prof. José Luis Oreiro Departamento de Economia – UNB Pesquisador Nível I do CNPq. Modelo de Crescimento da “Ortodoxia Convencional”. - PowerPoint PPT Presentation

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Page 1: Poupança Externa e Crescimento Econômico : uma crítica a “ortodoxia convencional”

Poupança Externa Poupança Externa e Crescimento e Crescimento

Econômico : uma Econômico : uma crítica a “ortodoxia crítica a “ortodoxia

convencional”convencional”Prof. José Luis Oreiro Prof. José Luis Oreiro

Departamento de Economia – Departamento de Economia – UNBUNB

Pesquisador Nível I do CNPq. Pesquisador Nível I do CNPq.

Page 2: Poupança Externa e Crescimento Econômico : uma crítica a “ortodoxia convencional”

Modelo de Crescimento da Modelo de Crescimento da “Ortodoxia Convencional” “Ortodoxia Convencional”

O nível de renda per-capita de um país depende da intensidade O nível de renda per-capita de um país depende da intensidade do capital e, por conseguinte, da taxa de poupança. do capital e, por conseguinte, da taxa de poupança. Quanto maior a fração do PIB que for poupada maior será a Quanto maior a fração do PIB que for poupada maior será a

intensidade do capital e, portanto, o nível de renda per-capita. intensidade do capital e, portanto, o nível de renda per-capita. MRW (1992): As diferenças internacionais observadas nos MRW (1992): As diferenças internacionais observadas nos

níveis de renda per-capita podem ser tributadas às diferenças níveis de renda per-capita podem ser tributadas às diferenças observadas entre as taxas de poupança e as taxas de observadas entre as taxas de poupança e as taxas de crescimento da população. crescimento da população.

A redução do diferencial entre os níveis de renda per-capita A redução do diferencial entre os níveis de renda per-capita exige que sejam reduzidos os diferenciais observados entre as exige que sejam reduzidos os diferenciais observados entre as taxas de poupança. taxas de poupança. Os países pobres precisam aumentar a sua taxa de Os países pobres precisam aumentar a sua taxa de

poupança. poupança. As restrições a mobilidade internacional de capitais devem As restrições a mobilidade internacional de capitais devem

ser removidas para que os capitais possam fluir dos países ser removidas para que os capitais possam fluir dos países ricos, onde são abundantes, para os países pobres, onde ricos, onde são abundantes, para os países pobres, onde são escassos. são escassos.

O crescimento dos países pobres requer, portanto, O crescimento dos países pobres requer, portanto, “poupança externa”. “poupança externa”.

Page 3: Poupança Externa e Crescimento Econômico : uma crítica a “ortodoxia convencional”

O modelo ... O modelo ... As hipóteses teóricas implícitas no modelo de As hipóteses teóricas implícitas no modelo de

crescimento da “ortodoxia convencional” são : crescimento da “ortodoxia convencional” são : O investimento é determinado pela disponibilidade de O investimento é determinado pela disponibilidade de

poupança, de forma que se houver um aumento da poupança, de forma que se houver um aumento da poupança então haverá um aumento do investimento. poupança então haverá um aumento do investimento.

A poupança doméstica e a poupança externa são A poupança doméstica e a poupança externa são complementares: um aumento da poupança externa complementares: um aumento da poupança externa gera um aumento líquido da poupança agregada. gera um aumento líquido da poupança agregada.

Como corolário dessas hipóteses segue-se que um Como corolário dessas hipóteses segue-se que um aumento da poupança externa – ou seja, do déficit em aumento da poupança externa – ou seja, do déficit em conta-corrente – deve gerar um aumento do investimento conta-corrente – deve gerar um aumento do investimento e, portanto, da intensidade do capital, levando assim a e, portanto, da intensidade do capital, levando assim a um aumento do nível de renda per-capita. um aumento do nível de renda per-capita.

Os países em desenvolvimento devem, portanto, Os países em desenvolvimento devem, portanto, liberalizar a sua conta de capitais para atrair a liberalizar a sua conta de capitais para atrair a “poupança externa” necessária ao seu desenvolvimento “poupança externa” necessária ao seu desenvolvimento no longo-prazo. no longo-prazo.

Page 4: Poupança Externa e Crescimento Econômico : uma crítica a “ortodoxia convencional”

PuzzlesPuzzles para a “ortodoxia para a “ortodoxia convencional”convencional”

Enigma Feldstein-Horioka (1980): Com base numa amostra Enigma Feldstein-Horioka (1980): Com base numa amostra de 16 países da OCDE observa-se uma forte correlação de 16 países da OCDE observa-se uma forte correlação entre a poupança doméstica e a taxa de investimento. entre a poupança doméstica e a taxa de investimento.

Outros estudos mostraram que essa correlação é estável e Outros estudos mostraram que essa correlação é estável e pode ser observada também para países em pode ser observada também para países em desenvolvimento. desenvolvimento.

A poupança externa aparentemente não tem influência A poupança externa aparentemente não tem influência sobre a taxa de investimento. sobre a taxa de investimento.

Interpretação do enigma: Ele é uma decorrência da Interpretação do enigma: Ele é uma decorrência da existência de uma “restrição orçamentária inter-temporal”. existência de uma “restrição orçamentária inter-temporal”. Um país não pode se endividar indefinidamente: os déficits em Um país não pode se endividar indefinidamente: os déficits em

conta-corrente precisam ser seguidos por superávits. conta-corrente precisam ser seguidos por superávits. Dessa forma, no longo-prazo o investimento deve ser “financiado” Dessa forma, no longo-prazo o investimento deve ser “financiado”

com “poupança doméstica”, não com “poupança externa”. com “poupança doméstica”, não com “poupança externa”.

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Limites para o Limites para o endividamento externoendividamento externo

Seja : Seja : H : superávit comercial mais o saldo líquido da H : superávit comercial mais o saldo líquido da

conta de serviços não-fatores (transferência conta de serviços não-fatores (transferência líquida de recursos para o exterior). líquida de recursos para o exterior).

iD : renda líquida enviada ao exterior (produto iD : renda líquida enviada ao exterior (produto entre a taxa de juros internacional e o estoque entre a taxa de juros internacional e o estoque de dívida externa). de dívida externa).

z = D/X : a dívida externa como proporção das z = D/X : a dívida externa como proporção das exportações. exportações.

h = H/X: o saldo comercial como proporção h = H/X: o saldo comercial como proporção das exportações. das exportações.

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Limites ...Limites ...

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Limites ... Limites ... A dívida externa como proporção das exportações A dívida externa como proporção das exportações

irá aumentar (diminuir) ao longo do tempo se a irá aumentar (diminuir) ao longo do tempo se a taxa de juros externa for maior (menor) do que a taxa de juros externa for maior (menor) do que a soma entre a taxa de crescimento das soma entre a taxa de crescimento das exportações (x) e a razão entre as exportações e a exportações (x) e a razão entre as exportações e a dívida externa [ (h/z)=(H/X)(X/D)=H/D]dívida externa [ (h/z)=(H/X)(X/D)=H/D]

Se a taxa de crescimento das exportações for Se a taxa de crescimento das exportações for muito baixa ou se a dívida externa como muito baixa ou se a dívida externa como proporção das exportações for muito alta; então a proporção das exportações for muito alta; então a dívida externa como proporção das exportações dívida externa como proporção das exportações irá aumentar ilimitadamente, violando assim a irá aumentar ilimitadamente, violando assim a restrição de solvência externa da economia. restrição de solvência externa da economia. Crise do balanço de pagamentos. Crise do balanço de pagamentos.

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Solvência Externa Solvência Externa

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Dinâmica da Dívida Dinâmica da Dívida ExternaExterna

Se a taxa de crescimento das exportações de Se a taxa de crescimento das exportações de um país devedor for maior do que a taxa de um país devedor for maior do que a taxa de juros internacional então ele poderá ter um juros internacional então ele poderá ter um hiato de recursos positivo (ou seja, déficit na hiato de recursos positivo (ou seja, déficit na balança comercial e de serviços não-fatores) balança comercial e de serviços não-fatores) sem que isso leve a um aumento da relação sem que isso leve a um aumento da relação dívida externa/exportações. dívida externa/exportações. Exemplo: Exemplo:

z = 2, x = 0.15, i = 0.11 então h = -0.08 (ou seja, o país z = 2, x = 0.15, i = 0.11 então h = -0.08 (ou seja, o país pode ter um déficit na balança comercial e de serviços pode ter um déficit na balança comercial e de serviços não fatores de até 8% das suas exportações que isso não não fatores de até 8% das suas exportações que isso não levará a um aumento de z). levará a um aumento de z).

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Dinâmica da Dívida Dinâmica da Dívida ExternaExterna

Se a taxa de crescimento das exportações for Se a taxa de crescimento das exportações for menor do que a taxa internacional de juros menor do que a taxa internacional de juros então a solvência externa de longo-prazo exige então a solvência externa de longo-prazo exige que o país transfira recursos para o exterior, que o país transfira recursos para o exterior, ou seja, que ele apresente superávit na ou seja, que ele apresente superávit na balança comercial e de serviços não-fatores. balança comercial e de serviços não-fatores.

O superávit requerido será tão maior quanto O superávit requerido será tão maior quanto maior for a dívida externa como proporção das maior for a dívida externa como proporção das exportações e quanto maior for a diferença exportações e quanto maior for a diferença entre a taxa de juros internacional e a taxa de entre a taxa de juros internacional e a taxa de crescimento das exportações. crescimento das exportações.

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Endividamento Externo e Endividamento Externo e CrescimentoCrescimento

Patillo, C et alli (2002). Patillo, C et alli (2002). External Debt and GrowthExternal Debt and Growth. . IMF Working Papers, 02/69. IMF Working Papers, 02/69. Evidências de um efeito não-linear do aumento da Evidências de um efeito não-linear do aumento da

dívida externa sobre o crescimento. dívida externa sobre o crescimento. O impacto médio da dívida externa sobre o crescimento O impacto médio da dívida externa sobre o crescimento

per-capita se torna negativo para níveis de dívida acima per-capita se torna negativo para níveis de dívida acima de 160-170 por cento das exportações e 35-40 por cento de 160-170 por cento das exportações e 35-40 por cento do PIB. do PIB.

Outra conclusão importante do estudo é que ao se Outra conclusão importante do estudo é que ao se dobrar a dívida externa, o crescimento é reduzido entre dobrar a dívida externa, o crescimento é reduzido entre 0,5 e 1 p.p. 0,5 e 1 p.p.

Dessa forma, se a dívida externa passar de 100 para Dessa forma, se a dívida externa passar de 100 para 300 por cento das exportações, o crescimento da renda 300 por cento das exportações, o crescimento da renda per-capita se reduz em 2 pontos percentuais por ano. per-capita se reduz em 2 pontos percentuais por ano.

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Endividamento Endividamento Externo ...Externo ...

Bresser e Nakano (2004): Com base numa Bresser e Nakano (2004): Com base numa amostra de 51 países no período 1979-1998 foi amostra de 51 países no período 1979-1998 foi testado o impacto de um aumento da taxa de testado o impacto de um aumento da taxa de poupança externa sobre o crescimento do PIBpoupança externa sobre o crescimento do PIB Para a amostra total verificou-se que um aumento Para a amostra total verificou-se que um aumento

de 1 p.p na poupança externa com respeito ao PIB de 1 p.p na poupança externa com respeito ao PIB tem um impacto de longo-prazo de 0.005 por cento tem um impacto de longo-prazo de 0.005 por cento no crescimento do PIB per-capita, ou seja, a no crescimento do PIB per-capita, ou seja, a elasticidade do crescimento com respeito a elasticidade do crescimento com respeito a poupança externa é de apenas 0.005. poupança externa é de apenas 0.005.

Se considerarmos apenas os países da América Se considerarmos apenas os países da América Latina, a maioria dos quais está altamente Latina, a maioria dos quais está altamente endividada, o impacto da poupança externa, no endividada, o impacto da poupança externa, no mesmo período, cai para 0.001, um resultado que mesmo período, cai para 0.001, um resultado que não é estatisticamente diferente de zero. não é estatisticamente diferente de zero.

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Substituição de Substituição de Poupanças Poupanças

Por que razão a poupança externa parece ter Por que razão a poupança externa parece ter um impacto negativo ou, no melhor dos casos, um impacto negativo ou, no melhor dos casos, insignificante sobre o crescimento de longo-insignificante sobre o crescimento de longo-prazo? prazo?

Uma razão para isso é que a poupança Uma razão para isso é que a poupança doméstica e a poupança externa são doméstica e a poupança externa são substitutos ao invés de complementares. substitutos ao invés de complementares.

Dessa forma, um aumento da poupança Dessa forma, um aumento da poupança externa é, via de regra, usado para financiar externa é, via de regra, usado para financiar um aumento do consumo doméstico, deixando um aumento do consumo doméstico, deixando inalterado o investimento. inalterado o investimento.

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O Mecanismo de O Mecanismo de Substituição de Poupanças Substituição de Poupanças

A substituição de poupanças ocorre em função de A substituição de poupanças ocorre em função de uma valorização da taxa real de câmbio. uma valorização da taxa real de câmbio.

Quando o câmbio real se aprecia ocorre um aumento Quando o câmbio real se aprecia ocorre um aumento do salário real e da participação dos salários na do salário real e da participação dos salários na renda nacional. renda nacional.

Como a propensão a consumir a partir dos salários é Como a propensão a consumir a partir dos salários é maior do que a propensão a consumir a partir dos maior do que a propensão a consumir a partir dos lucros ocorre um aumento do consumo doméstico e, lucros ocorre um aumento do consumo doméstico e, dessa forma, uma redução da taxa de poupança. dessa forma, uma redução da taxa de poupança.

A apreciação do câmbio real, por outro lado, gera A apreciação do câmbio real, por outro lado, gera uma redução das exportações e um aumento das uma redução das exportações e um aumento das importações produzindo assim um aumento do déficit importações produzindo assim um aumento do déficit em conta corrente, ou seja, um aumento da poupança em conta corrente, ou seja, um aumento da poupança externa. externa.