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Alicia Bárcena Secrétaria Executiva Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe Nações Unidas Brasília,13 de julho de 2010

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Alicia BárcenaSecrétaria ExecutivaComissão Econômica para a América Latina e o Caribe

Nações UnidasBrasília,13 de julho de 2010

De Beijing a Brasília: situação da igualdade de gênero

na região

• 15 anos desde a aprovação da Plataforma de Ação de Beijing

• 10 anos desde a Declaração do Milênio

• 3 anos desde a aprovação do Consenso de Quito

Desde a Conferência de Beijing, a região teve crises, mas também o seu período mais notável de bonança econômica, que terminou com a recente crise global

AMÉRICA LATINA E CARIBE: TAXA DE CRESCIMENTO DO PIB E DOPIB PER CAPITA, 1995-2009

(Em porcentagens)

Fonte: Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), com base em informação oficial.

Em termos de pobreza, depois da década perdida de 1980, uns anos noventa difíceis

e um novo século com resultados ...AMÉRICA LATINA: TAXAS DE POBREZA, 1980-2008

(Em porcentagens)

Fonte: Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), com base em informação oficial.

… A tendência à queda da taxa de pobreza se detém com a deterioração de 2009, mas não elimina as grandes

conquistas dos últimos seis anos

AMÉRICA LATINA: EVOLUÇÃO DA POBREZA E DA INDIGÊNCIA a, 1980 – 2009

Fonte: Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), com base em tabulações especiais das pesquisas de domicílios dos respectivos países.a Estimativa correspondente a 18 países da região mais Haiti. As cifras colocadas sobre as seções superiores das barras representam a porcentagem e o número total de pessoas pobres (indigentes mais pobres não indigentes).

Porcentagem de pessoas Milhões de pessoas

AMÉRICA LATINA (16 PAÍSES): ÍNDICE DE GINI, 1990-2002 E 2002-2008

O crescimento econômico e a melhor distribuição da renda foram importantes aliados

no combate à pobreza …

Fonte: Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), com base em tabulações especiais das pesquisas de domicílios dos respectivos países.

Número de pessoas em idade inativa por cada 100 pessoas em

idade ativa:

(0-14) + (60 +) / (15-59)

Queda acentuada:Dividendo fácil do bônus(1970-2010/2015)

Estabilização em níveis baixos:Persiste o bônus, mas se ativa dependendo de outros fatores(2010/2015-2021)

Início da inversão do bônus demográfico:Começa a subir a taxa de dependência2021-

50

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50… Também a forte queda da taxa de

dependência demográfica em nível regional

Observatório da igualdade de gênero da América Latina e Caribe

19481951

19551953

1949 1949

1944

19771980

1990

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2006

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20072010

2006

1961

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1947

27 29 2935

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1940

1950

1960

1970

1980

1990

2000

2010

Antilhas

Holandesas

Dom

inica

Nicarágua

Baham

as

Guiana

Chile

Panam

a

Argentina

Costa R

ica

Jamaica

Anos transcorridos

Ano do início do mandato presidencial das mulheres

Ano do reconhecimento do direito das mulheres a votar

Autonomia política

AMÉRICA LATINA E CARIBE: SUFRÁGIO UNIVERSAL E ACESSO DAS MULHERES À PRESIDÊNCIA, 1940-2010

Fonte: Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), Observatório da igualdade de gênero da América Latina e Caribe, com base em informação oficial [on-line] www.cepal.org/oig.

Autonomia política

AMÉRICA LATINA E CARIBE: EVOLUÇÃO DOS POSTOS OCUPADOS POR MULHERES NOS PARLAMENTOS NACIONAIS

(Em porcentagens)

Fonte: Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), Observatório da igualdade de gênero da América Latina e Caribe, com base em informação oficial [on-line] www.cepal.org/oig .

Fonte: Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), Observatório da igualdade de gênero da América Latina e Caribe, 2009. Millennium Indicators Database. Sítio na internet da Divisão de Estatística das Nações Unidas (2009), http://millenniumindicators.un.org; Última atualização: 14 de julho de 2009, com base em informação proporcionada pela União Interparlamentar [on-line]: http://www.ipu.org/wmn-e/world.htm.

AMÉRICA LATINA E CARIBE: PROPORÇÃO DE MULHERES NO PRINCIPAL ÓRGÃO LEGISLATIVO NACIONAL, CERCA DE 2009

(Em porcentagens)

Autonomia política

Quanto ao progresso da igualdade de gênero na região, os maiores avanços se registram na

presença crescente das mulheres em postos de tomada de decisão

AMÉRICA LATINA (11 PAÍSES): DIFERENÇA NA REPRESENTAÇÃO DAS MULHERES NO PARLAMENTO (CÂMARA BAIXA OU CÂMARA ÚNICA) ENTRE A ELEIÇÃO ANTERIOR À INCORPORAÇÃO DA LEI DE

COTAS E A ÚLTIMA ELEIÇÃO(Em porcentagens)

Fonte: Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), Observatório da igualdade de gênero da América Latina e Caribe , com base em informação oficial.

Autonomia física

• A autonomia é alcançada a partir da capacidade de tomar decisões sobre a própria vida, isto é, a capacidade de decidir sobre a vida sexual e reprodutiva, a integridade física e a renda ou ativos

Autonomia física: maternidade adolescente

AMÉRICA LATINA E CARIBE (19 PAÍSES): EVOLUÇÃO DA MATERNIDADE EM MULHERES ADOLESCENTES DE 15 A 19 ANOS EM UM PERÍODO APROXIMADO DE 10 ANOS

(Em porcentagens)

Fonte: Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), com base em informação apresentada no Observatório da igualdade de gênero da América Latina e Caribe [on-line] www.cepal.org/oig.

Autonomia física:mortalidade materna

AMÉRICA LATINA E CARIBE (28 PAÍSES): MORTALIDADE MATERNA POR CADA 100.000 NASCIDOS VIVOS a/

Fonte: Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), com base na Organização Mundial da Saúde (OMS), Estimativas de mortalidade materna 2005, http://whqlibdoc.who.int/publications/2008/9789243596211_spa.pdf; UNICEF; UNFPA; e Banco Mundial.a/ Se calcula como o quociente entre o número de mortes maternas (numerador), dividido pelo número total de nascidos vivos (denominador), durante um período de tempo, multiplicado por 100.000.

Igualdade de gêneroQue tipo de Estado ?

Que tipo de igualdade?

• Este documento se centra no trabalho das mulheres, já que o primeiro passo para a igualdade é a autonomia em suas três dimensões

• O eixo central é a redistribuição do trabalho total– Trabalho remunerado mais trabalho

não remunerado

Autonomia econômica e trabalho total das mulheres

Indicadores:• Entrada ao mercado de trabalho

(PEA)• Mulheres sem renda própria• Tempo de trabalho total

Autonomia econômica:entrada ao mercado de trabalho

A entrada das mulheres ao mercado de trabalho teve um crescimento notável entre 1990 e 2008 nas zonas urbanas: a taxa de participação econômica das

mulheres passou de 42% para 52%.

Autonomia econômica:mulheres sem renda própria

Mais de um terço das mulheres urbanas maiores de 15 anos não têm ou não recebem nenhuma renda e a maioria não tem acesso a recursos

monetários porque sua principal atividade são os afazeres domésticos e as tarefas de cuidado em seus domicílios.

AMÉRICA LATINA (MÉDIA SIMPLES, 17 PAÍSES, ZONAS URBANAS): POPULAÇÃO COM 15 ANOS OU MAIS SEM RENDA PRÓPRIA, POR SEXO, 1994-2008

(Porcentagens em relação ao total de cada sexo)

Autonomia econômica: tempo de trabalho total

AMÉRICA LATINA E CARIBE (PAÍSES SELECIONADOS): TEMPO DEDICADO AO TRABALHO TOTAL, AO TRABALHO DOMÉSTICO E AO TRABALHO REMUNERADO, SEGUNDO O SEXO

(Em horas semanais)

Fonte: Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), com base nos resultados das pesquisas de uso do tempo e perguntas sobre jornadas domésticas e ocupações remuneradas incorporadas às pesquisas de domicílios dos respectivos países.

O trabalho remunerado das mulheres

AMÉRICA LATINA (MÉDIA SIMPLES): TAXA DE PARTICIPAÇÃO DE HOMENS E MULHERES NA ATIVIDADE ECONÔMICA, SEGUNDO O NÚMERO DE ANOS

DE INSTRUÇÃO, ZONAS URBANAS, 1994-2008(Em porcentagens)

Fonte: Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), com base em tabulações especiais das pesquisas de domicílios dos respectivos países [on- line] www.cepal.org/mujer.

O trabalho remunerado das mulheres:a segmentação horizontal e vertical

Fonte: Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), com base em tabulações específicas das pesquisas de domicílios dos respectivos países.

AMÉRICA LATINA: OCUPADOS COM 15 ANOS OU MAIS, SEGUNDO O RAMO DE ATIVIDADE, ZONAS URBANAS, CERCA DE 1994 A 2008

(Em porcentagens)

• Cadeias globais de cuidado: As mulheres migrantes vivem um paradoxo: a impossibilidade de conciliar a vida familiar e laboral e a perda de qualidade no cuidado de filhos e filhas

• Remessas: Representam um aporte não reconhecido ao desenvolvimento e são crescentes

O trabalho remunerado das mulheres: o trabalho doméstico remunerado

O trabalho remunerado das mulheres: o trabalho independente

AMÉRICA LATINA (16 PAÍSES): EMPREGADORAS E TRABALHADORAS AUTÔNOMAS, TOTAL NACIONAL, CERCA DE 2008

(Em porcentagens)

Fonte: Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), com base em tabulações especiais das pesquisas de domicílios dos respectivos países.

O trabalho remunerado das mulheres: as desigualdades de renda

AMÉRICA LATINA: RELAÇÃO ENTRE A RENDA MÉDIA DO TRABALHO DAS MULHERES E A DOS HOMENS, POPULAÇÃO ECONOMICAMENTE ATIVA OCUPADA

O trabalho remunerado das mulheres: a pobreza

Fonte: Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), com base em tabulações especiais das pesquisas de domicílios dos respectivos países.

AMÉRICA LATINA (15 PAÍSES): MAGNITUDE DA POBREZA EM DOMICÍLIOS BIPARENTAIS SEM E COM APORTE DAS MULHERES À RENDA FAMILIAR, ZONAS URBANAS E RURAIS,

CERCA DE 2008 (Em porcentagens de domicílios pobres)

118117

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1990 1994 1997 1999 2002 2004 2005 2006 2008

INDIGÊNCIA

POBREZA

100=PARIDADE MULHERES/HOMENS

O trabalho remunerado das mulheres: a pobreza

Fonte: Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), com base em tabulações específicas das pesquisas de domicílios dos respectivos países.

AMÉRICA LATINA (MÉDIA SIMPLES DOS PAÍSES): ÍNDICE DE FEMINIDADE DA POBREZA E DA INDIGÊNCIA PARA A POPULAÇÃO DE 20 A 59 ANOS, ZONAS URBANAS, CERCA DE 1990 A 2008

Em suma, há um avanço limitado na esfera da autonomia econômica

• Persistem as rigidezes na distribuição do trabalho reprodutivo

• A participação econômica das mulheres se mantém baixa (52% em 2008)

• Inserção laboral precária. As mulheres em ocupações flexíveis e informais, como os empregos de tempo parcial ou os empregos a domicílio, estão expostas à subcontratação

• Contexto de desregulamentação e flexibilização do mercado de trabalho

Nem o mercado nem o Estado oferecem opções adequadas e suficientes para

conciliar a vida familiar e laboral

• Se mantêm os estereótipos: homem provedor e mulher cuidadora

• Debilidade dos serviços de cuidado

• Predomínio de programas assistenciais que reforçam os papéis de gênero

• O cuidado não é um direito respeitado e as cuidadoras não têm direitos

Fluxo circular da renda ampliado

Fonte: A. Picchio, “Un enfoque macroeconómico ampliado de las condiciones de vida”, conferência inaugural das jornadas Tiempos, trabajo y género, Barcelona, Universidade de Barcelona, 2001, em Rodríguez, Corina (2007) La organización del cuidado de niños y niñas en Argentina y Uruguay. Serie Mujer y Desarrollo 90, CEPAL.

Economia do cuidado• Sistema econômico e dimensões

ausentes: trabalho não remunerado• É parte da criação de riqueza• Responsabilidade de todos: homens,

mulheres, comunidade, empresas, instituições

• Eixo do desenvolvimento econômico

A conexão entre o trabalho remunerado e não remunerado

• Deve-se romper a divisão sexual do trabalho e o “silêncio estratégico” sobre o trabalho não remunerado

• Conseguir a conciliação entre a vida familiar e o trabalho: redistribuir entre o Estado, o mercado e as famílias

• Sem possibilidade de decidir sobre seu tempo, a mulher não terá autonomia; conquistando autonomia conquistarátambém a possibilidade de decidir melhor a redistribuição do seu tempo

Redistribuição equitativa do trabalho total

Eliminar obstáculos para ter acesso ao mercado de trabalho e sair da precariedade Políticas para criar empregos produtivos e estáveisInfraestrutura social para garantir o acesso ao mercado de trabalhoTomar medidas para eliminar viéses de gênero no mercado laboral: superar a desigualdade salarial, a segmentação e a discriminação

Propostas: Tempo para trabalhar

Titularidade plena de direitos: respeito, proteção e cumprimento pelo menos do marco internacional com adicionalidade em nível nacionalParticipação ativa do Estado: no mercado de trabalho e nas famílias (condições para conquistar a autonomia)Promover o direito ao cuidado e o direito dos cuidadores tanto por parte do Estado como do mercado

Uma nova equação entre Estado, mercado e família para a igualdade

• Melhorar a redistribuição de recursos econômicos

• Outorgar incentivos positivos para a inserção das mulheres ao trabalho

• Ampliar o campo de oportunidades econômicas

• Eliminar barreiras derivadas do cuidado: plena participação das mulheres e incorporação de varões ao cuidado

Pacto fiscal favorável à equidade de gênero para:

O desafio atual é ampliar a universalização desses direitos, superando tanto a dependência do mercado e da relação salarial, como do assistencialismo focalizado, que outorga níveis mínimos de proteção em base ànecessidade extrema e não como direito universal garantido.

Desafio ético-político

Dívida histórica: discriminação

Uma esfera de especial preocupação é a relativa à discriminação das mulheres pobres, indígenas e afrodescendentes, cuja situação de desvantagem resume as múltiplas desigualdades que caracterizam a região.

Igualdade de gêneroQue tipo de Estado ?

Que tipo de igualdade?

• Um Estado que promova políticas públicas que solucionem a carga de trabalho não remunerado e de cuidado que recai sobre as mulheres, para que estas possam ter a oportunidade de acesso a empregos produtivos e bem remunerados e a liberdade de escolher seu tempo e seu lugar de trabalho

• Um Estado que garanta a titularidade de direitos e a expressão da democracia

Muito obrigada