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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
VA�ESSA COSTA SOARES
PRÁTICAS CORRENTES DE VENTILAÇÃO MECÂNICA EM PEDIATRIA
NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
RIO DE JANEIRO
2009
2
Vanessa Costa Soares
PRÁTICAS CORRE�TES DE VE�TILAÇÃO MECÂ�ICA EM
PEDIATRIA �O ESTADO DO RIO DE JA�EIRO
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Clínica Médica (Saúde da Criança e do Adolescente), da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Ciências (Clínica Médica / Saúde da Criança e do Adolescente).
Orientadores: Antonio José Ledo Alves da Cunha
Arnaldo Prata Barbosa
Rio de Janeiro
2009
3
Soares, Vanessa Costa.
Práticas correntes de ventilação mecânica em pediatria no estado do Rio de Janeiro / Vanessa Costa Soares – Rio de Janeiro: UFRJ / Faculdade de Medicina, 2009.
152 f. : il. ; 31 cm Orientadores: Antonio José Ledo Alves da Cunha e Arnaldo Prata
Barbosa.
Dissertação (mestrado) -- UFRJ, Faculdade de Medicina, Programa de Pós-graduação em Clínica Médica (Saúde da Criança e do Adolescente), 2009.
Referências bibliográficas: f. 132-138.
1. Prática profissional. 2. Cuidados intensivos. 3. Respiração artificial - métodos. 4. Respiração artificial - utilização. 5. Unidades de terapia intensiva pediátrica. 6. Unidades de terapia intensiva neonatal. 7. Pediatria. 8. Estudos transversais. 9. Rio de Janeiro. 10. Saúde da Criança e do Adolescente - Tese. I. Cunha, Antonio José Ledo Alves da. II. Barbosa, Arnaldo Prata. III. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Faculdade de Medicina, Programa de Pós-graduação em Clínica Médica. IV. Título.
4
VA�ESSA COSTA SOARES
PRÁTICAS CORRE�TES DE VE�TILAÇÃO MECÂ�ICA EM
PEDIATRIA �O ESTADO DO RIO DE JA�EIRO
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Clínica Médica (Saúde da Criança e do Adolescente), da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Ciências (Clínica Médica / Saúde da Criança e do Adolescente).
Aprovada em
____________________________________ Prof. Dr. Clemax Couto Sant’Anna - Presidente Professor Adjunto do Departamento de Pediatria
Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro- UFRJ
________________________________________ Prof. Dr. Cid Marcos Nascimento David
Professor Associado do Departamento de Clínica Médica Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro- UFRJ
________________________________________ Prof. Werther Brunow de Carvalho
Professor Associado Livre Docente do Departamento de Pediatria Faculdade de Medicina da Universidade Federal de São Paulo- UNIFESP
6
AGRADECIME�TOS
− A Deus e ao suporte espiritual que recebi e recebo todos os dias.
− Aos meus pais, Ismael e Heine, pelo que sou e pelo que são.
− Às minhas irmãs, Heline e Karen, pelo incentivo, apoio, amizade e torcida. E ao Marcos, “cunhado-irmão”, pela ajuda com os últimos gráficos e formatação na fase final deste processo.
− Ao Prof. Arnaldo Prata pela orientação deste trabalho, pelo exemplo profissional nos
últimos 10 anos, pelo aprendizado diário e pela amizade.
− Ao Prof. Antonio Ledo, pela orientação deste trabalho e por ter me recebido na transição da pesquisa básica á pesquisa clinica, ainda durante a graduação.
− À Susana Martins, pela ajuda no banco de dados, pelas milhares de freqüências no
SPSS e pelo apoio incondicional e amizade, mesmo á distância intercontinental.
− Aos amigos e companheiros da Rotina do Hospital Copa D’Or, Lenira Rachid, Kleber Cruz, Daniela Mezzasalma, Cleyde Vanzillotta e Simone Lobianco, por compreenderem minhas ausências durante o curso de mestrado e no período de redação da tese e pela amizade.
− A Prof. Miriam Perez, por ter sentado ao meu lado, ainda no segundo ano de
residência de pediatria, e me incentivado a seguir a terapia intensiva como especialidade e pelo aprendizado durante tantos anos.
− Aos Professores Fernanda De Felice e Sérgio Ferreira, por terem me ensinado o gosto
pela pesquisa, durante os 4 anos de iniciação científica em que estive no laboratório de Bioquímica Médica/CCS-UFRJ , durante a faculdade de Medicina.
− Aos meus amigos, por serem árvores frondosas nos dias de sol escaldante, em
especial, Cynthia Saad, Adriana Abdenur, Janine Pontes de Miranda, Juliana Piquet, Paola Garambone, Ana Paula dos Reis Velloso e Silvana Bayma.
− A minha afilhada, Ana Carolina, por me fazer sorrir, mesmo no pouco tempo que
tenho tido para encontrá-la.
− Ao Michael Jucá, pela trilha sonora da redação deste trabalho (Canon em Ré Maior, de Pachelbel) e também pela torcida e carinho.
− A Dra. Tiana Machado, fisiatra e acupunturista, pelo suporte físico e “holístico”
durante os momentos de maior stress na fase final deste processo.
7
− Àqueles que me ajudaram na cobertura de plantões e horários para que eu pudesse
finalizar o mestrado - Letícia Massaud, Roberta Santana, Roberta Esteves, Lucas Pulcheri, Jankiel Kohn, Roberto Nishihara, Camille Kircov, Fernanda Lobo e Nina Bezzerra de Menezes. E ao Flavio Neves, por ter segurado os plantões no IPPMG sozinho durante a minha licença.
− Aos colegas do grupo de estudo “Qualitip” pela ajuda na fase inicial da coleta de
dados.
− À Geiza Menezes pela ajuda na coleta de dados na região de Niterói e São Gonçalo.
− À Renata Condack pela ajuda na coleta de dados em Volta Redonda.
− A todos aqueles que me receberam nas UTI visitadas, sobretudo no interior do estado, em especial, a Dra. Jalneia, de Macaé, que disponibilizou um dia inteiro para me acompanhar nas visitas às unidades da cidade.
− A todos com quem trabalho e aprendo a cada dia — no Hospital Copa D’ Or e
IPPMG-UFRJ e com quem compactuo sorrisos e lágrimas, irrefutáveis na arte da medicina.
− A todos com quem trabalhei e aprendi ao longo dos anos em terapia intensiva, nos
hospitais por quais já passei e guardo tantas boas lembranças- Maternidade Escola da UFRJ, Hospital Souza Aguiar, Hospital Barra D’ Or .
− Ao pequeno Miguel, agora anjo, pelo privilégio de cuidá-lo, pelo desafio em sua
ventilação pulmonar mecânica domiciliar e aprendizado profissional e pessoal; e aos seus pais, por o terem a mim confiado.
− A todos os pacientes estudados nessa pesquisa, a todas as crianças e recém-nascidos
internados nas UTI por esse mundo afora, e a seus pais, para que tenham forças para enfrentar as horas difíceis.
− A todos aqueles que não mencionei, mas que, de alguma forma, contribuíram para que
eu chegasse até aqui.
8
"A verdadeira viagem do descobrimento da vida não consiste em procurar novas paisagens,
mas em ter novos olhos.”
(Marcel Proust)
“Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já têm a forma do nosso
corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo
da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós
mesmos.”
(Fernando Pessoa)
9
RESUMO
SOARES, Vanessa Costa. Práticas correntes de ventilação mecânica em pediatria no Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2009. Dissertação (Mestrado do Programa de Pós Graduação em Clínica Médica, Saúde da Criança e do Adolescente) - Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2009.
O estudo descreve como a ventilação mecânica (VM) é empregada nas unidades de terapia intensiva (UTI) neonatais e pediátricas do estado do Rio de Janeiro, relatando prevalência de uso, principais indicações, modos e parâmetros ventilatórios utilizados, métodos de retirada e complicações associadas. Trata-se de estudo observacional, transversal e descritivo envolvendo todos os pacientes em ventilação mecânica no dia da visita às UTI neonatais e/ou pediátricas estudadas no período de janeiro de 2006 a agosto de 2008. Os dados foram coletados, de acordo com um questionário semi-estruturado, diretamente dos prontuários dos pacientes e através da observação dos modos e parâmetros ventilatórios em uso. Foram visitadas 80 unidades em todo o estado do Rio de Janeiro e incluídas no estudo as unidades que possuíam, no momento da coleta de dados, pacientes em ventilação mecânica por até 30 dias. Dados de 52 unidades foram relatados (23 UTI neonatais, 14 UTI pediátricas, 15 mistas), totalizando 104 pacientes em ventilação mecânica. Os dados dos pacientes foram consolidados através de médias por unidade, das variáveis estudadas. As unidades mistas foram subdvididas em subunidades neonatais e pediátricas, por possuírem os dois tipos de pacientes. A prevalência global de VM nas UTIN foi de 31,5%, nas UTIP, 55% e nas UTI mistas, 33,1%. O tempo médio de suporte ventilatório observado até o momento da coleta foi de 10,3 dias nas UTIN, 7,7 dias nas UTIP, 10,2 dias nas subunidades neonatais das UTI mistas e 6,7 dias nas subunidades pediátricas das UTI mistas, excluindo-se os pacientes em VM crônica (> 30 dias). As principais indicações para VM foram a Doença de Membrana Hialina nas UTIN e a pneumonia e convulsão nas UTIP. Nas unidades mistas, a principal indicação foi a sepse, tanto para pacientes neonatais quanto pediátricos. Ventilação mecânica mandatória intermitente não sincronizada foi o modo mais utilizado nas UTIN, UTIP e subunidades neonatais das UTI mistas. Nas subunidades pediátricas das UTI mistas, o modo ventilatório mais utilizado foi a SIMV, com ou sem pressão de suporte. A taxa de complicação variou de 4,2% a 26,1% nos diferentes tipos de unidades e as principais complicações foram a pneumonia e o pneumotórax. Na maioria das unidades, IMV tradicional ainda é o modo mais utilizado para a ventilação de pacientes pediátricos e neonatais, apesar de outros modos e protocolos mais modernos estarem disponíveis. Este estudo oferece uma descrição detalhada de como se pratica a ventilação mecânica nas UTI pediátricas e neonatais do estado do Rio de Janeiro. O conhecimento dessas práticas é uma importante ferramenta para o desenvolvimento de estratégias que permitam melhorar a qualidade da assistência nas unidades de terapia intensiva neonatais e pediátricas em nosso meio.
Palavras- chave: Prática profissional. Cuidados intensivos. Ventilação mecânica. Unidades de Terapia Intensiva Neonatal. Unidades de Terapia Intensiva Pediátrica. Pediatria.
10
ABSTRACT
SOARES, Vanessa Costa. Práticas correntes de ventilação mecânica em pediatria no Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2009. Dissertação (Mestrado do Programa de Pós Graduação em Clínica Médica, Saúde da Criança e do Adolescente) - Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2009.
The study describes how mechanical ventilation is employed in neonatal and pediatric intensive care units in the state of Rio de Janeiro, southeast Brazil, reporting prevalence of use, indications, ventilator modes and settings used, methods of weaning and associated complications. It is an observational, cross-sectional, and descriptive study enclosing all patients on mechanical ventilation (MV) at the day of the visit to NICU and/or PICU studied from January 2006 to august 2008. Data were collected according to a semi-structured questionnaire directly from patient medical records and observation of ventilator modes and settings. 80 units were visited in the state of Rio de Janeiro and were included in the study only if the unit had patients receiving mechanical ventilation for less than 30 days. Data from 52 units are reported (23 NICU, 14 PICU, 15 mixed), totalizing 104 patients on MV. Patient's data were consolidated per unit using averages for each variable. Mixed units were subdivided in neonatal and pediatric subunits. Global prevalence of MV was 31,5% in NICU, 55% in PICU and 33,1% in mixed units. The median time of ventilatory support was 10,3 days in NICU, 7,7 days in PICU, 10,2 in neonatal subunits of mixed units and 10,2 days in pediatric subunits, excluding patients on chronic MV (> 30 days). The main indications for MV were respiratory distress syndrome in NICU's and pneumonia and seizures in PICU. In mixed units, the main indication for MV was sepsis for both newborns and children. Non-synchronized intermittent mandatory ventilation (IMV) was the most frequent ventilatory mode used in NICU, PICU and neonatal subunits of mixed units. In pediatric subunits of mixed units, SIMV, with PSV or not, was the most frequent ventilatory mode used. The complication rate ranged from 4,2 to 26,1% in the different types of units and main complications were pneumonia and pneumothorax. In most units traditional IMV is still the most frequently used method to ventilate children, despite the availability of different methods and updated protocols. This study reports a detailed description of the practices of mechanical ventilation in neonatal and pediatric ICU in the state of Rio de Janeiro. The knowledge about these practices is an important tool for the development of strategies for the improvement of the quality of care in the neonatal and pediatric intensive care units in our region. Keywords: Professional Practice. Intensive Care. Respiration, Artificial. Intensive Care Units, Neonatal. Intensive Care Units, Pediatric. Pediatrics.
11
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
- AIG – Adequado para Idade Gestacional
- BiPAP – Bilevel Positive Airway Pressure
- CEP – Comitê de Ética em Pesquisa
- CREMERJ- Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro
- CMV- Controlled Mechanical Ventilation (Ventilação Mecânica Controlada)
- CPAP – Continuous Positive Airway Pressure (Pressão Positiva Contínua em vias Aéreas)
- DMH – Doença de Membrana Hialina
- DUM- Data da Última Menstruação
- EPM – Erro Padrão das Médias
- fiO2- Fração inspirada de oxigênio
- FR – Freqüência Respiratória
- GIG – Grande para Idade Gestacional
- IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
- IFF – Instituto Fernandes Figueira
- IG - Idade Gestacional
- IGMVC - International Group Of Mechanical Ventilation in Children
- IMV – Intermittent Mandatory Ventilation (Ventilação Mandatória Intermitente)
- IPPMG – Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira
- �Oi – Óxido nítrico Inalatório
- �PT – Nutrição Parenteral Total
- PALISI- Pediatric Acute Lung Injury and Sepsis Investigator
- PALS – Pediatric Advanced Life Support (Suporte Avançado de Vida Pediátrico)
- PEEP- Positive End Expiratory Pressure (Pressão Positiva no final da expiração)
- PCV- Pressure Controlled Ventilation (Ventilação com Pressão Controlada)
12
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS (cont.)
- PIG- Pequeno para Idade Gestacional
- PIP- Peak Inspiratory Pressure (Pressão Inspiratória de Pico)
- PL- Pressão Limitada
- PSV- Pressure Support Ventilation (Ventilação com Pressão de Suporte)
- RJ – Rio de Janeiro
- R� – Recém- nascido (s)
- SDRA – Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo
-SIMV- Synchronized Intermittent Mandatory Ventilation (Ventilação Mandatória
Intermitente Sincronizada)
- SMS – Secretaria Municipal de Saúde
- SOPERJ – Sociedade de Pediatria do Estado do Rio de Janeiro
- SOTIERJ- Sociedade de Terapia Intensiva do Estado do Rio de Janeiro
- TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
- Tins – Tempo Inspiratório
- T�T- Tubo Nasotraqueal
- TOT – Tubo Orotraqueal
- UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro
- USG – Ultrassonografia
- UTI- Unidade de Terapia Intensiva
- UTI�- Unidade (s) de Terapia Intensiva Neonatal
- UTIP – Unidade (s) de Terapia Intensiva Pediátrica
- UTIPm- Unidade (s) de Terapia Intensiva Pediátrica Mista
- VA/C – Ventilação Assisto-controlada
- VAF- Ventilação de Alta Freqüência
13
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS (Cont.)
- VCV- Volume Controlled Ventilation (Ventilação com Volume Controlado)
- VM - Ventilação Mecânica
- VMI- Ventilação Mecânica Invasiva
- VM�I ou V�I - Ventilação Mecânica Não-Invasiva
- VSR – Vírus Sincicial Respiratório
14
LISTA DE QUADROS Quadro 1: Objetivos da Ventilação pulmonar mecânica ........................................................ 34
Quadro 2. Principais Indicações de ventilação pulmonar mecânica em Pediatria ................... 35
Quadro 3– Principais Indicações de Ventilação não invasiva com pressão positiva ............... 36
Quadro 4- Variáveis do Estudo ............................................................................................. 42
Quadro 5- UTI Neonatais, Pediátricas e Mistas do estado do Rio de Janeiro excluídas do
estudo por apresentarem-se inativas, por recusa à participação ou inacessibilidade à
equipe de pesquisa no período da coleta de dados. ........................................................ 51
Quadro 6- UTI Neonatais, Pediátricas e Mistas do estado do Rio de Janeiro consideradas
como perdas por não apresentarem pacientes em ventilação mecânica (VM) ou apenas
pacientes ventilados cronicamente (por mais de 30 dias) no dia da visita para coleta de
dados ............................................................................................................................ 54
Quadro 7 - UTI Neonatais, Pediátricas e Mistas no Estado do Rio de Janeiro com pacientes
em ventilação pulmonar mecânica, por menos de 30 dias, no dia da coleta de dados. .... 57
15
LISTA DE TABELAS
Tabela 1- Regiões de Saúde do estado do Rio de Janeiro em função da sua população
pediátrica, número de municípios e distribuição das Unidades de Terapia Intensiva
Neonatais, Pediátricas e Mistas existentes no período de Janeiro de 2006 a agosto de
2008. ............................................................................................................................ 50
Tabela 2- Prevalência geral de pacientes ventilados nas unidades neonatais visitadas no
período do estudo. ........................................................................................................ 61
Tabela 3 - Prevalência geral de pacientes ventilados nas unidades pediátricas visitadas no
período do estudo. ........................................................................................................ 62
Tabela 4- Prevalência geral de pacientes ventilados nas unidades mistas visitadas no período
do estudo. ..................................................................................................................... 63
Tabela 5- Prevalência de pacientes em ventilação mecânica nas unidades neonatais estudadas
..................................................................................................................................... 65
Tabela 6 - Prevalência de pacientes em ventilação mecânica nas unidades neonatais
estudadas- públicas x privadas ...................................................................................... 67
Tabela 7- Prevalência de pacientes em ventilação mecânica nas pediátricas estudadas ......... 69
Tabela 8- Prevalência de pacientes em ventilação mecânica nas unidades pediátricas
estudadas - públicas x privadas ..................................................................................... 70
Tabela 9- Prevalência de pacientes em ventilação mecânica nas unidades mistas estudadas .. 72
Tabela 10- Prevalência de pacientes em ventilação mecânica nas unidades Mistas estudadas -
públicas x privadas ....................................................................................................... 73
Tabela 11- Características dos pacientes das unidades neonatais estudadas ........................... 74
Tabela 12- Características dos pacientes das unidades pediátricas estudadas ......................... 75
Tabela 13- Características dos pacientes neonatais das unidades mistas estudadas ................ 76
16
Lista de Tabelas (cont.) Tabela 14- Características dos pacientes pediátricos das unidades mistas estudadas .............. 76
Tabela 15- Tempo médio de suporte ventilatório total até o momento da coleta de dados nas
unidades estudadas. ...................................................................................................... 77
Tabela 16– Tempo médio de suporte ventilatório nas unidades estudadas separados pelas duas
grandes regiões (metropolitana e interior do estado) e pelo tipo de ventilação mecânica 78
Tabela 17– Tempo médio de suporte ventilatório até o momento da coleta de dados nas
unidades estudadas separados pela natureza da unidade (pública ou privada) e pelo tipo
de ventilação mecânica ................................................................................................. 80
Tabela 18- Modos de acesso à via aérea por tipo de unidade (interface paciente- equipamento)
..................................................................................................................................... 80
Tabela 19- Indicações para início da ventilação mecânica nas unidades neonatais ................ 82
Tabela 20– Indicações para início da ventilação mecânica nas unidades pediátricas ............. 83
Tabela 21- Indicações para início da ventilação mecânica nas unidades mistas ..................... 84
Tabela 22- Tipos de ventiladores utilizados nas UTI neonatais, pediátricas e mistas ............. 85
Tabela 23– Tipos de ventiladores utilizados nas UTI neonatais, pediátricas e mistas nas
diferentes regiões de saúde. .......................................................................................... 87
Tabela 24- Tipos de ventiladores utilizados nas unidades privadas e públicas ....................... 89
Tabela 25- Modos ventilatórios utilizados nas UTI neonatais, pediátricas e mistas ............... 90
Tabela 26- Modos ventilatórios utilizados nas UTI neonatais, pediátricas e mistas nas
diferentes regiões de saúde. .......................................................................................... 92
Tabela 27- Modos ventilatórios utilizados nas UTI públicas e privadas ................................ 93
Tabela 28- Uso de estratégias ventilatórias no momento da visita para coleta de dados. ........ 94
Tabela 29- Parâmetros ventilatórios utilizados nas unidades neonatais, pediátricas e mistas, no
momento da coleta de dados ......................................................................................... 96
17
Lista de Tabelas (cont.)
Tabela 30 - Complicações relacionadas à ventilação mecânica nas unidades estudadas ......... 99
Tabela 31- Tipos de sistemas de termo- umidificação utilizados durante a ventilação nas
unidades estudadas. .................................................................................................... 100
Tabela 32- Sistema de aspiração da prótese traqueal nas unidades estudadas. ..................... 100
Tabela 33- Responsáveis pela aspiração da prótese traqueal nas unidades estudadas. ......... 101
Tabela 34- Fisioterapia respiratória nas unidades estudadas ................................................ 102
Tabela 35- Modo de suporte nutricional dos pacientes em ventilação pulmonar mecânica nas
unidades estudadas. .................................................................................................... 103
Tabela 36- Elevação da cabeceira do leito no momento da visita as unidades estudadas ..... 103
Tabela 37- Uso de protetor de mucosa gástrica durante a ventilação mecânica nas unidades
estudadas .................................................................................................................... 104
18
LISTA DE FIGURAS
Figura 1- Equipamento de O’Dwyer, 1887. ....................................................................... 255
Figura 2- “Spiropulsator”, criação de Frenkner. ................................................................... 27
Figura 3 – “Pulmão de aço” ................................................................................................. 28
Figura 4: Mapa do estado do Rio de Janeiro com destaque para as diferentes regiões de saúde
. .................................................................................................................................... 47
Figura 5- Fluxograma do estudo. ......................................................................................... 56
Figura 6 - Unidades estudadas- Distribuição quanto á classificação por tipo de unidade e
natureza. ....................................................................................................................... 59
Figura 7 – Ventiladores utilizados nas unidades neonatais, pediátricas e mistas no estado. .. 86
Figura 8- Modos ventilatórios utilizados nas unidades neonatais, pediátricas e mistas. ....... 91
Figura 9 – Estratégias ventilatórias utilizadas nas unidades neonatais, pediátricas e mistas no
estado. .......................................................................................................................... 95
Figura 10 – Modos de retirada de suporte ventilatório nas unidades neonatais, pediátricas e
mistas estudadas. .......................................................................................................... 98
19
SUMÁRIO
1. Introdução ........................................................................................................................ 21 2. Fundamentos Conceituais ................................................................................................. 24 2.1. Histórico da Ventilação mecânica .................................................................................. 24
2.2. Classificação atual da Ventilação Mecânica ................................................................... 32
2.3. Objetivos e Indicações do uso da ventilação mecânica ................................................... 33
2.3.1. Ventilação mecânica invasiva ..................................................................................... 33 2.3.2. Ventilação mecânica não invasiva............................................................................... 36 2.4. Conceitos e Terminologia .............................................................................................. 37
2.4.1. Conceitos .................................................................................................................... 37 2.4.2. Modos de ventilação pulmonar mecânica convencional .............................................. 37 3. Objetivos .......................................................................................................................... 40 3.1. Objetivo Geral ............................................................................................................... 40
3.2. Objetivos Específicos .................................................................................................... 40
4. Metodologia ..................................................................................................................... 41 4.1. Local do Estudo ............................................................................................................. 41
4.2. Desenho do Estudo ........................................................................................................ 41
4.3. População e amostra estudadas ...................................................................................... 41
4.3.1. Elegibilidade .............................................................................................................. 41 4.3.2. Critérios de Inclusão ................................................................................................... 41 4.3.3. Critérios de Exclusão .................................................................................................. 41 4.4. Variáveis e Definições ................................................................................................... 42
4.5. Coleta de Dados ............................................................................................................ 44
4.6. Processamento e Análise dos Dados .............................................................................. 45
4.7. Aspectos éticos .............................................................................................................. 45
20
5. Resultados ........................................................................................................................ 47 5.1. Distribuição das UTI nas Regiões de saúde do estado do Rio de Janeiro ........................ 47
5.2. Unidades estudadas ....................................................................................................... 50
5.3. Prevalência de ventilação mecânica nas UTI visitadas ................................................... 59
5.3.1. Prevalência da ventilação mecânica nas UTI neonatais estudadas ............................... 64 5.3.2. Prevalência da ventilação mecânica nas UTI pediátricas estudadas ............................. 67 5.3.3. Prevalência de ventilação mecânica nas unidades mistas estudadas ............................. 70 5.4. Características demográficas dos pacientes estudados .................................................... 73
5.4.1. Nas unidades neonatais ............................................................................................... 74 5.4.2. Nas unidades pediátricas ............................................................................................. 74 5.4.3. Nas unidades mistas .................................................................................................... 75 5.5. Tempo de suporte ventilatório ....................................................................................... 77
5.5.1. Tempo de suporte ventilatório nas unidades neonatais, pediátricas e mistas ................ 77 5.5.2. Tempo de suporte ventilatório por região de saúde e tipo de ventilação....................... 77 5.5.3. Tempo de suporte ventilatório nas unidades privadas e públicas ................................. 79 5.6. Modos de acesso à via aérea do paciente (interface paciente- equipamento) ................... 81
5.7. Indicações ..................................................................................................................... 82
5.7.1. Nas unidades neonatais ............................................................................................... 82 5.7.2. Nas unidades pediátricas ............................................................................................. 82 5.7.3. Nas unidades mistas .................................................................................................... 83 5.8. Tipos de ventiladores mecânicos utilizados .................................................................... 84
5.8.1. Nas unidades neonatais, pediátricas e mistas ............................................................... 84 5.8.2. Nas diferentes regiões de saúde .................................................................................. 86 5.8.3. Nas unidades privadas e públicas ................................................................................ 88 5.9. Modos ventilatórios utilizados ....................................................................................... 90
21
5.9.1. Nas unidades neonatais, pediátricas e mistas ............................................................... 90 5.9.2. Nas diferentes regiões de saúde .................................................................................. 91 5.9.3. Nas unidades privadas e públicas ................................................................................ 92 5.10. Estratégias ventilatórias ............................................................................................... 94
5.11. Parâmetros ventilatórios .............................................................................................. 96
5.12. Retirada do suporte ventilatório (desmame) ................................................................ 96
5.12.1. Nas unidades neonatais ............................................................................................. 96 5.12.2. Nas unidades pediátricas ........................................................................................... 97 5.12.3. Nas unidades mistas .................................................................................................. 97 5.13. Complicações relacionadas á ventilação mecânica ....................................................... 98
5.14. Medidas de prevenção de complicações associadas à ventilação mecânica ................... 99
5.14.1. Sistema de termo- umidificação utilizado na ventilação ............................................ 99 5.14.2. Aspiração da prótese traqueal (tubo orotraqueal ou tubo de traqueostomia) ............. 100 5.14.3. Fisioterapia respiratória nas unidades ...................................................................... 101 5.14.4. Suporte nutricional ................................................................................................. 102 5.14.5. Inclinação da cabeceira do leito .............................................................................. 103 5.14.6. Uso de protetor de mucosa gástrica durante a ventilação mecânica ......................... 104 6. Discussão ....................................................................................................................... 105 6.1. Unidades Estudadas ..................................................................................................... 105
6.2. Prevalência de Ventilação Pulmonar mecânica ............................................................ 106
6.3. Dados demográficos .................................................................................................... 110
6.4. Tempo médio de suporte ventilatório ........................................................................... 111
6.5. Modos de acesso à via aérea (interface paciente equipamento) ..................................... 112
6.6. Indicações ................................................................................................................... 115
6.7. Ventiladores ..................................................................... Erro! Indicador não definido.
22
6.8. Modos ventilatórios ..................................................................................................... 118
6.8.1. Nas unidades neonatais exclusivas e subunidades neonatais das UTIPm ................... 118 6.8.2. Nas unidades pediátricas e subunidades pediátricas das UTIPm ................................ 120 6.9. Estratégias ventilatórias ............................................................................................... 121
6.9.1. Nas unidades neonatais exclusivas e subunidades neonatais das UTIPm ................... 121 6.9.2. Nas unidades pediátricas exclusivas e nas subunidades pediátricas das UTIPm ......... 122 6.10. Parâmetros ventilatórios ............................................................................................ 122
6.11. Retirada do suporte ventilatório ................................................................................. 124
6.12. Complicações ............................................................................................................ 125
6.13. Medidas de prevenção de complicações associadas à ventilação mecânica ................. 126
7. Conclusões ................................................................................................................. 12929 8. Limitações .................................................................................................................... 1300 Referências ........................................................................................................................ 132 APÊNDICE A - QUESTIONÁRIO ................................................................................ 13939 ANEXOS ........................................................................................................................... 146
21
1. Introdução
As Unidades de Tratamento Intensivo (UTI), símbolos da medicina moderna,
tornaram-se fundamentais para o tratamento de pacientes gravemente enfermos. O
desenvolvimento da terapia intensiva nas últimas décadas vem possibilitando um atendimento
cada vez maior e mais especializado desses doentes.
As duas últimas décadas foram especialmente marcantes no que se refere ao
desenvolvimento tecnológico e abordagem terapêutica nas UTI neonatais e pediátricas,
beneficiando de recém-nascidos a adolescentes, e a terapia intensiva se firmou como
especialidade promissora, incentivando e difundindo cada vez mais estudos nas populações
pediátrica e neonatal criticamente enfermas, o que veio, por sua vez, favorecer ainda mais a
melhoria do atendimento e a melhor compreensão das patologias envolvidas. 1,2, 3, 4
Face à gravidade dos pacientes internados nestas unidades, uma parcela
necessita de suporte ventilatório pulmonar mecânico com pressão positiva (doravante
denominado simplesmente de ventilação mecânica) aplicado através de acesso a via aérea por
intubação traqueal ou via traqueostomia (ventilação invasiva) ou através de interfaces como
máscaras faciais ou outros dispositivos não invasivos (ventilação não-invasiva).
A despeito do crescimento exponencial destas unidades, desconhece-se, de um
modo geral, as práticas correntes de ventilação mecânica utilizadas principalmente nas UTI
neonatais e pediátricas. Há muito poucos trabalhos na literatura médica descrevendo que
práticas ventilatórias têm sido empregadas nestas populações e o que se observa, na
realidade, é que muitos intensivistas pediátricos baseiam-se em estudos da população adulta
para propor métodos de ventilação mecânica em seus pequenos pacientes, que, como se sabe,
não podem ser considerados adultos pequenos, já que apresentam características
fisiopatológicas muitas vezes bem diferenciadas.
22
Nos últimos anos, dois estudos envolvendo ventilação mecânica em
populações pediátricas merecem ser aqui destacados. Em 2003, Randolph e colaboradores
(Pediatric Acute Lung Injury and Sepsis Investigators Network - PALISI) 5 publicaram um
estudo de coorte prospectivo de duração de seis meses, que envolveu nove grandes unidades
pediátricas de cuidados intensivos na América do Norte, com o objetivo de descrever as
práticas ventilatórias nestes centros e determinar a viabilidade de realização de novos estudos
clínicos prospectivos. Em 2004, Farias e colaboradores6 publicaram os resultados de um
estudo multicêntrico de coorte prospectivo descrevendo crianças ventiladas mecanicamente
por 12 horas ou mais em 36 unidades de terapia intensiva pediátrica, durante dois meses. Este
estudo foi um dos pioneiros na descrição de práticas correntes ventilatórias em população
pediátrica. No entanto, este estudo tem como principais limitações o fato de mais de 80% das
unidades envolvidas terem sido da Espanha, América Latina ou América Central - não se
sabendo se os resultados podem ser generalizados e os autores coletaram os dados em 1999,
antes da preconização de uso de estratégia ventilatória protetora em pacientes adultos com
síndrome do desconforto respiratório agudo (uso de volumes correntes baixos e pressões
limitadas). Alguns outros estudos foram realizados visando conhecer o perfil da ventilação
mecânica na população pediátrica, como, por exemplo, o de Balcells Ramirez e
colaboradores,7 na Espanha, que estudou a prevalência e as características da ventilação
mecânica de crianças admitidas em 33 UTI pediátricas na Espanha em fevereiro de 2002.
No entanto, nenhum dos estudos acima citados envolveu unidades neonatais, não
havendo relato sobre as diferenças nas práticas ventilatórias entre as populações pediátrica e
neonatal. Portanto, muitas questões ainda estão por serem respondidas, tais como:
o Qual a prevalência da ventilação mecânica (invasiva e não-invasiva)
nas unidades de terapia intensiva pediátrica e neonatal?
23
o Quais as doenças de base que mais levam à necessidade de utilização
da ventilação mecânica?
o Quais os modos e estratégias ventilatórias mais utilizados?
o Quais os ventiladores mais utilizados?
o Que técnicas de retirada do suporte ventilatório vêm sendo mais
empregadas?
o Qual a taxa de complicações associadas a ventilação mecânica?
Com o objetivo de responder a estas questões, foi idealizado o presente estudo,
visando conhecer as práticas correntes de ventilação mecânica nas UTI pediátricas e neonatais
do Estado do Rio de Janeiro. O conhecimento destas práticas pode auxiliar no
desenvolvimento de protocolos clínicos de modos e estratégias ventilatórias, ainda bastante
escassos na literatura.
24
2. Fundamentos Conceituais
2.1. Histórico da Ventilação mecânica
A ventilação mecânica seguiu uma longa tragetória até chegar aos métodos e
estratégias de tratamento e aos equipamentos microprocessados dos dias atuais. A despeito de
todos os recursos disponíveis hoje e dos avanços tecnológicos observados sobretudo nas duas
últimas décadas, a medicina intensiva ainda se depara com muitos desafios, como, por
exemplo, o limite da viabilidade, a imaturidade pulmonar e a displasia broncopulmonar em
neonatalogia e as remanescentes dificuldades relacionadas ao manejo da síndrome do
desconforto respiratório agudo (SDRA) em crianças maiores. Além disso, ainda é frustrante a
falta de estudos de bom nível de evidências que transmitam segurança nas indicações e
técnicas de suporte ventilatório.
Os primórdios da ventilação mecânica remotam à primeira metade do século XVI,
quando por volta de 1530, Paracelso utilizou o fole manual, normalmente utilizado para
reavivar o fogo de lareiras, para insuflar pulmões de pessoas recentemente falecidas 8. Ainda
no século XVI, Vesalius, um jovem professor da Universidade de Pádua, Itália, ao realizar a
autópsia de um nobre espanhol recentemente falecido, por curiosidade insuflou seus pulmões
pela traquéia, e o coração do homem voltou a bater. A reanimação em questão foi vista, na
época, como bruxaria, tanto por seus colegas como pela Inquisição. A aplicação da intubação
traqueal no ser humano sofreria um lapso de 300 anos. Hook e Hunter também demonstraram,
no mesmo século, que animais com o tórax aberto e que inevitavelmente morrem poderiam
ser mantidos vivos pelo uso de pressão positiva nas vias aéreas.8
O desenvolvimento das técnicas modernas de ventilação mecânica se confunde com o
desenvolvimento da anestesia que possibilitou, através de técnicas de anestesia inalatória
endotraqueal, o desenvolvimento de técnicas de suporte ventilatório. 8, 9
25
O inicio da anestesia endotraqueal em humanos se deu com Frederic Trendelenberg,
em 1869, para retirada de um tumor de vias aéreas superiores. Trendelenberg adaptou um
balonete ao tubo, possibilitando a total vedação da traquéia, evitando, assim, a aspiração de
sangue durante a cirurgia.8, 9
Ainda na segunda metade do século XIX, O’ Dwyer relatou intubação traqueal com
tubos de metal com uma dilatação na ponta (figura 1), que ficava encunhada na glote de
pacientes com obstrução alta das vias aéreas secundária a difteria.8
Figura 1- Equipamento de O’Dwyer, 1887.
No final do século XIX, George Fell descreveu um equipamento muito semelhante ao
de O’ Dwyer movido por um fole manual aplicado em máscara bem vedada ou tubo de
traqueostomia. O tubo era interrompido por uma válvula que, quando ocluída pelo dedo do
operador, permitia a insuflação pulmonar, apesar de, quando aberta, causasse a exalação
passiva para a atmosfera.8
No início do século XX, Rudolph Matas utilizou a administração de pressão positiva
no controle do pneumotórax aberto, em cirurgias de tórax.
Ainda no início do século XX, Ferdinand Sauerbruck, cirurgião assistente do Hospital
Universitário de Breslau, na Alemanha, empregou o uso de máscaras faciais muito bem
26
ajustadas nos pacientes submetidos a cirurgias com abertura de cavidade torácica, para evitar
o colapso pulmonar durante este procedimento. Não satisfeito com esta técnica, que
considerava não fisiológica, desenvolveu na própria sala de cirurgia a tentativa de transformá-
la em uma “cavidade torácica ampliada”, através da redução da pressão atmosférica por
vácuo. A cabeça do paciente ficava para fora desta “câmara pneumática”, vedada da melhor
maneira possível, a nível cervical, resolvendo, assim, o problema da pressão pleural negativa
durante cirurgias torácicas abertas. No entanto, esta curiosa técnica envolvia grandes
problemas operacionais, o que levou Sauerbruck a voltar a usar pressão positiva através de
máscaras faciais bem ajustadas, técnica esta também com inúmeras desvantagens, como a
insuflação gástrica, a impossibilidade de aspirar as secreções brônquicas e a possibilidade de
vômitos seguidos de broncoaspiração. Sauerbruck não utilizou em nenhum momento a
intubação traqueal, que já havia sido utilizada por Vesalius em cirurgia animal no século
XVI.8
Nas primeiras duas décadas do século XX houve um desenvolvimento acelerado de
aparelhos mecânicos movidos a eletricidade ou gás comprimido para a ventilação de animais
ou humanos através de tubos endotraqueais ou traqueostomia.
A criação da ventilação mecânica controlada é atribuída a Frenkner, que em
1934, inventou um aparelho, o “Spiropulsator” (Figura 2) que realizava automaticamente a
insuflação intermitente dos pulmões. 8,10,11
27
Figura 2- “Spiropulsator”, criação de Frenkner.
No Brasil, não se praticou respiração controlada mecânica até 1950, quando
Clarence Crafoord, de Estocolmo, visitou o Hospital IPASE, atual Hospital dos Servidores do
Estado, no Rio de Janeiro, para demonstrações de cirurgias torácicas e trouxe consigo o
anestesista Olle Friberg, que aqui destacou o valor da ventilação pulmonar, sobretudo a
respiração controlada. A partir de então J.J. Cabral de Almeida, médico anestesista do
Hospital da Beneficência Portuguesa do Rio de Janeiro, começou a usar, rotineiramente, a
respiração controlada em toda cirurgia importante do referido hospital, e acabou por
desenvolver um ventilador mecânico denominado Pulmoventilador, método de baroinversão,
que passou, então, a ser utilizado em cirurgias torácicas pelo cirurgião Jesse Teixeira. 8,10,12
As contribuições brasileiras para o desenvolvimento da respiração controlada com
baroinversão na ventilação pulmonar, ampliaram-se em 1952, com os trabalhos de Kentaro
Takaoka, de São Paulo, idealizador e criador do ventilador “Takaoka”, que permitia a
28
realização de ventilação pulmonar em sistema aberto com oxigênio, com fases de pressões
positivas e negativas.
Apesar do desenvolvimento de técnicas de ventilação mecânica com pressão positiva
intermitente através de traqueostomia ou tubo endotraqueal pelos anestesistas, estas técnicas
não eram empregadas fora do centro cirúrgico, onde a única opção de tratamento, em casos de
insuficiência respiratória (poliomielite, por exemplo) era o “Pulmão de aço” (Figura 3),
equipamento que tinha como princípio de funcionamento a ventilação com pressão negativa.
O “pulmão de aço” foi desenvolvido pelo engenheiro Philip Drinker, instrutor
da Faculdade de Medicina da Universidade de Harvard, na área de saúde industrial, e por
Louis Shaw, fisiologista, e se tratava de uma primitiva câmara de ventilação mecânica, onde
a ventilação pulmonar seria obtida criando uma pressão negativa em volta do corpo e
mantendo a abertura das vias aéreas em contato com a atmosfera. O pulmão de aço foi
utilizado pela primeira vez com objetivo terapêutico em 1928, no Children’s Hospital de
Boston, da Universidade de Harvard, em uma criança de 8 anos com diagnóstico de
poliomielite que evoluiu com insuficiência respiratória 8.
Figura 3 – “Pulmão de aço”
Apesar do suporte respiratório intermitente com o pulmão de aço por,
aproximadamente, 5 dias, a criança faleceu de broncopneumonia e insuficiência cardíaca.
Enquanto permaneceu no ventilador, tinha condições de falar, dormir e se alimentar. O
29
princípio de uma ventilação mecânica prolongada, externamente assistida, havia sido
estabelecido. Os “pulmões de aço”, como eram chamados pela imprensa leiga esses
ventiladores, foram largamente utilizados na primeira metade do século XX. Neste mesmo
período também foram desenvolvidos os ventiladores tipo “couraça”, que também eram
rígidos e utilizavam pressões negativas, mas envolviam apenas o tórax do paciente.
A ventilação por pressão positiva intermitente fora do centro cirúrgico foi utilizada
pela primeira vez em larga escala na Dinamarca, durante a epidemia de Poliomielite de
Copenhague em 1952. Um total de 345 pacientes foram admitidos no Hospital Blegdam, com
poliomielite bulbar e insuficiência respiratória ao longo da epidemia, 277 necessitando de
ventilação artificial. Somente um ou dois “pulmões de aço” e entre quatro e sete “couraças”
encontravam-se disponíveis. Após as primeiras mortes, o chefe de clínica (H.C.A.Lassen) e o
anestesiologista B. Ibsen, introduziram uma nova forma de tratamento.13,14
Em curto espaço de tempo, o método de escolha para controle da paralisia respiratória
da poliomielite foi a realização de traqueostomia com um tubo com balonete, comprimindo-se
manual e intermitentemente uma bolsa de anestesia com 40% de oxigênio em um circuito
provido de canister para absorção de CO2.
No auge da epidemia, as escolas médicas foram fechadas e os estudantes de
medicina convocados para se unirem aos médicos, enfermeiros e fisioterapeutas para prover a
ventilação manual. No pico da epidemia, cerca de 280 estudantes estavam participando em
regime de plantões. Constatou-se, após essa abordagem, que os resultados obtidos com a
ventilação positiva eram mais promissores do que os obtidos com ventilação por pressão
negativa.A mortalidade, quando comparada com os ventiladores de pressão negativa, caiu de
90% para 20%. 8,13,14
No início da segunda metade do século XX, o sueco Carl Gunnar Engstrom
desenvolveu um novo ventilador mecânico que aplicava pressão positiva nas vias aéreas por
30
traqueostomia e uma expiração ativa pela aplicação de um cinto inflável na parte inferior do
tórax ou, ainda, uma pressão negativa nas vias aéreas induzida por um mecanismo Venturi.
Engstrom utilizou este equipamento em pacientes com poliomielite, na epidemia de 1953,
apresentando uma queda significativa na mortalidade quando comparada a taxa de
mortalidade de pacientes com paralisia respiratória que utilizaram ventiladores tipo couraça
na epidemia de poliomielite na Suécia em 1949 e 1950.8
Em 1957, Engstrom e Bjork descreveram o uso rotineiro de cânulas de
traqueostomia de metal vestidas com um balonete insuflável no pós-operatório de ressecção
pulmonar. O desenvolvimento de ventiladores ciclados a pressão, como o Bennett PR1 e o
Bird, foram desenvolvidos logo após.
A partir de 1955, com a introdução da vacina Salk e mais adiante, em 1960, com a
vacina Sabin, a paralisia respiratória pela poliomielite praticamente desapareceu e as
indicações de ventilação mecânica passaram a ser, predominantemente, relacionadas a
insuficiência respiratória secundária a doenças pulmonares parenquimatosas.
A utilização de técnicas de ventilação com pressão positiva foi crescente,
mediante suas vantagens sobre o tradicional “pulmão de aço”, pois uma ventilação adequada
poderia ser mantida mesmo mediante complacência pulmonar diminuída ou aumento da
resistência de vias aéreas e, além disso, o paciente era mais acessível para monitorização,
procedimentos e cuidados de enfermagem.
O desenvolvimento de umidificadores aquecidos logo foi incorporado como
padrão nos novos ventiladores mecânicos por pressão positiva, na segunda metade da década
de 1950 e início da década de1960, quando os pacientes ventilados mecanicamente passaram
a ser agrupados em unidades específicas.
O final da década de 1960 e a década de 1970 se caracterizaram por inúmeros
avanços na ventilação mecânica: o início do uso da pressão positiva na fase expiratória
31
(PEEP) descrita em estudo pioneiro de Ashbaugh e colaboradores em 1967 25; o
desenvolvimento de novos tubos endotraqueais e sondas de traqueostomia dotados de
balonetes cilíndricos e de baixa pressão; a introdução da modalidade assistida tanto nos
ventiladores ciclados a pressão como àqueles ciclados a volume; a introdução do conceito de
ventilação mandatória intermitente.8
Na década de 1980 houve a popularização dos ventiladores microprocessados,
que permitiam selecionar diferentes modalidades respiratórias no mesmo equipamento,
incluindo a ventilação com pressão controlada (PCV) e a ventilação com suporte de pressão
(PSV).
Na década de 1990, a monitorização da função respiratória já havia se
consolidado como não-invasiva. A oximetria de pulso, a capnografia e a análise da mecânica
respiratória trazidos à beira do leito, permitiram o conhecimento, em tempo real, da fisiologia
respiratória e dos efeitos da ventilação mecânica para determinado paciente, em determinado
momento. A análise da mecânica respiratória possibilitou a reavaliação de alguns conceitos e
a criação de novos, como o ajuste da PEEP ideal para níveis mais fisiológicos e o uso de
volumes correntes mais baixos em pacientes com a síndrome do desconforto respiratório
agudo (SDRA).
Ainda na década de 90, houve um avanço em relação ao uso mais racional e
precoce da ventilação não-invasiva, através de máscaras faciais ou nasais, evitando a
intubação traqueal em situações como edema agudo de pulmão, insuficiência respiratória pós-
operatória, exarcerbações agudas de doença pulmonar crônica, entre outras. 8
Nos últimos anos, novos modos ventilatórios não-convencionais vêm sendo
desenvolvidos.15,16 A ventilação de alta freqüência, desenvolvida ainda na década de 90,
consiste na aplicação de pequeno volume corrente (menor que o espaço morto), em padrão
oscilatório, usando a frequência respiratória para manter troca gasosa adequada. Suas
32
vantagens seriam, entre outras, diminuir a lesão pulmonar associada às pressões elevadas
usadas na ventilação mecânica convencional.
Já nesta década, houve o desenvolvimento de uma nova forma de ventilação mecânica
“não-convencional”, baseada num acoplamento neuro-ventilatório, denominada NAVA
(neurally adjusted ventilatory assist), que detecta a atividade elétrica no diafragma, o sinal
mais precoce a ser detectado no início da inspiração, e responde fornecendo o nível pedido de
assistência ventilatória.17,18 Este sinal é obtido por uma disposição do eletrodo montada perto
da ponta distal de um cateter de Edi (electrical acitivity of the diafragm). A tecnologia da
ventilação mecânica convencional utiliza a detecção do esforço inspiratório no início da
inspiração, através da modificação da pressão ou da variação do fluxo no circuito do
ventilador.
Apesar dos inegáveis avanços na ventilação mecânica, sobretudo nas duas últimas
décadas, muitos desafios ainda persistem. Novas estratégias ventilatórias, como o uso de
manobras de recrutamento alveolar, a ventilação em posição prona, a ventilação de alta
freqüência, a ventilação com relação invertida e a NAVA, vêm sendo desenvolvidas, mas a
morbidade e mortalidade em algumas doenças , como a SDRA , permanecem elevadas.
Além disso, as poderosas formas tecnológicas de prolongar a vida esbarram ainda em
novas reflexões e questões bioéticas, que fazem parte, hoje, da rotina do médico intensivista,
como, por exemplo, questionar em alguns casos quando iniciar ou retirar o suporte
ventilatório.
2.2. Classificação atual da Ventilação Mecânica
O suporte ventilatório com pressão positiva, atualmente, é classificado em dois
grandes grupos: 19
1) Ventilação mecânica invasiva; 2) Ventilação mecânica não invasiva.
33
A diferença principal entre elas está na interface paciente-equipamento: na ventilação
invasiva utiliza-se uma prótese introduzida na via aérea, isto é, o tubo oro ou nasotraqueal
(menos comum) ou a cânula de traqueostomia, enquanto na ventilação não invasiva, utiliza-se
a máscara (facial, nasal, “full face”) ou o capacete (“helmet”) como interface entre o paciente
e o ventilador artificial.
2.3. Objetivos e Indicações do uso da ventilação mecânica
Conforme o III Consenso Brasileiro de Ventilação Mecânica, publicado em 2007, a
ventilação mecânica “tem por objetivos, além da manutenção das trocas gasosas, ou seja,
correção da hipoxemia e da acidose respiratória associada à hipercapnia: aliviar o trabalho da
musculatura respiratória que, em situações agudas de alta demanda metabólica, está elevado;
reverter ou evitar a fadiga da musculatura respiratória; diminuir o consumo de oxigênio, dessa
forma reduzindo o desconforto respiratório; e permitir a aplicação de terapêuticas
específicas.” 19
O “I Consenso Brasileiro de Ventilação Pulmonar Mecânica em Pediatria” foi
realizado em novembro de 2008 na cidade de São Paulo, e as suas conclusões serão em breve
publicadas.
2.3.1. Ventilação mecânica invasiva
O julgamento clínico é fundamental na decisão de iniciar a ventilação mecânica.
Mediante um quadro de insuficiência respiratória aguda, deve-se avaliar as alterações
gasométricas, a resposta ao tratamento clínico e as evidências de fadiga da musculatura
respiratória. Exceto em casos de apnéia e/ou proteção de vias aéreas ou de falência
cardiorrespiratória, a indicação de ventilação mecânica deve ser criteriosamente avaliada pelo
médico. Excetuando-se os casos citados, qualquer outro critério de indicação de suporte
ventilatório não deve ser considerado absoluto. No entanto, é importante discriminar os
objetivos da ventilação mecânica, de modo que estes parâmetros possam auxiliar na tomada
34
de decisão da indicação da ventilação mecânica. Estes objetivos estão discriminados no
quadro 1.20,21
Quadro 1: Objetivos da Ventilação pulmonar mecânica
De acordo com o III Consenso Brasileiro de Ventilação Mecânica 19, baseando-se nos
objetivos citados, as principais indicações para iniciar o suporte ventilatório são:
• Reanimação devido à parada cardiorrespiratória;
• Hipoventilação e apnéia;
• Insuficiência respiratória devido a doença pulmonar intrínseca e hipoxemia;
• Falência mecânica do aparelho respiratório: fraqueza muscular; doenças
neuromusculares; paralisia e comando respiratório instável (trauma craniano, acidente
vascular cerebral, intoxicação exógena e abuso de drogas).
• Prevenção de complicações respiratórias: Restabelecimento no pós-operatório de
cirurgia de abdome superior, torácica de grande porte, deformidade torácica, obesidade
mórbida e parede torácica instável;
• Redução do trabalho muscular respiratório e fadiga muscular.
a) Objetivos fisiológicos - Manter ou permitir a manipulação da troca gasosa pulmonar. - Ventilação Alveolar (avaliação através de PaCO2 e pH) - Oxigenação Arterial (avaliação através da PaO2, SaO2 e CaO2) (Objetivo :PaO2 > 60 mmHg, SaO2 > 90%). - Aumentar o volume pulmonar - Insuflação pulmonar inspiratória final. - Prevenção out tratamento de atelectasia. - Otimizar a Capacidade Residual Funcional (CRF) - Reduzir ou permitir a manipulação do trabalho muscular respiratório. - Diminuir a sobrecarga dos músculos respiratórios, revertendo ou evitando a fadiga dos mesmos. b) Objetivos clínicos - Reverter hipoxemia: aumentando a ventilação alveolar, aumentando o volume pulmonar, diminuindo o consumo de oxigênio e aumentando a oferta de oxigênio. - Reverter a acidose respiratória aguda. - Diminuir o desconforto respiratório. - Prevenir ou reverter a atelectasia. - Reverter a fadiga dos músculos respiratórios. - Permitir sedação e/ou bloqueio neuromuscular. - Reduzir o consumo sistêmico ou miocárdico de oxigênio - Reduzir pressão intracraniana. - Estabilizar a parede torácica
35
Ainda conforme o III Consenso Brasileiro de Ventilação Mecânica:
“Resumindo, a VM é aplicada em várias situações clínicas em que o paciente
desenvolve insuficiência respiratória, sendo, dessa forma, incapaz de manter valores
adequados de O2 e CO2 sangüíneos, determinando um gradiente (ou diferença)
alvéolo-arterial de O2 [(PA-a)O2] e outros indicadores da eficiência das trocas
gasosas (por exemplo: relação PaO2/fiO2) alterados. Hipoxemia com gradiente
aumentado indica defeito nas trocas alvéolo-capilares (insuficiência respiratória
hipoxêmica). Hipoxemia com gradiente normal é compatível com hipoxemia por
hipoventilação alveolar (insuficiência respiratória ventilatória). Sob oxigenoterapia
e/ou ventilação mecânica, a relação PaO2/fiO2 tem sido usada na quantificação da
gravidade da lesão pulmonar, na comparação evolutiva e na predição das mudanças
na PaO2 se a FIO2 for elevada. O valor normal em ar ambiente é acima de 300,
valores abaixo indicam deterioração de trocas e menor do que 200 sugerem extrema
gravidade do quadro respiratório. Ba insuficiência respiratória, o suporte
ventilatório consegue contrabalançar esses defeitos, permitindo uma melhor relação
ventilação/perfusão capilar (resultando em melhor PaO2), aumenta a ventilação
alveolar (melhor pH e PaCO2), aumenta o volume pulmonar prevenindo ou tratando
as atelectasias, otimiza a capacidade residual pulmonar - CRF, reduz o trabalho
muscular respiratório com diminuição do consumo de O2 sistêmico e miocárdico,
diminui a pressão intracraniana e estabiliza a parede torácica.”
As principais indicações de ventilação pulmonar mecânica em pediatria estão
discriminadas no quadro 2.
Quadro 2. Principais Indicações de ventilação pulmonar mecânica em Pediatria - Hipoventilação e apnéia • Uso de drogas anestésicas, analgésicos, tranqüilizantes • Apnéia do prematuro • Trauma craniano • Herniação cerebral • Hemorragia intracraniana • Tumores cerebrais • Asfixia neonatal • Disfunção neuromuscular periférica (Síndrome de Guillan-Barré, miastenia gravis) - Hipoxemia e Doença Pulmonar Intrínseca - Doenças que necessitam de hiperoxia e hipocapnia • Hipertensão intracraniana • Hipertensão pulmonar persistente - Perda da integridade mecânica do sistema respiratório - Disfunção cardiovascular moderada a grave - Cardiopatias congênitas
36
2.3.2. Ventilação mecânica não invasiva
A ventilação mecânica não-invasiva (VNI) com pressão positiva vem ampliando as
opções terapêuticas para pacientes com insuficiência respiratória aguda.22,23,24 É um tipo de
ventilação pulmonar mecânica sem a utilização de uma via aérea artificial como o tubo
endotraqueal ou a cânula de traqueostomia. Este tipo de ventilação teria as vantagens teóricas
de: evitar as complicações associadas com o tudo endotraqueal (ulceração ou edema da
mucosa, hemorragia, estenose, pneumonia, sinusite), melhorar o conforto do paciente,
preservar os mecanismos de defesa das vias aéreas e preservar a linguagem e a deglutição.
Além disso, a VNI oferece grande flexibilidade em instituir-se e remover a ventilação
mecânica – ela pode ser oferecida através de máscara facial ou nasal, ou ainda, no caso de
pacientes recém-nascidos ou lactentes jovens, através da pronga nasal (em pacientes menores
de 20 kg).
A ventilação mecânica não-invasiva tem como objetivos melhorar a fadiga
muscular respiratória, melhorar a capacidade residual funcional, através da diminuição de
áreas de atelectasias, e melhorar a troca gasosa.22,23,24
As principais indicações da ventilação mecânica não-invasiva com pressão
positiva estão apresentadas no quadro 3.
Quadro 3– Principais Indicações de Ventilação não invasiva com pressão positiva - Insuficiência respiratória hipercápnica • Exacerbação aguda de doença pulmonar obstrutiva crônica (pH<7,35) • Alterações de caixa torácica • Doenças neuromusculares • Hipoventilação central • Apnéia obstrutiva do sono - Insuficiência respiratória hipoxêmica • Pneumonia • Síndrome do desconforto respiratório agudo • Pós-operatório • Edema agudo de pulmão - Outras indicações • Pacientes que não serão intubados • Trauma torácico sem pneumotórax • Desmame da ventilação invasiva
37
A VNI está contra-indicada ou não recomendada para os casos de hipoxemia
refratária, queda do estado mental, instabilidade hemodinâmica, incapacidade de adaptação às
máscaras nasal ou facial, hemorragia gastrointestinal, presença de muita secreção nas vias
aéreas e na cirurgia abdominal recente.
2.4. Conceitos e Terminologia
2.4.1. Conceitos
Como métodos essenciais de ventilação mecânica devemos entender todo e qualquer
método de suporte ventilatório capaz de prover, com o menor dano e custo possível, a melhor
ventilação e oxigenação capazes de suprir a demanda do paciente.19,20,21
2.4.2. Modos de ventilação pulmonar mecânica convencional
No momento em que se inicia a ventilação pulmonar mecânica, o suporte ventilatório
ideal para uma determinada condição clínica e as necessidades específicas do paciente em
questão devem ser avaliadas.
Os modos ventilatórios habitualmente utilizados incluem: ventilação mecânica
controlada (CMV), ventilação assisto-controlada (A/C), ventilação mandatória intermitente
(IMV), ventilação mandatória intermitente sincronizada (SIMV), ventilação com suporte de
pressão (PSV) e ventilação com pressão positiva contínua em vias aéreas (CPAP).20 Esses
modos podem utilizar mecanismos que mantenham a pressão controlada (PCV) ou o volume
controlado (VCV) e de acordo com a forma como a fase inspiratória é terminada (mecanismo
de ciclagem), podem ciclar a volume, pressão,tempo ou fluxo. Além disso, todas estas
técnicas podem incorporar um recurso muito valioso no tratamento de doenças respiratórias
que é a PEEP, inicialmente descrita por Ashbaugh em 1967.25
a) Ventilação mecânica controlada (CMV)
Neste tipo de ventilação, o aparelho fornece um número pré-determinado de ciclos
ventilatórios por minuto. Há um sistema de ciclagem automática que ativa o aparelho com
determinada freqüência, independente de qualquer esforço do paciente, não permitindo que
38
ele desencadeie respirações adicionais. O volume minuto do paciente é realizado unicamente
pelo aparelho.
Utiliza-se em crianças com apnéia, sob bloqueio neuromuscular, em algumas situações
que apresentam grave comprometimento pulmonar e nas doenças que se beneficiam da
hiperventilação controlada.
b) Ventilação assistida-controlada (VA/C)
Neste modo ventilatório, o aparelho fornece um ciclo ventilatório quando é detectado
um esforço inspiratório do paciente, ou quando este esforço não ocorre em um determinado
período predeterminado. Desta forma, o número de respirações por minuto liberado pelo
aparelho depende do esforço inspiratório do paciente, do ajuste do mecanismo de
sensibilidade e da freqüência mandatória (controlada) programada.
c) Ventilação mandatória intermitente (IMV)
Originalmente, a IMV foi descrita usando sistemas de fluxo contínuo. Neste modo
ventilatório, o paciente pode respirar espontaneamente e, ainda, receber um número de
respirações mecânicas com um volume corrente e uma freqüência pré-determinados.
Posteriormente, os mecanismos de fluxo contínuo foram substituídos em alguns aparelhos
pelo fluxo de demanda.
d) Ventilação mandatória intermitente sincronizada (SIMV)
É uma modificação da técnica de IMV. Aqui, a respiração mecânica com pressão
positiva mandatória é sincronizada para ser liberada imediatamente após o início do esforço
inspiratório do paciente, que é detectado como uma pequena flutuação de pressão negativa
dentro do circuito do ventilador ou pela variação de um fluxo de base.
Se o esforço respiratório não é detectado dentro de um tempo pré-determinado,
a respiração mandatória é liberada.
39
e) Ventilação com pressão de suporte (PSV)
É um modo de ventilação assistida que auxilia o paciente durante a respiração
espontânea, facilitando o esforço ventilatório durante a fase inspiratória, quando fornece uma
determinada pressão positiva, previamente estabelecida. É ciclada a fluxo.
Tem sido progressivamente mais utilizada em pediatria como método de “desmame”
ventilatório.
Em crianças com idade inferior a três anos, tem sido pouco utilizada devido à escassez
de aparelhos adequados para esta faixa etária.
É contra-indicada ou não recomendável em crianças com o estímulo respiratório
instável e risco de apnéia.
f) Pressão positiva contínua em vias aéreas (CPAP – continuous positive airway
pressure)
Modo de respiração espontânea na qual é mantida uma pressão constante nas vias
aéreas, durante todo o ciclo respiratório. O padrão respiratório, pico de fluxo e volume
corrente de cada respiração são determinados exclusivamente pelo paciente.
Algumas modalidades ventilatórias podem ser utilizadas em associação: SIMV com
PSV, CPAP com PSV, SIMV com CPAP.
40
3. Objetivos
3.1. Objetivo Geral
Descrever as práticas correntes de utilização da ventilação pulmonar mecânica com
pressão positiva (invasiva ou não-invasiva) nas unidades de tratamento intensivo neonatais e
pediátricas do estado do Rio de Janeiro.
3.2. Objetivos Específicos
- Nas unidades estudadas, descrever as práticas correntes de ventilação pulmonar
mecânica quanto a:
• Prevalência;
• Perfil demográfico dos pacientes;
• Tempo de uso;
• Indicações;
• Modos de acesso à via aérea (interface paciente equipamento);
• Equipamentos (ventiladores);
• Parâmetros de uso;
• Estratégias e modos de ventilação;
• Métodos de retirada (desmame);
• Complicações (mecânicas e infecciosas) e estratégias de prevenção.
- Em caráter exploratório, e quando pertinente, comparar os resultados entre as unidades
neonatais, pediátricas e mistas, entre o setor público e privado e entre as regiões
metropolitana e interior do estado do Rio de Janeiro.
41
4. Metodologia
4.1. Local do Estudo
O estudo foi realizado nas UTI Neonatais (UTIN), pediátricas (UTIP) e mistas
(UTIPM ) do estado do Rio de Janeiro.
4.2. Desenho do Estudo
Estudo observacional, transversal e descritivo, realizado no período de janeiro de 2006
a agosto de 2008 (32 meses).
4.3. População e amostra estudadas
4.3.1. Elegibilidade
• Todas as UTI neonatais e pediátricas existentes no Estado do Rio de Janeiro durante o período do estudo, identificadas através de consulta aos registros do Serviço de Vigilância Sanitária da Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro, do Conselho Regional de Medicina do estado do Rio de Janeiro (CREMERJ), da Associação de Hospitais da Cidade e do estado do Rio de Janeiro, da Sociedade de Pediatria do Estado do Rio de Janeiro (SOPERJ), da Sociedade de Terapia Intensiva do Estado do Rio de Janeiro (SOTIERJ).
4.3.2. Critérios de Inclusão
• Todas as unidades com pacientes em uso de ventilação pulmonar mecânica com pressão positiva (invasiva ou não- invasiva) por até 30 dias, no momento da visita a cada unidade.
4.3.3. Critérios de Exclusão
• Unidades que encontravam- se inativas no momento da coleta dos dados;
• Unidades que não concordaram em participar do estudo ou que foram inacessíveis à
equipe de pesquisa;
• Foram consideradas como perdas as unidades que não possuíam pacientes em
ventilação mecânica no momento da coleta de dados ou que possuíssem apenas
pacientes e ventilação mecânica por mais de 30 dias.
42
• Não foram incluídos no estudo os dados dos pacientes com mais de 30 dias de
ventilação mecânica.
4.4. Variáveis e Definições
As variáveis estudadas são apresentadas no quadro 4.
Quadro 4- Variáveis do Estudo
Variável
Descrição
Tipo
Uso de ventilação mecânica
Paciente em uso de ventilação mecânica
Qualitativa nominal
dicotômica
Gênero
masculino ou feminino
Qualitativa nominal dicotômica
Faixa etária
Recém-nascido – 0 a 1 mês
Lactente- 1 a 12 meses Pré- escolar – 1 a 6 anos
Escolar – 7 a 12 anos Adolescente- 13 a 18 anos
Quantitativa
Discreta
Idade Gestacional
(RN)
Em caso de recém- nascido, idade gestacional ao
nascimento, em semanas completas.
Quantitativa continua
Classificação peso x idade gestacional
(RN)
Em caso de recém- nascido, classificação em relação
ao seu peso de nascimento: PIG- Pequeno para idade gestacional
AIG - Adequado para idade gestacional GIG - Grande para idade gestacional
Qualitativa nominal
policotômica
Peso do paciente
Peso do atual do paciente em gramas
Quantitativa contínua
Tempo total de ventilação mecânica
Dias de ventilação mecânica invasiva ou
Horas de ventilação mecânica não invasiva
Quantitativa contínua
Tempo de utilização de ventilação
mecânica invasiva
Dias de ventilação mecânica invasiva.
Quantitativa continua
Tempo de utilização de ventilação
mecânica não invasiva
Horas de ventilação mecânica não invasiva (VNI)
Quantitativa continua
Indicações
Indicação para inicio da ventilação mecânica (Causa
predominante)
Qualitativa nominal
policotômica
Modos de acesso á via aérea
(Interface paciente-equipamento)
Modo de acesso à via aérea do paciente: - Intubação orotraqueal (com ou sem balonete); - Intubação nasotraqueal (com ou sem balonete); - Máscara facial simples; - Máscara facial total (“full face”); - Máscara nasal; - Pronga nasal; - Capacete (“Helmet”); - Traqueostomia.
Qualitativa nominal
policotômica
Equipamentos (ventiladores)
Especificação do equipamento (ventilador) utilizado na
ventilação mecânica.
Qualitativa nominal
policotômica
43
Quadro 4 – Variáveis do Estudo ( continuação)
Variável
Descrição
Tipo
Modos ventilatórios
Especificação da modalidade ventilatória utilizada: - IMV - SIMV (PL- pressão limitada) - SIMV (PCV) - SIMV (VCV) - SIMV + PSV - PSV + CPAP - CPAP traqueal - PRVC (volume controlado regulado por pressão) - VAPS (Suporte pressórico com volume garantido) - HFV (high frequency ventilation)- Ventilação de alta freqüência - oscilatória ou por interrupção de fluxo - VNI (ventilação não invasiva) – CPAP - VNI – BiPAP - VNI (IMV por pronga nasal)
Qualitativa nominal
policotômica
Estratégias ventilatórias
Especificação da estratégia ventilatória utilizada: - convencional - Não convencional: ▪ Óxido nítrico inalatório (NOi) ▪ Estratégia protetora (recrutamento alveolar + PEEP elevada + PIP < 30 + VT < 8 ml/kg) ▪ Relação T ins:ex invertida
Qualitativa nominal
policotômica
Parâmetros ventilatórios utilizados
Parâmetros ventilatórios utilizados: - Pressão de Pico (PIP) em cm H20; - Pressão positiva no final da expiração (PEEP) em cm H20; - Freqüência respiratória (FR) em respirações por minutos (ventilação convencional) ou Hertz (ventilação de alta freqüência); - Fluxo, em l/min; - Tempo inspiratório (Tins), em segundos; - Amplitude, em cmH20 (ventilação de alta freqüência); - Fração inspirada de oxigênio (Fi02), em faixa decimal.
Quantitativa
continua
Métodos de retirada (desmame)
do suporte ventilatorio
Métodos utilizados para a retirada da ventilação mecânica invasiva: - Redução gradual da FR em ventilação mandatória intermitente não sincronizada (IMV) ou sincronizada (SIMV); - SIMV + pressão de suporte (PSV); - PSV+ CPAP (ou PEEP); - Peça T; - VNI pós- extubação.
Qualitativa nominal
policotômica
Complicações associadas a
ventilação mecânica
Determinar a existência de Complicações associadas á ventilação mecânica (mecânicas ou infecciosas): - Extravasamento de ar alveolar (Pneumotórax, Pneumomediastino, enfisema intersticial); - Pneumonia; - Atelectasias. - Hemorragia Pulmonar
Qualitativa nominal
policotômica
Medidas de prevenção de complicações associadas á
ventilação mecânica
Utilização de medidas que interferem no desenvolvimento de complicações : - Presença de fisioterapia respiratória no setor; - Aspiração da prótese traqueal; - Uso de sistema de termo- umidificação durante a ventilação mecânica; - Tipo de suporte nutricional do paciente (dieta zero, parenteral, enteral pré ou pós pilórica); - Uso de protetor de mucosa gástrica.
Qualitativa nominal
policotômica
44
4.5. Coleta de Dados
Através da metodologia já descrita, foram identificadas todas as UTI neonatais,
pediátricas e mistas existentes no Estado do Rio de Janeiro no período de janeiro de 2006 a
agosto de 2008.
As unidades foram informadas previamente, por escrito, sobre a natureza da pesquisa,
o caráter voluntário da participação, o anonimato dos dados e a aprovação pelo Comitê de
Ética em Pesquisa (CEP) do Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira (IPPMG)-
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), sendo solicitada autorização para coleta de
dados e respeitadas as exigências éticas e administrativas de cada instituição.
A visita às unidades foi feita de modo aleatório, através de sorteio entre as unidades e
de acordo com a disponibilidade dos serviços de receberem a equipe de pesquisa. A chefia ou
rotina médica de cada unidade estudada foi previamente contactada para que pudessem
agendar a visita à unidade.
Os dados foram coletados através do preenchimento de um questionário semi-
estruturado (Apêndice A), diretamente dos prontuários dos pacientes em ventilação mecânica
por 30 dias ou menos no momento da visita e através de entrevistas com os médicos
responsáveis ou médicos da rotina das UTI estudadas. A equipe de pesquisa era constituída
pela pesquisadora principal ou por um dos membros da equipe previamente treinado por ela,
de modo a garantir a uniformidade do procedimento de coleta dos dados.
Foi realizado um estudo piloto em 3 UTI para verificação da adequação do
instrumento de coleta de dados, procedendo-se, então, às correções necessárias para a
continuidade do estudo.
45
4.6. Processamento e Análise dos Dados
Os dados coletados foram transportados para um banco de dados em formato
eletrônico (Microsoft Office Excel, Microsoft Corporation,, EUA). Os dados de cada paciente
em ventilação mecânica foram então consolidados, através de médias por unidade, e
processados em tabelas de distribuição de freqüências e quadros descritivos. Os resultados
foram expressos em médias com cálculo do erro padrão das médias (EPM). As freqüências
das variáveis foram obtidas utilizando-se o software estatístico SPSS v16 (SPSS Inc., Chicago
Illinois, EUA). Em caráter exploratório, e quando pertinente, os dados obtidos foram
comparados entre os tipos de unidades estudadas (Neonatais, Pediátricas ou Mistas e publicas
ou privadas) e entre as Regiões de Saúde (Metropolitana e Interior do estado).
Para avaliação das significâncias estatísticas foi utilizado o teste do qui- quadrado para
a comparação de prevalências (software estatístico Epi Info 3.5.1, CDC, Atlanta, EUA) e,
para as variáveis contínuas, foi utilizado o Teste t de Student para os dados paramétricos,
quando pertinentes (software statístico SPSS v16, SPSS Inc., Chicago, Illinois, EUA). Em
todos os testes o nível de significância (alfa) foi estabelecido em 5%.
4.7. Aspectos éticos
Este estudo está em consonância com a resolução 196 do Conselho Nacional de
Saúde, de 10/10/1996, que regula os aspectos éticos da pesquisa envolvendo seres humanos
no Brasil e com o Código de Ética Médica (Art 122 a 130) e é parte de um projeto mais amplo
que estuda a qualidade da assistência nas UTI pediátricas e neonatais do estado do Rio de
Janeiro, denominado “Terapia intensiva neonatal e pediátrica no estado do Rio de Janeiro:
análise de equidade, acesso, estrutura e processos de assistência”, o qual foi aprovado pelo
Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) do Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira
(IPPMG) - da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), local sede do estudo (Anexo
A) e pelos seguintes CEPs das instituições estudadas: Secretaria Municipal de saúde do Rio
46
de Janeiro, Instituto Fernandes Figueira (IFF), Hospital da Lagoa e Rede D’ Or Hospitais
(Anexos B a E). As demais unidades estudadas, que não dispunham de CEP, aceitaram a
aprovação da pesquisa pelo CEP do IPPMG-UFRJ.
No que se refere à coleta de dados das UTI estudadas, todas as unidades receberam
uma numeração aleatória, de modo a tornar impossível a sua identificação fora do grupo de
pesquisa.
Tendo em vista o caráter epidemiológico da pesquisa, bem como a não utilização de
qualquer dado que identificasse os pacientes, o CEP do IPPMG-UFRJ dispensou a equipe de
pesquisa de colher o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Anexo F).
Os resultados deste estudo serão divulgados através da publicação em periódicos
científicos e encaminhamento de resumo para cada unidade participante, sociedades médicas s
da especialidade, Conselho Regional de Medicina e secretarias de saúde municipais e
estadual.
47
5. Resultados
5.1. Distribuição das UTI nas Regiões de saúde do estado do Rio de Janeiro
O estado do Rio de Janeiro possui 92 municípios e uma população total, segundo o
ultimo senso (IBGE, 2000), de 14.392.106 habitantes. Desta população, 3.619.856
habitantes (25,1%) encontram-se na faixa etária de até 14 anos.
A Secretaria de Saúde e Defesa Civil do estado do Rio de Janeiro subdivide o estado
em 8 regiões denominadas Regiões de Saúde , visualizadas na figura 4.
Figura 4: Mapa do estado do Rio de Janeiro com destaque para as diferentes regiões de saúde .
A região Metropolitana é subdividida em região Metropolitana I e II e concentra 73%
da população de 0 a 14 anos do estado. Os outros 27% da população de 0 a 14 anos distribui-
se no interior do estado, que engloba as regiões restantes. A distribuição dos municípios e da
população de 0 a 14 anos nas diferentes regiões de saúde, se dá da seguinte forma:
48
I. Metropolitana (I e II) - composta por 19 municípios (12 na Metropolitana I e 7
na II), possui 73% da população de 0-14 anos do estado (2.639.273 habitantes
nesta faixa etária);
II. Baixada Litorânea – composta por 9 municípios e 178.353 habitante na faixa
etária de até 14 anos (4,9%);
III. Baía da Ilha Grande- composta por 3 municípios e 74.557 habitantes até 14
anos de idade (2%);
IV. Centro Sul – composta de 11 municípios e 66.865 habitantes com até 14 anos
de idade (1,9 %);
V. Médio Paraíba – composta de 12 municípios e 202.791 habitantes na faixa
etária de 0 a 14 anos (5,6%);
VI. Noroeste – composta de 14 municípios e com 75.311 habitantes de até 14 anos
de idade (2%);
VII. Norte- composta de 8 municípios e 192.085 habitantes de 0 a 14 anos (5,3%);
VIII. Serrana- composta por 16 municípios e 190.621 habitantes com até 14 anos de
idade (5,3%).
Foram identificadas 103 UTI (UTIN, UTIP e UTIPM) em todo o estado. A região
metropolitana I é a que concentra maior número de UTI, totalizando 71 unidades (68,9% do
total). O município do Rio de Janeiro, capital do estado, possui o maior número de UTI da
região e do estado, com um total de 59 unidades, sendo 27 neonatais, 15 pediátricas e 17
mistas. São João do Meriti possui apenas 1 unidade neonatal, assim como o município de
Belfort Roxo. O município de Nilópolis possui apenas 1 unidade pediátrica. Há 4 unidades em
Nova Iguaçu, sendo 2 pediátricas e 2 neonatais. Em Duque de Caxias, há um total de 5
unidades, sendo 1 pediátrica, 3 mistas e 1 neonatal.
49
A região Metropolitana II possui um total de 9 UTI, distribuídas nos municípios de
Niterói e São Gonçalo. Este possui 1 unidade neonatal e 2 mistas e o primeiro, 4 neonatais e 2
mistas. Não há unidades pediátricas exclusivas na região Metropolitana II.
Na região da Baía de Ilha Grande, há apenas 1 UTI neonatal, localizada no município
de Angra dos Reis.
A região da Baixada Litorânea possui 3 unidades, 2 em Araruama (1 neonatal e 1
pediátrica, ambas no mesmo hospital) e 1 unidade mista em Cabo Frio.
Na região Centro Sul há apenas 1 unidade neonatal, localizada no município de
Vassouras.
A região Médio Paraíba conta com um total de 7 unidades: em Resende há 1 neonatal
e 1 mista, em Volta Redonda, 2 mistas e 1 neonatal e em Barra Mansa há 2 unidades
neonatais.
Há apenas 1 unidade mista na região Noroeste, localizada no município de Itaperuna.
Na região Norte Fluminense há um total de 7 unidades: 3 em Macaé (1 neonatal e 2
mistas) e 4 em Campos (2 neonatais e 2 mistas).
Na região Serrana, existem 2 unidades mistas, localizadas no município de Petrópolis
e 1 unidade neonatal, no município de Nova Friburgo.
A distribuição das unidades por região de saúde, assim como a população pediátrica
existente em cada região, encontram-se resumidas na tabela 1.
50
Tabela 1- Regiões de Saúde do estado do Rio de Janeiro em função da sua população pediátrica, número de municípios e distribuição das Unidades de Terapia Intensiva Neonatais, Pediátricas e Mistas existentes no período de Janeiro de 2006 a agosto de 2008.
REGIÃO DE SAÚDE POPULAÇÃO DE 0-14 ANOS (a)
NÚMERO DE MUNICÍPIOS
(b) TIPOS DE UNIDADES
EXISTENTES MUNICÍPIOS (NÚMERO DE
UNIDADES)
Neonatal Pediátrica Mista BAIA DA ILHA GRANDE 74.557 3 1 0 0 Angra dos Reis (1) BAIXADA LITORÂNEA 178.353 9 1 1 1 Araruama (2) e Cabo Frio (1)
CENTRO-SUL 66.865 11 1 0 0 Vassouras (1)
MÉDIO-PARAÍBA 202.791 12 4 0 3 Barra Mansa (2), Resende (2) e
Volta Redonda (3)
METROPOLITANA( I e II) 2.639.273 19 37 19 24
Rio de Janeiro (59), São João de Meriti (1), Nilópolis (1), Nova
Iguaçu (4), Duque de Caxias (5) e Belfort Roxo (1),Niterói (6) e São
Gonçalo (3)
NOROESTE 75.311 14 0 0 1 Itaperuna (1)
NORTE 192.085 8 3 0 4 Campos dos Goytacazes (4) e
Macaé (3)
SERRANA 190.621 16 1 0 2 Petrópolis (2) e Nova Friburgo (1)
TOTAL 3.619.856 92 48 20 35 Estado do Rio de Janeiro (103)
(a) população de acordo com último senso IBGE, 2000 (htpp:// www.ibge.gov.br) (b) segundo referências da Secretária de Saúde e Defesa Civil do estado do Rio de Janeiro
5.2. Unidades estudadas
Foram identificadas 103 Unidades de Terapia Intensiva Neonatais, Pediátricas e
Mistas no estado do Rio de Janeiro. Destas, 23 foram excluídas, 8 por estarem inativas no
período do estudo e 15 por recusa em participar do estudo ou por inacessibilidade à equipe de
pesquisa, conforme apresentado no quadro 5.
51
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UNIDADE
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53
Desta forma, durante o período de estudo, 80 unidades foram visitadas. Destas, 28
foram consideradas perdas, 25 por não apresentarem nenhum paciente em ventilação
pulmonar mecânica e 3 por apresentarem apenas pacientes ventilados cronicamente (por mais
de 30 dias) no dia da visita da equipe de pesquisa (Quadro 6).
54
Quad
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natais, Ped
iátricas e Mistas do estado do Rio de Janeiro consideradas como perdas por não
apresentarem pacientes em
ventilação mecânica (VM) ou apen
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TIPO DE UNIDADE
NATUREZA
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ital de Clínicas Mário Lioni
12
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VM
55
Quad
ro 6 - UTI Neo
natais, Ped
iátricas
e M
ista do Estado do Rio de Jan
eiro consideradas
como perdas por não
apresentarem pacientes
em ven
tilação mec
ânica (VM) ou apenas pacien
tes ventilados cronicamen
te (por mais de 30 dias) no dia da visita para coleta de dad
os
(CONTINUAÇÃO)
UNIDADE
NÚMERO DE LEITOS
MUNICÍPIO
TIPO DE UNIDADE
NATUREZA
MOTIVO DA EXCLUSÃO
REGIÃO DE SAÚDE METROPOLITANA I (CONTINUAÇÃO)
Hosp
ital Pró-Cardíaco
4
Rio
de J
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Ped
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VM
Hosp
ital SDRAcu
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VM
Hosp
ital Serv-Bab
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20
Rio
de J
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VM
Hosp
ital Universitário Graffre e
Guinle (UNIRIO)
5
Rio
de J
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em
VM
Instituto Fernan
des Figueira –
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8
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VM
SEMIC– Serviço
s Méd
icos à
Indústria e Comércio S/C Ltda
13
Rio
de J
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Nenhu
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aci
ente
em
VM
REGIÃO DE SAÚDE METROLITANA II
Hosp
ital de Clínicas São
Gonçalo
10
São G
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em
VM
REGIÃO DE SAÚDE NORTE
Hosp
ital UNIMED- Macaé
6
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em
VM
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João
Batista de
Macaé - Casa de Caridad
e de Macaé
6
Maca
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P
rivad
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enhu
m p
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ente
em
VM
REGIÃO DE SAÚDE SERRANA
Hosp
ital Alcides Carneiro
18
Petr
ópol
is
Mis
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Púb
lica
Nenhu
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ente
em
VM
Hosp
ital M
aternidad
e Nova Friburgo
14
Nova
Friburg
o
Neo
nata
l P
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a N
enhu
m p
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em
VM
Hosp
ital UNIMEDSão
Lucas
8
Petr
ópol
is
Mis
ta
Priv
ada
Nenhu
m p
aci
ente
em
VM
56
Restaram, portanto, 52 unidades com pacientes em ventilação pulmonar mecânica
(invasiva ou não invasiva), por menos de 30 dias, que foram incluídas no estudo.
A figura 5 mostra o fluxograma do estudo.
Figura 5- Fluxograma do estudo.
As unidades estudadas e sua classificação, características e distribuição por região de
saúde encontram-se discriminadas no Quadro 7.
U�IDADES ELEGÍVEIS (n=103)
U�IDADES VISITADAS (n=80)
PERDAS (n= 28) - Unidades sem pacientes em VM (n=25)
- Unidades somente com pacientes em VM há mais de 30 dias (n=3)
U�IDADES ESTUDADAS (com pacientes em VM ≤ 30 dias)
(n=52)
�eonatais (n=23) Pediátricas (n=14) Mistas (n=15)
EXCLUÍDAS (n= 23) - Inativas (n= 8)
- �ão concordaram em participar ou inacessíveis ( n= 15)
57
Quadro 7 - UTI Neonatais, Pediátricas e Mistas no Estado do Rio de Janeiro com pacientes em ventilação pulmonar mecânica, por menos de 30 dias, no dia da coleta de dados.
UNIDADE
NÚMERO DE LEITOS MUNICÍPIO TIPO DE UNIDADE NATUREZA
REGIÃO DE SAÚDE : BACIA DA ILHA GRANDE
Hospital e Maternidade Codrato de Vilhena (Santa Casa de Angra dos Reis) 6 Angra dos Reis Neonatal Pública
REGIÃO DE SAÚDE : BAIXADA LITORÂNEA
Hospital Regional de Araruama 4 Araruama Pediátrica Pública
REGIÃO DE SAÚDE: MÉDIO-PARAÍBA
Associação de Proteção à Maternidade e à Infância de Resende (APMIR) 12 Resende Neonatal Pública
SAMER (Neovida) 11 Resende Mista Privada
Hospital Vita (Neovida) 17 Volta Redonda Mista Privada
REGIÃO DE SAÚDE : METROPOLITANA I
AMIU – Assistência Materno Infantil de Urgência – Unidade Jacarepaguá 10 Rio de Janeiro Neonatal Privada
Clínica da Primeira Idade 5 Rio de Janeiro Pediátrica Privada
Clínica Obstétrica Sta Maria Madalena 6 Rio de Janeiro Neonatal Privada
Hospital Barra D ‘ Or 10 Rio de Janeiro Neonatal Privada
HCPM – Hospital Central da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro 12 Rio de Janeiro Mista Pública
Hospital Copa D´Or 3 Rio de Janeiro Pediátrica Privada
Hospital Cotefil (Neovida) 16 Duque de Caxias Mista Privada
Hospital Daniel Lipp (Clini Rio) 18 Duque de Caxias Mista Privada
Hospital e Maternidade Oswaldo Nazareth (Maternidade Praça XV) 10 Rio de Janeiro Neonatal Pública
Hospital Estadual Adão Pereira Nunes (SDRAcuruna) 11 Duque de Caxias Pediátrica Pública
Hospital Geral da Lagoa 8 Rio de Janeiro Mista Pública
Hospital Joari 8 Rio de Janeiro Neonatal Privada
Hospital Maternidade Alexander Fleming 15 Rio de Janeiro Neonatal Pública
Hospital Maternidade Carmela Dutra 14 Rio de Janeiro Neonatal Pública
Hospital Municipal Jesus 6 Rio de Janeiro Pediátrica Pública
Hospital Municipal Miguel Couto 4 Rio de Janeiro Pediátrica Pública
Hospital Municipal Souza Aguiar 6 Rio de Janeiro Pediátrica Pública
Hospital Naval Marcilio Dias 8 Rio de Janeiro Mista Pública
Hospita Nossa Sra de Fátima 11 Nova Iguaçu Neonatal Privada
Hospital Pan Americano 13 Rio de Janeiro Neonatal Privada
Hospital Quinta D´Or 6 Rio de Janeiro Mista Privada
Hospital São Vicente de Paulo 7 Rio de Janeiro Mista Privada
Hospital dos Servidores do Estado 10 Rio de Janeiro Neonatal Pública
Hospital dos Servidores do Estado 7 Rio de Janeiro Pediátrica Pública
Hospital Universitário Pedro Ernesto – Universidade Estadual do Rio de Janeiro 15 Rio de Janeiro Neonatal Pública
58
Quadro 7 – UTI Neonatais, Pediátricas e Mistas no Estado do Rio de Janeiro com pacientes em ventilação pulmonar mecânica, por menos de 30 dias, no dia da coleta de dados.
(Continuação)
UNIDADE
NÚMERO DE LEITOS MUNICÍPIO TIPO DE UNIDADE NATUREZA
REGIÃO DE SAÚDE : METROPOLITANA I (CONTINUAÇÃO)
Hospital Universitário Pedro Ernesto – Universidade Estadual do Rio de Janeiro 5 Rio de Janeiro Pediátrica Pública
IECAC – Instituto Estadual de Cardiologia Aloizio de Castro 3 Rio de Janeiro Pediátrica Pública
INCA – Instituto Nacional do Câncer 5 Rio de Janeiro Pediátrica Pública
Instituto Fernandes Figueira 16 Rio de Janeiro Neonatal Pública
Instituto Fernandes Figueira 6 Rio de Janeiro Pediátrica Pública
Instituto Municipal da Mulher Fernando Magalhães 20 Rio de Janeiro Neonatal Pública
Instituto Nacional de Cardiologia – Fundação Pró Coração (FUNDACOR) 12 Rio de Janeiro Mista Pública
Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira – Universidade Federal do Rio de Janeiro 10 Rio de Janeiro Pediátrica Pública
Maternidade Escola – Universidade Federal do Rio de Janeiro 20 Rio de Janeiro Neonatal Pública
Prontobaby 23 Rio de Janeiro Mista Privada
SAMCI Hospital Infantil 7 Rio de Janeiro Pediátrica Privada
Unidade Integrada de Saúde Herculano Pinheiro 14 Rio de Janeiro Neonatal Pública
REGIÃO DE SAÚDE METROPOLITANA II
Casa de Saúde Maternidade Santa Martha 22 Niterói Neonatal Privada
Hospital Estadual Azevedo Lima 10 Niterói Neonatal Pública
Hospital Getúlio Vargas Filho 12 Niterói Neonatal Pública
Hospital Universitário Antônio Pedro – Universidade Federal Fluminense 13 Niterói Neonatal Pública
REGIÃO DE SAÚDE : NOROESTE FLUMINENSE
Hospital São José do Avaí 9 Itaperuna Mista Pública
REGIÃO DE SAÚDE : NORTE FLUMINENSE
Centro de Neonatologia Nicola Albano-Clínica Lilian Neves 20
Campos dos Goytacazes Mista Privada
Fundação Dr. João Barcelos Martins - Hospital Ferreira Machado 12
Campos dos Goytacazes Mista Pública
Hospital dos Plantadores de Cana 10 Campos dos Goytacazes Neonatal Pública
Sociedade Portuguesa de Beneficência de Campos 9
Campos dos Goytacazes Neonatal Privada
Hospital da Prefeitura de Macaé 10 Macaé Mista Pública
59
As 52 unidades estudadas apresentaram a seguinte distribuição: 23 neonatais, 14
pediátricas e 15 mistas. Dentre as neonatais, 15 públicas (65%) e 8 privadas (35%); dentre as
pediátricas 11 públicas (78,5%) e 3 privadas (21,5%) e dentre as unidades mistas, 7 públicas
(47%) e 8 privadas (53%). Esta distribuição encontra-se melhor visualizada na figura 6.
0
5
10
15
20
25
NUMERO DE UNIDADES
23 14 15
NEONATAIS PEDIATRICAS MISTAS
TIPO DE UNIDADE
UNIDADES ESTUDADAS
PRIVADAS
PUBLICAS
Figura 6 - Unidades estudadas- Distribuição quanto á classificação por tipo de unidade e natureza.
Deste ponto em diante, as unidades serão apresentadas através de uma numeração
aleatória por região de saúde, para evitar a sua identificação.
5.3. Prevalência de ventilação mecânica nas UTI visitadas
Foram visitadas no total 80 unidades (neonatais, mistas e pediátricas) em todo o
estado. Destas, 25 não possuíam pacientes ventilados no momento da visita para coleta de
dados, representando um percentual de 31, 3% do número total de unidades visitadas, com
prevalência de 0% de ventilação mecânica e consideradas como perdas. Três outras unidades
(3,8% do total de unidades visitadas) apresentavam apenas pacientes em ventilação mecânica
crônica (por mais de 30 dias), também tendo sido consideradas como perdas (critério de
exclusão do estudo). As tabelas 2, 3 e 4 mostram a prevalência geral de ventilação mecânica
nas unidades visitadas (UTIN, UTIP, UTIPm respectivamente). As unidades estão separadas
por região metropolitana e interior do estado e classificadas por tipo e natureza, estando
60
numeradas aleatoriamente para evitar a sua identificação. A prevalência global de VM nas
UTIN foi de 25% no estado, 24,4% na região metropolitana e 27,7% no interior do estado
(sem diferença estatisticamente significativa; p = 0,63). Nas UTIP, a prevalência global foi de
42,7% na região metropolitana e 50% no interior do estado , ressaltando-se que nesta região
só havia uma unidade pediátrica exclusiva, não tendo sido pertinente o cálculo do p valor
neste caso. Nas UTIPm, a prevalência global de ventilação mecânica foi de 22,7%, 21,2% na
região metropolitana e 25% no interior do estado (sem diferença estatisticamente
significativa; p = 0,54).
61
Tabela 2- Prevalência geral de pacientes ventilados nas unidades neonatais visitadas no período do estudo.
Unidade Natureza Tipo Número de Leitos
Numero Pacientes internados
Numero total de pacientes ventilados
Prevalência de VM
REGIÃO METROPOLITANA (I e II)
1 Privada Neonatal
10 10 1 10%
2 Privada Neonatal
6 2 1 50%
3 Privada Neonata l
10 8 2 25%
4 Pública Neonatal
10 8 2 25%
5 Privada Neonatal
8 8 1 12,5%
6 Pública Neonatal
15 13 11 84,6%
7 Pública Neonatal
14 14 6 42,8%
8 Privada Neonatal
11 5 1 20%
9 Privada Neonatal
13 13 1 7,8%
10 Pública Neonatal
10 8 4 50%
11 Pública Neonatal
15 8 1 12,5%
12 Pública Neonatal 16 12 4 33,3%
13 Pública Neonatal 20 7 5 71,4%
14 Pública Neonatal 20 14 2 14,2%
15 Pública Neonatal 14 8 3 37,5%
16 Privada Neonatal 22 22 3 13,6%
17 Pública Neonatal 10 10 4 40%
18 Pública Neonatal 12 12 3 25%
19 Pública Neonatal 13 13 1 7,7%
54 Privada Neonatal 8 5 0 0%
58 Privada Neonatal 15 8 2 25%
60 Pública Neonatal 5 1 0 0%
65 Privada Neonatal 12 6 0 0%
67 Pública Neonatal 14 14 0 0%
70 Pública Neonatal 8 7 0 0%
72 Privada Neonatal 10 2 0 0%
Total Metropolitana
15 públicas 11 privadas
26 UTIN 321 238 58 24,4%
INTERIOR DO ESTADO 20 Pública Neonatal 10 8 7 87,5%
21 Privada Neonatal 9 8 2 25%
22 Pública Neonatal 6 6 2 33,3%
23 Pública Neonatal 12 2 2 100%
60 Privada
Neonatal 6 1 0 0%
62
Tabela 2 - Prevalência geral de pacientes ventilados nas unidades neonatais visitadas no período do estudo. (continuação)
Unidade Natureza Tipo Número de Leitos
Numero Pacientes internados
Numero total de pacientes ventilados
Prevalência de VM
INTERIOR DO ESTADO (CONTINUAÇÃO) 61 Pública Neonatal 8 7 0 0%
62 Pública
Neonatal 5 3 0 0%
63 Pública Neonatal 12 12 0 0%
Total Interior 6 públlicas 2 privadas
8 UTIN 68 47 13 27,7%
p (metr x int)
_ _ _ _ _ 0,63
Total visitadas 21 públicas 13 privadas
34 UTIN 389 285 71 25%
Tabela 3 - Prevalência geral de pacientes ventilados nas unidades pediátricas visitadas no período do estudo.
Unidade Natureza Tipo Número de Leitos
Numero Pacientes internados
Numero total de pacientes ventilados
Prevalência de VM
REGIÃO METROPOLITANA (I e II)
24 Privada Pediátrica 5 2 1 50%
25 Pública Pediátrica 11 7 2 28,5%
26 Pública Pediátrica 6 5 4 80%
27 Pública Pediátrica 4 2 1 50%
28 Pública Pediátrica 6 5 2 40%
29 Pública Pediátrica 7 7 5 71,4%
30 Pública Pediátrica 5 3 1 33,3%
31 Pública Pediátrica 3 1 1 100%
32 Pública Pediátrica 5 4 3 75%
33 Pública Pediátrica 6 5 4 80%
34 Pública Pediátrica 10 7 4 57,1%
35 Privada Pediátrica 7 5 1 20%
36 Privada Pediátrica 3 3 2 66,6%
55 Privada Pediátrica 8 6 0 0%
57 Privada Pediátrica 3 1 0 0%
59 Pública Pediátrica 5 5 0 0%
64 Privada Pediátrica 9 4 1 25%
66 Privada Pediátrica 4 3 0 0%
Total Metropolitana
11 públicas 7 privadas
18 UTIP 107 75 32 42,7%
INTERIOR DO ESTADO
37 Pública Pediátrica 4 4 2 50%
Total Interior
1 pública 1 UTIP 4 4 2 50%
Total visitadas 12 públicas 7 privadas
19 UTIP 111 79 34 43%
63
Tabela 4- Prevalência geral de pacientes ventilados nas unidades mistas visitadas no período do estudo.
Unidade
Natureza
Tipo
Número de
Leitos
Numero Pacientes internados
Numero total de
pacientes ventilados
Prevalência
de VM
REGIÃO METROPOLITANA (I e II)
38 Pública Mista 12 6 1 16,6%
39 Privada Mista 16 4 1 25%
40 Privada Mista 18 13 4 30,7%
41 Pública Mista 8 6 5 83,3%
42 Pública Mista 8 7 2 28,5%
43 Privada Mista 6 2 2 100%
44 Privada Mista 7 5 2 40%
45 Pública Mista 12 9 5 55,5%
46 Privada Mista 23 23 2 8,7%
53 Privada Mista 6 3 0 0%
56 Privada Mista 10 5 0 0%
61 Pública Mista 8 7 0 0%
62 Privada Mista 10 4 0 0%
63 Privada Mista 12 12 1 8,3%
68 Privada Mista 20 4 0 0%
69 Pública Mista 5 4 0 0%
71 Privada Mista 13 4 0 0%
Total Metropolitana
6 públicas 11 privadas
17 UTIPm 194 118 25 21,2%
INTERIOR DO ESTADO
47 Privada Mista 11 3 2 66,6%
48 Privada Mista 17 7 2 28,6%%
49 Pública Mista 9 8 3 37,5%
50 Privada Mista 20 18 5 27,7%
51 Pública Mista 12 9 3 33,3%
52 Pública Mista 10 7 3 42,8%
74 Privada Mista 9 3 0 0%
75 Pública Mista 18 8 0 0%
77 Privada Mista 8 3 0 0%
79 Privada
Mista 6 6 0 0%
Total interior
4 públicas 6 privadas
10 UTIPm 120 72 18 25%
p (Metr x int) _ _ _ _ _ 0,54 Total visitadas
10 públicas 17 privadas
27 UTIPm 314 190 43 22,7%
64
5.3.1. Prevalência da ventilação mecânica nas UTI neonatais estudadas
Nas 23 unidades neonatais estudadas, a prevalência global de pacientes em ventilação
mecânica variou de 7,7 a 87,5%, com uma média ponderada das prevalências de 28,7%
(24,1% ventilação mecânica invasiva e 4,6% não invasiva) na região metropolitana (incluindo
as regiões metropolitanas I e II). A média ponderada das prevalências de ventilação mecânica
menor que 30 dias foi de 19 % e de ventilação mecânica crônica (maior que 30 dias) foi de
9,7%. Nas regiões do interior do estado, a média ponderada da prevalência de ventilação
mecânica foi de 54,1%, com uma variação de 25 a 100%. Estes 54,1% se dividiam em 37,5%
de ventilação mecânica invasiva e 16,6% de ventilação mecânica não invasiva. A média
ponderada das prevalências de ventilação mecânica por menos de 30 dias foi de 41,6% e de
ventilação mecânica crônica foi de 12,5% no interior do estado. Estes resultados encontram-se
consolidados na tabela 5.
65
Tab
ela 5- Prevalência de pacientes em ven
tilação m
ecân
ica nas unidad
es neo
natais estudad
as
Unidade
Natureza
Número
de leitos
Número
pacientes
internad
os
VM
invasiva
VM não
-invasiva
Número
Pacientes
VM < 30 d
Número de
pacientes
VM >30 d
Número
total de
pacientes
ven
tilados
Prevalência
VMI
Prevalência
VMNI
Prevalencia
de VM
< 30 dias
Prevalência
de VM
> 30 dias
Prevalência
Global
de VM
REGIÃO METROPOLITANA (I e II)
1 P
rivada
10
10
1
0 1
0 1
10%
0%
10%
0%
10%
2 P
rivada
6
2
1
0 1
0 1
50%
0%
50%
0%
50%
3 P
rivada
10
8
2
0 2
0 2
25%
0%
25%
0%
25%
4 P
úblic
a 10
8
2
0 2
0 2
25%
0%
25%
0%
25%
5 P
rivada
8
8
1
0 1
0 1
12,5
%
0%
12,5
%
0%
12
,5%
6 P
úblic
a 15
13
8
3 4
7 11
61,6
%
23%
30,8
%
53,8
%
84,6
%
7 P
úblic
a 14
14
6
0 3
3 6
42,8
%
0%
21,4
%
21,4
%
42,8
%
8 P
rivada
11
5
1
0 1
0 1
20%
0%
20%
0%
20%
9 P
rivada
13
13
1
0 1
0 1
7,8
%
0%
7,8
%
0%
7,8
%
10
Públic
a 10
8
3
1 2
2 4
37,5
%
12,
5%
25%
25%
50%
11
Públic
a 15
8
1
0 1
0 1
12,5
%
0%
12,5
%
0%
12
,5%
12
Públic
a 16
12
3
1 2
2 4
25%
8,
3%
16,7
%
16,7
%
33,4
%
13
Públic
a 20
7
5
0 4
1 5
71,4
%
0%
57,1
%
14,3
%
71,4
%
14
Públic
a 20
14
1
1 2
0 2
7,1
%
7,1%
14,2
%
0%
14
,2%
15
Públic
a 14
8
3
0 3
0 3
37,5
%
0%
37,5
%
0%
37
,5%
16
Priv
ada
22
22
2
1 2
1 3
9%
4,6%
9%
4,6
%
13,6
%
17
Públic
a 10
10
2
2 3
1 4
20%
20%
30%
10%
40%
18
Públic
a 12
12
3
0 1
2 3
25%
0%
8,4
%
16,6
%
25%
19
Públic
a 13
13
1
0 1
0 1
7,7
%
0%
7,7
%
0%
7,7
%
Total
Metropol.
7 p
rivadas
12pú
blic
as
249
195
47
9 37
19
56
24,1
%
4,6%
19%
9,7
%
28,7
%
66
Tabela 5 (continuaç
ão) - Prevalência de pacientes em ven
tilação
mec
ânica nas
unidad
es neo
natais estudad
as
Unidade
Natureza
Número
de leitos
Número
pacientes
internad
os
VM
invasiva
VM não
-invasiva
Número
Pacientes
VM < 30 d
Número de
pacientes
VM >30 d
Número
total de
pacientes
ven
tilados
Prevalência
VMI
Prevalência
VMNI
Prevalencia
de VM
< 30 dias
Prevalência
de VM
> 30 dias
Prevalência
Global
de VM
INTERIOR DO ESTADO
20
Públic
a 10
8
6
1 5
2 7
75%
12,
5%
62,5
%
25%
87
,5%
21
Priv
ada
9
8
1
1 1
1 2
12,5
%
12,
5%
12,5
%
12,5
%
25%
22
Públic
a 6
6
0
2 2
0 2
0%
33,
3%
33,3
%
0%
33
,3%
23
Públic
a 12
2
2
0 2
0 2
100
%
0%
100
%
0%
100%
Total
Interior
1 priv
ada
3 p
úbl
icas
37
24
9
4 10
3 13
37.5
%
16,
6%
41,6
%
12,5
%
54,1
%
p ( m
etr X
int)
_ _
_
_
_ _
_ _
0,
15
0,0
2
0,01
0,6
7
0,0
1
Total
Estad
o
8 priv
ada
s 15
púb
licas
286
219
56
13
47
22
69
25,6
%
6%
21,5
%
10%
31
,5%
67
A prevalência global de ventilação mecânica nas UTI neonatais exclusivas foi maior
no interior do estado quando comparado com a região metropolitana (54,1% x 28,7%). Esta
diferença foi estatisticamente significativa (p =0,01).
Por outro lado, observou-se que a prevalência global de ventilação mecânica nas
unidades públicas foi maior que nas privadas, tanto na região metropolitana quanto no Interior
do Estado. Esta diferença foi estatisticamente significativa (p < 0,05).
A média ponderada das prevalências de ventilação mecânica nas unidades neonatais
exclusivas das regiões metropolitana e interior, discriminadas de acordo com sua natureza
(pública ou privada) encontram-se na tabela 6.
Tabela 6 - Prevalência de pacientes em ventilação mecânica nas unidades neonatais estudadas- públicas x privadas
Unidades
Prevalência de VM
invasive
Prevalência de VM não
invasiva
Prevalência de VM
Região Metropolitana do Estado
Públicas
29,9%
6,3%
36,2%
Privadas
13,2%
1,5%
14,7%
p
0,01
0,13
0, 001
Interior do Estado
Públicas
50%
11,1%
61,1%
Privadas
12,5%
12,5%
25%
p
0,08
0,70
0,047
5.3.2. Prevalência da ventilação mecânica nas UTI pediátricas estudadas
Nas 14 unidades pediátricas exclusivas estudadas, a prevalência global de pacientes
em ventilação mecânica variou de 20 a 100%, com uma média ponderada de 55,4% (55,4%
VM invasiva e 0% de não invasiva) na região metropolitana (incluindo as regiões
metropolitanas I e II). A média ponderada das prevalências de ventilação mecânica menor que
30 dias foi de 50% e de ventilação mecânica crônica (maior que 30 dias) foi de 5,4%. No
interior do estado, onde o predomínio é de unidades mistas, havia apenas 1 unidade pediátrica
exclusiva, localizada na região da Baixada Litorânea. Logo, a média ponderada da prevalência
68
de ventilação mecânica em UTI pediátricas exclusivas do interior do Estado está representada
por apenas esta única unidade e foi de 50%. Estes resultados encontram-se consolidados na
tabela 7.
69
Tab
ela 7- Prevalência de pac
ientes em ventilação
mecâ
nica nas ped
iátricas estudad
as
Unidade
Natureza
Número
de leitos
Número
pacientes
internad
os
VM
invasiva
(VMI)
VM não
-invasiva
(VMNI)
Número
Pacientes
VM < 30 d
Número de
pacientes
VM >30
dias
Número de
pacientes
ventilados
Prevalência
VMI
Prevalência
de VMNI
Prevalência
VM < 30
dias
Prevalência
VM >30
dias
Prevalência
Global de
VM
REGIÃO METROPOLITANA (I e II)
24
Priv
ada
5
2 1
0 1
0
1
50%
0%
50%
0%
50
%
25
Públ
ica
11
7 2
0 1
1
2
28,6
%
0%
14,3
%
14,3
%
28,6
%
26
Públ
ica
6 5
4
0 4
0
4
80%
0%
80%
0%
80
%
27
Públ
ica
4 2
1
0 1
0
1
50%
0%
50%
0%
50
%
28
Públ
ica
6 5
2
0 2
0
2
40%
0%
40%
0%
40
%
29
Públ
ica
7 7
5
0 4
1
5
71,4
%
0%
57,1
%
14,3
%
71,4
%
30
Públ
ica
5 3
1
0 1
0
1
33,3
%
0%
33,3
%
0%
33,3
%
31
Públ
ica
3 1
1
0 1
0
1
100
%
0%
10
0%
0%
100
%
32
Públ
ica
5 4
3
0 2
1
3
75%
0%
50%
25
%
75%
33
Públ
ica
6 5
4
0 4
0
4
80%
0%
80%
0%
80
%
34
Públ
ica
10
7 4
0 4
0
4
57,1
%
0%
57,1
%
0%
57,1
%
35
Priv
ada
7
5 1
0 1
0
1
20%
0%
20%
0%
20
%
36
Priv
ada
3
3 2
0 2
0
2
66,6
%
0%
66,6
%
0%
66,6
%
Total
Metrop.
3 priv
ada
s 11
públ
icas
78
56
31
0 28
3
31
55,4
%
0%
50%
5,4
%
55,4
%
INTERIOR DO ESTADO
37
Públ
ica
4 4
2
0 2
0 2
50%
0%
50%
0%
50
%
Total
Interior
1 p
úblic
a 4
4 2
0 2
0
2
50%
0%
50%
0%
50
%
Total
estado
3 p
rivadas
11
públic
as
82
60
33
0 30
3
33
55%
0%
50%
5%
55
%
70
A prevalência global de ventilação mecânica nas unidades pediátricas exclusivas na
região metropolitana foi ligeiramente maior que no interior do estado (53,4% x 50%),
ressaltando- se que o interior do estado estava representado por apenas 1 unidade, não sendo
pertinente a realização de comparação neste caso para avaliação de significância estatística.
Por outro lado, observou-se que a prevalência de ventilação mecânica nas unidades
pediátricas públicas foi maior que nas privadas na região metropolitana, no entanto, esta
diferença não foi estatisticamente significativa (p > 0,05). O interior do Estado estava
representado por apenas 1 unidade pediátrica exclusiva , sendo esta pública, não havendo
como comparar com unidades privadas.
A prevalência média de ventilação mecânica nas unidades pediátricas exclusivas das
regiões metropolitana e interior, discriminadas de acordo com sua natureza (pública ou
privada) encontram-se na tabela 8.
Tabela 8- Prevalência de pacientes em ventilação mecânica nas unidades pediátricas estudadas - públicas x privadas
Unidades
Prevalência de VM
invasive
Prevalência de VM não
invasiva
Prevalência de VM
Região Metropolitana do Estado
Públicas
58,7%
0%
58,7%
Privadas
40%
0%
40%
p
0,28
_ 0,28
Interior do Estado
Públicas
50%
0%
50%
Privadas
___ ___ ___
5.3.3. Prevalência de ventilação mecânica nas unidades mistas estudadas
Nas 15 unidades mistas estudadas, a prevalência global de pacientes em ventilação
mecânica variou de 8,7 a 100%, com uma média ponderada de 32% (referentes apenas a
ventilação mecânica invasiva, pois não havia pacientes em ventilação não invasiva) nas
71
regiões metropolitanas (I e II). A média ponderada das prevalências de ventilação mecânica
menor que 30 dias foi de 24 % e de ventilação mecânica crônica (maior que 30 dias) foi de
8%. No interior do estado, a média ponderada das prevalências de ventilação mecânica foi de
34,6% (25% ventilação mecânica invasiva e 9,6% de ventilação mecânica não invasiva),
com uma variação de 27,7% a 66,6%. A média ponderada das prevalências de ventilação
mecânica menor que 30 dias foi de 23,1 % e de ventilação mecânica crônica (maior que 30
dias) foi de 11,5 %. Estes resultados encontram-se consolidados na tabela 9.
72
Tab
ela 9- Prevalência de pacientes em ven
tilação m
ecân
ica nas unidad
es m
istas estudad
as
Unidad
e
Natureza
Número
de leitos
Número
pacientes
internad
os
VM
invasiva
(VMI)
VM não
-invasiva
(VMNI)
Número de
pacientes
VM <30 d
Número de
pacientes
VM >30 d
Número de
pacientes
ventilados
Prevalên
Cia VMI
Prevalên
cia VMNI
Prevalência
de
VM <30 d
Prevalência
de
VM >30 d
Prevalência
global de VM
REGIÃO METROPOLITANA (I e II)
38
Públic
a 12
6
1
0
1
0 1
16,6
%
0%
16,
6%
0%
16,6
%
39
Priv
ada
16
4
1
0
1
0 1
25%
0%
25%
0%
25
%
40
Priv
ada
18
13
4
0
3
1 4
30,7
%
0%
23%
7,7
%
30,7
%
41
Públic
a 8
6
5
0
2
3 5
83,3
%
0%
33,
3%
50
%
83,3
%
42
Públic
a 8
7
2
0
2
0 2
28,5
%
0%
28,
5%
0%
28,5
%
43
Priv
ada
6
2
2
0
2
0 2
100
%
0%
100%
0%
10
0%
44
Priv
ada
7
5
2
0
1
1 2
40%
0%
20%
20
%
40%
45
Públic
a 12
9
5
0
4
1 5
55,5
%
0%
44,
4%
11,1
%
55,5
%
46
Priv
ada
23
23
2
0
2
0 2
8,7
%
0%
8,
7%
0%
8,7
%
Total
Metrop.
5pr
ivadas
4P
úbl
icas
110
75
24
0
18
6 24
32%
0%
24%
8%
32
%
INTERIOR DO ESTADO
47
Priv
ada
11
3
1
1
2
0 2
33,3
%
33,3
%
66,
6%
0%
66,6
%
48
Priv
ada
17
7
1
1
2
0 2
14,3
%%
14,3
%%
28,
6%
0%
28,6
%%
49
Públic
a 9
8
2
1
2
1 3
25%
12,5
%
25%
12,5
%
37,5
%
50
Priv
ada
20
18
4
1
3
2 5
22,2
%
5,5
%
16,
6%
11,1
%
27,7
%
51
Públic
a 12
9
2
1
2
1 3
22,2
%
11,1
%
22,
2%
11,1
%
33,3
%
52
Públic
a 10
7
3
0
1
2 3
42,8
%
0%
14,
3%
28,5
%
42,8
%
Total
Interior
3pr
ivadas
3pú
blic
as
79
52
13
5
12
6 18
25%
9,6
%
23,
1%
11,5
%
34,6
%
p
(Metr x
Int)
_
_
_
_
_
_
_ _
0,39
_ 0,9
0
0,50
0,7
5
Total
estado
8pr
ivadas
7pú
blic
as
189
127
37
5
30
12
42
29,2
%
4%
23,
6%
9,5
%
33,1
%
73
Não houve diferença estatisticamente significativa entre as prevalências de ventilação
mecânica nas UTIPm das regiões metropolitana e interior do estado (p > 0,05).
Observou-se que a prevalência de VM nas UTI mistas públicas foi maior do que nas
privadas, tanto na região metropolitana quanto no interior do estado. No entanto, esta difrenca
só foi estatisticamente significativa na região metropolitana (p= 0,03).
A prevalência média de ventilação mecânica nas unidades mistas exclusivas das
regiões metropolitana e interior, discriminadas de acordo com sua natureza (pública ou
privada) encontram-se na tabela 10.
Tabela 10- Prevalência de pacientes em ventilação mecânica nas unidades Mistas estudadas - públicas x privadas
Unidades
Prevalência de VM
invasive
Prevalência de VM não
invasiva
Prevalência de VM
Região Metropolitana do Estado
Públicas
46,4%
0%
46,4%
Privadas
23,4%
0%
23,4%
p
0,03
_ 0,03
Interior do Estado
Públicas
29,2%
8,3%
37,5%
Privadas
21,4%
10,7%
32,5%
p
0,52
0,77
0,68
5.4. Características demográficas dos pacientes estudados
Um total de 104 pacientes ventilados foram estudados, nas diferentes unidades
visitadas, dos quais 46 pacientes encontravam-se em unidades neonatais, 28 em unidades
pediátricas exclusivas e 30 em unidades mistas (18 recém-nascidos e 12 pacientes
pediátricos). Os dados demográficos destes pacientes foram consolidados por unidade e
posteriormente por tipo de unidade (neonatal, pediátrica ou mista).
74
5.4.1. �as unidades neonatais
Os dados referentes a gênero, idade, peso, idade gestacional e método utilizado para
seu cálculo, peso de nascimento e peso x idade gestacional (para RN) estão discriminados na
tabela 11 e consolidados em 2 grandes regiões: metropolitana (I e II) e interior do estado.
Tabela 11- Características dos pacientes das unidades neonatais estudadas
CARACTERÍSTICA
19 unidades
Região Metropolitana Média % (EPM)
4 unidades
Interior do estado Média % (EPM)
23 unidades
Geral Média % (EPM)
Masculino Feminino
37 (9,8) 63 ( 9,8)
52,5(20,5) 47,5 (20,5)
40 (8,7) 60( 8,7)
Idade (Dias de vida)
10,9 (1,7)
16,5 (4,6)
11,9 (1,63)
Classificação do RN AIG GIG PIG
57,4 (10) * 2,8 (2,8)
39,8 (9,4)
82,5 (11,8) 12,5(12,5)
5(5)
61,9 (8,6) *** 4,6 (3,1)
33,5 ( 8,2)
Idade Gestacional (IG)
31,6 (0,99)
32,6 (0,95)
31,8 (0,83)
Método utilizado para cálculo da IG
USG Ballard DUM
Capurro
7,9 (5,7) * 45,1 (10,5)
19,3 (8) 27,7(9,2)
0 ** 23,3 (14,5)
0 76,7 (9,2)
6,8 (4,9) *** 42,2 (9,3) 16,6 (7,1) 34,4 (8,9)
Peso de nascimento (g)
1373 (166)
1975 (195)
1478 (148)
Peso atual (g)
1374 (160)
2072 (176)
1496 (146)
USG= ultrassonografia; DUM= data da última menstruação; AIG = adequado para idade gestacional; GIG = grande para idade gestacional; PIG = pequeno pra idade gestacional EPM = erro padrão das médias * apenas em 18 unidades (dado não disponível em 1 unidade) ** apenas em 3 unidades (dados não disponivel em 1 unidade) *** apenas em 21 unidades (dados não disponíveis em 2 unidades)
5.4.2. �as unidades pediátricas
Os dados referentes a gênero, faixa etária e peso estão discriminados na tabela 12 e
consolidados em 2 grandes regiões: metropolitana (I e II) e interior do estado.
75
Tabela 12- Características dos pacientes das unidades pediátricas estudadas
CARACTERÍSTICA
13 unidades
Região Metropolitana Média % (EPM)
1 unidade Interior
Média % (EPM)
14 unidades
Geral Média % (EPM)
Masculino Feminino
50,6 (11,9) 49,4 (11,9)
100 (0)
47 (11,6)
Faixa Etária * Lactente
Pré- escolar Escolar
Adolescente
41,6 (12) 34,6 (11,5)
18 (8,7) 5,8 (4,1)
100 (0) 0 0 0
45,8(11,9) 32,1(10,9) 16,7 (8,1) 5,4 (3,8)
Peso atual (kg)
15,3 ( 2,6)
4,9 (0)
14,5 (2,5)
* Classificação das faixas etárias: Lactente - 1 a 12 meses; Pré- escolar - 1 a 6 anos; Escolar – 7 a 12 anos; Adolescente- 13 a 18 anos
5.4.3. �as unidades mistas
Nas unidades mistas, são internados pacientes neonatais e pediátricos. Desta forma,
para efeito de apresentação de resultados, cada uma destas unidades foi tratada como uma
subunidade neonatal e uma subunidade pediátrica, quando havia ambos os tipos de pacientes
na mesma unidade. Por este motivo, a soma das unidades apresentadas nas tabelas a seguir
ultrapassa o número o número de unidades mistas estudadas, que foi de 15 unidades.As
características dos pacientes foram separadas em duas tabelas, referentes aos dois tipos de
pacientes (tabelas 13 e 14) e foram consolidadas, em cada uma das tabelas, em 2 grandes
regiões: metropolitana (I e II) e interior do estado.
76
Tabela 13- Características dos pacientes neonatais das unidades mistas estudadas
CARACTERÍSTICA
n= 6
Região Metropolitana média % (EPM)
n= 6
Interior do Estado média % (EPM)
n= 12 Geral
média % (EPM)
Masculino Feminino
83,3 (16,7) 16,7 (16,7)
91,7 (8,4) 8,4 (8,4)
87,5 (9) 12,5 (9)
Idade (Dias de vida)
11,8 (3,3)
9,8 (2,3)
10,8 (1,9)
Classificação do RN (AIG/ GIG/ PIG)
média % (std error))
40 ( 24) * 20 (20)
40 (24,4)
50 (22,3) 33,3 ( 21) 16,7 (16,7)
45,4 (15,7) **
27,3 (14) 27,3% (14)
Idade Gestacional (IG) Média (std error)
38,1 ( 9,1)*
32,5 ( 2,0)
35,3 (1,3)**
Método utilizado para cálculo da IG
USG Ballard DUM
Capurro
0 * 0
20 (20) 80 (20)
60 (24,4) * 40 (24,4)
0 0
30 (15,7) ** 20 (13,3) 10 (10)
40 (16,3)
Peso de nascimento (g)
2586 (339)
2095 (422)
2341 ( 268)
Peso atual (g)
2551 (457)
1935 (378)
2215 ( 294)
USG= ultrassonografia; DUM= data da última menstruação; AIG = adequado para idade gestacional; GIG = grande para idade gestacional; PIG = pequeno pra idade gestacional n = número geral de subunidades neonatais consideradas dentro das unidades mistas (vide texto). * n = 5 (dados não disponíveis em uma subunidade) ** n = 11 (dados não disponíveis em uma subunidade) Tabela 14- Características dos pacientes pediátricos das unidades mistas estudadas
CARACTERÍSTICA
n= 5
Região Metropolitana média % (EPM)
n= 2
Interior do Estado média % (EPM)
n= 7 Geral
média % (EPM)
Masculino Feminino
55( 20) 45 (20)
100 (0)
0
67,8(16,1) 32,2 (16,1)
Faixa Etária Lactente
pré- escolar Escolar
Adolescente
35 (15) 50 (22,3)
5 (5) 10 (10)
100 (0) 0 0 0
53,5 (15) 35,7(17,9) 3,5 (3,5) 7,1 ( 7,1)
Peso atual (kg)
20,6 ( 6,1)
6,3 (0,6)
16,5 (4,9)
Dias na UTI
8,4 (3,1)
8,5 (2,5)
8,4 ( 2,2)
* Classificação das faixas etárias: Lactente - 1 a 12 meses; Pré- escolar - 1 a 6 anos; Escolar – 7 a 12 anos; Adolescente - 13 a 18 anos n = número geral de subunidades pediátricas consideradas dentro das unidades mistas (vide texto).
77
5.5. Tempo de suporte ventilatório
5.5.1. Tempo de suporte ventilatório nas unidades neonatais, pediátricas e mistas
O tempo médio de suporte ventilatório total (até o momento em que os dados
foram coletados) foi de 10,3 dias nas unidades neonatais exclusivas e 7,7 dias nas
unidades pediátricas exclusivas. Nas unidades mistas este tempo foi de 10,2 dias para
os recém-nascidos e 6,7 dias para os pacientes pediátricos. Estes dados foram
consolidados por unidade e posteriormente por tipo de unidade e são apresentados na
tabela 15.
Tabela 15- Tempo médio de suporte ventilatório total até o momento da coleta de dados nas unidades estudadas.
Tipo de Unidade
Tempo médio total de Suporte Ventilatório em
dias média % (EPM)
Neonatal exclusiva
n =23 *
10,3 (1,4)
Pediátrica exclusiva
n= 14 *
7,7 (1,6)
Mista- pacientes neonatais
n = 12 *
10,2 (1,9)
Mista- pacientes pediátricos
n= 7 *
6,7 (1,3)
* n representa o número de unidades neonatais e pediátricas e, no caso das unidades mistas, o número de subunidades neonatais de pediátricas.
5.5.2. Tempo de suporte ventilatório por região de saúde e tipo de ventilação
Os dados referentes ao tempo médio de suporte ventilatório (até o momento da coleta
de dados) por região de saúde (metropolitana ou interior) e por tipo de ventilação (invasiva ou
não invasiva) foram consolidados por unidade e encontram-se na tabela 16. Nas subunidades
pediátricas das unidades mistas na região metropolitana, 2,4% das unidades haviam utilizado
ventilação mecânica não invasiva pré-intubação, mas no momento da coleta já não estavam
mais utilizando este recurso.
78
Tabela 16– Tempo médio de suporte ventilatório nas unidades estudadas separados pelas duas grandes regiões (metropolitana e interior do estado) e pelo tipo de ventilação mecânica
REGIÃO METROPOLITANA
Unidade
VMI em dias média ( EPM)
VMNI pré- intubação em
horas (EPM)
VMNI pós- extubação em
horas (EPM)
(A) Neonatal exclusiva n=19
10,6 (1,5)
9,3 ( 6,3)
6,8 ( 4)
(B) Pediátrica exclusiva n=13
8,2 (1,7)
0
0
p (neo x ped)
0,0002
-
-
(C) Mista- pacientes
neonatais n=6
10,5 ( 3,4)
10,1 ( 9,9)
0
(D) Mista- pacientes
pediátricos n=5
6 (1,6)
2,4 (2,4)* *
0
p (mista neo x mista ped)
0,02
0,12
_
INTERIOR DO ESTADO
Unidade
VMI (dias)
VMNI pré- intubação (horas)
VMNI pós- extubação
(horas)
(a) Neonatal exclusiva n= 4
6,5 ( 2,8)
4,6 ( 4,4)
32,7 (19,4)
(b) Pediátrica exclusiva
n=1
2
0
0
p ( neo x ped)
_ _ _
(c) Mista -pacientes
neonatais n=6
7,8 ( 2,7)
4,1 ( 3,9)
38,6 (26,5)
(d) Mista- pacientes
pediátricos n=2
8,5 ( 2,5)
0
0
p (mista neo x mista ped)
0,75
_
_
p (A x a)
0,0003
0,17
0,04
p (B x b)
_ _
_
p (C x c)
0,16
0,19
_
p (D x d)
0,16
_ _
* n corresponde ao número de unidades ou, no caso das unidades mistas, de subunidades neonatais e pediátricas. ** VMNI pré intubação foi utilizada em 2,4 % das subunidades pediátricas (mistas) da região metropolitana, mas no momento da coleta de dados já não estavam mais utilizando este recurso. *** p valor calculado apenas quando pertinente.
79
5.5.3. Tempo de suporte ventilatório nas unidades privadas e públicas
Os dados referentes ao tempo médio de suporte ventilatório até o momento da coleta
de dados por natureza da unidade (pública ou privada) e por tipo de ventilação (invasiva ou
não invasiva) foram consolidados e encontram-se na tabela 17. Nas subunidades pediátricas
das unidades mistas privadas, 4,4% das unidades haviam utilizado ventilação mecânica não
invasiva pré-intubação, mas no momento da coleta já não estavam mais utilizando este
recurso.
80
Tabela 17– Tempo médio de suporte ventilatório até o momento da coleta de dados nas unidades estudadas separados pela natureza da unidade (pública ou privada) e pelo tipo de ventilação mecânica
UNIDADES PÚBLICAS
Unidade
VMI em dias média ( EPM)
VMNI pré- intubação em
horas (EPM)
VMNI pós- extubação em
horas (EPM)
(A) Neonatal exclusiva n= 14
9,3 (1,9)
5,4 (2,5)
16,4 (7,6)
(B) Pediátrica exclusiva
n= 11
8,7 (1,9)
0
0
p (neo x ped)
0,44
_ _
(C) Mista - pacientes
neonatais n= 6
8,4 (2,7)
14,2 (9,9)
2 (2)
(D) Mista - pacientes
pediátricos n= 4
6,8 (2)
0
0
p ( mista neo x mista ped)
0,34
_ _
UNIDADES PRIVADAS
Unidade
VMI (dias)
VMNI pré- intubação
(horas)
VMNI pós- extubação
(horas)
(a) Neonatal exclusiva n= 9
11 (2,1)
13,4 (13,3)
3,6 (3,6)
(b) Pediátrica exclusiva
n= 3
4,5 (2,9)
0
0
p (neo x ped)
0,001
_ _
(c) Mista -pacientes
neonatais n= 6
9,9 (3,6)
0
36,7 (27)
(d) Mista- pacientes
pediátricos n= 3
6,7 (2,2)
4 (4)* *
0
p ( mista neo x mista ped)
0,18
_
_
p (A x a)
0,057
0,13
0,00
p (B x b)
0,009
_ _
p (C x c)
0,43
_ _
p (D x d)
0,95
_ _
* n corresponde ao número de unidades . No caso das unidades mistas, n representa as subunidades neonatais ou pediátricas. ** VMNI pré intubação foi utilizada em 4,4% das subunidades pediátricas (mistas) privadas, mas no momento da coleta de dados já não estavam mais utilizando este recurso. *** p valor calculado apenas quando pertinente
81
5.6. Modos de acesso à via aérea do paciente (interface paciente- equipamento)
A tabela 18 mostra os dados consolidados referentes ao modo de acesso à via aérea
utilizados, separados pelos diferentes tipos de UTI (neonatais, pediátricas e mistas).
Observa-se que todos os pacientes neonatais, nas unidades neonatais exclusivas e
mistas, em ventilação invasiva, encontravam-se em uso de tubo orotraqueal sem balonete. Por
outro lado, a pronga nasal foi o modo de acesso à via aérea utilizado em todos os recém
nascidos que encontravam-se em ventilação mecânica não-invasiva.
Nos pacientes pediátricos, tanto nas unidades pediátricas exclusivas quanto nas
mistas, o modo de acesso à via aérea predominante foi o tubo orotraqueal (com ou sem
balonete), havendo apenas 2 unidades com pacientes com traqueostomia em uso de
ventilação mecânica por menos de 30 dias. Cada unidade citada, apresentava 1 paciente
traqueostomizado. Destes, ambos lactentes, 1 foi traqueostomizado em caráter de urgência,
não tendo utilizado diferente modo de acesso à via aérea previamente e o outro foi
traqueostomizado após 10 dias de intubação orotraqueal. Não se observou em nenhuma
unidade a utilização de tubo nasotraqueal como interface de ventilação invasiva. Não foi
observado nenhum paciente pediátrico em uso de ventilação não invasiva no momento da
coleta de dados.
Tabela 18- Modos de acesso à via aérea por tipo de unidade (interface paciente- equipamento)
UTI Neonatal média % (EPM)
n= 23
UTI Pediátrica média % (EPM)
n= 14
UTI mista - paciente
neonatal média % (EPM)
n = 12
UTI mista - paciente
pediátrico média % (EPM)
n= 7 Modo de acesso à via
aérea
TOT sem balonete
82,1 ( 5,6)
81,5 ( 6,1)
76,4( 11,3)
71,4 (18,4)
TOT com balonete
0
16,7(6,3)
0
14,3 (14,3)
Pronga Nasal
17,9 ( 5,6)
0
23,6(11,3)
0
Traqueostomia
0
1,8 (1,8)
0
14,3 (14,3)
*TOT = tubo orotraqueal ; n = número de unidades ou, no caso das idades mistas, n corresponde ao número de subunidades neonatais ou pediátricas.
82
Não foi encontrada diferença entre os modos de acesso à via aérea utilizados quando
comparou- se as unidades localizadas na região metropolitana ou no interior do estado ou
entre unidades públicas e privadas.
5.7. Indicações
5.7.1. �as unidades neonatais
A principal indicação para início de ventilação mecânica nas unidades neonatais
exclusivas foi a Doença de Membrana Hialina, seguida de sepse. As indicações para início de
ventilação mecânica nas unidades neonatais estão discriminadas na tabela 19.
Tabela 19- Indicações para início da ventilação mecânica nas unidades neonatais Indicação para início da ventilação mecânica
(causa predominante)
% (EPM)
Doença de membrana hialina
50 ( 8,1)
Sepse neonatal
20,5 (7,4)
Asfixia perinatal
5,8 (3,2)
Apnéia
5,2 (4,4)
Doença neuromuscular
4,4 (4,4)
Atresia de esôfago
4,4 (4,4)
Síndrome de aspiração meconial
3,2 (2,3)
Cardiopatia congênita
3,2 (2,3)
Prematuridade extrema
2,2 (2,2)
Pneumonia
1,1 (1,1)
5.7.2. �as unidades pediátricas
A principal indicação para início de ventilação mecânica nas unidades pediátricas
exclusivas foi a Pneumonia (29,8%), seguida de Convulsão (25%). As indicações para início
de ventilação mecânica nas unidades pediátricas estão discriminadas na tabela 20.
83
Tabela 20– Indicações para início da ventilação mecânica nas unidades pediátricas Indicação para início da ventilação mecânica
(causa predominante)
Média % (EPM)
Pneumonia
29,8 (10)
Convulsão
25 (11,4)
Bronquiolite
8,9 (7,2)
Sepse
7,7 (3,4)
Laringite
7,2 (7,2)
Edema Agudo de Pulmão
7,2 (7,2)
Broncoaspiração
3,5 (3,5)
Trauma
3,5 (3,5)
Pós- operatório
1,8 (1,8)
Coma ou alteração nível de consciência
1,8 (1,8)
Hipotonia de Laringe
1,8 (1,8)
Tétano
1,8 (1,8)
5.7.3. �as unidades mistas
As unidades mistas foram subdivididas levando- se em consideração o tipo de paciente
(pediátrico ou neonatal). A principal indicação para início da ventilação mecânica nos
pacientes recém-nascidos e nos pacientes pediátricos destas unidades foi a sepse.
A tabela 21 mostra as principais indicações para início de ventilação mecânica nas
unidades mistas, discriminando-se pacientes neonatais e pediátricos.
84
Tabela 21- Indicações para início da ventilação mecânica nas unidades mistas Indicação para início da ventilação mecânica
(causa predominante)
Pacientes neonatais
Média % (EPM)
Pacientes pediátricos
Média % (EPM)
Sepse
25 (13)
35,8 (18)
Pneumonia
19,4 (11,2)
14,3 (14,3)
Doença de membrana hialina
18,1 (10)
___
Doença neuromuscular
___
14,3 (14,3)
Pós- operatório
___
17,8 (11,8)
Broncoaspiração
12,5 (8,9)
7,1 (7,1)
Asfixia perinatal
8,3 (8,3)
___
Hérnia diafragmática
8,3 (8,3)
___
Bronquiolite
___ 7,1 (7,1)
Estridor
4,2 (4,2)
3,6 (3,6)
Convulsão
4,2 (4,2)
___
5.8. Tipos de ventiladores mecânicos utilizados
5.8.1. �as unidades neonatais, pediátricas e mistas
A tabela 22 mostra, de maneira consolidada, os tipos de ventiladores utilizados nas
unidades neonatais, pediátricas e mistas no estado.
O Inter- 3 simples foi o ventilador mais utilizado nas UTIN e UTIP e nos pacientes
neonatais das unidades mistas. Nos pacientes pediátricos das unidades mistas, o ventilador
mais utilizado foi o Inter-5.
85
Tabela 22- Tipos de ventiladores utilizados nas UTI neonatais, pediátricas e mistas
Tipo de Ventilador utilizado
UTI neonatal
Média % (EPM) n=23
UTI pediátrica Média % (EPM)
n=14
UTI mista- neonatal Média % (EPM)
n= 12
UTI mista - pediátrico
Média % (EPM) n= 7
Inter-3 simples
(Intermed, Brasil)
56,2 (9,4)
35,7 (11,9)
48,6 (13,8)
10,8 (7,4)
Inter- 3 com sicronizador
(Intermed, Brasil)
19,5 (6,6)
5,3 (5,3)
__
__
Inter-Neo
(Intermed, Brasil)
2,1 (2,1)
3,6 (2,4)
8,3 (8,3)
7,1 (7,1)
Inter- 5
(Intermed, Brasil)
13,1 ( 7,2)
24,4 (10,3)
8,3 (8,3)
50 (18,9)
Takaoka Monterrey (K.Takaoka, Brasil)
2,6 (2,6)
13,1 (7,8)
__
__
Nellcor Puritan Bennett 760
(Nelcor Puritan Bennett , EUA)
__
1,8 (1,8)
__
__
Nellcor Puritan Bennett 840
(Nelcor Puritan Bennett , EUA)
__
__
__
14,3 (14,3)
Infant Star
(Infrasonics, EUA)
__
__
20,9 (11,4)
__
Siemens Servo-300 (Maquet, Suécia)
__
14,3 (9,7)
__
__
Drager Baby Log com
alta freqüência (Dräger Medical,
Alemanha)
2,1 (2,1)
__
__
__
Viasys Vella (Viasys, EUA)
__
1,8 (1,8)
__
3,5 (3,6)
BIRD VIP
(BIRD, EUA)
__
__
__
7,1 (7,1)
Sechrist
(Sechrist, EUA)
4,4 (4,4)
__
8,3 ( 8,3)
7,1 (7,1)
Bourns BP 200 (Bourns, EUA)
__
__
5,6 (5,6)
__
n corresponde ao número de unidades ou, no caso das unidades mistas, de subunidades neonatais e pediátricas.
86
A figura 7 mostra os ventiladores mais utilizados nas unidades neonatais, pediátricas e
mistas (subunidades neonatais e pediátricas).
0.0%
10.0%
20.0%
30.0%
40.0%
50.0%
60.0%
UTIN UTIP MISTA/NEO MISTA/PED
Inter 3 Simples
Inter 3 c/sincronizador
Inter Neo
Inter 5
Takaoka Monterrey
Bennett 760
Bennett 840
Infant Star
Siemens Servo 300
Drager Baby Log
Viasys Vella
Sechrist
Bourns BP 200
Bird VIP
Figura 7 – Ventiladores utilizados nas unidades neonatais, pediátricas e mistas no estado.
5.8.2. �as diferentes regiões de saúde
A tabela 23 mostra, de maneira consolidada, os tipos de ventiladores utilizados nas
unidades neonatais, pediátricas e mistas, de acordo com a região de saúde (metropolitana ou
interior).
Nas UTIN, o ventilador mais utilizado foi o Inter-3 simples, tanto na região
metropolitana (57,5%), quanto no interior do estado (50%), seguidos do Inter- 3 com
sincronizador na região metropolitana e do Inter- 5 no interior do estado. Observou-se o uso
do ventilador Drager Baby- Log com alta freqüência em apenas uma unidade neonatal,
localizada na região metropolitana.
Nas UTIP, o ventilador mais utilizado, em ambas as regiões foi o Inter- 3 simples, em
30,7% das unidades da região metropolitana e 100% no interior do estado, ressaltando-se que
o interior estava representado por apenas uma unidade.
Nas unidades mistas, o Inter- 3 simples foi o ventilador mais utilizado em recém-
nascidos, tanto na região metropolitana, quanto no interior do estado. Entre os pacientes
87
pediátricos, o Inter-5 foi o ventilador mais utilizado em ambas a regiões (30% na região
metropolitana e 100% no interior do estado).
Tabela 23– Tipos de ventiladores utilizados nas UTI neonatais, pediátricas e mistas nas diferentes regiões de saúde. Tipo de Ventilador
utilizado
Região de saúde
UTI neonatal Média % (EPM)
UTI pediátrica Média % (EPM)
UTI mista- neonatal
Média % (EPM)
UTI mista - pediátrico
Média % (EPM)
Inter-3 simples (Intermed, Brasil)
Metropolitana
Interior
57,5 (10)
50 (28,8)
30,7 (11,7)
100 (0) * *
55,5 (20,4)
41,7 (20)
15 (10)
__
Inter- 3 com sicronizador
(Intermed, Brasil)
Metropolitana
Interior
21,5 (7,7)
10 (10)
5,8 (5,8)
__
__
__
__
__
Inter-Neo (Intermed, Brasil)
Metropolitana
Interior
2,6 (2,6)
__
3,8 (2,6)
__
__
16,6 (16,6)
10 (10)
__
Inter- 5 (Intermed, Brasil)
Metropolitana
Interior
10,6 (10,6)
25 (25)
26,3 (10,9)
__
16,7 (16,7)
__
30 (20)
100 (0)
Takaoka Monterrey (K.Takaoka, Brasil)
Metropolitana
Interior
__
15 (15)
14,1 (8,4)
__
__
__
__
__
Nellcor Puritan Bennett 760
(Nelcor Puritan Bennett , EUA)
Metropolitana
Interior
__
__
1,9 (1,9)
__
__
__
__
__
Nellcor Puritan Bennett 840
(Nelcor Puritan Bennett , EUA)
Metropolitana
Interior
__
__
__
__
__
__
20 (20)
Infant Star (Infrasonics, EUA)
Metropolitana
Interior
__
__
__
__
16, 7 (16,7)
25 (17)
__
__
Siemens Servo-300 (Maquet, Suécia)
Metropolitana
Interior
__
__
15,5 (10,4)
__
__
__
__
__
Drager Baby Log com alta freqüência
(Dräger Medical, Alemanha)
Metropolitana
Interior
2,6 (2,6)
__
__
__
__
__
__
__
Viasys Vella (Viasys, EUA)
Metropolitana
Interior
__
__
1,9 (1,9)
__
__
__
5 (5)
__
BIRD VIP (BIRD, EUA)
Metropolitana
Interior
__
__
__
__
__
__
10 (10)
__
Sechrist (Sechrist, EUA)
Metropolitana
Interior
5,2 (5,2)
__
__
__
__
16,6 (16,6)
__
__
Bourns BP 200 (Bourns, EUA)
Metropolitana
Interior
__
__
__
__
11,1 (11,1)
__
__
__
** Só havia uma unidade pediátrica exclusiva no interior do estado
88
5.8.3. �as unidades privadas e públicas
A tabela 24 mostra, de maneira consolidada, os tipos de ventiladores utilizados nas
unidades neonatais, pediátricas e mistas, de acordo com a natureza das unidade (pública ou
privada).
Nas UTIN, o ventilador mais utilizado, tanto nas unidade privadas, quanto nas
publicas, foi o Inter-3 simples. O Inter-3 simples foi, também, o ventilador mais utilizado nas
UTIP públicas. Nas UTIP privadas, foram 3 os principais ventiladores utilizados, distribuídos
de forma uniforme (33,3% das unidades cada um): Inter- 3 simples, Inter-5 e Servo Siemens
300. Nas unidades mistas, entre os pacientes neonatais, os ventiladores mais utilizados foram
o Inter-5 nas unidades públicas e o Inter-3 simples nas privadas. Entre os pacientes
pediátricos, os ventiladores mais utilizados foram o Inter-3 simples e o Infant Star nas
públicas e o Inter-5 nas privadas.
89
Tabela 24- Tipos de ventiladores utilizados nas unidades privadas e públicas Tipo de Ventilador
utilizado
Natureza da Unidade
(pública ou privada)
UTI neonatal Média % (EPM)
UTI pediátrica Média % (EPM)
UTI mista- neonatal
Média % (EPM)
UTI mista – pediátrico
Média % (EPM)
Inter-3 simples (Intermed, Brasil)
Pública
Privada
55,4 (12,3)
57,4 (15,5)
36,3 (13,2)
__
6,3 (6,3)
63,9 (17,4)
33,3 (21)
16,6 (16,6)
Inter- 3 com sicronizador
(Intermed, Brasil)
Pública
Privada
18,9 (8,2)
20,3 (11,7)
6,8 (6,8)
33,3 (33,3)
__
__
__
__
Inter-Neo (Intermed, Brasil)
Pública
Privada
3,6 (3,6)
__
4,5(3)
__
12,5 (12,5)
__
16,7 (16,7)
__
Inter- 5 (Intermed, Brasil)
Pública
Privada
14,3 (9,7)
11,1 (11,1)
22 (10,5)
33,3 (33,3)
50 (28,8)
__
16,7 (16,7)
50 (28,8)
Takaoka Monterrey (K.Takaoka, Brasil)
Pública
Privada
4,3 (4,3)
__
16,7 (9,7)
__
__
__
__
__
Nellcor Puritan Bennett 760
(Nelcor Puritan Bennett , EUA
Pública
Privada
__
__
2,3 (2,3)
__
__
__
__
__
Nellcor Puritan Bennett 840
(Nelcor Puritan Bennett , EUA)
Pública
Privada
__
__
__
__
25 (25) __
__
__
Infant Star (Infrasonics, EUA)
Pública
Privada
__
__
__
__
__
8,3 (8,3)
33,3 (21)
__
Siemens Servo-300 (Maquet, Suécia)
Pública
Privada
__
__
9,1 (9)
33,3 (33,3)
__
__
__
__
Drager Baby Log com alta freqüência
(Dräger Medical, Alemanha)
Pública
Privada
3,5 (3,5)
__
__
__
__
__
__
__
Viasys Vella (Viasys, EUA)
Pública
Privada
__
__
2,3 (2,3)
__
6,25 (6,25)
__
__
__
BIRD VIP (BIRD, EUA)
Pública
Privada
__
__
__
__
__
__
16,6 (16,6)
__
Sechrist (Sechrist, EUA)
Pública
Privada
__
11,1 (11,1)
__
__
__
16,6 (16,6)
__
16,6 (16,6)
Bourns BP 200 (Bourns, EUA)
Pública
Privada
__
__
__
__
__
11,1 (11,1)
__
__
90
5.9. Modos ventilatórios utilizados
5.9.1. �as unidades neonatais, pediátricas e mistas
A tabela 25 mostra, de maneira consolidada, os modos ventilatórios utilizados nas
unidades neonatais, pediátricas e mistas.
O modo ventilatório mais utilizado tanto nas UTIN quanto nas UTIP foi a ventilação
mandatória intermitente (IMV). Nas unidades mistas, este também foi o modo mais utilizado
entre os pacientes neonatais. Entre os pacientes pediátricos as unidades mistas, o modo mais
utilizado foi a ventilação mandatória intermitente sincronizada (SIMV) associada a pressão de
suporte (PSV).
Tabela 25- Modos ventilatórios utilizados nas UTI neonatais, pediátricas e mistas
Modo ventilatório/ tipo de Ventilação
utilizada
UTI neonatal
Média % (EPM) n=23
UTI pediátrica Média % (EPM)
n=14
UTI mista- neonatal Média % (EPM)
n=12
UTI mista - pediátrico Média % (EPM) n=7
IMV
73,8 ( 7,4)
48,2 (13)
68 (12,7)
25 (14,4)
SIMV (PL)
10,7 (7,7)
14,3 (14,3)
SIMV (PCV)
4,4 (4,4)
14,9 (7,8)
SIMV (PCV) +PSV
13,7 ( 6,4)
39,3 (17,1)
Assisto - controlada
(PCV)
1,7 (1,7)
7,1 (4,8)
8,3 (8,3)
21,4 (14,8)
PSV + CPAP
5,4 (3,8)
Alta frequência oscilatória
2,2 (2,2)
VNI – CPAP
7,4 (4,5)
15,4 (9)
VNI (IMV por pronga
nasal)
10,5 (3,9)
8,3 (8,3)
*IMV- Intermittent mandatory ventilation (Ventilação mandatória intermitente); SIMV- Synchronized intermittent mandatory ventilation; PL- pressão limitada; PCV- Pressure controlled Ventilation (ventilação pressão controlada); VCV- volume controlled ventilation (Ventilação pressão controlada); PSV- pressure support ventilation (ventilação com pressão de suporte); CPAP- continuous positive airway pressure (pressão positiva contínua nas vias aéreas); VBI- ventilação não invasiva. * * n = número geral de subunidades neonatais consideradas dentro das unidades mistas (vide texto).
91
A figura 8 mostra os modos ventilatórios mais utilizados nas unidades neonatais,
pediátricas e mistas.
0.0%
10.0%
20.0%
30.0%
40.0%
50.0%
60.0%
70.0%
80.0%
UTIN
UTIP
Mist
a/Neo
nata
l
Mist
a/ P
ediát
rica
SIMV(PL)
IMV
SIMV (PCV)
SIMV (PCV) +PSV
A/C (PCV)
PSV + CPAP
Alta frequencia(interrupcao de fluxo)
VNI CPAP
VNI (IMV por pronganasal)
Figura 8- Modos ventilatórios utilizados nas unidades neonatais, pediátricas e mistas.
5.9.2. �as diferentes regiões de saúde
A tabela 26 mostra, de maneira consolidada, os modos ventilatórios utilizados nas
unidades neonatais, pediátricas e mistas, de acordo com a região de saúde (metropolitana ou
interior).
Nas unidades neonatais e pediátricas exclusivas e nos pacientes neonatais das
unidades mistas, a modalidade ventilatória mais utilizada foi a IMV, tanto na região
metropolitana quanto no interior do estado. Entre os pacientes pediátricos das unidades
mistas, o modo mais utilizado foi a SIMV (PCV) na região metropolitana e a SIMV (PL) e a
assisto-controlada (PCV) no interior do estado.
92
Tabela 26- Modos ventilatórios utilizados nas UTI neonatais, pediátricas e mistas nas diferentes regiões de saúde.
Modo ventilatório
utilizado
Região de saúde
UTI neonatal
Média % (EPM)
UTI pediátrica Média % (EPM)
UTI mista- neonatal
Média % (EPM)
UTI mista - pediátrico
Média % (EPM)
IMV
Metropolitana
Interior
82 (6,4)
35 (23,6)
44,2 (13,3)
100 (0)* *
83,4 (16,6)
52,8 (18,4)
35 (18,7)
__
SIMV (PL)
Metropolitana
Interior
__
__
11,6 (8,3)
__
16,6 (16,6)
__
__
50 (50)
SIMV (PCV)
Metropolitana
Interior
__
25 (25)
16 (8,3)
__
__
__
55 (20)
__
SIMV (PCV) +PSV
Metropolitana
Interior
__
__
14,8 (6,8)
__
__
__
__
__
Assisto - controlada
(PCV)
Metropolitana
Interior
__
10 (10)
7,7 (5,2)
__
__
__
10 (10)
50 (50)
PSV + CPAP
Metropolitana
Interior
__
__
5,7 (4,1)
__
__
__
__
__
Alta frequência oscilatória
Metropolitana
Interior
2,6 (2,6)
__
__
__
__
__
__
__
VNI - CPAP
Metropolitana
Interior
2,6 (1,8)
30 (23,8)
__
__
__
30,6 (16,3)
__
__
VNI (IMV por pronga
nasal)
Metropolitana
Interior
12,8 (4,6)
__
__
__
__
16,6 (16,6)
__
__
*IMV- Intermittent mandatory ventilation (Ventilação mandatória intermitente); SIMV- Synchronized intermittent mandatory ventilation; PL- pressão limitada; PCV- Pressure controlled Ventilation (ventilação pressão controlada); VCV- volume controlled ventilation (Ventilação pressão controlada); PSV- pressure support ventilation (ventilação com pressão de suporte); CPAP- continuous positive airway pressure (pressão positiva contínua nas vias aéreas); VBI- ventilação não invasiva. * * Só havia 1 unidade pediátrica exclusiva no interior do estado.
5.9.3. �as unidades privadas e públicas
A tabela 27 mostra, de maneira consolidada, os modos ventilatórios utilizados nas
unidades neonatais, pediátricas e mistas, de acordo com a natureza das unidades (pública ou
privada).
93
Nas UTIN, UTIP e pacientes neonatais das unidades mistas, a principal modalidade
ventilatória utilizada foi a IMV, tanto nas unidades públicas quanto nas privadas. Nos
pacientes pediátricos das unidades mistas a principal modalidade ventilatória utilizada nas
unidades públicas foi a SIMV (PCV) associada a PSV, e nas privadas, a IMV ainda foi o
modo predominante.
Tabela 27- Modos ventilatórios utilizados nas UTI públicas e privadas
Modo ventilatório utilizado
Natureza da Unidade
(pública ou privada)
UTI neonatal
Média % (EPM)
UTI pediátrica Média % (EPM)
UTI mista- neonatal
Média % (EPM)
UTI mista - pediátrico
Média % (EPM)
IMV
Pública
Privada
66,5 (9,7)
85,2 (11,2)
52,3 (14,4)
33,3 (33,3)
83,3 (16,7)
52,7 (18,4)
6,3 (6,3)
50 (28,8)
SIMV (PL)
Pública
Privada
__
__
4,6 (4,6)
33,3 (33,3)
__
__
25 (25)
__
SIMV (PCV)
Pública
Privada
__
11,1 (11,1)
18,9 ( 9,6)
__
__
__
__
__
SIMV (PCV) +PSV
Pública
Privada
__
__
12,9 (7,2)
16,7 (16,7)
__
__
56,2 (25,8)
16,7 (16,7)
Assisto -
controlada (PCV)
Pública
Privada
2,9 (2,9)
__
9 (6)
__
__
16,7 (16,7)
12,5 (12,5)
33,3 (33,3)
PSV + CPAP
Pública
Privada
__
__
2,3 (2,3)
16,7 (16,7)
__
__
__
__
Alta frequência
oscilatória
Pública
Privada
3,6 (3,6)
__
__
__
VNI – CPAP
Pública
Privada
12,1 (7,2)
__
__
__
16,7 (16,7)
13,9 (9)
__
__
VNI (IMV por pronga nasal)
Pública
Privada
14,9 (5,8)
3,7 (3,7)
__
__
__
16,7 (16,7)
__
__
Definição das abreviações: IMV- Intermittent mandatory ventilation (Ventilação mandatória intermitente); SIMV- Synchronized intermittent mandatory ventilation; PL- pressão limitada; PCV- Pressure controlled Ventilation (ventilação pressão controlada); VCV- volume controlled ventilation (Ventilação pressão controlada); PSV- pressure support ventilation (ventilação com pressão de suporte); CPAP- continuous positive airway pressure (pressão positiva contínua nas vias aéreas); VBI- ventilação não invasiva; BiPAP- Bilevel Positive Airway Pressure
94
5.10. Estratégias ventilatórias
A maioria das unidades utilizava estratégia ventilatória convencional de ventilação
mecânica. Apenas pequeno percentual de unidades estava utilizando estratégia ventilatória
não convencional em algum paciente no momento da visita para a coleta de dados (tabela 28).
Tabela 28- Uso de estratégias ventilatórias no momento da visita para coleta de dados.
Estratégia ventilatória utilizada
UTI neonatal
Média % (EPM) n=23
UTI pediátrica Média % (EPM)
n=14
UTI mista- neonatal Média % (EPM)
n=12
UTI mista - pediátrico Média % (EPM) n=7
Estratégia
convencional
93,1 (3,3)
96,4 (3,6)
87,5 (8,9)
71,4 (14,8)
Óxido nítrico inalatório
5,8 ( 3,2)
0
4,2 (4,2)
7,1 (7,1)
Estratégia protetora
0
3,6 (3,6)
0
7,1 (7,1)
Posição prona
1,1 (1,1)
0
0
0
Relação tempo
inspiratório: tempo expiratório invertida
0
0
0
14,2 (14,2)
Óxido nítrico + posição prona
0
0
8,3 (8,3)
0
Os percentuais acima correspondem às médias dos dados consolidados por unidade e
depois por tipos de unidade. O número total de pacientes que estava em uso de estratégias
ventilatórias no momento da visita para coleta de dados foi de apenas 10, num total de 104
pacientes ventilados. Este número se distribuiu da seguinte forma, entre as unidades: 5 nas
unidades neonatais exclusivas ( 3 em uso de óxido nítrico inalatório, 1 em posição prona e 1
combinando óxido nítrico inalatório e posição prona); 1 nas unidades pediátricas (estratégia
protetora); e 4 nas unidades mistas, sendo 1 recém- nascido (óxido nítrico inalatório) e 3
pacientes pediátricos (1 estratégia protetora, 1 em óxido nítrico inalatório e 1 com relação ins:
ex invertida). Entre os pacientes em uso de óxido nítrico inalatório, as indicações para
ventilação mecânica foram: doença de membrana hialina nos recém-nascidos (n pacientes =
95
2); síndrome de aspiração meconial (n pacientes = 1); broncoaspiração (n pacientes = 1) e nos
pacientes pediátricos: bronquiolite (n pacientes =1). Apenas 2 pacientes (recém- nascidos)
estavam em uso de posição prona, 1 com diagnóstico de doença de membrana hialina e outro
com diagnóstico de pneumonia, sendo este último fazendo uso de posição prona e óxido
nítrico inalatório combinados. Apenas 2 pacientes estavam em uso de estratégia protetora,
ambos na faixa etária de lactentes, com diagnósticos de pneumonia e sepse. Apenas 1 paciente
pediátrico estava em uso de relação ins: ex invertida, tendo a sepse como indicação de início
da ventilação mecânica.
A figura 9 mostra as estratégias ventilatórias utilizadas nas unidades neonatais,
pediátricas e mistas.
0.0
20.0
40.0
60.0
80.0
100.0
120.0
Estratégiaconvencional
Óxido nítricoinalatório
Estratégiaprotetora
Posição prona Relação tempoinspiratório:
tempoexpiratórioinvertida
Óxido nítrico +posição prona
UTI neonatal
UTI pediátrica
UTI mista- neonatal
UTI mista - pediátrico
Figura 9 – Estratégias ventilatórias utilizadas nas unidades neonatais, pediátricas e mistas no estado.
96
5.11. Parâmetros ventilatórios
As médias consolidadas dos parâmetros ventilatórios utilizados nas unidades
neonatais, pediátricas e mistas estão discriminados na tabela 29.
Tabela 29- Parâmetros ventilatórios utilizados nas unidades neonatais, pediátricas e mistas, no momento da coleta de dados
Parâmetro ventilatório
UTI neonatal Média % (EPM) n=23
UTI pediátrica Média % (EPM)
n=14
p valor Neo x Ped
UTI mista- neonatal Média % (EPM) n=12
UTI mista - pediátrico Média % (EPM) n=7
p valor
Mista neo x Mista ped
PIP (cmH2O)
16,3 (0,8)
n= 23
22 (0,98)
n = 14
0,000
17,2 (1,65)
n= 11
19,8 (1,3)
n= 7
0,002
PEEP (cmH2O)
4,9 (0,2)
n= 23
5,5 (0,41)
N= 14
0,000
5 (0,31) n= 12
5,1 (0,44)
n=7
0,56
Pressão PSV (cmH2O)
__
13,7 (1,31)
n= 4
_
_
13 (2,8)
n= 3
_
Fluxo (L/ min)
7,8 (0,25)
n= 21
12,9 (0,7)
N= 11
0,000
9,1 (0,7)
n= 12
15,3 (2)
n= 5
0,001
Tempo
inspiratório
0,46 (0,007)
n= 22)
0,71 (0,35)
N= 13)
0,001
0,49 (0,2)
n= 11
0,71 (0,2)
n= 6
0,046
FR (em irpm)
32 (2,6) n= 23
22 (1,9) N= 14
0,000
25,8 (3,9)
n= 11
24,7 (2,3)
n= 7
0,51
Fração inspirada
de oxigênio (FiO2)
0,48 (0,47)
n= 23)
0,55 (0,6)
N= 14
0,69
0,45 (0,8)
n= 12
0,35 (0,38)
n= 7
0,76
* PIP – Peak inspiratory pressure (pressão inspiratória máxima); PEEP – positive end-expiratory pressure (pressão positiva no final da expiração); PSV- Pressure support ventilation (ventilação com pressão de suporte); FR- frequência respiratória; n= número de unidades. ** n corresponde ao número de unidades ou, no caso das unidades mistas, de subunidades neonatais e pediátricas.
5.12. Retirada do suporte ventilatório (desmame)
5.12.1. �as unidades neonatais
A média percentual de pacientes em desmame ventilatório no momento da coleta de
dados foi de 42,2% nas unidades neonatais. O principal método de desmame empregado nas
unidades neonatais exclusivas foi a redução gradual da freqüência respiratória (64,3% das
unidades). O uso de ventilação não invasiva pós- extubação foi o segundo método mais
utilizado (35,7%).
97
5.12.2. �as unidades pediátricas
A média percentual de pacientes em desmame ventilatório no momento da coleta de
dados nas UTI pediátricas exclusivas foi de 35%. Entre as unidades que possuíam pacientes
em desmame ventilatório, 68,8 % estavam em uso de redução simples da freqüência
respiratória (em modo ventilatório IMV ou SIMV) como método de retirada do suporte
ventilatório, 18,7 % das unidades estavam utilizando o modo ventilatório SIMV com pressão
de suporte e 12,5% em uso de CPAP com pressão de suporte.
5.12.3. �as unidades mistas
Entre as unidades mistas estudadas, 51,4% apresentavam recém- nascidos em
desmame ventilatório no momento da visita da equipe de pesquisa. Os modos de desmame
utilizados foram a redução de frequência respiratória em modo ventilatório IMV ou SIMV
(50%) e uso de ventilação não invasiva pós- extubação como método de retirada do suporte
ventilatório (50%).
Considerando os pacientes pediátricos internados nas unidades mistas, 53,6% delas
possuíam pacientes pediátricos em processo de retirada de suporte ventilatório. Destas, 60%
utilizavam a redução de freqüência respiratória (em modo SIMV ou IMV) e 40% o modo
SIMV com pressão de suporte.
A figura 10 mostra os métodos de retirada de suporte ventilatório utilizado nas
unidades neonatais, pediátricas e mistas.
98
0%
10%20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
UTINUTIP
MIS
TA/NEO
NATAL
MIS
TA/PEDIA
TRICO
Reducao gradual de FR
VNI pos-extubacao
SIMV+PSV
PSV+CPAP
Figura 10 – Modos de retirada de suporte ventilatório nas unidades neonatais, pediátricas e mistas estudadas.
5.13. Complicações relacionadas á ventilação mecânica
O percentual de complicações relacionadas à ventilação mecânica nas unidades
neonatais estudadas foi de 26,1%, sendo a principal complicação o pneumotórax.
O percentual de complicações relacionadas à ventilação mecânica nas unidades
pediátricas estudadas foi de 16,1% nas unidades estudadas. A principal complicação foi
pneumotórax, seguido de pneumonia.
O percentual de complicações relacionadas à ventilação mecânica nas unidades mistas
estudadas foi de 4,2% para pacientes neonatais (pneumotórax foi a única complicação
encontrada) e 14,3% para pacientes pediátricos, sendo a única complicação encontrada a
pneumonia.
Os dados referentes às complicações associadas á ventilação mecânica os diferentes
tipos de unidades estão detalhados na tabela 30.
99
Tabela 30 - Complicações relacionadas à ventilação mecânica nas unidades estudadas
Tipo de complicação
UTI neonatal
Média % (EPM) n=23
UTI pediátrica Média % (EPM)
n=14
UTI mista- neonatal Média % (EPM)
n=12
UTI mista - pediátrico Média % (EPM) n=7
Sem complicação
73,9 (8,1)
83,9 (8,1)
95,8% (4,2)
85,7 (18,4)
Pneumonia
5,4 (4,4)
3,6 (3,6)
0
14,3 (18,4)
Pneumotórax
11,3 (6,2)
8,9 (7,2)
4,2 (4,2)
0
Enfisema intersticial
2,2 (2,2)
0
0
0
Pneumotórax +
pneumomediastino
4,3 (4,3)
3,6 (3,6)
0
0
Hemorragia Pulmonar
2,9 (2,9)
0
0
0
* n corresponde ao número de unidades ou, no caso das unidades mistas, de subunidades neonatais e pediátricas
5.14. Medidas de prevenção de complicações associadas à ventilação mecânica
5.14.1. Sistema de termo- umidificação utilizado na ventilação
Nos pacientes neonatais, o uso de termo-umidificador/ nebulizador era predominante.
Todas as unidades neonatais exclusivas utilizavam este sistema (100%). Nas unidades mistas,
entre os pacientes neonatais, observou-se este sistema em 94,4% das unidades. Apenas 5,6%
não estava em uso de nenhum sistema de termo- umidificação. O uso de filtro higroscópico
não foi encontrado em nenhum paciente neonatal.
Nos pacientes pediátricos, o predomínio também foi do sistema de termo-
umidificador/nebulizador, mas encontrou-se a utilização de filtro higroscópico, em média, em
19% das unidades pediátricas exclusivas e 12,5% das unidades mistas.
Os tipos de sistemas de termo-umidificação utilizados e seus percentuais nas unidades
neonatais, pediátricas e mistas estão consolidados na tabela 31.
100
Tabela 31- Tipos de sistemas de termo- umidificação utilizados durante a ventilação nas unidades estudadas.
Sistema de termo-umidificação
UTI neonatal
Média % (EPM) n=23
UTI pediátrica Média % (EPM)
n=14
UTI mista- neonatal Média % (EPM)
n=12
UTI mista - pediátrico Média % (EPM) n=7
Não utilizavam
0
0
5,6 (5,6)
0
Filtro Higroscópico
0
19 (10,6)
0
12,5 (8,5)
Termo-umidificador
100 (0)
81 (10,6)
94,4 (5,6)
87,5 (8,5)
* n corresponde ao número de unidades ou, no caso das unidades mistas, de subunidades neonatais e pediátricas
5.14.2. Aspiração da prótese traqueal (tubo orotraqueal ou tubo de traqueostomia)
Todos os pacientes em prótese endotraqueal, tubo endotraqueal ou traqueostomia,
utilizavam como cuidado de rotina algum sistema de aspiração. O sistema de aspiração do
tubo aberta foi o predominante em todas as unidades, sendo o fechado menos utilizado. Um
pequeno percentual das unidades pediátricas exclusivas alternavam sistema fechado e aberto,
utilizando ambos. Os dados referentes a esses percentuais encontram-se consolidados na
tabela 32. O percentual referente a pacientes que não utilizavam sistema de aspiração é
referente aos pacientes que encontravam- se em ventilação não invasiva no momento da
coleta, logo, não era necessária aspiração traqueal.
Tabela 32- Sistema de aspiração da prótese traqueal nas unidades estudadas.
Sistema de aspiração da prótese traqueal
UTI neonatal Média % (EPM)
n=23
UTI pediátrica Média % (EPM)
n=14
UTI mista- neonatal Média % (EPM)
n=12
UTI mista - pediátrico Média % (EPM) n=7
Não utilizavam*
17,6 (6)
0
23,6 (11,3)
0
Sistema aberto
73,7 (7,4)
86,6 (8,3)
68,1 (12,7)
71,5 (18,4)
Sistema fechado
8,7 (6)
5,7 (4,1)
8,3 (8,3)
28,5 (18,4)
Sistema aberto +
fechado
0
7,7 (7,7)
0
0
* Percentual de não utilização de sistema de aspiração é referente aos pacientes que estavam em uso de ventilação não invasiva e , portanto, não estavam com prótese traqueal que necessitasse ser aspirada. * * n corresponde ao número de unidades ou, no caso das unidades mistas, de subunidades neonatais e pediátricas.
101
Cada unidade visitada foi questionada a respeito dos responsáveis quanto a aspiração
da prótese traqueal. Os dados referentes a esta questão encontram-se detalhados na tabela 33,
de acordo com o tipo de unidade.
Tabela 33- Responsáveis pela aspiração da prótese traqueal nas unidades estudadas.
Responsável pela aspiração da prótese
traqueal
UTI neonatal
Média % (EPM) n=23
UTI pediátrica Média % (EPM)
n=14
UTI mista- neonatal Média % (EPM)
n=12
UTI mista - pediátrico Média % (EPM) n=7
Apenas enfermagem
8,7 (6)
7,7 (7,7)
0
0
Apenas fisioterapia
4,3 (4,3)
7,7 (7,7)
0
0
Enfermagem + fisioterapia
60,8 (10,4)
42,3 ( 13,6)
58,4 (14,8)
57,1 (20,2)
Enfermagem +
médico
13,1 (7,2)
34,6 (13,1)
8,3 (8,3)
14,3 (14,3)
Fisioterapia + médico
0
0
8,3 (8,3)
0
Enfermagem+
medico+ fisoterapia
13,1 (7,2)
7,7 (7,7)
25 (13)
28,6 (18,4)
* n corresponde ao número de unidades ou, no caso das unidades mistas, de subunidades neonatais e pediátricas.
5.14.3. Fisioterapia respiratória nas unidades
A fisioterapia respiratória foi utilizada em 91,3% (21/23 unidades) nas unidades
neonatais. Das unidades que possuíam serviço de fisioterapia respiratória disponível, a grande
maioria possuía fisioterapia apenas em regime parcial (durante manhã e/ou tarde). Dentre as
unidades neonatais que dispunham de fisioterapia respiratória, apenas 14,3% (3/21 unidades)
dispunham de fisioterapia em período integral (24 horas), sendo estas 3 unidades localizadas
na região metropolitana , 2 públicas e 1 privada.
Nas unidades pediátricas, a fisioterapia respiratória foi utilizada em 78,6% (11/14
unidades) das unidades. Das unidades que possuíam serviço de fisioterapia respiratória
disponível, apenas 3 unidades (21,4%) dispunham de fisioterapia em tempo integral. Destas, 2
eram públicas (1 no interior do Estado e 1 na região metropolitana) e 1 era privada (região
102
metropolitana). O restante das unidades trabalhava com regime parcial de fisioterapia
respiratória.
Nas unidades mistas, 86,7% das unidades dispunham de serviço de fisioterapia (13/15
unidades), sendo que destas, apenas 1 unidade dispunha de fisioterapia em regime integral
(unidade pública, no interior do Estado)
Os dados referentes a disponibilidade de fisioterapia respiratória nas unidades
estudadas encontram-se discriminados na tabela 34.
Tabela 34- Fisioterapia respiratória nas unidades estudadas
Tipo de Unidade
Fisioterapia disponível
% (n)
Fisioterapia não
disponível % (n)
Neonatal exclusiva
(n= 23)
91,3% (21)
8,7% (2)
Pediátrica exclusiva
(n= 14)
78,6% (11)
21,4% (3)
Mista (n= 15)
86,7% (13)
13,3% (2)
* n corresponde ao número de unidades.
5.14.4. Suporte nutricional
O modo de suporte nutricional dos pacientes em ventilação mecânica nas unidades
neonatais exclusivas se distribuiu da seguinte forma: 18,9% das unidades utilizavam dieta
zero para estes pacientes, 28,3% nutrição parenteral total (NPT), 31,8% dieta enteral gástrica,
4,3% dieta enteral pós-pilórica e 16,7% das unidades utilizavam a associação de NPT e dieta
enteral gástrica.
Nas unidades pediátricas, o modo de suporte nutricional dos pacientes em ventilação
pulmonar mecânica se distribui da seguinte forma nas unidades pediátricas exclusivas: 32,1%
dieta zero, 7,2% NPT, 7,2% nutrição enteral gástrica e 53,5% nutrição enteral pós- pilórica.
Entre as unidades mistas com pacientes recém-nascidos, a distribuição do suporte
nutricional dos pacientes em ventilação mecânica se deu da seguinte forma: 37,5% das
unidades com pacientes em dieta zero, 16,7% em NPT exclusiva, 20,8% em dieta enteral
103
gástrica, 16,7% dieta enteral pós-pilorica e 8,3% utilizando a associação de NPT e dieta
enteral gástrica.
Entre os pacientes pediátricos este percentual foi de 39,3% das unidades com
pacientes em dieta zero, 35,7% com dieta enteral gástrica, 17,8% dieta enteral pós- pilórica e
7,2% das unidades utilizando associação de NPT com dieta enteral gástrica.
A tabela 35 mostra os dados consolidados referentes ao modo de suporte nutricional
utilizados nas unidades estudadas.
Tabela 35- Modo de suporte nutricional dos pacientes em ventilação pulmonar mecânica nas unidades estudadas.
Modo de suporte
nutricional
UTI neonatal Média % (EPM)
n=23
UTI pediátrica Média % (EPM)
n=14
UTI mista- neonatal Média % (EPM)
n=12
UTI mista - pediátrico Média % (EPM) n=7
Dieta zero
18,9 (6,7)
32,1 (10,9)
37,5% (12,7)
39,3 (15,3)
Nutrição parenteral
total (NPT)
28,3 (8,3)
7,2 (7,2)
16,7 (11,2)
--
Enteral gástrica
31,8 (8,9)
7,2 (4)
20,8 (9,8)
35,7 (18)
Enteral pós- pilórica
4,3 (4,3)
53,5 (10,7)
16,7 (11,2)
17,8 (14,1)
NPT + enteral gástrica
16,7 (7,4)
__
8,3 (8,3)
7,2 (7,2)
* n corresponde ao número de unidades ou, no caso das unidades mistas, de subunidades neonatais e pediátricas.
5.14.5. Inclinação da cabeceira do leito
Os dados referentes a elevação de cabeceira do leito dos pacientes em
ventilação mecânica nos diferentes tipos de UTI estudadas estão detalhados na tabela 36.
Tabela 36- Elevação da cabeceira do leito no momento da visita as unidades estudadas
Elevação da cabeceira do leito
UTI neonatal Média % (EPM)
n=23
UTI pediátrica Média % (EPM)
n=14
UTI mista- neonatal Média % (EPM)
n=12
UTI mista - pediátrico Média % (EPM) n=7
Zero grau
19,6 ( 8,1)
0
16,7 (11,2)
0
Elevada entre 0 e 30 graus
49,8 (8,7)
69,7 (11,7)
57 (13,7)
71,4 (18,4)
Elevada entre 30 e 45 graus
30,6 (8,0)
19,7 (10,7)
2,3 (11,8)
28,6 (18,4)
Elevada a 45 graus
0
10,6 ( 10,6)
4 ( 4)
0 (0)
* n corresponde ao número de unidades ou, no caso das unidades mistas, de subunidades neonatais e pediátricas.
104
5.14.6. Uso de protetor de mucosa gástrica durante a ventilação mecânica
Os dados referentes ao uso de protetor de mucosa gástrica nos pacientes em ventilação
mecânica nos diferentes tipos de unidade estão detalhados na tabela 37.
Tabela 37- Uso de protetor de mucosa gástrica durante a ventilação mecânica nas unidades estudadas Uso de protetor de mucosa gástrica
UTI neonatal
Média % (std error) n=23
UTI pediátrica
Média % (std error) n= 14
UTIPm - paciente
neonatal Média % (std error)
n= 12
UTIPm - paciente
pediátrico Média % (std
error) n=7
Não estava em uso
88,6 (5,6)
7,7 (7,7)
63,9 (13,9)
28,6 (18,4)
Bloqueador H2
6,8 (3,7)
84,6 (10,4)
36,1 (13,9)
50 (18,8)
Inibidor da bomba de
protons
4,6 (4,5)
7,7 (7,7)
0
21,4 (14,8)
* n corresponde ao número de unidades ou, no caso das unidades mistas, de subunidades neonatais e pediátricas.
105
6. Discussão
Existem poucos estudos epidemiológicos envolvendo pacientes pediátricos em
ventilação pulmonar mecânica. Até onde é do nosso conhecimento, este é o primeiro estudo
deste tipo realizado no estado do Rio de Janeiro e no Brasil tanto na população neonatal,
quanto na população pediátrica e, apesar de algumas limitações, acredita-se que tenha grande
importância epidemiológica.
6.1. Unidades Estudadas
Foram identificadas no estado do Rio de Janeiro um total de 103 unidades de terapia
intensiva pediátrica, neonatal ou mista, com a seguinte distribuição: 48 unidades neonatais
exclusivas (46,6%), 20 pediátricas exclusivas (19,4%) e 35 unidades mistas (34%). Destas
103 unidades, 80 (78%) encontram-se localizadas na região metropolitana do estado, com a
seguinte distribuição: 37 UTIN (46%), 19 UTIP (24%) e 24 mistas (30%). No interior do
estado há somente 23 unidades (11 UTIN – 48%; 1 UTIP- 4% e 11 mistas- 48%).
Mediante o caráter voluntário de participação das unidades no estudo, houve a
exclusão de 23 unidades (22%) por recusa na participação do estudo ou inacessibilidade.
Além disso, a exclusão de unidades que não apresentassem pacientes em ventilação mecânica
por menos de 30 dias resultou em perda de mais 28 unidades, resultando em um número final
de 52 unidades estudadas. Apesar do número final de unidades parecer pequeno dentro do
total de 103 unidades no estado do Rio de Janeiro, este número foi significativo, pois
trabalhamos com todas as unidades que nos deram permissão para o estudo e que preenchiam
os critérios de inclusão para o mesmo, o que resultou em toda a amostra disponível no estado.
Além disso, quando observa-se a distribuição das unidades estudadas, nota-se que a mesma
aproxima-se da distribuição das unidades totais, com 44% de UTIN (n= 23), 14 UTIP (27%) e
15 mistas (29%). Destas 79% encontravam-se na região metropolitana e 21% no interior do
106
estado, muito semelhante ao percentual de distribuição do numero total de unidades no estado
(78% na região metropolitana e 22% no interior do estado). Estes dados minimizam o impacto
das perdas e exclusões e corroboram para a amostra de unidades estudadas ser significativa.
Entre as unidades excluídas, por recusa à participação ou inacessibilidade, 52% eram
privadas e 48% públicas, tendo, portanto, percentuais semelhantes. Entre as unidades
consideradas perdas por ausência de pacientes em ventilação mecânica por menos de 30 dias
(25 por não apresentarem pacientes ventilados no momento da coleta de dados e 3 unidades
por apresentarem apenas pacientes em ventilação mecânica por mais de 30 dias), apenas 10
eram públicas (35%), sendo 65% destas unidades privadas, onde observou-se prevalência
mais baixa de ventilação mecânica quando comparadas às unidades públicas.
É importante lembrar que as práticas correntes de ventilação mecânica são
influenciadas tanto pelas características das unidades e quanto das equipes que nela
trabalham, havendo variação neste sentido. Lacerda e colaboradores,26,27 em estudo recente
sobre o perfil de médicos intensivistas no estado do Rio de Janeiro, descreveu que somente
40% dos médicos intensivistas do estado trabalham exclusivamente na especialidade. Entre os
médicos das unidades neonatais, 50% completaram especialização na área, enquanto que entre
os médicos que atuam em medicina intensiva pediátrica, apenas 27% completaram
especialização na área.
6.2. Prevalência de Ventilação Pulmonar mecânica
A média ponderada das prevalências de ventilação mecânica encontrada no nosso
estudo foi de 25% nas UTIN, 43% nas UTIP e 22,7% nas unidades mistas, considerando-se
todas as 80 unidades visitadas, incluindo aquelas que não tinham pacientes ventilados por
menos de 30 dias no momento da visita da equipe de pesquisa (prevalência igual a zero).
Considerando-se, por outro lado, apenas as 52 unidades estudadas (aquelas com pacientes em
ventilação mecânica por menos de 30 dias), esta média foi de 31,5% nas UTIN, 55% nas
107
UTIP e 33,1% nas unidades mistas, em todo os estado do Rio de Janeiro. Estes números estão
dentro do intervalo de 30 a 64% de prevalência relatada pelos estudos em ventilação mecânica
na população pediátrica.6,7,28,29 Farias e colaboradores (em nome do IGMVC- International
Group of Mechanical Ventilation in Children ), publicaram em 20046 um estudo de coorte
multicêntrico sobre práticas correntes de ventilação mecânica em UTI pediátricas, realizado
de abril a maio de 1999, onde o percentual de pacientes em uso de ventilação mecânica por
mais de 12 horas foi de 35%, nos meses fora da estação de infecção pelo vírus sinsicial
respiratório (VSR). No estudo PALISI (Pediatric Acute Lung Injury and Sepsis
Investigator),5estudo de coorte prospectivo, por um período de 6 meses em 9 unidades da
América do Norte, este percentual foi de 17% para pacientes ventilados por mais de 24 horas.
O presente estudo encontrou uma prevalência mais elevada nas UTI pediátricas (43%), no
entanto, todos os pacientes ventilados por menos de 30 dias foram incluídos, sem a exclusão
de pacientes ventilados por menos de 12 ou 24 horas. Bacells e colaboradores, em um estudo
prospectivo, multicêntrico e observacional em 46 UTI pediátricas na Espanha e publicado em
2004,7 incluíram todos os pacientes ventilados e a prevalência de pacientes pediátricos
ventilados foi de 45,5%, muito semelhante ao percentual encontrado no presente estudo. A
grande variação na proporção de pacientes ventilados encontrada nos estudos citados pode
estar relacionada a uma série de fatores, incluindo: políticas de admissão e alta nas unidades,
gravidade da doença e variação sazonal.6,30 No presente estudo, gravidade dos pacientes
ventilados não foi estudada e, supõe- se que a variação sazonal no estado do Rio de Janeiro
seja pequena, mediante a ausência de estações climáticas bem definidas e de um inverno
rigoroso, sabidamente associado a uma maior incidência de infecção pelo VSR nesta época
do ano. Nenhum destes estudos incluiu a população neonatal, não se encontrando nenhum
trabalho na literatura que descrevesse a prevalência de ventilação mecânica em unidades
108
neonatais, impossibilitando a comparação com nossos achados relativos às UTIN e às
unidades mistas, que também incluem recém-nascidos entre os pacientes admitidos.
Em caráter exploratório, comparou-se as prevalências de VM nas unidades estudadas
na região metropolitana e interior do estado e entre as unidades públicas e privadas.
Nas unidades neonatais estudadas, a prevalência global de VM foi de 28,7% na região
metropolitana e 54,1% no interior do estado. Esta diferença foi estatisticamente significativa
(p = 0,01), e considera-se relevante do ponto de vista epidemiológico que este percentual seja
praticamente o dobro no interior do estado. Uma das possibilidades para esta diferença é que
como existe um maior número de UTIN na região metropolitana e que possuem um maior
número de pacientes internados, há uma “diluição” dos pacientes em ventilação mecânica
nestas unidades (No caso das UTIN estudadas, havia 195 pacientes internados na região
metropolitana e 56 pacientes ventilados. No interior do estado estes números eram 24 e 13,
respectivamente.). Além disso, se forem analisadas as características dos recém-nascidos
ventilados nas UTIN da região metropolitana e do interior, observa-se que as da região
metropolitana possuem menor idade gestacional e menor peso de nascimento, logo,
provavelmente permanecem maior tempo internados para recuperação e ganho ponderal, não
necessitando de suporte ventilatório nesta fase.
Quando compara-se as prevalências globais de VM entre unidades neonatais publicas
e privadas, também observa-se que, tanto na região metropolitana quando no interior (tabela
6), foram encontradas prevalências maiores nas unidades públicas. Esta diferença foi
estatisticamente significativa (p <0,05). Uma das razões para isso poderia ser a maior
gravidade dos pacientes internados nas unidades públicas. No entanto, como não foi estudado
nível de gravidade dos pacientes, não pode-se confirmar esta hipótese.
Nas unidades pediátricas exclusivas, a prevalência de VM na região metropolitana e
interior do estado foram próximas (55% x 50%). No entanto, a região do interior do estado
109
estava representada por apenas uma unidade, não sendo, inclusive, pertinente, o cálculo do p
valor para avaliar a significância estatística. Na região metropolitana, observou-se também
uma maior prevalência de VM nas unidades públicas, apesar de esta diferença não ter sido
estatisticamente significativa (p= 0,28), é interessante observar a repetição deste padrão de
maior prevalência nas unidades públicas, como ocorreu nas unidades neonatais.
Entre as unidades mistas, observou-se uma maior homegeneidade nas prevalências de
VM encontradas na região metropolitana e interior (32% x 34%), com p de 0,75,
caracterizando a não significância estatística desta diferença. Já quando compara-se as
unidades públicas e privadas, é interessante notar que o valor da prevalência de VM na região
metropolitana foi praticamente o dobro (46,4%) daquele encontrado nas unidades privadas
(23,4%), com diferença estatisticamente significativa (p = 0,03), este fato não pode ser
desprezado. No interior do estado, estes valores foram mais homogêneos, com as prevalências
das unidades públicas e privadas bem semelhantes (37,5% x 32,5%; p = 0,68).
Um achado que deve aqui ser destacado é o fato de não ter sido encontrado em nosso
estudo nenhuma UTIP ou subunidade pediátrica de UTIPm em uso de ventilação não invasiva
(VNI) no momento da coleta de dados (prevalência de VNI = 0%). Este resultado pode não
representar a realidade dos diversos serviços, levando-se em conta que cada unidade foi
visitada apenas uma vez, embora reflita uma forte tendência. O estudo IGMVC (7) não
especificou o percentual de pacientes em uso de ventilação não invasiva (VNI) encontrado.
Um estudo internacional multicêntrico realizado em adultos por Esteban e colaboradores 30
encontrou apenas 1% dos pacientes em uso de VNI, ressaltando que este número poderia estar
subestimado pela possibilidade de uso intermitente deste modo ventilatório e a não
observação de sua utilização no momento da coleta de dados.
A prevalência de VNI nas unidades neonatais estudadas foi de 4,6% na região
metropolitana e 16,6% no interior do estado, mostrando uma maior prática desta modalidade
110
ventilatória em pacientes neonatais. A literatura tem demonstrado que o uso de ventilação não
invasiva em neonatologia tem sido uma boa alternativa ao modo invasivo.18,31, 32
6.3. Dados demográficos
Observou-se que o perfil dos recém-nascidos (RN encontrados nas unidades neonatais
exclusivas era diferente daquele encontrado nos recém-nascidos internados nas unidades
mistas. A média da idade gestacional dos RN nas UTIN foi de 31,8 semanas em todo o
estado, enquanto que nas unidades mistas esta média foi de 35,3 semanas. O peso de
nascimento também foi maior nas unidades mistas (média de 2341 g nas mistas x média de
1478 g nas unidades neonatais exclusivas). Uma das razões que poderia justificar este perfil
diferenciado, seria o possível encaminhamento das gestantes de alto risco para UTIN
exclusivas, centros neonatais de referência. Como neste estudo não avaliou-se a gravidade dos
pacientes, não há como confirmar esta hipótese.
Comparando-se o perfil demográfico dos recém-nascidos entre as unidades neonatais
exclusivas da região metropolitana e interior do estado, nota-se que a média tanto do peso de
nascimento quanto da idade gestacional é menor na região metropolitana, podendo refletir
uma procura das gestantes de alto risco por centros de referencia neonatais na região
metropolitana, onde há maior disponibilidade de UTI neonatais exclusivas. Em relação aos
recém-nascidos internados nas unidades mistas, este quadro se inverte, com maior idade
gestacional e peso de nascimento nas unidades da região metropolitana quando comparamos
estes dados com as do interior do estado. Este dado também poderia corroborar para a
hipótese de que gestantes de alto risco procurariam centros neonatais exclusivos, levando a
maior prevalência de RN mais prematuros e menores às UTIN, com as unidades mistas
recebendo RNs maiores e menos prematuros. Como no interior do estado, há menor
disponibilidade de UTIN exclusivas, com mesmo número de unidades mistas, a diferença
111
destas características entre os RN internados nas UTIN e nas unidades mistas não é tão
evidente (tabelas 11 e 13).
Entre os pacientes pediátricos, tanto nas unidades pediátricas exclusivas, quanto nas
unidades mistas, foi observado o predomínio de lactentes (45,8% nas UTIP e 53,5% nas
UTIPm) e pré-escolares (32,1% nas UTIP e 35,7% nas UTIPm). Este predomínio também
está descrito na literatura. No estudo IGMVC,6 a média de idade dos pacientes ventilados foi
de 13 meses. Balcells e colaboradores7 descrevem uma média de idade de 36 meses no estudo
realizado em pacientes ventilados nas UTIP da Espanha.
No interior do estado foram encontrados apenas lactentes internados nas unidades
pediátricas e subunidades pediátricas das unidades mistas. A comparação entre região
metropolitana e interior do estado torna-se menos pertinente neste caso, pois havia apenas
uma UTIP e 2 subunidades pediátricas de unidades mistas no interior do estado.
6.4. Tempo médio de suporte ventilatório
O tempo total médio de suporte ventilatório até o momento da visita às unidade
estudadas foi em torno de 10 dias para pacientes neonatais e 7 dias para pacientes pediátricos
(tabela 15). O tempo médio total de suporte ventilatório descrito na literatura para pacientes
pediátricos foi de 6 a 7 dias nos estudos PALISI e IGMVC.5,6,33 No entanto, a comparação dos
nossos achados com os estudos prospectivos em questão fica prejudicada, já que por tratar-se
estudo transversal, os dados foram coletados em momento único e não foi estudado o
desfecho dos pacientes, o que neste caso, pode levar a subestimarmos o tempo total de suporte
ventilatório, já que o tempo médio descrito foi aquele encontrado até o momento da coleta de
dados. Não foram encontrados trabalhos na literatura sobre este tipo de dado na população
neonatal. Foi observado, ainda, que o tempo de ventilação mecânica invasiva nos pacientes
neonatais foi significativamente maior que nos pediátricos, quando comparou-se as UTIN e
UTIP (10,6 x 8,2 dias; p = 0,0002) e as subunidades neonatais e pediátricas das UTIPm (10,5
112
x 6 dias; p= 0,024), na região metropolitana do estado (tabela 16). Esta diferença não foi
estatisticamente significativa no interior do estado. Uma possível razão que poderia explicar o
maior tempo de ventilação em recém nascidos seria o fato de que a principal indicação
encontrada para ventilação mecânica nos recém-nascidos foi a doença de membrana hialina,
que acomete recém-nascidos prematuros e portanto com baixo peso, reduzida musculatura
respiratória e requerendo, provavelmente, maior tempo de suporte ventilatório. Quando
comparou-se o tempo médio de suporte ventilatório invasivo entre unidades públicas e
privadas (Tabela 17) não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas entre as
unidades neonatais exclusivas e as subunidades neonatais e pediátricas. No entanto, quando
comparou- se o tempo médio de suporte ventilatório invasivo entre as unidades pediátricas
exclusivas privadas e públicas, observou-se um tempo estatisticamente significativo maior nas
unidades públicas (8,7 x 4,5; p = 0,009). Uma possível razão para isso seria uma maior
gravidade dos pacientes nas unidades públicas, no entanto, como não foi estudado nível de
gravidade dos pacientes no presente estudo, não é possível comprovar esta hipótese. Não
foram encontrados na literatura estudos que permitam comparar estes últimos dados com os
de outros autores.
6.5. Modos de acesso à via aérea (interface paciente equipamento)
Considerando-se as unidades como um todo, o modo de acesso à via aérea mais
utilizado foi o tubo orotraqueal sem balonete (71 a 100% das unidades). Este foi o modo de
acesso utilizado por 100% das UTIN e subunidades neonatais das UTIPm em pacientes com
ventilação mecânica invasiva. Não foi observada nenhuma unidade neonatal utilizando tubo
nasotraqueal (TNT) ou traqueostomia como interface paciente-equipamento na ventilação
mecânica invasiva. Embora as evidências da literatura não mostrem diferença de morbidade
entre o uso de tubo oro ou nasotraqueal em recém-nascidos,34 acredita-se que entre as razões
que possam justificar não ter sido encontrado o uso de tubo nasotraqueal em recém-nascidos
113
possa estar a pequena divulgação da técnica entre os neonatologistas e a analogia de estudos
de crianças e adultos mostrando maior morbidade da via nasotraqueal. 35,36 No entanto,
não foram encontradas na literatura evidências que suportem esta hipótese. Os recém-nascidos
em uso de ventilação mecânica não invasiva estavam, todos, em uso de pronga nasal, interface
amplamente utilizada divulgada nesta faixa etária, com boas respostas clínicas,31,32 já havendo
estudos mostrando sua superioridade em relação às prongas nasofaríngeas.37,38,39,40 Em
recente revisão publicada na Cochrane em 2008,38 demonstrou-se que as prongas nasais são
as mais eficientes interfaces paciente-equipamento para a aplicação de pressão positiva em
recém-nascidos prematuros quando comparadas às prongas nasofaríngeas.
Nos pacientes pediátricos, o tubo orotraqueal (TOT) também foi o modo de acesso à
via aérea predominante. Entre as UTIP, 81,5% estavam utilizando TOT sem balonete e 16,7%
com balonete. Estes percentuais foram de 71,4% e 14,3%, respectivamente, nas subunidades
pediátricas das UTIPm. Estes resultados estão concordantes com a literatura que demonstra o
predomínio do TOT em crianças em ventilação mecânica, com alguns trabalhos mostrando
este percentual entre 63 a 73%.5,6 O baixo percentual de uso do TOT com balonete encontrado
nas unidade pediátricas exclusivas (16,7%) e nas subunidades pediátricas das UTIPm
(14,3%) pode ser explicado pela idade dos pacientes (76 a 85% dos pacientes no presente
estudos, nos respectivos tipos de unidades, na faixa de lactente e pré- escolar). No entanto, a
última resolução do Pediatric Advanced Life Support (PALS)41 é a da utilização de TOT com
balonete em crianças de qualquer idade com doença restritiva. Não foram encontrados
pacientes pediátricos em uso de tubo nasotraqueal. Este tipo de interface paciente
equipamento foi utilizado em 37% dos pacientes do estudo IGMVC.6 Acredita-se que a
diferença entre este resultado e o nosso pode estar, assim como no uso neonatal, relacionado à
falta de expertise da equipe médica em relação à técnica, como em função das potenciais
complicações associadas ao uso do TNT. O uso de traqueostomia foi encontrado em apenas
114
1,8% das UTIP e 14,3 % das subunidades pediátricas das UTIPm. O estudo IGMVC 6
demonstrou uso de traqueostomia em 2% dos pacientes estudados, número que se assemelha
ao encontrado em nosso estudo nas unidades pediátricas exclusivas. O fato de terem sido
excluídos do nosso estudo os pacientes em ventilação mecânica por mais de 30 dias, pode ter
contribuído para o baixo percentual de traqueostomia como modo de acesso à via aérea. São
escassos na literatura os trabalhos que falam sobre tempo médio de ventilação para realização
de traqueostomia em crianças. Em um destes escassos trabalhos, Puhakka e colaboradores42
relataram uma média de 64 dias, o que corrobora a impressão de que nosso precentual de uso
de traqueostomia poderia ser maior se incluíssemos os pacientes ventilados por mais de 30
dias. Por outro lado, o estudo IGMVC encontrou uma média de tempo de ventilação de 12
dias pré-realização de traqueostomia. Graf e colaboradores, num estudo retrospectivo
publicado em 2008 43 encontraram uma média de 26 dias de suporte ventilatório prévio à
realização de traqueostomia. Comparando-se os achados do presente estudo com estes dois
últimos estudos, como a média de suporte ventilatório encontrada até o momento da coleta
dos dados (corte transversal) foi em torno de 7 dias no presente estudo, o uso de
traqueostomia está provavelmente subestimado. Em nosso estudo, apenas dois pacientes
encontravam-se traqueostomizados no momento da coleta. Em um, o procedimento foi
realizado em caráter de urgência, em outro o tempo de ventilação mecânica pré-traqueostomia
foi de 10 dias. Não foi encontrado em nosso estudo nenhum paciente pediátrico em uso de
ventilação mecânica não invasiva (VNI), logo o percentual de uso de máscara facial ou nasal,
principais modos de acesso à via área na ventilação não invasiva nesta faixa etária, ou ainda
de pronga nasal (ainda usada na faixa etária de lactentes jovens), foi de 0%. Este percentual
também foi baixo no IGMVC que mostrou que apenas 1,5% dos pacientes estudados estavam
em uso de máscara facial, refletindo ainda a baixa prevalência de uso da VNI nos serviços
115
pediátricos, apesar das evidências da literatura comprovarem cada vez mais os seus
benefícios.
6.6. Indicações
A principal indicação para ventilação mecânica entre os pacientes recém-nascidos nas
unidades neonatais exclusivas estudadas foi a Doença de Membrana Hialiana (DMH),
correspondendo à indicação principal em 50% destas unidades. O fato da idade gestacional
média nas UTIN ter sido de 31,8 semanas corrobora este achado pois a prevalência de DMH é
tanto maior quanto menor a idade gestacional, aumentando exponencialmente em idade
gestacional menor que 34 semanas.44 Nas unidades mistas, entre a população neonatal
estudada, a sepse foi a principal indicação de ventilação mecânica (25% da subunidades
neonatais), seguida de pneumonia (19,4%), estando a DMH em terceiro lugar como principal
indicação de ventilação mecânica (18,1%). Se observarmos o perfil demográfico dos recém-
nascidos internados nas unidades mistas, verificamos uma idade gestacional média de 35,3
semanas em todo o estado, o que poderia justificar o menor percentual de doença de
membrana hialina como indicação para início da ventilação mecânica (VM). É importante
lembrar que a prematuridade extrema só foi considerada como indicação isolada nos casos em
que não havia diagnóstico de deficiência de surfactante (DMH), o que pode justificar o seu
baixo percentual encontrado (2,2% das UTIN e 0% das subunidades neonatais das UTIPm).
Entre os pacientes pediátricos, doenças que levam a insuficiência respiratória aguda
foram as principais indicações para início da ventilação mecânica, o que está de acordo com
os achados de outros estudos realizados em populações pediátricas.5,6,33,45,46,47 No entanto,
quando são discriminadas as indicações por enfermidades (tabela 20), estes percentuais se
distribuem, nas unidades pediátricas exclusivas, de forma diferente dos encontrados nos dois
principais estudos de práticas correntes de ventilacao mecânica em pacientes pediátricos.5,6,33
Farias e colaboradores (em nome do IGMVC- International Group of Mechanical Ventilation
116
in Children)6 encontraram em seu estudo um percentual de 15% de pneumonia como
indicação para VM, número semelhante ao encontrado pelo estudo PALISI.5,33 No presente
estudo, nas unidades pediátricas exclusivas, 29,8% % delas tiveram a pneumonia como
principal indicação para início de VM, seguida de convulsão (25% das unidades). Já nas
subunidades pediátricas das unidades mistas este percentual foi de 14,3%, semelhante,
portanto, aos achados do IGMVC e PALISI. A bronquiolite aparece como indicação principal
para inicio da VM em 8,9% das unidades pediátricas exclusivas e 7,1% das subunidades
pediátricas nas unidades mistas. No estudo IGMVC, realizado fora da estação de infecção de
VSR, este percentual foi de 5%. Merece destaque o fato de não ter sido encontrado no
presente estudo nenhuma unidade onde o diagnóstico de Síndrome de Desconforto
Respiratório Agudo (SDRA) foi mencionado como causa para o início da ventilação
mecânica. Os dados encontrados na literatura são de baixo percentual de SDRA como
indicação geral para início de VM.5,6,33 Este percentual foi de 2% no IGMVC e 7,6% no
PALISI. No entanto, em ambos os estudos, uma grande proporção de pacientes sem o
diagnóstico de SDRA apresentavam uma relação PaO2/FiO2 menor que 200,5 aventando a
possibilidade de que este diagnóstico possa ter sido sub-relatado. Como não analisamos
gravidade e/ou índices de gravidade ventilatória no nosso estudo, não há como
caracterizarmos se esta mesma situação possa ter ocorrido.
6.7. Ventiladores
A principal base instalada de ventiladores nas unidades neonatais exclusivas estudadas
é o Inter -3 ( 56,2% de Inter-3 simples e 19,5% de Inter-3 com sincronizador,total de 75,7%).
Nas subunidades neonatais das unidades mistas, o predomínio do Inter-3 nas subunidades
neonatais é também evidente (48,6%). Não foi observada diferença significativa nesta base
instalada de ventiladores quando comparamos unidades públicas e privadas e da região
metropolitana e interior do estado. O Inter- 3 é um ventilador que permite ventilar o paciente
117
somente em ventilação mandatória intermitente, com ou sem sincronismo, ciclado a tempo,
limitado a pressão e com fluxo contínuo, sem sensibilidade a fluxo. O uso predominante deste
tipo de ventilador em recém-nascidos leva a uma imensa limitação na ventilação destes
pacientes, que são ventilados somente de forma tradicional e sem a possibilidade, por
exemplo, da aplicação de pressão de suporte.
Nas unidades pediátricas exclusivas, os principais ventiladores utilizados são também
o Inter-3 (41%), seguido do Inter- 5 (24,4%). Nas subunidades pediátricas das unidades
mistas também encontramos como base instalada para a ventilação dos pacientes o Inter -5
(50%) e o Inter-3. O Inter- 5 permite o uso de modos ventilatórios diferenciados, mas nota-se
que o percentual de Inter-3 nas UTIP ainda é de 40% das unidades, percentual elevado se
formos considerar a limitação que este ventilador oferece.
Espera-se que este cenário mude, com a renovação dos ventiladores nas unidades do
estado e a ampliação das opções ventilatórias para os pacientes. É importante lembrar que a
instalação de novas bases ventilatórias com implementação de novos ventiladores nas
unidades deve ser acompanhada do treinamento adequado das equipes médicas, para que haja
domínio do uso dos novos ventiladores, levando, consequentemente, a uma mudança no perfil
das práticas correntes de ventilação pulmonar mecânica.
Um fato que deve ser destacado é a ausência de ventiladores de alta freqüência
oscilatórios nas unidades estudadas. Apenas 3 unidades dispunham de ventiladores de alta
freqüência, todos por interrupção de fluxo, que ventilam pacientes de até 4 kg apenas. O fato
destes ventiladores ainda terem alto custo aqui no Brasil pode justificar esta ausência, que
limita o uso e difusão da técnica em pacientes pediátricos no estado.
118
6.8. Modos ventilatórios
6.8.1. �as unidades neonatais exclusivas e subunidades neonatais das UTIPm
A modalidade ventilatória mais utilizada nas UTIN exclusivas e nas subunidades
neonatais das unidades mistas foi a ventilação mandatória intermitente não sincronizada
(IMV), correspondendo a 73,8% das UTIN e 68% das subunidades neonatais das unidades
mistas. Esta modalidade continuou sendo a predominante, considerando apenas a ventilação
mecânica invasiva, quando comparou-se estas unidades nas regiões metropolitana (82%
UTIN e 83,4% subunidades neonatais das UTIMs) e interior (35% nas UTIN e 52,8% nas
subunidades neonatais das UTIMs). O percentual de IMV nas UTIN do interior parece ser
mais baixo, no entanto, observou-se que 30% delas possuíam pacientes em CPAP nasal
(ventilação não invasiva), logo, considerando-se apenas as modalidades ventilatórias
invasivas, a IMV é hegemônica como modo de ventilação invasiva nas unidades neonatais
exclusivas. Comparando-se as UTIN e as subunidades neonatais das UTIPm por sua natureza
pública ou privada a IMV permanece como modalidade ventilatória predominante. A
ventilação mandatória intermitente sincronizada (SIMV) só foi observada em 4,4% das
unidades neonatais exclusivas e em nenhuma subunidade neonatal de unidades mistas. Apesar
do baixo percentual de sua utilização encontrado no presente estudo, este tipo de ventilação
tem sido cada vez mais difundido na neonatologia. Uma meta-análise sobre suporte
ventilatório em recém- nascidos,48 evidenciou que, comparada à ventilação mecânica
convencional (não sincronizada), a SIMV está a associada a menor tempo de ventilação
mecânica dos recém-nascidos. Acredita-se que uma das razões que justificariam o uso da
IMV não sincronizada como método predominante nas unidades neonatais estudadas
(exclusivas e subunidades das UTIMs) é o predomínio de ventiladores que apenas dispõem da
IMV como modo ventilatório, como o Inter-3 simples, nestas unidades. Além disso, apesar de
19,5% das unidades neonatais exclusivas possuírem ventilador Inter-3 como modo de
sincronismo, em nenhuma delas este recurso estava sendo utilizado no momento da visita.
119
Não se conhecem os motivos para este comportamento, mas uma das razoes poderia ser a
baixa familiaridade das equipes com outros métodos ventilatórios, embora não haja
evidências para comprovar esta última hipótese.
Apenas um paciente recém-nascido estava em uso de ventilação de alta freqüência
(VAF), no momento da coleta de dados, em uma unidade neonatal exclusiva da região
metropolitana (representando 2,2% das unidades neonatais exclusivas). O paciente em
questão era prematuro e baixo peso de nascimento extremo (470 g), com diagnóstico de
DMH. Este percentual coincide com o percentual encontrado por Sharma e Greenough, numa
pesquisa realizada em todas as UTIN do Reino Unido,49 onde apenas 2% das unidades
utilizavam a VAF. A literatura mostra vantagens da ventilação de alta freqüência sobre a
ventilação convencional neste tipo de paciente, com menor tempo de ventilação48 e melhor
prognóstico pulmonar50, no entanto, ainda não há evidências suficientes quanto ao
prognóstico pulmonar a longo prazo e neurológico destes pacientes.50 Acredita-se que a não
disponibilidade de ventiladores que disponham de modo ventilatório de alta freqüência seja
uma das razões para o baixo percentual de utilização deste modo ventilatório. Entre as
unidades visitadas, apenas outras 2 dispunham de ventiladores de alta freqüência, mas não os
estavam utilizando no momento.
O uso de ventilação mecânica não invasiva foi observado em 17,9% das UTIN (7,4%
CPAP nasal; 10,5% IMV por pronga nasal) e 23,7% das subunidades neonatais das UTIMs
(15,4% CPAP nasal e 8,3% IMV por pronga nasal). O uso de ventilação mecânica não
invasiva tem crescido em popularidade e tem sido considerada uma boa alternativa à
ventilação mecânica invasiva, como forma de ventilação mais gentil 24,51 e como método de
desmame ventilatório e prevenção de falha na extubação em recém-nascidos prematuros.32
Não foi observada em nenhuma unidade o uso de ventilação ciclada a volume. Este
modo ventilatório vem sendo estudado na população neonatal de forma a compará-lo às
120
modalidades ventilatórias com pressão-limitada e não foram encontradas diferenças
significativas entre as duas estratégias ventilatórias. No entanto, a ventilação ciclada a volume
parece ter reduzido o tempo de ventilação e as taxas de pneumotórax.52 Porém, acredita-se que
este tipo de forma ventilatória em recém nascidos ainda é muito pouco difundida,
provavelmente porque o maior percentual de base instalada de ventiladores não possibilita
esta modalidade ventilatória.
6.8.2. �as unidades pediátricas e subunidades pediátricas das UTIPm
Nas unidades pediátricas exclusivas estudadas, a modalidade ventilatória
predominante também foi a IMV (48,2%). A ventilação mandatória intermitente sincronizada,
limitada a pressão (PL) ou pressão-controlada (PCV) e com ou sem pressão de suporte (PSV),
foi a segunda forma mais utilizada de ventilação nestas unidades (10,7% SIMV- PL; 14,9%
SIMV- PCV; 13,7% SIMV +PSV). Este percentual coincide com o percentual encontrado no
trabalho do IGMVC 6, que foi de 39% (25,5% SIMV e 13,5% SIMV + PSV) e se aproxima do
percentual encontrado por Bacells e colaboradores (Grupo de Respiratório de La sociedad
Espanõla de Cuidados Intensivos Pediátricos)7 que foi de 43% de uso de SIMV. Nas
subunidades pediátricas das unidades mistas, o predomínio da SIMV foi evidente (39%
SIMV-PCV + PSV e 14,3% SIMV-PL). A IMV estava sendo utilizada em 25% destas
unidades. Não foi encontrado no presente estudo nenhuma unidade em uso de ventilação
ciclada a volume, constrastando com os 23% mostrados no trabalho do IGMVC,7 apesar das
maioria das unidades estarem utilizando ventiladores que dispunham dessa modalidade para
uso (tabela 21).
O uso de ventilação de alta freqüência (VAF) não foi observado em nenhuma UTIP
ou subunidade pediátrica das UTIm estudadas. Este fato pode ser explicado pela ausência de
ventiladores de alta freqüência oscilatória disponiveis. O uso de VAF em pacientes
pediátricos foi utilizado em apenas 1,5% no estudo do IGMVC 6 e no PALISI 5 este
121
percentual também foi baixo para pacientes com diagnóstico de bronquiolite (2,5% VAF) e
pneumonia (8,3%), embora tenha sido de 52,2% em pacientes com SDRA. Ainda faltam
evidências significativas na literatura que mostrem os efeitos da ventilação de alta freqüência
em pacientes pediátricos, dificultando a difusão deste método nas rotinas diárias das UTIP,
muito embora a maior dificuldade, a nosso ver, ainda é o pequeno número de equipamentos
capazes de fazer VAF oscilatória e o custo ainda muito elevado destes ventiladores no Brasil.
Não foi encontrada nenhuma UTIP ou subunidade pediátrica das UTIPm em uso de
ventilação não invasiva (contínua ou intermitente) no momento da coleta de dados. Este
resultado pode não representar a realidade dos diversos serviços, levando-se em conta que
cada unidade foi visitada apenas uma vez, embora reflita uma forte tendência. O estudo
IGMVC 7 não especificou o percentual de pacientes em uso de ventilação não invasiva (VNI)
encontrado. Um estudo internacional multicêntrico realizado em adultos por Esteban e
colaboradores 30 encontrou apenas 1% dos pacientes em uso de VNI, ressaltando que este
número poderia estar subestimado pela possibilidade de uso intermitente deste modo
ventilatório e a não observação de sua utilização no momento da coleta de dados.
6.9. Estratégias ventilatórias
6.9.1. �as unidades neonatais exclusivas e subunidades neonatais das UTIPm
A maioria das unidades neonatais estudadas (93,1% das UTIN e 87,5 % das
subunidades neonatais das UTIPm) utilizavam estratégia ventilatória convencional, ciclada a
tempo, limitada a pressão ou controlada com ou sem pressão de suporte. O uso de óxido
nítrico inalatório e a posição prona foram observados em pequeno percentual de unidades,
isoladamente ou em conjunto (tabela 28). Não há evidências de que os novos modos
ventilatórios tenham um benefício significativamente maior que a modalidade ventilatória
convencional ciclada a tempo e limitada a pressão.52,53,54,55 Novos modos de suporte
122
ventilatório incluindo ventilação ciclada a volume, ventilação com suporte pressórico e o uso
do óxido nítrico inalatório no recém-nascido prematuro necessitam de maiores investigações
para que seu uso de rotina possam ser usados na prática clínica baseados em evidências.55
6.9.2. �as unidades pediátricas exclusivas e nas subunidades pediátricas das UTIPm
No presente estudo, a grande maioria das UTIP exclusivas (96,4%) estavam utilizando
estratégia ventilatória convencional, sendo a estratégia protetora 56 observada em 3,6% destas
unidades. Entre as subunidades pediátricas das UTIMs, o uso de estratégia convencional foi
também predominante (71,4%). O uso do óxido nítrico inalatório foi encontrado em 7,1%
destas unidades, uso de estratégia protetora em 7,1% e relação tempo inspiratório: tempo
expiratório invertida em 14,2%. O estudo PALISI (9) mostrou o uso de posição prona em
17,1% dos pacientes (este percentual foi de 13,6% coniderando apenas pacientes com
bronquiolite, 10,4% pneumonia e 43,5% para pacientes com SDRA) e de óxido nítrico
inalatório em apenas 4,6% dos pacientes em geral (3,7% em pacientes com bronquiolite, 0%
em pacientes com pneumonia e 17,4% em pacientes com SDRA). Acredita-se que o principal
motivo para o baixo percentual de estratégias ventilatórias não convencionais, como a
estratégia protetora, encontrado no presente estudo possa estar relacionado ao fato de não
terem sido encontrados pacientes com diagnóstico SDRA no momento das visitas às unidades
estudadas.
6.10. Parâmetros ventilatórios
Um dos aspectos da ventilação mecânica que provavelmente tem sido mais discutido
pela literatura nas ultimas décadas é o uso da PEEP. Uma extensa investigação para
compreender os mecanismos de ação da PEEP e seu melhor nível tem sido realizados desde
1967, quando Ashbaugh e colaboradores descreveram, pela primeira vez, sua utilização no
tratamento da SDRA.25,57,58,59,60 Esses estudos, na maioria em adultos, tem sido extrapolados
para a população pediátrica, porém ainda sem evidência de bom nível. Encontrou-se níveis de
123
PEEP muito padronizados no presente estudo, com muito pouca oscilação, tanto na população
pediátrica quanto nos recém-nascidos, estando este nível em torno de 5, com baixo erro
padrão da média em todos os tipos de UTI estudadas. Este achado, nos pacientes pediátricos,
se aproximam aos níveis de PEEP encontrados pelo estudo do IGMVC 6, que encontrou
níveis de PEEP entre 3 e 6 (exceto para pacientes com diagnóstico de SDRA, onde o nível de
PEEP variou de 6 a 8). No entanto, este estudo foi realizado em 1999, antes da preconização
de uso de estratégia ventilatória protetora em pacientes adultos com síndrome de angústia
respiratória aguda (uso de volumes correntes baixos e pressões limitadas, com PEEPs
elevadas).33,56 No presente estudo, o uso de níveis de PEEP baixo nas UTIP e subunidades das
UTIPm poderia ser explicado, em parte, pela ausência de pacientes com diagnóstico de SDRA
no momento da coleta de dados. Não foi encontrado na literatura nenhum artigo que fale a
respeito da PEEP ideal em recém- nascidos. Os poucos estudos existentes na era pré-
surfactante que chegaram a estudar níveis de PEEP em recém-nascidos com DMH,
encontraram PEEPs necessárias para manter pressão acima do ponto de inflexão inferior
(PFlex 1) na faixa de 8.61 Baseados nestes estudos, níveis de PEEP de 5 poderiam ser
considerados baixos. No entanto, após o advento do surfactante exógeno não há estudos de
mecânica ventilatória que nos mostrem o nível de PEEP ideal para recém- nascidos tratados
com surfactante e o ideal seria que fossem realizados estudos deste tipo, com o uso de curvas
PEEP x complacência ou curvas Pressão x volume para estimar os níveis de PEEP ideal neste
contexto.62 O que pode-se concluir é que, provavelmente, o nível de PEEP em sendo
determinado empiricamente, ou com base na resposta dos níveis de oxigenação (avaliados
pela Saturação de oxigênio – SO2) e nas necessidades de oxigênio (fiO2).
Os níveis médios de PIP encontrados foram de 16,3 nas UTIN, 17,2 nas subunidades
neonatais das UTIMs, 22 nas UTIP e 19,8 nas subunidades pediátricas das UTIPm. A
diferença entre os níveis de PIP nas populações neonatais e pediátricas foi estatisticamente
124
significativa (p = 0,000 quando comparou-se UTIN e UTIP e 0,002 quando comparou-se
subunidades neonatais e pediátricas das UTIPm) (tabela 29). Nos pacientes pediátricos, este
níveis de PIP foram mais baixos que os encontrados pelo estudo do IGMVC,6 onde a variação
foi de 24 a 39. No entanto, vale ressaltar, mais uma vez, que este estudo foi anterior à
preconização de estratégia protetora para SDRA.
A média de freqüência respiratória foi significativamente maior nas UTIN que nas
UTIP (p= 0,000), mas o mesmo não pode ser dito quando comparamos as subunidades
neonatais e pediátricas das UTIPm. A média das freqüências respiratórias encontradas em
nosso estudo para os pacientes pediátricos (22 nas UTIP e 24,7 nas subunidades neonatais da
UTIPm) se aproximam das encontradas no estudo IGMVC.6 Não foram encontrados, na
literatura, estudos em recém- nascidos que nos permitissem comparar parâmetros ventilatórios
nesta faixa etária.
6.11. Retirada do suporte ventilatório
O principal método de retirada de suporte ventilatório (desmame) encontrado no nosso
estudo foi a redução gradual da freqüência respiratória em modo SIMV ou IMV (64,3% nas
UTIN, 68,8% nas UTIP, 50% nas subunidades neonatais das UTIPm e 60% das subunidades
pediátricas das UTIPm). Apesar de este ser um método considerado ruim de desmame
ventilatório entre pacientes adultos 63,64 quando comparado com o teste de respiração
espontânea (SBT- spontaneous breathing Test) e o PSV, e dois grandes estudos em pediatria
46,65 terem mostrado que nem todos os pacientes necessitam de redução gradual de frequência
respiratória, este método ainda vem sendo bastante utilizado na prática pediátrica, com alguns
estudos mostrando percentuais que variam de 38 a 55% 6,66 de uso de redução gradual da
freqüência em SIMV como método de desmame ventilatório. O uso de SIMV com PSV foi
encontrado em 18,7% das UTIP 40% das subunidades pediátricas das UTIPm e não foi
encontrado nas unidades neonatais. A ventilação mecânica não-invasiva (VMNI) pós-
125
extubação como forma de desmame ventilatório foi observada apenas em recém-nascidos
(35,7% UTIN e 50% das subunidades neonatais das UTIPm), método bastante difundido nesta
faixa etária, com evidências na literatura mostrando que seu uso pós- extubação reduz a
morbidade e a incidência de insuficiência respiratória em prematuros após a extubação.32 Não
foi observado o uso de teste de respiração espontânea em nenhuma unidade estudada,
podendo justificar o maior percentual de uso de redução de freqüência respiratória em modo
SIMV ou IMV no presente estudo, quando comparado aos percentuais encontrados na
literatura. O uso do teste de respiração espontânea tem mostrado ser um bom método para
verificar se o paciente está pronto para extubação,45,46,47 no entanto, mais estudos são
necessários para avaliar sua real validade e sua mais ampla implementação na prática
pediátrica.
6.12. Complicações
Complicações associadas à ventilação mecânica foram encontradas em 26,1% nas
UTIN, 16,1% nas UTIP, 4,2% nas subunidades neonatais da UTIPm e 14,3% das subunidades
pediátricas das UTIPm. As principais complicações encontradas (Tabela 30) foram o
extravasamento de ar alveolar (principalmente o pneumotórax), correspondendo a 18% das
UTIN, 13% das UTIP e 4,2% nas subunidades neonatais das UTIPm, e a pneumonia (5,4%
nas UTIN , 3,6% nas UTIP e 14,3% nas subunidades pediátricas das UTIPm), que também
foram as principais complicações encontradas por Balcells e colaboradores num estudo
multicêntrico espanhol,7 que encontraram 8,1% de pneumotórax e 17,4% de pneumonia
associados a ventilação mecânica. Cabe ressaltar que os percentuais do presente estudo podem
estar subestimados, pelo fato de o desenho do estudo ser transversal e terem sido registradas
as complicações apenas até o momento em que a visita foi realizada, não acompanhando o
desfecho dos pacientes estudados até a retirada da ventilação pulmonar mecânica.
126
6.13. Medidas de prevenção de complicações associadas à ventilação mecânica
A grande maioria das unidades estava utilizando algum sistema de termo-umidificação
da mistura gasosa administrada no momento da visita, sendo o termo-umidificador o único
sistema utilizado em pacientes neonatais e na maioria dos pacientes pediátricos. O uso de
filtro higroscópico foi observado em apenas 19% das UTIP e 12,5% das subunidades
pediátricas das UTIPm. Apesar de ter sido encontrado o uso do filtro higroscópico em
crianças maiores, o uso deste tipo de termo-umidicação já vem sendo estudado em
lactentes.67 Acredita-se que uma das razões para não ter sido observado o uso de filtro
higroscópico nas unidades neonatais e também em lactentes jovens (apenas 1 paciente
lactente estava em uso de filtro) seja a pouca disponibilidade deste equipamento no tamanho
adequado e o receio de que a presença do filtro possa aumentar o trabalho respiratório nesses
pacientes.
O sistema predominante de aspiração da prótese traqueal encontrado em todos os
tipos de unidades foi o sistema aberto (68 a 86% - tabela 32). Apesar de o sistema fechado ser
utilizado com objetivo de minimizar os efeitos adversos da aspiração, como, por exemplo, a
hipoxemia e a redução de volume pulmonar e alguns estudos terem mostrado este benefício
em crianças e recém- nascidos,68,69,70 são necessários mais estudos a respeito. A razão para a
aspiração das próteses traqueais é a retirada de secreções e pouco ainda se sabe sobre a
eficácia dos diferentes tipos de sistema de aspiração. Um estudo experimental realizado em
coelhos 71 demonstrou que o uso do sistema fechado é menos efetivo que o aberto para
retirada de secreções, em condições idênticas. Sob diferentes condições, a eficácia do sistema
fechado ainda deve ser melhor investigada. Foram encontrados alguns relatos
anedóticos72,73,74 sobre a percepção da equipe de saúde, principalmente enfermeiras, da
ineficácia do sistema de aspiração fechado para a retirada de secreção, sobretudo as mais
espessas. Esta percepção pode ser uma das razões possíveis para o uso mais freqüente do
127
sistema aberto de aspiração, levando em consideração que a equipe de enfermagem era
responsável, em 100% das unidades, juntamente ou não com outro membro da equipe de
saúde, pela aspiração das próteses traqueais. Uma revisão da Cochrane comparando os dois
tipos de sistemas de aspiração de prótese traqueal em adultos 75 não encontrou diferença
significativa no risco de pneumonia ou aumento de mortalidade quando comparou-se os dois
tipos de sistemas de aspiração, apesar de o sistema fechado ter apresentado maiores taxas de
colonização bacteriana. Este assunto ainda requer maior número de estudos de qualidade para
que possamos ter melhores evidências para incorporá-las a nossa prática clínica.
A maioria das unidades estudas possuíam serviço de fisioterapia respiratória
disponível. No entanto, apenas 14% das unidades neonatais exclusivas estudadas possuíam
fisioterapia respiratória em tempo integral. Este percentual foi de 21% nas unidades
pediátricas exclusivas e 6,6% nas mistas (correspondendo a uma unidade mista). A
fisioterapia respiratória tem sido usada amplamente para aumentar a desobstrução de vias
aéreas e evitar e tratar atelectasias. No entanto, as evidências na literatura de que estas
técnicas, de fato, reduzam a morbidade de crianças e recém-nascidos ventilados ainda são
escassas.76
Em relação à elevação da cabeceira do leito, sabidamente importante na prevenção de
pneumonia associada a ventilação mecânica,77,78,79 a maioria dos pacientes, tanto neonatais
quanto pediátricos encontravam-se em 0 a 30 graus de inclinação. A elevação de cabeceira do
leito entre 30 e 45 graus foi mais evidente na população pediátrica (tabela 36). A elevação a
45 graus foi observada apenas em 10,6% das UTIP e 4% das subunidades neonatais das
UTIPm. A conscientização da equipe de saúde quanto a necessidade do uso de cabeceira
elevada em pacientes ventilados é fundamental na rotina das unidades, de modo a alterar o
cenário descrito.
128
O suporte nutricional é sabidamente importante para a otimização do tratamento de
pacientes criticamente enfermos.80,81 A maioria das unidades estudadas estava utilizando
algum tipo de nutrição para os pacientes em ventilacao mecânica (tabela 35). A
broncoaspiração de conteúdo gástrico em pacientes ventilados é um fator de risco para o
desenvolvimento de pneumonia.82 O uso de nutrição enteral pós-pilórica foi encontrada em
maior percentual nas unidades pediátricas exclusivas (53,5%). No entanto, Ho e
colaboradores publicaram em 2006 uma meta-análise realizada em adultos,83 que não
demonstrou benefícios do suporte enteral pós-pilórico quando comparado ao enteral gástrico
em pacientes sem comprometimento do esvaziamento gástrico. O uso da nutrição enteral pós-
pilórica foi menos observada nas unidades mistas (16,7 % nas subunidades neonatais e 17,8%
nas subunidades pediátricas) e muito pouco utilizada nas unidades neonatais exclusivas
(4,3%), onde a dieta enteral gástrica associada ou não à nutrição parenteral total foi a mais
utilizada. Estes achados são importantes pois uma revisão da Cochrane publicada em 2007 84
comparando suporte enteral gástrico e transpilórico em prematuros não demonstrou benefícios
da nutrição enteral transpilórica nesta faixa etária de pacientes, demonstrando, ainda, efeitos
adversos secundários ao seu uso nestes pacientes, não sendo recomendado seu uso em recém-
nascidos prematuros.
Um dado que deve também ser comentado é o uso do protetor de mucosa gástrica
predominante na população pediátrica das unidades estudadas (92,3% das UTIP e 71,4% das
subunidades pediátricas das UTIPm) e seu uso em menor escala nos recém-nascidos. Entre as
unidades neonatais exclusivas, apenas 11,4% utilizavam protetor de mucosa gástrica nos
pacientes ventilados. Este percentual foi de 36,1% nas subunidades neonatais das UTIPm,
diferença relevante quando comparadas às unidades neonatais exclusivas. Uma das
explicações para esta diferença poderia ser a experiência deste uso pela equipe de saúde das
unidades mistas em pacientes pediátricos, extrapolando seu uso para os pacientes neonatais.
129
7. Conclusões
A prevalência de ventilação mecânica nas unidades neonatais e pediátricas é bastante
variada. Nas UTI neonatais é maior na região metropolitana do que no interior. Nas UTI
pediátricas e mistas, não há diferenças entre as duas regiões. Nas UTI públicas, a prevalência
global de ventilação mecânica é significativamente maior nas unidades neonatais em todo o
estado e nas unidades mistas localizadas na região metropolitana.
Nas UTI neonatais exclusivas, a idade gestacional média dos recém-nascidos
ventilados está entre 31 e 32 semanas, sendo maior nas unidades mistas (35 semanas). Nas
UTI pediátricas, tanto nas exclusivas, quanto nas mistas, o predomínio é de lactentes e pré-
escolares. O tempo médio de ventilação mecânica é maior nos recém-nascidos. Na maioria
das unidades, a ventilação mandatória intermitente, sincronizada ou não, ainda é o modo
ventilatório mais utilizado, mesmo quando há disponibilidade de ventiladores que
proporcionem outras alternativas. As estratégias ventilatórias convencionais são
predominantes e os ventiladores mais utilizados são os ciclados a tempo, com pressão
limitada. A ventilação não-invasiva não é praticada rotineiramente nas UTI pediátricas, sendo
seu uso, no entanto, bastante difundido nas UTI neonatais.
Este estudo oferece uma descrição detalhada de como se pratica a ventilação mecânica
nas UTI pediátricas e neonatais do estado do Rio de Janeiro. O conhecimento dessas práticas
é uma importante ferramenta para o desenvolvimento de estratégias que permitam melhorar a
qualidade da assistência nas unidades de terapia intensiva neonatais e pediátricas em nosso
meio.
130
8. Limitações
A primeira limitação se dá pelo desenho transversal do estudo, pois se trabalha com
casos em um único momento do tempo e sabe-se que determinadas doenças são mais
prevalentes em certas épocas do ano do que em outras, com variações na forma de ventilar de
acordo com a fisiopatologia envolvida. No entanto, pelo fato de a ventilação mecânica em
UTI pediátricas ser um evento de prevalência relativamente alta (30 a 64%) 5,6,28,29 e o estado
do Rio de Janeiro não ter estações climáticas bem definidas (por exemplo, epidemias de
infecção por virus sincicial respiratório e consequente aumento do número de internações por
bronquiolite no inverno),5,33 considera-se haver uma maior homogeneidade das indicações e
da prevalência de ventilação pulmonar mecânica ao longo do ano, tornando este tipo de
desenho de estudo adequado aos objetivos epidemiológicos a que o estudo se propõe.
Outra limitação é o fato de o estudo ter sido realizado durante um longo período de
tempo, de janeiro de 2006 a agosto de 2008 (32 meses), podendo se considerar a hipótese de
mudanças nas práticas correntes de ventilação pulmonar mecânica neste período. Entretanto,
apesar do tempo prolongado da coleta de dados, acredita-se que esta limitação possa ser
minimizada pelo fato de, neste intervalo de tempo, não ter havido nenhuma série de
publicações que tenham tido grande impacto nas práticas de ventilação mecânica, como
ocorreu, por exemplo, após os diversos estudos56,85,86 que preconizam uma estratégia
ventilatória protetora para pacientes com lesão pulmonar aguda (LPI) e síndrome do
desconforto respiratório agudo (SDRA), com grande impacto e mudança na forma de ventilar
pacientes com estas doenças.
Outra limitação que deve ser colocada é o caráter voluntário de participação das
unidades no estudo, o que resultou na exclusão de 23 (22%) das unidades. Houve ainda a
perda de 28 unidades, excluídas por não apresentarem pacientes em ventilação mecânica ou
apenas pacientes ventilados por mais de 30 dias. Apesar do número final de unidades (n= 52)
131
parecer pequeno dentro do total de 103 unidades no estado do Rio de Janeiro, este número foi
significativo, pois trabalhamos com todas as unidades que nos deram permissão para o estudo
e que preenchiam os critérios de inclusão para o mesmo, o que resultou em toda a amostra
disponível no estado.
132
Referências
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139
APÊ�DICE A – QUESTIO�ÁRIO 1.Número da Unidade 1. 2.Data da coleta dos dados 2. / / 3.Número do paciente no estudo 3. 4.Registro do paciente no hospital
4.
5.Sexo: 0- masculine 1- feminine
5.
6.Idade: 0- Recém nascido (0-1 mês) 1- Lactente (1mês-12 meses) 2- Pré-escolar (1 ano-6 anos) 3- Escolar (7 anos-12 anos) 4- Adolescente (13-18 anos)
6.
7. Se recém nascido, anote a idade gestacional (em semanas completas). Se não for recém-nascido, anote 0 (zero)
7.
8. Se recém nascido, método utilizado para cálculo da idade gestacional: 0- Não é recém-nascido 1- Ultra-sonografia 2- Ballard 3- DUM 4- Capurro
8.
9. Se recém nascido, classificação peso x idade gestacional: 0- Não é recém-nascido 1- AIG 2- GIG 3- PIG
9.
10. Se recém nascido, idade atual (em dias de vida).Se não for RN, anote 0 (zero) 10. 11. Peso atual do paciente (em gramas) 11. 12. Se recém nascido, peso de nascimento (em gramas) 12. 13. Uso de Escore Prognóstico na admissão 0- Não 1- Sim (CRIB, PRISM, PIM, outros)
13.
14. Qual o escore utilizado? 0- Não utiliza 1- CRIB 2- PRISM 3- PIM 4- Outros: Qual? ____________________________
14.
15. Número de dias na UTI (anote 0 se < 24horas):
15.
16. Está em uso de ventilação? 0-Não 1-Sim, invasiva 2-Sim, não-invasiva
16.
17. Data de início da ventilação 17. / / 18. Tempo total de suporte ventilatório (em dias. Anote 0 se < 24horas) 18. APÊ�DICE A –QUESTIO�ÁRIO (CO�TI�UAÇÃO)
140
19. Tempo total de ventilação invasiva (em dias. Anote 0 se < 24 h) 19. 20. Tempo total de ventilação não-invasiva pré-intubação (em horas) 20. 21. Tempo total de ventilação não-invasiva pós-extubação (em horas) 21. 22. Modo de acesso à via aérea (atual): 0. Intubação traqueal sem balonete 1. Intubação traqueal com balonete 2. Intubação nasotraqueal sem balonete 3. Intubação nasotraqueal com balonete 4. Máscara facial 5. Máscara nasal 6. Pronga nasal 7. Traqueostomia
22.
23. Modo de acesso à via aérea anteriores (se apenas um modo, anotar no quadrado ao lado. Se mais de um modo, anotar 8 no quadrado ao lado e no sub-item 8, anotar a seqüência de uso em ordem crescente): 0. Intubação traqueal sem balonete 1. Intubação traqueal com balonete 2. Intubação nasotraqueal sem balonete 3. Intubação nasotraqueal com balonete 4. Máscara facial 5. Máscara nasal 6. Pronga nasal 7. Traqueostomia 8. Mais de um. Quais? _______________________________
23.
24. Caso tenha sido traqueostomizado durante este período de ventilação mecânica, quanto tempo (em dias) após a intubação traqueal a traqueostomia foi realizada? (anotar 0 se < 24h; anotar 999 se o paciente já tiver uma traqueostomia antes da ventilação atual)
24.
25. Qual a indicação para o início da ventilação mecânica? (causa predominante) 0. Agudização da doença de base (doença restritiva, broncodisplasia pulmonar; mucoviscidose, etc...) 1. Coma (pacientes que foram a VM devido à perda de consciência secundária a condições orgânicas ou metabólicas - encefalopatia hepática, hemorragia cerebral, erros inatos do metabolismo) 2. Doença neuromuscular 3. Convulsão 4. SDRA 5. Pós-operatório 6. Edema pulmonar agudo/ICC (pacientes com dispnéia, infiltrado alveolar bilateral, hipoxemia e evidência de doença cardíaca, ou pacientes em choque cardiogênico) 7. Broncoaspiração (visualização de conteúdo gástrico nas VAS ou no aspirado traqueal) 8. Pneumonia (desenvolvimento de novo infiltrado alveolar ou piora de infiltrados alveolares prévios, acompanhados de febre/hipotermia, leucocitose/leucopenia) 9. Sepse/Choque séptico 10. Trauma
25.
141
11. Bronquiolite 12. Asma aguda 13. Doença de membrana hialina 14. Taquipnéia transitória do recém-nascido 15. Síndrome de aspiração meconial 16. Asfixia perinatal aguda 17. Cardioapatia congênita 18. Outra causa. Qual? _________________________ Responder as perguntas seguintes (26 e 27) de acordo com a seqüência abaixo: 0- Inter-3 simples 1- Inter-3 com sincronizador 2- Inter-�eo 3- Inter-5 4- Inter 5 Plus 5- Inter 5 Plus-VAPS 6- Takaoka Monterrey 7- Takaoka Aspen 8- Bird-6400 9- Bird-8400 10- Viasys Vella 11- Viasys Avea 12- Bourns BP-200 13- Infant Star 14- �ewport Wave 15- �ewport E-500 16- Siemens 300 17- Siemens 900 18- Siemens Servo-i 19- Drager Baby-Log simples 21- Drager Baby-Log com alta freqüência 20- Drager Evita 21- Drager Sensor Medics (HFV) 22- Outros 26. Ventilador em uso no momento Se a resposta for 22 (outros), quais? ________________________________
26.
27. Ventilador utilizado anteriormente Se a resposta for “não utilizou outro ventilador”, anotar 99 Se a resposta for 22 (outros), quais? ________________________________
27.
Responder as perguntas seguintes (28 e 29) de acordo com a seqüência abaixo: 0- TCPL (IMV) 1- SIMV (PL) 2- SIMV (PCV) 3- SIMV (VCV) 4- SIMV (PCV) + PSV 5- SIMV (VCV) + PSV 6- Assisto-controlada (PCV)
142
7- Assisto-controlada (VCV) 8- PSV + CPAP 9- CPAP traqueal somente 10- PRVC 11- VAPS 12- Volume suporte 13- HFV (alta freqüência) oscilatória 14- HFV (alta freqüência) por interrupção de fluxo 15- V�I (ventilação não-invasiva) - CPAP 16- V�I (BiPAP) 17- V�I (IMV por pronga nasal) 18- Outra, qual? ____________________________________________ 28. Tipo de ventilação do paciente no momento
28.
29. Tipo de ventilação do paciente anteriomente Se a resposta for “não utilizou outro tipo de ventilação”, anotar 99 Se aresposta for “mais de uma”, quais? ______________________________
29.
Responder as perguntas seguintes (30 e 31) de acordo com a seqüência abaixo: 0- Óxido nítrico 1- Heliox 2- Estratégia protetora (recrutamento alveolar +PEEP elevado + PIP < 30 + Vt<8 mL/k) 3- Posição prona 4- Relação I:E invertida 5- �enhuma das anteriores 6- Mais de uma? 30. Estratégia ventilatória adotada no momento Se a resposta for 6 (mais de uma), quais? ____________________________
30.
31. Estratégia(s) ventilatória(s) adotada(s) anteriormente Se a resposta for “a mesma do momento”, anotar 99 Se a resposta for 6 (mais de uma), quais? ____________________________
31.
Responder as perguntas seguintes (32 a 46) em relação aos parâmetros respiratórios existentes no momento (atuais): SE A RESPOSTA FOR “�ÃO SE APLICA”, A�OTAR 99 32- PIP 32. 33- PEEP 33. 34- Pressão Platô 34. 35- Pressão PSV 35. 36- Pressão Médias nas Vias Aéreas (MAP) 36. 37- Volume corrente programado 37. 38- Volume corrente expirado 38. 39- Fluxo 39.
143
40- Tempo inspiratório 40. , 41- Tempo expiratório 41. , 42- Tempo expiratório (1: ....) 42. , 43- Freqüência do ventilador (em irpm, se em ventilação convencional) 43. 44- Freqüência do ventilador (em Hertz, se em HFV) 44. 45- Amplitude (em cmH2O, se em HFV) 45. 46- FiO2 46. 47- Relação PaO2/FiO2 (calcular pela PaO2 e FiO2 do momento da última gaso) 47. 48- Índice de oxigenação (MAP x FiO2 x 100) / PaO2 48. Responder as perguntas seguintes (49 a 65) em relação aos parâmetros respiratórios utilizados anteriormente (registrar apenas os parâmetros máximos utilizados): SE A RESPOSTA FOR “�ÃO SE APLICA”, A�OTAR 99 SE A REPOSTA FOR “IGUAL AO ATUAL”, A�OTAR 98 49- PIP 49. 50- PEEP 50. 51- Pressão Platô 51. 52- Pressão PSV 52. 53- Pressão Médias nas Vias Aéreas (MAP) 53. 54- Volume corrente programado 54. 55- Volume corrente expirado 55. 56- Fluxo 56. 57- Tempo inspiratório 57. , 58- Tempo expiratório 58. , 59- Tempo expiratório (1: ....) 59. , 60- Freqüência do ventilador (em irpm, se em ventilação convencional) 60. 61- Freqüência do ventilador (em Hertz, se em HFV) 61. 62- Amplitude (em cmH2O, se em HFV) 62. 63- FiO2 63. 64- Relação PaO2/FiO2 64. 65- Índice de oxigenação (MAP x FiO2 x 100) / PaO2 65. 66. Utiliza algum parâmetro de gravidade ventilatória? 0- Não 1- Sim
66.
67. Que parâmetro de gravidade ventilatória utiliza? 0- Não utiliza 1- PaO2/FiO2 2- IO 3- outro ___________
67.
68. Encontra-se em processo de desmame ventilatório no momento? 0- Não 1- Sim
68.
69. Se estiver em processo de desmame ventilatório, qual o método utilizado? 0- Não está em desmame agora 1- IMV ou SIMV - redução da FR
69.
144
2- SIMV + PSV 3- PSV + CPAP (ou PEEP) 3- Peça T 4- Outro, qual? ______________________________________________ 70.Usa protocolo de desmame ventilatório? 0- Não 1- Sim, qual?
70.
71. Qual o sistema de termo-umidificação utilizado durante a ventilação? 0- Filtro higroscópico 1- Termo-umidificador / nebulizador 2- Não utiliza
71.
72. Que sistema de aspiração do tubo traqueal está utilizando no momento? 0- fechado 1- aberto 2- Não utilize
72.
73. Quem aspira o tubo traqueal / traqueostomia? 0- Regularmente apenas a enfermagem 1- Regularmente apenas a fisioterapia 2- Regularmente apenas o médico 3- Regularmente enfermagem + fisioterapia 4- Regularmente enfermagem + médico 5- Regularmente fisioterapia + médico
73.
74. Fisioterapia respiratória no setor? 0- sim 1- não
74.
75. Se houver fisioterapia no setor, qual o regime de trabalho? 0- Não há fisioterapia no setor 1- Em alguns períodos 2- Tempo integral
75.
76. Qual o suporte nutricional do paciente no momento? 0- Dieta Zero 1- NPT 2- Enteral gástrica 3- Enteral pós-pilórica
76.
77. Qual a inclinação da cabeceira do leito no momento? 0- zero grau 1- elevada entre 0 e 30 graus 2- elevada entre 30 e 45 graus 3- elevada a 45 graus
77.
78. Está usando protetor de mucosa gástrica no momento? 0- Não 1- Sim
78.
79. Qual o protetor de mucosa gástrica em uso? 0- Não está em uso 1- Bloqueador H2 (ranitidina ou cimetidina) 2- Inibidor da bomba de prótons (omeprazol ou pantoprazol) 3- Sucralfato 4- Sulfato de Magnésio ou similar
79.
80. Assinale as complicações relacionadas à ventilação mecânica neste caso? 80.
145
0- Não houve complicações até o momento 1- Pneumonia 2- Pneumotórax 3- Pneumomediastino 4- Enfisema intersticial 5- Outras, quais? __________________________________________ 6- Mais de uma, quais? ______________________________________ 81. Houve extubação acidental neste paciente? 0- Não 1- Sim, 1 vez 2- Sim, > 1 vez, quantas? _____________________________________
81.
82. Houve tentativas de desmame sem sucesso anteriormente? 0- Não 1- Sim, 1 vez 2- Sim, > 1 vez, quantas? ______________________________________
82.
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