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Temáticas transdisciplinares Sessões especiais de orientação acadêmica ENERGIA Este texto de trabalho foi elaborado pelo Grupo SOA com vistas exclusivamente ao debate no âmbito do Pré-Vestibular Social Foto: Zsuzsanna Kilian. Disponível em: http://www.sxc.hu/photo/980459 Pré-Vestibular Social Grupo SOA • Suporte à Orientação Acadêmica

Pré-Vestibular Social a movimentação efi ciente de pessoas, A poesia das estrelas O poeta Olavo Bilac, por exemplo, gostava de “ou-vir as estrelas”. Atualmente, os moradores

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Temáticas transdisciplinaresSessões especiais de orientação acadêmica

ENERGIA

Este texto de trabalho foi elaborado pelo Grupo SOA com vistas exclusivamente ao debate no âmbito do Pré-Vestibular Social

Foto: Zsuzsanna Kilian. Disponível em: http://www.sxc.hu/photo/980459

Pré-Vestibular SocialGrupo SOA • Suporte à Orientação Acadêmica

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PRÓLOGODentre as temáticas transdisciplinares escolhidas pelo Grupo SOA a serem discutidas, em 2013, junto aos tu-

tores e alunos com vistas à preparação para o ENEM e demais provas de acesso às universidades, a ENERGIA é a que apresenta maior abrangência e complexidade.

Frequentemente nos noticiários de televisão, manchetes em jornais e capas de revistas encontram-se matérias a respeito da energia. Países debatem sobre o assunto, empresas discutem qual a melhor forma de produção de energia, quais as consequências, com qual delas viabiliza-se da melhor maneira o desenvolvimento econômico, dentre outras questões. Mas afi nal, o que é energia? Para que a utilizamos? Qual a melhor forma de aprovei-tarmos os recursos energéticos de cada país? Como se enquadra o Brasil nessa perspectiva?

Ao falarmos sobre o ENEM e os vestibulares, é fundamental considerarmos uma notável tendência das ban-cas em averiguar não somente se o candidato tem conhecimentos técnicos, mas também seu posicionamento crítico e político diante de questões sociais. Uma vez que as temáticas relativas à Energia vêm sendo ampla-mente discutidas no mundo contemporâneo, devemos valorizar a refl exão acerca do assunto, viabilizando uma compreensão mais abrangente dos processos políticos, históricos, econômicos e ambientais que o permeiam. Nesse sentido, queremos sinalizar o fato de que não basta somente acumular defi nições ou informações sobre o tema: é fundamental que o candidato exercite o senso crítico, partindo de um dos princípios mais citados nos editais, seja de forma explícita ou implícita: a cidadania.

Foto: ilker. Disponível em: http://www.sxc.hu/photo/1034094

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INTRODUÇÃOA energia exerce um papel fundamental na formação, existência e transformação das coisas ou da matéria.

Ela está presente, entre outros fenômenos, no equilíbrio/desequilíbrio dos átomos, nas trocas celulares, no meta-bolismo dos seres vivos, no funcionamento de um carro, na explosão de uma bomba atômica, no equilíbrio do sistema solar, no deslocamento dos astros e na expansão acelerada do universo.

O Sol, uma gigantesca usina nuclear natural a cerca de 150 milhões de quilômetros, é a principal fonte de energia do planeta Terra. É ele que vaporiza toneladas de água, permitindo que vençam a força da gravidade e se elevem por quilômetros atmosfera acima para depois caírem como chuva, abastecendo rios e represas. Ou que provoca os ventos pelo aquecimento desigual da superfície terrestre e dos mares, criando zonas de baixa pressão e o consequente deslocamento de camadas da atmosfera. É, ainda, a luz solar o combustível essencial à fotossíntese das plantas verdes. Ao crescerem fi xando o dióxido de carbono da atmosfera, esses vegetais se tornaram a base de toda cadeia alimentar da Terra e contribuíram, há milhões de anos, para a formação de nossas reservas de carvão, petróleo e gás. É ele que fornece luz (energia luminosa) e calor (energia térmica) para o planeta Terra e estes são transformados em diversas outras formas de energia: elétrica, metabólica, nuclear, eólica, sonora etc.

O termo energia pode também ser relacionado ao campo do misticismo, denominando-se Energia Vital ou Fluido Vital, força que move a vida ou o que liga o corpo à alma. Algumas religiões e culturas defendem que a Energia Vital pode ser renovada por práticas variadas: a alimentação saudável, o exercício físico, o compor-tamento e as emoções controladas, os chamados “passes” em centros espíritas, as técnicas orientais, como o Reiki, que visam ao equilíbrio energético do corpo, sintonia com a Natureza, entre outros. Apesar de não com-provadas cientifi camente essas interpretações são importantes dentro do conjunto cultural de muitas sociedades.

Portanto, se você estava esperando um conceito bastante formal, com ideias organizadas em uma única frase que pudesse descrever bem o que é energia, acreditamos que fi cará um tanto decepcionado. Na verdade, não existe conceito ou defi nição mais exata, o termo pode ser encontrado em diversos contextos diferentes.

Costuma-se relacionar a energia com a capacidade de realizar trabalho, por exemplo, na Física. Normal-mente, o trabalho está relacionado a uma ação, uma “tarefa”. Para realizar essa “tarefa” é preciso utilizar certa quantidade de energia. Ao aplicarmos uma força para arrastar um carrinho de compras, por exemplo, é realizado trabalho. Para arrumar a parte de cima de um guarda-roupa, precisam-se erguer os objetos e nesse caso também é realizado um trabalho.

Dessa maneira, seu papel foi fundamental no desenvolvimento humano, já que o homem necessitou ao longo da História transformar a natureza e esse processo necessitou cada vez mais de trabalho e, consequentemente, de mais energia. Nos primórdios, a energia gerada pelo fogo foi utilizada para cozinhar alimentos, facilitando sua ingestão e digestão. Essa inovação permitiu que o homem desenvolvesse evolutivamente seu cérebro, já que a carne é rica em proteínas indispensáveis para os processos celulares. Hoje, o homem não a utiliza apenas para as necessidades vitais, mas também para seu conforto, inclusive de forma desnecessária. Essa demanda energética exacerbada requer mais fontes produtoras, mais meios de transmissão, maior custo e maior dano ao meio ambiente. Tornou-se, então, um indicativo de desenvolvimento o fato de um país produzir mais energia.

Para suprir as necessidades do mundo contemporâneo, utilizam-se os recursos naturais para geração de energia, desde as fontes renováveis às que não são renováveis, como o petróleo. É preciso ter em conta que estamos diante de um debate em torno da matriz energética, ou seja, do conjunto de fontes de energia uti-lizadas por cada país. Logo, é importante considerar a distribuição geográfi ca dos recursos energéticos e a dependência de alguns fatores, bem como as escolhas políticas que infl uenciam na variação da combinação energética de cada país.

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A LUTA DO HOMEM PELA APROPRIAÇÃO DA ENERGIA

As atividades humanas são – e sempre foram – dependentes do uso de diversas formas e fontes de energia para executar o trabalho. A energia é o potencial que permite tanto o movimento quanto a modifi cação da ma-téria (por exemplo, a produção de aço através da combinação de ferro e carbono). A quantidade de energia de determinada fonte é aquela disponível por unidade de peso ou volume, mas o grande desafi o é extrair e utilizar esta energia de maneira efi caz.

Os caminhos percorridos na História da humanidade nos mostram que a escolha de uma fonte de energia depende de um número de fatores que envolveram questões geográfi cas, históricas, culturais e ambientais. Até a Revolução Industrial dos séculos XVIII e XIX, as necessidades humanas de energia permaneciam modestas e dependiam basicamente da força dos animais, do fogo, do vento e do próprio homem, por meio do trabalho livre ou em muitos casos em regime de escravidão. A partir dela, os esforços foram feitos para aumentar a produtividade do trabalho através de máquinas, o que modifi cou consideravelmente diversos aspectos da hu-manidade, bem como, permitiu uma maior intervenção do homem sobre a natureza.

Tal intervenção deveu-se não apenas às necessidades de matéria-prima, mas também de fontes de energia para o novo mundo que então surgia. As interferências não se limitaram apenas a variantes objetivas e consta-táveis a olho nu, como a alteração das paisagens nas cidades com o incremento da urbanização. Os impactos das ações humanas na busca por fontes de energia também apresentam, muitas vezes, desdobramentos menos concretos, mas nem por isso, de menor relevância social.

O desenvolvimento da máquina a va-por e geração e distribuição de energia elétrica ao longo de distâncias considerá-veis também alteraram o padrão espacial de indústrias de transformação pela pro-dução libertadora a partir de uma ligação direta a um sistema de energia fi xa. En-quanto nos estágios iniciais da revolução industrial as fábricas eram localizadas perto de fontes de energia ou matérias--primas, meios de transporte de massa e novas fontes de energia, principalmente a eletricidade, permitiram uma maior fl exibi-lidade de localização.

No fi nal do século XIX e início do sé-culo XX, o consumo de energia cresceu rapidamente, dobrando a cada década – motivado pela industrialização, pelo avanço nos meios de transporte e pela redução dos custos de produção. O de-senvolvimento e comercialização do mo-tor de combustão interna, nomeadamente em equipamentos de transporte, possibili-tou a movimentação efi ciente de pessoas,

A poesia das estrelasO poeta Olavo Bilac, por exemplo, gostava de “ou-

vir as estrelas”. Atualmente, os moradores de grandes centros urbanos fi cariam felizes apenas se conseguissem ver as estrelas. Por que apesar de estarem lá não é pos-sível vê-las? A energia elétrica excessiva utilizada nas grandes cidades somada à poluição do ar é responsável por impossibilitar a visão das estrelas. Esse excesso de luminosidade é chamado de “poluição luminosa”. Além de estragar o namoro à luz de estrelas, essa poluição representa, muitas vezes, um péssimo planejamento de iluminação de vias públicas o que acarreta em grave desperdício de recursos públicos.

Além disso, as estrelas são um belíssimo recurso natu-ral a que todos os seres têm direito. Os jovens da cidade não sabem se guiar por elas, não enxergam os signos do zodíaco e, muitas vezes, não entendem as referên-cias literárias criadas a partir delas. Ou seja, a belíssima construção de Camões quando ele se refere à surpresa de que é ver “as Ursas banharem-se nas águas” pode não ser bem interpretada pelos jovens portugueses sim-plesmente porque eles não conseguem mais enxergar as Ursas.

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de mercadorias, de informação, e estimulou o desenvolvimento da rede de comércio global. Hoje, o setor de transportes é responsável por uma parcela crescente da quantidade total de energia gasta para a implantação, operação e manutenção da faixa de alcance internacional das atividades humanas.

No decorrer do século XX, o consumo de energia se manteve alto, mas isso não consistia em um problema tendo em vista as enormes reservas de energia capazes de atender às necessidades futuras da humanidade. A mudança drástica ocorreu na década 1970 com os choques do petróleo (1973 e 1979) que colocaram o planejamento energético no centro da política dos países. No decorrer da década de 1980, com a redução dos preços do petróleo, a energia perde força no cenário político culminando, na década de 1990, na redução do papel do Estado no setor energético pela adoção de políticas neoliberais e desregulação do setor.

Além disso, uma das principais questões contemporâneas é que muitas das reservas não podem ser explora-das a custos razoáveis, como a energia solar, ou são distribuídas de forma desigual ao redor do mundo, como o petróleo. A distribuição desigual além de permitir o comércio entre os países também é um dos elementos responsáveis pela persistência dos confl itos em torno de reservas compondo uma verdadeira geopolítica das fontes de energia. Mais recentemente indaga-se ainda sobre os impactos ambientais no que diz respeito às fontes de energia. Tendo em vista que quase 85% do consumo de energia são oriundos da tríade formada pelo petróleo, carvão mineral e gás natural e que essas fontes encontram-se sob a ameaça do esgotamento das reservas, variação de preços no mercado internacional, bem como, contribuem para a crise ambiental. Todos esses fatores levam à retomada do tema energia na pauta das políticas nacionais motivada pela segurança energética e pelo aquecimento global.

Portanto, a diversifi cação da matriz energética tem sido uma constante das políticas dos países desenvolvidos e em desenvolvimento. A “segurança energética”, ou seja, a garantia de energia barata e durável é essencial para o crescimento econômico e para o desenvolvimento dos países. Além disso, de maneira secundária, o uso efi ciente de energia e a sustentabilidade dentro do planejamento dos Estados nacionais também são questões que aparecem impostas pelo problema do aquecimento global.

Nesse sentido, os países têm buscado garantir recursos energéticos de baixo custo, inesgotáveis e que pos-sam ser produzidos preferencialmente em seus próprios territórios. As energias renováveis apresentam-se como solução, apesar dos problemas de armazenamento, intermitência da produção e dos custos. Entretanto, seu desenvolvimento confronta-se com a inércia dos sistemas produtivos atuais e com as lógicas de rentabilidade dos produtores de energia. No momento, é muito mais rentável construir uma central elétrica de gás, ou mes-mo de carvão, do que instalar painéis solares ou moinhos de energia eólica. Sem uma forte vontade política e a intervenção dos Estados (pela via da política fi scal ou da fi xação de normas), a transição energética será demorada.

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FONTES DE ENERGIACARVÃO MINERAL

Dentre os combustíveis fósseis, o carvão mineral é o mais abundante na natureza e se forma a partir do soterramento de fl orestas, em bacias sedimentares, ocorrido há milhões de anos. Esse processo de formação do carvão mineral é chamado de hulheização.

O carvão mineral exerceu o papel de prin-cipal matriz energética na primeira Revolução Industrial permitindo, pela sua abundância em parte dos países europeus, o desenvolvimento de tecnologias baseadas no vapor d’água. De-vido ao seu maior poder calorífi co, o carvão mineral libera mais energia em relação ao car-vão vegetal e outras fontes. Isto permitiu o de-senvolvimento industrial e dos meios de trans-porte, levando à ligação com novas e distantes áreas e ao domínio dos mercados mundiais. Além disso, mesmo após a gradativa substitui-ção da energia a vapor e das caldeiras pela eletricidade e redes de transmissão, o carvão também passou a ser usado para a geração de energia elétrica, nas usinas termoelétricas.

Apesar dos impactos ambientais , como a chuva ácida, e de ter perdido a importância em relação ao petróleo, o consumo de carvão mineral – cujas jazidas ainda são abundantes – mantém-se alto. O processo de industrialização e crescimento econômico de alguns países, como China e Índia, é em boa me-dida sustentado por essa fonte energética.

No Brasil, o carvão mineral tem uma participação muito pequena na matriz energética e seu principal uso ocorre na indústria siderúrgica além, é claro, da geração de energia elétrica. O carvão mineral brasileiro é considerado de baixa qualidade, por isso, mais de 98% do carvão que utilizamos é importado. As reservas brasileiras – que ainda são sufi cientes para mais 500 anos – estão situadas na região Sul sendo Santa Catarina o maior produtor do produto. Durante a Primeira Guerra Mundial, essa dependência do fornecimento de carvão europeu – cuja importação se tornara difícil e muito cara – trouxe sérias difi culdades para muitas companhias ferroviárias, que foram obrigadas a recorrer ao coque brasileiro (combustível derivado do carvão betuminoso - hulha) e mesmo ao carvão vegetal para movimentar suas locomotivas.

VANTAGENS DESVANTAGENS• Tecnologia para produção de

energia é simples e barata• Facilidade de transporte e

armazenamento• Reservas abundantes

• Libera dióxido de carbono contribuindo para o aquecimento global• Libera dióxido de enxofre contribuindo para a chuva ácida• A extração é responsável pela modifi cação da paisagem e em

alguns casos pela remoção de população• Recurso não renovável

O que é a chuva ácida?

A chuva ácida ocorre quando os gases derivados do enxofre e nitrogênio (SOx e NOx) liberados pela queima do carvão e do petróleo reagem com o va-por d’água. Os ácidos sulfúrico e nítrico produzidos afetam o ambiente. A presença desses ácidos na chu-va diminui o pH, o que favorece também a corrosão de prédios e monumentos. O problema é comum nos países de antiga industrialização, mas ainda mais evidente nos Tigres Asiáticos devido a sua legislação ambiental permissiva.

Foto: Adam Jakubiak. Disponível em: http://www.sxc.hu/photo/1098052

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PETRÓLEOO petróleo é, desde a invenção do mo-

tor a explosão, a fonte energética mais im-portante do mundo. É classifi cado como um combustível fóssil, pois é produzido pela de-composição de matéria orgânica ao longo de milhares de anos sob pressão e tempe-raturas diversas. Trata-se de um recurso não renovável que, ao ser refi nado, gera diver-sas outras substâncias: gases, óleo diesel, querosene, gasolina, álcool, asfalto, etc.

A combustão de seus derivados (gaso-lina, diesel e querosene) é utilizada como força motriz de boa parte dos meios de transporte: motocicletas, carros, tanques de guerra, helicópteros, trens aviões e navios. O petróleo também é utilizado em larga es-cala nas termoelétricas e na indústria petro-química. Dessa forma, a posse ou o controle da produção, do refi no e da distribuição do petróleo tornou-se estratégica na geopolíti-ca desde o século XX. Nas disputas entre Estados e grandes companhias petroleiras, tiveram origem diversos confl itos armados, dentre os quais podemos destacar os ocorri-dos no Oriente Médio.

Na Guerra do Suez (1956), também co-nhecida como Segunda Guerra Árabe-Isra-elense, Israel atacou o Egito em represália pela nacionalização do Canal de Suez, por onde passam os petroleiros entre o Mar Ver-melho e o Mar Mediterrâneo. Após a der-rota das forças egípcias e sírias na Guerra do YomKipur (1973), os países árabes que eram membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) decidiram cortar o fornecimento de petróleo aos alia-dos de Israel e impuseram um embargo con-tra EUA, Europa Ocidental e Japão, dando início à crise do petróleo. Após a Revolução Iraniana (1979), a república fundamentalis-ta reviu as relações trabalhistas dos petro-leiros, nacionalizou as empresas e jazidas e cortou temporariamente as exportações, levando ao aumento de 1000% no preço

OPEP e as Sete IrmãsAté o fi m da década de 1950 as sete irmãs (como fi caram conhecidas as maiores empresas petrolíferas: Exxon, Mobil, Chevron, Texaco, Gulf, BP e Shell, que posteriormente se fundiram, tornando-se quatro) domi-naram o cenário petrolífero mundial. Contudo, com a criação da OPEP (1960) o controle sobre as reservas de petróleo passou aos seus detentores territoriais. Des-de então há uma grande rivalidade entre a OPEP e as Sete irmãs, que vem perdendo relevância no cenário petrolífero mundial.

Distribuição das reservas de petróleo pelo planeta. Unicamp, 2001.

Foto: Luiz Baltar. Disponível em: http://www.sxc.hu/photo/462560

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do barril. Como estratégia de “cordão sani-tário” para impedir que a situação se esten-desse aos países vizinhos, os EUA apoiaram a ascensão de Saddam Hussein ao governo do Iraque e uma guerra de oito anos contra o Estado iraniano (1980/1988), e a URSS in-vadiu e ocupou o Afeganistão (1979-1989). Na década de 1980, durante os governos de João Figueiredo e José Sarney, o Brasil estabeleceu uma relação de cooperação tecnológica e comercial com o Iraque, para venda de serviços de engenharia em troca do fornecimento de petróleo em condições vantajosas. Atuando como um braço do go-verno no país do Oriente Médio, a emprei-teira Mendes Júnior ganhou concorrências para construção da ferrovia Baghdad-Akashat, da rodovia Expressway e de uma estação de bombeamento de água no rio Eufrates em troca do fornecimento de petróleo para a Petrobras, que pagava em moeda brasileira e não em dólares.

A Guerra do Golfo (1990/1991) foi outro confl ito armado ocasionado pela disputa de poços fronteiriços entre o Iraque e o Kuwait, que levou à invasão iraquiana e à retaliação dos EUA em defesa dos interesses de suas empresas no Kuwait. O armistício não signifi cou a diminuição das tensões na região e manteve-se o an-tagonismo entre os governos iraquiano e estadunidense. EUA e Reino Unido lideraram a coalizão responsável por invadir o Iraque em 2003 e depor o ditador Saddam Hussein, julgado e condenado à morte por crimes contra a humanidade. A despeito dos investimentos feitos na economia do país desde então e dos esforços para estabelecer uma democracia representativa no país, o Iraque é ainda hoje um Estado bastante instável política e socialmente.

Até mesmo a luta dos estados Rio de Janeiro e Espírito Santo pelos royalties está pautada na disputa pelo petróleo e pelos benefícios econômicos gerados por ele. Resumindo: petróleo signifi ca poder e riqueza.

VANTAGENS DESVANTAGENS• Tecnologia para produção de energia é simples e barata• Facilidade de transporte e armazenamento• Descoberta de novas jazidas e de novas tecnologias de

exploração• Matéria-prima para diversos combustíveis e materiais

• Recurso não renovável• Libera dióxido de carbono contribuindo

para o aquecimento global• Risco de vazamentos e contaminação• Volatilidade do preço

Monteiro LobatoO famoso escritor Monteiro Lobato foi um dos gran-des incentivadores da indústria nacional petroleira e um dos principais críticos à ideia da inexistência de petróleo no território brasileiro. Em uma de suas obras, O escândalo do petróleo, chegou a dizer que o go-verno escondia dados sobre a existência de jazidas. A sua famosa obra infantil, Sítio do Pica-Pau Amare-lo, também tem uma referência a extração de petróleo no volume intitulado O poço do Visconde. Pelas suas obras e críticas ao governo Vargas, Monteiro Lobato foi censurado e preso. Curiosamente, Monteiro Lobato foi preso pelo general Horta Barbosa, um dos líderes da campanha nacionalista “O petróleo é nosso”.

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GÁS NATURALO gás natural é um hidrocarboneto resultante da decomposição de matéria orgânica fóssil e ocorre na

natureza frequentemente associado ao petróleo. Nos últimos anos, o gás natural teve seu consumo aumentado devido às incertezas do mercado internacional de petróleo, ao seu preço mais barato e a facilidade de transpor-te em dutos. Por outro lado, o mercado internacional de gás ainda é muito regionalizado devido às limitações inerentes a infraestrutura de transporte, os gasodutos. Contudo, uma nova tecnologia já permite que o gás seja liquefeito (GNL) permitindo a fl exibilidade no transporte de longas distâncias e no fornecimento do mesmo, já que seu volume é reduzido nessa transformação.

Além das termoelétricas, o aumento do consumo de gás natural está ligado também ao seu emprego nos setores industriais e de transporte.

As grandes reservas de gás natural estão no Golfo Pérsico, em países como Irã e Catar, responsável por 40% das reservas mundiais; a Rússia responsável por 25%; países da Ásia Central (Cazaquistão, Turcomenistão, etc.); e na América Latina, os destaques são a Venezuela e a Bolívia. A Rússia é responsável pelo fornecimento de boa parte do gás consumido na Europa e não raro o país utiliza o produto como forma de exercer pressão política nesses países, especialmente na Ucrânia. A Turquia, por outro lado, utiliza-se de sua posição geográfi ca privilegiada em relação ao acesso as reservas de gás natural do Mar Cáspio para pleitear uma vaga na União Europeia.

No Brasil, as principais regiões produtoras são as bacias de Campos e Solimões. Contudo, com o crescente consumo de energia em nosso país, houve a necessidade de construir um gasoduto Bolívia-Brasil que responde por 51% do gás consumido no país. Em 2006, o governo boliviano decidiu nacionalizar as reservas de gás natural, gerando um impasse diplomático que foi parcialmente resolvido com a renegociação dos preços e manutenção dos vínculos comerciais entre os países.

Bolívia e Chile possuem divergências territoriais históricas que até hoje impedem a existência de possíveis acordos comerciais entre as mesmas. A Argentina, grande importadora do gás boliviano, após o Brasil, atua como intermediadora entre estas nações, pois compra mais gás do que precisa para revender o excedente ao Chile, que possui uma grande demanda por este produto em razão de seu clima frio. Perante este fato, a estratégia geopolítica boliviana, para não provocar impasses com sua parceira comercial, é de não esboçar, claramente, reações contrárias a essa prática. Como estratégia geopolítica populista nacional, o presidente bo-liviano Evo Moralez, realizou em 2008, nacionalizações de refi narias da estatal brasileira, Petrobrás, contudo para evitar desavenças com seu maior parceiro comercial e não sofrer sanções junto à Organização Mundial do Comércio (OMC) comprou, posteriormente, por 112 milhões de dólares, as instalações da estatal brasileira em seu território. Contudo, graças às intervenções de Evo Moralez, no que diz respeito ao gás natural, a Bolívia vai superando algumas de suas graves difi culdades econômicas que fazem desse país um dos mais pobres da América Latina.

VANTAGENS DESVANTAGENS• Tecnologia para produção de energia é simples e

barata• Em comparação ao petróleo e ao carvão mineral

o gás natural quando queimado é muito menos poluente

• Recurso não renovável• Libera dióxido de carbono contribuindo para o

aquecimento global• Transporte ainda limitado

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HIDRELÉTRICANas usinas hidrelétricas, a

eletricidade é obtida pelo apro-veitamento das águas dos rios, cujo princípio básico é a força hidráulica. Do ponto de vista econômico, as hidrelétricas mais viáveis são aquelas instaladas em rios de planalto, que inun-dam uma área menor do que aquelas em terrenos de planí-cie. O potencial hidrelétrico de um país ou de uma região está diretamente condicionado pelo relevo e pelo regime de chuvas. A energia gerada nas usinas hi-drelétricas é renovável e não de-pende de combustíveis fósseis, mas, por outro lado, pode gerar impactos ambientais e sociais resultantes dos alagamentos de vastas áreas.

Países como Brasil, Canadá, Estados Unidos, China, Índia e Austrália contam com grande potencial hidráulico para a pro-dução de energia hidrelétrica. Mas nem sempre suas usinas são capazes de suprir uma por-centagem signifi cativa da neces-sidade energética, já que o consumo de energia destes países é extremamente elevado e não há interesse ou condições de inundar grandes áreas com os reservatórios das usinas. Este é o caso, por exemplo, do Canadá, dos EUA e do Japão.

O Brasil é o país com as maiores reservas de água doce do mundo divididas em rios, lagos e nos famosos aquíferos (Guarani e Alter do Chão). O país conta com 12% da água doce existente no planeta, por isso, é um dos raros exemplos de nação industrial onde essa fonte responde por parcela signifi cativa de consumo total de eletricidade. A expansão energética brasileira tem sido pautada nessa fonte o que tem causado diversos questionamentos de populações indígenas, ambientalistas, populações ribeirinhas, etc. Outro setor que tem questionado as obras de hidrelétricas no Brasil são os produtores agrícolas da região Centro-Oeste que, ávidos por exportar seus produtos pelas hidrovias (mais baratas que rodovias), questionam o fato dos projetos de hi-drelétricas não contemplarem a construção de eclusas. Esse recurso da engenharia permite a navegabilidade dos rios, mas tem sido deixado de lado pelo aumento do custo das obras.

Portanto, a hidroeletricidade deve ser pensada não apenas na geração de energia para os centros urbanos, mas também com base no respeito aos ecossistemas e às populações locais exatamente pelos grandes impac-tos socioambientais que as barragens geram nas áreas em que são instaladas.

Foto: Jeremiah Castro. Disponível em: http://www.sxc.hu/photo/555981

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VANTAGENS DESVANTAGENS• Tecnologia para produção de energia é

simples e barata• Em comparação ao petróleo, ao carvão

mineral e o gás natural é muito menos poluente

• Recurso renovável

• Libera metano contribuindo para o aquecimento global• Alagamento de grandes áreas impactando no

deslocamento de populações• Ao alterar o regime fl uvial pode prejudicar atividades

agrícolas, agropecuárias, pesca e o transporte hidroviário

Disponível em: http://www.aneel.gov.br/arquivos/pdf/cartilha_1p_atual.pdf

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Entenda o consumo de energia elétrica!Diante da importância do consumo racional de energia, devemos saber como calcular o

quanto estamos gastando em casa, não só para economizar, mas também para reduzir impac-tos socioambientais.

Veja um exemplo: consumo médio mensal de um chuveiro, sendo utilizado para 2 banhos de 15 minutos por dia.

1º PASSO: verifi car a potência do seu aparelho.Potência média de um chuveiro: 3500 W = 3,5 kW

2º PASSO: calcular o tempo gasto por mês em horas.15 min x 2 vezes no dia x 30 dias = 15 horas no mês

3º PASSO: calcular a energia gasta por meio da fórmula.E = P.t. E = Energia (kW – lê-se “quilo watts hora”)

P = Potência (W – lê-se “watts”, pronúncia [uótes]) t = Tempo em horas (h)

E = 3,5 . 15E = 52,5 kW.h

4º PASSO: calcular o valor a ser pago pelo consumo do seu aparelho.Verifi cando a conta de luz do exemplo temos que 1kW.h ≈ R$ 0,42.Fazendo uma regra de três simples:

1kW.h ----------- R$0,4252,5kW.h --------- X (R$)

X = 0,42 . 52,5X = 22,05

De acordo com os cálculos apresentados, o valor a ser pago no consumo médio de um chu-veiro é de R$22,05.

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NUCLEARO princípio das termonucleares é a que-

bra dos núcleos dos átomos de urânio, pro-cesso conhecido como fi ssão nuclear. Nele ocorre o bombardeamento dos núcleos de átomos do urânio por nêutrons. Dessa ma-neira, os núcleos se partem liberando ener-gia e mais nêutrons. Estes, por sua vez, se chocam com outros núcleos e geram novas fi ssões. Para imaginar sua efi ciência: a fi s-são de dez gramas de urânio libera quase a mesma energia que a queima de 70kg de óleo ou 1200 kg de carvão.

Após o lançamento das bombas atômi-cas pelos EUA nas cidades japonesas de Hiroshima e Nagazaki, ao fi m da Segunda Guerra Mundial (1939-45), deter a tecnologia de enriquecimento de urânio passou a signifi car grande poder bélico, além de uma estratégia de defesa através da dissuasão dos inimigos a um ataque direto. A URSS de-clarou ao mundo, em 1947, que também havia desenvolvido a tecnologia de enriquecimento de urânio e tinha capacidade de fabricar bombas atômicas. A partir de então, o risco de destruição mútua assegurada (MAD, na sigla em inglês) passou a dominar os discursos políticos no contexto da Guerra Fria. Este medo de um con-fl ito nuclear entre as duas potências esteve presente na mídia, na literatura da época e deu origem a fi cções científi cas de um mundo pós-apocalíptico e foi satirizado no célebre fi lme Doutor Fantástico (1964), do diretor Stanley Kubrick.

Ainda hoje, a posse de um arsenal nuclear é um dos principais elementos que conferem poder bélico a uma nação. Todos os membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU possuem ogivas. Os submarinos nucleares estadunidenses fazem o patrulhamento das suas costas e dos oceanos e têm grande capacidade de deslocamento em curto espaço de tempo. Parte das nações antagônicas aos EUA também utilizam a tecnologia atômica como estratégia geopolítica. O programa nuclear iraniano é alvo constante de críticas por parte da mídia ocidental e do Conselho de Segurança da ONU, que acusam o regime fundamentalista de enriquecer urânio para fi ns bélicos. Este, por sua vez, alega que seus fi ns são pacífi cos e que também têm o direito de utilizar a matriz nuclear como fonte energética para seu desenvolvimento econômico.

A energia nuclear foi responsável por grandes desastres além das bombas atômicas, como o acidente de Chernobyl (1986, na atual Ucrânia). Os altos níveis de radiação presentes na área ainda hoje, impedem o plantio e o povoamento na região afetada por trazerem graves danos à saúde. Muitos sobreviventes ou des-cendentes dos trabalhadores da usina ainda apresentam sintomas da exposição à radiação, como cânceres ou más formações fetais.

No Brasil, em Goiânia, o desmonte de um aparelho de radioterapia de uma clínica abandonada por catado-res de ferro-velho, levou à contaminação, em 1987, de mais de 100 mil pessoas com o Césio-137. Dentre estas, 49 foram internadas e quatro vieram a falecer, no que é considerado o maior acidente radioativo ocorrido no mundo fora de uma usina nuclear. Por outro lado, além do seu grande potencial energético, os princípios nucle-ares têm sido utilizados na medicina, agricultura e também na datação de fósseis e rochas.

O programa nuclear brasileiro se desenvolveu no período militar e foi alvo de muitos protestos no país, principalmente, após a redemocratização na década de 1990. Atualmente, o país conta com duas usinas nucle-ares em funcionamento (Angra I e Angra II) e mais uma em construção (Angra III). O potencial brasileiro para produção de energia nuclear é alto devido às grandes reservas de urânio, sendo estas consideradas a sétima

Foto: Janusz Dymidziuk. Disponível em: http://www.sxc.hu/photo/774456

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maior do mundo. Apesar do grande potencial, a energia nuclear sofre forte resistência dos ambientalistas e setores da população.

O debate acerca da energia nuclear foi retomado com a recente tragédia japonesa em Fukushima. Sempre polêmica, essa fonte de energia divide opiniões, mas tem sido cogitada como uma alternativa aos combustíveis fósseis, pois não libera gases do efeito estufa. Contudo, seus resíduos radioativos devem ser armazenados por milhões de anos em locais especialmente desenvolvidos por serem altamente tóxicos.

VANTAGENS DESVANTAGENS• Geração de muita energia com pouca

matéria-prima• Não emite gases poluentes• Não necessita de grades áreas para sua

implantação• Legislação internacional consolidada

• Recurso não renovável• Alto custo na implantação e manutenção• Alta periculosidade socioambiental• Lixo radioativo - requer armazenamento por tempo

indeterminado• Usina de vida útil curta

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EÓLICAA energia eólica surge como

uma das grandes opções para substituir as fontes não renová-veis. O vento é um recurso ines-gotável, gratuito e considerado como uma energia limpa. No en-tanto, a utilização deste recurso como fonte geradora de energia requer uma dinâmica de ventos constante e capaz de gerar ener-gia em larga escala, potencial verifi cado em regiões específi cas do planeta. Ao mesmo tempo, a utilização dos ventos se confi gura como uma fonte geradora de alto custo na maior parte dos países que a detém. O problema dos custos está sendo superado, por algumas nações, graças à ajuda efetiva dos governos que desejam promover a transição para fontes limpas e que possam ser produzidas em seus territórios. A energia eólica, que já foi utili-zada na Europa nas moendas de cereais, é, hoje, responsável pelo fornecimento de eletricidade principalmente para a Alemanha, Espanha, Estados Unidos e Dinamarca. Entre os países em desenvolvimento, China e Índia também se destacam na produção de energia eólica. No Brasil, esta alternativa energética ainda é incipiente pois, a ausência de investimemos do poder público contribui para o alto custo de produção.

De acordo com o Global Wind Energy Council, um dos principais organismos internacionais de energia eó-lica, o Brasil é o país mais promissor do mundo em termos de produção de energia eólica. Atualmente, o país produz a energia eólica mais barata do mundo e o interesse nessa fonte se deve a sua complementaridade com a energia hidrelétrica. As usinas de energia eólica estão concentradas no litoral do Nordeste onde os ventos são constantes e abundantes, os ventos alísios. Há também uma usina no Rio Grande do Sul e investimentos no interior da Bahia.

Os impactos da energia eólica estão associados à modifi cação da paisagem, a possibilidade de interfe-rência nas transmissões de TV, rádio, internet e também ruídos. Por isso, os lugares escolhidos para o estabele-cimento das “fazendas” (usinas eólicas) são, em geral, remotos ou pouco habitados. No interior da Bahia, as empresas que estão implantando as turbinas (cata-ventos ou moinhos) utilizam as propriedades de pequenos agricultores. O acordo entre as empresas e os agricultores prevê o pagamento de royalties, que tem sido res-ponsáveis pela melhora da renda das populações locais.

VANTAGENS DESVANTAGENS• Energialimpa• Não gera resíduo ou gases poluentes• Fonterenovável• Ventos são inesgotáveis e gratuitos

• Modifi caçãodapaisagem• Poluição visual• Interferência nas transmissões de TV, rádio, internet• Ruídos• Danos à fauna como a migração das aves• Intermitência da dinâmica dos ventos

Foto: safegear. Disponível em: http://www.sxc.hu/photo/1218004

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SOLARA energia solar também é limpa e renová-

vel e é considerada uma alternativa às fontes tradicionais de fornecimento de energia. A ge-ração de energia elétrica é feita por um siste-ma fotovoltaico e essa mesma energia produ-zida durante o dia é armazenada em baterias podendo ser acionada a qualquer momento. Existe também a possibilidade de usá-la para o aquecimento de água sem uso da eletricidade.

O custo para o aproveitamento da energia solar é elevado e ainda não está muito difun-dido nas matrizes energéticas dos países. Esse fato, aliás, é importante, pois quando nos de-paramos com a produção de energia solar são países de alta latitude os grandes produtores. Contudo, são os países de baixa latitude os que têm maior po-tencial produtivo dessa fonte. Ou seja, apesar de terem maior potencial os países de baixa latitude, em geral, países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento não possuem recursos para investir nessa fonte de maneira efetiva e em larga escala. As tecnologias para captação e produção de energia solar podem ser aperfeiçoa-das, mas continuam sendo vistas como uma solução para o futuro já que o Sol envia para a Terra energia mil vezes superior às necessidades atuais da humanidade.

No Brasil, a energia solar ainda está muito relacionada ao aquecimento de água. A primeira usina comer-cial de energia solar (para geração de eletricidade), a Solar Tauá, foi estabelecida no município de Sertão dos Inhamuns, no Ceará, que foi escolhido por causa da forte incidência solar ao longo do ano. Em 2012, foi inaugurada a maior usina solar do Brasil, no município de Campinas.

VANTAGENS DESVANTAGENS• Grande potencial já que o Sol envia para a Terra

energia mil vezes superior às atuais necessidades humanas

• Limpa e renovável• Geração de energia elétrica e aquecimento da

água

• Custos de desenvolvimento, implementação e manutenção caros

• Tecnologias de produção e captação precisam ser aperfeiçoadas

• Disponibilidade intermitente

Foto: Robert Linder. Disponível em: http://www.sxc.hu/photo/1036496

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BIOMASSAA biomassa foi durante muito tempo

uma fonte de energia característica de pa-íses subdesenvolvidos. O uso de lenha ou carvão vegetal na matriz energética era um sinal do pouco desenvolvimento do país. Hoje, a biomassa tem sido valorizada pela sua menor contribuição para o aquecimento global e a pela diversidade de fontes.

A energia pode vir da combustão da lenha, bagaço de cana-de-açúcar, resídu-os fl orestais, resíduos agrícolas, casca de arroz, excrementos de animais, entre outras matérias orgânicas. Sua matéria-prima já é empregada na fabricação de vários biocom-bustíveis, como, por exemplo, o bio-óleo, BTL, biodiesel, biogás, etc. Os biocombustí-veis derivados de vegetais têm a vantagem de que quando o vegetal cresce ele absorve CO2 da atmosfera. O mais famoso desses combustíveis é o etanol que pode ter a cana ou o milho como matéria-prima. O etanol derivado do milho reduz em 20% as emis-sões de CO2 já no etanol derivado da cana a redução chega a 80%.

Por outro lado, os biocombustíveis po-dem afetar o preço dos alimentos pela utili-zação de áreas agricultáveis para o cultivo de combustíveis, mais rentável ou até mesmo o uso de vegetais que fazem parte da ali-mentação como é o caso do milho. Além disso, sem a fi scalização correta, água, solo e vegetação podem ser afetados pelo uso inadequado e direcionado para o mercado.

No Brasil, a biomassa já teve uma gran-de participação na matriz energética com o uso de lenha e carvão vegetal. Aos pou-cos, com a introdução de outros modais, a biomassa reduziu a sua participação na matriz energética. Apesar disso, na década de 1970 com a instabilidade no mercado internacional de petróleo o governo brasilei-ro induziu o uso do álcool como nova fonte alternativa de energia através do Proálcool. Contudo, apesar do cenário de instabilidade e de algumas mu-danças técnicas nos carros para a utilização do álcool o programa não teve grandes avanços, principalmente, pela estabilização do mercado de petróleo e redução dos preços.

PROÁLCOOLO Programa Nacional do Álcool (Proálcool) foi cria-do pelo governo brasileiro em 1974 com o objetivo de incentivar a produção e o uso do álcool como alter-nativa à gasolina no contexto da crise do petróleo de 1973. Mobilizando um discurso nacionalista em torno do álcool como combustível para carros de passeio, o programa também abriu grande mercado para os grandes plantadores de cana. Durante a década de 1980, a venda de carros movidos a etanol atingiu 90% do total no país. Foi necessário também que a indús-tria automotiva nacional desenvolvesse a tecnologia necessária à produção em grande escala de motores a etanol e sua adaptação às condições naturais em que trabalhavam. À época era comum que o proprietário de um veículo movido a álcool precisasse deixar o mes-mo “esquentando” durante algum tempo em dias frios. Esta tecnologia desenvolvida permitiu que as monta-doras instaladas no país se adaptassem às condições do mercado internacional após o terceiro choque do petróleo, em 2007, quando a produção de veículos de combustível duplo ultrapassou os 70% do total no Bra-sil. Ainda hoje, é obrigatório um teor de 18 a 25% de etanol na mistura da gasolina brasileira e o setor rece-be subsídios do governo brasileiro.

Fonte: www.anp.gov.br

Foto: Jesuino Souza. Disponível em: http://www.sxc.hu/photo/791699

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As críticas ao uso da cana no Brasil são as mesmas já mencionadas. Porém, o setor sucroalcooleiro tem bus-cado reutilizar todos os excedentes como as folhas e o vinhoto. Outros vegetais como mamona, dendê, soja, pinhão manso e girassol estão sendo inseridos na produção de biocombustíveis. É importante ressaltar que a cana e a soja têm lógicas produtivas distintas das demais culturas. Em geral, a cana e a soja são produzidas em sistema de plantation enquanto a produção das outras espécies está mais associada à agricultura familiar.

É muito importante que a biomassa seja considerada como elemento fundamental no desenvolvimento de projetos ecológicos, ou seja, na renovação dos recursos, no respeito à biodiversidade, na relação entre emissão e captura de CO2, na utilização dos solos e da água e na política de segurança alimentar.

VANTAGENS DESVANTAGENS• Recursos renováveis• Baixo custo de operação• Facilidade de armazenamento e transporte• Reaproveitamento dos resíduos• Alta efi ciência energética• Emite menos gases poluentes• Diversidade de fontes

• Podem afetar o preço dos alimentos • Tecnologias de produção e captação precisam

ser aperfeiçoadas

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VIDA E ENERGIAO consumo de energia tem uma forte correlação com o nível de desenvolvimento tecnológico das socieda-

des humanas. Afi nal de contas, quanto maior a disponibilidade de energia, maior produtividade do trabalho e o poder de alteração da natureza pelo homem. Porém, é importante notar como o contexto histórico e cultural pode afetar diretamente a concepção de desenvolvimento atrelada aos setores energéticos. Nesse sentido, é necessário ter em mente que desenvolvimento tecnológico e crescimento econômico não são processos que levam necessariamente ao desenvolvimento social. Muitos problemas são gerados quando projetos desenvol-vimentistas não apresentam soluções para o impacto ambiental e social causado pelos mesmos ou quando alternativas são escolhidas a partir de interesses de grupos políticos ou econômicos em detrimento da maioria da população.

A história fi ctícia sobre o pequeno vilarejo de Javé, no interior na Bahia, que é contada no fi lme “Narradores de Javé” (2004) é um belo exemplo também do que dizíamos acima. Esta produção da sétima arte nacional levou para as telas do cinema uma problemática inerente à realidade brasileira nos últimos anos: os confl itos entre o progresso e a tradição. Mais que isso, os embates entre a modernização e a memória de uma comuni-dade ou lugar específi co. No fi lme, o projeto de construção de uma hidrelétrica prevê a inundação do lugarejo e, consequentemente, a expulsão de seu povo e o suposto fi m de sua história. O longa-metragem trata, então, de forma satírica, com humor refi nado, os problemas sociais e econômicos decorrentes de um projeto que, a princípio, só tinha boas intenções (gerar energia e levar o progresso ao sertão).

Não era apenas Javé que estava em risco, mas suas memórias e a cultura de seu povo que, por não saber escrever, não tinha até então registrado nada sobre seu passado. Na tentativa de evitar esta catástrofe, os moradores têm a ideia de escrever um livro sobre o Vale de Javé, contando seus grandes e nobres feitos, o que poderia fazer do vilarejo um patrimônio da humanidade e justifi caria a sua preservação. Diante disso, o perso-nagem condutor da trama passa a ser o controverso Antônio Biá, responsável pelo correio da cidade, o único que sabia ler e escrever naquele lugar que há muitos anos só repassava suas histórias através da tradição oral. Embora Biá não fosse muito querido entre os moradores, que desconfi avam dele por vários causos que teria aprontado na cidadezinha, tiveram que confi ar no seu letramento e deram a ele a missão de ouvir morador por morador e registrar a história no grande livro salvador de Javé.

Recentemente, debates sobre problemas parecidos com os enfrentados por Javé, no fi lme, têm sido motiva-dos por um dado da vida real no Brasil. O projeto da usina hidrelétrica de Belo Monte, que está sendo cons-truída no Rio Xingu, no norte do país, estado do Pará, promete produzir energia sufi ciente para abastecer 40% do consumo residencial brasileiro. Embora consista em um investimento chave no setor estratégico de energia, tem causado polêmicas e encontrando forte oposição entre vários estudiosos, ambientalistas e representantes indígenas, sobretudo das comunidades locais, diretamente afetadas pelas obras.

Em 2011, diversos representantes de populações indígenas assinaram o documento Declaração da Aliança do Xingu contra Belo Monte. Outros opositores consideram que o projeto desenvolvimentista do governo atro-pela o valor histórico e cultural das populações locais. É importante ressaltar que para os povos indígenas, em geral, não é comum a dicotomia sociedade e natureza, ambas fazem parte de um mesmo conjunto que é alimentado pela energia vital. Esta se encontra em constante interação no socioambiente e é adquirida ou perdida de várias formas.

A relação entre os seres humanos e a natureza é responsável por ordenar toda a cosmogonia das diversas sociedades indígenas, isto é, sua visão de mundo e suas explicações sobre os fenômenos observados no seu cotidiano. Muitos mitos atribuem a origem dos astros, das plantas, dos animais e dos rios aos feitos dos seus antepassados. De maneira análoga, todos esses elementos da natureza poderiam dotar o homem de poderes que para nós parecem mágicos ou fantásticos, bem como quitar-lhes as forças vitais.

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Para estar em harmonia com o ambiente e obter a energia necessária para as atividades diárias, como a caça, a pesca, a coleta, as relações sexuais, as guerras, etc., é fundamental que os índios realizem diversas práticas culturais. Entre elas, podemos destacar o preparo coletivo dos alimentos, danças e músicas, jogos e competições, pinturas corporais, pajelanças e o consumo de bebidas e infusões.

Para manter a vida no nosso planeta é necessário um constante fornecimento de energia. A fonte primária dessa energia é o Sol, cuja energia é incorporada à cadeia alimentar pelo processo de fotossíntese. Essa ener-gia luminosa é captada por organismos fotossintetizantes (vegetais e algumas bactérias) e utilizada para produ-zir compostos orgânicos ricos em energia (açucares) que serão utilizados nos processos celulares das plantas e para servir de energia para todas as outras formas de vida.

Pode-se ver no gráfi co abaixo que a luminosidade é um fator importantíssimo para que ocorra a fotossíntese. Por exemplo, plantas de sol (heliófi las) em ambientes com pouca luminosidade realizam pouca fotossíntese, acarretando em um saldo energético negativo devido ao contínuo gasto de energia para respiração. Para plan-tas em crescimento não é interessante energeticamente ter a taxa de respiração superior à de fotossíntese, do contrário não seria possível o crescimento.

Macunaíma e as energias da naturezaMário de Andrade (1893-1945) foi um dos principais escritores do Modernismo paulista, que no ano de 1922 organizou a Semana de Arte Moderna e publicou a obra poética Pauliceia Desvairada, cujo “Prefácio Interessantíssimo” tornou-se emblemático do movimento. Em 1928, publicou o romance Macu-naíma, o herói sem nenhum caráter, marcado pelo experimentalismo radicalizado e pelo uso literário da linguagem popular, além de um profundo conhecimento do folclore, lendas e manifestações religiosas de todo o Brasil. Na obra, o herói usa de sua astúcia para interagir com os elementos da natureza de maneira a usufruir de seus poderes mágicos e, consequentemente, da energia, como falávamos lá no início do texto. Aos seis anos de idade, para conseguir fugir do Currupira que o perseguia, Macunaíma pede à cotia que estava farinhando a mandioca que lhe desse aipim. Depois de comer e contar como enganara o Currupira, esta lhe diz que lhe igualaria o tamanho do corpo ao da sua esperteza, então lhe jogou o caldo envenenado de aipim, fazendo com que o herói fi casse do “tamanho de um homem taludo”. Em outra situação, é morto pelo monstro Piaimã com uma fl echa no coração, arrastado por este e picado “em trinta vezes trinta torresminhos” e posto para ferver na polenta. Seu irmão Maanape, que era feiticeiro, cata seus pedacinhos e ossos no caldeirão e os monta, depois o carrapato derrama, por cima, todo o sangue que chupara de seu rastro. Embrulhando tudo com folhas de bananeira e soprando fumo, Maanape faz Macunaíma reviver. A história do herói já foi interpretada por Grande Otelo em 1969, no fi lme Macunaíma, do diretor Joaquim Pedro de Andrade, além de ter sido adaptada para o teatro em 1978, no espetáculo homônimo do Grupo Pau Brasil, depois Grupo de Teatro Macunaíma. Em 1995, a artista plástica Ana Maria Pacheco utilizou a técnica de ponta-seca para produzir uma série de doze gravuras chamada As Proezas de Macunaíma.

Fontes:ANDRADE, Mário de. Macunaíma, o herói sem nenhum caráter. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2012. Pratt Contemporary. Disponível em: http://www.prattcontemporaryart.co.uk/as-proezas-de-macunaima/

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A obtenção de energia pelo homem é realizada por meio dos alimentos. Muitas vezes, no entanto, a ali-mentação torna-se um problema para a sociedade atual. Quem nunca se pegou preocupado com as calorias contidas em determinado alimento? Isso é muito comum nos dias de hoje. De uma hora para outra, nos surpre-endemos olhando tabelas nutricionais, contabilizando as calorias de cada alimento com medo de errar na dose.

Mas, afi nal, o que é a caloria? A caloria contida nos alimentos é na verdade a quantidade de calor que liberado durante a sua metabolização. Por defi nição é a quantidade de calor necessária para elevar em 1ºC um grama de água. Essa energia é liberada através da quebra dos nutrientes que são absorvidos, permitindo o funcionamento do metabolismo em nosso organismo.

Como a caloria é uma unidade muito pequena, costumamos usar como referência a quilocaloria (kcal) que equivale a 1000 calorias. Por exemplo, um grama de carboidrato quando metabolizado libera cerca de 4 kcal, enquanto um grama de lipídio libera cerca de 9 kcal. As proteínas nem sempre são utilizadas para produção de energia, pois são empregadas em funções estruturais. Ainda assim, a quebra de um grama de proteína também liberará aproximadamente 4 kcal. Em contrapartida, as vitaminas, os sais minerais e as fi bras alimentares não são capazes de nos fornecer energia, embora sejam extremamente importantes para o funcionamento fi siológi-co do nosso corpo.

Toda essa energia em forma de calor, que é liberada em nossos corpos, é utilizada em todas as atividades do organismo: andar, respirar, praticar esportes, estudar etc. Se ingerirmos a quantidade de energia corres-pondente à quantidade gasta pelo nosso organismo, viveremos em equilíbrio e não alteraremos o nosso peso.

Um homem adulto saudável necessita de aproximadamente 2500 kcal diárias para manter o organismo em funcionamento. Já um atleta, por exemplo, consome muito mais energia, podendo até dobrar esse valor. Mu-lheres grávidas também irão requerer mais calorias para garantir o suprimento de energia para o feto. Como podemos ver, o gasto energético total diário de um indivíduo varia e depende de seu estado fi siológico, faixa etária, hábitos e características específi cas. O cuidado com a quantidade de energia que ingerimos é necessá-rio, pois seu excedente não é eliminado pelo nosso organismo. As calorias não utilizadas no metabolismo são armazenadas em forma de gordura e podem levar à obesidade, um grave problema de saúde pública para a população ocidental.

Seja através dos impactos causados por uma usina em determinado ecossistema em sociedade ribeirinha, seja pela fotossíntese decorrente da luz solar ou pela queima de calorias através de exercícios, é possível perceber que vida e energia estão intrinsecamente relacionadas. Assim como as culturas indígenas buscaram entender a relação entre seres vivos e natureza a partir da concepção de energia vital, a ciência atual também procura respostas sobre o “mistério da vida” nos fl uxos energéticos.

Uma resposta bastante interessante surgiu a partir de pesquisas nas áreas de Química e Física e tem sido aplicada, sobretudo, nos estudos geológicos e arqueológicos com datação por carbono-14.Trata-se de um isótopo radioativo (radioisótopo) natural e instável do carbono, formado nas camadas superiores da atmosfera

Fotossíntese em música“Luz do sol

Que a folha traga e traduzEm verde novo

Em folha, em graçaEm vida, em força, em luz.”

Trecho da letra de “Luz do sol”, composta por Caetano

Veloso, álbum Caetanear, Universal Music, 1985.Disponível em: http://docente.ifrn.edu.br/carlosbezerra/Material%20

de%20apoio%20/1-ano/metabolismo-energetico-fotossintese-e-respiracao

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a partir do bombardeamento de átomos de nitrogênio-14 por nêutrons contidos nos raios cósmicos. O átomo de carbono-14 resultante desse processo reage com o oxigênio para formar dióxido de carbono,

A atmosfera apresenta níveis constantes de dióxido de carbono-12 (12C) e dióxido de carbono-14 (14C), sendo ambos absorvidos no metabolismo dos vegetais e animais e incorporados às suas estruturas. Enquanto um ser se mantiver vivo a proporção entre 12C e 14C no seu organismo permanecerá constante, mas, após sua morte, a instabilidade dos átomos de 14C aumenta e sua quantidade relativa começa a diminuir devido a sua desintegração radiativa. A medição de 14C permite, assim, a datação confi ável para amostras fósseis de até 70 mil anos. A partir daí, quantidades extremamente pequenas do elemento limitam a precisão dos resultados ou mesmo inviabilizam o trabalho de datação.

O 14C tem possibilitado o avanço também em outras frentes de pesquisa, como a regeneração celular. Nos últimos anos, a fronteira do conhecimento na área biológica está centrada na comprovação da existência de células-tronco que seriam responsáveis pela capacidade de regeneração celular de órgãos vitais, como, por exemplo, o coração. Está comprovado que os seres vivos trazem na sua constituição as marcas de sua interação com o meio ambiente, especialmente quando são submetidos à radiação. Eventos históricos relacionados à Guerra Fria, quando testes nucleares foram largamente realizados no Oceano Pacífi co e em desertos, deixaram sinais nas plantas, animais e na cadeia alimentar. Estes testes foram abolidos ao se constatarem os seus efeitos nocivos.Porém, inexoravelmente, o 14C liberado e incorporado no CO2 atmosférico integra hoje parte do DNA dos seres humanos que viveram entre as décadas de 40 e 60 do século XX.

Testes nucleares na atmosfera, que ocorreram até 1963, geraram uma forma de carbono radioativo, carbono -14. O carbono-14 presente no dióxido de carbono é absorvido pelas plantas, transformado em glicose (veja a equação) e entra na dieta humana. Uma vez no corpo, o carbono-14 é incorporado no DNA, e quando uma nova célula se forma seu DNA não muda. O nível de carbono-14 na atmosfera diminuiu a cada ano desde 1963 (veja o gráfi co), de maneira que a quantidade encontrada numa célula revela o ano que ela se formou. Pela data de reprodução da célula, os pesquisadores podem calcular quão rapidamente diferentes tecidos, tais como o intestino, o cérebro e o coração são renovados.

Fonte: WADE, N., Heart Muscle Renewed Over Lifetime, Study Finds, The New York Times, 03/apr/2009, http://www.nytimes.com/2009/04/03/science/03heart.html?_r=0, (Acesso em 23/4/2013)

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Até recentemente, acreditava-se que o coração humano, uma vez desenvolvido, não se regenerava. Essa teoria pode ser submetida à verifi cação após as modifi cações observadas na atmosfera e nos organismos vivos em decorrência dos sucessivos testes nucleares. As hipóteses foram colocadas nos seguintes parâmetros: se as células não se dividissem a concentração de 14C no DNA não mudaria independentemente do que acontecesse na atmosfera. Por outro lado, se as células cardíacas se dividissem, a redução do 14C na atmosfera resultaria numa redução do 14C no DNA dessas células, o que fi cou constatado. De fato, a energia em forma de radiação liberada nos testes nucleares permitiu que se concluísse que, embora a sua capacidade regeneração seja baixa comparada a outros órgãos, como o fígado, o coração se regenera, resultando numa importante descoberta científi ca. Não se sabe ainda se este processo ocorre por ação de células-tronco ou divisão dos cardiomiócitos existentes, mas isso constitui outro desafi o científi co.

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CONSIDERAÇÕES FINAISComo pudemos ver até aqui, energia é um termo que pode estar relacionado a inúmeros aspectos dentro da

amplitude do conhecimento humano. Percorrendo alguns desses caminhos, é importante não perdermos de vista o quanto a ciência está em constante processo de elaboração e transformação, posto que ela não é feita de certezas, mas de caminhos de pesquisa. Dessa forma, ao pensarmos o tema nos dias de hoje, podemos pensar também nas perguntas que atualmente movem os estudos sobre energia.

Há aproximadamente quinze anos, a Astronomia se acreditava capaz de abranger em seus estudos grande parte do Universo. Entretanto, mais recentemente, pesquisas indicaram que apenas 4% do Cosmo (galáxias, estrelas, planetas etc.) pode ser visto pelo ser humano. Isto signifi ca que ainda há muito o que descobrir e abre espaço para refl exões a respeito da signifi cância da Terra diante da totalidade do Universo.

Entre muitas incertezas e perguntas, uma é bastante peculiar e relacionada ao que viemos tratando até aqui: o enigma da Energia Escura. Com base no conceito que conhecemos como Força Gravitacional, que nos mantêm presos à superfície da Terra, acreditou-se durante muito tempo que o Universo estivesse em permanente desaceleração, isto é, se expandindo cada vez mais lentamente.

Contudo, pesquisas científi cas de fi nais dos anos 1990 indicaram que o movimento do Universo seria o oposto, estando em expansão acelerada. A hipótese surgiu a partir da análise de diversas medidas de distância e velocidade de afastamento de supernovas1, mas até o momento suscita para os astrônomos inúmeras interro-gações. É por essa razão que o fenômeno recebeu dos cientistas o nome de Energia Escura, não porque se refi ra de fato a alguma propriedade escura presente nos estudos, mas porque o termo representa o caráter de desconhecimento e mistério que cerca o assunto. A estimativa é que 73% do Universo seria composto por essa energia que estimularia a sua expansão.

O astrofísico americano Brian Schmidt2, ganhador do prêmio Nobel de Física em 2011 graças à sua desco-berta, afi rmou que a Energia Escura é ainda uma confusão científi ca e acredita que demorará ainda muitos anos até que ela seja compreendida pela ciência. Acho que não é exagero fazermos uma analogia com o período em que se tentava provar que a Terra era redonda ou que girava ao redor do Sol.

A ciência nasce e se alimenta de perguntas e são o tempo, o trabalho dos cientistas e o desenvolvimento das pesquisas que podem transformá-las em respostas. Perguntemos.

BRIAN SCHMIDTPor que decidiu ser um astrônomo?

Sempre pensei em ser meteorologista. Trabalhei numa estação meteorológica no Alasca. Mas percebi que o trabalho não

era tão interessante. Então pensei em astronomia. Achava que nunca iria conseguir um emprego na área, mas resolvi es-

tudar assim mesmo. Sabia que, estudando astronomia, iria aprender física, computação e muitas habilidades e acabaria

encontrando algum trabalho. Fiquei surpreso quando obtive um emprego em astronomia depois de formado. Foi ótimo.

Como começou a estudar a questão da expansão do Universo?

Era um pedaço da ciência que, internamente, me interessava. Qual é a idade do Universo? Qual será o seu destino? Era

uma coisa muito incerta. Tive sorte de estar numa época em que a questão era interessante, as respostas eram desconhe-

cidas e mudanças tecnológicas permitiram que tentássemos responder a essas questões. Foi algo fortuito.Fonte: Revista Pesquisa FAPESP. Disponível em:http://revistapesquisa.fapesp.br/wp-content/

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1 Corpos celestes resultantes da explosão de uma estrela.2 Em entrevista à revista Pesquisa, da FAPESP, disponível em http://revistapesquisa.fapesp.br/2013/03/15/brian-schmidt-o-enigma-da--energia-escura/ (Acesso em 17 de abril de 2013)

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