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Prefeitura Municipal de Marechal Floriano
PLANO DE DESMOBILIZAÇÃO DAS FAMÍLIAS QUE
RESIDEM NO ANTIGO LIXÃO DE MARECHAL
FLORIANO E DOMINGOS MARTINS
TCA 02/13 - MPE/MPT/ Município de Marechal Floriano
Marechal Floriano, agosto de 2014
Prefeitura Municipal de Marechal Floriano
1. INTRODUÇÃO
O município de Marechal Floriano, assinou termo de compromisso junto ao Ministério
Público do Espírito Santo, no momento que em que o Governo Federal impõe aos
municípios a missão de interferir decisivamente na mudança do panorama da destinação
final dos resíduos sólidos no Brasil, por meio do Programa “Brasil sem Lixões”.
A conjuntura atual e legal exige dos municípios soluções para a destinação final
ambientalmente adequada dos resíduos no sentido de implementar e ampliar a coleta
seletiva, com a consequente diminuição do volume de resíduos enviados aos aterros, e o
aumento sua vida útil, além de promover a inclusão sócio-econômica dos catadores e a
geração emprego e renda aos verdadeiros agentes ambientais.
A área de 60.609 m² foi utilizada no período de 1990 após sua aquisição ate o primeiro
contrato de prestação de serviços com a empresa Marca Ambiental Construtora e
Incorporadora em 16 de abril de 1999, como “depósito de resíduos”, evidenciando a falta de
gerenciamento dos resíduos e a sua destinação a céu aberto, realidade de muitas cidades
circunvizinhas. Destarte, que o uso da referida área para depósito dos resíduos se deu
quando a mesma pertencia a Domingos Martins. Por assim, ser a compromisso passa a ser
bipartide, ou seja, compartilhado entre os municípios de Marechal Floriano e Domingos
Martins.
Os moradores do antigo lixão, como são popularmente conhecidos, residem no local há 20
(vinte) anos aproximadamente. São 09 (nove famílias) distribuídas em 07 (sete) casas de
madeira (barracos), e uma obra em de alvenaria em construção.
A dificuldade de intervir diretamente na vida de pessoas, que desenvolveram um sentimento
de pertença ao espaço ocupado, as relações estabelecidas entre os membros da família, a
precariedade das moradias instaladas, a contaminação do local e a falta de confiança destas
famílias nas políticas públicas configuram sérios obstáculos a serem transpostos.
Há um longo caminho a ser percorrido para chegar a esses grupos, absolutamente
descrentes da ação pública, através de processos de paz e reconciliação consubstanciados em
um projeto de concertação, necessariamente coletivo na perspectiva apontada por Santos
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(2003). A concertação traduz-se na renovação do contrato social, com a participação dos
sujeitos de forma horizontal e includente, o que requer ações interssetorais articuladas.
Como estratégia, a Prefeitura Municipal de Marechal Floriano, por meio das Secretarias de
Assistência Social e Direitos Humanos e Meio Ambiente procurou em diversas visitas
sensibilizar os moradores acerca da importância da recuperação da área e dos riscos de saúde
a que estão expostos. Dada à resistência, fez-se necessário a instituição de um grupo de
trabalho interssetorial, que definiu os eixos intervenção:
Retirada de famílias da área;
Legalização da titularidade da área;
Construção de moradias populares (projetos Minha Casa Minha Vida)
Desenvolvimento de projetos cooperativos de empreendedorismo para qualificar os
indivíduos e trazer-lhes renda, como o Viveiro Municipal, Associação de Catadores
de Material Reciclado e Usina de compostagem de Resíduos.
Promoção da Saúde.
As ações serão desenvolvidas pelas Secretarias de Administração, Meio Ambiente,
Procuradoria Geral e Assistência Social e Direitos Humanos e explicitam as estratégias de
negociação para sua superação dos entraves já descritos, como assinala Nogueira “é preciso
reconhecer que as sociedades e organizações modernas tornaram-se ‘experimentais’ e, por
isso, exigem que todos se posicionem como se estivessem em um laboratório atípico, no qual
os experimentos se sucedem, misturando-se a ações e escolhas humanas” (NOGUEIRA,
2004, p.181).
Nesse sentido, reinteramos a necessidade de criação de estratégias de negociação junto a
famílias para a superação dos problemas diagnosticados que são difíceis de serem
efetivadas, e portanto, requerem tempo para serem desenvolvidas.
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2 SITUANDO O TERRITÓRIO
2.1 Localização do Município
O município está localizado na região Central Serrana, e no território das Montanhas e das
Águas do Espírito Santo. Clima tropical de altitude, com terras de temperaturas amenas
durante a maior parte do ano e temperatura média de 20°C, variando de 9,3°C a 28°C. O
índice de precipitação pluviométrica é de 1493 mm anuais bem distribuídos, sendo os meses
mais chuvosos de novembro a março. Os meses menos chuvosos são junho, julho e agosto.
O município possui 36% da área coberta com remanescentes de Mata Atlântica perfazendo
10.296 ha de mata nativa. O solo é basicamente Latossolo Vermelho-Amarelo Distrófico
Arenoso e Areno-Argiloso. A principal fonte hídrica é o Braço-Sul do Rio Jucu e seu
afluente o Rio Fundo.
2.2 Distritos e principais comunidades
O município possui uma área de 286 km² e quanto ao aspecto político administrativo, é
constituído de 3 distritos: Marechal Floriano, Araguaia, Santa Maria de Marechal e, é
formado pelas comunidades: Soído de Baixo, Bom Jesus, Costa Pereira, Rio Fundo, Alto
Nova Almeida, Santa Maria, Boa Esperança, e Araguaia. Limita-se com Domingos Martins,
Guarapari, Viana e Alfredo Chaves.
2.3 Dados Populacionais
Quanto à população, o município apresenta de acordo com o Censo Demográfico de 2010,
os seguintes números:
TABELA 01: População Residente
Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2010.
2.4
Histórico de Utilização e Dados Preliminares
O déficit de tecnologias adequadas nos anos 80 (oitenta) para o tratamento de resíduos
sólidos urbanos, a falta de conhecimento técnico sobre a destinação e tratamento adequado
População residente - total 14.262 População residente - situação do domicílio - urbana 52%População residente - situação do domicílio - rural 48%População residente - sexo - masculino 50,9%População residente - sexo - feminino 49,1%
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para o lixo e a demanda crescente da problemática perante os assuntos políticos, faz com que
ao final dos anos oitenta e inicio dos anos noventa, mas precisamente em 16 de maio de
1990, o então Prefeito do município de Domingos Martins, Sr° Lourival Berger adquiriu
uma área as margens da rodovia BR 262 em Victor Hugo para destinação dos resíduos
sólidos urbanos do município, ate então Marechal Floriano fazia parte do território de
Domingos Martins, com a emancipação política de Marechal Floriano ao final do ano de
1992 a área permaneceu a ser utilizada para depósito de resíduos sólidos (lixo) até o ano de
1999, mais precisamente destacamos como o ponto de final o dia dezesseis de abril de 1999
onde encontramos em nossos arquivos a primeira nota fiscal de prestação de serviços com a
empresa Marca Ambiental Construtora e Serviços Ltda responsável pela disposição final
ambientalmente correta dos resíduos sólidos urbanos do município de Marechal Floriano ate
os dias atuais (Nota Fiscal N° 0251 ANEXO). Ressalta-se que mesmo com o fim das
atividades de lançamento de “lixo” na área alvo, o local ficou culturalmente conhecido como
lixão, permanecendo ate hoje com essa titulação, entretanto nos dias de hoje como “antigo
Lixão”.
Segundo informações de antigos funcionários da Secretaria de Obras e Serviços Urbanos de
Marechal Floriano o volume de lixo destinado para a área as margens da rodovia BR 262
nos períodos definidos acima, era de aproximadamente uma caçamba de um eixo (toco) ao
dia, com capacidade de armazenamento Maximo de 6m³, enquadrando os anos no período da
emancipação no final do ano de 1992 ate o primeiro contrato com a marca ambiental em
1999 detemos de um volume aproximadamente estimado de 13.776m³ de resíduos sólidos
urbanos (período de detenção janeiro de 1993 a abril de 1999, totalizando 2.296 dias).
Destaca-se ainda a informação de que no mesmo local eram dispostos resíduos da
construção civil – RCC, material solido (terra) e resíduos de poda que eram depostos sobre a
área e posteriormente aterrados de forma projetada, o período de disposição desta classe de
resíduos foi desde a aquisição do terreno ate o inicio do ano de 2013 (abril). Não foi possível
dimensionar o volume desta classe de resíduos, pois como se tratava de uma área sem
controle de entrada e saída e a própria população regional encaminhava por conta própria os
resíduos de construções e de terraplanagens particulares.
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Os valores do quantitativo de massa de resíduos sólidos urbanos (lixo orgânico) se
completam quando analisamos dados demográficos do município “IBGE_cidades” (tabela
abaixo “quadro 06”) nos períodos correspondentes a destinação, que variam de aproximados
9.000,00 habitantes em 1992 à 12.188,00 nos anos 2000. Considerando a densidade
demográfica da área rural, com aproximadamente 48% da população global do município,
onde a pratica cultural era da queima dos resíduos sólidos (atualmente é realizada coleta
periódica), encontramos valores aproximados que correspondem ao volume estimado
anteriormente, 6m³ dia, considerando os 52% de densidade demográfica da área urbana com
geração de aproximadamente 1kg de lixo por habitante.
Quadro 06: Evolução Populacional Marechal Floriano
Fonte: IBGE: Censo Demográfico 1991, Contagem Populacional 1996, Censo Demográfico 2000,
Contagem Populacional 2007 e Censo Demográfico 2010;
3 PLANO DE AÇÃO
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As ações exigem um olhar multifocal, holístico, pois é preciso garantir a segurança das
pessoas que irão executar as ações, como por exemplo, a demolição das casas existentes no
local, bem como proporcionar condições para que as famílias tenham condições de
sobrevivência, enquanto não consigam se estabelecerem economicamente.
O grande desafio que se apresenta é o convencimento dos moradores, de que a área ocupada
por mais de décadas representa riscos a saúde. Neste sentido, a ação sensibilizatória na
intervenção do processo de desenvolvimento social, não é um desafio fácil de transpor,
dado ao sentimento de pertença do grupo ao local.
O Plano de Desmobilização das Famílias do antigo lixão em Marechal Floriano, está
organizado em cinco eixos, consubstanciado por um conjunto de ações interligadas
interssetorialmente.
Eixo Ação SecretariaResponsável
Período de execução (meses)
Retirada das famílias
- Levantamento do perfil socioeconômico das famílias residentes.
SEMADH 3
- Visita de acompanhamento psicossocial pelo CRAS.
Durante o processo de desmobilização
- Ajuizar Ação Reivindicatória em face de Glaci de Fátima Dias; Celeste Maria Salino; Luzimar Dias, Isvaldete Altenerate Huver; Sebastião Doas da Silva; João Dias Filho; Sirlene Andrade Reis Dias e José Santana da Silva.
PGM
Meta Cumprida
- Firmar acordo de cooperação técnica junto ao Município de Domingos Martins para o pagamento compartilhado de Aluguel Social
PGM 06
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- Inserção das famílias nos Programas Sociais de Transferência de Renda.
SEMADH Meta
Cumprida
Legalização da Titularidade da área
- Providenciar transferência da área no Cartório de Registro de Imóveis
SEMAD 03
- Sinalização da área com placas de advertência.
SEMUR Meta Cumprida
- Fazer o cercamento e isolamento da área.
Construção de Moradias Populares
- Adesão aos Programas de Habitação do Governo Federal.
SEMAD Meta Cumprida
- Inserção das famílias no Programa Aluguel Social por um período de até 02 (dois) anos.
SEMADH 24
Desenvolvimento de projetos cooperativos de empreendedorismo
- Instalação da Usina de compostagem e da Associação de Catadores de Materiais Reciclado na área.
SEMEARH 24
- Oficinas de qualificação profissional
SEMADH 12
- Implementação de Viveiro de espécies nativas na área;
SEMEARH 24
Promoção da Saúde- Análise da Água utilizada
SEMUS
03
- Promoção da saúde e prevenção de agravos e curativas dos moradores da área adstrita.
Ação contínua da Saúde Básica
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
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A experiência de diagnosticar e analisar a situação das 09 (nove) famílias residentes por um
longo período - em local inapropriado - exige posturas de escuta daqueles sujeitos, como
também de austeridade, quando se faz necessária o uso da força judicial.
Diferentemente da desativação de diversos lixões, a exemplo do lixão de Jardim Gramacho,
em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, as famílias ali instaladas, não vivem da coleta
do lixo, mas, do trabalho autônomo, em atividades de plantio e colheita nas propriedades
rurais do entorno.
As ações propostas buscam dar apoio às famílias residentes no antigo lixão para que tenham
condições de subsistência por um período de até 02 (dois) anos e, a partir de então, possam
tornar-se autônomos em termos econômicos.
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5. REFERÊNCIAS
NOGUEIRA, Marco Aurélio. Um Estado para a sociedade civil: temas éticos e políticos
da gestão democrática. São Paulo, Cortez, 2004.
SANTOS, Boaventura Sousa. Democratização da democracia e pacto social. In: GOMIDE,
D. Governo e sociedade civil: um debate sobre espaços públicos democráticos. São Paulo,
Peirópolis/Abong, 2003, p.15-29.
IBGE cidades dados demográficos Marechal Floriano_ES acessado em oito de julho de
2014 em: http://www.cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?
lang=&codmun=320334&search=espirito-santo|marechal-floriano
ANEXO 1 – AÇÃO REINVINDICATÓRIA
ANEXO 2 - LAUDO SOCIAL