32
Uma publicação do Sistema de Ensino Pueri Domus • Ano 6 • nº 20 • Maio / Junho / Julho CTRL C + CTRL V A EQUAÇÃO QUE CAIU NO GOSTO DOS ALUNOS QUANDO O ASSUNTO É PESQUISA NA internet. de que forma orientá-los? O QUE RESPONDER AOS PAIS NO MOMENTO EM QUE ELES PRETENDEM ESCOLHER A ESCOLA ONDE MATRICULARÃO SEUS FILHOS EntrEvista – marcElo côrtEs nEri: PESQUISADOR DA FGV ANALISA OS avanços do plano de desenvolvimento educacional (pde) no país como as novas tEcnologias podEm sEr utilizadas Em favor da gEstão dE aprEndizagEm nos dias dE hojE. qual o papEl do profEssor na condução do procEsso? PRENÚNCIO DE UMA NOVA ESCOLA

prenúncio de uma nova escolaMarcelo Côrtes Neri, economista-chefe do Centro de Políticas So-ciais da Fundação Getulio Vargas (FGV). “Não basta enxergar de fora as boas propriedades

  • Upload
    others

  • View
    0

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: prenúncio de uma nova escolaMarcelo Côrtes Neri, economista-chefe do Centro de Políticas So-ciais da Fundação Getulio Vargas (FGV). “Não basta enxergar de fora as boas propriedades

Uma publicação do Sistema de Ensino Pueri Domus • Ano 6 • nº 20 • Maio / Junho / Julho

ctrl c + ctrl vA equAção que cAiu no gosto dos

Alunos quAndo o Assunto é pesquisA nA internet. de que forma orientá-los?

o que responder aos paisno momento em que eles

pretendem escolher A escolA onde mAtriculArão seus filhos

EntrEvista – marcElo côrtEs nEri: pesquisAdor dA fgV AnAlisA os avanços do plano de desenvolvimento educacional (pde) no país

como as novas tEcnologias podEm sEr utilizadas Em favor da gEstão dE aprEndizagEm nos dias dE hojE.qual o papEl do profEssor na condução do procEsso?

prenúncio de uma nova escola

Page 2: prenúncio de uma nova escolaMarcelo Côrtes Neri, economista-chefe do Centro de Políticas So-ciais da Fundação Getulio Vargas (FGV). “Não basta enxergar de fora as boas propriedades

Pr

od

ut

os

Tem escolas queprocuram o sucesso.nossos parceirossempre encontram.

Garantia de Sucesso.Hoje e sempre.

· Sistematização curricular

· Material didático diferenciado (infantil ao médio)

· Assessoria pedagógica presencial e a distância

· Suporte para gestão educacional

· Programas de formação de docentes

· Eventos educacionais

· Apoio de marketing

· Amplo conteúdo digital

O sucesso educacional é alcançado sempre que uma equipe qualificada está por trás de um sistema de ensino diferenciado. Nossa proposta é tão ampla na área da educação que é impossível descrevê-la em apenas uma página. Por isso, convidamos você a agendar uma visita e conhecer tudo que o Sistema de Ensino Pueri Domus pode fazer pela escola, pelos pais, pelos alunos e pelos educadores.

Em Breve!TV Pueri.Programaçãopara escolas,pais e alunoscom formação,

debates eorientaçãosem fronteiras.

Para saber mais ou agendar uma visita,entre em contatoou envie [email protected]

www.sistemapueridomus.com.br

11 3512-2444

Page 3: prenúncio de uma nova escolaMarcelo Côrtes Neri, economista-chefe do Centro de Políticas So-ciais da Fundação Getulio Vargas (FGV). “Não basta enxergar de fora as boas propriedades

Pr

od

ut

os

Tem escolas queprocuram o sucesso.nossos parceirossempre encontram.

Garantia de Sucesso.Hoje e sempre.

· Sistematização curricular

· Material didático diferenciado (infantil ao médio)

· Assessoria pedagógica presencial e a distância

· Suporte para gestão educacional

· Programas de formação de docentes

· Eventos educacionais

· Apoio de marketing

· Amplo conteúdo digital

O sucesso educacional é alcançado sempre que uma equipe qualificada está por trás de um sistema de ensino diferenciado. Nossa proposta é tão ampla na área da educação que é impossível descrevê-la em apenas uma página. Por isso, convidamos você a agendar uma visita e conhecer tudo que o Sistema de Ensino Pueri Domus pode fazer pela escola, pelos pais, pelos alunos e pelos educadores.

Em Breve!TV Pueri.Programaçãopara escolas,pais e alunoscom formação,

debates eorientaçãosem fronteiras.

Para saber mais ou agendar uma visita,entre em contatoou envie [email protected]

www.sistemapueridomus.com.br

11 3512-2444

Page 4: prenúncio de uma nova escolaMarcelo Côrtes Neri, economista-chefe do Centro de Políticas So-ciais da Fundação Getulio Vargas (FGV). “Não basta enxergar de fora as boas propriedades

mAi/jun/jul4

editorial

A Super Escola é uma publicação trimestraldo Sistema de Ensino Pueri Domus.www.sistemapueridomus.com.br

Conselho EditorialLuís Antonio Laurelli - Diretor GeralAltamar Roberto de Carvalho - Diretor PedagógicoMaísa Dóris - Gerente Nacional de Comunicação CorporativaDanielle Nogueira Buna – Gerente de Educação e FormaçãoMarcos Antonio Muniz Gonçalves – Gerente de Marketing e Vendas Coordenação Geral: Maísa Dóris (Mtb: 29.952)

Projeto Editorial: Trama ComunicaçãoDiretora de Redação: Leila Gasparindo (MTb: 23.449)Editora-chefe: Helen Garcia (MTb: 28.969)Editor: Adriano Zanni (MTb: 34.799)

Reportagens: Adriano Zanni, Danilo Sanches e Juliana LanzuoloProjeto Gráfico: Arthur SiqueiraDesign: Isac Meira Barrios

Revisão: Gisele C. Batista Rego (Istárion) Produção Gráfica: André VieiraFotolito e Impressão: EGM Gráfica e Editora LTDA.Tiragem: 14 mil exemplares

Publicidade e Aquisições de ExemplaresAndrea Munhoz [email protected]

o futuro é AgorA

e stamos em nossa 20ª edição, trazendo matérias especiais sobre educação. No último mês de maio ocorreu a 18ª edição da Educar, maior feira internacional de educação

da América Latina, realizada durante quatro dias, no Centro de Exposição Imigrantes, em São Paulo com o propósito maior de refletir sobre formas de aprimorar a educação e a maneira como ela dever ser conduzida no Brasil.

É certo que, nos últimos anos, incrementamos nossos in-dicadores, mas o nível educacional do brasileiro encontra-se ainda em um patamar muito baixo em comparação a outras realidades internacionais: com 7,27 anos de estudo para a po-pulação com 25 anos ou mais de idade.

Apenas para ter uma ideia, o país com o pior IDH do mundo, o Zimbábue, tem exatamente a mesma escolaridade média. Ou seja, precisamos revisitar conceitos e agir pronta-mente, como nos indica o pesquisador Marcelo Côrtes Neri, da Fundação Getulio Vargas, entrevistado com exclusividade nesta edição.

Outro tema que nos desperta o interesse é como melhor promover a gestão da aprendizagem, um dos maiores desafios para as escolas contemporâneas. Para muitos especialistas, as-sistiremos a uma verdadeira revolução nos próximos dois ou três anos nesse quesito e as instituições que não atentarem des-de já para essa lição de casa correm o risco de correr atrás do prejuízo posteriormente.

A matéria de capa da Super Escola aborda conceitos que norteiam caminhos para que tais processos de ges-tão sejam conduzidos com ética, transparência e eficácia,

além de soluções efetivas que já estão sendo implementa-das e que podem auxiliar mantenedores e docentes nessa mudança de mentalidade.

Por falar em olhar vanguardista, trazemos ainda uma jus-ta homenagem à Irmã Norma Maria Ravazzi, cuja história de vida se confunde com a do Colégio Ressurreição Nossa Senho-ra do Calvário, em Catanduva. Falecida recentemente, Irmã Norma deixou-nos preciosos ensinamentos e projetos ligados à área de responsabilidade social, envolvedores de comunida-des em torno da instituição, uma tecla em que temos “batido” com frequência nas reportagens e que pode trazer inúmeras contribuições ao processo de aprendizagem.

A edição da Super Escola trata ainda sobre a pressão re-lacionada à cultura de alta performance e como as crianças são cobradas desde a educação infantil a mostrar bons resul-tados dentro e fora da sala de aula. O que isso comprome-te o futuro desses cidadãos principalmente no momento de escolha da carreira?

Ainda temos estudos de caso a respeito de atividades com brinquedos, o berçário como uma unidade de negócio com vida própria nas instituições, além de um tutorial sobre a ade-quada condução de pesquisas escolares realizadas na internet. Enfim, prenúncios de uma nova escola que já está aí e para a qual nossos olhares estão amplamente voltados. Boa leitura! Grande abraço.

Luis Antonio LaurelliDiretor Geral Sistema de Ensino Pueri Domus

Page 5: prenúncio de uma nova escolaMarcelo Côrtes Neri, economista-chefe do Centro de Políticas So-ciais da Fundação Getulio Vargas (FGV). “Não basta enxergar de fora as boas propriedades

super escola 5

SALA DE AULAA pesquisa

produtiva na internet

6 ENTREVISTAMarcelo Côrtes Neri

9 RADAR

12 SALA DE AULAÉ brincando quese aprende

18ESTUDo DE CASoColégio Ranieri, São Paulo (SP)

23ZooM IN

24hISTóRIA DoMANTENEDoRIrmã Norma Maria Ravazzi

26CoMPoRTAMENToA cultura da alta performance

29INDICAção DE LEITURA

30 oPINIãoEliane Garcia Melgaço

sumário

10 GESTão/MARKETINGOs pais em processo de escolha. o que responder a eles no momento em que têm de decidir a escola onde seus filhos estudaram

20

CAPAA gestão da apredizagem nos dias de hoje

A leitura é um pilar principal no processo de formação e, con-sequentemente, de construção coletiva de conhecimentos. A Super Escola aborda um novo modo de ver o universo, a vida e o mundo das relações sociais. É um instrumento que envolve ideias amplas de autoconhecimento. Quando meus filhos recebem, no Colégio Maria, a revista, com o sistema de ensino registrado na capa, já sabemos da riqueza do conteú-do, da leitura satisfatória, na qual a compreensão é alcançada. Parabéns pelo excelente sucesso da revista e maravilhoso apoio do Sistema de Ensino Pueri Domus.

AlessAndrA KArlA FerreirA BiAncoEmpresáriaMãe dos alunos Matheus Bianco (13) e Felipe Bianco (11)Colégio Maria – Jaboticabal (SP)

redAção – Olá Alessandra. Ficamos muito satisfeitos com seu carinhoso e-mail e ainda mais empolgados em saber que seus filhos recebem regularmente nossa revista. A contribuição que pretende-mos é exatamente esta: estabelecer uma ponte entre o universo da sala de aula e aquilo que acontece além dos muros da escola. Aliás, na edição anterior da revista abordamos justamente esse tema com o renomado pesquisador espanhol Mario Carretero. Continue a enviar suas sugestões de pauta. Grande abraço.

Aqui no colégio, todas as edições são distribuídas para os pro-fessores e alguns artigos e depoimentos são levados para nossas reuniões, nas quais fazemos discussões nas Horas de Trabalho Pedagógico Coletivo (HTPC), que temos todas as semanas. Posso garantir que o aproveitamento é excelente. Parabéns pelas matérias. Estamos sempre à disposição da Super Escola para colaborar com o que for preciso.

MArilisA Bueno de souzA cAMpos DiretoraColégio Maria Imaculada – Jacareí (SP)

redAção – Querida Marilisa, obrigado pelas palavras de incentivo. Estamos cada vez mais empenhados em levar “cases” pedagógicos e de gestão para conhecimento de nossos parceiros. Por meio de discussões formais, ou mesmo rodas de conversa, em torno dos assuntos que abordamos nas páginas da revista pode-mos, sem dúvida, ampliar horizontes e descobrir novos caminhos. Ficaríamos muito felizes em bater um papo com os docentes do Colégio Maria Imaculada para garimpar boas práticas de ensino que possam vir a figurar na Super Escola. Que tal a proposta? Escreva-nos! Grande abraço.

painel do [email protected]

14

Page 6: prenúncio de uma nova escolaMarcelo Côrtes Neri, economista-chefe do Centro de Políticas So-ciais da Fundação Getulio Vargas (FGV). “Não basta enxergar de fora as boas propriedades

entrevista marcelo côrtes neri

o plano dE dEsEnvolvimEnto da Educação (pdE), o pac Educacional, tEm promovido avanços significativos dEsdE a implEmEntação. mAs, pArA pesquisAdores como mArcelo côrtes neri, A compreensão dos Aspectos motiVAcionAis diretAmente ligAdos aos índices de aproveitamento escolar e evasão nAs instituições públicAs se fAz necessáriA e urgente pArA promoVer benfeitoriAs AindA mAiores no cenáriopor Adriano zanni

ançado em março de 2007 como o PAC educacional, uma clara referência ao Pro-

grama de Aceleração do Crescimen-to preconizado, então, pelo governo Lula em diversas frentes, o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) baseia-se em um sistema de metas com a incumbência de pro-mover uma “virada de mesa” em re-lação aos níveis de aproveitamento escolar e evasão, sobretudo nas ins-tituições públicas de ensino.

Um discurso consensual en-tre educadores e pesquisadores é de que nada adianta metrificar, estabelecer parâmetros a serem atingidos se, em concomitância, não se educar a própria popula-

l

entrevista

o que o pde tem a vEr com motivação?

Div

ulga

ção

ção sobre a importância vital da educação para o desenvolvimen-to sustentado do País.

Nesse sentido, pais e alunos são atores importantes do proces-so de mudança, são os que, certa-mente, assegurarão o sucesso das políticas públicas. É o que defende Marcelo Côrtes Neri, economista-chefe do Centro de Políticas So-ciais da Fundação Getulio Vargas (FGV). “Não basta enxergar de fora as boas propriedades da po-lítica educacional, como equida-de e eficiência. É preciso entender como as informações chegam às pessoas e como elas transformam essas informações em decisões”, avalia o pesquisador.

mAi/jun/jul6

Page 7: prenúncio de uma nova escolaMarcelo Côrtes Neri, economista-chefe do Centro de Políticas So-ciais da Fundação Getulio Vargas (FGV). “Não basta enxergar de fora as boas propriedades

Em entrevista, Neri vai além e diz que é fundamental enxergar as motivações daqueles que estão fora da escola até os 17 anos de idade e iluminar o foco e o desenho das po-líticas a partir das necessidades e per-cepções de quem toma a decisão de ir, ou não, à escola. “Heuristicamen-te, buscamos educar gestores e ana-listas sobre as percepções e motiva-ções do cidadão comum”, diz.

super escola – como você analisa a nova agenda de metas educacionais proposta pelo go-verno federal? em que aspectos estamos avançando?

Marcelo côrtes neri – A nova agenda de metas educacionais apre-senta avanços na forma integrada em que está ocorrendo o processo. Em termos de resultados, devemos enfa-tizar os efeitos sobre a transparência e eficácia educacional desta nova cul-tura orientada por monitoramento e avaliações.

super escola – Você acredita que sistemas de metrificação de desempenho, como ideb e prova Brasil, estão amplamente de acor-do com as propostas pedagógicas elaboradas e executadas por gran-de parte das instituições de ensi-no, focadas mais em um processo de construção do conhecimento do que propriamente em aspectos conteudistas?

Marcelo côrtes neri – Há al-gum dilema não só dos vieses in-troduzidos nos conteúdos pedagó-gicos, como da própria forma pela qual os alunos são treinados a fazer estes grandes exames de proficiência. Além disso, há um teorema explici-tando que os dados obtidos por in-

termédio destas provas perdem quali-dade logo no dia seguinte em que são adotados e, principalmente, quando há incentivos pecuniários associados a desempenho para professores e alu-nos. Por outro lado, não dá para ima-ginar voltar atrás nesta nova cultura.

super escola – de que forma a parceria de instituições de ensi-no públicas com sistemas privados pode trazer benefícios aos modelos de gestão e também pedagógicos?

Marcelo côrtes neri – Existe uma revolução silenciosa acontecen-do. Dei uma palestra recentemente sobre o assunto e fiquei muito sur-preso com os avanços do material didático e com a ligação dele com a agenda educacional em curso no Brasil. Parcerias público-privadas em escolas e métodos estruturados de ensino são promessas efetivas, mas ainda não sabemos se serão pagas.

super escola – Hoje, temos um contingente maior de alunos chegando às escolas. educar tor-nou-se algo obrigatório na car-tilha de muitos pais, principal-mente após programas criados pelo governo federal para man-ter as crianças em idade escolar dentro das instituições. Mas até que ponto esse índices de inclu-são são realmente impactantes?

Marcelo côrtes neri – O nível educacional do brasileiro encontra-se em um patamar muito baixo em comparação a outras realidades in-ternacionais: com 7,27 anos de es-tudo para a população com 25 anos ou mais de idade. O país com o pior IDH do mundo, o Zimbábue, tem exatamente a mesma escolaridade. Por outro lado, as séries apresentam movimento ascendente. Estamos an-dando a uma velocidade 50% mais rápida que nossa tendência histórica.

Há que obviamente se conside-rar a qualidade efetiva dos anos de estudo adicionais obtidos. Neste as-pecto, a nota média do Pisa aplicado para alunos de 15 anos é desanima-dora, estamos entre os 10% piores em todos os quesitos educacionais em um grupo de 57 países. Mas, mais uma vez, a taxa de mudança coloca o Brasil em terceiro lugar no período de 2000 a 2009.

Outro problema relacionado é que acreditamos que o simples fato de um aluno ficar quatro horas por dia na escola resolve todo o proble-ma da evasão escolar. Universaliza-mos a educação fundamental com uma jornada claramente insuficien-te. A reação tem sido abrupta; há projeto que propõe escola integral para todos. Defendo um aumento da jornada escolar mínima na Lei de Diretrizes e Bases da Educação de quatro para cinco horas diárias. Isso aproveitaria a transição demo-gráfica em curso e, mesmo se não for acompanhada por outras mu-danças desejáveis, poderia gerar um sexto das mudanças de proficiência das auspiciosas metas educacionais traçadas para 2022.

super escola 7

dEfEndo um aumEnto da jornada Escolar

mínima na lEi dE diretrizes e bases da Educação dE

quatro para cinco horas diárias

Page 8: prenúncio de uma nova escolaMarcelo Côrtes Neri, economista-chefe do Centro de Políticas So-ciais da Fundação Getulio Vargas (FGV). “Não basta enxergar de fora as boas propriedades

super escola – existe uma de-fasagem entre o aprendizado ve-rificado em um adolescente que deixa o ensino médio e aquele que realmente ele deveria possuir? por que isso ocorre?

Marcelo côrtes neri – Existe um problema grande de conteúdo, mas o problema maior me parece ser a evasão nesta faixa etária de quem deveria estar no ensino médio. E a principal razão para esta evasão é a falta de interesse dos alunos, o que diz algo sobre a qualidade da nossa escola aos olhos dos estudantes, as-pectos motivacionais que precisam ser levantados e discutidos.

super escola – Que paralelis-mos podemos traçar entre o in-cremento da renda por parte das classes sociais emergentes e o cres-cimento do acesso à educação? por esse prisma, seria possível dizer que a educação tornou-se efetiva-mente um bem de consumo?

Marcelo côrtes neri – Decom-posições dos impulsionadores do crescimento de renda indicam que o aumento de escolaridade deveria ge-rar um ganho de 2,2 pontos de por-centagem ao ano em relação à ren-

da per capita. Este patamar é ainda maior para os 20% mais pobres da população brasileira, corresponden-do a 5,5 pontos de porcentagem ao ano. Isto é o que podemos chamar de bônus educacional auferido ao se abandonar o subdesenvolvimen-to escolar. O grande impulsionador desta nova classe média brasileira é o fato de que a criança que passou a ir à escola no Brasil, nos anos 90, chegou nos últimos dez anos ao mercado de trabalho formal.

As escolas privadas abrigam 13% dos alunos com idade entre 10 e 14 anos, por exemplo. É um símbolo da nova classe média brasileira: matri-cular os filhos em uma escola parti-cular que apresenta Ideb com nota 6 (nível europeu) contra Ideb com nota 3,8 das escolas públicas (nível de país subdesenvolvido). Este é o grande dilema que se apresenta para os próximos anos. Afinal, ainda hoje, quem tem dinheiro matricula o filho em escola privada que permite a esta criança ganhar maior renda no futu-ro e, nesse ciclo vicioso, perpetuamos a desigualdade brasileira.

super escola – Qual a rela-ção que pode ser traçada, nes-se sentido, entre o aumento dos gastos das famílias com educa-ção e material didático e outras questões de ordem prioritária para o desenvolvimento?

Marcelo côrtes neri – Nos úl-timos seis anos, as famílias estão gas-tando menos, proporcionalmente à evolução da renda, com a educação de seus filhos (incluindo livros, cur-sos etc.). Já o Estado está gastando mais com educação em proporção ao incremento do Produto Interno

Bruto (PIB), embora com eficiência problemática. O Brasil ainda investe pouco em educação básica, embora seja possível notar que o aumento dos gastos com educação em função dos números do PIB, nos últimos anos, ainda está muito relacionado aos investimentos no ensino básico. Tenho percebido um movimento em direção à educação na primeira infância que parece ser a fronteira a ser explorada.

super escola – em escolas par-ticulares, gestores e educadores re-clamam que a educação é vista pe-los pais, às vezes, como um bem de consumo, um produto que eles adquirem e, obviamente, sobre o qual cabem reclamações enquan-to consumidores. como o senhor analisa essa relação entre gestor/mantenedor e famílias? o que mu-dou nos últimos anos?

Marcelo côrtes neri – Esta relação tem um lado de servi-ço público, sim, que, particular-mente, não tenho nada contra. E tem um lado de investimento na percepção da nova classe média brasileira. Tenho me surpreendi-do favoravelmente em conversas com pessoas mais carentes sobre a importância da educação dos fi-lhos. Consolidando esta impres-são, seria uma excelente notícia sobre o avanço da educação nas prioridades do cidadão comum. As pesquisas de opinião, que até recentemente indicavam a educa-ção como a sétima prioridade em termos de políticas públicas, su-gerem uma mudança de patamar para o segundo lugar, atrás apenas da saúde. É daí que virá a grande revolução do ensino brasileiro.

marcelo côrtes nerientrevista

Div

ulga

ção

8

Page 9: prenúncio de uma nova escolaMarcelo Côrtes Neri, economista-chefe do Centro de Políticas So-ciais da Fundação Getulio Vargas (FGV). “Não basta enxergar de fora as boas propriedades

Quer saber mais? www.sistemapueridomus.com.br/superescola

radar

brasil gasta mais com educação privadaAs famílias brasileiras fazem mais esforço financeiro para educar seus filhos do que as famílias de países desenvol-vidos. mais...

a maior biblioteca do mundoHarvard, nos estados unidos, quer reunir todo o conhecimento já produzido pela humanidade e organizá-lo em um acervo com a ajuda de empresas como apple, microsoft e Google. mais...

astros teens contra o bullyingdesde abril, o canal nicke-lodeon, o mais assistido por crianças de 2 a 14 anos nos estados unidos, contará com atores e apresenta-dores encabeçando uma campanha contra o bullying na internet. mais...

elas estão mais roucas

estudo com 747 professoras

constatou que 59,2% estavam com rouquidão

e 25,6% tiveram perda temporária da

voz. mais...

super escola 9

sistema integrado de planejamento,

orçamento e finanças do mec

já está aberto para as redes de

ensino. mais...

planejar é preciso

elas são a maioriapesquisa revela que mulheres com-põem 81,5% do total de professores da educação básica do país. mais...

Foto

s: S

hutt

erst

ock

Page 10: prenúncio de uma nova escolaMarcelo Côrtes Neri, economista-chefe do Centro de Políticas So-ciais da Fundação Getulio Vargas (FGV). “Não basta enxergar de fora as boas propriedades

entrevista

mAi/jun/jul10

Gestão/marketinG

á dois anos, Eliana Penteado Bertoncello transferiu os dois fi-lhos para o Colégio Maria Ima-

culada, em Jacareí (SP). A secretária-exe-cutiva, também formada em Magistério, já havia lecionado na escola parceira do Sistema de Ensino Pueri Domus e apro-vava como os processos pedagógicos e os relacionamentos interpessoais eram con-duzidos na instituição.

“A decisão pesou por causa do meu menino, que hoje está no 6º ano. A es-cola em que ele estava era pequena, en-tão, achei importante que ele estudasse em um ambiente que lhe desse uma vi-são mais real do que será o futuro, em que ele pudesse conviver com mais crianças”, justifica Eliana.

Além do espaço, ela sublinhou outra questão relevante. Ao observar conheci-dos e familiares que estudaram lá, Elia-na percebeu que as crianças estabeleciam um relacionamento diferente do que se vê em outras escolas. “Lá os colegas mantêm uma amizade afetuosa e de respeito. O próprio projeto Aqui tem Inclusão Social

(Atis) faz que eles aprendam a lidar com a diversidade e tratem igualmente os defi-cientes visuais, auditivos e mentais, com quem dividem o mesmo espaço na sala de aula”, relata.

Ao explicar o que era fidelização em sua opinião, a mãe destacou que a escola deve ter a flexibilidade de entender o mo-mento por que passam seus alunos, sob o ponto de vista social e humano, antes de exigir desempenho ou cumprimento de tarefas. “Houve uma ocasião em que minha filha estava triste pela amiguinha que mudou de cidade. Quando comu-niquei que ela poderia não render tanto, a professora respeitou e ainda me passou um retorno dizendo como a Clara havia se portado”.

A reportagem da Super Escola le-vantou as principais questões que os pais de alunos da educação infantil levam à primeira reunião com a direção e coor-denação, um momento crucial para de-monstrar que eles fizeram a escolha cor-reta quanto à escola dos filhos. Afinal, o que os pais querem saber?

h

com A lição nA ponta da línguaquais as pErguntas mais frEquEntEs EntrE os pais no momEnto em que escolhem A escola de seus filHos? e o que responder a eles?

por juliana lanzuolo

como a escola garante a segurança de meus filhos? noely Weffort de almeida, professo-ra da faculdade de educação da pon-tifícia universidade católica de são paulo (puc-sp), selecionou esta per-gunta por conta da violência que tem assolado os ambientes escolares na atualidade, principalmente, após a tragédia de realengo, na zona oes-te do rio de Janeiro. “cabe à direção ou coordenação apresentar a estra-tégia interna de liberação de alunos durante os horários de entrada e saí-da, além dos intervalos. mas isso so-mente deve ser direcionado aos pais e responsáveis autorizados. repassar informações sobre os sistemas de se-gurança e serviços de vigilância tam-bém é válido”.

os pais em processo de escolha

Page 11: prenúncio de uma nova escolaMarcelo Côrtes Neri, economista-chefe do Centro de Políticas So-ciais da Fundação Getulio Vargas (FGV). “Não basta enxergar de fora as boas propriedades

super escola 11

como a escola conduz o processo de adaptação?os primeiros dias de aula na educação in-fantil podem ser mais angustiantes para os pais do que para a criança, pois eles estão estendendo a responsabilidade que, até en-tão, era só deles à escola. “Há, portanto, que se estabelecer um víncu-lo de confiança desde o início”, alerta noely. a professora recomenda que o gestor apre-sente sua equipe de maneira a especificar treinamentos e formação de cada profissio-nal que terá contato com o filho.

em seguida, mostre ao pai um projeto de acompanhamento de adaptação que atenda não apenas as necessidades do aluno, mas também as dele. “deixe as portas do colégio sempre abertas caso ele queira acompanhar o processo de adaptação, mas explique que é necessário reduzir sua estada aos poucos para que a criança se acostume com o espa-ço, colegas e professores”, ressalta.

qual é a proposta de trabalho ou a metodologia de ensino empregada?“destrinche a corrente educacional seguida por sua instituição sem utilizar termos técni-cos, mas não subestime o entendimento dos pais e não suponha que não deve se alongar na explicação. reserve também um tempo para ouvir as preocupações e angústias dos pais, atente-se e responda a elas pondera-damente”, aconselha Ângela.

como é estabelecida a relação entre família e escola?“o gestor deve informar a periodicidade das reuniões, dizer que frequentemente escola e pais terão sua comunicação esta-belecida via agenda para relatar comporta-mento, tarefas, entre outras particularida-des do aluno. o importante é colocar-se à disposição caso os pais queiram, além dos encontros formais, recorrer à instituição”,

afirma Ângela soligo, professora da facul-dade de educação da universidade estadual de campinas (unicamp). sobre a parceria necessária entre os dois núcleos, a docen-te é categórica: “a direção deve deixar cla-ro que os pais não farão o papel da escola nem o contrário, mas ambos terão de estar alinhados para que, dentro de suas compe-tências, possam contribuir para a formação da criança”.

todos os consultores são unânimes em afir-mar que, além das questões suscitadas, cada escola deve levantar seus diferenciais de maneira prévia, o que englobaria proje-tos pedagógicos, a estrutura que embasa a prática dos docentes em sala de aula, a for-mação do quadro de professores, assim como os valores da própria instituição para dar visibilida-de aos pais de outros aspectos importantes que devem ser considerados neste momento de decisão.

REGRA DE

OURO

Shu

tter

stoc

k

Page 12: prenúncio de uma nova escolaMarcelo Côrtes Neri, economista-chefe do Centro de Políticas So-ciais da Fundação Getulio Vargas (FGV). “Não basta enxergar de fora as boas propriedades

mAi/jun/jul12

sala de aula é brincando Que se aprende

m outubro de 2010, parte do estacionamento do Colégio Pueri Domus, unidade Aldeia da Serra, em São Paulo, ficou tomada de triciclos dos alunos da educação infantil. O veí-

culo, até então inusitado em ambiente escolar, foi imprescindível para que as professoras conduzissem a atividade dirigida sobre re-gras de trânsito.

“Para simular uma situação rotineira nas ruas, confeccionamos o semáforo e algumas placas e posicionamos próximo à faixa de pe-destres. Mas a ideia de incluir o brinquedo à atividade foi essencial para atingirmos o objetivo de trabalhar o cuidado ao atravessar a rua, a importância de respeitar o pedestre e obedecer às cores do semá-foro, por exemplo”, conta Mariluce Lourenço, diretora do Colégio.

A prática de incorporar elementos lúdicos às propostas pedagó-gicas é bastante frequente e conhecida, principalmente entre os que lecionam para a educação infantil. Maria Ângela Barbato Carneiro,

e

o lúdico com seriedade

BrinquEdos ajudam na socialização do aluno. mAs o que eles têm A oferecer em termos de AprendizAgem e como incorporAr elementos lúdicos às AtiVidAdes corriqueiras de classe? por juliana lanzuolo

Page 13: prenúncio de uma nova escolaMarcelo Côrtes Neri, economista-chefe do Centro de Políticas So-ciais da Fundação Getulio Vargas (FGV). “Não basta enxergar de fora as boas propriedades

super escola 13

coordenadora do Núcleo de Cultu-ra, Estudos e  Pesquisas do Brincar e da Educação Infantil, da Ponti-fícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), diz que as crianças aprendem por meio da experiência; portanto, a brincadeira é a melhor maneira de fazê-las trabalhar novos conceitos e lapidar conhecimentos.

Em 2007, a marca de sabão em pó Omo, em parceria com a Uni-lever, divulgou um estudo que re-velou a relação entre o brincar e o desenvolvimento infantil, do qual Maria Ângela participou como con-sultora. Foram entrevistados cerca

de mil pais e crianças de 6 a 12 anos e 95% delas responderam que o es-paço no qual elas mais brincam é a escola. “É fácil compreender esse ín-dice, uma vez que, há alguns anos, os espaços públicos ficaram com-prometidos pela violência e os quin-tais das casas foram também redu-zidos. Daí a responsabilidade da escola em explorar seu espaço físico também para esse fim”, interpreta Maria Ângela.

ideias para compartilharUma boneca ou um carrinho

podem originar dinâmicas que tra-balhem noções de limites, de tro-ca, de colaboração e regras entre os alunos. “Mas não reconheço que o brinquedo comprado pronto seja de fato a fonte de trocas principais. Muitas vezes, espalhamos propo-sitalmente em sala de aula objetos como palitos, lenços, entre outros, que podem incitar um brincar mais interessante e com resultados mais significativos”, argumenta Sandra Mara de Ramos da Silva, coorde-nadora da Educação Infantil e do 1º ano do ensino fundamental do Pueri Domus.

Sandra conta que, certa vez, as professoras deixaram caixas de pape-lão no bosque do Colégio. Rapida-mente, as crianças estavam usando o material para escorregar nos peque-nos morros e, em seguida, o grupo já se organizou e inventou regras para uma sequência de brincadeiras que elas mesmas criaram.

Ainda com uma caixa de pape-lão em tamanho gigante, Sandra incitou que as crianças brincassem de “casinha” e aproveitou a situa-

ção para desenvolver temáticas de trabalho a partir da iniciativa dos pequenos. “Ao fechar a porta da casinha, ficava escuro e os alunos simulavam o período da noite. As-sim, diziam que aqueles que não tivessem medo da noite poderiam entrar na casa. Em pouco tempo, mesmo os que temiam o escuro se sentiram estimulados a participar e a professora aproveitou o gancho para trabalhar o dia e noite com o maternal”.

Maria Ângela Barbato lembra-se de uma ocasião em que estava com crianças de três anos da rede pública e elas descobriram o tatu-bolinha no jardim durante o recreio.

“Eles ficaram entretidos um bom tempo, descobrindo cada de-talhe do animal. Aproveitei para ex-plicar que há vários bichinhos que moram no jardim, que removem a terra ou se alimentam dela, inte-ragindo uns com os outros. A par-tir daí, houve um interesse muito grande das crianças em conhecer melhor as características desses bi-chos. Essa situação é um exemplo de que, às vezes, o projeto pode ad-vir dos alunos e que devemos incor-porar o conhecimento da criança a este, partir de seus conhecimentos prévios e auxiliar a ampliá-los”, res-salta a docente.

Para a educadora, quando a criança é desafiada por meio da brincadeira e consegue aprender, o conteúdo em questão adquire signi-ficado. “O aluno irá se lembrar disso com mais facilidade e será capaz de utilizar esse conhecimento em outras situações de sua vida”, enfatiza.

Shu

tter

stoc

k

a pesquisa dEu origEm ao livro A descoberta do brincar no qual maria Ângela Barbato e Janine J. dodge apresen-tam aos docentes e pais o brincar como ferramenta capaz de atingir os pilares aponta-dos pela unesco como princípios de educação neste século: o aprender, o conhecer, o fazer, o viver e o ser. (editora melhoramentos, 255 páginas)

Page 14: prenúncio de uma nova escolaMarcelo Côrtes Neri, economista-chefe do Centro de Políticas So-ciais da Fundação Getulio Vargas (FGV). “Não basta enxergar de fora as boas propriedades

crEscEntE uso da tEcnologia na sala dE aula aponta para um cEnário ondE o tEmpo dE rEsposta às dificuldadEs do aluno cAi drAsticAmente e As diferençAs entre os dois mundos ViVenciAdos por professores e estudAntes deixAm de ser um fAtor de desmotiVAção no processo de AprendizAgem

capa a Gestão da aprendizaGem

s e no cenário educacional não há necessariamente um consenso entre linhas pedagógicas ou entre métodos educacionais, por ou-tro lado, as escolas convergem sem exceções quando o assunto é demanda por tecnologia. Isso porque o mundo avança mais rapi-

damente que a escola, e qualquer mudança no processo de educação en-volve simultaneamente três gerações: a que forma os educadores, a que educa e a que aprende.

O fato é que há uma mudança em curso e esta envolve o uso da tecnolo-gia como principal fator de otimização do processo educacional. O modelo de educação vigente é o mesmo que existia no século 19, ou seja, a escola educa hoje como educava durante a Revolução Industrial. E este é o princi-

por danilo sanches

prenúncio de umA nova escola

14 mAi/jun/jul

Page 15: prenúncio de uma nova escolaMarcelo Côrtes Neri, economista-chefe do Centro de Políticas So-ciais da Fundação Getulio Vargas (FGV). “Não basta enxergar de fora as boas propriedades

15super escola

Shu

tter

stoc

k

Page 16: prenúncio de uma nova escolaMarcelo Côrtes Neri, economista-chefe do Centro de Políticas So-ciais da Fundação Getulio Vargas (FGV). “Não basta enxergar de fora as boas propriedades

mAi/jun/jul16

amparar-se em infraestrutura tecno-lógica, profissional e de criatividade.

Além disso, parte do desafio é também conseguir transformar o pro-cesso de ensino, que antes era genera-lizado, em um processo de avaliação individualizado e com tempos de res-posta cada vez menores, a fim de con-ferir precisão e eficiência à escola. “Os sistemas de gestão do conhecimento permitem muitas formas colaborati-vas de produção e que se tenha um acompanhamento de portfólio. Difi-cilmente, em um universo não digital, você teria a possibilidade de acompa-nhar todas as versões de um trabalho desenvolvido por um aluno”, pontua o executivo.

“Digitalmente, é possível acom-panhar como professor e aluno cons-truíram o resultado. Isso é extrema-mente forte do ponto de vista de gestão e permite uma mudança de vi-são do processo: o que era antes uni-direcional, hoje passa a ser multidire-cional”, avalia Terra.

O ganho em relação ao tempo de

capa a Gestão da aprendizaGem

pal paradigma que deve ser rompido para que as grandes potencialidades dos jovens possam ser amplificadas pelas instituições no papel de educar para a sociedade contemporânea, se-gundo José Tadeu Terra, diretor de Mídias Digitais da Pearson.

“Hoje, nós estamos vivendo a re-volução da educação, ou seja, este modelo não atende mais; ele não for-ma mais as pessoas para o mundo que nós temos”, afirma Terra. “No século 19, formar pessoas para re-produzir comportamentos era óti-mo; era o que se precisava na Revo-lução Industrial. Hoje, precisamos de uma pessoa que tenha múltiplas formas de linguagem, uma pessoa que tenha uma capacidade colabora-tiva muito grande e velocidade, que possa aprender sem precisar que al-guém ensine.”

E o papel do professor neste caso é fundamental, segundo o executivo, uma vez que ele deve estar atento e in-tegrado às diferentes linguagens. Por outro lado, segundo Terra, o gran-de trabalho a ser feito é preparar este professor para um cenário que ainda pode parecer amedrontador à maioria dos profissionais. “Até porque a maior parte é de uma geração migrante di-gital, eles não são nativos, então eles têm uma dificuldade muito grande com a tecnologia ainda”, afirma.

o futuro é agoraAtrair a atenção e o interesse dos

jovens pela escola é o grande desa-fio em um mundo onde a oferta de informações é predominantemente voltada para o entretenimento. A es-cola deve acompanhar as demandas dos novos alunos e para isso tem de

resposta no processo do aluno ou de uma turma deve-se ao fato de ser possível acompanhar as produ-ções em tempo real. “Antigamen-te, a gente dependia de uma série de processos e, normalmente, só se podia perceber a dificuldade de um aluno depois de dois ou três meses de aula. Com a tecnologia, a partir do momento que se criam mecanismos de avaliação pertinen-tes, é possível avaliar desempenhos individualmente e com tempo de resposta muito menores”, afirma.

Apesar dos largos esfor-ços, a aplicação de tecnolo-gias voltadas a este fim depen-de de adesão dos professores. E a adesão a esta nova ideia de-pende do apoio institucional que os profissionais recebem.

“Normalmente, em qualquer

escola em que se implementam projetos digitais, no início, tem-se a adesão de 20% a 30%. E isso vai crescendo ao longo de um ou dois anos até atingir 80% ou 90%. Tudo depende de como se trabalha a tecnologia dentro da instituição e de como é feita a formação deste professor. É preciso criar uma es-trutura de treinamento e de subsí-dio para que ele possa migrar neste processo, com segurança”, explica o diretor.

O executivo ainda afirma que já é possível prever resultados efe-tivos da implementação da tecno-logia nas escolas para um futuro próximo. “É um processo irrever-sível”, afirma.

Por outro lado, a formação de educadores em universidades tam-

ph.d. Em Educação (informática aplicada) pela universidade laval, canadá

nós pErcEBEmos, para todo lado, quE

a Escola Está mal-acomodada. várias pEsquisas rElatam

o dEsconforto dE profEssorEs E alunos, o quE

aponta claramEntE a nEcEssidadE dE uma

nova escolagilBErto lacErda, profEssor da unB

Page 17: prenúncio de uma nova escolaMarcelo Côrtes Neri, economista-chefe do Centro de Políticas So-ciais da Fundação Getulio Vargas (FGV). “Não basta enxergar de fora as boas propriedades

super escola 17

A introdução de um novo paradigma no processo educacional depende essen-cialmente de tempo, de acordo com o professor da UnB. Segundo ele, o trabalho a ser feito para que a tecnologia que torna o mundo contemporâneo tão dinâmico se aproxime da escola – que ainda engloba processos mais lentos – é o trabalho de aproximar dois universos.“Esta demanda existe e é clara. Ela está em cada criança que assiste à aula, calada, e quando chega em casa tem mil possibilidades a sua disposição; e também está em cada professor que é um cidadão de dois mundos: na escola ele dá aula seguindo um livro didático, seguindo um roteiro, e fora da escola ele fala em ciên-cias sociais, ele é um cidadão do mundo que está aí”, explica Lacerda.

O especialista ainda afirma que, no con-texto brasileiro de um modo geral, todas as escolas estão envolvidas com este pro-blema. A dicotomia entre um mundo que vive uma euforia tecnológica e uma escola que se encaminha lentamente para uma adaptação pouco proativa neste sentido é o que gera desconforto para alunos e professores, segundo Lacerda. O profes-sor ainda explica que, neste quesito, não existe diferença objetiva entre escolas públicas e privadas.

Em última análise, segundo ele, a dife-rença é quantitativa e não qualitativa no uso de tecnologias para integrar as linguagens do cotidiano dentro e fora da escola. “Nós percebemos, para todo lado, que a escola está mal-acomodada. Várias pesquisas relatam o desconforto de professores e alunos, o que aponta claramente a necessidade de uma nova escola”, enfatiza.

O cenário para o qual o País aponta, no sentido de fomentar iniciativas que promovam a universalização do acesso às novas tecnologias, é o pano de fundo para a criação desta nova escola.

Segundo o professor, é incontornável que a escola integre, em médio prazo, os aparatos tecnológicos tanto físicos quanto de linguagem com os quais a sociedade já vem lidando. “Na forma pela qual nós funcionamos atualmente, em termos de sociedade, é natural se esperar que, cedo ou tarde, a escola se acomode ao modo de funcionamento que a sociedade demanda. Então, nós estamos vivendo em uma sociedade que avança para um funcionamento iminentemente baseado em tecnologia. Não somente na tecnolo-gia material, mas também das linguagens que decorrem dela”, finaliza.

DOiS univERSOS

bém carece de uma visão pragmá-tica da aplicação da tecnologia em sala de aula, segundo Gilberto la-cerda, professor e especialista em Tecnologia Educacional da Univer-sidade Federal de Brasília (UnB). O docente afirma que, na universida-de onde leciona, uma das maiores do País, as aulas referentes ao uso de tecnologia na educação – nos cur-sos de Pedagogia – não fazem parte da grade curricular obrigatória dos futuros educadores.

no século 19, formar pEssoas para reproduzir

comportamEntos Era ótimo; Era o

que se precisava na rEvolução industrial.

hojE, prEcisamos dE uma pEssoa quE tEnha múltiplas formas dE

linguagEmtadEu tErra,

dirEtor dE mídias digitais da pearson

Page 18: prenúncio de uma nova escolaMarcelo Côrtes Neri, economista-chefe do Centro de Políticas So-ciais da Fundação Getulio Vargas (FGV). “Não basta enxergar de fora as boas propriedades

18 mAi/jun/jul

coléGio ranieri, são paulo (sp)estudo de caso

por Adriano zanni

o

o “slogan” é um convitE ao dEscoBrimEnto. na vErdadE, transformou-sE Em missão do colégio raniEri, instituição pArceirA do pueri domus e que enxergou nA AmpliAção dAs AtiVidAdes pedAgógicAs oferecidAs pelo berçário umA oportunidAde pArA fidelizAr pAis e Alunos

que de início poderia ser en-carado apenas como mais um diferencial em um rol

de serviços oferecidos por instituição de ensino tornou-se unidade com vida própria e estruturação diferen-ciada. Não é de hoje que algumas escolas, após abrirem as portas aos alunos dos ensinos infantil, funda-mental e médio, decidam canalizar esforços para oferecerem um novo serviço: berçário para alunos a partir de seis meses de vida.

Uma atividade que pode gerar

bons frutos, sobretudo em grandes centros urbanos, mas que requer vi-são administrativa diferenciada e altas doses de sensibilidade por parte de mantenedores e gestores. Apostar no papel da escola como guardiã da vida

um noVo mundo a cada dia

destes pequenos, desde os primeiros passos, pode ser uma boa alternativa, inclusive em termos de negócio, uma vez que muitos pais precisam retomar o ritmo de suas atividades profissio-nais e, neste momento, deparam-se com a difícil tarefa de deixar os filhos aos cuidados de terceiros.

Foi com esse olhar que o casal de educadores Janaína Rangel Jordão e Kleber Jordão decidiu diversificar as atividades do Colégio Ranieri em 2001. A instituição, fundada em de-zembro de 1995, oferecia, até então, apenas turmas de educação infantil, ensino fundamental e médio. No en-tanto, a dupla percebeu que muitos pais os procuravam, até mesmo com base na experiência que tinham com filhos mais velhos lá matriculados,

Page 19: prenúncio de uma nova escolaMarcelo Côrtes Neri, economista-chefe do Centro de Políticas So-ciais da Fundação Getulio Vargas (FGV). “Não basta enxergar de fora as boas propriedades

super escola 19

ano Em quE a antiga Escola dE Educação infantil acalanto passou a denominar-se colégio ranieri. site: www.colegioranieri.com.br

que, além da elaboração e adequa-ção dos cardápios, orienta crianças e educadores. O lactário é outro as-pecto que encanta os pais durante as visitas. O espaço foi construído seguindo à risca padrões hospitala-res, além de abrigar lactarista res-ponsável em tempo integral.

“Um pediatra também foi con-tratado e os pais veem alto valor agregado no serviço que estamos propondo, pois, nessa fase de vida da criança, mais importantes que o método pedagógico adotado pela escola, são as estruturas oferecidas, o conforto e a segurança”, destaca Janaina Rangel Jordão, diretora pe-dagógica.

divisor de águasOs diretores do Ranieri apon-

tam que 2004 foi o ano de maior propulsão nas atividades do Colé-gio, quando passaram de 125 a 240 alunos. Nesse instante, foi preciso reunir recursos financeiros para construir novas estruturas físicas, ampliar a equipe de trabalho, dar treinamento e criar uma rotina de procedimentos internos.

“A gente sempre costuma usar o senso de administrador ao tomar de-cisões como esta, mas o diferencial é priorizar o viés educacional, exercer a sensibilidade. Ir além é olhar para as vidas que você tem em suas mãos e saber o que você pode fazer de me-lhor por elas”, diz Kleber Jordão.

Detalhes como atentar para o fato de a criança estar vindo à escola pelo terceiro dia consecutivo com resfriado ou febre, alertando os pais, além da realização periódica de

reuniões particulares com eles para comentar em que se nível encontra o desenvolvimento do aluno são algumas das medidas necessárias, garante o diretor administrativo.

A documentação pedagógica é outro tema encarado com extrema seriedade, já que todos os dias são emitidos relatos que os pais podem levar para a casa, explicitando as ações feitas com as crianças e ano-tações sobre seu comportamento na escola. “Dessa forma, evitamos que as reuniões gerais de pais sirvam apenas para exposição de problemas. Nelas desempenhamos discussões mais pedagógicas, específicas, ten-tando explicar a eles sobre a impor-tância de determinadas ações. Os pais são de outra época, têm ou-tra concepção de ensino e por isso mesmo precisam estar esclarecidos acerca das tendências e métodos que empregamos”, avalia Janaína, esclarecendo que a parceria com o Sistema de Ensino Pueri Domus auxilia muito nesse sentido.

Trazer a família para dentro da instituição novamente é o grande desafio, segundo o casal de edu-cadores. “Muitas vezes, a criança tornou-se o centro das atenções no lar. Os pais perderam autonomia e nesses encontros e atividades que temos com eles damos orientações sobre como resgatar esse papel de autoridade. É uma realidade dos tempos de hoje que, se trabalhada desde cedo, estreita relacionamento e faz que estes pais se sintam confor-táveis em conferir a nós a missão de acompanhar o processo de aprendi-zagem de seus filhos até o término do ensino médio”, conclui Kleber.

para encontrar um local seguro e adequado onde pudessem “deixar” os caçulas.

“A demanda começou a crescer pela percepção da própria comuni-dade em torno das melhorias de in-fraestrutura que havíamos realizado e porque sempre olhamos para estas questões do ponto de vista dos pró-prios pais. Essa proximidade com eles ajudou na estruturação do proje-to”, relembra Kleber Jordão, diretor administrativo do Ranieri que, hoje, possui cerca de 900 alunos, 60 deles somente no berçário.

A estrutura oferecida apresenta diferenciais importantes como a presença diária de uma nutricionista

Foto

s: D

ivul

gaçã

o

Page 20: prenúncio de uma nova escolaMarcelo Côrtes Neri, economista-chefe do Centro de Políticas So-ciais da Fundação Getulio Vargas (FGV). “Não basta enxergar de fora as boas propriedades

20

a pesQuisa produtiva na internetsala de aula

quando a pesquisa escolar encontrou na intErnEt uma importantE aliada,

rompEu paradigmas E criou tAmbém noVAs problemAtizAções pedAgógicAs. especiAlistAs

AfirmAm que não há diferençAs entre copiAr dA AntigA enciclopédiA ou de um website. o

importAnte é reVer A metodologiA de ensinopor danilo sanches

dAs enciclopédiAs para o googlE!

Shu

tter

stoc

k

mAi/jun/jul

Page 21: prenúncio de uma nova escolaMarcelo Côrtes Neri, economista-chefe do Centro de Políticas So-ciais da Fundação Getulio Vargas (FGV). “Não basta enxergar de fora as boas propriedades

super escola 21

e fato, as pesquisas escolares muda-ram muito desde a época do papel almaço. Debruçar-se sobre pilhas de

livros em uma biblioteca ou copiar trechos e colar figuras fotocopiadas para compor um belo trabalho já não faz mais parte da realida-de da grande maioria dos estudantes no País. O que mudou mesmo, segundo especialis-tas, foi apenas o cenário onde se desenrolam as pesquisas, que agora dispensam as silen-ciosas bibliotecas escolares para se aventura-rem firme no universo dinâmico da internet.

Ao contrário do que possa parecer, pes-quisar pela internet, copiar trechos de sites, editar artigos já publicados ou até mesmo reproduzir trabalhos inteiros hospedados na rede não difere muito, em relação ao méto-do de pesquisa, do que já era feito na época dos trabalhos a caneta esferográfica, segundo o professor José Carlos Antonio, físico e au-tor de material didático para ensino médio.

O docente, que também é especialista em tecnologia para educação, afirma que há mui-to mais para ser mudado na forma de ensinar e fazer pesquisas escolares que apenas uma al-teração no suporte de conteúdo de onde se retiram as informações.

Segundo ele, se o aluno debruçava-se so-bre um livro para copiar seu conteúdo, hoje copia o conteúdo digital da mesma obra dis-ponível na internet. Ou seja, o fato de o estu-dante do passado reproduzir tudo e entregar o trabalho redigido à mão pouco difere do uso das famosas teclas de atalho Ctrl+C e Ctrl+V

(comandos de copiar e colar no computador). “A diferença é que hoje é ainda mais fácil. O papel do professor não é o de dificultar a có-pia do conteúdo”, alerta.

Por mais chocante que possa parecer, o que Antonio está ressaltando é que “alguns professores, por não saberem pesquisar, acabam usando como solução alternativa a exigência de que os alunos entreguem os trabalhos de forma manuscrita, ainda que copiados da internet”.

Antonio afirma que o papel da pesquisa não é o de reproduzir conteúdo, mas am-pliar o paradigma da criança e do adolescente, usando para isso a pesquisa como método. “A tecnologia deve trazer um novo prisma e não reforçar um conceito antigo”, afirma o profes-sor. Segundo ele, o uso dos recursos tecnoló-gicos na escola deve criar uma nova visão de mundo, uma nova forma de ver e fazer edu-cação. Principalmente, quando o assunto é pesquisa escolar.

Um dado importante é que a realidade que limita o uso das pesquisas à mera repro-dução de conceitos não é exclusividade das escolas públicas. Na rede privada de ensino, o uso da tecnologia ainda não desempenha sua finalidade mais nobre na sala de aula.

“Mesmo nas escolas particulares, há uma infinidade de professores que acham que resolvem o problema da pesquisa na internet apenas exigindo que o aluno en-tregue o trabalho escrito à mão. Um gran-de equívoco”, afirma.

d

Page 22: prenúncio de uma nova escolaMarcelo Côrtes Neri, economista-chefe do Centro de Políticas So-ciais da Fundação Getulio Vargas (FGV). “Não basta enxergar de fora as boas propriedades

mAi/jun/jul22

a pesQuisa produtiva na internet

Talvez, o grande legado da in-ternet em relação aos trabalhos es-colares esteja no uso equivocado da rede, deixando ainda mais evidente uma falha na metodologia de pes-quisa utilizada nas escolas. Segun-do Antonio, o problema está na má formulação. “O grande entrave não é a tecnologia em si, mas a pedago-gia, uma vez que as pesquisas já são formuladas e sugeridas como uma cópia”, explica. No caminho contrá-rio a essa tendência, a pesquisa deve-ria sugerir que o aluno relacionasse conceitos e avançasse sobre o que o material-base propõe.

pesquisa produtivaCom 21 anos em sala de aula, o

professor Paulo Roberto de Olivei-ra, coordenador educacional da área de História, encontrou uma possibi-lidade bastante prática de lidar com as pesquisas feitas pela internet. O docente aponta que as dificuldades acontecem porque não é possível avaliar trabalhos copiados da rede. Para lidar com isso e aproveitar o co-nhecimento depositado na internet

– ainda que este seja superficial – as atividades produtivas são feitas todas em sala de aula.

“Não existe pesquisa na internet. Existe cópia da internet. Por isso, eu peço para os alunos coletarem dados da rede, com citação de fonte, e a pro-dução dos trabalhos é feita em sala de aula”, explica Oliveira. Segundo ele, esta é a única forma de avaliar um trabalho cujas fontes são da internet.

Em sala, as atividades produtivas são desenvolvidas em conjunto ou individualmente. O professor avalia o desempenho dos alunos por meio de discussões, comparações ou textos produzidos com base em tudo aqui-lo que foi lido e coletado.

Apesar de indicar com ênfa-se o uso de bibliografias de auto-res, o professor ainda orienta que os alunos busquem dados em sites de universidades ou mesmo de pes-quisas acadêmicas, como em artigos ou teses publicadas na rede. “Mas eles acabam retirando material da

Wikipédia mesmo”, afirma Oliveira que avalia o conteúdo da enciclopé-dia colaborativa da internet como superficial, apesar de ser o site mais acessado por seus alunos.

“É uma questão de geração. Estes jovens da geração pós-ditadura mi-litar têm interesses mais evasivos em relação às coisas. Às vezes, para poder ter o interesse deles e discutir as re-lações políticas do império romano, preciso começar abordando como era a vida sexual na época”, explica.

Oliveira finaliza dizendo que a grande manobra para conseguir ex-trair produtividade em qualquer ati-vidade escolar, mesmo em pesquisas cuja fonte de dados seja a internet, está na percepção que o professor tem a respeito de seu papel na sala de aula. “A internet é um recurso de fundo. A produtividade das ativida-des se dá quando o professor enxer-ga que sua contribuição maior está em promover os debates e a produ-ção de conteúdo próprio pelos alu-nos”, completa.

a WikipÉdia é uma enciclopÉdia multilínguE on-linE, livre, colaborativa, ou seja, escrita internacionalmente por várias pessoas comuns de diversas regiões do mundo, todas elas voluntárias. por ser livre, entende-se que qualquer artigo dessa obra pode ser transcrito, modificado e ampliado, desde que preservados os direitos de cópia e modificações. o nome vem de wiki-wiki, termo havaiano que significa ‘veloz, célere’. a Wikipédia, criação dos norte-americanos Jimmy wales e larry sanger, já reúne mais de 3,1 milhões de artigos em 205 línguas e dialetos.

sala de aula

Page 23: prenúncio de uma nova escolaMarcelo Côrtes Neri, economista-chefe do Centro de Políticas So-ciais da Fundação Getulio Vargas (FGV). “Não basta enxergar de fora as boas propriedades

super escola 23super escola 23

Esforço rEcompEnsado Marcella Bellodi Gerbasi, 17 anos, ex-aluna do Colégio Maria, em Jaboticabal (SP), tem motivos de sobra para comemorar. Ela foi aprovada em 14º lugar no processo seletivo para o curso de Arquitetura da Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus de Bauru (SP).

Sem precisar frequentar cursinho pré-vestibular, Marcella, formanda da primeira turma do ensino médio do Colégio Maria, atribui seu bom desempenho à bagagem cultural e conhecimentos que adquiriu na escola. Pelo segundo ano consecutivo, o curso de arquitetura do campus de Bauru é o terceiro mais concorrido do vestibular da Unesp. No processo seletivo de 2011, a relação era de 40 candidatos por vaga.

Engajados com o mundo

EntrE as mElhorEs do Brasil

[email protected]

Div

ulga

ção

No dia 20 de abril, foi realizada a cerimônia de premiação do concurso “Pelo direito de ser criança”. A ação, fruto de uma parceria entre a marca OMO (Unilever) e o Instituto Sidarta, contou com a participação de mais de 4 mil escolas de todo o País que relataram atividades que inserem no dia a dia das crianças experiências sustentáveis.

Boas notícias chegam de Bragança Paulista, já que a Escola Viverde, após processo seletivo que contou com diversas etapas, obteve premiação máxima na categoria “Melhores práticas de brincar”, sendo classificada entre as três melhores instituições de ensino no Brasil. “Receber este prêmio significa estar em primeiro lugar no que diz respeito à educação por princípios. Significa que

a Viverde investe na formação de seus educadores e busca sempre estar em consonância com as melhores práticas e teorias educacionais”, diz Maria Regina Zago Leite da Silva, diretora da escola.

Além do selo do concurso, a Viverde recebeu um parque com brinquedos modulares, feito de materiais sustentáveis. A instituição de Bragança Paulista ainda indicará uma escola pública do município para receber a mesma estrutura. A Escola Portal do Saber, em Atibaia (SP), também ficou entre as 18 finalistas na categoria “Aqui se brinca” para a qual apresentou o Recicriar, um projeto em que os alunos da educação infantil confeccionaram brinquedos a partir de material reciclável. Parabéns às escolas parceiras!

O trabalho desenvolvido por professores e alunos da escola Pueri Domus no Fórum FAAP 2010 rendeu bons frutos. A instituição foi selecionada para participar do International Model United Nations Summer, organizado pela Unesco Center for Peace, nos Estados Unidos.

De 17 a 30 de julho, alunos de todas as nações frequentarão fóruns de discussões sobre os maiores desafios pelos quais passa o mundo atualmente. Temas como:

direitos humanos, paz entre os homens, segurança e economia estarão em pauta para o debate de jovens de 14 a 24 anos.

A indicação reafirma os pressupostos pedagógicos da instituição em desenvolver habilidades que permitam a construção de novos saberes e reforça o lema do educador José Pacheco: “Escola forte é aquela comprometida com a formação de ‘gente forte em conhecimento, em competências, em responsabilidades”.

Fotos: Divulgação

Page 24: prenúncio de uma nova escolaMarcelo Côrtes Neri, economista-chefe do Centro de Políticas So-ciais da Fundação Getulio Vargas (FGV). “Não basta enxergar de fora as boas propriedades

mAi/jun/jul24

irmã norma maria ravazzi

história de Norma Maria Ravazzi confunde-se com a do Colégio Ressurreição

Nossa Senhora do Calvário, locali-zado em Catanduva, interior de São Paulo. Desde os 11 anos, como alu-na da instituição fundada em 1932 pelas irmãs calvarianas, a menina já deixava evidente seu encantamento pela leitura.

“Coisa mais comum era vê-la pelos corredores, sempre com um li-vro nas mãos. Ainda pré-adolescen-te, ela costumava ler uma obra por dia”, relembra Nara Maria Ravazzi da Cruz, irmã biológica de Norma e atual diretora do “Colegião”, como é conhecida a instituição na cidade.

Disciplinada e aficionada pelos estudos, Norma dedicou-se à do-cência, cursando posteriormente mestrado e doutorado em Linguís-tica e Literatura pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Ara-raquara (SP). Durante o mestrado,

cAminhos que lEvam à norma

história do mantenedor

no início dos anos 50, Ela Era apEnas uma aluna intErna do colégio rEssurrEição nossA senhorA do cAlVário. tempos depois, entrAriA pArA A ordem cristã e iriA se tornAr umA dAs responsáVeis pelA missão de conduzir os rumos dA instituição que sempre A Acolheu

A inclusive, colaborou para a publica-ção do Dicionário Contemporâneo de Português, de Maria Tereza Ca-margo Biderman (Editora Vozes, 1992), cujo exemplar autografado é guardado com muito saudosismo por Nara.

“Quando minha irmã iniciou o curso de mestrado, ela já lecionava e, durante as aulas com Maria Tereza, comentou que havia notado a difi-culdade que as crianças tinham em manusear dicionários. Foi a partir dessa troca de ideias que a professora da Unesp decidiu dar início à obra”, lembra Nara.

Ainda em fase escolar, e diferen-temente das outras colegas que vol-tavam para casa aos fins de semana, Norma conviveu quase integral-mente com as irmãs da congrega-ção. Paralelamente aos estudos, ela foi deixando aflorar outra vocação complementar à pedagogia. “Nós sempre fomos muito devotos da re-

ligião católica e ela se envolvia fre-quentemente com assuntos relacio-nados à Igreja, chegando a assumir a coordenação da pastoral, inclusi-ve. Então, Norma esperou apenas que eu concluísse os estudos para seguir de fato na congregação reli-giosa”, relembra.

Foram poucos anos como pro-fessora de Língua Portuguesa em seu antigo colégio de formação para que sua liderança e vocação a levassem até a direção do Ressurreição Nossa Senhora do Calvário.

A partir desse momento, Irmã Norma demonstrou ser uma pro-fissional visionária e à frente de seu tempo ao promover mudanças sig-nificativas nos processos pedagógi-cos. Nara, que também seguiu car-reira pedagógica, destaca a adesão ao material do Sistema de Ensino Pue-ri Domus como uma das principais contribuições que ela deixou.

Nara conta que, nos anos 90, quando sua irmã assumiu o posto, coincidentemente eram propostos novos caminhos para a Lei de Di-retrizes e Bases da Educação (LDB) e, no início, foi um tanto desafia-dor instituir um material moderno e com propostas diferentes daquelas a que os pais estavam acostumados.

“Aos poucos, o método novo, sem ‘decoreba’ e tendo o aluno como protagonista do conhecimento foi conquistando a comunidade. Os pais entenderam que os filhos não seriam tão dependentes deles na hora do estudo, pois a praticidade como o material é ordenado faz que

ENVIE A SUGESTãO DE SUA hISTóRIA PARA O E-MAIL:[email protected]

por juliana lanzuolo

Page 25: prenúncio de uma nova escolaMarcelo Côrtes Neri, economista-chefe do Centro de Políticas So-ciais da Fundação Getulio Vargas (FGV). “Não basta enxergar de fora as boas propriedades

25super escola

o aluno se envolva e faça sozinho. Em contrapartida, os pais não dei-xam de se sentir parte do processo, já que participam por meio de entre-vistas ou pesquisas, acompanhando de perto o desenvolvimento dos fi-lhos”, diz.

A escolha pelo material do Pueri contribuiu também para que fossem adotados os jogos de Piaget no dia a dia das crianças. “Nosso pensamen-to vai ao encontro da linha pedagó-gica do Pueri Domus que preconiza o aluno como protagonista do co-nhecimento. Além disso, sabemos da importância do lúdico para o desen-volvimento da aprendizagem. Por-tanto, desde a década de 1990, im-plementamos os jogos de Piaget em nossa grade, incluindo a caixa ama-rela, jogos corporais e outros recursos recomendados por este grande edu-cador”, destaca a diretora.

A solidariedade como legadoIrmã Norma e as irmãs da Res-

surreição assumiram alguns pro-jetos sociais em benefício de co-munidades carentes. Um deles foi realizado no Vale do Jequitinho-nha, em Minas Gerais.

“Elas começaram com doações de voluntários e hoje mantêm uma casa de idosos e um lar acolhedor de crianças abandonadas. Além disso, temos pais de alunos que lançam mão de sua profissão para ajudar a população local. Para se ter uma ideia, a primeira campanha que fize-mos foi para arrecadar lápis de cor, pois muitas crianças de lá jamais ti-veram acesso a esse material”, con-ta Nara.

No início de 2011, Norma, então madre superiora da Con-gregação Irmãs da Ressurreição, faleceu vítima de câncer, deixan-do nas mãos da irmã e da equipe de coordenação do colégio a tare-fa de seguir seus passos no auxílio ao desenvolvimento cognitivo e social dos alunos da entidade. “O tempo escreve histórias como um mestre compositor de destinos. A nós, o tempo reservou a missão de educar”, encerra Nara.

Foto

s: D

ivul

gaçã

o

o tEmpo EscrEvE histórias como um mEstrE compositor dE dEstinos. a nós,

o tEmpo rEsErvou a missão dE Educar

nara Maria ravazzi da cruz, irmã de nora

colégio fundado em 1932 é um dos pioneiros, no interior paulista, na adoção da teoria construtivista como metodologia de aula

Page 26: prenúncio de uma nova escolaMarcelo Côrtes Neri, economista-chefe do Centro de Políticas So-ciais da Fundação Getulio Vargas (FGV). “Não basta enxergar de fora as boas propriedades

26

comportamento a cultura da alta performance

quAndo o ótimo é inimigo do Bom

mundo corporativo precisa de bons líderes. Esta é uma pre-missa que não pode ser facil-

mente negada. No entanto, as conse-quências desta afirmação podem se estender para além dos muros das em-presas e atingir as crianças e suas roti-nas, desde o início da infância.

O alerta é da educadora e consul-tora educacional Sheila Sgambatti. “A cultura da alta performance está ain-da muito presente nas empresas e isso faz que os pais continuem com estas ideias”, afirma a consultora. Segundo ela, os pais que cobram que as escolas usem a quantidade de atividades para mensurar o processo de aprendizagem contribuem para um desgaste (estresse) natural dos alunos.

Por outro lado, a consultora deixa claro que não critica o método. “Eu não sou contra a cultura da alta performan-ce; eu sou contra massacrar o aluno. É importante ver como este conhecimen-

to está sendo passado e cobrado do es-tudante, seja em que nível de ensino for”, afirma Sheila.

A consultora ainda afirma que a con-cepção da cultura que exige altos desem-penhos dos alunos visando ao ingresso nas melhores universidades “tem aspectos muito interessantes, mas a forma pela qual os professores atuam sobre este aluno, a forma pela qual a instituição cobra e como os pais cobram: é o conjunto que torna a situação muito negativa para esta criança”.

Pensando nisso, é que a psicóloga e coach individual de carreira Vera Pugliesi avalia a questão como um desvio de foco. Segundo a profissional, o desenvolvimen-to dos alunos deve ser holístico, ou seja, não deve eleger ou priorizar um aspecto da formação em detrimento de outros. “Quando a escola prioriza o desenvolvi-mento do aluno com foco no vestibular ou no mercado de trabalho, outros cam-pos do desenvolvimento muito impor-tantes acabam ficando de lado”, explica.

o

a cultura da alta pErformancE, muito prEsEntE Em Escolas dE todo o mundo, pode colocAr em xeque os fundAmentos dA educAção e do desenVolVimento integrAl de criAnçAs e Adolescentes, segundo especiAlistAspor danilo sanches

Segundo a psicóloga, a formação como um todo fica defasada. “Quando a escola se preocupa com o desenvolvimen-to da criança, ela vê este aspecto como um todo. Outros campos como o emocional, o social e o sexual também não podem ser esquecidos”, pontua.

Quantidade x qualidadeA ideia de que o desenvolvimento

profissional depende do esforço e da quantidade de atividades e treinamen-to do aluno mantém uma lógica com-petitiva que acaba por orientar os es-tudantes, já na fase de escolha de uma faculdade ou de uma carreira, para pro-fissões onde tal cenário desbravador e de competição se repete.

Vera explica que não há relação com-provada entre a quantidade de atividades ou a quantidade de cobranças e o aumen-to do desempenho. Ao contrário, a psicó-loga diz que as situações podem levar a um desgaste. “A educação tem de ser levada a sério, mas isso não tem a ver com a quan-tidade de exercícios ou de cursos em que este estudante está envolvido”, explica.

Para ela, o acompanhamento da fa-mília é essencial. Em uma família onde não há interação ou uma convivência pa-cífica, a cobrança não fará a diferença ou papel motivador. “Claro que é importan-te fazer bons cursos e ter boas notas; claro

mAi/jun/jul

Page 27: prenúncio de uma nova escolaMarcelo Côrtes Neri, economista-chefe do Centro de Políticas So-ciais da Fundação Getulio Vargas (FGV). “Não basta enxergar de fora as boas propriedades

Shu

tter

stoc

k

27super escola

Page 28: prenúncio de uma nova escolaMarcelo Côrtes Neri, economista-chefe do Centro de Políticas So-ciais da Fundação Getulio Vargas (FGV). “Não basta enxergar de fora as boas propriedades

mAi/jun/jul28

que é importante ser bem colocado profissionalmente e poder se desta-car, mas o desenvolvimento emo-cional é muito importante e, neste caso, é o que mais contribui para ba-lancear o desenvolvimento do aluno como um todo”, conclui.

ciclo viciosoOs dados mais recentes do Censo

do Ensino Superior, publicado pelo Ministério da Educação (MEC), mostram que o número de vagas ociosas em universidades públicas vem aumentando desde 2008. Só em 2009, mais de 39 mil vagas ficaram sem ocupação nestas instituições.

“Dentro da ideia de que é pre-ciso ser melhor que o outro, e que é preciso superar-se dia após dia, a pessoa escolhe um curso com foco em mercado, em retorno financeiro e em reconhecimento social”, expli-ca Solange Aparecida Emílio, espe-cialista em Psicologia Educacional, do Departamento de Psicologia da Universidade Presbiteriana Macken-zie, em São Paulo (SP).

“As pessoas vivem à base do ‘sal-ve-se quem puder’, mas, muitas ve-zes, a competição é para garantir condições mínimas de sobrevivên-cia, o que é contraditório”, afirma.

Segundo ela, a postura que exi-ge a alta performance faz parte de um ciclo vicioso no qual as escolas são estimuladas por uma lógica de mer-cado que está acima das próprias instituições, o que gera um vazio de realizações sociais e de convívio. Ao mesmo tempo, a grande maioria das instituições foca a formação de me-lhores profissionais. “A proposta da

a cultura da alta performance

competitividade estimula o indivi-dualismo e cada vez menos o com-panheirismo, o compartilhamento, o que é prejudicial”, afirma.

Solange diz que algumas institui-ções importam modelos de sistemas de ensino que acabam por reproduzir uma lógica onde não há oportunida-de para todos. “E isso gera o desgaste. Quem vive esta realidade pode pare-cer um privilegiado, mas é muito co-mum apresentarem casos de depres-são e até chegarem ao suicídio por terem de corresponder a expectati-vas que, nem sempre, são as deles”.

A solução, segundo a entrevis-tada, depende de políticas públicas de educação abrangente. A psicólo-ga critica a ideia de que a escola deva formar pessoas com o senso de que elas precisam ser as melhores naquilo que fazem. “Quanto espaço há para os melhores?”, questiona.

“As próprias políticas públicas, atualmente, são equivocadas nesse sentido ao avaliarem o aluno ape-

nas por uma nota, sem considerar o contexto, premiando professores que têm os alunos com as notas mais altas nos exames”, enfatiza.

De acordo com Solange, a ideia da meritocracia que estimula a com-petição tem respaldo em exemplos como aquele conhecido nos Esta-dos Unidos por “self-made man”. Traduzindo: alguém que superou obstáculos e chegou a uma posição de destaque sozinho, por conta pró-pria. Para Solange, indivíduos talen-tosos têm seu espaço, mas no mundo atual as oportunidades são restritas para a grande maioria das pessoas e isso gera frustração.

“Esta é a lógica do isolamen-to”, afirma. Apesar de amplamen-te difundida, segundo ela, o avan-ço da cultura da alta performance deve esbarrar na necessidade na-tural do ser humano de comparti-lhar. “Mas esse choque de posicio-namento deve levar três gerações inteiras para acontecer. Isso se co-meçarmos agora”, finaliza.

comportamento

Shu

tter

stoc

k

Page 29: prenúncio de uma nova escolaMarcelo Côrtes Neri, economista-chefe do Centro de Políticas So-ciais da Fundação Getulio Vargas (FGV). “Não basta enxergar de fora as boas propriedades

super escola 29

disciplina em sala de aulaindicação de leitura

indisciplina e disciplina Escolar: fundamEntos para o traBalho docEntEautor: celso dos santos vasconcellosEditora: cortez nº de páginas: 304 preço: r$ 35,00

o livro traz interconexões com um amplo leque de temas, tais como: o sentido da atividade docente e discente, limites e possibilidades educativas, comportamento humano, convivência escolar, construção da autonomia, autoridade pedagógica, contato didático, ética, entre outros.

instantÂneos da escola contEmporÂnEaautor: Julio Groppa aquinoEditora: papirusnº de páginas: 128preço: r$ 33,50

a obra trata de um aspecto contemporâneo que merece atenção: nas últimas décadas, passamos da sociedade disciplinar à sociedade de controle. e como isso afeta a escola? o conjunto de textos busca mapear as alterações mais importantes que vêm ocorrendo nas práticas escolares, assim como alguns de seus desdobramentos. o leitor encontrará registros expressionistas de tópicos como indisciplina, avaliação, formação continuada, papel docente, entre outros. leitura essencial para uma reflexão em perspectiva sobre a participação de cada um de nós na realidade educacional do país.

como administrar a sala dE aula – fundamEntos E práticasautor: José florêncio rodrigues Junioreditora: vozesnº de páginas: 112preço: r$ 19,00

este manual é resultado de anos de estudo, observação e pesquisas do autor. a sala de aula é, de fato, um espaço desafiador e não se pretende torná-lo um canteiro de rosas com um passe de mágica. em contrapartida, o autor defende que recorrendo ao que estudiosos e pesquisadores apresentam, os educadores podem facilitar seu trabalho e o dia a dia de seus alunos. o livro traz propostas e roteiros de ação que ajudarão o professor na administração da sala de aula.

violÊncia Escolar: caminhos para EntEndEr E EnfrEntar o proBlEmaautor: maria auxiliadora eliasEditora: áticanº de páginas: 96preço: r$ 19,90

este livro contribui, pela via da educação, com a compreensão e a prevenção da violência escolar. condensa atividades de pesquisa e estudo, assim como a experiência de atuação da autora no projeto “pela vida, não à violência”. a obra apresenta diferentes teorias da violência, ao lado de variadas aplicações educativas e preventivas, com exemplos tirados da experiência. também descreve os diversos blocos de ações que devem ser levados em conta para elaborar um projeto educativo e preventivo. a ideia é oferecer possibilidades, tanto para uma ação planejada e articulada como para atuações concretas diante de situações do dia a dia. a bibliografia e os filmes comentados ajudam a aprofundar diferentes questões.

Page 30: prenúncio de uma nova escolaMarcelo Côrtes Neri, economista-chefe do Centro de Políticas So-ciais da Fundação Getulio Vargas (FGV). “Não basta enxergar de fora as boas propriedades

mAi/jun/jul30

opinião eliane Garcia melGaço

A educAção quE quErEmos pArA o brAsil

n

ElianE garcia mElgaço

é vice-presidente de marketing

e sustentabilidade do Grupo algar

os últimos anos, o Brasil assumiu posição relevan-te no mercado global e já provou sua capaci-

dade de competir com impor-tantes players. A economia vai bem, a inflação está controlada, o agronegócio surpreende, a clas-se C aumentou sua capacidade de compra e, nos esportes, o País destaca-se por ter conquistado o direito de sediar os dois princi-pais eventos mundiais: Copa do Mundo e Jogos Olímpicos.

 É motivo de orgulho fazer

parte de uma nação que cresceu e conquistou tanto nos últimos anos. Mas, como executiva de um grande grupo brasileiro, sei bem que o sucesso não se man-tém sem que haja o esforço con-tínuo em melhorar. O pai do mar keting, Philip Kotler, diz que “qualquer empresa ou país po-dem passar por problemas, mas temos de ter inteligência compe-titiva identificando os sinais de alerta e as oportunidades”.

 Hoje, vislumbramos um fu-

turo de oportunidades que só iremos concretizar à medida que identificarmos os sinais de aler-ta. Um deles – talvez o principal – seja a educação. O Brasil que queremos para nossos filhos e ne-tos precisa ser melhor do que o

Brasil que temos hoje, e a cha-ve para impulsionar e sustentar o crescimento do País nos próxi-mos anos é o fortalecimento do sistema educacional.

 Segundo o resultado de 2009

da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), o índice de analfabetismo ainda é de 9,7% da população com mais de 15 anos e o governo brasileiro tem uma meta estabelecida pelo Uni-cef de reduzir o analfabetismo da população a 6,7% até 2015.

 O MEC (Ministério da

Educação) está atento a esta rea-lidade e já estabeleceu algumas prioridades para os próximos anos, entre as quais: ampliação do ensino fundamental, redução da distorção entre idade e série nos anos finais do ensino funda-mental – a taxa atual é de 59,2% – e implementação da obriga-toriedade da escola dos 4 aos 17 anos até 2016. Neste último item, o caminho já está sendo trilhado por meio do programa Todos pela Educação. Em 2009, 91,9% dos brasileiros entre 4 e 17 anos estavam na escola e a meta é chegar a 98% em 2022.

 Para sustentar as metas do

MEC, o investimento públi-co em educação básica também

tem aumentado gradativamente. Em 2009, representou 4,3% do PIB. De 2010 até 2022, a meta do MEC é destinar 5% ou mais do PIB. A boa notícia é que, à medida que aumenta o percen-tual do PIB destinado à educação – e este mesmo PIB cresce acom-panhando os resultados econô-micos –, não é só o percentual que aumenta, mas também cres-ce o volume de recursos.

 O esforço do MEC tem rece-

bido apoio da classe empresarial. Segundo estudo realizado pelo Ipea em 2004, 600 mil empre-sas aplicaram juntas 4,7 bilhões de reais em ações sociais (25% desse valor foram para a educa-ção). Em 2000, eram 462 mil empresas investindo no terceiro setor, mas apenas 19% dos pro-jetos tinham foco na educação. Atualmente, há mais de 19 mil instituições, entre ONGs e fun-dações privadas, atuando pela melhoria da qualidade da edu-cação no País.

O investimento em educação não dá resultados no curto prazo, mas temos convicção de que, em alguns anos, vamos começar a co-lher os frutos deste investimento público e privado e o Brasil conti-nuará seguindo a rota de desenvol-vimento que todos queremos.

Divulgação

Page 31: prenúncio de uma nova escolaMarcelo Côrtes Neri, economista-chefe do Centro de Políticas So-ciais da Fundação Getulio Vargas (FGV). “Não basta enxergar de fora as boas propriedades

super escola 31

Para preparar uma prova, ou se preparar para uma prova. Use o Gera Provas e o Banco de Simulações.

Aproveite.

O exclusivo Gera Provas conta com mais de 30.000

questões prontas e com gabarito. Isso, é permitir que professores e

alunos usufruam de um moderno programa para assim, alcançar

o sucesso educacional.

Use.

O banco de simulações é o local onde professores e alunos encontram experiências de diversas matérias e simulam atividades para melhor desempenho em sala de aula.

Garantia de Sucesso.Hoje e sempre.

Portal Pueri

Domus.

Está no

C

M

Y

CM

MY

CY

CMY

K

Anuncio_Gera_Prova200x265.pdf 1 06/05/11 13:19

Page 32: prenúncio de uma nova escolaMarcelo Côrtes Neri, economista-chefe do Centro de Políticas So-ciais da Fundação Getulio Vargas (FGV). “Não basta enxergar de fora as boas propriedades

mAi/jun/jul32

Garantia de Sucesso.Hoje e sempre.

Aproveite: O Pueri Digital é só inovação na entrega de conteúdo.

PUERI DIGITAL

O Pueri Digital está dentro do portal e tem tudo o que é necessário para um trabalho escolar bem feito. Uma enciclopédia online interativa com dicas de estudo, Enem, vestibular e banco de simulações com respostas. E mais.

+ 500 atividades interativas15 000 verbetes55 000 páginas de conteúdo exclusivo

Sai ba o que professores e alunospodem desfrutar com o Pueri Digital:

USE

C

M

Y

CM

MY

CY

CMY

K

Anuncio_Pueri_Digital200x265.pdf 1 06/05/11 13:18