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BD 4 ANÁLISE DO MODELO ECONOMÉTRICO 4.1 DEFINIÇÃO DE ECONOMETRIA Para conseguir uma maior afinidade com a ciência, é necessário primeiro o conhecimento dos conceitos básicos e sua importância para podermos compreender qual o propósito que a mesma nos apresenta.
KELSON DE ALMEIDA BARROSO
Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa
Stricto Sensu em Economia Regional
PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR ABERTA: DETERMINANTES DA DEMANDA NO MERCADO BRASILEIRO
Brasília – DF 2011
Autor: KELSON DE ALMEIDA BARROSO
Orientador: BENJAMIN MIRANDA TABAK
KELSON DE ALMEIDA BARROSO
PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR ABERTA: DETERMINANTES DA DEMANDA NO MERCADO BRASILEIRO
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação “Stricto Sensu” em Economia da Universidade Católica de Brasília como requisito parcial para obtenção do título de mestre. Área de concentração: Economia Regional.
Orientador: Prof. Dr. Benjamin Miranda Tabak
Brasília 2011
Dissertação de autoria de Kelson de Almeida Barroso, intitulada “PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR ABERTA: DETERMINANTES DA DEMANDA NO MERCADO BRASILEIRO”, apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Economia Regional da Universidade Católica de Brasília, em 29 de Novembro de 2011, defendida e aprovada pela banca examinadora abaixo assinada:
___________________________________________________ Prof. Dr. Benjamin Miranda Tabak
Orientador Economia Regional – UCB
___________________________________________________ Prof. Dr. Tito Belchior S. Moreira
Membro Interno Economia Regional – UCB
___________________________________________________ Prof. Dr. Daniel Oliveira Cajueiro
Membro Externo Economia Regional – UNB
Brasília 2011
À minha esposa Silvana, minha mãe Ana Rosa, meus irmãos Karina, Kleber e Kemerson pela compreensão e abdicação de nossas horas de lazer em função do saber e do conhecimento
AGRADECIMENTOS
Agradeço ao meu orientador professor Dr. Benjamin Miranda Tabak, pelos
ensinamentos, disponibilidades, sugestões e por todo o apoio essencial para que eu
pudesse realizar este trabalho.
Ao professor Dr. Tito Belchior S. Moreira pelos conselhos e direcionamentos
prestados juntamente com os demais professores doutores que participaram do
Minter UCB/LA SALLE - Manaus, adicionando conhecimentos indispensáveis para o
desenvolvimento da dissertação.
A professora Dra. Jussará Lummerts que demonstrou toda a experiência e
profissionalismo conduzindo de modo ímpar o desenrolar desse mestrado.
À Universidade Católica de Brasília que em parceria com Faculdade La Salle -
Manaus acreditou na realização e no sucesso do curso.
Aos colegas de classe que agregaram conhecimentos em todos os encontros
ao longo do curso e pelas horas que juntos conseguimos discutir, aprender e
desenvolver novas habilidades. Em especial cito os colegas Adailson Cordovil,
Bruno Cavalcante, Carlos Maciel, James Sato e Pierre Wagner.
Agradeço a Deus por todas as ações realizadas em minha vida as quais me
transformaram no que sou hoje.
RESUMO
Este trabalho procura estudar os determinantes da demanda por previdência
complementar usando abordagem de dados em painel. A análise foi realizada
usando-se dados desagregados para Estados brasileiros. Os resultados empíricos
sugerem que as variáveis, taxa de juros real, longevidade, PIB per capita, pobreza e
população economicamente ativa influenciam a demanda por previdência
complementar. Os resultados são robustos à utilização do modelo de efeito fixo e
aleatório.
Palavras-chave: previdência complementar; dados em painel; efeito fixo; efeito
aleatório.
ABSTRACT
This work seeks to study the determinants of the demand for complementary
pensions using a panel data approach. The analysis has been conducted using
disaggregated data for Brazilian states. The empirical results suggest that variables
rate of growth of the economy (PIB), longevity, interest rates and economically active
population influence the demand for complementary pensions. These results are
robust to the use of fixed and random effects.
Keywords: complementary pensions; panel data; fixed effects; random effects.
LISTA DE SIGLAS
CD – CONTRIBUIÇÃO DEFINIDA
EAPP – ENTIDADES ABERTAS DE PREVIDÊNCIA PRIVADA
FPCA – FUNDOS DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR ABERTA
GLS – MÍNIMOS QUADRADOS GENERALIZADOS
INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL
IPCA – ÍNDICE NACIONAL DE PREÇOS AO CONSUMIDOR AMPLO
MPS – MINISTÉRIO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL
PGBL – PLANO GERADOR DE BENEFÍCIO LIVRE
PIB – PRODUTO INTERNO BRUTO
PPCA – PLANO DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR ABERTA
RGPS – REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL
SELIC – SISTEMA ESPECIAL DE LIQUIDAÇÃO E DE CUSTÓDIA
SUSEP – SUPERINTENDÊNCIA DE SEGUROS PRIVADOS
VGBL - VIDA GERADOR DE BENEFÍCIO LIVRE
IPEADATA – INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 1– DEFASAGEM SALARIAL NO BENEFÍCIO DO INSS..........................18
GRÁFICO 2 – CONTRIBUIÇÕES À PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR.................. 20
GRÁFICO 3 – RECEITAS DAS ENTIDADES ABERTAS EM PREVIDÊNCIA.......... 20
GRÁFICO 4 – CARTEIRA E RECEITA ANUAL (% DO PIB)..................................... 21
GRÁFICO 5 – EVOLUÇÃO DOS BENEFÍCIOS DE PREVIDÊNCIA......................... 23
GRÁFICO 6 – CRESCIMENTO EM FUNDO DE PREVIDÊNCIA............................. 27
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 – REGRESSIVA DE IMPOSTO DE RENDA ........................................... 26
TABELA 2 – CONTRIBUIÇÃO À PREVIDÊNCIA PRIVADA ..................................... 27
TABELA 3 – VARIÁVEIS E SUAS FONTES DE DADOS ......................................... 29
TABELA 4 – PAINEL DE EFEITO FIXO .................................................................... 32
TABELA 5 – PAINEL DE EFEITO ALEATÓRIO ........................................................ 33
TABELA 6 – PAINEL DE EFEITO FIXO COM DUMMIES DE TEMPO .................... 34
TABELA 7 – PAINEL DE EFEITO ALEATÓRIO COM DUMMIES DE TEMPO ......... 35
TABELA 8 – EFEITO FIXO COM DUMMIES DE TEMPO SEM JUROS ................... 35
TABELA 9 – EFEITO ALEATÓRIO COM DUMMIES DE TEMPO SEM JUROS ....... 36
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 11
2. REVISÃO DE LITERATURA .......................... ...................................................... 13
2.1 CONTEXTO HISTÓRICO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL ...................................... 13
2.2 PREVIDÊNCIA SOCIAL NO BRASIL .................................................................. 14
2.3 PREVIDÊNCIA SOCIAL ...................................................................................... 17
2.4 PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR ..................................................................... 19
2.5 PLANO DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR ABERTA ................................... 21
2.6 VIDA GERADOR DE BENEFÍCIO LIVRE (VGBL) .............................................. 23
2.7 PLANO GERADOR DE BENEFÍCIO LIVRE (PGBL ............................................ 24
2.8 REGIME TRIBUTÁRIO – PROGRESSIVO E REGRESSIVO ............................. 25
2.9 ANÁLISE DE MERCADO .................................................................................... 26
3. METODOLOGIA .................................... ............................................................... 28
3.1 ANÁLISE PARAMÉTRICA .................................................................................. 28
4. ANÁLISE DOS RESULTADOS ......................... ................................................... 32
5. CONCLUSÃO ...................................... ................................................................. 37
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................... ................................................ 38
11
1. INTRODUÇÃO
O propósito desse trabalho é investigar a crescente demanda por planos de
previdência complementar aberta no Brasil analisando os resultados através de um
estudo econométrico, que possa mostrar o que influencia a população brasileira a se
interessar por esses planos que visam a acumulação de capital em longo prazo com
o intuito de garantir uma renda na aposentadoria.
A previdência social brasileira vem apresentando nas últimas décadas
resultados negativos em sua balança previdenciária. Poleto (2007, p.46) comenta
que “em nosso sistema previdenciário – de arrecadação simples – a diminuição da
população de contribuintes desequilibra a balança previdenciária, uma vez que há
cada vez mais empregados com idade de se aposentar e menos empregados ativos
contribuindo para a manutenção dos assistidos (aposentados, acidentados, doentes
e etc)”.
A ausência de reformas mais expressivas contribuem com a falta de
credibilidade do sistema previdenciário brasileiro que está distante de uma realidade
que deveria apresentar um equilíbrio em suas contas previdenciárias. Com esse
cenário, a previdência complementar ganha cada vez mais adeptos por oferecer
segurança e credibilidade às pessoas que vem contratando os planos mais
comercializados no país chamados de Vida Gerador de Benefício Livre, e Plano
Gerador de Benefício Livre.
[... Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, atualmente 15 milhões de pessoas, ou seja, 8,6% da população brasileira possuem mais de sessenta anos. Segundo o próprio instituto, o aumento da população de idosos é um fenômeno mundial, sem precedentes... A população centenária no Brasil passou de 13.865, em 1991 para 24.576 pessoas em 2000. A expectativa de vida, que em 1910 era de 33,4 passou para 64,8 anos no ano de 2000.] (POLETO 2007, p.46).
O método usado em nosso trabalho investiga o que explica a demanda
crescente por planos de previdência complementar aberta no Brasil, através do
modelo econométrico chamado de Método dos Mínimos Quadrados Generalizados.
Este método será estimado utilizando dados em painel com efeito fixo e aleatório.
12
As variáveis utilizadas para essa investigação estatística são os valores
aplicados em previdência complementar aberta, taxa de juros real, a longevidade, o
PIB per capita, a pobreza e a população economicamente ativa.
Esses dados foram coletados no período compreendidos entre 2001 a 2008
em sites como o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEADATA), Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Superintendência de Seguros Privados
(SUSEP) e outros. Em posse dessas informações utilizamos o modelo econométrico
de dados em painel, que tem por finalidade gerar estimações estatísticas mediante
aos dados empíricos coletados.
Este trabalho foi estruturado e dividido com introdução na qual foi comentado
de modo geral o tema, delimitando objetivamente o assunto estudado. Em seguida
foi desenvolvida na revisão literária uma contextualização histórica da previdência
social em que se citam os primeiros indícios de previdência no mundo e no Brasil.
Foi realizada uma análise de cenário da previdência social no país, as
reformas no setor, a previdência complementar aberta, seus produtos mais
comercializados como o VGBL, PGBL, o regime tributário e fatores que influenciam
o crescimento por esses planos.
Como ferramenta de estudo, a econometria foi o método estatístico utilizado
para medir o efeito desses agentes apresentando resultados de modo a permitir que
outro pesquisador possa reproduzir a pesquisa ou refazê-la em contexto
semelhante.
Na conclusão faremos uma síntese dos objetivos e hipóteses apresentados e
abriremos uma discussão do tema abordado sobre os resultados de pesquisa e por
fim faremos uma relação de todos os livros, dissertações e fontes de pesquisas que
ajudaram no desenvolvimento desse trabalho.
13
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1 CONTEXTO HISTÓRICO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL
No âmbito legal, a preocupação do homem com a assistência social é algo
novo, ou seja, as leis para garantir o bem social da população são recentes. Porém
na esfera assistencialista governamental algumas ações sociais no século XVII
tentaram amenizar o sofrimento das pessoas menos favorecidas como relatou
(IBRAHIM, 2003)
“[...considerado o seu marco inicial o Poor Relief Act, ou lei de amparo aos pobres, que criou uma contribuição obrigatória, arrecadada da sociedade pelo Estado para fins sociais. Instituía, entre outras disposições, a assistência social e a contribuição com o objetivo de amparo social. Foi oficializada a “caridade”, de forma que os sentimentos, que inicialmente eram de bondade e de altruísmo de uns poucos indivíduos para com seus semelhantes, deram lugar a uma obrigação controlada pelo Estado].”
Com a interferência do Estado criando uma assistência social para fins
previdenciários, a previdência social tornou-se mais sólida e organizada. Em virtude
dessas mudanças, a previdência surgiu na Europa, mais precisamente na Alemanha
com a primeira lei que entrou em vigor em 1889, conforme relata Alves (2005, p.54).
“[Na Alemanha, a primeira lei que entrou em vigor data de 1889, quando o chanceler alemão Otto Von Bismarck, criou o primeiro sistema nacional de aposentadoria. O benefício era pago àqueles que chegavam à idade de 70 anos e, no máximo, sobreviviam quatro meses após a aposentadoria. Hoje, a expectativa de vida na Alemanha é de, aproximadamente, 80 anos e a idade mínima para se aposentar foi elevada em 2003, de 65 para 67 anos, começando no ano de 2011. A principal fonte de recursos é resultante dos descontos de salários e contribuições de empregadores. O valor máximo de aposentadoria pago é de 61.800 euros por ano, ou seja, 5.150 euros por mês, equivalente a R$ 18.835. Atualmente, a Alemanha possui 20 milhões de aposentados e pensionistas, representando 13% do PIB os gastos com benefícios previdenciários]”.
Analisando atitudes assistencialistas como a de Otto Von Bismarck, Altoé
(2007) afirma que as duas grandes características do regime previdenciário moderno
estão ligadas à contributividade e compulsoriedade. Essas ações tornaram-se
presentes e sofreram mudanças até hoje.
14
“[Neste momento, tem-se o nascimento da prestação previdenciária como direito subjetivo público do segurado. A partir do instante em que o Estado passou a determinar o pagamento compulsório de contribuições para o custeio de um sistema protetivo, o segurado pôde exigir o pagamento de seu benefício, não sendo lícito ao Estado alegar dificuldades financeiras para elidir-se a esta obrigação. Em virtude da existência deste direito subjetivo a Lei de Bismarck é conhecida como o marco primeiro da previdência social no mundo... Até então, os sistemas securitários tinham natureza exclusivamente privada, sem as garantias de um sistema estatal”]. (ALTOÉ, 2007)
Frente às necessidades oriundas das vicissitudes da vida social, a
previdência acabou aparecendo como uma maneira de assegurar uma renda ao
trabalhador contribuinte quando ele perdesse a capacidade de trabalho, seja por
doença, invalidez, velhice, morte, desemprego involuntário, gravidez ou mesmo pela
reclusão.
2.2 PREVIDÊNCIA SOCIAL NO BRASIL
No Brasil, a previdência social surgiu segundo Ibrahim (2003) no século XVI,
no ano de 1543, quando Brás Cubas fundou a Santa Casa de Misericórdia de
Santos e, na mesma época, criou um plano de pensão para seus empregados, que
foi estendido às Santas Casas de Misericórdia de Salvador e Rio de Janeiro, com as
Ordens Terceiras, e outras, que mantinham hospitais, asilos, orfanatos e casas de
amparo aos seus associados assim como aos desvalidos.
Tavares (2005, p. 46) cita a instituição de Montepio para a guarda pessoal de
D. João VI (1808) como a primeira intervenção estadual na questão previdência
social no Brasil. Até então, a preocupação com o futuro financeiro de trabalhadores
partia somente de empresas privadas.
O primeiro instrumento legal que registrou a previdência social no país
segundo Matucheski (2008) foi:
“[Um decreto do Príncipe Regente Pedro de Alcântara, no ano de 1821, foi o primeiro instrumento legal que registrou o tema “Previdência Social” no Brasil. Anteriormente a ele só se tem conhecimento de um plano de proteção, de 1793, que concedia pensão às viúvas e aos filhos dependentes dos oficiais da Marinha]”.
15
MATUCHSKI (2008, p.25) informa ainda que a história da previdência no
Brasil começa com a promulgação do decreto n.° 9.91 2-A em 26 de março de 1888,
que regulou o direito à aposentadoria dos empregados dos Correios.
Chagas (2006, p. 42) publica em seu estudo que no ano de 1923 ocorre uma
das principais conquistas sociais dos trabalhadores do país que ajudaram no
processo de construção da previdência social e complementar brasileira obtida pela
aprovação na Câmara Federal o Decreto n. 4.682, que se popularizaria como Lei
Elói Chaves, menção ao nome do deputado autor do projeto. Este projeto trata da
criação de uma Caixa de Aposentadoria e Pensões para ferroviários, representando
o marco-zero da instituição da Previdência Social no País, cobrindo os riscos de
invalidez, velhice e morte.
A primeira instituição de previdência social de âmbito nacional foi criada em
29 de junho de 1933 através do Decreto n° 22.872 ao Instituto de Aposentadoria e
Pensões dos Marítimos. Com a criação da Constituição Federal Brasileira de 1988,
a seguridade social passou a ser uma questão integrada entre ações públicas e
sociais, com o intuito de garantir direito à saúde, à assistência social e à previdência.
Após a promulgação da constituição nosso sistema previdenciário passou por
melhorias consideráveis na área social e uma crescente aceleração nos gastos
previdenciários. Muitas discussões e concessões que abrangem a competência de
financiar novos beneficiários foram temas pós constituição na publicação do Plano
de Custeio e Organização da Sociedade, que aconteceu em 1991.
Na década de 20 até meados dos anos 90 ocorreu um crescente
fortalecimento do sistema previdenciário. A população economicamente ativa urbana
passou de cinco para quarenta e cinco milhões de indivíduos na década de 40 até
os anos 90. Em contrapartida, o número de contribuintes não acompanhou a
crescimento relativo até 1967, intensificado até os anos 90 chegando aos 30 milhões
de contribuintes.
Com a chegada da industrialização entre a década de 50 até 1960, a
economia começa a se expandir e a razão contributiva ficou de cinco contribuinte
para um beneficiário. Nos anos 80 o número de empregos informais eram
crescentes, gerando uma deficiência de arrecadação que começa a comprometer a
evolução histórica da razão cinco para um. A década de 90 foi importante para a
previdência social devido a aprovação da Emenda Constitucional n0. 20 em 1998 e a
um conjunto de leis que ajudou na melhoria da estrutura do sistema.
16
Outra reforma aconteceu sobre a Lei 9.876 no fator previdenciário, alterando
a constituição e inserindo uma nova maneira de calcular o benefício, sem que os
aposentados pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) fossem atingidos,
preservando seus direitos.
A previdência social do Brasil é representada pelos trabalhadores do setor
privado, militares federais, previdência complementar e pelos funcionários públicos
no âmbito federal, estadual e municipal.
A contribuição dos trabalhadores do setor privado é obrigatória e detém um
sistema de repartição simples. Esse trabalhador contribui proporcionalmente ao
salário sendo o empregador o responsável em repassar ao governo esses valores o
qual, por sua vez, tem obrigação em garantir o recebimento dos proventos.
Caso isso não seja possível, o governo tem por obrigação cobrir eventuais
déficits tributários ao regime de modo a garantir esses benefícios. Os militares
federais e funcionários públicos participam através de contribuição compulsória,
possuindo um sistema de repartição com benefício definido, ou seja, gozam na
aposentadoria a mesma remuneração que recebiam em sua vida profissional ativa.
A previdência social no Brasil está muito longe de ter regras de aposentadoria
que sejam consistentes com o equilíbrio do sistema previdenciário. Na América do
Sul temos o Chile com seu modelo reformulado nos anos 80 que saiu do regime de
repartição passando para o regime de capitalização individual.
“[O sistema de repartição financia os benefícios dos inativos a partir das contribuições dos ativos, isto é, o total das contribuições, menos os custos administrativos, e é repartido, segundo alguns critérios previamente definidos, entre pensionistas. Nesse caso, ocorre apenas uma transferência de recursos dos ativos para os inativos. Por outro lado, no sistema de capitalização, os recursos dos contribuintes ativos são investidos de forma a gerar um fundo do qual serão sacados, no futuro, os benefícios pagos a eles próprios. Os sistemas públicos tendem a funcionar no primeiro método, e os privados, no segundo, embora isso não seja necessariamente obrigatório” (MIRANDA, 1997); (PEREIRA, 1997); (SILVA, 1997)]”.
Outros países como Argentina e México seguiram o modelo chileno
promovendo reformas políticas em seus sistemas e estabilizando seus déficits
previdenciários.
17
2.3 PREVIDÊNCIA SOCIAL
A Previdência Social é um seguro que garante a renda do contribuinte e de
sua família, em casos de doença, acidente, gravidez, prisão, morte e velhice.
Oferece vários benefícios que juntos garantem tranquilidade quanto ao presente e
em relação ao futuro assegurando um rendimento seguro. Para ter essa proteção, é
necessário se inscrever e contribuir todos os meses.
Sommer Santos (2005, p.109), diz que "[...] a seguridade social é um direito à
segurança econômica, um instrumento de garantia do direito fundamental à
liberdade, da necessidade e de realização do bem-estar social".
A previdência social brasileira segundo Ardeo (2004, p.6); Beltrão (2004, p.6);
Giambiagi (2004, p.6); e Mendonça (2004, p.6), é composta por quatro grandes
blocos:
i) O INSS, que recebe contribuições e paga benefícios, predominantemente a
ex-trabalhadores do setor privado formal;
ii) O sistema dos servidores do Governo Central, que recolhe contribuições e
paga benefícios a ex-trabalhadores da União;
iii) Os diversos sistemas dos servidores estatutários estaduais e municipais, que
recolhem contribuições e pagam benefícios a ex-trabalhadores dessas esferas
subnacionais; e
iv) Os fundos de pensão patrocinados por empresas privadas ou estatais, que
recolhem contribuições voluntárias de empregados e empresa, e pagam benefícios
aos seus participantes, em alguns casos além do que estes recebem de um dos
outros três sistemas mencionados.
O retrato da previdência social no Brasil nos últimos anos apresenta números
negativos na equação contribuição de trabalhadores ativos menos benefícios pagos
aos segurados, esses resultados são provenientes de desajustes socioeconômicos
como o desemprego, a informalidade, a longevidade, a política de reforma
previdenciária no país e outros. Ao longo dos anos a previdência social brasileira
vem cada vez mais aumentando sua parcela na fatia de toda a riqueza produzida no
país devido aos sucessivos déficits decorrentes da falta de uma reforma
previdenciária.
18
Sommer Santos (2005, p.109), entende que a crise do Sistema Previdenciário
oficial está ligada ao custeio. Aponta que a Seguridade é meramente assistencial,
beneficiando a todos os cidadãos sem levar em conta as contribuições, e isso causa
desequilíbrio financeiro no Sistema Previdenciário que paga boa fatia da conta de
todo o Sistema de Seguridade Social (ao qual integra).
A previdência como função do estado vem trazendo prejuízos para a
sociedade de um modo geral, não apenas pelos déficits acumulados durante anos,
mas também pelo seu potencial distributivo de transferência de renda, que vem
sendo questionado pelos estudiosos (Moura et al., 2007).
Apesar das estatísticas não serem tão animadoras, em julho 2011 o Ministério
da Previdência Social registrou uma queda no déficit previdenciário de 24% na
comparação com o mesmo período de 2010. O que provavelmente explica esse
fenômeno é a estabilidade econômica, o nível de emprego formal crescente, o
aumento do PIB per capita nacional e outros fatores.
Poletto (2007, p.43) relata que o trabalhador, contribuinte do Sistema
Previdenciário, no momento em que a necessidade de auxílio bate à sua porta,
espera que entre em cena o Estado como cumpridor e garantidor dos direitos
fundamentais sociais alinhados na Constituição brasileira”.
O Ministério da Previdência Social (MPAS) estipula como renda mínima o
valor de R$ 1.107,52 e a máxima de R$ 3.691,74 para salários pagos pelo INSS.
Podemos observar no gráfico 1 o quanto essa renda sofre com as perdas
monetárias no momento da aposentadoria.
Gráfico 1 – Defasagem salarial no benefício do INSS
Fonte: Susep 2011
19
Nesse momento a preocupação em conseguir mais renda para garantir essas
perdas muitas vezes faz com que esse trabalhador passe a procurar outra fonte de
renda para complementar seu orçamento, na época em que deveria está gozando
sua aposentadoria.
2.4 PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR
Conforme a lei no109, de 10/5/2001, as Entidades Abertas de Previdência
Privada (EAPP) são constituídas unicamente sob a forma de sociedade anônima e
têm por objetivo instituir e operar planos de benefícios de caráter previdenciário
concedido em forma de renda continuada ou pagamento único, acessíveis a
quaisquer pessoas físicas”. A Superintendência de Seguros Privados – SUSEP é a
instituição criada para fiscalizar o setor conforme decreto lei no 73, de 21/11/66 do
Ministério da Fazenda.
O setor possui, atualmente, rigorosa fiscalização, que tem por objetivo
desvincular a falta de credibilidade existente anteriormente à reforma de 1977,
quando todo o sistema foi reestruturado após uma onda de falências de empresas
que não possuíam qualquer regulação por parte do estado (COIMBRA, 2009, p.4);
(TOYOSHIMA, 2009, p.4).
A previdência privada está dividida em previdência fechada e aberta, ambas
de caráter complementar, voluntário e organizadas de forma autônoma em relação à
previdência oficial. A regulamentação da previdência privada ocorreu na década de
1970, em resposta à expansão das grandes empresas estatais e à criação de seus
fundos de pensão (OLIVEIRA, 1997); (BELTRÃO, 1997); (FERREIRA, 1997).
Conforme Alves (2005) as entidades abertas têm características semelhantes
aos fundos de aplicação financeira. A questão previdenciária não aparenta ser o
foco do negócio, pois a atratividade oferecida nem sempre é o pagamento de
benefícios de prestação continuada vitalícia, porém o resgate dos valores poupados
em uma única vez.
Lima (2009) conceitua a previdência complementar como facultativa e tem o
mesmo objetivo da seguridade social, que é de proporcionar o bem-estar aos
indivíduos e, por consequência, a toda coletividade.
20
Gráfico 2 – Contribuições à previdência complementar
Fonte: Fenaprevi 2011
O gráfico 2 e 3 mostram o quanto a previdência complementar aberta vem
crescendo nos últimos anos. Se analisarmos o período compreendido entre 1996 a
2009 no gráfico 2 observaremos um crescimento de 240% demonstrando todo o
potencial do setor e o quanto sua credibilidade está em alta.
A previdência complementar é formada por entidades do setor privado que
utilizam algo parecido com o sistema previdenciário brasileiro, onde se contribui
durante um determinado tempo, com o propósito de acumular recursos que possam
ser transformados em renda no futuro. Tem como objetivo principal recompor o nível
de renda, por ocasião das seguintes situações: i) aposentadoria; ii) invalidez; iii)
Morte (através de pensão aos dependentes).
Gráfico 3 – Receitas das entidades abertas em previdência
Fonte: Susep e Fenaprevi 2011
21
Gráfico 4 – Carteira e receita anual (% do PIB)
Fonte: Susep e Ipea 2011
O setor de previdência complementar aberta no país vem demonstrando
crescimento sustentável graças a confirmação de créditos em suas receitas de modo
a garantir estabilidade e confiança aos contribuintes conforme mostra o gráfico 3 e 4.
Os recursos acumulados durante o período de contribuição não têm relação
alguma com a previdência social, eles são administrados por entidades privadas que
gerenciam esses fundos capitalizando os recursos e repassando essas
rentabilidades aos participantes. Miranda (1997, p.24); Pereira (1997, p.24); Silva
(1997, p.24), analisam a crescente profissionalização na administração financeira
das entidades de previdência privada.
“[No cenário brasileiro, tem sido constatada uma profissionalização crescente na administração financeira das entidades de previdência privada. Uma das consequências desse fato é a exploração cada vez maior das possibilidades de aplicação de recursos proporcionadas pelos mercados de ativos nacionais. Cada tipo de aplicação tem sua característica peculiar de risco e rentabilidade, e sua utilização em conjunto é realizada com o intuito de racionalizar a administração financeira dos fundos...]”.
2.5 PLANO DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR ABERTA
A previdência complementar é uma forma de realocação da renda, que tem
como objetivo a manutenção de um padrão de vida difícil de ser alcançado
pelo sistema da previdência social. Sua principal função, assim, é permitir a
22
manutenção da qualidade de vida do trabalhador no período de sua improdutividade,
propiciando a continuidade de uma renda próxima à do perío-
do de atividade (COIMBRA, 2009, p.3); (TOYOSHIMA, 2009, p.3).
Trata-se, antes de tudo, de um mercado que movimenta bilhões de reais e
com grande potencial de crescimento, no qual fundos de pensão e seguradoras
atuam na oferta de planos previdenciários. NEGREIRO (2008); CARVALHO (2008).
A previdência aberta é constituída pelas Entidades Abertas de Previdência
Complementar (EAPC), que têm como objetivo instituir planos previdenciários
concedidos em forma de renda continuada ou pagamento único a uma pessoa física.
As EAPC funcionam como administradoras de poupanças que captam recursos do
público interessado e oferecem planos de capitalização (BELTRÃO, 1997);
(FERREIRA, 1997); (OLIVEIRA, 1997) e (PINHEIRO, 2007).
Segundo Coimbra (2009, p.4) e Toyoshima (2009, p.4) há poucos estudos
voltados para o mercado de previdência privada. Nos últimos anos, dois trabalhos
buscaram medir a eficiência técnica das seguradoras atuantes no mercado de
previdência aberta. Adicionalmente, essa medida de eficiência foi relacionada à sua
forma de atuação junto ao sistema bancário (Silva e Azevedo, 2004; Silva, 2006).
Oferecido e comercializado pelas instituições financeiras a qualquer pessoa
física e/ou jurídica, seu regime é de capitalização com obtenção de renda futura de
forma voluntária sem efeito distributivo. A previdência complementar aberta é
composta por entidades do setor privado que tem como objetivo oferecer planos de
previdência assemelhados aos da previdência social. Você contribui durante
determinado período, acumulando recursos para sua aposentadoria e, de acordo
com o regulamento do plano contratado, poderá revertê-los em rendas vitalícia,
temporária, ou outras modalidades determinadas no regulamento do Plano.
Silva (2007, p. 9) define as entidades de previdência aberta como sendo, “...
aquelas que comercializam no mercado planos de previdência para o público em
geral, essas entidades geralmente estão vinculadas a instituições financeiras, seus
produtos mais conhecidos são os planos PGBL e VGBL”.
Dentro da modalidade de planos de Contribuição Definida (CD), há dois tipos
mais vendidos de planos, específicos das EAPC: o Plano Gerador de Benefício Livre
(PGBL) e o Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL). Segundo a FenaPrevi (2008), o
PGBL e o VGBL são planos de características bem semelhantes, tendo a principal
diferença no tratamento fiscal. No PGBL o participante deduz em sua base de
23
cálculo as contribuições realizadas no plano, sendo tributado no momento do
resgate sobre montante; No VGBL o participante será tributado somente sobre os
rendimentos, pois o plano não oferece incentivos fiscais. O gráfico 5 representa em
milhões a crescente demanda por esses produtos no perído de 2003 a 2010.
Gráfico 5: Evolução dos Benefícios de Previdência
Fonte: Susep 2011
2.6 VIDA GERADOR DE BENEFÍCIO LIVRE (VGBL)
É o plano de previdência complementar aberta (PPCA) estruturado no regime
financeiro de capitalização e na modalidade de contribuição variável (mensal ou
única). O plano tem como objetivo a acumulação de capital num determinado
período para recebimento na forma de renda mensal ou pagamento único a partir de
uma data pré-estabelecida.
As contribuições podem ser aplicadas no mercado de renda fixa ou variável
admitindo um percentual máximo de 49% em mercado de renda variável. O VGBL é
para quem possui isenção de imposto de renda de pessoa física, ou seja, declara
imposto de renda no modelo simplificado.
“O público alvo do VGBL é formado pelas pessoas isentas de imposto de
renda ou que fazem a declaração no formulário simplificado, autônomos, quem está
na economia informal e aqueles que querem aplicar mais de 12% da sua renda bruta
em previdência privada” (FORTUNA, 2005).
24
2.7 PLANO GERADOR DE BENEFÍCIO LIVRE (PGBL
Lima (2009, p.17), relata que “o modelo do PGBL foi inspirado no plano 401K
dos EUA, sem garantia mínima de rendimento, e que permite ao cliente escolher o
perfil do risco desejado em função de seu horizonte de investimento”.
Alves (2005, p.33) informa que o PGBL é o “tipo de plano de previdência
privada destinado às pessoas físicas e jurídicas, sem garantia mínima de
rentabilidade, mas onde o aplicador pode optar por um perfil de investimento. As
contribuições destinadas a esses planos poderão ser deduzidas nas declarações de
imposto de renda dos clientes até o limite de 12% das suas rendas brutas anuais”
Conforme as citações, conceituamos o PGBL como um plano de acumulação
de capital ideal para aplicações de médio e longo prazo com características
previdenciárias, na qual o participante poderá aproveitar o benefício fiscal abatendo
até 12% de sua renda bruta anual. Além de usar o plano como ferramenta fiscal, o
participante também poderá garantir uma aposentadoria tranquila no futuro.
Conforme dados da Superintendência de Seguros Privados, os prêmios
aplicados neste fundo podem ser destinados principalmente às modalidades de
renda fixa e/ou composta. Na renda fixa, seus rendimentos são provenientes de
títulos públicos federais e outros com a mesma característica.
“[As aplicações em títulos públicos podem ser consideradas as mais tradicionais dentre todas as existentes nos mercados financeiros. As características que as tornam atrativas para os aplicadores em geral, tais como a liquidez, a rentabilidade previsível e a segurança, também as colocam como uma das opções utilizadas pelos fundos de pensão no Brasil. Naturalmente, existem diferentes modalidades de títulos públicos... Segundo esse critério, os títulos públicos podem ser de aceitação voluntária ou impositiva. No primeiro caso, incluem-se todas as operações normais de mercado efetuadas com esses papéis. No segundo, são listados todos os títulos que foram adquiridos por força de lei (MIRANDA, 1997); (PEREIRA, 1997); (SILVA,1997)]”.
Já na renda composta, os participantes poderão direcionar até 49% dos
recursos em renda variável que são ações da bolsa. Miranda (1997, p.24); Pereira
(1997, p.24); Silva (1997, p.24) informam que “[o mercado acionário tem como
característica principal a maior exposição ao risco, a perspectiva de ganhos de
magnitude incerta, a agilidade de negociação dos ativos e a incorporação de novas
25
informações ao preço destes”. Sendo assim, o participante que tiver esse perfil
deverá ter atenção e confiança na escolha das modalidades]”.
A característica marcante deste plano é o sistema de tributação do imposto de
renda que age sobre o montante do capital, ou seja, sobre capital e rentabilidade.
Ele também oferece aos investidores quatro maneiras de escolher o recebimento do
benefício conquistado por suas contribuições que são: i) Renda vitalícia mensal; ii)
Renda mensal temporária; iii) Renda mensal vitalícia com prazo mínimo garantido;
iv) Renda mensal vitalícia transferida a um beneficiário indicado; v) Renda mensal
vitalícia reversível ao cônjuge com continuidade aos menores e vi) Renda certa.
2.8 REGIME TRIBUTÁRIO – PROGRESSIVO E REGRESSIVO
O plano de previdência complementar possui característica ímpar a respeito
de incentivos fiscais e leis específicas que regulamentam o setor. As informações
sobre regime tributário progressivo e regressivo foram coletadas no site da Receita
Federal e comentadas de maneira breve para um melhor entendimento da legislação
em vigor.
No regime Progressivo a partir do artigo 1º da Lei 11.119, de 25 de maio de
2005, a tributação será de 15% na fonte, independentemente do valor resgatado. O
valor dos resgates poderá ser compensado na sua declaração de ajuste anual do
imposto de renda, mediante a tabela progressiva.
Vale ressaltar que, se o valor resgatado for tributado na alíquota de 27,5%, a
diferença entre os 15% já pagos na fonte e os 27,5% devidos deverá ser paga no
momento da entrega da declaração de ajuste anual. No caso de recebimento do
benefício de aposentadoria, os valores são tributados na tabela progressiva mensal
do imposto de renda da pessoa física em vigor.
No regime de tributação regressiva quanto maior for o prazo para
investimento menor será a alíquota de imposto de renda no momento do resgate ou
benefício. Vale comentar que o modelo de tributação é escolhido no momento da
contratação do plano. A tabela 1 apresenta os prazos e suas alíquotas durante o
acúmulo de capital respectivamente.
26
Tabela 1 – Regressiva de imposto de renda
PRAZO ALÍQUOTA
Inferior ou igual a dois anos 35% Superior a dois anos e menor ou igual a quatro 30% Superior a quatro anos e menor ou igual a seis anos 25% Superior a seis anos e menor ou igual a oito anos 20% Superior oito anos e menor ou igual a dez anos Superior a dez anos
15% 10%
Fonte : Susep 2011
2.9 ANÁLISE DE MERCADO
A década de 1980 foi caracterizada por profundos desequilíbrios
macroeconômicos, por altas taxas de inflação e estagnação econômica, com a
renda per capita e a produtividade industrial mantendo-se no mesmo nível do início
da década (DINIZ. 1990).
No período de 1980-1993 a taxa de crescimento média da economia brasileira
foi muito baixa, apenas 2,1% ao ano. O crescimento do produto foi também muito
irregular, alternando anos de grande expansão com outros de significativo declínio.
A participação industrial no PIB representava 33,7% em 1980 e caiu para 29,1% em
1993. Ainda nesse período, a taxa de inflação medida pelo IGP-DI atingiu o patamar
médio de 438% ao ano. Paradoxalmente, o fracasso de planos econômicos de
estabilização que objetivavam tomar a inflação suportável, acabaram por facilitar sua
aceleração e a instabilidade econômica (PINHEIRO et al.. 1999).
No que se refere ao período 1993-1997, pode-se considerar que houve um
mini ciclo de crescimento, visto que a taxa média anual deste foi de 4,2%, superior
à taxa média anual de crescimento verificada entre 1990 e 2003, de 1,9%.
(RESENDE, 2005, p. 23).
A estabilidade da economia brasileira vivida nos últimos anos deu à
população uma maior confiança em poupar em fundos de previdência complementar
seja em VGBL ou PGBL. As tendências econômicas são positivas para os próximos
anos com uma taxa de crescimento esperada de 4% para 2011 e com taxa de
inflação de 6% a.a. segundo dados do Banco Central.
27
A média de crescimento do produto interno bruto (PIB) ficou em torno de 3,3%
a.a nos últimos cinco anos, também demonstra o amadurecimento no contexto
econômico do país. O PIB em 2008 apesar da crise financeira mundial demonstrou
um crescimento médio de 2.5% a.a. sinalizando que o governo está com uma boa
estratégia, garantindo o compromisso com as metas pré-estabelecidas.
Tabela 2 – Contribuição à previdência privada
Fonte: Fenaprevi
Com o crescimento econômico e a estabilidade monetária brasileira, a
população acredita que atualmente guarda dinheiro a longo prazo é seguro e
necessário para garantir uma velhice mais tranqüila. A tabela 2 apresenta a
demanda por planos de acumulação de capital em longo prazo mais comercializados
no mercado como o VGBL e o PGBL que disparados são os mais procurados. Essa
demanda também pode ser observada no gráfico 6 que apresenta em milhões o
crescimento em fundos de previdência.
Gráfico 6 : Crescimento em fundos de previdência
Fonte: Susep 2011
28
3. METODOLOGIA
3.1 ANÁLISE PARAMÉTRICA
O objetivo deste capítulo é investigar através de uma análise exploratória com
métodos econométricos se as variáveis coletadas como: Taxa de juros real,
longevidade, PIB per capita, pobreza e população economicamente ativa explicam a
demanda por planos de previdência complementar e descrever os procedimentos
utilizados nesta pesquisa.
Segundo Gil (2008, P.27): “As pesquisas exploratórias têm como principal
finalidade desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e ideias, tendo em vista a
formulação de problemas mais precisos ou hipóteses pesquisáveis para estudos
posteriores”.
Para responder aos objetivos propostos optou-se por usar o modelo dados
em painel, que utiliza uma combinação entre séries temporais com cortes
transversais. O estudo proposto compreende 216 observações geradas das 27
unidades de cortes transversais, que são as unidades federativas, e as 8 séries
temporais compreendidas no período de 2001 a 2008.
“Segundo Marchezan (2008, P.31) “[os dados em painel conotam o movimento no tempo das entidades, ou seja, potencializaram das séries temporais a observação (N) dos vários períodos (T), combinados com as variáveis entidades (n) dos dados de corte transversal. Sendo assim, sua origem veio da combinação das principais características entre os dados de séries temporais e corte transversal]”.
“Os modelos de regressão em painel se alicerçam em dados em painel. Estes
consistem de observações das mesmas unidades individuais ou de corte
transversal, repetidas em diversos períodos” (GUJARATI, 2006).
Quanto aos dados pesquisados para o desenvolvimento deste trabalho, vale
ressaltar que somente o período coletado oferecia informações suficientes para
todas as variáveis em estudo que estão disponibilizadas na tabela 3, juntamente
com suas fontes de pesquisa e suas unidades representativas como: percentual,
valores e outras.
29
Tabela 3 – Variáveis e suas fontes de dados
VARIÁVEL COMENTÁRIOS FONTE DE PESQUISA PREVIDÊNCIA
Valores apresentados em R$ aplicados em planos de previdência complementar aberta de todas as empresas existentes no mercado segurador.
SUSEP – Superintendência de Seguros Privados
TAXA DE JUROS REAL
Obtemos a taxa de juros real subtraindo a taxa de juros pelo Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (SELIC) pelo índice de inflação Índice Nacional de Preços ao Consumidor - IPCA. Onde seus valores são representados em %.
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE Sistema Nacional de Índices de Preços ao Consumidor – SNIPC, Banco Central do Brasil
LONGEVIDADE
Índices oriundos da projeção da população no aspecto perspectiva de vida medida em idades.
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, Projeto UNFPA/BRASIL (BRA/02/P02)
PIB PER CAPITA
Soma de todas as riquezas produzidas no país divido pelo número de habitantes representadas em R$ (2 mil).
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE
POBREZA
Percentual de pessoas na população total com renda domiciliar per capita inferior à linha de pobreza. A linha de pobreza aqui considerada é o dobro da linha de extrema pobreza.
Pesquisa nacional por amostras de domicílios – Pnad) / Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE
POPULAÇÃO ECONOMICAMENTE ATIVA
Número de pessoas ativas no mercado de trabalho, grupo que inclui todas aquelas com 10 anos ou mais de idade que estavam procurando ocupação ou trabalhando na semana de referência da Pesquisa
Pesquisa nacional por amostras de domicílios – Pnad) / Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE
Fonte: Elaborada pelo autor
“A formulação do modelo de efeito fixo afirma que as diferenças entre as
unidades podem ser captadas através das diferenças no termo constante, onde
cada αi é um parâmetro desconhecido a ser estimado...” (GREENE, 2003):
“[A dificuldade com a técnica de combinar os mínimos quadrados é que a pressuposição de intercepto e inclinação constantes pode não ser razoável. A generalização óbvia é introduzir variáveis binárias que permitam ao termo de intercepto variar ao longo do tempo e das unidades em corte transversal. Caso as inclinações também variem, cada regressão separada com dados em corte transversal implicará um modelo diferente e seria inadequado combinar dados em corte transversal e séries temporais]” (PINDYCK, 2004; RUBINFELD, 2004).
30
No modelo em painel com efeito fixo, admite-se que os coeficientes β são
idênticos para todas as Unidades Federativas, com exceção do termo independente
βi, que é específico a cada Estado, mantendo-se a hipótese da homogeneidade das
observações. (ALVES 2005, pag. 64).
Na estimação foi utilizado o modelo de dados em painel de efeitos fixo e
aleatório, estimados pelo método mínimos quadrados generalizados. No modelo de
efeito fixo a estimação é observada em seu coeficiente linear (intercepto) αi que
possui valores diferentes para cada Estado. Os valores encontrados para as
unidades federativas serão diferentes ao longo do tempo.
yit = αi+β1x1it+…+βkxkit+eit
Onde, i) i=1, 2, 3,..., 27 (representado pelas 27 unidades federativas) ii)
t=2001, 2002,..., 2008 (período a ser observado) e iii) yit = Variável dependente.
“Se as variáveis binárias representam de fato uma falta de conhecimento sobre o (verdadeiro) modelo, por que não expressar essa falta de conhecimento por meio do termo de erro uit? Essa é precisamente a abordagem sugerida pelos proponentes do chamado modelo de componente dos erros ou modelo dos efeitos aleatórios” (GUJARATI, 2006).
No modelo de efeito aleatório, o coeficiente linear não será analisado com
dummies. A heterogeneidade passará a acontecer no termo de erro conforme
demonstrado na equação abaixo. Mesmo assim, o coeficiente linear não será um
parâmetro fixo, mas sim um parâmetro aleatório não observado.
yit = α+βxit+…+(ni+uit)
Para garantir uma melhor comparação entre os estimadores obtidos da
regressão, as variáveis do modelo foram estimadas em logaritmo para que a
interpretação do coeficiente estimado seja elástica. Em adição aos comentários, vale
ressaltar que à medida que acontece uma variação de 1% na variável independente,
isso faz com que y varie em β*1%. Sendo assim, a equação a ser estimada será
apresentada na forma logarítmica da seguinte maneira:
31
Log(Previdência)it=α+β0itlog(Juros real)+β1itlog(Longevidade)+β2itlog(PIB per
capita)+β3itlog(Pobreza)+β4itlog(População economicamente ativa)+ µit
Os sinais esperados podem ser apresentados através das derivadas parciais
de Log (Previdência) em função de cada variável explicativa. Conforme a teoria da
oferta, os sinais esperados dos parâmetros estimados em termos de derivadas são:
• β0 é igual a razão entre a derivada do logaritmo da previdência e a derivada do
logaritmo da taxa de juros real representado por:
AmbíguoalLogJurosre
evidênciaLog =∂
∂ Pr
• β1 é igual a razão entre a derivada do logaritmo da previdência e a derivada do
logaritmo de longevidade que expressa a perspectiva de vida dos brasileiros será
representada por:
0Pr
1 >=∂∂ β
dadeLogLongevi
evidênciaLog
• β2 é igual a razão entre a derivada do logaritmo da previdência e a derivada do
logaritmo do PIB Per capita estadual tal que:
0Pr
2 >=∂∂ β
apitaLogPIBPerc
evidênciaLog
• β3 é igual a razão entre a derivada do logaritmo da previdência e a derivada do
logaritmo da pobreza de modo que a representação matemática seja:
0Pr
3 <=∂
∂ βLogPobreza
evidênciaLog
• β4 é igual a razão entre a derivada do logaritmo da previdência e a derivada do
logaritmo da população economicamente ativa de modo que a representação
matemática seja:
0Pr
4 >=∂∂ β
tivaLogPopEcoa
evidênciaLog
Por não existir uma definição capaz de racionalizar o sinal do termo
constante, a hipótese que b seja diferente de zero será a representação da mesma.
32
4. ANÁLISE DOS RESULTADOS
De maneira a explicar a metodologia abordada na sessão anterior, aqui serão
apresentados os resultados encontrados nas regressões para modelos de efeitos
fixo e aleatório. A partir dos resultados das tabelas iremos discutir e analisar os
coeficientes para cada regressão avaliando os resultados estatísticos e econômicos.
Tabela 4 – Painel de efeito fixo
VARIÁVEIS COEFICIENTE ERRO PADRÃO RAZÃO-T P-VALOR
const -110,474 16,7067 -6,6126 <0,00001 ***
l_JUROS_REAL -0,081471 0,0501083 -1,6259 0,10568 *
l_LONGEVIDADE 21,8554 4,45968 4,9007 <0,00001 ***
l_PIBPERCAPIT 1,3171 0,212171 6,2077 <0,00001 ***
l_POBREZA 1,17703 0,139082 8,4629 <0,00001 ***
l_POP_ATIVA 2,00244 0,346464 5,7797 <0,00001 ***
R-quadrado 0,986881 R-quadrado ajustado 0,984671
F(31, 184) 446,4932 P-valor(F) 1,7e-156
Fonte: Tabela elaborada pelo autor
Na tabela 4 as variáveis como, longevidade, PIB per capita, pobreza e
população economicamente ativa, apresentaram em seu p-valor resultados
estatísticos esperados com grau de confiança de 99%. Já na variável juros real o
índice de confiança foi de 90%, que também evidencia um resultado estatístico
robusto. Sendo assim, as variáveis analisadas revelam resultados satisfatórios para
os índices encontrados.
O teste de estatística F(32, 182) na tabela 4, mostrou significância em seus
resultados apresentando um valor de 446,4932, sugerindo que pelo menos uma
variável independente está afetando a demanda por previdência. O p-valor (F) com
índice de 1,7e-156 confirma a hipótese da estatística F proposta.
Finalmente, podemos sugerir com o R2, que aproximadamente 98% das
variações em Y são explicadas pelas variações ocorridas nas variáveis X. Dessa
maneira analisamos que os resultados são estatisticamente significantes.
33
Estudando os sinais encontrados, podemos observar que todas as variáveis
obtiveram resultados econômicos satisfatórios com exceção da pobreza. Sendo
assim, analisamos a relação de cada variável na tabela 4 sugerindo que: i) a
elevação de 1% da taxa de juros real aumenta em 0,081% a demanda por
previdência complementar aberta; ii) a medida que a variável longevidade cresce em
1% a demanda por previdência complementar aberta cresce em 21,85%; iv) a
elevação de 1% no PIB per capita faz com que a demanda por previdência
complementar cresça em 1,31%; v) e por fim, a elevação de 1% na população
economicamente ativa, a variável explicada cresce em 2%.
Conforme o teste de Hausman na tabela 5 não é possível rejeitar a hipótese
nula de que as estimativas da regressão são consistentes. Sendo assim, o modelo
de efeito aleatório é o mais ajustado. Frente a esta hipótese, apresentaremos a
regressão em modelos de efeito aleatório conforme tabela.
Tabela 5 – Painel de efeito aleatório
VARIÁVEIS COEFICIENTE ERRO PADRÃO RAZÃO-T P-VALOR
const -79,6237 9,44281 -8,4322 <0,00001 ***
l_JUROS_REAL -0,0322509 0,0512585 -0,6292 0,52991
l_LONGEVIDADE 17,0343 2,15525 7,9037 <0,00001 ***
l_PIBPERCAPIT 1,61181 0,119567 13,4804 <0,00001 ***
l_POBREZA 0,822522 0,109146 7,5360 <0,00001 ***
l_POP_ATIVA 1,33372 0,0490783 27,1753 <0,00001 ***
Teste de Hausman Hipótese nula: As estimativas GLS são consistentes
Fonte: Tabela elaborada pelo autor
Analisando os coeficientes encontrados na tabela 5 de efeito aleatório,
observou-se que os sinais continuam significantes estatisticamente, porém o p-valor
da variável juros real não apresentou resultado positivo sendo insignificante
estatisticamente.
Sabendo que os dados disponibilizados nas unidades de cortes transversais
poderão sofrer por algum fator externo relevante no decorrer do período,
acrescentamos na tabela 6 variáveis binárias, ou seja, dummies com o propósito de
reduzir esses efeitos de externalidades.
34
Tabela 6 – Painel de efeito fixo com dummies de tempo
VARIÁVEIS COEFICIENTES ERRO PADRÃO RAZÃO-T P-VALOR
const -112,775 18,2862 -6,1672 <0,00001 ***
l_JUROS_REAL -0,124234 0,0904735 -1,3732 0,17142
l_LONGEVIDADE 22,6062 4,80153 4,7081 <0,00001 ***
l_PIBPERCAPIT 1,17153 0,228713 5,1223 <0,00001 ***
l_POBREZA 0,981301 0,157234 6,2410 <0,00001 ***
l_POP_ATIVA 2,00589 0,346024 5,7970 <0,00001 ***
dt_2 0,0660689 0,0799985 0,8259 0,40997
dt_3 0,191188 0,0621032 3,0785 0,00241 ***
dt_4 0,111176 0,0564349 1,9700 0,05038 *
dt_5 0,0404173 0,0593261 0,6813 0,49658
dt_6 0,0529261 0,0563511 0,9392 0,34888
R-quadrado 0,987695 R-quadrado ajustado 0,987695
F(36, 179) 399,0946 P-valor(F) 2,0e-152
Fonte: Tabela elaborada pelo autor
Com a inclusão das dummies no modelo de efeito fixo na tabela 6,
observamos que a variável juros real perdeu o grau de confiança que antes era de
90%, evidenciando que as dummies não causaram efeitos sobre a mesma e que as
demais permaneceram com confiança estatística de 99%. Também foram
acrescentadas dummies nas regressões de modelo aleatório na tabela 7 e
observamos que não ocorrem mudanças significativas nos índices de confiança.
Porém encontramos um resultado maior no coeficiente da longevidade, tendo um
acréscimo de mais de 8% em seu índice demonstrando que as dummies de tempo
influenciaram no resultado deste índice.
35
Tabela 7 – Painel de efeito aleatório com dummies de tempo
VARIÁVEIS COEFICIENTES ERRO PADRÃO RAZÃO-T P-VALOR
const -84,396 10,0801 -8,3725 <0,00001 ***
l_JUROS_REAL -0,109553 0,0939766 -1,1657 0,24507
l_LONGEVIDADE 18,4471 2,31443 7,9705 <0,00001 ***
l_PIBPERCAPIT 1,44669 0,127335 11,3613 <0,00001 ***
l_POBREZA 0,616855 0,121113 5,0932 <0,00001 ***
l_POP_ATIVA 1,3204 0,0484484 27,2538 <0,00001 ***
dt_2 0,0733198 0,0794035 0,9234 0,35689
dt_3 0,239459 0,0636912 3,7597 0,00022 ***
dt_4 0,169861 0,0569011 2,9852 0,00318 ***
dt_5 0,0994671 0,0604677 1,6450 0,10151
dt_6 0,0739085 0,0582441 1,2689 0,20590
Fonte: Tabela elaborada pelo autor
Foram geradas regressões de efeitos fixo e aleatório com todas as variáveis
exceto a variável dependente “juros real” que não apresentou índice significante na
tabela 7. Essa análise foi estimada para sabermos o que aconteceria com os
resultados se a mesma fosse retirada. Através desta omissão, chegamos à
conclusão de que a ausência da variável não causou resultados estatísticos
inesperados conforme mostra a tabela 8. A mesma análise se aplica para a tabela 9.
Tabela 8 – Efeito fixo com dummies de tempo sem juros
VARIÁVEIS COEFICIENTES ERRO PADRÃO RAZÃO-T P-VALOR
const -119,111 18,3651 -6,4858 <0,00001 ***
l_LONGEVIDADE 24,0315 4,81332 4,9927 <0,00001 ***
l_PIBPERCAPIT 1,17153 0,228713 5,1223 <0,00001 ***
l_POBREZA 0,981301 0,157234 6,2410 <0,00001 ***
l_POP_ATIVA 2,00589 0,346024 5,7970 <0,00001 ***
dt_2 0,123217 0,0615619 2,0015 0,04685 **
dt_3 0,136349 0,0586509 2,3248 0,02121 **
dt_4 0,106573 0,0573793 1,8573 0,06491 *
dt_5 -0,0264538 0,0549484 -0,4814 0,63080
R-quadrado 0,987695 R-quadrado ajustado 0,985220 F(34, 179) 399,0946 P-valor(F) 2,0e-152 Fonte: Tabela elaborada pelo autor
36
Tabela 9 – Efeito aleatório com dummies de tempo sem juros
CONSTANTE COEFICIENTE ERRO PADRÃO RAZÃO-T P-VALOR
const -89,9836 10,6025 -8,4871 <0,00001 ***
l_LONGEVIDADE 19,7041 2,43578 8,0894 <0,00001 ***
l_PIBPERCAPIT 1,44669 0,127335 11,3613 <0,00001 ***
l_POBREZA 0,616855 0,121113 5,0932 <0,00001 ***
l_POP_ATIVA 1,3204 0,0484484 27,2538 <0,00001 ***
dt_2 0,123714 0,0605145 2,0444 0,04219 **
dt_3 0,191101 0,059254 3,2251 0,00147 ***
dt_4 0,165801 0,057846 2,8663 0,00459 ***
dt_5 0,0404985 0,0554229 0,7307 0,46579
Fonte: Tabela elaborada pelo autor
37
5.CONCLUSÃO
Ao longo dessa dissertação procurou-se compreender quais os motivos que
levam as pessoas a contratarem um plano de previdência complementar aberta e se
esses são significantes estatística e economicamente na análise das regressões
realizadas.
Conseguimos com a coleta de dados um universo satisfatório para o estudo
das variáveis dependentes e independentes utilizadas no modelo, com o intuito de
descobrir se existe ou não uma relação estatística e econômica delas com a
demanda por planos de previdência complementar.
O resultado da estatística F na tabela 1 sugere que as variáveis afetam a
demanda por planos de previdência complementar e que o erro da regressão foi
satisfatório evidenciando que seus desvios padrões estão próximos da linha de
regressão dando uma maior credibilidade aos resultados encontrados.
O nível de renda crescente no país, as pessoas vivendo mais do que nas
décadas anteriores, taxa de juros menores, redução do nível de pobreza nos últimos
anos e um crescimento de vagas de emprego ofertadas pelo mercado, evidenciam
que todas as variáveis foram significativas explicando o propósito do trabalho de
constatar se existe ou não uma relação entre as variáveis X com a variável Y.
É fato que outras variáveis não estudadas na regressão poderão ser
significantes para nosso estudo, dessa maneira não temos como afirmar que só as
variáveis estudadas explicam suficientemente a totalidade de resultados de um fator
socioeconômico complexo.
Com isso, deixamos em aberto o estudo para novas análises que possam vir
a explicar a demanda por planos de previdência complementar aberta com novas
variáveis ou reavaliar o fenômeno com outros valores futuros.
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6.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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