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PREVIDÊNCIA PRIVADA: CONCEITOS E HISTÓRICO FERNANDA PERINE 1 FÁBIO NAVARRO 2 RESUMO: O presente artigo demonstra um breve histórico das previdências públicas e privadas no Brasil, podemos citar as casas de misericórdia, criadas por Brás Cubas, em 1934, como uma espécie de plano de pensão, existindo mesmo antes da constituição de 1934, onde teve início a previdência social brasileira. A ampliação na concessão dos benefícios, gerado entre outros motivos, pelo envelhecimento populacional e ampliação das categorias com direito a receber benefício e até mesmo contextos econômicos, fizeram com que a sistema de previdência social arrecadasse menos dinheiro do que concede benefícios. Os constantes déficits geraram uma preocupação com o equilíbrio das contas, fazendo com que muitos contribuintes recorressem aos planos de previdência complementar como meio de garantir uma aposentadoria no futuro. As previdências complementares podem ser divididas entre fechadas e abertas, as quais possuem diversos planos com diferentes características. Observando a instabilidade das contas da pública, a previdência complementar se mostra uma ótima alternativa, possibilitando uma reserva de renda para uma época em que o beneficiário se vê impossibilidade de continuar exercendo sua profissão. 1 Apresentar brevemente o currículo do autor do trabalho. (titulação) 2 Apresentar, brevemente, o currículo do orientador do trabalho.

previdência social

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desafios que a previdência social irá encontrar nos próximos anos no brasil

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PREVIDÊNCIA PRIVADA: CONCEITOS E HISTÓRICO

FERNANDA PERINE1

FÁBIO NAVARRO2

RESUMO:

O presente artigo demonstra um breve histórico das previdências públicas e privadas no Brasil,

podemos citar as casas de misericórdia, criadas por Brás Cubas, em 1934, como uma espécie

de plano de pensão, existindo mesmo antes da constituição de 1934, onde teve início a

previdência social brasileira. A ampliação na concessão dos benefícios, gerado entre outros

motivos, pelo envelhecimento populacional e ampliação das categorias com direito a receber

benefício e até mesmo contextos econômicos, fizeram com que a sistema de previdência social

arrecadasse menos dinheiro do que concede benefícios. Os constantes déficits geraram uma

preocupação com o equilíbrio das contas, fazendo com que muitos contribuintes recorressem

aos planos de previdência complementar como meio de garantir uma aposentadoria no futuro.

As previdências complementares podem ser divididas entre fechadas e abertas, as quais

possuem diversos planos com diferentes características. Observando a instabilidade das

contas da pública, a previdência complementar se mostra uma ótima alternativa, possibilitando

uma reserva de renda para uma época em que o beneficiário se vê impossibilidade de

continuar exercendo sua profissão.

Palavras-chave: Previdência Complementar; Previdência Social; Aposentadoria; Déficit

Previdenciário; Planos de benefício.

Abstract:

This paper presents a brief history of public and private pension systems in Brazil; we can

mention the houses of mercy, created by Brás Cubas, in 1934, as a kind of pension plan,

existing even before the constitution of 1934, which began on Brazilian social security system.

The increase in the granting of benefits generated among other reasons, the aging population

1 Apresentar brevemente o currículo do autor do trabalho. (titulação)2 Apresentar, brevemente, o currículo do orientador do trabalho.

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2

and expansion of the categories entitled to receive benefit and even economic contexts, meant

that the welfare system has scooped less money than grants benefits. The constant deficits

generated concern about the balance of the accounts, causing many taxpayers would resort to

the pension plans as a means of ensuring future retirement. The supplementary pension

systems can be divided into open and closed, which have different plans with different

characteristics. Noting the instability of the public accounts, the pension shown a great

alternative, allowing a reservation of income for a period in which the beneficiary is unable to

see continue exercising their profession.

Keywords: Pension, Social Security, Retirement, Social Security Deficit; benefit plans.

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1 INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas verificamos que a esperança de vida ao nascer

vem aumentando drasticamente. No Brasil, a estimativa era 62,5 anos em

1980, passando para 70,4 em 2000, e no ano de 2011 atingiu esperança de

vida de 74,1 anos (IBGE, 2010a).

Durante os últimos 30 anos nossa expectativa de vida aumentou 18,6%

e com os avanços tecnológicos que a medicina vem apresentando, a tendência

é continuarmos atingindo idades mais elevadas.

O aumento da idade acaba gerando aumento dos gastos adicionais,

principalmente com medicamentos e planos de saúde. Sendo assim, é

necessário estar preparado e garantir uma boa renda para sua aposentaria,

sendo que somente a renda da previdência social pode não ser suficiente.

O Brasil está envelhecendo, e estima-se que em 2050, a população idosa

represente 29,7% da população total, ou seja, estamos virando um país idoso e

caso o sistema previdenciário público não se adapte desde já, podem ocorrer

problemas sérios (Mamede, 2011).

Uma alternativa interessante para quem procura tranquilidade são os

planos de previdência privados. Aplicar mensalmente uma quantia durante

algumas décadas podem constituir uma boa aposentadoria, principalmente

quando aliada ao benefício da previdência pública.

As previdências privadas, também conhecidas com complementares,

são aplicações financeiras que servem para garantir uma renda, durante um

período de tempo em que não se deseja mais trabalhar. Ao contrário das

previdências sociais, as privadas não possuem um piso de idade para se

aposentar, o beneficiário decide o momento em que deseja receber o dinheiro

aplicado. Outra diferenciação, é que não destina-se apenas a pessoas que

trabalham, recebem o nome de aposentadoria apenas por serem aplicações de

longo prazo que garante uma renda após o termino de uma carreira ou após

decorrido alguns anos do inicio da contribuição.

Page 4: previdência social

4

O objetivo deste artigo é apresentar um breve histórico sobre o

surgimento das previdências privadas e suas as principais características.

Adicionalmente, serão abordados os desafios que o setor deve enfrentar nos

próximos anos e meios de superá-los.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

A previdência social tem por objetivo fornecer auxílio e seguridade social

aos trabalhadores e contribuintes em um momento em que estes não mais

podem exercer suas funções laborais. Deve-se fornecer assistência a

totalidade que não possuiu meios de formar uma poupança durante sua fase

ativa.

O sistema, conforme descrito por Reinhard (2004), é financiado através

do compartilhamento, no qual os jovens ativos pagam pelas pessoas inativas.

Entretanto, a exemplo do que ocorre na Europa, o Brasil está enfrentando um

envelhecimento populacional. Sendo assim, muito brevemente, não teremos

jovens suficientes para financiar os idosos.

Em termos de previdência pública, o antigo sistema não seria

sustentável atualmente e futuramente. Em 1999 e 2003, os gastos totais com a

previdência pública aumentariam de 10% do PIB em 2005 para 37% devido ao

envelhecimento populacional. Além disso, projeta-se um montante equivalente

a 22,4% do PIB em gastos com a previdência pública em 2050 (GRAGNOLATI

et al., 2011, p. 55). Frente a estas previsões, o sistema previdenciário deve

tornar-se mais eficiente.

A previdência privada apresenta-se neste contexto como uma alternativa

para garantir uma renda no futuro. Paschoarelli (2009) descreve que devido a

desconfianças quanta a capacidade de pagamento de benefícios da

previdência social e até mesmo do baixo nível de renda pago, muitas pessoas

migraram para os serviços de previdência complementar.

Entretanto, é necessário que ocorram melhorias na estrutura da

previdência social, não somente a migração para o plano complementar. As

companhias que administram e vendem planos de previdência complementar,

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5

visam o lucro, o qual é gerado pelo cliente que adquire o plano.

(PASCHOARELLI, 2009).

O presente artigo busca através destas contextualizações, demonstras

de que maneira os planos de previdência social e complementar foram sendo

criados e como evoluíram ao longo do tempo e quais os impactos dos

fenômenos sociais que aconteceram nesse período. São também

apresentadas informações sobre os planos privados, de modo que, ao optar

por um destes planos, o beneficiário esteja bem informado sobre o plano que

contratou.

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

O sistema previdenciário público funciona como um mecanismo de

proteção social, entre eles a previdência social, que juntamente com a

previdência complementar formam o sistema de previdenciário brasileiro.

No presente artigo, busca-se fazer uma breve contextualização história,

demonstrando de que maneira os planos de previdência iniciaram no Brasil e

como evoluíram ao longo dos anos.

Na seção seguinte é demonstrado de que maneira funciona a

previdência pública, no qual através de dados e gráficos, podemos verificar que

alguns fatores sociais e até como o aumento do número de beneficiários fez

com que houvesse um elevado aumento no desequilíbrio das contas.

Equilíbrio que é explicado na subseção 4.2.1, que dedica-se a descrever

de que maneira o déficit está distribuído e como vem se comportando nas

últimas décadas. Na subseção seguinte é discutida a transição demográfica

que o Brasil vem enfrentando e como o envelhecimento populacional acaba por

agravar ainda mais o problema do déficit. O fenômeno pode ser observado

através da apresentação da nossa pirâmide etária e da comparação com

países que algumas décadas atrás presenciaram a mesma problemática.

A seção 4.3 trata das previdências complementares, sendo subdivida em

duas, sendo uma destinada à apresentação e definição da previdência

complementar fechada e aberta. São demonstrados dados extraídos

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6

principalmente de seus respectivos órgãos reguladores, PREVIC e SUSEP. Na

quinta e última seção são descritas as conclusões obtidas na elaboração deste

artigo.

4 PREVIDÊNCIA SOCIAL E COMPLEMENTAR

4.1 HISTÓRICO DOS PLANOS DE PREVIDÊNCIA

As previdências – privadas ou sociais – são seguros, nos quais o segurado

contribui financeiramente através de aportes para periódicos para garantir uma

renda futuro em caso de doença, velhice, aposentadoria ou falecimento, nesse

caso, garantindo renda aos beneficiários.

A diferença principal entre a previdência social e a previdência privada é

que a primeira é administrada pelo próprio governo, sendo pública e de

contribuição automática para os trabalhadores brasileiros registrados. A

previdência privada também conhecida como complementar, é administrada

por instituições financeiras privadas, e como o nome já descreve, é uma opção

para complementar a renda garantida pela previdência social.

Os planos de previdência fechada, de forma regulamentar, surgiram com a

lei 6.435, de 1977. Esta lei dispõe sobre as entidades de previdência privada,

as definindo como planos privados de concessão de pecúlio e renda, de

benefício complementar, semelhante à previdência social, mediante

contribuição dos participantes, empregadores ou ambos. Entretanto, vale

salientar que esta lei apenas dispunha sobre as previdências privadas, as quais

já existiam no Brasil.

Ao contrário do que se imagina, a previdência privada iniciou-se muito antes

da previdência social. No Brasil, a previdência privada surgiu no século XVI,

em 1543, quando Brás Cubas fundou a Santa Casa de Misericórdia, criando

uma espécie de fundo de pensão para seus funcionários, com função de

manter asilos, orfanatos, hospitais, e casas de amparo a seus associados e

também os desamparados (IEPREV,2003).

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7

Durante os diversos séculos subsequentes verificamos a existência de

planos de previdência, até que em 16 de junho de 1934, com o advento da

constituição da constituição federal, foi consagrada a previdência social

(IEPREV, 2003).

4.2 PREVIDÊNCIA SOCIAL

A previdência social é uma instituição pública, cujo objetivo é fornecer

renda ao contribuinte quando esse já não pode mais trabalhar.

Atualmente, a aposentadoria é concedida para os trabalhadores urbanos

do sexo masculino com 65 anos de idade e do feminino aos 60 anos de idade.

Os trabalhadores rurais podem receber com 5 anos a menos. O trabalhador

também pode se aposentar por tempo de contribuição, com 30 anos a mulher e

35 anos o homem. Algumas categorias profissionais garantem aposentadorias

especiais, que podem ser requeridas com 15, 20 e 25 anos de trabalho. As

aposentadorias por invalidez não possui limite de idade ou tempo de

contribuição (BRASIL, Ministério da Previdência Social, 2008).

A aposentadoria, até 1988, apenas era concedida por tempo de

contribuição, de 35 e 30 anos para homens e mulheres, respectivamente. A

partir deste ano, houve a universalização do direito à aposentadoria, podendo

ser concedida também aos trabalhadores rurais. No ano de 1998, o direito à

aposentadoria passou a ser concedido por “tempo de contribuição” e não mais

por “tempo de serviço” e fixou-se um limite de idade, sendo de 53 para homens

e 48 para mulheres (BRASIL, Ministério da Previdência Social, 2008).

O gráfico abaixo demonstra a porcentagem de beneficiários por faixa

etária, de 1960 à 2000:

GRAFICO 1 - PORCENTAGEM DE INDIVÍDUOS RECEBENDO APOSENTADORIA E PENSÃO, POR IDADE – AMBOS OS SEXOS - BRASIL, 1960-2000

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8

FONTE: BRASIL, Ministério da Previdência Social, 2008, p. 14

Conforme demonstrado no gráfico, vemos um aumento significativo de

beneficiários, podemos apontar como razões o envelhecimento populacional e

a abrangência do sistema previdenciário.

O custeio dos benefícios, apesar de receber recursos do orçamento da

União, é realizado principalmente pelas contribuições sociais, as quais são

realizadas através de tributos. A base de cálculo é realizada considerando a

folha de salários e demais rendimentos do contribuinte, podendo existir bases

de cálculo e alíquotas diversas.

4.2.1 Déficits da previdência social

Conforme o parágrafo 5° do art. 194 da Constituição da República, no

caput do art. 201 dessa Carta Política, deve haver equilíbrio financeiro e

atuarial nas contas do seguro social, mantendo a correlação entre o benefício e

custeio. Deste modo, as contribuições devem ser exclusivamente destinadas

ao pagamento dos benefícios (BRASIL, Ministério da Previdência Social, 2009).

Page 9: previdência social

9

A ideia de equilíbrio financeiro refere-se ao fato de que não deve haver

déficit entre as receitas e os benefícios, ou seja, as receitas devem ser no

mínimo iguais aos benefícios. O equilíbrio atuarial assegura que os riscos

assumidos pelo sistema previdenciário deve ser adequado aos aportes

realizados pelo segurado.

Entretanto, verificamos que nos últimos anos a previdência pública vem

apresentando um elevado déficit primário, com suas despesas crescendo muito

mais que suas enfraquecidas receitas. No mês de agosto de 2013, o déficit

atingiu o patamar de R$ 5,73 bilhões e no acumulado entre janeiro e agosto o

aumento foi de 27,7% quando comparado ao mesmo período de 2012

(Estadão, 2013).

Os dados apresentados anteriormente compravam a deterioração que

vem ocorrendo nas contas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). No

quadro abaixo vemos temos o resultado do regime geral de previdência social,

de 2006 a 2008, no qual verificamos o desequilíbrio presente entre a

arrecadação líquida e os benefícios concedidos:

QUADRO 1 - RESULTADO DO REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL SEGUNDO A

CLIENTELA URBANA E RURAL – BRASIL - 2006, 2007 E 2008

Ano ClientelaArrecadação

Líquida (a)

Benefícios

previdenciários

(b)

Resultado (a-b)

2006

Total 140.231 188.070 -47.839

Urbano 135.909 151.308 -15.399

Rural 4.321 36.762 -32.441

2007

Total 153.022 202.008 -48.986

Urbano 148.394 162.021 -13.627

Rural 4.629 39.987 -35.358

2008

Total 167.037 204.224 -37.187

Urbano 161.949 163.298 -1.349

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Rural 5.088 40.926 -35.838

FONTE: BRASIL, Ministério da Previdência Social, 2009, p. 33

Outro fator influenciador destes dados é o aumento no valor dos

benefícios, aproximadamente 8,1% de 2012 para 2013, aumento nos

benefícios como auxílio doença, maternidade e as alterações populacionais

que o Brasil vem apresentando nas últimas décadas, que fez aumentar o

número de benefícios pagos por idade e tempo de contribuição (Estadão,

2013).

4.2.1.1 Envelhecimento populacional

O Brasil está passando por um processo de transição demográfica,

gerando redução na taxa de natalidade e redução na de mortalidade. Segundo

dados do IPEA, em 2011 a taxa de fecundidade era de 1,71 filho por mulher,

estando abaixo do nível de reposição, sendo assim, estamos com uma taxa

inferior ao necessário para que em 30 anos o nível populacional fosse mantido.

Sendo assim, estamos passando por um processo de envelhecimento

populacional (BRASIL, Instituto de Pesquisa Economica Aplicada (IPEA),

2011).

O envelhecimento faz com que haja uma inversão da pirâmide etária,

estamos ficando com a base mais estreita que o topo, conforme demonstrado

na figura abaixo:

FIGURA 1 – DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO POR SEXO, SEGUNDO OS GRUPOS DE

IDADE – BRASIL – 2010

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FONTE: BRASIL, IBGE, 2010b.

O principal problema para a previdência, é que o já existente déficit

tende a piorar e muito nos próximos anos com o envelhecimento da população.

A base da pirâmide etária representa a população economicamente ativa

(PEA), ou seja, a mão de obra disponível para o setor produtivo. O

estreitamento da base faz com que haja menos contribuição e mais

necessidade de beneficiários

No ano de 2012, tínhamos certa de 1,23 contribuintes bancando 1

beneficiário. Na década de 50, o número era de oito para cada um. Dentro de

alguns anos, o número será de 1 pra 1. O presidente da Associação Nacional

de Previdência Privada, Osvaldo do Nascimento, define como 5 contribuintes

para 1 beneficiário como o número ideal. Deste modo, vemos que os déficits da

previdência tendem a aumentar no decorrer dos anos, pois teremos menos

pessoas contribuindo e mais pessoas se aposentando (ALMEIDA, 2003).

Alguns países, que já passaram pelo processo de transição

demográfica, como Alemanha, Itália e outros países da Europa, também

enfrentam problema semelhante e não conseguiram encontrar um sistema

perfeito em que não houvesse déficits. Aliado à isso, também há uma

dificuldade em conseguir alterar o sistema previdenciário.

Page 12: previdência social

12

As incertezas sobre a garantia de uma renda futura, em um período em

que não podemos trabalhar e aumentam algumas despesas, como com saúde,

faz aumentar o interesse nas previdências privadas, ou também chamadas de

previdências complementares.

4.3. PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR

As previdências privadas, ou complementares, podem ser sucintamente

definidas como um benefício opcional, sendo uma aposentadoria contratada

para garantir renda extra ao contribuinte ou beneficiário conforme sua vontade

ou necessidade.

As contribuições são realizas enquanto o participante ainda está

trabalhando e o valor pago mensalmente varia de acordo com a

disponibilidade. O saldo acumulado pode ser resgatado integralmente ou pago

mensalmente.

No Brasil, existem dois tipos básicos de previdência complementar: a

fechada e a aberta.

4.3.1 Previdência complementar fechada

O principal objetivo na criação de uma previdência complementar

fechada é a busca do patrocinador ou instituidor em oferecer um benefício

diferente aos seus colaboradores e empregados, fornecendo planos de

benefícios de natureza previdenciária através da constituição de uma entidade

fechada de previdência complementar.

As entidades fechadas de previdência complementar, também sendo

denominadas fundos de pensão, são as operadoras do benefícios, as quais

são constituídas como sociedade civil ou fundação, sem fins lucrativos, que

visam operar os planos de benefícios previdenciário, estruturadas conforme o

artigo 35 da lei complementar número 109 de 2001. O artigo determina quais

são as estruturas mínimas que as entidades devem deter para poderem operar

planos de previdência (BRASIL, Ministério da Previdência Social, 2012).

Page 13: previdência social

13

Os fundos de pensão podem ser classificados de acordo com os planos

de benefícios administrados e de acordo com seus patrocinadores ou

instituidores. Considerando os planos administrados, as entidades podem ser

qualificadas como de plano comum, no caso de administrarem plano comum ou

de plano acessíveis a um diversificado tipo de participantes, ou de multiplano,

quando administram diversos planos para diferentes grupos de participantes.

Quanto aos patrocinadores e instituidores, as entidades são

classificadas como singulares, sendo vinculadas a apenas um patrocinador, ou

multipatrocinadas, com mais de um patrocinador ou instituidor.

A regulação das entidades é realizada através da Secretaria de Políticas

de Previdência Complementar, do ministério da Previdência Social e a

fiscalização fica por responsabilidade da Superintendência Nacional de

Previdência Complementar (Previc).

4.3.2 Previdência Complementar Aberta

A previdência complementar aberta é operada por empresas privadas

com fins lucrativos. As entidades de previdência aberta podem ser Entidades

de previdência aberta, propriamente dita, ou seguradoras com autorização para

operar planos de previdência aberta.

O Conselho Nacional de Seguro Privado é o órgão responsável pela

normatização das entidades de previdência aberta e seguradoras, sendo a

fiscalização e funcionamento é de responsabilidade da Superintendência de

Seguros Privados (Susep).

Abaixo temos um gráfico que demonstra como está dividida entre os

planos a receita com previdência em setembro de 2013:

GRÁFICO 2 – DISTRIBUIÇÃO DE RECEITA POR PRODUTO – BRASIL – SETEMBRO DE

2013

Page 14: previdência social

14

FONTE: FENAPREVI, 2013, p. 7

Conforme podemos observar, os principais planos comercializados são o

Plano Gerador de Benefícios Livre (PGBL) e o Plano Vida Gerador de

Benefício Livre (VGBL). Os planos garantem o pagamento de benefício pela

sobrevivência do participante ao término do período determinado para a

concessão do benefício.

Estes planos não possuem rentabilidade predeterminada, apenas a

contribuição é definida. O participante realiza pagamentos mensais ou

depósitos esporádicos, para formar uma poupança.

A rentabilidade do plano é resultante da aplicação do dinheiro do

participante em um Fundo de Investimento Especialmente Constituído (FIE).

No momento da contratação do benefício, o participante define o seu perfil de

risco para aplicação nos fundos, variando o percentual aplicado entre

aplicações em renda fixa ou ações.

Os FIEs são constituídos com os recursos captados pelas entidades de

previdência aberta, as quais contratam uma instituição financeira para

gerenciar os recursos e aplicar em fundos que correspondam ao perfil

determinado pelo participante.

No momento da concessão do benefício, o pagamento pode ser

realizado em um pagamento único, denominado pecúlio, ou na modalidade de

renda, com parcelas mensais. O valor do benefício é calculado de acordo com

Page 15: previdência social

15

montante acumulado, idade do participante, taxa de juros, entre outros

(FUNENSEG, 2012).

A principal diferença entre os dois planos reside no modelo de

tributação. O VGBL é indicado pra quem faz declaração de importo de renda

no modelo simplificado, permitindo apenas o desconto padrão definido pela

Receita Federal. O PGBL é para os que realizam a declaração completa do

imposto de renda, isto porque permite dedução de até 12% da base de cálculo

de IR da renda bruta anual. Ao receber o benefício do PGBL, ocorre cobrança

de imposto de renda sobre o valor da contribuição e dos rendimentos. O VGBL,

apesar de não permitir descontar o valor investido, durante a fase de

acumulação, na declaração de imposto de renda, na hora de receber o

benefício, ocorre tributação apenas sobre os rendimentos (FUNENSEG, 2012)

Outra diferença, é que o VGBL não é um plano de previdência

complementar, propriamente dito, pois é um seguro de vida, com cobertura por

sobrevivência, com características previdenciárias.

Existem também, outros planos com menor representatividade no

mercado, cada um com características específicas, como o PRGP (Plano com

Remuneração Garantida e Performance), o PRSA (Plano com Remuneração

Garantida e Performance sem Atualização), o PAGP (Plano com Atualização

Garantida e Performance) e o PRI (Plano de Renda Imediata).

Abaixo segue tabela 1, demonstrando as principais diferenças entres

estes planos:

 TABELA 1 – CARACTERÍSTICAS - PLANOS COM COBERTURA POR SOBREVIVÊNCIA

Tipos

de

Plano

Modalidades Período de Diferimento

Benefício

Definido

Contribuição

Variável

Capitalização

Índic

e

Taxa de

Juros

Reversão

de

Resultados

Financeiro

s

Tábua

BiométricaFinanceir

a

Atuaria

l

PGBL            

PRGP

PRSA        

Page 16: previdência social

16

PAGP  

FONTE: SUSEP, 2013

Conforme podemos observar, os planos são baseados em modelos

próximos, variando no seu modo de concessão do benefício, contribuição,

método de capitalização, entre outros. Deve-se atentar no momento da

aquisição para escolher o plano que melhor adapta-se a sua realidade.

Page 17: previdência social

17

 

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

As previdências são um ótimo instrumento de melhoria de condições

sociais. Além de fornecer segurança aos beneficiários em um momento de

necessidade, trás outros benefícios.

Podemos observar uma relação entre a aposentadoria e a migração,

onde a quebra do vinculo do trabalho proporciona que o aposentado migre para

um local onde tenha melhores condições de moradia, custo de vida mais baixo

ou até mesmo retorne para sua região natal.

O deslocamento provocado com a aposentadoria faz com que ocorra

uma alteração na distribuição especial. A demanda e custo dos serviços

destinados aos idosos acabam sendo pulverizado entre diversas regiões,

evitando, por exemplo, sobrecarga de serviços públicos, como de saúde.

Outro benefício desta migração é a redistribuição de renda entre regiões

economicamente mais desenvolvidas para outras menos, favorecendo o

comercio dessas regiões.

Os fatores anteriormente apresentados merecem atenção e estar na

pauta dos planejamentos de políticas públicas, principalmente quando

consideramos o envelhecimento populacional que estamos presenciando.

Evidentemente, muitos aspectos relativos à previdência social devem ser

repensados e reavaliados, de modo a limitar o já existente rombo e evitar que

em breve não haja insuficiência de dinheiro para pagar os aposentados.

O governo deve, através do equilíbrio financeiro das contas da

previdência, buscar meios de reduzir as desigualdades existentes no mercado,

proporcionando igualdades nas oportunidades e corrigir problemas de

descriminalização.

Entretanto, principalmente quando avaliamos a evolução do mercado

das previdências privadas, fica claro que essas também merecem atenção do

governo. Conforme já vem ocorrendo nas últimas décadas, deve ser dada

maior atenção a normatização do setor, fornecendo ainda maior estabilidade

regulatória ao sistema previdenciário complementar.

Page 18: previdência social

18

O Estado, para acompanhar o crescimento e complexidade que o setor

vem adquirindo, deve dar conta de sua atribuição fiscalizatória, trazendo maior

transparência e estabilidade.

No Brasil, vemos um cenário voltado ao fortalecimento dos regimes

privados, dando segurança ao trabalhador e proporcionando condições de

estabilizar o desenvolvimento econômico. A situação brasileira é muito

semelhante ao que vem ocorrendo no mundo e principalmente nos países com

uma população em envelhecimento (BRASIL, Ministério da Previdência Social,

2009).

O mercado previdenciário privado e complementar, apesar de já bem

regulamentados e enxutos, ainda possuem espaços para crescimento e

melhorias. Ambos devem buscar, principalmente, adequar e melhor seus

parâmetros técnico-atuariais para a nova realidade demográfica brasileira.

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REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Juliana, Aposente-se quem puder. Superinteressante. São Paulo. 2003. Disponível em: <http://super.abril.com.br/cotidiano/aposente-se-quem-puder-443840.shtml>. Acesso em 20/09/2013.

BRASIL, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Esperança de vida ao nascer. 2010a. Disponível em: <http://seriesestatisticas.ibge.gov.br/series.aspx?vcodigo=IU31&t=esperanca-vida-nascer>. Acesso em 01/10/2013.

BRASIL, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Distribuição da população por sexo, segundo os grupos de idade. 2010b. Disponível em: <http://censo2010.ibge.gov.br/sinopse/webservice/frm_piramide.php>. Acesso em 03/10/2013.

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