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FACULDADE DE ECONOMIA E FINANÇAS IBMEC PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO E ECONOMIA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM ADMINISTRAÇÃO Previsão da taxa de mortalidade em Hospitais Públicos De São Luís- Ma: Análise através de Regressão Múltipla Péricles Guará Silva ORIENTADOR: MARIA AUGUSTA SOARES MACHADO Rio de Janeiro, 08 de outubro de 2009

Previsão da taxa de mortalidade em Hospitais Públicos De ...s3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/public/... · Públicos para contratação de Médicos. Porém

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FACULDADE DE ECONOMIA E FINANÇAS IBMEC PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM

ADMINISTRAÇÃO E ECONOMIA

DDIISSSSEERRTTAAÇÇÃÃOO DDEE MMEESSTTRRAADDOO

PPRROOFFIISSSSIIOONNAALLIIZZAANNTTEE EEMM AADDMMIINNIISSTTRRAAÇÇÃÃOO

Previsão da taxa de mortalidade em Hospitais Públicos

De São Luís- Ma: Análise através de Regressão Múltipla

PPéérriicclleess GGuuaarráá SSiillvvaa

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Rio de Janeiro, 08 de outubro de 2009

“PREVISÃO DA TAXA DE MORTALIDADE EM HOSPITAIS PÚBLICOS DE SÃO

LUÍS DO MARANHÃO: ANÁLISE ATRAVÉS DE REGRESSÃO MÚLTIPLA”

PÉRICLES GUARÁ SILVA

Dissertação apresentada ao curso de

Mestrado Profissionalizante em

Administração como requisito parcial para

obtenção do Grau de Mestre em

Administração.

Área de Concentração: Métodos

Quantitativos.

ORIENTADOR: MARIA AUGUSTA SOARES MACHADO

Rio de Janeiro, 08 de outubro de 2009.

“PREVISÃO DA TAXA DE MORTALIDADE EM HOSPITAIS PÚBLICOS DE SÃO

LUÍS DO MARANHÃO: ANÁLISE ATRAVÉS DE REGRESSÃO MÚLTIPLA”

PÉRICLES GUARÁ SILVA

Dissertação apresentada ao curso de

Mestrado Profissionalizante em

Administração como requisito parcial para

obtenção do Grau de Mestre em

Administração.

Área de Concentração: Métodos

Quantitativos.

Avaliação:

BANCA EXAMINADORA:

_____________________________________________________

Professor MARIA AUGUSTA SOARES MACHADO (Orientador)

Instituição: Faculdades Ibmec-RJ

_____________________________________________________

Professor FLAVIA DE SOUZA COSTA NEVES CAVAZOTTE

Instituição: Faculdades Ibmec-RJ

_____________________________________________________

Professor MARCO ANTONIO OLIVEIRA

Instituição: UFRJ

Rio de Janeiro, 08 de Outubro de 2009.

FICHA CATALOGRÁFICA

Entrar em contato com a biblioteca no térreo,

ou através do e-mail: [email protected]

v

DEDICATÓRIA

Dedico esta obra ao meu filho, esta vida que ainda no

ventre de sua mãe foi o maior incentivador do autor,

futuro Papai, para que ele conseguisse ter forças para

superar tantos obstáculos e chegar até aqui. Ao meu

melhor amigo e incentivador intelectual meu Pai, José

Inácio Guará Silva. A minha mãe, Rozi Araújo e Silva,

por toda admiração e apoio incondicional. A minha

esposa, Rachel Filippo, por compartilhar meus sonhos e a

felicidade de cada passo rumo ao meu desenvolvimento

pessoal. As minhas saudosas avós, Maria José Araújo e

Mhyrtes Guará Silva, sei que de onde estiverem estão

felizes por me ver vencendo mais esta etapa.

vi

AGRADECIMENTOS

Agradeço a minha orientadora Maria Augusta, por me fazer enxergar um mundo de

novas possibilidades e aplicações com o conhecimento adquirido. Ao grande amigo Paulo

Peloso por toda ajuda que me foi dada. Ao Instituto Cidadania e Natureza e seus Diretores que

me não me pouparam informações para conclusão da obra.

vii

RESUMO

O estudo tem como objetivo levantar questões sobre a profissionalização da Gestão

Pública de Saúde pelas Organizações do Terceiro Setor. Primeiro abordar mudanças de uma

gestão burocrática para uma mais flexível e profissional. Avaliar os impactos na Saúde

através de um estudo empírico exploratório utilizando métodos quantitativos visando

construir um modelo de previsão das taxas de mortalidade e as variáveis usadas para tomada

de decisão neste modelo de gestão.

Palavras Chave: Organizações do Terceiro Setor, Saúde Pública, Teste de Sheffé,

Regressão Múltipla Linear.

viii

ABSTRACT

This Research intends to prospect some of the aspects that contribute to the Public

Health Management in Brazil. The Brazilian Health Managing Organizations are trying to

changing the burocratic system to a more professional and flexible. To understand and

evaluate this process we are going use quantitative methods.

Key Words: Social Organization, Public Health Management, Multiple Regressions.

ix

LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Fluxograma Clínica Médica..................................................................................... 56

Figura 2 –Fluxograma Clínica Cirurgica ........................................................................ ……..56

Figura 3 – Gráfico taxa de mortalidade homens de 18-59 anos ............................................... 60

Figura 4 - Gráfico taxa de mortalidade mulheres de 18-59 anos..............................................63

Figura 5 - Teste de Normalidade dos resíduos Hospital A masculina......................................68

Figura 6 - Histograma Hospital A para taxa de mortalidade masculina...................................69

Figura 7 - Teste de Normalidade dos resíduos Hospital B masculina......................................71

Figura 8 -Histograma Hospital B para taxa de mortalidade masculina....................................72

Figura 9 - Teste de Normalidade dos resíduos Hospital C masculina......................................75

Figura 10- Histograma Hospital C para taxa de mortalidade masculina..................................75

Figura 11- Teste de Normalidade dos resíduos Hospital D masculina.....................................77

Figura 12- Histograma Hospital D para taxa de mortalidade masculina..................................77

Figura 13- Teste de Normalidade dos resíduos Hospital E masculina.....................................79

Figura 14- Histograma Hospital E para taxa de mortalidade masculina..................................80

Figura 15- Teste de Normalidade dos resíduos Hospital A feminina.......................................82

Figura 16- Histograma Hospital A para taxa de mortalidade feminina....................................82

Figura 17- Teste de Normalidade dos resíduos Hospital D feminina.......................................84

Figura 18- Histograma Hospital D para taxa de mortalidade feminina....................................85

x

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Custo procedimentos S.U.S vs Valor Real ............................................................. 10

Tabela 2 – Aplicação de Recursos ............................................................................................ 12

Tabela 3 - Evolução dos Gastos com Saúde no Brasil..............................................................12

Tabela 4 - Profissionais por habitante.......................................................................................53

Tabela 5 - Procedimentos por habitante em São Luís -MA......................................................54

Tabela 6 - Saneamento básico...................................................................................................54

Tabela 7 - Taxa de Mortalidade Masculina...............................................................................60

Tabela 8 - Taxa de Mortalidade Feminina................................................................................63

xi

LISTA DE ABREVIATURAS

HCFA- Health Care Financing

I.B.G.E- Instituto Brasileiro de Estatística e Geografia

I.D.H – Índice de Desenvolvimento Humano

NBER-National Bureau of Economic Research

NHS-National Health Service

OMS- Organização Mundial de Saúde

O.S- Organização Social

O.S.C.I.P – Organização Social da Sociedade Civil de Interesse Publico

PNUD- Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

S.U.S –Sistema Único de Saúde

S.I.A – Sistema de Informações Ambulatoriais

S.I.H – Sistema de Informações Hospitalares

SIOPS-Sistema de Informação de Orçamento da Saúde

SIM-Sistema de Informações de Mortalidade

xii

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 1

1.1 OBJETIVO DA PESQUISA....................................................................................................................1

1.2 JUSTIFICATIVA DO ESTUDO.............................................................................................................2

1.3 CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROBLEMA.........................................................................................2

1.4 SAÚDE PÚBLICA NO MARANHÃO....................................................................................................3

2 REVISÃO TEÓRICA .......................................................................................... ..5

2.1 DESAFIOS DA SAÚDE PÚBLICA ......................................................... 5Erro! Indicador não definido.

2.1.1 Saúde no Brasil......................................................................................................................................9

2.1.2 Acesso a Internação e Serviços de Saúde...............................................................................................9

2.1.3 Contratação de funcionários Públicos na Saúde...................................................................................10

2.1.4 Fonte de Financiamento.......................................................................................................................11

2.1.5 Funcionamento da Rede Hospitalar.....................................................................................................13

2.2 MODERNIZAÇÃO DO ESTADO BRASILEIRO ………………………………………...14

2.2.1 Reformas Administrativas do Sistema de Saúde…………………………………………………… 15 2.2.2 Funcionamento da Organização

Social……………………………………………………………Erro! Indicador não definido....18

2.3 QUALIDADE DA ASSISTÊNCIA MÉDICA.......................................................................................19

2.3.1 Enfoque de Resultados........................................................................................................................20

2.3.2 Nível de Agregação dos Dados...........................................................................................................22

2.3.3 Ajuste de Risco da taxa de Mortalidade.............................................................................................23

2.3.4 Uso das taxas de mortalidade hospitalar como indicador de resultados............................................24

2.3.5 Lista de Causa de mortes evitáveis.....................................................................................................26

2.3.6 Tempo de Internação...........................................................................................................................31

2.3.7 A gravidade do caso............................................................................................................................31

2.3.8 Aumento do número de profissionais de saúde e evolução da mortalidade por causas evitáveis......32

2.4 MÉTODOS QUANTITATIVOS...........................................................................................................33

2.4.1 Anova two away................................................................................................................... ...............33

2.4.2 Teste de Sheffé………………………………………………………………………………………35

2.4.3 Regressão Múltipla Linear..................................................................................................................35

2.4.4 Análise de Séries Temporais...............................................................................................................41

3 MODELOS E HIPÓTESES ................................................................................ 43

3.1 MODELOS EXPLICATIVOS DA VARIAÇÃO DA MORTALIDADE…………………………..43

3.2 VARIÁVEIS............................................................................................................................................44

3.2.1 A variável dependente.........................................................................................................................44

3.2.2 Tempo médio de internação................................................................................................................44

3.2.3 Proporção Profissionais de Saúde por procedimentos em paciente mês............................................45

3.2.4 Custo médio da diária de internação...................................................................................................45

3.2.5 Modelo de Estudo............................................................................................................................. ...48

xiii

4 METODOLOGIA ................................................................................................ 49 4.1 A PESQUISA.............................................................................................................................................49

4.2 COLETA DE DADOS..............................................................................................................................49

4.2.1 Dados dos óbitos................................................................................................ ...................................50

4.2.2 Dados da quantidade de profissionais de saúde....................................................................................50

4.2.3 Dados sobre pacientes e valores médios das internações......................................................................51

4.3 CARACTERÍSTICAS DA POPULAÇÃO ESTUDADA......................................................................53

4.4 FUNCIONAMENTO DOS HOSPITAIS................................................................................................55

4.5 CARACTERÍSTICA DOS HOSPITAIS.................................................................................................57

4.6 AVALIAÇÃO DE PACIENTES E INTERNAÇÕES.............................................................................58

5 AVALIANDO OS RESULTADOS......................................................................60 5.1 ANOVA TWO AWAY - TESTE DE SHEFFÉ……………………………………………………….60

5.1.1 Anova two away - Teste de Sheffé para taxas de mortalidade masculina...........................................61

5.1.2 Anova two away - Teste de Sheffé para taxas de mortalidade feminina.............................................63

5.1.3 Resumo Teste de Sheffé.......................................................................................................................65

5.2 REGRESSÃO MÚLTIPLA LINEAR EM SPSS 18.............................................................................67

5.2.1 Regressão Hospital A para taxas de mortalidade masculina...............................................................67

5.2.2 Regressão Hospital B para taxas de mortalidade masculina...............................................................70

5.2.3 Regressão Hospital C para taxas de mortalidade masculina...............................................................73

5.2.4 Regressão Hospital D para taxas de mortalidade masculina...............................................................76

5.2.5 Regressão Hospital E para taxas de mortalidade masculina...............................................................78

5.2.6 Regressão Hospital A para taxas de mortalidade feminina.................................................................81

5.2.7 Regressão Hospital D para taxas de mortalidade feminina.................................................................83

5.3 RESTRIÇÕES AO USO DO MODELO................................................................................................86

5.4 PORQUE USAR SIMULAÇÃO.............................................................................................................86

6 CONCLUSÃO....................................................................................................88

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 91

ANEXO A ................................................................................................................. 95

1

1 INTRODUÇÃO

1.1-OBJETIVO DA PESQUISA:

Esta pesquisa tem como objetivo medir os efeitos da Reforma Administrativa na

Gestão Hospitalar Pública. A Emenda Constitucional Nº 19/98, entre outras mudanças,

permitiu que Organizações Privadas de Interesse Público pudessem Administrar Hospitais

como empresas privadas, afim de que essas Organizações pudessem melhorar a qualidade dos

serviços que deveriam ser prestados a sociedade.

A literatura de Administração é vasta em Teorias sobre Estratégia Corporativa e

Comportamento Organizacional visando aumentar a eficiência das Organizações. Todavia,

faz-se necessário usar métodos quantitativos para avaliar se houve mudança significativa

nesse novo modelo de Gestão.

Será estudada a variação de taxa de óbitos hospitalares em cinco Hospitais Públicos

em São Luís- Ma, com isso poderemos avaliar o desempenho destes. Visando conhecer

melhor as causas dessa variação iremos construir um modelo de previsão com as variáveis

utilizadas pelos Administradores de Hospitais e outros estudiosos.

2

1.2-JUSTIFICATIVA DO ESTUDO:

Os estudiosos de Políticas Públicas de Saúde utilizam modelos de regressões lineares e

análise de séries temporais (Travassos, C.; Noronha, J.C.; Martins, M.,1999; Machado, J.P.; et

al,2007 ; Paes, N.A.,2004,2007) com objetivo de modelar fenômenos, fazer estimativas,

prever comportamento de séries e definir relações entre duas ou mais variáveis. Neste estudo

será observado o desempenho de Hospitais Públicos administrados por Organizações Sociais

através de métodos quantitativos.

É comum os estudos de saúde pública utilizarem dados sobre taxa de mortalidade

como indicador que avalia a qualidade da saúde de um grupo ou população. Porém os

Gestores de Hospitais ainda tomam decisões através da intuição e experiência, baseados em

normas e regras, não atentando para os resultados. Ao utilizarmos as regressões com múltiplas

variáveis como ferramenta de previsão, estaremos saindo deste processo voltado para

atividades meio (burocráticas), para um processo voltado para resultados.

1.3-CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROBLEMA:

A falta de profissionais na rede Pública prejudicava os atendimentos e a qualidade de

serviços de saúde. Para suprir essa falta, era necessário que o Estado fizesse concursos

Públicos para contratação de Médicos. Porém o Médico no Estado do Maranhão recebe em

média R$850,00 (Secretária de Saúde do Estado do Maranhão, 2008), salário totalmente fora

da realidade de mercado. Em alguns Municípios do interior, médicos conseguem receber até

R$20.000,00 para atender a população. Outro fator preponderante é que pela Lei de

Responsabilidade Fiscal, proíbe repassar recursos Federais aos Estados, caso este comprometa

3

mais de 60% da arrecadação dos recursos com salários e aposentadorias. A Lei limitou o

Estado, pois este deveria reajustar o piso salarial e contratar uma quantidade muito grande de

profissionais de saúde. Como cargos Administrativos e do poder Judiciário sempre são

priorizados nas contratações Estaduais (Martins P.; Pieranti O.P, 2006), pressionado pelo

Ministério do Trabalho e Ministério Público a cessar contratações emergenciais de

Cooperativas Médicas e Empresas Privadas que prestavam serviços de Saúde. O Governo do

Estado do Maranhão resolveu repassar parte de sua rede Hospitalar a Organizações Sociais e

OSCIPS que pudessem, modernizar instalações, contratar profissionais, serviços Médicos

Hospitalares e serviços de Apoio que melhorassem o quadro de atendimento das instituições

(Moraes, A.,2001; Caullinaux, H.; Yuki, M.,2004; Almeida, C.M. et al,1999,2000). Essa

instituição teria que modernizar a Gestão do Estado na Saúde Pública, melhorando o

atendimento e baixando o custo. Para isso o modelo vigente escolhido baseou-se na

experiência de outros Estados como São Paulo, Minas Gerais onde parte de sua rede é

gerenciada por estas Instituições. (Contrato regido entre Estado do Maranhão e a Organização

Social).

Assim a Instituição assumiu em 2002 uma rede 7 Hospitais na Região Metropolitana

de São Luís e 04 Hospitais Regionais em localidades no interior do Estado.

No ano de 2005 assumiu mais cinco Hospitais, os quais serão motivo do nosso estudo.

1.4-SAÚDE PÚBLICA EM SÃO LUÍS-MA:

No Brasil existem 2,06 médicos a cada 100.000 habitantes (World Health Statistcs

2006) em comparação com 2,6 em relação à Europa.

No Maranhão existe a proporção de apenas 0,54 médicos para 100.000 habitantes

(IBGE 2005).O problema se agrava ainda mais quando são procurados médicos que

4

necessitam de alto grau de especialidade como cardiologistas,neurologistas,oncologistas.

Estes, como são talentos escassos acabam por obter uma remuneração muito acima da média

de seus colegas, inclusive em outras regiões. Mesmo tentando recrutar talentos em outros

Estados, o grau de exigência dos mesmos impossibilita a contratação devido à restrição

financeira.

Incorporar tecnologia (Gestão, infra-estrutura tecnológica, equipamentos de ultima

geração), também vem sendo um grande desafio. Comprar um equipamento novo é apenas o

primeiro passo de um grande processo, além da restrição orçamentária, a promessa de

melhora na produtividade, nem sempre vem acompanhada de uma redução de custos.

Recaímos mais uma vez no problema já citado, contratar médicos especializados, técnicos

treinados não é a solução mais adequada, pois os custos aumentam desproporcionalmente e

não substituem os procedimentos médicos já difundidos em larga escala. A distância de

grandes centros incorre em problemas logísticos que ocasionam atrasos de entrega de

produtos e a falta de escala nos atendimentos da região aumenta os custos também.

Existem outras dificuldades para o Instituto como o entendimento dos problemas de

Saúde diante dos problemas das unidades. A forte insistência de interferir na forma de agir e

de gerar resultados, como se o Instituto fosse uma extensão do Estado e que para isso devesse

continuar agindo com os mesmos processos administrativos. A resistência dos próprios

funcionários Públicos, políticos e parte da sociedade que chamam esse modelo de

“privatização da saúde” (Martins, apud Pacheco, 2003).

5

2 REVISÃO TEÓRICA

A revisão teórica foi divida em 2 partes: Primeiro foram utilizados dados secundários

como bibliografia de Gestão Pública Brasileira, Reforma Administrativa no Brasil, Gestão

Hospitalar, Medicina Interna, Estratégia Corporativa, teses de Administração Pública de

Saúde; para identificar quais variáveis contribuíram para melhorar o desempenho dos

Hospitais. Depois de observar modelos já propostos em outras pesquisas os dados primários

dos sistemas oficiais do Governo e dos Hospitais, foram utilizados em Regressões de

Múltiplas variáveis para construção de um modelo previsão de taxas de mortalidade.

2.1- DESAFIOS DA SAÚDE PÚBLICA:

Segundo a definição da Organização Mundial de Saúde (OMS), o conceito de Saúde

adotado após a Segunda Guerra Mundial e aceito na maioria das nações é o “estado completo

de bem estar físico,mental, social e não meramente ausência de doença ou incapacidade”.

O cumprimento da missão de saúde dos governos tem muitas complexidades, a

principal delas é a tendência de aumento dos gastos de saúde no mundo, a “inflação geral do

setor de saúde” é maior que a inflação geral dos países. Os principais motivos são:

Crescimento da Renda:

Thomas Borddenheimer explora em artigos publicados pelo periódico Annals of

Internal Medicine, fatores que aumentam os custos dos serviços de saúde. Foi observado nos

E.U.A uma clara correlação entre o aumento do PIB do País e os gastos per capita para os

6

países da OECD. O E.U.A foi considerado um outlier, pois os serviços médicos encareciam

devido ao acesso financeiro e tecnológico. O assunto foi tratado com profundidade por Dreger

e Reimers, esses autores investigaram se o gasto de saúde pública era um item de luxo em 21

países industrializados, membros da OECD. A série utilizada foi a de 1975 a 2001. Este

estudo Alemão concluiu que a demanda unitária é elástica, provando que saúde não é luxo.

Os Americanos Hall e Jones, argumentaram que a fração de renda gasta com saúde

aumenta conforme a renda,a premissa do modelo é que com o aumento de renda os gastos

com qualidade de vida tem utilidade marginal decrescente, enquanto o valor econômico da

vida é crescente. Partindo do pressuposto que o aumento da qualidade e da expectativa de

vida aumenta os gastos, os autores conceberam um modelo matemático no qual o gasto dos

Estados Unidos com Saúde seria da ordem de 33% do PIB em 2050.

Envelhecimento da população:

Em outro artigo Publicado por Jones pela NBER, foi constatado que o gasto com

Saúde aumenta significativamente nos últimos anos de vida, o estudo baseou-se nos

resultados obtidos num grupo de pessoas com 81 anos no Japão. Apesar disso estudos

publicados pela Universidade de Tecnologia de Victoria,Austrália, Sheehan demonstrou que o

aumento da expectativa de vida, torna as pessoas idosas mais tarde e não idosas por mais

tempo. Na Holanda o custo real de pessoas com 80 anos não mudou entre 1988 e 1999. Este

ponto é reforçado por Yashiro et al. e outros autores japoneses que chegaram a mesma

conclusão. Num estudo mais específico, ao estimar a tendência de aumento de idade da

população Americana, Borddenheimer chegou a um modelo onde a variável aumento de idade

explica o crescimento do gasto apenas em 6% e 7%.

Para explicar os resultados contraditórios Jones, sugeriu como explicação, o desejo de

uma sociedade em transferir recursos financeiros para o sistema de Saúde.

7

Inflação de Custos Médicos:

As Teses já descritas concordam num ponto. O aumento dos Gastos em Saúde está

correlacionado com o uso mais intenso dos serviços médicos demandados por uma população

mais rica e /ou idosa. Outro fator identificado nestes estudos foi que o aumento em volume de

procedimentos gera um fenômeno chamado inflação dos custos médicos.

Um estudo realizado por Shi e Singh reporta que a componente de Saúde cresceu 2,3

vezes mais que a média da economia entre 1988 e 1995 e 1,5 vezes entre 1995 e 2001.Essa

tendência também foi observada em outros Países. O Canadá teve uma inflação Geral de 4,9%

a.a e a Componente “Serviços Médicos” cresceu 6,2%a.a, países como Nova Zelândia,Reino

Unido,Austrália também apresentaram um aumento nessa componente superior a média do

índice geral de preços dos países.

Ausência de concorrência perfeita neste setor:

Há Tese de que um mercado de saúde mais próximo da concorrência perfeita, se

provou num primeiro instante em estudos realizados no E.U.A, havia áreas exclusivas de

atividades Hospitalares, porém um movimento de consolidação e formação de grandes

conglomerados hospitalares freou a queda destes gastos.

O aumento da inovação tecnológica com difusão não controlada dessas tecnologias:

Novos procedimentos são desenvolvidos para servirem de forma complementar a

serviços e técnicas já desenvolvidos. Esse movimento do mercado gera gastos adicionais, pois

não substituem as técnicas já existentes, temos como exemplo exames de radio-imagem,

como tomografias computadorizadas e ressonâncias magnéticas,estes porém não substituem a

8

necessidade de um exame de Raio-X. Além disso, tecnologia em Saúde representa um caso

claro de que a oferta de novos procedimentos gera um aumento de demanda.

Estudos realizados indicam que os benefícios gerados por novas tecnologias podem

ser maiores que os gastos decorrentes, então foi concluído que o problema principal não era a

incorporação da tecnologia e sim a difusão inadequada da mesma. (Marujo, E.C; Martins,

C.B; Cechin, J. , 2006)

Desequilíbrio 10/90:

O avanço tecnológico depende de investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento. Foi

identificada uma distorção de recursos financeiros para pesquisa, gerando o “desequilíbrio

10/90, onde apenas 10% dos recursos Públicos e Privados foram destinados aos problemas de

Saúde que atingem 90% da população. Isso demonstra que novos tratamentos, medicamentos

e tecnologias não estarão ao alcance da maioria, isso aumenta desproporcionalmente o poder

da indústria diante de todo o sistema de saúde. Com isso a indústria consegue ditar o ritmo de

oferta, demanda, por conseqüência os preços.Sendo assim por maior que seja o esforço de

governos em controlar os gastos, estes não tem poder de barganha suficiente,desta forma é

necessário resolver este desequilíbrio, afim de se criar um mercado próximo a concorrência

perfeita no intuito de reduzir a inflação de custos médicos. ”(Indicadores FAPESP, Cap.-11-4,

2004).

Os exemplos citados acima apenas nos dão uma dimensão da complexidade de como é

tratar problemas relacionados à Saúde de uma população. Hábitos da sociedade moderna,

mudanças climáticas, políticas econômicas, são componentes macro mundiais que se

esmiúçam em vários subsistemas relacionados entre si.

9

2.1.1- Saúde no Brasil

O Brasil tem uma sociedade divida em dois extremos, somos os mais desiguais, já é

tema tratado em vários estudos e essa desigualdade social se faz presente na saúde.

Esse problema aumenta a complexidade de Gestão do S.U.S (Sistema Único de

Saúde), pois o sistema tem como objetivo oferecer completa assistência de saúde. Nossa

população vem passando por uma transição, o PIB cresce, a idade da população aumenta

criando os mecanismos que aumentam os Gastos de Saúde. Por outro lado ainda temos

problemas graves como falta de saneamento básico e acesso a água potável. A falta destes

serviços aumenta a incidência de doenças infecto-parasitárias principalmente nas classes mais

baixas (PNUD 2006).

A Emenda Constitucional 29 que vincula as Receitas Federais, Estaduais e

Municipais, aumentaram os repasses a Saúde (Dain, S. 2007), porém com as mudanças

demográficas (Brasília. Ministério da Saúde, Pacto pela Saúde, 2006), os aumentos de preços,

os problemas de Gestão, pressionam o setor Público de Saúde a tomar medidas

Administrativas efetivas que elevem a qualidade do atendimento.

2.1.2- Acesso a Internação e Serviços de Saúde

Os estudiosos da área de Saúde Pública vêm demonstrando que a população mais

pobre é a mais propensa a utilização dos serviços públicos. Fatores como renda, índice de

escolaridade, saneamento aumentam a qualidade e a expectativa de vida. Foi observado que

pessoas que possuem plano de saúde privado têm suas chances de acesso a serviços de saúde

aumentados em 450%, mas a necessidade de consumir esses serviços caem 7%. Outro fator

importante é que quando há presença de doença, as chances de procurar os serviços de saúde

10

aumentam 155% para pessoas que possuem doenças crônicas. Além disso as pessoas que tem

acesso aos serviços públicos de água,esgoto,coleta de lixo e luz elétrica tem chances

aumentadas 8%,3%,6% e 15%,respectivamente, de procurar serviços de saúde quando

comparados aqueles que não os detêm em seu domicílio (Neri M; Soares, W., 2002). As

causas pela procura de serviços públicos hospitalares, consultas e internações foram

favoráveis a situação econômica em todo o Brasil. As pessoas com menor nível econômico

foram as que mais utilizaram os serviços públicos, porém tiveram menos acessos a consultas e

houve maior número de internações. Já as de maior poder aquisitivo tiveram maior acesso a

consultas e foram menos internados, os mais pobres tem os piores acessos, necessitam de

maiores cuidados, mas consomem menos serviços.

2.1.3- Contratação de funcionários Públicos na Saúde

O Estado contrata estes profissionais através de concursos públicos e o pagamento dos

profissionais é estipulado pelo Estado ou Município.

Para estimular a produtividade dos profissionais da área de saúde, parte dos repasses

vinculados ao S.U.S baseiam-se na tabela de procedimentos que tem valores muito baixos que

não condizem com a realidade do Mercado. Desde sua criação a tabela sofreu correção de

37%, frente a um crescimento do IGP-M de 318,10%,e um aumento de insumos

estratégicos,como combustível e energia entre 500% e 600%.Ver tabela:

Tabela 1: Custo Procedimentos SUS vs valor Real:

Procedimentos Valor SUS Valor real Diferença %

Consulta em especialidade adulta 7,55 20,94 177%

Raio-x Simples 4,91 27,58 462%

Endoscopia 14,41 79,67 453%

Diária de UTI - II 213,71 720,00 237%

Insufuciência Respiratória 793,01 3.083,44 289%

Pneumopatias agudas 1.036,05 2.047,63 98%

Apendicectomia 525,40 1.227,24 134%

Toracotomia 1.062,66 3.322,04 213%

FONTE: S.U.S; AMB

11

Com esse nível de defasagem para o pagamento de procedimentos, cria-se um

problema para atrair profissionais competentes e médicos. Sabemos que a quantidade de

profissionais de saúde é um fator importante para a melhora da qualidade de vida. Atrair e

motivar esses profissionais exige esforço. Salários e ambiente adequado são apenas algumas

das variáveis estudadas para o aumento da produção. Num ambiente inflexível, hierarquizado

de baixos salários, e que oferece condições precárias, os profissionais como médicos e

enfermeiros, acabam por migrar para o sistema privado que paga o valor ajustado do

procedimento.

A distribuição espacial geográfica das Unidades hospitalares é outro fator importante.

Apesar dos esforços dos Governos em regionalizar os serviços de saúde, há concentrações de

profissionais nas áreas mais ricas e falta nas áreas mais pobres. (Simões, R. et al., 2004).

2.1.4- Fonte de Financiamento

Gastos com a Saúde no Brasil

Brasil investe anualmente 8,6% do seu PIB na Saúde, 3,5% são recursos vindos da

União,os outros 5%, vem através do setor privado,planos de saúde privados cobrem 1,9% da

população sendo o restante financiado pelo gasto direto das famílias 3,5% (Dain. S, 2007). A

União através do S.U.S é responsável por parte do financiamento dos recursos de Saúde aos

Estados e Municípios, sendo as duas ultimas esferas responsáveis por financiar seus serviços

de saúde mediante vinculação de suas receitas. A EC29,reduziu os recursos provenientes do

SUS de 75% para 50%.Atualmente já existe uma completa separação sobre a provisão destes.

O Governo Brasileiro criou o SUS para gerenciar os repasses dado aos Estados,

através do DATASUS toma decisões sobre políticas a serem adotadas. Além disso, a

12

constituição através da E29 prevê repasses das verbas vinculadas dos impostos Estaduais e

Municipais que devem ser investidos na Saúde Pública. Podemos ver nas tabela 2 os recursos

repassados pelas esferas no período de 2000 a 2005 e na tabela 3 a evolução dos gastos do

Governo de 1995 a 2007:

Tabela 2: Aplicação de recursos

Tabela 3: Evolução dos gastos com saúde no Brasil:

Apesar do aumento dos recursos Públicos desde a criação da EC29, as melhoras na

saúde ainda não são significativas. As transferências Federais e o aumento das receitas

vinculadas a Saúde não estão sendo capazes de manter a qualidade de atendimento nem de

realizar a missão de dar cobertura total de saúde. Os hospitais Públicos estão inseridos num

Recursos Aplicados em ASPS por esfera de governo, 2000 a 2005 (em milhões nominais)

União Estados Municípios Total

2000 20.351,50 6.313,40 7445,4 34.110,30

2001 22.474,10 8.269,80 9493,9 40.237,80

2002 24.736,80 10.078,50 12069,2 46.884,50

2003 27.181,20 12.224,30 13715,3 53.120,80

2004 32.703,50 16.220,70 16427,9 65.352,10

2005 37.145,80 17.230,90 20805,8 75.182,50

Fonte: SIOPS/SCTIE

13

ambiente de mercado complexo, existem muitos fatores exógenos, faz-se necessário criar um

sistema capaz de lidar com a dinâmica do mercado, visando realizar boa prestação de

serviços.

2.1.5- Funcionamento da Rede Hospitalar

A rede hospitalar controlada somente pelo Estado é fragmentada e presa a processos

legais burocráticos que seguem as normas do Ministério da Saúde. As unidades funcionam

imersas, alheias aos problemas da população. Os cargos de gerência são políticos e muitas

vezes os Diretores não tem habilidades essenciais para os cargos, desta forma os processos

permanecem iguais por décadas, engessados e hierarquizados. Existe uma ênfase no

funcionalismo, os departamentos funcionam como partes separadas.

Como na maioria dos Órgãos Públicos, a forma de implantar Estratégia é impessoal,

baseia a sua premissa de Administrar através do poder de comando. Duas são as

características dentro dos Hospitais, instituem autocracias. Isso ocorre porque os cargos de

comando são indicados pelo Governo, assim a autoridade deste indivíduo ou de um pequeno

grupo é caracterizada pelo poder “absoluto”, pois este é representante legítimo do Estado.

Podendo se dizer até ditatorial em determinados casos. A outra mais comum é a burocracia,

pois a forma de poder está muito associada a questões regulatórias, o uso da palavra escrita e

a tentativa exaustiva de tentar moldar as pessoas em normas inflexíveis, geralmente vindas do

direito do Estado.Assim o poder de Administrar está na habilidade de burocratas sentados

atrás de mesas que usam o conhecimento das regras para orientar a atividade das

organizações através das destas regulamentações vindas do direito legal. (Morgan, G., 2007).

Com isso a rede Hospitalar perde poder de barganha e ganha ineficiência. A

negociação com as forças do mercado ficam enfraquecidas. Os fornecedores de serviços

14

ganham com a negociação fragmentada. Isso aumenta o preço de produtos e serviços

essenciais. Num mercado onde a tendência é o aumento dos preços do setor de saúde a

prioridade seria reduzir custos e aumentar a produtividade médica (Porter. M, 1986). Porém

se continuarmos sem nenhuma Estratégia de Gestão, os recursos já escassos, num mercado

com tendência inflacionária, não conseguirá oferecer melhorias para a população.

2.2-MODERNIZAÇÃO DO ESTADO BRASILEIRO:

No Brasil, não citando os problemas identificados pelos estudiosos de Sociologia e

Antropólogos, o Estado de bem estar social, não foi capaz de sustentar o crescimento

Econômico, o modelo Estatizante, não estava mais gerando resultados capazes de sustentar a

demanda por benefícios sociais. Daí surge uma discussão no Governo Fernando Henrique, na

tentativa de “desafogar o Estado”. Neste caso segundo a Teoria Econômica o Estado

endividado, possui menos crédito, isso aumenta a desconfiança de investidores e

Organizações Monetárias Internacionais, o que obriga o Governo a aumentar os juros,

aumentando o déficit e assim aumentando o risco do País.

Apesar de não haver evidências empíricas. Muitas das causas da Irresponsabilidade

Fiscal do Estado são bem conhecidas:

Desvio das funções do Estado para o setor produtivo, com a ação de empresas

estatais ineficientes e a multiplicação de subsídios-modelo de intervenção;

Estratégia “burocrática adotada de executar diretamente os serviços sociais de

educação, saúde e assistência social por meio de contratação de funcionários públicos”

Ineficiência do modelo Burocrático de Gestão Pública;

15

São muitas as discussões sobre a Crise do Estado Brasileira, os Teóricos do assunto

sempre apontam em comum uma crise Fiscal, gerada por políticas Públicas Populistas devido

ao nosso histórico econômico e cultural. A partir de 1988, o Estado Brasileiro aumentou

muito sua dívida em decorrência do Regime de Servidor Público Único. Esse regime garantiu

estabilidade aos empregados públicos, proventos integrais a funcionários inativos e precipitou

aposentadorias. Foram estes fatos que geraram a necessidade de modernizar o Estado, criando

mecanismos que melhorassem o funcionamento da máquina Pública, principalmente a

prestação de serviço social, ou seja, a educação e a saúde (Martins, P.E.M; Pieranti, O.P.,

2007, apud Lustosa P., 2006).

O Governo Fernando Henrique fez Reformas Estruturais importantes, desta discussão

nasceram às tentativas de se modernizar o serviço Público, possibilitando uma

profissionalização da Gestão dos mesmos.

2.2.1- Reformas Administrativas do Sistema de Saúde

Desde o começo da década de noventa os Países vem tentando modernizar suas

estruturas de serviços públicos na tentativa de melhorar a eficiência e modernizar o Estado

(Almeida, C.M., 1999). Com essa intenção em 1998 foi aprovada a Lei n.9.637 e em 1999 a

Lei n.9.790 que regulamentam as atividades do terceiro setor na gestão de instituições

públicas. Instituições privadas com fim público podem gerenciar Hospitais e Postos de

Saúde,sendo que essas tem por obrigação melhorar a eficiência do serviço como um

todo,aumentando o número e a qualidade nos atendimentos. O modelo dessas Organizações

foi concebido com a visão de corrigir a distorções provocadas pelas falhas do atual sistema de

Saúde. Assim as UH (Unidades Hospitalares) podem ser geridas como unidades hospitalares

privadas,cabendo a contratação de profissionais,melhora na infra-estrutura e aplicação de

16

métodos administrativos do setor privado. Deverão também prestar contas aos órgãos

fiscalizadores e a Secretária de Saúde do Poder contratante (Estado, Município ou Federação).

Esse modelo veio a ser estudado e aprovado segundo as Reformas na Saúde feita pelos

E.U.A, Inglaterra e Colômbia. No qual Organizações Privadas serviriam como

intermediadoras de serviços de Saúde visando prestar a maior quantidade possível de

atendimentos, assistir a uma maior parte da população e atende-la com qualidade. Nos E.U.A

o sistema de Saúde é quase totalmente privado, cabendo aos cidadãos organizados em grupos

ou não pagarem por esse serviço.Sendo assim nos E.U.A, sindicatos e empresas bancam

grande parte da Assistência Médica. O sistema gratuito é limitado, com isso os americanos

podem ficar desassistidos. Naquele país existem muitas modalidades privadas de seguros de

saúde, que cobrem desde procedimentos básicos aos mais complexos.

Nos últimos anos cresceram muito as demandas por reformas no sistema de assistência

médica. Visando melhorar essa situação as HMO “Health Management Organization” foram

implantadas na tentativa de agenciar grandes grupos de pessoas e diminuir o poder de

barganha das seguradoras. As HMO tem por objetivo estabelecer preços para cada tipo de

procedimento e agir como agente intermediador, contratando grande número de consumidores

(empresas e sindicatos), para comprar pacotes de serviços de saúde. Visando com este

movimento diminuir o poder de barganha das seguradoras. Apesar da introdução desse

modelo os custos assistenciais de Saúde não conseguiram parar de subir, pelo menos se

percebeu uma subida menor nos preços. Descobriu-se que as HMO não conseguiram num

sistema privado criar um ambiente de “competição administrada”, mesmo aumentando o

poder monopssônico, criaram-se muitas modalidades,formas de seguros, uma grande

quantidade de pacotes de serviços, que acabaram fragmentando-os de forma exagerada não

possibilitando desta forma uma redução expressiva de preços. O aumento na escala de

17

consumidores, não foi compensada devido ao aumento na escala dos seguros que para

conseguir praticando seus preços se fragmentaram em pacotes de serviços.

O Sistema Inglês de Saúde é Hibrido. A população pode optar por serviços Públicos

ou Privados. Porém o sistema Público tem a capacidade de atender a população em sua

totalidade. Oitenta e cinco por cento dos Ingleses (85%) utilizam apenas o sistema Público.

Na Inglaterra a NHS, National Health Service, é responsável por regular o Sistema de

Assistência Médica. O Sistema é Público, porém os médicos não são funcionários Públicos,

sendo assim o preço dos serviços eram estipulados pelos conselhos médicos, encarecendo

demais os serviços de Saúde. Desta forma no Governo de Margareth Tacher, adotou uma série

de medidas, para modernizar a Saúde. Criou-se um Sistema de Terceirização dos Hospitais,

para empresas Gestoras e os sistemas foram separados em duas instancias, Hospitais

especializados e Hospitais de Atendimento Básico. Desta forma separando-se procedimentos

de alta,média e baixa complexidade.Com essa especialização de atendimento e um constante

esforço da NHS, foram conseguidas expressivas baixas nos custos Hospitalares além da

diminuição do poder de barganha dos profissionais de Saúde na década de oitenta.Nas

décadas seguintes os custos voltaram a subir acima da inflação,porém de uma maneira mais

controlada do que no modelo Americano.

Tomando-se essas experiências internacionais como exemplo, visando melhorar o

sistema Público de Saúde foi permitido aos Governos Estaduais contratar instituições de

caráter privado com fim Público (Moraes A., 2001). Essas poderiam fazer parcerias com

Governo e através de contratos seriam estipuladas metas de atendimento e o pagamento seria

feito mediante ao número de procedimentos estipulados no Contrato. Poderiam ser feitos

contratos de Gestão ou Parcerias. Criam-se então no Brasil dois tipos de Organizações OSCIP

e O.S. As OSCIPs são limitadas pela lei e podem apenas exercer um papel de parceria não

podendo ser totalmente responsáveis pela Administração de uma Unidade de Saúde, porém

18

podem agir em âmbito Federal. As O.S têm papel mais abrangente, podem Gerenciar

hospitais, participar de programas sociais, projetos de meio-ambiente em parceria com

governo e escolas. As O.S foram criadas para trabalhar com questões que influenciam na

melhora do IDH, mas só podem agir na esfera Estadual. O Governo Estadual indica membros

que o representam, principalmente no papel de agentes fiscalizadores das atividades

contratadas.

Dentro da Saúde o modelo tem por objetivo utilizar a rede Hospitalar dos Estados e

Municípios para ganhar escala de atendimento, reduzir custos intermediando compra de

serviços de saúde.

2.2.2-Funcionamento da Organização Social

Segundo Drucker, F.P (1993) os Hospitais são empresas intensivas tanto em mão-de-

obra, quanto em investimento, ele próprio caracterizou os Hospitais como uma

“monstruosidade econômica”.

Os hospitais Públicos estão inseridos num ambiente complexo, com aumentos de

preços acima da inflação geral, para conseguir se posicionar frente ao mercado e se focar

numa estratégia de custos, precisam usar sua vantagem competitiva (Porter, M.,1986),

gerenciar melhor seus recursos e conseguir atrair os melhores talentos.

A administração direta do Estado não usa a vantagem de possuir uma larga rede de

Hospitais, podendo comprar medicamentos, materiais e contratar serviços médicos num maior

volume, com este movimento conseguiria ter redução de custos. Outro fator importante é criar

estratégias de alinhamento entre as unidades, fazendo com que estas consigam obter ganhos

ainda maiores. Por fim criar indicadores afins medir os resultados da Estratégia Corporativa

adotada (Kaplan, R.S; Norton, D.P, 2006).

19

2.3-QUALIDADE DA ASSISTÊNCIA MÉDICA:

A assistência médica tem por objetivo promover, manter e recuperar a saúde.

Classificar uma assistência adequada depende de muitos fatores não só ligados a qualidade de

atendimento mas também do estado de saúde do paciente.Para cada tipo de enfermidade há

um tipo diferente de tratamento,sendo que este tem como objetivo ser aplicado em

circunstâncias que venham a melhorar a vida das pessoas.

Quando uma vacina é administrada não apenas evita a ocorrência da doença mas

também previne certas incapacidades como é o caso da poliomielite.Já nas doenças

consideradas crônicas o controle e o acompanhamento pode evitar a morte e promover uma

vida sem limitações em determinados casos.

Para a OMS a qualidade dividi-se em três componentes: adequação, eficiência e

qualidade técnico científica. Adequação é definida como relação entre disponibilidade de

serviços e as necessidades da população. Seria a relação entre a quantidade de serviços de

saúde disponíveis e a distribuição espacial dos serviços e dos subgrupos populacionais.

Eficiência reflete o impacto dos serviços e seus custos. Já a qualidade refere-se ao nível de

conhecimento e tecnologia médica disponíveis.

A associação Americana de Saúde Pública buscou qualificar as dimensões que entende

por “boa assistência médica”:

1.acessibilidade

-acessibilidade pessoal

-distribuição espacial adequada dos serviços

-adequação quantitativa

2.qualidade

-competência dos profissionais

-aceitabilidade pessoal

20

-adequação quantitativa

3.Continuidade

-assistência personalizada

-assistência sanitária integrada

-coordenação dos serviços

4.Eficiência

-Financiamento equitativo.

-compensações econômicas adequadas.

-administração eficiente.

De acordo com o Instituto de Medicina os conceitos-chave da definição de “boa

assistência médica” ou qualidade da assistência, reconhece três temas centrais:

1. Uso desnecessário ou inadequado de serviços ou prestação em excesso de serviços

adequados;

2. Subtilização de serviços necessários, eficazes e adequados;

3. Faltas nos aspectos técnicos e interpessoais da assistência.

2.3.1-O enfoque de resultados

O fundamento da análise da qualidade a partir do enfoque de resultados esperados é

claro. O objetivo da assistência de saúde sanitária ou hospitalar consiste em curar, tratar e

parar a progressão de determinada enfermidade, o êxito desses objetivos devem ser medidos.

Se o resultado é favorável não é tão importante que se conheça os meios utilizados para sua

obtenção.

Os resultados utilizados em relação ao controle da qualidade podem se classificar ao

longo de dois eixos: a)se os resultados foram observados uma vez prestada a assistência (a

posteriori) ou se foram explicitados como resultados esperados com anterioridade (a priori) e

21

b) se os resultados são comuns a todas as doenças ou específicos de apenas uma. Os

resultados gerais são aceitáveis quando se quer avaliar a qualidade do sistema sanitário em

seu conjunto ou de uma parte substancial do mesmo, exemplificando ,um programa de

assistência materno-infantil.

A questão dos resultados observados versus resultados esperados relaciona-se com a

intervenção dos profissionais de saúde em estabelecer um determinado tipo de resultado como

padrão. Assim leva-se em consideração a habilidade dos profissionais em manipular a

tecnologia disponível em um momento para alcançar o resultado desejado, evitando o

resultado desfavorável, que em saúde tem a morte ou a complicação do estado de um

paciente.

Na revisão do Escritório de Avaliação Tecnológica do Congresso Norte-Americano

entre oitos tipos de métodos selecionados como ideais para avaliar a qualidade da assistência

médica dois se referem a resultados: o exame das taxas de mortalidade hospitalar e a

incidência de efeitos adversos.

Indicadores de Qualidade de Assistência Avaliados pelo Escritório de Avaliação

Tecnológica,por tipo de Prestador

Médicos

Efeitos adversos.

Ações disciplinares formais.

Sanções por revisão de auditores.

Compensações por má prática.

Avaliação de Desempenho dos Médicos.

Volume de Serviços prestados.

Especialização dos médicos.

Avaliação pelos pacientes.

Indicadores de Qualidade de Assistência Avaliados pelo Escritório de Avaliação

Tecnológica,por tipo de Prestador

Hospitais

Eventos adversos.

Sanções por revisões de auditores.

Volume de Serviços.

22

Abrangência dos serviços do hospital.

Avaliação dos pacientes.

De acordo com Hammermeister ET AL

“parece haver um consenso no que diz respeito a

importância de se analisar outros resultados além da

mortalidade e morbidade.Contudo a escassez de

trabalhos publicados que utilizem situações gerais de

saúde ou comprometimento funcionais como resultados

indicam que tal medida é mais difícil de ser efetuada e

interpretada.Avaliação da situação de saúde baseada

na utilidade tem inúmeros atrativos mais a experiência

com esta técnica é limitada...”

O autor citado acima se sente divido em sua opinião sobre a utilização de indicadores

de resultados. Este reconhece que os resultados são centrais à definição de qualidade de

assistência. Além disto estes indicadores estão menos sujeitos a vícios do que outras medidas

baseadas em consensos dos peritos.Por outro lado, a maior parte dos estudos utiliza apenas a

mortalidade como um único resultado,poucos utilizando morbidade,status funcional,sanitário

ou psicossocial. As dificuldades de se ajustarem resultados à gravidade das doenças, à co-

morbidade e outros fatores de risco relacionados aos pacientes é grande. “É provável que uma

porção significativa da avaliação de resultados de qualquer tratamento para qualquer doença

seja desconhecido”(apud Noronha de,C.José;2001).

2.3.2-Nível de Agregação dos dados

A discussão em torno do nível de agregação dos dados aponta para duas estratégias

para calcular as taxas de mortalidade: 1) o nível de agregação é o hospital- incluindo todas as

internações ocorridas no hospital em um determinado período de tempo, e 2)o nível de

agregação é um diagnóstico ou procedimento específico, incluindo as internações referentes a

23

procedimentos médicos ou categorias específicas de diagnósticos, ocorridas no hospital em

um determinado período de tempo.

As análises que usam o hospital como nível de agregação tem sido capazes de explicar

melhor a variação da mortalidade entre serviços do que as que trabalham com uma

enfermidade específica. Quando os hospitais foram analisados explicaram de 35% a 93% da

variação observada entre serviços. Esse resultado deve-se ao fato de que é observada uma

menor variação aleatória usando dados de um hospital (OTA). Entretanto,em estudos mais

recentes,prevalece a opção pela desagregação dos dados de procedimentos ou diagnósticos

para melhorar a validade do indicador.

Devemos considerar que a morte é um evento relativamente raro (apud Noronha

de,J.Carvalho;2001),desta forma ao analisarmos as taxas de mortalidade o número de

pacientes que morrem durante ou imediatamente após a hospitalização pode ser muito

pequeno.Especialmente em faixas etárias mais jovens.Assim,para reduzir esta limitação,

vários estudos agregam internações de muitos anos para o cálculo de suas taxas de

mortalidade.

2.3.3- Ajuste de risco da taxa de mortalidade

A seleção de variáveis para o ajuste da taxa deve ser baseada inteiramente nas

características dos pacientes, excluindo-se as características institucionais. Também é

essencial ajustar atributos dos pacientes anteriores à assistência, que podem influenciar no

resultado. Para serem feitas comparações entre serviços e prestadores é necessário o ajuste

pelos fatores de risco de morrer dos pacientes.

A idade tem sido utilizada como uma das variáveis de controle da gravidade do

paciente, pois existe uma associação clara entre idade e risco de morte (OTA). A idade pode

ter um efeito independente dos outros atributos,principalmente para paciente acima dos

24

oitenta anos,pois estes diferem fisiologicamente dos outros grupos e por isso são considerados

um grupo especial.Desta forma para o ajuste do risco é necessário que se utilizem faixas

etárias.

O sexo também é freqüentemente utilizado no ajuste das taxas de mortalidade

hospitalar, apesar de ser uma das variáveis com menor influência ao risco de morrer é de fácil

obtenção, além de determinadas doenças afetarem mais um sexo do que outro, como no caso

de cirurgia coronariana ou infarto miocárdio. Por isso o ajuste por sexo é importante.

Na ausência de análises clínicas detalhadas o tipo de admissão pode ser utilizado

como uma Proxy da gravidade das condições clínicas do paciente. Esta variável incorpora

informações, como se a internação foi eletiva ou de emergência, se o paciente veio transferido

de outra instituição. Em geral pacientes que tiveram uma admissão eletiva apresentam

melhores prognósticos do que aqueles que são transferidos ou admitidos por emergência.

Devemos frisar que pacientes transferidos de hospitais crônicos, via de regra, são casos graves

ou terminais e, portanto, têm maior risco de morrer.

2.3.4-Uso das taxas de mortalidade hospitalar como indicador de resultados

As taxas de mortalidade hospitalar expressam o risco dos pacientes morrerem durante

sua hospitalização e podem refletir circunstâncias relacionadas com a qualidade do

atendimento recebido. Este indicador parte do pressuposto de que uma parte das mortes pode

ser evitada devido a condições relacionadas com o cuidado à saúde. Fatores passíveis de

controle como uso inadequado de medicações, falhas resultantes da má gestão ou supervisão,

erros cirúrgicos, altas e transferências precoces e infecção hospitalar, podem contribuir para

elevação deste indicador. A diferença nas taxas de mortalidade pode servir como uma forma

valida de comparação entre bons e maus prestadores de serviços de saúde.

25

Os Estados Unidos são os que mais utilizam taxas como medidas de resultado, a

legislação imposta obriga que todos os Hospitais que prestam assistências aos beneficiários

dos programas de Governo Medcare (programas destinados às pessoas com mais de 65 anos e

doentes renais em fase terminal) e Medicaid (programa de saúde para a população abaixo da

linha de pobreza), (apud Travassos C. et al.,1999; Blumberg,1986; Fotler,1987; Chassin et al.)

as divulguem. A partir de 1986 o Health Care Financing Administration (HCFA), órgão

federal que administra estes sistemas passou a divulgar dados sobre a taxa de mortalidade

hospitalar. Essas taxas foram utilizadas para identificar os hospitais com os possíveis

problemas na qualidade do serviço prestada aos pacientes. Os Estados seguiram orientação

semelhante, exemplo disso foi o monitoramento da mortalidade, implantado pelo Estado de

Nova York (apud Travassos C. et al.,1999; Cleves & Golden, 1996; Localio, 1997; New York

State Departament of Health,1997).

As primeiras divulgações sofreram grandes críticas e ao longo dos anos foram

introduzidas mudanças metodológicas na análise das taxas de óbitos hospitalares como a

desagregação por grupos de diagnóstico. A tendência de avaliar os serviços através da

divulgação desta taxa foi adotado em 1988 na Inglaterra (apud Travassos C. et al., Kind;

Mant,1995). Em 1994 o sistema Nacional de Saúde da Inglaterra (NHS), publicou as taxas de

mortalidade hospitalar na Escócia. A partir de 1997 a NHS passou a divulgar vários

indicadores dos seus Hospitais. Algumas instituições hospitalares na Alemanha produziram

relatórios detalhados sobre óbitos ocorridos naqueles hospitais (Ed.1993).

Nesta avaliação precisamos frisar que a atenção deve estar voltada para as mortes

evitáveis caso alguma das hipóteses levantadas sobre os erros no processo fossem

identificadas. Salientando ainda que todo paciente que dê entrada num sistema hospitalar tem

a probabilidade de vir a falecer. Os problemas na qualidade do processo aumentam o risco de

óbito (Travassos C. apud Rosen, 1987; Dubois & Brook, 1988). Os estudiosos desse assunto

26

discutem várias metodologias para aplicação do conceito. Há questões sobre os tipos de

patologia envolvida para a demonstração da taxa, problemas relacionados tanto com os

denominadores como com os numeradores. Por exemplo, pacientes com doenças tratáveis

(pneumonias), uma taxa baixa pode refletir um bom atendimento, em contraponto existem os

doentes em estado terminal de neoplasias (câncer), neste caso a morte é fator inevitável. Neste

ultimo caso a taxa não indicará a qualidade do atendimento.

2.3.5-Lista de causas de mortes evitáveis

As mortes por causas evitáveis ou reduzíveis são definidas como aquelas preveníveis,

total ou parcialmente, numa determinada época considerando-se a tecnologia disponível e as

ações efetivas de serviços de saúde que estejam acessíveis a população num determinado

momento e local.

Muitos estudos foram publicados a respeito deste conceito, na década de 1960

Mckeown já defendia que o cuidado em saúde explicava apenas em parte a redução da

mortalidade das populações, usou como exemplo o declínio da mortalidade por tuberculose ao

longo do século (1848 a 1954).Esse declínio seria decorrente da melhoria da qualidade de

vida das pessoas ao invés da introdução do acesso a antibióticos e a imunização,já que a

disponibilidade destes últimos ocorreu após a redução observada. Recentemente muitos

autores não deixam de admitir o papel protetor da melhoria das condições sócio econômicas;

porém defendem que há contribuições inegáveis a serem imputadas pela melhoria de acesso a

Saúde.

O conceito de “mortes evitáveis” foi revisto por Malta e Duarte, bem como o seu uso

como ferramenta útil para monitoramento do impacto das ações de saúde sobre o risco de

morte das populações. Suárez-Varela conceituam a morte evitável como “aquelas causas de

27

óbitos cuja ocorrência está intimamente relacionada à intervenção médica”, sugerindo que

um determinado grupo de óbitos não deveria ocorrer devido à possibilidade de prevenção,

tratamento do agravo ou condição que o determina. Rutstein e colaboradores desenvolveram

na década de 1970 uma metodologia para mensuração da qualidade do cuidado médico, pela

qual se contabilizam os óbitos desnecessários ou preveníveis. Assim foram propostas listas de

causas de morte em concordância com referenciais, avanços na intervenção médica e

realidades locais.

Assim, podemos afirmar que a morte evitável pode derivar, em algum grau, como

indicador sensível à qualidade da atenção a saúde prestada pelo sistema de saúde. Além da

pertinência do conceito de “mortes evitáveis” ou evitabilidade, seu uso pelas metodologias de

monitoramento são muito úteis nas análises de suas tendências temporais e comparações de

suas probabilidades estimadas entre municípios. Apesar da extensa produção científica sobre

este tema em nível mundial,no Brasil, essa produção é ainda limitada, carece de

sistematização conceitual e demanda revisão de causas de morte evitáveis, sob o ponto de

vista nacional do S.U.S. Desse ponto de vista foi elaborada uma lista Brasileira de mortes

(total ou parcialmente) preveníveis por ações do setor de Saúde,porém há espaço para o

debate do conceito pela sociedade e suas instituições competentes.

Grupos de idade a serem abordados:

A metodologia adotada para produção da lista objetivou adaptar os estudos anteriores

a realidade brasileira. O ponto comum de partida de pesquisas em saúde consiste em separar

as populações por idade e sexo. Assim a lista proposta abordou dois grupos de idade, abaixo

dos cinco anos e entre 5 a 75 anos. Estudos mais conservadores, principalmente aqueles

28

realizados nas décadas de 1980 e 1990 adotaram o limite superior de idade como 65 anos.

Trabalhos mais recentes adotam 75 anos como limite superior.

Perspectiva da atenção à saúde adotada como referencia para a lista de causas de mortes

evitáveis:

A lista adotada para mortes evitáveis foi realizada pela Secretária de Vigilância em

Saúde do Ministério da Saúde em duas oficinas de trabalho ocorridas em 2004 e 2005. Essas

oficinas ocorreram na 4º e 5º EXPOEPI (Mostra de Experiências bem sucedidas de Prevenção

e Controle de Doenças.

Trabalhou-se na lista por subgrupos de idade. Para o subgrupo em morte de crianças

menores de cinco anos foi adotada a lista de Ortiz; Tobias e Jackson. Para a morte de 5 a 75

anos foi adotada a lista de Tobias e Jackson.

A lista de Ortiz foi escolhida por ter sido elaborada por técnicos da Fundação Sistema

Estadual de Análise de Dados de São Paulo, esta é utilizada por equipes locais de forma

rotineira, além de estar inserida na Programação Pactuada Integrada da Atenção Básica a

Saúde. Já a opção pela lista de Tobias e Jackson deu-se em função da revisão realizada por

Malta e Duarte. Esta ultima trabalha com causas para as quais existem maiores evidências de

evitabilidade reduzindo assim o número de doenças na lista.

Diretrizes Acordadas para elaboração da lista:

1 )Pactuação de uma lista voltada a realidade Brasileira

2 )Inclusão de óbitos evitáveis a luz da tecnologia disponibilizada pelo S.U.S

3)Priorização de causas de óbitos que fossem sensíveis a atenção e ao cuidado à saúde;

29

4)Construção de uma lista que possibilitasse estudos a realidade Brasileira,suas macroregiões,

que evitasse recortes não disponíveis nos sistemas de informações sobre mortalidade,exceto

quando absolutamente indispensáveis;

5)Para o caso de óbito infantil,recomendação da investigação do óbito para melhor definição

de sua evitabilidade;

6)Valorização das causas mais freqüentes (incidentes);

7)Doenças que mesmo com baixa incidência,indicam falhas na assistência(por

exemplo,doenças de notificação compulsória,óbitos por causas maternas);

8)Inclusão como elemento analítico,das causas mal-definidas de óbitos,para(i) aferir a

qualidade das informações sobre mortalidade e de possíveis vieses de informação na análises

de causas evitáveis e (ii)construir um indicador que avaliasse a qualidade da assistência a

partir da discriminação das causas mal-definidas de óbitos com e sem assistência médica na

base de dados.

Os indicadores de evitabilidade são importantes a medida que permitem aos estudiosos

medir a efetividade dos serviços de saúde,pois seu acompanhamento permite levantar

hipóteses sobre a performance desses em determinada área geográfica.A proposta aqui feita

por Malta e Duarte ainda abre espaço para a melhoria e a construção de novas listas futuras

conforme a evolução tecnológica e expansão dos serviços de saúde.

Lista de Causas 1.1 Reduzíveis por ações de imunodepressão

Tuberculose(A15 a A19;B90)

Tétano Obstétrico (A34)

Outros tipos de tétano(A35)

Poliomelite aguda(A80)

Sarampo(B05)

HepatiteB(B16)

Meningite por Haemophilus

30

1.2 Reduzíveis por ações adequadas de promoção a saúde,

prevenção,controle e atenção as doenças de causas infecciosas

Doenças diarréicas(A00 a A09)

HIV aids(B20 a B24)

Hepatites (B15 a B19,exceto B16)

Sífilis,gonorréia e outras doenças sexualmente transmissíveis

(A50 a A59;A63 a A64;N70 A N73.5;N73.8 A N73.9;N75;N76)

Outras infecções (A23 a A26;A28 a A32;A38;A39;A40;A41;A42;A46;A69.2;J020;J030;B50 a B54;G00.1 a G00.9;G01)

Febre reumática Aguda(100 a 109) Infecções respiratórias incluindo pneumonia e Influenza(J00;J01;J02.8;J03.8;J03.9;J04;J05;J06.0;J10 A J22)

Infecções músculo-esqueleticas(L02 a L08)

Outras doenças de notificação compulsória;

peste(A20);tularemia(A21);carbuncúlo(A22);leptospirose(A27);hanseníase(A30);

febre maculosa(A77);raiva(A82);dengue(A90);febre do Nilo(A92.3);

febre amarela(A95);hantavirose(A98.5);varíola(B03);leishmaniose(B55);

chagas aguda(B57.0;B57.1);e esquistossomose(B65)

1.3 Reduzíveis por ações adequadas de promoção a saúde;

prevenção,controle e atenção a doenças não transmissíveis

Doença de Chagas(B57.2)

Doença de Hodkin(C81)

Tireotoxicose,hipotireoidismo e deficiência de iodo(E01 A E05)

Hipotireoidismo congenito,transtornos androgenitais congênitos por deficiência enzimática;

fenicetonúria clássica;galactosemia(E00;E25.0;E70.0;E74.2)

Diabetes(E10 a E14)

Deficiências nutricionais e anemias carenciais(E40 a E46;E50 a E64;D50 a D53)

Desidratação(E86)

Psicose alcoólica e outros transtornos derivados de alcoól(F10;I42.6;K292;K70)

Varizes esofageanas(I85)

Eplepsia(G40;G41)

Doença Hipertensiva(I10 a I13)

Arteriosclerose(I70)

Bronquite Crônica e enfizema(J40 a J43)

Asma(J45 a J46)

Ulcera Gástrica duodenal(k25 a k28)

Apendicite(K35)

Doenças pulmonares devidas a agentes extenos(J60 a J70)

Obstrução Intestinal e hérnia(k40 a k46;k56)

Transtornos da vesícula biliar(K80 a K83)

31

2.3.6- Tempo de Internação

Os autores que desenvolveram estudos neste campo, não têm consenso sobre o

intervalo de entrada e saída do paciente para o cálculo da taxa. Segundo Claudia Travassos

em Mortalidade Hospitalar como Indicador de Qualidade, Jencks e colaboradores (1988),

apontaram cinco princípios para defender o uso do período de internação hospitalar como

medida ideal para ajustar a taxa e medir a qualidade em atendimento; 1) a diferença no tempo

pode refletir parcialmente as diferenças entre as necessidades médicas dos pacientes; 2)

permanências hospitalares mais prolongadas podem refletir problemas quanto ao tratamento

do paciente; 3)Nos casos em que paciente permanecer por tempo muito prolongado(coma),

não contabilizar o evento,pois não refletirá exatamente responsabilidade sobre os cuidados; 4)

Fixar intervalos de tempo para entrada do paciente e saída não é justo, pois os médicos tem

pouco controle sobre seus pacientes após sua saída do hospital; 5) medir taxas de mortalidade

durante o período de internação pode ser mais factível, mais fácil e menos oneroso.

2.3.7 - A gravidade do caso

Diferença entre os casos entre hospitais podem ocorrer devido a: 1)complexidade

tecnológica; 2) hospitais que preferencialmente admitem pacientes menos graves; 3) diferença

nos critérios de hospitalização; 4)características da oferta de serviços.

Pacientes podem ser diagnosticados com a mesma patologia, mas em diferentes

estágios, o mais importante para classificar a gravidade de um paciente, está em estabelecer

32

regras que usem o seu quadro clínico na admissão. Assim poderão ser feitos diagnósticos mais

precisos, sobre a sua condição física e a patologia em que a pessoa se encontra. As patologias

associadas aumentam a gravidade do caso. Segundo Des Harnais et al.(1988) é necessário

avaliar o paciente segundo o diagnóstico principal (patologia em que se encontra no momento),

com os diagnóstico secundário (comorbidades, problemas de diabetes,pressão alta).Além destas

deve haver um terceiro diagnóstico, relacionando-se a iatrogenia (complicações) após a

internação do paciente. Para que não ocorra uma dificuldade de exclusão das diversas causas do

quadro, deve-se fazer o diagnóstico principal na admissão do paciente (Travassos, C. et al.,

1999, apud Grienfield et al.,1988).

2.3.8-Aumento do número de profissionais e evolução da mortalidade por causas

Evitáveis.

Partindo do mesmo princípio abordado anteriormente podemos levantar a hipótese de

que a expansão dos serviços de saúde voltados a população são capazes de reduzir as mortes

evitáveis.

Num estudo realizado em por Schoci J. Maria sobre 11 causas de mortes evitáveis, foi

observado que no conjunto dos óbitos, as causas evitáveis apresentaram tendência mais rápida

de quedas do que outras causas. No período de 1980 a 1993 as causas evitáveis tiveram uma

redução de 39% enquanto as outras causas reduziram 16%.

Essa redução pode ser atribuída ao aumento do número de profissionais de saúde. O

estudo aqui citado demonstrou que quando comparamos o número de profissionais e de

unidades com a evolução dos óbitos por causas evitáveis, óbitos totais e as outras causas

percebe-se que caminham em sentidos opostos: as causas evitáveis declinam mais

acentuadamente com o número de profissionais e de serviços de saúde.

33

Ressaltamos que este argumento só deve ser utilizado quando observamos que as

condições gerais de vida desta população são as mesmas. Sendo assim pode-se inferir que o

declínio da mortalidade por causas não evitáveis reflete a influência do meio ao qual a

população está inserida. Fatores ambientais, econômicos,comportamentais e genéticos

influenciam na queda, a diferença dessas causas e das causas evitáveis é indicativo da

intervenção dos serviços de saúde (apud Gil e Rathwell,1989). Poikolan e Eskola (1986),

realizaram um estudo na Finlândia e observaram que o argumento citado demonstrou que

50% do declínio na mortalidade por causas evitáveis pode ser atribuído diretamente aos

serviços médicos.

2.4- MÉTODOS QUANTITATIVOS:

2.4.1- Anova Two Away

Análise de Variância (ANOVA) de fator único, tem por objetivo analisar a diferença

entre as médias aritméticas dos grupos. O procedimento ANOVA é utilizado em modelos

completamente aleatórios. Apesar de parecer um termo usado erroneamente (pois o objetivo é

analisar diferença ente médias aritméticas), a Análise de Variância acontece quando são

analisadas as variações de dados entre grupos e dentro dos grupos.Desta forma são retiradas

conclusões sobre as possíveis médias aritméticas.A variação dentro do grupo é considerada

como erro experimental, a variação entre os grupos é atribuída a efeitos de tratamento.

(Levine; D.M et al, 2002).

Para a realização de ANOVA, admite-se que as medidas das populações são aleatórias

e independentes, seguem uma distribuição normal e possuem iguais variâncias.

34

A análise de variância para dois critérios de classificação é utilizada para testar

simultaneamente a diferença entre médias. Para a utilização de Anova two-away devemos

considerar duas fontes de variação.(Medeiros ET AL,2008).

Admitem-se dois fatores (variáveis independentes). A variável de estudo (variável

dependente) é observada em cada cela, combinação dos tratamentos do fator 1, e dos blocos

fator 2. Tem-se uma tabela “k” colunas “L” linhas,ou seja, K.L = n observações.(Martins A.

Gilberto;Fonseca S.Jairo,2008).

No caso de ANOVA fator duplo, três testes diferentes são feitos:

1) Testar a hipótese de nenhuma diferença ao fator A contra a hipótese alternativa H0:𝜇1 =

𝜇2 = ⋯ = 𝜇𝑙

H1:nem todas µj são iguais

Usa-se Fcalc = MQA/MQR

Quando Fcalc>Fs(g.l numerador=c-1,g.l denominador=lc(n´-1) e risco inteiro),rejeita-

se hipótese nula.

2) Testar a hipótese de nenhuma diferença ao fator B contra a hipótese alternativa H0:𝜇1 =

𝜇2 = ⋯ = 𝜇𝑐

H1:nem todas µj são iguais

Usa-se Fcalc = MQB/MQR

Quando Fcalc>Fs(g.l numerador=c-1,g.l denominador=lc(n´-1) e risco inteiro),rejeita-

se hipótese nula.

3) Testar a hipótese de nenhuma iteração dos fatores A e B

H0:𝐴 𝑖𝑡𝑒𝑟𝑎çã𝑜 𝑑𝑒 𝐴 𝑒 𝐵 é 𝑖𝑔𝑢𝑎𝑙 𝑎 0

H1:A iteração de A e B não é igual a 0

35

Usa-se Fcalc = MQAB/MQR

Quando Fcalc>Fs(g.l numerador=c-1,g.l denominador=lc(n´-1) e risco inteiro),rejeita-

se hipótese nula.

A medida que aumentam os níveis de cada fator e o número de réplicas em cada

célula mais complexos ficam os cálculos. Por isso é muito comum a utilização de

softwares de estatística para a execução dos cálculos aqui demonstrados. (Medeiros

ET AL ,2008).

2.4.2-Teste de Sheffé

Neste estudo utilizamos a Anova two-away, onde o fator A são as taxas de

mortalidade e o fator B é o tempo.

O método de análise de variância indica aceitação ou rejeição da hipótese de

igualdade das médias.Se H0 for rejeitada, pelo menos uma das médias é diferente das

demais.Surge,contudo, a questão: Quais as médias devem ser consideradas? (Martins,

A. Gilberto de;Fonseca,J. Simões; 2008).

Quando queremos ter a resposta para questão levantada, podemos utilizar

alguns testes, vamos utilizar o teste de Sheffé. Segundo esse procedimento, devem ser

consideradas distintas entre si, as médias µa e µb, ao nível de significância adotada.

2.4.3- Regressão Múltipla Linear:

O modelo de Regressão Linear Múltipla, é uma função em que a variável dependente

Y é uma função linear de n variáveis (X1,X2.....Xn) não relacionadas entre si.

36

Este admite a hipótese de haver uma relação linear entre o valor médio da variável

dependente Y e as variáveis independentes X. (Medeiros ET AL,2008). Este também pode ser

descrito como uma extensão do modelo de Regressão Linear, porém existem diversas

variáveis explanatórias (X1,...Xn), então é assumido uma relação linear entre cada variável

explanatória e a variável dependente.O modelo de regressão Múltipla pode ser representado

da seguinte maneira:

Modelo de Regressão Múltipla com k variáveis independentes:

Yi=β0 + β1xi + β2x2i + β3x3i+……+ βkxki + εi

Onde:

β0= Interseção de Y

β1= inclinação em relação a variável xi, mantendo constantes as variáveis x2,x3,.....,xk

β2= inclinação em relação a variável x2, mantendo constantes as variáveis x1,x3,.....,xk

βk= inclinação em relação a variável Xk, mantendo constantes as variáveis x1,x2,x3.....,xk-1

εi = erro aleatório em Y, para a observação i

A Regressão Linear Múltipla tem de obedecer às premissas dos modelos lineares. As

três premissas da regressão são a Normalidade dos Erros, Homocedasticidade e a

Independência dos erros.

Normalidade

A premissa normalidade requer que o erro em torno da linha de regressão seja

distribuído de forma normal para cada valor correspondente a X. Enquanto a distribuição

dos erros em torno da linha de regressão não for extremamente diferente de uma

37

distribuição normal, inferências sobre a linha de regressão e sobre os coeficientes de

regressão não serão seriamente afetadas. (Levine; D.M et al., 2002).

Homocedasticidade

Esta premissa requer que a variação em torno da linha seja constante para todos os

valores de X. Isto significa que os erros variam na mesma proporção. Está premissa é

importante na utilização do método dos mínimos quadrados para determinar os coeficientes

de regressão. Quando os pontos se afastam demasiadamente, métodos de transformação de

dados podem ser aplicados.

Numa análise gráfica para avaliação do modelo, deve-se perceber que se há algum

efeito de dispersão, exemplificando se num eixo XY a variabilidade dos resíduos cresce à

medida que X se torna maior, então a premissa da Homocedasticidade foi violada, indicando

que há falta de homogeneidade nas variâncias Y, em cada nível de X. (Levine; D.M. et al.,

2002).

Independência dos Erros

A independência dos Erros requer que os erros em torno da linha de regressão sejam

independentes para cada valor X. Quando os dados são coletados ao longo de um período de

tempo esta premissa se faz muito importante. Nestas situações, os erros para um determinado

período de tempo são freqüentemente correlacionados com aqueles relativos ao período

anterior.

Essa premissa é geralmente violada quando os dados são coletados ao longo de um

período seqüencial de tempo, uma vez que um resíduo, em qualquer ponto individual no

tempo, pode ter a tendência de similaridade em pontos adjacentes no eixo tempo. Esse padrão

38

é conhecido como autocorrelação. Quando um volume substancial de autocorrelação se

encontra presente em um conjunto de dados, a validade do modelo pode ficar comprometida.

(Levine; D.M. et al, 2002).

Análise dos Resíduos

O método gráfico conhecido como análise dos resíduos, é desenvolvido para avaliar se

o modelo de regressão ajustado aos dados é um modelo apropriado.

A análise dos resíduos permite uma avaliação gráfica visual. Se o modelo for

apropriado não existirá uma relação entre os valores correspondentes de Xi e os resíduos.

Quando há a presença de um padrão não linear nesta observação, o modelo linear não

representa o modelo ideal, desta forma deve-se fazer a transformação nos dados a fim de se

ter o ajuste adequado para análise final pretendida. (Levine; D.M. et al., 2002).

Multicolinearidade

A Multicolinearidade é o problema ocasionado quando num modelo de Regressão

linear múltipla, as variáveis explanatórias independentes são fortemente correlacionadas

entre si.

Quando as variáveis estão fortemente correlacionadas, elas prejudicam o modelo, pois

não acrescentam novas informações e fazem com que os coeficientes de regressão das

variáveis correlacionadas flutuem drasticamente. Para evitar problemas de parcimônia e

redundâncias, devemos medir a colinearidade utilizando o “variation inflaction factors”

(VIF), para cada variável independente.

O VIF é definido por:

VIF = 1/1- Rj²

Onde Rj² representa o coeficiente de determinação múltipla para a variável explanatória Xj

com todas as outras variáveis X.

39

VIF deve ser menor que 10, quando ele ultrapassar este valor significa que existe demasiada

correlação entre as variáveis Xj e as outras variáveis explanatórias. (Levine; D.M et al., 2002).

Autocorrelação

Detectar a autocorrelação em um conjunto de dados corresponde a colocar os resíduos

em um gráfico, na ordem seqüencial de tempo. Caso o efeito autocorrelação se faça presente,

um padrão aparente será prontamente identificado.

Podemos identificar o efeito de autocorrelação através da Estatística de Durbin-

Watson.

Essa estatística mede a correlação entre cada resíduo e o resíduo correspondente ao

período de tempo imediatamente antecedente aquele de interesse. A estatística de Durbin-

Watson D, encontra-se definida na equação:

A principal questão ao se utilizar a Estatística de Durbin-Watson, diz respeito a

determinar quando a correlação é grande o suficiente para a Estatística D se posicione

suficiente abaixo de 2 e, dessa forma, concluir que existe uma significativa autocorrelação

positiva. O fato de D ser significativo depende do número de variáveis independentes k e o

número de observações analisadas n. (Levine; D.M ET AL ,2002).

Transformações de variáveis

Transformamos as variáveis, pois em nossa investigação os dados podem não estar

compatíveis com as exigências da análise pretendida. Neste caso estamos levando em

consideração as premissas vistas anteriormente.

40

Uma variável pode não ser normalmente distribuída, uma exigência distribucional

para diferentes análises.

O espalhamento das observações em cada um dos vários grupos pode ser diferente

(variância constante é uma suposição sobre um parâmetro na comparação de médias usando-

se o teste t e a análise de variância).

Duas variáveis podem não ser linearmente relacionadas (linearidade é uma suposição

em muitas análises de regressão).

É sempre útil transformar nossos dados para satisfazer às suposições subjacentes as

técnicas estatísticas propostas. (Petrie,A.; Sabin, C.;2007).

Eliminação Backward

Método de seleção de variáveis para inclusão no modelo de regressão que começa

incluindo todas as variáveis independentes no modelo e então elimina as que não oferecem

uma contribuição significativa para a previsão. (Hair; J.R ET AL, 2005)

Estimação Stepwise

Método de seleção de variáveis para inclusão no modelo de regressão que começa

selecionando o melhor preditor da variável dependente.Variáveis independentes adicionais

são selecionadas em termos de poder explicativo incremental que podem acrescentar ao

modelo de regressão.Variáveis independentes são acrescentadas à medida que seus

coeficientes de correlação parcial são estatisticamente significantes. Variáveis independentes

também podem ser eliminadas se seu poder preditivo cair para um nível não significante

quando uma outra variável independente for acrescentada ao modelo. (Hair; J.R ET AL,

2005)

41

2.4.4- Análise de Séries Temporais

Série temporal, também denominada série histórica, é uma seqüência de dados obtidos

num intervalo regular de tempo durante um período específico. Na análise de um série

temporal, primeiramente deve-se modelar o fenômeno a ser estudado, a partir daí, descrever o

comportamento da série, fazer estimativas e por ultimo avaliar quais fatores que influenciaram

o comportamento da série, buscando definir relações de causa e efeito entre duas ou mais

séries (Latorre, M.R.D.O.; Cardoso, M.R.A ,2001).

As séries temporais após a formulação do modelo matemático, obtido pela seleção de

classe de modelos identificadas como apropriadas para essa representação e subseqüente

estimação de seus parâmetros, é possível utilizá-lo para testar alguma hipótese ou teoria a

respeito do mecanismo gerador do processo estocástico e realizar a previsão de valores

futuros da série temporal. (Mueller,A.,1996; apud Granger, 1977; Nelson,1973).

2.4.5-Construção do modelo com SPSS versão 18.

O SPSS é um software que utiliza modelos automáticos estatísticos sofisticados que

ajustam os dados das séries históricas ao melhor modelo de previsão. Este também tem a

opção de utilizar a Regressão Múltipla Linear, assim ele é capaz de ajustar as séries, fazendo

as devidas transformações nas variáveis dependentes. O software também é capaz de avaliar

as relações entre a variável dependente e as demais variáveis independentes utilizando vários

procedimentos como “Forward”, “Backward”, “Stepwise”. O método “Stepwise” soma e

subtrai as variáveis de maneira automática, somando variáveis significativas e eliminando as

redundantes, aquelas que estão fortemente correlacionadas e prejudicam o modelo. Desta

42

forma eliminando a probabilidade de existência de multicolinearidade quando a escolhemos

Etapas para a construção do modelo em SPSS 18

1-Importar os dados das séries históricas para o SPSS;

2-Entrar no modulo de Análise;

3-Escolher a regressão linear;

4-Escolher “model fit”, que ajusta o modelo as premissas do modelo de Regressão Multipla

Linear, ajustando-o para que nenhuma premissa do modelo seja violada;

4-Selecionar a variável depende e as variáveis independentes;

5-Selecionar o método de regressão a ser utilizado (Stepwise,Backward,Forward);

6-Selecionar a disposição dos resultados, sumario da regressão, Anova, coeficientes da

regressão e testes de Durbin Watson

7-Selecionar opções de plotagem de gráficos que comprovem as premissas da regressão

múltipla linear e estimar intervalo de confiança;

8- Rodar a previsão e analisar os dados;

43

3 MODELOS E HIPOTESES

3.1- MODELOS EXPLICATIVOS DA TAXA DE MORTALIDADE:

As variáveis mais freqüentemente utilizadas para ajustar o perfil de casos tratados são:

idade, raça, sexo, fonte de financiamento, tipo de seguro saúde, realização de procedimento

cirúrgico e tipo de admissão (Blumberg,1987; Greenfield Et al;1988).

Segundo Fink (1989),há 4 linhas de pesquisa para avaliar quais são as variáveis

determinantes para se utilizar a taxa de mortalidade como medida de eficiência hospitalar.

1)tamanho e volume de serviços produzidos afetam a qualidade da assistência;

2)características dos médicos e dos hospitais explicam variações nas taxas de

mortalidade;

3)características dos pacientes;

4)estudos comparativos entre hospitais universitários e hospitais que não envolvem

atividades de pesquisa e ensino.

Os estudiosos afirmam que apesar de resultados contraditórios, foi demonstrado que o

volume de procedimentos é negativamente associado com a mortalidade, ou seja, ela cai

conforme o número de procedimentos aumenta. O grau de organização e comunicação do

corpo clínico, a experiência e o grau de especialização também estão associados a melhorias

(Travassos et al.,1999; apud Lee Et al;1957;Khun Et al;1994). Os Hospitais sem fins

lucrativos (Travassos et al.,1999; apud Burns ET AL, 1993; Shapiro Et al;1993). Os hospitais

com maior estabilidade financeira (Travassos et al.,1999; apud OTA, 1988).

44

3.2- VARIÁVEIS

3.2.1- A variável dependente

Como demonstrado pelos estudos, à taxa de mortalidade é utilizada tanto por

estudiosos de saúde pública (estudos ecológicos, epidemiológicos), como em estudos

hospitalares. Para avaliar políticas públicas de saúde e desempenho dos hospitais está é a

variável mais utilizada, apesar dos estudos contraditórios, utilizando os cuidados com a

metodologia, devemos utilizar esta por ser a mais difundida e utilizada.

3.2.2 Tempo Médio de Internação

O tempo médio das internações pode nos dar uma visão do andamento da qualidade de

atendimento hospitalar. Apesar de alguns pesquisadores observarem que nem sempre um

maior tempo de internação seja indicativo de má qualidade no atendimento, existe

probabilidade de que os pacientes permaneçam mais tempo internados por falta de serviços

disponíveis e tempo de espera para transferência. O tempo de internação é uma variável que

indica se o curto tempo de permanência foi responsável por altas ou transferências precoces.

Contudo sempre há o risco de infecção hospitalar, por isto devemos nos ater a hipótese de que

um menor tempo de permanência no hospital reduz o risco de morte.

Desta forma faz-se necessário incluir está variável no modelo a ser estudado, pois

precisamos saber se o tempo médio de permanência dos pacientes internados por doenças

evitáveis tiveram alguma correlação com a taxa de mortalidade, assim atestando a qualidade

de prestação de serviços no hospital. Se houver correlação positiva entre as variáveis, será o

45

comportamento mais coerente desta, pois quanto maior o tempo maior o risco de morte,

portanto o aumento desta variável se fará presente.

3.2.3- Proporção de Profissionais de Saúde por procedimentos aos pacientes/mês.

Os estudos indicaram que a falta de profissionais dificulta a possibilidade de

atendimento dos doentes. Desta forma precisamos avaliar como a variável quantidade de

profissionais contratados se correlaciona com a redução da taxa de óbitos. Esta variável será

incluída no modelo de regressão, pois uma das questões principais dos contratos entre a

Organização Social pesquisada era a de aumentar o efetivo de pessoal, usando estratégias

capazes de atrair profissionais para os hospitais da rede pública sobre sua responsabilidade.

Desta forma serão incluídos dados sobre a quantidade de médicos e outros profissionais de

saúde. A proporção de profissional/paciente adotada nos hospitais administrados é de 1.000

procedimentos mês, incluindo médicos. Sabemos que cada paciente pode gerar uma série de

procedimentos, desde uma simples consulta até o caso de internação ou cirurgias. Sendo

assim podemos medir se o número de profissionais esta atendendo a demanda dos cuidados

aos quais os pacientes necessitam.

3.2.4- Custo Médio da diária de Internação

Apesar do aumento proporcional de Repasses a Saúde, estes não são suficientes para

conter a tendência de aumento dos preços do setor. A população Brasileira tem passado por

um momento de transição, a população está envelhecendo, o número de nascimentos está

decrescendo e a renda da população aumentando. Estes fatores demográficos criam as

condições para o fenômeno já descrito como “inflação médica”.Além disso,todos os

46

estudiosos foram unânimes em afirmar que são aqueles que tem menos condição de pagar por

serviços médicos e medicamentos,são os que mais utilizam os serviços públicos. O Brasil tem

os três fatores que prejudicam o acesso aos serviços de saúde. Temos a condição para um

aumento da componente saúde acima da inflação, problemas de saneamento, educação e

renda, aumentando a demanda por estes serviços (por conseqüência os preços). O Repasse

Público à Saúde ainda não é suficiente, em comparação com outros países. A parcela do PIB

Brasileiro gasta em saúde é insuficiente. Com uma população necessitada, tendência de

aumento de preços, a alocação dos recursos públicos faz-se necessária. Pois são os recursos

que mantêm o funcionamento dos Hospitais responsáveis pela saúde da maioria da população

Brasileira.

A bibliografia clássica de contabilidade e administração financeira vem

acompanhando a ciência de atribuir valores monetários, ou seja, o fenômeno chamado custo

de maneira a aferir os resultados econômicos das organizações. Numa organização social o

resultado econômico traz informações importantes, apesar do lucro não ser o objetivo, a

instituição precisa se utilizar destes conceitos caso queira manter um nível ótimo de serviço.

Sabemos que a tomada de decisão de um médico, segue um plano de atendimento ao

paciente, porém esta pode seguir uma série de caminhos alternativos, sendo que a

interdisciplinaridade entre serviços e equipes se transforma em algo natural e de difícil

mensuração, existe uma dinâmica organizacional muito intensa dentro dos hospitais. As

transferências entre serviços e materiais dentro dos hospitais, são a maneira natural e não a

exceção de agir. Assim para alocar recursos de maneira mais satisfatória a visualização de

resultados, a abordagem adotada por Ribeiro Filho (2005) é mais adequada dentro do contexto

estudado. Os Centros de Resultado são Unidades Funcionais, onde Recursos Financeiros,

Equipamentos e Pessoas, são partes integrantes. Cada unidade Funcional possui uma missão,

deve no final ter seu resultado analisado.

47

O modelo proposto foi adotado nesta pesquisa, sendo que cada Unidade Funcional terá

seus dados inseridos no modelo, cada centro de resultado é uma componente geradora de

custos e que vende seus serviços internamente. Estas são contabilizadas unitariamente e

formam o preço final do serviço ao paciente. As receitas serão os Repasses feitos pelo Estado

e União, sendo assim a alocação de recursos públicos em cada uma dessas unidades

funcionais deve estar relacionada negativamente com a mortalidade hospitalar, ou seja, quanto

melhor o uso dos recursos em cada uma delas menor a probabilidade de um paciente vir a

falecer. Por ser uma entidade sem fins lucrativos, a formula genérica de Receitas – Gasto

Total=Lucro, não é a mais adequada. Neste caso Receita-Despesa=0, então, Receita=Despesa.

Adaptando o modelo de Ribeiro Filho a contabilidade Gerencial da Organização

estudada, podemos alocar os recursos da seguinte forma observando a custo médio por

“paciente dia”. O Sistema Único de Saúde utiliza nomenclatura de “hospital dia” ou AIH

(Autorização de Internação). Cada procedimento médico (tipos de tratamentos) realizado dá

entrada no Sistema Hospitalar, sendo que todos os requisitos, desde a forma de admissão,

idade, sexo, valor, são registradas no sistema. Desta forma observamos que quanto maior o

valor das AIH´s, para determinado tipo de diagnóstico, maiores as chances de terem sido

realizados procedimentos mais sofisticados ou um maior volume de serviços com objetivo de

salvar a vida de pacientes.Ressaltando ainda que dentro do valor do procedimento estão

inclusos os custos relativos a internação, o valor dos serviços prestados por todos os

profissionais envolvidos,como também os custos dos exames complementares e da hotelaria

hospitalar(custos de alimentação,roupas e demais custos envolvidos). O valor médio da diária

da internação pode ser obtido através do custo total gerado pela internação dos pacientes

durante o mês, dividindo-se este valor pelo número total de pacientes internados. Por fim o

valor médio da internação reflete uma quantidade bastante grande de informações sobre o

paciente. Como já citado, o valor dos procedimentos realizados pelo S.U.S, não

48

acompanharam o aumento dos insumos necessários para a realização do bom atendimento aos

pacientes, por isso, quando analisarmos a série histórica da evolução dos preços realizados ao

longo do tempo, este deve refletir a melhora no atendimento aos pacientes, portanto espera-se

que está variável tenha uma correlação negativa com a taxa de mortalidade.

3.2.5- Modelo de Estudo

De acordo com a bibliografia estudada e adaptando-a a realidade vivida nos Hospitais

pesquisados, propomos o para previsão da taxa de mortalidade, conforme tabela abaixo:

Y=Taxa de Mortalidade.

X1=Tempo médio de Internação.

X2=Proporção médico/1.000 procedimentos mês.

X3=Proporção outros profissionais de Saúde (Enfermeiras, fisioterapeutas, técnicos de

enfermagem e radiologia)/1.000 procedimentos mês.

X4=Custo médio diário paciente.

49

4 METODOLOGIA

4.1- A PESQUISA

A pesquisa foi empírica exploratória. Foram consultados dados primários como Leis,

dados em mídia eletrônica e arquivos dos hospitais estudados. Médicos foram consultados

para um entendimento maior da tomada de decisão para atendimento aos pacientes, desta

forma facilitando a compreensão do fluxo de pacientes e do funcionamento de cada unidade.

Os dados secundários foram retirados da bibliografia, livros e artigos publicados nos

sites da Organização Mundial de Saúde, IBGE, Ministério da Saúde, Programa das Nações

Unidas.

4.2-COLETA DE DADOS

Foram pesquisados dados em 5 unidades hospitalares Estaduais da cidade de São Luís-

Ma. Os dados de Janeiro de 2001 a Maio de 2005 foram coletados diretamente nas unidades,

ou através de solicitação junto aos Órgãos do Governo do Estado, como a Secretaria de Saúde

ou Fazenda do Estado do Maranhão. Junto aos Órgãos do Município de São Luís, quando

solicitado a classificação das microrregiões em relação aos dados de saneamento e densidade

demográfica da localização dos Hospitais pesquisados. Os dados do IBGE e do IPEA nos dão

dados em relação à média dos Municípios, porém para informações mais detalhadas, foi

necessário coletar parte nos Hospitais (informações sobre óbitos), o restante das informações

sobre os pacientes,foram retirados de dados em mídia disponibilizados pela Secretaria de

50

Saúde de Estado, estes por sua vez foram consolidados em uma base de dados, que permitiu

filtrar as informações desejadas para a realização da pesquisa.

Importante frisar que os dados repassados pela Secretária são os mesmos repassados

ao Sistema Único e Saúde. Estes foram retirados do banco de dados da Organização

responsável pela Administração destes Hospitais.

4.2.1- Dados dos Óbitos

Os pesquisadores utilizam o número de óbitos do sistema SIM (Sistema de

informações de mortalidade), porém estes dados não são atualizados mensalmente. Os dados

sobre óbitos foram retirados do sistema de arquivos médicos hospitalares de cada unidade

estudada. Os dados de 2008 ainda serão lançados no sistema de informações do Governo.

4.2.2- Dados da Quantidade de Profissionais de Saúde

Os dados sobre a quantidade de profissionais foram retirados da folha de pagamento

dos profissionais de saúde do Estado, alocados nas unidades. Somando-se a estes o número de

profissionais contratados pela O.S. Como não havia nenhum controle rígido sobre a presença

destes profissionais de trabalho no período de janeiro de 2001 a maio de 2005. Estes dados

foram gerados aleatoriamente através de estimativas entre o número mínimo e o número

máximo de profissionais que poderiam ter faltado ao trabalho. Esses dados foram gerados no

Excel através da fórmula descrita abaixo:

INT (A+B*aleatório())

O comando INT, nos dá resultados de números inteiros, A representa o número

mínimo de funcionários e B o número máximo. A função de aleatoriedade obedece ao

51

comando RNA (Random Number Generation). Segundo Maurício Santos Pereira, em

introdução a simulação discreta Departamento de Matemática do Instituto de Matemática e

Estatística Aplicada do Rio de Janeiro. O gerador encontrado a partir do Excel 2003 é a

combinação de três geradores aleatórios, inúmeros trabalhos técnicos demonstraram que este

é um gerador de boa qualidade.

A partir de Maio de 2005 os dados foram retirados do banco de horas da Organização

que Administra as unidades.

4.2.3- Dados sobre Pacientes e Valores Médios das Internações

Os dados sobre os pagamentos AIH´s foram extraídos do DATASUS no período de

2001 a maio de 2005.

A partir de Maio de 2005, os recursos dos Hospitais são repassados diretamente a O.S,

que é responsável pela Administração dos mesmos, assim a partir deste período as

informações sobre pagamento foram retiradas do Sistema de Informações da Organização.

O formulário abaixo nos da uma visão das informações necessárias para que possamos

agregar os dados das variáveis, relativas aos pacientes e aos valores pagos de todos os

procedimentos.

DADOS DE IDENTIFCAÇÃO DO HOSPITAL

C.G.C DO HOSPITAL

C.P.F DO DIRETOR CLÍNICO

DADOS DE IDENTIFICAÇÃO DO PACIENTE

LOGRADOURO,NÚMERO, COMPLEMENTO, CEP, MUNICÍPIO e UF

DADOS DO RESPONSÁVEL PELO PACIENTE

NOME

PIS/PASEP/NÚMERO DO CONTRIBUINTE INDIVIDUAL

CARACTERIZAÇÃO DA INTERNAÇÃO

CPF DO MÉDICO SOLICITANTE

NÚMERO DA AIH

IDENTIFICAÇÃO DA ENFERMARIA E NÚMERO DO LEITO

IDENTIFICAÇÃO DO PRONTUÁRIO E DA ESPECIALIDADE (CIRURGIA GERAL,

OBSTETRÍCIA, CLÍNICA MÉDICA, CRÔNICO OU FORA DE POSSIBILIDADE

52

TERAPÊUTICA, PSIQUIATRIA, TISIOLOGIA, PEDIATRIA, REABILITAÇÃO,

PSIQUIATRIA(HOSPITAL-DIA), CÓDIGO DE IDENTIFICAÇÃO DO ÓRGÃO

EMISSOR, COMPOSTO DE DÍGITOS INDICATIVOS DA UNIDADE DA FEDERAÇÃO,

DA ÁREA DA ATIVIDADE, MUNICÍPIO OU ESPÉCIE DE UNIDADE,

INDIVIDUALIZAÇÃO DA ÁREA EMISSORA.

DATA DA EMISSÃO DA AIH, DA INTERNAÇÃO E DA SAÍDA.

MOTIVO DA COBRANÇA QUE PODE SER IDENTIFICADA COMO ALTA

PERMANÊNCIA SUPERIOR A 30 DIAS, TRANSFERÊNCIA, ÓBITO COM NECRÓPSIA

OU ÓBITO SEM NECRÓPSIA (TODOS COM SUBGRUPOS).

CARÁTER DA INTERNAÇÃO, SE ELETIVA OU DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA.

PROCEDIMENTO SOLICITADO OU PROCEDIMENTO REALIZADO.

DIAGNÓSTICO PRINCIPAL OU DIAGNÓSTICO SECUNDÁRIO( QUANDO HOUVER

MAIS DE UM DIAGNÓSTICO DE SAÍDA) DE A CORDO COM A CLASSIFICAÇÃO

INTERNACIONAL DE DOENÇAS- CID QUE MOTIVOU A INTERNAÇÃO

.

ACIDENTE- IDENTIFICAÇÃO DO TIPO DE ACIDENTE

EM CASO DE PARTO É REGISTRADO O NÚMERO DE NASCIDOS MORTOS, QUE

SÃO CODIFICADOS QUANTO AO TIPO DE SAÍDA: ALTA, TRANSFERÊNCIA OU

ÓBITO(S) NEO- NATO(S).

CAMPO DE PROCEDIMENTOS ESPECIAIS

NÚMERO DE DIAS DE UTI

DIÁRIA DE ACOMPANHANTE

PROCEDIMENTOS(PODEM SER LANÇADOS ATÉ CINCO PROCEDIMENTOS).

CAMPO DE SERVIÇOS PROFISSIONAIS

TIPOS DE SERVIÇOS PROFISSIONAIS- ONDE SE REGISTRAM O TIPO DE

SERVIÇOS PROFISSIONAIS REALIZADOS, DE ACORDO COM A TABELA

SEGUINTE:

TIPO 1-COBRANÇA DE OPM- ÓRTESE, PRÓTESE E MATERIAL ESPECIAL,

TIPO 2-COBRANÇA DE HEMOTERAPIA,

TIPO 3-SADT(SUPORTE DE ATENDIMENTO DIAGNÓSTICO

TERAPÊUTICO)PRÓPRIO DO HOSPITAL

TIPO 4-PROFISSIONAL EMPREGADO DO HOSPITAL OU QUE RECEBE ATRAVÉS

DO HOSPITAL,

TIPO 7-PROFISSIONAL AUTÔNOMO

TIPO 8-SADT SEM VÍNCULO JURÍDICO COM HOSPITAL.

NÃO É PERMITIDO A COBRANÇA DOS TIPOS 7 E 8 PARA HOSPITAIS PÚBLICOS E

UNIVERSITÁRIOS.

CGC/CPF DO PROFISSIONAL

ATO PROFISSIONAL- REGISTRA O CÓDIGO DA TABELA DE HONORÁRIOS

MÉDICOS DOPS ATOS EXECUTADOS NO TRATAMENTO DO PACIENTE

INTERNADO.

TIPO DE ATO- REPRESENTA O CÓDIGO DO TIPO DE ATO PROFISSIONAL,

QUANTIDADE DE ATOS REFERENTES AO NÚMERO DE VEZES QUE O ATO FOI

REALIZADO.

53

Os dados das AIH´s após processamento estão disponíveis em diferentes arquivos com

estruturas diversas.Desta forma, sempre que for necessário utilizá-los conjuntamente,

procedimentos específicos de integração de dados serão requeridos.

4.3- CARACTERÍSTICAS DA POPULAÇÃO:

Sabemos que a população mais pobre é a que mais utiliza os Hospitais Públicos, desta

forma podemos afirmar que a probabilidade de pessoas com recursos financeiros procurarem

serviços de atendimento básico, deve ser muito pequena, ainda mais nas áreas de localização

dos Hospitais Estudados, que se localizam longe das áreas nobres da cidade de São Luís.

Abaixo temos alguns dados demográficos de São Luís e do Estado do Maranhão, assim

poderemos tirar alguns conclusões sobre a amostra da população estudada.

Tabela 4: Profissionais por habitante

Fonte:IBGE 2005

Os dados da tabela acima demonstram que a proporção de profissionais de saúde fica

muito abaixo da média nacional, se compararmos com os Estados mais populosos e com

maior nível de renda, observamos uma concentração muito grande desses. A falta destes já

Regiões MÉDICO DENTISTA ENFERMEIRA TECNICA AUXILIAR

ENFERMAGEM ENFERMAGEM

Região Norte 0,82 0,48 0,48 1,71 2,19

Região Nordeste 0,99 0,53 0,53 0,68 1,20

Maranhão 0,56 0,29 0,31 1,25 1,56

Região Sudeste 2,28 1,59 0,72 1,31 2,03

Rio de Janeiro 3,35 1,61 0,97 2,99 3,96

São Paulo 2,23 1,71 0,76 0,73 1,49

Brasil 1,68 1,13 0,64 1,32 1,96

54

nos indica que a população do Estado do Maranhão é mais prejudicada em termos de

atendimento.

Tabela 5: Procedimentos por habitantes em São Luís-MA:

Fonte:IBGE 2005

O volume de procedimentos na Capital é maior do que os do Estado. Porém se

observarmos a quantidade de cobertura da população da capital por planos de saúde privado é

muito baixa, apenas 16,78% dos habitantes tem acesso privado aos serviços de saúde.

Estudos anteriores demonstram que o tipo de cobertura reduz a mortalidade hospitalar,

isso prova que mesmo com um maior número de consultas médicas na capital, ainda há uma

grande parte da população sem acesso aos melhores serviços de saúde.

Tabela 6: Saneamento Básico:

Fonte: IBGE 2005

Regiões N ºConsultas Nºdiagnostico Nº diagnostico Nº de internações Cobertura

médicas laboratorial p/imagem hospitalares planos saúde

privados

MA-São Luís 3,83 0,96 0,16 6,64 16,78

RJ-Rio de Janeiro 2,13 1,21 0,17 3,44 52,12

SP-São Paulo 2,96 0,91 0,19 4,88 59,80

DF-Brasília 2,69 1,33 0,17 6,26 26,01

Regiões Abastecimento Cobertura Cobertura

de Água esgotamento de Coleta de

sanitário Lixo

urbano Urbano

Região Nordeste 90,21 59,76 92,28

Maranhão 81,4 66,02 82,47

Sudeste 96,47 90,94 98,79

Rio de Janeiro 88,19 88,73 98,27

Brasil 98,91 94,55 99,82

55

Os dados demográficos, acima mostram que a população possui serviços básicos

como abastecimento de água aproximadamente 10% abaixo das do nível nacional.

Comparando com a Região sudeste, a situação ainda é pior, apenas dois terços da população

possui cobertura de esgotamento sanitário. A coleta de lixo em áreas urbanas é a pior do

Nordeste. Exatamente esses serviços que mais contribuem para o aumento de doenças infecto-

parasitárias.

Desta forma há alta probabilidade de que a população atendida nos hospitais

públicos de que São Luís esteja entre as pessoas com maior probabilidade de virem a falecer

por doenças evitáveis. Neste estudo estamos nos referindo ao atendimento das pessoas pobres

de uma região com índices de desenvolvimento menores do que os da média nacional e muito

abaixo dos grandes centros.

4.4- FUNCIONAMENTO DOS HOSPITAIS:

Núcleos de Clínica Médica e Clínica Cirúrgica.

No caso dos Hospitais de referência existem duas possibilidades. Se o paciente entra

na unidade com trauma (com ferimentos, acidentado), é encaminhado ao Núcleo de Urgência

e Emergência. Se o paciente chega à unidade com sintomas, dores, é encaminhado ao Núcleo

de Clínicas Médicas, aonde será examinado por um Clínico Geral, que irá fazer seu

diagnóstico. (Ver Fluxogramas).

56

Fonte:O autor

Fonte:O autor

57

4.5- CARACTERÍSTICAS DOS HOSPITAIS:

Hospitais Estaduais de Referência, não possuem atividades de pesquisa e ensino.

Serviços de Urgência e Emergência (Atendimento de imediato).

Clínica Médica-Atendimento de Pacientes doentes (atendimento eletivo,marcação de

consultas).

Todos possuem raios-X, eletrocardiograma e laboratório.

Possuem Centro Cirúrgico.

Localização- 3 são localizados em áreas periféricas 2 no Centro da cidade.Todos possuem

bom acesso.

Os hospitais localizados no centro tiveram apenas as células de Clínica Médica e

Clínica Cirúrgica analisadas. Pois possuem outros serviços que envolvem procedimentos mais

caros (Departamento para tratamentos de pacientes com câncer, possuem U.T.I ,

procedimentos de alta complexidade).

Todos os Hospitais Pesquisados obedecem às regras RDC50 do Ministério da Saúde.

Foram estudados cinco Hospitais com de 50 leitos disponíveis para pacientes de Clínica

Médica e Pronto Socorro. Todos os Hospitais quando entregues a O.S estavam com infra-

estrutura física satisfatória. Os três hospitais A, B e C localizam-se em regiões da periferia da

cidade, foram inaugurados a menos de 10 anos. Os Hospitais D e E estão localizados em

regiões Centrais. Os dois últimos citados tem mais de vinte anos, e tem localização com maior

circulação de pessoas e veículos. Os Hospitais D e E possuem Unidade de Tratamento

Intensivo, para não haver problemas de viés na amostra, foram excluídos todos os dados

referentes a UTI ,pediatria e tratamento de pacientes crônicos.

Os Hospitais A, B e C têm 80% de profissionais terceirizados. Todos os profissionais

contratados pela Organização Social recebem salários condizentes com os praticados no

mercado local. Os profissionais concursados nestas unidades são em sua maioria de nível

58

técnico. Os médicos concursados podem trabalhar para a unidade desde que não estejam em

horário de trabalho para o Estado. Os Hospitais D e E, tem metade de profissionais

contratados e metade de profissionais concursados.

Os Hospitais A, B e C, têm apenas dois Diretores. O Diretor Geral é responsável por

toda a parte Administrativa Financeira das Unidades, o Diretor Técnico é responsável por

toda parte de saúde do Hospital. Os Diretores de cada uma destas unidades possuem Pós-

Graduação em Administração Hospitalar em Universidades Reconhecidas. Os Hospitais D e

E, possuem 4 Diretores. Diretor Geral, Administrativo, Financeiro, Técnico, além de vários

níveis hierárquicos. Os Diretores Gerais são Médicos Reconhecidos.

Os Hospitais A, B e C tinham problemas na regularidade de seus pagamentos e falta

de profissionais antes da Organização Social assumir a Administração, apesar dos recursos

serem repassados em sua integralidade nos períodos estudados.

Os Hospitais D e E, são maiores, recebem mais recursos e no período estudado não

tiveram problemas na regularidade de pagamento, nem falta de profissionais.

4.6- AVALIAÇÃO DE PACIENTES E INTERNAÇÕES:

Para a análise deste estudo foram considerados pacientes Classe 1,2,3 tabela ASA e

Classe 2 tabela NYHA (Ver tabelas no Anexo A).

Apesar desta análise poucos foram os casos de entrada de pacientes com níveis de

risco cirúrgico acima da classe 3 e que necessitaram de procedimentos cirúrgicos de alta

complexidade. Nestes casos, os pacientes foram atendidos na tentativa de estabilizar o quadro

clínico e que depois fossem transferidos para Unidades Intensivas de Tratamento. Os

principais dados sobre os pacientes estudados estão relacionados abaixo:

Idade-18 a 59 anos.

59

Pacientes admitidos para procedimentos de baixa e média complexidade.

Pacientes com admissão de Urgência e Emergência.

Tempo de Internação entre de 2 a 7 dias.

Sem problemas cardíacos, neoplasias (câncer), doentes que precisavam de tratamento

constante como hemodiálise.

Com doenças crônicas tratáveis e controladas.

Com doenças evitáveis de acordo com a lista brasileira.

Pacientes do sexo masculino e sexo feminino,analisados de forma separada.

Tipo de procedimentos estudados:

Consulta de Clínico Geral

Exames de sangue-Hemograma/Raio-x/ Eletrocardiograma.

Cirurgia Tipo A com baixo potencial de alterar a fisiologia do paciente, raramente

relacionado à morbidade ligada à anestesia, raramente requer hemotransfusão.

Cirurgia Tipo B-Moderado potencial para alterar a fisiologia, pode requerer

hemotransfusão, monitoração invasiva.

Tratamentos Clínicos nas enfermarias.

60

5 AVALIANDO RESULTADOS

5.1- ANOVA TWO AWAY- TESTE DE SHEFFÉ:

Tabela 7- Taxa de Mortalidade Homens 18-59 anos.

ANOS Taxa de Mortalidade

Hospital Hospital Hospital Hospital Hospital

A B C D E TOTAL

2001 6,17% 6,13% 5,85% 6,69% 5,91% 6,15%

2002 7,51% 4,99% 5,40% 7,25% 6,88% 6,41%

2003 4,96% 6,54% 5,80% 6,74% 6,38% 6,08%

2004 4,96% 5,91% 4,99% 5,46% 5,09% 5,28%

2005 3,61% 3,90% 3,98% 4,69% 4,49% 4,13%

2006 1,73% 1,91% 2,39% 4,38% 4,51% 2,98%

2007 1,20% 0,90% 1,08% 3,99% 3,83% 2,20%

2008 1,05% 0,69% 0,95% 3,62% 3,40% 1,94%

TOTAL 3,90% 3,87% 3,81% 5,35% 5,06% 4,40% Fonte:Banco de Dados da Organização

Gráfico- Taxa de Mortalidade de Homens de 18-59 anos.

Fonte:Banco de Dados da Organização

0,00%

1,00%

2,00%

3,00%

4,00%

5,00%

6,00%

7,00%

8,00%

1 2 3 4 5 6 7 8

Taxa de Mortalidade Hospital A

Taxa de Mortalidade Hospital B

Taxa de Mortalidade Hospital C

Taxa de Mortalidade Hospital D

Taxa de Mortalidade Hospital E

61

5.1.1- Anova Two Away – Teste de Sheffé para taxas de mortalidade masculina

O objetivo do Teste de Variância ANOVA é testar a Hipótese Nula, ou seja, se houve

variação significante na amostra de óbitos registrados no grupo de hospitais estudados. Neste

caso analisaremos as diferenças entre as taxas dos hospitais, esse é o primeiro fator a ser

analisado.O segundo fator é o a variável tempo,ou seja, quais hospitais tiveram diferenças

significativas em suas taxas ao longo do tempo.

ANOVA Fonte da

variação SQ gl MQ F valor-P F crítico

Linhas 0,011829 7 0,00169 28,26614466 4,40153E-11 2,359259855

Colunas 0,001783 4 0,000446 7,458040946 0,000319746 2,714075804

Erro 0,001674 28 5,98E-05

Total 0,015286 39

Teste de Sheffé

Entre Colunas

Δα=2,13

Ano de 2001:

No ano de 2001 não o houve diferenças significativas entre nenhum dos hospitais.

Ano de 2002:

Rejeito H0 para o hospital A e o hospital B,para o hospital B e o hospital D,não há diferenças

significativas entre os demais.

Anos de 2003/2004/2005:

Não houve diferenças significativas entre nenhum dos Hospitais neste período.

Ano de 2006:

Rejeito H0 para o Hospital A e os hospitais D e E;

62

Rejeito H0 para o Hospital B e os hospitais D e E;

Rejeito H0 para o Hospital C e o hospital E;

Não houve diferenças significativas entre os hospitais A,B e C.

Não houve diferenças significativas entre os hospitais D e E.

Não houve diferenças significativas entre os hospitais C e D.

Anos de 2007/2008:

Rejeito H0 para o hospital A e os hospitais D e E

Rejeito H0 para o hospital B e os hospitais D e E

Rejeito H0 para o hospital C e os hospitais D e E

Não houve diferenças significativas para os hospitais A,B e C.

Não houve diferenças significativas entre os hospitais D e E.

Teste de Sheffé

Entre Linhas

Δα=1,19

Hospital A:Nos anos de 2003,2005 e 2006, houve diferenças significativas para a variação da

taxa de mortalidade deste Hospital.

Hospital B:Nos anos de 2003,2005 e 2006, houve diferenças significativas para a variação da

taxa de mortalidade deste Hospital.

Hospital C:No ano de 2006 apresentou diferença significativa na variação da taxa de

mortalidade.

Hospital D:No ano de 2004 apresentou diferença significativa na variação da taxa de

mortalidade.

Hospital E:No ano de 2004 apresentou diferença significativa na variação da taxa de

mortalidade.

63

5.1.2-Anova Two Away – Teste de Sheffé para taxas de mortalidade feminina

Tabela 8:Taxa de Mortalidade Mulheres 18-59 anos.

ANOS Taxa de Mortalidade

Hospital Hospital Hospital Hospital Hospital

A B C D E TOTAL

2001 7,82% 6,76% 7,69% 7,67% 6,79% 7,35%

2002 7,02% 5,43% 6,06% 5,46% 7,33% 6,26%

2003 6,35% 5,71% 6,06% 5,51% 6,58% 6,04%

2004 5,18% 4,39% 5,51% 5,57% 4,49% 5,03%

2005 5,70% 4,86% 4,19% 5,68% 5,50% 5,19%

2006 3,01% 2,96% 2,96% 4,49% 4,34% 3,55%

2007 1,40% 2,00% 1,58% 4,55% 4,23% 2,75%

2008 1,28% 0,84% 1,80% 4,07% 4,07% 2,41%

TOTAL 4,72% 4,12% 4,48% 5,38% 5,42% 4,82% Fonte:Banco de Dados da Organização

Gráfico- Taxa de Mortalidade Mulheres 18-59 anos.

Fonte:Banco de Dados da Organização

0,00%

1,00%

2,00%

3,00%

4,00%

5,00%

6,00%

7,00%

8,00%

9,00%

1 2 3 4 5 6 7 8

Taxa de Mortalidade Hospital A

Taxa de Mortalidade Hospital B

Taxa de Mortalidade Hospital C

Taxa de Mortalidade Hospital D

Taxa de Mortalidade Hospital E

64

ANOVA

Fonte da variação SQ gl MQ F valor-P F crítico

Linhas 0,0109 7 0,0016 22,973 5,07E-10 2,35925985

Colunas 0,00102 4 0,0003 3,7756 0,014075 2,7140758

Erro 0,0019 28 7E-05

Total 0,01383 39

Teste de Sheffé

Entre colunas

Δα=1,36

Ano de 2001:

Não houve diferenças significativas entre nenhum dos hospitais neste ano.

Ano de 2002:

Rejeito H0 entre o hospital A e os hospitais B e D.

Rejeito H0 entre o hospital B e E.

Rejeito H0 entre o hospital D e E.

Ano de 2003/2004:

Não houve diferenças significativas entre nenhum dos hospitais.

Ano de 2005:

Houve diferenças significativas entre o hospital C e o hospital D.

Ano de 2006:

Houve diferenças significativas entre o hospital B e os hospitais D e E.

Houve diferenças significativas entre o hospital C e os hospitais D e E.

Ano de 2007/2008:

Houve diferenças significativas entre o hospital B e os hospitais D e E.

Houve diferenças significativas entre o hospital C e os hospitais D e E.

65

Teste de Sheffé

Entre linhas

Δα=2,12

Houve diferenças significativas para o hospital A no ano de 2006 e para o hospital D no ano

de 2002.

5.1.3-Resumo do Teste de Sheffé

Os Hospitais A ,B e C, são Hospitais similares assim como os Hospitais D e E. Ao

estudarmos as taxas de mortalidade destes levantamos a Hipótese de diferenças significativas

entre os dois grupos. Apesar de terem sido observados grupos de pacientes similares e com

mesmo grau de complexidade de diagnóstico, poderíamos esperar que os Hospitais com

maiores estruturas (D e E) disponibilizassem uma maior quantidade de serviços aos seus

pacientes, portanto deveriam ter menores taxas de mortalidade ao longo de todo o período

observado (2001 a 2008).

Já no que se refere a questão do tempo, a principal hipótese levantada era a de que

com a Gestão privada dos Hospitais, o maior número de profissionais de saúde e a

disponibilidade de novos serviços,assim como o ajuste de preços relativos as internações

reduzisse significativamente as taxas de mortalidade de todos os Hospitais,ou seja, a partir do

ano de 2005 estas taxas deveriam ser reduzidas de maneira significativa em todos os

Hospitais.

Através do Teste de Sheffé foi confirmada a observação de que o hospital A e o

hospital B tiveram diferenças significativas no ano de 2002 para taxas de mortalidade

masculina e feminina. Houve diferenças entre os hospitais D e E no mesmo ano. Quando

observamos o período após o ano de 2005, observamos diferenças entre os grupos A, B e C e

66

os hospitais D e E quando observada a variação da taxa de mortalidade masculina. A variação

nas taxas de mortalidade feminina foram observadas no ano de 2002 e nos anos de 2005 a

2008 entre os hospitais A, B e os hospitais D, E. Os hospitais mesmo sendo similares tiveram

diferenças significativas em algum momento no período analisado.

Ao longo dos anos observados as taxas masculinas tiveram variação em algum

momento no período de 2001 a 2008. Os hospitais que observaram as maiores variações

foram os Hospitais A e B, nos anos de 2003, 2005 e 2006.O hospital C teve diferença

significativa no ano de 2006,os hospitais D,E tiveram variações no ano de 2004.Já para as

taxas femininas apenas o hospital A e D tiveram variação significativa,nos anos de 2002 e

2006 respectivamente.

Concluindo cada Hospital apesar de suas similaridades, são universos diferentes, as

taxas não se comportaram de acordo com as Hipóteses formuladas, por isso devem ser

analisados individualmente. Para as taxas masculinas devemos observar as variáveis que

geraram impacto significativo ao longo do tempo para todos os hospitais, pois estes tiveram

diferenças na variação das taxas em algum momento durante o período. Analisando as

variações das taxas de mortalidade feminina vimos que apenas dois Hospitais tiveram

variação significativa, portanto apenas estes, ou seja, A e D devem ser analisados, para os

outros já que nenhuma ação impactou nos resultados, deverão ser analisados posteriormente

em pesquisa com propósito de descobrir porque não houve variação estatisticamente

significante.A seguir através de Regressões Múltiplas conseguiremos fazer previsões e

observar quais variáveis explicam a variação constatada nestes hospitais.

67

5.2- REGRESSÃO MÚLTIPLA LINEAR EM SPSS 18:

Podemos inferir que nenhum dos modelos matemáticos das Regressões abaixo viola as

premissas de independência dos erros. Já que além da opção dada de ajuste do modelo para

regressão linear, ainda existem outras opções como a de diagnosticar multicolinearidade

(diagnostico de colinearidade entre todas as variáveis explanatórias dadas através de VIF).

O programa também nos permite trabalhar expurgando os “outliers” das séries

históricas fazendo com que a distribuição dos erros em torno da linha de regressão não seja

extremamente diferente de uma distribuição normal, não afetando seriamente a linha de

regressão.

Como os dados foram inseridos no programa desta forma poderemos nos concentrar

nas análises mais importantes, ou seja, quais as variáveis contribuem para o modelo de

regressão.

5.2.1-Regressão Hospital A para taxa de mortalidade masculina.

68

69

Neste modelo R² ajustado apresenta coeficiente de 0,479,ou seja, a variável

independente X4(Custo médio da diária de Internação),explica a variável dependente em

47,90%.O F de significância é menor do que 0,05 para o nível de confiança de 95%,o que

indica que o modelo é adequado.

O coeficiente da variável que entra no modelo é negativo o que é coerente, pois quanto

maior o gasto médio com o paciente, mais serviços foram utilizados. Quando observamos a

estatística de durbin-watson, este se encontra na área de rejeição, ou seja, rejeito H0, o que

indica que há autocorrelação dos resíduos, desta forma poderíamos considerar o modelo

inadequado. Apesar disto, a análise gráfica dos resíduos mostra tendência linear não violando

a premissa de normalidade. Como o R² ajustado esta de acordo com outras pesquisas,

70

podemos considerar que o modelo se adéqua a realidade do hospital estudado e é um bom

modelo.

5.2.2-Regressão Hospital B para taxa de mortalidade masculina

71

72

O R² ajustado deste modelo nos diz que as variáveis explanatórias explicam os

modelos em 48%, o que é condizente com outras pesquisas que utilizam o hospital como nível

de agregação de dados, pois estas pesquisas demonstraram que as variáveis explicam a

variação da taxa entre 35% a 93%.F de significação é menor do que 0,05,indicando que o

modelo é adequado.

As variáveis explanatórias X2 (proporção de médicos/1.000 atendimentos) e X4(custo

médio/paciente), se correlacionaram negativamente com a taxa de mortalidade, demonstrando

comportamento coerente.

Analisando a Estatística de durbin-watson, ela se encontra em área de inconclusão,

desta forma poderíamos afirmar que nada poderíamos concluir sobre esse modelo. Porém

podemos observar que na análise gráfica dos resíduos tem tendência linear, demonstrando que

73

o modelo não viola a premissa de normalidade. Podemos concluir que o modelo pode ser

utilizado com parcimônia e é adequado.

5.2.3-Regressão Hospital C para taxa de mortalidade masculina

74

75

Neste modelo são três as variáveis preditoras que se apresentam significativas. Todas

se correlacionam negativamente com a variável dependente. R² ajustado se encontra de

76

acordo com pesquisas anteriores, ou seja, aproximadamente 43%. F de significação se

encontra abaixo de 0,05.

A análise gráfica demonstra tendência linear, ou seja, os resíduos têm distribuição

normal, o que indica que este é um bom modelo.

5.2.4-Regressão Hospital D para taxa de mortalidade masculina

77

78

Este modelo demonstra que apenas uma variável explanatória é significativa para o

modelo, a variável X2 (proporção de médicos/1.000 procedimentos mês). Esta teve

coeficiente negativo, o que é coerente.F de significação é menor que 0,05,demonstrando

validade no modelo.

Porém o R² ajustado é muito baixo, apenas 16% em desacordo com os estudos que

usam os hospitais como nível de agregação de dados.

5.2.5-Regressão Hospital E para taxa de mortalidade masculina

79

80

Duas são as variáveis explanatórias que são significativas ao modelo, X2 (proporção

de médicos/1.000 procedimento mês) e X4 (custo médio da diária de internação). Estas se

correlacionam negativamente com a taxa de mortalidade.

O R² ajustado nos mostra que as duas variáveis explicam a variação na taxa de

mortalidade neste Hospital em 25% e f de significação está abaixo de 0,05 para um intervalo

de confiança de 95%.A Estatística de durbin-watson encontra-se na área de não rejeição,ou

seja, não rejeito H0, não há autocorrelação entre os resíduos.O modelo é adequado,mas deve

ser usado com parcimônia pois explica muito pouco a variação da taxa de mortalidade

hospitalar quando comparado a outras pesquisas que utilizam hospitais como nível de

agregação de dados.

81

5.2.6-Regressão Hospital A para taxa de mortalidade feminina

82

83

A variável explanatória que explica o modelo é X4(Custo médio de Internação).R²

ajustado demonstra que a variável independente explica a dependente em 48%.

O custo médio de internação também se correlaciona negativamente com a variação da

taxa de óbitos nos mostrando coerência.

Por fim, a estatística de Durbin-Watson, não rejeita Ho, ou seja, não há autocorrelação

dos resíduos, portanto o modelo é adequado. Importante frisar que o modelo esta de acordo

com pesquisas anteriores, pois R² deste modelo está entre as faixas de 35% a 93%.

5.2.7-Regressão Hospital D para taxa de mortalidade feminina

84

85

Apesar da Estatística de Durbin-watson não rejeitar este modelo, o R² ajustado nos

mostra que a variação explicada está correlacionada com a variável X2, aproximadamente

1%,ou seja, é insignificante a variação explicada por esta variável.

Assim, podemos concluir que apesar das estatísticas indicarem modelo adequado, não

devemos nos basear neste modelo para fazer previsões.

O observador deve procurar outras variáveis explicativas, ou trabalhar com dados mais

robustos no intuito de identificar a variação das taxas de mortalidade feminina neste hospital.

86

5. 3- RESTRIÇÕES AO USO DO MODELO:

“Eu tenho uma luz através da

qual meus pés são guiados, e ela é a luz da

experiência. Eu não conheço nenhum outro

modo de julgar o futuro que não seja através do

passado”

- Discurso na Convenção de Virgínia, 23 de

março de 1775.

A análise de séries históricas, parte do pressuposto que as variáveis que afetaram o

passado e gerando determinados padrões, também são aqueles que podem vir a afetar o

futuro. No entanto críticos têm argumentado que modelos clássicos são excessivamente

mecânicos, isto é, modelos matemáticos baseados no passado não deveriam ser utilizados para

extrapolar mecanicamente tendências no futuro (Levine; D.M et al., 2002).

5.4- PORQUE USAR SIMULAÇÃO:

No passado a Simulação costumava ser vista como ultimo recurso, a ser usada

somente quando métodos analíticos falhassem. Se há a possibilidade de se obter o resultado

desejado através de um modelo analítico, muitas vezes podemos usar um modelo para

determinar os resultados ótimos. Entretanto, atualmente a simulação é uma das ferramentas

mais usadas de análises quantitativas.

87

Em primeiro lugar porque os modelos analíticos podem ser difíceis ou impossíveis de

se obter, dependendo de fatores de complicação. Por exemplo, fatores de complicação de

formação de filas são variáveis aleatórias não exponenciais, enquanto fatores de complicação

para modelos de estoque são pontos ou localizações múltiplas;

Em Geral modelos analíticos só prevêem comportamento médio ou “estado de

estabilidade” (de longo prazo). No mundo real a aleatoriedade se faz presente, por isso é

importante entender a variabilidade das medidas de desempenho, (Moore;Weatherford, 2006).

88

6 CONCLUSÃO

O modelo construído através da revisão teórica considerando as variáveis estudadas

foi coerente com os resultados obtidos. A variável X1(tempo médio de internação) não foi

incluída em nenhuma das regressões realizadas. A variável X3(proporção de outros

profissionais de saúde/1.000 procedimentos mês) entrou apenas em um modelo de regressão,

no modelo testado para o sexo masculino no Hospital C. Porém as variáveis X2 (proporção de

médicos/1.000 procedimentos mês) e X4 (custo médio diário do paciente) se correlacionaram

negativamente com grande parte dos modelos obtidos. Sendo que a variável X4 foi relevante

na redução da taxa de mortalidade masculina nos Hospitais A, B,C e também foi variável

significativa na redução da taxa de mortalidade feminina para o Hospital A. Isso demonstra

que o ajuste de preços relacionados aos serviços de saúde, principalmente internação

reduziram as taxas de mortalidade. Já a variável explanatória X2, demonstra que o aumento

do número de médicos também foi importante para a redução das taxas de mortalidade

masculina nos hospitais B e C, indicando que esta variável melhora o resultado dos hospitais.

Foi interessante observar os hospitais D e E que são os mais antigos, possuem maior número

de serviços, servidores públicos e com menos problemas financeiros, não obtiveram

resultados significativos na redução da taxa de mortalidade. Ao observarmos a redução das

taxas de mortalidade feminina, vimos que apenas um hospital obteve modelo adequado, ou

seja, o hospital A. Devemos levantar novas hipóteses, e testar outros modelos que expliquem

porque estes hospitais mesmo submetidos a controles idênticos não obtiveram resultados

semelhantes, principalmente no que se refere à variação da taxa de mortalidade feminina.

Apesar dos resultados, utilizar este modelo com parcimônia torna o processo de

tomada de decisão menos intuitivo. Podemos afirmar que pelo menos para uma parcela do

grupo pesquisado o aumento de duas variáveis as quais a Organização é responsável

89

conseguiu resultados positivos. No intuito de melhorar as previsões, devemos utilizar mais

dados para analisar o desempenho dos Hospitais futuramente.

Muitos pesquisadores de Saúde Pública já não utilizam a Estatística Paramétrica,

Regressões Lineares para analisar resultados de seus estudos. Hospitais trabalham com uma

quantidade de dados muito grande, muitos fatores endógenos e exógenos interferem na

qualidade de vida dos pacientes. Esses fatores são difíceis de ser separados em modelos de

previsão mais comuns, como visto na avaliação dos resultados. Estes hospitais podem estar

transferindo pacientes em estado final para outras unidades, o recurso pode estar sendo

registrado no sistema para aumentar o faturamento da unidade, mas pode não estar sendo

efetivamente utilizado. É preciso medir a eficiência do atendimento dos profissionais, ou seja,

a habilidade destes em diagnosticar rápido os pacientes e se os tipos de tratamento estão sendo

efetuados corretamente.Outro fator importante a ser observado é o nível de infecção hospitalar

e as complicações decorrentes.Estas hipóteses levantadas devem ser testadas em outra

pesquisas, assim como fatores exógenos ao hospital.

A população estudada foi uma população pobre, com dificuldade de acesso a serviços

de saúde, educação e saneamento. Sabemos que o aumento da renda está correlacionado a

uma melhora na qualidade de vida. O estudo aqui efetuado não observou se no período houve

melhora das condições de vida dos pacientes atendidos nestas unidades. O nordeste foi

bastante beneficiado por programas sociais de distribuição de renda, isto pode ter gerado

impacto nas condições de vida destas populações. Além do aumento da renda outras questões

podem ter afetado a variável como expansão do acesso a água, serviço de coleta de lixo e

esgoto. Estas hipóteses também não foram testadas.

Devemos também analisar hipóteses relativas ao hábito de vida dos pacientes, como

dieta rica em gorduras, vida sedentária e exposição a drogas.

90

Para os próximos estudos, a sugestão seria utilizar Redes Neurais para obtenção de um

modelo melhor de previsão. Seria interessante, utilizar dados sobre a capacidade real de cada

hospital através de modelos mais potentes. Sobre os hospitais, cada equipamento (Raios-X,

Eletrocardiograma), possui uma capacidade diferente de produção, cada profissional possui

um grau de habilidade diferente. Avaliar a capacidade de um técnico em produzir o maior

número de exames, o tempo que cada médico leva para atender um paciente, o número de

pacientes salvos pela mão de um único cirurgião, a precisão dos diagnósticos médicos. Inserir

dados sobre os níveis de infecção hospitalar, analisar se os dados dos prontuários estão

coerentes. Todos os Hospitais estudados possuíam laboratórios, farmácias e almoxarifado de

materiais. Quando a compra de medicamentos e produtos é realizada, também se faz

necessário simular os dados de uma distribuição ótima desses materiais, num modelo de

transporte com uma quantidade muito grande de restrições.

Existem ainda outras questões importantes, como analisar com mais profundidade os

pacientes, dados mais detalhados sobre histórico de saúde, peso, raça e condições de vida. São

muitos dados para serem processados e analisados dentro de um modelo. Acredito que

somente modelos mais complexos, que trabalhem com uma grande quantidade de dados e

admitindo dados aleatórios extremos como possíveis, possam ser ferramenta mais adequada

para avaliação de desempenho dos hospitais. A análise de previsão baseada em redes neurais

está se dissipando, os melhores Hospitais já utilizam essas ferramentas, nos E.U.A e aqui no

Brasil, esses sistemas já estão sendo usados. A utilização dos mesmos num futuro próximo

ajudará os estudiosos e gestores numa melhor compreensão dos fatos. Com um maior grau de

compreensão, os Administradores poderão tomar decisões mais acertadas, menos intuitivas

que no fim resultarão numa melhora para aqueles que realmente necessitam.

91

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95

ANEXO A

ASA - American Society of Anesthesiologists

Classe I - Normal saudável;

Classe II - Com doença sistêmica leve;

Classe III - Com doença sistêmica grave;

Classe IV - Com doença sistêmica grave/ ameaça constante à vida;

Classe V - Moribundo/ difícil sobrevivência por 24h com ou sem operação.

NYHA - New York Heart Association

Classe I - Ausência de sintomas ou sintomas de mínima intensidade;

Classe II - Sintomas pouco intensos;

Classe III - Sintomas intensos;

Classe IV - Sintomas muito intensos ou paciente descompensado.