Primeira Impressão Unisanta - Santos FC

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  • 8/19/2019 Primeira Impressão Unisanta - Santos FC

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    JORNAL-LABORATÓRIO DO QUARTO ANO DE JORNALISMO DA FACULDADE DE ARTES E COMUNICAÇÃO DA UNISANTA

    ANO XVII - N° 129 - MARÇO/2012 - DISTRIBUIÇÃO GRATUITA - SANTOS (SP)

    Desafiospara o

     jornalismo 

    Durante aula magna aos alu-nos do curso de Jornalismo daUNISANTA, o editor de es-portes do Grupo Estado, LuizAntônio Prósperi, enfatizou aspotencialidades que surgirãona prossão com o advento daCopa do Mundo em 2014 e dasOlimpíadas, em 2016. As novi-dades tecnológicas tambémabrirão espaço para o surgi-mento de novas mídias para opúblico, que terá mais opçõespara acompanhar as notícias.Em pé da esquerda para direita: Lima, Zito, Dalmo, Calvet, Gilmar e Mauro. Agachados da esquerda para direita: Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe 

    O maior time de todos os tempos

    Um séculode glórias

  • 8/19/2019 Primeira Impressão Unisanta - Santos FC

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    Edição e diagramação: Mariana Serra 

    PRIMEIRA IMPRESSÃO • Março de 20122

    EXPEDIENTE - Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo da Faculdade de Artes e Comunicação da UNISANTA - Diretor da FaAC: Prof. Humberto Iafullo Challoub- Coordenador de Jornalismo: Prof. Dr. Robson Bastos – Responsáveis Prof. Dr. Adelto Gonçalves, Prof. Dr. Fernando De Maria e Prof. Francisco La Scala Júnior. DesignGráfico e diagramação: Prof. Fernando Cláudio Peel - Fotografia: Prof. Luiz Nascimento – Redação, fotos, e dição e diagramação: alunos do 4º ano de jornalismo –Primeira página: Igor Augusto - Foto capa: Reprodução e Reprodução Ivan Baeta – Coordenador de Publicidade e Propaganda: Prof. Alex Fernandes - As matérias eartigos contidos nesse jornal são de responsabilidade de seus autores. Não representam, portanto, a opinião da instituição mantedora – UNISANTA – UNIVERSIDADESANTA CECÍLIA – Rua Oswaldo Cruz, nº 266, Boqueirão, Santos (SP). Telefone: (13) 32027100, Ramal 191 – CEP 11045-101 – E-mail: [email protected]

    EDITORIAL

    O centenárionuma só edição

    Esta edição é dedicada a mos-trar a comemoração do centená-rio do Santos Futebol Clube. Fun-dado no dia 14 de abril de 1912, oclube é conhecido mundialmentepelo “futebol-arte” que encantaaté os adversários.

    Falar do centenário e não fa-lar de Pelé é impossível. O Atletado Século XX, juntamente como time, conseguiu parar até umaguerra no antigo Congo belga,há 42 anos. A maneira bonita de

     jogar é algo tão cultivado nas ca-tegorias de base que, ao longo dosanos, o clube vem revelando joga-dores incríveis.

    Robinho, que brilhou com suas“pedaladas” e levou o time a con -quistar títulos paulistas e brasi-leiros, é só um dos exemplos. Os

    mais recentes continuam a bri-lhar: Paulo Henrique Ganso, queimpressiona por sua inteligência e,claro, Neymar, que encanta não sóos santistas.

    A história do Santos se con-funde com a história da Cidade emesmo quem não torce pelo timese entusiasma e participa das fes-tas de comemoração na Praça daIndependência, no Gonzaga.

    Nesta edição, o leitor saberámais sobre o Centro de Treina-mento, os atletas que marcarama história do clube. Também co-nhecerá os torcedores, que mistu-ram suas histórias de vida com ado clube, e alguns moradores daVila Belmiro, que já incorpora-ram os jogos em sua rotina, entretantas outras reportagens sobreos gloriosos 100 anos.

    PRATA DA CASA: Hugo Genaro

    Do estágio ao empregoLARISSA PIMENTEL

    Transformar a vaga de esta-giário em prossional contratadoé um sonho para a maioria doscandidatos em qualquer área . Foiexatamente isso que o ex-alunode Jornalismo da UNISANTA,Hugo Genaro, conseguiu.

    Logo nos primeiros dias de2009, ele foi indicado para umavaga de estágio na assessoria deimprensa do Santos Futebol Clu-be. Juntamente com outros con-correntes, cou em observação,

    trabalhando na assessoria paraver quem caria com o cargo.Genaro, então no terceiro ano,

    foi o escolhido. Nos três meses doinício de estágio, ele atuou comoassessor do futebol feminino. De-pois desse período, passou a sersetorista do futebol principal. Pas-sou a alimentar o site do clube ecuidar de alguns atendimentos àimprensa, já que, muitas vezes,acompanhava as entrevistas cole-tivas do técnico e dos jogadores.

    Depois desse período, com amudança de diretoria em 2010,seu novo chefe o convidou paratrabalhar com a categoria debase. Isso porque a equipe atuaria

    na Copa São Paulo, de grande in-teresse da imprensa.A experiência com a base foi

    muito importante para Genaro,pois possibilitou, inclusive, queviajasse com o time para Uru -guai, Catar, Estados Unidos, Ará-bia Saudita e Argentina.

    Para Genaro, o fato de ter queescrever muitos textos para o sitefoi algo importante, pois ganhouagilidade ao fazê-lo. Mesmo tra-balhando numa assessoria de im-prensa, ele tinha a possibilidadede escrever textos informativosdevido ao site. “Trabalhava comose estivesse mantendo um portalda internet e não apenas a asses-

    soria de imprensa”, conta.Logo ao nal de 2010, antesque seu contrato de estágio fosse

    encerrado, foi efetivado. Ele acre-dita que o crucial para isso foi odomínio de outros idiomas. Alémdo português, fala espanhol, ita-liano, inglês e francês. Nas viagensnão se limitava apenas a fazer suaparte, mas também ajudava ogrupo em embarques, pedidos decomida, coisas corriqueiras, masessenciais. “Temos que entenderque vamos sempre fazer além doque normalmente faríamos”, diz .

    Na época de estágio, ele tam-bém fazia fotos, se fosse necessá-rio. “Aproveitar ao máximo as

    aulas na faculdade é fundamentalpara não se limitar a uma função.Eu fazia tudo que pudesse ser

    aproveitado pelo site e isso apren-di na sala de aula”, explica.

    Genaro se diz fã do Santos e nãofanático, o que para ele, na questãoprossional, é muito importante.“Muitas vezes, temos que lidarcom grandes atletas e pessoas que

    admiramos. Por exemplo, diantede Pelé, não podemos perder o focoe agir como tietes”.

    Entre a técnica e o domELIZABETH SOARES

    “Ser narrador de rádio é umdom”. A armação pode parecerfatalista e, para os mais apres-sados, pode até parecer esnobe.Mas o narrador esportivo OdineiRibeiro - que concedeu entrevistaaos alunos do 4° ano de Jornalis-mo da UNISANTA - não se en-caixa em nenhum destes pers.De origem humilde, o itanhaensenão tem vergonha de assumir quenunca pensou em ir tão longe.Mas foi.

    Atualmente, trabalha naSporTV, mas já passou por diver-sas experiências prossionais, debem menos visibilidade. E temorgulho disso. Fala com carinhoda cidade natal e da Rádio An-

    chieta de Itanhaém, onde come-çou sua carreira. Ao lado do ami-go Edson Sobral, apresentava oprogramaÉ Hora de Esportes.

    De degrau em degrau, passan-do nesse caminho, inclusive, porprogramas de rádios comunitá-rias, Ribeiro considera-se numaexcelente fase prossional. Ar-ma que a Rede Globo, onde tra-

    balha atualmente, tem uma in-

    fraestrutura inigualável no Brasil.Questionado sobre a diferença

    entre narrar em rádio e em TV,Ribeiro é categórico: “No rádio,você narra para cegos. Na TV,para alguém que tem inúmerosolhos. É muito mais difícil.”

    Contudo, o narrador confessagostar do fato de mexer com oimaginário das pessoas, quando

    faz algum trabalho para o rádio.

    Já a TV é um desao que aindaprecisa ser vencido. Pensa, inclu-sive, em ter aulas de teatro paraaprimorar seu trabalho na Spor-TV.

    Inúmeras alegrias compõem ahistória do ex-aluno de Comuni-cação da UNISANTA, como nodia em que recebeu seu primeirosalário: um cheque assinado por

    BRUNA CORRALO

    O jornalista e narrador daSport TV Odinei Ribeiro come-çou sua carreira em Itanhaéme alcançou sonhos, que nem elemesmo pensou que iria realizar.“Hoje sou realizado prossio-nalmente. Eu jamais imagineichegar onde cheguei”, revelouo narrador. Ribeiro dividiu suasexperiências com os alunos do4° ano de Jornalismo da Univer-sidade Santa Cecília e abordouassuntos polêmicos como a Copado Mundo no Brasil e a saída daRicardo Teixeira da CBF.

    Ribeiro não acredita que Bra-sil esteja preparado para sediara Copa do Mundo. “No começoacreditei que haveria uma me-lhora, nos aeroportos, nas rodo-vias, mas hoje viajo pelo Brasile não vejo mudanças. Estamosquase na Copa e nada”.

    Sobre a candidatura de San-

    De Itanhaém para o Brasil

    seu chefe e ídolo, Fiori Gigliotti.“Não queria descontar o cheque;anal, aquilo era um autógrafo”,diverte-se.

    Mas alguns sustos tambémfazem parte desta narrativa. Emcerta ocasião, ouviu dos médi-cos que teria que parar de nar-rar, devido a um problema graveem suas cordas vocais. Para suafelicidade, contudo, os médicosestavam errados e, após um tra-tamento que incluía exercíciosde fonoaudiologia, Ribeiro con-seguiu se recuperar. Mas ele con-fessa nunca ter pensado em fazerum seguro para seu instrumentode trabalho. “Não tenho dinheiropara isso”.

    Embora diga que nunca pro-curou emprego – eles sempre

    aconteceram - , Ribeiro assumeque fazer um bom trabalho é a vi -trine indispensável para ser lem-brado por outros colegas na horada contratação, principalmenteem uma área onde, segundo ele,quase não há renovação. “Osprossionais antigos dicilmenteabrem espaço para os novos. Elestêm medo de perder espaço”.

    tos como subsede, revelou es-perança. “Santos é uma cidadepraiana, bonita.Talvez algumasseleções queiram treinar no CTPelé, isso pode ser um diferen-cial. Mas a escolha tem muito aver com política”.

    Outro tema polêmico foi asaída de Ricardo Teixeira do co-mando da CBF. “Estava na hora,mas não vai mudar nada, poisdeixou para um substituto”.

    CarreiraA carreira de narrador come-

    çou no rádio em Itanhaém, antesmesmo de iniciar a faculdade.

    Para ele, o diploma foi essencialpara seu crescimento prossio-nal. “Sem a faculdade não esta-ria onde estou”, armou.

    Ribeiro passou pela TV Tri-buna, Rádio Atlântica e RádioRecord. “O mercado de trabalhonão é fácil, mas tem que encararo desao. Tem de estar prepara-

    do para oportunidades”, acon-selhou. E foi assim que Ribeirocomeçou a trabalhar com seuídolo: Fiori Gigliotti.

    “Fui chamado para traba-lhar na Rádio Record para fazerplantão esportivo, mas o narra-dor faltou e o substituí no jogoe conquistei a vaga”, contou oradialista. Emocionado, Ribeirorevelou que aprendeu muito comseu ídolo e conquistou sua admi-ração. “Ele me disse: ‘Você é comoum lho’”. O narrador esteve pre-sente no momento mais difícilde Gigliotti, quando o radialistaenfrentou um câncer. “Poucos o

    visitaram e eu fui um deles”.

    TelevisãoSegundo o jornalista, narrar

    no rádio e na televisão é comple -tamente diferente. “Enquantono rádio você mexe com a ima-ginação, na TV você fala comum telespectador que tem oito

    olhos”, explicou. Para Ribeiro,ainda é difícil trabalhar na tele-visão; por isso, ele trabalha comuma fonoaudióloga e pensa emfazer aulas de teatro.

    “Não é fácil falar com o te-lespectador. Televisão é maislento, melhorei quando larguei orádio”, disse. Hoje, ele se dedi-ca somente ao Sport TV. Narra

     jogos em todo o Brasil e contaque prefere não narrar jogos emSantos.

    Outros esportesAlém do futebol, Ribeiro nar-

    ra outros esportes, como vôlei e

    natação. “Sou um dos narradoresque mais fazem outros esportes”.Apesar da experiência com JogosAbertos, futebol de botão e atémesmo os Jogos da UNISANTA,Ribeiro ainda treina para narraroutros esportes. “Tenho diculda-de para narrar vôlei; por isso, vouaos treinos para treinar”.

    Escrever um texto a partir deuma entrevista coletiva é umexercício de jornalismo diárioque exige objetividade, conci-são e rapidez. O texto precisaestar pronto, no máximo, emmeia hora. E ainda mostrar-

    -se agradável aos olhos do lei-tor. Quem é capaz de cumprirtodas essas tarefas prova queestá preparado para o com-petitivo mercado de trabalho.É o que mostram ElizabethSoares e Bruna Corralo nestesdois textos.

    Adelto Gonçalves

     Análise do professor

    Genaro se formou em 2010 

    COLETIVA

     JULIANAKUCHARUK 

     THAIGO COSTA

    Odinei Ribeiro: narrar para a TV é mais difícil do que para o rádio 

    Gol de Del Vecchiocontra o Palmeiras,na Vila Belmiro

    Edição e diagramação: Mariana Serra 

    PRIMEIRA IMPRESSÃO • Março de 2012 3

    Neymar não sai da Vila

    ALINE ALMEIDA

    Em entrevista ao Primei-ra Impressão, Luis Alvarode Oliveira Ribeiro desmen-te boatos acerca da vendado passe de Neymar e falaainda sobre família, proble-mas de saúde, centenário,Pelé e novo estádio. Nestaconversa, o presidente des-creve a inclusão de milharesde sócios e a possibilidade dealcançar outros grandes clu-bes no número de torcedores.“Em poucos anos, teremos oSantos entre as cinco maio-res torcidas do Brasil”, pro-mete.

    Primeira Impressão –  Alguns integrantes de sua famíliae, principalmente seu avô, possuemum passado bastante participati-vo na história do clube. Isso foi de

     grande incentivo para sua entradano clube? 

    Luis Alvaro –  Meu avô foi umdos primeiros santistas que assu-miram a presidência do clube, háquase 100 anos. Sempre foi um or-gulho ter este DNA, embora nãoo tenha conhecido – ele faleceuem 1916. Quando me tornei presi-dente, a história cou ainda maisbonita.

    PI –  A família Oliveira Ribei-ro é alvinegra em sua totalidade oualguns integrantes possuem paixõesdiferentes? 

    Luis Alvaro –   Minhas seis -lhas são santistas, mas tenho al-guns netos que torcem para ou-tros times, fruto da inuência dospais. Mas ainda tenho esperançade convertê-los... (risos)

    PI – Desconsiderando opiniões

    médicas, o senhor concorreu à pre-sidência após passar por problemasde saúde. A paixão foi maior que orisco? 

    Luis Alvaro –  Isso foi em 2003.Eu vinha de um infarto e quatroparadas cardíacas. Meu médico,quando cou sabendo da minha

    decisão, queria me internar nãomais como cardíaco, mas comodoente mental (risos). Mas a pai-xão pelo Santos transcende tudo.Perdi aquela eleição conquistando40% dos votos. Do ponto de vis-ta pessoal, foi melhor assim, poispude cuidar melhor da minhasaúde e me preparar para, algunsanos depois, candidatar-me denovo.

    PI – Presidir o clube no ano docentenário torna o cargo mais alme-

     jado? Está sendo mais complicadoou honroso comandar o clube neste

     período? Luis Alvaro –  Torna a respon-

    sabilidade muito maior. Quanto àhonra, é a maior da minha vida.

    PI –   Depois das últimas mu-danças na cúpula da CBF, como osenhor vê o rumo que vem tomandoo futebol brasileiro?

    Luis Alvaro –   O Santos deuum belo exemplo aprovando, em

    2011, o mais democrático estatu-to entre os clubes brasileiros. Isso,por si só, já prova que existe umaevolução em curso no nosso fute-bol. Ainda há passos importantespela frente, como a racionalizaçãodo calendário nacional. Os nossostimes precisam ter mais tempo

    para excursionar ao exterior.PI – No m do ano passado,

     foi anunciado o m das Sereias daVila, o que teve má repercussão, porconta da proximidade com o cente -nário e, principalmente, pelo retros-

     pecto vitorioso da equipe feminina.Faltou apoio da FPF e da CBF

     para a popularização e prossiona-lização da modalidade no Estado eno País? 

    Luis Alvaro –  Os grandes clu-bes de futebol masculino do Paísnão se interessam pelo futebol fe-minino. E não é por culpa dos clu-bes, mas da falta de estrutura, deum calendário eciente e de emis-soras de televisão interessadasem transmitir este produto. Semtransmissão, não há empresas in-teressadas em associar a marca àmodalidade. Sem empresas, nãohá dinheiro. Sem dinheiro, nãohá time. O Santos fez um gran-de esforço durante alguns anos,conando que poderia ajudar narevitalização do futebol feminino

    brasileiro, incentivando outrosclubes a fazer o mesmo. Isso nãoaconteceu, infelizmente. Fizemoso movimento inverso e congela-mos a modalidade, aguardandomudanças de fora para dentro.

    PI – O Rei do Futebol é, há déca-

    das, a melhor publicidade queum clube poderia ter. Acreditana possibilidade de algum jo-

     gador no mundo ofuscar o rei-nado de Pelé? 

    Luis Alvaro–  Pelé é o úni-co caso de um Rei eleito pelopovo. E não só pelos brasilei-ros, mas pelo mundo. Haveráoutros grandes craques, masum novo Pelé nunca.

    PI – Há boatos de que um pré-contrato do passe de Ney -mar esteja assinado com umclube europeu, o que seria ile-

     gal, já que um pré-vínculo po-deria ser feito apenas em 2014.

    O senhor acredita que este do-cumento possa existir? Luis Alvaro –  Como você mes-

    mo disse, são boatos. Essa possibi-lidade é nula.

    PI – O ano do centenário pro-duz maior expectativa da torcida eda diretoria, mas pode acabar emdecepção, como foi o caso do Corin-thians, que não atingiu o objetivo deconquistar a Taça Libertadores daAmérica. Acredita que, caso o clubenão conquiste títulos, uma sensaçãosimilar possa acontecer? 

    Luis Alvaro –  Quando dois ti-mes jogam, um vence e o outroperde. É da essência da compe-tição. As competições que dispu-tamos estão recheadas de timesfortes que têm o mesmo propósi-to que o nosso: serem campeões.Espero que o Santos continuemantendo o ritmo dos últimosanos para que a torcida não corrao risco de se decepcionar.

    PI – Na última década, o timealcançou diversas conquistas, mas,ainda assim, segundo levanta-mento da Fifa, está atrás, ent re os

     grande clubes paulistas, em númerode torcedores. Existe algum projetoque para mudar esse cenário? 

    Luis Alvaro–  Este projeto estáem plena execução. A permanên-cia de Neymar é um exemplo,pois tem sido responsável poruma multiplicação de santistas e

    um processo de conversão nuncaantes visto. Crianças, que antestorciam para os times dos pais,agora estão virando santistas porcausa do Neymar. E não só dele:Ganso, Arouca, Borges... Empoucos anos, teremos o Santosentre as cinco maiores torcidas doBrasil.

    PI –   Diversos clubes europeus possuem em suas receitas quanti-dades signicativas de contribuiçãode seus torcedores (sócios). Qual onúmero atual de sócios-contribuin-tes? Qual a expectativa de adesãoque o clube espera alcançar e em que

     período? 

    Luis Alvaro –  Atualmente, oSantos tem 50 mil sócios. Estenúmero mais do que dobrou emnossa gestão: foram 26 mil sóciosnovos. Em abril, vamos lançar oprograma Sócio-Rei, que já vailargar com mais cinco mil novosassociados. Até o nal do ano,acredito que estaremos beirandoos 75 mil sócios.

    PI –   A Vila Belmiro possuiumas das menores capacidades emnúmero de torcedores entre os maio-res clubes do País. Ainda nesta dé -cada será possível brindar a torcidacom um novo e maior estádio? 

    Luis Alvaro –  É uma possibili-dade clara, mas o torcedor já estácansado de projetos e promessas.Dei minha palavra que só volta-ria a abordar o assunto publica-mente quando, de fato, houveruma sinalização concreta.

    PI – Em poucas palavras, comoé participar ativamente do centená-rio de um clube que possui notorie -dade mundial e é exemplo raro de

     futebol-arte? Luis Alvaro –   Costumo dizer

    que tenho seis lhas-mulheres eque o Santos é meu lho-homem.É uma das minhas maiores pai-xões e posso dizer que literalmen-te morreria por este clube. Fazerparte de sua história é o maiororgulho que minha biograa po-deria querer.

     É o que garante o presidente Luís Alvaro de Oliveira Ribeiro que, no ano do centenário,acredita que o Santos terá uma das cinco maiores torcidas do Brasil 

    Um século retratado em pincéisMARIANA BATISTA

    Entre os eventos dedicados aocentenário do Santos FC, o muro“100 anos de futebol-arte” é umdos maiores destaques.

    Tudo começou com umasimples vontade de um artistaplástico santista roxo. Agora,seu sonho irá se tornar uma dasmaiores obras de arte a céu aber-to, que poderá ser registrado noLivro dos Recordes.

    Paulo Consentino é santistade nascimento e de time. Um dosmotivos do seu amor pelo clubeé o fato de ser lho de Ítalo Con -sentino, médico do Peixe de 1960a 1974.

    O artista plástico sempre so-nhou em pintar o muro do Cen-tro de Treinamento Rei Pelé, po-rém a ideia só foi amadurecendoconforme foi chegando o cente-nário do clube.

    Sua obra, batizada de “100

    anos de futebol-arte”, é uma gran-de homenagem para os eternosMeninos da Vila desde 1912, datade fundação do clube.

    Nas pinturas estão presentescraques como Pelé, Pepe, Clodo-aldo, Coutinho, Neymar, Ganso,entre tantos outros. A seleção doartista vai reproduzir 300 atletasque se destacaram defendendo oclube durante esses 100 anos.

    Sua proposta foi entreguequando o clube estava sob a dire -ção do ex-presidente Marcelo Tei-xeira e teve início na atual gestãodo presidente Luis Alvaro Ribeiro.

    “As pinturas foram iniciadasno aniversario de 99 anos do clu-be. O primeiro passo foi a reformados muros, pois estavam sem con -dições para receber as imagens”,explicou o artista.

    Todo o projeto é de responsabi-lidade de Consentino e sua equipe.O mentor das pinturas conta quepara a reconstituição das imagens

    dos jogadores existe um grandeapoio dos próprios e familiares. Al-gumas fotos precisam passar poruma recuperação para ser feita aimagem original no muro.

    Diariamente são preparadosquilos de papéis com traços quedarão forma aos donos das cami-sas de mais destaque do Peixe. Aotodo já foram mais de 100 tonela-das de estêncil.

    Contagem regressivaEm função do centenário, o

    Santos foi presenteado pela Prefei-tura com um relógio temático quefaz a contagem regressiva para odia 14 de abril, data de aniversáriodo alvinegro praiano. A inaugura-ção aconteceu no dia 24 de feve-reiro, na Praça das Bandeiras. noGonzaga, local onde cará xadoo contador de cinco metros de al-tura.

    A contagem se iniciou com1.188 horas e 26 minutos. Quando

    o relógio zerar, no dia 14 de abril, afunção do equipamento será regis-trar os gols do time santista. Atu-almente, o clube é o time que maismarcou gols na história do futebolbrasileiro.

    O presidente Luis Alvaro des-tacou que o relógio representa umsímbolo do “casamento eterno en-tre a cidade e o Santos”.

    Cruzeiro temáticoComplementando o calendário

    do centenário do Santos, entre osdias 4 e 7 de março, embarcaramna cidade de Santos os participan-tes do cruzeiro que celebrou a tra-

     jetória do clube. Os quatro dias deviagem foram de pura comemora-ção: a programação de três noitescontou com sessões especiais de ci-nema com lmes sobre os grandesmomentos do time, mesas redon-das com especialistas e ídolos doPeixe e boletins diários que conta-ram a trajetória do clube, além de

     jantares e festas temáticas, comoo Baile do Preto e Branco queaconteceu em uma das noites daviagem.

    Dos ex-jogadores presentes,estavam lá Edu, Pepe, SerginhoChulapa, Lima, Abel, Mengálvioe Alberto. A mesa redonda foicomposta pelo jornalista MiltonNeves. E o destaque musical foi abanda de rock Charlie Brown Jr.O destino dos fanáticos santistasfoi Búzios e Angra dos Reis, nolitoral do Rio de Janeiro.

    Quem pensa que futebol é as-sunto de homem está enganado.A estudante Mayara Fidalgo, de21 anos, estava a bordo do GrandMistral, navio da frota da IberoCruzeiros. E contou que sua via-gem já estava programada des-de outubro de 2011. “Depois detodos esses dias em contato comídolos, personalidades e a torci-da do Santos, minha paixão pelotime cou bem mais intensa”.

    DIVULGAÇÃO/SANTOS FC

    Luis Alvaro:”Dirigir o Santos é a maior honra de minha vida” 

    Gol de Zito, emAraraquara, contra aFerroviária, em 1962

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    Passado e presente de glórias Futebol-arte, craques construídos em casa e reconhecimento internacional. Este é o centenário santista

    ISABELLA PASCHOAL

    O Esporte Clube Americano,que possuía estudantes como amaioria de seu elenco, foi trans-ferido para São Paulo. O ClubeAtlético Internacional teve suasatividades encerradas. O ano de1912 poderia ter sido um ano degrande perda na área esportivapara a cidade de Santos.

    Por conta do fechamento des-ses clubes, três esportistas deci-diram criar um grêmio em queatletas pudessem praticar o es-porte “bretão”. O grande men-tor, Francisco Raymundo Mar-ques, conhecido como NhonhôMarques, Mário Ferraz de Cam-pos e Argemiro de Souza Júnior

    convocaram uma assembleia nasede do Concórdia, extinto clu-be que cava na rua João Pes -soa, no Centro. Vários nomesforam sugeridos para a novaagremiação: Concórdia, África,Brasil Atlético. Mas a sugestãoaceita por unanimidade foi deEdmundo Jorge de Araújo. Nodia 14 de abril de 1912, surgia oSantos Foot-Ball Club.

    As cores escolhidas para otime foram azul, branca e dou-rada. Mas não permanecerampor muito tempo. No dia 31 demarço de 1913, por sugestão dePaulo Pellúcio, foram adotadasas cores alvinegras para seu uni -forme. O escudo foi criado nomesmo ano. Um globo terrestrecom as linhas de latitude e lon-gitude, tendo ao centro um dis-tintivo com dez listras verticais,alternadas em preto e branco,com uma faixa diagonal e asletras SFBC. Ao lado esquerdosuperior, havia uma esfera sim-bolizando a bola de futebol. Porcima do escudo, uma coroa. Ainscrição se tornou SFC em 24de abril de 1915. Nos anos 30, foi

    adotado o atual, com listras ver-ticais. Nos anos 60, foram acres-centadas duas estrelas douradas

    para marcar a conquista doscampeonatos mundiais.

    O primeiro presidente do clu-be foi Sizino Patusca. Fundadordo Clube Americano, em 1903,foi um dos importantes nomesna criação do Santos. Ficou nocomando do clube durante umano. Patusca é um sobrenomede extrema importância parao clube. Um dos primeiros cra-ques foi Ary Patusca. O atacan-te atuou no time de 1915 a 1923.Participou de 85 jogos e marcou103 gols. Outro Patusca quemarcou seu nome no clube foiAraken. O meia jogou de 1923 a1929 e de 1935 a 1937. Artilhei-ro do Campeonato Paulista de1927, fez 193 gols em 177 jogos.

    O Santos teve como primei-ro treinador Harold Cross, em1912. Logo após, no ano de1913, quem assumiu o time du-rante anos alternados foi Urba-no Caldeira. Sua última partici-pação como técnico foi em 1932.

    A primeira apresentação dotime ocorreu no dia 23 de junhode 1912, no campo da Villa Ma-cuco. Os jogadores eram JulienFauvel, Simon, Ari, Bandeira,Ambrósio, Oscar, Bulle, Gerau-le, Esteves, Fontes e AnacletoFerramenta. O confronto foicontra um time local e vencidopelo Santos com placar de 2 a 1,com gols de Anacleto Ferramen-ta e Geraule Ribeiro.

    Apenas no dia 15 de setembrode 1912 aconteceu o primeiro

     jogo ocial. O Santos F.C venceupor 3 a 2 o Santos Athletic Club,atual Clube dos Ingleses. O pri-meiro gol da história do time foimarcado por Arnaldo Silveira,o Miúdo. Os outros dois gols fo-ram feitos pelo próprio Miúdo epor Adolpho Millon Júnior.

    A primeira competição dis-putada pelo clube foi a Liga

    Paulista de Futebol, no iníciode 1913. A estréia foi diante doGermânia e o resultado não foi

    positivo. Derrotado por 8 a 1, otime jogou com Durval Damas-ceno, Sebastião Arante, SydneiSimonsen, Geraule Ribeiro,Ambrósio Silva, José Pereirada Silva, Adolfo Millon, NiloArruda, Anacleto Ferramenta,Harold Cross e Arnaldo Silvei-ra. Somente após três semanaso time conquistou sua primei-ra vitória em um campeonato.O resultado de 6 a 3 foi contrahoje quem é seu maior rival, oCorinthians. Ainda em 1913, oalvinegro praiano levou paracasa seu primeiro título, o Cam-peonato Santista de Futebol.Foram seis jogos e seis vitórias,com 35 gols marcados.

    VilaEm 1916, foi fundada a “vila

    mais famosa do mundo”. O es-tádio Urbano Caldeira, sede doclube e um dos estádios mais

    antigos do país, ca situado nobairro Vila Belmiro. O nomedo estádio é em homenagem aosantista Urbano Villela Caldei-ra Filho. Funcionário públicofederal, trabalhou na antigaAlfândega de Santos. Chegoua atuar no time como zaguei-ro, em 1913. Como técnico, suamelhor fase foi quando montoua equipe que cou conhecidacomo o time do ataque dos 100gols, em 1927. Urbano Caldeirafaleceu em 1933, com 43 anos,devido a uma pneumonia.

    O recorde de público no es-tádio foi em 1964. Trinta e doismil e 989 torcedores assistiramao clássico entre Santos e Co-rinthians. Entretanto, cerca de10 minutos depois do início do

     jogo, um alambrado cedeu, fe-

    rindo 81 pessoas. Muitas pessoasconsideram até hoje esse como o

     jogo mais curto da história.Após o término do Campeo-

    nato Paulista de 1996 e váriascríticas, a diretoria do clube de-cidiu realizar uma reforma nogramado. Um novo sistema dedrenagem e irrigação controla-do por computador foi instala-do. Hoje o gramado é considera-do o melhor entre os estádios deSão Paulo e do Brasil.

    O primeiro título memoráveldo Santos FC foi o de campeãopaulista, em 1935, dois anosapós o prossionalismo do fute-bol no Brasil. A vitória veio so-bre o Corinthians com o placarde 2 a 0. Com gols de Araken eRaul, o time jogava com Cyro,Neves, Agostinho, Ferreira,Marteletti, Jango, Saci, Araken,Raul, Mário Pereira e Junquei-rinha.

    Nos anos que seguiram, otime não conseguiu conquistarmais do que campeonatos re-gionais, como o de campeão daTaça Cidade de Santos e o Taçadas Taças. Foram 20 anos sem

    grandes títulos.Em 1955, o Santos voltou a

    conquistar mais um título es-tadual. A equipe venceu o Tau-baté por 2 a 1, sob o comandodo técnico Lula. Atuaram os

     jogadores Manga, Hélvio, Feijó,

    Ramiro, Formiga, Urubatão,Tite, Negri, Álvaro, Del Vecchioe Pepe.

    Rei PeléNo ano seguinte, chegaria à

    Vila Belmiro a grande promes-sa de todos os tempos. EdsonArantes do Nascimento, que,com apenas 15 anos, deu novoimpulso à história do Santos.

    Filho de Dondinho e Celes-te, nascido em 23 de outubro de1940, Dico, como era conhecidoem Três Corações, sua cidade na-tal no interior de Minas Gerais,sonhava em jogar bola como opai. Aos quatro anos de idade,sua família mudou-se para SãoPaulo, onde Dondinho passou aatuar no Bauru Atlético Clube.

    Foi na cidade que leva o

    nome do time onde o pai atuou

    que Edson iniciou no mundo dofutebol. Em equipes amadorascomo Ameriquinha e Baquinho,que conquistou o título de arti-lheiro e o apelido que seria reco-nhecido mundialmente. Foi notime Baquinho que Valdemarde Brito conheceu Pelé. Anosdepois, ele mesmo levou o me -

    nino, que tinha apenas 15 anos,para apresentar ao Santos FC.Em 1956, iniciou sua carreira notime caiçara. Dez meses depois,defendeu a seleção brasileiraem sua primeira partida inter-nacional. Foi o brasileiro mais

    No primeiro jogo do Mundial de 1963, o Santos foi derrotado por 4 a 2 em Milão. Pelé foi o autor dos dois tentos da equipe santista 

    REPRODUÇÃO/JULIANAKUCHARUK 

    Santos levou decisão do Mundial de 63 para terceiro jogo. Maldini fez pênalti em Almir. Sem Pelé, Dalmo cobrou e fez gol da vitória santista 

    Edição e diagramação: Igor Augusto

    PRIMEIRA IMPRESSÃO • Março de 2012

    Pagão, Ramiro ePepe no Torneio deClassifcação de 1956

     jovem a jogar em uma Copa doMundo e passou a ser chamadopelos franceses de “Rei do Fu-tebol”, tornando-se uma daspersonalidades mais conhecidasdo mundo durante o século XX.Em pouco tempo, foi convidadopara jogar na Europa, mas pre-feriu car no Brasil.

    O termo “gol de placa” sur-giu de um gol marcado por Peléno Torneio Rio-São Paulo, em1961. Após driblar vários ad-versários e marcar o gol, o jor-nalista Joelmir Beting disse queaquele lance merecia uma placatamanha a beleza do que Peléhavia feito. Com isso, uma placade bronze foi colocada na entra-da do Maracanã, onde permane-ce até hoje. Foi em uma partidacontra o Fluminense em que oSantos ganhou com o placar de3 a 1.

    Em 1962 e 1963, o Santosconquistou seus primeiros títu-los de campeão das Américas edo Mundo. Em 1963, o primeiro

     jogo da nal do bicampeonatoaconteceu em Milão, na Itália,no dia 16 de outubro contra oMilan. Os italianos ganharampor 4 a 2, dois gols de Pelé. No

     jogo de volta, em solo brasileiro,Pelé sofreu uma contusão e nãopode jogar. Zito e Calvet tam-bém não participaram da parti-da. Mesmo desfalcado, o Santosrevidou o placar, no Maracanã,em 14 de novembro. No segun-do tempo, perdendo por 2 gols,Pepe marcou dois. Mengálvioe Lima também deixaram suasmarcas. Na terceira partida,ainda desfalcado, o Santos con-seguiu vencer com apenas umgol. Almir Pernambuquinho,que substituiu Pelé, sofreu o pê-nalti. Dalmo fez o gol da vitóriano bicampeonato mundial.

    O Santos de Pelé fez seu nomeno exterior. Formou um ataquememorável: Dorval, Mengávio,Coutinho, Pelé e Pepe.

    Em 1969, um fato lembra-do até hoje por todos os san-tistas que enchem o peito paradizer: “O meu time já parouuma guerra”. Acontecia um

    conito na África entre forçasde Kinshasa e de Brazaville. Aguerra foi suspensa para que otime pudesse transitar de umafronteira a outra, escoltado porsoldados locais até onde seria apartida. O Santos jogou e, aoretornar, foi avisado pelas for-ças de Kinshasa que, se quisessedeixar a região, também deveria

     jogar contra uma equipe local.Pelé recebeu inúmeras home-nagens e, quando a delegaçãodeixou Kinshasa, a guerra reco-meçou.

    Na década de 70, após 20anos defendendo o Santos FC,Pelé embarca para o exterior de-fendendo a camisa do New YorkCosmos. Ficou no time no nalde sua carreira, entre os anos de1975 a 1977.

    Foi no Maracanã, dia 18 de julho de 19 71, jogo da sele çãobrasileira contra a Iugoslávia,que o Rei do Futebol se despe-diu dos campos. Como jogadordo Santos, a despedida foi em1974, jogo contra a Ponte Pre-ta em que o time alvinegro ga-nhou por 2x0. Já no time ame-

    ricano, New York Cosmos, foiem 1977, onde jogou um tempoem cada equipe, marcando umgol pelo time nova-iorquino quevenceu o Santos por 2 a 1. Nasua festa de despedida no exte-rior, que contou com a partici-

    pação de Muhammad Ali, Pelédeu seu grito que seria repetidopor milhares de pessoas: “Love!Love!”.

    Entre os anos de 1995 a1998, foi ministro dos Esportesdo Brasil. Nessa época, aprovoualterações de alguns conceitosda legislação na Lei Zico, quepassou receber seu nome. Criti-cada pelos dirigentes de clubesbrasileiros, segue as diretrizesinternacionais da Fifa para con-tratação de jogadores.

    Em 2000, ganhou a eleiçãode melhor jogador do séculoda Fifa, à frente do argentinoDiego Maradona. Em 3 de mar-ço de 2004, elaborou-se uma

    lista contendo os cem melhores jogadores de futebol vivos, de-nominada Fifa 100. Depois dePelé, no Brasil e no exterior, acamisa 10 passou a ser vestidapelo melhor jogador do time.

    Meninos da VilaEm 1978, sugiram os Meni-

    nos da Vila, apelido dado pela juventude dos atletas da equipe,que conquistou o CampeonatoPaulista de 1978. Destacaram--se na época Juary, Pita e AiltonLira, entre outros. O campeona-to estadual foi conquistado peloclube novamente apenas em1984. Já em 1997, os santistasganharam o troféu do TorneioRio-São Paulo e, em 1998, aTaça Conmebol.

    O Santos passou por umafase negativa após a era Pelé.Com dívidas e jejum de títulos,a saída foi contratar jogadoresdesconhecidos. Sem qualqueralarde, Giovanni foi contratadoem 1994. Mesmo em um time li-mitado, tornou-se um dos maio-res ídolos da torcida santistanos anos 90, levando o time ao

    vice-campeonato brasileiro epaulista em 1995. Além disso,foi artilheiro do Paulistão com24 gols.

    No ano em que completou 90anos, o Santos conheceu os no-vos Meninos da Vila, que vira-

    ram febre nacional com a duplaDiego e Robinho.

    Robson de Souza, o Robinho,assumiu de vez como prossionalpelo Santos em 2002, no TorneioRio-São Paulo. Veio ao auge desua carreira em 2004, marcando21 gols em 36 partidas no Brasi-leiro. O desempenho do atacan-te atraiu a atenção dos maioresclubes da Europa. Após sua saí-da do Santos, um dos campos doCentro de Treinamento Meninosda Vila ganhou seu nome. Outrahomenagem foi o Centro Espor-tivo Municipal, em São Vicente.

    O meia Diego Ribas da

    Cunha estreou no time em 2001e, em apenas 27 jogos, marcou10 gols. No ano seguinte, o ca-misa 10 colaborou para que aequipe chegasse à nal do Brasi-leiro ao fazer quatro gols em 14

     jogos, os quais lhe renderam oprêmio de jogador mais criativoda competição. No Campeona-to Brasileiro, sob orientação dotécnico Vanderlei Luxemburgo,foi elevado ao posto de capitãoda equipe. Em 2004, transferidopara o Porto, de Portugal.

    No mesmo ano da despedi-da de Diego, veio o oitavo títu -lo brasileiro, com Elano, Leo eRobinho na equipe. O time as-sumiu a ponta da tabela apenasna penúltima rodada da compe-tição. O jogo da nal foi contra

    o Vasco e o Santos levou a taçacom o placar de 2 a 1.

    Já em 2006, a torcida come-morou na Vila Belmiro o Cam-peonato Paulista após 21 anossem esse título. O jogo da vitó-ria foi contra a Portuguesa e oplacar 2x0. No ano seguinte, otime conquistou mais uma vezo Paulistão. Dessa vez, a deci-são foi contra o São Caetano eas partidas aconteceram no Mo-rumbi. No primeiro jogo, o al-vinegro perdeu por 2 a 0. Mas,no segundo, devolveu o placar ecou com o título por ter tido amelhor campanha.

     Em 2009, começou a apare-cer a terceira geração de Meni-

    nos da Vila. Entre os jogadores,destacaram-se o atacante Ney-mar e o meia Paulo HenriqueGanso.

    Neymar da Silva Santos Jú-nior, nascido em Mogi das Cru-zes no dia 5 de fevereiro de 1992,estreou aos 17 anos no Santos.Pouco mais de uma semana notime, marcou seu primeiro golem um jogo contra o Mogi Mi-rim pelo Campeonato Paulista.O time cou como vice do Pau-listão, mas Neymar recebeu otítulo de revelação do campeo-nato.

    Paulo Henrique Chagas deLima, Ganso, como é conhe-cido, é nascido no dia 12 deoutubro de 1989 e natural deAnanindeua-PA. Estreou notime em 2008, mas começou ase destacar apenas no ano se-guinte, quando marcou seuprimeiro gol contra o Guarani,assinando a vitória santista por3x1. As boas atuações do meiamotivaram a diretoria santis-ta a renovar seu contrato, vá -lido até julho de 2014. No anode 2010, foi campeão do Paulis-

    ta e da Copa do Brasil, sendoeleito o craque da competição.Ao lado de Neymar, foi umdos mais assediados do futebolbrasileiro nesse ano, chegandoà seleção brasileira.

    Já em 2010, junto com o

    craque Robinho, que retornouao time emprestado pelo Man-chester City, e também a pre-sença de Leo, o time conquis-tou o Paulistão e a primeiraCopa do Brasil de sua história.

    Em 2011, Elano retornou aotime ajudando o time conquis-tar o Paulistão após decisãocontra o Corinthians. No pri-meiro jogo, 0 a 0 no Pacaembu.No segundo, 2 a 1 na Vila Bel-miro.

    Na sequência, a terceiraTaça Libertadores foi conquis-tada. No elenco do time, Ney-mar, Ganso, Arouca, Danilo,Elano, Leo, o capitão Edu Dra-cena e o goleiro Rafael, entre

    outros. A conquista veio sobreo Peñarol, do Uruguai. Após oplacar de 0 a 0, no Centenáriode Montevidéu, o Peixe ven -ceu por 2 a 1 no Pacaembu,com gols de Neymar e Danilo.

    Ainda em 2011, o Santosrepresentou o Brasil no Campe-onato Mundial, em Yokohamae Toyota, no Japão. A primei-ra vitória foi contra o time ja-ponês Kashiwa Reysol, com oplacar de 3 a 1. O segundo jogofoi contra o Barcelona, e, apósuma campanha admirável, otime não conseguiu vencer osespanhóis, perdendo de 4 a 0.

    Apesar da derrota, o timeconseguiu se destacar no ex-terior. O craque da equipe,Neymar, foi o grande desta-que. Mais uma vez, convidadopara jogar na Europa, optoupor renovar seu contrato com oSantos, defendendo o time até2014. Em uma coletiva, vestin-do uma camisa com os dizeres“It’s good to be the king” – “Ébom ser o rei”, ele disse que oseu objetivo não é ser o melhordo mundo, e sim disputar os

    melhores campeonatos. Dissetambém que está muito felizno time e na cidade de Santos,agora ainda mais com o seu -lho Davi Lucca. “Eu pretendiacar aqui por muito tempo, eestou cando”, declarou.

    Com o triunfo de 1 a 0 sobre o Milan no Maracanã, no terceiro confronto, o Santos se s agrou bicampeão Mundial. Havia vencido o mesmo torneio no ano anterior, em 1962 

    O primeirotítulomemoráveldo Santos foio de campeãopaulista, em1935, doisanos após oprofssionalismodo futebol noBrasil

    Edição e diagramação: Igor Augusto

    PRIMEIRA IMPRESSÃO • Março de 2012 54

    Em 1962e 1963, oSantosconquistouseusprimeirostítulos decampeão dasAméricas edo Mundo

    Em pé: Ramiro, Zito, Feijó,Wilson, Manga e Formiga.

    Agachados: Tite, Jair, Pagão,Del Vecchio e Pepe, time

     bicampeão em 1955 e 1956

    REPRODUÇÃO/JULIANAKUCHARUK 

    FOTOSREPRODUÇÃO/JULIANA KUCHARUK 

  • 8/19/2019 Primeira Impressão Unisanta - Santos FC

    4/11

    GABRIEL SOARES

    O Santos Futebol Clube com-pleta no próximo dia 14 de abril100 anos de história. O clube éconsiderado um dos maiores doBrasil. Dentre suas principaisconquistas estão o bimundial eo tricampeonato da Libertado-res da América, conquistado noano passado. Durante esse sécu-lo de vida, passaram pelo alvi -negro craques como Zito, Pepe eo atleta do século, Pelé. Porém,não são apenas os atletas quetrouxeram alegrias e formarama história do clube. Sem a pre-sença de presidentes prossio-

    nais e competentes, nada dissoseria possível.Desde 1912, ano de funda-

    ção do clube, mais de 30 presi-dentes passaram pelo Santos etentaram de alguma forma dei-xar sua contribuição nesses 100anos de história.

    Abdul-HakSamir Jorge Abdul-Hak, que

    presidiu o clube de 1994 a 1999,conta que sua paixão pelo time

     já veio do berço. “Meu pai erasantista, acho que já nasci san-tista”, diz o ex-presidente.

    Dentre suas principais contri-buições, o ex-presidente apontaa reforma da Vila Belmiro. “Ogramado e a iluminação foramreformulados. A instalação doCentro de Treinamento Rei Pelétambém foi muito importante”,explica.

    Abdul-Hak, ao fazer um ba-lanço de sua gestão, garanteque seu maior acerto foram osinvestimentos na base. “O errofoi investir em treinador caro erenomado”, desabafa.

    Durante os cinco anos degestão, muitas histórias inte-ressantes ocorreram, mas elelembra especialmente de um

     jogo, em 1998, em Rosário, naArgentina, Na nal da CopaConmebol contra o RosárioCentral. “O estádio estava lota-do, 55 mil pessoas. Fomos rece-bidos com muitas pedras e ob-

     jetos. Não havia condições deentrarmos em campo. Avisei opresidente da Conmebol, Nico-lás Leoz, que não entraríamos

    em campo, que poderia dar otítulo ao Rosário, pois não jo-garíamos. A partida atrasoupor duas horas e meia e só jo-gamos com a garantia do pre-sidente Leoz. Ganhamos o jogoe fomos campeões. Na entregadas medalhas, o presidente daConmebol conversou comigo edisse que eu merecia as 12 me-dalhas”, conta.

    O ex-presidente consideraum absurdo pagar altos salá-rios. “Cada um ganha o que me-rece, mas não dá para entenderclubes gastarem mais do quearrecadam. O governo tambémcompactua com isso criando aLoteria. Esse dinheiro deveriaser empregado na saúde públi-

    ca”, desabafa.

    TeixeiraOutro ex- presidente do San-

    tos, Marcelo Teixeira, que pre-sidiu o clube por dois mandatos(1991 até 1993 e 2000 a 2009),cita como jogo mais marcantede sua gestão a vitória em cimado rival Corinthians, em 2002,que sagrou o Santos campeãobrasileiro. “O Santos vivia um

     jejum de títulos, a torcida já es-tava impaciente. Foi um marco.Além disso, voltamos a disputara Taça Libertadores da Améri-ca”, explica Teixeira.

    O ex-presidente está anima-do para o centenário do Santos,pelo menos nas quatro linhas.

    “A expectativa é muito positiva,o time possui Ganso e Neymar.Nenhuma equipe no mundo temdois jogadores dessa qualida-de”, comenta.

    Fora de campo, o ex-presi-dente não está tão entusiasma-do. “É preocupante o momentoque o clube atravessa. Precisade investimentos. Na minhagestão, já havíamos até pré-agendado um jogo contra a se-leção brasileira para comemoraro 100º aniversário. Hoje, esta-mos a menos de um mês e faltadivulgação. O Santos mereciamais”, lamenta.

    A respeito das duas estrelas

    do Santos, Neymar e Ganso, Tei-xeira é ainda mais taxativo. “Sãofora de série. Eles se completam.São criados no clube e têm amorpelo Santos. Ganso teve algu-mas lesões, que o atrapalharam.Neymar apresentou um amadu-recimento muito grande. Daquia alguns anos, estarão muitoacima dos jogadores que forameleitos o melhor do mundo nosúltimos 10 anos”, arma.

    Ao apontar as contribuiçõesdadas por sua administração,Teixeira aponta o resgate daidentidade do torcedor com oclube. “Houve uma reestrutu-ração de todos os departamen-tos, especialmente do futebolprossional. Antes, o clube eraadministrado de forma amado-ra. Prossionalizamos o futebol,além de aumentar o patrimôniodo clube”, naliza Teixeira.

    Samir Abdul-Hak, à esquerda, presidiu o Santos de 1994 até 1999. Já Marcelo Teixeira foi presidente do clube em dois mandatos 

    CAIO AUGUSTO

    O Santos Futebol Clube temem seu histórico inúmeros joga-dores que marcaram gerações.Porém, um time não é feito so-mente de estrelas, mas tambémde conquistas.

    Atualmente, o time da Vilatem 92 títulos ao longo de suahistória. Alguns são lembrados,outros não, mas sem perder odevido valor.

    Dentre todos os títulos, épossível destacar os principais,que são: três Libertadores daAmérica, dois Mundiais Inter-clubes e oito títulos do Campe-onato Brasileiro.

    O primeiro caneco erguidopelo clube foi o do CampeonatoSantista, disputado em 1913.Nesse torneio participaram,também, os seguintes times:América, Escolástica Rosa eAtlético. O Santos saiu cam-peão invicto nos seis jogos emque se deu o campeonato, com35 gols pró e apenas sete con-tra. Esse mesmo título foi ob-tido, novamente, em 1917, mas

    na ocasião o clube jogou com onome de União FC.

    LibertadoresOutra grande conquista foi a

    de ser o primeiro time brasileiroa ganhar a Copa Libertadores

    da América, em 1962. A equipedisputou a nal com o Boca Ju-niors, da Argentina. No primei-ro jogo da nal ganhou de trêsa dois, em partida disputada noMaracanã. Na segunda partida,o Santos venceu, em Buenos Ai-res, por dois a um, sagrando-secampeão.

    O segundo título da Liberta-dores veio no ano seguinte, em1963. A nal foi disputada com oPenãrol, do Uruguai. Na primei-ra partida, o Santos venceu, emMontevidéu, por dois a um. Nasegunda partida, na Vila Belmi-ro, uma surpreendente derrotapor três a dois em razão de umacomplicada arbitragem, queencerrou o jogo na metade dosegundo tempo, embora o San-tos tivesse obtido o empate notempor normal. Alegando faltade segurança no estádio, o juizencerrou, na súmula, a partidaquando ela era ainda disputada.

    Na terceira e última partida,disputada em campo neutro, emBuenos Aires, o time conseguiusair vitorioso ganhando de trêsa zero, com dois gols de Pelé e

    um gol contra marcado pelo jo-gador Omar Caetano.

     Mundial Interclubes

    Dos dois Campeonatos Mun-diais Interclubes que disputou,existe um que pode ser bastan-

    te especial aos santistas, já queele foi conquistado no Brasil.A conquista de 1963 aconteceuno estadio do Maracanã, comum público de mais de 130 milpessoas. A nal ocorreu contrao Milan e, no primeiro jogo, emMilão, uma derrota por 4x2.No segundo jogo, no Maracanã,uma vitória pelo mesmo placar:4x2. No terceiro e último jogotambém no Maracanã, uma vi -tória por 1x0, com um gol depênalti.

    O jornalista Jairo Sérgio deAbreu Campos, que esteve nes-sa nal, fala da tensão e depoisda alegria que foi ver o seu time

     jogar, “Foi uma nal bastantetensa, mas, quando saiu o golde Dalmo Gaspar, a torcida foi àloucura. Faltando cinco minutospara acabar a partida, o estádiointeiro veio a gritar - é bicam-

     peão, é bicampeão é bicampeão”.Campos contou como acon-

    teceu dele parar no Rio de Ja-neiro, para ver o Santos. “Co-meçou com o meu pai que faloupara mim e para o meu irmãoque iríamos à cidade, se o time

    vencesse a segunda partida con-tra o Milan. O Santos ganhoue fomos para o Rio de Janeiro.Para ir até a cidade maravilho -sa pegamos um taxi, já que eramais barato para a época. Fica-mos em um hotel no Flamen-

    go e dormimos no quarto dosfuncionários já que estava tudolotado nos outros hotéis”. Emoutro momento, Jairo se recor-da das várias pessoas que iam àpraia muitas delas da cidade deSantos, “Encontrávamos gentedo bairro do Boqueirão em ple-na Copacabana, além de váriastorcidas dos outros times, todosreunidos”.

    Já no campeonato de 1962, anal ocorreu contra o Benca dePortugal. Dois times de línguaportuguesa iriam se enfrentarem campo. O primeiro jogo foino estádio do Maracanã, ondeo Santos ganhou de 3x2. Nosegundo jogo que foi disputadoem Portugal, no estádio da Luz,o time da Vila goleou o Bencapor 5x2, jogo considerado pormuitos como a maior exibiçãodo Rei Pelé.

    O estudante de JornalismoPedro Comin se declara santistafanático tanto que, em sua pri-meira comunhão, queria esga-nar o padre. ”Ele não parava defalar e eu querendo ver a nal doCampeonato Brasileiro de 2002.Não aguentava mais car ali”.

    Dentre os títulos que o timetem atualmente, Comin dá des-taque para dois que ninguémacreditava que o Santos pudesseconquistar. “Nos títulos do Pau-listão, de 2006 e 2007, ninguémacreditava que podíamos sercampeões, falava-se que o timeera ruim e não estava prepara -

    do. Mas, ao contrário, saímosbicampeões paulistas”.

    Ele lembra, ainda, que o tri-campeonato da Libertadores,de 2011, foi muito importanteporque desde 1963 o Santos nãovencia essa disputa.

    Desde 1913, noventa e trêstítulos ao longo da história

    Galeria de Troféus na Vila Belmiro: 92 títulos em 100 anos 

     THAIGO COSTA

    Presidentes que ajudaram aescrever a história do Santos

     Marcelo Teixeira e Samir Abdul-Hak, ex-presidentes do Santos Futebol Clube, contam histórias que marcaram suas administrações 

    Edição e diagramação: Igor Augusto

    PRIMEIRA IMPRESSÃO • Março de 2012

    Em pé: Feijó, Dalmo, Zito, Fioti,Urubatão, Manga, Laércio, Hélvio eGetúlio. Agachados: Dorval, Hélio,Alvaro, Afonso, Pagão, Guerra, Pelé,Pepe e Macedo (massagista)

    6

    IVANBAETA/REPRODUÇÃOIVANBAETA

    Eles fizeram história no Santos Além de terem sido bons de bola, os ex-jogadores Zito, Edu, Clodoaldo e Manoel Maria são craques

    também em contar boas histórias 

    LUCAS MOURA 

    “Nascer, viver e no Santosmorrer / É um orgulho que nemtodos podem ter” . O orgulho deter vivido e feito sua história noalvinegro praiano eles ostentamcomo a maior vitória de suascarreiras. E não é para menos,

     já que são guras até hoje lem -bradas pelo futebol majestosoque apresentavam em todos osgramados do mundo.

    Edu, Clodoaldo e ManoelMaria demonstraram alegriade terem feito parte dessa his-tória que está completando umséculo. Todos eles começarammuito jovens no time prossio-nal, principalmente o sorridenteEdu, que fez sua estreia pros -sionalmente aos 15 anos e, aos16, já estava em uma Copa doMundo, a de 66.

    Apesar da diculdade quetodo garoto enfrenta no começode carreira, Edu teve bastanteajuda do Rei, que era amigo desua família e o trouxe para San-tos para fazer um teste, aos 14anos. “Minha irmã falou para oPelé que eu jogava bem. Então,vim para a Cidade fazer o testenas férias escolares de 64 e fuibem, mas só vim a jogar aquimesmo no ano seguinte”, diz.O brilho no olhar ao falar dotempo em que proporcionava àtorcida grandes alegrias caevidente e deixa transparecer asaudade da época de jogador.

    Substituir os já consagradospontas-esquerdas Pepe e Abelnão foi fácil. A primeira opor-tunidade de exibir seu futebolno time prossional foi no jogocontra o Bangu, no Maracanã,em 65. Edu não decepcionou aaposta do técnico Lula e marcou

    dois gols – o segundo driblando

    Clodoaldo, conhecid o como Corró, teve a missão de substituir Zito no elenco. Me smo com 17 anos na sua estreia, conseguiu gravar o nome na história 

    Edu fez o seu primeiro jogo prossional aos 15 anos 

    toda a zaga do Bangu – e come-çou a cravar seu nome na histó-ria do Santos.

    Clodoaldo teve uma missãomais difícil ainda, que foi mos-trar que podia suprir a aposen-tadoria de Zito, grande capitãodo Santos. A tarefa poderia serdas mais complicadas, porém

    Corró – como é conhecido pe-los amigos – teve muita ajudado próprio Zito no começo.Segundo ele, essa experiênciadeu mais tranqüilidade paraapresentar todo seu potencial.

    Mesmo com apenas 17 anos,ele brilhou com a camisa san-tista. “Foi um orgulho duploque eu tive. O primeiro de ves -tir a camisa que foi do Zito portanto tempo e o outro de ter

     jogado no Santos ao lado detantos craques consagrados”,diz. As inúmeras histórias vi-vidas no clube revelam que,além do belo futebol, a convi-vência nesse grupo fantásti-co os ensinou muito mais que

     jogar bola. Todos concordamque Pelé, além da genialidadeem campo, tinha a simplicida-de de passar sua experiênciaao orientar os mais jovens.

    Já Manoel Maria chegou aoSantos em 68 para jogar numtime que tinha uma base for-mada por jogadores experien-

    tes e de seleção. Sua chegadafoi a pedido de Zito, que o viu

     jogar pela sel eção pré-o límpicae pediu ao Santos que o con-tratasse junto ao Tuna Luso.Como todo jogador que vemdo interior ou de outro Esta-do, o sotaque é o grande desa-fio e ‘Mané’ sofria muito com

    as brincadeiras dos outros jo-gadores. “No começo haviamuita brincadeira, mas depoisfui pegando a malandragem enão caia tanto no que os maisexperientes falavam”, diz.

    Brincadeiras

    Algumas histórias são lem-bradas pelas “pérolas” que ospróprios jogadores apronta-vam ora com os mais experien-tes, ora com os novatos –, masa amizade é a maior alegria detodos. Edu, por exemplo, lem-bra das diversas viagens inter-nacionais que fez com o time,principalmente um amistoso emIstambul, na Turquia, contra oFernerbahce.

    Como de costume, o jogadorfoi a campo para ver como esta -va o gramado, o clima do está -dio. “Naquele dia, subi e queina boca do túnel, próximo aogramado, mas, como o jogo eraà noite e a luz não era das me-lhores, a torcida me confundiucom o Pelé. Como eu não queriadecepcionar o público entrei naonda e fui até o meio-de-campoacenar para a torcida, que coumuito feliz. Quando voltei parao vestiário, o Rei perguntou oque eu tinha feito e começou arir, pois sabia que eu tinha feitoalguma brincadeira”, recorda,com um sorriso.

    Não menos engraçada foi ahistória de Clodoaldo. Ele con-tou sobre sua primeira viageminternacional com o alvinegro.“Nessa viagem, o pessoal se jun -tou para me zoar. Como eu via -

     java pela primeira vez de aviãoe não sabia que a comida era degraça, o Pelé foi me mostrandoum papel que estava em brancoe disse que era a conta e que eutinha que pagar. Como não sa-bia, dei o dinheiro para pagar”,lembra. Ele mesmo diz que de-pois foi pegando experiência enão caiu mais nas pegadinhasdos jogadores mais velhos doelenco.

      Delegado de TaubatéPara comandar tantos cra-

    ques em campo, nada melhorque o craque do delegado. Zitoera quem comandava o timeem campo e passava todas asorientações do técnico Lula aopessoal em campo. A chegada

    dele ao Santos foi uma indica-ção do então delegado de Tau-baté – cidade onde Zito nasceu ecomeçou no futebol – que haviasido transferido para Santos efalou para os diretores do clube,que procuravam na época um

     jogador com perl de lideran-ça. Além de ser um dos maioresnomes da história santista, é oeterno capitão, pois dava bron -ca em todos do time, em quem,por exemplo, perdia o foco do

     jogo. Pelé, inclusive, recebia eatendia às broncas de Zito.

    Ele tinha carta branca deLula para comandar o time damelhor forma possível dentro etambém fora das quatro linhas.“Sempre ajudava os jogadoresquando eles tinham problemas.Se o cara precisava de mais di -nheiro ou se estava jogando beme merecia, eu falava com os dire -tores para darem um aumento”,diz. Segundo ele, falar com osdirigentes e cobrá-los nunca foiproblema algum.

    Entre as muitas lembrançasde Zito, a maior delas foi o jogocontra o Palmeiras. Naquele

     jogo depois da ampla vantagemque o alvinegro abriu no pri-meiro tempo – 5 a 2 – Zito co-mentou com Pepe a saída para ovestiário: “Hoje vamos golear oPalmeiras, vamos meter dez ne-les!”, lembra.

    Mas o jogo não foi como eleimaginava, pois o Palmeiras vi-rou o jogo no segundo tempopara 6 a 5. “A gente cou espan-tado com a virada do Palmeiras,mas tivemos uma baita sorte.Pois foi nesse jogo que o Pepe fezum gol de cabeça pela primeiravez e ainda um gol de pé direitoque não era o bom. Assim, vira-mos para 7 a 6”, conta.

    E Pelé parou a guerra no CongoA história contada por mui-

    tos e veiculada em jornais daépoca pode até parecer um pou-co contada pelos mais velhospara valorizar ainda mais aimagem do Rei. Mas engana-sequem não acredita nela.

    O fato é que Pelé parou umaguerra civil. Em 1969, o timesantista excursionava pela Áfri-ca e fez uma parada em Léo-poldville, no Congo belga – atu-al República Democrática doCongo – para realizar dois jogosamistosos contra o time local.

    O ex-ponta-esquerda Educonta que quando chegaram àcidade, quase no m da tarde,as luzes das casas estavam todasapagadas. “Quando chegamosao hotel, perguntei ao recep-cionista o porquê de as luzesestarem apagadas e ele me res-pondeu que era para dicultar avisão do inimigo”. Já Clodoaldolembra como foi a noite antes do

     jogo. “Fomos dormir preocupa-dos com a situação”, relembra.

    Mas, segundo eles, o jogo foiuma grande festa e todos ado-raram ver o Rei jogar. “Depoisque fomos embora o ‘couro’ vol-tou a comer na cidade, mas pelomenos demos um pouco de ale-gria para aquelas pessoas”, dizEdu.

    Didi, o cabeleireiro do ReiDidi é uma gura importan-

    te na história do Santos, pois,além dos mais de 50 anos nomesmo ponto em frente à Vila,é a pessoa responsável pelo cor-te do Rei. Em todos estes anos,ele mantém a mesma dedicaçãocom o corte de todos que vão aolocal.

    Além do Rei, outros ex-joga-dores também vão cortar o ca-belo ou fazer a barba com Didi,como são os casos de Zito, Pepee Mané Maria. Todos elogiam ahistória de Didi com o Santos,como é o caso do ex-presidenteda extinta torcida organizadasantista Tusa, Joel. “Esse cara éa verdadeira história do Santos.A diretoria atual deveria inves -tir nele como garoto-propagan-da e não no Neymar”, frisa.

    Mesmo com isso, Didi conti-nua como sorriso alegre e a mes-ma disposição de sempre, espe-rando que o Santos lhe tragacada vez mais alegrias.

    Edição e diagramação: Cauê Goldberg 

    PRIMEIRA IMPRESSÃO • Março de 2012 7Coutinho vence Sullyem partida contrao São Paulo

    IVANBAETA/REPRODUÇÃO

    IVANBAETA/REPRODUÇÃO

  • 8/19/2019 Primeira Impressão Unisanta - Santos FC

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    Esporte sem preçoConheça a história de cinco atletas que defenderam o Santos Futebol Clube

     e não ganharam nada por isso, a não ser a satisfação de jogar 

    THAÍS MORAES MACEDO

    Em um tempo em que jogarfutebol proporciona fortunasque podem equivaler a prêmiosmilionários de loteria, é de es-pantar saber que já houve épo-cas em que atletas promoviamgratuitamente os nomes de clu-bes. Jogavam apenas pelo amorao esporte. E, ao contrário doque se lembra quando se fala doSantos Futebol Clube, a modali-dade em questão não é o futebole o gênero também não é o mas-culino.

    O ano é 1947. As meninaseram criadas para serem mãese esposas exemplares. Não que

    isso fosse algo ruim, mas algu-mas delas queriam ser mais doque isso. Queriam ser esportis-tas. Foram as primeiras Sereiasda Vila.

    Na entrada da casa próximaà Vila Belmiro, ao avistar o sím -bolo no tapetinho da porta, jádá para perceber que ali morauma torcedora santista. E nãopodia ser diferente. LaurindaTeixeira Marianni, hoje com 81anos, dedicou muitos anos desua vida ao clube. Aos 17 anos,morava em frente ao campo doSantos e sempre acompanhavaos pais aos jogos de futebol. Aosaber que havia uma escolinhade basquete feminino, resolveuse inscrever. “A princípio, erauma brincadeira, um lazer”,lembra.

    E o esporte era totalmenteamador. Não havia incentivo al-gum, mas sim muita vontade de

     jogar. Os uniformes eram con-feccionados pela mãe de Lau-rinda, Irene do Couto Teixeira,que também era a diretora dadelegação feminina. O pai, JoséNeves Teixeira, foi adminis-

    trador do Santos. Por estaremenvolvidos diretamente com oclube, Laurinda sempre recebeuincentivo dos pais para a práti-ca esportiva.

    A camisa 10 jogou duran-te quatro anos. “Parei de jogarquando casei, com 22 anos. Mas,em uma ocasião, faltou gente efui jogar com meu lho de colo.Levei até mamadeira para aquadra”, diverte-se.

    Paixão multiplicadaRuth Pereira de Macedo era

    uma das moças mais altas daépoca. Com 1,72 m, a jovemnascida em Cubatão teve o pri -meiro contato com uma bola debasquete na quadra da fábricaonde seu pai trabalhava, no queseria hoje o Parque Anilinas.

    No entanto, quem viu quea menina tinha talento parabola ao cesto foi seu professorde Educação Física, Guaraná,que ministrava as aulas no Co-légio Canadá, em Santos. Foi elequem encaminhou Ruth para oSantos, em 1948.

    “Eu sempre gostei muito de

    vários esportes. Mas escolhi obasquete porque foi a primeiraoportunidade que apareceu”,diz, lembrando que escolher seresportista exigiu alguns gastose esforços. Era necessário pe-gar um ônibus de Cubatão aoCentro de Santos e, depois, um

    Edição e diagramação: Cauê Goldberg 

    PRIMEIRA IMPRESSÃO • Março de 20128

    bonde que a levava até a Vila. Acondução era paga por seu pai.

    Seu primeiro treinador foiOscar da Silva Musa, avô doatual secretário de Esportesde Santos, Paulo Musa. Coma posição denida, pivô, Ruthpassou a se destacar entre asdemais jogadoras. Assim comoalgumas colegas de time, Ruthtrabalhava durante o dia e trei-nava à noite. Quando ocorriamos jogos, era dispensada do tra-balho. “Fazíamos esporte porprazer, por amor à camisa”, diz.

    Pelo empenho no time doSantos, assim como Laurinda,Ruth também foi para seleçãosantista, sendo campeã dos Jo-gos Abertos do Interior, em1948. No ano seguinte, a jovemcubatense também passou a dis-putar outra modalidade: o vô-lei, modalidade em que atuavacomo atacante.

    “O técnico de voleibol achouque eu tinha jeito para o esportee me chamou para jogar. Achoque por eu ser uma das atletasmais altas do Santos naquelaépoca”. Quando perguntadaqual modalidade preferia, Ruthnão tem dúvida: “Eu gostavados dois. O importante era jo-gar”.

    Ao contrário dos dias de hoje,quando os atletas costumamsofrer lesões, era incomum queos esportistas sofressem algumtrauma. A quantidade de trei-nos era muito menor e os exer-cícios feitos dentro da quadra.Outra diferença gritante eramos meios de locomoção. Noscampeonatos estaduais, as equi-pes viajam de trem e passavamlongas horas dentro dos vagõesantes dos jogos.

    Na época, apenas os jogado-res de futebol eram encaradoscomo prossionais, já que ga-nhavam pela prática esportiva.“Outra diferença é que pararepresentar uma cidade, era ne-cessário que o atleta morasse há

    pelo menos seis meses no muni-cípio. Eu pude participar por-que trabalhava em Santos”.

    Ruth também defendeu a se-leção brasileira em 1952 e 1954.Em todos esses anos, represen-tou Santos em nove edições dosJogos Abertos e foi campeã por

    seis vezes, entre as duas moda-lidades. Apesar de não gostarmuito de futebol, a atleta vete -rana tem grandes motivos paranão esquecer o Santos. Foi láque conheceu seu marido Plu-tão de Macedo, com quem coucasada por 48 anos e teve doislhos. Plutão foi seu treinadorde 1952 a 1955.

    Mudança de hábitoRuth e Laurinda conhece-

    ram-se na juventude e distan -ciaram-se por circunstâncias davida. Depois de muito tempo,reencontraram-se. Atualmente,o encontro é feito semanalmen-te.

    A reunião ocorre sempre àsquartas-feiras à tarde. Elas emais um grupo composto deex-esportistas e não esportistasparticipam do Coral de Espor-tistas Veteranos. Os ensaios sãorealizados no Centro de Memó-ria De Vaney, na Ponta da Praia

    Direto de Franca

    Outra precursora no esportee na vida prossional foi CéliaFranchini, de 82 anos, tambémcompanheira de Ruth e Laurin-da no time feminino de basquetedo Santos. Nascida em Franca,aos 12 anos, começou a compe-tir no Interior. O talento para oesporte foi descoberto cedo peloprofessor de Educação Física.

    Assim que terminou o EnsinoMédio foi para a Capital estudarNutrição e acabou jogando noTietê Clube. Após se formar, em1950, foi trabalhar no Sesi, emSantos. O diretor da entidade,ao saber que Célia jogava bas-quete, convidou-a para inte-grar a equipe do Santos. “Acei-tei o convite na hora. Escolhivir para Santos justamente porcausa do esporte”, recorda.

    Célia seguiu jogando porquase seis anos, alternando en-tre a nutrição e o basquete. Naposição de armadora, foi capitãdo time e também participouda seleção santista. “Era umasatisfação jogar. Fazia isso comprazer”.

    Mono grandeTalvez se não fosse um pé de

    pitanga, a trajetória de Mono

    não teria sido a de jogador debasquete. Não se sabe. Mas quea árvore ajudou, ajudou. Quan-do veio de Guariba, cidade noInterior de São Paulo, Mono ti-nha 11 anos. Chegou a São Vi-cente com a família e foi morarem um cortiço colado ao Clubede Regatas Tumiaru, no centroda Cidade. No quintal, haviauma pitangueira.

    “Minha mãe não me deixavabrincar na rua, cávamos eu emeu irmão olhando da árvore opessoal jogar basquete”, conta.E foi também essa prática quedeu a Milton José Ribeiro esseapelido: “Eu era o mono grandee meu irmão o mono pequeno.Mono quer dizer macaco, daía comparação com os meninosque cavam sobre os galhos”.O apelido virou uma marcaapenas para ele, pois o irmãoera chamado de Dé, ex-lateral--esquerdo da Portuguesa santis-ta, do Palmeiras e do Santos, jáfalecido.

    Um dia faltou gente no timee Mono foi chamado para jogar.Não parou mais. Assim que co-meçou a se destacar nos treina-mentos, mudou para a categoriade base. Na época, treinava des-calço e faltou a muitos jogos.

    Com 1,93 m, Mono sempre jogou na posição de pivô. Aos19 anos, foi para São Carlos,onde permaneceu por quatroanos. Em 1962, ao voltar paraSão Vicente, recebeu o convitedo Santos para integrar o timede basquete.

    Na época, não recebia salárionem ajuda de custo e dividia otempo entre as quadras e o tra-balho como guarda portuáriona Companhia Docas de Santos.Lá se juntou a um time formadopor novos atletas. “O Santos erao melhor time da Cidade. E otreino já era mais voltado parao prossional”.

    Permaneceu no clube até1970, quanto a equipe termi-nou. Na seleção santista, jogouaté 1974. Após encerrar a car-reira como jogador, foi árbitro ese formou na Faculdade de Edu-cação Física de Santos (Fes).Formou-se com Pelé e EmersonLeão, atual técnico do São Pau-lo. “Éramos uma classe forma-

    da por esportistas. Pelé era umexcelente aluno e não aceitavaregalias”, lembra.

    Hoje, com 74 anos, Monoé coordenador de Esportes daUNISANTA, onde já trabalhoucomo professor de Educação Fí-sica, treinador do time de bas-quete feminino e supervisor dotime masculino. Foi Mono tam-bém quem criou os Jogos Uni-versitários da UNISANTA, queestão em sua 29ª edição.

    Dupla habilidadeLá pelos seus nove anos, José

    Oswaldo da Fonseca Marcelinoia com frequência à Vila Bel-miro. Mas não era para assis-tir a uma partida de futebol,assim como os outros meninosfaziam. Zé, como era chamadona época, frequentava o lugarporque sua mãe era cozinheirano restaurante do clube. Nessesacompanhamentos, conheceu aescolinha de basquete e, conse-quentemente, o técnico da equi-pe, Ayrton José de Araújo.

    Com o apelido de Fu Man-chu, o treinador, após conhecerZé, comentou que o menino ti-nha um estilo de jogo italiano.O Zé saiu da quadra e deu lugarao Negrelli. “Acho que indepen-dente do esporte que escolhi, seeu tivesse treinado outra moda-lidade, provavelmente, tambémteria me destacado. O pessoalda minha geração tinha aptidãopara o esporte. Nossas habili-dades motoras eram muito bemdesenvolvidas por causa dasbrincadeiras na rua”, conta.

    Nos anos de 1962, 1963 e1964, Negrelli foi campeão mi-rim pelo Santos. E antigamenteos campeonatos eram acirrados,pois havia praticamente umclube por bairro. São Vicente eGuarujá também participavamda competição. Entretanto,quem conhece Negrelli sabe queo atleta ganhou fama em outramodalidade: o vôlei. Quando ti-nha 14 anos, em 1964, o técnicodo time adulto do Santos, Ro-berto Douglas Machado, quismontar uma escolinha de vôleie começou por convidar os joga-dores de basquete.

    Em menos de um ano trei-nando, Negrelli já havia in-gressado na seleção santista,tornando-se campeão brasileirono ano seguinte. Até os 18 anos,praticou as duas modalidades,atuando como pivô no basque-te e como atacante no vôlei. Em1967 e 1968, foi convocado paraa seleção paulista nos dois es-portes, mas a partir daí optoupor se dedicar apenas ao vô-lei. “Era impossível praticar osdois”, conta.

    Após participar da Olimpía-da de Munique, na Alemanha,em 1972, e formar-se na facul-dade em 1973, Negrelli tornou--se professor no Colégio Canadáe técnico do Santos e, assim,permaneceu até 1982. De 2008a 2011, voltou ao clube como di-retor de vôlei.

    Hoje, ensina a modalidadeem duas faculdades de Santos,na Fes e na Faculdade de Edu-cação Física e Esportes(Fefesp)da UNISANTA.

    Mono jogou basquete pela equipe santista de 1962 até 1970, ano em que a modalidade prossional foi extinta. Atualmente, é professor

     ThaísMoraes

    Foi esta equipe que, derrotando aPortuguesa de Desportos, conquistou otítulo de 1964. Em pé, da esquerda paraa direita: Lima, Zito, Haroldo, Ismael,Modesto e Gilmar. Agachados: Toninho,Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe

    SIMONE MENEGUSSI

    Completar cem anos de idadeé ter muita história para con-tar. Falar sobre o Santos Fu-tebol Clube e a época de ourodas emissoras de rádio é reviveruma época de glórias, simplici-dade e muito orgulho. Os radia-listas contemporâneos do ReiPelé, Vitor Moran, Orlando Josée Walter Dias, com suas memó-rias anadíssimas, contam his-tórias de personagens interes-santes e algumas passagens quetiveram a honra de vivenciar.

    Vitor Moran

    O comentarista esportivoVitor Moran, nascido no mes-mo ano em que Pelé (1940), emSantos, iniciou sua carreira naRádio Cultura de Santos, em1959. Apelidado de “peixe agu-lha”, devido ao seu porte físico,é considerado, pelo apresenta-dor esportivo Milton Neves, orepórter que mais entrevistouo Rei quando integrava a Equi-pe 1040 da Rádio Tupi, em SãoPaulo. Moran diz que narrar os

     jogos do Santos na década de 60era muito emocionante e o pa-drão técnico muito melhor.

    O radialista, que freqüentaa Vila Belmiro desde quando asarquibancadas eram de madei-ra, conta que, em 1953, o Santoscomeçou a campanha “Giganteda Vila”, para arrecadar fundospara a construção da arquiban-cada de concreto e aumento dasdependências do estádio. A cam-panha organizada pela diretoriapromovia espetáculos musicaise mantinha um parque de diver-sões na Avenida Ana Costa.

    Naquela época, era comuminterromper o jogo devido aoalagamento do campo pela águadas chuvas, comenta Moran. O

     jogo que cou marcado em suavida foi uma partida num sá-bado, à noite, em 1959, na VilaBelmiro, contra o Palmeiras: oplacar cou 7 x 3 para o Santos.“Nesta época, eu era apenas umtorcedor”, relembra Moran. “Osdois times eram muito bons, foium jogo com muitos gols e mui-ta emoção”.

    Já como prossional de rá-dio, Moran conta como foi aemoção que sentiu quando pelaprimeira vez entrevistou Pelé.“No jogo pela Taça Brasil, San-tos e América do Rio, Pelé es-tava batendo bola no meio docampo e havia sido avisado quedeveria dar uma entrevista paraa Rádio Cultura, mas eu não sa-bia. Estava no campo me prepa-rando quando vi o Rei corren-do em minha direção”, lembra.“Não estava acreditando no quevia. Esta foi a primeira de mui -tas entrevistas com o simpáticoe atencioso Pelé”.

    Segundo Moran, o time doSantos na década de 60 era mui-to disciplinado. “Era raro en-contrar algum atleta alvinegro

    nas noites santistas, mas, ante-cedendo estes jogadores, haviaum jogador, o Vasconcelos, queera boêmio, fugia da concentra-ção para ir às boates”, recorda.“Uma vez, durante o Carnaval,ele saiu fantasiado de xeique

    árabe pelo bairro do Gonzagae, quando levantava os braçospara saudar seus fãs, aproveita-va para dar uma cafungada namanga da camisa umedecida delança-perfume”, diz Moran, res-saltando que Vasconcelos foi o

     jogador que perdeu seu lugar notime, devido a uma fratura naperna, para Pelé. Moran conti-nua na ativa na Rádio Cacique.“Sempre temos o que comentarsobre o Santos e, quando não háo que dizer, a gente inventa”,ironiza.

    Orlando JoséOrlando José, também co-

    nhecido como Alemão, é santis-ta nascido em 1940. Iniciou suaprossão de radialista esporti-vo na Rádio Cultura de Santosem 1960. Diz-se um privilegia-do por ter iniciado sua carreirano auge do Rei Pelé. Com umamemória impressionante paradatas e nomes, Orlando contaa passagem de uma frustradaestreia na Rádio Atlântica, con-siderada na década de 50 e 60 omaior meio de comunicação lo-cal. Segundo Orlando, a Rá-dio Atlântica tinha o nome maisinuente da mídia na era pré-te-levisão. De dez rádios ligados,onze estavam sintonizados nogrande narrador santista roxo,Ernâni Franco. Após mal teriniciado na Rádio Cultura, re-cebeu um convite para integrara equipe mais famosa da Cidadena emissora concorrente.

    Feliz da vida, ele foi paraVila Belmiro cobrir o jogo entreSantos e Palmeiras, como re-pórter de campo. O jogo estava1x1 quando, de repente, o Pal-meiras sofreu um pênalti cla-ríssimo que o juiz não marcou.

    Ernâni Franco, que era torcedordeclarado do Peixe, anuncia emalto e bom som que nada haviaacontecido e o chama para con-rmar. Orlando estava próximoao lance com seu moderníssimomicrofone sem o, mais conhe-

    cido como “lata de azeite”, de-vido ao seu tamanho avantaja-do, comandado pela cabine deradialistas.

    ”Só deu tempo de responder – Professor, o pênalti é ou não é, eeste simplesmente foi! Até o nalda partida, percebi que meu mi-crofone havia sido desligado. Nonal do jogo, subi até a cabinepara saber o que se passava. Er-nâni Franco me recebeu e disseque adorava meu trabalho, masna rádio dele em primeiro lugarestava o Santos e, em segundo,Deus. Então, para mim, não ser -ve, disse-lhe, me despedi e volteipara Rádio Cultura”, recorda.

    O jogo que cou marcado emsua vida foi uma partida entreSantos e Benca, na Vila Bel-miro, no começo da década de60. Um amistoso em que a bolarolou 80 minutos sem parar. Oshow era estrelado por Dorval,Mengálvio, Coutinho, Pelé ePepe e o resultado acabou 3x2.“Foi o jogo mais emocionanteque já assisti até hoje, do come-ço ao m”.

    Excursionar com o time doSantos em jogos internacionaisera caríssimo, comenta Ale-mão. “Narrei alguns jogos naAmérica do Sul e um na Euro-pa: Santos e Sevilha, direto daEspanha, em 1980, vitória de 1x 0, com gol do Rubens Feijão”,conta.

    Na era do Santos pós-Pelé,o clube enfrentou diculdadesnanceiras, a ponto de não terdinheiro para comprar unifor-mes, relembra Orlando. O pre-sidente Rubens Quintas, queassumiu em 1978, não tinhadinheiro em caixa, mas conta-va com jogadores de base mui-to bons. Montou um time comos “Meninos da Vila”, tambémconhecido como “Time Discote-ca”, que conquistou o Campeo-nato Paulista em 1978. Segun-do o radialista, o período maisdifícil do Santos foi quando foipresidido por um presidente

    “são-paulino”, Miguel AssadMacool Filho, e por um “corin-tiano”, Manuel dos Santos Sá.

    Orlando compara a cober-tura jornalística do Santos dosanos 60 com a atual: “Quandoos jogos eram realizados no In-terior do Estado, todos iam jun-tos no mesmo ônibus: diretoria,

     jogadores, radialistas e jorna-listas se comunicavam com cer -ta intimidade”, diz, lembrandoque algumas entrevistas eramfeitas dentro do vestiário, o quehoje não acontece mais. “Atual-mente, existe uma guerra sórdi-da”, declara o radialista. Orlan-do José atualmente trabalha naTV Santa Cecília no programaEsporte por Esporte, como co-mentarista.

    Walter DiasWalter Dias, um dos radia-

    listas mais antigos da região,com quase 60 anos de rádio e75 de idade, continua na ativa.Continua conhecido por um slo-gan que sempre repetiu a cadagol: “Não tem conversa, bola nomeio do campo, é gol do Santos!Pegue a bola e mostre para atorcida! Está machucando o co-ração da torcida alvinegra!”

    No auge das conquistas doSantos nas décadas de 50, 60 e70, Dias era narrador na RádioCacique, Rádio Atlântica e foicorrespondente da equipe 1040da Rádio Tupi.

    Em sua opinião, um dos golsmais bonitos que viu foi o fa -moso gol de Pelé na Rua Javari,no estádio do Juventus, na Mo-óca, em São Paulo, no dia 2 deagosto de 1959, em jogo que oSantos venceu por 4 a 0. Wal-ter Dias, que narrou este jogo,garante que as imagens criadaspor computação gráca paramostrar o lance não condizemcom a realidade.

    “Quando Pelé tocava nabola, era vaiado pela torcidaadversária”, recorda. “Algumasimagens mostram que Pelé apli-cou chapéu em quatro adversá-rios, mas, na verdade, foramtrês”, conrma. “Lembro-meperfeitamente do lance: Couti-nho levantou a bola para o Pelé,que chapelou dois zagueiros e ogoleiro, sem deixar a bola cairno chão, enchendo o pé e man-dando a bola para o gol, gola-ço”.

    Outro lance espetacular, diz,foi o gol feito por Neymar em2011, escolhido pela Fifa comoo mais bonito do ano. Para o ra-dialista, Neymar tem tudo paraser o sucessor do Rei.

    Dias, ao recordar momen-tos inesquecíveis com o San-tos, lembra da maior gafe quecometeu no início da carreira.Naquela época, a comunicaçãonão tinha a facilidade de hoje.“Santos e América, de Rio Pre-to, no Pacaembu, jogariam às11 horas da manhã e eu estavatentando contato com o estúdiohavia uma hora, mas nada deconseguir”, conta. “Faltando15 minutos para início do jogo,quei nervoso e comecei a pro-ferir palavrões em alto e bomsom. O técnico de som havialigado o Projeto Minerva, pro-grama ocial, no meu retornoe colocou meu microfone no ar.Desculpei-me com a diretoriada Rádio Atlântica e o técnicoperdeu o emprego”.

    Apesar de viajar, na maioriadas vezes, com o time do Santose se hospedar no mesmo hotel,Dias comenta que nunca mis-turou o seu lado pessoal com oprossional. “A vida pessoal dedirigentes e jogadores do Santosnunca me interessou”, explica.

    Lembrando de momentosinternacionais do Santos FC,Dias localiza o jogo da sua vidaem 1965, quando passou 21dias no Chile, acompanhando ofabuloso time. Foi um jogo emque o Santos derrotou a seleçãoda Tchecoslováquia, antigo es-tado da Europa Central, por 6 a4. “Recordo que o Pelé fez trêsgols, Coutinho dois e o Dorval,um. O estádio Nacional de San-tiago lotado gritava o nome doPelé, foram dez gols e um show

    de bola”, conta.Walter Dias está atualmente

    trabalhando na Rádio CaciqueAM 1500, das 17h30 às 19 horase na TV Com Canal 11 às segun-das-feiras, das 12 às 13 horas,no Radar Esportivo.

    Vitor Moran é um dos radialistas mais antigos da Baixada Santist a ainda em atividade. Começou no rádio em 1959, aos 19 anos 

     Juliana kucharuk 

    No tempo da “lata de azeite”Vitor Moran, Orlando José e Walter Dias com seus microfones sem fio dos anos 60 não perdiam uma entrevista

    Time

    Discoteca

    Goleiros: Vitor e FlávioZagueiros: Antônio Car-los, Joãozinho, NetoLaterais: Dê, Fausto,Fernando, Gilberto Sor-riso, Nelsinho Baptista,ValdemirMeio-campistas: AíltonLira, Cardim, Clodoaldo,Gilberto Costa, NélsonBorges, Pita, Rubens Fei-

     jão, Toninho, Zé Carlos,Zé RobertoAtacantes: Célio, Claudi-nho, João Paulo, Juary eNilton Batata

     JULIANAKUCHARUK 

    Edição e diagramação: Igor Augusto

    PRIMEIRA IMPRESSÃO • Março de 2012

    9Pelé e Coutinho

  • 8/19/2019 Primeira Impressão Unisanta - Santos FC

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    Na vila famosa, o temido alçapãoO estádio Urbano Caldeira foi modernizado, oferece conforto e segurança aos torcedores, mas continua

     impondo temor aos adversários 

    FELIPE DOS SANTOS

    No dia 14 de abril, o time doSantos Futebol Clube comple-tará 100 anos de uma históriade alegrias, tristezas e fortesemoções vividos pela imensanação do alvinegro praiano.

    Neste importante ano de2012, o estádio merece ser des-tacado. Assim como todos os

     jogadores que z eram e fazemparte da vida do Peixe, o Alça-pão da Vila, também, é um des-tes importantes personagens.

    A Vila Belmiro impressionapor sua estrutura. Hoje, coma capacidade de aproximada-

    mente 18 mil pessoas (por mo-tivos de segurança) o apertado,entretanto confortável estádioestá entre os mais belos do Bra-sil.

    Seu gramado lembra um ta-pete verde junto às placas dosanunciantes que agora invademe alegram o espetáculo e os co-fres do clube.

    Os jornalistas se esprememe se empurram para conseguirfalar com os atletas. Os repór-teres não têm mais vida fácilna “nova Vila Belmiro”. Oshomens de preto da FederaçãoPaulista (que scalizam o an-damento da partida) cam emcima, não dão folga, exigem quesejam respeitadas as áreas de-signadas aos jornalistas, o quenão acontecia no passado.

    O moderno placar eletrôni-co (inaugurado em 20/8/2009)apresenta a escalação com fotosdos jogadores e os escudos dosclubes ganhando destaques, queoutrora eram manuseados, pelo“tio do placar”. Não é apenasa engenhoca de contabilizar osgols que foi modernizada, todo

    o estádio passou por um traba-

    Memorial: visita obrigatóriaJULIA BRANCOVAN

    Um local de respeito e degrande admiração dos santis-tas ou de apenas admiradoresdo Peixe. Isso é o que se podefalar do Memorial das Con-quistas do Santos FutebolClube, que ca anexo ao está-dio Urbano Caldeira. O espaçocom mais de 380 m² leva seusvisitantes a uma glamourosa everdadeira aula de história dotime.

    Com um acervo de mais de600 peças, o visitante se de-para com uma innidade dosmais variados tipos de troféus,fotos, âmulas, documentosociais, uniformes, bolas, apa-relhos de TV espalhados pelasvitrines mostrando grandeslances, e o CineGol, uma minis-sala de projeção que exibe aos

    visitantes uma edição especialcom as jogadas históricas doSantos.

    Sempre com o objetivo decontinuar a atrair visitantese trazer novamente aquelesque já o conhecem, o museupassa constantemente por umprocesso de renovação de seu

    acervo e estruturas. Em janei-ro deste ano, o ídolo e atacantedo Santos Neymar entrou maisuma vez para a história do clu -be, pois inaugurou o seu espa-ço reservado no Memorial dasConquistas, que reuniu jornaise TVs da grande imprensa doBrasil e do mundo.

    Para compor o espaço do jogador, está em exposição ostroféus Rei das Américas e ode Gol mais Bonito do ano de2011, o Prêmio Puskás. Hátambém fotos ampliadas e umaestátua feita de metal e pratado atacante. Até então, o único

     jogador que havia rece bido talespaço no Memorial havia sidoo Rei Pelé.

    Além de toda essa atrativi -dade que o Memorial das Con-quistas oferece, pode-se dizerque o local é não apenas um

    patrimônio histórico e culturaldo time alvinegro, como tam-bém um dos pontos turísticosmais importantes da cidade deSantos.

    Para se ter uma ideia, recen-temente o site ocial do clube(www.santosfc.com.br), di-vulgou que o espaço do maior

    atacante das Américas recebeusó no mês de sua inauguraçãocerca de 26 mil pessoas. A mar-ca ultrapassou a que já haviasido registrada em janeiro doano passado, quando recebeu18.963 visitas.

    Mas quem pensa que o Me-morial das Conquistas recebeapenas torcedores do Santosestá muito enganado.

    “Sempre venho a Santos,mas nunca tinha vindo ao Me-morial. Vim com meu marido,minha irmã e meu cunhado emeus dois lhos para cá. Nóssomos corintianos, mas os meuslhos adoram o Neymar, entãovim mostrar para eles a TaçaLibertadores e a estátua do jo-gador. É muito emocionante es-tar aqui e ver a quantidade deconquistas que o Santos tem,as crianças adoram”, arma a

     jovem dona de casa Márcia Nu-nes dos Santos, de 33 anos, deSorocaba.

    Morador da cidade, o enge-nheiro aposentado André deMelo Torraldo é santista roxo,assim como a mulher e a sogra.Ele conta que visita o Memo-rial constantemente, por morar

    próximo da Vila Belmiro. Mas,dessa vez, levou os pais Reginae Manuel, que vieram da cidadede Braga, em Portugal. “Paramim é emocionante rever es-sas imagens. Não importa qualtime você torça, Pelé sempreserá inesquecível”.

    De fato, quem visita o Memo -

    rial das Conquistas do SantosFutebol Clube acaba gostando,independente de ser torcedor doSantos. O museu oferece visitascomuns (com acesso às depen-dências do museu e ao CineGol),que acontecem diariamente das9 às 18 horas. Há também visi -tas monitoradas que são realiza-

    das de hora em hora entre 9 e 17horas. Esta dá acesso ao museu,à sala de imprensa, aos cama-rotes, arquibancadas e área ex-terna dos gramados, vestiáriosdos jogadores e ao centro de im-prensa Armando Gomes. O pas-seio é muito indicado a gruposde turistas, famílias e escolas,

    e tem duração de aproximada-mente 40 minutos e os ingressoscustam de 5 a 10 reais Quemquiser pode agendar a visita oucomparecer à rua Princesa Isa-bel, nº 77, Vila Belmiro, duran-te o horário de funcionamento.Para agendar é só ligar para(13) 3257-4099 e 32257989l.

    lho de modernização.O estádio Urbano Caldeira,

    conhecido como Vila Belmiro,foi construído em 1916. O Alça-pão da Vila, como alguns prefe-rem chamá-lo, ca à Rua Prin-cesa Isabel, 77.

    Logo após sua fundação, oPeixe realizava seus treinos emum campo situado no bairro doMacuco. Como o gramado nãotinha as dimensões ociais mí-nimas, seus jogos eram disputa-dos no terreno onde hoje está aIgreja Coração de Maria, à Ave-nida Ana Costa.

    O campo, no entanto, erautilizado por outros clubes dacidade. Em 1915, a situaçãochegava a um limite, obrigandoo clube a rejeitar visitas de clu-bes internacionais, inclusive.

    Para resolver o problema,os dirigentes passaram a pro-

    curar terrenos na Cidade. Até

    que no dia 31 de maio de 1916,uma assembléia geral aprovou acompra de uma área de 16.500metros quadrados, no bairro daVila Belmiro.

    E no dia 12 de outubro da-quele ano, o sonho se tornourealidade com a inauguração dapraça de esportes da Vila Belmi-ro. O primeiro jogo foi realizado10 dias depois, contra o Ypi-ranga, válido pelo CampeonatoPaulista.

    Chamado carinhosamentede a vila mais famosa do mun -do, durante o período conhecidocomo “a era Pelé (1957-1974)em virtude dos adversários saí-rem derrotados com frequênciapelo time do Santos em casa, aVila Belmiro cou conhecidacomo “ Alçapão da Vila”.

    A denominação ocial surgiuem 1933, como uma homena-

    gem a um dos maiores benfeito-

    res do clube, Urb