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Marcela Pfeiffer
PROCESSAMENTO AUDITIVO E POTENCIAIS EVOCADOS
AUDITIVOS DE TRONCO CEREBRAL (BERA)
Orientadora: Profª Drª Silvana Frota
Rio de Janeiro
2007
Dissertação apresentada ao curso de Mestrado Profissionalizante em Fonoaudiologia da Universidade Veiga de Almeida, como requisito parcial para obtenção de grau de Mestre. Área de concentração: Audiologia
UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA
SISTEMA DE BIBLIOTECAS Rua Ibituruna, 108 – Maracanã 20271020 – Rio de Janeiro – RJ Tel.: (21) 25748845 Fax.: (21) 25748891
FICHA CATALOGRÁFICA
Ficha Catalográfica elaborada pela Biblioteca Setorial Tijucal/UVA
P526p Pfeiffer, Marcela
Processamento auditivo e potenciais evocados auditivos de tronco cerebral (BERA) / Marcela Pfeiffer, 2007.
70 p; 30 cm. Disser tação (Mestr ado) – Univer sidade Veiga de
Almeida, Mestrado em Fonoaudiologia, Audiologia, Rio de Janeiro, 2007. Or ientação: Silvana Maria Monte Coelho Frota
1. Fonoaudiologia 2. Audiologia. 3. Potenciais evocados auditivos do tronco encefálico. I. Frota, Silvana Maria Monte Coelho (orientadora). II. Universidade Veiga de Almeida, Mestrado Profissionalizante em Fonoaudiologia, Linguagem. III. Título.
CDD – 616.855
MARCELA PFEIFFER
PROCESSAMENTO AUDITIVO E POTENCIAIS EVOCADOS
AUDITIVOS DE TRONCO CEREBRAL (BERA)
Aprovada em 28 de setembro de 2007
BANCA EXAMINADORA
Profª. Liliane Desgualdo Pereira Doutora
Universidade Federal de São Paulo UNIFESP
Prof. Ciríaco Cristóvão Tavares Atherino Doutor
Universidade de São Paulo USP
Profª. Silvana Maria Monte Coelho Frota Doutora
Universidade Federal de São Paulo UNIFESP
Dissertação apresentada ao curso de Mestrado Profissionalizante em Fonoaudiologia da Universidade Veiga de Almeida, como requisito parcial para obtenção de grau de Mestre. Área de concentração: Audiologia
Ao meu orientador pela competência e dedicação, aos professores que
participaram de forma indireta, mas de extrema importância, e às crianças que
colaboraram com muita paciência para que esta pesquisa fosse feita.
RESUMO
A presente pesquisa teve como objetivo verificar a relação existente entre os potenciais auditivos de tronco cerebral (BERA) e a avaliação comportamental do processamento auditivo. Esta foi realizada em um grupo de 60 meninas residentes de Paraíba do Sul na idade de nove a 12 anos. Todas as crianças da pesquisa deveriam apresentar respostas de limiares tonais dentro dos padrões de normalidade e timpanometria tipo A com presença dos reflexos acústicos contralaterais e ipsilaterais. Os testes que foram utilizados para a avaliação comportamental do processamento auditivo foram: a avaliação simplificada do processamento auditivo, teste de fala no ruído, teste de dissílabos alternados (SSW) e teste dicótico não verbal (Pereira e Schochat, 1997). Após a avaliação comportamental do processamento auditivo, as crianças foram subdivididas em dois grupos, G1 (não apresentaram alteração no processamento auditivo) e G2 (apresentaram alguma alteração na bateria de testes, independendo da categorização e do grau). Em ambos os grupos foram aplicados os potenciais auditivos de tronco cerebral. Os parâmetros que foram utilizados na comparação dos dois grupos foram latência absoluta das ondas I, III e V; latência interpicos das ondas IIII, IV, IIIV; diferença interaural da latência interpico IV; e diferença interaural da latência da onda V. Em nossos resultados encontramos diferenças estatísticas nos parâmetros de latência interpico das ondas IV na orelha esquerda (p=0,009), diferença entre orelhas direita e esquerda da latência interpico de ondas IV no grupo G2 (p=0,020) e diferença da latência interpico de ondas I e V da orelha direita para a esquerda entre os grupos G1 e G2 (p=0,025). Não encontramos relação dos potenciais evocados auditivos de tronco cerebral com a avaliação comportamental do processamento auditivo nos parâmetros de latência absoluta das ondas I, III e V em ambas orelhas, latência interpicos das ondas IIII em ambas orelhas, latência interpicos das ondas IV na orelha direita, latência interpicos das ondas IIIV em ambas orelhas, diferença interaural da latência interpico IV na orelha direita e diferença interaural da latência da onda V em ambas orelhas. Porém encontramos relação dos potenciais evocados auditivos de tronco cerebral com a avaliação comportamental do processamento auditivo nos parâmetros de latência interpico entre as ondas I e V da orelha esquerda e diferença interaural da latência interpico IV na orelha esquerda.
Palavras chave: percepção auditiva, audiometria de resposta evocada e crianças.
ABSTRACT
The objective of this study is to investigate the correlation of auditory
brainstem response (ABR) and behavioral auditory processing evaluation. Sixty girls,
from Paraíba do Sul, ranging from 9 to 12 years old were evaluated. In order to take
part in the study all of them should have normal hearing thresholds, type A
tympanograms and presence of contralateral and ipsilateral acoustic reflexes.
Behavioral auditory processing evaluation consisted of: sound localization, memory
for verbal and non verbal sounds in sequence, speech in noise test, SSW test and
nonverbal dichotic test (Pereira,Schochat 1997). After the behavioral testing children
were divided into two groups, G1 ( without auditory processing disorders) and G2
(with auditory processing disorders of any degree and categorization). All subjects
have undergone the register of auditory brainstem response (ABR). The groups were
compared using absolute latencies of Waves I, III, V and interpeak latencies IIII, III
V, IV and interaural difference of Wave V latency. Our results indicated statistical
significant differences considering interpeak latency in the left ear (p=0,009), in right
and left ears considering interpeak latencies for G2 (p=0,02) and in interpeak
latencies of waves I and V considering right and left ears between the groups G1 and
G2 (p=0,025). No significant differences were observed considering behavioral
auditory processing evaluation and absolute latencies of waves I, III and V in both
ears, interpeak latencies IIII in both ears, interaural difference of interpeak latency I
V in the right ear and interaural difference of wave V latency in both ears. However
significant differences were observed comparing behavioral evaluation and ABR
considering interpeak latency of waves I and V in the left ear and interaural difference
IV in the left ear.
Keyword: Auditory perception, audiometry evoked response, children.
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Mecanismos fisiológicos e processos gnósicos. p.11
Quadro 2 – Análise dos resultados dos testes e suas correlações com os
mecanismos fisiológicos auditivos e as habilidades auditivas alteradas.
P.12
Quadro 3 – Potenciais evocados auditivos de curta latências em adultos com
audição normal (HALL, 1992). P. 16
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Latência absoluta das ondas I, III e V dos grupos G1 e G2 na orelha
direita. p. 30
Figura 2 Latência absoluta das ondas I, III e V dos grupos G1 e G2 na orelha
esquerda. p. 32
Figura 3 – Latências interpicos das ondas IIII, IV e IIIV dos grupos G1 e G2 na
orelha direita. p. 34
Figura 4 – Latências interpicos das ondas IIII, IV e IIIV dos grupos G1 e G2 na
orelha esquerda. p. 36
Figura 5 – Amplitude das ondas I, III e V dos grupos G1 e G2 na orelha direita. p. 38
Figura 6 – Amplitude das ondas I, III e V dos grupos G1 e G2 na orelha esquerda. p.
40
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Análise estatística da idade segundo o grupo. p. 28
Tabela 2 – Valores de latência absoluta das ondas I, III e V dos grupos G1 e G2,
com a média, desvio padrão e mediana da orelha direita. p. 29
Tabela 3 – Valores de latência absoluta das ondas I, III e V dos grupos G1 e G2,
com a média, desvio padrão e mediana da orelha esquerda. p. 31
Tabela 4 – Valores de latência interpicos das ondas IIII, IV e IIIV dos grupos G1 e
G2, com a média, desvio padrão e mediana da orelha direita. p. 33
Tabela 5 – Valores de latência interpicos das ondas IIII, IV e IIIV dos grupos G1 e
G2, com a média, desvio padrão e mediana da orelha esquerda. p. 35
Tabela 6 – Valores de amplitude das ondas I, III e V dos grupos G1 e G2, com a
média, desvio padrão e mediana da orelha direita. p. 37
Tabela 7 – Valores de amplitude das ondas I, III e V dos grupos G1 e G2, com a
média, desvio padrão e mediana da orelha esquerda. p. 39
Tabela 8 – Média, desvio padrão e mediana das medidas de latência absoluta das
ondas I, III e V e latência interpicos das ondas IIII, IV e IIIV da orelha
direita dos grupos G1 e G2, subdividindo o grupo G2 em grau leve,
moderado e severo. p. 41
Tabela 9 – Média, desvio padrão e mediana das medidas de latência absoluta das
ondas I, III e V e latência interpicos das ondas IIII, IV e IIIV da orelha
esquerda dos grupos G1 e G2, subdividindo o grupo G2 em grau leve,
moderado e severo. p. 42
Tabela 10 – Média, desvio padrão e mediana da medida de amplitude das ondas I,
III e V da orelha direita dos grupos G1 e G2, subdividindo o grupo G2 em
grau leve, moderado e severo. p. 43
Tabela 11 – Média, desvio padrão e mediana da medida de amplitude das ondas I,
III e V da orelha esquerda dos grupos G1 e G2, subdividindo o grupo G2
em grau leve, moderado e severo. p. 44
Tabela 12 – Análise da diferença entre as orelhas da latência absoluta de onda V e
latência interpico de ondas IV para o grupo G1. p. 45
Tabela 13 – Análise da diferença entre as orelhas da latência absoluta de onda V e
latência interpico de ondas IV para o grupo G2. p. 45
Tabela 14 – Análise estatística da diferença direita e esquerda segundo os grupos
G1 e G2. p. 46
SUMÁRIO
LISTA DE QUADROS
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE TABELAS
RESUMO
ABSTRACT
1. INTRODUÇÃO, p. 1
2. LITERATURA, p. 3
2.1 PROCESSAMENTO AUDITIVO, p. 3
2.2 POTENCIAIS EVOCADOS AUDITIVOS DE TRONCO CEREBRAL
(BERA), p.13
2.3 PROCESSAMENTO AUDITIVO E POTENCIAIS EVOCADOS AUDITIVOS
DE TRONCO CEREBRAL (BERA), p.17
3. METODOLOGIA, p. 20
3.1 PARTICIPANTES, p. 20
3.2 MATERIAL, p. 21
3.3 PROCEDIMENTO, p. 22
3.3.1 Avaliação do Processamento Auditivo, p. 22
3.3.1.1 Avaliação Simplificada do Processamento Auditivo, p. 23
3.3.1.2 Testes Monóticos, p. 24
3.3.1.3 Testes Dicóticos, p. 24
3.3.2 Potenciais evocados auditivos de tronco cerebral, p. 26
3.3.3 Análise estatística, p. 26
4. RESULTADOS, p. 28
5. DISCUSSÃO, p. 47
6. CONCLUSÃO, p. 58
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS, p. 59
8. APÊNDICE, p.65
9.
1. INTRODUÇÃO
A importância e a popularidade da avaliação do processamento
auditivo vem aumentando desde meados dos anos 70. Esta surgiu após estudos de
casos de pacientes que apresentavam queixas auditivas, mas com avaliações
periféricas da audição dentro da normalidade.
A avaliação do processamento auditivo é uma avaliação subjetiva das
vias auditivas centrais. Também podemos encontrar no conjunto de testes auditivos,
as avaliações objetivas de vias auditivas centrais, e dentre destas podemos
encontrar os potenciais auditivos de tronco cerebral.
Processamento auditivo é a percepção em nível central dos estímulos
sonoros captados pelo sistema auditivo periférico, com respostas subjetivas, o qual
engloba localização e lateralização sonora, discriminação auditiva, reconhecimento
de padrões auditivos, aspectos temporais da audição, mascaramento temporal,
integração e ordenação temporal e desempenho auditivo na presença de sinais
competitivos ou com sinais acústicos distorcidos (MUSIEK E LAMB, 1999).
Já os Potenciais Auditivos de Tronco Cerebral (BERA) consistem em
uma avaliação moderna não evasiva, objetiva da evolução neurológica do
comportamento auditivo (SAVIC, MILOSEVIC & KOMAZEC, 1999). Ou seja,
consistem no registro da atividade elétrica que ocorre no sistema auditivo, da orelha
interna até o córtex cerebral, em resposta a um estímulo acústico. (FIGUEIREDO &
CASTRO JÚNIOR, 2003)
A avaliação do processamento auditivo tem como finalidade a
observação do desenvolvimento dos mecanismos fisiológicos auditivos em
indivíduos que apresentam queixas de dificuldades auditivas. Entre essas queixas
podemos encontrar: desatenção, inabilidade de acompanhar conversas com muitas
pessoas, não atendimento em prontidão a um chamado ou conseqüências
lingüísticas.
Nestes casos não contamos ainda, dentro do conjunto de testes
auditivos, os potenciais auditivos de tronco cerebral, pois ainda não temos a garantia
da contribuição deste teste com objetivo diagnóstico de alterações nos mecanismos
fisiológicos da audição.
Porém, por se tratar de duas avaliações do sistema auditivo central,
acreditase que crianças com dificuldades na avaliação subjetiva do sistema auditivo
central, ou seja, avaliação comportamental do processamento auditivo, poderão
apresentar alguma variação morfológica nas ondas durante a avaliação objetiva do
sistema auditivo central, ou seja, potenciais auditivos de tronco cerebral.
Por esta razão, este estudo teve como objetivo verificar a relação
existente entre os potenciais evocados auditivos de tronco cerebral e a avaliação do
processamento auditivo.
2. LITERATURA
2.1) PROCESSAMENTO AUDITIVO
A avaliação do processamento auditivo surgiu como um meio para
esclarecer queixas auditivas onde a avaliação convencional, ou seja, a audiometria e
a imitânciometria não conseguiam justificar. Tais queixas auditivas, como por
exemplo, a ausência de resposta a estímulos auditivos ou a falta de atenção
auditiva, estavam presentes e os resultados destes testes convencionais
permaneciam normais.
Para que o processamento auditivo se desenvolva, o indivíduo conta
com redundâncias intrínsecas e extrínsecas que são fundamentais. As redundâncias
intrínsecas estão relacionadas às múltiplas vias e tratos auditivos disponíveis no
sistema auditivo nervoso central. As redundâncias extrínsecas se referem às
numerosas pistas sobrepostas dentro da própria língua: pistas acústicas, sintáticas,
morfológicas e lexicais (SCHOCHAT, CARVALHO & MEGALE, 2002).
O processamento auditivo é a avaliação das vias auditivas desde a
orelha interna até o córtex auditivo. O núcleo coclear é o primeiro núcleo auditivo
localizado na via central, de onde deste saem três vias de saída de estímulos para o
complexo olivar superior, lemnisco lateral e colículo inferior. O colículo inferior possui
fibras nervosas aferentes que se dirigem pára o tálamo e o córtex temporal superior
ipsilateral (área auditiva primária). A principal região auditiva talâmica é o corpo
geniculado medial.
O córtex auditivo primário é a substância cinzenta localizada nos dois
terços posteriores da superfície posterior horizontal do giro temporal superior,
também chamado de giro transverso. As áreas corticais auditivas comunicamse
bilateralmente por meio de fibras que atravessam a região posterior do corpo caloso
(AQUINO & ARAÚJO, 2002).
A mielinização do corpo caloso, crítica na transferência de informação
entre os dois hemisférios, continua através da adolescência. O fato de diversas
áreas do cérebro iniciarem a mielinização em diferentes épocas têm implicações
profundas no processamento auditivo, assim como esses processos que dependem
da função cerebral não se desenvolvem muito antes do que aqueles que contam
com eficiente comunicação inter e intrahemisférica (BELLIS, 1996).
Com a avaliação do processamento auditivo foi possível diagnosticar,
segundo Carvallo (1997), os prejuízos do processo gnósico auditivo de um indivíduo.
Além disso, podese também verificar quais habilidades auditivas estão prejudicadas
e, com isso, inferir prováveis problemas auditivos que possam estar interferindo no
processo de comunicação humana.
Desta forma, avaliase a integridade do funcionamento do sistema
auditivo, predominantemente quanto às atividades que envolvam os sistema nervoso
central e córtex; enquanto que para o diagnóstico neurológico quanto a possíveis
lesões no sistema auditivo periférico e central utilizase procedimentos
eletrofisiológicos e técnicas por imagem.
De acordo com a literatura consultada, podemos sintetizar nas
seguintes habilidades auditivas:
ü Detecção do som – habilidade de identificar a presença do som.
ü Localização sonora – habilidade do indivíduo em identificar o local de origem
do som.
ü Ordenação temporal – habilidade de ordenar em seqüência o estímulo
auditivo recebido. Que pode ser dividido em:
simples: identificar sons não verbais no silêncio;
complexa: identificar sons verbais competitivos, mantendo uma
ordem apresentada.
ü Atenção auditiva – habilidade de manter a atenção a um estímulo auditivo.
ü Figurafundo auditivo – pode ser tanto verbal quanto nãoverbal. É a
habilidade em focar um determinado estímulo sonoro em meio a outros sons
competitivos auditivos.
ü Síntese ou integração binaural – habilidade do indivíduo em identificar sons
de fala distorcidos, porém complementar (entram nas duas vias auditivas ao
mesmo tempo).
ü Separação binaural – habilidade do indivíduo em separar os estímulos
auditivos que entram nas vias auditivas das duas orelhas ao mesmo tempo.
ü Fechamento auditivo – habilidade do indivíduo em compreender sons de fala,
mesmo que incompletos.
ü Associação auditiva – é a habilidade de associar o estímulo auditivo com os
outros tipos de informações, como por exemplo, os visuais.
ü Memória auditiva – é a habilidade de armazenar, arquivar informações
acústicas para poder recuperálas depois quando houver necessidade.
ü Reconhecimento – é a habilidade de identificar corretamente um evento
sonoro previamente aprendido. É um processo totalmente aprendido. Para
que ocorra o reconhecimento, é necessário, além da informação auditiva, o
conhecimento do contexto situacional temporal.
ü Discriminação – é a habilidade de detectar diferenças entre os padrões de
estímulos sonoros, entre elas diferenças de freqüência, intensidade e duração
dos sons da fala.
ü Resolução temporal – é a habilidade de identificar quantos sons estão
ocorrendo sucessivamente, considerando o intervalo entre eles.
Pereira & Cavadas (2003) afirmam que ao pensar no sistema auditivo
funcionando, podese falar em termos de mecanismos fisiológicos auditivos. Esses
mecanismos podem ser imaginados como sendo as engrenagens de um cérebro
funcionando, ou seja, são os processos de funcionamento do organismo. Entende
se como habilidade o comportamento manifesto do indivíduo ao utilizar os
mecanismos fisiológicos do cérebro, ou seja, a capacidade do indivíduo em
processar as informações recebidas por meio da modalidade auditiva.
Segundo as mesmas, os mecanismos fisiológicos auditivos podem ser
classificados como:
ü Discriminação de sons em seqüência – ou processo temporal.
ü Discriminação de padrão de sons – ou processo temporal.
ü Discriminação da direção da fonte sonora – ou processo de localização.
ü Reconhecimento de sons verbais em escuta monótica e/ou dicótica com
respostas de apontar figuras – ou processo de atenção seletiva.
ü Reconhecimento de sons verbais de redundância reduzida com respostas de
apontar figuras – ou processo de atenção seletiva.
ü Reconhecimento de sons verbais de redundância reduzida com respostas de
repetição oral – ou processo de atenção seletiva.
ü Reconhecimento de sons verbais em escuta dicótica – ou processo de
atenção seletiva.
ü Reconhecimento de sons nãoverbais em escuta dicótica – ou processo de
atenção seletiva.
A avaliação do processamento auditivo tem como finalidade analisar a
capacidade do indivíduo em reconhecer sons verbais e sons nãoverbais em escuta
difícil, desta forma podese inferir a capacidade do indivíduo de acompanhar a
conversação em ambientes desfavoráveis, ou seja, ambientes ruidosos ou
reverberantes.
Atualmente, a associação entre dificuldades escolares e alterações no
desenvolvimento de habilidades auditivas tem sido um dos principais focos de
estudos realizados com testes de processamento auditivo (KING, 2003).
Os testes utilizados são selecionados de acordo com a faixa etária e
conseqüentemente do desenvolvimento do sistema auditivo. Podemos encontrar três
tipos de testes: testes dióticos, testes monóticos e testes dicóticos.
a) Testes Dióticos:
São os testes que não avaliam as orelhas separadamente. São
aqueles que não utilizam fones e nem mesmo a cabina acústica, sendo que os
estímulos auditivos são apresentados nas duas orelhas simultaneamente. São eles:
ü Teste de localização sonora em cinco direções;
ü Teste de memória para sons verbais em seqüência;
ü Teste de memória para sons nãoverbais em seqüência;
ü Reflexo Cócleopalpebral (RCP);
b) Testes Monóticos:
São os testes que utilizam a mensagem principal e a mensagem
competitiva na mesma orelha simultaneamente, ipsilateralmente. São eles:
ü Teste de palavras e de frases com mensagem competitiva ipsilateral,
denominado PSI em português;
ü Teste de fala com ruído branco com figuras e com palavras,
denominado PSI com palavras;
ü Teste de frases com mensagem competitiva ipsilateral, chamado como
SSI em português;
ü Teste de fala filtrada;
ü Teste de fala com ruído branco;
ü Testes de padrão de freqüência e de duração;
c) Testes Dicóticos:
São os testes que utilizam o estímulo principal em uma orelha e a
mensagem competitiva na orelha contralateral simultaneamente através de um fone.
São eles:
ü Teste dicótico consoante – vogal (TDCV);
ü Teste dicótico com sons nãoverbais competitivos (TDNV);
ü Teste de palavras e de frases com mensagem competitiva contralateral
– PSI em português e teste de frases com mensagem competitiva
contralateral – SSI em português;
ü Teste de fusão binaural;
ü Teste SSW em português;
ü Teste dicótico de dígitos;
Através destes testes podemos verificar o distúrbio do processamento
auditivo, tanto quantativamente quanto qualitativamente. A análise quantitativa é a
inabilidade quanto ao grau, que pode ser normal, leve, moderado ou severo.
Resultados de testes dicóticos mostraram uma vantagem da orelha
direita (VOD) que se manteve relativamente constante mesmo com o aumento da
idade das crianças. No entanto o número de ocorrências no qual o estímulo foi
relatado corretamente nas duas orelhas, direita e esquerda, aumentou
significantemente em função da idade. Essa melhora na performance reflete uma
melhora da habilidade do cérebro para processar dois canais de estímulos em
função da idade.
Marotta, Quintero e Marone (2002) afirmaram que na comparação em
número de erros foi observado diferenças estatisticamente significantes nos
indivíduos do grupo controle, com pior desempenho para a condição EC,
confirmando a vantagem da orelha direita em situação de escuta dicótica.
A performance mais pobre na orelha esquerda pode refletir um
decréscimo na habilidade do corpo caloso em transferir estímulos complexos do
hemisfério direito para à esquerda. À medida que as crianças ficam mais velhas e o
processo de mielinização do corpo caloso está completo, a transferência inter
hemisférica de informações melhora e os escores da orelha esquerda se aproximam
daqueles encontrados nos adultos (BELLIS, 1996).
A análise qualitativa do processamento auditivo é a categorização da
inabilidade. Pereira (1997) propôs uma categorização para classificar as desordens
do processamento auditivo que possibilita uma melhor correlação entre as
habilidades auditivas prejudicadas e as estratégias que poderão ser utilizadas na
terapia fonoaudiológica.
São, ao todo, três as categorizações propostas por Pereira (1997): a
decodificação, codificação e organização.
A decodificação se refere na habilidade de atribuir significado à
informação auditiva recebida, quanto à análise do sistema fônico da linguagem. A
alteração desta categorização é decorrente de prejuízos de processos envolvidos na
aquisição de conhecimentos pela habilidade de integrar auditivamente, do ponto de
vista acústico, eventos sonoros. Pode ser considerada como um déficit em memória
sensorial do código da língua. (“O sinal acústico é um som de fala, é uma palavra ou
não?”)
Em um outro estudo verificouse que o tipo decodificação foi o mais
freqüente no grupo estudado, se for analisado as categorias de forma isolada
(DOMENICO, LEONBARDT & PEREIRA, 2001).
Já a codificação é também chamada de gnosia auditiva integrativa, ou
seja, uma inabilidade desta categorização significa um prejuízo dos processos
envolvidos na aquisição dos conhecimentos adquiridos nas associações entre as
informações sensoriais auditivas e das informações sensoriais auditivas integradas
com outras informações sensoriais nãoauditivas, como por exemplo, as visuais.
Quanto a categorização é do tipo perda gradual da memória, atribuída a uma
dificuldade em armazenar informações. (“Qual é o significado deste som?”)
E a organização, também chamada de gnosia auditiva seqüencial, é
uma inabilidade de sequencializar as informações sonoras no tempo. (“Como foi a
ordem que este som ocorreu?”)
Pereira (2004) propôs uma nova categoria, denominada do tipo déficit
gnósico não verbal. Esta categoria se atribui às alterações nos testes de padrão
temporal, ou de reconhecimento de sons não verbais em escuta dicótica. Ao primeiro
conjunto de dificuldades pode ser atribuída a dificuldade de adquirir ou armazenar
informações que se sucede no tempo, podendo interferir com aspectos da tonicidade
da língua; Ao reconhecimento de sons não verbais em escuta dicótica, cujo o
processo avaliado é o de atenção seletiva e/ou sustentada, também se pode atribuir
a dificuldade em adquirir informações sobre a tonicidade da língua (prosódia da
língua).
No quadro 1 se apresentam os mecanismos fisiológicos e os prejuízos
gnósicos associados (PEREIRA & CAVADAS, 2003).
Quadro 1: Mecanismos fisiológicos e prejuízos gnósicos.
Mecanismo Fisiológico Tipo de prejuízo gnósico
Discriminação da direção da fonte
sonora Decodificação
Discriminação de sons em seqüência Organização
Atenção seletiva
Varia dependendo da resposta
envolvida, ser oral ou apontar figuras
Oral – decodificação
Apontar figuras – codificação
Já no quadro 2 é feita uma correlação entre os mecanismos fisiológicos
auditivo alterados, a habilidade auditiva correspondente e a categoria de alteração
do transtorno, além dos testes específicos realizados durante a avaliação.
Quadro 2: Análise dos resultados dos testes e suas correlações com os
mecanismos fisiológicos auditivos e as habilidades auditivas alteradas.
Mecanismos Fisiológicos Auditivos
Habilidade Auditiva
Prejuízo Gnósico Auditivo
Teste Especial de Avaliação do PAC
Discriminação de sons em seqüência Memória
Ordenação Temporal Organização
MSV MSÑV Inversões SSW
Discriminação de padrão de sons Memória Processos Temporais
Ordenação Temporal
Prejuízo gnósico nãoverbal Aspecto acústico supra segmentar
TPF TPD
Discriminação da direção da fonte sonora Localização
Localização Decodificação Localização
Reconhecimento de sons verbais em escuta monótica e/ou dicótica com resposta de apontar figuras Atenção seletiva
Figurafundo Codificação
PSI – MCI (palavras) PSI / SSI – MCC e MCI (frases)
Reconhecimento de sons verbais de redundância reduzida com resposta de apontar figuras Atenção seletiva
Fechamento Codificação PSI – MCI (palavras no ruído branco)
Reconhecimento de sons verbais de redundância reduzida com resposta de repetição oral Atenção seletiva
Fechamento Decodificação Fala no ruído Fala filtrada
Reconhecimento de sons verbais em escuta dicótica Atenção seletiva
Figurafundo Decodificação TDCV SSW TDD
Reconhecimento de sons nãoverbais em escuta dicótica Atenção seletiva
Figurafundo
Prejuízo gnósico nãoverbal Aspecto acústico supra segmentar
TDNV
2.2) POTENCIAIS EVOCADOS AUDITIVOS DE TRONCO CEREBRAL (BERA)
Dentre os métodos objetivos atualmente utilizados pelos audiologistas,
está a pesquisa dos potenciais evocados auditivos, que avalia a atividade
neuroelétrica na via auditiva, desde o nervo auditivo até o córtex cerebral, em
resposta a um estímulo ou evento acústico.
Segundo Junqueira & Frizzo (2002) essa resposta eletrofisiológica
pode ser captada por eletrodos de superfície localizados em várias regiões da
cabeça (orelha, face e couro cabeludo) e por isso é considerada de campo distante,
já que os eletrodos estão colocados longe dos seus geradores. As respostas
captadas passam por um processo de filtragem e amplificação (préamplificador), e
posteriormente são promediadas (separadas dos artefatos e somadas), permitindo
assim sua observação em forma de ondas no computador.
Os potenciais evocados auditivos podem ser classificados segundo a
latência em que ocorrem, ou seja, o intervalo de tempo entre o estímulo apresentado
e a resposta originada. Os potenciais evocados auditivos precoces ou de curta
latência têm origem no nervo acústico e nas vias auditivas de tronco cerebral
(primeiros 10 milissegundos), o que é o caso dos potenciais auditivos de tronco
cerebral, também chamado de BERA (Brainstem Evoked Response Audiometry) ou
ABR (Auditory Brainstem Response).
Komazec et al. (2001) dissera que os potenciais evocados auditivos de
tronco cerebral tem sido uma avaliação bastante utilizada com o objetivo de verificar
com mais precisão a integração e a evolução das vias auditivas centrais de forma
objetiva, ou seja, sem a colaboração do paciente. Além disso, Cherian (2002)
afirmara que os potenciais evocados auditivos de tronco cerebral é uma arma
importante para a intervenção precoce das crianças com alguma dificuldade auditiva,
por ser uma avaliação que pode ser utilizada em crianças desde o nascimento.
As respostas encontradas nos potenciais evocados auditivos de tronco
cerebral são independentes do nível de consciência, podendo o paciente estar
dormindo, sedado ou mesmo acordado (ROGOWSKI & MICHALSKA, 2001).
Toma e Matas (2003) disseram que a aplicação dos potenciais
evocados auditivos possibilita a avaliação da sensibilidade auditiva de recém
nascidos, crianças ou mesmo adultos nos quais não tenha sido possível a realização
de um teste confiável, ou nos casos em que é impossível a utilização de outro
método.
A avaliação dos potenciais evocados auditivos de tronco cerebral é
uma avaliação objetiva de curta latência do sistema nervoso auditivo central, ou seja,
com respostas registradas até 10 ms após a estimulação sonora, onde o principal
objetivo é a avaliação da integridade do tronco auditivo central.
Durante esse período, ocorrem as formações de sete ondas positivas,
representando os seus locais de origem. A onda I registra respostas da porção distal
do nervo auditivo; a onda II da porção proximal do mesmo; a onda III dos núcleos
cocleares; a onda IV, do complexo olivar superior com contribuição do núcleo
coclear e do lemnisco lateral; a onda V do lemnisco lateral; e as ondas VI e VII
registram as respostas do colículo inferior (FIGUEIREDO & COSTA JÚNIOR, 2003).
Por esta razão, os potenciais evocados auditivos de tronco cerebral
têmse mostrado útil instrumento na detecção de diferentes tipos de doenças que
acometem o Sistema Nervoso Central (SOUZA et al., 1998). Além disso, pode haver
uma relação entre o diagnóstico neurológico e o diagnóstico do desenvolvimento
auditivo (PINHEIRO et al., 2004).
As ondas formadas nos potenciais evocados auditivos de tronco
cerebral são geradas pela ativação seqüencial e sincrônica das fibras nervosas ao
longo da via auditiva. Segundo Junqueira & Frizzo (2002) os potenciais evocados
auditivos de tronco cerebral é considerado um teste de sincronia neural muito mais
do que de audição, mas este último pode ser usado para inferir informação sobre a
sensibilidade da audição periférica.
Portanto, podese dizer que os potenciais evocados auditivos de tronco
cerebral dependem e refletem tanto a sensibilidade auditiva periférica (orelhas média
e interna) como a integridade neurológica das vias auditivas (oitavo nervo e tronco
cerebral).
As latências absolutas das ondas, os intervalos entre elas e a razão da
amplitude continuam mudando em função da idade. As ondas III e V continuam
mudando até a idade dois e três anos e apesar disso, a latência absoluta da onda I
alcança os valores absolutos aos três meses de idade (BELLIS, 1996).
Já em adultos de audição normal, segundo Figueiredo & Costa Júnior
(2003), as ondas aparecem em intervalos de 1 ms, aproximadamente, iniciando a
partir de 1,5 ms. As análises mais importantes nos potenciais evocados auditivos de
tronco cerebral são os valores absolutos das latências de ondas I, III e V, os
intervalos interpicos IIII, IV e IIIV, a diferença interaural das latências da onda V e
a razão de proporção das amplitudes das ondas I e V. Em geral, são considerados
resultados alterados: aumentos na latência absoluta das ondas acima de 0,4 ms,
intervalo IV maior que 4 ms, diferença interaural da onda V maior que 0,3 ms e
razão de proporção das ondas I e V menor que 1.
Os critérios de normalidade diferem entre adultos e crianças,
principalmente em bebês, por causa do processo de maturação das vias auditivas.
Em bebês, a amplitude das ondas I e V são, respectivamente, maior e menor em
relação às do adulto. As latências absolutas das ondas são maiores em bebês e
diminuem com o avanço da idade, atingindo a maturidade por volta dos 2 meses
(onda I) e 18 meses (onda V).
Porém a realização dos potenciais evocados auditivos de tronco
cerebral é uma avaliação reconhecida como o potencial evocado mais efetivo para
estimar a sensação auditiva em crianças ou bebês muito jovens para serem usados
outros métodos (STUEVE & O´ROUKE, 2003).
Quadro 3: Potenciais evocados auditivos de curta latência em adultos com audição
normal (HALL, 1992).
Respostas Latências (ms) I 1,5 a 1,9 II 2,5 a 3,0 III 3,5 a 4,1 IV 4,3 a 5,2 V 5,0 a 5,9 IIII 2,14 IIIV 1,89 IV 4,02
O exame pode ser realizado de formas diferentes de acordo com os
objetivos propostos. Para investigar a integridade do tronco cerebral, objetivo deste
estudo, usase uma intensidade fixa, geralmente de 80 dBNA.
2.3) PROCESSAMENTO AUDITIVO E POTENCIAIS EVOCADOS AUDITIVOS DE
TRONCO CEREBRAL (BERA)
No campo da audiologia clínica, a associação das avaliações objetivas
e subjetivas da audição vem se tornando cada vez mais freqüentes, a fim de
complementar e tornar mais preciso o diagnóstico dos distúrbios auditivos centrais.
Chermak e Musiek (2002) afirmaram que os distúrbios de
processamento auditivo, que apresentam diversidades em suas manifestações,
podem ser identificados por meio de testes eletrofisiológicos, os quais verificam a
integridade da via auditiva, e por meio de testes comportamentais, os quais avaliam
a função auditiva, ou seja, as habilidades auditivas.
Os potenciais evocados auditivos de tronco cerebral é um bom teste
para investigar a integridade do tronco cerebral, mas tem pouco valor clínico na
definição das disfunções das áreas talâmica, subcortical ou cortical, por esta razão,
crianças com distúrbios de processamento auditivo podem apresentar resultados
normais (JUNQUEIRA & FRIZZO, 2002).
Por outro lado, o processamento auditivo foi definido por Rosen (2005),
integrante da Sociedade Inglesa de Audiologia, como uma desordem auditiva
resultante de uma função neurológica deficiente e caracterizada por uma dificuldade
no reconhecimento, discriminação, separação, integração, localização e ordenação
de sons não verbais.
Grose & Hall (1998) afirmaram que a sensibilidade ao som se
desenvolve de maneira completa e contínua durante os cinco primeiros anos de
idade, de onde a maior parte deste desenvolvimento está relacionada a maturação
das estruturas auditivas periféricas e de tronco encefálico. O processamento auditivo
que se realiza através das vias cruzadas, os quais refletem níveis centrais de
análises, está maduro aos quatro anos de idade.
Neves e Schochat (2005) afirmaram em seu estudo que a melhora
significante nas habilidades auditivas, com o aumento da idade, estaria associada ao
processo de maturação auditiva.
Através destas definições podemos pensar na relação existente entre o
processamento auditivo e os potenciais auditivos de curta latência. Se o
processamento auditivo decorre de uma função neurológica deficitária, esta pode
estar concomitante à modificações morfológicas nas ondas originadas nos potenciais
auditivos de curta latência.
Um dos prérequisitos na avaliação do processamento auditivo é que a
criança em avaliação já deve ter desenvolvido sua linguagem, pois a maior parte dos
testes que compõem o conjunto de avaliação tem a linguagem falada como
instrumento de resposta ao estímulo sonoro. Por outro lado, estudos têm
demonstrado a eficiência dos potenciais evocados auditivos de tronco cerebral em
crianças na idade de aquisição de linguagem, em que alterações nos parâmetros
dos potenciais evocados auditivos de tronco cerebral em neonatos de risco sugerem
uma intervenção precoce com o objetivo de um melhor prognóstico (FUESS et al.,
2002).
Person et. al (2005) afirmam que é extremamente gratificante
podermos diagnosticar e tratar precocemente as alterações auditivas em crianças,
na tentativa de melhorar seu prognóstico quanto à aquisição de linguagem, e
aumentando as possibilidades de inserilas no meio social.
Henry (1996) estudou o componente de integração biaural nos
potenciais evocados auditivos de tronco cerebral, investigando nove crianças
normais e nove crianças com distúrbio de processamento auditivo, submetidas à
terapia de linguagem. Todas as crianças apresentaram audição, inteligibilidade e
limiares nos potenciais evocados auditivos de tronco cerebral normais. O
componente de interação biaural, obtido a partir da diferença entre as ondas dos
potenciais evocados auditivos de tronco cerebral somadas e as biaurais, foi
comparado entre os dois grupos, para as medidas de latência e amplitude. Os
resultados indicaram uma significante redução na amplitude da interação biaural do
pico de onda V em crianças com distúrbio de processamento auditivo.
Gallardo & Vera (2003) realizaram um estudo com o objetivo de
determinar a integridade funcional da via auditiva no tronco encefálico através dos
potenciais evocados auditivos de tronco cerebral, em crianças com retardo de
linguagem e que não apresentam patologia de ouvido médio, nem no sistema
nervoso central, e tampouco fatores de risco de hipoacusia neonatal.
Estes autores obtiveram resultados em que concluíram que este grupo
amostral apresentou um transtorno na sincronia neural da via auditiva no seu VIII par
e no tronco encefálico em 77% dos pacientes estudados, o qual afetaria o
processamento auditivo.
Por outro lado Bellis (2003) dissera que o diagnóstico do distúrbio do
processamento auditivo pode ser realizado por meio de diferentes estratégias, como
por exemplo, anamnese, testes não audiológicos (avaliação do desempenho
lingüístico e comportamento auditivo), testes audiológicos (audiometria e testes
específicos para processamento auditivo central), imitânciometria, e testes
eletrofisiológicos: (emissões otoacústicas, potencial auditivo evocado de média e
longa latência), mas esta autora não relacionou a avaliação do processamento
auditivo com potenciais auditivos de curta latência.
3. METODOLOGIA
3.1) PARTICIPANTES:
A pesquisa foi realizada com 60 crianças de nove a 12 anos de idade,
todas do sexo feminino, na Clínica Centro Audiológico Regional Don Waterhouse.
Todas as crianças selecionadas para a pesquisa eram alunos
regulares de escola pública do município de Paraíba do Sul e internas ou semi
internas da Irmandade Nossa Senhora.
A presente pesquisa foi avaliada pelo Comitê de Ética em Pesquisa do
Universidade Veiga de Almeida, sob n° 77/07, tendo sido considerada como sem
risco e com necessidade do consentimento livre e esclarecido (Apêndice C).
Como critério de inclusão a criança deveria apresentar respostas
auditivas dentro do padrão da normalidade na avaliação auditiva periférica,
composta por meatoscopia, audiometria tonal via aérea e via óssea e
imitânciometria.
A meatoscopia consistia em uma inspeção cuidadosa do meato
acústico externo e visualização da membrana timpânica, com o objetivo de excluir da
pesquisa crianças com presença de corpo estranho e de rolha de cera, o que
impediria uma obtenção correta dos limiares tonais e resultados timpanométricos.
A audiometria tonal via aérea foi realizada nas freqüências de 250Hz,
500Hz, 1KHz, 2KHz, 3KHz, 4KHz, 6KHz e 8KHz, e por via óssea nas freqüências de
500Hz, 1KHz, 2KHz, 3KHz e 4KHz. As crianças deveriam apresentar limiares
auditivos até 20 dBNA, tanto por via aérea, quanto por via óssea (FROTA, 2003).
Na imitânciometria foram realizados a timpanometria e o teste de
reflexo acústico. A criança deveria apresentar timpanometria tipo A e presença dos
reflexos acústicos nas freqüências de 500Hz, 1KHz, 2KHz, e 4KHz, tanto
ipsilateralmente, quanto contralateralmente (ROSSI, 2003).
3.2) MATERIAL:
Foram utilizados os seguintes materiais na pesquisa:
Para a avaliação audiológica básica e a avaliação do processamento
auditivo foram utilizados o audiômetro Amplaid 311 de dois canais, com CD player
acoplado, em um ambiente acusticamente tratado, dentro de uma cabina
audiométrica, calibrada segundo as normas ISO 8252I.
Para a realização de alguns procedimentos do conjunto de testes da
avaliação do processamento auditivo foi utilizada a gravação de CD proposto por
Pereira e Schocha (1997), conforme calibração descrita em Kalil, Pereira e Schochat
(1997).
Para a realização da imitânciometria foi utilizado o imitanciômetro
diagnóstico AT 235, e para a realização da meatoscopia, o meatoscópio Welch Allyn.
O equipamento utilizado para a realização dos potenciais evocados auditivos
de curta latência foi o equipamento SmartEp, com fone de inserção do tipo E10.
3.3) PROCEDIMENTO:
Inicialmente foi aplicado o conjunto de testes do processamento
auditivo, com o objetivo de formarmos os grupos amostrais.
Com base na avaliação do processamento auditivo, as crianças foram
alocadas em dois grupos. O grupo 1, grupo controle, denominado G1, foi composto
por 30 crianças sem distúrbio do processamento auditivo, ou seja, que não
apresentaram nenhuma alteração na realização dos testes do processamento
auditivo.
E o grupo 2, denominado G2, que foi composto por 30 crianças com
distúrbio do processamento auditivo, ou seja, que tenha alteração em pelo menos
um teste do conjunto de testes do processamento auditivo, independente da
categorização, ou seja, a criança poderia apresentar uma dificuldade categorizada
como codificação, organização, decodificação, propostas por Pereira (1997), ou
decodificação nãoverbal, proposto por Pereira (2004); e independente do grau,
sendo este leve, moderado ou severo (PEREIRA, 1997).
Logo após a formação dos grupos G1 e G2 foi realizada a pesquisa
propriamente dita, sendo aplicados os potenciais evocados auditivos de tronco
cerebral.
3.3.1) Avaliação do Processamento Auditivo:
O conjunto de testes do processamento auditivo foi formada pelos
seguintes procedimentos (PEREIRA & SCHOCHAT, 1997):
3.3.1.1) Avaliação simplificada do Processamento Auditivo:
Avaliação de estímulos dióticos, ou seja, em uma sala sem ruído de
fundo, sem a presença da cabina acústica, onde os estímulos foram apresentados
em ambas as orelhas simultaneamente, sem a utilização dos fones. Esta testagem
foi composta por:
Avaliação da memória seqüencial verbal, com uma seqüência de
quatro sílabas (PA TA CA FA). As crianças deveriam repetir 2 (dois) de 3 (três)
estímulos apresentados. Esta avaliação teve como objetivo a avaliação do
mecanismo fisiológico de discriminação de sons em seqüência e da habilidade
auditiva de ordenação temporal simples para sons verbais;
Avaliação da memória seqüencial nãoverbal, com a presença de
quatro instrumentos musicais em ordem (agogô, sino, chocalho e guizo), em que os
olhos da criança testada deveriam estar vendados. As crianças deveriam apontar os
instrumentos na ordem no mínimo de 2 (dois) dentre 3 (três) seqüências
apresentadas. Esta avaliação teve como objetivo a avaliação do mecanismo
fisiológico de discriminação de sons em seqüência e da habilidade auditiva de
ordenação temporal simples para sons nãoverbais;
Avaliação da localização dos sons nas posições acima da cabeça,
abaixo, do lado direito, do lado esquerdo e à frente da cabeça, com a ajuda do
guizo. As crianças de olhos vendados, deveriam apontar, no mesmo momento, à 4
(quatro) de 5 (cinco) estímulos na posição em que foi apresentado. Esta avaliação
teve como objetivo a avaliação do mecanismo fisiológico de discriminação da
direção da fonte sonora e da habilidade auditiva de localização sonora;
3.3.1.2) Teste Monóticos:
O único teste monótico da bateria de avaliação do processamento
auditivo utilizado foi o teste de fala com ruído. Este teste compara o reconhecimento
de fala sem ruído com fala na presença de ruído ipsilateral na relação fala/ruído de
+5.
A criança deveria apresentar uma porcentagem de acertos superior a
70% em cada orelha. Este procedimento teve como objetivo a avaliação do
mecanismo fisiológico de reconhecimento de sons fisicamente distorcidos recebidos
em uma orelha de cada vez e da habilidade auditiva de fechamento auditivo;
3.3.1.3) Teste Dicóticos:
Os testes dicóticos utilizados do conjunto de avaliação do
processamento auditivo foram os testes dicótico nãoverbal e de dissílabos
alternados (SSW).
Teste dicótico nãoverbal é um teste que verifica a atenção seletiva
através de uma tarefa de separação binaural, ou seja, o indivíduo deve prestar
atenção em um som, ignorando o som apresentado na orelha contralateral e apontar
a figura correspondente ao som onomatopaico e ambiental apresentado em um
quadro exposto a sua frente. As respostas que as crianças deveriam apresentar:
escuta direcionada: a capacidade de identificar no mínimo 90% dos
itens em cada orelha (ORTIZ, PEREIRA & VILANOVA, 2003);
atenção livre: a criança deveria responder aos estímulos sem a orelha
escolhida pelo avaliador. Esta deveria apresentar uma resposta
equilibrada entre as duas orelhas, com uma diferença de até 4
estímulos entre estas.
Esta avaliação teve como objetivo a avaliação do mecanismo
fisiológico de reconhecimento de sons nãoverbais em escuta dicótica e da
habilidade auditiva de figurafundo para sons nãoverbais em processo de atenção
seletiva;
O teste de dissílabos alternados (SSW) teve como objetivo a avaliação
do mecanismo fisiológico de reconhecimento de sons verbais em escuta dicótica e
da habilidade auditiva de figurafundo para sons verbais;
O estímulo dado foi de quatro palavras dissílabas, em que cada
palavra foi apresentada a cada orelha, havendo uma superposição parcial, isto é, a
segunda sílaba da palavra inicial e a primeira sílaba da palavra final foram enviadas
simultaneamente às orelhas opostas.
A resposta dada pela criança deveria ser a repetição das quatro
palavras, na ordem apresentada. A criança deveria apresentar uma pontuação:
Grau: superior a 90% de acertos;
tipo A: até 3;
efeito de ordem: pontuação entre 3 e +3;
efeito auditivo: pontuação entre 4 e +4;
inversões: até 1;
Com base na avaliação do processamento auditivo, as crianças foram
alocadas em dois grupos. O grupo 1, grupo controle, denominado G1, foi composto
por 30 crianças sem distúrbio do processamento auditivo, ou seja, que não
apresentaram alteração na realização de nenhum dos testes do processamento
auditivo.
E o grupo 2, denominado G2, que foi composto por 30 crianças com
distúrbio do processamento auditivo, ou seja, com alteração em pelo menos um
teste do conjunto de testes do processamento auditivo, independente da
categorização, ou seja, a criança poderia apresentar uma dificuldade do tipo
codificação, organização, decodificação, propostas por Pereira (1997), ou
decodificação nãoverbal, proposto por Pereira (2004); e independente do grau,
sendo este leve, moderado ou severo, propostas por Pereira e Schochat (1997).
3.3.2) Potenciais evocados auditivos de tronco cerebral:
Os potenciais evocados auditivos de curta latência foram realizados
com cliques, em uma intensidade de 70nHL, velocidade de 37.7, com um total de
1024 estímulos, em rarefação.
Os parâmetros que foram utilizados na comparação dos dois grupos,
segundo a proposta de Figueiredo & Costa Júnior (2003), eram latência absoluta das
ondas I, III e V; latência interpicos das ondas IIII, IV e IIIV; e diferença interaural da
latência interpico IV ou da latência da onda V.
3.3.3) Análise estatística:
Os resultados obtidos foram enviados para estudo estatístico, no
qual a análise foi realizada pelos seguintes métodos:
para comparação de variáveis numéricas entre dois grupos (caso
e controle) foi utilizado o teste de MannWhitney (nãoparamétrico) e
para comparação entre quatro grupos foi realizada a Análise de
Variância de KruskalWallis (nãoparamétrica);
o teste dos postos sinalizados de Wilcoxon foi utilizado para
verificar se existe diferença significante entre a orelha direita e esquerda;
Foram utilizados métodos nãoparamétricos, pois as medidas de
latência e amplitude não apresentaram distribuição normal (distribuição
Gaussiana). O critério de determinação de significância adotado foi o nível de
5%.
Os valores estatísticos significantes estão descritos no capítulo de
resultados com um asterisco (*) ao lado.
4. RESULTADOS
Na tabela 1 encontramos a média, desvio padrão (DP), mediana,
mínimo e máximo da idade dos grupos G1 e G2, e o correspondente nível descritivo
do teste estatístico (p valor).
Tabela 1. Análise estatística da idade segundo o grupo.
Grupo Média DP MedianaMínimo Máximo p valor caso 10,23 1,07 10 9 12 controle 10,30 1,12 10 9 12
0,83
Observouse que, não existe diferença significante em relação à idade
entre os dois grupos.
A tabela 2 e o gráfico 1 fornecem as latências absolutas das ondas I, III
e V dos grupos G1 e G2, com a média, desvio padrão (DP), mediana e análise
estatística da orelha direita.
Tabela 2: Valores de latência absoluta de ondas I, III e V dos grupos G1 e G2,
com a média, desvio padrão e mediana da orelha direita.
Latência absoluta I Latência absoluta III Latência absoluta V G1 G2 G1 G2 G1 G2
1 1,30 1,83 4,10 3,90 5,85 5,68 2 1,90 2,10 3,75 4,03 5,70 5,88 3 1,90 1,70 4,05 3,83 5,80 5,88 4 1,85 1,78 3,93 3,45 5,90 5,33 5 1,80 1,65 4,20 4,80 5,72 6,45 6 1,43 1,88 3,80 3,63 5,50 5,53 7 1,35 1,93 4,15 3,98 6,13 5,63 8 1,95 1,75 4,00 3,75 5,80 5,70 9 1,68 1,20 3,75 4,03 5,90 5,30 10 1,95 1,58 3,93 4,80 5,70 6,03 11 1,95 1,83 3,70 5,08 5,75 6,73 12 1,73 1,38 3,75 4,45 5,47 6,08 13 1,93 1,75 4,13 3,70 5,72 5,90 14 1,70 1,48 3,68 3,60 5,47 5,45 15 1,27 1,38 4,03 4,28 5,88 5,93 16 1,75 1,70 4,08 3,90 5,80 5,72 17 1,78 1,65 3,75 4,00 5,53 5,68 18 1,27 1,93 4,15 3,78 5,93 5,93 19 1,33 1,63 3,95 4,20 5,40 5,95 20 1,83 1,93 3,80 3,60 5,60 5,70 21 1,90 1,55 3,83 4,68 5,72 6,53 22 1,33 1,70 3,90 3,88 5,70 5,95 23 1,88 1,83 3,93 4,20 5,75 5,70 24 1,35 1,55 3,70 4,10 6,65 5,53 25 1,20 1,85 3,65 3,80 5,28 5,68 26 1,78 1,63 3,93 3,18 5,85 5,15 27 1,53 1,70 3,30 3,83 6,33 5,60 28 1,70 1,85 3,35 4,03 6,28 5,78 29 1,35 1,70 3,63 3,70 6,28 5,60 30 1,63 1,70 3,60 3,73 5,58 5,98 Média 1,704 1,643 3,997 3,850 5,799 5,799 Mediana 1,70 1,72 3,90 3,87 5,71 5,75 DP 0,189 0,255 0,424 0,224 0,344 0,298
Figura 1: Latência absoluta de ondas I, III e V dos grupos G1 e G2 na orelha
direita.
Observouse que, não existe diferença significante entre os dois grupos
nas latências absolutas de ondas I, III e V na orelha direita.
Na tabela 3 e na figura 2 mostramse as latências absolutas das ondas
I, III e V dos grupos G1 e G2, com a média, desvio padrão (DP), mediana e análise
estatística da orelha esquerda.
Teste de MannWhitney
G2 G1
6.73 6.53 6.45
5.71
5.15 5.08 4.80
3.90
3.18
2.10
1.70 1.38
1.20
6.65
6.28
5.75
5.28
4.20
3.87
3.30
1.95
1.72
1.20
Tabela 3: Valores de latência absoluta de ondas I, III e V dos grupos G1 e G2,
com a média, desvio padrão e mediana da orelha esquerda.
Latência absoluta I Latência absoluta III Latência absoluta V G1 G2 G1 G2 G1 G2
1 1,90 1,88 4,00 4,08 5,80 5,90 2 1,35 1,48 3,80 3,68 6,23 5,93 3 1,02 1,63 4,53 3,98 5,72 5,85 4 1,73 1,23 4,00 3,55 5,60 5,33 5 1,85 1,75 4,03 3,75 5,83 5,72 6 1,35 1,50 4,90 3,80 6,50 5,83 7 2,00 1,88 4,03 4,15 5,90 5,80 8 1,93 1,50 3,93 4,00 5,78 6,73 9 1,75 1,10 3,55 3,85 5,72 6,23 10 1,85 1,50 3,90 4,72 5,58 6,08 11 1,88 1,90 3,83 4,30 5,47 6,00 12 1,68 1,43 3,90 4,20 5,65 6,20 13 1,83 1,73 3,90 4,25 5,85 6,03 14 1,88 1,65 3,95 3,88 5,80 5,88 15 1,90 1,50 4,15 3,83 5,93 5,88 16 1,55 1,43 3,98 4,20 5,60 5,13 17 1,33 1,80 3,58 3,73 5,03 5,85 18 1,55 1,53 3,68 3,93 5,55 5,72 19 1,85 1,53 3,85 3,53 5,75 5,72 20 1,73 1,80 3,90 4,18 5,93 5,85 21 1,90 1,55 3,68 5,18 5,68 6,93 22 1,75 1,90 3,83 4,05 5,80 6,05 23 1,90 1,85 4,35 4,05 5,93 5,68 24 1,80 1,75 3,15 3,40 6,58 5,93 25 1,15 1,85 4,03 3,98 5,40 5,63 26 1,70 1,50 4,20 4,70 5,93 6,55 27 1,70 1,58 4,38 3,70 6,45 5,80 28 1,60 2,03 4,13 4,43 5,65 5,93 29 1,70 1,53 3,40 4,00 5,45 5,83 30 1,60 1,68 3,60 3,85 5,35 5,75 Média 1,632 1,690 4,031 3,938 5,925 5,781 Mediana 1,61 1,74 3,99 3,92 5,87 5,77 DP 0,211 0,241 0,376 0,338 0,354 0,334
Figura 2: Latência absoluta de ondas I, III e V dos grupos G1 e G2 na orelha
esquerda.
Observouse que, não existe diferença significante entre os dois grupos
nas latências absolutas de ondas I, III e V na orelha esquerda.
Na tabela 4 e na figura 3 encontramos as latências interpicos de ondas
IIII, IV e IIIV dos grupos G1 e G2, com a média, desvio padrão (DP), mediana e
análise estatística da orelha direita.
Teste de MannWhitney
G2 G1
6.93
6.55 6.73
6.23
5.70 5.68
5.33 5.13 5.18
4.72
3.94
3.40
2.03
6.58 6.50 5.80
5.80
2.00 1.74
1.33 1.61
1.15 1.10
5.03
5.35
4.90
4.38 4.53 4.35
3.99 3.55
3.40 3.15
Tabela 4: Valores de latência interpicos de ondas IIII, IV e IIIV dos grupos
G1 e G2, com a média, desvio padrão e mediana da orelha direita.
Latência interpicos de ondas IIII
Latência interpicos de ondas IV
Latência interpicos de ondas IIIV
G1 G2 G1 G2 G1 G2 1 2,80 2,08 4,55 3,85 1,75 1,78 2 1,85 1,93 3,80 3,78 1,95 1,85 3 2,15 2,13 3,90 4,18 1,75 2,05 4 2,07 1,68 4,05 3,55 1,98 1,88 5 2,40 3,15 3,93 4,80 1,52 1,65 6 2,38 1,75 4,08 3,65 1,70 1,90 7 2,80 2,05 4,78 3,70 1,97 1,65 8 2,05 2,00 3,85 3,95 1,80 1,95 9 2,08 2,83 4,23 4,10 2,15 1,27 10 1,98 3,22 3,75 4,45 1,78 1,23 11 1,75 3,25 3,80 4,90 2,05 1,65 12 2,03 3,08 3,75 4,70 1,72 1,63 13 2,20 1,95 3,80 4,15 1,60 2,20 14 1,98 2,13 3,77 3,98 1,80 1,85 15 2,75 2,90 4,60 4,55 1,85 1,65 16 2,33 2,20 4,05 4,02 1,72 1,82 17 1,98 2,35 3,75 4,03 1,78 1,67 18 2,88 1,85 4,65 4,00 1,77 2,15 19 2,63 2,58 4,08 4,33 1,45 1,75 20 1,98 1,68 3,77 3,78 1,80 2,10 21 2,03 3,13 3,83 4,98 1,80 1,85 22 2,58 2,17 4,38 4,25 1,80 2,08 23 2,05 2,38 3,88 3,88 1,83 1,50 24 2,35 2,55 5,30 3,98 2,95 1,43 25 2,45 1,95 4,08 3,83 1,63 1,88 26 2,15 1,55 4,07 3,53 1,92 1,98 27 1,78 2,13 4,80 3,90 3,03 1,77 28 1,65 2,18 4,58 3,93 2,93 1,75 29 2,28 2,00 4,93 3,90 2,65 1,90 30 1,98 2,03 3,95 4,27 1,98 2,25 Média 2,295 2,212 4,097 4,158 1,802 1,947 Mediana 2,13 2,12 3,99 4,05 1,84 1,80 DP 0,501 0,331 0,383 0,423 0,248 0,407
Figura 3: Latência interpicos de ondas IIII, IV e IIIV dos grupos G1 e G2 na
orelha direita.
Observouse que, não existe diferença significante entre os dois grupos
nas latências interpicos de ondas IIII, IV e IIIV na orelha direita.
Na tabela 5 e na figura 4 mostramos as latências interpicos de ondas I
III, IV e IIIV dos grupos G1 e G2, com a média, desvio padrão (DP), mediana e
análise estatística da orelha esquerda.
Teste de MannWhitney
G2 G1
4.90 4.98 4.70
1.80
2.88
2.13
3.53
4.05
3.25
2.20 2.12
5.30
2.15
1.65 1.84
1.55 1.45
1.23
3.99
3.80
3.03 2.93
2.65
Tabela 5: Valores de latência interpicos de ondas IIII, IV e IIIV dos grupos
G1 e G2, com a média, desvio padrão e mediana da orelha esquerda.
Latência interpicos de ondas IIII
Latência interpicos de ondas IV
Latência interpicos de ondas IIIV
G1 G2 G1 G2 G1 G2 1 2,10 2,20 3,90 4,03 1,80 1,83 2 2,45 2,20 4,88 4,45 2,42 2,25 3 3,50 2,35 4,70 4,22 1,20 1,87 4 2,28 2,32 3,87 4,10 1,60 1,78 5 2,18 2,00 3,98 3,97 1,80 1,97 6 3,55 2,30 5,15 4,33 1,60 2,03 7 2,03 2,28 3,90 3,93 1,88 1,65 8 2,00 2,50 3,85 ,5,22 1,85 2,72 9 1,80 2,75 3,97 5,13 2,17 2,37 10 2,05 3,22 3,73 4,58 1,68 1,35 11 1,95 2,40 3,60 4,10 1,65 1,70 12 2,22 2,78 3,98 4,78 1,75 2,00 13 2,08 2,53 4,02 4,30 1,95 1,78 14 2,08 2,23 3,93 4,22 1,85 2,00 15 2,25 2,33 4,03 4,38 1,77 2,05 16 2,42 2,78 4,05 3,70 1,62 0,92 17 2,25 1,93 3,70 4,05 1,45 2,12 18 2,13 2,40 4,00 4,20 1,88 1,80 19 2,00 2,00 3,90 4,20 1,90 2,20 20 2,17 2,38 4,20 4,05 2,03 1,67 21 1,78 3,63 3,78 5,38 2,00 1,75 22 2,08 2,15 4,05 4,15 1,97 2,00 23 2,45 2,20 4,03 3,83 1,58 1,63 24 1,35 1,65 4,78 4,18 3,43 2,53 25 2,88 2,13 4,25 3,78 1,38 1,65 26 2,50 3,20 4,22 5,05 1,72 1,85 27 2,67 2,13 4,75 4,22 2,08 2,10 28 2,53 2,40 4,05 3,90 1,53 1,50 29 1,70 2,48 3,75 4,30 2,05 1,83 30 2,00 2,17 3,75 4,08 1,75 1,90 Média 2,401 2,248 4,294 4,092 1,893 1,845 Mediana 2,33 2,15 4,20 3,99 1,86 1,80 DP 0,408 0,459 0,426 0,382 0,345 0,388
Figura 4: Latência interpicos de ondas IIII, IV e IIIV dos grupos G1 e G2 na
orelha esquerda.
Observouse que o grupo G2 apresentou latência interpico IV
significantemente maior do que o grupo G1. Nos demais valores não existe diferença
significante nas latências interpicos dos dois grupos na orelha esquerda.
Na tabela 6 e na figura 5 encontramos as amplitudes de ondas I, III e V
dos grupos G1 e G2, com a média, desvio padrão (DP), mediana e análise
estatística da orelha direita.
Teste de MannWhitney
*
G2 G1
5.38 5.22 5.13
5.05
4.78
3.99
3.22
3.70 3.63
3.20
2.78
4.88 5.15 4.78
4.75
2.33
1.35
1.86
2.15
1.65 1.93
4.25
4.70
4.20
3.50 3.55 3.60
2.42
3.43
2.88
1.38
1.80
2.53
1.35
2.72
0.92
Tabela 6: Valores de amplitude de ondas I, III e V dos grupos G1 e G2, com a
média, desvio padrão e mediana da orelha direita.
Amplitude I Amplitude III Amplitude V G1 G2 G1 G2 G1 G2
1 0,06 0,22 0,05 0,12 0,45 0,14 2 0,05 0,06 0,04 0,16 0,24 0,34 3 0,18 0,15 0,15 0,04 0,16 0,11 4 0,04 0,18 0,13 0,05 0,37 0,09 5 0,07 0,20 0,07 0,29 0,49 0,58 6 0,01 0,13 0,04 0,19 0,28 0,21 7 0,06 0,11 0,16 0,16 0,30 0,48 8 0,09 0,21 0,15 0,21 0,32 0,15 9 0,25 0,02 0,06 0,01 0,33 0,09 10 0,06 0,04 0,10 0,13 0,17 0,26 11 0,15 0,09 0,34 0,12 0,23 0,18 12 0,10 0,04 0,03 0,01 0,45 0,07 13 0,25 0,07 0,07 0,25 0,70 0,33 14 0,06 0,11 0,14 0,11 0,28 0,14 15 0,11 0,11 0,19 0,02 0,39 0,19 16 0,03 0,36 0,05 0,22 0,31 0,33 17 0,27 0,04 0,09 0,19 0,54 0,34 18 0,10 0,09 0,02 0,18 0,31 0,47 19 0,08 0,02 0,13 0,04 0,43 0,12 20 0,11 0,06 0,10 0,03 0,24 0,38 21 0,19 0,07 0,21 0,17 0,50 0,28 22 0,02 0,05 0,03 0,03 0,36 0,28 23 0,17 0,05 0,13 0,11 0,32 0,44 24 0,08 0,09 0,06 0,09 0,18 0,29 25 0,03 0,19 0,06 0,22 0,06 0,50 26 0,25 0,06 0,04 0,11 0,22 0,14 27 0,07 0,11 0,12 0,12 0,09 0,35 28 0,01 0,18 0,05 0,08 0,06 0,11 29 0,05 0,11 0,08 0,07 0,37 0,35 30 0,03 0,20 0,02 0,02 0,09 0,27 Média 0,114 0,101 0,118 0,097 0,267 0,308 Mediana 0,10 0,08 0,12 0,08 0,28 0,31 DP 0,076 0,077 0,078 0,069 0,140 0,150
Figura 5: Amplitude de ondas I, III e V dos grupos G1 e G2 na orelha direita.
Observouse que não houve diferenças significantes nos valores de
amplitude de onda I, III e V nos dos dois grupos na orelha direita, e nem na
comparação da amplitude de onda I em relação a onda V.
Na tabela 7 e na figura 6 encontramos as amplitudes de ondas I, III e V
dos grupos G1 e G2, com a média, desvio padrão (DP), mediana e análise
estatística da orelha esquerda.
Teste de MannWhitney
G2 G1
0.07
0.31
0.58
0.29
0.12
0.01
0.36
0.22
0.70
0.21
0.27
0.10 0.08
0.01 0.02
0.54
0.28
0.06
0.02
0.08
0.34
Tabela 7: Valores de amplitude de ondas I, III e V dos grupos G1 e G2, com a
média, desvio padrão e mediana da orelha esquerda.
Amplitude I Amplitude III Amplitude V G1 G2 G1 G2 G1 G2
1 0,15 0,11 0,23 0,09 0,48 0,08 2 0,05 0,08 0,07 0,13 0,12 0,39 3 0,11 0,07 0,05 0,07 0,25 0,36 4 0,08 0,06 0,10 0,02 0,36 0,09 5 0,18 0,29 0,17 0,06 0,58 0,59 6 0,11 0,07 0,07 0,05 0,46 0,34 7 0,03 0,11 0,12 0,13 0,57 0,19 8 0,32 0,06 0,14 0,01 0,39 0,23 9 0,38 0,07 0,07 0,03 0,51 0,19 10 0,05 0,10 0,18 0,10 0,46 0,48 11 0,31 0,03 0,31 0,10 0,61 0,38 12 0,14 0,04 0,18 0,12 0,20 0,10 13 0,07 0,06 0,23 0,04 0,66 0,26 14 0,07 0,12 0,06 0,06 0,35 0,13 15 0,20 0,04 0,10 0,03 0,50 0,33 16 0,04 0,02 0,06 0,11 0,17 0,12 17 0,03 0,03 0,04 0,02 0,09 0,04 18 0,10 0,07 0,06 0,01 0,13 0,04 19 0,22 0,04 0,32 0,06 0,54 0,13 20 0,02 0,10 0,08 0,08 0,22 0,26 21 0,24 0,03 0,28 0,09 0,43 0,22 22 0,28 0,06 0,04 0,04 0,30 0,20 23 0,07 0,29 0,03 0,17 0,24 0,48 24 0,02 0,14 0,08 0,03 0,59 0,47 25 0,14 0,05 0,06 0,11 0,07 0,23 26 0,09 0,08 0,11 0,16 0,19 0,25 27 0,06 0,05 0,08 0,40 0,11 0,09 28 0,03 0,11 0,04 0,40 0,15 0,32 29 0,10 0,31 0,01 0,12 0,27 0,24 30 0,09 0,04 0,03 0,07 0,08 0,28 Média 0,091 0,126 0,097 0,113 0,250 0,336 Mediana 0,07 0,10 0,08 0,08 0,24 0,33 DP 0,076 0,098 0,093 0,086 0,142 0,185
Figura 6: Amplitude de ondas I, III e V dos grupos G1 e G2 na orelha
esquerda.
Observouse que não houve diferenças significantes nos valores de
amplitude de onda I, III e V nos dos dois grupos na orelha esquerda, nem na
comparação da amplitude de onda I em relação a amplitude de onda V.
Na tabela 8 encontramos a média, desvio padrão (DP), mediana e
análise estatística das medidas de latência absoluta e interpicos de onda segundo o
grau do grupo G2 (leve, moderado, severo) em relação ao grupo G1 na orelha
direita.
Teste de MannWhitney
G2 G1
0.04
0.38
0.32
0.24
0.02
0.59
0.40
0.31 0.29
0.07 0.08
0.14
0.10
0.02
0.66
0.33
0.07
0.32
0.08
0.01 0.01
0.17
Tabela 8: Média, desvio padrão e mediana das medidas de latência absoluta das
ondas I, III e V e latência interpicos das ondas IIII, IV e IIIV da orelha direita dos
grupos G1 e G2, subdividindo o grupo G2 em grau leve, moderado e severo.
Medida Grau n Média DP Mediana p valor
leve 9 1,744 0,177 1,75 moderado 12 1,692 0,201 1,68 severo 9 1,680 0,200 1,70
LAT I OD
controle 30 1,643 0,255 1,72
0,77
leve 9 4,024 0,361 3,98 moderado 12 3,946 0,493 3,83 severo 9 4,039 0,424 3,90
LAT III OD
controle 30 3,850 0,224 3,87
0,66
leve 9 5,800 0,152 5,78 moderado 12 5,772 0,420 5,69 severo 9 5,836 0,401 5,72
LAT V OD
controle 30 5,799 0,298 5,75
0,87
leve 9 2,281 0,473 2,05 moderado 12 2,258 0,583 2,13 severo 9 2,360 0,459 2,20
INTER IIII OD
controle 30 2,212 0,331 2,12
0,74
leve 9 4,057 0,278 3,95 moderado 12 4,083 0,486 3,94 severo 9 4,156 0,352 4,10
INTER IV OD
controle 30 4,158 0,423 4,05
0,80
leve 9 1,776 0,311 1,75 moderado 12 1,827 0,187 1,85 severo 9 1,797 0,277 1,78
INTER IIIV OD
controle 30 1,947 0,407 1,80
0,83
Observouse que não houve diferenças significantes nos valores de
latências absolutas e latência interpicos de onda entre os três graus de alteração do
grupo G2 em relação ao grupo G1 na orelha direita.
A tabela 9 fornece a média, desvio padrão (DP), mediana e análise
estatística das medidas de latência absoluta e interpicos de onda segundo o grau do
grupo G2 (leve, moderado, severo) em relação ao grupo G1 na orelha esquerda.
Tabela 9: Média, desvio padrão e mediana das medidas de latência absoluta das
ondas I, III e V e latência interpicos das ondas IIII, IV e IIIV da orelha esquerda dos
grupos G1 e G2, subdividindo o grupo G2 em grau leve, moderado e severo.
Variável Grau n Média DP Mediana p valor
Leve 9 1,672 0,205 1,53 moderado 12 1,600 0,177 1,61 Severo 9 1,636 0,271 1,68
LAT I OE
Controle 30 1,690 0,241 1,74
0,39
Leve 9 4,151 0,278 4,05 moderado 12 4,015 0,503 3,93 Severo 9 3,932 0,244 3,85
LAT III OE
Controle 30 3,938 0,338 3,92
0,28
Leve 9 5,964 0,316 5,88 moderado 12 5,967 0,423 5,87 Severo 9 5,829 0,306 5,85
LAT V OE
Controle 30 5,781 0,334 5,77
0,19
Leve 9 2,482 0,297 2,40 moderado 12 2,417 0,543 2,28 Severo 9 2,298 0,300 2,20
INTER IIII OE
Controle 30 2,248 0,459 2,15
0,11
Leve 9 4,293 0,427 4,30 moderado 12 4,367 0,471 4,22 Severo 9 4,197 0,389 4,10
INTER IV OE
Controle 30 4,092 0,382 3,99
0,060
Leve 9 1,812 0,396 1,78 moderado 12 1,952 0,254 1,92 Severo 9 1,897 0,417 2,00
INTER IIIV OE
Controle 30 1,845 0,388 1,80
0,22
Observouse que não houve diferenças significantes nos valores de
latências absolutas e latência interpicos de onda entre os três graus de alteração do
grupo G2 em relação ao grupo G1. Houve uma tendência nos valores de latência
interpicos de ondas IV na comparação do grau moderado com o grupo G1 (controle)
na orelha esquerda.
A tabela 10 fornece a média, desvio padrão (DP), mediana e análise
estatística da medida de amplitude segundo o grau do grupo G2 (leve, moderado,
severo) em relação ao grupo G1 na orelha direita.
Tabela 10 – Média, desvio padrão e mediana da medida de amplitude das ondas I,
III e V da orelha direita dos grupos G1 e G2, subdividindo o grupo G2 em grau leve,
moderado e severo.
Variável Grau n Média DP Mediana p valor
Leve 9 0,108 0,056 0,11 moderado 12 0,110 0,057 0,10 Severo 9 0,126 0,115 0,09
AMP I – OD
Controle 30 0,101 0,077 0,08
0,79
Leve 9 0,134 0,073 0,13 moderado 12 0,117 0,083 0,11 Severo 9 0,104 0,082 0,12
AMP III – OD
Controle 30 0,097 0,069 0,08
0,54
Leve 9 0,309 0,140 0,33 moderado 12 0,273 0,166 0,29 Severo 9 0,218 0,092 0,21
AMP V – OD
Controle 30 0,308 0,150 0,31
0,38
Leve 9 0,201 0,180 0,24 moderado 12 0,163 0,155 0,21 Severo 9 0,092 0,116 0,08
AMP IV – OD
Controle 30 0,207 0,136 0,23
0,21
Observouse que não houve diferenças significantes no valor de
amplitude entre os três graus de alteração do grupo G2 em relação ao grupo G1 na
orelha direita.
A tabela 11 fornece os valores da média, desvio padrão (DP), mediana
e análise estatística da medida de amplitude segundo o grau do grupo G2 (leve,
moderado, severo) em relação ao grupo G1 na orelha esquerda.
Tabela 11 – Média, desvio padrão e mediana da medida de amplitude das ondas I,
III e V da orelha esquerda dos grupos G1 e G2, subdividindo o grupo G2 em grau
leve, moderado e severo.
Variável Grau n Média DP Mediana p valor
leve 9 0,128 0,101 0,10 moderado 12 0,093 0,070 0,08 severo 9 0,052 0,028 0,04
AMP I OE
controle 30 0,126 0,098 0,10
0,077
leve 9 0,112 0,122 0,10 moderado 12 0,111 0,100 0,09 severo 9 0,063 0,032 0,06
AMP III OE
controle 30 0,113 0,086 0,08
0,48
leve 9 0,286 0,139 0,26 moderado 12 0,265 0,160 0,24 severo 9 0,196 0,117 0,19
AMP V OE
controle 30 0,336 0,185 0,33
0,20
leve 9 0,158 0,144 0,19 moderado 12 0,173 0,117 0,18 severo 9 0,143 0,123 0,12
AMP IV OE
controle 30 0,210 0,174 0,17
0,79
Observouse que não houve diferenças significantes no valor de
amplitude entre os três graus de alteração do grupo G2 em relação ao grupo G1 na
orelha esquerda.
As tabelas 12 e 13 fornecem os valores de média, desvio padrão
ou erro padrão (DP/EP) e mediana da latência V e IV na orelha direita, na
orelha esquerda e a correspondente diferença absoluta (direita esquerda) e
o respectivo nível descritivo (p valor) do teste estatístico Wilcoxon para o
grupo de controle e casos, respectivamente.
Tabela 12. Análise da diferença entre orelhas da latência absoluta de onda V e
latência interpico de ondas IV para o grupo G1.
Medida Média DP/EP Mediana p valor LAT V OD 5,799 0,298 5,75 LAT V OE 5,781 0,334 5,77 DIF LAT V (DE) 0,018 0,064 0,03 0,76 INTER IV OD 4,158 0,423 4,05 INTER IV OE 4,092 0,382 3,99 DIF INTER IV (DE) 0,066 0,092 0,05 0,30
Observouse que não existe diferença significativa na latência V e na
latência IV da orelha direita para a esquerda no grupo G1.
Tabela 13. Análise da diferença entre orelhas da latência absoluta de onda V e
latência interpico de ondas IV para o grupo G2.
Medida Média DP/EP Mediana p valor LAT V OD 5,799 0,344 5,71 LAT V OE 5,925 0,354 5,87 DIF LAT V (DE) 0,125 0,082 0,13 0,085 INTER IV OD 4,097 0,383 3,99 INTER IV OE 4,294 0,426 4,20 DIF INTER IV (DE) 0,197 0,092 0,17 0,020*
Observouse que existe diferença significante na latência IV da
orelha direita para a esquerda, sendo maior para a esquerda. Não existe
diferença significativa na latência V da orelha direita para a esquerda.
A tabela 14 apresentamos a média, erro padrão (DP), a mediana e a
análise estatística da diferença da latência V e IV (direita e esquerda) segundo o
grupo (G1 e G2).
Tabela 14. Análise estatística da diferença direita e esquerda segundo os grupos
G1 e G2.
Diferença Grupo n Média EP Mediana p valor DIF LAT V (DE) G2 30 0,125 0,082 0,13
G1 30 0,018 0,064 0,03 0,11
DIF INTER IV (DE) G2 30 0,197 0,092 0,17 G1 30 0,066 0,092 0,05
0,025*
Observouse que o grupo G2 apresentou diferença da latência
interpico de ondas I e V da orelha direita para a esquerda significativamente
maior que o grupo G1.
5. DISCUSSÃO
As respostas dos potenciais auditivos de tronco cerebral são de grande
importância na avaliação da integridade do tronco cerebral auditivo. Toma e Matta
(2003) afirmaram que a aplicação dos potenciais evocados auditivos possibilita a
avaliação da sensibilidade auditiva de recémnascidos, crianças ou mesmo adultos
nos quais não tenha sido possível a realização de um teste confiável, ou nos casos
em que é impossível a utilização de outro método auditivo convencional.
Stueve e O´Rouke (2003) afirmaram que os potenciais evocados
auditivos de tronco cerebral é uma avaliação sensível para detectar a perda auditiva,
pois irá apresentar respostas alteradas nos valores de latência absoluta, latência
interpico e amplitude das ondas.
Por esta razão, em nossa pesquisa incluímos crianças que
apresentaram normalidade na audiometria tonal limiar (FROTA, 2003) e na
imitânciometria (ROSSI, 2003), para evitar que perdas auditivas periféricas
influenciassem nas latências e amplitudes dos potenciais evocados auditivos de
tronco cerebral.
A pesquisa foi realizada com crianças entre nove e 12 anos de idade,
pois as respostas dos testes escolhidos no conjunto da avaliação comportamental
do processamento auditivo, proposta por Pereira e Schochat (1997), possuem a
mesma padronização para esta faixa etária.
Em nosso estudo, selecionamos crianças com uma faixa etária
semelhante para os dois grupos amostrais, com média de 10,23 anos para o grupo
G1 e de 10,30 para o grupo G2 (Tabela 1).
Nos resultados da avaliação do processamento auditivo (Apêndice A),
a dificuldade mais encontrada nas crianças do grupo amostral G2 foi a de
categorização do tipo de decodificação e de grau moderado, segundo a classificação
de Pereira (1997). Estes resultados são semelhantes aos achados por Domenico,
Leonbardt e Pereira (2001), que no seu estudo da relação do processamento
auditivo e reflexos acústicos, observaram mais alteração do processamento auditivo
do tipo decodificação.
A categorização denominada do tipo decodificação não verbal, definida
por Pereira (2004), avaliada no teste dicótico nãoverbal, com padrões de
normalidade de Ortiz et. al (2003), foi observada em algumas crianças com
processamento auditivo alterado (37%), mas não foi a categorização mais
encontrada.
Já a categorização de organização auditiva foi manifestada em metade
das crianças com processamento auditivo alterado (50%) e a categorização do tipo
codificação não foi avaliada em nossa pesquisa.
Os mecanismos fisiológicos encontrados alterados foram
reconhecimento de sons verbais em escuta dicótica e reconhecimento de sons não
verbais em escuta dicótica, segundo a classificação de Pereira e Cavadas (2003).
As inabilidades auditivas encontradas foram as de ordenação temporal
complexa, figurafundo auditivo, fechamento auditivo e integração binaural.
Concordamos com Carvallo (1997) quando relatou que se as habilidades auditivas
estiverem prejudicadas podem ser problemas auditivos que possam estar
interferindo no processo de comunicação humana.
Nos potenciais evocados auditivos de curta latência essa diferença de
idade, nove a 12 anos de idade, não representa diferenças nas latências ou
amplitude das ondas, pois como afirmara Bellis (1996) que as ondas III e V
continuam mudando até a idade de dois ou três anos de idade, enquanto a onda I
atinge os valores absolutos aos três meses de idade.
A nossa pesquisa foi feita com crianças acordadas durante a avaliação
dos potenciais evocados auditivos de tronco cerebral, pois a idade das crianças
avaliadas permitiu que ficassem quietas, deitadas e de olhos fechados. Acreditase
que o fato de não estarem anestesiadas não interferiu no resultado final, pois
concordase com Rogowski e Michalska (2001) quando afirmaram que a alteração
dos potenciais evocados auditivos de tronco cerebral pode acontecer independente
do nível de consciência da criança durante a avaliação.
Na tabela 2 e na figura 1 encontramos os valores das latências
absolutas das ondas I, III e V da orelha direita. Podemos observar que não houve
diferença estatística significantes entre os grupos G1 e G2. Os resultados
encontrados concordam com o que afirmara Henry (1996), pois quando realizou
estudo semelhante não encontrou diferenças significantes nas latências absolutas
das ondas.
Chermak e Musiek (2002) afirmaram que existem dois tipos de
avaliações das vias auditivas centrais com objetivos diferentes, a avaliação objetiva,
com os potenciais evocados auditivos, e a avaliação subjetiva, com a avaliação
comportamental do processamento auditivo.
No nosso estudo foi possível associar a afirmação de Chermak e
Musiek (2002) com os nossos achados, pois não encontramos diferenças
estatisticamente significante entre os dois grupos amostrais na maior parte dos
parâmetros avaliados nos potenciais evocados auditivos de tronco cerebral, que
poderiam estar relacionadas às alterações na avaliação comportamental do
processamento auditivo.
Na análise individual das latências absolutas e interpicos encontramos
aumentos em ambos os grupos amostrais. Acreditase que este acontecido pode ser
justificado pelo fato dos potenciais evocados auditivos de tronco cerebral não serem
sensíveis às alterações do processamento auditivo, já que crianças sem alteração
do processamento auditivo também apresentaram valores de latências um pouco
aumentadas em ambas as orelhas.
Além disso, acreditase também que este aumento no valor absoluto
das latências encontradas no nosso estudo deuse pelo fato que os valores de
comparação, encontrado no estudo de Hall (1992), foram padronizados em uma
população diferente, com um aparelho diferente.
Por esta razão foi realizada a calibração biológica (Apêndice B) do
aparelho utilizado no estudo, e se compararmos os valores absolutos das latências
dos grupos amostrais de nosso estudo com os valores absolutos das latências das
ondas da calibração biológica, não encontramos o mesmo número de crianças com
latências aumentadas que quando comparadas aos valores de Hall (1992).
Como a análise individual das respostas nos potenciais evocados
auditivos de tronco cerebral não foi o objetivo de nosso estudo, não se levou em
consideração o aumento dos valores de latência das crianças.
O grupo G1 apresentou como mínimo e máximo para as latências
absolutas da orelha direita da onda I os valores de 1,20 e 1,95, da onda III os
valores de 3,30 e 4,20, e da onda V os valores de 5,28 e 6,65. Já o grupo G2
apresentou como mínimo e máximo para a onda I os valores de 1,20 e 2,10, para a
onda III os valores de 3,18 e 5,08, e para a onda V os valores de 5,15 e 6,73.
Na tabela 3 e na figura 2 encontramos os valores das latências
absolutas das ondas I, III e V da orelha esquerda. Podemos observar que não houve
diferença estatisticamente significante entre os grupos G1 e G2.
Schochat, Carvalho e Megale (2002) afirmaram que o processamento
auditivo se dá por duas redundâncias, as intrínsecas, representadas pelo sistema
auditivo nervoso central, e as extrínsecas, ou seja, as pistas sobrepostas auditivas
dadas durante o seu desenvolvimento.
Nossos achados, tanto em relação à orelha direita quanto a orelha
esquerda, podem estar associados com a afirmativa de Schochat, Carvalho e
Megale (2002), já que uma criança com latências normais dos potenciais auditivos,
avaliação esta da integridade fisiológica do sistema auditivo de tronco cerebral
(fatores intrínsecos), pode apresentar dificuldades nos testes comportamentais do
processamento auditivo.
Acreditase que as dificuldades nos testes comportamentais do
processamento auditivo podem aparecer por utilizarem estímulos acústicos verbais e
não verbais, e assim avaliar os aspectos referentes a inúmeras habilidades auditivas
(figurafundo, fechamento auditivo, localização auditiva, etc.) necessários para uma
boa comunicação.
O grupo G1 na orelha esquerda apresentou como mínimo e máximo
para a onda I os valores de 1,02 e 2,00, para a onda III os valores de 3,15 e 4,90, e
para a onda V os valores de 5,03 e 6,58. Já o grupo G2 apresentou como mínimo e
máximo para a onda I os valores de 1,10 e 2,03, para a onda III os valores de 3,40 e
5,18, e para a onda V os valores de 5,13 e 6,93.
Na tabela 4 e na figura 3 encontramos os valores das latências
interpicos entre as ondas IIII, IV e IIIV da orelha direita. Podemos observar que
não houve diferença estatisticamente significante entre os grupos G1 e G2. Os
resultados encontrados mostram que a alteração do processamento auditivo pode
decorrer de outros fatores além de dissincronia neural, como afirmara Gallardo e
Vera (2003).
Já na tabela 5 e na figura 4 podemos verificar as latências interpicos
entre as ondas IIII, IV e IIIV da orelha esquerda de ambos os grupos amostrais.
Encontramos uma diferença estatística na latência interpico IV, ou seja, o grupo G2
apresentou latências maiores do que o grupo G1.
Esta diferença pode estar associada com as afirmativas de Bell (1996)
que fala da predominância da orelha direita sobre a orelha esquerda, principalmente
nos testes dicóticos verbais; No grupo G2, com processamento auditivo alterado, as
maiores alterações foram encontradas no teste dicótico SSW em português durante
a realização da avaliação comportamental do processamento auditivo.
Komazec (2001) descreve os potenciais evocados auditivos de tronco
cerebral como uma avaliação da integração e evolução das vias auditivas; Já
Cherian (2002) afirma ser um instrumento para intervenção de crianças com alguma
dificuldade auditiva.
Por esta razão acreditamos que os potenciais evocados auditivos de
tronco cerebral pode ser afetado pela imaturidade do sistema auditivo, mesmo que
seja central, concordando com Souza (1998) e Pinheiro (2004), além de estar
diretamente ligado ao desenvolvimento das habilidades auditivas, concordando com
Neves e Schochat (2005).
As ondas formadas pelos potenciais evocados auditivos de tronco
cerebral são geradas pela ativação seqüencial e sincrônica das fibras nervosas ao
longo da via auditiva, conforme afirmara Junqueira e Frizzo (2002), e por esta razão
pode ser alterada de acordo com a maturação da via auditiva, mesmo que seja
acima do tronco cerebral.
Essa interferência da maturação auditiva acima do tronco cerebral nos
potenciais evocados auditivos de tronco cerebral pode estar associado aos achados
de nosso estudo, já que crianças com alterações nos testes comportamentais do
processamento auditivo, testes que avaliam mecanismos fisiológicos encontrados
até nível de córtex cerebral, conforme estudos de Aquino e Araújo (2002),
apresentaram uma diferença estatisticamente significante nas latências interpicos IV
na orelha esquerda.
Já na tabela 6 e na figura 5 podemos verificar as amplitudes das ondas
I, III e V da orelha direita de ambos os grupos amostrais. Não foi encontrada
diferença estatística entre o grupo G2 em relação ao grupo G1.
Costa Júnior (2003) afirmara que a amplitude da onda é inversamente
proporcional à maturação do sistema nervoso auditivo. No nosso estudo acreditamos
que a dificuldade auditiva que acarreta nas alterações dos testes comportamentais
do processamento auditivo não é suficiente para alterar valores de amplitude das
ondas dos potenciais evocados auditivos de tronco cerebral.
Já na tabela 7 e na figura 6 podemos verificar as amplitudes das
ondas I, III e V da orelha esquerda de ambos os grupos amostrais. Não foi
encontrada diferença estatisticamente significante entre o grupo G2 em relação ao
grupo G1.
Estes achados concordam com o que afirmara Grose e Hall (1998) em
que o desenvolvimento auditivo se dá de maneira completa e contínua durante os
cinco primeiros anos de idade, e ainda que a maior parte deste desenvolvimento
está relacionado a maturação auditiva periférica e de tronco encefálico. Por esta
razão acreditamos que o distúrbio do processamento auditivo na faixa etária de nove
a 12 anos irá ser resultado, se presente, de disfunções do sistema auditivo central, e
assim, não é possível encontrar alterações nas amplitudes das ondas dos potenciais
evocados auditivos de tronco cerebral.
Na tabela 8 encontramos a relação estatística das latências absolutas
e interpico das ondas entre o grupo G1 e os graus de alteração do processamento
auditivo do grupo G2 da orelha direita.
Na tabela 9 encontramos a relação estatística das latências absolutas
e interpico das ondas entre o grupo G1 e os graus de alteração do processamento
auditivo do grupo G2 da orelha esquerda. Apesar de não haver diferença
estatisticamente significante entre os grupos amostrais, foi observado tendência nos
valores de latência interpicos de ondas IV na comparação do grau de alteração do
grupo G2 com o grupo G1 na orelha esquerda.
Marotta et al. (2002) afirmaram que as respostas auditivas da orelha
direita são melhores que as respostas da orelha esquerda. Essa afirmativa pode ser
associada ao nosso estudo já que crianças de ambos os grupos amostrais G1 e G2,
sem e com alterações no processamento auditivo, respectivamente, não
apresentaram diferenças estatisticamente significantes nos valores de latência da
orelha direita, e apresentaram uma tendência nos valores de latência interpicos de
ondas IV na comparação do grau de alteração do grupo G2 com o grupo G1 na
orelha esquerda.
Na tabela 10 foi apresentado o estudo estatístico dos valores das
amplitudes entre o grupo G1 e os graus de dificuldade do grupo G2 da orelha direita,
os quais não encontram nenhuma diferença estatisticamente significante nesses
valores. Por isso discordamos com a afirmativa de Rosen (2005) sobre o distúrbio de
o processamento auditivo ser uma desordem resultante de uma função auditiva
central deficiente, pelo menos em nível de tronco cerebral.
Já na tabela 11 encontramos o estudo estatístico dos valores das
amplitudes entre o grupo G1 e os graus de dificuldade do grupo G2 da orelha
esquerda. Também não fora encontrada nenhuma diferença estatisticamente
significante.
Concordase com o que afirmara Musiek e Lamb (1999) que o
processamento auditivo é a percepção a nível central de estímulos auditivos
captados perifericamente, porém os resultados da tabela 11 mostram mesmo com o
processamento auditivo alterado podemos encontrar resultados de potenciais
evocados auditivos de tronco cerebral normais, em relação aos valores dos
parâmetros de latência e amplitude.
As tabelas 12 e 13 mostram a comparação entre a orelha direita, a
orelha esquerda e a correspondente diferença absoluta (direita esquerda da
latência V e IV) para o grupo de controle e casos, respectivamente.
Nos resultados mostrados na tabela 12 não foi encontrada nenhuma
diferença estatisticamente significante entre as orelhas direita e esquerda do grupo
G1, concordando com o que afirmara Savic, Milosevic e Komazec (1999) que os
potenciais evocados auditivos de tronco cerebral consistem em uma avaliação
objetiva da evolução neurológica do comportamento auditivo, por isso as crianças
sem distúrbio do processamento auditivo não possuem alterações nos potenciais
evocados auditivos de tronco cerebral.
Já os resultados da tabela 13 mostram uma diferença estatisticamente
significante entre a orelha direita e esquerda dos valores de latência interpico de
onda IV, sendo que os valores da orelha esquerda são maiores do que a orelha
direita.
Esses parecem discordar com Junqueira e Frizzo (2002) quando
afirmaram que os potenciais evocados auditivos de tronco cerebral é uma avaliação
de tronco cerebral com pouco valor clínico nas disfunções de áreas talâmicas,
subcorticais e corticais, e por esta razão, crianças com distúrbio do processamento
auditivo poderiam apresentar potenciais evocados auditivos de tronco cerebral com
valores normais.
Na tabela 14 encontramos a diferença da orelha direita e esquerda
entre os grupos G1 e G2. Os resultados apresentaram uma diferença
estatisticamente significante na latência interpico de onda IV.
Apesar de termos encontrado resultados significantes nas respostas
dos potenciais evocados auditivos de tronco cerebral, não foi possível encontrar uma
relação clara com a avaliação comportamental do processamento auditivo, já que
não houve diferença significante em alguns fatores dos potenciais evocados
auditivos de tronco cerebral entre os dos grupos amostrais.
Esses achados, então, podem concordar com o que dissera Bellis
(2003) quando em seu estudo associara outros exames à avaliação do
processamento auditivo, inclusive os potenciais evocados auditivos de média e
longa latência. Então, com isso, podemos pensar na possibilidade dos potenciais
auditivos evocados de média e longa latência serem mais eficazes no estudo do
processamento auditivo.
Estes achados, por outro lado, não podem contestar Fuess (2002)
quando afirma que encontrada alterações de latência e amplitude dos potenciais
evocados auditivos de tronco cerebral durante a idade de neonato, e com uma
intervenção precoce podem propiciar um prognóstico melhor para esta criança, e
além de tentar melhorar seu prognóstico quanto à aquisição de linguagem, um fator
bastante presente em crianças que necessitam da avaliação do processamento
auditivo (KING, 2003), podese aumentar as possibilidades de inserilas no meio
social, concordando com o que afirmara Person et. al (2005).
Entretanto acreditamos que os potenciais evocados auditivos de tronco
cerebral não podem substituir clinicamente a avaliação comportamental do
processamento auditivo, pois além de se tratar de duas medições com objetivos
distintos, a relação entre elas ainda não está bem definida.
6. CONCLUSÃO
Não encontramos relação dos potenciais evocados auditivos de tronco
cerebral com a avaliação comportamental do processamento auditivo nos
parâmetros de:
• Latência absoluta das ondas I, III e V em ambas as orelhas;
• Latência interpicos das ondas IIII em ambas as orelhas;
• Latência interpicos das ondas IV na orelha direita;
• Latência interpicos das ondas IIIV em ambas as orelhas;
• Diferença interaural da latência interpico IV na orelha direita;
• Diferença interaural da latência da onda V em ambas as orelhas.
Porém foi possível encontrar relação entre os potenciais evocados
auditivos de tronco cerebral e a avaliação comportamental do processamento
auditivo através dos parâmetros:
• Latência interpico entre as ondas I e V da orelha esquerda;
• Diferença interaural da latência interpico IV na orelha esquerda entre os
grupos sem e com distúrbio do processamento auditivo.
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APÊNDICE A – RESULTADOS ENCONTRADOS NOS TESTES DA AVALIAÇÃO
COMPORTAMENTAL DO PROCESSAMENTO AUDITIVO NO GRUPO G2 (crianças
com alteração no processamento auditivo).
SSW Fala com Ruído Av. Simplificada T Dic. Não Verbal AL DC
(%) EC (%) EO EA T. A Inv. OD
(%) OE (%) MSV MS
NV LS RCP D E
AD (%)
AE (%)
1 62.5 57.5 16 2 0 7 64 64 1/3 1/3 5/5 S 9 15 87.5 91.6 2 70 72.5 2 1 4 0 72 68 1/3 3/3 5/5 S 13 11 100 100 3 65 75 6 6 6 4 80 80 1/3 1/3 4/5 S 10 14 100 100 4 82.5 72.5 3 1 3 1 68 72 2/3 2/3 5/5 S 12 12 100 100 5 77.5 92.5 2 2 0 0 84 80 3/3 3/3 5/5 S 12 12 100 100 6 40 65 3 7 3 8 52 52 2/3 1/3 4/5 S 9 15 87.5 79.1 7 85 97.5 1 7 5 0 80 84 3/3 3/3 5/5 S 12 12 100 100 8 82.5 82.5 1 10 1 0 68 72 3/3 3/3 5/5 S 11 13 87.5 91.6 9 52.5 40 1 3 7 0 52 68 2/3 3/3 5/5 S 13 11 70.8 70.8 10 85 80 4 8 1 0 72 80 3/3 3/3 5/5 S 13 11 100 100 11 60 52.5 10 0 3 2 52 48 2/3 1/3 5/5 S 10 14 70.8 50 12 72.5 87.5 0 2 3 1 68 60 3/3 2/3 5/5 S 10 14 100 91.6 13 87.5 97.5 5 7 1 0 68 68 3/3 2/3 5/5 S 11 13 100 95.8 14 65 62.5 3 7 1 1 36 32 3/3 2/3 5/5 S 15 09 100 100 15 87.5 85 5 3 0 2 48 60 3/3 3/3 5/5 S 15 09 100 100 16 65 57.5 9 1 0 2 72 80 2/3 3/3 5/5 S 12 12 100 100 17 65 50 3 13 2 1 76 72 3/3 2/3 5/5 S 09 15 95.8 87.5 18 82.5 90 3 3 3 2 60 64 3/3 1/3 5/5 S 09 15 100 100 19 70 57.5 0 8 1 2 80 80 3/3 2/3 5/5 S 10 14 95.8 100 20 87.5 67.5 12 0 0 0 72 72 3/3 3/3 5/5 S 13 11 100 100 21 77.5 82.5 3 7 4 3 64 72 2/3 2/3 5/5 S 11 13 100 95.8 22 30 35 4 6 0 1 60 60 0/3 1/3 5/5 S 11 13 87.5 87.5 23 87.5 87.5 2 2 0 0 72 72 3/3 2/3 5/5 S 12 12 100 100 24 72.5 80 6 2 3 1 52 48 3/3 2/3 5/5 S 10 14 87.5 100 25 90 77.5 6 2 0 0 76 80 3/3 2/3 4/5 S 11 13 100 100 26 77.5 92.5 1 1 2 1 80 84 3/3 3/3 5/5 S 12 12 100 91.6 27 67.5 60 11 3 0 1 64 64 1/3 2/3 4/5 S 10 14 79.1 70.8 28 85 95 2 2 0 0 84 80 3/3 3/3 5/5 S 12 12 100 100 29 85 82.5 7 5 0 0 68 76 2/3 3/3 5/5 S 12 12 87.5 91.6 30 60 43.5 14 2 3 5 72 76 3/3 2/3 5/5 S 10 14 100 100
DC = direita competitiva; EC = esquerda competitiva; EO = efeito de ordem; EA = efeito auditivo; T.A = tipo A; Inv. = inversões; OD = orelha direita; OE = orelha esquerda; MSV = memória seqüencial verbal; MSNV = memória seqüencial não verbal; LS = localização sonora; RCP = reflexo cócleo palpebral; AL = atenção livre; AD = atenção direcionada à orelha direita; AE = atenção direcionada à orelha esquerda.
• os resultados encontrados alterados durante a avaliação comportamental do processamento
auditivo estão em negrito.
APÊNDICE B – VALORES DE LATÊNCIAS ABSOLUTAS DAS ONDAS I, III E V,
LATÊNCIAS INTERPICOS DAS ONDAS IIII, IIIV E IV DA CALIBRAÇÃO
BIOLÓGICA DO APARELHO DE AVALIAÇÃO DOS POTENCIAIS AUDITIVOS
DE TRONCO CEREBRAL UTILIZADO NA PESQUIZA.
Respostas Latências (ms)
I 1.2 a 2.0
III 3.5 a 4.5
V 5.3 a 6.2
IIII 1.5 a 3.0
IIIV 1.5 a 3.0
IV 3.5 a 5.0
APÊNDICE C CARTA PARA OBTENÇÃO DO CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO PARA PESQUISAS QUE ENVOLVAM: CRIANÇAS E AVALIAÇÃO
Caro(a) Senhor(a)
Eu, MARCELA PFEIFFER PEDREIRA FERREIRA, fonoaudiólogo(a), portadora do CIC 08161434719, RG 101809887, estabelecido(a) na Rua do Imperador, nº 319 apartamento 401, CEP 25620002, na cidade de Petrópolis, cujo telefone de contato é (24) 22428202, vou desenvolver uma pesquisa cujo título é PROCESSAMENTO AUDITIVO E POTENCIAIS EVOCADOS AUDITIVOS DE TRONCO CEREBRAL (BERA).
O objetivo deste estudo é de verificar a relação entre a dificuldade no processamento auditivo e as latências dos potenciais auditivos de tronco cerebral (BERA) e necessito que o Sr.(a). forneça informações à respeito de suas filhas, com respostas de uma avaliação clínica em que realizarei com suas filhas com os seguintes procedimentos:
meatoscopia audiometria tonal limiar audiometria vocal imitânciometria avaliação do processamento auditivo, com os seguintes testes: SSW em português teste de fala no ruído avaliação simplificada do processamento auditivo teste dicótico nãoverbal
avaliação dos potenciais auditivos de tronco cerebral (BERA)
A participação das suas filhas nesta pesquisa é voluntária e a avaliação clínica não determinará qualquer risco.
A participação das suas filhas não trará qualquer benefício direto mas proporcionará um melhor conhecimento à respeito da relação existente entre as dificuldades no processamento auditivo e as latências e amplitudes de onda nos potenciais auditivos de tronco cerebral (BERA), que em futuros tratamentos fonoaudiológicos poderão beneficiar outras crianças ou, então, somente no final do estudo poderemos concluir a presença de algum benefício.
Não existe outra forma de obter dados com relação ao procedimento em questão e que possa ser mais vantajoso.
Informo que o Sr(a). tem a garantia de acesso, em qualquer etapa do estudo, sobre qualquer esclarecimento de eventuais dúvidas. Se tiver alguma consideração ou dúvida sobre a ética da pesquisa, entre em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Veiga de Almeida, situado na Rua Ibituruna 108 – Tijuca, fone 32343024 e comuniquese com a Profa. Dra. Mônica Medeiros de Britto Pereira.
Também é garantida a liberdade da retirada de consentimento a qualquer momento e deixar de participar do estudo.
Garanto que as informações obtidas serão analisadas em conjunto com outras pessoas, não sendo divulgada a identificação de nenhum dos participantes.
O Sr(a). tem o direito de ser mantido atualizado sobre os resultados parciais das pesquisas e, caso seja solicitado, darei todas as informações que solicitar.
Não existirão despesas ou compensações pessoais para o participante em qualquer fase do estudo, incluindo exames e consultas. Também não há compensação financeira relacionada à sua participação. Se existir qualquer despesa adicional, ela será absorvida pelo orçamento da pesquisa.
Eu me comprometo a utilizar os dados coletados somente para pesquisa, e os resultados serão veiculados através de artigos científicos em revistas especializadas e/ou em encontros científicos e congressos, sem nunca tornar possível a sua identificação.
Em anexo, está o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, para ser assinado caso não tenha ficado qualquer dúvida.
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Acredito ter sido suficientemente informado a respeito do estudo “PROCESSAMENTO AUDITIVO E POTENCIAIS EVOCADOS AUDITIVOS DE TRONCO CEREBRAL (BERA)”. Ficaram claros para mim quais são os propósitos do estudo, os procedimentos a serem realizados, as garantias de confidencialidade e de esclarecimentos permanentes.
Ficou claro, também, que a minha participação é isenta de despesas e que tenho garantia do acesso aos resultados e de esclarecer minhas dúvidas a qualquer tempo. Concordo voluntariamente em participar deste estudo e poderei retirar o meu consentimento a qualquer momento, antes ou durante o mesmo, sem penalidade ou prejuízo ou perda de qualquer benefício que eu possa ter adquirido.
___________________________________ Data_______/______/______ Assinatura do informante Nome: Endereço: RG. Fone: ( )
__________________________________ Data _______/______/______ Assinatura do(a) pesquisador(a
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