Processamento Auditivo Teste e Reteste_confiabilidade Da Avaliação (1)

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Avaliação do processamento auditivo

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  • MARIA FERNANDA SIMES DOS SANTOS FRASC

    Processamento auditivo em teste e reteste:

    confiabilidade da avaliao

    Dissertao apresentada Faculdade de Medicina

    da Universidade de So Paulo para obteno do

    ttulo de Mestre em Cincias

    rea de concentrao: Fisiopatologia Experimental

    Orientador: Prof. Dr. Eliane Schochat

    So Paulo

    2005

  • Dedicatria

  • Deus,

    que me cumula de graas a todo instante e mostra sua presena constante

    em minha vida.

    minha famlia,

    Jos Carlos e Maria Tereza, meus pais, e Jos Eduardo, meu irmo, por

    todo o incentivo, apoio incondicional e dedicao.

    Ao meu marido,

    Alexandre, pelo exemplo de determinao e pelas palavras de motivao.

    Mas acima de tudo, pela partilha de nossas vidas.

  • Agradecimentos

  • Em especial, Prof. Dr. Eliane Schochat, orientadora deste trabalho, sem a qual este no seria possvel. Por ter acreditado e compartilhado

    comigo a execuo deste projeto, com toda sua competncia. Tambm pela

    pacincia e compreenso nos momentos mais difceis.

    s Professoras, Dra Ida Chaves Pacheco Russo, Dra Liliane Pereira

    Desgualdo e Dra Carla Gentile Matas, que gentilmente, participaram do

    exame de qualificao, e ofereceram preciosas contribuies para a

    realizao deste trabalho.

    Professora Dra Renata Mota Mamede Carvallo, pela colaborao.

    s fonoaudilogas e amigas, Ivone e Renata Moreira, incentivadoras

    deste trabalho desde o incio e de toda a minha carreira profissional.

    Camila Rabelo, pela amizade, pelas maravilhosas dicas e pela

    pacincia em ouvir todas as minhas dvidas e dificuldades.

    Cristina, que foi companheira desde o incio deste processo, e agora,

    graas a ele, tornou-se uma grande amiga.

    todas as fonoaudilogas e alunas do LIF de Processamento Auditivo,

    pela imensa colaborao e carinho.

  • s amigas, Amlia Rodrigues, Daniela Bizeli, Tatiana Couto e Thelma

    Domingues, por estarem sempre presentes nos momentos de lutas e

    conquistas.

    Aos meus familiares, os quais vibram comigo a cada conquista.

    todos os colegas de trabalho do SESI, da FORD e do Centro de

    Reabilitao de Mau, pelo incentivo e carinho.

    Daniela e Renata Ramos, por me ajudarem na organizao.

    Ao Jimmy Adans, estatstico, pela disponibilidade.

    Ao amigo Daniel Pio Soares, pela impecvel reviso do Portugus.

    bibliotecria Marinalva de Souza Arago, pela grande contribuio

    para este trabalho.

    Aos funcionrios do Centro de Docncia e pesquisa em Fisioterapia,

    Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional, pelo carinho e colaborao.

    A todos os participantes desta pesquisa, que muitas vezes com

    sacrifcio, compareceram ao servio, contribuindo de forma incomensurvel

    para o desenvolvimento deste trabalho.

  • Esta dissertao est de acordo com:

    Universidade de So Paulo. Faculdade de Medicina. Servio de Biblioteca e

    Documentao. Guia de apresentao de dissertao, teses e monografias.

    Elaborado por Anneliese Carneiro da Cunha, Maria Julia de A. L. Freddi,

    Maria F. Crestana, Marinalva de Souza Arago, Suely Campos Cardoso,

    Valria Vilhena. So Paulo: Servio de Biblioteca e Documentao; 2004.

  • SUMRIO

    Lista de abreviaturas

    Lista de tabelas

    Lista de quadros

    Lista de grficos

    Lista de anexos

    Resumo

    Summary

    1. INTRODUO ........................................................ 01

    2. OBJETIVOS ............................................................ 04

    3. REVISO DA LITERATURA ................................... 06

    4. MTODOS .............................................................. 29

    5. RESULTADOS ........................................................ 43

    6. DISCUSSO ........................................................... 60

    7. CONCLUSES ....................................................... 78

    8. ANEXOS ................................................................. 80

    9. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ........................ 93

    10. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA .............................. 103

  • LISTA DE ABREVIATURAS, SMBOLOS E SIGLAS

    A alterado

    ANOVA Anlise da varincia

    ASHA American Speech and Language Hearing Association

    AVE acidente vascular enceflico

    CD Compact Disc

    CV consoante/vogal

    dB decibel

    DPA Distrbio do Processamento Auditivo

    DNV Dictico No Verbal

    et al. e outros

    FMUSP Faculdade de Medicina da Universidade de So Paulo

    FR Fala com rudo

    Hz Hertz

    IF Identificao de figuras

    IPRF ndice percentual de reconhecimento de fala

    LIF Laboratrio de Investigao Fonoaudiolgica

    LOC Localizao da fonte sonora

    LRF Limiar de reconhecimento de fala

    MAE meato acstico externo

    MCI Mensagem competitiva ipsi lateral

    MMN Mismatch Negativity

    MSNV Memria Seqencial No Verbal

    MSV Memria Seqencial Verbal

    N normal

    NA nvel de audio

    NS nvel de sensao

    OD orelha direita

  • OE orelha esquerda

    p. pgina

    PA Processamento Auditivo

    PEATE potenciais evocados auditivos de tronco enceflico

    PSI Pediatric speech intelligibility test

    R situao de reteste

    SCAN Test of auditory processing disorders

    SNAC sistema nervoso auditivo central

    SSI Syntetic speech intelligibility test

    SSW Staggered Spondaic Word Test

    T situao de teste

    TDAH Transtorno do Dfict de Ateno e Hiperatividade

    TDD Teste Dictico de Dgitos

    * significante

  • LISTA DE TABELAS

    TABELA 1 - Caracterizao dos sujeitos estudados

    quanto idade ................................................

    45

    TABELA 2 - Caracterizao dos sujeitos quanto idade,

    intervalo em dias entre o teste-reteste, e

    queixa ............................................................

    46

    TABELA 3 - Estatstica descritiva e anlise da varincia

    dos acertos obtidos nas orelhas direita e

    esquerda nos testes de processamento

    auditivo aplicados ...........................................

    49

    TABELA 4 - Estatstica descritiva e anlise da varincia

    dos acertos, nas situaes de teste e de

    resteste, para todos os testes aplicados ........

    52

    TABELA 5 - Estatstica descritiva e anlise da varincia

    dos acertos, nas situaes de teste e de

    resteste, para todos os testes aplicados

    somente nos indivduos normais ....................

    54

    TABELA 6 - Estatstica descritiva e anlise da varincia

    dos acertos nas situaes de teste e de

    reteste para todos os testes aplicados

    somente nos indivduos com DPA ..................

    55

    TABELA 7 - Estatstica descritiva e anlise da varincia

    dos acertos na situao de teste, para todos

    os testes aplicados .........................................

    57

    TABELA 8 - Estatstica descritiva e anlise da varincia

    dos acertos, na situao de reteste, para

    todos os testes aplicados ...............................

    58

  • LISTA DE QUADROS

    QUADRO 1 - Padro de respostas esperadas para o teste

    SSW ................................................................

    39

    QUADRO 2 - Nmero de sujeitos que realizou cada teste

    do PA ..............................................................

    48

  • LISTA DE GRFICOS

    GRFICO 1 - Mdias de acertos nas orelhas direita e

    esquerda, nos testes de processamento

    auditivo aplicados ...........................................

    50

    GRFICO 2 - Mdias dos acertos nas situaes de teste e

    de reteste, para todos os testes aplicados .....

    53

    GRFICO 3 - Mdias dos acertos nas situaes de teste e

    de reteste, para todos os testes aplicados

    somente nos indivduos normais ....................

    55

    GRFICO 4 - Mdias dos acertos nas situaes de teste e

    de reteste, para todos os testes aplicados

    somente nos indivduos com DPA ..................

    56

    GRFICO 5 - Mdias dos acertos dos grupos de indivduos

    com e sem alterao do PA, na situao de

    teste ................................................................

    57

    GRFICO 6 - Mdias dos acertos dos grupos de indivduos

    com e sem alterao do PA, na situao de

    reteste .............................................................

    59

  • LISTA DE ANEXOS

    ANEXO A Certificado de aprovao da Comisso de

    tica para Anlise de Projetos de Pesquisa

    (CAPPesq) da Diretoria Clnica do Hospital

    das Clnicas e da Faculdade de Medicina da

    Universidade de So Paulo ............................

    81

    ANEXO B Protocolo de levantamento da histria clnica 82

    ANEXO C Protocolo de anotao da avaliao

    audiolgica bsica ..........................................

    84

    ANEXO D Protocolos para anotao dos registros de

    pontuao nos testes do processamento

    Auditivo ...........................................................

    85

    ANEXO E Termo de consentimento ps informao ...... 90

  • RESUMO

    Frasc, MFSS. Processamento auditivo em teste e reteste: confiabilidade da

    avaliao. Dissertao (Mestrado). So Paulo: Faculdade de Medicina,

    Universidade de So Paulo; 2005.

    INTRODUO: vrios testes que avaliam o Processamento Auditivo (PA)

    foram adaptados do Ingls, ou elaborados no Brasil, apenas nos ltimos 20

    anos, no havendo ainda estudos a respeito de sua confiabilidade. O estudo

    do tipo teste-reteste uma das formas de se examinar a confiabilidade

    desses testes. OBJETIVOS: verificar a confiabilidade de alguns dos testes

    que avaliam o PA, por meio de um estudo do tipo teste-reteste. MTODOS:

    40 indivduos voluntrios, falantes do Portugus, foram sorteados ao acaso e

    avaliados quanto ao PA nas situaes de teste e reteste, com intervalos que

    variaram entre uma semana a um ms. Foram aplicados os testes de

    localizao, memria seqencial verbal e no verbal, dois testes monticos e

    dois dicticos. Estes ltimos, escolhidos de acordo com a faixa etria e

    condies de resposta de cada sujeito. RESULTADOS: no houve diferena

    significante entre as orelhas testadas, nem entre as situaes de teste e

    reteste, de todo o grupo. Quando comparados os desempenhos dos

    indivduos, cujos resultados apontaram para um distrbio do PA, com

    aqueles cujos resultados estiveram dentro da normalidade, em ambas as

    situaes, houve variao significante na maior parte dos testes aplicados.

  • CONCLUSO: os testes do PA, utilizados neste estudo, demonstraram sua

    confiabilidade por meio do teste-reteste.

  • SUMMARY

    Frasc, MFSS. Test and retest of auditory processing: reliability of the

    evaluation. Dissertation (Ms). So Paulo: Faculdade de Medicina,

    Universidade de So Paulo; 2005.

    INTRODUCTION: in the last twenty years, several Auditory Processing (AP)

    tests were adapted from English or elaborated in Brazil, however there is a

    lack of studies about their reliability. The test-retest type of study is one way

    of examining the reliability of those tests. AIM: to verify the reliability of some

    AP tests through a test-retest study. METHOD: 40 Portuguese speaking

    volunteer subjects were randomly selected and evaluated concerning the AP

    in the situations of test and retest, with an interval period from one week to

    one month. The following tests were applied: localization, verbal and non-

    verbal sequential memory, two monotic and two dichotic tests. These last

    ones were selected according to each subjects age and response condition.

    RESULTS: there was no significant difference between the tested ears, nor

    between the test and retest situations of the entire group. When the

    performances of subjects indicating an AP disorder were compared to those

    whose results were within normal limits there was a significant variation in the

    majority of the tests, in both situations. CONCLUSION: the AP tests used in

    this study indicated their reliability through the test-retest.

  • INTRODUO

  • Introduo

    1

    1. INTRODUO

    Os testes de Processamento Auditivo (PA) so procedimentos ainda

    muito recentes. Na dcada de 1950, Bocca et al. (1954), mdicos italianos,

    utilizaram pela primeira vez um teste monoaural de fala distorcida para

    avaliar a funo auditiva central em pacientes com leses de Sistema

    Nervoso Auditivo Central (SNAC), pois notaram que a bateria* audiolgica

    convencional no era suficiente para detectar as alteraes auditivas destes

    pacientes. Segundo Baran e Musiek (2001), no fim da mesma dcada, testes

    de interao binaural foram utilizados para avaliar a funo do SNAC em

    indivduos com alterao cerebral e, no incio da dcada de 1960, o primeiro

    teste de fala dictica foi apresentado. A partir da dcada de 1970, uma

    proliferao de novos testes resultou na variedade que conhecemos hoje.

    Em uma rea de estudos to recente, podemos imaginar quantas

    controvrsias ainda existem e quo necessrios so os estudos a seu

    respeito. Entretanto, alguns conceitos j foram estabelecidos como, por

    exemplo, uma definio para o Distrbio do Processamento Auditivo (DPA).

    De acordo com o documento publicado por Jerger e Musiek (2000), a

    respeito do ltimo consenso sobre o tema Processamento Auditivo, ocorrido

    em Dallas, no mesmo ano, o DPA um dficit no processamento da

    * O termo battery (bateria) bastante freqente nos textos de lngua inglesa e refere-se a um conjunto de exames. Segundo o dicionrio Houaiss (2005), bateria tem, entre outros significados, o de conjunto de testes que se aplicam a um paciente. Portanto, foi utilizado neste trabalho com o mesmo sentido.

  • Introduo

    2

    informao especfico modalidade auditiva. Pode estar associado a

    dificuldades em ouvir ou em entender a fala, ao desenvolvimento da

    linguagem e aprendizagem. Em sua forma pura, porm, conceituado

    como um dficit do processamento da entrada auditiva. No Brasil, Pereira et

    al. (2002) consideram que os DPA so perdas funcionais, as quais podem

    ser definidas como incapacidade de focar, discriminar, reconhecer ou

    compreender informaes apresentadas, por meio da audio.

    Para que este distrbio seja diagnosticado, faz-se necessrio um

    conjunto de testes que avaliem os processos de audio do indivduo, de

    acordo com sua faixa etria, condies cognitivas e de linguagem. Esta

    avaliao, segundo Pereira et al. (2002), tem os seguintes objetivos: 1.

    identificar e categorizar o DPA; 2. fornecer subsdios para o processo de

    reabilitao; e 3. avaliar o processo de fonoterapia.

    Tendo em vista a importncia da avaliao do PA, e sua utilizao em

    diferentes momentos do processo de diagnstico e de reabilitao dos mais

    diversos tipos de pacientes, fica clara a relevncia da realizao de estudos

    que avaliem sua validade, confiabilidade e eficincia.

    De acordo com Chermak e Musiek (1997), validade a acurcia na

    medida dos fatores que se deseja avaliar com o uso de determinado teste. A

    melhor maneira de estud-la seria em populaes com leses. A eficincia

    um fator derivado da sensibilidade e da especificidade, qurespectivamente,

  • Introduo

    3

    remete porcentagem de resultados, indicando uma anormalidade que de

    fato existe e porcentagem de resultados que indicam que no existe

    anormalidade. J a confiabilidade existiria quando os escores obtidos em

    determinado teste fossem idnticos aos da situao de reteste*.

    Procedimentos com alta confiabilidade so de grande valor, tanto para a

    pesquisa, como para a clnica (Borges, 1986).

    No Brasil, os testes disponveis comercialmente j foram amplamente

    estudados em relao sua validade e eficincia (Borges, 1986; Ortiz e

    Pereira, 1997; Ziliotto et al., 1997). No entanto, no h relatos de estudos

    que comprovem sua confiabilidade por meio de um estudo do tipo teste-

    reteste. Alm disso, alguns autores enfatizam que o desempenho do

    indivduo, em testes que avaliam PA, pode variar significativamente,

    dependendo de fatores como: motivao, memria, ateno, entre outros

    (Cacace e McFarland, 1998; Silman et al.,2000).

    Assim, a fim de se verificar se h diferenas significantes entre a

    avaliao e o reteste de indivduos, foi elaborado o presente estudo.

    * O termo reteste no consta nos dicionrios de Lngua Portuguesa. Entretanto, no encontramos traduo mais adequada para test-retest. Dessa forma, utilizamos reteste, significando um segundo teste ou avaliao.

  • 4

    OBJETIVOS

  • Objetivos

    5

    2. OBJETIVOS

    2.1. GERAL

    Verificar a confiabilidade de alguns dos testes que avaliam o PA

    2.1. ESPECFICOS

    A) Verificar se h diferenas entre o teste e o reteste da avaliao do

    PA.

    B) Verificar se h diferenas entre o teste e o reteste da avaliao do

    PA, em dois grupos distintos: um dos indivduos que apresentaram

    resultados normais em suas avaliaes, e outro, cujos resultados

    apontaram para um DPA.

    C) Verificar se h diferenas entre o teste e o reteste da avaliao do

    PA em indivduos, considerando-se a varivel orelha.

  • 6

    REVISO DA LITERATURA

  • Reviso da Literatura

    7

    3. REVISO DA LITERATURA

    Os testes que avaliam o Processamento Auditivo (PA) comearam a

    ser elaborados na dcada de 1950. Entretanto, no Brasil, passaram a ser

    investigados e aplicados somente nas ltimas dcadas. Iniciaremos esta

    reviso por uma breve exposio a respeito da avaliao comportamental do

    PA, a qual, atualmente, composta por uma bateria de testes. Em seguida,

    ser abordado, mais diretamente, o tema do teste-reteste desta avaliao.

    AVALIAO DO PROCESSAMENTO AUDITIVO

    Em 1981, Sanders e Bess publicaram um estudo a respeito dos testes

    especiais para o diagnstico audiolgico, no qual reforaram a importncia

    da utilizao de uma bateria de testes para o diagnstico na rea. Segundo

    eles, um dos marcos no desenvolvimento da avaliao audiolgica foi um

    estudo de Jerger* (1961), cuja proposta era utilizar testes em combinao

    com a interpretao baseada no conjunto dos resultados, e no em um nico

    teste. Este conceito foi amplamente aceito pelos clnicos e utilizado at os

    dias de hoje.

    * Jerger J. Recruitment and allied phenomena in differential diagnosis. Journal of Auditory Research. 1961; 1: 145-51.

  • Reviso da Literatura

    8

    Willeford (1985) afirmou que o diagnstico de DPA requer um protocolo

    de testes especiais, com solidez suficiente para identificar diferenas em

    vrios nveis e funes do Sistema Nervoso Auditivo Central (SNAC). Estes

    testes permaneceram experimentais, em certo grau, e precisam ser

    administrados e interpretados com cuidado. Foram, inicialmente, utilizados

    com o propsito de confirmar a presena, ou o local, da leso do SNAC.

    Porm, passaram a ser teis na avaliao da integridade funcional do SNAC

    de crianas. O objetivo dos clnicos seria empregar testes que acentuassem

    somente os mecanismos auditivos, em vrios nveis do SNAC, a fim de

    identificar possveis fraquezas no sistema.

    Em um artigo que discutia os avanos na rea do PA, Musiek e Baran

    (1987) ressaltaram que pesquisadores costumam aplicar um nico teste

    para a avaliao do PA em determinadas populaes, a fim de

    demonstrarem sua sensibilidade a leses em uma ou mais reas do crebro.

    Este um procedimento adequado para pesquisas, nas quais, em geral, os

    pesquisadores conhecem o local da leso, antes da avaliao. Uma

    avaliao to limitada, certamente, levaria a um diagnstico errneo. Assim,

    os audiologistas clnicos precisaro selecionar cuidadosamente, entre todos

    os testes disponveis, aqueles que, administrados sob a forma de uma

    bateria, sejam capazes de identificar leses e/ou disfunes ao longo do

    SNAC. Os autores sugeriram uma bateria de apenas dois ou trs testes, um

    dictico com estmulos de fala, o qual identificaria leses corticais; um cuja

  • Reviso da Literatura

    9

    tarefa envolva seqncias temporais, para a identificao de leses que

    afetem as vias corticais e inter-hemisfricas da via auditiva e, finalmente, a

    audiometria de potenciais evocados auditivos de tronco enceflico (PEATE),

    para a deteco de leses no tronco ou no VIII par.

    Os mesmos autores, Musiek e Baran, em 1991, retomaram o debate

    acerca da bateria de testes para avaliar o PA. Segundo os autores, esta era

    uma questo pouco discutida, e por isso mereceu sua ateno. Sugeriram

    que uma bateria de testes de PA no deveria ser muito demorada, pois,

    tanto pacientes, quanto clnicos, no tolerariam procedimentos longos.

    Tambm lembraram a costumeira crena de que, quanto maior o nmero de

    testes aplicados, melhor a sensibilidade da bateria. Entretanto, ressaltaram

    que, quanto maior o nmero de testes administrados, maior o nmero de

    falsos positivos. Segundo eles, prudente selecionar testes que avaliem

    diferentes processos, aumentando a probabilidade de se detectar funes

    anormais. A natureza dos testes escolhidos deve depender das

    caractersticas do paciente e da queixa. Uma bateria de testes aplicada a

    uma criana com distrbio de aprendizagem no deve ser a mesma que

    pretenda avaliar a integridade do SNAC de um adulto.

    Musiek e Bornstein (1992) advertiram que essencial incluir uma

    medida eletrofisiolgica da audio na apreciao do SNAC; entretanto,

    destacaram que alguns testes comportamentais so mais sensveis a leses

    corticais do que algumas medidas eletrofisiolgicas. Alm disso, nem

  • Reviso da Literatura

    10

    sempre possvel administrar ambos os tipos de medidas. A escolha da

    estratgia deve ser feita pelo audiologista, baseado nas queixas do paciente,

    pronturio mdico, e experincia do profissional na avaliao do SNAC.

    Pereira (1993) sugeriu que a avaliao do PA constasse de cinco

    etapas: 1. Deteco: audiometria tonal liminar, discriminao vocal2

    convencional, timpanometria e pesquisa do reflexo acstico; 2. Localizao:

    testes de localizao sonora em cinco direes; 3. Reconhecimento:

    Pediatric Speech Intelligibitily Test (PSI) na presena de mensagem

    competitiva ipsi e contralateral, e o teste de discriminao vocal de

    monosslabos na presena de rudo branco; 4. Ateno seletiva: teste de

    ateno seletiva para estmulos verbais (CV), atravs de escuta dictica, e 5.

    Memria: teste de memria seqencial de sons verbais e no verbais.

    Carvallo (1997) afirmou que os testes especiais para a avaliao do PA

    fornecem informaes, principalmente, quanto ao diagnstico de como o

    indivduo lida com as informaes auditivas, tendo como referncia o

    comportamento de outros indivduos, cujas habilidades auditivas foram

    consideradas normais. Estes procedimentos comportamentais padronizados

    permitem a observao dos prejuzos do processo gnsico auditivo de um

    indivduo, bem como quais as habilidades auditivas prejudicadas. Desta

    forma, possvel inferir provveis interferncias dos problemas auditivos no

    2 Optou-se por manter o termo utilizado pela autora na poca da publicao do estudo.

  • Reviso da Literatura

    11

    processo de comunicao humana e, tambm, avaliar a integridade do

    funcionamento do SNAC.

    Chermak e Musiek (1997) enfatizaram que as questes mais

    importantes, em relao avaliao do PA, so: quais os testes com maior

    eficincia, validade e confiabilidade, alm de como combin-los de maneira

    a aumentar a informao obtida. Entretanto, lembraram que a interpretao

    de uma bateria de testes pode ser mais difcil. Os autores questionam se,

    em uma bateria de testes, um sujeito que apresente apenas um resultado de

    teste alterado deve ser considerado como portador de um distrbio do PA.

    Segundo eles, muitos fatores podem afetar essa concluso, tais como: a

    validade do teste, se a alterao encontrada combina com a histria clnica

    do paciente, se o paciente respondeu bem ao teste, entre outros. Por outro

    lado, muitas pessoas sem DPA podem falhar em algum teste da bateria.

    Portanto, os autores sugerem que seja constatado um DPA se o paciente

    apresentar dois, ou mais, testes alterados em uma bateria.

    Pereira (1997) alertou para alguns cuidados que devem ser tomados ao

    se realizar a avaliao do PA. Inicialmente, preciso que os estmulos

    verbais ou no-verbais gravados sejam transmitidos via audimetro, em

    cabina acstica, a fim de que se tenha conhecimento preciso dos nveis de

    apresentao sonora, em decibel, e que sejam controladas as condies de

    nvel de audio, s quais o teste se prope. As modalidades sensoriais

    envolvidas na resposta do paciente tambm devem ser consideradas, pois a

  • Reviso da Literatura

    12

    resposta oral corresponde somente ao envolvimento da modalidade

    sensorial auditiva, enquanto as respostas em que o sujeito solicitado a

    apontar figuras ou palavras, as modalidades envolvidas so a auditiva e a

    visual. Alm disso, preciso considerar-se que os testes em questo

    tambm so sensveis a exigncias como a motivao, a ateno e as

    habilidades motoras.

    Segundo Schochat (1998), a base para grande parte dos testes que

    avaliam o PA a reduo das redundncias extrnsecas, isto , pistas

    acsticas, sintticas, semnticas, morfolgicas e lexicais, uma vez que o que

    se pretende avaliar so as redundncias intrnsecas.

    De acordo com Jerger e Musiek (2000), os testes comportamentais tm

    a vantagem de ser amplamente disponveis, relativamente fceis e baratos

    de serem aplicados, alm de proverem uma srie de informaes a respeito

    das caractersticas do desempenho do sujeito. Porm, h a desvantagem de

    seus resultados serem facilmente confundidos por variveis externas, tanto

    dos sujeitos, quanto das tarefas.

    Baran e Musiek (2001) consideraram que a utilizao de uma bateria de

    testes na avaliao do SNAC , no s prudente, como necessria, uma vez

    que poucos testes comportamentais so capazes de diferenciar as leses de

    tronco enceflico das leses corticais, quando utilizados isoladamente.

    Acreditam que a utilizao de testes diversos a chave para a identificao

  • Reviso da Literatura

    13

    de disfuno, em um sistema altamente redundante. Alm disso, afirmam

    que a escolha dos testes de uma bateria de responsabilidade do

    audiologista, na avaliao de cada paciente. No recomendam a utilizao

    de todos os testes disponveis nem de uma bateria padro,

    indiscriminadamente.

    Neijenhuis et al. (2001) realizaram um estudo nos Pases Baixos, a fim

    de desenvolver uma bateria de testes auditivos, os quais pudessem ser

    utilizados em populaes adultas e, com pequenas modificaes, em

    crianas mais velhas. Sua bateria era composta por sete testes: palavras no

    rudo, fala filtrada, fuso binaural, sentenas no rudo, dictico de dgitos,

    padres de freqncia e durao, e mascaramento retrgrado. Os

    resultados obtidos na aplicao desta bateria concordaram com a literatura,

    de modo geral, sendo encontradas as correlaes mais significantes em

    intra-teste. Segundo os autores, este achado sugere que diferentes testes

    fornecem informaes de diferentes aspectos da audio, pois a ausncia

    de correlao entre os diversos testes indica que cada um avaliou um

    determinado aspecto da audio.

    Emanuel (2002) realizou um estudo, cuja proposta era investigar as

    prticas comuns no diagnstico do DPA, por meio de um questionrio

    enviado via internet ou correio aos audiologistas de Maryland. Sua inteno

    era verificar se estas prticas estariam de acordo com as sugeridas pelo

    Consenso de Dallas (Jerger e Musiek, 2000). A pesquisa continha questes

  • Reviso da Literatura

    14

    abertas e com alternativas a respeito dos testes comportamentais e

    fisiolgicos da bateria de avaliao do PA, uso de questionrios,

    observaes em sala de aula e testes de ateno, memria e linguagem,

    entre outros. 192 questionrios foram respondidos, enquanto, outros estados

    americanos foram representados por participao via internet. A autora

    observou que, de modo geral, uma bateria tpica inclua testes dicticos

    (100%), monticos de baixa redundncia (96%), e questionrios (60%).

    Todos os audiologistas exigiam uma avaliao audiolgica bsica antes da

    avaliao do PA, e mais da metade deles acrescentavam testes de

    processamento temporal bateria, alm de informaes a respeito das

    avaliaes de outros profissionais. Os testes dicticos mais utilizados eram o

    SSW e o de palavras competitivas do SCAN-A; j os monticos eram

    palavras filtradas e figura fundo auditivas do SCAN-C. O teste temporal mais

    utilizado foi o de padro de freqncia. Quanto aos testes fisiolgicos, os

    mais usados foram a timpanometria, seguida da pesquisa dos reflexos

    acsticos. Muitos aplicaram PEATE, como procedimento padro ou

    ampliado, porm, poucos incluam potenciais de latncias mais longas. A

    autora observou que nenhum dos audiologistas que responderam

    pesquisa aplicava todos os testes sugeridos pelo Consenso de Dallas

    (Jerger e Musiek, 2000), como bateria mnima. Algumas das possveis

    razes para isso consistiriam no fato de alguns testes no estarem

    disponveis no mercado, na falta de instrues adequadas e dados

    normativos para a aplicao de certos testes, na heterogeneidade da

    populao testada, na ausncia de equipamentos para a realizao de

  • Reviso da Literatura

    15

    testes eletrofisiolgicos, em grande parte dos servios, e na diferena da

    formao acadmica dos profissionais.

    Pereira et al. (2002) chamaram de avaliao do PA o conjunto de

    procedimentos que constituem a denominada audiometria comportamental,

    a qual utiliza estmulos sonoros verbais e no-verbais, apresentados com

    degradao de suas caractersticas, ou em competio. Esta bateria de

    exames tem como objetivos identificar e categorizar o DPA, fornecer

    subsdios para o processo de reabilitao, e avaliar o processo de

    fonoterapia.

    ESTUDOS DO TIPO TESTE-RETESTE

    Os estudos que empregam o teste-reteste, nas avaliaes do

    Processamento Auditivo (PA), so bastante interessantes para a observao

    do comportamento dos testes entre si. Esto fortemente relacionados sua

    confiabilidade e validao. Diversos autores valeram-se desse recurso, em

    seus experimentos, a fim de comprovar a confiabilidade de suas baterias de

    testes para avaliarem o PA. Alm disso, foram utilizados em muitos estudos

    que correlacionam os distrbios do PA s mais diversas patologias, tais

    como a dislexia, os distrbios da linguagem oral, o transtorno do dficit de

  • Reviso da Literatura

    16

    ateno e a hiperatividade, entre outros. Seguem alguns dos estudos

    relacionados ao tema em questo.

    Jerger (1982) aplicou o teste-reteste em crianas normais, a fim de

    estabelecer a confiabilidade de um novo material para a aplicao do PSI -

    Pediatric Speech Intelligibitily Test. Seus sujeitos tinham de trs a seis anos

    de idade. 35 deles foram submetidos a testes com sentenas, e 32 com

    palavras. A mdia de intervalo entre as avaliaes foi de 29 dias para

    sentenas, e trs dias para palavras. Esta diferena de intervalos poderia

    gerar uma expectativa de favorecimento da avaliao com o uso de

    palavras. Contudo, a confiabilidade foi bastante similar para os dois tipos de

    material.

    Musiek et al. (1991) realizaram um estudo para determinar se o Teste

    Dictico de Dgitos (TDD) preencheria os critrios necessrios para ser

    usado com um teste de triagem para as alteraes do PA. Sua casustica foi

    composta por trs grupos: 32 sujeitos com audio perifrica normal e leso

    comprovada de SNAC, 30 sujeitos com perda auditiva coclear e sem histria

    neurolgica, e 18 sujeitos com leso neurolgica e perda auditiva. Uma de

    suas medidas foi a da confiabilidade do teste-reteste, aplicando-a em quatro

    sujeitos com leses neurolgicas relativamente estveis. Assim, os autores

    afirmaram ter escolhido o grupo mais propenso variabilidade nos

    resultados de testes que avaliam o SNAC, comparados aos dos sujeitos

    normais ou com perdas auditivas. Observaram resultados bastante similares

  • Reviso da Literatura

    17

    entre as duas sesses (r=0.77), com intervalos entre dois meses e um ano,

    demonstrando, razoavelmente, boa confiabilidade para o TDD.

    Em 1995, Keith desenvolveu e padronizou uma srie de testes do PA

    para adolescentes e adultos, o Scan-A Test of auditory processing

    disorders in adolescents and adults. A fim de investigar a confiabilidade de

    seu conjunto de testes, aplicou o teste-reteste em 38 indivduos de 19 a 50

    anos de idade. O intervalo entre as duas situaes foi de um dia a cinco

    meses, com mdia de 46 dias. As variaes encontradas, entre o teste e o

    reteste, limitaram-se a mnimas correlaes.

    Chermak e Musiek (1997) afirmaram que a confiabilidade do teste-

    reteste importante para todos os testes. Em teoria, uma perfeita

    fidedignidade existe quando os escores do teste so os mesmos do reteste.

    Isto pode ser previsto, mantendo-se uma condio esttica em relao aos

    elementos mensurados, o que problemtico, especialmente em relao

    aos pacientes com leses neurolgicas, devido a fatores como

    reorganizao dos mapas neurais, nvel de alerta, cognio, estratgias

    compensatrias, entre outros. Tambm, com a populao normal,

    complexo realizar este tipo de estudo, uma vez que a maior parte das

    pesquisas com teste-reteste foi realizada com testes do PA no disponveis

    no mercado.

  • Reviso da Literatura

    18

    Em 1998, Amos e Humes, preocupados com a utilizao do SCAN sem

    que sua confiabilidade fosse comprovada, examinaram a estabilidade de

    seus resultados em 25 escolares da primeira srie, e 22 da terceira, com

    idades entre seis a nove anos, usando um intervalo de reteste entre seis a

    sete semanas, com horrios e examinadores constantes. Os resultados

    indicaram uma melhora nos escores de dois dos trs subtestes do SCAN, o

    de palavras filtradas e o de palavras competitivas. Alm disso, comprovaram

    melhora no desempenho dos estudantes de ambas as sries. O subteste de

    figura-fundo auditiva foi o nico que no apresentou uma diferena

    significativa entre o teste e o resteste.

    Cacace e McFarland (1998), em um artigo que expunha sua viso

    crtica a respeito do distrbio do PA em crianas em idade escolar,

    sugeriram que futuras pesquisas levassem em conta as medidas

    psicomtricas necessrias. Entre elas, como um teste relaciona-se com ele

    prprio, por exemplo, pela aplicao de teste-reteste, ou ainda como os

    testes se relacionam com outros, tais como: medidas de inteligncia,

    capacidades lingsticas e memria.

    Musiek, em 1999, realizou um estudo que d uma viso geral acerca de

    alguns testes do PA, bem como de algumas questes a seu respeito, entre

    elas a da validade. Segundo ele, esta uma questo importante e complexa,

    uma vez que no h um padro ouro com o qual comparar os resultados

    dos testes. Provavelmente, o mais prximo disso sejam os indivduos com

  • Reviso da Literatura

    19

    leses bem definidas do SNAC. Se um teste, consistentemente, reflete

    achados anormais para leses bem definidas, tem-se uma alta sensibilidade.

    Se um teste mostra achados anormais para indivduos que no tm leses

    de SNAC, ento, sua especificidade baixa e no pode separar uma

    populao da outra.

    Jerger e Musiek (2000), no relatrio da conferncia de Dallas,

    afirmaram, a respeito do diagnstico dos DPA em crianas pr-escolares,

    que este pode ser complicado por trs fatores: 1) outros tipos de transtornos

    na infncia podem exibir comportamentos semelhantes, como o transtorno

    do dficit de ateno e a hiperatividade (TDAH), os distrbios de

    aprendizagem ou de leitura e escrita, entre outros; 2) alguns dos

    procedimentos audiolgicos atualmente utilizados para avaliar as crianas

    com suspeita de DPA falham ao diferenciar estas das crianas com outros

    problemas, e assim, procedimentos comportamentais esto sujeitos a

    crticas; e, finalmente, 3) na avaliao de crianas com suspeita de DPA,

    alguns fatores podem confundir a interpretao dos resultados dos testes,

    como por exemplo, a falta de motivao, a ausncia de ateno sustentada,

    a falta de cooperao e a dificuldade de compreenso. Por isso, torna-se

    vital assegurar que esses fatores de confuso no levem a um diagnstico

    errneo de um problema auditivo.

    Keith, em 2000, revisou sua bateria de testes do PA, o SCAN Test for

    Auditory Processing Disorders in Children. Um de seus objetivos foi avaliar

  • Reviso da Literatura

    20

    a confiabilidade da bateria, por meio de teste-reteste. Dos 650 sujeitos

    participantes da padronizao da avaliao, 145 foram reavaliados no

    intervalo de dois dias a seis semanas, em mdia 6,5 dias. Essa amostra foi

    dividida em dois grupos: 65 crianas com idades entre cinco a sete anos, e

    80 de oito a 11 anos. O coeficiente de estabilidade entre o teste e o reteste

    foi calculado atravs da correlao de Pearson, e variou entre 0.65 e 0.82

    para o primeiro grupo, e entre 0.67 e 0.78 para o segundo. Tambm foi

    avaliada a validade da bateria por meio da comparao entre os escores

    obtidos na aplicao do SCAN-C revisado e os da verso original. Ambos

    foram aplicados em 80 crianas de cinco a 11 anos de idade. Em metade

    delas, o SCAN-C foi administrado primeiro e, na outra metade, o inverso. O

    intervalo entre as duas apresentaes foi de dois a 20 dias, sendo o

    examinador sempre o mesmo. As correlaes encontradas foram de

    moderadamente baixas a altas, entre os subtestes, sendo a menor

    correlao (0.31) para o teste de figura fundo auditiva. O intervalo de

    confiana dos subtestes do SCAN-C foi na faixa de 95%. O autor concluiu

    que sua bateria apenas uma das vrias medidas que podem ser utilizadas

    para o diagnstico de um distrbio to complexo como o de PA.

    Silman et al. (2000), baseados no sucesso da audiometria infantil

    condicionada, investigaram o efeito do reforo positivo na avaliao do PA.

    Na opinio dos autores, crianas tm melhor desempenho em testes

    audiolgicos quando seu reforo favorito utilizado. Foram estudadas as

    avaliaes com e sem reforo, em trs crianas com diagnstico de

  • Reviso da Literatura

    21

    alterao do PA e com distrbio de aprendizagem. Em todos os casos, os

    pais procuraram os autores para obter uma segunda opinio acerca deste

    diagnstico. Foi ento realizada, inicialmente, uma segunda avaliao sem

    reforo. Em dois casos, foi utilizado o teste de fala com rudo e, no terceiro,

    um de fala competitiva e outro de fala filtrada. Os autores concluram que,

    em todos os testes, os resultados foram confirmados. Trs semanas mais

    tarde, as crianas foram submetidas a uma nova avaliao, mas desta vez,

    recebendo uma recompensa sugerida pelos pais, medida que acertassem

    suas respostas. Observaram melhora substancial dos resultados nos trs

    casos, embora a bateria de testes no tenha sido aplicada na ntegra no

    reteste. Os autores consideram que o intervalo de trs semanas entre o

    teste e o reteste com reforo, e a melhora ter se dado apenas entre estas

    avaliaes indicam a no ocorrncia de efeito de aprendizagem. Concluram

    que, se as crianas realmente apresentassem alterao do PA, a motivao

    no teria sido suficiente para que os escores alcanassem a normalidade.

    Neijenhuis et al. (2001) realizaram um estudo, cujo objetivo era

    desenvolver uma bateria de testes do PA na lngua holandesa. Eles tambm

    utilizaram o estudo do tipo teste-reteste em 11 sujeitos, a fim de estimar a

    variabilidade de escores entre essas duas situaes. O tempo entre uma

    avaliao e outra variou de trs meses e meio a cinco meses e meio. Em

    seus resultados, puderam observar uma discreta, porm significante,

    melhora nos desempenhos nos testes de fala filtrada (apenas na orelha

    direita) e de fuso binaural. As mdias de resultados foram de,

  • Reviso da Literatura

    22

    respectivamente, para fala filtrada e fuso binaural, 87% e 91% na condio

    de teste, versus 93% e 94% na condio de reteste.

    Bear et al. (2002) esclareceram que a motivao pode ser pensada

    como a fora que compele um comportamento a acontecer. A probabilidade

    e a direo de um comportamento variam de acordo com o nvel de

    motivao que estimulou a execuo desse movimento. Entretanto, cabe

    ressaltar que a motivao pode ser requerida para que um certo tipo de

    comportamento ocorra, mas no garante que o mesmo acontea.

    Ilvonen et al., em 2003, na Finlndia, lanaram mo de retestes do

    MMN (Mismatch Negativity) para demonstrar a recuperao da

    discriminao auditiva cortical em afsicos. Oito sujeitos portadores de

    acidente vascular enceflico (AVE), em hemisfrio esquerdo, foram

    submetidos ao MMN em resposta mudana de freqncia e de durao de

    tons repetidos e harmnicos. As avaliaes ocorreram, em mdia, aos

    quatro e dez dias aps o AVE, e, novamente, trs e seis meses aps o

    primeiro episdio. Oito sujeitos saudveis pareados quanto idade serviram

    como controle. No quarto dia aps o AVE, a discriminao auditiva estava

    prejudicada, como sugeria a atenuao do MMN, especialmente, quando o

    estmulo estava na orelha direita. Contudo, trs meses aps o episdio, o

    MMN para durao na orelha direita melhorou significativamente. Uma

    mudana significativa para freqncia na orelha esquerda tambm foi

    observada, entre trs e seis meses aps o AVE. Durante o perodo de

  • Reviso da Literatura

    23

    acompanhamento dos sujeitos, uma verso reduzida do Teste Boston para

    diagnstico de afasia, e do Token Test foi utilizada para a avaliao da

    compreenso auditiva, e ambos revelaram melhora progressiva da

    compreenso de fala dos pacientes em paralelo ao estudo. Alm disso, foi

    observada uma correlao significante entre as mudanas na amplitude do

    MMN e o desempenho no Teste Boston para diagnstico de Afasia, nas

    avaliaes de dez dias e trs meses aps o AVE. Na comparao com o

    grupo controle, os indivduos afsicos apresentaram latncia

    significativamente menor na primeira avaliao. Contudo, aos seis meses, a

    latncia foi menor no grupo controle, para o estmulo de freqncia dirigido

    orelha direita.

    Os estudos de teste-reteste tambm foram aplicados em pesquisas

    com medidas eletrofisiolgicas da audio. Em 2003, Tremblay et al.

    realizaram um estudo a fim de determinar se estmulos de fala evocariam

    padres de respostas neurais distintas, os quais pudessem ser analisados

    em indivduos. Para tanto, obtiveram os potenciais corticais auditivos

    evocados em sete sujeitos normo-ouvintes, com idades entre 23 e 31 anos.

    Os estmulos utilizados foram slabas compostas por uma consoante e uma

    vogal, e o reteste, aplicado oito dias aps a primeira avaliao. Os autores

    observaram potenciais corticais auditivos evocados confiveis, em todos os

    indivduos com ondas estveis do teste para o reteste.

  • Reviso da Literatura

    24

    No mesmo ano, Wilson, Bell e Koslowski, investigaram o efeito de

    aprendizagem em repetidas apresentaes de sentenas, em cinco sesses

    aps cinco a 10 dias. Seus sujeitos (n=30) foram separados em trs grupos,

    de acordo com a idade: at 30 anos, de 40 a 60, e acima de 65 anos. Com

    base na freqncia do uso e na possibilidade de confuso, trs palavras alvo

    foram misturadas s sentenas, com sete a nove slabas. Os limiares para

    as listas controle foram obtidos da primeira ltima sesso, enquanto as

    listas experimentais, apenas nas sesses um e cinco. Seus resultados

    mostraram: a) desempenhos significantemente diferentes entre os trs

    grupos; b) que as condies de controle e experimento no apresentaram

    diferena significante; e c) os limiares na sesso cinco foram menores, de

    forma significante, que os da primeira sesso. Os autores atriburam essa

    melhora nos limiares ao aprendizado da tarefa, isto , a responder ao teste,

    a familiaridade com o locutor, e as circunstncias do teste, e no ao

    aprendizado das sentenas ou das palavras utilizadas.

    Gobbato et al. (2004), a fim de identificar o efeito de aprendizagem nos

    retestes peridicos de audiometrias ocupacionais, compararam os

    audiogramas referenciais de 167 metalrgicos com seus cinco exames

    seqenciais. Segundo os autores, o efeito de aprendizagem tem sido

    observado nessa populao, onde se nota a melhora dos limiares auditivos

    no segundo exame realizado, em cerca de 5 dB, em diversas freqncias.

    Os intervalos entre as avaliaes variaram entre seis meses e um ano. Seus

    resultados demonstraram que o efeito de aprendizagem ocorreu em mais de

  • Reviso da Literatura

    25

    um tero dos indivduos estudados, gerando melhora de limiares tonais em

    audiometrias seqenciais. Uma vez que no h justificativas

    anatomofisiolgicas para essa melhora, a no ser o efeito de aprendizagem,

    foram apontadas como possveis causas dessa melhora, segundo a

    literatura pesquisada, o desconhecimento do trabalhador em relao ao

    primeiro exame realizado, as dificuldades de compreenso e realizao do

    teste, ou insegurana.

    Questes relacionadas padronizao, confiabilidade e validao

    no podem ser ignoradas. Por isso, diante da colocao de que crianas

    com dficits na leitura, ou na linguagem oral, tm a percepo de sons

    seqenciais alterada, Heath e Hogben (2004) afirmaram que, se usamos

    medidas de processamento temporal como base de interveno, devemos

    demonstrar se estas podem, efetivamente, quantificar diferenas individuais.

    Em seu estudo, realizaram uma srie de experimentos a fim de se

    aprofundarem nestas questes. Num primeiro momento, avaliaram as

    habilidades de leitura dos sujeitos. Para isto, agruparam sujeitos dislxicos e

    bons leitores, e aplicaram um teste de percepo de seqncias rpidas.

    Mais adiante, examinaram a confiabilidade das medidas individuais atravs

    do tempo e da prtica, por meio do reteste de 20 crianas, sendo metade de

    cada grupo. Os autores aplicaram um reteste trs meses aps o primeiro

    experimento, e, uma semana aps o segundo experimento, fizeram mais

    quatro medidas semanais. A partir da terceira semana, os sujeitos foram

    informados quanto ao seu desempenho, e que receberiam um prmio a cada

  • Reviso da Literatura

    26

    melhora em relao a seu limiar inicial. Ambos os grupos apresentaram

    melhora significativa entre o primeiro limiar e o do segundo experimento,

    porm, sem diferenas significantes entre os grupos. Segundo os autores,

    esses resultados demonstram o efeito de exposio ao teste, e no da

    prtica em si. Nos dois grupos, os escores no experimento dois foram

    altamente correlacionados aos do experimento um (r=0.67). Aps o treino,

    novamente, ambos os grupos apresentaram melhores limiares sem

    diferenas significantes entre si. Os dados sugerem alta confiabilidade entre

    as sesses seis e dois.

    Em 2004, Russel e Voyer aplicaram uma tarefa dictica de deteco de

    palavras e de slabas em 32 estudantes, a fim de comparar seus achados

    aos de um estudo publicado por Voyer em um estudo anterior, no qual as

    palavras eram gravadas em diferentes tons emocionais. As tarefas de

    deteco de palavras e de slabas em tom neutro foram executadas duas

    vezes, em sesses diferentes, para que se pudesse realizar uma

    comparao entre teste e reteste, isto , uma anlise da confiabilidade. Seus

    resultados mostraram uma vantagem significante da orelha direita na tarefa

    que envolvia palavras. Mas, embora isto no tenha ocorrido na deteco de

    slabas, a confiabilidade demonstrada foi maior do que a alcanada na tarefa

    com palavras. Os autores concluram que a remoo do componente

    emoo reduziu a confiabilidade do efeito de lateralidade, quando

    compararam seus achados com anteriores. Ressaltaram, ainda, que um

  • Reviso da Literatura

    27

    procedimento relativamente longo como este, aplicado a um mesmo sujeito,

    pode dar margem a flutuaes de motivao e de ateno.

    Schmuziger et al. (2004) utilizaram o teste-reteste na avaliao da

    confiabilidade intra-sesses de medidas de limiares audiomtricos, nas

    freqncias entre 0,5 16 kHz, em um grupo de 138 sujeitos sem alteraes

    otolgicas, com dois tipos de fones (externo e de insero). Seus resultados

    no apontaram variaes entre os dois tipos de transdutores, embora tenha

    ocorrido uma discreta, porm significante, variabilidade intra-sesses,

    particularmente na freqncia de 16 kHz.

    Humes (2005), a fim de verificar a confiabilidade da avaliao do PA,

    examinou a associao entre medidas do PA, funes auditivas e cognitivas

    em idosos com perda auditiva. Foram avaliados 213 idosos, entre 60 e 89

    anos de idade, com perda auditiva neurossensorial bilateral simtrica, sem

    passado otolgico ou de alteraes de linguagem. Os testes de PA utilizados

    pelo autor foram: discriminao de durao para tom puro, ordenao

    temporal para tons de mdia freqncia, identificao de slabas dicticas, e

    reconhecimento de monosslabos comprimidos. Os resultados mostraram

    que a discriminao de durao para tom puro, identificao de slabas

    dicticas e fala comprimida apresentaram melhores escores medida que

    os coeficientes de inteligncia (QI) eram maiores e a idade diminua. O autor

    concluiu, ento, que o desempenho de idosos com perda auditiva, em uma

  • Reviso da Literatura

    28

    bateria de PA, est mais relacionado a diferenas individuais nas funes

    cognitivas do que s auditivas.

  • 29

    MTODOS

  • Mtodos

    30

    4. MTODOS

    O presente estudo teve seu projeto analisado e aprovado pela

    Comisso de tica para Anlise de Projetos de Pesquisa CAPPesq da

    Diretoria Clnica do Hospital das Clnicas e da Faculdade de Medicina da

    Universidade de So Paulo (FMUSP), sob o protocolo de Pesquisa n

    731/04 (Anexo A).

    4.1. Casustica

    Para compor a amostra, foram avaliados 40 sujeitos, todos voluntrios,

    falantes do Portugus, do Laboratrio de Investigao Fonoaudiolgica (LIF)

    em Processamento Auditivo - Centro de Docncia e Pesquisa em

    Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional da Faculdade de

    Medicina da Universidade de So Paulo, no perodo de janeiro a dezembro

    de 2004.

    O tamanho desta amostra foi previamente determinado atravs de

    estudo estatstico, pois a literatura controversa em relao ao nmero

    ideal. Foi sugerida uma amostra com 24 sujeitos, para um erro amostral de

    10% e, nominal, de um tero do desvio padro. Entretanto, foram coletados

    40 sujeitos, o que reduziu o erro amostral para 3,5%.

  • Mtodos

    31

    Os sujeitos foram divididos em 26 do sexo masculino e 14 do feminino,

    com idades que variaram entre sete a 23 anos de idade, sendo a mdia de

    dez anos e oito meses.

    Levando-se em conta a freqente ocorrncia de outros distrbios em

    comorbidade aos distrbios do PA (Musiek, 1999; Jerger e Musiek, 2000),

    foram convidados para a pesquisa quaisquer pacientes atendidos no LIF, de

    forma aleatria, tendo como critrio de incluso a audio normal. Foram

    excludos sujeitos portadores de sndromes, alteraes psquicas ou mentais

    de grau moderado a severo. Indivduos portadores de transtornos de grau

    leve podem, eventualmente, terem sido includos no estudo, uma vez que

    no tenham sido relatados na histria clnica, qualquer queixa dos pais,

    responsveis e/ou professores, ou tenham sido detectados durante a

    avaliao.

    4.2. Material

    Os materiais utilizados nesta pesquisa foram os seguintes:

    Otoscpio da marca Heine; Cabina Acstica da marca Siemens calibrada segundo a norma ANSI

    S3.1 (1991);

  • Mtodos

    32

    Analisador de orelha mdia da marca Grason-Stadler modelo GSI-33, calibrado segundo a norma ANSI (1989). O aparelho permite a

    realizao da timpanometria e a pesquisa do reflexo acstico ipsi e

    contralateralmente, bem como sua triagem.

    Audimetro da marca Grason-Stadler modelo GSI-61, calibrado segundo a norma ANSI S3, 6 (1989), IEC (1988) e ISO 7566 (1987).

    O fone utilizado do modelo TDH-50, calibrado segundo o Padro ISO 7566 (1987);

    Lista de vocbulos polisslabos para a realizao do Limiar de Reconhecimento de Fala (LRF) e lista de monosslabos, para a

    realizao do ndice Percentual de Reconhecimento de Fala (IPRF).

    Ambas foram propostas por Russo e Santos (1986);

    Compact Disc Player, de marca Sony ou Panasonic, com sada direta para o audimetro. Os dois aparelhos possuem a mesma impedncia,

    de forma que possvel a compatibilidade dos mesmos sem haver

    perda de energia na passagem de um aparelho para o outro;

    Compact Disc laser (CD) que contm os testes de Processamento Auditivo (Pereira e Schochat, 1997);

    Instrumentos musicais para a avaliao da memria seqencial instrumental sugeridos por Pereira e Schochat (1997): sino, agog,

    coco e guizo;

    Histria clnica utilizada no Laboratrio de Investigao Fonoaudiolgica em Processamento Auditivo (Anexo B);

  • Mtodos

    33

    Protocolos para anotao dos registros da avaliao audiolgica bsica (Anexo C);

    Protocolos para anotao dos registros de pontuao nos testes de Processamento Auditivo (Anexo D).

    4.3. Procedimentos

    A pesquisa foi realizada no Setor de Audiologia do Centro de Docncia

    e Pesquisa em Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional da

    Faculdade de Medicina da Universidade de So Paulo.

    O estudo foi realizado em dois momentos: a situao de teste, ou seja,

    a primeira avaliao que o indivduo realizou no servio, e na situao de

    reteste, quando o indivduo foi convidado a participar desta pesquisa, e foi

    submetido aos mesmos testes de avaliao do PA executados na situao

    de teste.

    Na primeira avaliao, ou teste, os sujeitos foram submetidos a:

    1. levantamento da histria clnica;

    2. inspeo visual do meato acstico externo (MAE);

    3. medidas de imitncia acstica, composta por timpanometria e

    pesquisa de reflexos acsticos ipsi e contralaterais;

    4. audiometria tonal por via area (com fone), utilizando-se o

    procedimento manual e por via ssea, quando necessrio.

  • Mtodos

    34

    Foram considerados normais limiares auditivos at 20 dB NA,

    nas freqncias de 500 Hz a 8000Hz (padro ANSI 69);

    5. Limiar de reconhecimento de fala (LRF) e o ndice Perceptual de

    Reconhecimento de Fala (IPRF), cujos padres de normalidade

    considerados foram os de Russo e Santos (1986).

    Esta avaliao audiolgica bsica excluiu os sujeitos portadores de

    perdas auditivas perifricas de qualquer grau.

    Ao final, foram aplicados os testes de Processamento Auditivo

    adequados para a faixa etria e condies comunicativas de cada sujeito, de

    acordo com a calibrao e padronizao sugeridas por Pereira e Schochat,

    1997. Segundo Baran e Musiek (2001), levando-se em conta a alta

    redundncia e complexidade do SNAC, a utilizao de uma srie de testes

    no s prudente, como necessria, pois testes diferentes avaliam processos

    diferentes. Alm disso, a aplicao desta srie de testes deve considerar,

    alm da audio perifrica, a faixa etria e as capacidades lingsticas e

    cognitivas de cada paciente.

    Para a avaliao do PA, Pereira e Schochat (1997) sugerem a escolha

    dos testes de acordo com a faixa etria. Para crianas acima de seis anos,

    as autoras sugerem que sejam aplicados testes especiais de localizao e

    de memria seqencial verbal e no verbal com quatro objetos sonoros, PSI

    na forma montica, em tarefas ipsilateral e contralateral, fala com rudo e, se

    possvel, SSW para apenas 20 itens. Para indivduos com idade a partir de

    oito anos, sugeriram que tambm sejam aplicados testes especiais de

  • Mtodos

    35

    localizao e de memria seqencial verbal e no verbal com quatro objetos

    sonoros, SSI na forma montica, fala com rudo ou fala filtrada, testes de

    escuta dictica com slabas (Consoante/vogal) ou com palavras (SSW/Teste

    Dictico de Dgitos) e com sons no-verbais.

    Os testes de: localizao da fonte sonora e memria seqencial verbal

    e no verbal no requerem instrumentos especiais. Os demais testes

    utilizados esto contidos no CD de Pereira e Schochat, 1997, o que torna a

    avaliao uniforme em diferentes indivduos e clnicas, pois as propriedades

    dos estmulos fsicos e suas distores so conhecidas (Pereira et al., 2002).

    Os testes monticos utilizados neste estudo foram: PSI (Pediatric

    Speech Intelligibitily Test) com mensagem competitiva ipsilateral; SSI

    (Syntetic Sentence Identification) com mensagem competitiva ipsilateral;

    Fala com Rudo ou Identificao de Figuras no Rudo (tambm denominado

    PSI com palavras e rudo branco por Pereira, 1997). Nestes testes

    monticos, a mensagem foi apresentada a 40 dBNS, em relao ao valor do

    LRF. Os dicticos utilizados, cujo sinal foi apresentado a 50 dBNS acima do

    LRF de cada orelha, foram: SSW (Staggered Spondaic Word Test); Teste

    Dictico de Dgitos ou No-Verbal de Escuta Direcionada.

    A cada sujeito aplicou-se a bateria inicial, constando dos testes de

    localizao da fonte sonora, memria seqencial verbal e no verbal;

    seguidos de dois testes dicticos, preferencialmente, SSW e Dictico No

    Verbal, alem de dois monticos, PSI/SSI e Fala com Rudo,

    preferencialmente. Foram aplicados, primeiramente, os dicticos e, depois,

    os monticos, iniciando-se, de modo geral, pela orelha direita. Os testes

  • Mtodos

    36

    foram escolhidos para cada caso, tendo como critrio inicial a faixa etria do

    participante. Ainda no caso de dificuldades articulatrias que

    comprometessem a compreenso das respostas do sujeito, lanava-se mo

    de um teste que avaliasse a mesma habilidade sem a resposta verbal. Por

    isso, nesses casos, foi aplicado o teste de Identificao de Figuras ao invs

    do de Fala com Rudo, e Dictico de Dgitos, em substituio ao SSW. O SSI

    seria aplicado em grande parte dos sujeitos, no fossem as dificuldades de

    leitura apresentadas por diversos participantes, dessa forma, optou-se pelo

    PSI, o qual no envolve a leitura. Segue um resumo das caractersticas e

    das padronizaes adotadas para cada um:

    Teste de localizao sonora em cinco direes (LOC): Avalia a habilidade de localizao da fonte sonora. Pode ser feito com

    um guizo, e o indivduo instrudo a apontar para a direo de

    onde acredita provir o som. Espera-se que sejam localizadas, ao

    menos, quatro das cinco posies testadas. (Pereira, 1993)

    Memria seqencial para sons no verbais com quatro instrumentos (MSNV): Avalia a habilidade de memria

    seqencial para sons no verbais. Inicialmente, so

    apresentados os sons de cada instrumento isoladamente, para

    que o indivduo possa reconhec-los, e, em seguida, seqncias

    de quatro sons variando a ordem. O indivduo no deve ver a

    seqncia tocada, mas deve virarse para apontar e/ou nomear

  • Mtodos

    37

    a seqncia ouvida. De acordo com Pereira (1993), considera-se

    bom desempenho a identificao correta de pelo menos duas

    seqncias.

    Memria seqencial para sons verbais (MSV): As slabas /pa/, /ta/ e /ka/ so apresentadas em trs seqncias diferentes, para

    que o indivduo as repita na ordem em que foram apresentadas.

    O objetivo do teste avaliar a memria seqencial para sons

    verbais. Segundo Pereira (1993), espera-se a identificao

    correta de pelo menos duas seqncias.

    PSI (Pediatric Speech Intelligibility Test): Aplicado sob a forma montica ipsilateral, nas relaes sinal/rudo de 0 dB e -15

    dB. Sendo considerada, para esta pesquisa, apenas a ltima

    relao. Avalia a habilidade de figura-fundo auditiva e a

    associao de estmulos auditivo-visuais, preferencialmente, em

    crianas pequenas ou indivduos mais velhos com dificuldades

    de leitura. Normalidade: 60% de acertos em ambas as orelhas

    na forma MCI, na relao sinal/rudo de -15 dB (Ziliotto et al.

    1997).

  • Mtodos

    38

    SSI (Syntetic Sentence Identification): Aplicado tambm sob a forma montica, nas relaes sinal/rudo de 0 dB e -15 dB.

    Avalia a habilidade de figura-fundo auditiva e a associao de

    estmulos auditivo-visuais, preferencialmente, em jovens ou

    adultos sem dificuldades de leitura. Normalidade: 60% de

    acertos em ambas as orelhas na forma MCI, na relao

    sinal/rudo de -15 dB (Aquino et al. 1993).

    Fala com Rudo (FR): Aplicado sob a forma montica, na relao sinal/rudo de +20 dB, considerando-se o audimetro

    utilizado e a calibrao do rudo RB efetivo. Avalia a habilidade

    de fechamento auditivo. No foi aplicado em casos de distrbio

    articulatrio, nos quais comprometessem a compreenso das

    respostas do sujeito. Normalidade: escores maiores ou iguais a

    68% de acertos na primeira orelha testada, e 70% na segunda

    (Schochat e Pereira, 1997).

    Identificao de figuras com rudo ipsilateral ou PSI com palavras e rudo branco (IF): Aplicado na relao sinal/rudo de

    +20dB, sendo a mensagem constituda por monosslabos e o

    rudo competitivo um rudo do tipo branco. Avalia a habilidade de

    fechamento auditivo em casos de distrbio articulatrio, em que

    comprometam a compreenso das respostas do sujeito, ou em

  • Mtodos

    39

    crianas muito pequenas. Normalidade: escores maiores ou

    iguais a 90% de acertos em ambas as orelhas (Ziliotto et al.,

    1997).

    SSW (Staggered Spondaic Word Test): Teste dictico que avalia a habilidade figura-fundo para sons lingsticos. Foi,

    usualmente, utilizado em crianas letradas sem distrbio

    articulatrio, nas quais comprometesse a anlise das respostas.

    Apresenta uma variedade de aspectos quantitativos e

    qualitativos para anlise. Todavia, para medidas estatsticas,

    apenas as primeiras foram consideradas neste trabalho. A

    normalidade considerada para este teste foi proposta por

    Borges, 1997, e pode ser observado no Quadro 1:

    Quadro 1 Padro de respostas esperadas para o teste SSW

    Idade Direito Competitivo

    Esquerdo Competitivo

    7 anos 77,5% 60,0%

    8 anos 82,5 % 75,0%

    9 anos 85,0% 80,0%

    10 anos 87,5% 82,5%

    11 anos 92,5% 85,0%

    12 anos ou mais 95,0% 90,0%

    Fonte: Borges, 1997

  • Mtodos

    40

    Teste Dictico de Dgitos (TDD): Teste dictico que avalia a habilidade figura-fundo para sons lingsticos. Foi, usualmente,

    utilizado em crianas pequenas e/ou com distrbio articulatrio,

    nas quais comprometesse a anlise das respostas. Normalidade

    esperada para jovens adultos de 90% em ambas as orelhas

    (Santos e Pereira, 1997).

    Teste Dictico No-Verbal de Escuta Direcionada (DNV): Teste dictico que avalia a habilidade figura-fundo para sons no

    lingsticos, nas etapas de ateno livre, e ateno orelha

    direita e esquerda. Para esta anlise apenas as etapas de

    ateno direcionada foram consideradas. Ressalta-se que foram

    apresentados somente 12 estmulos. Normalidade: 11 acertos

    para cada orelha, isto , 91,6 % (Ortiz e Pereira, 1997).

    Foram convidados a participar da pesquisa, a saber, do reteste, os

    pacientes cuja avaliao foi realizada somente no audimetro GSI-61. Este

    critrio foi adotado para que os participantes fossem escolhidos de forma

    aleatria, uma vez que existem outros equipamentos no setor, no sendo

    levados em considerao a queixa, a idade ou resultados obtidos no teste. O

    convite foi realizado no momento da entrega de resultados da avaliao, ou

    atravs de telefonema. Foi, ento, agendado o reteste dentro de um perodo

    de uma semana a um ms aps o teste. Neste momento, a prpria

    pesquisadora esclareceu os participantes e/ou seus responsveis a respeito

  • Mtodos

    41

    dos objetivos da pesquisa e dos testes que seriam aplicados. Cabe ressaltar

    que, na data do reteste, cada indivduo teve acesso a essas informaes,

    por escrito, no Termo de Consentimento Ps Informao (Anexo E), antes

    do incio da avaliao.

    No reteste, os pacientes foram submetidos novamente inspeo

    visual do meato acstico externo (MAE), seguida da triagem timpanomtrica

    e da pesquisa de reflexos acsticos ipsilaterais, na freqncia de 1 kHz.

    Dessa maneira, excluram-se os pacientes portadores de perdas auditivas

    condutivas. O segundo passo foi a confirmao do LRF (Limiar de

    Reconhecimento de Fala), e a posterior aplicao dos mesmos testes de PA

    utilizados na primeira avaliao.

    Ao final da coleta, todos os dados obtidos foram encaminhados para a

    anlise estatstica, com o objetivo de verificar se houve mudanas

    estatisticamente significantes nos resultados do teste para o reteste. Cabe

    aqui ressaltar que, os dados obtidos em uma avaliao do PA so de

    natureza quantitativa e qualitativa. Entretanto, neste estudo, apenas os

    dados quantitativos foram levados em considerao.

    4.4. Mtodo Estatstico

    Inicialmente, foram computados os acertos e os erros em cada teste da

    bateria de avaliao do PA, e calculada a porcentagem de acerto de cada

  • Mtodos

    42

    um. Para a anlise estatstica do trabalho, foram utilizadas medidas da

    estatstica descritiva: mdia, mediana e desvio padro, bem como da

    estatstica analtica, por meio da ANOVA, isto , a anlise de varincia. Esta

    ltima foi utilizada a fim de se estabelecer se h diferena significante entre

    os grupos estabelecidos para a anlise.

    Sabendo que a anlise da varincia tem o objetivo de indicar a

    probabilidade de a hiptese nula ser verdadeira (Doria Filho, 1999), torna-se

    necessrio estabelecermos as hipteses deste trabalho:

    H0: No h diferena estatisticamente significante entre os

    resultados obtidos nos testes de PA aplicados nas situaes de teste e

    reteste.

    H1: H diferena estatisticamente significante entre os resultados

    obtidos nos testes de PA aplicados nas situaes de teste e reteste.

    O nvel de significncia deste trabalho foi definido em 0,05 (5%), e a

    confiana de 95%.

  • 43

    RESULTADOS

  • Resultados

    44

    5. RESULTADOS

    Neste captulo, so apresentados os resultados obtidos mediante a

    aplicao dos testes do PA e seus retestes, bem como o tratamento

    estatstico destes dados. Comearemos, porm, com a caracterizao da

    casustica.

    5.1. Caracterizao da casustica

    Foram avaliados, conforme mencionado anteriormente, 40 indivduos,

    todos voluntrios, falantes do Portugus, junto ao Laboratrio de

    Investigao Fonoaudiolgica (LIF) em Processamento Auditivo - Centro de

    Docncia e Pesquisa em Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional

    da Faculdade de Medicina da Universidade de So Paulo.

    Quanto ao gnero, os participantes dividiram-se em 26 do sexo

    masculino, isto , 65% da amostra, e 14 do sexo feminino, 35%. Vale

    lembrar que os indivduos foram escolhidos ao acaso, no havendo controle

    desta varivel.

    A faixa etria abrangida foi de sete a 23 anos. Em seguida, como se

    observa na Tabela 1, temos uma anlise descritiva das idades, incluindo o

    intervalo de confiana de 95%.

  • Resultados

    45

    TABELA 1 Caracterizao dos sujeitos estudados quanto idade

    Idade

    Mdia 10 anos 8 meses

    Mediana 9 anos 7 meses

    Desvio Padro 3 anos 8 meses

    Mnimo 7 anos

    Mximo 23 anos 3 meses

    Tamanho 40

    Limite Inferior 9 anos 7 meses

    Limite Superior 11 anos 10 meses

    A mdia de idade dos sujeitos foi de dez anos e oito meses, e o desvio

    padro foi de trs anos e oito meses.

    O intervalo entre o teste e o reteste variou entre sete dias a 31 dias, ou

    seja, uma semana a um ms, com mdia de 18,8 dias.

    Dentre os indivduos avaliados, levando-se em conta o conjunto de

    testes aplicados, sete foram considerados normais, isto , no apresentaram

    alterao do PA. Sendo este diagnstico vlido, tanto na situao de teste,

    quanto na de reteste.

    A fim de melhor conhecer a casustica, foram levantadas, na histria

    clnica, as queixas principais que levaram os indivduos a realizar a

    avaliao do PA, segundo informao colhida. Seguem os dados na Tabela

    2.

  • Resultados

    46

    TABELA 2 Caracterizao dos sujeitos quanto idade, intervalo em dias entre o teste-reteste, e queixa

    Sujeito

    Idade Intervalo Teste-

    Reteste

    Queixa

    1 2 3 4 5 6 7 8 9

    10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40

    9a 6m 12a

    7a 7m 8a 3m 10a 7m 7a 9m 9a 4m

    9a 9a 3m 7a 11m 8a 2m 7a 11m 14a 4m 16a 5m 8a 7m 11a 2m 9a 10m

    14a 11m 11a 3m 12a 5m 11a 5m 9a 8m 10a 8m 14a 3m 11a 2m 11a 1m 7a 5m 7a 6m 12a 7m 8a 11m 10a 2m 9a 5m

    23a 23a 3m 8a 3m

    8a 12a 3m

    7a 8a 6m 7a 3m

    9 16 12 13 7 7 7

    17 17 16 8

    31 23 31 24 23 14 16 17 23 23 16 16 10 24 21 10 16 23 27 23 30 29 29 30 23 16 14 13 30

    distrao otite

    desateno distrbio articulatrio e de leitura-escrita

    esquecimento desateno

    dificuldades escolares e de fala sem registro sem registro sem registro

    distrbio de leitura e escrita suspeita de alterao audiolgica

    distrbio articulatrio e leitura e escrita trocas na fala e na escrita trocas na fala e na escrita

    dificuldade de compreenso troca de letras

    dificuldades escolares dificuldade de concentrao dificuldade em fala e escrita

    troca de letras dificuldades escolares dificuldades escolares dificuldades escolares

    dificuldade de aprendizagem dificuldade em leitura e escrita dificuldade de aprendizagem

    otite, vertigem suspeita de alterao do PA

    distrbio articulatrio dificuldade em leitura e escrita

    trocas na fala e na escrita dificuldade de concentrao

    no h sem registro

    suspeita de dislexia trocas na fala e na escrita dificuldade em dar recados

    trocas na fala dificuldade em leitura e escrita

    NOTA: a anos m meses

  • Resultados

    47

    Conforme j relatado anteriormente, nem todos os sujeitos foram

    avaliados com o mesmo conjunto de testes para avaliao do PA; desse

    modo, tivemos amostras variveis para cada teste estudado, conforme se

    verifica no Quadro 2. Alguns testes foram utilizados em apenas dois

    indivduos, como o SSI, por exemplo, em que a demanda da leitura

    dificultava sua aplicao no caso de pacientes com dificuldades de leitura e

    de escrita, reduzindo, assim, a significncia da amostra. Por essa razo,

    optou-se por juntar os resultados dos seguintes testes, de acordo com as

    habilidades avaliadas: PSI e SSI, cuja habilidade avaliada a de figura-

    fundo auditivo e a associao de estmulos visual-auditivos, Fala com Rudo

    (FR) e Identificao de Figuras no Rudo (IF), nos quais a habilidade de

    fechamento auditivo avaliada. Embora os testes SSW e Teste Dictico de

    Dgitos (TDD) avaliem a mesma habilidade auditiva, a de figura-fundo

    auditiva, para sons lingsticos, eles no foram analisados em conjunto por

    apresentarem demandas lingsticas muito diferentes.

    Quadro 2 Nmero de sujeitos que realizou cada teste do PA

  • Resultados

    48

    Teste Nmero de sujeitos na situao de teste

    Nmero de sujeitos na situao de reteste

    Localizao 39 40

    Memria Seqencial No Verbal

    39

    40

    Memria Seqencial

    Verbal

    39

    40

    PSI 38 38

    SSI 02 02

    Fala com Rudo

    35 35

    Dictico No Verbal

    39 39

    Identificao de Figuras

    05 05

    Teste Dictico de Dgitos

    07 07

    SSW 32 32

    5.2. Comparao entre orelhas direita e esquerda

    Realizamos, inicialmente, a comparao entre orelhas direita (OD) e

    esquerda (OE), para cada teste aplicado aos participantes, adotando um

    nvel de significncia de 0,05 (5%).

    Nota-se, na Tabela 3, que, como j relatado, o tamanho amostral variou

    entre os testes aplicados. O teste TDD contou apenas com sete sujeitos,

  • Resultados

    49

    enquanto o PSI/SSI e FR/IFR foram aplicados em todos os sujeitos da

    amostra.

    TABELA 3 Estatstica descritiva e anlise da varincia dos acertos obtidos

    nas orelhas direita e esquerda nos testes de processamento auditivo aplicados

    Teste Orelha Mdia Mediana Desvio Padro

    Tamanho Limite Inferior

    Limite Superior

    p-valor

    OD 74,5% 80,0% 19,5% 40 68,5% 80,5% PSI/SSI T OE 73,3% 70,0% 16,1% 40 68,3% 78,2% 0,755

    OD 77,8% 80,0% 14,4% 40 73,3% 82,2% PSI/SSI R OE 78,8% 80,0% 15,9% 40 73,8% 83,7% 0,769

    OD 74,7% 74,0% 11,8% 40 71,1% 78,3% FR/IF T OE 76,7% 75,0% 10,2% 40 73,5% 79,8% 0,431

    OD 73,9% 74,0% 11,3% 40 70,4% 77,3% FR/IF R OE 75,5% 76,0% 10,9% 40 72,1% 78,8% 0,521

    OD 79,5% 83,3% 21,7% 39 72,7% 86,3% DNV T OE 86,1% 91,7% 19,9% 39 79,9% 92,4% 0,164

    OD 83,5% 91,7% 21,9% 39 76,7% 90,4% DNV R OE 87,0% 91,7% 17,3% 39 81,5% 92,4% 0,447

    OD 72,2 % 72,5 % 19,7 % 7 57,6% 86,8% TDD T OE 72,3 % 77,5 % 25,8 % 7 53,1% 91,4% 0,752

    OD 83,5 % 90,0 % 11,9 % 7 74,7% 92,3% TDD R OE 80,4 % 82,5 % 12,3 % 7 71,3% 89,5% 0,553

    OD 78,6% 76,3% 13,3% 32 74,0% 83,2% SSW T OE 68,6% 72,5% 19,9% 32 61,8% 75,5% 0,072

    OD 81,0% 81,3% 14,8% 32 75,9% 86,1% SSW R OE 73,0% 73,8% 17,2% 32 97,1% 79,0% 0,096

    LEGENDA: DNV: Dictico No Verbal, FR: Fala com Rudo, IF: Identificao de Figuras, OD: orelha direita e OE: orelha esquerda, T: situao de teste, TDD: teste Dictico de Dgitos, R: situao de reteste.

    No Grfico 1, podemos observar as mdias de acertos nas orelhas

    direita e esquerda nos testes aplicados.

  • Resultados

    50

    GRFICO 1 Mdias de acertos nas orelhas direita e esquerda, nos testes

    de processamento auditivo aplicados

    Em nenhum teste o p-valor foi superior a 0,05. Desse modo, optou-se

    por unir as orelhas e, assim, dobrar o tamanho amostral, dando assim maior

    fidedignidade aos resultados.

    5.3. Comparao entre as situaes de teste e reteste

    Mostraremos agora a comparao entre as situaes de teste (T) e de

    resteste (R), para todos os testes aplicados, e em toda a amostra.

    0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90%

    Orelha Direita Orelha Esquerda

  • Resultados

    51

    Conforme pode ser observado na Tabela 4, a mdia de acertos para o

    Teste de Localizao Sonora (LOC) foi de 88,7%, na situao de teste, e

    93,5%, na de reteste. Seu p-valor foi de 0,084. No Teste de Memria

    Seqencial No Verbal (MSNV), cujo p-valor foi 0,113, a mdia no teste foi

    de 63,2%, enquanto que no reteste, 69,2%; j no Teste de Memria

    Seqencial Verbal (MSV), a mdia foi de 81,2%, na primeira situao, e de

    78,3%, na segunda, com p-valor igual a 1,000. Nos testes PSI e SSI, as

    mdias de acerto nas situaes de teste e reteste, respectivamente, foram

    de 73,9% e de 76,3%, e o p-valor igual a 0,095. As mdias observadas nos

    testes de Fala com Rudo e Identificao de Figuras no Rudo foram de

    75,7% e de 74,7%, e 0,557 foi o p-valor. No teste Dictico No Verbal

    (DNV), cujo p-valor foi de 0,151, a mdia no teste foi 82,8%, na situao de

    teste, e 85,3%, na de reteste. No TDD, as mdias obtidas foram de 72,3%

    no teste, e 81,9% no reteste, resultando num p-valor de 0,108. Finalmente, o

    p-valor encontrado, no SSW, foi de 0,258 e as mdias, respectivamente,

    73,6% e 77,0%, para as situaes de teste e de reteste.

    Portanto, nenhum teste apresentou p-valor maior que 0,05, isto , em

    nenhum teste aplicado pode-se verificar significncia estatstica entre teste e

    reteste.

  • Resultados

    52

    TABELA 4 - Estatstica descritiva e anlise da varincia dos acertos, nas

    situaes de teste e de resteste, para todos os testes aplicados

    Teste Situao Mdia Mediana Desvio Padro

    Tamanho Limite Inferior

    Limite Superior

    p-valor

    T 88,7% 100,0% 14,4% 39 84,2% 93,2% LOC R 93,5% 100,0% 9,5% 40 90,6% 96,4%

    0,084

    T 63,2% 66,7% 35,7% 39 52,0% 74,5% MSNV R 69,2% 66,7% 30,6% 40 59,7% 78,6%

    0,113

    T 81,2% 100,0% 23,9% 39 73,7% 88,7% MSV R 78,3% 100,0% 28,8% 40 69,4% 87,3%

    1,000

    T 73,9% 80,0% 17,8% 80 70,0% 77,8% PSI/SSI R 78,3% 80,0% 15,1% 80 74,9% 81,6%

    0,095

    T 75,7% 75,0% 11,0% 80 73,3% 78,1% FR/IF R 74,7% 76,0% 11,0% 80 72,2% 77,1%

    0,557

    T 82,8% 91,7% 21,0% 78 78,1% 87,4% DNV R 85,3% 91,7% 19,7% 78 80,9% 89,6%

    0,451

    T 72,3% 75,0% 22,1% 14 60,7% 83,8% DG R 81,9% 85,0% 11,7% 14 75,8% 88,1%

    0,108

    T 73,6% 72,5% 17,5% 64 69,3% 77,9% SSW R 77,0% 78,8% 16,4% 64 73,0% 81,0%

    0,258

    LEGENDA: DNV: Dictico No Verbal, FR: Fala com Rudo, IF: Identificao de Figuras, LOC: Teste de Localizao da Fonte Sonora, MSV: Memria Seqencial Verbal, MSNV: Memria Seqencial No Verbal, OD: orelha direita e OE: orelha esquerda, T: situao de teste, TDD: teste Dictico de Dgitos, R: situao de reteste.

    No Grfico 2, ressalta-se o valor das mdias de acertos dos indivduos

    em cada teste.

  • Resultados

    53

    Grfico 2 Mdias dos acertos nas situaes de teste e de reteste, para

    todos os testes aplicados

    88,7%93,5%

    63,2%69,2%

    81,2%78,3%

    73,9%78,3% 75,7% 74,7%

    82,8% 85,3%

    72,3%

    81,9%

    73,6%77,0%

    0%

    20%

    40%

    60%

    80%

    100%

    120%

    LOC MSNV MSV PSI/SSI FR/IF DNV TDD SSW

    Teste Reteste

    5.4. Comparao entre os desempenhos dos sujeitos normais e

    alterados

    A fim de estabelecer uma comparao entre os desempenhos dos

    sujeitos normais versus os dos alterados, os participantes foram divididos

    em dois grupos. As Tabelas 5 e 6 mostram as anlises dos resultados de

    cada um, enquanto os Grficos 3 e 4 ressaltam as mdias alcanadas em

    cada um dos testes realizados. O grupo de normais era composto por sete

    sujeitos, cujas avaliaes no indicaram DPA, enquanto no grupo de

    alterados, 33 sujeitos realizaram avaliaes os quais apontaram para um

    DPA.

  • Resultados

    54

    No foram verificadas diferenas estatisticamente significantes entre as

    situaes de teste e reteste, no grupo de sujeitos normais, bem como no

    grupo de sujeitos com alterao de PA. Entretanto, nota-se uma tendncia a

    significncia no teste SSW, cujo p-valor foi de 0,058, verificada na Tabela 6.

    Tabela 5 - Estatstica descritiva e anlise da varincia dos acertos, nas situaes de teste e de resteste, para todos os testes aplicados somente nos indivduos normais

    Teste Situao Mdia Mediana Desvio Padro

    Tamanho Limite Inferior

    Limite Superior

    p-valor

    LOC T 100,0% 100,0% 0,0% 7 NA NA R 100,0% 100,0% 0,0% 7 NA NA NA

    MSNV T 90,5% 100,0% 16,3% 7 78,4% 102,5% R 85,7% 100,0% 17,8% 7 72,5% 98,9% 0,611

    MSV T 90,5% 100,0% 16,3% 7 78,4% 102,5% R 90,5% 100,0% 25,2% 7 71,8% 109,1% 1,000

    PSI/SSI T 87,1% 90,0% 12,7% 14 80,5% 93,8% R 87,9% 90,0% 11,9% 14 81,6% 94,1% 0,879

    FR/IF T 80,6% 80,0% 7,5% 14 76,6% 84,5% R 80,9% 80,0% 7,2% 14 77,1% 84,6% 0,919

    DNV T 98,2% 100,0% 3,6% 14 96,4% 100,1% R 99,4% 100,0% 2,2% 14 98,2% 100,6% 0,297

    SSW T 95,2% 97,5% 5,5% 14 92,3% 98,1% R 91,1% 95,0% 17,1% 14 82,1% 100,1% 0,401

    LEGENDA: DNV: Dictico No Verbal, FR: Fala com Rudo, IF: Identificao de Figuras, LOC: Teste de Localizao da Fonte Sonora, MSV: Memria Seqencial Verbal, MSNV: Memria Seqencial No Verbal, OD: orelha direita e OE: orelha esquerda, NA: No se aplica, T: situao de teste, TDD: teste Dictico de Dgitos, R: situao de reteste.

  • Resultados

    55

    Grfico 3 Mdias dos acertos nas situaes de teste e de reteste, para

    todos os testes aplicados somente nos indivduos normais

    100,0% 100,0%

    90,5%85,7%

    90,5% 90,5% 87,1% 87,9%80,6% 80,9%

    98,2% 99,4%95,2%

    91,1%

    0%

    20%

    40%

    60%

    80%

    100%

    120%

    LOC MSNV MSV PSI/SSI FR/IF DNV SSW

    Teste Reteste

    Tabela 6 - Estatstica descritiva e anlise da varincia dos acertos nas situaes de teste e de reteste para todos os testes aplicados somente nos indivduos com DPA

    Teste Situao Mdia Mediana Desvio Padro

    Tamanho Limite Inferior

    Limite Superior

    p-valor

    LOC T 86,3% 80,0% 14,8% 32 81,1% 91,4% R 92,1% 100,0% 9,9% 33 88,7% 95,5% 0,064

    MSNV T 57,3% 66,7% 36,2% 32 44,8% 69,8% R 65,7% 66,7% 31,7% 33 54,8% 76,5% 0,325

    MSV T 79,2% 100,0% 25,0% 32 70,5% 87,8% R 75,8% 66,7% 29,2% 33 65,8% 85,7% 0,616

    PSI/SSI T 71,1% 70,0% 17,5% 66 66,8% 75,3% R 76,2% 80,0% 15,0% 66 72,6% 79,8% 0,071

    FR/IF T 74,6% 72,0% 11,4% 66 71,9% 77,4% R 73,3% 72,0% 11,3% 66 70,6% 76,1% 0,510

    DNV T 79,4% 91,7% 21,7% 64 74,1% 84,7% R 82,2% 91,7% 20,5% 64 77,1% 87,2% 0,464

    DIG T 72,3 75,0 22,1 14 60,7 83,8 R 81,9 85,0 11,7 14 75,8 88,1 0,160

    SSW T 67,6 70,0 14,7 50 63,5 71,7 R 73,1 75,0 14,0 50 69,2 77,0 0,058

    LEGENDA: DNV: Dictico No Verbal, FR: Fala com Rudo, IF: Identificao de Figuras, LOC: Teste de Localizao da Fonte Sonora, MSV: Memria Seqencial Verbal, MSNV: Memria Seqencial No Verbal, OD: orelha direita e OE: orelha esquerda, T: situao de teste, TDD: teste Dictico de Dgitos, R: situao de reteste.

  • Resultados

    56

    Grfico 4 Mdias dos acertos nas situaes de teste e de reteste, para

    todos os testes aplicados somente nos indivduos com DPA

    88,7%93,5%

    63,2%69,2%

    81,2%78,3%

    73,9%78,3% 75,7% 74,7%

    82,8% 85,3%

    72,3%

    81,9%

    73,6%77,0%

    0%

    20%

    40%

    60%

    80%

    100%

    120%

    LOC MSNV MSV PSI/SSI FR/IF DNV TDD SSW

    Teste Reteste

    Em um segundo momento, comparamos o desempenho dos sujeitos

    normais com os dos alterados, apenas na situao de teste, para todos os

    testes aplicados. Nesta anlise, conforme a Tabela 7, cinco dos sete testes

    analisados apresentaram diferenas estatisticamente significantes. Foram

    eles: LOC (p-valor igual a 0,020); MSNV (p-valor de 0,024); PSI/SSI (p-valor

    igual a 0,002); DNV, com o mesmo p-valor e, finalmente, SSW (p-valor

  • Resultados

    57

    Tabela 7 - Estatstica descritiva e anlise da varincia dos acertos na

    situao de teste, para todos os testes aplicados

    Teste Sujeitos Mdia Mediana Desvio Padro

    Tamanho Limite Inferior

    Limite Superior

    p-valor

    LOC N 100,0% 100% NA 7 NA NA A 86,0% 80,0% 15,0% 32 81,0% 91,0% 0,020*

    MSNV N 90,5% 100,0% 16,3% 7 78,4% 100,3% A 57,3% 67,0% 36,2% 32 45,0% 70,0% 0,024*

    MSV N 90,5% 100,0% 16,3% 7 78,4% 100,3% A 79,2% 100,0% 25,0% 32 70,5% 88,0% 0,263

    PSI/SSI N 87,1% 90,0% 12,7% 14 80,5% 93,8% A 71,1% 70,0% 17,5% 66 66,8% 75,3% 0,002*

    FR/IF N 80,6% 80,0% 7,5% 14 76,6% 84,5% A 74,6% 72,0% 11,4% 66 71,9% 77,4% 0,066

    DNV N 98,2% 100,0% 3,6% 14 96,4% 100,1% A 79,4% 91,7% 21,7% 64 74,1% 84,7% 0,002*

    SSW N 95,2% 97,5% 5,5% 14 92,3% 98,1% A 67,6% 70,0% 14,7% 50 63,5% 71,7%

  • Resultados

    58

    Ao final, comparamos os acertos dos sujeitos normais versus os dos

    alterados, na situao de reteste. Suas mdias esto representadas no

    Grfico 6. Pudemos, ento, observar, de acordo com a Tabela 8, que,

    novamente, cinco dos sete testes analisados apresentaram diferenas

    estatisticamente significantes. No entanto, os testes variaram em relao

    anlise anterior. Os testes com p-valor inferior a 0,05 foram: LOC, PSI/SSI,

    FR/TEM, DNV e SSW.

    Tabela 8 - Estatstica descritiva e anlise da varincia dos acertos, na situao de reteste, para todos os testes aplicados

    Teste Sujeitos Mdia Mediana Desvio

    Padro Tamanho Limite

    Inferior Limite Superior

    p-valor

    LOC N 100,0% 100,0% 0 7 NA NA A 92,1% 100,0% 10% 33 89,0% 96,0% 0,044*

    MSNV N 86,0% 100,0% 17,8% 7 73,0% 98,9% A 65,7% 66,7% 32,0% 33 54,8% 76,0% 0,116

    MSV N 90,5% 100,0% 25,0% 7 71,8% 109,1% A 75,8% 66,7% 29,2% 33 65,8% 86,0% 0,224

    PSI/SSI N 87,9% 90,0% 11,9% 14 81,6% 94,1% A 76,2% 80,0% 15,0% 66 72,6% 79,8% 0,008*

    FR/IF N 80,9% 80,0% 7,2% 14 77,1% 84,6% A 73,3% 72,0% 11,3% 66 70,6% 76,1% 0,020*

    DNV N 99,4% 100,0% 2,2% 14 98,2% 100,6% A 82,2% 91,7% 20,5% 64 77,1% 87,2% 0,003*

    SSW N 91,1% 95,0% 17