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 Universidade do Minho Escola de Engenharia Mestrado Integrado em Engenharia Mecânica Processo de Pirólise de Resíduos Grupo:  Adriano Sousa a68608 Carlos Costa a68602 Rui Costa a68556 Rui Pinto a68648 Energia e Ambiente 1 Guimarães, 2016.01.16

Processo de Pirólise de Resíduos

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Universidade do MinhoEscola de EngenhariaMestrado Integrado em Engenharia Mecânica

Processo de Pirólise de Resíduos

Grupo:

 Adriano Sousa a68608

Carlos Costa a68602

Rui Costa a68556

Rui Pinto a68648

Energia e Ambiente 1 Guimarães, 2016.01.16

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Resumo

O presente relatório aborda o processo de pirólise, como forma de produção de energia a partirde resíduos.

A que antes era considerada a solução mais simples e económica para os resíduos, atualmentetraduz-se numa fatura bem cara para a saúde humana e para o ambiente, dado o facto de estesterem sido encaminhados para aterros durante centenas de anos, sem qualquer tipo de valorizaçãoou tratamento. A gestão adequada de resíduos é, na atualidade, um dos grandes desafios com quese debatem as sociedades modernas, tendo em conta as crescentes necessidades energéticas, a

 par das condicionantes ambientais associadas, originando assim diversos estudos edesenvolvimentos na área da Engenharia.

Um dos desafios mais importantes neste domínio tem sido a identificação de tecnologias quevisem o desenvolvimento de novos métodos de produção de energia, e de combustíveis, com omínimo impacto ambiental possível. Para que tal seja possível, é necessária matéria com um altovalor energético e, por essa mesma razão, uma grande percentagem da massa residual produzida,afere um enorme potencial para produção de energia.

A análise das diversas alternativas existentes para a conversão dos resíduos em energia, levouao estudo mais aprofundado do processo de pirólise, nomeadamente ao nível das tecnologiasdisponíveis, dos tipos de pirólise existentes, dos produtos resultantes, das respetivas eficiências,

das vantagens e desvantagens, e dos parâmetros com maior influência no processo.

Palavras-chave: pirólise, energia, resíduo, gestão de resíduos.

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Abstract

The main objective of this report is to explain the pyrolysis process, and it’s potential in

generating energy, from waste.

Sending waste to landfills was considered for hundreds of years the simplest and inexpensivesolution to deal with the end of life of any material, and that solution became a very expensive

 bill for human health, and a major setback to the environment. The need to correct all the mistakesmade by the human being on waste management represents, nowadays, one of the majorchallenges faced by modern societies. Once the energy needs have been growing for the lastcenturies, and the environmental restrictions are increasingly tighter, the need of new engineeringstudies and developments are more important than ever.

One of the main challenges in this area has been the creation of new technologies, allowingthe development of energy production, as well as fuel, with minimal environmental impact as possible. To make this possible, it’s necessary high energy value material and, for this reason, alarge percentage of the residual mass produced, assesses an huge potential in energy production.

The analysis of the alternatives for convert waste into energy, led to the further study of the pyrolysis process, in terms of available technologies, existing types of pyrolysis, reaction products, efficiencies levels, advantages and disadvantages, and remain parameters with a largeinfluence in the process.

Key-words: pyrolysis, energy, waste, waste management.

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Índice

Resumo ................................................................................................................................... i 

Abstract .................................................................................................................................. ii 

Índice..................................................................................................................................... iii 

Índice de Figuras ................................................................................................................... iv 

Índice de Tabelas ................................................................................................................... v 

1. 

Introdução .................................................................................................................... 1 

2.  Enquadramento teórico ................................................................................................ 2 

2.1.  Classificação de resíduos ...................................................................................... 2 

2.2.  Gestão de Resíduos em Portugal .......................................................................... 3 

3. 

Tratamento e Valorização de Resíduos –  Pirólise de Resíduos ................................... 6 

3.1.  Produtos da Pirólise .............................................................................................. 6 

3.2.  Fatores Influenciadores do Processo Pirolítico .................................................... 7 

3.3.  Tipos de Pirólise ................................................................................................... 7 

3.4.  Reator Pirolítico .................................................................................................... 9 

4. 

Conclusões ................................................................................................................. 12 

Referências Bibliográficas ................................................................................................... 13 

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Índice de Figuras

Figura 2.1 –  Produção e capitação de resíduos urbanos em Portugal. [2] ............................... 4 

Figura 2.2 –  RU encaminhados para as diversas operações de gestão (quantitativos em termosabsolutos). [2] ............................................................................................................................... 4 

Figura 2.3 - RU encaminhados para as diversas operações de gestão em 2013 (em percentagem). [2] .......................................................................................................................... 4 

Figura 2.4 –  Transferências e exportações de resíduos (perigosos e não perigosos), por tipo deoperação de gestão. [2] ................................................................................................................. 5 

Figura 3.1 –  Produtos da Pirólise de Resíduos Sólidos Urbanos. [5] ...................................... 7 

Figura 3.2 –  Etapas que ocorrem num reator pirolítico [6]...................................................... 9 

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Índice de Tabelas

Tabela 2.1  –   Quantitativos de Resíduos Não Urbanos em Portugal, por operação de

tratamento. [3] .............................................................................................................................. 5 

Tabela 3.1 –  Principais propriedades dos diferentes tipos de Pirólise. .................................... 9 

Tabela 3.2 –  Principais tipos de reatores pirolíticos. [7]........................................................ 10 

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1. Introdução

A pirólise surge, conceptualmente, na segunda metade da década de 80. Desde então, a

evolução desta tecnologia tem tomado um ritmo lento, tendo em conta que o seu desenvolvimentotem sido feito em pequenas unidades laboratoriais ou em plantas piloto. Os resíduos utilizadosexperimentalmente tem-se estendido a diferentes indústrias, nomeadamente, a indústria de

 produção de biomassa, a indústria têxtil, de plásticos, pneus e outras borrachas, entre outros.

Os resíduos, de entre um vasto conjunto de problemas ambientais, são dos que mais têm vindoa merecer maior atenção quer pelas entidades de gestão ambiental, quer pelas entidades geradorasdesses mesmos resíduos, sejam eles provenientes, por exemplo, da indústria ou de origemdoméstica. Tratam-se de um problema ambiental não só pelo desaproveitamento de matéria-

 prima que representam, como também pelo impacte negativo que a sua existência e deficiente

gestão pode originar, podendo de forma direta, contaminar e modificar o meio ambiente de formairreversível.

A grande parte da comunidade associa o termo resíduo a lixo, desperdício e/ou poluição. Oque até então a deposição de resíduos em aterros era a prática comum, verificou-se que aocupação de grandes áreas geográficas e a libertação de contaminantes afetam o ambienteenvolvente e a saúde pública.

A par desta realidade de impacte ambiental que necessita de ser reduzido, importa tambémfalar da questão energética, nomeadamente sobre o excessivo consumo de combustíveis fósseis

que, a curto prazo, se assiste ao decréscimo das reservas disponíveis para satisfazer o crescimentode consumo de energia e às grandes quantidades de gases poluentes que são libertados para aatmosfera aquando da queima destes combustíveis.

Perante tal situação, surge a necessidade de encontrar alternativas a esses recursos nãorenováveis e implementar novas formas de aproveitamento de energia. Uma solução de entrevárias energias renováveis é a valorização energética de resíduos, consistindo no aproveitamentodo potencial energético dos resíduos por diferentes métodos, de forma relativamente económicae sustentável.

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2. Enquadramento teórico

Um resíduo define-se por qualquer substância ou objeto que o seu detentor se desfaz ou tem

intenção e obrigação de se desfazer, nomeadamente os identificados na Lista Europeia deResíduos (LER) [1]. Para que o fim de vida de um determinado objeto, (seja ele sólido, liquidoou gasoso, em grande escalas ou pequenas porções, perigoso ou não perigoso), tenha o menorimpacto possível no ambiente, torna-se fulcral que, toda a matéria denominada de resíduo tenha,em função dos aspetos que os a caracteriza, uma classificação adequada.

Assim sendo, dá-se, inicialmente, uma classificação generalista, classificação esta que seráesmiuçada nas seguintes atribuições.

2.1. Classificação de resíduos

Um resíduo habitualmente é classificado quanto à sua origem, perigosidade e maisespecificamente quanto à sai tipologia.

 Na classificação quanto à origem o resíduo pode ser classificado de:

  Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) –  provenientes de habitações ou semelhantes a estas(pela sua composição ou natureza);

  Resíduos Industriais - gerados em processos industriais e os resultantes das atividadesde produção e distribuição de eletricidade, gás e água;

  Resíduos Agrícolas –  provenientes de exploração agrícola e/ou pecuária;

  Resíduos Hospitalares –  resultantes de atividades médicas.

Quanto à perigosidade, um resíduo pode ser:

  Inerte –  não sofre transformações físicas, químicas ou biológicas importantes nem sersolúvel, inflamável, biodegradável, nem ter qualquer tipo de reação física ou química,cuja lixiviabilidade total, conteúdo poluente e ecotoxicidade do lixiviado sãoinsignificantes e não poem em risco a qualidade das águas;

  Perigoso –  apresenta pelo menos uma característica de perigosidade para a saúde ou para o ambiente;

   Não-perigoso.

Por fim, pode ainda ser definido quanto à tipologia:

  Resíduos Biodegradáveis;

  Embalagens e Resíduos de Embalagens;

  Resíduos de Equipamentos Elétricos e Eletrónicos;

  Pneus Usados;  Óleos Alimentares Usados;

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  Resíduos de Construção e Demolição (RC&D);

  Pilhas e Acumuladores;

  Veículos em Fim de Vida (VFV);

  Óleos Usados e Bifenilos Policlorados (PCB).

2.2. Gestão de Resíduos em Portugal

Assim que a qualidade de resíduo é atribuída a um objeto, ou conjunto de objetos, seguem-sealgumas etapas que têm como função pôr término à sua vida útil, de uma forma consciente eamiga do ambiente. A recolha inicia esta fase, seguida do transporte, armazenamento, tratamento,valorização e eliminação. Posto isto, a gestão de resíduos revela-se uma etapa crucial, que, paraalém do objetivo principal já referido, visa a valorização do fim de vida de uma matéria, quer

seja através da reciclagem, ou do seu conteúdo energética ou orgânico.

Para que este seja um processo levado a sério, punindo aqueles que não o cumprem, todo eleé legislado pelo Decreto de Lei nº 73/2011, de 17 de junho. Do mesmo, destaca-se o facto daresponsabilidade, no que toca ao destino final de um resíduo, ser de quem o produziu. Ainda queo resíduo tenha sido produzido fora do país, essa responsabilidade não cabe ao detentor domesmo, mas sim ao responsável pela sua introdução em território nacional. Por outro lado, nocaso do produtor ser desconhecido, a entidade responsável passa a ser o detentor do resíduo, e oscustos associados à sua gestão têm de ser suportados pelo mesmo.

De modo a conhecer a realidade da gestão de resíduos em Portugal, todos os anos é emitido oRelatório do Estado do Ambiente pelo Governo de Portugal (Ministério do Ambiente,Ordenamento do Território e Energia) em parceria com a Agência Portuguesa do Ambiente, ondesurge um capítulo referente a dados estatísticos de resíduos. Nele são traçados objetivos e metasde acordo com vários programas implementados que visam diminuir o seu efeito negativo noambiente e fomentar a sua reutilização com vista a prolongar o seu uso na economia.

 No gráfico da Figura 1, observa-se que a partir de 2009 a produção de resíduos urbanos foisofrendo uma diminuição progressiva até ao ano de 2013, assim como a capitação anual. Destaforma, a produção total de resíduos (RU) em Portugal continental foi, no ano de 2013, de cercade 4.362 milhões de toneladas (menos 4% em relação a 2012), o que corresponde a uma produçãodiária de RU de 1.2 kg por habitante. [2]

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Figura 2.1 –  Produção e capitação de resíduos urbanos em Portugal. [2]

Após classificação, os resíduos são encaminhados para as diversas operações de gestão. Nas

Figuras 2 e 3, apresentam-se os números relativos a essa distribuição desde 2010 a 2013, emtermos absolutos e no ano de 2013 em percentuais, respetivamente, em Portugal continental.

Figura 2.2 –  RU encaminhados para as diversas operações de gestão (quantitativos em termos absolutos).[2]

Figura 2.3 - RU encaminhados para as diversas operações de gestão em 2013 (em percentagem). [2]

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Fazendo uma análise de evolução entre 2010 e 2013, verifica-se que, apesar de ser a maior parcela, uma redução de 41% de resíduos depositados em aterro (24% face a 2012).Relativamente a 2012, verificou-se um decréscimo significativo dos RU depositados em aterro,de 55% para 43%. De realçar também o facto da valorização e tratamento de resíduos, por outrolado, ter vindo a demonstrar sinais encorajadores de aumento.

 No caso do movimento transfronteiriço de resíduos (MTR), verifica-se que, pela Figura 4,tem-se verificado uma estabilização na transferência e exportação de resíduos perigosos e não

 perigosos, pelo que em 2013, a transferência e exportação de resíduos registou um quantitativototal de 67 259 toneladas, representado um aumento de 2,9% face aos valores de 2012, sendo quecerca de 65 078 toneladas, destinaram-se a valorização.

Figura 2.4 –  Transferências e exportações de resíduos (perigosos e não perigosos), por tipo de operação degestão. [2]

Relativamente a resíduos não urbanos, ou seja, resíduos industriais, hospitalares, agrícolas eoutros como por exemplo, os resíduos de construção e demolição, encontra-se representado naTabela 1, os dados registados até ao ano de 2012.

Tabela 2.1  –  Quantitativos de Resíduos Não Urbanos em Portugal, por operação de tratamento. [3]

Até 2012, verificam-se níveis de produção com pouca variação, no qual se verificou umadiminuição de 26% em relação a 2011. Em 2012, 81% dos resíduos não urbanos produzidos

foram alvo de valorização material ou energética, enquanto a restante fração foi sujeita aeliminação.

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3. Tratamento e Valorização de Resíduos –  Pirólise de Resíduos

Em seguimento ao que foi abordado nos tópicos anteriores, é agora altura de localizar o tema

do trabalho, a pirólise de resíduos. Esta temática está inserida no tratamento e valorização deresíduos, nomeadamente nos processos de valorização energética, que se dividem em processosfermentativos (como por exemplo a digestão e a degradação anaeróbica, em aterros sanitários),e em processos pirolíticos (como a incineração, a gaseificação e a pirólise). Para além davalorização energética, tem-se ainda a valorização orgânica (assim como a compostagem), eclaro está, a reciclagem.

Por pirólise entende-se um processo de degradação térmica de um conteúdo orgânico, que sedecompõe quimicamente, quando lhe é fornecido calor, na ausência de oxigénio, ou na presençade uma quantidade muito pequena do mesmo. É um processo geralmente usado para o tratamento

e valorização de RSU, podendo alargar-se a Resíduos Industrias, e considera-se um processoendotérmico, isto é, caracteriza-se por ter um balanço energético positivo, ou seja, a entalpia dos

 produtos (como por exemplo o hidrogénio (H2), o monóxido de carbono (CO) e o metano (CH4),será sempre maior que a entalpia dos reagentes (componentes químicos do lixo), pelo que énecessário o fornecimento de grandes quantidades de calor para que seja possível otimizar orendimento do processo (no caso de RSU, cerca de 2.6 a 4 MJ/KG).

3.1. Produtos da Pirólise

Os principais produtos da pirólise podem ser divididos em três fases à temperatura ambiente,sendo que em cada uma destas é possível obter uma aplicação como combustível. Assim tem-seuma fase gasosa, uma fase líquida e ainda uma fase sólida. A fase gasosa é composta por gasesnão condensáveis como o hidrogénio, o dióxido de carbono, o metano e outros, dependendo dosresíduos tratados. Salienta-se que esta fase pode ser usada para a produção de energia térmica e

 posterior produção de vapor para a obtenção de eletricidade. A fase líquida é constituída por águae combustíveis líquidos (metanol, óleo, acido acético). Estes combustíveis líquidos podem serutilizados em turbinas a gás, em centrais elétricas (co-combustão) e em motores Diesel . Por fim,existe a fase sólida, também designada por char , composta por carbono fixo, metais e compostos

inorgânicos (elementos residuais) e matéria volátil não pirolisada. Este produto é essencialmenteusado como combustível alternativo e aumenta com o aumento da temperatura do processo até500ºC, temperatura à qual se obtém a sua concentração máxima. O char  é o melhor substituto docarvão para a produção de energia. Na Figura 3.1 é possível visualizar os três tipos de produtosresultantes da pirólise de resíduos sólidos urbanos. [4]

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Figura 3.1 –  Produtos da Pirólise de Resíduos Sólidos Urbanos. [5]

3.2. Fatores Influenciadores do Processo Pirolítico

A temperatura, o tempo de residência, a pressão, a composição do material e a taxa deaquecimento são os fatores que mais influenciam a qualidade e natureza dos produtos do processo

 pirolítico.

A variação da temperatura do processo pode provocar uma alteração da natureza dos produtosobtidos. Deste modo, refere-se que o aumento da temperatura atingida no reator leva ao aumentoda produção de produtos não condensáveis e à diminuição da fase líquida e da fase sólida. Note-

se que quando se pretende a produção de  char   mas também a de combustíveis líquidos, atemperatura não deve ser inferior a 500ºC para a maximização do rendimento das duas fases.

Relativamente à composição do material, sabe-se que quanto mais pequenas e mais finasforem as partículas do material que irá ser tratado, mais rápido será o processo uma vez que atransferência de calor entre elas será mais fácil e rápida. Torna-se ainda necessário ter em atençãoa humidade pois a quanto maior for a presença em conteúdo desta, maior será o tempo deresidência. Assim, devido a ambos os factos mencionados anteriormente, o material énormalmente seco e triturado antes de ser colocado no reator.

A taxa de aquecimento é uma das propriedades com maior influência na produção de gases eno rendimento dos mesmos. Para elevadas taxas de aquecimento, existe uma grande produçãodestes sendo que essa produção diminui para taxas intermédias e torna a aumentar para taxas

 baixas. Conclui-se então, que produção de gases aumenta com taxas de aquecimento altas e baixas e diminui com taxas de aquecimento intermédias. O rendimento aumenta com o aumentoda taxa de aquecimento. [4]

3.3. Tipos de Pirólise

Como pirólise é uma reação endotérmica, o fornecimento de calor ao sistema é essencial paraocorrer a degradação térmica dos hidrocarbonetos. Posto isto, de acordo com o tipo de

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fornecimento de calor, o sistema pode ser classificado como sistema alotérmico ou sistemaautotérmico.

  Sistema alotérmico: o fornecimento de calor é indireto, realizado por condução e

radiação. O calor pode ser proveniente da combustão de uma porção dos gases produzidos e do char ou da utilização de um forno elétrico.

  Sistema autotérmico: o fornecimento de calor é direto e este é obtido a partir dacombustão de uma porção da matéria orgânica existente no interior do reator. Para aocorrência da combustão é realizada uma pequena injeção de ar no reator. Atransferência de calor entre a matéria orgânica queimada e os gases resultantes ocorre

 por convecção e radiação. Há também transferência de calor entre os gases e o material por convecção e finalmente, através do material por condução.

A pirólise ainda pode ser classificada dum ponto de vista mais operativo, ou seja, de acordo

com o tempo de residência como: lenta, rápida ou  flash. Na Tabela 3.1 é possível verificar as principais propriedades dos três tipos de processos anteriormente mencionados.

A pirólise lenta, também designada por convencional, é caracterizada por ocorrer em temposde residência altos (na ordem dos 5s para os gases e horas para sólidos) e também com taxas deaquecimento baixas (próximo de 2 ºC.s-1). Este processo tem como objetivo a maximização da

 produção de char  realizando-se para isso a uma temperatura de cerca de 500ºC. Quando a reaçãoé efetuada a temperatura superior, parte do produto formado começa a degradar-se produzindouma maior percentagem de fase líquida (condensáveis).

Por outro lado, a pirólise rápida ocorre a temperaturas moderadas (entre 400 e 800 ºC), emtempos de residência inferiores a 2 segundos e com taxas de aquecimento superiores a 2 ºC.s -1.Este processo, utilizado sobretudo na pirólise de biomassa, é considerado um processo avançadona qual é possível a obtenção de elevadas quantidades de condensáveis (óleos).

Por último, a pirólise flash é caracterizada por ser efetuada a altas temperaturas (superiores a600 ºC), taxas de aquecimento superiores a 200 ºC.s-1 e tempos de residência inferiores a 0,5segundos. Este processo é usado em materiais com um alto teor em voláteis e é tambémcaracterizado por um elevado rendimento dos gases produzidos. [4]

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Tabela 3.1 –  Principais propriedades dos diferentes tipos de Pirólise.

3.4. Reator Pirolítico

 No reator pirolítico, qualquer que seja o tipo, a matéria orgânica passa por uma série de etapas,como podemos ver pela Figura 3.2. A primeira etapa é denominada por zona de secagem ondeas temperaturas variam entre os 100ºC e 150ºC. Nesta etapa ocorre a secagem e a pré-secagemdos resíduos de modo a eliminar a humidade contida nestes. A etapa seguinte é denominada porzona da pirólise onde as temperaturas variam entre os 150ºC até aos 1600ºC. Nesta etapa dão-se

as reações de volatilização, oxidação e fusão. Por fim a matéria orgânica chega a zona dearrefecimento, onde os resíduos são arrefecidos e retirados do reator.

Figura 3.2 –  Etapas que ocorrem num reator pirolítico [6].

Pirólise Temperatura(ºC) 

Taxa de

aquecimento(ºC.s-1) 

Tempo deresidência (s) 

Produto 

Lenta  500 2Gases: 5s

Sólido: horasChar  e condensáveis

Rápida  400 a 800 >2 Gases: <2s

A temperatura

moderada (500ºC),

condensáveis (óleos)

Flash   >600 >200 Gases: <0,5sGases e hidrocarbonetos

ligeiros

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Durante os últimos 25 anos têm sido desenvolvidos vários tipos de reatores de modo a resolveros problemas de transferência de calor, custo, tamanho e humidade. Na Tabela 3.2 estãoexplícitos alguns tipos de reatores. Esses reatores dividem-se em dois grupos: nos reatoreshorizontais e nos verticais. O forno rotativo é um exemplo de um reator horizontal, enquanto oreator de leito fixo e o de leito fluidizado são exemplos de reatores verticais.

Tabela 3.2 –  Principais tipos de reatores pirolíticos. [7]

O forno rotativo ou cone rotativo [8] é um dos reatores mais utilizados, nomeadamente nasindústrias químicas, metalúrgicas, tratamentos de resíduos, processo incineração, processos desecagem, entre outros. Neste reator à medida que os resíduos prosseguem através do tambor,secam e são decompostos termicamente, uma parte dos gases produzidos na retorta é queimadana câmara de aquecimento e o calor resultante é fornecido ao material sólido que se pretendetratar, cujas dimensões devem ser menores que 5 cm.

Os reatores de leito fluidizado [9] são os reatores mais utilizados no processo de piróliserápida. Neste processo a fluidização do leito é originada pela injeção de gás inerte, nitrogénioaquecido, a velocidades elevadas que elevam as partículas. As temperaturas do processo situam-se entre os 20 e 980ºC. Este processo é adequado para operações de grande escala e é utilizadonum grande número de aplicações, pelo fato de poder manipular grandes quantidades dealimentação e de sólidos, e de possuir bom controlo da temperatura.

A qualidade dos produtos resultantes da pirólise num reator de leito fluidizado depende dos parâmetros de operação do reator e da natureza do agente de fluidização. O processo de piróliserápida em reatores de leito fluidizado em que é utilizado ar como agente de fluidização é

complexo, uma vez que existem várias restrições que devem ser cumpridas durante a operaçãodo reator, tais como:

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  O caudal de ar utilizado deve garantir uma adequada fluidização do leito de inertes;

  Os caudais de ar devem corresponder entre 5 a 15 % do ar estequiométrico;

  Conseguir baixos tempos de residências da fase gasosa dentro do reator. De modo a

evitar reações secundárias significativas;  Conseguir uma distribuição adequada da temperatura ao longo do reator.

Os reatores de leito fixo também são reatores igualmente muito utilizados no processo de pirólise rápida. Neste processo o calor necessário é obtido através da combustão de uma parte domaterial. Os gases movem-se a velocidades de 0.2 a 0.6m/s e o tempo de residência do resíduo é

 bastante longo, conseguindo-se obter a máxima conversão do material alimentado. Estes reatoressão muito simples e são mais indicados para operações em pequena escala.

A escolha de um reator adequado para o processo pirolítico depende de uma série de variáveis,

incluindo o tipo e preparação dos resíduos da alimentação e condições de operação necessárias para as reações adequadas, dependendo, também, do produto final desejado.

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4. Conclusões

A definição de medidas a adotar para melhorar a legislação visam estabelecer princípios de

 prevenção, produção e gestão de resíduos, não só para os cidadãos em suas casas, como também para as entidades industriais. Apesar de ser um processo que gera um pouco de controvérsia nasociedade, é no tratamento e valorização de resíduos que se pode tirar proveito e gerar riqueza.Desta forma, os resíduos sólidos terão de ser vistos não só como um problema a resolver da formamenos dispendiosa possível, mas também como um recurso potencial passível de algumarecuperação.

De entre os vários processos de valorização energética por conversão térmica de resíduos, a pirólise é uma técnica com uma vasta aplicabilidade, autossustentável sob o ponto de vistaenergético, pois a decomposição química, pela ação do calor na ausência de oxigénio, produz

mais energia do que consome.

As vantagens do uso deste processo estendem-se a diferentes domínios, tornando-se maisevidentes no que toca às características ‘verdes’. Relativamente a este aspeto, destaca-se o factode reduzir substancialmente os gases com efeito de estufa dos resíduos em tratamento, bem comoa quantidade dos mesmos. Os efeitos secundários são igualmente favoráveis, uma vez que, quero risco de maus odores, quer o risco de poluição de águas, são extremamente baixos. Ainda emrelação ao nível de perigosidade, os riscos para a saúde humana são praticamente inexistentes.

Comercialmente, os pontos positivos passam pela produção de produtos finais com um bom

mercado, nomeadamente o de produção de combustíveis fósseis, como o biodiesel, o etanol e ocarvão vegetal, que pode ainda ser usado como fertilizante. O facto dos gases libertados duranteo processo terem elevados valores de poder calorifico, tornam-nos igualmente valiosos, maisuma vez, para a produção de combustíveis, desta vez, claro está, gasosos.

O custo de manutenção não é elevado, devido à robustez dos equipamentos, e todo o processoé extremamente controlável. O domínio de resíduos que podem ser processados através deste

 processo é razoável.

 No que toca a limitações de processamento de resíduos, destacam-se alguns dos que são

constituídos por olefinas, também conhecidos por alcenos, (hidrocarbonetos alifáticosinsaturados, apresentando uma ligação covalente dupla (C=C) entre os átomos de carbono), bemcomo resíduos de plástico que contenham cloro ou enxofre.

Em termos de produto final, o processo não é propriamente eficaz a destruir os resíduosinseridos, não podendo ser considerado como um fim de vida dos mesmos. Para além disso, aseparação de material orgânico de inorgânico apresenta algumas adversidades ao sistema.

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