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MPCDF Fl. 284 Proc.2238 6/09 MINISTÉRIO PÚBLICO DE CONTAS DO DISTRITO FEDERAL QUARTA PROCURADORIA PARECER: 481/2017–ML ASSUNTO: TOMADA DE CONTAS ESPECIAL REFERÊNCIA: PROCESSO Nº 22.386/2009 (Apenso: Processo nº 410.000.981/2008 EMENTA: 1. TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. SEPLAG. APURAÇÃO DE IRREGULARIDADES DECORRENTES DE SOBREPREÇO NO PAGAMENTO DE SERVIÇOS PRESTADOS SEM COBERTURA CONTRATUAL. CONECTA TECNOLOGIA EM SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO DE DADOS LTDA. (ATUAL VERTAX REDES DE TELECOMUNICAÇÕES LTDA). EXERCÍCIO DE 2007. EXTENSÃO DA APURAÇÃO NOS ANOS DE 2008 E 2009. DECISÃO Nº 1.628/2016. CITAÇÃO E AUDIÊNCIA DOS RESPONSÁVEIS. 2. ÁREA TÉCNICA SUGERE A PROCEDÊNCIA DOS ARGUMENTOS DE ALGUNS GESTORES, DECLARAÇÃO DE REVELIA DE OUTROS E CIENTIFICAÇÃO PARA RECOLHIMENTO DO DÉBITO PELOS RESPONSÁVEIS REMANESCENTES. 3. PARECER PARCIALMENTE CONVERGENTE DO MPC/DF. IMPROCEDÊNCIA DAS DEFESAS APRESENTADAS. REVELIA. COMUNICAÇÃO PARA RECOLHIMENTO DO DÉBITO. 1. Cuidam os autos de Tomada de Contas Especial – TCE instaurada pela então Secretaria de Estado de Ordem Pública e Corregedoria-Geral do Distrito Federal para apurar possível prejuízo ao Erário, em virtude de irregularidades no pagamento por serviços de tecnologia da informação, sem cobertura contratual, prestados pela sociedade empresária Conecta Tecnologia de Sistemas de Comunicação de Dados Ltda., antecessora da Vertax Rede e Telecomunicações Ltda., referente ao exercício de 2007, com extensão para os exercícios de 2008 e 2009. ML7

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Fl. 284Proc.22386/09

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MINISTÉRIO PÚBLICO DE CONTAS DO DISTRITO FEDERAL QUARTA PROCURADORIA

PARECER: 481/2017–ML

ASSUNTO: TOMADA DE CONTAS ESPECIAL

REFERÊNCIA: PROCESSO Nº 22.386/2009 (Apenso: Processo nº 410.000.981/2008

EMENTA: 1. TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. SEPLAG. APURAÇÃO DE IRREGULARIDADES DECORRENTES DE SOBREPREÇO NO PAGAMENTO DE SERVIÇOS PRESTADOS SEM COBERTURA CONTRATUAL. CONECTA TECNOLOGIA EM SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO DE DADOS LTDA. (ATUAL VERTAX REDES DE TELECOMUNICAÇÕES LTDA). EXERCÍCIO DE 2007. EXTENSÃO DA APURAÇÃO NOS ANOS DE 2008 E 2009. DECISÃO Nº 1.628/2016. CITAÇÃO E AUDIÊNCIA DOS RESPONSÁVEIS.2. ÁREA TÉCNICA SUGERE A PROCEDÊNCIA DOS ARGUMENTOS DE ALGUNS GESTORES, DECLARAÇÃO DE REVELIA DE OUTROS E CIENTIFICAÇÃO PARA RECOLHIMENTO DO DÉBITO PELOS RESPONSÁVEIS REMANESCENTES.3. PARECER PARCIALMENTE CONVERGENTE DO MPC/DF. IMPROCEDÊNCIA DAS DEFESAS APRESENTADAS. REVELIA. COMUNICAÇÃO PARA RECOLHIMENTO DO DÉBITO.

1. Cuidam os autos de Tomada de Contas Especial – TCE instaurada pela então Secretaria de Estado de Ordem Pública e Corregedoria-Geral do Distrito Federal para apurar possível prejuízo ao Erário, em virtude de irregularidades no pagamento por serviços de tecnologia da informação, sem cobertura contratual, prestados pela sociedade empresária Conecta Tecnologia de Sistemas de Comunicação de Dados Ltda., antecessora da Vertax Rede e Telecomunicações Ltda., referente ao exercício de 2007, com extensão para os exercícios de 2008 e 2009.

2. Na forma consignada no Parecer nº 428/2015-ML (fls. 158/166), relembro que, dada a tecnicidade do objeto da TCE, inicialmente, a Unidade Técnica, por meio do expediente de fls. 95/96, entendeu pertinente e oportuno o envio dos autos ao Núcleo de Fiscalização de Tecnologia da Informação - NFTI para manifestação acerca da matéria de sua competência, a teor do que dispõe o art. 2º, inciso II, alínea f, da Portaria nº 76, de 22/1/1997, com a redação dada pela Portaria nº 54, de 11/2/2010.

3. Nesse diapasão, no âmbito de sua competência, o NFTI emitiu a Informação nº 67/2014 (fls. 129/142), por meio da qual consignou que: “verificou-se que a empresa Vertax Redes e Telecomunicações Ltda., antiga Conecta Tecnologia em Sistemas de Comunicação de Dados Ltda. praticou sobrepreço nos valores cobrados à SEPLAG, referente aos serviços

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objeto da presente TCE, durante o exercício de 2007, cujo montante devido encontra-se no valor de R$ 2.642.145,70 (fl. 114), em 13/10/2014.” (Fl. 139).

4. Ainda, acrescentou que os serviços analisados no procedimento especial instaurado continuaram a serem prestados sem cobertura contratual até o exercício de 2009. Assim, considerando o princípio da economia processual, entendeu pertinente a extensão do período de apuração da TCE até abril daquele ano, mês do último pagamento realizado à Vertax, com sobrepreço.

5. Na oportunidade, concluiu pela responsabilização dos servidores envolvidos pelo ressarcimento dos prejuízos causados aos cofres públicos, solidariamente com a sociedade empresária Vertax Redes e Telecomunicações Ltda., em razão dos seus atos terem contribuído com a prática do ato antieconômico identificado na TCE no exercício da função pública que desempenharam: Luiz Paulo Costa Sampaio, como Diretor-Presidente da extinta Agência de Tecnologia da Informação do Distrito Federal – AGEMTI/DF, Lamartine Brito Santos e Luiz Carlos Francisco de Azevedo, na condição de Chefe da Unidade de Administração Geral da então Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão do Distrito Federal – SEPLAG, Ricardo Pinheiro Penna, então Secretário de Estado da SEPLAG e Luiz Marcelo Ferreira Sirotheau Serique, Assessor Especial de Tecnologia da Informação da SEPLAG, à época dos fatos.

6. Na sessão ordinária nº 4.855, de 5/4/2016, o e. TCDF prolatou a r. Decisão nº 1.628/2016, por meio da qual deliberou:

“O Tribunal, por unanimidade, de acordo com o voto do Relator, com o qual concorda a Revisora, Conselheira ANILCÉIA MACHADO, decidiu: I – tomar conhecimento da tomada de contas especial objeto do Processo n° 410.000.981/08; II – determinar: a) com fulcro no art. 13, inciso II, da Lei Complementar nº 1/94, c/c o art. 172 do RI/TCDF, a citação da empresa e dos responsáveis nominados no parágrafo 17 da Informação nº 132/2015-SECONT/2ª DICONT (fls. 154), com exceção do Sr. Lamartine Brito Santos (já falecido), para que, no prazo de 30 (trinta) dias, apresentem alegações de defesa, em face das falhas descritas no parágrafo 40 da Informação nº 67/2014 (fls. 140/141), ou, se preferirem, recolham o débito ali descrito; b) com fulcro no art. 13, inciso III da Lei Complementar nº 1/94 c/c o art. 182, § 5º, do RI/TCDF, a audiência dos responsáveis nominados no parágrafo 17 da Informação nº 132/2015-SECONT/2ª DICONT (fls. 154), com exceção dos Srs. Lamartine Brito Santos (falecido) e Ricardo Pinheiro Penna (já penalizado pela Decisão nº 4.467/2010-CRCC), para que, no prazo de 30 (trinta) dias, apresentem razões de justificativa, em face do pagamento de despesas por serviços realizados sem amparo em ajuste contratual, ante a possibilidade de ser-lhes aplicada a penalidade prevista no art. 182, inciso II, do RI/TCDF; III – autorizar o retorno dos autos à Secretaria de Contas, para adoção das providências pertinentes.” (Fl. 83 – Grifos acrescidos).

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7. Dessarte, em cumprimento às Citações/Audiências nºs 72/2016, 74/2016 e 75/2016 – SS (fls. 186 e 188/189), considerando a prorrogação de prazo concedida por meio do r. Despacho Singular nº 231/2016 – GCPM, fl. 196, manifestaram nos autos o Sr. Ricardo Pinheiro Penna, mediante as alegações de defesa juntadas às fls. 198/211, o Sr. Luiz Carlos Francisco de Azevedo, por meio dos argumentos de fls. 212/220, acompanhados dos documentos de fls. 221/227 e o Sr. Luiz Marcelo Ferreira Sirotheau Serique, mediante os argumentos de defesa e documentos constantes às fls. 230/255.

8. Lado outro, quedou-se inerte o representante legal da sociedade empresária Vertax Redes e Telecomunicações Ltda., nada obstante a Citação nº 71/2016 – SS, fl. 185. Igualmente, deixou de se manifestar nos autos o Sr. Luiz Paulo Costa Sampaio (Citação nº 73/2016 – SS, fl. 187), em que pese a prorrogação de prazo concedida por intermédio do r. Despacho Singular nº 345/2016 – GCPM (fl. 258).

9. Em seguida, a Unidade Técnica analisou, por meio da percuciente Informação nº 42/2017 – SECONT/2ª DICONT (fls. 263/283), os argumentos trazidos pelos responsáveis acima mencionados, concluindo seu exame conforme a seguir:

“CONCLUSÃO83. Nas defesas apresentadas, os Srs. Ricardo Pinheiro Penna, Luis Carlos Francisco de Azevedo e Luiz Marcelo Ferreira Sirotheau Serique trouxeram elementos capazes de afastar as suas responsabilidades perante as irregularidades que ensejaram suas citações/audiências (Decisão nº 1.628/16).84. No que tange ao Sr. Luiz Paulo Costa Sampaio, seus atos foram o de atestar a correta execução dos serviços prestados pela VERTAX e confirmar serem compatíveis os preços cobrados com o mercado, sem empreender o zelo necessário para validar tais análises (vide §§ 65-75).85. Sua conduta negligente contribuiu, direta e decisivamente, para a ocorrência das irregularidades ora verificadas, demonstrando-se, assim, o nexo de causalidade com o prejuízo experimentado pelo erário.86. Não obstante, nem o Sr. Luiz Paulo Costa Sampaio, tampouco a sociedade VERTAX REDES E TELECOMUNICAÇÕES LTDA apresentaram defesa, motivo pelo qual deverão ser considerados revéis.87. A segregação dos débitos por responsável é aquela indicada no § 82.88. Sem embargos, cabe registrar que, conforme análise despendida nos §§ 4 e 5, o Sr. Luiz Paulo Costa Sampaio, além da citação pelo sobrepreço praticado na prestação dos serviços já descritos, também foi convocado em audiência por ter autorizado o pagamento de despesas por serviços realizados sem amparo em ajuste contratual, ante a aplicação de multa pela prática de ato de gestão ilegítimo ou antieconômico de que resulte injustificado dano ao patrimônio público (art. 182, II, do antigo RI/TCDF – Resolução 38/90).89. Uma vez que foi revel, a Corte poderá aplicar-lhe a referida multa, com fulcro no art. 57, III, da LC nº 1/94.90. Por fim, em virtude da gravidade dos fatos, o Tribunal também poderá deliberar sobre a aplicação da penalidade de inabilitação do Sr. Luiz Paulo Costa Sampaio para o exercício de cargo em comissão ou função de confiança no âmbito da

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Administração Pública do DF (consoante o art. 60 da LC nº 1/94).”(Fl. 281 – Destaques no original).

10. Ao final, sugeriu ao e. Plenário do c. Tribunal que:

“I. tome conhecimento das razões de justificativas/defesas apresentadas pelos Srs. Ricardo Pinheiro Penna, Luiz Carlos Francisco de Azevedo e Luiz Marcelo Ferreira Sirotheau Serique para, no mérito, considerá-las procedentes;

II. considere o Sr. Luiz Paulo Costa Sampaio e a empresa Vertax Redes e Telecomunicações Ltda. revéis, por não terem apresentado defesa, com fulcro no art. 13, § 3º, da LC nº 1/94;

III. em virtude das revelias apontadas, julgue, desde já, como IRREGULARES as contas dos responsáveis mencionados no item II, no que tange ao objeto desta TCE, nos termos do art. 17, III, ‘c’, da LC nº 1/94;

IV. notifique, nos termos do art. 26 da LC nº 1/94, os responsáveis indicados no item II para que, em 30 dias, recolham solidariamente o débito (atualizado até 20/02/17, fl. 262), conforme segregação de valores apresentada na tabela constante do § 82 desta Informação, em virtude de sobrepreço praticado na prestação de serviços técnicos especializados de tecnologia da informação (balanceamento de tráfego e de aplicações WEB, de proteção de ambiente de comunicação de dados, de disponibilização e acesso às aplicações no Datacenter do GDF) sem cobertura contratual, referentes aos exercícios de 2007 e 2008 e de janeiro/abril de 2009, solidariamente com a empresa Vertax Redes e Telecomunicações Ltda.;

V. delibere sobre a aplicação da:a) multa prevista no art. 57, III da LC nº 1/94, ao Sr. Luiz Paulo Costa

Sampaio, em virtude de ter autorizado o pagamento de despesas por serviços realizados sem amparo em ajuste contratual;

b) penalidade de inabilitação para o exercício de cargo em comissão ou função de confiança no âmbito da Administração Pública do DF ao Sr. Luiz Paulo Costa Sampaio, conforme previsto no art. 60 da LC nº 1/94;

VI. autorize, desde logo:a) a aplicação do disposto no art. 29 da LC nº 1/94, caso, no prazo

estipulado no item IV, não tenham sido implementadas as medidas necessárias ao ressarcimento;

b) o retorno dos autos à Secretaria de Contas, para as providências de sua alçada. ” (Fls. 282/283 – Destaques no original).

11. Após este relato, passa-se à análise do presente feito.

12. A fase atual é de análise do mérito das alegações de defesa apresentadas pelos responsáveis indicados no parágrafo 7º deste Parecer, cujos conteúdos foram trazidos pela Unidade Técnica na Informação nº 42/2017 – SECONT/2ª DICONT (fls. 263/283).

13. Desse modo, muito embora coadune parcialmente com o entendimento propugnado pela Unidade Técnica, transcrevo abaixo os principais excertos do seu exame por considerar bastante profícua a síntese dos argumentos feita pelo Corpo Instrutivo (fls.

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265/280), para, em seguida, proceder à correspondente análise deste Ministério Público de Contas:

“Defesa do Sr. Ricardo Pinheiro PennaSecretário de Estado da SEPLAG – 2007 a abril/2009 (fls. 198-211)ALEGAÇÕES9. Inicia sua defesa apresentando breve síntese do presente processo e descrevendo o serviço contratado (fls. 199-200). Traz à baila as finalidades da AGEMTI-DF (Decreto nº 27.662/07) e o Decreto nº 28.016/07, que fixou prazo para que os órgãos do DF contratassem serviços de TI (fls. 200-201).10. Aduz que, com o advento do Decreto nº 28.016/07, ficou estabelecido o prazo de 30 dias para promover a licitação com vistas à contratação de serviço de TI. Ainda, o referido normativo estabelecia que o Projeto Básico deveria observar as diretrizes traçadas pela AGEMTI-DF. Todavia, não havia, naquele momento, uma padronização dos recursos tecnológicos empregados nos órgãos do GDF (fl. 201).11. Afirma que esta Corte teria confirmado, no bojo do Processo nº 6.688/10 (TCE instaurada para apurar despesas realizadas pela SEPLAG com a empresa LINKNET TECONOLOGIA E TELECOMUNICAÇÕES LTDA e ADLER ASSESSORIA EMP. E REP., referente a operacionalização do datacenter corporativo do GDF), que seria de competência da AGEMTI a manutenção do funcionamento do Datacenter do GDF, por meio da Decisão nº 1.539/12 (fls. 202-210).12. Ato contínuo, discorre que, no âmbito do Processo nº 19.191/10 (TCE instaurada visando identificar os responsáveis e quantificar o prejuízo na execução dos Contratos nº 56 e 57/2008, firmados entre a SEPLAG e as empresas VIA TELECOM S/A e VERTAX REDES E TELECOMUNIAÇÕES LTDA), a Decisão nº 721/15 deu provimento aos pedidos de reexame interpostos pelos Srs. LUIZ CARLOS FRANCISCO DE AZEVEDO e RICARDO PINHEIRO PENNA, reformando os termos da Decisão nº 6.604/12 no sentido de isentar os recorrentes dos fatos que lhe eram imputados (fl. 210).13. Assim, coloca que uma vez que o processo retrocitado (nº 19.191/10) teria analisado caso praticamente idêntico ao deste (nº 22.386/09), afastando as responsabilidades dos defendentes relacionadas à gestão de contratos de TI, inclusive envolvendo a mesma empresa (VERTAX), não seria razoável adotar entendimento diverso na presente TCE.14. Adiante, informa que se encontra em dia com o parcelamento da multa estabelecida no Processo nº 11.694/09.15. Por fim, requer que sejam acatadas as alegações de defesa apresentadas e que seja excluído do rol de responsáveis (fl. 211).Defesa do Sr. Luiz Carlos Francisco de AzevedoChefe da UAG da SEPLAG – 2007 a abril/2009 (fls. 212-220 e anexos às fls. 221-227)ALEGAÇÕES(...)Argumento 117. Inicia informando que esta Corte já havia entendido por não responsabilizá-lo em outras ocasiões. Cita a Decisão nº 1.539/12, oriunda do Processo nº 6.688/10 (TCE instaurada para apurar despesas realizadas pela SEPLAG com a empresa LINKNET TECONOLOGIA E TELECOMUNICAÇÕES LTDA e ADLER ASSESSORIA EMP. E

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REP., referente a operacionalização do datacenter corporativo do GDF), no qual o Tribunal deu provimento aos recursos por ele impetrado (fl. 212). Traz à tona histórico do referido processo, acompanhado de considerações pontuais (fls. 213-215).18. Destaca também a Decisão nº 721/15 (Processo nº 19.191/10), na qual esta Casa, novamente, teria se posicionado favorável ao pedido de reexame por ele interposto, em matéria que tratava de fatos similares aos do presente processo (naquela ocasião, TCE instaurada visando identificar os responsáveis e quantificar o prejuízo na execução dos Contratos nº 56 e 57/2008, firmados entre a SEPLAG e as empresas VIA TELECOM S/A e VERTAX REDES E TELECOMUNIAÇÕES LTDA).19. Por fim, traz à baila a Decisão nº 966/16, originada no bojo do Processo nº 13.214/12 (TCE instaurada para avaliar possíveis danos ao erário por contratos efetuados com a empresa LINKNET TECONOLOGIA E TELECOMUNICAÇÕES LTDA), que deu provimento ao seu recurso de reconsideração, no sentido de lhe afastar qualquer responsabilidade.20. Ressalta que a existência da AGEMTI-DF e de Assessoria Especial de TI da própria SEPLAG afastariam sua responsabilidade acerca de contratos específicos relacionados com tecnologia da informação.Argumento 221. Aduz a incapacidade técnica do Chefe da UAG em questionar os preços praticados nas contratações de serviços de TI, em virtude da grande complexidade envolvida nos mesmos e de que a responsabilidade pela pesquisa dos preços e atesto das prestações dos serviços serem de competência da AGEMTI-DF e da Assessoria Especial de TI da SEPLAG (fls. 212-213 e 216).22. Frisa ser ponto pacífico que a CODEPLAN procedeu à contratação dos serviços da empresa CONECTA TECNOLOGIA EM SISTEMAS DE COMUNICAÇÕES DE DADOS LTDA (atual VERTAX) e que a AGEMTI-DF abarcou as atividades da CODEPLAN, em termos de contratação dos serviços de TI. Elenca as competências legais da referida Agência (fls. 216-218).23. Ato contínuo, conclui não haver restado outra opção que não fosse o pagamento dos serviços efetivamente prestados, devidamente atestados pelos técnicos responsáveis, pois não detinha conhecimentos específicos para reavaliar o trabalho de pesquisa de preços específico para serviços de TI. Sublinha as competências do Chefe de UAG da SEPLAG, definidas pelo Regimento Interno5 (fls. 219-220).24. Por fim, solicita que seja afastada sua responsabilidade perante os fatos apreciados na presente TCE (fl. 220).Defesa do Sr. Luiz Marcelo Ferreira Sirotheau SeriqueAssessor Especial de Tecnologia de Informação da SEPLAG – janeiro a abril/2009 (fls. 230-242 e anexos às fls. 243-255)ALEGAÇÕES25. Assevera que a matéria da presente TCE seria idêntica à do Processo nº 6.688/10 (TCE instaurada para apurar despesas realizadas pela SEPLAG com a empresa LINKNET TECONOLOGIA E TELECOMUNICAÇÕES LTDA e ADLER ASSESSORIA EMP. E REP., referente a operacionalização do datacenter corporativo do GDF), que envolvia, inclusive, os mesmos agentes públicos, divergindo tão somente com relação a empresa que prestou os serviços de TI sem amparo em ajuste contratual. Colaciona excerto de recurso de reconsideração interposto no bojo daquele processo (fls. 231-235).

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26. Consigna ter assumido o cargo em 07/05/09, ou seja, faltando apenas 53 dias para o encerramento do período de apuração de que trata o Relatório de Auditoria nº 7.0001.10, que abrangeu o lapso temporal de set/2008 a jun/2009 (fl. 235).27. Sustenta que nunca houve a criação formal de uma Assessoria de Tecnologia da Informação na estrutura organizacional da SEPLAG, com atribuições e competências legalmente definidas, nem mesmo pelo Decreto nº 30.034/09 (que transferiu a política da área de informática para a responsabilidade da SEPLAG). Afirma que, tampouco, teria sido nomeado para dirigir tal assessoria (fl. 236).28. Logo, não seria de sua responsabilidade administrar o datacenter, nem atestar o recebimento de serviços ou liquidar o pagamento das respectivas notas fiscais. Sua atribuição limitava-se a assinar despachos de encaminhamento de processos de reconhecimento de dívida.29. Destaca trechos de análises do NFTI desta Corte, na qual, a seu ver, teriam sido cometidas impropriedades nas apreciações efetuadas. Afirma que os preços já eram praticados desde 2007, que houve pesquisa de preços e que tal matéria já havia sido apreciada pela Controladoria-Geral do DF, o que reforçaria a tese de que o despacho por ele encaminhado se tratava de mera peça informativa, com o fito de dar vazão ao processo de reconhecimento de dívida (fls. 236-240).30. Traz à baila a Decisão nº 6.075/15 (Processo nº 6.688/10), que deu provimento ao recurso de reconsideração interposto pelo defendente, tornando insubsistente as imputações de responsabilidades (fl. 241).30. Traz à baila a Decisão nº 6.075/15 (Processo nº 6.688/10), que deu provimento ao recurso de reconsideração interposto pelo defendente, tornando insubsistente as imputações de responsabilidades (fl. 241).31. Por fim, requer o acolhimento de sua defesa, isentando-o de quaisquer responsabilidades (fls. 242).ANÁLISE DO CONTROLE EXTERNO32. Preliminarmente, cabe destacar que as defesas apresentadas não trouxeram elementos que ataquem a metodologia de cálculo desenvolvida pelo NFTI ou o montante do débito imputado. Abarcam, essencialmente, questões relativas à responsabilização e matérias de direito.33. Passo adiante, com o fito de definir, de maneira clara e objetiva, as responsabilidades pela contratação dos serviços de TI no âmbito do GDF. A esse respeito, cabe trazer à baila o histórico de alguns fatos e legislações conexas ao tema.34. Até o final de 2006, a CODEPLAN era a entidade do GDF responsável pelo planejamento, implantação, implementação e operacionalização da política de informática de toda a Administração do Governo. Em janeiro de 2007, foram extintos diversos órgãos e entidades administrativas e criados novos.35. Com a nova estrutura administrativa, a CODEPLAN deixou de ser a responsável pela política de TI6. Tal responsabilidade passou a ser da Agência de Tecnologia da Informação do Distrito Federal – AGEMTI-DF, por força do Decreto nº 27.662, de 24/01/07, que regulamentou e especificou suas finalidades e competências, das quais destacam-se:

Art. 2º. Constituem finalidades básicas da AGEMTI-DF:I – planejar, supervisionar e avaliar as ações e programas de modernização tecnológica dos órgãos e entidades da administração direta, indireta, autárquica, fundacional e de empresas públicas do Governo do Distrito Federal;

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Fl. 291Proc.22386/09

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II - organizar, implantar, coordenar, operacionalizar, executar e gerir a Política de Tecnologia da Informação do Governo do Distrito Federal;III – planejar e acompanhar a implementação, a operacionalização, o controle e a avaliação de instrumentos de Tecnologia da Informação do Governo do Distrito Federal.(...)

Art. 3º. Compete à AGEMTI-DF:I – supervisionar e avaliar, no âmbito do Governo do Distrito Federal, as ações e atividades decorrentes do cumprimento das principais linhas de ação da Política de Tecnologia da Informação do Governo do Distrito Federal;(...)VI – organizar, implantar, acompanhar, operacionalizar e gerir a elaboração e execução do Plano Diretor de Gestão da Informação do Governo do Distrito Federal e dos órgãos e entidades da administração direta, indireta, autárquica, fundacional e de empresas públicas;(...)XI – licitar e contratar, mediante prévia autorização do Governador do Distrito Federal, serviços, produtos e soluções de tecnologia da informação, necessários à execução das suas atribuições; (...)

Art. 4º. Os aspectos técnicos relativos às contratações de serviços de tecnologia da informação, a serem realizados por entidades da administração direta e indireta do Distrito Federal, deverão ser analisados previamente pela AGEMTI-DF, para promover as sugestões que julgarem pertinentes

36. Entrementes, foi editado o Decreto 28.016, de 01/06/07, que fixava prazo aos órgãos e entidades da Administração direta e indireta do Distrito Federal para a contratação de serviços de tecnologia informática, que estabelecia:

Art. 1º - Os dirigentes de órgãos e entidades da Administração direta e indireta do Distrito Federal deverão promover, nos prazo fixado neste Decreto, a contratação, mediante licitação, de empresa para a prestação dos serviços de tecnologia e informática no âmbito de sua unidade, em especial nos casos de contratação emergencial.Art. 2º - Fica estabelecido o prazo de 30 (trinta) dias, contado da data da publicação deste Decreto, para a apresentação do Projeto Básico referente aos serviços a serem contratados.

Parágrafo único - O Projeto Básico deverá observar as diretrizes traçadas pela Agência de Tecnologia e Informática do Distrito Federal, a quem caberá orientar e acompanhar o processo de contratação dos referidos serviços por cada entidade, observando a modalidade definida pela Procuradoria Geral do Distrito Federal.

Art. 3º - A licitação e a contratação da empresa para a prestação dos referidos serviços deverão estar concluídas no prazo de 90 (dias), contado da data da publicação do presente Decreto

37. Posteriormente, foi editado o Decreto nº 30.010, de 29/01/09, que extinguiu a AGEMTI-DF. O Decreto nº 30.034, de 06/02/09, avocou para a SEPLAG a responsabilidade pela política de informática do GDF.

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38. Volvendo ao histórico dos fatos in casu, no âmbito da SEPLAG e da então AGEMTI-DF, a Empresa VERTAX (à época, denominada CONECTA) solicitou, em 25/07/07, o reconhecimento de dívida referente a serviços de informática do Data Center Corporativo do DF, prestados sem cobertura contratual desde 09/12/06, dia posterior ao encerramento do Contrato nº 14/2006, firmado entre a empresa e a CODEPLAN (fls. 7-13*).39. Em 26/07/07, a apreciação da referida solicitação foi encaminhada à AGEMTI-DF, órgão legalmente competente para apreciar o feito (fl. 23*).40. Em 10/10/07, a então AGEMTI-DF se posiciona (por meio de documento oficial aprovado pelo então Presidente, Sr. Luiz Paulo Costa Sampaio), pela expressa ‘concordância com a documentação apresentada’ (fls. 43-45*). O atesto oficial da prestação dos serviços pela empresa CONECTA TECNOLOGIA EM SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO DE DADOS LTDA se encontra às fls. 292-303**.41. A dívida foi reconhecida pelo Secretário da SEPLAG à época (Sr. Ricardo Pinheiro Penna), em 15/04/08, quando o mesmo autorizou a liquidação da despesa, no valor de R$ 5.545.755,00 (fl. 542**).42. Nesse ínterim, a AGEMTI, a quem cabia agir para suprir as necessidades governamentais na área de TI, encaminhou projeto básico à SEPLAG com vistas a dar continuidade ao certame licitatório para tais serviços (Processo nº 410.004.700/07, fls. 322-407*).43. Ato contínuo, o projeto básico foi aprovado pela então SEPLAG e deu-se início ao pregão que supriria os serviços que eram prestados até aquela data sem contrato. Conforme noticia a Informação nº 212/2009 (Processo nº 30.494/09), foi publicado o Edital de Pregão n.º 108/2008 – CECOM/SUPRI/SEPLAG. A Corte, ao analisar o feito (Processo nº 35.556/08), determinou a suspensão do certame e a execução de ajustes para autorização de seu prosseguimento8.44. Após o processamento das alterações devidas, o Tribunal autorizou o andamento do certame.45. Nesse intervalo, o procedimento licitatório foi anulado pela Central de Compras, com fulcro no art. 39 da Lei nº 8.666/93 (obrigatoriedade de audiência pública em razão do valor estimado). Após a realização da Audiência Pública nº 01/2009, o procedimento licitatório foi reiniciado, por meio do Pregão nº 59/2009 (edital às fls. 98-112), que teve seu andamento autorizado pelo Tribunal após análise de denúncia de empresa privada, por meio da Decisão nº 6.342/09 (Processo nº 30.494/09). O referido Pregão, posteriormente, restaria frustrado em seu objetivo de contratar empresa para prestar os serviços de TI. Os preços cotados naquele edital foram utilizados pelo NTFI como parte da metodologia de cálculo do sobrepreço verificado nestes autos (Informação nº 67/2014, fls. 133-134).46. Feitas tais considerações, a presente análise deve abarcar outro conjunto de variáveis: a influência dos diversos processos citados pelos defendentes, nos quais também aparecem no polo passivo.PROCESSO Nº 6.688/1047. O Processo nº 6.688/10 cuidava, inicialmente, da auditoria realizada na SEPLAG (atendendo à Decisão nº 8.025/2009), com vistas à aferição da regularidade dos serviços de locação de hardware, software e serviços técnicos com cessão de mão de obra (outsourcing), prestados pela empresa LINKNET TECNOLOGIA E TELECOMUNICAÇÕES LTDA., e a locação de equipamentos de rede, climatização e de energia, com serviços de manutenção das redes lógica e física, prestados pela ADLER ASSESSORIA EMPRESARIAL E REPRESENTAÇÕES

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LTDA., para operação do datacenter corporativo do Governo do Distrito Federal , sem a devida cobertura contratual. Posteriormente, estes autos foram convertidos em tomada de contas especial (item IV da Decisão nº 5.428/2010).48. Na última assentada (Decisão nº 4.487/2016), a Corte decidiu imputar somente à empresa LINKNET TECNOLOGIA E TELECOMUNICAÇÕES a responsabilidade pelo recolhimento do débito, afastando os demais gestores do rol.PROCESSO Nº 19.191/1049. Trata de TCE instaurada visando à identificação dos responsáveis e quantificação do débito apurado na execução dos Contratos nº 56/2008 e 57/2008, firmados entre a SEPLAG/DF e as empresas VIA TELECOM S/A e VERTAX REDES E TELECOMUNICAÇÕES LTDA.50. Neste, a última decisão exarada, nº 721/15, deu provimento aos pedidos de reexame interpostos pelos Srs. Luiz Carlos Francisco de Azevedo e Ricardo Pinheiro Penna e pela empresa VERTAX REDES E COMUNICAÇÕES LTDA. contra os termos da Decisão nº 6.604/12, no sentido de isentar os recorrentes das responsabilidades que lhes eram imputadas. Assim, o processo foi arquivado.51. Há de se destacar o entendimento adotado pelo Plenário, que acompanhou o voto da Conselheira Relatora, Anilcéia Machado. Em suma, a Relatora entendeu que a situação seria bastante similar à que consta no bojo do Processo nº 6.688/10 (onde ela já havia se manifestado pelo acolhimento dos argumentos expostos pelos defendentes). Destacou, em seu voto, que, conforme trazido pelo Sr. Luiz Carlos Francisco de Azevedo, não haveria prejuízo ao erário, vez que serviços semelhantes foram contratados por preços compatíveis pela Receita Federal - RFB do Brasil e pelo Superior Tribunal Militar - STM.PROCESSO Nº 13.214/1252. O Processo nº 13.214/12 trata de TCE constituída (em atendimento às Decisões n° 1.371/12 e 2.559/12, ambas proferidas no âmbito do Processo n° 3.298/2010) para verificar a regularidade do Contrato n° 39/2008, celebrado entre SEPLAG e a empresa LINKNET Tecnologia e Telecomunicações Ltda., tendo como objeto a locação de equipamentos de informática.53. Neste processo, mediante a Decisão nº 2.596/16, o Tribunal julgou irregulares as contas e notificou a empresa LINKNET a recolher o débito apurado nos autos, no montante de R$ 536.170,00.54. De acordo com a última feita, uma vez que a retrocitada empresa não havia comprovado o recolhimento do débito, a Secretaria de Contas enviou ofício ao MPjTCDF solicitando que fossem adotadas medidas visando a cobrança judicial da dívida. Posteriormente, o processo foi arquivado (Decisão nº 4.683/2016).55. Em momento anterior, o Tribunal havia dado provimento (Decisão nº 966/16) aos recursos interpostos pelo Sr. Luiz Carlos Francisco de Azevedo e demais gestores (que não interessam à esta TCE) contra os termos da Decisão nº 2.738/13, afastando-lhes a responsabilidade solidária pelo débito, que inicialmente lhes fora imputada juntamente com a empresa LINKNET. Sendo assim, a responsabilidade pelo prejuízo apontado ficou adstrita à empresa.56. Encerrando-se as considerações acerca dos processos retrocitados, deve-se efetuar uma análise sistemática de como esta Corte vem julgando os processos envolvendo prestação de serviços de TI, no âmbito da SEPLAG, nos quais os responsáveis indicados nesta TCE também figuram no polo passivo.57. Em relação ao Srs. Ricardo Pinheiro Penna (Secretário de Estado), este teve sua responsabilidade afastada no âmbito do Processo nº 19.191/10.

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58. No que tange ao Sr. Luiz Carlos Francisco de Azevedo (Chefe da UAG), o responsável ofertou argumentos que foram considerados como capazes de lhe isentar das responsabilidades pelos débitos verificados tanto no bojo do Processo nº 19.191/10 quanto no de nº 13.214/12.59. Concernente ao Sr. Luiz Marcelo Ferreira Sirotheau Serique (Assessor Especial de Tecnologia de Informação da SEPLAG), também não lhe restaram responsabilidades imputadas nas apurações do Processo nº 6.688/10.60. Tendo em consideração tais fatos, fica evidente a similaridade dos processos de TCE aqui mencionados e o ora em análise (nº 22.386/09). Cabe externar que, embora cada um contenha suas especificidades, claramente tratam de objetos bastante semelhantes (responsabilidade pelos serviços de TI prestados sem cobertura contratual e com sobrepreço), envolvendo quase sempre os mesmos responsáveis e até empresas.61. Assim, verifica-se que a Corte tem reiteradamente deliberado no sentido de afastar a responsabilidade dos representantes da SEPLAG, atribuindo, em alguns casos, somente às empresas prestadoras dos serviços a obrigação de ressarcir o erário distrital.(...)63. Convém destacar, ainda, que este Tribunal, em deliberações recentes (Decisões nº 3.048/2016 5.440/2016, proferidas nos Processos nº 11.182/2010 e 5.423/2011), ordenou a citação do então Diretor-Presidente da AGEMTI-DF, senhor LUIZ PAULO COSTA SAMPAIO, e da então LINKNET TECNOLOGIA E TELECOMUNICAÇÕES LTDA., para responderem solidariamente pelo dano decorrente de irregularidade análoga à vista nestes autos (sobrepreço praticado na prestação de serviços sem cobertura contratual, envolvendo, entre outras questões, a locação de equipamentos de informática).64. No que diz respeito ao então Diretor-Presidente daquela Agência, verifica-se que, por força do Decreto nº 27.662/07, a partir de 25/01/07, cabia à AGEMTI-DF, verbis:

Art. 2º. Constituem finalidades básicas da AGEMTI-DF:I – planejar, supervisionar e avaliar as ações e programas de modernização tecnológica dos órgãos e entidades da administração direta, indireta, autárquica, fundacional e de empresas públicas do Governo do Distrito Federal;II - organizar, implantar, coordenar, operacionalizar, executar e gerir a Política de Tecnologia da Informação do Governo do Distrito Federal;III – planejar e acompanhar a implementação, a operacionalização, o controle e a avaliação de instrumentos de Tecnologia da Informação do Governo do Distrito Federal. (...)

Art. 3º. Compete à AGEMTI-DF:I – supervisionar e avaliar, no âmbito do Governo do Distrito Federal, as ações e atividades decorrentes do cumprimento das principais linhas de ação da Política de Tecnologia da Informação do Governo do Distrito Federal;(...)VI – organizar, implantar, acompanhar, operacionalizar e gerir a elaboração e execução do Plano Diretor de Gestão da Informação do Governo do Distrito Federal e dos órgãos e entidades da

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administração direta, indireta, autárquica, fundacional e de empresas públicas;(...)XI – licitar e contratar, mediante prévia autorização do Governador do Distrito Federal, serviços, produtos e soluções de tecnologia da informação, necessários à execução das suas atribuições; (...)

§ 1º Caberá à AGEMTI-DF garantir a compatibilidade, conectividade, escalabilidade e interoperabilidade dos produtos, serviços, soluções e sistemas a serem implementados pelo Governo do Distrito Federal, na forma deste artigo.

Art. 4º. Os aspectos técnicos relativos às contratações de serviços de tecnologia da informação, a serem realizados por entidades da administração direta e indireta do Distrito Federal, deverão ser analisados previamente pela AGEMTI-DF, para promover as sugestões que julgarem pertinentes.

65. In casu, tem-se que o Sr. Luiz Paulo Costa Sampaio foi subscritor da ‘Nota técnica nº 237/2007 – AGEMTI’ (fls. 43-45*), na qual, em suma, atestou a prestação dos serviços pela empresa VERTAX:

9. Os documentos explicam a execução das atividades segundo metodologias propostas e aponta claramente a realização das suas funcionalidades e operacionalidades a partir das definições de complexidade técnica de cada atividade.10. Mediante a análise dos relatórios técnicos expressamos concordância com a documentação apresentada.

66. No que tange aos valores cobrados, o documento supracitado ainda validou a compatibilidade dos preços reivindicados pela VERTAX com os de mercado:

6. Desta forma, fica evidenciado que foram tomadas as medidas necessárias para atender as necessidades de operacionalização da solução e, objetivando extrair dados indicadores de eficácia, eficiência e economicidade, anexamos ao presente processo documentação relativa a valores praticados no mercado dos serviços descritos o Relatório Técnico em comento. (grifou-se).

67. Ademais, o referido senhor também assinou o ‘Termo de Atesto de Serviços’ (fls. 294-304*), do qual transcreve-se trecho de interesse (fls. 303-304*):

a) – a efetiva prestação de serviços, sem objeto contratual vigente, com direito adquirido pelo credor CONECTA TECNOLOGIA EM SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO DE DADOS LTDA, REFERENTE A SERVIÇOS PRESTADOS NO PERIODO DE 1º DE JANEIRO A 30 DE NOVEMBRO DE 2007, no valor total de R$ 5.180.575,75 (...), visto que os serviços foram efetivamente prestados, conforme atesto constante da justificativa técnica às Fls. 41/56 e às Fls, 236/246.(...)c) – os valores ora cobrados pela empresa CONECTA TECNOLOGIA EM SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO DE DADOS LTDA nas faturas apresentadas e atestadas, são os mesmos firmados no contrato 041/2006 entre a CODEPLAN e a empresa CONECTA TECNOLOGIA EM SISTEMAS E COMUNICAÇÃO DE DADOS LTDA e são compatíveis com os praticados no mercado, conforme documentos em anexo às fls 57. ( grifos não são originais)

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68. Convém destacar que os documentos mencionados autorizaram o prosseguimento do processo de pagamento, por meio de reconhecimento de dívida, na medida em que validaram os preços cobrados e atestaram o recebimento dos serviços prestados pela empresa VERTAX.69. Na condição de ocupantes de cargos diretivos da entidade, os gestores são detentores efetivos dos poderes-deveres intrínsecos da Administração Pública (poder hierárquico, disciplinar, regulamentar, etc.).70. Uma vez que tais poderes são irrenunciáveis, não podem os administradores omitirem-se em exercê-los. A ideia de poder-dever implica afirmar que tais poderes não são meras prerrogativas, mas verdadeiras obrigações, uma função do poder público que deve ser exercida sempre que preenchidos os requisitos legais, em virtude da indisponibilidade do interesse público.71. Nesta vertente, o gestor público, atento às suas atribuições, deve utilizar-se de seu poder-dever, derivado do poder hierárquico, para promover todas as medidas necessárias à solução das demandas que lhe surgem.72. Na condição de dirigente máximo da AGEMTI-DF, órgão que cuidava da gestão do parque tecnológico do GDF, era de se esperar que contribuísse para evitar a ocorrência das irregularidades detectadas, especialmente porque a situação dizia respeito à pagamento de serviços de significante relevância, prestados sem cobertura contratual, cenário que, indubitavelmente, cria maiores margens para a ocorrência de erros/fraudes.73. Não consta dos autos, porém, notícia de que referido senhor tenha fornecido análise consistente da demanda (verificação da compatibilidade de preços). Aliás, o relatório que foi confeccionado revela-se de notória simplicidade, contendo apenas 3 páginas (fls. 43-45*), valendo-se, inclusive, de estudo feito por outro órgão (pesquisa de preços encaminhada pela SEPLAG).74. Em síntese: não foi depreendido o zelo necessário no desempenho de suas atribuições. A conduta negligente do Sr. Luiz Paulo Costa Sampaio contribuiu, direta e decisivamente, para a ocorrência de todas as irregularidades ora verificadas, demonstrando-se, assim, o nexo de causalidade com o prejuízo experimentado pelo erário.75. Por todo o exposto, o Sr. Luiz Paulo Costa Sampaio (então Diretor-Presidente da AGEMTI-DF) deve responder pelo prejuízo apurado nestes autos, até o limite de sua participação (ocupou o cargo entre janeiro de 2007 e dezembro de 2008).76. Solidariamente com o referido servidor, deve responder a empresa VERTAX REDES E TELECOMUNICAÇÕES LTDA, uma vez que acabou sendo beneficiada por receber valores a maior sem que haja amparo jurídico para tal , o que configura causa de enriquecimento ilícito, definido por Limongi França como ‘o acréscimo de bens que se verifica no patrimônio de um sujeito, em detrimento de outrem, sem que para isso tenha um fundamento jurídico.’.(...)80. Por conseguinte, não há outra medida a ser adotada que não seja a determinação para que a referida empresa devolva os valores que recebeu indevidamente a maior.81. Ademais, tanto o Sr. Luiz Paulo Costa Sampaio quanto a empresa VERTAX REDES E TELECOMUNICAÇÕES LTDA., não apresentaram alegações de defesa. Portanto, deverão ser considerados revéis, nos termos no art. 13º, § 3º, da LC nº 1/94.82. Sendo assim, tem-se a seguinte segregação de débitos e respectivos responsáveis:

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Data do Pagamento

Descrição Responsáveis Valor Atualizado para 2017 (R$)

05/05/2008 Prejuízo exerc. 2007 Luiz Paulo Costa SampaioVERTAX REDES E TELEC

3.347.973,45

17/12/2008 Prejuízo exerc. 2008 Luiz Paulo Costa SampaioVERTAX REDES E TELEC

1.388.111,61

31/03/2009 Prejuízo exerc. 2008 VERTAX REDES E TELEC 647.440,12

08/10/2009 Prejuízo exerc. 2009 VERTAX REDES E TELEC 1.942.417,61

TOTAL 7.325.942,79(...)” (Grifos no original e acrescidos).

14. Prefacialmente, oportuno destacar que, de acordo com a Informação nº 42/2017 – SECONT/2ª DICONT (fls. 263/283), ao comando da e. Corte de Contas responderam os Srs. Ricardo Pinheiro Penna, Luiz Carlos Francisco de Azevedo e Luiz Marcelo Ferreira Sirotheau Serique, ex-Secretário de Estado, ex-Chefe da UAG e ex-Assessor Especial de Tecnologia da Informação da então SEPLAG/DF, respectivamente.

15. De outro lado, na forma que consignou o Corpo Técnico, apesar de cientificados da r. Decisão nº 1.628/2016, deixaram de atender à deliberação a sociedade empresária Vertax Redes e Telecomunicações Ltda. e o Sr. Luiz Paulo Costa Sampaio, Diretor-Presidente da extinta AGEMTI/DF.

16. Nesse contexto, a Unidade Técnica sugeriu a procedência das alegações de defesa dos responsáveis mencionados no parágrafo 14 deste Parecer e, com espeque no § 3º do art. 13 da LC nº 1/1994, entendeu pela revelia do Sr. Luiz Paulo Costa Sampaio e da sociedade empresária Vertax Redes e Telecomunicações Ltda.

17. Como é cediço, o processo de TCE tem por finalidade a apuração de responsabilidade por ocorrência de dano ao Erário e a obtenção do respectivo ressarcimento. Somente a partir da apuração regular dos fatos, da identificação dos responsáveis, da verificação do liame causal e da quantificação dos danos, é possível promover o procedimento de reparação dos cofres públicos.

18. Do mesmo modo, é cediço que a responsabilidade civil, para sua caracterização, deve ter delimitada os seguintes requisitos: i) a conduta omissiva ou comissiva do agente; ii) o elemento subjetivo (dolo ou culpa); ii) o resultado, dano provocado a outrem; e iv) o nexo de causalidade, que nada mais é do que a conexão da ação/omissão com o resultado danoso1.

1 RODRIGUES, Silvio. Direito Civil. Volume 4. São Paulo: Saraiva, 2003, p. 14.

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19. Na TCE sub examine, conforme exaustivamente salientado nos autos, restou demonstrada a prática de atos antieconômicos com grave infração à norma legal decorrente do sobrepreço praticado na prestação de serviços técnicos especializados de tecnologia da informação na área de balanceamento de tráfego e de aplicações WEB, de proteção de ambiente de comunicação de dados, de disponibilização e acesso às aplicações no Datacenter do GDF sem cobertura contratual, nos exercícios de 2007 e 2008 e de janeiro a abril de 2009.

20. Com efeito, no que toca aos argumentos de defesa apresentados, entendo que as alegações trazidas não elidem as práticas irregulares neste processo. Na forma que destacou a Unidade Técnica, as defesas apresentadas não trouxeram elementos que ataquem a metodologia de cálculo desenvolvida pelo NFTI ou o montante do débito imputado. Simplesmente abarcaram questões relativas à responsabilização imputada aos defendentes em outros processos.

21. Nesse viés, não é demais rememorar que, no âmbito da Informação nº 67/2014 (fls. 137/139), o NFTI individualizou a responsabilidade dos servidores envolvidos nos prejuízos apurados, nos seguintes termos:

“- Luiz Paulo Costa SampaioFunção: Diretor-Presidente da AGEMTI-DF no período de janeiro de 2007 a dezembro de 2008.Responsabilização: responsável pela atesto dos serviços relativos ao período de janeiro de 2007 a dezembro de 2008, a exemplo da Nota Técnica nº 237/2007 (fls. 98/100 do Anexo I), Ofício nº 588/2007 (fl. 249 do Anexo I) e Termo de Atesto de Serviços (fls. 294/304 do Anexo I).(...)- Luiz Carlos Francisco de AzevedoFunção: Chefe da Unidade de Administração Geral da SEPLAGResponsabilização: responsável pela realização da despesa no período da prestação de serviços sem cobertura contratual (exercício de 2007 a 2008 e janeiro/abril de 2009). Documento de fl. 462 do Anexo I e documento de fl. 128.(...)- Ricardo Pinheiro PennaFunção: Secretário de Estado da SEPLAG.Responsabilização: responsável pela realização da despesa no período da prestação de serviços sem cobertura contratual (exercício de 2007 a 2008 e janeiro/abril de 2009).(...)- Luiz Marcelo Ferreira Sirotheau SeriqueFunção: Assessor Especial de Tecnologia da Informação da SEPLAGResponsabilização: responsável pelo atesto dos serviços da prestação de serviços sem cobertura contratual, referente aos meses de janeiro/abril de 2009. Documento de fls. 123-v/125.” (Grifos acrescidos).

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22. É de se ver que o referido Núcleo Especializado estabeleceu cristalinamente o nexo de causalidade entre o prejuízo apurado neste procedimento especial e a conduta dos agentes responsáveis.

23. Nesse diapasão, ressalto que o pagamento de despesas por serviços que não tenham amparo em ajuste formal, ainda que efetivamente prestados, demonstra flagrante desrespeito às regras licitatórias, às normas de direito financeiro e aos princípios da boa administração.

24. Tal fato indica deliberado descumprimento da legislação da espécie, notadamente o estabelecido no parágrafo único do art. 60 da Lei n.º 8.666/1993, no parágrafo 60 da Lei nº 4.320/1964, conduta que pode ensejar aos gestores responsáveis pela autorização da emissão dos empenhos e pelos pagamentos deles decorrentes, além da nulidade dos pagamentos efetuados à sociedade empresária, o julgamento irregular de suas contas e a aplicação das sanções cabíveis.

25. Nesse condão, em suas alegações de defesa, verifica-se que os Srs. Ricardo Pinheiro Penna, Luiz Carlos Francisco de Azevedo e Luiz Marcelo Ferreira Sirotheau Serique não apresentaram quaisquer argumentos e/ou documentos com o condão de afastar o prejuízo calculado nos presentes autos. Com efeito, agiram esses gestores ao arrepio da legislação da espécie.

26. Dessarte, em contraponto ao entendimento explanado pelo Corpo Técnico na Informação nº 42/2017 – SECONT/2ª DICONT, aos olhos do Parquet especializado não socorrem aos interessados as deliberações exaradas nos autos dos Processos nºs 6.688/20102, 19.191/20103, 13.214/20124, sobretudo porque, nos presentes autos, sequer houve insurgência quanto à metodologia de cálculo apresentada.

27. A propósito, nos aludidos feitos, em face dos Recursos de Reconsideração interpostos pelos responsáveis, o posicionamento deste MPC/DF foi para que o e. Plenário não acolhesse as razões recursais, mormente porque, também naqueles autos, esses gestores não se desincumbiram de afastar as responsabilidades que lhes foram atribuídas em razão das irregularidades apuradas. Neste sentido, os Pareceres nºs 202/2014-ML, 1.067/2014-ML e 623/2015-ML emitidos naqueles autos, respectivamente.

28. Ainda, é de se ver que no Processo nº 11.694/2009, atuado em decorrência de inspeção realizada para aferir a realização de despesas sem cobertura contratual, no âmbito

2 Despesas realizadas pela SEPLAG com a empresa Linknet Tecnologia e Telecomunicações Ltda e Adler Assessoria Emp. e Rep., referente a operacionalização do datacenter corporativo do GDF.3 Identificação dos responsáveis e quantificação do débito apurado na execução dos Contratos nºs 56/2008 e 57/2008, firmados pela SEPLAG/DF com as sociedades empresárias Via Telecom S/A e Vertax Redes e Telecomunicações S/A.4 Fiscalização realizada na SEPLAG/DF com o objetivo de examinar a execução do Contrato nº 39/2008 celebrado com a sociedade empresária Linknet Tecnologia e Telecomunicações Ltda, para locação de equipamentos de informática.

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do GDF, notadamente serviços de segurança armada, limpeza e conservação e locação de veículos, o c. Tribunal, por meio do v. Acórdão nº 190/2010, sancionou o então Secretário da SEPLAG/DF, Sr. Ricardo Pinheiro Penna, com a multa prevista no art. 57, II, da LC nº 1/1994, tendo em vista a irregularidade. Ante a penalidade aplicada, percebe-se claramente o repúdio desta c. Corte de Contas às impropriedades apuradas nesta TCE.

29. Posto isso, este Órgão Ministerial dissente da Unidade Técnica e entende que os argumentos de defesa apresentados pelos Srs. Ricardo Pinheiro Penna, Luiz Carlos Francisco de Azevedo e Luiz Marcelo Ferreira Sirotheau Serique não tiveram o condão de elidir suas responsabilidades em relação às práticas irregulares configuradas neste processo concernentes à realização de despesas sem cobertura contratual e com sobrepreços, razão pela qual outra não é a consequência senão a de considerá-las improcedentes.

30. Em outra senda, no tocante à ausência de apresentação de defesa pelo Sr. Luiz Paulo Costa Sampaio e pela sociedade empresária Vertax Redes e Telecomunicações Ltda., a Unidade Técnica os considerou revéis, com fulcro no art. 13, § 3º, LC nº 1/1994.

31. No entanto, este MPC/DF ressalva que, como regra, os efeitos da revelia não devem ser aplicados de plano, haja vista que vigora o princípio da verdade material (ou real) no processo administrativo, em detrimento do princípio da verdade formal que rege o processo civil.

32. O princípio da verdade formal dá ressonância ao brocardo quod non est in actis non est in mundo (o que não está nos autos, não está no mundo jurídico), posto que, sob esta ótica, somente é dado ao julgador valorar aquilo que consta e instrui os autos para formar seu convencimento. De modo diametralmente oposto, o princípio da verdade material informa que o julgador tem o poder-dever de formar seu convencimento com todos os elementos que, de alguma maneira, possam influenciar sua decisão. Esse também é o ensinamento dos renomados juristas Sérgio Ferraz e Adilson Dallari5:

“Em oposição ao princípio da verdade formal, inerente aos processos judiciais, no processo administrativo se impõe o princípio da verdade material. O significado deste princípio pode ser compreendido por comparação: no processo judicial habitualmente se tem entendido que aquilo que não consta dos autos não pode ser considerado pelo juiz (ao qual se reconhece, contudo, certa margem de liberdade na investigação da verdade e, mesmo, da produção de provas), cuja decisão fica adstrita às provas ali produzidas; no processo administrativo o julgador deve sempre buscar a verdade, ainda que para isso tenha que se valer de outros elementos além daqueles trazidos aos autos pelos interessados.A autoridade administrativa competente para decidir não fica na dependência da iniciativa da parte ou das partes interessadas, nem está obrigada a restringir seu exame ao que foi alegado, trazido ou provado, podendo e devendo buscar todos os elementos que possam influir no seu convencimento.”

5 FERRAZ, Sérgio; DALLARI, Adilson Abreu. Processo Administrativo. São Paulo: Ed. Malheiros, 2012, p. 133.

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33. Cumpre registrar, no entanto, que o art. 373, incisos I e II, do Código de Processo Civil – aplicável subsidiariamente ao processo administrativo brasileiro –, impõe o ônus da prova ao autor, quanto a fato constitutivo de seu direito, e ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor.

34. Entende-se, portanto, que o respeito ao princípio da verdade material deve ser equilibrado com relação ao ônus da parte de comprovar tais fatos por ela alegados.

35. Nada obstante, considerando terem sido esses responsáveis devidamente citados e comunicados e que, até o presente momento, quedaram-se silentes nos presentes autos, este Parquet especializado, à conta dos elementos constantes dos autos, não vislumbra outra medida que não a sugerida pela Unidade Técnica, ou seja, a decretação da revelia e o devido prosseguimento do feito, nos termos do § 3º do art. 13 da LC nº 1/1994, in verbis:

“Art. 13. (...)§ 3º O responsável que não atender à citação ou à audiência será considerado revel pelo Tribunal, para todos os efeitos, dando-se prosseguimento ao processo.”

36. Em síntese, considerando os argumentos apresentados em sede de defesa, pelas razões expostas alhures, este Parquet especializado entende que as alegações devem ser consideradas improcedentes, mormente por serem inservíveis para afastar a responsabilidade dos gestores em relação ao prejuízo causado aos cofres públicos.

37. Ante o exposto, este Ministério Público de Contas, com as considerações acima, converge parcialmente com a manifestação emanada da zelosa Unidade Técnica e opina por que o e. Plenário:

i) tome conhecimento das razões de justificativas/defesas apresentadas nos autos;

ii) considere improcedentes os argumentos de defesa apresentados pelos Srs. Ricardo Pinheiro Penna, Luiz Carlos Francisco de Azevedo e Luiz Marcelo Ferreira Sirotheau Serique;

iii) considere, com fulcro no art. 13, § 3º, da LC nº 1/1994, revéis o Sr. Luiz Paulo Costa Sampaio e a sociedade empresária Vertax Redes e Telecomunicações Ltda;

iv) julgue, nos termos do art. 17, III, b e c, da LC nº 1/1994, irregulares as contas especiais tratadas no presente feito;

v) notifique, com espeque no art. 26 da mencionada LC nº 1/1994, os responsáveis para procederem, em solidariedade, ao recolhimento do débito apurado, no prazo de 30 (trinta) dias, devidamente atualizado no momento do pagamento, autorizando, desde já, a adoção das providências estabelecidas no

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art. 29 da LC nº 1/1994, caso expirado o prazo indicado sem manifestação dos responsáveis

vi) delibere, quanto aos Srs. Ricardo Pinheiro Penna, Luiz Carlos Francisco de Azevedo, Luiz Marcelo Ferreira Sirotheau Serique e Luiz Paulo Costa Sampaio, sobre a aplicação:

a) de multa, nos termos do art. 57, II e III da LC nº 1/1994, em virtude de terem autorizado a realização de despesas sem amparo em ajuste contratual e com sobrepreços, o que contribuiu para a lesão ao Erário;

b) da pena de inabilitação para o exercício de cargo em comissão ou função de confiança no âmbito da Administração Pública do DF, conforme previsto no art. 60 da LC nº 1/1994, em razão da gravidade das irregularidades constatadas nos autos.

É o Parecer.

Brasília, 14 de junho de 2017.

Marcos Felipe Pinheiro LimaProcurador