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PROCESSUAL DO TRABALHO EM DVD DISCO 1 Conceito: O processo do trabalho, como qualquer ramo que se pretenda autônomo no direito, possui princípios e regras próprios. A discussão doutrinária se dá por conta da aplicação subsidiária do processo civil no processo do trabalho, mas já está superada, admitindo-se amplamente sua autonomia. As normas que disciplinam a atividade de prestação jurisdicional na justiça do trabalho. A justiça do trabalho é especializada. Se for feita divisão no Judiciário brasileiro, temos como órgão de cúpula o STF, e então os tribunais superiores. As justiças especializadas (militar e trabalhista) vem logo abaixo, com o TST. Causas trabalhistas apenas sobem para o STF na hipótese de se tratar de tema constitucional. Na base estão as varas trabalhistas, não havendo necessariamente uma vara por município. Sua jurisdição é definida pelos Tribunais. Em São Paulo há pouco mais de cem varas trabalhistas. A estrutura existente, em comparação, por exemplo, com o judiciário trabalhista no estado do Pará, é gigantesca, mas determinada pela quantidade de demandas trabalhistas em cada local. O segundo grau são os TRTs, que deveriam representar, cada um, um estado da federação. Porém, não é o que ocorre. Com a EC n.º 45 mudou-se a redação para dizer que há jurisdição dos TRTs. Em São Paulo, há dois TRTs, um em São Paulo e outro em Campinas. Quase todos os outros estados possuem o respectivo TRT. Há quatro estados (Amapá Acre Tocantins e Roraima) que não possuem TRT. Então eles se agregam a outros estados um pouco maiores que já possuem os Tribunais Regionais do Trabalho. Os tribunais possuem no mínimo sete desembargadores, e podem ser divididos em sessões de dissídios individuais e coletivos, e ser ainda divididos em turmas. Ao nível de recursos trabalhista, o Tribunal Superior do Trabalho é dividido em duas seções, a de dissídios individuais e

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PROCESSUAL DO TRABALHO EM DVD

DISCO 1

Conceito:

O processo do trabalho, como qualquer ramo que se pretenda autônomo no direito, possui princípios e regras próprios. A discussão doutrinária se dá por conta da aplicação subsidiária do processo civil no processo do trabalho, mas já está superada, admitindo-se amplamente sua autonomia.

As normas que disciplinam a atividade de prestação jurisdicional na justiça do trabalho.

A justiça do trabalho é especializada. Se for feita divisão no Judiciário brasileiro, temos como órgão de cúpula o STF, e então os tribunais superiores. As justiças especializadas (militar e trabalhista) vem logo abaixo, com o TST. Causas trabalhistas apenas sobem para o STF na hipótese de se tratar de tema constitucional.

Na base estão as varas trabalhistas, não havendo necessariamente uma vara por município. Sua jurisdição é definida pelos Tribunais. Em São Paulo há pouco mais de cem varas trabalhistas. A estrutura existente, em comparação, por exemplo, com o judiciário trabalhista no estado do Pará, é gigantesca, mas determinada pela quantidade de demandas trabalhistas em cada local.

O segundo grau são os TRTs, que deveriam representar, cada um, um estado da federação. Porém, não é o que ocorre. Com a EC n.º 45 mudou-se a redação para dizer que há jurisdição dos TRTs. Em São Paulo, há dois TRTs, um em São Paulo e outro em Campinas. Quase todos os outros estados possuem o respectivo TRT. Há quatro estados (Amapá Acre Tocantins e Roraima) que não possuem TRT. Então eles se agregam a outros estados um pouco maiores que já possuem os Tribunais Regionais do Trabalho. Os tribunais possuem no mínimo sete desembargadores, e podem ser divididos em sessões de dissídios individuais e coletivos, e ser ainda divididos em turmas.

Ao nível de recursos trabalhista, o Tribunal Superior do Trabalho é dividido em duas seções, a de dissídios individuais e a de dissídios coletivos. Cada uma delas possui seis turmas. Cada uma dessas turmas que a compõem estão num nível um pouco abaixo das seções. Assim, os recursos de revista são julgados pelas turmas, e da decisão das turmas cabe recurso às seções.

Os ministros podem ser pessoas entre 35 e 65 anos, e há a regra do quinto constitucional nos TRTs.

O MPT tem o seu subprocurador geral, que é a mais alta patente, os procuradores regionais, que atual no nível do TRT e os procuradores do trabalho. Tem atuação relevante para assegurar o cumprimento da lei trabalhista. No processo do trabalho, há atuações pontuais e obrigatórias, como nas ações em que seja parte menor e nos dissídios coletivos. Atua ainda nos inquéritos civis e ações civis públicas.

A Justiça trabalhista é inerte, então incumbe ao MPT atuar na defesa dos valores da legislação trabalhista.

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PROCESSO X PROCEDIMENTO

Os processos dividem-se em ordinário, de execução e cautelar.

Já o procedimento é a forma como ele se desenvolve. Percebe-se a diferença quando se analisam certos institutos no processo do trabalho, como a audiência, que é concentradora de atos no processo de conhecimento. Pode existir também na execução.

No processo sumaríssimo, se for conhecimento, não cabe citação por edital. Já no sumaríssimo de execução cabe citação por edital.

O processo de conhecimento tem lugar quando o autor acredita ter o direito, mas não tem o título, que lhe será concedido, ou não, pelo Poder Judiciário. A decisão é a constituição do título executivo em favor daquela pessoa.

Já a execução existe quando a pessoa já tem o título executivo. Ex. acordo firmado em comissão de conciliação prévia, que tem lugar nas empresas. Se a empresa não cumpre o acordo, o trabalhador pode leva-lo à Justiça Trabalhista. Assim, a citação se dá para pagar ou nomear bens à penhora.

No conhecimento , há a oportunidade do contraditório, e o juiz decide sobre quem tem razão. Na execução, o juiz apenas manda pagar.

O processo cautelar só existe se houver perigo no conhecimento ou na execução. O processo de conhecimento está correndo perigo: o perigo da demora pode comprometer o exercício do direito. Ex. empregado tem direito a adicional de insalubridade, como excesso de ruído ou ambiente demasiadamente frio. Porém, o adicional de insalubridade só é conferido mediante perícia no local de trabalho. O perito irá até o empregador, e fica-se sabendo que a fábrica será demolida ou modificada. Ingressa-se então com medida cautelar de produção antecipada de prova. A partir do deferimento da cautelar, tem o trabalhador 30 dias para ingressar com a ação principal. No mesmo caso, pode-se imaginar que seja a cautelar incidental. Podem ser nominadas: produção antecipada de provas, arresto, sequestro, busca e apreensão, exibição de documentos e caução. São do processo civil e aplicadas ao processo do trabalho. Existem as inominadas, que podem servir para a preservação de direitos. Por exemplo, numa rescisória (...). Pode também ter lugar na ação de conhecimento ou na execução, em caso de dilapidação do patrimônio da empresa, em que se preserva o suficiente para o pagamento do exequente.

As normas que regem um e outro processo são completamente diferentes. No processo de conhecimento, aplica-se ao processo do trabalho em primeiro plano a CLT e subsidiariamente o CPC. Já na execução, aplica-se também a CLT como diploma principal, mas a LEF – Lei de Execução Fiscal – de forma subsidiária para completar as lacunas da legislação trabalhista.

PRINCÍPIOS PROCESSUAIS CONSTITUCIONAIS

Duplo grau de jurisdição, ampla defesa, contraditório, economia processual, devido processo legal, etc.

Porém, quais são próprios da JUSTIÇA do trabalho?

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Após a EC 45 consagrou-se de forma expressa o princípio da celeridade processual. Na JT em obediência a esse princípio, tem-se a ausência de recurso contra decisões interlocutórias, bem como a concentração dos atos em audiência

Há também o princípio do jus postulandi que é a desnecessidade da parte ser representada por advogado para postular, embora não se possa prescindir do profissional para recorrer.

O princípio da oralidade significa que a reclamação trabalhista pode ser reduzida a termo por funcionário da justiça trabalhista. Também a empresa pode produzir defesa oral, e também as razões finais, cujos prazos são 20 e 10 minutos em audiência.

Princípio da audiência una: não há na JT diversas audiências no mesmo processo. A intenção é que ao final da audiência já haja entrega da prestação jurisdicional em primeiro grau. Por vezes já a divisão da audiência, o que não lhe tira o caráter uno (é uma audiência dividida em várias partes).

Decorrência desse princípio é a concentração dos atos em audiência. Antes da audiência há apenas a distribuição da inicial e a citação do réu. Todos os demais atos constarão do termo da audiência.

Irrecorribilidade das decisões interlocutórias: as interlocutórias não podem ser recorridas. Caso cause prejuízo a direito líquido e certo, resta ao prejudicado o mandado de segurança. Se há, por exemplo, o indeferimento da oitiva de uma testemunha, somente poderá ser recorrida a sentença final, e não a decisão que a indeferiu.

Porém, se a decisão interlocutória puser fim ao feito, dela caberá recurso.

Não se aplica o princípio da identidade física do juiz. Se for possível, o mesmo juiz que instruir a causa a julgará, mas nada impede que a decisão seja proferida por outro juiz.

DISCO 2

COMPETÊNCIA MATERIAL, FUNCIONAL , DE PESSOA E DE LUGAR

1-Material

2- Territorial

3- em razão da pessoa

4 – Funcional

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1 – Material

Está definida pelo art. 114 da CF e é absoluta. Eventual incompetência deverá ser arguída em preliminar de contestação (art. 341 do CPC). Acolhida, deverá o juiz extinguir o feito sem resolução do mérito, nos termos do art. 267 do CP.

Após a EC 45/04 a competência da JT ficou bastante ampliada. Por exemplo, não eram da Justiça do Trabalho as multas administrativas e o dano material, além das outras relações de trabalho que não a relação de emprego.

A relação de emprego é estabelecida entre empregado e empregador, regida pela CLT ou pela Lei 5.859/72 (doméstico). Se for empregado rural (há lei do rural?) verificar.

Tudo o que decorra desses tipos de relação descritas no parágrafo acima não só são da Justiça do Trabalho como compete privativamente ao juiz do trabalho reconhecer a relação de emprego. Assim, por exemplo, um fiscal do trabalho não pode reconhecer relação de emprego. Reconhecida a relação do trabalho, tudo o que for devido pelo empregador em face do empregado é da competência da justiça do trabalho, bem como a responsabilidade civil decorrente dessa relação e outras consequências, exceto eventual crime cometido no âmbito dessa relação, que será da competência da justiça criminal. Se houve, por exemplo, agressão do empregado pelo empregador, a rescisão indireta, os direitos trabalhistas por isso devido, a indenização civil pelo dano moral, a indenização por dano material e também os problemas decorrentes da falta de recolhimentos previdenciários e fiscais são todos da competência do juiz trabalhista. Apenas o crime de lesão corporal, se houver, será de competência criminal.

Se houver falta de recolhimento de contribuições previdenciárias, a execução de tais contribuições se dará também perante a justiça do trabalho.

Já com relação à relação de trabalho, que não se confunde com a relação de emprego, poderia, por exemplo, o representante comercial cobrar suas comissões do contratante perante a justiça trabalhista. Aplicará, para isto, o Código Civil e a Lei do Representante Comercial.

Também uma ação de cobrança de honorários advocatícios poderá ser deduzida na Justiça do Trabalho, caso se trate de advogado pessoa física. Também para isso o juiz trabalhista aplicará as normas pertinentes, e não a CLT.

Não compete, porém, à Justiça do Trabalho as relações estatutárias, do estado com servidor público.

São da competência da Justiça do Trabalho o direito coletivo e o direito de greve. Assim, as disputas entre sindicatos para se arrogar como representantes de determinada categoria são hoje decididas pela justiça trabalhista. Tudo o que decorra de direito coletivo é da Justiça do Trabalho.

Também as multas administrativas impostas pelos órgãos de fiscalização (fiscais e delegados do trabalho). Porém, restringem-se às multas decorrentes da relação de emprego. Por

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exemplo, uma multa aplicada pelos órgãos de fiscalização de profissões liberais, como a OAB não são da sua competência.

O HC quando o empresário oferta um bem em garantia e o vende ( o exemplo é ultrapassado porque não há mais prisão por dívida).

Os mandados de segurança contra ato de autoridade trabalhista também são impetrados nas Varas trabalhistas. Também contra ato do juiz do trabalho, só que impetrado perante o TRT.

2 – FUNCIONAL

A competência é, no primeiro grau, da Vara trabalhista. Mas há os processos de competência originária do Tribunal. Se a ação é distribuída no TRT, o recurso só cabe para Tribunal superior. São elas a ação rescisória, que pode ser distribuída no TRT ou no TST, dependendo de onde ocorreu o trânsito em julgado. Se transitou em julgado no Tribunal superior, a rescisória será ali proposta. Se foi na Vara ou no Tribunal Regional do Trabalho a competência funcional é do Tribunal Regional do Trabalho.

Os mandados de segurança contra ato de autoridade também serão impetrados diretamente no Tribunal. Se for juiz do trabalho ou juiz do trt será impetrado no Tribunal Regional do Trabalho; se for ministro do Tribunal Superior do Trabalho, será no Tribunal Superior do Trabalho. Se for contra autoridade fiscalizadora do Ministério do Trabalho será na Vara.

O habeas corpus será impetrado diretamente no Tribunal Regional do Trabalho

O dissídio coletivo será instaurado no Tribunal Regional do Trabalho se o conflito for de competência regional e no Tribunal Superior do Trabalho caso ultrapasse a competência do Tribunal Regional.

Se houver conflito entre os Tribunais Regionais do Trabalho incumbe a competência ao mais antigo. Vale lembrar que o único estado da federação com dois tribunais regionais é o de são Paulo, onde há o TRT2 e o TRT15, de Campinas.

É importante mencionar que nesses casos de conflitos de competência eventual recurso será o ordinário e não o de revista, pois o Tribunal Regional do Trabalho “funciona” nesse caso como primeiro grau, e o recurso é o mesmo que caberia para a segunda instância.

Se uma turma do Tribunal Superior do Trabalho funcionou como primeiro grau, cabe o recurso de embargos para o pleno do mesmo Tribunal.

3 – EM RAZÃO DA PESSOA

Na Justiça do Trabalho não há foro privilegiado de parte. Todas as pessoas vão para o mesmo local para dirimir e julgar os seus conflitos. Pode ocorrer a incompetência do juiz nos casos de

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suspeição e impedimento (art. 779 a 782 da CLT). Se a incompetência for em razão do juiz, o processo permanecerá naquela vara, havendo apenas a substituição do magistrado

4 – TERRITORIAL

No processo do trabalho não se admite foro de eleição. Se existir cláusula de eleição em contrato de trabalho ela não terá valor.

Regra: art. 651 da CLT. Compete ao juízo do local da prestação dos serviços dirimir e julgar qualquer conflito. Então não importa a sede da empregadora, ou o domicílio do trabalhador: prevalece o local da prestação do serviço. Essa regra se deve ao fato de as provas da relação de emprego estarem no local de trabalho.

Exceções do 651 estão em seus parágrafos

§ 3.º trabalhador que é contratado em um município para prestar serviços em outro. Se a contratação é diferente, o empregado poderá optar entre um e outro

§2.º empregado brasileiro contratado no estrangeiro pode optar por propor a ação no Brasil. A lei trabalhista aplicável, porém, será a do local do trabalho, desde que não conflitante com norma de ordem pública brasileira. Se existir, contudo, tratado internacional dispondo de forma diferente, pode-se aplicar outra regra de competência.

§ 1.º empregado que trabalha em vários municípios ao mesmo tempo. Ou seja, trabalha em regiões metropolitanas conurbadas ou então em várias cidades distantes entre si. Se não possuir vínculo em nenhuma das cidades por onde passava trabalhando, poderá propor a ação em seu domicílio. Se ali não houver vara trabalhista, poderá ser no local mais próximo do seu domicílio.

Em momento nenhum beneficia-se o réu. Sempre será por critérios objetivos ou a critério do trabalhador.

Caso não seja arguída a incompetência pelo réu, ela será prorrogada. Se proposta e acolhida, determinará a remessa dos autos ao juízo competente (artigos 307 a 311 do CPC). A incompetência é, portanto, relativa e prorrogável, e, se acolhida, determinará a remessa ao Juízo competente.

Disco 3

AUDIÊNCIA, PRINCÍPIOS, ATOS, CARACTERÍSTICAS, AUSÊNCIA DA PARTE.

1. PrincípiosPrincípio da audiência una – embora o juiz possa dividí-la em partes, a audiência continua sendo una

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Princípio da concentração dos atos em audiência – que decorre do anterior. A concentração traz para a audiência trabalhista até mesmo a defesa, que deve ser realizada em audiência. Não aplicação do princípio da identidade física do juiz: no processo do trabalho aquele que instrui não necessariamente julgará. Porém, se houver necessidade de redesignação, não precisa ser o mesmo juizIrrecorribilidade das decisões interlocutórias> das decisões proferidas em audiência pode haver apenas protesto, no momento da decisão. Será então reiterado o inconformismo quando da interposição de recurso contra a sentença;A audiência trabalhista é precedida de alguns atos:1. Distribuição da inicial2. Designação da Vara3. Notificação do réu para comparecimento em audiência.

A inicial pode ser escrita ou oral. O art. 841 exige o mínimo de cinco dias entre a notificação e a audiência, se não se tratar de administração pública, para quem o prazo se conta em quádruplo.

Atos da audiênciaO primeiro ato é a primeira tentativa de acordo entre as partes. Se houver acordo, acaba a audiência, porque o acordo produz coisa julgada e encerra o feito. Não havendo acordo, há o recebimento da defesa pelo juiz. A defesa, assim como a inicial, pode ser oral, e será feita em vinte minutos. A defesa pode ser: contestação, exceção ou reconvenção. Apresentada a defesa, está formado o contraditório, e o juiz passará à instrução processual, aplicando-se a regra do ônus da prova: se houver alegação de fato impeditivo pelo réu, a ele incumbe provar o fato impeditivo. Caso contrário, o ônus de provar é do autor. Os documentos já foram juntados com a inicial e com a defesa.

Reclamante e reclamado falarão em juízo, nessa ordem, que será invertida caso haja inversão do ônus de provar para confirmar o que disseram em suas respectivas partes. Se uma das partes silenciar ou se contradisser, aplicará o juiz pena de confissão: a parte não pode dizer algo diferente do que disse na inicial ou na defesa. As partes podem mentir: não prestam o compromisso de dizer a verdade. O que não podem fazer é se contradizer.

A empresa pode se fazer representar por um preposto, que precisa ser empregado registrado da empresa. Não precisa ter vivenciado os fatos alegados pelo reclamante, podendo ter sido admitido depois. Porém, tem que ter conhecimento dos fatos. A informação prestada pelo preposto tem que ser exatamente a prestada pela defesa.

Se ambos mantiverem as respectivas versões, conflitantes, o juiz passará à oitiva de testemunhas, que comparecerão independentemente de notificação. O número varia de acordo com o procedimento. Em geral, são três testemunhas para cada parte. No sumaríssimo são duas; no processo para apuração de falta grave são seis.

O rol não é exigido, já que comparecerão independente de notificação. Ingressando na sala, será a testemunha qualificada. Após a qualificação, será compromissada. (a dizer apenas a verdade sob as penas do falso). Aí então será inquirida pelo juízo e ouvida. Após a inquirição

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pelo Juízo, será dada oportunidade às partes para efetuar perguntas à testemunha, mas sempre através do juiz. O advogado não inquere a testemunha diretamente.

A testemunha pode ser considerada suspeita, por ser amiga íntima, inimiga capital, parente ou que tem interesse no feito. Quando há suspeição, deve ser arguída em contradita, que possui o momento correto para arguição, que deve ser após a qualificação e antes do compromisso. Após compromissada, não pode mais ser contraditada. As hipóteses de suspeição são numerus clausus não se considerando suspeita a testemunha que move ação contra a mesma empresa. Suponha-se por exemplo uma testemunha que seja amante do empregador. Se não ficar clara para o juiz a suspeição, é necessário que o advogado efetue pedido de instrução para produzir prova. A testemunha suspeita poderá ser ouvida como informante.

A prova pericial pode ser deferida antes mesmo da oitiva de testemunha ou de parte. Pode ainda o juiz efetuar inspeção judicial ou diligenciar para que alguém verifique, no local, se as alegações são verdadeiras. São admitidos todos os meios de prova, inclusive um laudo pericial emprestado, no caso de insalubridade. Porém, tem que ser do mesmo local e na mesma época objeto da demanda.

Encerrada a instrução processual, o juiz tentará pela segunda vez a conciliação. Essas duas tentativas são obrigatórias. As partes podem conciliar-se a qualquer tempo, não sendo necessário que efetuem acordo apenas nessas oportunidades. Se houver acordo que inclua pagamento de verbas previdenciárias, ele pode discordar do que ficou estabelecido, recorrendo das verbas indenizatórias.

O juiz então abrirá prazo para as razões finais, com previsão no art. 850 da CLT. As razões finais podem ser escritas ou remissivas, que remetem aos autos do processo. (significa que nada mais será dito, porque a prova já está nos autos). Após, será proferida a decisão de primeiro grau.

A audiência deve ocorrer entre 8 e 18 horas, e não pode ultrapassar cinco horas contínuas, salvo motivo de urgência (813 da CLT).

Deverá ainda ser reduzida a termo. O termo de audiência no processo trabalhista é de importância fundamental, porque todos os atos são ali praticados. Portanto, a concentração é um elemento de dificuldade adicional próprio do processo do trabalho.

AUSÊNCIA DAS PARTES

A ausência do autor na audiência inicial ou uma ocasiona o arquivamento. A ausência do réu implica em revelia. Porém se se tratar de audiência de instrução, na qual o juiz ouviria uma das partes, a parte que faltar sofrerá as penas da confissão. (Súmula 74). Na audiência de julgamento não é necessária a presença das partes, pois julgamento é ato do juiz.

Se ambos faltam na audiência inicial o que ocorre é o arquivamento. Se ambos faltarem à audiência de instrução, a ação será julgada no estado em que se encontra. Assim, será aplicada a regra da distribuição do ônus de provar.

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Se a matéria for de direito, a prova já estará constituída e o julgamento poderá ser feito. Se se tratar de matéria que não pode prescindir de prova pericial, ainda que ambos faltem terá o juiz que determinar a produção de prova.

Inicial

Instrução

Julgamento

São fases de uma mesma audiência. Assim tem-se que guardar as consequências da ausência das partes para cada uma das fases.

Disco quatro

TEORIA GERAL DOS RECURSOS

Recurso, no direito brasileiro, é medida judicial para pretender a modificação de uma decisão.

Embargos declaratórios, nesse sentido, não seriam recurso, porque, embora possam vir a modificar a decisão, mas não é essa a sua essência, de mero esclarecimento de pontos omissos.

Tem legitimidade para recorrer quem tem a sucumbência, ou seja, a decisão em alguma medida tem que lhe ser desfavorável.

No Processo do trabalho há duas particularidades:

1. Inexistência de recursos nos procedimentos de alçada ou sumário, ou procedimento de causa de valor reduzido (Lei 5.584/70) de até dois salários mínimos. Nesse caso a Vara atua como única instância. Há críticas no sentido de que não há garantia do duplo grau de jurisdição. Porém há o duplo grau, garantido pela possibilidade de interposição de Recurso Extraordinário (apenas nas hipóteses em que couber o extraordinário).

2. Não existem recursos para decisões interlocutórias. Ou seja: todas as decisões tomadas pelo magistrado na instância ordinária, tomadas na audiência una, não são recorríveis de imediato. Se o juiz toma decisão interlocutória, não existe recurso. Há dois tipos de decisões terminativas: aquelas acerca de procedimentos que o juiz tenha que tomar, e as de ato de parte. Exemplo: o juiz está obrigado a fazer ambas as tentativas de conciliação, ou receber a defesa após a primeira tentativa de conciliação, ou não houver cinco dias entre a notificação e a audiência. São pressupostos de validade do processo do trabalho. Se o juiz não observa alguma dessas regras, há nulidade processual, que não se convalida. A empresa poderá arguir esse descumprimento na contestação, em preliminar. O juiz, não acolhendo a preliminar, a empresa reclamada terá que esperar a decisão definitiva para reiterar a arguição em

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recurso ordinário. Pode ainda o juiz indeferir a oitiva de uma testemunha fundamental para o empregado, que configura cerceamento do direito de defesa. O advogado deve então protestar para que não preclua o direito de ouvir a testemunha. Assim, não sendo possível o recurso de imediato, depende o reconhecimento da nulidade de apreciação pelo tribunal ao analisar o recurso ordinário. PRINCÍPIOS PRÓPRIOSAlém dos princípios já assegurados no art. 5º para todos os recursos, há outros. São eles1. Unirecorribilidade recursal

Somente há um recurso para cada decisão. Não se pode recorrer por mais de um recurso.

2. Fungibilidade – o recurso pode ser aceito se forem preenchidos os requisitos de admissibilidade. Ou seja, foi interposto o recurso errado, mas se estiver formalmente correto será aceito.

3. Variabilidade – a parte pode interpor o segundo recurso dentro do prazo recursal. Assim a parte interpõe um recurso, mas acha que está mal redigido ou que faltou alguma coisa. Pode então a parte propor outro recurso se ainda estiver dentro do prazo. É princípio bastante contestado, e hoje há quem sustente a preclusão consumativa. A hipótese dos embargos declaratórios cuja decisão muda a sentença é mais tranquila, aceita até mesmo no processo civil.

4. Irrecorribilidade das decisões interlocutórias já comentada

Decisões terminativas com escopo de definitivas. Se uma decisão é indeferida liminarmente, a decisão não é definitiva, mas põe fim ao processo. Tem escopo de definitiva. Dessa tipo de decisão caberá recurso.

Tipos de recurso (art. 893 da CLT)

Embargos, recurso ordinário, recurso de revista e agravos.

Os recursos do processo do trabalho se resumem a esses. Os embargos não se confundem com os embargos declaratórios, que tem outra finalidade. É recurso que existe dentro do Tribunal Superior do Trabalho para o próprio Tribunal Superior do Trabalho.

Os agravos também não se confundem c om o agravo de instrumento do CPC. Aqui, há agravo de instrumento e agravo regimental. Visa o de instrumento desobstruir um recurso: o recurso foi denegado, e o agravo de instrumento visa “destrancar” o recurso que havia sido negado pelo juízo a quo. O Juízo monocrático, trancando o recurso trabalhista estará sujeito a agravo de instrumento.

No processo de conhecimento há o recurso ordinário, o de revista e embargos para o Pleno.

OrdinárioDo primeiro para o segundo grau

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De RevistaDa decisão de segundo grau buscando decisão de instância superior

EmbargosDe Turma do Tribunal Superior do Trabalho para o Pleno.

Agravo de Instrumento – caso seja trancado algum deles.

Recurso adesivo, que não é modalidade própria, mas forma de interposição de algum dos outros.

No processo de execução, haverá o agravo de petição do primeiro para o segundo grau. Deste buscando decisão de instância superior há o de revista. Na execução não há embargos.

No processo de conhecimento existem embargos; no processo de execução há o agravo de petição. Em ambos cabem o agravo de instrumento e o recurso adesivo

REQUISITOS RECURSAISHá os requisitos comuns para todos os recursos trabalhistas e os próprios de cada um

O prazo para todos eles são de oito dias contados da publicação da decisão. O início do prazo se dá a partir do primeiro dia útil seguinte ao da publicação.

DISCO 5

RECURSOS NO PROCESSO DE CONHECIMENTO

RECURSO ORDINÁRIO (art. 895 da clt)

Cabe recurso ordinário da decisão de primeiro grau visando a reforma pelo segundo grau. Na maioria dos processos trabalhista, a decisão é proferida pela Vara. Porém, pode ser proferido por Turma do Tribunal Regional do Trabalho para Turma do Tribunal Superior do Trabalho, nos casos em que o Tribunal tem competência originária.

São de competência originária do Tribunal Regional do Trabalho, sujeitas portanto a decisão colegiada na primeira apreciação: ações anulatórias de cláusula de acordo ou convenção coletiva, dissídios coletivos de trabalho, ações rescisórias, habeas corpus e mandado de segurança contra ato de autoridade judiciária, de Vara ou do Tribunal Regional do Trabalho. O mandado de segurança contra autoridade administrativa é de competência da Vara, mas contra o juiz de primeiro grau é de competência do Tribunal.

Então a decisão de primeiro grau pode ter sido proferida por turma do Tribunal Regional do Trabalho, embora quase sempre seja proferida por Vara trabalhista.

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EXTRÍNSECOSO prazo é de oito dias (requisito extrínseco). O segundo requisito extrínseco é o preparo, que é diferente para réu e autor. Para o autor, há apenas as custas. Para a empresa há as custas e o depósito recursal. As custas são de 2% sobre a condenação. O depósito recursal tem valor LIMITE estipulado pelo Tribunal. O limite é hoje de R$5.000,00. Contudo, se a condenação for inferior a esse valor, o depósito recursal equivale ao valor da condenação. Esse depósito existe apenas para a empresa e é depositado junto à conta vinculada do empregado do FGTS. O empregado para interpor recurso deve respeitar o prazo e pagar as custas, que também são no valor de 2%. Não serão pagas se for beneficiário da gratuidade judiciária. As regras da gratuidade são semelhantes às da Justiça comum: está isento do pagamento de custas recursais, periciais, diligências, etc. A Justiça Gratuita somente pode ser deferida ao empregado, mas poderá ser deferida em qualquer instância, ou seja, se negada em primeira instância, pode ser reiterada em sede de recurso ordinário. Para fazer jus à JG deve:

-receber ou ter recebido até dois salários mínimos OU

- prestar declaração de pobreza, nos termos da lei, que tem presunção de veracidade (Lei 7.115/83), mas pode ser impugnado pela empresa por incidente de falsidade da declaração.

A empresa não pode ter justiça gratuita. Há isenção de custas para a massa falida. Também para as ações meramente declaratórias não existe depósito recursal.

Se a procedência é parcial, ao contrário do que seria lógico, as custas não são divididas. Analisemos com mais vagar: o § 1.º do 789 da CLT determina o pagamento pelo vencido. O empregado paga custas na improcedência, no julgamento sem resolução de mérito, no julgamento com resolução do mérito e no indeferimento liminar de uma inicial. Já o empregador paga as custas quando for sucumbente e desejar recorrer. Porém, para os olhos da lei a empresa é vencida porque perdeu alguma coisa, e paga as custas integrais no caso de recurso. (dúvida: se a empresa aceita a condenação, o empregado obviamente terá que recolher as custas). Somente na hipótese de acordo judicial eventualmente recorrido é que pode haver divisão de custas, mas, ainda assim, o juiz pode isentar o empregado do recolhimento.

Também além da parte vencida, pode recorrer o Ministério Público do Trabalho, podendo ainda o INSS discordar de parcelas declinadas no acordo em que as partes estipulam arbitrariamente quais parcelas tem natureza salarial e quais tem natureza indenizatória. Isto porque nas parcelas indenizatórias não incide a contribuição social devida ao INSS, não há recolhimento previdenciário, afetando os interesses do instituto. Questiona-se portanto através desse recurso a discriminação de verbas.

É interposto no juízo a quo, que intimará a parte contrária para apresentar contrarrazões; passará também por juízo de admissibilidade no Tribunal ad quem, que, além de admití-lo, o julgará. A decisão será proferida por Turma do Tribunal Regional do Trabalho ou por Turma do Tribunal Superior do Trabalho conforme o caso.

Recurso de revista (art. 896 da CLT)

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Cabe contra decisão de segunda instância. O prazo é igual ao do recurso ordinário (8 dias) e também há o requisito do preparo, que equivale ao dobro daquele exigido no recurso ordinário.

Há neste recurso a particularidade que é a demonstração do cabimento: não são portanto suficientes os requisitos do parágrafo anterior. O recurso ordinário já fez com que o segundo grau de jurisdição fosse respeitado. Aqui, trata-se de uma terceira decisão, então tem-se que comprovar o cabimento. É preciso o requisito do prequestionamento (Súmula 297). Então, se não houve questionamento anterior, preenche-se esse requisito através dos embargos de declaração. É claro que se a matéria já foi objeto de análise não é necessário interpor embargos declaratórios.

Ainda existe a exigência determinada pela Súmula 124: coíbe recurso de revista para simples reanálise de fatos e provas. A decisão de segundo grau julgou o recurso ordinário.

Há duas espécies de recurso de revista: o geral e o de decisão proferida no procedimento sumaríssimo. O primeiro tem como requisitos que o acórdão tenha:

1) Afrontado a Constituição Federal ou2) Afrontado legislação federal ou3) Divergido na interpretação jurisprudencial dominante a respeito de lei federal ,

comprovada por Súmula do Tribunal Superior do Trabalho, acórdão de Turma do Tribunal Superior do Trabalho ou de acórdão de outro Tribunal Regional do Trabalho.

Portanto, o cabimento do recurso, como se vê, é restrito. No procedimento sumaríssimo é ainda mais restrito: cabe apenas por afronta à Constituição Federal ou no terceiro caso, por divergência jurisprudencial. (alíneas “a”, “b” e “c” do art. 896 da CLT).

Não cabe recurso de revista, portanto, se se tratar de mera violação de lei federal. Exemplo> o empregado ingressa apenas para reclamar a multa com relação ao atraso no pagamento das verbas rescisórias. (§ 6.º do art. 477). A empresa tem dez dias para pagar as verbas rescisórias: se não o fizer no prazo, terá que pagar multa equivalente a um mês de salario (§ 8.º). Se já tem predeterminada a data em que vai acabar (hipótese de aviso prévio) tem apenas um dia útil. Imaginemos a improcedência na instância de origem, e também no Tribunal Regional do Trabalho. Em tese caberia recurso de revista. Porém se a ação foi processada pelo procedimento sumaríssimo, não caberá, porque não há súmula balizadora nem contrariedade à constituição. Nesse caso, a decisão transitará em julgado. PORÉM, o autor poderá propor ação rescisória (art. 485, V do CPC), pois houve violação da lei federal. Isso apenas a título de exemplo: poderia ser contrariedade a qualquer lei federal, e qualquer causa com valor inferior a 40 salários mínimos.

DIVERGÊNCIA INTERPRETATIVA é quando a lei dá margem a dupla interpretação, e faz com que um juiz decida de um modo e outro juiz decida de outro. Ex. os bancários devem trabalhar 6 horas por dia e 30 por semana (art. 224 da CLT). Por EXCEÇÃO (§ 2.º

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do mesmo artigo), pode trabalhar oito horas por dia e 40 horas por semana, mediante o pagamento de gratificação não inferior a 1/3 do salário. Então há juízes que entendem que somente os gerentes com poder de mando podem se sujeitar à jornada de 8/40, e há quem admita isso para qualquer bancário mediante a gratificação. O efeito prático é que a maioria dos bancários trabalha hoje 8/40. Apenas os bancários caixas trabalham seis horas.

Finalmente, cabe o recurso na execução, que será visto adiante

Embargos (art. 893 e 894)

Cabe da decisão de Turma do Tribunal Superior do Trabalho, normalmente daquela que julgou o recurso de revista. Mas de qualquer decisão do Tribunal Superior do Trabalho cabem os embargos. É de decisão de Turma para a Seção. Cada Seção tem seis turmas. A Turma é instância abaixo da Seção. Da decisão de Turma cabem embargos para a Seção, que também é chamada de Pleno do Tribunal Superior do Trabalho. Assim: TURMA<SEÇÃO.

Se assemelha ao recurso de revista, tem os mesmos requisitos quanto ao preparo e prazo. A legitimidade para recorrer também é a mesma, e exige também comprovação de cabimento: se a decisão da turma do Tribunal Superior do Trabalho afrontou a Constituição Federal ou se violou lei federal, ou se a decisão da Turma divergir da interpretação de uma Súmula do Tribunal Superior do Trabalho ou de acórdão de outra turma do Tribunal Superior do Trabalho (NÃO CABE COM RELAÇÃO A INTERPRETAÇÃO DE OUTRO Tribunal Regional do Trabalho).

É então uma segunda chance para os argumentos do recurso de revista. Mas é preciso que este tenha sido apreciado quanto ao mérito. Se foi trancado e o agravo de instrumento não foi provido, não cabem embargos dessa decisão.

EMBARGOS INFRINGENTES, DE NULIDADE E DIVERGENTES

INFRINGENTES só caberão na seção de dissídios coletivos

DE NULIDADE, será quando houve afronta a legislação

DE DIVERGÊNCIA é quando há divergência de súmula ou acórdão do Tribunal Superior do Trabalho.

Esse recurso só cabe na sessão de dissídios coletivos

Não cabem embargos no processo de execução.

Esses são os recursos que cabem no processo de conhecimento, além do agravo de instrumento e do recurso de revista que serão analisados na próxima aula

DISCO SEIS

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Recursos no processo de execução

Agravo de Petição (art. 897-A)

É interposto de decisão de primeiro grau visando decisão do Tribunal Regional do Trabalho. Decisão de primeiro grau não é a sentença de cálculo. A sentença de cálculo é objeto das medidas judiciais que irão gerar o processo de execução. A fase de liquidação de sentença tem lugar quando não há liquidez na condenação. Por exemplo, uma condenação a pagar horas extras e reflexos. É preciso liquidar porque o réu tem que ser citado para pagar quantia certa. O autor apresenta cálculo com planilha, dizendo o valor do principal. No caso, o valor de cada hora extra e dos respectivos reflexos em DSR, férias, etc. Indica assim o valor principal, a atualização monetária, os juros de 1% ao mês. O réu, ainda na liquidação, é citado para contestar os cálculos. Sua defesa, nesse caso, se limita apenas a indicar eventuais erros nos cálculos. Exemplificando: o número de horas extras está errado, ou os reflexos no descanso semanal remunerado estão calculados equivocadamente, etc. O juiz pode homologar o cálculo do liquidante, pode homologar o cálculo da parte contrária ou nomear perito contábil. O cálculo do perito tem que ter todos os quesitos das partes, e um a mais, equivalente aos seus honorários periciais. De acordo com o art. 790-B os honorários são pagos por aquele que perde na perícia, e não na ação. Assim, o autor que apresenta valor muito divergente do real pode ser sucumbente na perícia. Homologado um dos cálculos, o juiz profere a sentença de cálculo ou de liquidação. Essa sentença encerra a fase de liquidação de sentença e sustenta o início da execução.

Aqui, já há exequente e executado. Ao exequente caberá, a partir da garantia do juízo , impugnar o cálculo, porque entende caber mais do que o perito calculou. A empresa, após garantir o juízo, por sua vez, apresenta embargos à execução, dizendo também que o cálculo do perito está incorreto. Em parte, na verdade, as partes ratificam aquilo que já alegaram na fase de liquidação. (art. 864 da CLT), com o prazo de cinco dias. A decisão sobre os embargos à execução e sobre a impugnação da sentença de cálculo é que é considerada a decisão de primeiro grau contra a qual cabe agravo de petição.

O indeferimento liminar dos embargos de execução é também uma decisão de primeiro grau. Como se sabe, exige-se para os embargos a garantia do juízo, e, se não há, os embargos são rejeitados liminarmente.

Se houve constrição em bens de terceiros, a esse terceiro cabe a distribuição por dependência de embargos de terceiro, disciplinada pelo art. 1.046 a 1.054 do CPC e no prazo do 1.048 do CPC, que é até cinco dias antes do leilão ou da praça do bem penhorado. Se o juiz da Vara indefere ou julga os embargos de terceiro, essa também é considerada decisão de primeiro grau para efeitos de agravo de petição.

REQUISITOS. O prazo é de oito dias, será interposto pela parte sucumbente; não existe preparo no agravo de petição, embora exista o requisito objetivo do art. 897 § 1.º da CLT: deve delimitar o valor incontroverso e a matéria controvertida. Ou seja, as razões pelas quais se discutem os valores. Por exemplo, dizer que o inconformismo é contra o cálculo de imposto de renda e INSS, sendo válido quanto ao restante. Esse restante é o valor incontroverso. Assim, o

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agravante tem que dizer o quanto entende devido, visando que o credor receba de pronto o valor incontroverso. O agravante, se for o credor, já pede a expedição de alvará de levantamento quanto a esse valor incontroverso, e continua discutindo a sentença de cálculo.

Nos embargos de terceiro, ao contrário das outras hipóteses, a alegação é que não deve responder pela dívida. Então nessa hipótese não haverá valor incontroverso.

RECURSO DE REVISTA EM EXECUÇÃO (art. 896 § 2º da CLT)

Na execução o cabimento do recurso de revista é restritíssimo: só cabe se o acórdão de turma do Tribunal Regional do Trabalho afrontar a Constituição Federal. O prazo é de oito dias, a legitimidade é a mesma, e não tem preparo. Deve comprovar o cabimento, apenas na hipótese de afronta direta à Constituição Federal .

Os valores só serão pagos ao final da execução. Não se exige a comprovação desses valores para aceitação dos recursos, não havendo preparo na execução, ao contrário do que acontece na fase ordinária de conhecimento, em que o as custas e o depósito judicial são exigidos

RECURSOS EM COMUM DE COGNIÇÃO E EXECUÇÃO

AGRAVO DE INSTRUMENTO E RECURSO ADESIVO

Agravo de instrumento (art. 897 alínea b da CLT e Instrução Normativa n.º 16/99)

No processo do trabalho o agravo de instrumento tem como finalidade única abrir portas, derrubar a obstrução a outro recurso.

Por qual razão pode ser obstruído um recurso?

Lembremos primeiramente que o juízo de admissibilidade é sempre duplo. O recurso pode ser trancado tanto no juízo a quo como no juízo ad quem. Assim, no recurso ordinário interposto perante a Vara do trabalho esta é o juízo aquo e o juízo ad quem o Tribunal Regional do Trabalho; no agravo de petição idem; no recurso de revista o aquo é o presidente do Tribunal Regional do Trabalho e como ad quem a Turma do Tribunal Superior do Trabalho; os embargos para o pleno tem como a quo a Turma do Tribunal Superior do Trabalho e o juízo ad quem a seção ou pleno do Tribunal Superior do Trabalho.

Cabe o agravo de instrumento quando o juízo a quo não aceitar o recurso porque lhe faltou requisito de admissibilidade do recurso. Analisa-se prazo, legitimidade, preparo e comprovação de cabimento. Se por alguma razão se entende ausente um requisito de admissibilidade, nega seguimento (ou qualquer palavra terminada em “mento”), EXCETO provimento, que significa julgamento de recurso, cabendo o recurso seguinte.

O prazo é de oito dias. Os requisitos são prazo, legitimidade (o cidadão é o mesmo que teve o recurso trancado). Há ainda o requisito objetivo do § 5.º do artigo 827 da CLT que é o rol de peças obrigatórias e facultativas que comporão o instrumento. Se não vierem junto com o

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agravo as peças obrigatórias e facultativas o próprio agravo será trancado, isto é, não será recebido.

Do processo trabalhista original constam as peças que serão copiadas para instruí-lo. De acordo com o § 5.º são obrigatórias: as procurações das partes, a petição inicial, a contestação, a decisão de primeiro grau, a certidão de notificação da decisão que trancou o recurso e a própria decisão que o denegou. Isto serve para que o instrumento siga para o Tribunal, permanecendo o processo trabalhista na Vara ou no juízo a quo. Integrará o processo principal depois de decidido (após o trânsito em julgado).

Não cabe agravo de instrumento da decisão do juízo a quo da decisão que nega seguimento a recurso de embargos para o pleno, porque é decisão de Turma e não monocrática. De decisão de turma cabe agravo regimental e não de instrumento.

RECURSO ADESIVO (ART. 500 DO CPC)

Pela Súmula 283 do Tribunal Superior do Trabalho cabe recurso adesivo a todos os recursos, exceto do agravo de instrumento. Mas a decisão terá que ter sido parcial (sucumbência parcial) para que o interesse no recurso seja bilateral. Assim, é hipótese em que ambos poderiam recorrer ordinariamente.

Ex. julga procedente horas extras e improcedente a insalubridade. Assim, a empresa pode recorrer das horas extras e o empregado pode recorrer da insalubridade. Se ambos interpuserem recurso principal, não há que se falar em recurso adesivo. Porém, se a parte deixa de recorrer, mas a outra parte recorre, abre-se a possibilidade de, no prazo das contrarrazões de interpor recurso adesivo. Apresenta então as contrarrazões e recorre adesivamente. Para que exista, a parte recorrente tem que ter sucumbido em alguma coisa. Se a parte que recorreu de forma principal desistir do recurso, desaparece o recurso adesivo. Então o Tribunal julga primeiramente o principal e posteriormente o adesivo.

O prazo é de oito dias, contados com o prazo das contrarrazões. A legitimidade é da parte vencida. O preparo no processo de conhecimento existe para a empresa. Não há preparo para o empregado na sucumbência parcial No processo de execução também não há preparo. O recurso ordinário adesivo da empresa implica em pagamento não só do preparo mas também do depósito recursal (exceto massa falida e ações sem valor pecuniário).

Depende do julgamento do principal para ser julgado.

RAZÕES CONTRÁRIAS (no recurso adesivo) (art. 900 da CLT)

O prazo das contrarrazões é de oito dias. Não tem preparo. Podem arguir uma inadmissibilidade recursal, que será apreciado somente pelo juízo ad quem. Se for trancado pelo ad quem não será julgado pelo mérito. Deve analisar os requisitos recursais, portanto.

DISCO SETE

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PROCESSOS DE COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA DOS TRIBUNAIS

MANDADO DE SEGURANÇA

Cabe contra ato de autoridade que viole direito líquido e certo. Se for autoridade administrativa, é interposto na Vara.

Se se cuidar de mandado de segurança contra autoridade judiciária, a competência é do Tribunal; se for de Tribunal Superior, é impetrado no próprio Tribunal superior. Tem prazo decadencial de 120 dias. É ação que não comporta contestação, mas manifestação no prazo de dez dias pela autoridade coatora. Já deve vir acompanhada de todas as provas. É um pedido que vem com a prova anexa. Quando se faz acusação de violação de direito líquido e certo por autoridade, esta tem que ser notificada para se manifestar no prazo de dez dias. A manifestação não tem a característica de uma contestação.

Exemplo de cabimento de mandado de segurança: ato de autuação imposto por AFR contra empresa por existência de vínculo de emprego. Acontece que o fiscal do trabalho não é autoridade apta a reconhecer relação de emprego, ato privativo do juiz. Então se ele reconhece por entrevista com o empregado durante a fiscalização, cabe mandado de segurança contra esse ato, e esse mandado de segurança será distribuído à Vara do Trabalho. No mandado de segurança, com o auto de infração produz-se prova do ato e de sua ilegalidade. O fiscal terá o prazo de dez dias para se manifestar. Porém nessa hipótese há um terceiro interessado, que é o trabalhador que teve o vínculo de emprego reconhecido, e o juiz pode determinar que esse terceiro também preste esclarecimentos.

Exemplo 2: decretação de penhora on line por juiz de Vara. Entra aquele que teve a conta bloqueada com mandado de segurança. O terceiro interessado nessa hipótese é o credor, exequente, que pode ser instado a se manifestar sobre a legalidade do ato e sobre o descabimento do mandado de segurança.

Quanto a esse último exemplo, vale dizer que não cabe mandado de segurança contra penhora on line em execução definitiva, porque é feita em estrita obediência à ordem legal. Porém, se for execução provisória, cabe mandado de segurança, justamente em virtude de sua provisoriedade: pode ser que o devedor não deva nada. Assim, a execução deve ser a menos gravosa possível, vedando-se a penhora em dinheiro que pode ser mais prejudicial.

O recurso cabível contra decisão tomada em mandado de segurança depende de quem a julgar: se foi proferido pela Vara, cabe recurso ordinário ao Tribunal Regional do Trabalho; se foi proferido pelo Tribunal Regional do Trabalho cabe recurso ordinário para o Tribunal Superior do Trabalho; se foi proferido por turma do Tribunal Superior do Trabalho cabem embargos para a SDI ou SDC conforme a natureza do assunto abordado.

HABEAS CORPUS

Ocorre, ou ocorria, nas hipóteses de prisão de depositários infiéis. Discute-se se é possível na prisão realizada em audiência trabalhista por Juiz do Trabalho: preposto que se faz passar por

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empregado da empresa, testemunha que mente em juízo após prestar compromisso. Este tipo de prisão é por crimes apurados pela Justiça Comum, e deveria li ser impetrado. O caso mais comum descrito pela professora não existe mais em virtude do Pacto de San Jose da Costa Rica. Não vale a pena anotar.

AÇÃO RESCISÓRIA (art. 836 da CLT)

São também aplicáveis os artigos 485 a 495 do CPC subsidiariamente. Cabe contra ação com trânsito em julgado. Passou-se a exigir o depósito prévio de 20% do valor da causa para a tentativa de rescindir a sentença, o que tem merecido críticas em virtude do padrão de gratuidade do processo do trabalho.

As hipóteses de cabimento são as descritas no 485 do CPC, sendo a mais comum a violação de lei federal. Exemplos: julgamento com ofensa a lei federal (485, V): ação processada pelo procedimento sumaríssimo, em que o empregado pedia multa pelo pagamento em atraso das verbas rescisórias, que é equivalente a um mês de salário. A empresa alegou ter pago dentro dos dez dias que tinha para pagar (há dois prazos: dez dias corridos, quando não há previsão de extinção e 1 dia útil quando já havia previsão da extinção). O juiz por equívoco, diz que foi no 11º dia e condena a empresa a pagar um salário a mais para o empregado. A empresa interpõe recurso ordinário, e a decisão é mantida. A empresa não pode interpor recurso de revista, porque não está na Constituição Federal e também não há Súmula do Tribunal Superior do Trabalho. Portanto a decisão transitará em julgado. A empresa pode então propor a ação rescisória, pagando 20% sobre sua condenação.

A propositura da ação não suspende a execução. Ou seja, embora a empresa a proponha no exemplo acima, a ação do empregado contra a empresa segue. O que pode fazer a empresa, se já foi intimada a pagar ou apresentar bens à penhora, se a rescisória não suspende a execução?

A empresa pode ingressar com cautelar incidental na ação rescisória para suspender a execução. O prazo de dois anos é decadencial. (495 do CPC).

Há uma série de súmulas novas sobre rescisória (400 a 405 do Tribunal Superior do Trabalho).

Omissão na coisa julgada de dívidas fiscais: o juiz tem que especificar na sentença o valor das dívidas e quanto cada um pagará. Não existe ofensa à legislação federal se a coisa julgada foi omissa quanto à tributação. Cabe ao juízo executório fazer a tributação. É diferente quando ordena que o montante seja pago sem descontos previdenciários: nessa hipótese porque a sentença é assertiva, cabe ação rescisória para modifica-la

Cabe rescisória de acordos judiciais, porque produz coisa julgada. Não cabe quanto ao acordo firmado em comissão de conciliação prévia, que é extrajudicial, não havendo que se falar em coisa julgada. Para desconstituí-lo, pode-se requerer a declaração de nulidade na inicial da ação trabalhista.

DISSÍDIO COLETIVO

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É instaurado no Tribunal Regional do Trabalho ou no Tribunal Superior do Trabalho dependendo da abrangência do conflito. Se for relativo ao estado do Rio de Janeiro, é interposto no Tribunal Regional do Trabalho 1. Se for abrangente a mais de um estado, deve ser proposto no Tribunal Superior do Trabalho. Visam dirimir conflitos coletivos. Tem procedimento especial, no qual é obrigatória a participação do Ministério Público do Trabalho. Não existe arquivamento ou revelia: a falta de uma das partes suscitantes provocará manifestação do Ministério Público do Trabalho e julgamento pela Turma do Tribunal Regional do Trabalho ou Tribunal Superior do Trabalho. O resultado do julgamento é chamado de sentença normativa. O dissídio é só a ação. Cabe recurso ordinário para o Tribunal Superior do Trabalho se for proferida por turma do Tribunal Regional do Trabalho e embargos para a SDC se for proferida por Turma do Tribunal Superior do Trabalho.

DISCO OITO. – PROCESSO CAUTELAR, LIMINARES, TUTELA ANTECIPADA E COMISSÃO DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA.

CAUTELARES, LIMINARES E TUTELA ANTECIPADA

1 – Diferenciação.

A tutela antecipada é instituto relativamente novo no processo, criada em 1994, com vigência em 1995 e já com algumas alterações nesse período.

O fumus boi iuris e o periculum in mora existem na cautelar, que serve de amparo ao processo de execução ou o de cognição. A inicial cautelar é algo distinto da inicial do processo: ela pode ser preparatória ou incidental. A cautelar existe para garantir ou a cognição ou a execução.

Existem as nominadas e inominadas. Pode ter dentro dela uma liminar: por exemplo, na cautelar de antecipação da prova pericial. Nesse caso, além de se pedir para produzir a perícia antecipadamente, pode-se pedir liminar para interromper imediatamente a demolição ou modificação do prédio onde ela se realizará.

As liminares e tutela antecipada estão dentro do processo de conhecimento pelo rito comum: pode ser pedida com a inicial ou pedindo a antecipação da tutela. Mais rápida é a liminar, mais segura, mais firme é a tutela antecipada.