30
Direito Processual do Trabalho Aula 2.1 Competência Competência Material da Justiça do Trabalho A competência trabalhista é dividida em: a) Originária; b) Derivada; c) Executiva. a) Competência originária: atribuída a Justiça do Trabalho por força da Constituição; b) Competência derivada: atribuída à Justiça do Trabalho por força do legislador infraconstitucional; c) Competência executiva: é aquela segundo a qual compete à Justiça do Trabalho executar suas próprias decisões. Antes da EC 45/2004: a) Competência originaria: O artigo 114 da Constituição estabelecia que a Justiça do Trabalho era competente para conciliar e julgar as lides entre trabalhador e empregador. b) Competência derivada: o caput do art. 114 da Constituição possibilitava o julgamento de outras controvérsias decorrentes das relações de trabalho, na forma da lei. Assim, o art. 652 da CLT estabelecia que a Justiça do Trabalho era competente para os dissídios resultantes do contrato de empreitada em que o empreiteiro fosse operário ou artífice (inciso III) e para as controvérsias envolvendo os trabalhadores avulso, ou seja, para as ações entre os trabalhadores portuários e

Direito Processual Do Trabalho 2

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Direito Processual Do Trabalho 2

Direito Processual do Trabalho

Aula 2.1

 Competência

 Competência Material da Justiça do Trabalho

 A competência trabalhista é dividida em:

a) Originária;b) Derivada;c) Executiva.

 a) Competência originária: atribuída a Justiça do Trabalho por força da

Constituição;b) Competência derivada: atribuída à Justiça do Trabalho por força do

legislador infraconstitucional;c) Competência executiva: é aquela segundo a qual compete à Justiça do

Trabalho executar suas próprias decisões.  Antes da EC 45/2004:

a) Competência originaria: O artigo 114 da Constituição estabelecia que a Justiça do Trabalho era competente para conciliar e julgar as lides entre trabalhador e empregador.

b) Competência derivada: o caput do art. 114 da Constituição possibilitava o julgamento de outras controvérsias decorrentes das relações de trabalho, na forma da lei. Assim, o art. 652 da CLT estabelecia que a Justiça do Trabalho era competente para os dissídios resultantes do contrato de empreitada em que o empreiteiro fosse operário ou artífice (inciso III) e para as controvérsias envolvendo os trabalhadores avulso, ou seja, para as ações entre os trabalhadores portuários e operadores portuários e ou o Órgão Gestor da Mão-de-Obra (OGMO) em decorrência da relação de trabalho (inciso V e art. 643 da CLT).

c) Competência executiva: O art. 114, caput, da Constituição estabelecia expressamente a competência da Justiça do Trabalho para executar suas próprias decisões. Observe-se:

 Art. 114, CF. Compete a Justiça do Trabalho conciliar e julgar os dissídios

individuais e coletivos entre trabalhadores e empregadores, abrangidos os entes de direito público externo e da administração pública direta e indireta dos Municípios, do Distrito Federal, dos Estados e da União e, na forma da lei, outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, bem como os litígios que tenham origem no cumprimento de suas próprias sentenças, inclusive coletivas.

Page 2: Direito Processual Do Trabalho 2

  Depois da EC/45:

a) Competência originária: antes da EC 45/2004 a Constituição fazia referência à “trabalhador” e a “empregador”, portanto, lhe competia julgar, em regra, as ações decorrentes das relações de empregado. Estas expressões foram substituídas por “relação de trabalho”, ampliando a competência da Justiça do Trabalho.

b) Competência derivada: O inciso IX estabelece que cabe à Justiça do Trabalho julgar outras controvérsias decorrentes das relações de trabalho, na forma da lei.

c) Competência executiva: persiste, embora sem a expressa menção antes existente no caput do artigo 114 da CF.

 Segue a análise de cada um dos incisos do art. 114 da Constituição,

alterado pela EC 45/2004.  I - as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público externo e da administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; 

Qual o alcance do termo “relação de trabalho”?  

Antes da EC 45/2004 não se buscava definir o alcance da expressão “relação de trabalho” para fins de competência, pois a Justiça do Trabalho era, em regra, competente apenas para as relações de emprego. Assim, muitas vezes, a doutrina se limitava a dizer que a relação de trabalho era gênero, do qual a relação de emprego era espécie. 

Depois da EC 45/2004, passou a ser relevante tal definição, pois o art. 114 passou a estabelecer que a Justiça do Trabalho é competente para julgar as ações decorrentes das “relações de trabalho” e, não mais, apenas, as derivadas das relações de emprego. 

Há divergência quanto ao alcance da expressão em questão, sendo três as correntes que merecem destaque: 

a) Primeira corrente: defende que não ocorreu qualquer mudança. O “termo relação de trabalho” é utilizado no sentido de relação de emprego. Esta corrente utiliza como fundamento o argumento de que tanto a Constituição como a CLT já empregavam o termo “trabalhador” e “contrato de trabalho” no sentido de relação de emprego. Citam, como exemplo, os arts. 442, 443, 447 e 447 da CLT e o art. 7°,caput, e inciso XXXIX da CF.

b) Segunda corrente: defende que a relação de trabalho de que cuida a Constituição é apenas aquela que justifica a proteção de uma Justiça

Page 3: Direito Processual Do Trabalho 2

Especializada, a Justiça do Trabalho, e isso ocorre apenas nos casos em que o trabalhador aliena a sua capacidade de produção, colocando-a a disposição do tomador, caso em que é hipossuficiente. Para esta corrente a relação de trabalho qualificada pela relação de consumo não é da competência da Justiça do Trabalho.

c) Terceira corrente: posiciona-se no sentido de que à Justiça do Trabalho compete toda e qualquer relação de trabalho, entendendo-se como tal qualquer trabalho prestado, com ou sem vínculo de emprego, por uma pessoa física a um tomador de seus serviços. Esta corrente pauta-se no fato de que a Constituição não contemplou qualquer exceção a prestação de serviços ao determinar que compete a Justiça do Trabalho julgar as ações decorrentes das relações de trabalho. Defende, portanto, que não há como se excluir da competência da Justiça do Trabalho os servidores estatutários e as relações de trabalho que configuram relação de consumo.

 Conflitos Oriundos das Relações de Trabalho

 Os profissionais liberais podem demandar na Justiça do Trabalho?       A questão passa pelas relações de consumo.            O STJ, seguindo o entendimento do STF, pacificou a questão na súmula 363, estabelecendo que não compete à Justiça do Trabalho julgar as controvérsias entre profissional liberal e seu cliente.  

Súmula 363, STJ. Compete à Justiça estadual processar e julgar a ação de cobrança ajuizada por profissional liberal contra cliente. 

Resta distinguir o consumidor do tomador para fins da relação de trabalho. Para tanto cumpre diferenciar: 

a) Consumidor (art. 2° do CDC) “é a pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final”;

b) Tomador é aquele que utiliza os serviços prestados por um trabalhador como intermediário e não como destinatário final.

 Assim, o médico contratado diretamente pelo paciente não poderá cobrar

honorários inadimplidos na Justiça do Trabalho, já que o paciente é o destinatário final do serviço, sendo esta, portanto, uma relação de consumo. Entretanto, se o médico for contratado por uma clínica, poderá cobrar valores inadimplidos por esta na Justiça do Trabalho, já que o reclamado, neste caso, será o intermediário e não o destinatário final dos serviços, tratando-se, portanto, de tomador para fins de relação de trabalho. Estatutários e Temporários 

Page 4: Direito Processual Do Trabalho 2

O inciso I do art. 114 estabelece que compete a Justiça do Trabalho processar e julgar os conflitos decorrentes das relações de trabalho, abrangidos os entes de direito público externo e a administração direta e indireta. 

Assim, todos os servidores públicos da administração direta e indireta poderiam demandar na Justiça do Trabalho, sendo eles: a) os servidores estatutários (regidos por um regime-jurídico institucional e não contratual; b) os celetistas (regime contratual-trabalhista) e temporário (regime administrativo – entendimento dominante), em relação ao qual o art. 37, IX da CF estabelece que “a lei estabelecerá os casos de contratação por prazo determinado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público”. 

A discussão gira em torno da competência da Justiça do Trabalho para julgar as ações de estatutários e as de trabalhadores temporários. 

Antes da EC 45/2004, o art. 114 da CF possuía a seguinte redação:  

Art. 114, CF. Compete a Justiça do Trabalho conciliar e julgar os dissídios individuais e coletivos entre trabalhadores e empregadores, abrangidos os entes de direito público externo e da administração pública direta e indireta dos Municípios, do Distrito Federal, dos Estados e da União e, na forma da lei, outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, bem como os litígios que tenham origem no cumprimento de suas próprias sentenças, inclusive coletivas. 

Interpretando o dispositivo acima, o STF, na ADI 492, declarou a inconstitucionalidade do art. 240, alíneas “d” e “e” da Lei 8112/90, segundos os quais servidores civis teriam direito a negociação coletiva e ao ajuizamento de ações individuais ou coletivas perante a Justiça do Trabalho, pois entendeu que a expressão “relação de trabalho” não autorizava a inclusão na competência da Justiça trabalhista dos litígios relativos a servidores públicos. Para estes, o regime é o “estatutário e não contratual trabalhista”. 

Em face de nova redação do artigo 114 da CF, a AJUFE propôs Medida Cautelar em ADI, a ADI 3395, na qual o Ministro Nelson Jobim, então Presidente do TST, concedeu liminar repetindo o mesmo entendimento proferido pelo STF na ADI 492, excluindo da competência da justiça do trabalho as ações de ordem estatutária ou de caráter jurídico administrativo. Em sessão plenária de 05 de abril de 2006, o Tribunal, por maioria, referendou a liminar concedida na ação direta de inconstitucionalidade. 

Assim, restou à Justiça do Trabalho julgar apenas as causas que sejam instauradas entre o poder público e seus servidores celetistas. Ressalte-se que o art. 173, § 1° assegura aos empregados de empresas públicas e sociedades de economia mista – empregados públicos – todos os direitos materiais dos empregados em geral. 

Page 5: Direito Processual Do Trabalho 2

Os estatutários, assim, como os temporários devem ajuizar suas ações em perante a Justiça Comum. 

Quanto aos temporários, vale ressaltar que o TST entendia pela competência da Justiça do Trabalho para processar e julgar conflitos envolvendo trabalhadores temporários quando alegado o desvirtuamento da contratação, como consubstanciado na cancelada OJ 205 da SDI-1 do TST. OJ-SDI1-205 COMPETÊNCIA MATERIAL. JUSTIÇA DO TRABALHO. ENTE PÚBLICO. CONTRATAÇÃO IRREGULAR. REGIME ESPECIAL. DESVIRTUAMENTO (cancelada) – Res. 156/2009, DEJT divulgado em 27, 28 e 29.04.2009I - Inscreve-se na competência material da Justiça do Trabalho dirimir dissídio individual entre trabalhador e ente público se há controvérsia acerca do vínculo empregatício.II - A simples presença de lei que disciplina a contratação por tempo determinado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público (art. 37, inciso IX, da CF/1988) não é o bastante para deslocar a competência da Justiça do Trabalho se se alega desvirtuamento em tal contratação, mediante a prestação de serviços à Administração para atendimento de necessidade permanente e não para acudir a situação transitória e emergencial. 

Entretanto, o entendimento atual do STF, adotado no Julgamento do RE 573.202-AM, de 21.08.2008, é no sentido de que a Justiça do Trabalho é incompetente para julgar as causas de temporário, ainda que se discuta a validade das contratações temporárias, celebradas sem prévia aprovação em concurso público, ainda que a causa de pedir diga respeito a nulidade da contratação e existência de relação de emprego e pagamento de FGTS. Isso porque segundo o Supremo o critério é objetivo, havendo lei – federal, estadual ou municipal – estabelecendo que o regime do servidor temporário é administrativo ou institucional, a Justiça do Trabalho é incompetente para processar e julgar a demanda. Segue notícia do TST nesse sentido: 14/06/2011TST afasta competência da JT para julgar demanda de servidor público temporário

A competência para julgar demandas envolvendo trabalhadores temporários da administração pública é da Justiça Comum, e não da Justiça do Trabalho. Decisão nesse sentido tomou a Segunda Turma do Tribunal Superior do Trabalho (TST), ao analisar recurso do município de Gravataí, no Rio Grande do Sul. O julgado segue o entendimento do Supremo Tribunal Federal que, em decisão plenária, declarou que a relação jurídica existente nesses casos é de direito público .

Page 6: Direito Processual Do Trabalho 2

Um empregado do município ajuizou reclamação trabalhista pleiteando, entre outros, pagamento de horas extras, adicional de insalubridade, férias com 1/3, aviso prévio, seguro-desemprego e multa do artigo 477 da CLT. A sentença considerou nulo o contrato de trabalho mantido entre as partes, com base no inciso II do artigo 37 da Constituição Federal (necessidade de aprovação em concurso público). Assim, entendeu que o trabalhador fazia jus apenas ao recolhimento do FGTS na conta vinculada.

O município, por sua vez, arguiu a incompetência da Justiça do Trabalho para apreciar a demanda, mas tanto a Vara do Trabalho de Gravataí quanto o Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (RS) não aceitaram o argumento. Para o Regional, a matéria afeta à caracterização do contrato de emprego deve ser apreciada pela Justiça do Trabalho. “A existência de lei especial disciplinando o contrato por tempo determinado que visa a atender necessidade temporária de excepcional interesse público (artigo 37, inciso IX, da Carta Magna) não desloca a competência desta Justiça Especial quando é denunciado desvirtuamento na pactuação”, destacou o TRT.

O município obteve êxito, quanto ao tema, ao recorrer ao TST. O ministro Renato de Lacerda Paiva, relator, ao examinar o recurso de revista, decidiu pela incompetência material da Justiça do Trabalho para apreciar a demanda, em conformidade com a jurisprudência do STF. Segundo ele, na sessão plenária do STF de 21/08/2008, no julgamento do recurso extraordinário RE 573.202/AM, ficou decidido que compete à Justiça Comum Estadual e Federal conhecer de toda causa que verse sobre contratação temporária de servidor público. II - as ações que envolvam exercício do direito de greve; 

A competência da Justiça do Trabalho já estava estabelecida para estes casos, uma vez que o texto original do art. 114 da CF já aludia a outras controvérsias decorrentes das relações de trabalho e o art. 8° da Lei 7783/89 estabelecia a competência da Justiça do Trabalho. Nesse sentido, já era a súmula 189 do TST. 

Súmula 189, TST. A Justiça do Trabalho é competente para declarar a abusividade, ou não, da greve.  Tais ações podem ser indenizatórias ou possessórias. 

Na súmula vinculante 23, o STF pacificou o entendimento de que compete a Justiça do Trabalho julgar as ações possessórias ajuizadas em decorrência do exercício do direito de greve.  SÚMULA VINCULANTE N. 23. A JUSTIÇA DO TRABALHO É COMPETENTE PARA PROCESSAR E JULGAR AÇÃO POSSESSÓRIA AJUIZADA EM DECORRÊNCIA DO EXERCÍCIO DO DIREITO DE GREVE PELOS TRABALHADORES DA INICIATIVA PRIVADA.

Page 7: Direito Processual Do Trabalho 2

 Ressalte-se que a Justiça do Trabalho tem competência para julgar ações

possessórias mesmo que não relacionadas com a greve, desde que em decorrência da relação de trabalho, como, por exemplo: quando o empregador busca reivindicar a posse do imóvel oferecido ao empregado como salário-utilidade (art. 458, §§ 3° e 4°) e, também, por parte do empregado, que pretende reaver a posse de instrumentos ou equipamentos de trabalho que lhe pertencer e foram retidos pelos empregador (Bezerra Leite). 

A Justiça do Trabalho tem competência para julgar as ações decorrentes de greves dos servidores estatutários? Não, em razão da liminar concedida na ADI 3395. III - as ações sobre representação sindical, entre sindicatos, entre sindicatos e trabalhadores, e entre sindicatos e empregadores; 

Podemos citar como exemplo as disputas sindicais sobre base territorial, cobrança das contribuições sindicais, descontos considerados abusivos etc. Antes a competência era da Justiça Comum. As hipóteses mais comuns são:

a) Ações de representação sindical:

Visam a que Judiciário se pronuncie sobre o sindicato que pode representar validamente determinada categoria econômica ou profissional, pouco importando que a ação tenha sido ajuizada por outros sindicatos, trabalhadores ou empregadores. Esta não é apenas uma decisão incidental, como se limitava a ser antes da EC 45/2004. É definitiva e produzirá coisa julgada material. 

b) Contribuição Sindical:

As controvérsias acerca do chamado imposto sindical (contribuição sindical), previsto no art. 578 da CLT não pertenciam à Justiça do Trabalho e sim a Justiça Comum dos Estados (súmula 222, STJ). 

c) Contribuições Confederativas e Assistenciais:

Reforçou-se a competência da Justiça do Trabalho para julgar ação anulatória de cláusula de acordo ou convenção coletiva de acordo estabelecendo contribuição sindical em favor de entidade sindical a título de taxa para o custeio do sistema confederativo, assistencial, revigoramento ou fortalecimento sindical e outras da mesma espécie obrigando empregados não sindicalizados.

d) Eleições sindicais

Page 8: Direito Processual Do Trabalho 2

As eleições sindicais podem gerar conflitos entre trabalhadores e sindicato ou entre empregadores e sindicato, sendo da Justiça do Trabalho a competência para tais ações. 

Há que se destacar que o TST tem entendido que não compete a Justiça do Trabalho a ação em que os sindicalizados postulem em face do Sindicato a devolução de valores descontados a título de honorários advocatícios do total devido a eles em ação em que o sindicato figure como substituto processual, sob o argumento de que a relação jurídica estabelecida entre sindicato e sindicalizado derivava de contrato de prestação de serviços de advocacia e, assim, a demanda está inserida no “âmbito da relação de consumo, de natureza civil”.  IV - os mandados de segurança, hábeas corpus e habeas data , quando o ato questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição; 

Somente quando o ato envolver matéria sujeita à Jurisdição Trabalhista, tais ações serão de competência da Justiça do Trabalho. A análise deste artigo deve ser feita em conjunto com os demais. Exemplos:

Mandado de Segurança: cabível, por exemplo, nas hipóteses em que o delegado regional do trabalho autuou a empresa abusivamente ou exigiu depósito prévio de multa para interposição de recurso (súmula vinculante n. 21 e súmula 424 do TST); ou quando o MPT interditou empresa de forma abusiva. Antes da Emenda essa competência era restrita ao Segundo Grau – decorrente de ato ilegal de Juiz do Trabalho sem previsão de recurso; agora é possível a interposição de MS em Primeiro Grau. 

Hábeas data: violação ao direito de informação, desde que o banco de dados seja ligado à matéria trabalhista. Ex. Portaria que determinava a relação de empregadores que mantinham empregados na condição análoga de escravos. 

Hábeas corpus: Justiça do Trabalho é competente para julgar o HC quando o ato questionado envolver matéria sujeita a sua jurisdição, como é o caso da prisão do depositário infiel. 

Segundo a súmula vinculante 25 é ilegal a prisão de depositário infiel, sendo assim, se o juiz do trabalho determinar a sua prisão, caberá HC de competência do TRT. SÚMULA VINCULANTE N. 25. É ILÍCITA A PRISÃO CIVIL DE DEPOSITÁRIO INFIEL, QUALQUER QUE SEJA A MODALIDADE DO DEPÓSITO. 

Já quando a prisão decorrer da prática do crime de resistência (CP, 329), de desobediência (art. 330), de corrupção ativa (art. 333), de desacato (art. 331)

Page 9: Direito Processual Do Trabalho 2

de inutilização de edital de edital ou de sinal (art. 336),etc a Justiça do Trabalho será incompetente. A Justiça do Trabalho não tem competência criminal. 

O STF, na ADI 3684, deferiu medida cautelar, com efeito ex tunc, para dar interpretação conforme a Constituição, segundo o qual os incisos I, IV e IX da Constituição, acrescidos pela EC 45/2004 não atribuem à Justiça do Trabalho competência para as ações penais.       O que talvez se possa sustentar é que seja atribuída tal competência à Justiça do Trabalho por norma infraconstitucional, já que o inciso IX alude a outras controvérsias decorrentes das relações de trabalho, na forma da lei.            V - os conflitos de competência entre órgãos com jurisdição trabalhista, ressalvado o disposto no art. 102, I, “o”;  

O conflito de competência pode ser positivo ou negativo. No primeiro caso, dois ou mais juízes se declaram competentes para julgar a causa; enquanto que, na segunda hipótese, dois ou mais juízes se declaram incompetentes para julgar o processo. Por fim, pode ocorrer conflito de competência quando houver divergência entre dois ou mais juízes acerca da reunião ou separação de processos. Art. 115, CPC. Há conflito de competência:I - quando dois ou mais juízes se declaram competentes;II - quando dois ou mais juízes se consideram incompetentes;III - quando entre dois ou mais juízes surge controvérsia acerca da reunião ou separação de processos. Os conflitos de competência originados entre os órgãos da Justiça do Trabalho serão solucionados pelas normas contidas na própria CLT (artigo 803 e SS). Tais conflitos podem ocorrer entre:Art. 803, CLT. Os conflitos de jurisdição podem ocorrer entre:a) Juntas de Conciliação e Julgamento e Juízes de Direito investidos na administração da Justiça do Trabalho;b) Tribunais Regionais do Trabalho;c) Juízos e Tribunais do Trabalho e órgãos da Justiça Ordinária; Art. 808, CLT. Os conflitos de jurisdição de que trata o art. 803 serão resolvidos:a) pelos Tribunais Regionais, os suscitados entre Juntas e entre Juízos de Direito, ou entre uma e outras, nas respectivas regiões;b) pelo Tribunal Superior do Trabalho, os suscitados entre Tribunais Regionais, ou entre Juntas e Juízos de Direito sujeitos à jurisdição de Tribunais Regionais diferentes;c) Revogado pelo Decreto Lei 9.797, de 1946

Page 10: Direito Processual Do Trabalho 2

d) pelo Supremo Tribunal Federal, os suscitados entre as autoridades da Justiça do Trabalho e as da Justiça Ordinária (esta alínea deve ser confrontada com a Constituição, conforme a seguir demonstrado). Observe que a CLT solucionou os conflitos de competência entre os órgãos que integram a Justiça do Trabalho, inclusive o juiz de direito investido da jurisdição trabalhista. A norma prevista pela Consolidação das Leis Trabalhistas é simples, tendo em vista que foi regida pelo Princípio da Hierarquia Funcional.Francisco Antônio de Oliveira destaca que “pelo princípio da hierarquia não poderá haver conflito entre órgãos pertencentes ao mesmo ramo de jurisdição”. Disso resulta que a vara do trabalho não poderá suscitar conflito com a turma do Regional. A turma do Regional não poderá fazê-lo com a seção de dissídio individual do TST e nenhum Regional poderá suscitar conflito com o TST.”Como visto, as normas da CLT regulamentaram os conflitos de competência entre os órgãos da Justiça do Trabalho. No entanto, o que ocorre quando o conflito de competência ocorre com um órgão da Justiça do Trabalho e um órgão da Justiça Ordinária?A resposta para esta pergunta está nos artigos 102, I, alínea “o”, e 105, I alínea “d”, ambos da CF.Art. 102, CF. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: I - processar e julgar, originariamente:o) os conflitos de competência entre o Superior Tribunal de Justiça e quaisquer tribunais, entre Tribunais Superiores, ou entre estes e qualquer outro tribunal; Art. 105, CF. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:I - processar e julgar, originariamente:d) os conflitos de competência entre quaisquer tribunais, ressalvado o disposto no Art. 102, I, (o), bem como entre tribunal e juízes a ele não vinculados e entre juízes vinculados a tribunais diversos;Conforme os artigos mencionados, caberá ao STJ dirimir qualquer conflito de competência entre tribunais de Justiças diferentes; entre tribunais e juízes a ele não vinculados e entre juízes vinculados a tribunais diversos, desde que esteja ressalvada a competência do STF prevista no artigo 102, I, alínea “o” da CF. Segundo este dispositivo compete ao STF julgar os conflitos de competência entre o STJ e qualquer outro tribunal; entre tribunais superiores e entre tribunais superiores e qualquer outro tribunal.           Segue resumo:Conflito entre duas Varas do Trabalho Conflito entre juiz do trabalho e juiz de TRT julgará o conflitodireito investido da jurisdição trabalhista (Art. 808, “a”, CLT)  Conflito entre dois TRT’s TST julgará o conflito (Art. 808, “b”, CLT)  Conflito entre juiz do trabalho e juiz de direito

Page 11: Direito Processual Do Trabalho 2

Conflito entre juiz do trabalho e juiz federal STJ julgará o conflitoConflito entre TRT e juiz federal (Art. 105, I, “d”, CF)Conflito entre TRT e juiz de direito Conflito entre TST e TJ STF julgará o conflitoConflito entre TST e TRF (Art. 102, I, “o”, CF)   VI - as ações de indenização por dano moral ou patrimonial, decorrentes da relação de trabalho; A Justiça do Trabalho é competente para julgar ações em que se postule indenização por danos morais e patrimoniais decorrentes de acidente do trabalho? Há que se distinguir as ações acidentárias daquelas em que se postula indenização decorrente do acidente do trabalho.            Ações acidentárias são aquelas em que a pretensão do autor diz respeito a prestações previdenciárias. São exercidas em face do INSS, sendo de competência da Justiça Comum Estadual por força do art. 109, I, CF. Neste caso, não há relação de trabalho, mas previdenciária. Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho;            Nesse sentido é o posicionamento do STF e do STJ, consubstanciado nas súmulas 235 e 501 e 15, respectivamente.SÚMULA 235, STF. É COMPETENTE PARA A AÇÃO DE ACIDENTE DO TRABALHO A JUSTIÇA CÍVEL COMUM, INCLUSIVE EM SEGUNDA INSTÂNCIA, AINDA QUE SEJA PARTE AUTARQUIA SEGURADORA (VIDE OBSERVAÇÃO). Observação: - No julgamento do CC 7204 o Tribunal, em sessão plenária, definiu acompetência da justiça trabalhista, a partir da Emenda Constitucionalnº 45/2004, para julgamento das ações de indenização por danos moraise patrimoniais decorrentes de acidente do trabalho. - Veja Súmula 501. SÚMULA 501, STF. COMPETE À JUSTIÇA ORDINÁRIA ESTADUAL O PROCESSO E O JULGAMENTO, EM AMBAS AS INSTÂNCIAS, DAS CAUSAS DE ACIDENTE DO TRABALHO, AINDA QUE PROMOVIDAS CONTRA A UNIÃO, SUAS AUTARQUIAS, EMPRESAS PÚBLICAS OU SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA.

Page 12: Direito Processual Do Trabalho 2

 SÚMULA 15, STJ. COMPETE A JUSTIÇA ESTADUAL PROCESSAR E JULGAR OS LITIGIOS DECORRENTES DE ACIDENTE DO TRABALHO.            Quanto às ações indenizatórias decorrentes do acidente do trabalho havia divergência na jurisprudência, havendo tendência a prevalecer a competência da Justiça do Trabalho, sobretudo em razão das súmulas 392 do TST e 736 do STF. SUM-392, TST.    DANO MORAL. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO (conversão da Orientação Jurisprudencial nº 327 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005Nos termos do art. 114 da CF/1988, a Justiça do Trabalho é competente para dirimir controvérsias referentes à indenização por dano moral, quando decorrente da relação de trabalho. (ex-OJ nº 327 da SBDI-1 - DJ 09.12.2003) SÚM. 736, STF. COMPETE À JUSTIÇA DO TRABALHO JULGAR AS AÇÕES QUE TENHAM COMO CAUSA DE PEDIR O DESCUMPRIMENTO DE NORMAS TRABALHISTAS RELATIVAS À SEGURANÇA, HIGIENE E SAÚDE DOS TRABALHADORES.            Apesar disso, logo após a EC 45/2004, o STF no RE 438.639 MG, em sessão plenária realizada em 09/05/2005, decidiu pela competência da Justiça Comum, sob o fundamento da unidade de cognição, a fim de evitar decisões conflitante, mas logo em seguida, em 29/06/2005, mudou seu entendimento, no conflito de competência 7204-1, decidindo pela competência da Justiça do Trabalho. Um dos argumentos que levou a mudança de entendimento foi o que defendeu que o inciso I do art. 109 da CF ressalva a competência da Justiça Federal, que é, a princípio, competente para julgar as causas em que o INSS seja interessado na condição de autor, réu, assistente ou oponente, não tendo o propósito de ressalvar a competência da Justiça do Trabalho, senão o faria no art. 114 da CF. O réu neste caso não é o INSS, mas o empregador.            Manoel Antonio Teixeira Filho, discordando da primeira decisão, cita dois exemplos de casos em que as decisões são conflitantes da Justiça do Trabalho e nem por isso se via algum problema. Observe-se: “Não são raros os casos em que o empregado é demitido sob a alegação de haver perpetrado a falta grave de improbidade – consistente, digamos no furto de mercadorias do empregador – vindo, inclusive, a ser condenado pela Justiça Criminal, mas absolvido pela Justiça do Trabalho, ou seja, considerado não-praticante de falta grave. (...) “O segurado que sofreu acidente do trabalho tem garantida, pelo prazo mínimo de doze meses, a manutenção do seu contrato de trabalho na empresa, após a cessação do auxílio-doença acidentário, independentemente da percepção do auxílio-acidente” (destacamos). Ora, em tais situações, a Justiça do Trabalho, para declarar se o empregado possui, ou não, garantia temporária de emprego, tem que se

Page 13: Direito Processual Do Trabalho 2

pronunciar, necessariamente, sobre a ocorrência ou não, de acidente do trabalho, que, como vimos, constitui o pressuposto legal para a aquisição da mencionada garantia de emprego. Esse pronunciamento é realizado de maneira meramente incidental, com fulcro no inciso III, do art. 469, do CPC, ou seja, sem aptidão para produzir coisa julgada. Mesmo assim, poderá, em tese, conflitar com o julgamento realizado pela Justiça Comum, nos autos de ação acidentária promovida pelo mesmo empregado (segurado) em face do INSS. Como se percebe, o argumento da “unidade de cognição”, invocado pelo STF, como uma das razões para declarar que a competência para o julgamento do pedido de indenização por dano moral e patrimonial decorrente de acidente do trabalho é da Justiça Comum, não possuía, data vênia, a relevância imaginada pela Excelsa Corte da Justiça, conquanto fosse defensável, sob uma perspectiva lógica.”  A Justiça do trabalho tem mais condições de analisar os aspectos objetivos e subjetivos da causa que envolve acidente do trabalho, o que é reconhecido, inclusive pelo STJ, na súmula 736. O que fazer com as ações indenizatórias ainda em trâmite ajuizadas em decorrência de acidente do trabalho na Justiça Comum antes da EC 45/2004? Na súmula 367 o STJ consubstancia entendimento no sentido de que as ações já sentenciadas pela Justiça Comum continuariam a tramitar na mesma, mesmo depois da EC 45/2004, por razões de política judiciária. Súmula 367, STJ. A competência estabelecida pela EC n. 45/2004 não alcança osprocessos já sentenciados. Por fim, foi publicada a súmula vinculante n° 22 do STF pacificando o assunto e, inclusive, determinando os casos em que a Justiça do Trabalho será competente para julgar as ações indenizatórias que tenham sido ajuizadas antes da EC 45/2004 na Justiça Comum. SÚMULA VINCULANTE N. 22. A JUSTIÇA DO TRABALHO É COMPETENTE PARA PROCESSAR E JULGAR AS AÇÕES DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E PATRIMONIAIS DECORRENTES DE ACIDENTE DE TRABALHO PROPOSTAS POR EMPREGADO CONTRA EMPREGADOR, INCLUSIVE AQUELAS QUE AINDA NÃO POSSUÍAM SENTENÇA DE MÉRITO EM PRIMEIRO GRAU QUANDO DA PROMULGAÇÃO DA EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 45/04. Dano Moral em ricochete São danos reflexos, indiretos. Segundo Mauro Schiav “Dano moral reflexo ou em ricochete é o que também atinge pessoa diversa da que sofre diretamente o dano moral, ou seja: é o dano que reflete em pessoa que tem convivência muito próxima ou laços afetivos com a vítima do dano”.   

Page 14: Direito Processual Do Trabalho 2

Ex. ação indenizatória proposta por viúva que sofre danos morais em virtude da morte do marido, ex-empregado, vítima de acidente do trabalho.            Havia divergência: STF e TST (notícias do TST 07/04/2008) já entendiam que a competência era da Justiça do Trabalho, porém o STJ posicionava-se em sentido contrário, consubstanciando seu entendimento na súmula 366. O verbete 366 do STJ foi cancelado por ocasião do Julgamento do CC 101.977-SP, na sessão de 16.09.2009.de modo que não resta dúvida: a competência é da Justiça do Trabalho para julgar a ações propostas pelos sucessores em decorrência do acidente do trabalho.            No mesmo sentido é o Enunciado 36 da JDMPT:  ENUNCIADO 36 ACIDENTE DO TRABALHO. COMPETÊNCIA. AÇÃO AJUIZADA POR HERDEIRO, DEPENDENTE OU SUCESSOR. Compete à Justiça do Trabalho apreciar e julgar ação de indenização por acidente de trabalho, mesmo quando ajuizada pelo herdeiro, dependente ou sucessor, inclusive em relação aos danos em ricochete. Roubo de veículo do empregado em local indicado para estacionamento pelo empregadorSTJ: competência da Justiça do Trabalho  VII - as ações relativas às penalidades administrativas impostas aos empregadores pelos órgãos de fiscalização das relações de trabalho; A competência era da Justiça Comum para o julgamento dessas ações pelo fato de existência de interesse da União na causa. Sujeitos do processo: empregadores, de um lado, e autoridades responsáveis pela fiscalização, de outro. Abrange tomadores de trabalho autônomos?Divergências:a) não, pois o inciso VII, coloca como sujeitos apenas os empregadores (Bezzera Leite).b) sim, a interpretação deste inciso deve ser feita em conjunto com o inciso I (e não de forma isolada). Foi um equívoco de redação a utilização do termo empregador (Mauro Schiavi e Estêvão Mallet). Penalidade administrativa: conceito amplo, qualquer penalidade de competência dessas autoridades. Ex. multas, embargos, interdições etc. Manoel Antônio Teixeira Filho, defende que a Justiça do Trabalho também é competente para “apreciar ações tendo como objeto atos (e, não apenas, “penalidades”) praticados pelos órgãos de fiscalização das relações de trabalho. Assim, se, por exemplo,

Page 15: Direito Processual Do Trabalho 2

alguma autoridade local do Ministério do Trabalho procurar impor a determinado empregador uma obrigação não prevista em lei, este poderá impetrar mandado de segurança contra o ato daquela autoridade, embora o referido ato, considerado em si mesmo, não consista na aplicação de penalidade. Ações: poderão consistir em declaratórias, anulatórias de débito, mandamental e a de execução aplicadas pelos órgãos de fiscalização do trabalho, sobretudo pelo DRT. A execução será processada pela Lei 6830/80 que dispõe sobre a cobrança da dívida ativa da Fazenda Pública. Uma das ações mais comuns será a declaratória de nulidade do procedimento administrativo que gerou a multa imposta pela DRT. Para tanto os magistrados deverão conhecer bem a Lei 9784/99 que regulamenta o procedimento administrativo no âmbito da Administração Pública Federal Execuções fiscaisArt. 876 da CLT não faz menção à execução de títulos de dívida ativa da União (só menciona TAC e o Termos de Conciliação firmado perante as Comissões de Conciliação Prévia como títulos executivos judiciais), por se tratar de redação anterior (2000) a da EC 45. Assim, A União é legitimada para executar as multas aplicadas aos empregadores pelos órgãos de fiscalização do trabalho, cuja execução é de competência da Justiça do Trabalho desde a EC 45/2004, que incluiu no art. 114 da Constituição da República o inciso VII, segundo o qual compete a Justiça do Trabalho processar e julgar “as ações relativas às penalidades administrativas impostas pelos órgãos de fiscalização do trabalho”. Quando o inciso refere-se simplesmente a “ações” essas podem ser de conhecimento, execução ou cautelar. Assim:a) A impugnação administrativa deve ser feita no Ministério do Trabalho;b) A impugnação judicial, na Justiça do Trabalho e c) A cobrança da multa pela União também deve ser realizada na Justiça do Trabalho. Tramita no Congresso nova proposta de alteração do art. 114, VII da CF para que seja determinada a execução de ofício das penalidades administrativas, reconhecidas em decisão condenatória proferida pela Justiça do Trabalho. É que atualmente mesmo o juiz visualizando a infração deve oficiar a DRT, que após autuar a empresa deverá propor uma ação de execução. O que se pretende é que o juiz do trabalho possa executar de ofício, nos próprios autos, as penalidades reconhecidas nas sentenças que proferir, como ocorre com a execução das contribuições previdenciárias. É constitucional a exigência do depósito prévio do valor da multa para interposição do recurso administrativo prevista no art. 636, § 1° da CLT? 

Page 16: Direito Processual Do Trabalho 2

Não, nos termos da súmula vinculante 21 e da súmula 424 do TST. Observe-se:Súmula Vinculante 21. É inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévio de dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso administrativo. SUM-424, TST:   RECURSO ADMINISTRATIVO. PRESSUPOSTO DE ADMISSIBILIDADE. DEPÓSITO PRÉVIO DA MULTA ADMINISTRATIVA. NÃO RECEPÇÃO PELA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DO § 1º DO ART. 636 DA CLT - Res. 160/2009, DEJT divulgado em 23, 24 e 25.11.2009O § 1º do art. 636 da CLT, que estabelece a exigência de prova do depósito prévio do valor da multa cominada em razão de autuação administrativa como pressuposto de admissibilidade de recurso administrativo, não foi recepcionado pela Constituição Federal de 1988, ante a sua incompatibilidade com o inciso LV do art. 5º.  VIII - a execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no art. 195, I, a, e II, e seus acréscimos legais, decorrentes das sentenças que proferir; A Justiça do Trabalho possui 2 espécies de competência executória:a) Competência para executar suas próprias sentençasb) Competência para executar as contribuições previdenciárias. Quanto a competência para executar suas próprias sentenças tem-se que antes da EC 45/2004 o art. 114 possuía a seguinte redação:   Art. 114, CF. Compete a Justiça do Trabalho conciliar e julgar os dissídios individuais e coletivos entre trabalhadores e empregadores, abrangidos os entes de direito público externo e da administração pública direta e indireta dos Municípios , do Distrito Federal, dos Estados e da União e, na forma da lei, outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, bem como os litígios que tenham origem no cumprimento de suas próprias sentenças, inclusive coletivas. A parte final deste artigo não foi repetida porque desnecessária, afinal a Justiça do Trabalho tem competência, inclusive para executar, inclusive de ofício, as contribuições sociais. Quanto a competência para executar as contribuições sociais tem-se que: a) Em que consistem as Contribuições Sociais que Podem ser executadas de Ofício pela Justiça do Trabalho?           São as enumeradas no art. 195, I, “a”,e II, da CF: ART. 195, I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício;

Page 17: Direito Processual Do Trabalho 2

ART. 195, II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência social de que trata o art. 201; b) E as contribuições de terceiros?  São exemplos de contribuições de terceiros as devidas ao Sistema S (sesc senac etc.) e salário-educação. Embora haja divergência prevalece o entendimento de não estão incluídas. ANAMATRA 74. CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS A TERCEIROS. INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. A competência da Justiça do Trabalho para a execução de contribuições à Seguridade Social (CF, art. 114, § 3º) nas ações declaratórias, condenatórias ou homologatórias de acordo cinge-se às contribuições previstas no art. 195, inciso I, alínea “a” e inciso II, da Constituição, e seus acréscimos moratórios. Não se insere, pois, em tal competência, a cobrança de “contribuições para terceiros”, como as destinadas ao “sistema S” e “salário-educação”, por não se constituírem em contribuições vertidas para o sistema de Seguridade Social. c) Qual a abrangência do termo “sentença” utilizado pela Constituição? i) Art. 836, CLT: abrange as sentenças condenatórias, homologatórias de acordo e as meramente declaratórias de vínculo de emprego, sobre os salários pagos durante o período contratual reconhecido”Art. 876 - As decisões passadas em julgado ou das quais não tenha havido recurso com efeito suspensivo; os acordos, quando não cumpridos; os termos de ajuste de conduta firmados perante o Ministério Público do Trabalho e os termos de conciliação firmados perante as Comissões de Conciliação Prévia serão executada pela forma estabelecida neste Capítulo. (Redação dada pela Lei nº 9.958, de 12.1.2000)Parágrafo único. Serão executadas ex-officio as contribuições sociais devidas em decorrência de decisão proferida pelos Juízes e Tribunais do Trabalho, resultantes de condenação ou homologação de acordo, inclusive sobre os salários pagos durante o período contratual reconhecido. (Redação dada pela Lei nº 11.457, de 2007)ii) Súmula 368, TST: a competência da Justiça do Trabalho para a execução das contribuições previdenciárias limita-se às sentenças condenatórias em pecúnia e as homologatórias de acordo. Súmula 338, I, TST. A Justiça do Trabalho é competente para determinar o recolhimento das contribuições fiscais. A competência da Justiça do Trabalho, quanto à execução das contribuições previdenciárias, limita-se às sentenças condenatórias em pecúnia que proferir e aos valores, objeto de acordo homologado, que integrem o salário-de-contribuição. (ex-OJ nº 141 da SBDI-1 alterada pela Res. N. 138 – Dj. 23.11.2005)

Page 18: Direito Processual Do Trabalho 2

 Tal entendimento é no mesmo sentido da decisão do STF proferida no RE-569056/PR. (Rel. Ministro Menezes Direito, 11.09.2008). O Tribunal entendeu que a Justiça do Trabalho não tem competência para as contribuições decorrentes de decisões que declaram o vínculo de emprego. Algumas razões podem ser destacadas: “a decisão trabalhista que não dispõe sobre o pagamento de salário, mas apenas se restringe a reconhecer o vínculo de empregatício não constitui título executivo no que se refere ao crédito da contribuição previdenciária. Assim, considerou não ser possível admitir uma execução sem título executivo.” “A contribuição social referente ao salário cujo pagamento não foi objeto de sentença condenatória, e portanto, não está no título exeqüendo, ou não foi objeto de algum acordo, dependeria, para ser executada, da constituição do crédito pelo magistrado, sem que este tivesse determinado o pagamento do salário, que é exatamente a causa e a base de sua justificação”. O Min Ricardo Lewandowisk acrescentou “que a execução de ofício da contribuição social antes da constituição do crédito, apenas com base em sentença trabalhista que reconhece o vínculo empregatício sem fixar quaisquer valores, viola também o direito ao contraditório e a ampla defesa. O tribunal aprovou a proposta do Min. Menezes Direito, relator, para edição de súmula vinculante sobre o tema. IX - outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na forma da lei. Este artigo trata da competência material derivada, cabível ao legislador infraconstitucional. Muitos autores estão defendendo que se trata “norma em branco”, “letra morta” já que o inciso I já estabelece que a Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar as “ações oriundas das relações de trabalho”, o que significa que abrange toda e qualquer relação de trabalho, de modo que não haveria nenhuma razão para constar no inciso IX “outras controvérsias decorrentes das relações de trabalho. Outros defendem que existe diferença entre oriundo e decorrente. Inciso I = oriundo – acontecimento dentro da relação de trabalho. Inciso IX = decorrente. Plano de saúde decorrente da relação de trabalho, desde que regulado por lei. É inclusive este o fundamento para as sentenças declaratórias permitem cobrança das contribuições sociais.            Há um PL, de n. 6542, para o qual a expressão “relação de trabalho” do inciso I e igual a relação de emprego. Daí a necessidade de regulamentar o inciso IX para ampliar a competência da Justiça do Trabalho para outras ações decorrentes das relações de trabalho, para tanto há uma proposta de inclusão da alínea f ao art. 652 da CLT.

Page 19: Direito Processual Do Trabalho 2

 Há que se destacar ainda os seguintes enunciados que versam sobre a competência da Justiça do Trabalho. Antes da EC 45/2004 a Justiça do Trabalho era competente apenas para julgar as lides entre trabalhador e empregador, assim ficou entendido que a Justiça do Trabalho não era competente para as ações entre empregado ou empregador e CEF visando apenas a levantamento do FGTS. Nesse sentido era a súmula 176 do TST. Entretanto, como atualmente a competência da Justiça do Trabalho é em razão das ações oriundas das relações de trabalho e o levantamento do FGTS o é, ocorreu o cancelamento da súmula 176 do TST.  SUM-176    FUNDO DE GARANTIA. LEVANTAMENTO DO DEPÓSITO (cancelada) - Res. 130/2005, DJ 13.05.2005A Justiça do Trabalho só tem competência para autorizar o levantamento do depósito do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço na ocorrência de dissídio entre empregado e empregador. Destacam-se ainda: SUM-300    COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. CADASTRAMENTO NO PIS (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar ações ajuizadas por empregados em face de empregadores relativas ao cadastramento no Programa de Integração Social (PIS). SUM-389    SEGURO-DESEMPREGO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. DIREITO À INDENIZAÇÃO POR NÃO LIBERAÇÃO DE GUIAS (conversão das Orientações Jurisprudenciais nºs 210 e 211 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005I - Inscreve-se na competência material da Justiça do Trabalho a lide entre empregado e empregador tendo por objeto indenização pelo não-fornecimento das guias do seguro-desemprego. (ex-OJ nº 210 da SBDI-1 - inserida em 08.11.2000)II - O não-fornecimento pelo empregador da guia necessária para o recebimento do seguro-desemprego dá origem ao direito à indenização. (ex-OJ nº 211 da SBDI-1 - inserida em 08.11.2000) 1. COMPETÊNCIA TERRITORIAL           A regra para a definição da competência territorial na Justiça do Trabalho é o LOCAL DA PRESTAÇÃO de serviços, tratada no art. 651 da CLT.Art. 651, CLT: A competência das Varas do Trabalho é determinada pela localidade onde o empregado, reclamante ou reclamado, prestar serviços ao empregador, ainda que tenha sido contratado noutro local ou no estrangeiro. Este artigo da CLT é composto por três parágrafos, sendo que o primeiro e o terceiro prevêem exceções à regra geral apresentada pelo caput.a)            Empregado agente ou viajante comercial: [Art. 651, § 1º, CLT]

Page 20: Direito Processual Do Trabalho 2

§ 1º – Quando for parte no dissídio agente ou viajante comercial, a competência será da Vara da localidade em que a empresa tenha agência ou filial e a esta o empregado esteja subordinado e, na falta, será competente a Vara da localização em que o empregado tenha domicílio ou a localidade mais próxima. b)           Empregador que promove realização de atividade fora do lugar do contrato: [Art. 651, § 3º, CLT]§ 3º – Em se tratando de empregador que promova realização de atividades fora do lugar do contrato de trabalho, é assegurado ao empregado apresentar reclamação no foro da celebração do contrato ou no da prestação dos respectivos serviços.São exemplos, as companhias teatrais ou circos, de modo que o empregado poderá propor a ação onde foi contratado ou em um dos locais da prestação de serviços. A regra do § 3º do art. 651 aplica-se também aos motoristas de ônibus, contratados, por exemplo, em Curitiba, para fazer a linha Curitiba – São Paulo. Estes poderiam propor a ação tanto em Curitiba como em São Paulo.Caso a reclamatória trabalhista seja ajuizada em local diverso do qual ocorreu a prestação de serviços, na audiência de instrução e julgamento pode ser apresentada Exceção de Incompetência Territorial. Se esta Exceção não for apresentada, a competência prorroga-se, pois a competência territorial é relativa.3. COMPETÊNCIA INTERNACIONAL Esta prevista na CLT no art. 651, § 2º, o qual estabelece que o empregado brasileiro pode demandar no Brasil desde que não haja convenção internacional prevendo o contrário. Qual a legislação material aplicável nesses casos:Nas hipóteses de transferência (art. 2º, Lei 7064/82) aplica-se a legislação mais favorável, nos termos do art. 3º desta mesma lei. Observe-se: Art. 2º - Para os efeitos desta Lei, considera-se transferido:I - o empregado removido para o exterior, cujo contrato estava sendo executado no território brasileiro;II - o empregado cedido à empresa sediada no estrangeiro, para trabalhar no exterior, desde que mantido o vínculo trabalhista com o empregador brasileiro;III - o empregado contratado por empresa sediada no Brasil para trabalhar a seu serviço no exterior. Nesse caso, a legislação aplicável é a brasileira por ser mais favorável ao empregado, nos termos do art. 3º da mesma lei. Observe-se:Art. 3º - A empresa responsável pelo contrato de trabalho do empregado transferido assegurar-lhe-á, independentemente da observância da legislação do local da execução dos serviços: I - os direitos previstos nesta Lei; II - a aplicação da legislação brasileira de proteção ao trabalho, naquilo que não for incompatível com o disposto nesta Lei, quando mais favorável do que a legislação territorial, no conjunto de normas e em relação a cada matéria.   

Page 21: Direito Processual Do Trabalho 2