81
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE TECNOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE ALIMENTOS SUZELE LIMA DE SOUZA Produção de queijo de coalho inoculado com bactérias lácticas isoladas de queijo do Marajó/ PA. Belém 2012

Produção de queijo de coalho inoculado com bactérias ...ppgcta.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/dissertacoes/2012/Suzele Souza.pdf · Na busca de um fugaz momento de felicidade. Prosseguimos!

  • Upload
    lamtram

  • View
    219

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Produção de queijo de coalho inoculado com bactérias ...ppgcta.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/dissertacoes/2012/Suzele Souza.pdf · Na busca de um fugaz momento de felicidade. Prosseguimos!

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE TECNOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE

ALIMENTOS

SUZELE LIMA DE SOUZA

Produção de queijo de coalho inoculado com bactérias lácticas

isoladas de queijo do Marajó/ PA.

Belém 2012

Page 2: Produção de queijo de coalho inoculado com bactérias ...ppgcta.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/dissertacoes/2012/Suzele Souza.pdf · Na busca de um fugaz momento de felicidade. Prosseguimos!

SUZELE LIMA DE SOUZA

Produção de queijo de coalho inoculado com bactérias lácticas

isoladas de queijo do Marajó/ PA.

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos da Universidade Federal do Pará como parte dos requisitos necessários para obtenção do Título de Mestre em Ciência e Tecnologia de Alimentos.

ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: Ciência e tecnologia de matérias-primas alimentícias da Amazônia e de resíduos agroindustriais. ORIENTADOR: Prof. Dr. Hamilton Mendes de Figueiredo

Belém 2012

Page 3: Produção de queijo de coalho inoculado com bactérias ...ppgcta.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/dissertacoes/2012/Suzele Souza.pdf · Na busca de um fugaz momento de felicidade. Prosseguimos!

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) BIBLIOTECA DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA QUÍMICA

Souza, Suzele Lima de Produção de queijo de coalho inoculado com bactérias lácticas isolados de queijo do Marajó/PA/ Suzele Lima de Souza; orientador, Hamilton Mendes de Figueiredo._ Belém - 2012 Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Pará. Instituto de Tecnologia. Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos, 2012 1. Queijo- Marajó, Ilha do (PA) 2. Queijo de coalho 3. Queijo- microbiologia I. Título CDD 22.ed. 637.3

Page 4: Produção de queijo de coalho inoculado com bactérias ...ppgcta.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/dissertacoes/2012/Suzele Souza.pdf · Na busca de um fugaz momento de felicidade. Prosseguimos!

SUZELE LIMA DE SOUZA

Produção de queijo de coalho inoculado com bactérias lácticas

isoladas de queijo do Marajó/ PA.

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos da Universidade Federal do Pará como parte dos requisitos necessários para obtenção do Título de Mestre em Ciência e Tecnologia de Alimentos.

DATA DA AVALIAÇÃO: ___/___/___

CONCEITO:_______

BANCA EXAMINADORA:

____________________________________ Prof. Dr. Hamilton Mendes de Figueiredo

(UFPA/ITEC/PPGCTA - Orientador)

____________________________________ Profa. Dra. Lúcia de Fátima Henriques Lourenço

(UFPA/ITEC/PPGCTA - Membro)

_____________________________________ Profa. Dra. Vanessa Albres Botelho da Cunha

(FEA/ITEC/UFPA - Membro)

Page 5: Produção de queijo de coalho inoculado com bactérias ...ppgcta.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/dissertacoes/2012/Suzele Souza.pdf · Na busca de um fugaz momento de felicidade. Prosseguimos!

Dedico este trabalho aos meus queridos pais, irmãs e marido.

Page 6: Produção de queijo de coalho inoculado com bactérias ...ppgcta.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/dissertacoes/2012/Suzele Souza.pdf · Na busca de um fugaz momento de felicidade. Prosseguimos!

AGRADECIMENTOS

A Deus, por sua infinita bondade, que através da fé me permitiu ter forças

para enfrentar os obstáculos encontrados durante esta jornada e por todas as

pessoas maravilhosas que colocou em meu caminho.

Aos meus queridos pais, Afonso e Paulina, pela vida e por contribuírem

em minha formação profissional, espiritual e de caráter. Agradeço infinitamente

pelas orações e pelo colo nos momentos difíceis. Amo vocês!

Às minhas irmãs Michele e Daniele, exemplos de luta e dedicação.

Agradeço pelo companheirismo, pelo apoio e incentivo.

Ao meu grande amor, Marcelo, por todos os momentos de dedicação, por

entender minhas dificuldades e anseios. Agradeço sua confiança e

companheirismo, me tranquilizando em muitos momentos durante este

trabalho.

Ao meu orientador, o Prof. Dr. Hamilton Mendes de Figueiredo, por sua

orientação e conhecimento, que diante de todas as adversidades aceitou me

orientar.

Meu agradecimento às professoras Lúcia Lourenço e Vanessa Albres

pelas correções e sugestões que contribuíram na elaboração deste estudo.

Meu sincero agradecimento às amigas Eleda, Natácia, Daiane, Kate e

Rafaella, pela contribuição, incentivo e pela amizade, compartilhando comigo

as alegrias e dificuldades trilhadas durante esses anos. Ao amigo Marcelo pela

disposição nas viagens realizadas para Bujarú.

Aos técnicos e auxilares dos laboratórios de microbiologia e físico-química

que pacientemente me auxiliavam durante as análises: Suely, Célia, Mário e

Rosa.

A todos os funcionários da fazenda Conquista, em especial ao chefe de

produção João Moratti e Cláudio, por me receberem e colaborarem na

execução deste trabalho.

Ao empresário Saulo Figueira pela disponibilidade de coleta da matéria-

prima e utilização das instalações industriais para elaboração dos queijos.

A Universidade Federal do Pará - UFPA, ao corpo docente e discente.

Pela oportunidade e pela infraestrutura que permitiu a realização deste

mestrado.

Page 7: Produção de queijo de coalho inoculado com bactérias ...ppgcta.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/dissertacoes/2012/Suzele Souza.pdf · Na busca de um fugaz momento de felicidade. Prosseguimos!

PORFIA!PORFIA!PORFIA!PORFIA!

Prosseguimos! Pelos caminhos da vida a nós imposta. Prosseguimos! Alimentados pelos frutos das vitórias. Prosseguimos! Feridos pelos espinhos das derrotas. Prosseguimos! Bebendo, sedentos, as alegrias encontradas. Prosseguimos! Lavando com lágrimas as tristezas apostas. Prosseguimos! Errando, acertando, caindo, levantando. Prosseguimos! Sempre na busca da sonhada ternura. Prosseguimos! Se não as logramos nas nossas realizações. Prosseguimos! Usando o lenitivo doce amargo do bem e do mal. Prosseguimos! Na busca de um fugaz momento de felicidade. Prosseguimos! Com a certeza de muitos encontros, desencontros e reencontros no porvir. Prosseguimos!

Cipriana Catarina Aguiar

Page 8: Produção de queijo de coalho inoculado com bactérias ...ppgcta.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/dissertacoes/2012/Suzele Souza.pdf · Na busca de um fugaz momento de felicidade. Prosseguimos!

RESUMO

Este trabalho avaliou a influência da adição de bactérias lácticas na produção

de queijo de coalho, processado com leite bubalino e inoculado com bactérias

lácticas isoladas de queijo do Marajó/ PA. Características físico-químicas,

microbiológicas e sensoriais dos queijos elaborados foram analisadas durante

30 dias de estocagem sob refrigeração de 5°C e sob temperatura ambiente de

29°C. Foram produzidos quatro tipos de queijo de coalho e três destes foram

inoculados com Lactococcus, Enterococcus e Streptococcus e um sem inóculo

(padrão), para efeito de estudo comparativo. Para o leite foram determinados

acidez, teor de gordura, densidade, proteína e resíduo mineral fixo e para o

queijo os níveis de umidade, cinzas, lipídeos, proteína, contagem de bactérias

lácticas, bolores e leveduras, coliformes totais, termotolerantes,

Estaphylococcus coagulase positiva e pesquisa de Salmonella sp. A análise

sensorial avaliou a aceitação e preferência dos provadores. As análises físico-

químicas do leite e queijo, indicou que os valores encontrados estão dentro da

faixa de variação descrita na literatura. Nenhuma amostra de leite apresentou

contaminação por coliformes, Estaphylococcus coagulase positiva e Salmonella

sp. A maior contaminação foi constatada para bactérias lácticas. O resultado

dos testes de análise sensorial mostram que os queijos inoculados com

bactérias lácticas apresentam melhor aceitação quando comparados ao queijo

padrão.

Palavras-chave: Leite de búfala, bactérias lácticas, queijo de coalho

Page 9: Produção de queijo de coalho inoculado com bactérias ...ppgcta.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/dissertacoes/2012/Suzele Souza.pdf · Na busca de um fugaz momento de felicidade. Prosseguimos!

ABSTRACT

This work evaluated the effect of adding lactic bacteria on the production

of coalho cheese, processed buffalo milk with lactic acid bacteria inoculated

isolated from cheese Marajó/ PA. Physico-chemical, microbiological and

sensory characteristics of cheeses were analyzed for 30 storage days under

5°C refrigeration and ambient temperature of 29°C. Three coalho cheeses

types were produced inoculated with Lactococcus, Enterococcus and

Streptococcus, besides the coalho cheese preparation without lactic acid

bacteria addition (Standard), to comparative study. For milk, analysis

determined acidity, fat content, density, protein and ash and the cheese levels

of moisture, ash, lipid, protein, lactic acid bacteria count, yeast and mold, total

coliform, coliform, Staphylococcus coagulase positive and research for

Salmonella sp. The analysis evaluated the sensory acceptance and preference

of the tasters. For the physico-chemical properties of milk and cheese, The

results are in agreement with literature values No milk sample showed

contamination by coliforms, Staphylococcus coagulase positive and Salmonella.

The highest contamination was found for lactic acid bacteria. The results of

sensory analysis tests show that the cheese with lactic acid bacteria inoculated

was preferred when compared to the acceptance standard cheese.

Keywords: buffalo milk, lactic acid bacteria, coalho cheese

Page 10: Produção de queijo de coalho inoculado com bactérias ...ppgcta.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/dissertacoes/2012/Suzele Souza.pdf · Na busca de um fugaz momento de felicidade. Prosseguimos!

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 Representação esquemática do metabolismo da lactose e da glicose por bactérias lácticas homofermentativas e heterofermentativas................................................................ 30

Figura 2 Fluxograma de elaboração do queijo de coalho com leite bubalino................................................................................... 34

Figura 3 Esquema de ativação de Streptococcus e Enterococcus para utilização como inóculo no leite...................................... 35

Figura 4 Esquema de ativação de Lactococcus para utilização como inóculo no leite........................................................................ 36

Figura 5 Resultados das análises de umidade para os queijos armazenados sob refrigeração a 5°C ao longo de 30 dias (média da duplicata)................................................................ 46

Figura 6 Resultados das análises de umidade para os queijos armazenados em temperatura média de 29°C ao longo de 30 dias (média da duplicata)................................................... 47

Figura 7 Contagem de bactérias lácticas no queijo de coalho armazenado a 5°C.................................................................. 53

Figura 8 Contagem de bactérias lácticas no queijo de coalho armazenado em temperatura ambiente de 29°C.................... 55

Figura 9 Resultados obtidos no teste de aceitabilidade aplicado aos queijos de coalho inoculados com isolados de bactérias lácticas.................................................................................... 56

Page 11: Produção de queijo de coalho inoculado com bactérias ...ppgcta.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/dissertacoes/2012/Suzele Souza.pdf · Na busca de um fugaz momento de felicidade. Prosseguimos!

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Características físico-químicas do leite bovino e bubalino..... 17

Tabela 2 Resultados das análises físico-químicas do leite bubalino após o processamento (média da duplicata).......................... 43

Tabela 3 Resultados das análises físico-químicas do queijo de coalho obtido com leite bubalino........................................................ 45

Tabela 4 Resultados das análises microbiológicas para diferentes amostras de queijo de coalho maturadas por 30 dias sob refrigeração a 5°C (média da duplicata)................................. 50

Tabela 5 Resultados das análises microbiológicas para diferentes amostras de queijo de coalho maturadas por 30 dias sob temperatura média de 29 °C (média da duplicata)................. 51

Tabela 6 Media dos valores encontrados na escala hedônica para os diferentes tipos de queijos...................................................... 57

Tabela 7 Classificação do teste de Ordenação- Preferência................. 57

Page 12: Produção de queijo de coalho inoculado com bactérias ...ppgcta.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/dissertacoes/2012/Suzele Souza.pdf · Na busca de um fugaz momento de felicidade. Prosseguimos!

SUMÁRIO

Pág. 1 INTRODUÇÃO........................................................................... 14 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA...................................................... 16

2.1 BÚFALO NO BRASIL................................................................. 16

2.2 ASPECTOS FÍSICO-QUÍMICOS DO LEITE DE BÚFALA E SEUS DERIVADOS.................................................................... 16

2.3 QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DO LEITE DE BÚFALA........ 19

2.4 QUEIJO DE COALHO................................................................ 21

2.5 ASPECTOS MICROBIOLÓGICOS DO QUEIJO........................ 23

2.6 BACTÉRIAS ÁCIDO LÁCTICAS................................................ 24

2.6.1 Lactococcus.............................................................................. 26

2.6.2 Streptococcus........................................................................... 27

2.6.3 Enterococcus............................................................................ 28

2.7 FERMENTAÇÃO DAS BACTÉRIAS ÁCIDO LÁCTICAS........... 29

3 MATERIAL E MÉTODOS........................................................... 31

3.1 MATERIAL.................................................................................. 31

3.2 MÉTODOS.................................................................................. 31

3.2.1 Análises físico-químicas do leite............................................ 31

3.2.1.1 Determinação de acidez em graus Dornic................................. 32

3.2.1.2 Prova de peroxidase................................................................... 32

3.2.1.3 Determinação de fosfatase......................................................... 32

3.2.1.4 Determinação de gordura........................................................... 32

3.2.1.5 Determinação de densidade....................................................... 33

3.2.1.6 Determinação de proteína.......................................................... 33

3.2.1.7 Determinação de resíduo mineral fixo........................................ 33

3.2.2 Processo de elaboração dos queijos de coalho......................... 33

3.2.2.1 Processo de ativação da bactérias lácticas................................ 35

3.2.3 Elaboração do queijo de coalho................................................. 37

3.2.3.1 Análise das características físico-químicas e microbiológicas do queijo de coalho.................................................................... 38

3.2.3.2 Análises físico-químicas do queijo de coalho............................. 38

a) Umidade..................................................................................... 38

b) Cinzas......................................................................................... 38

Page 13: Produção de queijo de coalho inoculado com bactérias ...ppgcta.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/dissertacoes/2012/Suzele Souza.pdf · Na busca de um fugaz momento de felicidade. Prosseguimos!

c) Lipídeos...................................................................................... 39

d) Proteína...................................................................................... 39

3.2.4 Análises microbiológicas do queijo de coalho...................... 39

a) Preparo das suspensões e diluições.......................................... 39

b) Contagem de bactérias lácticas................................................. 39

c) Contagem de Bolores e Leveduras............................................ 40

d) Coliformes totais e coliformes termotolerantes.......................... 40

e) Contagem de Staphylococcus coagulase positiva..................... 40

f) Pesquisa de Salmonella sp........................................................ 41

4 ANÁLISE SENSORIAL.............................................................. 41

5 ANÁLISE ESTATÍSTICA........................................................... 42

6 RESULTADOS E DISCUSSÕES............................................... 43

6.1 ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICA DO LEITE................................... 43

6.2 ANÁLISES DO QUEIJO DE COALHO....................................... 45

6.2.1 Análises físico-químicas do queijo de coalho....................... 45

6.2.2 Análises microbiológicas do queijo de coalho...................... 48

6.3 ANÁLISE SENSORIAL............................................................... 56

7 CONCLUSÃO............................................................................. 58

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA............................................... 59

ANEXOS..................................................................................... 68

ANEXO A- Modelo do Termo de Livre Consentimento Livre e Esclarecido................................................................................. 69

ANEXO B- Modelo da ficha de avaliação para o teste de aceitabilidade.............................................................................. 70

ANEXO C- Modelo de ficha de avaliação para o teste de ordenação................................................................................... 70

ANEXO D- Análises de umidade realizadas com amostras de queijo coalho armazenado sob diferentes condições de maturação, sob refrigeração a 5°C e em temperatura ambiente a 29°C......................................................................................... 71

APÊNDICE................................................................................. 72

APÊNDICE A- Fotos da elaboração do queijo de búfala tipo coalho......................................................................................... 73

Page 14: Produção de queijo de coalho inoculado com bactérias ...ppgcta.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/dissertacoes/2012/Suzele Souza.pdf · Na busca de um fugaz momento de felicidade. Prosseguimos!

14

1 INTRODUÇÃO

O búfalo doméstico (Bubalus bubalis) teve sua origem na Ásia, e no Brasil

foi introduzido em 1895 na Ilha de Marajó/ Pará, pelo criador Vicente Chermont

de Miranda, tendo seu maior efetivo concentrado em áreas de várzea do rio

Amazonas (Carvalho et al, 1997).

Uma importante função dos bubalinos é a produção de leite. Este fato

desperta o interesse em países asiáticos, na Itália e no Brasil, especialmente

no que diz respeito a elaboração de derivados. O leite de búfala possui

algumas particularidades importantes, devido apresentar maiores teores de

gordura, proteína, extrato seco e alguns minerais, em relação ao leite bovino.

Por essa razão, a grande importância desse alimento está na transformação

em derivados, uma vez que a sua composição peculiar possibilita um alto

rendimento industrial quando comparado ao leite bovino.

Diante dos benefícios do leite bubalino é necessário estabelecer

tecnologias adequadas para o desenvolvimento de derivados. Para produção

de queijo, a legislação estabelece que o leite utilizado, deve ser submetido à

pasteurização ou tratamento térmico equivalente. No caso dos queijos

maturados à temperatura superior a 5°C, durante um tempo não inferior a 60

dias, o leite higienizado que se destine à sua elaboração, fica excluído da

obrigação de ser submetido à pasteurização ou outro tratamento térmico

(BRASIL, 1996).

A pasteurização reduz grande parte da microbiota láctica natural do leite,

responsável pelo desenvolvimento de características organolépticas próprias

dos queijos, influenciando bastante em sua qualidade. O uso de fermento

láctico comercial promove uma padronização no queijo, porém sem recuperar

as características sensoriais perdidas como conseqüência do tratamento

térmico (CARVALHO, 2007).

Uma alternativa a esse problema pode ser o isolamento de bactérias

lácticas dos queijos regionais para posterior utilização desses micro-

organismos como inóculo ou mesmo no desenvolvimento de novos queijos.

Assim poderemos produzir queijo com leite pasteurizado e ainda garantir o

predomínio de bactérias lácticas pela adição de tais inóculos, isso limitará o

Page 15: Produção de queijo de coalho inoculado com bactérias ...ppgcta.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/dissertacoes/2012/Suzele Souza.pdf · Na busca de um fugaz momento de felicidade. Prosseguimos!

15

desenvolvimento de patógenos no queijo enquanto que o "flavor" não será

muito afetado.

O objetivo do presente estudo foi elaborar queijo de coalho com adição

de bactérias lácticas como Lactococcus, Enterococcus e Streptococcus e

verificar a interferência que a adição desses inóculos podem causar na

característica sensorial, físico-química e no desenvolvimento microbiológico do

queijo produzido.

Page 16: Produção de queijo de coalho inoculado com bactérias ...ppgcta.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/dissertacoes/2012/Suzele Souza.pdf · Na busca de um fugaz momento de felicidade. Prosseguimos!

16

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 BÚFALO NO BRASIL

O búfalo doméstico (Bubalus bubalis) é um animal de extrema

versatilidade e utilidade para o homem, seja para a produção de carne e leite,

ou para o trabalho. Encontra-se em todas as regiões do mundo, devido sua

elevada capacidade de adaptação aos mais variados ambientes. Foram

domesticados no terceiro milênio a.C. na Mesopotâmia, e no segundo milênio

a.C. na China, posteriormente, introduzidos na Europa, extremo Oriente e

África. Chegou ao Brasil através da Ilha de Marajó-Pará, no ano de 1895 e

hoje, pode ser encontrado em todos os Estados do território nacional

(NASCIMENTO e CARVALHO, 1993; MARQUES e CARDOSO, 1997; MOURA

CARVALHO e LOURENÇO JÚNIOR, 2001).

Dados de 2011, do Ministério da Agricultura, estimam que o rebanho

brasileiro esteja em torno de 1,15 milhões de bubalinos, sendo que a região

Norte possui o maior rebanho do País, com 720 mil animais, com destaque

para o Pará, que responde por 39% do rebanho nacional. Em seguida

aparecem o Nordeste e o Sudeste, com 135 e 104 mil cabeças,

respectivamente (BRASIL, 2011).

De acordo com Vale (1998), a criação vem se difundindo mundialmente,

devido à superioridade que pode apresentar em relação a outros ruminantes

domésticos, principalmente em função de sua rusticidade e adaptação às

variadas condições climáticas e de manejo. Os búfalos são criados no Brasil

para a produção de carne e leite, principalmente, servindo, ainda, como animal

de trabalho (sela, tração, aração e afins), meio de transporte; atração turística,

dentre outras (MARQUES et al, 2006).

2.2 ASPECTOS FÍSICO-QUÍMICOS DO LEITE DE BÚFALA E SEUS

DERIVADOS

O leite e produtos lácteos são caracterizados como alimentos completos

porque apresentam teor relevante de lipídios, proteínas, minerais e vitaminas.

Page 17: Produção de queijo de coalho inoculado com bactérias ...ppgcta.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/dissertacoes/2012/Suzele Souza.pdf · Na busca de um fugaz momento de felicidade. Prosseguimos!

17

A atuação das lipases (enzimas que atuam sobre os lipídios), intensificam

características sensoriais e modificam as propriedades físico-químicas do

queijo (ABIQ, 2005; FURTADO & CHANDAN, 2000).

As características fisico-quimicas dos leites bovino e bubalino foram

avaliadas em estudos conduzidos por Huhn et al. (1991), e apresentados na

Tabela 1.

Tabela 1- Características físico-químicas do leite bovino e bubalino.

Determinação Bovino Bubalino

Umidade (%) 87,5 82,5

Gordura (%) 3,9 8,0

Lactose (%) 4,8 4,9

Caseína (%) 2,9 3,8

Acidez em D0 15 a 20 17 a 23

Densidade a 150C 1,028 a 1,033 1,0314 a 1,0336

Extrato seco desengordurado (%) Mín. 8,5 -

Extrato seco total (%) Mín. 11,5 17,5

pH 6,65 6,43- 6,80

Fonte: Huhn et al (1991).

Estes pesquisadores observaram uma superioridade do leite bubalino em

relação ao leite bovino no que diz respeito a gordura, caseína e extrato seco

total, o que permite um maior rendimento nos produtos obtidos a partir do leite

bubalino. No entanto, a composição química do leite de búfala é influenciada

por fatores como: raça, estágio de lactação, idade, manejo, sanidade,

condições climáticas e alimentação (HUHN et al., 1982).

Segundo Rodrigues (2012), a gordura, é um dos componentes mais

importantes do leite, afetando diretamente rendimento econômico, sabor,

aroma, textura e consistência do queijo. Sob o ponto de vista nutritivo, a

gordura apresenta níveis apreciáveis de ácidos graxos essenciais ao

organismo. A proporção de ácido graxo saturado e poliinsaturado é

considerada nutricionalmente adequada as nossas necessidades

(FIGUEIREDO, 2006).

Page 18: Produção de queijo de coalho inoculado com bactérias ...ppgcta.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/dissertacoes/2012/Suzele Souza.pdf · Na busca de um fugaz momento de felicidade. Prosseguimos!

18

As micelas da caseína do leite de búfala são maiores do que as

encontradas no leite bovino, fazendo com que a coalhada elaborada com leite

de búfala retenha menos água que as do leite de vaca, durante a ação do

coalho, devido a baixa capacidade de retenção da proteína, tornando assim o

produto mais consistente. Outro fator que faz com que este leite coagule mais

rápido que o de bovino é o seu alto teor de cálcio (HUHN et al., 1982).

Macedo et al (2001), demonstraram que existe diferença na composição

química do leite de búfala nos diferentes períodos do ano, nos teores de extrato

seco desengordurado e gordura. Além disso, a acidez titulável do leite sofre

variação influenciada pelo aumento da temperatura ambiente, permitindo uma

fermentação mais rápida deste pelas bactérias contaminantes.

Para Huhn et al (1982) e Queiroz (2001), os estudos realizados em

rebanhos bubalinos na região Amazônica, verificaram que o leite de búfala

apresenta uma composição química superior em relação ao leite bovino em:

43,81% nos sólidos totais, 43,60% em gordura, 17,10% em extrato seco

desengordurado, 41,54% em proteína (caseína) e 2,4% em lactose, o que

permite maior rendimento em produção de queijos, logo, é na qualidade físico-

química do leite bubalino que reside a maior vantagem desse produto, por ser

mais concentrado que o leite bovino. Apresenta também, menos água e mais

matéria seca, o que proporciona maiores teores de proteínas, gorduras e

minerais, com destaque para o cálcio e fósforo (HARPER, 1971).

De acordo com estudos realizados por Souza et al (2002), são

necessários quatorze litros de leite bubalino para produzir um quilo de queijo

mussarela, enquanto que para produzir a mesma quantidade de queijo

utilizando leite bovino seriam necessários vinte litros de leite, representando um

rendimento de 30%.

Andriguetto (2011) relata que os dados referentes à acidez, foram

publicados somente em 1994 no Diário Oficial da União, compreendendo

valores para acidez titulável para o leite de búfalas entre 14°D e 23°D Huhn et

al, (1991), verificou em seus estudos uma variação ligeiramente maior de 17°D

a 23°D para leite bubalino.

A ausência do β-caroteno na composição química do leite bubalino

caracteriza sua coloração branca. É importante mencionar que a ausência de

carotenóide não é um problema nutricional, pois o leite de búfala é fonte de

Page 19: Produção de queijo de coalho inoculado com bactérias ...ppgcta.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/dissertacoes/2012/Suzele Souza.pdf · Na busca de um fugaz momento de felicidade. Prosseguimos!

19

vitamina A. Outra característica importante é que também possui um sabor

bem adocicado, mesmo não contendo mais lactose que o leite bovino

(MACEDO, 2001).

Benevides (1998) e Hühn et al (1991), também realizaram estudos e

avaliaram que produtos lácteos elaborados com leite bulalino apresentam

melhor qualidade e rendimento que os produtos de leite bovino. Além disso, na

elaboração de alguns produtos como leites fermentados e iogurtes utilizando

leite bovino, normalmente seria necessário o aumento de sólidos não

gordurosos pela adição de substâncias espessantes para obter maior

viscosidade. Para os mesmos produtos elaborados a partir de leite de búfala

não é necessário a adição de espessante em virtude do maior teor de sólidos

totais e sólidos desengordurados que este leite contém (FARIA et al, 2006).

Diante de tais vantagens, Blaskovsky et al (2010), observam que é no

aproveitamento industrial do leite búfala que está na prática, sua grande

importância, pois proporciona produtos lácteos de qualidade, como por

exemplo, queijos e iogurtes. Seu rendimento industrial é efetivamente elevado,

superando o rendimento do leite bovino em mais de 40% (BLASKOVSKY et al,

2010). No entanto, Gouvêa & Dias (2004), ao avaliarem o rendimento

econômico do requeijão marajoara, verificaram que o rendimento da fabricação

é maior quando o leite é de final de lactação, quando o teor de gordura na

matéria-prima é superior.

2.3 QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DO LEITE DE BÚFALA

Na chegada à plataforma, o leite deverá ser analisado, classificado e

imediatamente resfriado ou processado. As análises realizadas visam definir os

atributos de qualidade da matéria-prima e estão em conformidade com a

Instrução Normativa nº 68/ 2006 (Métodos Analíticos Físico-Químicos Oficiais

para Leite e Produtos Lácteos), onde verifica-se características sensoriais

como aspecto, cor, sabor e odor, além de requisitos físico-químicos como:

gordura, densidade, acidez, matéria seca, crioscopia e proteínas (BRASIL,

2006).

Page 20: Produção de queijo de coalho inoculado com bactérias ...ppgcta.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/dissertacoes/2012/Suzele Souza.pdf · Na busca de um fugaz momento de felicidade. Prosseguimos!

20

No entanto, microbiologicamente, a qualidade do leite de búfala está

intimamente relacionada aos hábitos do animal e ao manejo de ordenha. Um

fator de relevância é o comportamento do animal de imergir em lagos de água

à procura de conforto térmico, pois sua criação ocorre em condições mais

intensivas, em pastagens cultivadas ou em sistemas integrados de várzea,

alagados e terra firme (MARQUES et al 2006).

Tal hábito dificulta a higienização do úbere da búfala. Cunha Neto (2003)

cita a presença de microrganismos mesófilos no leite de búfala in natura, de

acordo com a estação do ano, encontrando valores entre 5,0 x 104 a 1,3 x 10³

UFC/ ml no inverno, e 1,5 x 105 a 3,2 x 107 UFC/ml no verão. Uma alta

contagem microbiológica, além apresentar risco potencial para a saúde pública,

reduz a vida útil do leite, e resulta em perda na qualidade dos produtos

derivados deste.

A qualidade da matéria prima é essencial para a fabricação de um bom

produto e para queijos produzidos com leite de búfala não é diferente, pois um

leite com baixas contagens de microorganismos e com valores dos

constituintes físico-químico dentro dos parâmetros de referência, podem ser

garantidas características sensoriais adequadas, refletindo na maior

aceitabilidade pelo consumidor, boa durabilidade do produto e maior

rendimento industrial. (TEIXEIRA et al, 2005).

O leite com alta contagem microbiológica altera a coagulação da massa e

conseqüentemente a textura do queijo, o que interfere na sua formação por

refletir diretamente no rendimento da produção passando a apresentar onerosa

diminuição. A durabilidade e as características organolépticas (como o sabor)

do queijo também ficam prejudicadas, fazendo com que o consumidor não

consuma o produto (AMANTE et al., 2001).

São várias as formas de contaminação do leite, a principal é durante a

ordenha, mas as fontes de contaminação contam ainda com equipamentos,

utensílios, manipulação, processamento, transporte e armazenamento, sempre

ocasionando interferência na qualidade de seus derivados (FRANCO &

LANDGRAF, 2008).

Page 21: Produção de queijo de coalho inoculado com bactérias ...ppgcta.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/dissertacoes/2012/Suzele Souza.pdf · Na busca de um fugaz momento de felicidade. Prosseguimos!

21

2.4 QUEIJO DE COALHO

O queijo de coalho é definido como aquele obtido por coagulação do leite

por meio de coalho, complementada ou não pela ação de bactérias lácteas

selecionadas, classificado como queijo de média a alta umidade (Brasil, 1996).

O Queijo de Coalho é um tipo de queijo elaborado com massa semi

cozida a partir de leite cru ou pasteurizado muito consumido na região

nordestina do Brasil (CAVALCANTE et al, 2007).

Segundo Lima (2010), é o queijo mais difundido no Estado do Ceará e

possui grande importância sócio-econômica, com expressiva participação na

fonte de renda e geração de emprego local, justifica ainda que pelo fato de não

necessitar de equipamentos caros, a produção deste queijo é explorada com

bastante êxito nas comunidades rurais. Em sua grande maioria, é produzido

em nível caseiro e artesanal, com tecnologia bem simples, transmitida de

geração a geração em todas as regiões produtoras do estado, pode ser

consumido fresco, assado ou como ingrediente em diversos pratos regionais

(CARVALHO, 2007).

A matéria-prima básica para a indústria do coalho é retirada da quarta

parte do estômago de bezerros lactentes, abatidos entre a 1ª e 5ª semanas de

vida. A principal enzima responsável pela coagulação do leite é a quimosina

também conhecida como renina, uma fosfoproteína de ação proteolítica

presente no estômago de ruminantes jovens. Ela atua hidrolisando ligações

peptídicas da caseína, transformando-a em paracaseína que precipita em

presença de íons Ca2+ formando, então, a coalhada (PERRY, 2004; INSTITUTO

ADOLFO LUTZ, 2004).

O queijo de coalho é produzido de formas variadas, implicando na falta de

padronização das técnicas, o que pode ocasionar diferenças nas

características físico-químicas e microbiológicas do produto, levando

consequentemente ao mercado produtos de baixa qualidade, do ponto de vista

higiênico-sanitário (NASSU et al., 2001, CARVALHO, 2007).

Neste estudo utilizou-se fermento industrializado da marca Bioparaná

(SIF/DIPOA 0019/2019), Composto enzimático a base de quimosina e pepsina

bovina, extraído do abomaso ou quarto estômago de ruminante bovino adulto.

Elaborado através de um moderno processo de fabricação a frio, feito com o

Page 22: Produção de queijo de coalho inoculado com bactérias ...ppgcta.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/dissertacoes/2012/Suzele Souza.pdf · Na busca de um fugaz momento de felicidade. Prosseguimos!

22

uso de ultrafiltração, precipitação e secagem, o que lhe confere um elevado

grau de pureza físico-química e microbiológica.

Quando se utiliza o processo de pasteurização para elaboração do queijo

de coalho, além do objetivo de destruir microrganismos patogênicos, também

se destrói as Bactérias Ácido Lácticas- BAL, que compõem a flora natural do

leite e são responsáveis por atribuir características sensoriais peculiares ao

queijo. Neste caso, faz-se necessário o uso de fermento láctico comercial, o

que pode gerar diferença sensorial quando comparado ao queijo produzido

com leite cru e sem adição de fermento artificial (GRAPPIN e BEUVIER,1997;

MARINO et al, 2003).

De acordo com o Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade de

Queijos, Instrução normativa n° 30, determinado pela portaria 574 do Ministério

de Agricultura e Abastecimento, o queijo de coalho é definido como aquele

obtido por coagulação do leite por meio do coalho ou outras enzimas

coagulantes apropriadas, complementada ou não pela ação de bactérias

lácteas selecionadas, comercializado normalmente com até dez dias de

fabricação e estocado em temperatura média de 10°C- 12°C. É classificado

como um queijo de média a alta umidade, de massa semi-cozida (até 45°C),

cozida (entre 45 e 55°C) ou massa crua (sem aquecimento), apresentando um

teor de gordura nos sólidos totais, variável entre 35 e 60% (BRASIL, 2001 ).

Como características específicas o queijo de coalho apresenta massa

branca, pouco salgada e levemente ácida, casca quase uniforme com a massa

interna, dependendo do tempo de maturação, sendo um tipo de queijo ideal

para assar ou para ser consumido in natura, uma das características esperadas

do queijo de coalho é o não derretimento ao aquecer, permitindo que o mesmo

possa ser assado ou tostado (Ibidem).

De acordo com Vieira e Lourenço Júnior (2006) o queijo coalho elaborado

com leite bubalino ainda é pouco difundido no Estado do Pará, segundo eles,

os lacticínios que trabalham com leite bubalino não possuem controle sanitário

e de qualidade, além de não possuir registro no serviço de inspeção, o que

dificulta a comercialização e sobrevivência destes lacticínios no mercado.

Page 23: Produção de queijo de coalho inoculado com bactérias ...ppgcta.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/dissertacoes/2012/Suzele Souza.pdf · Na busca de um fugaz momento de felicidade. Prosseguimos!

23

2.5 ASPECTOS MICROBIOLÓGICOS DO QUEIJO

A ecologia microbiana dos queijos tem sido estudada há muitos anos e

sabe-se que estes possuem maior vida de prateleira do que a matéria prima de

origem, além de serem mais estáveis. Os alimentos fermentados possuem

aroma e sabor característicos que resultam direta ou indiretamente dos

organismos fermentadores (JAY, 2005).

Considerando que a contaminação em queijos é muito freqüente, estudos

realizados por Feitosa (2003), citam que dentre os produtos derivados do leite,

o queijo é um veículo freqüente de patógenos de origem alimentar e, em

especial, os queijos artesanais por serem na maioria das vezes, elaborados a

partir de leite cru e não sofrerem processo de maturação podem ocasionar

problemas para a saúde pública, pelo risco de causar doenças transmitidas por

alimentos.

As condições de processamento, armazenamento e comercialização do

queijo coalho podem comprometer seriamente suas características

organolépticas, bem como, torná-lo impróprio para consumo, em virtude da

contaminação por microrganismos responsáveis por toxinfecções alimentares

(SÁ et al., 2003).

A precariedade higiênica na cadeia produtiva e de comercialização do

queijo coalho é objetivo de estudos a respeito de sua qualidade microbiológica,

visto que alguns trabalhos relataram a ocorrência de microrganismos

patogênicos como Salmonella spp, Escherichia coli e Estafilococos aureus,e

altas contagens de microrganismos deterioradores (SALOTTI et al., 2006,

CAVALCANTE et al., 2007).

Apesar do leite ser uma fonte de microrganismos indesejáveis do ponto de

vista de segurança microbiológica, ele também pode ser utilizado como fonte

de BAL. Estas bactérias contribuem para o desenvolvimento das características

sensoriais desejáveis do produto, fermentam carboidratos, produzindo ácido, e

são consideradas as principais responsáveis pela acidificação do queijo,

favorecendo a sua conservação (LIMA, 2010).

Naidu et al, (1999) e Guedes Neto et al, (2004) defendem a ação de BAL

(Streptococcus, Enterococcus e Lactococcus) adicionadas em queijos, devido a

produção de várias substâncias antimicrobianas. Durante a fermentação,

Page 24: Produção de queijo de coalho inoculado com bactérias ...ppgcta.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/dissertacoes/2012/Suzele Souza.pdf · Na busca de um fugaz momento de felicidade. Prosseguimos!

24

outros metabólitos como: ácido láctico, peróxido de hidrogênio e dióxido de

carbono são produzidos, além de outras substâncias antimicrobianas de

natureza protéica, denominadas bacteriocinas, que permitem aumentar a vida

de prateleira dos produtos derivados de leite.

Algumas bacteriocinas possuem capacidade de inibir a ação de bactérias

adulterantes e patogênicas, este é um dos motivos que tem despertado

interesse de industrias de alimentos e da comunidade científica, devido ao seu

potencial como biopreservante (JACK et al., 1995; ADAMS & NICOLAIDES,

1997).

2.6 BACTÉRIAS ÁCIDO LÁCTICAS

As Bactérias Ácido Lácticas (BAL) constituem um grande grupo de

bactérias benéficas que têm propriedades semelhantes e que produzem ácido

láctico, como produto final do processo de fermentação. São os

microrganismos responsáveis pelas propriedades sensoriais dos alimentos

fermentados e compreendem 11 gêneros de bactérias gram positivas como:

Carnobacterium, Enterococcus, Lactococcus, Lactobacillus, Lactosphaera,

Leuconostoc, Oenococcus, Pediococcus, Streptococcus Vagococcus e

Weissella (MOGENSEN et al., 2003).

As BAL pertencem a um grupo de microrganismos gram-positivos,

catalase negativos, não formadores de esporos e que geralmente crescem sob

condições microaerófilas ou estritamente anaeróbicas, podendo ser

classificados de acordo com seu produto de fermentação em

heterofermentativas e homofermentativas, e tem como base o produto final da

glicose. Podem ser classificadas como homofermentativas, quando produzem

ácido lático como o principal produto da fermentação da glicose, enquanto que

as heterofermentativas produzem, além de ácido lático, substâncias como

dióxido de carbono, ácido acético, etanol, aldeído e diacetil (CARR et al ,

2002).

Segundo Huertas (2010), as BAL são muito utilizadas como fermento

láctico durante a fabricação de queijos, por conferir características como sabor,

aroma e textura, agregando valor ao produto final.

Page 25: Produção de queijo de coalho inoculado com bactérias ...ppgcta.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/dissertacoes/2012/Suzele Souza.pdf · Na busca de um fugaz momento de felicidade. Prosseguimos!

25

Estudos realizados por Guedes Neto (2004), avaliaram também o

potencial para a utilização futura de bactérias fermentadoras de lactose

isoladas a partir de produtos lácteos artesanais, como o queijo de coalho e

verificaram efeitos funcionais de antagonismo in vitro contra microrganismos

indesejáveis e sensibilidade a antimicrobianos de BAL isoladas de queijo de

coalho produzido em Pernambuco.

Lópes-Díaz (2000), defende que essas bactérias possuem a capacidade

de produzir ácido através da fermentação de carboidratos, sendo capazes de

realizar coagulação do leite em um período de 24 horas a temperatura acima

de 20 °C, promovendo conseqüente redução de pH do leite de 6,6 para 4,6, o

que facilita a coagulação e dessoragem do leite, além de impedir o

desenvolvimento de microrganismos responsáveis por infecções.

Trabalhos desenvolvidos por Naidu (1999) e Alexandre et al (2002)

discorrem em seus estudos que a ação de BAL produzem substâncias

antimicrobianas como: ácidos orgânicos, peróxido de hidrogênio, dióxido de

carbono, diacetil, acetaldeído e bacteriocinas, sendo estas resultantes de seu

metabolismo quando utilizam-se de lactose como fonte de carbono, e como

resultado desse processo favorecem o produto alimentício ao qual foram

adicionados, sendo capazes de exercer efeitos benéficos ao hospedeiro, por

este motivo podem ser denominados de microrganismos probióticos,

apresentando um amplo espectro de ação contra microrganismos patogênicos

e deteriorantes.

Jack et al (1995), mostram em seus estudos que as BAL têm despertado

interesse no meio científico e industrial devido seu poder biopreservante, a

partir da produção de bacteriocinas, pois possuem a capacidade de inibir

bactérias adulterantes e patogênicas. Os trabalhos desenvolvidos por

Alexandre (2002), Vasquéz et al (2009) e Huertas (2010), verificaram a ação

antimicrobiana dessas bactérias, e constataram a presença de Lactococcus,

Enterococcus e Streptococcus.

Page 26: Produção de queijo de coalho inoculado com bactérias ...ppgcta.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/dissertacoes/2012/Suzele Souza.pdf · Na busca de um fugaz momento de felicidade. Prosseguimos!

26

2.6.1 Lactococcus

Os Lactococcus são os microrganismos mesofílicos mais usados para a

produção de ácido nas fermentações lácteas, pois são capazes de converter

rapidamente a lactose em ácido lático, crescem a temperatura de 10 °C, mas

não a 45°C em pH ótimo de 6,0–6,5, que são características importantes

usadas na sua identificação. Na temperatura entre 20 °C e 30 °C, os

Lactococcus levam um período de 10 a 20 horas para fermentar o leite cru

(TEUBER, 1995).

Os Lactococcus são bactérias, que normalmente estão presentes em

queijo frescos que não sofrem cozimento. Estudos de Fontán et al (2001) e

Lópes-Díaz (2000), verificaram que o número de Lactococcus em queijos é

reduzido durante o processo de cura.

Segundo Neves et al (2000), os Lactococcus tem como principal produto

de fermentação o lactato, responsável por melhorar a conservação do derivado

produzido, além de alguns produtos minoritários do metabolismo que

contribuem significativamente para as propriedades organolépticas. Para a

textura observa-se produção de exopolissacáridos e para o valor nutricional

dos produtos lácteos existe a presença de probióticos.

Entre as cinco espécies de lactococcus, destaca-se o Lactococcus lactis, pois

é significante na fermentação dos produtos lácteos. Desta, as subespécies mais

importantes são Lactococcus lactis subsp. lactis e Lactococcus lactis subsp.

cremoris – esta subespécie confere melhor sabor ao queijo (FOX et al., 2000).

A espécie L. lactis, tem capacidade para sintetizar aminoácidos, possui

papel importante e desejável na fabricação de queijos pela produção ácido

lático e outros ácidos orgânicos que podem colaborar no aparecimento do

sabor e aroma do produto, como o diacetil, produto que pode ser originado a

partir do piruvato (BROLAZO,2003 ).

Page 27: Produção de queijo de coalho inoculado com bactérias ...ppgcta.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/dissertacoes/2012/Suzele Souza.pdf · Na busca de um fugaz momento de felicidade. Prosseguimos!

27

2.6.2 Streptococcus

Os cocos desta espécie apresentam-se aos pares, formando cadeias

curtas ou longas, são homofermentativos, sua classificação pode ser realizada

mediante reações sorológicas de precipitação, no qual o grupo de interesse se

refere ao Streptococcus pertencente ao grupo láctico, e é formado pelas

espécies S. latis e S. cremosis. Esta espécie se difere por sua resistência ao

calor, pois consegue crescer a temperaturas de 45 °C a 52 °C, conseguindo

sobreviver ao aquecimento de 60 0C por 30 minutos, não toleram concentração

de sal superior a 4,0% e são responsáveis pelas características sensoriais

sensoriais específicas, como no caso do creme de leite e manteiga e interferen

na acidificação do leite recém ordenhado (SILVA, 2000).

Streptococcus thermophilus é a única espécie do gênero Streptococcus

utilizada nas fermentações lácticas, sendo considerada a segunda mais

importante cultura utilizada em escala industrial, depois das culturas de L.

lactis. Apresenta a habilidade de fermentar um pequeno número de

carboidratos e possui atividade proteolítica limitada. O pH ótimo para o

crescimento do S. thermophilus é de 6,5 (HASSAN e FRANK, 2001; HOLS et

al, 2005).

No processo de fermentação ocorre a acidificação de produtos lácteos

submetidos a elevadas temperatuas. Durante este processo é possível a

associação entre Streptococcus e Lactobacillus. A vantagem dessa associação

é que os lactobacilos termofílicos desempenham o importante papel de utilizar

a galactose, a qual não é utilizada pelo S. thermophilus. Dessa maneira, os

lactobacilos termofílicos complementam a acidificação do queijo e reduzem o

seu escurecimento (fenômeno conhecido como browning), que ocorre quando

ele é aquecido (MICHEL e MARTLEY, 2001).

Page 28: Produção de queijo de coalho inoculado com bactérias ...ppgcta.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/dissertacoes/2012/Suzele Souza.pdf · Na busca de um fugaz momento de felicidade. Prosseguimos!

28

2.6.3 Enterococcus

As bactérias do gênero Enterococcus fazem parte de um grupo

heterogêneo de cocos Gram positivos, que partilham muitas das suas

características com os gêneros Streptococcus e Lactococcus. No grupo

Enterococcus, as espécies mais frequentemente isoladas são: E. faecalis e E.

faecium (BROLAZO,2003).

As bactérias deste grupo são capazes de crescer no intervalo de 10 0C a

45 0C, e toleram concentração de sal a 6,5% ou mais elevadas, são capazes

de crescer em altos valores. De acordo com Cavalcante et al (2007), a

resistência térmica dos Enterococcus (62,8 °C por 30 minutos) explica sua

presença nos queijos produzidos tanto a partir de leite cru, como leite

pasteurizado.

A presença de Enterococcus em produtos lácteos pode ser indicativo de

condições sanitárias deficientes durante o processamento do leite, porém,

alguns autores sugerem que certas cepas de Enterococcus podem ser

altamente desejáveis para o desenvolvimento do sabor durante a maturação de

determinados queijos. O isolamento dos Enterococcus, a partir da microbiota

do leite, pode ser explicado por sua resistência térmica, sendo Enterococcus

faecium e E. faecalis as espécies mais encontradas (GIRAFFA et al., 1997;

FRANZ et al, 1999; CENTENO et al., 1996).

Mamede (2008) verificou em seus estudos que a etapa de cozimento da

massa de queijo favoreceu o desenvolvimento de Enterococcus e bactérias

lácticas. Porém, este crescimento não foi afetado pela variação da temperatura

de cozimento de 40 até 50°C. Com o tempo de armazenamento refrigerado dos

queijos de coalho, o número de Enterococcus e a produção de diacetil/acetoína

aumentaram significativamente. Os resultados obtidos mostram que a

produção de diacetil/ acetoína, e o consequente sabor e aroma de manteiga no

queijo de coalho, pode estar associada ao desenvolvimento de bactérias do

gênero Enterococcus.

Page 29: Produção de queijo de coalho inoculado com bactérias ...ppgcta.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/dissertacoes/2012/Suzele Souza.pdf · Na busca de um fugaz momento de felicidade. Prosseguimos!

29

2.7 FERMENTAÇÃO DAS BACTÉRIAS ÁCIDO LÁCTICAS

As formas de classificar a fermentação realizadas por bactérias ácidos

lácticas ocorre com base nos produtos finais do metabolismo da glicose, sendo

estas fermentação homoláctica e heteroláctica.

Na fermentação homoláctica, o ácido láctico é o único produto da

fermentação da glicose e as bactérias podem extrair duas vezes mais energia

de uma quantidade definida de glicose do que as heterolácticas (Figura 1). O

comportamento homofermentativo é observado quando a glicose é

metabolizada, mas não necessariamente quando as pentoses o são, já que

algumas bactérias homolácticas produzem ácidos acético e láctico quando

utilizam pentoses. O caráter homofermentativo de algumas linhagens pode ser

alterado de acordo com fatores condicionantes de crescimento, como

concentração de glicose, pH e limitação de nutrientes. Todos os membros dos

gêneros Pediococcus, Streptococcus, Lactococcus e Vagococcus são

homofermentadores, assim como alguns Lactobacillus, e são muito importantes

para a formação de acidez em laticínios (JAY, 2005; FRANCO, 1996).

Durante a fermentação heteroláctica (Figura 1) ocorre produção de

lactato, dióxido de carbono e etanol a partir de hexoses. As bactérias

heterolácticas são mais importantes do que as homolácticas na produção de

componentes de aroma e sabor, tais como o acetilaldeído e o diacetil. As

bactérias que realizam heterofermentação são: Leuconostoc, Oenococcus,

Weissela, Carnobacterium, Lactosphaera e alguns Lactobacillus. O processo

de formação de diacetil a partir de citrato na indústria de alimentos é

fundamental para a formação de odor (FRANCO, 1996).

As culturas lácticas após adicionadas ao leite iniciam o processo de

fermentação de acetil metil carbinol e dos ácidos lácticos, acético e fórmico, o

que favorece o predomínio de Lactobacillus bulgaricus, microrganismo detentor

de uma velocidade de crescimento mais reduzida, com leve atividade

proteolítica, porém suficiente para liberar peptídeos procedentes de hidrólise

das proteínas lácticas, que estimulam o Streptococcus thermophillus, podendo

seu crescimento ser afetado pela acidez, porém, pode facilitar o crescimento de

L. bulgaricus, responsável pela maior parte da acidificação e produção de

Page 30: Produção de queijo de coalho inoculado com bactérias ...ppgcta.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/dissertacoes/2012/Suzele Souza.pdf · Na busca de um fugaz momento de felicidade. Prosseguimos!

30

acetaldeído, que em conjunto com o acetil metil carbinol formam o aroma

característico dos produtos lácticos (SILVA, 2000).

Carr et al (2002) ressalta em seus estudos que utilização das BAL

heterofermentativas, em alimentos se justifica, sobretudo, pela sua capacidade

de produzir compostos flavorizantes, muito mais do que pela sua habilidade

acidificante. Isto ocorre porque os microrganismos heterofermentativos utilizam

na fermentação de hexoses a via pentose monofosfato, produzindo, durante o

processo de conversão de hexose em pentose, substâncias aromáticas, como

aldeído e diacetil.

Figura 1 - Representação esquemática do metabolismo da lactose e da glicose por bactérias lácticas homofermentativas e heterofermentativas. Fonte: Brolazo, 2003 .

Page 31: Produção de queijo de coalho inoculado com bactérias ...ppgcta.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/dissertacoes/2012/Suzele Souza.pdf · Na busca de um fugaz momento de felicidade. Prosseguimos!

31

3 MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Material

Este trabalho foi desenvolvido com leite bubalino de lacticínio, localizado

no Km 24 da Alça Viária, Ramal Santo Amaro, no município de Bujarú- Pará,

onde foram realizados o processamento do leite e elaboração do queijo coalho.

O controle do rebanho era realizado periodicamente por médico veterinário.

Para elaborar os queijos foi utilizado coalho da marca Bioparaná (1,5g/ 40 mL

de água) na concentração de 0,5% em relação ao volume de leite e culturas

lácticas (Streptococcus, Enterococcus e Lactococcus) isoladas e

caracterizadas por Guimarães (2011), a partir do queijo marajoara. Foi

elaborado também queijo de coalho sem adição de bactérias lácticas (padrão),

para efeito de estudo comparativo.

3.2 Métodos

3.2.1 Análises físico-químicas do leite

Seguindo a instrução normativa n° 51, proposta pelo Ministério da

Agricultura, Pecuária e abastecimento, após a recepção na plataforma do

lacticínio, o leite foi submetido à inspeção de rotina, sendo, em seguida,

pasteurizado (75°C/ 15 segundos) em trocador de calor com placas (Marca

West, modelo M 2902), (BRASIL, 2002).

Uma amostra de 1000 mL de leite foi coletada em embalagem de vidro

devidamente esterilizada e transportada, em embalagem térmica de

poliestireno expandido contendo gelo em seu interior, para o Laboratório de

físico-química da UFPA a fim de realizar as análises no tempo máximo de 24

horas.

Foram realizadas análises de acidez em graus Dornic, peroxidase,

fosfatase, gordura, densidade, proteína e resíduo mineral fixo, todas em

duplicata.

Page 32: Produção de queijo de coalho inoculado com bactérias ...ppgcta.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/dissertacoes/2012/Suzele Souza.pdf · Na busca de um fugaz momento de felicidade. Prosseguimos!

32

3.2.1.1 Determinação da acidez em graus Dornic

Transferiu-se, com auxílio de pipeta volumétrica, 10 mL da amostra para

um erlenmeyer de 125 mL. Adicionou-se 5 gotas da solução de fenolftaleína,

após este procedimento, foi realizada a titulação com a solução de hidróxido de

sódio N/9, até o aparecimento de coloração rósea. Procedeu-se a leitura

considerando que cada 0,1 mL da solução de hidróxido de sódio N/9 equivale a

1°D (AOAC, 1997).

3.2.1.2 Prova de peroxidase

Transferiu-se 10 mL da amostra para um tubo de ensaio de 20 mL, com

subsequente aquecimento em banho-maria a (43 ± 2)°C por 5 minutos. Em

seguida foram adicionados 2 mL da solução de guaiacol e 3 gotas de peróxido

de hidrogênio. O desenvolvimento de uma coloração salmão indica peroxidase

positiva (AOAC, 1997).

3.2.1.3 Determinação de fosfatase

Utilizou-se o kit Liquiform-R1, para prova de fosfatase, da marca Labtest

Hitach 912®, onde se coloca 1 ml desta solução em um tubo de ensaio,

aquecendo a 35°C. Em seguida adicionou-se duas gotas do leite pasteurizado.

Para indicar que o leite sofreu o processo de pasteurização adequado, a

solução deverá permanecer amarela.

3.2.1.4 Determinação de gordura

Foram transferidos, para lactobutirômetros, 10 mL de acido sulfúrico

(D=1,820 a 1,825) seguido de adição de 11 mL de leite. Em seguida foi

colocado 1 mL de álcool isoamílico. Procedeu-se a centrifugação em centrifuga

de Gerber a 1200 rpm/5 minutos, seguida de transferência para banho-maria

Page 33: Produção de queijo de coalho inoculado com bactérias ...ppgcta.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/dissertacoes/2012/Suzele Souza.pdf · Na busca de um fugaz momento de felicidade. Prosseguimos!

33

em temperatura de 63±2°C, por três minutos. Após isso foi realizada a leitura

da porcentagem de gordura na escala do lactobutirômetro (AOAC, 1997).

3.2.1.5 Determinação de densidade

Transferiu-se, para uma proveta, uma quantidade do leite previamente

homogeneizado e efetuaram-se as leituras de densidade e temperatura

utilizando o termolactodensimetro de Quevenne. Em seguida foi feita a

correção da densidade para expressão do resultado a 15 °C (AOAC, 1997).

3.2.1.6 Determinação de proteína

A determinação foi realizada segundo a metodologia de Kjeldahl

utilizando-se o fator de 6,38 para conversão do nitrogênio em proteína (AOAC,

1997).

3.2.1.7 Determinação de resíduo mineral fixo

Pipetou-se 20 mL de leite para uma cápsula de porcelana, previamente

aquecida e tarada. Em seguida foi feita a evaporação do mesmo em banho-

maria até secagem. Após a secagem foi realizada a carbonização seguida de

incineração em mufla a 550 °C (AOAC, 1997).

3.2.2 Processo de elaboração dos queijos de coalho

Após a pasteurização do leite foram elaborados quatro tipos de queijos

de coalho seguindo o fluxograma da Figura 2. O procedimento de elaboração

de um dos queijos seguiu o método padrão utilizado pelo laticínio, enquanto

que aos demais foram adicionadas diferentes espécies de BAL isoladas de

queijo marajoara.

Page 34: Produção de queijo de coalho inoculado com bactérias ...ppgcta.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/dissertacoes/2012/Suzele Souza.pdf · Na busca de um fugaz momento de felicidade. Prosseguimos!

34

Figura 2 - Fluxograma de elaboração do queijo de coalho com leite bubalino.

Recebimento do leite de búfala

Análises de plataforma

Pasteurização (75 °C)

Adição de BAL

Adição de coalho (25 minutos)

Corte da coalhada

Homogeneização (5 minutos)

Adição de água quente (80 °C)

Massa reservada (4 horas)

Dessoragem/Salga

Adição de água quente (80 °C)

Enformagem/Prensagem

Embalagem

Page 35: Produção de queijo de coalho inoculado com bactérias ...ppgcta.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/dissertacoes/2012/Suzele Souza.pdf · Na busca de um fugaz momento de felicidade. Prosseguimos!

35

3.2.2.1 Processo de ativação das bactérias lácticas

As cepas utilizadas estavam acondicionadas sob refrigeração em tubos de

ensaio contendo ágar nutriente. Foram selecionados dois isolados de

Streptococcus (1ST16, 2SB26), dois de Enterococcus (2ST2, 2ST16) e nove de

Lactococcus (1C10, 1S3p, 1SB13, 1ST10, 1ST11, 1ST22, 2SB24, 2ST11,

2ST18). Os três gêneros de BAL foram ativados de forma a fornecer um volume

final de 240 mL para cada um deles.

Para Streptococcus, cada isolado foi repicado em tubos de ensaio de 10 ml

contendo leite desnatado reconstituído (LDR) na concentração de 10%, com

incubação a 36°C por 24 horas (Figura 3). Após este período, cada cepa foi

repicada para um erlenmeyer contendo 120 ml de LDR 10%, seguido de

incubação a 36°C por 12 horas. Em seguida os volumes dos dois enlermeyers

com as cepas de Streptococcus foram transferidos para um único em

erlenmeyer, totalizando 240 ml. Procedimento semelhante foi realizado para

ativação de Enterococcus.

Figura 3 - Esquema de ativação de Streptococcus e Enterococcus para

utilização como inóculo no leite.

Page 36: Produção de queijo de coalho inoculado com bactérias ...ppgcta.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/dissertacoes/2012/Suzele Souza.pdf · Na busca de um fugaz momento de felicidade. Prosseguimos!

36

Para ativar os isolados de Lactococcus utilizou-se nove tubos de ensaio

contendo 10 mL de LDR a 10%. Cada tubo inoculado foi incubado a 36°C por 24

horas, em seguida os inóculos foram repicadas para nove tubos de contendo 30

ml LDR 10% seguido de nova incubação a 36°C por 12 horas. Posteriormente os

tubos contendo os isolados foram colocados em um único erlenmeyer,

resultando em um volume de 270 ml, destes foram utilizados 240 ml para adição

ao leite.

Figura 4 - Esquema de ativação de Lactococcus para utilização como inóculo no

leite.

Preparados os três inóculos, os erlenmeyers foram transportados à

temperatura ambiente em caixa térmica para o laticínio no município de Bujarú/

PA, onde foi elaborado o queijo.

Page 37: Produção de queijo de coalho inoculado com bactérias ...ppgcta.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/dissertacoes/2012/Suzele Souza.pdf · Na busca de um fugaz momento de felicidade. Prosseguimos!

37

3.2.3 Elaboração do Queijo de Coalho

A elaboração dos quatro tipos de queijos de coalho seguiu os

procedimentos: O leite bubalino pasteurizado foi distribuído em quatro

recipientes (A, B, C e D) de aço inox ficando cada um com 17,5 litros,

quantidade suficiente para produção de 2,5 kg de cada tipo de queijo. O coalho

foi diluído (1,5 g de coalho/ 40 mL de água) em seguida, foram adicionados

para cada 17,5 litros de leite. Nos recipientes A, B e C foram adicionados 240

ml de inóculo contendo as bactérias Streptococcus, Lactococcus e

Enterococcus alternativamente, enquanto que no recipiente D não houve

adição de inóculo.

Em seguida o leite foi aquecido a 32 °C/ 40 minutos para facilitar a

coagulação e subsequente corte com a lira, alem da homogeneização da

massa durante cinco minutos e adição de cinco litros de água quente (80 °C),

resultando em temperatura final de (41 °C).

Foi retirado o soro do leite e salga da massa do coalho, sendo utilizados

76 g de NaCl/ kg de massa. Adicionou-se novamente 5 litros de água quente

(80 °C) para permitir a homogeneização da massa, com subsequente retirada

da massa coagulada. Em seguida ocorreu a enformagem e prensagem em

prensa pneumática da marca Beltron (modelo CP12LL1P) por trinta minutos.

Decorrido esse tempo, retirou-se os queijos das formas e colocou-se

novamente nas mesmas de forma invertida, para mais 30 minutos de

prensagem, finalizando um total de 60 minutos.

Após a elaboração, os queijos foram divididos em frações de 250 g e

embalados, utilizando embalagem plástica termoencolhível e seladora a vácuo

(Marca Selovac, modelo 300 B).

A seguir os mesmos foram transportados, em caixas de poliestireno

expandido contendo gelo, para a Universidade Federal do Pará (UFPA) onde

um queijo (250 g) de cada tipo foi utilizado para realizar as análises físico-

químicas e microbiológicas em período inferior a 24 horas. Os demais queijos

foram divididos em dois lotes: o primeiro com quatro unidades de 250 g de

queijo conservado em temperatura média de 29 °C, enquanto que o segundo

com mais quatro unidades foi conservado sob refrigeração, a 5 °C.

Page 38: Produção de queijo de coalho inoculado com bactérias ...ppgcta.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/dissertacoes/2012/Suzele Souza.pdf · Na busca de um fugaz momento de felicidade. Prosseguimos!

38

3.2.3.1 Análise das características físico-químicas e microbiológicas do

queijo de coalho

As análises de cinzas, lipídeos e proteínas foram realizadas em até 24

horas de elaboração dos queijos. A análise de umidade foi realizada em até 24

horas de elaboração do queijo e a cada 10 dias por um período de 30 dias com

o objetivo de observar seu comportamento. Todas as análises foram feitas em

duplicata.

As análises microbiológicas realizadas foram de bactérias lácticas,

bolores e leveduras, coliformes totais, coliformes termotolerantes, Estafilococos

coagulase positiva e Salmonella sp seguido a instrução normativa n° 62

(BRASIL, 2003>). Todas foram realizadas durante 30 dias.

3.2.3.2 Análises físico-químicas do queijo de coalho

Foram realizadas análises físico-químicas nos queijos segundo as

metodologias:

a) Umidade

O método gravimétrico foi empregado para determinação de umidade.

Foram pesados 5 g de queijo em uma cápsula pesa filtro, previamente tarada.

A amostra foi aquecida em estufa a 105 °C por 16-24 horas, posteriormente foi

resfriada em dissecador e pesada. O aquecimento e resfriamento foram

repetidos até peso constante (AOAC, 1997).

b) Cinzas

Foram pesados 5 g de queijo em cadinho, carbonizado em bico de gás e

levado a mufla a 550 0C. Resfriou-se a amostra em dissecador e

posteriormente as cinzas foram pesadas (AOAC, 1997).

Page 39: Produção de queijo de coalho inoculado com bactérias ...ppgcta.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/dissertacoes/2012/Suzele Souza.pdf · Na busca de um fugaz momento de felicidade. Prosseguimos!

39

c) Lipídeos

Para a determinação do teor de lipídeos foi utilizado o método de

extração/solvente em aparelho Soxhlet (AOAC, 1997).

d) Proteína

Para a determinação do teor protéico do queijo foi utilizado o método de

Kjeldahl onde o fator de conversão utilizado foi de 6,38 (AOAC, 1997).

3.2.4 Análises microbiológicas do queijo de coalho

As determinações microbiológicas foram realizadas seguindo a

metodologia da Instrução Normativa n° 62 (BRASIL, 2003), que trata dos

métodos oficiais para análises microbiológicas em produtos de origem animal e

tendo como objetivos o atendimento das legislações do Ministério da

Agricultura e Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA, Resolução n°

12, de 2 de janeiro de 2001 (ANVISA, 2001). Todas as análises foram

realizadas em duplicata e feitas na seguinte sequência:

a) Preparo de suspensão e diluições

Foram utilizadas 25 g de cada amostra de queijo para diluição em 225 mL

de água peptonada a 0,1%. A homogeneização ocorreu em “stomacher” por

dois minutos.

b) Contagem de bactérias lácticas

Para contagem de bactérias lácticas, foi empregado o método de

contagem padrão em placas, que consiste na semeadura em meio ágar MRS.

Page 40: Produção de queijo de coalho inoculado com bactérias ...ppgcta.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/dissertacoes/2012/Suzele Souza.pdf · Na busca de um fugaz momento de felicidade. Prosseguimos!

40

A semeadura foi realizada em profundidade, e as placas foram incubadas

invertidas, em temperatura de 37 °C, por 24 a 48 horas.

c) Contagem de bolores e leveduras

Foi utilizado o ágar batata dextrose acidificado (BDA) com 1 ml de ácido

tartárico a 10% (1 ml para cada 100 ml de solução), homogeneizado e

solidificado em placas de Petri. O plaqueamento foi realizado em superfície,

utilizando-se 0,1 ml das diluições selecionadas, e incubando-se, a 25 °C/ 5

dias.

d) Coliformes totais e coliformes termotolerantes

A determinação de coliformes foi realizada pela técnica do número mais

provável (NMP), com três séries de três tubos. Empregou-se, como meio

presuntivo, o caldo lauril sulfato triptose (LST), com incubação a 35°C, durante

24-48 horas. Após leitura, os tubos positivos (que apresentaram gás) foram

repicados para caldo verde brilhante bile 2% (VB) e caldo E. coli (EC) sendo o

primeiro incubado a 35 °C, por 24 a 48 horas para confirmação de coliformes

totais e os tubos com caldo EC incubados, em banho-maria, a 45,5° C/ 24

horas para confirmação de coliformes termotolerantes.

e) Contagem de Estafilococos coagulase positiva

Realizou-se plaqueamento, em superfície, no ágar Baird-Parker (BP)

enriquecido com gema de ovo e polimixina com posterior incubação a 35-37

°C/ 45-48 h. As colônias típicas foram transferidas para tubos com caldo BHI

(Brain Heart Infusion broth) e ágar triptose de soja (TSA) com posterior

incubação a 35-37 °C/18-24 h. Em seguida foram realizados os testes de

coloração de Gram, coagulase e catalase. Colônias Gram positivas, coagulase

e catalase positivas foram consideradas Estafilococos.

Page 41: Produção de queijo de coalho inoculado com bactérias ...ppgcta.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/dissertacoes/2012/Suzele Souza.pdf · Na busca de um fugaz momento de felicidade. Prosseguimos!

41

f) Pesquisa de Salmonella sp

Foram colocados 25 g de queijo em 225 ml de água peptonada

tamponada. Após a incubação, a 35 °C, por 24 horas, 1 ml dessa suspensão foi

transferida para 100 ml de caldo selenito-cistina e 1 ml para 10 ml de caldo

tetrationato com incubação a 42 °C, por 24 horas. Após esse período, foram

realizadas semeaduras, por esgotamento, em placas de Petri, contento ágar

SS (Salmonella-Shigella) e ágar enterico de Hectoen. A incubação foi realizada

à 35 °C, por 24 horas. As colônias suspeitas foram confirmadas, pelos testes

bioquímicos (TSI, LIA, caldo uréia, meio IAL, caldo malonatofenilalanina) e

sorológicos (soro O e H polivalente).

4 ANÁLISE SENSORIAL

A análise sensorial do queijo de coalho foi realizada com 40 provadores

não treinados e não selecionados, adultos, de ambos os sexos, no horário de

09:00 às 10:00 horas. O teste foi realizado no Laboratório de Análise Sensorial

da Faculdade de Engenharia de Alimentos da Universidade Federal do Pará.

O teste foi aplicado após submissão e aprovação do trabalho pelo Comitê

de Ética em Pesquisa (CEP) do Centro de Ciências da Saúde da Universidade

Federal do Pará. Os provadores participantes da pesquisa assinaram um

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), de acordo com as

exigências do CEP (Anexo A).

Para análise sensorial, o teste acorreu com 15 (quinze) dias de maturação

do queijo de coalho, sendo mantidos sob refrigeração de 5 °C. Foram

realizados os testes de aceitação em escala hedônica de 9 pontos e

ordenação/ preferência (DUTCOSKY 2009; TEIXEIRA, 2000).

Cada provador recebeu quatro amostras apresentadas em pequenos

cubos de aproximadamente 20 g, servidas em recipientes plásticos de cor

neutra, e utilizaram duas fichas para realizar os testes de aceitação e

ordenação (Anexo B). A primeira ficha com escala estruturada de 9 nove

pontos e a segunda com as amostras codificadas, de maneira casualizada para

Page 42: Produção de queijo de coalho inoculado com bactérias ...ppgcta.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/dissertacoes/2012/Suzele Souza.pdf · Na busca de um fugaz momento de felicidade. Prosseguimos!

42

realizar ordenação das amostras de acordo com sua preferência (OLIVEIRA,

2010; MINIM, 2010).

5 ANÁLISE ESTATÍSTICA

Para a análise estatística foram aplicados métodos estatísticos descritivos

e inferenciais. A estatística descritiva foi aplicada através do cálculo da média e

desvio-padrão (TEIXEIRA, 1987).

Para se verificar o efeito do período de maturação dos queijos de coalho

sobre os parâmetros físico-químicos e microbiológicos, a inferência estatística

foi implementada através dos testes da análise de variância (ANOVA), e o teste

de Tukey para a comparação das médias.

Em todos os casos foi utilizado o nível de significância de 5%, para

rejeição da hipótese de nulidade, admitindo 05,0<p . Os resultados foram

avaliados de forma gráfica, por histogramas de barras e de linhas. Para o

processamento estatístico foi utilizado o programa Biostat versão 5.0.

Page 43: Produção de queijo de coalho inoculado com bactérias ...ppgcta.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/dissertacoes/2012/Suzele Souza.pdf · Na busca de um fugaz momento de felicidade. Prosseguimos!

43

6 RESULTADOS E DISCUSSÕES 6.1 ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS DO LEITE

Os resultados das análises físico-químicas do leite utilizado na

elaboração do queijo podem ser visualizados na Tabela 2. Não há uma

legislação específica para leite bubalino, portanto a comparação foi feita com

valores estabelecidos pela instrução normativa n° 51 do Ministério da

Agricultura, Pecuária e Abastecimento que trata de leite bovino (BRASIL,

2002).

Tabela 2 - Resultados das análises físico-químicas do leite bubalino após o processamento (média da duplicata).

Determinação Leite

Acidez 20°D

pH 6,67/ 23,2°C

Peroxidase Positiva

Fosfatase Negativa

Gorduras totais (g/100g) 6,2

Densidade 1,028

Proteínas(g/100g) 4,05

Cinzas (g/100g) 1,85

Umidade (g/100g) 82,28

Verifica-se que a acidez de 20 °D está fora da faixa estabelecida pela

legislação, que é de 14 a 18 °D. Teixeira et al. (2005), relataram acidez de 14 e

20°D para leite bubalino, portanto acima dos padrões regulamentados para

bovinos, Huhn et al. (1991), verificaram em seus estudos uma variação de 17 a

23°D mostrando que os resultados deste estudo estão de acordo com os

encontrados na literatura.

Ainda de acordo com a Tabela 2, o valor médio de pH encontrado foi de

6,67. Estes são semelhantes aos resultados de Benevides (1998), que foi de

6,67 e 6,74 para os leites bubalinos das raças Mediterrâneo e Murrah

Page 44: Produção de queijo de coalho inoculado com bactérias ...ppgcta.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/dissertacoes/2012/Suzele Souza.pdf · Na busca de um fugaz momento de felicidade. Prosseguimos!

44

respectivamente e também dentro da faixa encontrada por Macedo (2001), que

obteve valores médios de pH variando de 6,6 a 6,8.

Os testes de peroxidase e fosfatase evidenciaram que o leite foi

pasteurizado corretamente já que os mesmos foram positivo e negativo

respectivamente, o que está em acordo com o preconizado pela instrução

normativa n° 51 (BRASIL, 2002).

O teor de gordura obtido neste estudo de 6,2%, assemelha-se aos

resultados encontrados por Huhn et al (1982), em estudo com búfalas da raça

Mediterrâneo, cujos valores foram de 6,85% e Verruma e Salgado (1994), com

a raça Jafarabadi obtiveram valor médio de 8,16%. Bastianetto (2005),

encontrou teores de gordura que variaram de 5,4 a 8 %, e justifica que essa

variação está relacionada à composição de gordura no leite, que pode variar

conforme o período de lactação, raça, alimentação e outros fatores.

A densidade obtida, de 1,028, está no limite da faixa de 1,028 a 1,032,

estabelecida pela instrução normativa n° 51 (BRASIL, 2002). Huhn et. al.

(1991) encontraram uma variação de 1,028 a 1,033 trabalhando

especificamente com leite bubalino.

O resultado médio para proteína de 4,05%, se assemelha aos

encontrados por Veruma e Salgado (1994) e FAO (2004), com valor médio de

4,50%. Tonhati et al (2001) e Jorge et al (2002), obtiveram os respectivos

valores de 4,2 e 4,7% e justificam que a alimentação com pasto nativo possa

resultar em um menor nível de proteína no leite, o que pode justificar os

resultados desta pesquisa.

O teor de cinzas de 1,85% está acima dos valores de 1,5%, 0,70% e

0,95%, encontrados respectivamente por Huhn et al, (1991); Veruma e

Salgado, 1994; Figueiredo, 2006. A composição físico-química do leite pode

variar em função de uma série de fatores como a intensidade de ordenha,

manejo alimentar e sanitário, além das características genéticas do próprio

animal (BASTIANETTO, 2005).

A umidade encontrada de 82,28% está de acordo com os resultados

publicados por Huhn, et al.(1991), com faixa de 82,21% a 83,93%; Neves

(2002) e Teixeira et al. (2005) de 81,9% e Figueiredo (2010) de 81,99%.

Page 45: Produção de queijo de coalho inoculado com bactérias ...ppgcta.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/dissertacoes/2012/Suzele Souza.pdf · Na busca de um fugaz momento de felicidade. Prosseguimos!

45

6.2 ANÁLISES DO QUEIJO DE COALHO 6.2.1 Análises físico-químicas do queijo de coalho

Os valores das análises físico-químicas do queijo coalho estão

apresentados na Tabela 3.

Tabela 3 - Resultados das análises físico-químicas do queijo de coalho obtido

com leite bubalino.

Tipo de queijo coalho Determinação

(g/100g) Queijo Q Queijo E Queijo L Queijo S

Gorduras totais 24,83 25,81 27,09 27,03

Proteínas 21,66 19,46 20,25 20,71

Cinzas 5,33 4,77 4,75 4,87

Umidade 45,51 46,22 46,60 45,59

Q-Queijo sem adição de inóculo; E- Queijo com adição de Enterococcus; L- Queijo com adição de Lactococcus; S- Queijo com adição de Streptococcus.

A composição química de gordura variou de 24,83 a 27,09 g/100 g.

Pesquisas realizadas por Perez (2005), Cavalcante et al (2007) e Carvalho

(2007), encontraram valores de 30,01 a 32,06%, 27 a 28% e 17,77 a 34,27%,

respectivamente ao analisar queijo de coalho elaborado com leite bovino.

Observa-se que os resultados da literatura variam, no entanto, os valores

encontrados neste estudo, estão dentro dos valores descritos.

O teor de proteínas, variou entre 19,46 a 21,66%. Andrade (2003)

encontrou valores de 20,16 a 26,50%, os quais apresentam similaridade com

este estudo, já Perez (2005), avaliando queijo de coalho elaborado com leite

bovino encontrou uma variação de 21,29 a 24,44%.

Os resultados para os teores de cinzas, de todas as amostras de queijos,

estão acima dos valores médios encontrados nos estudos de Ferreira e Filho

(2008) e Figueiredo (2006), com os respectivos valores de 4,31% e 3,99%.

Segundo Figueiredo (2010) isto pode estar relacionado com a quantidade de

cloreto de sódio adicionada durante o processo de salga.

Page 46: Produção de queijo de coalho inoculado com bactérias ...ppgcta.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/dissertacoes/2012/Suzele Souza.pdf · Na busca de um fugaz momento de felicidade. Prosseguimos!

46

Em relação à umidade houve uma variação de 45,51 a 46,60%. O

Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade de produtos lácteos, por meio

da Portaria 146 do Ministério da Agricultura (Brasil, 1996), estabelece que

queijos de média umidade apresentem valores entre 36,0 e 45,9% e para alta

umidade entre 46,0 e 54,9%, portanto os valores aqui encontrados estão no

limite de ambas as categorias. Segundo Carvalho (2007) o queijo de coalho

apresenta grande variação em suas características, o que dificulta o

estabelecimento de um padrão de identidade para o mesmo.

Os resultados do estudo da umidade do queijo de coalho, podem ser

vistos na Figura 5 e 6.

Figura 5 - Resultados das análises de umidade para os queijos armazenados

sob refrigeração a 5°C ao longo de 30 dias.

40

42

44

46

48

50

52

1 10 20 30

Tempo (dias)

Um

idad

e (%

)

E

L

Q

S

E- Queijo coalho com adição de Enterococcus; L- Queijo coalho com adição de Lactococcus; Q-Queijo coalho sem adição de inóculo; S- Queijo coalho com adição de Streptococcus.

Os queijos não apresentaram perda significativa de umidade ( 05,0<p )

durante o período de armazenamento de 30 dias sob refrigeração de 5°C,

indicando que a perda de umidade não provoca grandes variações no padrão

Page 47: Produção de queijo de coalho inoculado com bactérias ...ppgcta.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/dissertacoes/2012/Suzele Souza.pdf · Na busca de um fugaz momento de felicidade. Prosseguimos!

47

de identidade do queijo de coalho. Tais valores podem, ainda, ser visualizados

no Anexo C sob a forma de tabela. Deve-se ressaltar que por se tratar de um

queijo de média a alta umidade (BRASIL, 1996), não limita o desenvolvimento

de micro-organismos pois neste tipo de queijo existe água livre suficiente para

sustentar a multiplicação dos mesmos, o que permitirá uma maturação mais

rápida. Segundo Cunha (2002) a grande disponibilidade de água no queijo,

quando comparado a queijos de baixa umidade, influencia a qualidade do

produto, pois resulta em maior intensidade da glicólise e proteólise causada por

micro-organismos, o que pode ter influência na sua vida de prateleira.

Figura 6 - Resultados das análises de umidade para os queijos armazenados

em temperatura média de 29 °C ao longo de 30 dias.

30

32

34

36

38

40

42

44

46

48

1 10 20 30

Tempo (Dias)

Um

idad

e (%

)

E

L

Q

S

E- Queijo coalho com adição de Enterococcus; L- Queijo coalho com adição de Lactococcus; Q-Queijo coalho sem adição de inóculo; S- Queijo coalho com adição de Streptococcus.

Page 48: Produção de queijo de coalho inoculado com bactérias ...ppgcta.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/dissertacoes/2012/Suzele Souza.pdf · Na busca de um fugaz momento de felicidade. Prosseguimos!

48

Nos queijos armazenados em temperatura media de 29 °C (Figura 6),

observou-se uma diminuição nos valores de umidade ao longo de 20 dias,

constatada como sendo significativa ao nível de 5% (p<0,05) pelo teste Tukey.

Essa perda de umidade fez com que os queijos apresentassem valores de

umidade, aos 20 dias, abaixo dos parâmetros estabelecidos pelo regulamento

técnico para queijos de média umidade, que é de 35,9% (Brasil, 1996).

Perry (2004) observou em seus estudos que diferenças na concentração

de sal entre a salmoura e a massa fazem com que parte da umidade desta seja

liberada para a embalagem. Este fato aliado ao maior teor de cinzas, além da

temperatura de estocagem, podem ter relação com o processo de dessoragem

da massa, o que explica a diminuição nos valores de umidade ocorrida em

queijos estocados em temperatura mais elevada, como é o caso desta

pesquisa.

6.2.2 Análises microbiológicas do queijo de coalho

Os resultados das análises microbiológicas, para as diferentes amostras

de queijos, armazenados em diferentes temperaturas, são apresentados nas

Tabelas 4 e 5.

A contagem de coliformes a 45 °C estava dentro do permitido pela

legislação RDC n° 12 (Brasil, 2001) em todas as amostras de queijos

armazenadas sob refrigeração (Tabela 4) ao longo de 30 dias, porém quando

utilizou-se temperatura de 29 °C (Tabela 5) observou-se que em dois tipos de

queijos (Q e S) o nível de coliformes ultrapassou o permitido pela legislação

(103 NMP/g) a partir do décimo dia, o que inviabilizou a sua manutenção em

temperatura ambiente. Deve-se ressaltar que o queijo Q não foi inoculado com

bactérias lácticas, o que facilitou a proliferação de micro-organismos resultando

em alta contagem de coliformes aos 20 e 30 dias. No queijo S foi observada

elevação na contagem de coliformes aos 10 dias seguida de redução aos 20 e

30 dias fazendo com que a contagem retornasse ao número permitido pela

legislação. Este comportamento pode ser devido a ação das bactérias lácticas

produzindo metabolitos no meio e limitando a multiplicação do grupo dos

coliformes.

Page 49: Produção de queijo de coalho inoculado com bactérias ...ppgcta.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/dissertacoes/2012/Suzele Souza.pdf · Na busca de um fugaz momento de felicidade. Prosseguimos!

49

A presença de coliformes no queijo é um indicativo de problemas

higiênico-sanitários no processamento, mas não indica necessariamente

contaminação de origem fecal já que nem todos os micro-organismos

pertencentes a esse grupo são de origem fecal. Diversos autores tem relatado

contaminação com coliformes acima do permitido pela legislação tais como

Borges et. al. (2003) e Bruno et al. (2005) que encontraram 74% e 100%,

respectivamente de amostras contaminadas de queijo coalho. Quando em

número acima do permitido pela legislação indica a possibilidade de

contaminação com bactérias patogênicas, o que pode resultar em problemas

de saúde (SILVA, 2007).

Page 50: Produção de queijo de coalho inoculado com bactérias ...ppgcta.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/dissertacoes/2012/Suzele Souza.pdf · Na busca de um fugaz momento de felicidade. Prosseguimos!

50

Tabela 4- Resultados das análises microbiológicas para diferentes amostras de queijo de coalho maturadas por 30 dias sob refrigeração a 5°C (média da duplicata).

E, L e S: Queijos com adição de Enterococcus, Lactococcus e Streptococcus respectivamente. Q: Queijo sem adição de bactéria láctica

Amostra de queijo Analises 1dia 10 dias 20 dias 30 dias

Coliformes a 35°C (NMP/g) 23 21 7 < 3 Coliformes a 45°C (NMP/g) 23 11 7 4 Estafilococos coagulase positiva (UFC/g) < 1,0 x 102 (Est.) < 1,0 x 102 (Est.) < 1,0 x 102 (Est.) < 1,0 x 102 (Est.)

E

Salmonella sp Ausente Ausente Ausente Ausente Bolores e leveduras (UFC/g) <1,0 x 101 (Est.) <1,0 x 101 (Est.) <1,0 x 101 (Est.) <1,0 x 101 (Est.)

Coliformes a 35°C (NMP/g) 23 11 23 4 Coliformes a 45°C (NMP/g) 23 75 23 4 Estafilococos coagulase positiva (UFC/g) < 1,0 x 102 (Est.) < 1,0 x 102 (Est.) < 1,0 x 102 (Est.) < 1,0 x 102 (Est.)

L

Salmonella sp Ausente Ausente Ausente Ausente Bolores e leveduras (UFC/g) <1,0 x 101 (Est.) <1,0 x 101 (Est.) <1,0 x 101 (Est.) <1,0 x 101 (Est.)

Coliformes a 35°C (NMP/g) 93 9 43 23 Coliformes a 45°C (NMP/g) 93 93 43 43 Estafilococos coagulase positiva (UFC/g) < 1,0 x 102 (Est.) < 1,0 x 102 (Est.) < 1,0 x 102 (Est.) < 1,0 x 102 (Est.)

Q

Salmonella sp Ausente Ausente Ausente Ausente Bolores e leveduras (UFC/g) <1,0 x 101 (Est.) <1,0 x 101 (Est.) <1,0 x 101 (Est.) <1,0 x 101 (Est.)

Coliformes a 35°C (NMP/g) 9 4 43 4 Coliformes a 45°C (NMP/g) 9 >11 43 4 Estafilococos coagulase positiva (UFC/g) < 1,0 x 102 (Est.) < 1,0 x 102 (Est.) < 1,0 x 102 (Est.) < 1,0 x 102 (Est.)

S

Salmonella sp Ausente Ausente Ausente Ausente Bolores e leveduras (UFC/g) <1,0 x 101 (Est.) <1,0 x 101 (Est.) <1,0 x 101 (Est.) <1,0 x 101 (Est.)

Page 51: Produção de queijo de coalho inoculado com bactérias ...ppgcta.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/dissertacoes/2012/Suzele Souza.pdf · Na busca de um fugaz momento de felicidade. Prosseguimos!

51

Tabela 5 - Resultados das análises microbiológicas para diferentes amostras de queijo de coalho maturadas por 30 dias sob temperatura média de 29 °C (média da duplicata).

E, L e S: Queijos com adição de Enterococcus, Lactococcus e Streptococcus respectivamente. Q: Queijo sem adição de bactéria láctica

Amostras de queijo

Analises 1dia 10 dias 20 dias 30 dias

Coliformes a 35°C (NMP/g) 23 >11 >1.100 240 Coliformes a 45°C (NMP/g) 23 >11 >11 240 Estafilococos coagulase positiva (UFC/g) < 1,0x 102(Est.) < 1,0x 102(Est.) < 1,0x 102 (Est.) < 1,0x 102 (Est.)

E

Salmonella sp Ausente Ausente Ausente Ausente Bolores e leveduras (UFC/g) <1,0 x 101 (Est.) 9,0x 102 6,0x102 9,0x103

Coliformes a 35°C (NMP/g) 23 150 460 9 Coliformes a 45°C (NMP/g) 23 150 460 9 Estafilococos coagulase positiva (UFC/g) < 1,0x 102(Est.) < 1,0x 102(Est.) < 1,0x 102 (Est.) < 1,0x 102 (Est.)

L

Salmonella sp Ausente Ausente Ausente Ausente Bolores e leveduras (UFC/g) <1,0 x 101 (Est.) 1,1x 102 3,0x 102 5,0x103

Coliformes a 35°C (NMP/g) 93 >1.100 >1.100 >1.100 Coliformes a 45°C (NMP/g) 93 >1.100 >1.100 >1.100 Estafilococos coagulase positiva (UFC/g) <1,0x 101(Est.) < 1,0x 102(Est.) < 1,0x 102 (Est.) < 1,0x 102 (Est.)

Q

Salmonella sp Ausente Ausente Ausente Ausente Bolores e leveduras (UFC/g) <1,0 x 101 (Est.) 4,0 x102 2,0 x102 1,1x103

Coliformes a 35°C (NMP/g) 9 1.100 460 9 Coliformes a 45°C (NMP/g) 9 >1.100 460 9 Estafilococos coagulase positiva (UFC/g) <1,0x 102(Est.) <1,0x 102(Est.) <1,0x 102(Est.) <1,0x 102(Est.)

S

Salmonella sp Ausente Ausente Ausente Ausente Bolores e leveduras (UFC/g) <1,0 x 101 (Est.) 1,2 x 102 9,0 x102 3,1x103

Page 52: Produção de queijo de coalho inoculado com bactérias ...ppgcta.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/dissertacoes/2012/Suzele Souza.pdf · Na busca de um fugaz momento de felicidade. Prosseguimos!

52

Até trinta dias de maturação, sob armazenamento em ambas as

temperaturas (5 e 29°C), todas as análises para Estafilococos e Salmonella sp

estavam dentro do limite de tolerância estabelecido pela RDC n° 12 (Brasil,

2001), o que demonstra a inocuidade do produto em relação aos patógenos

analisados.

Os resultados encontrados neste trabalho coincidem com Figueiredo

(2006), realizado com queijo marajoara utilizando leite bubalino, não encontrou

amostras contaminadas por Estafilococos acima do permitido pela legislação.

Pesquisa realizada por Martins et al (2011) constatou que 6,2% das amostras

de queijo mussarela feito com leite bubalino apresentavam contaminação

acima do permitido, enquanto Pietrowsky et al (2008) encontrou 18,8% de

amostras com valores acima do aceitável.

Com relação às salmonellas, estudos de Figueiredo (2006), Garbaj et al.

(2007) e Buzi et al (2009), não a encontraram em nenhuma das amostras de

mussarela de búfala analisadas, porém outros pesquisadores a encontraram.

Pesquisa de Santana et al (2008), em queijo coalho feito com leite cru,

detectou a presença de salmonellas em 27% (16) das amostras analisadas.

Feitosa et al (2003) também observaram 9,1% de contaminação nesse mesmo

tipo de queijo produzido no Rio Grande do Norte e feito com leite bovino. Essa

contaminação foi atribuída a falta de pasteurização do leite.

Para bolores e leveduras não há legislação para realização desta análise.

O estudo foi feito apenas para efeito de comparação com os resultados obtidos

por outros autores. No presente trabalho foram encontradas contagens

menores que 1,0x101 UFC/g em todos os queijos logo após a produção. Esse

número permaneceu constante naqueles armazenados a 5°C por 30 dias,

enquanto que nos queijos armazenados a 29°C houve um progressivo

aumento, a partir da segunda análise (10 dias) chegando ate 9,0x103 UFC/g

após 30 dias de armazenamento. Pesquisa realizada por Lira (2009) encontrou

valores, logo após a produção do queijo, abaixo de 102 UFC/g, enquanto que

Figueiredo (2006) encontrou valores de até 103 UFC/g trabalhando com queijo

marajoara feito de leite bubalino, o que é considerado um numero

relativamente baixo para provocar deterioração em um alimento. Em queijos de

média a alta umidade, os microrganismos deterioradores, como as bactérias,

limitam o desenvolvimento de bolores e leveduras.

Page 53: Produção de queijo de coalho inoculado com bactérias ...ppgcta.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/dissertacoes/2012/Suzele Souza.pdf · Na busca de um fugaz momento de felicidade. Prosseguimos!

53

Os resultados das análises de bactérias lácticas em queijo armazenado a

5°C são apresentados na Figura 7.

Figura 7 - Contagem de bactérias lácticas no queijo de coalho

armazenado à 5°C.

Foram encontradas altas contagens destes micro-organismos logo após a

produção, como pode ser visto na Figura 7, o que já era esperado se

considerarmos que houve inoculação destas no queijo, fato também favorecido

pela taxa de umidade analisada neste estudo, com queijos armazenados sob

refrigeração de 5 °C.

O queijo de coalho elaborado sem adição de inóculo, apresentou

contagem elevada, o que pode ser devido a uma contaminação com bactérias

lácticas autóctones e devido a problemas de higienização na micro-indústria.

No presente estudo a alteração no número de bactérias lácticas, ao longo de

30 dias, em queijo armazenado a 5°C, variou de 0,63 ciclo log para o

Lactococcus e 0,75 ciclo para o Streptococcus sendo que o queijo sem adição

inóculo variou 1,29 ciclo log. O número de Enterococcus e Streptococcus nos

Page 54: Produção de queijo de coalho inoculado com bactérias ...ppgcta.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/dissertacoes/2012/Suzele Souza.pdf · Na busca de um fugaz momento de felicidade. Prosseguimos!

54

queijos ainda apresentava tendência de crescimento após 30 dias,

provavelmente porque ainda não haviam produzido metabolitos suficientes

para limitar seu próprio crescimento. Bactérias do gênero Streptococcus

caracterizam-se por crescerem em altas temperaturas (42-52 °C) e terem

dificuldade de crescimento em temperaturas mais baixas,o que explica a sua

lenta multiplicação, além de terem maior resistência a pH mais baixo (SILVA,

2000). O gênero Enterococcus apresenta algumas características em comum

com os Streptococcus como a resistência térmica, além de crescerem em

ampla variação de temperatura tendo mais facilidade de desenvolvimento em

temperaturas mais baixas (GIRAFFA, 2003).

O queijo sem adição inóculo, com 10 dias, já havia atingido 8,72 ciclos

log, o que provavelmente resultou em intenso metabolismo no produto, fazendo

com que a sua multiplicação ficasse limitada após isso. No queijo inoculado

com Lactococcus houve uma pequena multiplicação até 10 dias para, em

seguida estabilizar-se. Deve-se considerar que esse gênero é

predominantemente mesófilo com temperatura de crescimento na faixa de 18 a

25 °C além de terem baixa resistência a acidez.

Martins (2006) analisando o queijo minas feito de forma artesanal

encontrou contagens, para bactérias lácticas, com 8 dias de armazenamento à

23°C, de 8,01 ciclos log/g e após 29 dias de maturação essa contagem havia

baixado para 7,28 ciclos, o que implica em variação de 0,73 ciclo log. Nos

queijos armazenados a 8 °C a contagem, no oitavo dia, foi de 8,33 ciclos log/g

e com 29 dias havia diminuído para 7,88 ciclos, ou seja, redução de 0,45 ciclo

log.

Mamede (2008) em estudo com o objetivo de avaliar a influência da

temperatura de cozimento da massa no processo de maturação do queijo de

coalho, feito com leite pasteurizado, observou um aumento (3 ciclos log/ g), no

número de Enterococcus ao longo de 30 dias de armazenamento a 4°C, o que

coincide com o comportamento observado no presente estudo.

Cavalcante et al (2007) também realizaram testes com queijo coalho e

justificou que a maturação do queijo é um processo que envolve elevado

número e diferentes tipos de micro-organismos viáveis. No início do processo

de fabricação de queijos o número de micro-organismos pode chegar a 2,0x109

UFC/g. Posteriormente, a população em geral decresce, em razão da

Page 55: Produção de queijo de coalho inoculado com bactérias ...ppgcta.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/dissertacoes/2012/Suzele Souza.pdf · Na busca de um fugaz momento de felicidade. Prosseguimos!

55

insuficiência de oxigênio, aumento da acidez e da presença de compostos

inibidores produzidos durante a maturação dos queijos.

Na Figura 8 observa-se o comportamento das bactérias lácticas ao longo

do processo de armazenamento a 29°C. Verifica-se que houve uma intensa

multiplicação até o décimo dia, que resultou em contagens que variaram de

8,88 ciclos log para Enterococcus a 9,1 para o Lactococcus. Após esse período

o número de células entrou numa curva descendente em todos os tipos de

queijos. Assim, tanto no presente trabalho, quanto no de Martins (2006) fica

clara a tendência de morte dos microrganismos ao longo do período de

maturação, quando se utiliza temperatura ambiente no armazenamento do

queijo.

Figura 8 - Contagem de bactérias lácticas no queijo de coalho

armazenado em temperatura ambiente de 29 °C.

Page 56: Produção de queijo de coalho inoculado com bactérias ...ppgcta.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/dissertacoes/2012/Suzele Souza.pdf · Na busca de um fugaz momento de felicidade. Prosseguimos!

56

6.3 ANÁLISE SENSORIAL

Os resultados do teste de aceitabilidade, para os diferentes queijos,

estão representados na Figura 9. Esse teste teve como objetivo estabelecer se

houve preferência, em relação a um dos quatro tipos de queijos, por parte dos

consumidores para o atributo sabor. Observa-se que a maior pontuação foi

obtida para o queijo adicionado de Enterococcus situando-se na escala em

gostei regularmente, seguida do queijo adicionado de Lactococcus na escala

de gostei ligeiramente.

Figura 9 – Resultados obtidos no teste de aceitabilidade aplicado aos queijos de coalho inoculados com isolados de bactérias lácticas.

Na Tabela 6, verifica-se que a média dos pontos obtida pela amostra

sem adição de inóculo foi de 4,80 o que nos dá uma estimativa de aceitação

expressa pelo grau hedônico “desgostei ligeiramente”. Já para as amostras

com adição de inóculo de Streptococcus, Enterococcus e Lactococcus as

médias dos pontos foram 6,88, 6,60 e 6,63 respectivamente, o que representa

“gostei ligeiramente”.

Page 57: Produção de queijo de coalho inoculado com bactérias ...ppgcta.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/dissertacoes/2012/Suzele Souza.pdf · Na busca de um fugaz momento de felicidade. Prosseguimos!

57

Tabela 6 - Media dos valores encontrados na escala hedônica para os diferentes tipos de queijos.

N° Provadores Amostra Total de

pontos Média Mínimo Máximo Desvio Padrão

Sem inóculo 192 4,80 1 9 2,27

Streptococcus 275 6,88 2 9 1,65

Enterococcus 264 6,60 3 9 1,45 40

Lactococcus 265 6,63 2 9 1,55

O índice de aceitabilidade percentual foi calculado segundo Teixeira et al

(1987) onde a amostra sem adição de inóculo obteve 53,33% o que indica que

não foi aceita pelos julgadores, pois conforme este autor, para que o produto

seja considerado aceito, o mesmo deve obter um índice de aceitação acima de

70%. Os índices de aceitação calculados para as amostras Streptococcus,

Enterococcus e Lactococcus foram 76,39%, 73,33% e 73,61% respectivamente

indicando que as amostras obtiveram boa aceitação por parte dos julgadores.

Os resultados do teste de ordenação, estão dispostos na Tabela 7.

Tabela 7- Classificação do teste de Ordenação- Preferência.

Colocação Amostra de queijo coalho Total

1° Streptococcus 118a

2° Enterococcus 106b

3° Lactococcus 101b

4° Sem adição de inóculo 79c Números seguidos da mesma letra não apresentam diferença ao nível de 5%

Pode-se afirmar que a amostra com inóculo de Streptococcus não diferiu

(p≤0,05) das amostras com inóculo de Enterococcus e Lactococcus. A amostra

sem adição de cepa diferiu das inóculo de Streptococcus e as amostras com

inóculo de Enterococcus e Lactococcus são iguais a todas as outras, ficando

assim as amostras de Enterococcus e Lactococcus iguais em preferência pelos

consumidores. Entretanto, ressalta-se que dois provadores fizeram comentário

de que a amostra sem adição de inóculo apresentava leve sabor amargo e um

pouco mais de sal em relação às demais.

Page 58: Produção de queijo de coalho inoculado com bactérias ...ppgcta.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/dissertacoes/2012/Suzele Souza.pdf · Na busca de um fugaz momento de felicidade. Prosseguimos!

58

7 CONCLUSÃO

Os queijos de coalho, após sua produção, podem ser armazenados em

temperatura de 5 °C ou 29 °C, o que permitirá um consumo de 30 dias para os

queijos armazenados sob refrigeração e de 20 dias para os queijos

armazenados em temperatura ambiente. Tais resultados podem ser

comprovados pelos dados microbiológicos obtidos durante esse período já que

permanece alta a concentração de bactérias lácticas enquanto que a

concentração de deterioradores como bolores e leveduras, coliformes,

Salmonellas e Estafilococos permanecem dentro do especificado pela

legislação.

Com relação às características químicas, a umidade pode alterar o padrão

de identidade e qualidade do queijo de coalho num período superior a 20 dias,

para os queijos armazenados a 29°C. Conclui-se que o período máximo de

maturação para queijos submetidos a temperatura de 29°C é de 20 dias, após

este período ocorreram alterações na textura do queijo e perdas significativas

de umidade.

O resultado dos testes de análise sensorial (aceitabilidade e

ordenação/preferência), demonstraram que os queijo inoculados com bactérias

lácticas apresentam melhor aceitação quando comparados ao queijo elaborado

sem adição de inóculo. A melhor pontuação foi para o queijo inoculado com

Streptococcus.

Com base nos resultados foi possível concluir que há viabilidade para

produção de queijo de coalho inoculado com bactérias lácticas isoladas de

queijo marajoara.

Page 59: Produção de queijo de coalho inoculado com bactérias ...ppgcta.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/dissertacoes/2012/Suzele Souza.pdf · Na busca de um fugaz momento de felicidade. Prosseguimos!

59

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

ABIQ - Associação Brasileira das Indústrias de Queijo. Benefícios nutricionais dos queijos. ABIQ, 2005. ADAMS. M. R.; NICOLAIDES, L. Review of the sensitivity of different foodborne pahtogens to fermentation. Food Control, v. 8, n. 5-6, p. 227-239, 1997. AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA – ANVISA. Resolução - RDC n° 12, de 02 de janeiro de 2001. Disponível em: <http: //www.anvisa.gov.br> . Acesso em: 31/07/11. ALEXANDRE, D.P.; SILVA, M.R.; SOUZA, M.R. et al. Atividade antimicrobiana de bactérias lácticas isoladas de queijo de minas artesanal do Serro (MG) frente a micro-organismos indicadores. Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., v.54, p.424-428, 2002. AMANTE L, C. D. R., FAZANO L, BANCHELLI L, MEDEA D, DE PALO R. Valutazione dei puti critici della mungitura in aziende di bufale di pianura e di collina del basso Lazio. In: Congresso Nazionale sull’Allevamento del Búfale, 1, 2001, Salerno. Annali... Salerno: [s.n.], 2001. p. 251-255. ANDRADE, A. A.; RODRIGUES, M.C.P.; NASSU, R.T.; NETO, M.A.S. Determinações de nitrogênio e índice de maturação de queijo coalho. Embrapa Pecuária Sudeste, São Carlos/SP. 2003. ANDRIGUETTO, C. Cadeia produtiva do leite de búfala - visão da universidade. In: II Simpósio da Cadeia Produtiva da Bubalinocultura, 2011, 2, Botucatu: SP,2011.Disponívelem:<http://www.fmvz.unesp.br/andrejorge/IISCPBubalino_2011_CD-ROM/II_SCPB_CristianaAndrighetto.pdf >. Acesso em: 20 set.2011. ASSOCIATION OF OFFICIAL ANALYTICAL CHEMISTS. Official methods of analysis. Washington: Association of Official Agricultural Chemists. 937 p. 1997. BASTIANETTO, L.; ESCRIVÃO, E. S. C.; OLIVEIRA, D. A. A. Influência das características reprodutivas da búfala na produção, composição e qualidade do leite.Rev. Bras Reprod Anim, Belo Horizonte, v.29, n.1, p.49-52. 2005. BENEVIDES, C.M. de J. Leite de búfala: qualidades tecnológicas. Higiene alimentar, vol. 13, p.18-21, 1998. BLASKOVSKY, C.; SILVA, I.M.; CALDAS, R.L.;MAIA, J.C. Avaliação primária da infra-estrutura para implementação de indústria de beneficiamento de “queijo do Marajó” no município de Cachoeira do Arari-PA. Ingepro, v.2, n.1, p.52-59, 2010. BORGES, Maria de Fátima. Microrganismos patogênicos e indicadores em queijo de coalho produzido no estado do Ceará, Brasil. Boletim do Centro de

Page 60: Produção de queijo de coalho inoculado com bactérias ...ppgcta.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/dissertacoes/2012/Suzele Souza.pdf · Na busca de um fugaz momento de felicidade. Prosseguimos!

60

Pesquisa e Processamento de Alimentos-B.CEPPA, Curitiba, v. 21, n. 1, p. 31-40, jan/jun. 2003.

BRASIL. Ministério da Agricultura, pecuaria e do Abastecimento. Portaria n° 146, de 07/03/96. Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade de Queijos. Brasília: Ministério da Agricultura e do Abastecimento, 1996. ________. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução Normativa n° 30, de 26 de junho de 2001. Brasilia, 2001. ________. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução Normativa N° 51, DE 18 DE SETEMBRO DE 2002. Brasília, 2002. ________. Ministério Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução Normativa n° 62, de 26 de agosto de 2003. Brasilia, 2003a. ________. ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução –RDC N° 12, de janeiro de 2003b. Disponível em <http:/ www.anvisa.gov.br. Acesso em 19/05/2010. ________. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução Normativa N° 68, de 12 de dezembro de 2006. BRASÍLIA, 2006. ________. Ministério Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Bovinos e Bubalinos. Brasilia, 2011. Disponível em < http://www.agricultura.gov.br/animal/especies/bovinos-e-bubalinos> Acesso em 10/07/11.

BROLAZO, E.M.; Seleção e utilização de bactérias lácticas produtoras de

diacetil em leites fermentados. 2003. 98 f. Dissertação (Mestrado em

Biologia)- Unicamp. Campinas, 2003.

BRUNO, L. M.; CARVALHO, J. D.G. Avaliação microbiológica de queijos de

coalho artesanais e industrializados comercializados em Fortaleza, CE.

Revista do Instituto de Laticínios Cândido Tostes, Juiz de Fora, v.60, n.

345, p. 217-220, 2005.

BUZI, K. A.; PINTO, J. P. A. N.; RAMOS, P. R. R.; BIONDI, G. F. Análise

microbiológica e caracterização do queijo mussarela elaborado a partir de

leite de búfala. Ciênc. Tecnol. Aliment. [online] 2009, vol. 29, n. 1, pp. 07.

CARR, F. J.; CHILL, D.; MAIDA, N. The acid lactic bacteria: A literature survey. Critical Reviews in Microbiology. v. 28, n. 4, 2002.

Page 61: Produção de queijo de coalho inoculado com bactérias ...ppgcta.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/dissertacoes/2012/Suzele Souza.pdf · Na busca de um fugaz momento de felicidade. Prosseguimos!

61

CARVALHO, L.O.D.M.; LOURENÇO JUNIOR, J.B.; TEIXEIRA NETO, J.F. Programa de soerguimento da bubalinocultura no Estado do Pará. Belém: Associação Paraense de Criadores de Búfalos, 1997. 8 p. CARVALHO, J. D. G. Caracterização da microbiota láctica isolada de queijo de Coalho artesanal produzido no Ceará e de suas propriedades tecnológicas. 2007. 154f. Tese (Doutorado em Tecnologia de Alimentos) Departamento de Tecnologia de Alimentos, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2007. CAVALCANTE, J. F. M., ANDRADE, N.J., FURTADO, M. M., FERREIRA, C. L. L. F., PINTO. C. L.O, ELARD, E. Processamento do queijo coalho regional empregando leite pasteurizado e cultura láctica endógena. Revista Ciênc. Tecnol. Aliment., Campinas,Vol.27 n1, jan.-mar. 2007 CENTENO, J.A.; MENÉNDEZ, S.; RODRÍGUES-OTERO, J.L. Main microbial flora present as natural starters in Cebreiro raw cow´s-milk cheese. International Journal of Food Microbiology. v.33, p.307-313, 1996. CUNHA,C.R; SPADOTI, L.M; ZACARCHENCO,P.B; VIFOTTO,W.H. Efeito do fator de concentração do retentado na composição e proteólise de qiueijo Minas fresco de baixo teor de gordura fabricado por ultrafiltração Revista Ciênc. Tecnol. Aliment., Campinas. Vol.22 n1, Jan-abr.2002. CUNHA NETO O.C. Avaliação do iogurte natural produzido com leite de búfala contendo diferentes níveis de gordura. 2003. 71f. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) - Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da Universidade de São Paulo, Pirassununga, 2003. DUTCOSKY, S.D. Análise sensorial de alimentos. 2 ed. curitiba: chanpangnat. 2009 FAO (Food and Agriculture Organization), FAOSTAT- Agriculture. data. 2004. Disponível em< http://apps.fao.org/cgi-bin/nph-db.pl?subset=agriculture/.> FARIA, C.P; BENEDET, H.D; LE GUERROUE, J.L. Parâmetros de produção do leite de búfala fermentado por lactobacillus casei. Rev. de pesq. Agrop. Brás., Brasília, vol.41, n.3, p. 511-516, mar. 2006. FEITOSA, T.; BORGES, M. F.; NASSU, R. T.; AZEVEDO, E. H. F.; MUNIZ, C. F. Pesquisa de Salmonella sp., Listeria sp. e micro-organismos Indicadores Higiênico Sanitários em Queijos Produzidos no Estado do Rio Grande do Norte. Ciência e Tecnologia dos Alimentos, Campinas, 23, p.162-165, dez. 2003. FERREIRA.W.L.; FILHO. J.R.F. Avaliação da qualidade físico - químicos do queijo coalho comercializado no município de Barreiros-PE. Revista Brasileira de Tecnologia Agroindustrial, Paraná, v.02,n.01,p.127-133,2008. FIGUEIREDO, E. L.; LOURENÇO JÚNIOR, J.B.; TORO, M.J.U. Caracterização físico-química e microbiológica do leite de búfala “in natura” produzido no

Page 62: Produção de queijo de coalho inoculado com bactérias ...ppgcta.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/dissertacoes/2012/Suzele Souza.pdf · Na busca de um fugaz momento de felicidade. Prosseguimos!

62

Estado do Pará. Rev. bras. de tec. agroindustrial. vol.4, n.1, p.19-28, 2010. FIGUEIREDO, E. L.; Elaboração e caracterização do “queijo Marajó”, tipo creme, de leite de búfala, visando sua padronização. Belém: UFRA, 2006.104 p. Dissertação (Mestrado). FONTÁN, M.C.G et al. Microbiological changes in San Simon cheesethrought ripening and its relationship with physico-chemicalparameters. Food Microbiology. London v.18, n.1, p.25-33, feb.2001. FOX, P. F.; GUINEE, T. P.; COGAN, T. M.; McSWEENEY, P. L. H. Fundamentals of cheese science. Gaithersburg: Aspen Publishers, Inc., 2000. Cap. 5. p. 54-97. FRANCO, B.D.G.M.; LANDGRAF, M. Microbiologia dos alimentos. São Paulo: Atheneu, 1996. p. 83-87 FRANCO, B. D. G. M.; LANDGRAF, M. Micro-organismos Indicadores. In:______. Microbiologia dos Alimentos. São Paulo: Atheneu, 2008. Cap. 6. p 93 – 107. FRANZ, C.M.A.P.; HOLZAPFEL, W.H.; STILES, M.E. Enterococci at the crossroads of food safety. International Journal of Food Microbiology. v.47, p.1-24, 1999. FURTADO & CHANDAN. Queijo Gorgonzola fabricado com Leite Pasteurizado por ejetor de vapor e HTST: Parâmetros Físico-Químicos e sensoriais. Brasília, Janeiro 2000. GARBAJ, A.M.; NAAS, H.T.; GAMMOUDI, F.T.; MOAWAD, A.A. Bacteriological Quality of Mozzarella Cheese Sold in Tripoli Governorate. BS. Vet. Med. J. January 2007. vol. 17, n 01, p.99-104. GIRAFFA, G.; CARMINATI, D.; NEVIANI, E. Enterococci isolated from dairy products: a review of risks and potencial technological use. Journal of Food Protection, v.60, n.6, p.732-738, 1997. GIRAFFA,G. Functionality of enterococci in dairy products. Internatinal journal of food microbiology, Amsterdam, v. 88, n. 2-3,p. 215-222, dec. 2003. GOUVÊA, C.A.L., DIAS, J.D.C. Caracterização do Queijo do Marajó e levantamento do pessoal envolvido no processo para orientação e inserção social. 2004. 69f. Trabalho de Conclusão de Curso, Tecnologia Agroindustrial. Universidade do Estado do Pará. Belém, 2004. GRAPPIN, R.;BEUVIER, E. Possible implication of milk pasteurizationon the manufacture and sensory quality of ripined cheese. International Dayri Journal. Barking. v.7, n.12, p.758-871. dec1997. GUEDES NETO, L.G. Produção de queijo de coalho em Pernambuco: isolamento e identificação de Estafilococos spp. e de bactérias ácido-lácticas e

Page 63: Produção de queijo de coalho inoculado com bactérias ...ppgcta.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/dissertacoes/2012/Suzele Souza.pdf · Na busca de um fugaz momento de felicidade. Prosseguimos!

63

de sua atividade antagonista in vitro. 2004. 94f. Dissertação (Mestrado) – Escola de Veterinária, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte. GUEDES NETO, L.G., Souza, M.R, Nunes, A.C. , Nicoli, J.R, . Santos, W.L.M. Atividade antimicrobiana de bactérias ácido-lácticas isoladas de queijos de coalho artesanal e industrial frente a micro-organismos indicadores. Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., v.57, supl. 2, p.245-250, 2005. GUIMARÃES, P.C.M. Isolamento e caracterização bioquímica de culturas lácticas obtidas do queijo marajoara. . 2011. ---- f.. Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia de Alimentos), Faculdade de Engenharia de Alimentos, Universidade Federal do Pará, Belém-Pará. 2011. HARPER, H.A. Manual de química fisiológica. 2ª ed. Editora Atheneu, São Paulo, 1971. 545p. HASSAN, A. N.; FRANK, J. F. Starter cultures and their use. In: MARTH, E. H.; STEELE, J. L. (Ed.). Applied Dairy Microbiology. 2. ed. New York: Marcel Decker, 2001. HOLS, P.; HANCY, F.; FONTAINE, L.; GROSSIORD, B.; PROZZI, D.; LEBLONDBOURGET, N.; DECARIS, B.; BOLOTIN, A.; DELORME, C.; EHRLICH, S. D.; GUÉDON, E.; MONNET, V.; RENAULT, P.; KLEEREBEZEM, M. New insights in the molecular biology and physiology of Streptococcus thermophilus revealed by comparative genomics. FEMS Microbiology Reviews, v. 29, n. 3, p. 435-463, 2005. HUERTAS.R.A.P.; Bacterias acido lacticas: papel funcional en los alimentos. Faculdad de ciências agropecuárias. vol.8. enero-junio,2010. HUHN, S.; LORENÇO JUNIOR, J.B.; MOURA CARVALHO, L.O.D.; NASCIMENTO, C.N.B.; VIEIRA, L.C. Características, peculiaridades e tecnologia do leite de búfala. Belém: Embrapa-CPATU, 1991. 51p. (Embrapa-CPATU. Documentos, 57). HUNH, S.; GUIMARÃES, M.C. de F.; NASCIMENTO, C.N.B.; MOURA CARVALHO, L.O.; MOREIRA, E.D.; LOURENÇO JÚNIOR, J.B. Estudo comparativo da composição química de leite de zebuínos e bubalinos. Belém: EMBRAPA - CPATU, 1982. 15 p. (EMBRAPA - CPATU. Documentos, 36). INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Normas Analíticas do Instituto Adolfo Lutz. v. 1: Métodos químicos e físicos para análise de alimentos, 4. ed. São Paulo: IMESP, 2004. p. 847. JACK, R.W.; TAGG, J.R.; RAY, B. Bacteriocins of Gram-positive bacteria. Microbiol. Rev., v.59, p.171-200, 1995. JAY, J.M. Microbiologia de alimentos.6 ed. Porto Alegre: Artmed, 2005.

Page 64: Produção de queijo de coalho inoculado com bactérias ...ppgcta.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/dissertacoes/2012/Suzele Souza.pdf · Na busca de um fugaz momento de felicidade. Prosseguimos!

64

JORGE, A.M., et al. Efeito da utilização da somatotropina bovina recombinante (bST) sobre a produção de leite em búfalas. Rev. Bras. Zootec.. v.31, n.3, p.1230-1234, 2002. LIMA, C. P. Resistência de bactérias lácticas a bacteriófagos isolados na produção de queijos de coalho no Ceará. 2010. 56 f.. Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia de Alimentos), Universidade Federal do Ceará. Fortaleza, CE. 2010. LIRA, H. L., SILVA, M. C. D., VASCONCELOS, M. R.S., LIRA, H. L., LOPEZ, A. M. Q. Microfiltração do soro de leite de búfala utilizando membranas cerâmicas como alternativa ao processo de pasteurização. Ciênc. Tecnol. Aliment., Campinas, 29(1): 33-37, jan.-mar. 2009. LÓPEZ-DÍAZ, T.M et al. Lactic acid bacteria isolated from a hand-made blue cheese, food microbiology, London, v.17, n.1, p.23-32 Feb.2000. MACEDO, M. P., WECHSLER, F. S., RAMOS, A. A., AMARAL, J. B, SOUZA, J. C., RESENDE, F. D., OLIVEIRA, J. V. Composição físico-química e produção do leite de búfalas da raça Mediterrâneo no Oeste do Estado de São Paulo. Revista Brasileira de Zootecnia. Viçosa. v. 30, n. 3. sup. 1, mai. 2001. MAMEDE, P.L., Efeito da temperatura de cozimento sobre as propriedades reológicas do queijo de coalho. 2008. 97 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de alimentos)- Universidade Estadual de Campinas.. Campinas, SP.2008. MARINO,M.;MAIFRENI, M. RONDONINI,G. Microbiological characterization of artisanal Montasio cheese: analysis of its indigenous lactic acid bacteria. FEMS M icobiology letters, Amsterdam, v.229, p.133-140, dec.2003. MARQUES, J.R.F.; CAMARGO, R.N.C.JR.; MARQUES, L.C.; RODRIGUES, A.E. A bubalinocultura no Brasil: Criação, melhoramento e perspectivas. IN: VIII Congresso Internacional de Zootecnia/ xvi Congresso Brasileiro de Zootecnia, 2006, Recife. ANAIS. Recife:ABZ/UFRPE, 2006. v.1. MARQUES, J. R. F.; CARDOSO, L. S. A bubalinocultura no Brasil e no mundo. In: OLIVEIRA, G. J. C.; ALMEIDA, A. M. L.; SOUZA FILHO, U. A. O búfalo no Brasil. Cruz das Almas: UFBA, 1997. p. 7-42. MARTINS, José Manuel. Características físico-químicas e microbiológicas durante a maturação do queijo minas artesanal da região do Serro. 2006. 129f. Tese (Doutorado em Tecnologia de Alimentos) Departamento de Tecnologia de Alimentos, Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG, 2006. MARTINS, K.C.R.; DORTA,C.; TANAKA, A; SANTOS, T.A.B., MENDOZA-SANCHEZ,G.; PARDO, R.B. Estudo das caracteristicas microbiológicas da mussarela de búfala comercializada no município de marília/sp. Revista Alimentus - V. 1 n.1, Março-2011.

Page 65: Produção de queijo de coalho inoculado com bactérias ...ppgcta.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/dissertacoes/2012/Suzele Souza.pdf · Na busca de um fugaz momento de felicidade. Prosseguimos!

65

MICHEL, V.; MARTLEY, F. G. Streptococcus thermophillus in Cheddar cheese – production and fate of galactose. Journal of Dairy Research, Cambridge, v. 68, n. 2, p. 317-325, mai., 2001. MINIM, V.P.R. Análise sensorial: Estudo com consumidores.2° edição revista e ampliada.308p.2010.EditoraUFV. MOGENSEN, G.; SALMINEN, S.; O'BRIEN, J. et al. Food microorganisms - health benefits, safety evaluation and strains with documented history of use in foods. Bull. Int. Dairy Fed., n.377, p.4-9, 2003. MOURA CARVALHO, L.O.D., LOURENÇO JÚNIOR, J.B. Produção leiteira de bubalinos como opção para a Amazônia. In: Seminário de Zootecnia da Faculdade de Ciências Agrárias do Pará, 1. Belém, Set. 2001. NAIDU, A.S.; BIDLACK, W.R.; CLEMENS, R.A. Probiotic spectra of lactic acid bacteria. Crit. Rev. Food Sci. Nutr., v. 38, p.13-126, 1999. NASCIMENTO, C. N. B; MOURA CARVALHO, L. O. D. Criação de búfalos: alimentação, manejo, melhoramento e instalações. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Centro de Pesquisa Agroflorestal da Amazônia Oriental. Brasília: EMBRAPA-SPI, 1993. 403 p. NASSU, R. T.; LIMA, J. R.; BASTOS, M. S. R.; MACEDO, B. A.; LIMA, M. H. P. Diagnóstico das condições de processamento de queijo de Coalho e manteiga da terra no Estado do Ceará. Revista Higiene Alimentar, São Paulo, v. 15, n. 89, p. 28-36, jul., 2001. NETO, L. G. G., VELOSO, F. P., PAIVA, R. M. B., NEVES, M. V. O., FONSECA, L. M., SANTOS, W. L. M. Qualidade físico-química e microbiológica de queijos produzidos no Brasil – Revisão. In: Anais do XXI Congresso Nacional de Laticínios. n°.339, v. 59, p.233-236. Juiz de Fora, MG, 2004. NEVES, E.C.A Recent progress concerning buffalo milk technology in Amazon- Brazil. In: Buffalo Symposium of Américas, 1. 2002, Belém, 2002. p.312-316. NEVES, A R, RAMOS, A., SHEARMAN C., GASSON, M. J, ALMEIDA J.S, SANTOS, H. Metabolic strategies to reroute carbon fluxes in lactococcus lactis. Kinetics of intracellular metabolic pools using in vivo nuclear magnetic resonance. in The Federation of European Biochemical Societies Journal (2000). OLIVEIRA, A.F. Apostila de análise sensorial de alimentos. UTFPR, 2010. PEREZ, R.M.Perfil sensorial físico-químico e funcional de queijo de coalho comercializado no município de campinas. Dissertação (Mestrado em engenharia de alimentos). Univesidade Estadual De Campinas, São Paulo, 2005.

Page 66: Produção de queijo de coalho inoculado com bactérias ...ppgcta.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/dissertacoes/2012/Suzele Souza.pdf · Na busca de um fugaz momento de felicidade. Prosseguimos!

66

PERRY, K. S. P. Queijos: aspectos químicos, bioquímicos e microbiológicos. Química Nova, v.27, n. 2, p.293-300, mar./abr., 2004. PIETROWSKI, G.A.M.; RANTHUM, M.; CROZETA, T.; JONGE, V. Avaliação da qualidade microbiológica de queijo tipo mussarela comercializado na cidade de Ponta Grossa, Paraná. In: Anais...VI Semana de Tecnologia em Alimentos. SETAL, UTFPR – Ponta Grossa – Paraná - ISSN: 1981-366X, v. 2, n. 38, 2008.

QUEIROZ, L.S.O.; LOURENÇO JUNIOR, J. de B.; VIEIRA, L.C.; SOUSA, C.L.; SANTOS, N. de F.A. dos. Características físico-químicas, microbiológicas e aceitabilidade de iogurte de leite de búfala para merenda escolar. Belém: Embrapa Amazônia Oriental, 2001. 17p. (Embrapa Amazônia Oriental. Documentos, 109).

RODRIGUES, F. Manual de fabricação de queijo. Disponível em: < http://pt.scribd.com/doc/56529057/10/Gordura> Acesso em: 30 mai. 2012.

SÁ, M. A. R. et al. Perfil microbiológico do queijo minas frescal comercializado no município de Uberlância-MG. Higiene Alimentar, v. 17, n. 104-105, p. 169-173, 2003. SALOTTI, B.M.; CARVALHO, A.C.F.B.; AMARAL, L.A. et al. Qualidade microbiológica do queijo minas frescal comercializado no município de Jaboticaba, SP, Brasil. Arq. Inst. Biol., v.73, p. 171-175, 2006. SANTANA, R.F. , SANTOS, D.M., MARTINEZ, A.C.C., LIMA, Á.S.. Qualidade microbiológica de queijo-coalho comercializado em Aracaju, SE. Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., v.60, n.6, p.1517-1522, 2008.

SILVA, J.A.; Tópicos da tecnologia de alimentos. São Paulo: Livraria Varela, 2000. SILVA, N. ; JUNQUEIRA, V. C. A.; SILVEIRA, N. F. A.; TANIWAKI, M. H.; SANTOS, R. F. S.; GOMES, R. A. R. Manual de métodos de análise microbiológica de alimentos. 3 ed. Varela. São Paulo. 536p. 2007.

SOUZA, C.L.; NEVES, E.C.A.; CARNEIRO, C.A.A.; FARIAS, J.B.; PEIXOTO, M.R.S. Avaliação microbiológica e físico-química de doce de leite e requeijão produzidos com leite de búfala na ilha do Marajó. B.CEPPA, n.2, v. 20, p. 191-202. Curitiba, 2002.

TEIXEIRA, E., MEINERT, E. M., BARBETTA, P. A. Análise Sensorial de alimentos. Florianópolis, SC: Editora UFSC, 1987. p. 114-119. TEIXEIRA, L. V.; BASTIANETTO, B, OLIVEIRA, D. A, A , Leite de búfala na indústria de produtos lácteos. Rev Bras Reprod Animal, Belo Horizonte, v.29, n.2, p.96- 100, abril/jun. 2005.

TEIXEIRA.E. Apostila de análise sensorial. UFSC, 2000.

Page 67: Produção de queijo de coalho inoculado com bactérias ...ppgcta.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/dissertacoes/2012/Suzele Souza.pdf · Na busca de um fugaz momento de felicidade. Prosseguimos!

67

VALE, W. G. Buffalo reproduction and breeding in Brazil. In: SIPAR, Follow-up Seminar on Animal Reproduction and Biotechnology, 4. Belém. Proceedings. Belém. SIPAR/SLU/UFPA. 1998. p. 130 - 50.

VÁSQUEZ M.S.M.; SUÁREZ M.H (1) ZAPATA B. S. Utilización de sustancias antimicrobianas producidas por bacterias acido lácticas en la conservación de la carne. Rev Chil Nutr. Vol. 36, N°1, Marzo 2009

VERRUMA, M.R.; SALGADO J.M. Análise química do leite de búfala em comparação ao leite de vaca. Sci. Agric., v.51,p.131-137, 1994.

VIEIRA, L.C.; LOURENÇO JÚNIOR, J.B. Tecnologia de fabricação do queijo coalho com leite de búfala. Comunicado técnico. Novembro, 2006, Belém,Pará. TEUBER, M. The genus Lactococcus. In: WOOD, B. J. B.; HOLZAPFEL, W. H. The genera of lactic acid bacteria. London: Chapman e Hall ,1995, v. 2, p. 173-234. TONHATI, H. Produção e qualidade do leite e melhoramento genético no Estado de São Paulo, Jaboticabal, SP: Universidade Estadual Paulista, 2001. Tese de livre docência - Faculdade de Ciências Agrarias e Veterinárias da Universidade Estadual Paulista, 2001.

Page 68: Produção de queijo de coalho inoculado com bactérias ...ppgcta.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/dissertacoes/2012/Suzele Souza.pdf · Na busca de um fugaz momento de felicidade. Prosseguimos!

68

ANEXOS

Page 69: Produção de queijo de coalho inoculado com bactérias ...ppgcta.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/dissertacoes/2012/Suzele Souza.pdf · Na busca de um fugaz momento de felicidade. Prosseguimos!

69

ANEXO A- Termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) PROJETO: Produção de queijo de coalho inoculado com bactérias lácticas

isoladas de queijo do Marajó / PA.

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

ESCLARECIMENTO DE PESQUISA

O estudo desta pesquisa tem como objetivo elaboração de queijo de búfala tipo

coalho utilizando como fermento biológico inóculo isoladas de queijo marajoara. Os

procedimentos realizados serão: avaliação físico química, microbiológica e aplicação de

questionário de análise sensorial, com informações de dados pessoais e escala hedônica

que avalia a preferência pelos queijos em estudo. Os testes serão aplicados na

comunidade acadêmica, com idade superior a 18 anos.

O risco para o sujeito da pesquisa é a revelação de sua identidade e desconforto na

realização do teste sensorial, e alergia alimentar àqueles que possuem intolerância a

lactose, entretanto o pesquisador se compromete a preservar o sigilo da identidade dos

mesmos durante a realização do trabalho e na apresentação dos dados coletados, em

caso de queixa ou desconforto, as atividades serão imediatamente interrompidas.

O colaborador é livre para participar e/ou retirar-se da pesquisa a qualquer

momento, sem prejuízo ao mesmo. Em caso de dano pessoal, diretamente provocados

pelos procedimentos propostos pela pesquisa, os participantes terão direito (por parte da

investigadora) a indenizações legalmente estabelecidas. Não há despesas aos

participantes em qualquer fase do estudo e não haverá nenhum pagamento pela

participação. Os dados coletados serão codificados e descritos em formulários

individualizados, sendo secretos e divulgados de uma forma geral, garantindo assim

absoluto sigilo das informações. Após a conclusão da coleta de dados, os mesmos serão

analisados e será elaborado trabalho científico, o mesmo terá divulgação para os meios

acadêmico e científico. As fichas de coletada de dados e avaliação serão guardadas e

após 5 anos incineradas. Investigadora do estudo: Suzele Lima de Souza. residente na

Rua eng. Fernando Guilhon 1470, ap. 01, Batista Campos. Fone: 3229-2339/81413421.

_______________________________

Assinatura do pesquisador responsável

Suzele Lima de Souza- CRN 2119

Consentimento Livre e esclarecido

Declaro que li as informações acima sobre a pesquisa, que me sinto perfeitamente

esclarecido sobre o conteúdo da mesma, assim como os riscos e benefícios. Declaro ainda que,

por minha livre vontade, aceito participar da pesquisa cooperando com a coleta de material para

sua realização.

Belém:___/___/___

______________________________________

Assinatura do colaborador.

Page 70: Produção de queijo de coalho inoculado com bactérias ...ppgcta.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/dissertacoes/2012/Suzele Souza.pdf · Na busca de um fugaz momento de felicidade. Prosseguimos!

70

ANEXO B- Modelo da ficha de avaliação para o teste de aceitabilidade Nome:_______________________________________Data: ____/____/_____ Sexo:______ Idade:__________Escolaridade:_________________________

ESCALA HEDÔNICA Avalie cada amostra usando a escala abaixo para descrever o quanto

você gostou ou desgostou do produto. 1. Desgostei muitíssimo 2. Desgostei muito 3. Desgostei regularmente 4. Desgostei ligeiramente 5. Indiferente 6. Gostei ligeiramente 7. Gostei regularmente 8. Gostei muito 9. Gostei muitíssimo.

Amostra Valor 421 532 341 162

Comentários:____________________________________________________ _______________________________________________________________

Fonte: MININ, 2010. ANEXO C- Modelo de ficha de avaliação para o teste de ordenação. Nome:___________________________________________________ Data: ____/____/_____

Por favor, prove as amostras fornecidas da esquerda para a direira. Ordene-as de acordo com sua preferência. Atribua o número 1 para a amostra de maior preferência, 2 para a segunda mais preferida e assim sucessivamente. Entre as avaliações das amostras enxague a boca e espere 30 segundos. Código da amostra Ordem de preferência 421 532 341 162

Comentários:____________________________________________________ _______________________________________________________________ Fonte: MININ, 2010.

Page 71: Produção de queijo de coalho inoculado com bactérias ...ppgcta.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/dissertacoes/2012/Suzele Souza.pdf · Na busca de um fugaz momento de felicidade. Prosseguimos!

71

ANEXO D- Análises de umidade realizadas com amostras de queijo coalho

armazenado sob diferentes condições de maturação, sob refrigeração a 5°C e

em temperatura ambiente a 29°C.

Umidade Amostra

1 dia 10 dias 20 dias 30 dias Média

Desvio Padrão

E1 46,22 47,12 45,49 47,21 46,51 0,81 L1 46,60 47,63 47,24 47,30 47,19 0,43 Q1 45,51 47,31 46,28 47,05 46,54 0,81 S1 45,59 46,61 44,72 46,28 45,80 0,84 E2 46,24 41,22 35,05 34,24 39,19 5,64 L2 46,61 42,33 34,65 34,57 39,54 5,95 Q2 45,54 43,06 36,27 34,46 39,83 5,31 S2 45,60 40,32 35,47 35,18 39,14 4,91

E1,L1,Q1,S1- Queijos armazenados sob refrigeração. E2,L2,Q2,S2- Queijos armazenados em temperatura ambiente.

Page 72: Produção de queijo de coalho inoculado com bactérias ...ppgcta.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/dissertacoes/2012/Suzele Souza.pdf · Na busca de um fugaz momento de felicidade. Prosseguimos!

72

APÊNDICE

Page 73: Produção de queijo de coalho inoculado com bactérias ...ppgcta.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/dissertacoes/2012/Suzele Souza.pdf · Na busca de um fugaz momento de felicidade. Prosseguimos!

73

APÊNDICE A – Fotos da elaboração do queijo coalho.

Fotografia 1- chegada do leite a plataforma.

Fotografia 2 - análise de plataforma.

Page 74: Produção de queijo de coalho inoculado com bactérias ...ppgcta.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/dissertacoes/2012/Suzele Souza.pdf · Na busca de um fugaz momento de felicidade. Prosseguimos!

74

Fotografia 3- filtragem de leite.

Fotografia 4 - Leite Pasteurizado.

Page 75: Produção de queijo de coalho inoculado com bactérias ...ppgcta.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/dissertacoes/2012/Suzele Souza.pdf · Na busca de um fugaz momento de felicidade. Prosseguimos!

75

Fotografia 5 - adição de culturas lácticas.

Fotografia 6 - Corte do queijo.

Page 76: Produção de queijo de coalho inoculado com bactérias ...ppgcta.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/dissertacoes/2012/Suzele Souza.pdf · Na busca de um fugaz momento de felicidade. Prosseguimos!

76

Fotografia 7- Corte do queijo com lira.

Fotografia 8 - Homogeneização do queijo.

Page 77: Produção de queijo de coalho inoculado com bactérias ...ppgcta.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/dissertacoes/2012/Suzele Souza.pdf · Na busca de um fugaz momento de felicidade. Prosseguimos!

77

Fotografia 9 - Adição de água quente.

Fotografia 10 - Massa reservada para coalhar.

Page 78: Produção de queijo de coalho inoculado com bactérias ...ppgcta.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/dissertacoes/2012/Suzele Souza.pdf · Na busca de um fugaz momento de felicidade. Prosseguimos!

78

Fotografia 11 - Dessoragem.

Fotografia 12 - Salga.

Page 79: Produção de queijo de coalho inoculado com bactérias ...ppgcta.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/dissertacoes/2012/Suzele Souza.pdf · Na busca de um fugaz momento de felicidade. Prosseguimos!

79

Fotografia 13 - Enformagem.

Fotografia 14 - Prensa.

Page 80: Produção de queijo de coalho inoculado com bactérias ...ppgcta.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/dissertacoes/2012/Suzele Souza.pdf · Na busca de um fugaz momento de felicidade. Prosseguimos!

80

Fotografia 15 - Determinação de Acidez.

Fotografia 16 - Teste de peroxidase.

Page 81: Produção de queijo de coalho inoculado com bactérias ...ppgcta.propesp.ufpa.br/ARQUIVOS/dissertacoes/2012/Suzele Souza.pdf · Na busca de um fugaz momento de felicidade. Prosseguimos!

81

Fotografia 17 - Teste de fosfatase.