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8/6/2019 Produtividade o nome do Jogo
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Repensar a Distribuio
Produtividade o nome do jogo
Alexandre Horta ([email protected]), scio-snior e diretor da GS&MD
Gouva de Souza
Ainda que o tom ufanista do governo passado tenha arrefecido um pouco na
transio para o atual, e o cenrio econmico j no seja to exuberante quanto o
foi no ano que passou, o Brasil ainda demonstra bom flego para continuar
crescendo em termos de consumo e garantindo a manuteno dos nveis de
emprego em patamares razoavelmente elevados.
Consequncia disso que o mercado de trabalho segue razoavelmente aquecido,
garantindo boas oportunidades aos sindicatos de categorias em suas negociaes
coletivas e aumentando o turnoverdas empresas, por conta de funcionrios que
identificam melhores alternativas, com ganhos salariais, por meio da troca de
empresa.
Isso tudo perfeitamente explicado pelos modelos matemticos que tratam dapreviso de comportamento de mercado de praticamente qualquer mercadoria
transacionada (e trabalho pode ser classificvel como tal): um incremento de
demanda pela contratao de trabalho implicar em um novo ponto de equilbrio
em termos de preo (leia-se, nvel de remunerao), caso a expanso da oferta
seja inferior da demanda.
E a situao da expanso da oferta de mo de obra significativamente mais
delicada do que os ndices positivos de crescimento populacional do Brasil
poderiam indicar. Ocorre que, apesar da taxa de crescimento populacional
brasileira ser comparativamente maior que a de muitos pases desenvolvidos, a
quantidade adicional de novos trabalhadores no leva em conta o maior grau de
qualificao que se requer para o exerccio de muitas das funes, em um
mercado cada vez mais sofisticado.Assim, ainda que a oferta de mo de obra cresa, alguns graves problemas
associados capacidade da rede de ensino (pblico e privada) no garantem a
adequada qualificao profissional, nem o desenvolvimento das faculdades
intelectuais mnimas para o trabalhador se adaptar a um mercado mais global,
mais tecnolgico e mais conectado, fazendo com que o mercado lide com uma
genuna escassez de talentos, face ao crescimento da demanda.
Isso far com que as grandes contratantes de mo de obra no Brasil (e o varejo se
enquadra nessa classificao) tenham de considerar essa escassez de pessoas
qualificadas para atender perfis profissionais mais complexos, muito diferente
da forma como tal insumo era considerado at ento.
Dessa forma, preocupaes com obteno de maior produtividade dos seus
quadros sero cada vez mais crticas, exigindo o uso de novas ferramentas de
gesto em ambientes de trabalho onde se praticava basicamente o empirismo.
Isso particularmente verdadeiro nas operaes das lojas, em que a definio de
padres operacionais, reviso dos processos, indicadores de produtividade, nvel
de servio, melhoria contnua etc; ainda so considerados elementos estranhos a
uma cultura fundamentalmente calcada na experincia e na tentativa e erro.
Onde, por consequncia, residem imensas oportunidades de ganhos.
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Como durante muito tempo os salrios eram considerados baixos e no havia
dificuldade de obteno de mo de obra, a operao das lojas no era objeto de
uma preocupao especial por parte das empresas brasileiras, ao menos no que
consistiria em tratar tais problemas de forma mais cientfica.
Mesmo ferramentas bastante disseminadas fora do pas, como aquelas utilizadas
para a otimizao do planejamento da escala de trabalho (workforce
management), so praticamente desconhecidas no mercado brasileiro. Outrosexemplos de ferramentas ou tcnicas cuja adoo no varejo brasileiro bastante
atrasada em relao a outros pases, como gerenciamento de espao,
padronizao de visual merchandise e utilizao de coletores de dados,
demonstram que h muito a avanar nesse universo.
O curioso que os principais elementos tericos que subsidiam os estudos de
melhorias de produtividade nesse tipo de ambiente operacional foram
desenvolvidos logo aps a 2a Guerra Mundial, justamente pela necessidade de
garantir a mxima eficincia no uso de recursos que se tornaram mais valiosos
devido escassez provocada pelo conflito: a Pesquisa Operacional e as
ferramentas estatsticas utilizadas nos conceitos de gesto de qualidade centrada
nos processos (levada pelos americanos ao Japo, para garantir o esforo dereconstruo do pas, aps os estragos causados pela guerra).
O Brasil est longe de enfrentar situaes to extremas como a de um mundo em
guerra total, mas importante avaliar o que fez um importante setor da
economia brasileira pouco ter incorporado tais referncias tcnicas na gesto da
rea na qual a maior quantidade dos seus recursos est aplicada e onde se
materializa, efetivamente, toda a proposta de valor dessas empresas.