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María Olatz Cases Planamaz Colaboração de: Vincent Brackelaire Planamaz (Terras Indígenas e Corredores, Corredores e fronteiras) Produto 2: Análise Comparativa das Metodologias para a Gestão de Corredores Ecológicos no Brasil

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María Olatz CasesPlanamaz

Colaboração de:Vincent Brackelaire

Planamaz(Terras Indígenas e Corredores,

Corredores e fronteiras)

Manaus, AmazonasVersão 2.0Maio 2007

Produto 2:Análise Comparativa das Metodologias para a Gestão de

Corredores Ecológicos no Brasil

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Análise Comparativa das Metodologias para a Gestão de Corredores Ecológicos no Brasil

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ANÁLISE COMPARATIVA DAS METODOLOGIAS PARA A GESTÃO DE CORREDORES ECOLÓGICOS NO BRASIL

SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO 5

1 VISÃO GERAL DAS EXPERIÊNCIAS DE CORREDORES NO BRASIL 6

2 ASPECTOS CONCEITUAIS SOBRE CORREDORES ECOLÓGICOS 182.1 Embasamento conceitual 182.2 Os conceitos de corredores no Brasil 202.3 Um olhar comparativo a outros países 262.4 Características conceituais desejáveis nos corredores 282.5 Análise da legislação ambiental sobre a abordagem ecossistêmica 31

3 A PROPOSIÇÃO DE CORREDORES 353.1 Os motivos da proposição de corredores 353.2 Os critérios de seleção de corredores 353.3 O processo de delimitação de corredores 383.4 O processo de integração dos atores locais 393.5 A escala espacial e temporal 403.6 Os levantamentos físicos, bióticos e socioeconômicos 42

4 O PLANEJAMENTO DE CORREDORES 444.1 O processo de planejamento de corredores 444.2 A priorização do trabalho nos corredores 50

5 A IMPLEMENTAÇÃO DE CORREDORES 525.1 Considerações gerais 525.2 Diretrizes temáticas 535.3 O financiamento 60

6 O MONITORAMENTO DE CORREDORES 62

7 SISTEMAS E INSTRUMENTOS DE GESTÃO DE CORREDORES 657.1 A estrutura de gestão 657.2 Os instrumentos legais 68

7.2.1 Atual embasamento legal da gestão de corredores 687.2.2 Propostas para o reforço legal da gestão de corredores 72

8 REFLEXÔES SOBRE TERRAS INDÍGENAS E REGIÕES DE FRONTEIRA 748.1 Terras Indígenas e corredores 748.2 Corredores e fronteiras 77

9 CONCLUSÕES 82

BIBLIOGRAFIA 85APÊNDICES 89

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Compilação dos corredores considerados por diferentes iniciativas. 7Tabela 2: Lista-resumo das experiências de corredores com seu bioma, estados e superfície. 9Tabela 3: Quadro-resumo do estado da gestão das experiências de corredores. 12Tabela 4: Distribuição dos corredores de acordo com o bioma predominante. 15Tabela 5: Reservas da biosfera reconhecidas no Brasil. 15Tabela 6: Comparação das reservas da biosfera com os corredores. 16Tabela 7: Sistematização dos corredores segundo o formato predominante. 25Tabela 8: Correlação entre os princípios do enfoque ecossistêmico e os princípios da Política Nacional da Biodiversidade.

33

Tabela 9: Correlação entre os princípios do enfoque ecossistêmico e as diretrizes da Política Nacional da Biodiversidade.

33

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Mapa com as experiências de corredores no Brasil 10Figura 2: Estado da gestão dos corredores 13Figura 3: Mapa das Reservas da Biosfera reconhecidas no Brasil. 16Figura 4: Exemplo dos três formatos de corredores. 24Figura 5: Gráfico com a distribuição espacial dos corredores. 41Figura 6: O sistema de gestão do Corredor Central da Amazônia. Fonte 66

LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Princípios do enfoque ecossistêmico 31Quadro 2: Descrição do planejamento dos 4 corredores que possuem um plano formal. 47Quadro 3: Descrição do planejamento nos corredores que ainda não possuem um plano formal.

49

LISTA DE APÊNDICES

APÊNDICE A – Compilação das experiências de corredores no Brasil 89APÊNDICE B – Quadro com as ações sendo implementadas nos corredores 95APÊNDICE C – Tabela com dados para contato em cada corredor 99

3

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SIGLAS E ACRÔNIMOS

APA Área de Proteção AmbientalARPA Programa Áreas Protegidas da AmazôniaCANOA Cooperação e Aliança no Noroeste AmazônicoCEBRAC Fundação Centro Brasileiro de Referência e Apoio CulturalCI Conservação Internacional do BrasilCOIAB Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia BrasileiraCONAMA Conselho Nacional do Meio AmbienteFAN Fundación de Amigos de la Naturaleza (Bolivia)FOIRN Federação das Organizações Indígenas do Rio NegroFUNAI Fundação Nacional do ÍndioFVA Fundação Vitória AmazônicaGEF Fundo de Meio Ambiente das Nações UnidasGTA Grupo de Trabalho AmazônicoGTZ Gesellschaft für Technische Zusammenarbeit - GmbH (Agência Alemã de

Cooperação Técnica)IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais RenováveisIBIO Instituto BioAtlânticaICV Instituto Centro de VidaIEPA Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do AmapáIESB Instituto de Estudos Sócio-ambientais do Sul da BahiaINPA Instituto Nacional de Pesquisas da AmazôniaIPAAM Instituto de Proteção Ambiental do AmazonasIPE Instituto de Pesquisas EcológicasISA Instituto SocioambientalMMA Ministério do Meio AmbienteONG Organização Não-governamentalPCE Projeto Corredores EcológicosPPG7 Programa para a Proteção das Florestas Tropicais Brasileiras do Grupo dos 7

países mais ricosPROBIO Projeto de Conservação e Utilização Sustentável da Diversidade Biológica

BrasileiraRDS Reserva de Desenvolvimento SustentávelRESEX Reserva ExtrativistaRPPN Reserva Particular do Patrimônio NaturalSDS Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Estado do

AmazonasSEDAM Secretaria de Estado do Meio Ambiente de RondôniaSNUC Sistema Nacional de Unidades de ConservaçãoSPVS Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação AmbientalTI Terra IndígenaTNC The Nature ConservancyUICN - Sur União Mundial para a Natureza (Escritório Regional para América Latina)UNESCO Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e CulturaWWF World Wild Life Fund

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ANÁLISE COMPARATIVA DAS METODOLOGIAS PARA A GESTÃO DE CORREDORES ECOLÓGICOS NO BRASIL

APRESENTAÇÃO

O Ministério do Meio Ambiente, no âmbito do Projeto de Conservação e Utilização Sustentável da Diversidade Biológica Brasileira (Probio), e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) promoveram a execução do subprojeto “Elaboração de Roteiro Metodológico para a Gestão de Corredores Ecológicos no Brasil”. O objetivo desse subprojeto foi levantar as experiências existentes no país sobre corredores ecológicos, revisar as metodologias de planejamento, implementação, monitoramento e gestão de corredores e elaborar um roteiro metodológico.

Com esse intuito, o subprojeto foi desenvolvido de acordo com as seguintes etapas:1ª) Levantamento de informações sobre as experiências em andamento;2ª) Elaboração do documento “Síntese das experiências de corredores no Brasil”, com

dados básicos referentes a cada experiência compilados no formato de fichas;3ª) Análise comparativa das diversas estratégias já desenvolvidas;4ª) Proposta preliminar de base metodológica para a gestão de corredores;5ª) Realização de oficina de consulta, durante os dias 16 e 17 de novembro de 2006, em

Brasília/DF, com técnicos de instituições governamentais e não-governamentais, bem como com outros profissionais com experiência em corredores;

6ª) Consolidação do documento “Roteiro Metodológico para a Gestão de Corredores Ecológicos no Brasil”.

O documento “Análise comparativa das metodologias para a gestão de corredores ecológicos no Brasil”, aqui apresentado, é o resultado do exame das diferentes metodologias implementadas nos corredores e aborda os aspectos requeridos nos Termos de Referencia relativos ao marco conceitual e aos métodos e instrumentos para planejamento, implementação, monitoramento e sistema de gestão de corredores ecológicos. Devido ao grande número de aspectos a serem considerados dentro de cada um desses temas e às limitações de tempo e orçamentárias (não havia previsão para visitas in loco), a análise foi orientada a fornecer padrões e considerações gerais de cada um desses aspectos, em lugar de aprofundar detalhadamente em cada um deles. Outros estudos subseqüentes serão necessários para aqueles temas que sejam mais conflitantes, como os instrumentos legais; ou diversos, como a questão do financiamento e as ações implementadas para a geração de renda e alternativas produtivas sustentáveis.

Inicialmente, houve muita dificuldade em identificar o número exato de experiências em andamento, devido à diversidade de nomenclatura de corredores, conceitos e limites. Este estudo ficou restrito à análise de 25 corredores no Brasil, ainda que existam outras poucas experiências que estão começando. É o caso dos corredores da Bacia do Rio Uruguai Superior, nos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, e o Corredor Atlântico de Santa Catarina, no estado de Santa Catarina, os quais não foram considerados neste estudo. Adicionalmente, havia experiências que a primeira vista pareciam estar considerando corredores diferentes, principalmente desde o ponto de vista conceitual e metodológico, mas acabaram sendo consideradas como o mesmo corredor ao acontecer no mesmo, ou quase mesmo, território.

A pesar da quantidade de experiências com corredores que foram analisadas, a maioria encontra-se nos estágios iniciais de implantação, pelo que ainda resulta difícil demonstrar que o trabalho com corredores contribui de forma eficiente e eficaz para a conservação da biodiversidade, o desenvolvimento sustentável e a distribuição eqüitativa dos bens e serviços ambientais.

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1 VISAO GERAL DAS EXPERIENCIAS DE CORREDORES NO BRASIL

No Brasil, os corredores se iniciaram com a proposta de Ayres et al. (1997) para o Programa Piloto de Proteção das Florestas Tropicais Brasileiras – PPG7, inspirados pela experiência do Corredor Biológico Meso-Americano. Essa proposta foi muito bem acolhida, tanto no PPG7, através do qual se iniciou a implantação do Corredor Central da Amazônia e do Corredor Central da Mata Atlântica, quanto no Ibama, que iniciou um programa específico para a consolidação de corredores, apoiando a implantação do Corredor Guaporé-Itenez/Mamoré e do Corredor Paraná-Pireneus.

Paralelamente a estas propostas governamentais, a Conservação Internacional (CI) já vinha desenvolvendo um programa de corredores de biodiversidade, de caráter mundial, ainda que inicialmente essa proposta apresentasse algumas diferenças conceituais em relação com os programas anteriormente mencionados.

O resultado desta nova abordagem foi o surgimento de numerosas iniciativas sob a denominação de corredores. Em 2001, o Ibama organizou o I Seminário sobre Corredores Ecológicos no Brasil com o objetivo de divulgar os diversos projetos em andamento e discutir as metodologias de gestão dos corredores. Dando seqüência a este seminário, o Ibama organizou o II Seminário em 2004, onde ficou evidenciado que os corredores ecológicos são estratégias amplamente utilizadas no Brasil.

Neste contexto de diversidade, foram levantadas 49 experiências em corredores com base nas seguintes fontes de informações:

O Projeto Corredores Ecológicos, do Programa Piloto para a Conservação das Florestas Tropicais do Brasil – PPG7;

O Programa Corredores do Ibama; O Programa Corredores de Biodiversidade da Conservação Internacional; Os corredores apresentados nos I e II Seminários sobre Corredores Ecológicos,

organizados pelo Ibama (ARRUDA e NOGUEIRA DE SÁ, 2004; ARRUDA, 2005); Os corredores reconhecidos pelo Ministério do Meio Ambiente mediante portaria; As complementações e atualizações da oficina de consulta sobre o roteiro para a

gestão de corredores, que aconteceu em 16 e 17 de novembro de 2006.

A Tabela 1 apresenta o universo inicial de 49 objetos de análise.

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Tabela 1: Compilação dos corredores considerados por diferentes iniciativas.

Corredores identificados

pelo PPG7

Corredores do Programa do

Ibama

Corredores do Programa da CI

Outros apresentados no I e II Seminários ou reconhecidos

por portaria

Corredores acrescentados na oficina de

consulta

Central da Amazônia

Sul da AmazôniaNorte da

AmazôniaOeste da

AmazôniaEcótonos Sul-

AmazônicosCentral da Mata

AtlânticaSerra do Mar

Jaú / Anavilhanas

Lençóis Maranhenses / Delta do Parnaíba

Caatinga Jalapão /

Chapada das Manguabeiras

Cerrado Paranã / Pireneus

Araguaia / Bananal

Serra do Baturité

Guaporé-Itenes/Mamoré

Cerrado / Pantanal

Rio Paraná Manguezais na

América Tropical / Recôncavo Baiano

Mata Atlântica de Zimbros

Manguezais da Mata Atlântica / Santa Catarina

Biodiversidade do Amapá

Central da Amazônia

AraguaiaSul da AmazôniaUruçui-Uma-

MiradorNordesteCentral da Mata

AtlânticaAbrolhosJalapãoParanãEcótonosCuiabá-São

LourençoMiranda –

BodoquenaEmas – TaquariSerra de

Maracaju – Negro

EspinhaçoSerra do Mar

Rio Paraná – Pontal do Paranapanema

Rio Paraná – Santa María

Bacia do Rio Uruguai Superior

Corredor Atlântico de Santa Catarina

Serra da Capivara-Serra das Confusões

Caatinga

Central Fluminense

Serra da Mantiqueira

Uma – Serra das Lontras

Amazônia Meridional

Calha Norte da Amazônia

Biodiversidade do Xingu

Durante a primeira e segunda etapas desta consultoria se realizou a confrontação e comparação de cada uma dessas iniciativas, o que levou a:

Unificar as experiências do PPG7, Ibama e CI que se desenvolvem no mesmo ou quase mesmo território, dando-as a mesma denominação de corredor. Por exemplo, o Corredor Central da Mata Atlântica, o Corredor Araguaia/Bananal, o Corredor do Jalapão ou o Corredor do Cerrado Paraná/Pirineus;

Dividir um corredor em várias experiências, como no caso do Corredor Ecótonos Sul-amazônicos, do qual se desmembraram o Corredor Araguaia/Bananal, o Corredor do Xingu e o Corredor da Amazônia Meridional;

Juntar vários corredores sob uma mesma denominação de corredor, como aconteceu com os corredores Cuiabá – São Lourenço, Miranda – Bodoquena, Emas –Taquari e Serra de Maracaju – Negro, que foram considerados como o Corredor Cerrado/Panantal; e,

Considerar corredores dentro de corredores maiores, como o Corredor Ecológico da Mantiqueira dentro do Corredor da Serra do Mar e o Corredor Uma – Serra das Lontras dentro do Corredor da Mata Atlântica;

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Acrescentar novos corredores à lista preliminar, como o Corredor da Amazônia Meridional, o Corredor da Calha Norte da Amazônia ou o Corredor Central Fluminense.

Por último, foram identificadas aquelas experiências que estão ainda em discussão ou que paralisaram as suas ações nos estágios iniciais de implantação, as quais não foram consideradas nesta análise, como o Corredor Atlântico de Santa Catarina ou o Corredor da Bacia do Rio Uruguai Superior. A lista preliminar foi discutida e complementada na Oficina de Consulta do Roteiro para a Gestão de Corredores. O resultado foi a identificação de 25 experiências. O documento “Síntese das experiências de corredores no Brasil” explica como se chegou a elas. O Anexo A recolhe um resumo desse processo de identificação.

A análise comparativa das metodologias para a gestão de corredores, agora realizada, teve como universo de estudo essas 25 experiências de corredores. Apesar dos esforços desenvolvidos no levantamento de experiências de corredores, é possível que ainda existam outras iniciativas. Na página seguinte, a Tabela 2 apresenta a lista-resumo das experiências de corredores com seu bioma, estados e superfície e, depois, é apresentado o mapa com todas as experiências consideradas (Figura 1).

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Tabela 2: Lista-resumo das experiências de corredores com seu bioma, estados e superfície.

Nome do Corredor Bioma* Estados Área (ha)1 Corredor de Biodiversidade do Amapá Amazônia

Costeiro e MarinhoAP 10.975.774

2 Corredor Ecológico Araguaia/Bananal CerradoAmazônia

TO, PA, MT, GO

Aprox. 4.000.0001

15.894.4492

3 Corredor da Amazônia Meridional AmazôniaCerrado

MT 54.946.287

4 Corredor Ecológico da Caatinga CaatingaMata Atlântica

PE, PI, SE, AL, BA

11.801.092

5 Corredor da Calha Norte da Amazônia Amazônia PA 27.088.1936 Corredor Central da Amazônia Amazônia

Costeiro e MarinhoAM 52.149.642

7 Corredor Central da Mata Atlântica Mata AtlânticaCosteiro e Marinho

BA, ES 21.337.182

8 Corredor Ecológico Central Fluminense Mata Atlântica RJ9 Corredor Cerrado/Pantanal:

a. Corredor Emas – Taquari

b. Corredor Serra de Maracajú – Negro

c. Corredor Miranda – Bodoquena

d. Corredor Cuiabá – São Lorenço

CerradoPantanalMata Atlântica

GO, MS, MT

17.055.8842

80.000.0001

10 Corredor de Biodiversidade do Espinhaço Cerrado MG 2.241.00411 Corredor Guaporé-Itenez/Mamoré Amazônia RO

Bolívia24.297.135

12 Corredor Ecológico Integrado Amazônia AP 373.00013 Corredor Ecológico do Jalapão ou

Corredor Jalapão – Chapada das Mangabeiras

Cerrado TO, MA, PI, BA

7.586.3681

8.498.5522

14 Corredor do Nordeste Mata AtlânticaCosteiro e MarinhoCaatinga

AL, RN, SE, PE

5.888.036

15 Corredor Norte da Amazônia Amazônia AM, RR 30.123.73516 Corredor Oeste da Amazônia Amazônia AC, RO,

AM27.242.803

17 Corredor Ecológico do Cerrado Paranã-Pireneus

Cerrado TO, GO, DF 6.065.4671

9.973.4092

18 Corredor do Rio Paraná – Pontal do Paranapanema

19 Corredor do Rio Paraná – Selva Paranaense Mata Atlântica PR, SP, MSArgentina, Paraguai

2.548.002(só superfície

brasileira)20 Corredor Serra da Capivara/Serra das

ConfusõesCaatinga PI 332.227

21 Corredor Ecológico da Mantiqueira Mata Atlântica MG 1.182.53822 Corredor da Serra do Mar Mata Atlântica

Costeiro e MarinhoMG, SP, RJ, PR

6.924.149

23 Corredor Ecológico Una - Serra das Lontras Mata Atlântica BA 214.22024 Corredor Uruçui – Mirador Cerrado PI, MA, TO 13.499.96825 Corredor de Biodiversidade do Xingu Cerrado

AmazôniaMT, PA 51.114.235

Notas:1: Superfície considerada por CI.2: Superfície considerada por Ibama.*: Bioma predominante.

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Figura 1: Mapa com as experiências de corredores no Brasil.

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A análise que foi realizada nessas experiências previamente identificadas abordou todos os aspectos da gestão dos corredores, em relação com a proposição do corredor, o seu planejamento, a implementação, o monitoramento e o sistema de gestão. Com o objetivo de ter uma visão geral do estado das experiências desenvolvidas no Brasil, se identificaram diferentes estágios ou balizas de cada uma dessas etapas da gestão para servir de indicadores do grau de implantação.

Dessa forma, a proposição ou estabelecimento de um corredor foi subdivida em três fases, correspondentes com:

O surgimento da idéia do corredor e a identificação de limites; A mobilização de atores e consulta inicial da idéia de corredor e dos limites

identificados; Uma última fase em que os limites do corredor já estão estabelecidos, foram

discutidos e são reconhecidos pelos principais atores envolvidos.

Em relação com o planejamento do corredor, se estabeleceram como balizas: A ausência de qualquer instrumento de planejamento; A existência de algum instrumento de planejamento mais simplificado, ou

considerando apenas uma parte do corredor; e, A existência de um plano formal do corredor, contendo uma estratégia de atuação

para o corredor como um todo.

A análise da visão geral dos métodos e instrumentos de implementação do corredor se viu prejudicada pela variedade de interpretações que existem sobre o que é a implementação do corredor. Em alguns casos, a implementação do corredor se utiliza apenas para a fase inicial de estabelecimento, onde se realiza a identificação dos limites e a mobilização dos principais atores; em outros casos, a implementação engloba todas as ações de estabelecimento, planejamento, implementação, monitoramento e instrumentos de gestão. Existem, ainda, outros casos onde se refere apenas à implementação de ações de acordo com um planejamento já estabelecido. Por esses motivos, o estado da implementação dos corredores não formou parte desta primeira visão geral das experiências. Também, as especificidades de cada corredor e as particularidades das ações prioritárias impedem a identificação de balizas ou estágios pelos que obrigatoriamente cada corredor tenha que passar. Portanto, esta visão geral não contempla a análise da implementação dos corredores.

O sistema de gestão do corredor foi analisado conforme a três situações: ausência de uma estrutura de gestão, existência de uma estrutura informal de gestão e existência de uma estrutura formal de gestão, ou pelo menos já prevista.

O monitoramento do corredor foi orientado ao monitoramento dos impactos causados pelo estabelecimento do corredor. Para isso, a sistematização dos corredores aconteceu conforme a:

A ausência de qualquer indicador de impacto; A existência de indicadores apenas para o monitoramento ambiental; e, A existência de indicadores para o monitoramento socioambiental.

Para esta sistematização, foi considerada ainda uma quarta classe de corredores dos quais não se possui informação suficiente como para poder classificá-los dentro de alguma das classes anteriores.

A sistematização das experiências de corredores conforme esta classificação aparece na Tabela 3 e a Figura 2 sintetiza os resultados em formato de quadro, mostrando a porcentagem de corredores que se encontra em cada estágio.

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Tabela 3: Quadro-resumo do estado da gestão das experiências de corredores.Proposição Planejamento Estrutura de Gestão Monitoramento de impacto

Limites já estabelecidos, discutidos e reconhecidos pelos principais envolvidos: Corredor do Amapá Central da Amazônia Central da Mata Atlântica Guaporé/Itenez-Mamoré Corredor da Caatinga Serra da Capivara-Serra

das Confusões Corredor Una – Serra das

Lontras Corredor Rio Paraná –

Pontal do Paranapanema Corredor da Mantiqueira Corredor Jalapão Corredor Cerrado Paraná-

Pireneus Corredor Araguaia/Bananal Corredor Central

Fluminense

Com Plano formal: Central da Amazônia Central da Mata Atlântica Araguaia/Bananal Corredor da Mantiqueira

Com estrutura formal de gestão (ou já prevista): Corredor Central da

Amazônia Corredor Central da

Mata Atlântica Corredor Araguaia Corredor Jalapão Corredor Central

Fluminense Corredor Una – Serra

das Lontras Corredor Serra da

Capivara-Serra das Confusões

Corredor da Caatinga Corredor

Guaporé/Itenez-Mamoré

Indicadores para monitoramento socioambiental já identificados: Corredor da Caatinga

Na fase de mobilização de atores e consulta: Corredor do Xingu Corredor Serra do Mar Corredor do Nordeste Corredor Amazônia

Meridional

Com algum instrumento de planejamento simplificado: Corredor do Xingu Guaporé/Itenez-Mamoré Nordeste Caatinga Jalapão Una – Serra das Lontras Rio Paraná – Pontal do

Paranapanema Cerrado Paraná-Pireneus Corredor Serra da

Capivara-Serra das Confusões

Corredor do Amapá Corredor Central

Fluminense

Com estrutura informal: Rio Paraná-Pontal do

Paranapanema Corredor da

Mantiqueira Corredor Cerrado

Paranã-Pireneus

Indicadores para monitoramento ambiental já identificados: Central da Amazônia Central da Mata Atlântica Serra da Capivara-Serra das

Confusões Corredor Una – Serra das

Lontras Corredor Rio Paraná – Pontal

do Paranapanema Corredor Araguaia

Na fase de surgimento da idéia e identificação de limites: Corredor Norte da

Amazônia Corredor da Calha Norte

da Amazônia Corredor Ecológico

Integrado Corredor Oeste da

Amazônia Corredor Rio Paraná-Selva

Paranaense Corredor Cerrado Pantanal

Sem planejamento: Corredor Norte da

Amazônia Corredor da Calha Norte

da Amazônia Corredor Ecológico

Integrado Corredor Oeste da

Amazônia Corredor Rio Paraná-

Selva Paranaense Corredor da Amazônia

Meridional Corredor Serra do Mar

Sem estrutura de gestão: Corredor Norte da

Amazônia Corredor da Calha

Norte Corredor Ecológico

Integrado Corredor Oeste da

Amazônia Corredor Rio Paraná-

Selva Paranaense Corredor Amazônia

Meridional Corredor Serra do

Mar Corredor do Xingu Corredor do Nordeste Corredor do Amapá

Ainda sem identificação de indicadores de impacto: Corredor Norte da Amazônia Corredor da Calha Norte da

Amazônia Corredor Ecológico Integrado Corredor Oeste da Amazônia Corredor Rio Paraná-Selva

Paranaense Corredor Amazônia

Meridional Corredor Serra do Mar Corredor do Xingu Corredor do Nordeste Corredor do Amapá Corredor Guaporé/Itenez-

Mamoré Corredor Central Fluminense Corredor Jalapão Corredor Cerrado Paraná-

Pirineus Corredor da Mantiqueira

Sem informação: Corredor Uruçuí-Mirador Corredor Serra do

Espinhaço

Sem informação: Corredor Cerrado

Pantanal Corredor Uruçuí-Mirador Corredor Serra do

Espinhaço

Sem informação: Corredor Cerrado

Pantanal Corredor Uruçuí-

Mirador Corredor Serra do

Espinhaço

Sem informação: Corredor Cerrado Pantanal Corredor Uruçuí-Mirador Corredor Serra do

Espinhaço

Estado da gestão dos corredores

18%

45%

68%

5%

57%

26%17%

32%

50%

41%

14%

27%

1 2 3

Proposição

Planejamento

Estrutura de Gestão

Monitoramento de impacto

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Figura 2: Gráfico com o estado da gestão dos corredores.

Legenda: Porcentagem de corredores nesse estágio.Proposição:1 – Na fase de surgimento da idéia e identificação de limites;2 – Na fase de mobilização de atores e consulta inicial da idéia de corredor e dos limites;3 – Limites já estabelecidos, discutidos e reconhecidos pelos principais atores envolvidos.Planejamento:1 – Sem qualquer instrumento de planejamento;2 – Com algum instrumento de planejamento simplificado, ou considerando apenas uma parte do corredor;3 – Com plano formal do corredor.Sistema de Gestão:1 – Sem estrutura de gestão;2 – Com estrutura informal;3 – com estrutura formal.Monitoramento de impacto:1 – Ainda sem identificação de indicadores de impacto;2 – Indicadores para monitoramento ambiental já identificados;3 – Indicadores para monitoramento socioambiental já identificados.

Figura 2: Estado da gestão dos corredores

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Analisando o gráfico da Figura 2, nota-se que a implementação de corredores como estratégia para a conservação da biodiversidade ainda se encontra nos primeiros estágios de implantação, pois apenas 57 % dos corredores possui seus limites já discutidos e reconhecidos e, em relação com as fases subseqüentes de planejamento, estrutura de gestão e monitoramento, a maior parte deles encontra-se nos estágios iniciais. Destaca-se que 45 % dos corredores ainda não tem instalada uma estrutura de gestão e 68 % dos corredores não identificou seus indicadores para o monitoramento de impacto.

Em relação com o planejamento, 50 % dos corredores possui um instrumento de planejamento simplificado frente a 18 % dos corredores com plano formal, o que indica que em muitas situações se prefere ter algum planejamento que oriente as ações e ofereça um rumo, do que investir mais recursos humanos e financeiros num plano formal, mais custoso e demorado.

Quanto à estrutura de gestão dos corredores, 41 % deles já possui uma estrutura formal, o que contrasta com o 45 % dos corredores que ainda não possui nenhuma. Como forma alternativa, 3 corredores (17 %) desenvolveram uma estrutura informal de gestão com um sistema de tomada de decisões e resolução de conflitos.

Entretanto, a situação do monitoramento de impacto é bastante precária, pois apenas 5 % dos corredores (um único corredor) já identificou indicadores socioambientais de monitoramento; ainda que também se considere que 27 % dos corredores possui indicadores ambientais, não é uma quantidade significativa que possa demonstrar que a estratégia dos corredores é efetiva para a conservação da sociobiodiversidade e para a promoção do desenvolvimento sustentável.

Por outro lado, um quarto dos corredores (26%, 6 corredores) ainda se encontra no estágio inicial de surgimento da idéia e identificação de limites. Alguns desses corredores são relativamente recentes, como o Corredor da Calha Norte da Amazônia ou o Corredor Ecológico Integrado do Amapá; porém, outros foram identificados inicialmente por Ayres et al. em 1997, como o Corredor Norte da Amazônia e o Corredor Oeste da Amazônia, mas não foram iniciadas atividades para sua consolidação naquela época. As ações de mobilização de atores no Corredor Norte da Amazônia foram iniciadas recentemente pelo Instituto Socioambiental (ISA). No caso do Corredor Rio Paraná – Selva Paranaense, as atividades são implementadas com muita descontinuidade, havendo ciclos de maior ou menor intensidade da ação.

È claro que existe uma seqüência lógica na gestão dos corredores, portanto, os 6 corredores que ainda se encontram no estágio inicial de identificação de limites, também se encontram nos primeiros estágios do planejamento, da estrutura de gestão e do monitoramento de impacto.

Conseqüentemente, a visão geral da gestão de corredores mostra que apesar do número significativo de corredores em implantação (25) ainda não se pode contar com modelos de gestão já consolidados. Existem, entretanto, atividades que se estão executando para a consolidação da idéia de corredor em cada local, das quais se podem identificar lições aprendidas.

Quanto à sistematização das 25 experiências de corredores por bioma, considerando apenas os biomas predominantes em cada corredor, a Tabela 4 mostra os resultados.

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Tabela 4: Distribuição dos corredores de acordo com o bioma predominante.

Amazônia Cerrado Pantanal Mata Atlântica Caatinga Marinho e Costeiro

Biodiversidade do Amapá Araguaia/Bananal Amazônia Meridional Calha Norte da Amazônia Central da Amazônia Guaporé-Itenez/Mamoré Ecológico Integrado do Amapá Norte da Amazônia Oeste da Amazônia Biodiversidade do Xingu

Araguaia/Bananal Amazônia Meridional Cerrado/Pantanal Biodiversidade do Espinhaço Jalapão Cerrado Paranã-Pireneus Uruçui-Mirador Biodiversidade do Xingu

Cerrado/Pantanal

Caatinga Central da Mata Atlântica Central Fluminense Cerrado/Pantanal Nordeste Rio Paraná – Pontal do Paranapanema Rio Paraná – Selva Paranaense Ecológico da Mantiqueira Serra do Mar Una – Serra das Lontras

Caatinga Serra da Capivara-Serra das Confusões Nordeste

Biodiversidade do Amapá Central da Mata Atlântica Nordeste Serra do Mar

Verifica-se, portanto, que os principais biomas brasileiros possuem uma ou várias experiências de corredores. Os biomas melhor representados nos corredores são a Amazônia e a Mata Atlântica. O bioma que ainda não possui nenhuma experiência de corredor é o bioma Campos Sulinos.

Entretanto, vale destacar que apesar da existência de quatro corredores no bioma Marinho e Costeiro, apenas o Corredor Central da Mata Atlântica considerou as particularidades desse bioma no seu planejamento, com a implementação de ações específicas para garantir a conectividade. Os outros três corredores implementam ações primordialmente focadas na parte terrestre.

Também vale a pena discutir a confrontação dos corredores existentes com as Reservas da Biosfera já reconhecidas no Brasil. Até o momento foram reconhecidas sete reservas da biosfera (Tabela 5 e Figura 3).

Tabela 5: Reservas da biosfera reconhecidas no Brasil.Fonte: Reserva da Biosfera da Mata Atlântica. Disponível em:

http://www.rbma.org.br/mab/unesco_02_rbrb.asp. Acesso em: 10/10/2006.

Reserva da biosfera Superfície Ano de reconhecimento

RB Mata Atlântica350.000 km2

Entre 1991 e 2002RB do Cinturão Verde de SPRB Cerrado 296.500 km² 1993 a 2001RB Pantanal 251.570 km² 2000RB Caatinga 198.990 km² 2001RB da Amazônia Central 208.600 km2 2001RB Serra do Espinhaço 2005

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Figura 3: Mapa das Reservas da Biosfera reconhecidas no Brasil. Fonte: Reserva da Biosfera da Mata Atlântica. Em: http://www.rbma.org.br/mab/unesco_02_rbrb.asp. Acesso em: 10/10/2006.

Comparando o mapa dos corredores (Figura 1) com o mapa das reservas da biosfera (Figura 3), verifica-se que as sete reservas da biosfera existentes no Brasil coincidem com um ou vários corredores (Tabela 6).

Tabela 6: Comparação das reservas da biosfera com os corredores.Reserva da Biosfera Corredor

Mata AtlânticaCinturão Verde de São Paulo

o Central da Mata Atlânticao Serra do Maro Central Fluminenseo Mantiqueirao Nordesteo Rio Paraná

Cerrado o Paranã/Pireneuso Jalapãoo Araguaia/Bananalo Uruçui-Una-Miarador

Pantanal o Cerrado PantanalAmazônia Central o Central da AmazôniaCaatinga o Serra da Capivara-Serra das Confusões

o CaatingaSerra do Espinhaço o Serra do Espinhaço

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O modelo de gestão de reservas da biosfera possui muitos elementos em comum com a estratégia de corredores e são envolvidos os mesmos atores em ambos os processos, pelo que seria aconselhável otimizar ações, esforços e estruturas. É o caso da reserva da biosfera da Mata Atlântica, cuja estrutura de gestão é utilizada para a gestão do Corredor da Mata Atlântica (a reserva é maior que o corredor e foi implantada primeiro); e a estrutura da reserva da biosfera da Amazônia Central é utilizada para a gestão do Corredor Central da Amazônia (a reserva é menor e foi implantada depois).

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2 ASPECTOS CONCEITUAIS SOBRE CORREDORES ECOLÓGICOS

2.1 Embasamento conceitual

Antes de entrar nos aspectos conceituais sobre corredores, é interessante conhecer melhor como surgiu esse termo no panorama da conservação e a evolução conceitual acontecida.

Segundo Shafer (1990:83), o termo corredor foi utilizado pela primeira vez em 1936 por um paleontólogo, Simpson1, no contexto da dispersão de espécies entre continentes; nessa época, o corredor ainda não era visto como um meio para combater os efeitos da fragmentação dos ecossistemas. O problema da fragmentação, e a subseqüente insularização, começou a ser o centro das pesquisas de conservação a partir da década de 50 do século passado. Numerosos pesquisadores começaram a demonstrar a relação existente entre o número de espécies e o tamanho dos seus hábitats, como Preston2 em 1962; ou estudaram a proporção em que o índice de extinção de espécies se iguala ao índice de migração de novas espécies em ambientes isolados, como MacArthur e Wilson em 19633 (SHAFER, 1990:11). Já nessa ocasião, foi recomendada por Preston a utilização de corredores entre reservas para permitir aumentar as possibilidades de sobrevivência de pequenas populações (SHAFER, 1990:83).

Quatro anos depois, em 1967, MacArthur e Wilson4 publicaram sua obra prima “A teoria sobre biogeografia de ilhas”, a qual se tornou em ponto de referência da biogeografia e da biologia de conservação. Esse trabalho, dentre outras conseqüências, motivou muitos outros estudos sobre os efeitos do tamanho dos hábitats e o isolamento e sobre a importância da conectividade. Na década de 70, os corredores lineares e os corredores em formato de pedras de passo (stepping stones) foram recomendados no desenho de diversas estratégias de conservação para facilitar a movimentação das espécies entre hábitats isolados (BENNET, 1998:39).

Portanto, os corredores foram inicialmente entendidos como conexão entre dois núcleos de hábitats com o fim de garantir o fluxo genético entre as populações de animais e plantas nela existentes e a continuidade dos processos ecológicos. O termo corredor referia-se exclusivamente ao formato ou disposição utilizada para possibilitar a conectividade entre fragmentos de hábitats, concebendo-se como um vínculo ou conexão linear entre eles.

Entretanto, na década de 80 a ecologia da paisagem se consolidou como disciplina científica, oferecendo um marco mais abrangente (a paisagem) para analisar o funcionamento dos fragmentos de hábitats e os benefícios da conectividade (BENNET, 1998:43). Desde a perspectiva da ecologia da paisagem, a conectividade pode ser favorecida mediante o manejo da paisagem como um todo ou mediante o manejo de hábitats específicos, fomentando diferentes configurações de acordo com as necessidades das espécies ou comunidades e considerando escalas de espaço e tempo maiores. Os principais modelos do manejo da paisagem para favorecer a conectividade são (BENNET, 1998:50-57):

a) Corredores de hábitat, mais apropriados onde:

1 SIMPSON, G. G. Data on the relationships of local and continental mammalian faunas. Journal of Paloentology, 10: 410-414, 1936.2 PRESTON, F. W. The canonical distribution of commonness and rarity: part I and part II. Ecology, 43: 185-215 e 410-432, 1962.3 MACARTHUR, R. H.; WILSON, E. O. An equilibrium theory of insular zoogeography. Evolution, 17: 373-387, 1963.4 MACARTHUR, R. H.; WILSON, E. O. The Theory of Island Biogeography. Princeton, New Jersey: Princeton University Press, 1967.

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As paisagens estejam muito modificadas e sejam inapropriadas para as espécies nativas;

As espécies dependam de hábitats inalterados; A escala de movimentação das espécies seja pequena em relação com a distancia

que deva ser percorrida; O objetivo seja manter a continuidade das populações dentro do hábitat, mais do

que promover movimentações dos indivíduos; O objetivo seja a continuidade de comunidades inteiras de fauna; A manutenção dos processos ecológicos precise de hábitats contínuos para seu

funcionamento.b) Hábitats em formato de pedras de passo ou que servem com

trampolins, apropriados para: Espécies que regularmente se movimentam entre diferentes hábitats; Espécies que são relativamente móveis e se podem movimentar até distâncias

substanciais; Espécies que são tolerantes a paisagens alteradas, ainda que não possam viver

dentro da zona modificada; Quando o objetivo é manter a continuidade dos processos ecológicos que

dependem das movimentações de espécies de fauna e as espécies de fauna podem movimentar-se de um fragmento a outro.

c) Mosaicos de hábitats, os quais são aconselháveis quando: Grande parte da paisagem permanece em estado natural ou seminatural; As espécies ou comunidades em questão têm um alto grau de tolerância aos usos

existentes; O objetivo é proteger espécies que requerem grandes extensões de hábitats.

Em suma, diversas experiências foram desenvolvidas objetivando a continuidade ou fluxo dos processos mediante diversos arranjos de hábitats. Essas outras configurações continuaram, na maioria dos casos, sendo designadas como corredores, estendendo-se a utilização de um mesmo vocábulo (corredor) a várias estratégias de manutenção da conectividade.

Por último, um passo importante foi dado quando se percebeu que o manejo da paisagem em prol da conectividade acontece dentro de um contexto social, econômico e político e que os fatores locais e as considerações sócio-econômicas e políticas são tão importantes quanto as ecológicas no desenho e efetividade dos corredores (BENNET, 1998:125). Com essa abordagem, as configurações de corredores que consideram escalas espaciais e temporais maiores foram assumindo funções do ordenamento territorial e os seus objetivos ganharam maior abrangência ao incluir o seu desenvolvimento social e econômico.

Portanto, em ocasiões a palavra ‘corredor’ representa exclusivamente um vínculo ou conexão entre fragmentos de hábitats e, em outras, seu significado é mais abrangente, estendendo-se até a definição de uma unidade de planejamento territorial.

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2.2 Os conceitos de corredores no Brasil

Desde o surgimento das primeiras experiências de corredores no Brasil, se realizaram esforços para conceituar essa nova abordagem para a conservação. O primeiro registro de uma conceituação oficial de corredor é a Resolução do CONAMA n° 09 de 1996, emitida com o intuito de dinamizar a implementação do Decreto n° 750 de 1993 para a proteção da Mata Atlântica. A partir dessa, surgiram muitas outras. O resultado do levantamento de conceitos utilizados para a definição e implementação de corredores, ordenado cronologicamente, é o seguinte:

1. Resolução Nº 09, de 24 de Outubro de 1996, do CONAMA. Esta resolução foi aprovada considerando a necessidade de dinamizar a implementação do Decreto nº 750/93, referente à proteção da Mata Atlântica.

Art. 1º Corredor entre remanescentes caracteriza-se como sendo faixa de cobertura vegetal existente entre remanescentes de vegetação primária em estágio médio e avançado de regeneração, capaz de propiciar hábitat ou servir de área de trânsito para a fauna residente nos remanescentes. Parágrafo Único: Os corredores entre remanescentes constituem-se: a) pelas matas ciliares em toda sua extensão e pelas faixas marginais definidas por lei;b) pelas faixas de cobertura vegetal existentes nas quais seja possível a interligação de remanescentes, em especial, às unidades de conservação e áreas de preservação permanente.

2. AYRES, J. M. et al. Abordagens inovadoras para a conservação da biodiversidade no Brasil: os corredores das florestas neotropicais. Versão 3.0. PPG7 – Programa Piloto para a Proteção das Florestas Neotropicais: Projetos Parques e Reservas. Ministério do Meio Ambiente, Recursos Hídricos e da Amazônia Legal; Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis Brasília: mímeo, 1997.Também em: AYRES, J. M et al. Os corredores ecológicos das florestas tropicais do Brasil. Belém: Sociedade Civil Mamirauá, 2005. 256 p.

“Grandes extensões de ecossistemas florestais biologicamente prioritários na Amazônia e na Mata Atlântica, delimitados em grande parte por conjuntos de unidades de conservação (existentes ou propostas) e pelas comunidades ecológicas que contém”. (AYRES et al., 2005:23).

3. Lei nº 9.985, de 2000, art. 2º, inciso XIX.

“Porções de ecossistemas naturais ou seminaturais, ligando unidades de conservação, que possibilitam entre elas o fluxo de genes e o movimento da biota, facilitando a dispersão de espécies e a colonização de áreas degradadas, bem como a manutenção de populações que demandam para sua sobrevivência áreas com extensão maior do que aquela das unidades de conservação”.

4. CI; IESB. Planejando paisagens sustentáveis. A Mata Atlântica Brasileira. Washington: CI, 2000: 5.

“Um corredor ecológico ou de biodiversidade é um mosaico de usos de terra que conectam fragmentos de floresta natural através da paisagem. O objetivo do corredor é facilitar o fluxo genético entre populações, aumentando a chance de sobrevivência a longo prazo das comunidades biológicas e de suas espécies componentes”.

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5. MMA. Projeto Corredores Ecológicos. Documento do Projeto. Brasília: mímeo, 2002. 146 pp. Também em: MMA. Projeto Corredores Ecológicos Fase II. Documento do Projeto Brasília: mímeo, 2006. 91 pp.

“Os corredores ecológicos são definidos como grandes áreas que contêm ecossistemas florestais biologicamente prioritários para a conservação da biodiversidade na Amazônia e na Mata Atlântica, compostos por conjuntos de unidades de conservação, terras indígenas e áreas de interstício, de modo a prevenir ou reduzir a fragmentação das florestas existentes e permitir a conectividade entre áreas protegidas”. (MMA, 2002:10; MMA, 2006:1)

6. SANDERSON, J. et al. Biodiversity Conservation Corridors: Planning, Implementing and Monitoring Sustainable Landscapes. Washington, DC: Conservation International, 2003.

“A biodiversity conservation corridor is a biologically and strategically defined sub-regional space, selected as a unit for large-scale conservation planning and implementation purposes5”. SANDERSON et al., 2003:11.

7. ARRUDA, M. e DE SÁ, Luiz Fernando Nogueira (organizadores). Corredores Ecológicos: Uma abordagem integradora de ecossistemas no Brasil. Brasília: Ibama, 2004:183.

“Ecossistemas naturais ou seminaturais que garantem a manutenção das populações biológicas e a conectividade entre as áreas protegidas. São geridos como unidades de planejamento visando a conservação da biodiversidade, o uso sustentável dos recursos naturais e a repartição eqüitativa das riquezas para as presentes e futuras gerações” (ARRUDA e DE SÁ, 2004:183).

8. GÓES, A.; SIMAS, A. Corredor de Biodiversidade: uma nova percepção do desenvolvimento econômico e conservacionista para o Estado do Amapá. In: ARRUDA, M. (organizador). Gestão Integrada de Ecossistemas Aplicada a Corredores Ecológicos. Brasília: IBAMA, 2005. p. 331-347.

Corredor de Biodiversidade do Amapá: “Conceitua-se corredor de biodiversidade como uma rede de áreas protegidas, entremeadas por áreas com variáveis graus de ocupação humana, nas quais o manejo é integrado para garantir a sobrevivência de todas as espécies, a manutenção de processos ecológicos e evolutivos e o desenvolvimento de uma economia regional forte e resiliente, baseada no uso sustentável dos recursos naturais” (GÓES E SIMAS, 2005).

9. INSTITUTO CENTRO DE VIDA. Espaços do Futuro – Corredor de Conservação da Biodiversidade da Amazônia Meridional. Proposta de Ações Prioritárias. Estabelecimento de Programa Local de Conservação e Estudo de criação de Unidade de Conservação na Área das Nascentes. Alta Floresta: mimeo, 2005.

Corredor da Amazônia Meridional: “uma unidade de planejamento regional da conservação da biodiversidade, que compreende uma rede de áreas protegidas (os elementos mais importantes da estratégia de conservação) e um mosaico de múltiplos usos da terra com diferentes graus de utilização e ocupação humana

5 Tradução da autora: Um corredor de biodiversidade é um espaço sub-regional biológica e estrategicamente definido, identificado como uma unidade para o planejamento da conservação em grande escala e com propósitos de implementação.

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(Fonseca et al., 2004 e Sanderson et al., 2003).” (INSTITUTO CENTRO DE VIDA, 2005).

10. MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, CONSERVAÇÃO INTERNACIONAL & FUNDAÇÃO SOS MATA ATLÂNTICA. O Corredor Central da Mata Atlântica: uma nova escala de conservação da biodiversidade. Brasília: 2006. 46p.

“Uma grande área de extrema importância biológica, composta por uma rede de unidades de conservação entremeadas por áreas com variados graus de ocupação humana e diferentes formas de uso da terra, na qual o manejo é integrado para garantir a sobrevivência de todas as espécies, a manutenção de processos ecológicos e evolutivos e o desenvolvimento de uma economia regional forte, baseada no uso sustentável dos recursos naturais” (MMA et al., 2006:10).

11. IBAMA. Projeto Conservação de Ecossistemas do Cerrado. Relatório Final. Janeiro 2006. Brasília: mímeo, 2006b. 33 p.

No Corredor Ecológico do Cerrado Paraná-Pireneus: “Para efeito deste relatório entende-se que corredor ecológico é uma unidade de planejamento que pode englobar áreas de relevante interesse para conservação da biodiversidade e áreas

protegidas integradas ou conectadas, com o compromisso da conservação de hábitats e paisagens importantes, ao lado da capacitação e da identificação de oportunidades de renda alternativa, às comunidades residentes, viabilizando apoio e incentivo ao desenvolvimento de atividades econômica e ambientalmente sustentáveis” (IBAMA, 2006b:5).

12. Ficha do Corredor do Nordeste no Documento “Síntese de experiências de corredores no Brasil” preenchida por Sônia Aline Roda (CEPAN)

“Define-se como Corredor de Biodiversidade do Nordeste um conjunto de paisagens sustentáveis conectadas, em escala regional, através de corredores florestais. Cada paisagem terá como elemento central de manejo um sítio importante de biodiversidade e o conjunto dos sítios deverá abrigar uma parcela significativa da diversidade biológica desta unidade biogeográfica da floresta Atlântica brasileira, principalmente no que se refere às espécies endêmicas/ameaçadas de extinção”.

O resultado desse levantamento surpreende pelo número de conceitos encontrados, inclusive, após o aparecimento de um conceito legal em 2000 com a Lei do Sistema Nacional de Unidades de Conservação. É provável que um número tão grande de conceitos tenha como causa a necessidade de se adaptar às especificidades encontradas em cada experiência. Porém, debilita a formatação de uma estratégia nacional de corredores e prejudica sua sistematização.

Também surpreende o resultado pelas diferenças conceituais encontradas entre os dois conceitos legais, da Resolução do CONAMA n° 9 e da Lei nº 9.985/00, e as outras. Os dois conceitos legais são os únicos que consideram o corredor apenas como um elemento conector, seja ele entendido como uma “faixa de cobertura vegetal existente entre remanescentes de vegetação primária em estágio médio e avançado de regeneração” (Resolução CONAMA n° 9), ou como “porções de ecossistemas naturais ou seminaturais, ligando unidades de conservação” (Lei do SNUC). Os outros conceitos denotam, em maior ou menor medida, uma abordagem de gestão ou ordenamento territorial. Esse distanciamento legal pode prejudicar pela falta de um respaldo legal explícito, porém, nenhuma das experiências analisadas encontrou dificuldades na sua implantação por esses motivos.

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Todos esses conceitos oferecem uma representação do corredor por meio de dois ou mais dos elementos seguintes:

a) a descrição de como é o corredor, por exemplo, no conceito 1 “faixa de cobertura vegetal existente entre remanescentes de vegetação primária”, ou no conceito 2 “Grandes extensões de ecossistemas florestais”;b) a identificação de algumas qualidades do corredor, por exemplo, no conceito 1 “em estágio médio e avançado de regeneração”, ou no conceito 2 “biologicamente prioritários na Amazônia e na Mata Atlântica”;c) a definição dos seus elementos constituintes, por exemplo, no conceito 2 “delimitados em grande parte por conjuntos de unidades de conservação (existentes ou propostas) e pelas comunidades ecológicas que contém” ou no conceito 5 “compostos por conjuntos de unidades de conservação, terras indígenas e áreas de interstício”;d) a finalidade do corredor, por exemplo, no conceito 1 “capaz de propiciar hábitat ou servir de área de trânsito para a fauna residente nos remanescentes”; ou no conceito 3 “possibilitar entre elas (UCs) o fluxo de genes e o movimento da biota, facilitando a dispersão de espécies e a colonização de áreas degradadas, bem como a manutenção de populações que demandam para sua sobrevivência áreas com extensão maior do que aquela das unidades de conservação”.

As principais diferenças ao analisar esses elementos são encontradas na finalidade do corredor. Enquanto os conceitos 1, 3, 4 e 5 apresentam objetivos apenas biológicos, vinculados exclusivamente para possibilitar o fluxo genético, impedir a fragmentação e manter populações, os conceitos 7, 8, 10 e 11 apresentam objetivos mais abrangentes incluindo o desenvolvimento sustentável, a repartição de benefícios e o desenvolvimento da economia regional.

Por outro lado, quando se analisa o formato dos corredores, principalmente em relação com a existência de áreas protegidas e sua disposição, se percebem três arranjos ou disposições diferentes: um formato de conexão (linear ou não), um formato de mosaico de áreas protegidas e um formato de biorregião (Figura 4). O propósito ou objetivo dos três tipos é a conservação da maior diversidade biológica possível, no mais longo prazo, favorecendo o fluxo genético e a continuidade dos processos ecológicos mediante a conectividade. Entretanto, encontram-se as seguintes diferenças: Os corredores lineares ou outros arranjos similares englobam superfícies menores e sua

finalidade é servir de conexão entre unidades de conservação existentes e/ou os fragmentos de ecossistemas naturais ou seminaturais. Portanto, seu foco principal está na conservação da biodiversidade. Em ocasiões se encontram inseridos em corredores maiores; nesses casos, são denominados minicorredores, corredores biológicos, corredores de fauna ou, também, apenas corredores.

Os corredores com formato de mosaicos de áreas protegidas englobam superfícies maiores e também consideram a conservação da biodiversidade, porém, seu foco se expande para o desenvolvimento sustentável. A maioria deste tipo de corredores está constituída apenas por unidades de conservação e por terras indígenas, formando corredores de áreas protegidas.

Por último, os corredores que abrangem territórios maiores ou biorregiões lidam com dezenas de milhões de hectares e acrescentam aos objetivos de conservação e desenvolvimento sustentável, a perspectiva do fortalecimento da economia regional baseada no uso sustentável dos recursos naturais e da distribuição eqüitativa de bens e serviços ambientais. Além das unidades de conservação e terras indígenas, seus limites englobam áreas de interstício, onde se busca promover atividades ambientalmente sustentáveis e a melhora da qualidade de vida de seus moradores.

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Figura 4: Exemplo dos três formatos de corredores.

Corredor que conecta unidades de conservação

Corredor de áreas protegidas

Corredor biorregional

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A sistematização dos corredores analisados segundo o formato predominante

apresenta-se na Tabela 7.

Tabela 7: Sistematização dos corredores segundo o formato predominante.

Corredor que conecta unidades de conservação

Corredor de áreas protegidas Corredor biorregional

Serra da Capivara – Serra das Confusões

Minicorredores ou outras denominações, dentro dos corredores

Biodiversidade do Amapá Araguaia/Bananal Calha Norte da Amazônia Central Fluminense Norte da Amazônia Oeste da Amazônia Rio Paraná – Selva

Paranaense Biodiversidade do Xingu

Ecológico Integrado do AmapáRio Paraná – Pontal do

ParanapanemaUna – Serra das LontrasAmazônia Meridional Caatinga Central da Amazônia Central da Mata Atlântica Cerrado/Pantanal Espinhaço Guaporé-Itenez/Mamoré Jalapão Nordeste Cerrado Paraná-Pireneus Mantiqueira Serra do Mar Uruçuí-Mirador

Portanto, o formato predominante é o biorregional e, em menor medida, o corredor de áreas protegidas. Os principais elementos que diferenciam esses dois formatos são: a percentagem de áreas protegidas no seu interior e a intensidade das abordagens ambiental, econômica, social, cultural, institucional e de cidadania.

Essa diferenciação de três entendimentos na estratégia de corredores, também foi identificada por Soulé e Terborgh (1999)6. Eles concluíram que a efetividade do corredor depende diretamente da escala e identificaram três tipos de corredores:

1. Corredores de faixa de hábitat, que conectam partes pequenas e próximas e são efetivos para a diversidade em escala local.

2. Corredores em mosaico espacial, que são mais amplos e longos e abrigam uma variedade de paisagens, como um mosaico de reservas.

3. Corredores em escala regional, que conectam grandes extensões de terra no formato de redes regionais de unidades de conservação.

Por último, tanto nos conceitos como na análise das experiências, encontrou-se uma grande variedade de termos utilizados, seja corredor ecológico ou corredor de biodiversidade, predominantemente. Apesar de que possa haver algumas diferenças conceituais entre essas denominações, já são encontrados no Brasil vários documentos onde se iguala o termo corredor ecológico a corredor de biodiversidade. Por exemplo, Sanserson et al. (2003) explicam que corredor de conservação da biodiversidade (biodiversity conservation corridor) algumas vezes também é referido como corredor de conservação ou corredor ecológico. No início de 2006, uma publicação conjunta entre o Ministério do Meio Ambiente e a Aliança

6 SOULE, M.E.; TERBORGH, J. (eds.) Continental conservation: scientific foundations of regional reserve network. Washington, DC: Island Press, 1999.

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para a Conservação da Mata Atlântica7 para o Corredor Central da Mata Atlântica, conseguiu chegar a alguns consensos. Nesse documento, se reconheceu que:

[...] o termo ‘corredor ecológico’, usado pelo Ministério do Meio Ambiente, e ‘corredor de biodiversidade’ usado pela Aliança para Conservação da Mata Atlântica, referem-se à mesma estratégia de gestão da paisagem e são tratados como sinônimos (BRASIL, 2006:10).

Posteriormente, o Projeto Corredores Ecológicos do PPG7 também constatou que: Neste contexto, o conceito “Corredor Ecológico” ou “Corredor de

Biodiversidade” e a abordagem de intervenção correlata referem-se a uma unidade espacial de extensões significativas de ecossistemas florestais biologicamente prioritárias (MMA, 2006:2)8.

2.3 Um olhar comparativo a outros países

Muitos outros países também desenvolvem estratégias similares ao objeto da nossa análise para combater a fragmentação dos ecossistemas e a subseqüente perda de biodiversidade. Um dos estudos mais recentes e interessantes sobre este assunto foi realizado por Bennet e Mulongoy (2006), por encargo da Secretaria da Convenção da Diversidade Biológica. O objetivo era realizar uma revisão de experiências do mundo inteiro que objetivem conservar a biodiversidade na escala da paisagem, ecossistema ou ecorregião mediante sistemas interconectados de áreas protegidas.

Em todas as experiências analisadas havia dois objetivos genéricos: manter o funcionamento dos ecossistemas como um meio para facilitar a conservação das espécies e hábitats; e, promover o uso sustentável dos recursos naturais para reduzir os impactos das atividades humanas sobre a biodiversidade e/ou aumentar o valor da biodiversidade das paisagens manejadas.

Entretanto, uma das conclusões da revisão foi a grande variedade de termos que são utilizados para denominar essas experiências. Dentre as mais de 200 analisadas, encontraram os seguintes nomes (BENNET e MULONGOY, 2006:82): Rede ecológica (ecological network) Rede verde (green network) Rede de reservas (reserve network) Rede de áreas selvagens (wildlands network) Sistema de biotopos entrelaçados (interwoven biotope system) Sistema territorial de estabilidade ecológica Corredor Corredor biológico Corredor ecológico Corredor de biodiversidade Corredor de conservação Corredor biogeográfico Corredor de desenvolvimento sustentável Corredor verde Plano ecorregional

7 BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. O Corredor Central da Mata Atlântica: uma nova escala de conservação da Biodiversidade. Ministério do Meio Ambiente, Conservação Internacional e Fundação SOS Mata Atlântica. Brasília: Ministério do Meio Ambiente; Conservação Internacional, 2006.8 MMA. Projeto Corredores Ecológicos Fase II. Documento do Projeto Brasília: mímeo, 2006. 91 pp.

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Área transfronteiriça de manejo dos recursos naturais (transboundary natural resources management área) Área de conservação transfronteiriça

Dentro dessa variedade de terminologia, foi encontrado um padrão regional: na Europa e nas organizações governamentais internacionais, o termo mais usado é rede ecológica (ecological network); na América do Norte prefere-se usar rede de reservas (reserve network); na América do Sul e em grande parte da Ásia, muitos programas utilizam o termo corredor ecológico; e, na África ainda não se pode falar de um termo predominante. Entretanto, o termo rede ecológica é o usado na maioria dos acordos internacionais durante os últimos anos pela UICN, as Conferencias das Partes da Convenção sobre a Diversidade Biológica e os Congressos Mundiais sobre Conservação.

Essa revisão também salienta a semelhança destas experiências com o modelo de Reservas da Biosfera, que surgiu na década de 70 pelos esforços da UNESCO. A proposta da UNESCO foi precursora no sentido de considerar áreas-núcleo, zonas de amortecimento e áreas de transição nos programas de conservação, estratégia que coincide com muitas das propostas analisadas.

Outra conclusão da revisão é a grande variedade de escalas de trabalho. Não foi possível encontrar um padrão de escala entre as experiências analisadas, pois variam desde a escala local trabalhando com espécies específicas até programas regionais ou estratégias continentais. Ainda assim, o que mais predomina é o foco no ecossistema ou grandes ecorregiões.

Com relação à iniciativa da experiência, foi encontrado que tanto organizações governamentais como não-governamentais se empenham em executar programas desta natureza. Ainda assim, também encontraram um padrão continental: na Europa, a maioria dos programas de redes ecológicas é iniciada por governos nacionais ou regionais; na América do Norte, a maioria das experiências em andamento é iniciada por organizações não-governamentais; na Austrália, a iniciativa surgiu de uma organização não-governamental, mas está sendo executada em colaboração com os órgãos governamentais; na Ásia, predominam as iniciativas das organizações não-governamentais, primordialmente WWF e Conservação Internacional; na América Latina, a revisão conclui que a maioria das iniciativas procede de organizações não-governamentais, principalmente de Conservação Internacional (BENNET e MULONGOY, 2006:83).

Infelizmente, a revisão não permitiu concluir até que ponto estas iniciativas de redes ecológicas ou corredores são efetivas para a conservação da biodiversidade. A maioria delas se encontra no seu estágio inicial e aquelas mais avançadas se localizam nos paises mais desenvolvidos, pelo que fica difícil traçar orientações conclusivas. Entretanto, a revisão aponta algumas lições aprendidas, dentre as que se destacam: Todas aquelas experiências nas fases mais avançadas de implementação estão

embasadas em estudos sobre as necessidades dos hábitats e espécies em relação com as ameaças a que se vêm submetidas.

A forma mais efetiva de atingir os objetivos de conservação é mediante o estabelecimento ou manutenção de corredores, entendidos como conectores de hábitats.

Todas as experiências coincidem em integrar a conservação da biodiversidade e o uso sustentável. Porém, apenas uma parte das iniciativas está focada no alívio à pobreza, já que a revisão considerou projetos do mundo inteiro, desde paises das regiões mais pobres até altamente industrializados.

No âmbito da América do Sul, destaca-se a iniciativa do Escritório Regional para América do Sul da União Mundial para a Natureza (UICN), que realizou em 2004 um foro eletrônico e

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uma oficina para tratar a aplicação do enfoque ecossistêmico na gestão de corredores. Nessa ocasião, também ficou comprovado que a idéia de corredor está sendo trabalhada por várias organizações conservacionistas neste continente. Os paises com maior quantidade de iniciativas são o Brasil e a Colômbia. Porém, não existe um modelo unificado de metodologia de implementação nem padrões quanto a desenhos, tamanhos, objetivos, conceitos e terminologias (CRACCO e GUERRERO, 2004).

Como primeira aproximação na busca de elementos comuns nos conceitos e termos de corredores, foram diferenciadas três categorias de corredores (CRACCO e GUERRERO, 2004:4): Corredores biológicos ou de hábitat, que favorecem a conectividade biológica,

promovendo o fluxo genético entre fragmentos de hábitat; Corredores de conservação, que favorecem a conectividade biológica e social

(participação) e o planejamento biorregional, colocando como componentes críticos às áreas protegidas e dando ênfase nas práticas de uso sustentável;

Corredores de desenvolvimento sustentável, que favorecem a conectividade biológica, social (participação e inclusão), política (cooperação e integração), econômica e comercial, com princípios de sustentabilidade, respeito à diversidade cultural e busca da equidade social.

Perceba-se que esta classificação não considera os termos mais usados no Brasil, corredores ecológicos e corredores de biodiversidade. O corredor ecológico foi discutido na oficina, mas não houve consenso quanto as suas características. Para alguns participantes não havia diferença substancial entre corredor biológico e ecológico; para outros, os corredores ecológicos e de conservação não se diferenciam entre si. Estas diferenças acontecem porque na prática os corredores ecológicos mostram experiências tanto de promoção da conectividade lineal e conexão física entre hábitats, quanto experiências de planejamento biorregional, como mencionado no item anterior após análise das experiências brasileiras.

Em qualquer caso, esta classificação é apenas orientadora, pois não se podem encaixar nela todas as experiências encontradas no continente; por exemplo, o Corredor Biológico Meso-Americano se encaixa conceitualmente dentro da classificação de corredor de desenvolvimento sustentável, a pesar de ser denominado corredor biológico. Por outro lado, também é muito comum a denominação do corredor unicamente com um nome próprio, sem adjetivos que qualifiquem o corredor.

2.4 Características conceituais desejáveis nos corredores

Para identificar quais são as características conceituais implicitamente desejáveis em um corredor, cada um dos elementos dos conceitos foi analisado e agrupado por similaridade da seguinte forma:

a) Elementos relacionados com o que o corredor é, ou como é o seu aspecto: Faixa de cobertura vegetal existente entre remanescentes de vegetação

primária (conceito 1) Grandes extensões de ecossistemas florestais (conceito 2) Porções de ecossistemas (conceito 3) Grandes áreas que contêm ecossistemas florestais (conceito 5) Grande área (conceito 10) Mosaico de usos de terra (conceito 4) Conjunto de paisagens sustentáveis (conceito 12) Rede de áreas protegidas, entremeadas por áreas com variáveis graus de

ocupação humana (conceito 8)

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Unidade de planejamento regional da conservação da biodiversidade (conceito 9)

Unidade de planejamento (conceito 11) Espaço sub-regional (conceito 6)

b) Elementos relacionados com suas qualidades ambientais: Em estágio médio e avançado de regeneração (conceito 1) Naturais ou seminaturais (conceito 3 e conceito 7) Biologicamente prioritários na Amazônia e na Mata Atlântica (conceito 2) Biologicamente prioritários para a conservação da biodiversidade na

Amazônia e na Mata Atlântica (conceito 5) Biológica e estrategicamente definido (conceito 6) De extrema importância biológica (conceito 10) Cada paisagem terá como elemento central de manejo um sítio importante de

biodiversidade e o conjunto dos sítios deverá abrigar uma parcela significativa da diversidade biológica desta unidade biogeográfica da floresta Atlântica brasileira, principalmente no que se refere às espécies endêmicas / ameaçadas de extinção (conceito 12)

c) Elementos relativos às unidades de conservação e outras áreas protegidas: Ligando unidades de conservação (conceito 3) Delimitados em grande parte por conjuntos de unidades de conservação

(existentes ou propostas) e pelas comunidades ecológicas que contém (conceito 2)

Compostos por conjuntos de unidades de conservação, terras indígenas e áreas de interstício (conceito 5)

Compreendendo uma rede de áreas protegidas (os elementos mais importantes da estratégia de conservação) e um mosaico de múltiplos usos da terra com diferentes graus de utilização e ocupação humana (conceito 9)

Englobando áreas de relevante interesse para conservação da biodiversidade

e áreas protegidas integradas ou conectadas (conceito 11) Composta por uma rede de unidades de conservação entremeadas por áreas

com variados graus de ocupação humana e diferentes formas de uso da terra (conceito 10)

d) Relativos a sua finalidade: Propiciar hábitat ou servir de área de trânsito para a fauna residente nos

remanescentes (conceito 1). Possibilitar entre elas (UCs) o fluxo de genes e o movimento da biota,

facilitando a dispersão de espécies e a colonização de áreas degradadas, bem como a manutenção de populações que demandam para sua sobrevivência áreas com extensão maior do que aquela das unidades de conservação (conceito 3)

Facilitar o fluxo genético entre populações, aumentando a chance de sobrevivência em longo prazo das comunidades biológicas e de suas espécies componentes (conceito 4)

Prevenir ou reduzir a fragmentação das florestas existentes e permitir a conectividade entre áreas protegidas (conceito 5)

Garantir a manutenção das populações biológicas e a conectividade entre as áreas protegidas. São geridos como unidades de planejamento visando a conservação da biodiversidade, o uso sustentável dos recursos naturais e a repartição eqüitativa das riquezas para as presentes e futuras gerações (conceito 7)

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Garantir a sobrevivência de todas as espécies, a manutenção de processos ecológicos e evolutivos e o desenvolvimento de uma economia regional forte e resiliente, baseada no uso sustentável dos recursos naturais (conceito 8 e conceito 10)

Com o compromisso da conservação de hábitats e paisagens importantes, ao lado da capacitação e da identificação de oportunidades de renda alternativa, às comunidades residentes, viabilizando apoio e incentivo ao desenvolvimento de atividades econômica e ambientalmente sustentáveis (conceito 11)

A partir desses elementos se podem induzir algumas características conceituais desejáveis para os corredores como a presença de um mosaico de hábitats contínuos de diferentes gradientes de conservação; tamanho e largura do corredor apropriados como hábitat em si e como meio de deslocamento de espécies; heterogeneidade de hábitats; estabilidade da riqueza de espécies, dentre outros.

Entretanto, propõe-se uma adaptação das características identificadas pelo Projeto para a Consolidação do Corredor Meso-Americano, segundo as variáveis ambiental, social, econômica, política e institucional. Essas características também são apropriadas e abrangem todos os elementos identificados anteriormente, sendo necessário apenas realizar pequenos ajustes para adaptar à diversidade de conceitos que existe no Brasil. Assim, são propostas as seguintes características conceituais implicitamente desejáveis para os três formatos de corredores (Adaptado de PROYECTO PARA LA CONSOLIDACIÓN DEL CORREDOR BIOLÓGICO MESOAMERICANO, 2002):

- Variável ambiental: Presença de unidades de conservação já decretadas; Presença de espécies de fauna indicadoras da boa saúde dos ecossistemas; Presença de indivíduos de espécies ameaçadas, endêmicas ou em perigo de

extinção; Presença de hábitats de reprodução e alimentação para espécies de importância; Presença de hábitats importantes para o deslocamento de espécies de fauna de

importância para a saúde do ecossistema; Importância como rota migratória; Presença de um mosaico de hábitats contínuos de diferentes gradientes de

conservação, representativos na escala da paisagem; Tamanho e largura do corredor apropriados como hábitat em si e como meio de

deslocamento de espécies; Heterogeneidade de hábitats; Estabilidade da riqueza de espécies.

- Variável social: Entendimento e apropriação do conceito de corredor por parte da sociedade para

que este subsista no longo prazo; Pleno envolvimento de todos os atores sociais existentes na área; Disponibilidade e apoio dos atores locais para contribuir com o uso adequado dos

recursos naturais; Processos de participação social; Presença de tradição de uso do solo em harmonia com a natureza; Certo grau de organização e participação local; Foro de debate entre os diferentes atores sociais.

- Variável econômica, política e institucional:

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Vontade política para trabalhar no formato de corredor e considerá-lo nos mais altos níveis do executivo (ex. junto à secretaria de planejamento, governador, etc.);

Coordenação entre iniciativas de desenvolvimento e de conservação; Existência de oportunidades de fontes de ingresso diretas a partir do uso

sustentável dos recursos naturais; Priorização política para programas de incentivos; Não existem grandes conflitos pela propriedade da terra; Articulação institucional.

Cabe salientar que muitas dessas características fundamentais também são comuns a outras estratégias de conservação e gestão territorial, como os mosaicos de unidades de conservação e as Reservas da Biosfera e, em menor medida, os projetos de Desenvolvimento Local Integrado e Sustentável (DLIS), ou outras iniciativas de desenvolvimento local.

2.5 Análise da legislação ambiental sobre a abordagem ecossistêmica

A abordagem ecossistêmica ou enfoque ecossistêmico é uma estratégia para a gestão integrada das terras, águas e recursos vivos, que está sendo apoiada e desenvolvida pela UICN para introduzir os objetivos da Convenção sobre Diversidade Biológica na tomada de decisões. Esse enfoque foi adotado em 1995 pela 2ª Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica como marco de ação principal. Em 2000, após um longo processo de consulta e discussão, a 5ª Conferência das Partes emitiu a Decisão V/6, onde foram apresentados os doze princípios do enfoque ecossistêmico e a metodologia operacional para sua aplicação.

Os doze princípios do enfoque ecossistêmico são:

Quadro 1: Princípios do enfoque ecossistêmicoPRINCÍPIOS DO ENFOQUE ECOSSISTÊMICO

Princípio 1: A eleição dos objetivos da gestão dos recursos terrestres, hídricos e recursos vivos deve estar em mãos da sociedade.

Princípio 2: A gestão deve estar descentralizada, ao nível apropriado mais baixo.Princípio 3: Os administradores de ecossistemas devem ter em conta os efeitos (reais ou

possíveis) de suas atividades nos ecossistemas adjacentes e em outros ecossistemas.

Princípio 4: Reconhecendo os possíveis benefícios derivados de sua gestão, é necessário compreender e manejar o ecossistema num contexto econômico. Este tipo de programa de gestão de ecossistemas deveria: Diminuir as distorções do mercado que repercutem negativamente na

diversidade biológica; Orientar os incentivos para promover a conservação e a utilização sustentável

da diversidade biológica; Procurar, na medida do possível, incorporar os custos e os benefícios no

ecossistema de que se trate.Princípio 5: A conservação da estrutura e o funcionamento dos ecossistemas deveria ser um

objetivo prioritário do enfoque ecossistêmico para manter os serviços dos ecossistemas.

Princípio 6: A gestão dos ecossistemas deve ser realizada dentro dos limites de seu funcionamento.

Princípio 7: O enfoque ecossistêmico se deve aplicar às escalas espaciais e temporais apropriadas.

Princípio 8: Reconhecendo as diversas escalas temporais e os efeitos retardados que caracterizam os processos dos ecossistemas, se deveriam estabelecer objetivos de longo prazo na gestão dos ecossistemas.

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Princípio 9: A gestão deve reconhecer que mudanças no ecossistema são inevitáveis.Princípio 10: O enfoque ecossistêmico deve buscar o equilíbrio apropriado e a integração entre a

conservação e o uso da diversidade biológica.Princípio 11: O enfoque ecossistêmico deve considerar todas as formas de informação

relevante, incluindo os conhecimentos, as inovações e as práticas científicas, indígenas e locais.

Princípio 12: O enfoque ecossistêmico deve envolver todos os setores relevantes da sociedade e das disciplinas científicas.

Fonte: UNEP/CBD/COP5. Decisão V/6, adotada pela 5ª Conferência das Partes para a Convenção sobre Diversidade Biológica. Nairobi, 15-26 de maio de 2000. 2000. (Traduzido ao português).

Analisando esses princípios, é possível concluir que a abordagem ecossistêmica é a integração de diversas estratégias longamente utilizadas para cumprir os objetivos da Convenção sobre Diversidade Biológica. Entretanto, o enfoque ecossistêmico reforça a necessidade de embasar o manejo da biodiversidade no conhecimento científico das estruturas, processos, funções e interações entre organismos e seu meio ambiente e na participação da sociedade (UNEP/CBD/COP7, 2004; UNEP/CBD/COP5, 2000; SMITH e MALTBY, 2003).

No Brasil, os princípios do enfoque ecossistêmico são considerados implicitamente nos princípios gerais do Direito Ambiental e, consequentemente, orientam os dispositivos de muitas normas legais. De forma explícita, os princípios do enfoque ecossistêmico encontram-se inseridos na Política Nacional da Biodiversidade, aprovada pelo Decreto Federal n° 4.339 de 2002.

Os princípios gerais do Direito Ambiental são normas jurídicas que permitem o balanceamento de valores e interesses e fornecem coerência e racionalidade ao sistema normativo, além de servir como diretriz para sua justa compreensão e interpretação. Eles realizam uma função informadora, normativa e interpretativa (MACHADO, 2005). Os princípios do enfoque ecossistêmico de número 1 e 12 encontram-se contemplados no princípio do Direito Ambiental da participação. Os princípios do enfoque ecossistêmico de número 3, 5, 6 e 8 são considerados nos princípios da precaução e da prevenção. O princípio 10 do enfoque ecossistêmico encontra-se recolhido no princípio do Direito Ambiental do acesso eqüitativo aos recursos naturais.

O princípio da participação surge na esfera do Direito Ambiental favorecido e potencializado pelo maior envolvimento da sociedade civil em todas as questões de interesse social, dentro do processo de democratização dos países. No caso das questões ambientais, a participação está também justificada por lidar com interesses difusos e coletivos. O princípio da participação foi fortemente salientado na Declaração de Rio de Janeiro da Conferencia das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, como uma forma de fortalecer os esforços para a conservação do meio ambiente e o desenvolvimento sustentável. O seu Princípio 10 orienta da seguinte forma:

A melhor maneira de tratar questões ambientais é assegurar a participação, no nível apropriado, de todos os cidadãos interessados. No nível nacional, cada indivíduo deve ter acesso adequado a informações relativas ao meio ambiente de que disponham autoridades públicas, inclusive informações sobre materiais e atividades perigosas em suas comunidades, bem como a oportunidade de participar em processos de tomada de decisões. Os Estados devem facilitar e estimular a conscientização e a participação pública, colocando a informação à disposição de todos. Deve ser propiciado acesso efetivo a mecanismos judiciais e administrativos, inclusive no que diz respeito à compensação e reparação de danos.

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Também, o artigo 225 da Constituição Federal considera o princípio da participação quando impõe ao Poder Público e à coletividade o dever de preservar o meio ambiente; vejamos:

Art. 225 - Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

Os princípios da precaução e da prevenção são considerados na Declaração de Rio de Janeiro (princípios 8 e 15). Também são exemplos do direcionamento preventivo os incisos IV e V, do § 1º, do artigo 225 da Constituição Federal.

A Política Nacional da Biodiversidade positivou vários dos princípios do enfoque ecossistêmico, como refletido na seguinte tabela:

Tabela 8: Correlação entre os princípios do enfoque ecossistêmico eos princípios da Política Nacional da Biodiversidade.

Princípios ecossistêmicos

Princípios da Política Nacional da Biodiversidade

11112

VI - os objetivos de manejo de solos, águas e recursos biológicos são uma questão de escolha da sociedade, devendo envolver todos os setores relevantes da sociedade e todas as disciplinas científicas e considerar todas as formas de informação relevantes, incluindo os conhecimentos científicos, tradicionais e locais, inovações e costumes;

410

XV - a conservação e a utilização sustentável da biodiversidade devem contribuir para o desenvolvimento econômico e social e para a erradicação da pobreza;

106

XVI - a gestão dos ecossistemas deve buscar o equilíbrio apropriado entre a conservação e a utilização sustentável da biodiversidade, e os ecossistemas devem ser administrados dentro dos limites de seu funcionamento;

4 XVII - os ecossistemas devem ser entendidos e manejados em um contexto econômico, objetivando:a) reduzir distorções de mercado que afetam negativamente a biodiversidade;b) promover incentivos para a conservação da biodiversidade e sua utilização sustentável; ec) internalizar custos e benefícios em um dado ecossistema o tanto quanto possível;

112

XX - as ações de gestão da biodiversidade terão caráter integrado, descentralizado e participativo, permitindo que todos os setores da sociedade brasileira tenham, efetivamente, acesso aos benefícios gerados por sua utilização.

A Política Nacional da Biodiversidade também considera nas suas diretrizes vários dos princípios ecossistêmicos, como mostrado na seguinte tabela:

Tabela 9: Correlação entre os princípios do enfoque ecossistêmico e as diretrizes da Política Nacional da Biodiversidade.

Princípios ecossistêmicos

Diretrizes da Política Nacional da Biodiversidade

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VI – a gestão dos ecossistemas deve ser descentralizada ao nível apropriado e os gestores de ecossistemas devem considerar os efeitos atuais e potenciais de suas atividades sobre os ecossistemas vizinhos e outros;

789

VII - a gestão dos ecossistemas deve ser implementada nas escalas espaciais e temporais apropriadas e os objetivos para o gerenciamento de ecossistemas devem ser estabelecidos a longo prazo, reconhecendo que mudanças são inevitáveis.

5 VIII - a gestão dos ecossistemas deve se concentrar nas estruturas, nos

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processos e nos relacionamentos funcionais dentro dos ecossistemas, usar práticas gerenciais adaptativas e assegurar a cooperação intersetorial;

Por último, a Política Nacional da Biodiversidade considera como um dos objetivos específicos do Componente 3 - Utilização Sustentável dos Componentes da Biodiversidade “Adaptar para as condições brasileiras e aplicar os princípios da Abordagem Ecossistêmica no manejo da biodiversidade” (objetivo específico 12.2.9).

Considerando o grande potencial de aplicação dos princípios ecossistêmicos na gestão de corredores, o Escritório Regional para América do Sul da IUCN organizou uma oficina em 2004 com a presença de 35 profissionais com experiência em corredores, com o objetivo de promover o intercâmbio de experiências e lições aprendidas sobre a aplicação da abordagem ecossistêmica à gestão de corredores. Nessa oficina, foram apresentados estudos de caso de diversos corredores de América do Sul mostrando em que grau os princípios do enfoque ecossistêmico são aplicados nos corredores. A maioria das experiências apresentadas aplica de maneira implícita quase todos os princípios (CRACCO e GUERRERO, 2004).

No caso dos corredores brasileiros, Cases (2004:23) identificou para o Corredor Central da Amazônia que os princípios da abordagem ecossistêmica vinculados com a participação e a descentralização (princípios 1, 2, 11 e 12) foram os mais considerados na época, pois coincidem com dois dos cinco princípios estratégicos do Projeto Corredores Ecológicos. Entretanto, quando da elaboração do Plano de Gestão do corredor também seriam considerados os princípios 5, 6 e 7 e, adicionalmente, os princípios 8, 9 e 10; ou seja, primeiramente se compilariam as bases científicas e técnicas da estrutura e funcionamento dos ecossistemas do corredor, para depois, estabelecer de forma participativa as bases para sua gestão. Para o Corredor Central da Mata Atlântica, Mores (2004:29) identificou que o Termo de Referencia para a elaboração do seu Plano de Gestão enfocava de forma explícita os princípios do enfoque ecossistêmico. Nesse corredor, a elaboração do Plano de Gestão consideraria os 12 princípios em diferentes graus de aprofundamento.

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3 A PROPOSIÇÃO DE CORREDORES

3.1 Os motivos da proposição de corredores

A implantação de corredores ecológicos ou de biodiversidade no Brasil foi motivada inicialmente pela percepção de que as unidades de conservação por si só não garantem a conservação da biodiversidade no longo prazo. Todas as experiências examinadas, estejam vinculadas a programas institucionais ou sejam iniciativas isoladas, foram propostas como abordagens inovadoras para garantir a manutenção das espécies e dos processos ecológicos no longo prazo.

Essa abordagem inovadora dos corredores encontrou um ambiente propício para se desenvolver porque nos últimos anos também aconteceram mudanças no enfoque do planejamento e manejo das unidades de conservação, como a consideração de escalas de espaço e tempo maiores, e o envolvimento com maior número de atores.

A primeira proposta de corredores no Brasil foi realizada por um grupo de consultores a pedido do Ministério do Meio Ambiente e do Programa Piloto para conservação das Florestas Tropicais Brasileiras – PPG7 com o intuito de elaborar as diretrizes básicas do componente Parques e Reservas desse programa. Essa proposta é o marco histórico da introdução no âmbito das políticas públicas de meio ambiente da necessidade de grandes espaços de conservação (AYRES et al., 2005:7-8). A partir daí, se podem observar duas tendências:

A proposição de corredores no âmbito de uma política explícita e planejada de implantação de corredores, seja por instituições governamentais ou por organizações não-governamentais, como é o caso dos corredores do Projeto Corredores Ecológicos do PPG7, do Programa Corredores Ecológicos do Ibama ou do Programa Corredores de Biodiversidade da Conservação Internacional; e,

A proposição de corredores fora do contexto de programas mais abrangentes e no nível local, como o Corredor do Rio Paraná – Pontal do Paranapanema, o Corredor Guaporé-Itenez/Mamoré (cuja proposta foi anterior ao programa do Ibama) ou o Corredor Central Fluminense.

3.2 Os critérios de seleção de corredores

Em todas as iniciativas analisadas, a espinha dorsal dos corredores está constituída por unidades de conservação e terras indígenas, legalmente instituídas. Na prática, todos os corredores foram delimitados a partir das áreas que já estão oficialmente protegidas, as quais pressupõe-se que também foram identificadas de acordo a critérios biológicos. A partir delas, os limites foram complementados com outros critérios ambientais. Cada experiência utilizou diversos critérios que tampouco diferem muito entre si. A maioria deles procede dos princípios da biologia da conservação e da biogeografia, principalmente em relação à teoria de ilhas, tamanho adequado das reservas, distribuição das espécies mais ameaçadas ou espécies críticas, necessidades de hábitats das espécies-chave, representatividade, biodiversidade, dentre outros. As bacias hidrográficas também constituem um elemento importante e comum na delimitação da maioria dos corredores. Posteriormente, os limites são apurados de acordo a critérios sociais ou políticos.

Portanto, percebe-se que existe consenso em três aspectos da metodologia para a delimitação dos corredores:

As áreas protegidas já oficialmente decretadas se constituem no esqueleto desses corredores;

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As considerações sociais e políticas são freqüentemente tão importantes quanto as considerações ambientais;

Os limites dos corredores são discutidos e estabelecidos no decorrer dos processos organizacionais onde encontram-se inseridos, embasados nas pesquisas científicas e nas experiências desenvolvidas durante o andamento do processo.

Importa observar, contudo, que existem algumas diferenças quanto aos critérios de seleção entre os primeiros corredores que foram identificados, como os corredores do PPG7, e os corredores mais recentes, pois na época dos estudos para a identificação dos corredores do PPG7 ainda não estavam identificadas as áreas prioritárias para a conservação e uso sustentável da biodiversidade, promovidas pelo Probio. Naquela época, foram utilizados os resultados do Workshop Manaus 90 e do Workshop Miami 94 para a Amazônia e de workshops regionais para a Mata Atlântica (AYRES et al., 2005:25).

Apesar de não terem sido consideradas inicialmente nos corredores do PPG7, ou não aparecer como critério explícito de sua delimitação no caso de outros, todos os 25 corredores englobam uma ou várias áreas prioritárias para a conservação e uso sustentável da biodiversidade, classificadas como de prioridade extremamente alta ou muito alta; e alguns corredores também englobam áreas classificadas como insuficientemente conhecidas.

Os corredores identificados no âmbito do Projeto Corredores Ecológicos, do PPG7, foram selecionados entre 1996 e 1997 levando em conta os critérios de (AYRES et. al., 2005:25):

a) Riqueza de espécies: número absoluto e percentagem total desta dentro da riqueza da biota regional conservada no corredor;

b) Diversidade de comunidades e ecossistemas: número de comunidades distintas e percentagem das comunidades típicas da região;

c) Grau de conectividade: ou integralidade das ligações existentes entre comunidades terrestres e aquáticas ao longo do corredor em potencial;

d) Integridade: ou tamanho mínimo dos blocos de paisagem natural, para definir a capacidade de suporte de populações de espécies raras e ameaçadas.

e) Existência de unidades de conservação e terras indígenas: as informações geradas de acordo com os critérios anteriores foram sobrepostas com os limites das unidades já criadas e as terras indígenas;

f) Viabilidade institucional para consolidação: por intermédio da criação de novas unidades públicas ou privadas.

A partir desses critérios, os corredores que surgiram posteriormente foram incorporando novos, como:

Representatividade biológica (Corredor de Biodiversidade do Amapá ou revisão de limites do Corredor Central da Amazônia);

Representatividade geomorfológica (revisão de limites do Corredor Central da Amazônia);

Existência de espécies ameaçadas e endêmicas (Corredor Central da Mata Atlântica ou Corredor Una – Serra das Lontras);

Complementariedade biológica (Corredor de Biodiversidade do Amapá ou revisão dos limites do Corredor Central da Amazônia);

Existência de paisagens únicas (revisão de limites do Corredor Central da Amazônia); ou,

Limites das bacias hidrográficas (Corredor do Xingu, Corredor Norte da Amazônia, revisão de limites do Corredor Central da Amazônia, Corredor Una – Serra das Lontras).

Também se observa a paulatina incorporação de critérios sociais, culturais e políticos, como:

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Limite dos municípios que englobam a rede de unidades de conservação da região (Corredor da Mantiqueira, revisão de limites do Corredor Central da Amazônia;

Limite dos municípios que englobam a maior concentração de remanescentes de Mata Atlântica da região (Corredor da Mantiqueira);

Rodovias e núcleos urbanos (Corredor Una – Serra das Lontras); Existência de iniciativas anteriores de conservação e desenvolvimento (Corredor Una

– Serra das Lontras); Limites estaduais (revisão de limites do Corredor Central da Amazônia, Corredor da

Calha Norte da Amazônia); Existência de conhecimentos tradicionais das populações tradicionais associados à

conservação da biodiversidade (Corredor do Xingu); Efetividade de custo, eficiência e equidade (Corredor de Biodiversidade do Amapá).

Outro critério utilizado no Corredor Central da Amazônia para não considerar dentro de sua área outras porções de ecossistemas apesar da existência de conectividade foi a capacidade de gestão. Por esse motivo, a TI do Vale do Javari não foi incluída dentro dos limites atuais do corredor a pesar de haver conectividade com a RDS do Cujubim.

Destaque a parte merecem os critérios utilizados pelo Programa Corredores do Ibama. Os limites do Corredor da Caatinga, Corredor Araguaia-Bananal e Corredor do Cerrado Paraná-Pireneus foram selecionados segundo os seguintes critérios estabelecidos mediante oficinas participativas (IBAMA, 2001a; IBAMA, sd.):

a) Importância ecológica e social da área: Diversidade de Paisagens

o Paisagens únicaso Hábitato Áreas núcleo

Diversidade Biológicao Número de espécies endêmicaso Número de espécieso Patrimônio gênicoo Espécies ameaçadaso Espécies potencialmente econômicas

Diversidade Sócio-Culturalo Populações tradicionaiso Populações indígenaso Quilombos

Recursos Hídricoso Nascenteso Recarga de aqüíferoo Rede hídrica

b) Fatores críticos da área: Antropismo / Fragmentação

o Pressão antrópicao Agricultura / pecuáriao Assentamentos / empreendimentoso Caça / exploração madeireira

Risco aos Recursos Hídricoso Garimpo o Esgotoo Poluição química, humana e industrial

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o Assoreamento / dragagem Desorganização Sócio-Econômica

o Crescimento desordenadoo Ausência do poder públicoo Pobreza generalizadao Ausência de sindicatos / ONGs

Fragilidade Institucionalo Ausência de apoio do Governo do Estado / Municipal

Por último, verifica-se, também, que existem corredores onde se reconhece que os limites podem ser reavaliados ao longo do tempo, conforme o conhecimento técnico, a articulação local e a capacidade de gestão evoluem. Esse é o caso do Corredor Central da Amazônia, o Corredor Central da Mata Atlântica e do Corredor Una – Serra das Lontras. Os limites do Corredor Guaporé-Itenez/Mamoré também foram reavaliados ao longo do tempo, levando em conta algumas unidades de conservação que ficaram fora da primeira proposta de abrangência do corredor (MMA, 2000).

3.3 O processo de delimitação de corredores

Dentre os corredores analisados, 13 já têm seus limites estabelecidos, discutidos e reconhecidos pelos principais envolvidos; 4 ainda estão na fase de mobilização de atores e consulta dos limites; e, 6 já foram propostos e seus limites foram identificados de acordo com critérios específicos, mas ainda não avançaram mais no processo de integração com os principais envolvidos (Tabela 3).

No levantamento efetuado, o que se observa é que em ocasiões o processo de delimitação da área do corredor não acontece de forma diferenciada do processo de escolha de critérios para a seleção dos corredores ou do processo de integração dos atores locais. Na maioria dos casos, uma vez identificados os limites preliminarmente, inicia-se o processo de mobilização e integração dos atores locais, durante o qual se discutem e ajustam os limites com os principais envolvidos. Exemplos disso são os processos do Corredor Central da Amazônia e do Corredor Central da Mata Atlântica, os quais serão apresentados no item seguinte; e, também, o Corredor de Biodiversidade do Amapá. As exceções são o Corredor da Caatinga, o Corredor Cerrado Paraná-Pireneus, o Corredor Araguaia-Bananal e o Corredor Jalapão, onde se pode diferenciar um pouco melhor qual foi o processo de delimitação da área do corredor.

O processo de delimitação do Corredor Jalapão-Chapada das Mangabeiras foi (IBAMA, sd.): Diversas viagens de campo para a definição da área de abrangência aproximada do

corredor ecológico, levantamento de campo e fotográfico; Realização da Expedição Científica e Conservacionista ao Jalapão, com o objetivo de

realizar a avaliação ecológica dos seguintes aspectos do Jalapão, concentrada no município de Mateiros: fauna., flora, espeleologia, algumas questões sociais e antropológicas;

Reunião de informações básicas sobre a região: principais projetos econômicos, mapas, imagens de satélite, unidades de conservação federais e estaduais existentes, principais pesquisas já realizadas e propostas, pesquisadores, instituições de pesquisa atuantes na área;

Criação do Grupo de Trabalho de Implementação do Corredor Ecológico; Elaboração de projeto básico.

No Corredor da Caatinga também se desenvolveu um processo similar para a sua delimitação, acrescentado de um processo participativo mediante oficinas onde foram

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discutidos os critérios de seleção e identificadas áreas alternativas. Os outros corredores (Paranã-Pireneus e Araguaia-Bananal) desenvolveram processos semelhantes, com algumas diferenças, como no Corredor Paraná-Pireneus onde também ocorreu nesta fase a articulação local.

3.4 O processo de integração dos atores locais

Para realizar a análise comparativa deste item, entendeu-se como processo de integração dos atores locais as diferentes ações e iniciativas que foram desenvolvidas para deslanchar a idéia de corredor, buscar aliados e unificar linguagens entre todos os atores locais, tanto comunidades quanto atores governamentais. Aqui não foram consideradas aquelas ações implementadas com o propósito de fortalecimento e capacitação das comunidades, as quais serão tratadas na parte da implementação dos corredores.

Todas as experiências examinadas que já estão nos estágios mais avançados mostram a necessidade de desenvolver esforços para a disseminação do conceito de corredor, explicar o que é, para que serve, quais são as conseqüências positivas e negativas de morar num corredor e o que se espera do envolvimento de cada parte, para, assim, mobilizar os diferentes atores locais em prol da sua consolidação. Na maioria dos corredores, o processo de integração dos atores locais inicia-se com uma primeira fase de mobilização nos municípios envolvidos, com reuniões onde apresentam-se essas informações de forma clara e adaptada ao público para disseminar a idéia de corredor e buscas alianças.

Outro ponto em comum em muitos corredores é que a estratégia de envolvimento com os atores locais é multiproposital, ou seja, é desenvolvida para atingir vários objetivos ao mesmo tempo. Por exemplo, quando são organizadas oficinas ou reuniões, ao mesmo tempo em que se explica o conceito de corredor e as implicações para os seus moradores, se começa a identificar a estrutura dos conselhos de gestão, levantar os problemas e ameaças do corredor e propor recomendações para o planejamento. Com isto, busca-se otimizar os recursos humanos e financeiros, principalmente nos corredores de maior extensão, mas não acompanha os ritmos locais nem os processos de reflexão e maturação com os parceiros.

Apesar desses pontos em comum, existem diferenças entre os corredores analisados, dependendo de como surgiu a proposição do corredor. Quando a idéia surge a partir de projetos de financiamento e como orientação governamental desde o alto escalão, precisa-se que se dissemine de cima para baixo das instituições e do contexto social, até conseguir o convencimento e a adesão dos atores locais, como no caso do Corredor Central da Amazônia e do Corredor Central da Mata Atlântica, que surgiram no âmbito do Projeto Corredores Ecológicos do PPG7.

Por exemplo, no Corredor Central da Amazônia, foram necessárias, antes de iniciar o financiamento do projeto, a consulta aos povos indígenas do corredor, realizada em 1998, e numerosas oficinas e reuniões com as instituições locais com o intuito de ganhar o seu envolvimento para serem parceiros do projeto. Depois da aprovação do Projeto Corredores Ecológicos, o processo de integração com os atores locais foi priorizado para uma área piloto (o Baixo Rio Negro), onde se aproveitavam todas as atividades implementadas nas unidades de conservação para tratar o conceito de corredor. Posteriormente, por ocasião do processo de elaboração do Plano de Gestão do corredor, a integração com os atores locais se expandiu a toda sua superfície, com a realização de 18 oficinas reunindo aproximadamente 1300 pessoas de 600 instituições diferentes. Essas oficinas se iniciavam com explanações sobre o que era o corredor e o projeto para depois identificar os problemas e ameaças do corredor e a parte propositiva das ações (MMA, 2006).

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O Corredor Central da Mata Atlântica também iniciou o processo de integração dos diferentes atores sociais com uma fase de sensibilização e envolvimento de instituições. No Estado do Espírito Santo, numa primeira etapa de trabalho, foram realizados encontros de forma regionalizada, envolvendo todos os municípios, num total de 825 participantes em dez diferentes regiões. Os encontros não só promoveram a integração dos atores locais, mas também propiciaram a formação de um banco de dados com sugestões de ações, identificação de lideranças e indicações de diversos projetos em andamento na região. Posteriormente, foi realizada uma segunda etapa de encontros, onde foi deliberada a formação de um grupo de articulação local em cada uma das regiões composto por representantes de órgãos governamentais, instituições de ensino, empresas privadas e, principalmente, organizações civis com atuação em meio ambiente. Foram formados um total de 10 grupos, com aproximadamente 20 participantes cada.

Quando a idéia surge no nível local e/ou técnico, a partir das iniciativas de técnicos de organizações não-governamentais e instituições governamentais que trabalham diretamente nas unidades de conservação, precisa-se que a iniciativa ganhe a convicção dos dirigentes das instituições e dos financiadores. Como, por exemplo, no Corredor Guaporé/Itenez-Mamoré, onde a idéia de consolidar um corredor apareceu inicialmente durante a elaboração dos Planos de Manejo do Parque Estadual de Corumbiara, em Rondônia, e do Parque Nacional Noel Kempff, na Bolívia. Nessa ocasião, os técnicos que trabalhavam nessas áreas coincidiram quanto à necessidade de integrar esforços para a conservação dessa região e verificaram a possibilidade de interconectar várias unidades de conservação existentes e/ou por criar-se em ambos os países (FAN, 1997:4). Neste caso, os técnicos diretamente envolvidos organizaram reuniões técnicas para desenhar uma estratégia de atuação e buscar financiamento, convidando aos dirigentes do Ibama/Direc e de possíveis financiadores (por exemplo, Banco Mundial, Pnud, The Nature Conservancy, dentre outros). Dessa forma, foram realizadas uma visita técnica ao Parque Nacional Noel Kempff Mercado por parte de técnicos e autoridades brasileiras em março de 1997, uma primeira reunião técnica em Porto Velho, Rondônia, em julho de 1997, uma segunda reunião técnica em Flor de Oro, Bolívia, em dezembro de 1997, e outra reunião em Cacaulândia, Rondônia, em 1998. Após essas reuniões iniciais, iniciou-se a divulgação do mesmo através da realização de Seminários. Além desse objetivo de divulgação, também se trabalhou junto à comunidade a demanda de cada município.

Todos os restantes 11 corredores que já possuem seus limites estabelecidos, discutidos e reconhecidos pelos principais envolvidos, também iniciaram sua implantação com a articulação e integração de todos os envolvidos mediante seminários e reuniões. Em ocasiões, são realizadas reuniões abertas à participação, no formato de consulta pública, onde são escolhidos representantes para ser o canal de comunicação e articulação posterior. E, em outras, são organizadas oficinas de caráter mais restritivo com as principais lideranças.

Por último, também vale a pena destacar que a fase inicial de identificação dos limites do corredor e mobilização de atores demanda muitos esforços que, em ocasiões, se prolongam por muito tempo, o que prejudica o avanço para os estágios de planejamento do corredor e de implementação de ações para a sua consolidação. É o caso do Corredor Rio Paraná – Selva Paranaense, que após uma etapa inicial de articulação com as instituições e integração com os principais atores, sua consolidação ficou paralisada.

3.5 A escala espacial e temporal

A escala espacial é importante para os corredores por estar intimamente relacionada com a sua viabilidade no longo prazo. Todas as abordagens da biologia da conservação recomendam utilizar escalas mais abrangentes para tratar a maioria dos problemas

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ambientais, ainda que não exista consenso sobre qual é o tamanho mais apropriado. Por outro lado, um aumento ou diminuição na superfície do corredor pode implicar na maior ou menor relevância de diversas variáveis ambientais; ou, em ocasiões, na percepção de certos fenômenos que não podem ser percebidos em escalas pequenas. A escala espacial é tanto mais importante quanto maior seja a heterogeneidade da paisagem, considerando tanto heterogeneidade espacial e temporal, quanto biofísica e sócio-econômica.

Para analisar as questões relativas à escala espacial, apresenta-se a seguinte figura com a distribuição espacial dos corredores examinados:

Superfície dos corredores (ha)

0

10.000.000

20.000.000

30.000.000

40.000.000

50.000.000

60.000.000

Figura 5: Gráfico com a distribuição espacial dos corredores.Observações:- Não existe informação sobre a superfície do Corredor Rio Paraná – Pontal do Paranapanema e do Corredor Central Fluminense.- No caso dos corredores Araguaia-Bananal, Cerrado/Pantanal, Jalapão e Paraná-Pireneus foram utilizadas as superfícies consideradas pelo Ibama.

Agrupando os corredores conforme classes de tamanho, se obtém o seguinte resultado: 10 corredores até 10.000.000 ha; 5 corredores de 10.000.000 a 20.000.000 ha; 5 corredores de 20.000.000 a 30.000.000 ha; e, 3 corredores de mais de 50.000.000 ha

A primeira vista é possível perceber que os corredores brasileiros não são muito grandes, a pesar de contar com 3 casos de corredores gigantes, com mais de 50.000.000 ha, o que significa que são maiores que muitos países da Europa. Entretanto, a classe mais freqüente é a de até 10.000.000 ha, incluindo 3 corredores que têm menos de 500.000 ha. Portanto, há variedade de escalas, desde a local até a de grandes biorregiões. A superfície média dos corredores examinados está próxima dos 17.500.000 ha.

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Analisando o tamanho dos corredores no âmbito dos processos de sua constituição e os critérios utilizados, observa-se que a questão da escala não tem sido diretamente abordada em nenhuma experiência. A preocupação é ligar unidades de conservação ou outras áreas protegidas já criadas ou decretadas sem aprofundar nos assuntos relativos à conectividade espacial ou temporal. Em outras palavras, perguntas sobre se há realmente fluxo gênico nessa direção, se existem barreiras naturais que se opõem à conetividade, conetividade de que com que, dentre outras, não são geralmente respondidas, nem em ocasiões colocadas. Apenas alguns dos corredores em implantação pela Conservação Internacional consideram estas variáveis, como no Corredor Una – Serra das Lontras ou no Corredor Central da Mata Atlântica. Porém, estas perguntas são essenciais para as questões de escala.

Em relação com a escala temporal, tanto a ecologia da paisagem quanto a gestão biorregional lidam com a variável tempo, analisando como as distintas componentes da paisagem mudam ao longo do tempo e focando nos processos. Portanto, prefere-se o longo prazo. Porém, analisando as experiências existentes conclui-se que poucos são os corredores que consideram o longo prazo. A maioria planeja para um período de 5 anos, como muito. Em ocasiões, algo mais, principalmente quando existe um plano formal do corredor, como analisado no item seguinte. Por exemplo, o Corredor da Mata Atlântica identificou sua visão para o futuro em duas escalas: para os próximos 4 anos e para os próximos 10 anos. Esses prazos não podem ser considerados de longo prazo nem desde o ponto de vista da gestão biorregional nem da ecologia da paisagem. Inclusive, o conceito de visão, que provém do planejamento estratégico, lida com prazos maiores do que esses (a partir de 10 anos). Além do mais, as ações que foram identificadas para esse corredor foram planejadas para um marco temporal de 3 anos e meio.

3.6 Os levantamentos físicos, bióticos e socioeconômicos

Os levantamentos físicos, bióticos e socioeconômicos nos corredores podem ser realizados durante a fase de proposição do corredor, para o seu planejamento, como parte da implementação do corredor ou para o seu monitoramento. Aqui, apenas serão analisados os levantamentos efetuados para a proposição dos corredores.

Os corredores que foram inicialmente propostos pelo PPG7 (AYRES et al., 1997; AYRES et al., 2005) não foram alvo de levantamentos específicos sobre os meios físicos e bióticos ou sobre os aspectos socioeconômicos para a sua proposição; a proposta desses corredores esteve embasada nas informações disponíveis e em visitas in loco em alguns pontos dos corredores, principalmente nas unidades de conservação menos conhecidas. De fato, a primeira proposta de projeto para esses corredores (AYRES et al., 1997; AYRES et al., 2005:165-192) propõe a realização de numerosos estudos, denominados estudos estratégicos, a serem realizados dentro e fora das unidades de conservação para “melhorar o conhecimento científico sobre aspectos importantes da dinâmica desses corredores, suas populações humanas, sua fauna e sua flora, em especial os recursos mais usados pelas populações que ali residem” (AYRES et. al., 2005:165).

Em outros casos, o resultado das pesquisas existentes ofereceu suficientes informações para a proposição do corredor sem necessidade de realizar levantamentos ou estudos específicos, salvo o mapeamento dessas informações ou a análises desses resultados mediante a utilização de sistemas de informação geográfica, como no Corredor Rio Paraná – Pontal de Paranapanema, Corredor Una – Serra das Lontras, o Corredor Ecológico da Mantiqueira, Corredor do Nordeste e o Corredor Rio Paraná – Selva Paranaense.

Por outro lado, há corredores que foram propostos pela existência de áreas protegidas já legalmente instituídas, portanto, não foi necessário realizar levantamentos adicionais para a proposição do corredor, como no Corredor do Amapá, no Corredor Guaporé-Itenez/Mamoré,

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Corredor Araguaia-Bananal, Corredor Central Fluminense e o Corredor da Calha Norte da Amazônia. Após a proposição, as ações se concentram nos levantamentos para a elaboração dos planos de manejo das unidades de conservação que os compõem. Portanto, verifica-se que os levantamentos físicos, bióticos e socioeconômicos são comumente efetuados na etapa de implementação. Há alguns casos onde se fizeram ou estão fazendo levantamentos para a proposição do corredor, como no Corredor Jalapão-Chapada das Mangabeiras e no Corredor da Amazônia Meridional.

Para a proposição do Corredor Jalapão-Chapada das Mangabeiras, foram realizadas diversas viagens de campo para a definição da área de abrangência aproximada; posteriormente, foi organizada uma Expedição Científica e Conservacionista ao Jalapão, de 1º a 30 de maio de 2001, para realizar a avaliação ecológica, principalmente concentrada no município de Mateiros, junto com os levantamentos da espeleologia e algumas questões sociais e antropológicas. A avaliação ecológica rápida esteve orientada à vegetação, avifauna e mastofauna. Também foram organizadas reuniões para levantamento de informações básicas sobre a região, como os principais projetos econômicos; as unidades de conservação federais e estaduais existentes; as principais pesquisas já realizadas e propostas; e, os pesquisadores e instituições de pesquisa atuantes na área. Essas informações subsidiaram a proposta dos limites do Corredor Jalapão – Chapada das Mangabeiras (ARRUDA e VON BEHR, 2002).

No Corredor da Amazônia Meridional, a proposição de limites estará direcionada pela realização de uma Avaliação Ecológica Rápida e um levantamento sócio-econômico. O diagnóstico sócio-econômico enfocará os seguintes aspectos (INSTITUTO CENTRO DE VIDA, 2005):

Histórico de ocupação a partir da implantação da BR-163; Caracterização da população da área e entorno: demografia, assentamentos

humanos, e atores sociais e identificação de interesses e conflitos; Caracterização socioeconômica: Interpretação do mapa de uso do solo; Atividades

econômicas; Descrição da infra-estrutura disponível: estradas, energia, saúde, educação, comunicação; Projetos de investimentos e infra-estrutura privados e públicos; Mapeamento dos focos de pressão;

Caracterização da situação fundiária (levantamento não exaustivo); Desenho de cenários futuros para região.

Ainda não âmbito da proposição do corredor, também foi prevista uma análise de riscos e ameaças, fundamentada na dinâmica de desmatamento na área de estudo e os vetores de risco, como núcleos urbanos, assentamentos, infra-estrutura e estradas, outras vias de acesso e projetos e/ou empreendimentos.

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4 O PLANEJAMENTO DE CORREDORES

4.1 O processo de planejamento de corredores

Das experiências analisadas, apenas 4 corredores possuem um plano formal como instrumento de planejamento do corredor no longo prazo. Esses corredores são:

Corredor Central da Amazônia Corredor Central da Mata Atlântica Corredor Araguaia-Bananal Corredor da Mantiqueira

Analisando cada um desses instrumentos de planejamento, observa-se que em cada corredor se seguiu um processo de elaboração diferente e se obteve um produto de planejamento diferente (Quadro 2). Os únicos elementos em comum são o caráter participativo da elaboração de todos eles, em maior ou menor medida, e o detalhamento da parte propositiva em ações ou atividades.

Primeiramente, chamam a atenção os diferentes nomes utilizados: Plano de Gestão e Plano de Ação. O termo utilizado já é um indicativo do propósito e abrangência dos documentos. O termo Plano de Gestão é utilizado no Corredor Central da Amazônia e no Corredor Araguaia-Bananal. Os dois planos de gestão descrevem como será feita a gestão do corredor e qual será a estratégia de execução do plano, seja identificando áreas estratégicas, áreas-núcleo e municípios-base (Corredor Araguaia-Bananal) ou propondo uma estratégia sistêmica baseada no fortalecimento do tecido institucional (Corredor Central da Amazônia); e possuem uma parte propositiva muito mais abrangente do que os outros, considerando outros programas além dos ambientais, como a geração de renda e a infra-estrutura social (ou acesso a bens e serviços sociais no Corredor Central da Amazônia). O plano de gestão do Corredor Central da Amazônia ainda possui mais um elemento da gestão estratégica: a visão de futuro do corredor, a qual foi construída a partir das oficinas de planejamento. No planejamento do Corredor Araguaia não existe nenhum elemento estratégico para identificar a situação que se deseja atingir no futuro, seja a visão, propósito, finalidade do corredor ou outra figura similar.

Os outros dois instrumentos de planejamento são menos estratégicos e não descrevem como será feita a gestão do corredor, apenas detalham as ações que serão implementadas. A parte propositiva de ambos os documentos também é menos abrangente, restringindo-se aos temas relacionados com a conservação e o uso sustentável. Para o Corredor Central da Mata Atlântica também foi identificada a sua visão de futuro para os próximos 4 e 10 anos, mas aparece em outro instrumento de planejamento anterior ao Plano de Ação (aparece nas Diretrizes Operacionais para a Segunda Fase do Projeto Corredores Ecológicos - CCMA, Projeto Corredores Ecológicos)

Importa observar que no Corredor Central da Mata Atlântica houve um planejamento para a Fase II do Projeto Corredores Ecológicos, de acordo com aquilo que poderá ser financiado por esse projeto (Plano de Ação da Fase II Corredor Central da Mata Atlântica, Projeto Corredores Ecológicos). Este enfoque é diferente nos outros três corredores, onde se planejou considerando todas as outras variáveis que precisam ser orientadas para consolidar o corredor, sem estar atrelados a um financiamento específico.

Também chama a atenção o tratamento da variável tempo nos quatro planos. O único que menciona o tempo de implementação é o Plano de Ação do Corredor Central da Mata Atlântica, pois é o prazo de implementação previsto no Projeto Corredores Ecológicos (3 anos e meio). No planejamento do Corredor Araguaia-Bananal, as ações foram distribuídas no curto, médio e longo prazos, mas não é especificado qual é o tempo que representa cada

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um desses termos. No planejamento do Corredor da Mantiqueira e do Corredor Central da Amazônia não se menciona um marco temporal, a pesar de que neste último se alude continuamente ao longo prazo.

Sem dúvida que o formato e conteúdo de cada um dos planos examinados respondem às necessidades específicas de planejamento de cada corredor nesse momento. As informações que se obtiveram através dos documentos não foram o suficiente para correlacionar cada um dos elementos dos planos com as necessidades dos corredores, pelo que não será possível realizar uma análise mais aprofundada nesse sentido.

Quanto aos processos de planejamento, se observa que todos os planos foram elaborados a partir de uma etapa inicial de análise da situação, com base nos resultados de levantamentos realizados especificamente para o planejamento do corredor, como no Corredor da Mantiqueira (sobre o detalhamento desses estudos, vide o item seguinte) ou com base em levantamentos anteriormente realizados (nos outros três corredores).

Os levantamentos especificamente realizados para a elaboração do plano de gestão do Corredor da Mantiqueira foram:

Distribuição dos fragmentos florestais; Situação econômica Tendências de desenvolvimento Dinâmica populacional Diagnóstico institucional de ONGs e prefeituras Levantamento projetos e iniciativas ambientais Levantamento das pesquisas existentes Grau de implantação das unidades de conservação

Entretanto, nem todos os planos apresentam a descrição das características bióticas, abióticas e sócio-econômicas da área no próprio documento:

O plano do Corredor Araguaia – Bananal é o único que oferece de forma detalhada um enfoque internacional, enfoque federal, enfoque do bioma e a contextualização da área do Araguaia-Bananal, considerando dados fisiográficos, diversidade de solos, relevo, hidrografia, dados biológicos e ecológicos, infra-estrutura viária, áreas prioritárias para a conservação, dados sócio-econômicos e aspectos culturais.

O plano do Corredor da Mantiqueira oferece um resumo em linguagem muito acessível sobre a riqueza da biodiversidade da Mantiqueira e a questão ambiental nos municípios, mas também existem outras informações em documentos específicos (Caracterização Institucional do Corredor Ecológico da Mantiqueira; Diagnóstico das Unidades de Conservação do Corredor Ecológico da Mantiqueira; Diagnóstico Sócio-Econômico do Corredor Ecológico da Mantiqueira; Avaliação do conhecimento da biodiversidade do Corredor Ecológico da Mantiqueira; e, Mapeamento do uso e cobertura vegetal do Corredor Ecológico da Mantiqueira).

No caso do Corredor Central da Mata Atlântica, são apresentadas em documento separado (Documento base para a elaboração das diretrizes operacionais da Fase II do Corredor Central da Mata Atlântica) as informações referentes à caracterização da biodiversidade, caracterização sócio-econômica, unidades de conservação, terras indígenas, outras áreas protegidas, caracterização institucional e ameaças e oportunidades para o corredor.

Por último, o plano de gestão do Corredor Central da Amazônia somente apresenta os resultados da avaliação estratégica do corredor, incluindo a descrição dos impactos ambientais que foram encontrados.

Outro elemento comum é o caráter participativo de todos os processos de planejamento, contando com o envolvimento dos principais atores, sejam organizações não-

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governamentais ambientalistas, associações locais, entidades de classe, instituições de ensino e pesquisa ou outras instituições governamentais.

Porém, o número de oficinas e reuniões realizadas variou em cada corredor, mas não é possível identificar tendências metodológicas quanto à participação, pois cada processo se ajustou segundo os recursos disponíveis no momento, as outras atividades já implementadas anteriormente ou as previstas, as facilidades de acesso e outras características dos corredores. Por exemplo, a primeira vista parece que o processo de planejamento do Corredor Central da Amazônia tenha contado com mais participação social que os outros, realizando 18 oficinas e envolvendo mais de 1300 pessoas e 300 instituições, mas é necessário levar em conta seu tamanho e a tradição que existe nessa área para a tomada coletiva de decisões mediante redes institucionais. Além do mais, ainda não se tinha iniciado o processo de integração social em algumas regiões desse corredor, pelo que se aproveitou o processo de planejamento para abranger toda a área.

Outros 11 corredores possuem algum outro instrumento de planejamento, como produto do envolvimento dos principais atores locais mediante oficinas, sem contar com uma fase prévia de análises aprofundada da situação atual (Quadro 3). Percebe-se que nestes corredores não foi desenvolvido um processo de planejamento per se, apenas foram organizados vários eventos de onde surgiu um instrumento de planejamento emergencial, com indicação de ações para serem implementadas.

Também vale a pena mencionar que o Corredor Guaporé-Itenez/Mamoré se encontra em processo de elaboração do seu plano de gestão; e, a pesar de que o Corredor Meridional da Amazônia ainda esteja na fase de mobilização de atores e de consulta, está previsto iniciar neste ano, 2007, a implementação de estudos e a elaboração de uma proposta de ações para o Corredor, a modo de planejamento do mesmo, com financiamento do WWF-Brasil.

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Quadro 2: Descrição do planejamento dos 4 corredores que possuem um plano formal.

Corredor Central da Amazônia. Fonte: MMA, 2004; PROJETO CORREDORES ECOLÓGICOS, 2005a.Processo de planejamento- De meados de 2004 a meados de 2005, aproximadamente.- O corredor foi dividido em 6 sub-regiões: Médio rio Solimões (Tefé), Alto rio Solimões (Benjamim Constant), Área de influencia da BR 174 (Presidente Figueiredo), Rio Negro (Novo Airão), Região do rio Juruá (Fonte Boa) e Manaus.- Em cada uma das sub-regiões, foi desenvolvido um processo de planejamento participativo em duas fases:a) Fase de informação, envolvimento e organização, com os objetivos de: Identificar os principais atores sociais representativos da sub-região em questão; Contatar as lideranças e representantes reais dos atores envolvidos, a partir das redes locais e organizações já existentes

do Grupo de Trabalho Amazônico; Informar as lideranças, tomadores de decisão local e pessoas de instituições relevantes sobre o que é o Plano de Gestão,

qual é o processo de sua elaboração e a importância de sua participação no processo.b) Fase de planejamento participativo, mediante a realização de 3 oficinas em cada sub-região, com os seguintes objetivos:b.1) Oficinas de Diagnóstico: Identificar as atividades que ameaçam a integridade de cada sub-região, localização principal e principais atores que

realizam essas atividades; Identificar os grupos ou instituições relevantes para cada sub-região, suas atribuições, papeis e potencialidades

(localização, infra-estrutura, experiência, etc.); Identificar os pontos críticos de cada sub-região; Identificar as fraquezas, ameaças ou problemas, forças e oportunidades em relação ao uso dos recursos naturais em

cada sub-região.b.2) Oficinas de Planejamento: Identificar como será possível capturar as oportunidades anteriormente identificadas, potencializar as forças, minimizar ou

resolver as ameaças e problemas e neutralizar ou eliminar fraquezas em cada sub-região. Discutir e estabelecer a estratégia de ação para o Sistema de Fiscalização, Vigilância e Monitoramento, buscando as

parcerias para sua implementação. Construir a “visão” do corredor e as estratégias do Plano de Gestão, buscando as alianças para o alcance de seus

objetivos.b.3) Oficinas de Integração de Propostas: Integrar as diferentes propostas das seis Oficinas de Planejamento na proposta final do Plano de Gestão do Corredor,

identificando os pontos onde existe conflito. Construir as alianças estratégicas com os diferentes atores sociais e discutir o modelo de gestão do Corredor.- Foram realizados 18 eventos reunindo mais de 1300 pessoas de 300 instituições diferentes.Produto do planejamento- O produto do planejamento foi um Plano de Gestão, contendo a avaliação estratégica do corredor, a visão de futuro, o modelo de gestão, a forma de implementação, a estratégia de execução, prioridades e riscos e o detalhamento dos componentes.- A visão de futuro do corredor é:Ser um espaço para a conservação do meio ambiente onde as presentes e futuras gerações vivam em harmonia com a natureza e com qualidade de vida, mediante a utilização sustentável dos recursos naturais, a geração de renda, o respeito à diversidade cultural e a participação ativa e integrada das comunidades, das organizações governamentais, das organizações não-governamentais e do setor privado.- Os componentes são divididos em programas, subprogramas, projetos e ações. São 4 componentes:Componente 1: Gestão Ambiental Componente 2: Acesso a Bens e Serviços Sociais Componente 3: Fortalecimento da Organização Comunitária Componente 4: Geração de renda Corredor Central da Mata Atlântica. Fonte: PROJETO CORREDORES ECOLÓGICOS, 2005b; PROJETO CORREDORES ECOLÓGICOS, 2005c.Processo de planejamento- De meados de 2004 a meados de 2005, aproximadamente.- Foram conduzidas duas reuniões técnicas, uma no Estado do Espírito Santo (16 e 17 de maio) e uma no Estado da Bahia (23 e 24 de maio), onde representantes das diversas instituições envolvidas redesenharam as áreas de interesse e as priorizaram resultando em 10 Áreas Focais, quatro no Estado da Bahia e seis no Estado do Espírito Santo. Durante a realização da Oficina na Bahia foi apontada e aprovada em plenária a indicação de mais uma área focal que abrange os dois estados, em ambiente costeiro e marinho, a Área Focal do Complexo de Abrolhos.- Foram realizadas também duas Oficinas Participativas realizadas também em Vitória/ES e Ilhéus/BA (27 e 30 de junho de 2005 respectivamente), cujo objetivo foi de coletar e sistematizar subsídios para fundamentar a elaboração do documento de referencia para a segunda Fase do PCE no CCMA.Produto do planejamento- O produto do planejamento foi um Plano de Ação da Fase II do Corredor Central da Amazônia Projeto Corredores Ecológicos, contendo a visão do corredor, o detalhamento dos componentes, o cronograma e a estimativa de custos.- A visão do corredor para 4 anos é: Mata Atlântica mantida nos níveis atuais (2005) nas áreas focais, considerando:

- aumento da conexão entre áreas núcleo (entre fragmentos, incluindo outras áreas protegidas; entre fragmentos e UCs; e, entre UCs);- um corredor piloto implementado em cada área focal;- criação e efetivação de novas RPPNs e pelo menos 08 UCs de proteção integral: 04 no ES e 04 na BA;- efetividade e monitoramento do manejo das UCs (proteção integral);- alternativas sustentáveis de uso dos recursos naturais compatíveis com a conservação;- identificação e definição de novas áreas focais;

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O CCMA se beneficia da aplicação, em conservação, de medidas compensatórias.O CCMA está internalizado nas diversas instâncias e órgãos governamentais e a sociedade está engajada nas ações no CCMA, desenvolvidas por meio de gestão compartilhada com os diversos setores da sociedade (público, privado, terceiro setor e sociedade civil organizada).A porção marinha do CCMA está planejada, novas UCs criadas e efetivadas e a área focal Abrolhos está mais protegida com seus processos ecológicos monitorados, os recursos naturais explorados de forma sustentável e medidas compensatórias direcionadas a conservação.- A visão do corredor para 10 anos é: Aumentada a proteção da Mata Atlântica, considerando:

- criação de novas UCs de proteção integral, atingindo a cobertura de cerca de 5% do CCMA;- as UCs de proteção integral existentes em 2005 e novas áreas focais implementadas;- novas RPPNs criadas;- conexão entre áreas focais;- contribuição de outras organizações;- consolidação de políticas públicas para a conservação.

Um fundo de recursos para a sustentabilidade das UCs de proteção integral operante e mecanismos de compensação ambiental fortalecem a conversão de áreas degradadas em florestas.- Os componentes estão subdivididos em subcomponentes, programas, subprogramas, ações e atividades. Na última versão do documento, são 4 componentes: Unidades de Conservação Planejamento e Implementação de Mini-Corredores Vigilância e Monitoramento no CCMA Gerenciamento do ProjetoCorredor Araguaia-Bananal. Fonte: IBAMA, 2005.Processo de planejamento- De julho de 2000 a 2006, aproximadamente.- Cinco oficinas de planejamento (em Luiz Alves, município de São Miguel do Araguaia em Goiás, Aruanã, Goiás, Lagoa da Confusão, no Tocantins, Conceição do Araguaia, no Pará e Caseara, no Tocantins) contando com a participação de 200 representantes dos diversos setores da sociedade para a realização de propostas.- Nas oficinas, a partir do objetivo de contribuir para o desenvolvimento sustentável, são discutidas ações estratégicas referentes à gestão do corredor, conectividade, uso dos recursos naturais, qualidade de vida e educação ambiental. - Foi realizada a avaliação estratégica do corredor com a identificação dos pontos fracos e pontos fortes além das oportunidades e das ameaças relacionados ao ambiente externo.Produto do planejamento- O produto do planejamento foi um Plano de Gestão, contendo o enfoque internacional, enfoque federal, enfoque do bioma, contextualização da área do Araguaia-Bananal, instrumentos de gestão, avaliação estratégica e os programas de gestão.- Os programas de gestão estão detalhados com resultados e atividades. São 5 programas: Programa de Políticas Públicas Programa de Conservação da Biodiversidade Programa Geração de Renda Programa Infra-Estrutura Social Programa Manejo do Meio Físico e dos Recursos Hídricos- No corredor são diferenciadas áreas estratégicas, áreas núcleo e municípios base.Corredor da Mantiqueira. Fonte: COSTA et al. (editoras), 2006.Processo de planejamento- De julho de 2004 a maio de 2005, aproximadamente. Etapa 1 – Atividades diagnósticas:- Levantamento de informações para avaliar o nível de conservação, distribuição dos fragmentos florestais, situação econômica, tendências de desenvolvimento, dinâmica populacional, instituições governamentais e não-governamentais, capacidade para a gestão ambiental dos municípios e grau de implantação das UCs.- Identificação das principais pressões e problemas- Elaboração dos seguintes documentos: Caracterização institucional, Diagnóstico das UCs, Diagnóstico Sócio-Econômico, Avaliação do conhecimento da biodiversidade, Mapeamento do uso e cobertura vegetal.Etapa 2 – Divulgação de informações:- Divulgação através da Série Corredor Ecológico da Mantiqueira- CD Rom amplamente distribuído e site da Valor Natural- Palestras, visitas aos municípios e divulgação na mídia e folder do corredor.Etapa 3 – Construção participativa do Plano de Ação (envolvimento de mais de 120 pessoas):- Reuniões em cada Núcleo do corredor- Oficina para fechamento do Plano de AçãoProduto do planejamento- O produto do planejamento foi um Plano de Ação, contendo o contexto teórico, a descrição da riqueza da biodiversidade da Mantiqueira, a questão ambiental nos municípios, a metodologia da elaboração do plano e as diretrizes estratégicas.- As diretrizes estratégicas estão detalhadas em linhas de ação e atividades. São 5 diretrizes estratégicas: Incentivo ao uso sustentado da terra Propostas de políticas públicas e incentivos de apoio à conservação Fortalecimento e ampliação das unidades de conservaçãoComunicação, informação, mobilização e educação ambiental Incentivo à pesquisa e conhecimento da biodiversidade.

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Quadro 3: Descrição do planejamento nos corredores que ainda não possuem um plano formal. Fonte: CASES e BRACKELAIRE, 2006.

Corredor Produto do planejamentoCorredor da Caatinga

Mediante oficinas se obteve um Plano de Ação Integrado, contendo para cada projeto prioritário a ser executado: o objetivo, o resultado esperado, o responsável, as instituições que poderão participar da execução, os prazos por etapas, as possíveis linhas de financiamento e, sempre que possível, a estimativa do valor global. O planejamento que está sendo construído com os parceiros locais comporá o Plano de Gestão do Corredor Ecológico da Caatinga.

Corredor do Amapá

Foi elaborado um planejamento na forma de “Programa Corredor de Biodiversidade do Governo do Estado do Amapá”. Este programa possui quatro linhas estratégicas: 1. Sistemas de gestão integrada de Unidades de Conservação e Terras Indígenas;2. Pólos de Desenvolvimento X ZEE;3. Programas de Capacitação em Ciência e Tecnologia para fortalecimento das capacidades locais no conhecimento e uso das potencialidades naturais;4. Rede de Cooperação em âmbitos local, regional, nacional e internacional – base de governança construída em compromissos formais e com articulação social.

Corredor Guaporé-Itenez/Mamoré

Foi realizado um planejamento estratégico das ações necessárias a serem efetivadas, visando à elaboração e implantação do Projeto para a Conservação Sustentável dos Ecossistemas. As áreas temáticas desse planejamento foram: fortalecimento social – aspectos sociais, culturais e históricos; contextualização e integração; uso sustentável e qualidade de vida; e conservação dos ecossistemas.O plano de gestão do corredor está em processo de elaboração.

Corredor Central Fluminense

Inicialmente foi estruturado um planejamento mínimo, voltado à gestão das UCs componentes do Corredor que atende as seguintes linhas:Linha de Ação A: Mobilização dos servidores e conselheiros das UCs;Linha de Ação B: Operações de fiscalização integradas;Linha de Ação C: Acompanhamento de licenças ambientais;Linha de Ação D: Combate a incêndios e acidentes ambientais;Linha de Ação E: Ordenamento da pesquisa científica.

Corredor do Nordeste

Plano formado por 7 programas:- Identificação de sítios importantes;- Elaboração de plano de gestão (sítios);- Monitorar planos;- Ampliar o sistema de UCs;- Planejar micro-corredores;- Gerar conhecimento científico;- Consolidar parcerias.

Corredor Jalapão Existem ações para implementação identificadas em oficinas de planejamento participativo.Corredor Una-Serra das Lontras

- Através de oficinas envolvendo os parceiros e o conselho gestor da REBIO Uma foi elaborado um plano de trabalho para 4 anos. As linhas estratégicas são:- Áreas Protegidas;- Desenvolvimento rural;- Articulação institucional;- Monitoramento.

Corredor Rio Paraná-Pontal do Paranapanema

Existe um planejamento do corredor levando em conta o posicionamento das áreas de preservação permanente e de reserva legal.

Corredor Cerrado Paraná-Pirineus

Planejamento de atividades elaborado com base em reuniões regionais e locais e seminário geral (cooperação JICA).

Corredor do Xingu

Ações planejadas para a gestão integrada das áreas protegidas já identificadas, o ordenamento fundiário para as demais áreas e a resolução dos conflitos mediante a participação.

Corredor Serra da Capivara-Serra das Confusões

Existe planejamento operacional.

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4.2 A priorização do trabalho nos corredores

A análise das experiências examinadas mostra que a maioria delas prioriza de alguma forma o trabalho. Em alguns casos a priorização é espacial, identificando no corredor aquelas áreas onde se concentrará a implementação de ações. Em outros, a priorização é temática, identificando-se os temas ou linhas estratégicas que se desenvolverão inicialmente. Em alguns corredores há também uma priorização gradativa no tempo, ou temporal, dividindo-se o trabalho em fases diferenciadas, com indicadores que se precisam alcançar para passar à fase seguinte. Por último, ainda existem corredores onde se prioriza de acordo a uma combinação espacial, temática e/ou espacial.

Um exemplo de priorização espacial é o Corredor Ecológico do Cerrado Paranã-Pireneus onde foram identificadas duas áreas-piloto para a concentração das ações que foram implementadas. A Área Piloto 1 é a área de entorno do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros com 6 municípios. A Área Piloto 2 encontra-se no entorno da APA Nascentes do Rio Vermelho, com 9 municípios (IBAMA, 2006b).

Outro exemplo é o Corredor Araguaia-Bananal, onde foram identificadas áreas estratégicas, áreas núcleos e municípios-base. Num primeiro momento, foram definidas três áreas estratégicas com seus respectivos municípios-base, onde serão implementadas ações de gestão. Dentro de cada área estratégica, também foram identificadas as áreas-núcleo. As áreas núcleos têm como objetivo a disseminação de ações de cunho conservacionista e ações de desenvolvimento local. Foram identificadas três áreas núcleos: o Parque Estadual do Cantão, o Parque Nacional do Araguaia e a APA Meandros do Araguaia (IBAMA, 2005).

Ainda que não esteja explicitamente priorizado com a denominação de áreas prioritárias, áreas núcleo ou outras, em todos os corredores as unidades de conservação são consideradas como prioritárias, tanto pelo seu valor para a conservação da biodiversidade quanto por serem os locais desde onde se irradiam as atividades de consolidação do corredor, como a mobilização dos atores, o fomento de alternativas econômicas sustentáveis, a fiscalização, etc. Portanto, em todos os corredores a consolidação das unidades de conservação é considerada como ação prioritária. Dessa forma, todos os corredores priorizam ações para a criação de unidades de conservação, elaboração de planos de manejo, implementação dos planos de manejo já elaborados ou implantação dos conselhos de gestão.

Em segundo lugar, verifica-se que também é um tema prioritário o aprofundamento no conhecimento sobre a biodiversidade e os aspectos sócio-econômicos e culturais. Em alguns casos, principalmente naqueles corredores que englobam ecossistemas mais fragmentados, se identificou como prioritário o reestabelecimento da conectividade, com o apoio à definição e implantação de minicorredores, corredores biológicos ou corredores de fauna.

Por exemplo, no Corredor da Amazônia Meridional, cujos limites ainda não são definitivos, se priorizou trabalhar no norte de Mato Grosso e no sul do Pará, trabalhando na proposta de criação de novas unidades de conservação (INSTITUTO CENTRO DE VIDA, 2005). Por sua vez, no Corredor do Amapá também se priorizou a elaboração e implantação dos planos de manejo de quatro unidades de conservação e a realização de inventários, mediante o apoio técnico-científico e financeiro da CI.

Um exemplo de priorização mais elaborada são os corredores que recebem financiamento do Projeto Corredores Ecológicos do PPG7. Esse projeto foi dividido em duas fases. Durante a Fase I, se priorizou inicialmente o estabelecimento e fortalecimento das estruturas de gestão de ambos corredores, a elaboração e revisão de planos de manejo de unidades

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de conservação, a fiscalização ambiental e a capacitação, tanto no Corredor Central da Amazônia como no Corredor Central da Mata Atlântica.

Especificamente no Corredor Central da Amazônia, também houve uma priorização espacial na Fase I, pois foi selecionada uma área piloto, o Baixo Rio Negro, onde foram concentradas as ações do Projeto. Assim, se elaboraram o Plano Piloto de Fiscalização, Vigilância e Monitoramento Ambiental para o Baixo Rio Negro e o Plano Piloto de Capacitação Ambiental, se executaram ações para a implantação dos conselhos das unidades de conservação do Baixo Rio Negro e se iniciou a elaboração de dois planos de manejo (RDS Tupé e APA Caverna Maroaga).

No Corredor Central da Mata Atlântica, na porção do Estado do Espírito Santo, durante a Fase I do projeto foram identificadas 10 regiões como prioritárias para a definição de um minicorredor, que servirá como demonstrativo para sua respectiva região. Os critérios propostos para definição das áreas dos minicorredores pilotos foram:

Tamanho dos Fragmentos; Proximidade entre os Fragmentos; Existência de Unidades de Conservação e proximidade entre as mesmas; Recursos Hídricos; Existência de Instituições da Sociedade Civil, Governamentais e Setor Privado; e Projetos de Desenvolvimento Sustentável.

Para a Fase II, e após a experiência do processo de planejamento do corredor, a estratégia para a gestão do Corredor Central da Amazônia foi dividi-lo em 5 subregiões: Uatumã, Baixo Rio Negro, Baixo Solimões, Médio Solimões e Alto Solimões, de acordo com critérios físicos, biológicos, econômicos, culturais, políticos e logísticos. Na fase II do Projeto Corredores Ecológicos, o principal eixo de atuação para a consolidação desse corredor será conectar as instituições da região, ou seja, fortalecer as instituições e as relações entre elas, tentando promover alianças em torno de ações de campo, para criar um corredor de relações institucionais em prol da conservação da natureza e o desenvolvimento sustentável. Além disso, foram escolhidos temas prioritários para serem trabalhados em cada subregião de acordo às demandas levantadas no processo de planejamento (MMA, 2006:29; 41-44).

Especificamente no Corredor Central da Mata Atlântica para a Fase II, se continuará trabalhando de forma concentrada nas regiões identificadas na fase anterior, denominadas áreas focais, principalmente no sentido de reduzir ou eliminar pressões sobre a biodiversidade e estabelecer a conectividade, mediante minicorredores, averbação de reservas legais, estabelecimento de RPPNs, recuperação de áreas degradadas e áreas de preservação permanente, prevenção e combate a incêndios, dentre outras ações.

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5 A IMPLEMENTAÇÃO DE CORREDORES

5.1 Considerações gerais

A primeira dificuldade encontrada para a realização da análise é a definição do que seja a implementação de corredores. É a implementação de qualquer ação dentro do corredor? Ou é apenas a implementação daquelas ações inseridas dentro de um projeto formal denominado corredor? Inclui também as ações para a proposição e a delimitação do corredor? As ações iniciais para a integração dos atores locais também fazem parte da implementação do corredor? A realização de pesquisas e estudos do meio biótico faz parte da implementação de um corredor? Trata-se apenas da implementação feita por quem faz a proposta do corredor? Ou se pode considerar como implementação do corredor todas as ações que estão sendo executadas no seu interior por uma infinidade de instituições governamentais e não-governamentais?

Na análise efetuada, não se encontrou um modelo que defina o que seja a implementação do corredor, ou quais são os critérios para identificar se uma ação contribui ou não para a implementação do corredor. Inclusive, em muitos casos existe uma grande quantidade de instituições desenvolvendo projetos, com o nome de corredor ou não, onde a melhor opção para a eficaz implementação do corredor é a articulação e a coordenação de todas elas. Um exemplo disso é o trabalho que o ISA está desenvolvendo no Alto Rio Negro – Corredor Norte da Amazônia, tentando articular as instituições que trabalham nessa região para a busca de um objetivo comum. Ou, também, as tentativas de articulação ao nível local entre os atores do Projeto Corredores Ecológicos e o Programa Áreas Protegidas da Amazônia (ARPA), no Corredor Central da Amazônia.

Para esta análise, a intenção foi considerar como implementação do corredor todas aquelas ações necessárias para levar à prática a idéia de corredor, estejam sendo executadas no marco de um projeto denominado corredor ou não. Entretanto, os objetivos ou princípios da implementação dessas ações devem trazer embutidos o espírito do corredor, ou seja, de alguma forma devem contribuir com alguma das finalidades dos conceitos de corredor que foram anteriormente explicadas. Outras ações ou projetos ainda que sejam a respeito da conservação da biodiversidade ou do uso sustentável dos recursos naturais que estão desprovidos deste espírito não foram considerados.

Como já foram examinadas as ações realizadas para a proposição e o planejamento do corredor, agora serão analisadas todas as demais ações que estão sendo executadas, excetuando o monitoramento, que será tratado no item seguinte. Portanto, a implementação do corredor não se limita apenas à execução do seu plano de gestão, ou outro instrumento de planejamento, mas abrange uma variada gama de ações que são necessárias para que o corredor atinja sua finalidade.

É possível que algumas ações e projetos tenham ficado de fora da análise, pelo que se deve considerar que a análise da implementação dos corredores mostra apenas tendências dentre as experiências examinadas.

Após estas considerações preliminares, salienta-se a grande abrangência temática das ações que se estão levando a cabo para a implementação dos corredores. Existe grande abrangência temática porque são muitos os fatores que influenciam de acordo com as peculiaridades de cada corredor. Cada experiência apresenta condições naturais, sócio-culturais, econômicas, políticas, institucionais e logísticas diferenciadas que determinam a estratégia a ser seguida.

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Em ocasiões, a implementação do corredor é concentrada em apenas uma única diretriz temática, devido à capacidade institucional da entidade que toma a iniciativa, com limitações de recursos humanos e financeiros. Em outros casos, a estratégia de uma instituição abrange várias diretrizes temáticas, como por exemplo, o IESB no Corredor Una – Serra das Lontras, que está desenvolvendo diferentes projetos de produção agroflorestal orgânica, organização comunitária, educação ambiental, micro crédito para pequenos agricultores, fortalecimento do conselho gestor das unidades de conservação, ampliação e consolidação das áreas protegidas, articulação institucional e monitoramento da fauna e da cobertura florestal. Ou, também, o IPE que desenvolve no Corredor do Rio Paraná – Pontal do Paranapanema uma estratégia integrada com base em pesquisa de espécies ameaçadas, educação ambiental, restauração de hábitats, envolvimento comunitário e desenvolvimento sustentável, conservação da paisagem e envolvimento em políticas públicas9.

A pesar dessa diversidade de experiências em corredores, percebe-se a tendência de priorizar as ações na consolidação das unidades de conservação, como anteriormente comentado, e, em menor medida, no aprofundamento do conhecimento biológico e sócio-econômico dos corredores. Outra diretriz temática importante em muitos corredores, principalmente naqueles cujos ecossistemas estão mais fragmentados, é a promoção da conectividade. Em menor proporção, foram encontradas experiências dirigidas à promoção de atividades econômicas mais sustentáveis e geração de renda. Também foram identificadas ações orientadas à educação ambiental, a divulgação e a comunicação, mas não em todos os corredores. Dois temas específicos de alguns corredores é o apoio à gestão ambiental municipal e à fiscalização.

Por último, naqueles corredores cuja implementação ainda se está iniciando são desenvolvidas principalmente ações de articulação entre as instituições governamentais e não-governamentais que neles trabalham. São exemplos o Corredor Norte da Amazônia, com a experiência encabeçada pelo ISA para a formação de uma rede institucional, como antes mencionado, o Corredor Central Fluminense, onde se busca a sinergia dos projetos já existentes, ou o Corredor da Caatinga, onde se busca a integração com o programa de revitalização do Rio São Francisco.

Existem corredores onde não se identificou uma atuação específica, como no Corredor da Calha Norte da Amazônia, no Corredor Ecológico Integrado do Amapá e no Corredor Oeste da Amazônia.

5.2 Diretrizes temáticas

Consolidação de unidades de conservação

Em todos os corredores são desenvolvidas ações em prol da consolidação das unidades de conservação, seja com os recursos próprios dos órgãos gestores ou com recursos de outras fontes, como o Projeto Corredores Ecológicos, o Projeto Corredores da CI ou o Projeto de Conservação de Ecossistemas do Cerrado Ibama/JICA.

São exemplos disso:o O apoio à elaboração e implementação de planos de manejo pelo Projeto

Corredores Ecológicos no Corredor Central da Amazônia e no Corredor Central da Mata Atlântica.

o No Corredor do Amapá, a CI está apoiando a elaboração e implantação de quatro planos de manejo.

9 Palestra do Dr. Cláudio Valladares-Pádua, do IPE, no II Seminário sobre Corredores Ecológicos organizada pelo IBAMA em 2004.

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o No Corredor da Amazônia Meridional, a CI e o Projeto ARPA estão apoiando a criação e implantação das unidades de conservação do mosaico Sul do Amazonas e a ICV e o WWF-Brasil estão implementando um programa local de conservação e estudo de criação de unidade de conservação na área das Nascentes.

o No Corredor do Cerrado Paraná-Pireneus, o Projeto Ibama/JICA apoiou a reestruturação do Conselho Consultivo do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros e o processo de constituição da APA da Nascente do Rio Vermelho, criado em maio de 2005.

Dentro desta diretriz temática, vale salientar que algumas experiencias analisadas também desenvolvem ações para a consolidação das Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN), devido ao importante papel que cumprem na proteção de fragmentos de ecossistemas que se encontram sob o domínio privado, como no Corredor Una – Serra das Lontras, no Corredor Rio Paraná – Pontal de Paranapanema ou no Corredor Central da Mata Atlântica. No Corredor da Mantiqueira, a ONG Valor Natural em parceria com a Associação de Proprietários de RPPN de Minas Gerais e o Instituto BioAtlântica desenvolveram um folder informativo sobre reservas particulares. Esse folder veio suprir a necessidade de material informativo de apoio ao processo de criação de RPPNs em Minas Gerais. Também implementaram ações locais como a elaboração do Plano de Segurança e Proteção e do Plano Básico de Utilização da RPPN Fazenda Bela Aurora e a criação de RPPNs.

Aprofundamento do conhecimento biológico e sócio-econômico

Quanto ao aprofundamento do conhecimento biológico e sócio-econômico dos corredores, salienta-se que foi uma tendência bastante encontrada na maioria dos corredores, mas não em todos. Ressalta-se também que aqui são considerados os levantamentos biológicos e sócio-econômicos realizados após a proposição do corredor.

Existem muitas experiências semelhantes que estão orientadas à realização de inventários biológicos e ao mapeamento do uso do solo. São exemplos o Corredor Ecológico Araguaia/Bananal, onde o projeto da CI está realizando o mapeamento da dinâmica de ocupação da terra e a realização de inventários da biodiversidade, com ênfase em espécies endêmicas e ameaçadas; o Corredor do Espinhaço, onde o Projeto Espinhaço Sempre Vivo tem como objetivo realizar o diagnóstico do status de conhecimento da biodiversidade da Cadeia do Espinhaço, juntamente com informações de distribuição de espécies e ameaças, elaborar mapas contendo essas informações, os padrões de diversidade, a proteção e ameaças para os diversos grupos biológicos, identificar lacunas de conhecimento, definir áreas prioritárias para estudos e indicar estratégias gerais de conservação; e o Corredor do Nordeste, onde um projeto da CI e da CEPAN está identificando os sítios chaves de biodiversidade e realizando sua caracterização.

Outras experiências abrangem diagnósticos biológicos e sócio-econômicos, como no Corredor Cuiabá – São Lourenço (Corredor Cerrado – Pantanal), onde inicialmente foram realizados levantamentos sócio-ambientais contemplando estudos sobre vegetação, uso e ocupação da terra, conectividade, atividades econômicas, Índice de Desenvolvimento Humano, energia elétrica, população e programas sociais. Outro exemplo é o Corredor Ecológico do Cerrado Paraná-Pireneus, onde foram implementadas avaliações ecológicas rápidas, análises da dinâmica ambiental e suas relações socioeconômicas, estudos sobre relevo, fragmentos, tipos de vegetação, conectividade e tendências (IBAMA, 2006b). No Corredor Serra da Capivara/Serra das Confusões se realizará um diagnóstico ambiental e sócio-econômico das áreas ocupadas.

Entretanto, se os corredores são entendidos como unidades de gestão territorial ou biorregional formados por paisagens sustentáveis, se deveria aprofundar no conhecimento

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de aspectos como a estrutura da paisagem (a configuração e a proporção dos diferentes fragmentos, tanto vertical quanto horizontalmente); a conectividade funcional (relativa aos fluxos e interações entre as componentes da paisagem, ou seja, como as componentes trabalham dentro do ecossistema); e a resiliência e estabilidade da paisagem. Poucos corredores analisam diretamente esses conceitos. São exemplos o Corredor da Amazônia Meridional, o Corredor Una – Serra das Lontras, o Corredor do Rio Paraná – Pontal do Paranapanema e o Corredor da Mata Atlântica.

Nesse sentido, destaca-se o trabalho que a CI está realizando na parte sul da Bahia, no Corredor Central da Mata Atlântica. Inicialmente, foram realizados estudos sobre mamíferos, aves e anfíbios, além de uma avaliação da estrutura florestal dos remanescentes da Mata Atlântica. Esses estudos permitiram a comparação da riqueza de espécies de aves, mamíferos e anfíbios entre as áreas protegidas e fragmentos florestais de diversos tamanhos nessa região. Atualmente, a CI está utilizando o programa denominado TAMARIN (Toolbox for Analysis of Mata Atlântica Restoration Incentives) para simular diferentes cenários para o futuro do Corredor Central da Mata Atlântica, utilizando informações sobre as tendências do uso da terra, distribuição de espécies da fauna e da flora e dados sócioeconômicos. Adicionalmente, se estão pesquisando modelos de conectividade para determinar áreas que maximizam a conexão ecológica entre áreas-núcleo pré-definidas e modelos econômicos para determinar os custos econômicos e benefícios ecológicos de cenários alternativos de corredores (FONSECA et al., 2003; ALGER et al., 2003; LANDAU et al., 2003).

Promoção da conectividade

A promoção da conectividade é o alvo de muitas experiências de corredores quando é necessário reestabelecer a conectividade entre remanescentes. Em outros corredores, como no Corredor Central da Amazônia, o enfoque é diferente, orientando-se ações para garantir a manutenção da conectividade, principalmente mediante o uso sustentável dos recursos, pois não existem graves problemas de conectividade, pelo menos na escala do corredor.

A estratégia mais avançada e completa na promoção da conectividade é desenvolvida no Corredor do Rio Paraná – Pontal do Paranapanema pelo IPE. Os projetos que o IPE implementa com vistas à restauração da conectividade entre fragmentos são (VALLADARES-PÁDUA, C. et al. 2004; IPE10):

o Corredores agroflorestais e Trampolins ecológicos (Restauração de Áreas de Reserva Legal e Ilhas de Biodiversidade): Os corredores e os trampolins são compostos de áreas agroflorestadas que embelezam os jardins residenciais e enriquecem a paisagem entre fragmentos maiores. Dessa forma, ajudam a proteger a biodiversidade e facilitam o movimento dos animais entre fragmentos florestais.

o Café com Floresta: Projeto realizado desde 2001 com agricultores assentados pelo processo de reforma agrária no Pontal do Paranapanema; é baseado na implementação de um sistema diversificado, que associa o café (Coffea arábica L.) com o cultivo de culturas anuais como feijão, milho, mandioca, entre outras, e que, além disso, implanta na mesma área de cultivo, espécies de árvores nativas da Mata Atlântica, como Ingá, Louro Pardo, Timburi, Ficheira e tantas outras. As áreas de café com floresta são implementadas principalmente nos assentamentos próximos a fragmentos florestais, que visam desempenhar o papel de trampolins ecológicos.

o Viveiros Agroflorestais Escola e Comunitários.

10 IPE. Projeto Pontal do Paranapanema. Disponível em: http://www.ipe.org.br/html/programas_pontal.htm. Acesso em: 02/02/2007.

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o Abraço Verde: O Abraço Verde consiste em uma faixa agroflorestada que envolve o Parque Morro do Diabo e os fragmentos das matas remanescentes num grande abraço que garante a proteção dessas florestas e cria uma zona de benefícios múltiplos (com árvores que servem para lenha, madeira, frutos, grãos e forragem), tanto para as comunidades vizinhas como para os ciclos naturais.

o As Águas Vão Rolar - Restauração da Paisagem, Conservação de Recursos Hídricos e Espécies Ameaçadas: O projeto trabalha nos assentamentos da reforma agrária, procurando influenciar na forma de trabalhar a terra, a floresta e os recursos hídricos.

Outro destaque merece a experiência do Corredor Central da Mata Atlântica com a formação de minicorredores, a pesar de não estar ainda tão evoluída quanto a anterior já que é relativamente recente. As atividades se iniciaram durante a Fase I do Projeto Corredores Ecológicos com a formação de grupos de articulação regional, a definição da área de abrangência de cada minicorredor pelo grupo articulador, a formulação das estratégias para a implementação dos minicorredores prioritários, a sensibilização dos proprietários da área do minicorredor quanto aos benefícios da conectividade e a motivação para o uso de atividades sustentáveis na agricultura (PCE, 2005c). Durante a Fase II do Projeto, se financiará a implantação dos minicorredores selecionados como prioritários, mediante uma estratégia de criação de RPPNs, estímulo para a averbação de reserva legal, recuperação de áreas degradadas, dentre outras.

Em outros corredores, também existe previsão de trabalhar na promoção da conectividade. No Corredor da Amazônia Meridional, a CI está implantando o Projeto Corredor Teles Pires desde 2001, para implementar um corredor entre o PARE do Cristalino e a TI Kayabi, ao longo dos rios Teles Pires e São Benedito. As principais atividades do projeto consistem em: diagnóstico da região, divulgação de informações sobre planejamento ambiental, estudos sobre fauna e flora, apoio técnico para a criação de RPPNs e demarcação de reservas legais, incentivo a atividades econômicas sustentáveis, monitoramento da cobertura vegetal e criação de um mecanismo de financiamento para a manutenção do corredor11.

No Corredor Ecológico da Mantiqueira, se pretende promover a conectividade mediante o fortalecimento e a ampliação das áreas de reserva legal. Para isso, se realizou a oficina “Diretrizes para Implantação de Reservas Legais no Estado de Minas Gerais”, com a participação de técnicos e diretores do IEF, Ibama, Ministério Público Estadual e Secretaria de Estado de Meio Ambiente de Minas Gerais. Esse evento teve como objetivo estabelecer diretrizes para unificar os encaminhamentos interinstitucionais, em âmbito estadual, favorecendo a expansão da superfície protegida e a ampliação dos ganhos ambientais previstos nos respectivos instrumentos legais sobre o tema. Ainda, o plano de ação desse corredor prevê a implementação de atividades para levantar os problemas e dificuldades para averbar as reservas legais junto aos proprietários, produzir material informativo e mobilizar os Ministérios Públicos Federal e Estadual.

Promoção de atividades econômicas mais sustentáveis e geração de renda

Em bastante menor proporção que as diretrizes temáticas anteriores, foram examinadas experiências dirigidas à promoção de atividades econômicas mais sustentáveis e geração de renda. Nesta diretriz temática se agruparam experiências cujo propósito é diminuir o impacto das atividades econômicas sobre o uso dos recursos naturais e experiências que objetivam incrementar a renda das populações locais para contribuir na melhoria da sua qualidade de vida, mediante a otimização, de forma sustentável, das cadeias produtivas. Isso foi devido a que em ocasiões não foi fácil diferenciar uma finalidade da outra.

11 CONSERVAÇÃO INTERNACIONAL. Disponível em: http://www.conservation.org.br/arquivos/Corredor%20Ecotonos%20Sul.pdf. Acesso em: 10/04/06.

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De forma geral, todas essas experiências são implementadas por organizações não-governamentais junto aos produtores rurais. Além de iniciativas pontuais, existem dois exemplos de estratégias mais estruturadas, no Corredor Una – Serra das Lontras e no Corredor do Rio Paraná – Pontal do Paranapanema.

No Corredor Una – Serra das Lontras, o IESB trabalha em duas linhas de atuação: Desenvolvimento Comunitário e Associativismo e Sistemas Agroflorestais e Produção Orgânica. O IESB já apoiou a organização de 20 associações rurais na região de Una, além da Cooperuna - Cooperativa dos Pequenos Produtores de Una, que congrega 120 associados. Também trabalha com um grupo de mulheres, que receberam capacitação em trabalho artesanal com fibras de bananeiras, em parceria com o Sebrae-Ilhéus. Na segunda linha de atuação, o IESB promove o sistema agroflorestal Cacau Cabruca, que é um sistema de cultivo onde o cacau é cultivado à sombra das árvores nativas da Mata Atlântica. Também se oferece assistência técnica para a introdução de variedades melhoradas e se apóia a certificação dos produtores interessados em aderir ao modelo de produção orgânica. Também é desenvolvido o Projeto Capital Semente, em parceria entre o IESB e a Conservação Internacional, com apoio da Fundação Citigroup e da União Européia, cujo objetivo é disponibilizar micro-crédito e assistência técnica para os pequenos produtores rurais12.

No Corredor do Rio Paraná – Pontal do Paranapanema, muitos dos projetos visando a promoção da conectividade possuem um componente de promoção de atividades mais sustentáveis, principalmente o Projeto Café com Floresta. Nesse projeto se promove o cultivo sustentável do café orgânico, aliado ao plantio de árvores nativas da floresta, o que além de obter trampolins ecológicos para contribuir na movimentação da fauna, oferece uma alternativa de renda para os agricultores. Adicionalmente, a equipe do IPE trabalha na valorização dos recursos naturais disponíveis nas propriedades rurais e que não são aproveitados, como esterco da bovinocultura de leite, de galinhas e suínos.

Como iniciativas mais pontuais, mencionam-se o Corredor da Mantiqueira, onde foi elaborada uma cartilha e realizada uma oficina de capacitação sobre planejamento conservacionista da propriedade rural, em parceria com a Emater, Associação de Produtores Rurais de Santo Antônio e Vales do Rio Grande e Paiol (APROSA), Prefeitura de Bocaina de Minas e Fundação Rogê. E o Corredor da Amazônia Meridional, onde a CI desenvolve o Projeto Kayapó, com atividades de vigilância territorial e desenvolvimento de alternativas sustentáveis de geração de renda em 12 comunidades Kayapó.

A implementação de ações orientadas à certificação ambiental para os produtos do corredor somente se identificou no Corredor Una – Serra das Lontras, como mencionado anteriormente, mas também se prevê trabalhar nesse sentido no Corredor Central da Mata Atlântica e no Corredor da Mantiqueira, onde pretende-se criar o Selo Verde da Mantiqueira.

Comunicação, divulgação e marketing

A comunicação, divulgação e marketing do corredor são praticados em quase todos os corredores, pois é uma forma de ganhar mais aliados para os objetivos propostos. Essas ações podem ser implementadas com base numa estratégia formal ou informalmente, mediante a produção de material de divulgação (folders, panfletos, cartazes, boletins, etc.), elaboração de matérias em revistas e jornais, exibição de programas de rádio e televisão, produção de livros, exposições e outros eventos, como acontece, por exemplo, no Corredor da Mantiqueira e no Corredor da Caatinga.

12 INSTITUTO DE ESTUDOS SOCIOAMBIENTAIS DO SUL DA BAHIA. Disponível em: http://www.iesb.org.br/. Acesso em: 28/11/2006.

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Os únicos corredores que possuem um plano formal de comunicação e divulgação são o Corredor da Serra do Mar, o Corredor Central da Amazônia e o Corredor Central da Mata Atlântica. Os três planos foram apoiados pela Conservação Internacional, seguindo a metodologia 4P. A metodologia 4P é um instrumento para a elaboração de estratégias de comunicação para programas de conservação ambiental que foca em 4 temas: Problemas, Produtos, Público e Plano. Segundo esta metodologia, primeiramente são identificados e priorizados os problemas que se pretendem resolver, depois são definidos e analisados os públicos-alvo da comunicação e são propostos os produtos mais adequados aos públicos prioritários; por último, é elaborado o Plano de Ação para a Comunicação (FUNDAÇÃO SOS MATA ATLÂNTICA, 2004).

No Corredor Central da Mata Atlântica, as ações de comunicação utilizam a frase “Corredores Ecológicos: Conectando Pessoas e Florestas” nos materiais de comunicação elaborados, já que a sensibilização e o envolvimento de pessoas e instituições é de fundamental importância para a conexão de remanescentes de Mata Atlântica e a implementação efetiva dos corredores ecológicos. Uma das principais formas utilizadas para manter a comunicação com essa rede de parceiros é o Informe Eletrônico Projeto Corredores Ecológicos, mediante o qual são divulgados eventos, resultados de reuniões e notícias relacionadas ao projeto e aos parceiros. Outra ferramenta de comunicação importante é o informativo impresso. Atualmente o informativo tem periodicidade semestral e traz noticias de forma mais detalhadas, além de ter a vantagem de chegar com mais facilidade àqueles que não possuem conexão com a internet. Com objetivo de atingir um público mais abrangente e difundir práticas que contribuam para a formação de corredores, a Unidade de Coordenação Estadual do projeto no Estado do Espírito Santo produziu em parceria com a afiliada local da TV Bandeirantes uma série de quatro programas de vinte minutos, abordando assuntos como gestão de unidades de conservação, RPPNs, agroecologia, turismo sustentável e biodiversidade. A série foi veiculada em setembro de 2005. A participação freqüente em feiras, exposições e congressos relacionados com a temática rural e de meio ambiente é outra forma de envolver pessoas que vêm apresentando bons resultados. Neste tipo de evento são distribuídos materiais de divulgação, como folders institucionais e adesivos, e são utilizados materiais expositivos como maquete conceitual, vídeos educativos e banner com corredores prioritários. Com essa finalidade, já foram produzidos 20.000 folders institucionais, 10.000 folders de educação infantil, 5.000 cartazes e 5.000 adesivos (PROJETO CORREDORES ECOLÓGICOS, 2004)

Educação ambiental

A educação ambiental informal é promovida em alguns corredores com o objetivo de mobilização dos atores locais e sensibilização pelos problemas ambientais. Destaca-se o trabalho em quatro corredores. Três iniciativas são desenvolvidas por organizações não-governamentais e uma pelo Ibama.

No Corredor do Rio Paraná – Pontal do Paranapanema, o IPE desenvolve o programa ‘Um Pontal Bom Para Todos’. O destaque desse programa são as ‘eco-negociações’ ou reuniões participativas para a integração dos diferentes segmentos sociais desde o prefeito, os fazendeiros, os representantes do comércio e as lideranças, até assentados e educadores para juntos discutirem problemas, potenciais, riscos e oportunidades de mudanças.

No Corredor da Mantiqueira, a Valor Natural promoveu a mobilização local mediante a utilização da linguagem do teatro. Para isso foi montada uma peça específica para o corredor, contando com a participação de um grupo local – o Grupo Movimento Companhia de Teatro do município de Extrema.

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No Corredor Ecológico Una-Serra das Lontras, o IESB trabalha na formação de educadores ambientais e em campanhas de mobilização social e disseminação de informações ambientais. De 2003 a 2005, foi implementado o projeto ‘Corredor Ecológico: um caminho de vida na mata’, em parceria com a Rare for Tropical Conservation, Conservação Internacional, CEPF- Fundo de Parceria para Ecossistemas Críticos e Universidade de Guadalajara (México), com o objetivo de promover o conceito de corredores ecológicos. Para isso, se desenvolveram várias atividades como a produção de um jogo ecológico ‘Um caminho de vida na mata’ para crianças, apresentações de teatro de fantoches, um passeio ecológico junto com a Associação de Motociclistas de Una, dentre outras.

No Corredor do Cerrado Paranã – Pirineus, foi criado com recursos do Projeto Ibama/JICA o Centro de Integração de Atividades Ambientais e, também, se apoio a produção de documentos educativos, capacitação de guias de turismo como educadores ambientais, capacitação de professores para educação ambiental (reeditores), realização de oficinas de artesanato para o desenvolvimento sustentável, realização de encontros e vivências para o desenvolvimento sustentável, elaboração de um programa de conscientização ambiental em rádio no Parque Nacional de Chapada dos Veadeiros, publicação de revista sobre educação ambiental (a turma do Dinho) e produção de um kit de educação ambiental (IBAMA, 2006b).

Gestão ambiental municipal

Poucas experiências trabalham apoiando a gestão ambiental municipal. No Corredor Emas-Taquari (no Corredor Cerrado/Pantantal) é desenvolvido com apoio da CI o Projeto Municípios do Corredor, cujo objetivo é aumentar a capacidade de planejamento ambiental dos técnicos das instituições públicas, professores e da comunidade. No Corredor da Mantiqueira, a capacitação para a gestão ambiental nos municípios do Sul de Minas Gerais também é uma atividade prioritária. Foram realizados seminários e oficinas para gestores municipais sobre a elaboração participativa de planos diretores, em parceria com o Conselho Regional de Engenharia de Minas Gerais (CREA-MG) e a Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMAD-MG); e um seminário para gestores municipais do Corredor Ecológico da Mantiqueira sobre saneamento e licenciamento ambiental.

Fiscalização

Como mencionado anteriormente, o tema de fiscalização foi priorizado pelo Projeto Corredores Ecológicos na sua Fase I. Foi elaborado o Plano Piloto de Fiscalização, Vigilância e Monitoramento Ambiental do Baixo Rio Negro, no Corredor Central da Amazônia, mediante a articulação do Ibama, Ipaam, SEDEMA, Batalhão da Polícia Ambiental, INPA, FVA, IPE, Coiab e Funai. No Corredor Central da Mata Atlântica, o Instituto Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos – IEMA, Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal – IDAF, Cia. de Polícia Ambiental elaboraram o Plano Integrado de Fiscalização da Mata Atlântica, para o Espírito Santo. Nesse estado, também se apoiou a adquisição de equipamentos e a realização de Campanhas Integradas de Fiscalização.

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5.3 O financiamento

As experiências em corredores no Brasil são implementadas com o apoio de diferentes fontes de financiamento, tanto nacionais quanto internacionais. No caso do Corredor Central da Amazônia e o Corredor Central da Mata Atlântica, se conta com o Projeto Corredores Ecológicos, no âmbito do Programa para a Proteção das Florestas Tropicais Brasileiras do PPG7. O projeto está sendo implementado em duas fases. A primeira foi financiada pelo Fundo Fiduciário das Florestas Tropicais, do Banco Mundial (5 milhões de dólares) com contraparte dos governos federal e estaduais, da Bahia, Espírito Santo e Amazonas. A segunda fase conta com recursos provenientes do governo da Alemanha, por intermédio do KfW, e da Comissão Européia. O total de recursos para as duas fases é de 35,92 milhões de dólares. Desde o início de 2003, as equipes do Corredor Central da Amazônia e da Mata Atlântica contam com assistência técnica da cooperação Brasil-Alemanha (GTZ) (IBAMA, 2006:7-8).

Para a implementação de atividades neste projeto, os recursos internacionais são internalizados no orçamento da União, que os repassa aos diferentes executores mediante a assinatura de convênios. A execução está sujeita ao cumprimento das normas brasileiras para a assinatura de convênios e a todas as normas administrativo-financeiras do Banco Mundial para a realização dos pagamentos. Por algum tempo, houve muitos entraves para a implementação devido à envergadura do projeto, a soma das burocracias brasileiras e do Banco Mundial, a falta de capacitação dos técnicos das instituições para trabalhar com as normas do Banco Mundial e as dificuldades para o cumprimento dos requisitos para a assinatura dos convênios, dentre outras.

O Corredor do Cerrado Paraná-Pireneus se iniciou no âmbito do Acordo de Cooperação Técnica entre o Governo Brasileiro, representado pelo IBAMA, e o Governo Japonês, representado pela JICA, para implementação do Projeto Conservação dos Ecossistemas do Cerrado (Corredor Ecológico do Cerrado Paranã-Pireneus - CECPP). O Acordo, firmado em 2002 (iniciado em 2003) e estendendo-se até janeiro de 2006, é um trabalho de parceria que tem como resultado final a melhoria da conectividade entre áreas protegidas pela redução da pressão no entorno destas, associada a melhoria das práticas das populações locais, e no próprio estabelecimento de novas áreas protegidas. Na implementação deste projeto, se identificaram os seguintes problemas: o tamanho do projeto, a complexidade do projeto, a morosidade para início efetivo das atividades, a complexidade nos arranjos institucionais do Ibama e a capacidade operacional do Ibama (IBAMA, 2006b).

Além destas iniciativas mais abrangentes, existe a possibilidade de apresentar projetos de corredores para serem financiados pelo Fundo de Parceria para Ecossistemas Críticos (CEPF), que apoiou o Corredor Ecológico da Mantiqueira entre 2004 e 2006, e o Subprograma Projetos Demonstrativos da Mata Atlântica (PDA-MA), que está apoiando esse corredor desde 2006 até 2008.

Algumas organizações não-governamentais de âmbito internacional também apóiam a proposição e implementação de corredores, como o WWF-Brasil que este financiando as atividades para a proposição do Corredor da Amazônia Meridional pela ICV; e a Conservação Internacional, que está financiando a proposição de vários corredores, como o Corredor Cerrado-Pantanal, o Corredor Uma – Serra das Lontras, o Corredor do Espinhaço e o Corredor Uruçui-Mirador.

Por último, também são alocados na implementação de corredores recursos próprios das instituições governamentais e não-governamentais que trabalham em cada corredor, como no caso do Corredor Guaporé-Itenez/Mamoré, que recebe recursos do Ibama, o Corredor do

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Xingu, com recursos que o ISA recebe de várias fontes, e o Corredor do Rio Paraná – Pontal do Paranapanema, com recursos que o IPE recebe de várias fontes.

Analisando os corredores, verifica-se que não existe uma relação direta entre o grau de implementação e a quantidade de recursos financeiros. Os corredores que contam com maior número de atividades em execução localmente são o Corredor do Rio Paraná – Pontal do Paranapanema, o Corredor Una – Serra das Lontras e o Corredor da Mantiqueira, os quais dispõem de várias pequenas fontes de financiamento.

Por outro lado, os projetos de mais envergadura apresentam problemas e entraves para a sua implementação, principalmente quando procedem de fontes internacionais, que obrigam a diminuir a marcha das ações. Outro risco adicional de um projeto grande e único é que se associa o corredor ao projeto e não se percebe que o corredor deve perdurar depois da vida do projeto. Deve-se estar atento quando existe financiamento único, pois muitas ações de conservação ficam totalmente paralisadas quando termina o apoio financeiro do projeto. Por isso, o maior desafio dessas iniciativas é fazer com que a idéia de corredor perdure depois da vida do projeto. Nesse sentido, é fundamental que o corredor incentive e busque continuamente a formação de parcerias para a implementação de atividades, tanto com instituições governamentais como com o setor privado, ONGs, municípios e agências regionais.

Em nenhuma experiência analisada se identificaram metodologias para a criação de fundos ou outras formas de direcionamento de recursos financeiros para as ações de implementação do corredor, apesar de estar previsto inicialmente no Projeto Corredores Ecológicos.

É relevante salientar que em muitas ocasiões, mais importante do que dispor de recursos próprios para implementar o corredor é articular os projetos e iniciativas que já estão em execução nesse espaço. A modo de exemplo, destaca-se um estudo feito conjuntamente pelo Banco Mundial e o Banco Interamericano para o Desenvolvimento (BID) em 2001 sobre o Corredor Meso-americano (BID e BANCO MUNDIAL, 2001). Esse estudo identificou que, além dos projetos específicos sobre o corredor13, se estavam executando outros projetos (do Banco Mundial, do BID, de outras agencias de cooperação técnica e de ONGs internacionais) relacionados diretamente com o desenvolvimento sustentável por um total de 1.249 milhões de dólares, nas áreas de manejo e conservação de recursos florestais, ordenamento de bacias hidrográficas, turismo e conservação e uso da biodiversidade. Adicionalmente, existiam outros projetos indiretamente associados com o conceito do corredor por um total de 4.541 milhões de dólares, como aqueles nas áreas de agricultura, transporte, saneamento, infra-estrutura e energia. O estudo verificou que “exceto por poucas iniciativas regionais, esses projetos se executam como ilhas setoriais perdendo-se potenciais sinérgicos de integração regional” (BID e BANCO MUNDIAL, 2001:3), concluindo-se que era necessário coordenar as inversões no corredor e conseguir uma maior coordenação e integração dos programas e projetos existentes ou em preparação.

Ainda que não se chegue no patamar financeiro do Corredor Meso-americano, existem muitos programas e projetos em implementação em muitos corredores, pelo que se deve buscar a sinergia entre eles e a articulação de iniciativas para o desenvolvimento local.

13 Um projeto de coordenação regional do corredor (financiado pelo GEF e implementado pelo PNUD e o PNUMA) e vários projetos nacionais específicos sobre o corredor (financiados por projetos GEF, implementados pelo Banco Mundial, e por outros agentes de financiamento internacionais).

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6 O MONITORAMENTO DE CORREDORES

Para esta análise, se denominará monitoramento do desempenho, ou seguimento, à verificação periódica do grau de cumprimento daquilo que foi previamente planejado, seja no Plano de Gestão ou Plano de Ação do corredor ou, seja nos projetos elaborados para a sua implementação. O monitoramento dos impactos da implementação do corredor será designado como monitoramento da efetividade, que consiste na análise dos efeitos e impactos provocados pela atuação no corredor no longo prazo. O monitoramento da efetividade oferece uma idéia do impacto do corredor, ou seja, do grau de transformação que se está alcançando em relação com a visão de futuro pretendida.

O monitoramento dos corredores é a etapa da gestão que menos evoluída está até o momento. O monitoramento de desempenho é realizado naqueles corredores onde existem projetos de financiamento que estão sendo executados, com base nas metas estabelecidas no projeto e de acordo com a metodologia de acompanhamento e avaliação do financiador. Os indicadores de desempenho vão depender, portanto, das atividades que estão sendo implementadas e das metas que foram preestabelecidas.

A modo de exemplo, se apresentam os indicadores de desempenho do projeto Ibama/JICA para a implantação do Corredor Ecológico do Cerrado Paraná-Pirineus (IBAMA, 2006b): Para o Produto 1:

1a: Rede de comunicação do Corredor, assim como das Áreas Piloto operando efetivamente. 1b: Comunidades locais e organizações participantes compartilham entendimentos comuns sobre o estado de conservação do ambiente natural. 1c: Reuniões do Conselho do Corredor como das Áreas Piloto, realizadas * (-) vezes por ano. 1d: Ordem de serviço do Ibama, Goiás e Tocantins oficializando staff do Corredor como também nas Áreas Piloto.

Para o Produto 2: 2a: Plano de administração de informação elaborado. 2b: * (-) informações agregadas. 2c: Sala de referência estabelecida e mantida.

Para o Produto 3:3a: Diagnóstico cartográfico realizado 3b: Recomendações técnicas elaboradas 3c: Documentos técnicos elaborados

Para o Produto 4:4a: Planos de capacitação elaborados 4b: *(-) Treinamento implementado anualmente 4c: *(-) Pessoal qualificado anualmente pelo programa *(-) guias, *(-) brigadas anti-incêndio, etc.4d:Documentos técnicos elaborados

Para o Produto 5:5a: Planos de educação ambiental e conscientização social elaborados 5b: *(-) programas de educação ambiental e de conscientização social implementados anualmente. 5c: (-) pessoas (p.ex.,*(-) estudantes, *(-) professores, *(-) agricultores,¨*(-) visitantes, etc), participam de programas de educação ambiental (p.ex., seminários, treinamentos, viagens de estudo, etc.) 5d: Documentos técnicos elaborados 5e: Programas de educação ambiental e conscientização social implementados em *(-) municípios nas áreas piloto

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Neste caso, se verifica que os indicadores estão intimamente relacionados com o que está sendo apoiado pelo projeto. É o mesmo que acontece com o Projeto Corredores Ecológicos, onde se estabeleceram indicadores de desempenho para o projeto como um todo, considerando o Corredor Central da Amazônia e o Corredor Central da Mata Atlântica. Os indicadores de desempenho do Projeto Corredores Ecológicos para a fase II são (MMA, 2006:53):

Propósito do projeto: Demonstrar a viabilidade dos corredores ecológicos em conservar a diversidade da floresta tropical da Amazônia e Mata AtlânticaObjetivo do Projeto: Em sua Fase 2 (implementação dos corredores) serão considerados: Consolidação do sistema de vigilância e monitoramento; implementação dos planos de manejo e dos subprojetos em terras indígenas e áreas intersticiais.Indicadores de desempenho: Dois corredores ecológicos representativos em área na Amazônia e Mata

Atlântica são estabelecidos e manejados sustentavelmente Modelos de corredores ecológicos são testados para ser replicados e para

incorporação às políticas públicas Redução substancial de taxas de desflorestamento nas áreas dos corredores

prioritáriosResultados esperados de cada componente para a Fase II e Indicadores de resultado:Resultado 1. MMA, estados e municípios têm aumentado a capacidade de manejar os recursos naturais em escala regional.1.1 Corpo de Coordenação Federal, Estadual e municipal estabelecidos.1.2 Capacitação implementada e troca de experiências internacionais.1.3 Plano de gestão dos corredores ecológicos planejados.1.4 Estratégia de disseminação dos corredores ecológicos desenvolvidas.1.5 Estudos relevantes executados.Resultado 2. Pessoal chave interessado administra o CCA de acordo com a harmonização do plano de gestão2.1 Unidade de coordenação e comitês estabelecidos.2.2 Limites do CCA estabelecidos e mapeados2.3 Base de dados sobre biodiversidade e uso da terra estabelecida2.4 Subprojetos desenvolvidos e implementados nas áreas intersticiais, áreas

indígenas e UCs.2.5 Novos planos de manejo para UCs desenvolvidos e implementados 2.6 Planos de manejo de UCs existentes implementados2.7 Sistema de monitoramento ambiental desenvolvido2.8 Sistema de patrulhamento, vigilância, fiscalização e controle desenvolvido e

implementado 2.9 Capacitação relevante executadaResultado 3. Pessoal chave interessado administra o CCMA de acordo com a harmonização do plano de gestão3.1 Unidade e comitê de coordenação estabelecida3.2 Limites do CCMA estabelecidos e mapeados3.3 Base de dados sobre biodiversidade e uso da terra estabelecida 3.4 Subprojetos desenvolvidos e implementados nas áreas intersticiais3.5 Preservação de pequenas áreas remanescentes e manejadas de acordo com o

plano de gestão3.6 Indução de criação de minicorredores e zonas de amortecimento

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3.7 Aumento de sua conectividade3.8 Suporte aos municípios na elaboração de planos de manejo 3.9 Sistema de monitoramento ambiental desenvolvido3.10 Sistema de patrulhamento, vigilância, fiscalização e controle desenvolvido e

implementado3.11 Capacitação relevante executada

Em relação com o monitoramento da efetividade, apenas 7 corredores contam com indicadores de impacto, sendo que apenas um deles, o Corredor da Caatinga, conta com indicadores para o monitoramento sócio-ambiental. Os corredores que possuem indicadores de impacto são: Corredor Central da Amazônia Corredor Central da Mata Atlântica Corredor da Caatinga Corredor Serra das Confusões-Serra da Capivara Corredor Ecológico Una-Serra das Lontras Corredor Rio Paraná-Pontal do Paranapanema Corredor do Araguaia

Entretanto, para esta análise só se conseguiu informações sobre o sistema de monitoramento de impactos dos corredores Central da Amazônia e Central da Mata Atlântica. O monitoramento do Corredor Central da Amazônia está baseado na análise e a evolução do desmatamento da paisagem e na realização de pesquisas com o intuito de aumentar o conhecimento sobre temas que ajudem a controlar a fragmentação florestal. Utilizará como ferramentas para desenvolver essa atividade (MMA, 2006):

O monitoramento remoto da paisagem, por meio do processamento de imagens orbitais identificando os locais de maiores ocorrências de desmatamento;

O monitoramento da qualidade da água em pontos estratégicos do CCA; e, O monitoramento da biodiversidade.

Porém, ainda não foram descritos os indicadores que subsidiarão o monitoramento da biodiversidade.

Os indicadores de impacto que serão monitorados no Corredor Central da Mata Atlântica são os seguintes (MMA, 2006):

Índice de cobertura florestal (área de vegetação nativa e secundária de porte); Índice de abundância relativa de espécies selecionadas por áreas focais.

Não se têm informações sobre os meios de verificação para alcance das metas de conservação para estes corredores.

Como mencionado anteriormente, apenas o Corredor da Caatinga possui indicadores para o monitoramento sócio-ambiental; porém, para esta análise não se conseguiram informações sobre os meios de verificação para alcance das metas de uso sustentável, os indicadores utilizados neste corredor, nem os critérios estabelecidos para avaliar a qualidade de vida da população abrangida.

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7 SISTEMAS E INSTRUMENTOS DE GESTÃO DE CORREDORES ECOLÓGICOS

7.1 A estrutura de gestão

Dos corredores examinados, apenas 41 % (9 corredores) possui uma estrutura formal de gestão ou, pelo menos, que esteja prevista. São:

Corredor Central da Amazônia Corredor Central da Mata Atlântica Corredor Araguaia-Bananal Corredor Jalapão Corredor Central Fluminense Corredor Una-Serra das Lontras Corredor Serra das Confusões/Serra da Capivara Corredor Guaporé/Itenez-Mamoré Corredor da Caatinga

Porém, ainda não existe em nenhum corredor um conselho de gestão próprio. Até o momento, foram aproveitadas outras estruturas existentes ou estruturas relativas a um projeto de implementação do corredor. Por exemplo, a estrutura de gestão do Corredor Central da Amazônia é o conselho da Reserva da Biosfera da Amazônia Central, a qual se encontra inserida dentro do corredor. O Corredor Central da Mata Atlântica possui duas estruturas de gestão: são os respectivos comitês estaduais da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica nos Estados da Bahia e do Espírito Santo. A estrutura de gestão do Corredor Araguaia-Bananal é, por enquanto, um grupo de trabalho interinstitucional, formado por portaria do IBAMA. No caso do Corredor Central Fluminense se utilizará o conselho do mosaico. No Corredor Una – Serra das Lontras, se utilizará o conselho gestor da Reserva Biológica Una. No caso do Corredor Guaporé/Itenez-Mamoré, a gestão é realizada mediante uma Comissão de Implementação, criada mediante Portaria do Ibama.

Independentemente de qual seja a estrutura de gestão, em regra geral está formada por uma instância no formato de comitê, conselho, comissão ou grupo de trabalho, com representação dos atores mais significativos, na maioria das vezes de forma paritária. A presidência desse comitê costuma estar nas mãos de uma instituição governamental, mas também pode que não esteja, como é o caso do Conselho do Corredor Central da Mata Atlântica (atualmente, a presidência do comitê da Bahia está nas mãos do IESB). Em ocasiões, o regimento interno dessa instância contempla o revezamento da Presidência entre uma instituição governamental e uma não-governamental a cada certo tempo (por exemplo, no Corredor Central da Amazônia e no Corredor Central da Mata Atlântica).

Na maioria dos casos, a figura do comitê ou conselho está secretariada por uma instância executiva (secretaria executiva), com a função de executar ou agilizar as decisões do comitê. O Projeto Corredores Ecológicos do PPG7 mantém, em colaboração com os órgãos estaduais dos estados do Amazonas, Bahia e Espírito Santo, a estrutura da unidade de coordenação estadual nos corredores Central da Amazônia e Central da Mata Atlântica.

Adicionalmente a esta estrutura, alguns corredores também possuem a figura de assembléias, onde anualmente se reúnem as principais lideranças locais; por exemplo, considera-se essa possibilidade no organograma da estrutura de gestão do Corredor Central da Amazônia, mas ainda nunca aconteceu desde que entrou em vigor com a segunda fase do Projeto Corredores Ecológicos em 2006; ou, também, câmaras técnicas temáticas.

Em ocasiões, se o corredor é muito extenso, criam-se subcomitês ou instâncias regionais, como estruturas locais que replicam a mesma estrutura global. No caso do Corredor Central

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da Amazônia, a proposta é replicar a estrutura central em 5 regiões. A Figura 6 ilustra como é a estrutura de gestão do Corredor Central da Amazônia.

Figura 6: O sistema de gestão do Corredor Central da Amazônia. Fonte: PROJETO CORREDORES ECOLÓGICOS. Plano de Gestão do Corredor Central da Amazônia. Manaus: mimeo, 2005.

O Conselho da Reserva da Biosfera da Amazônia Central foi criado no dia 1º de junho de 2005, mediante o Decreto Estadual n° 25.042; está composto por 24 instituições governamentais e não-governamentais, mais a Presidência da Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (SDS). O Conselho tem a função de supervisionar e apoiar o trabalho da Unidade de Coordenação Estadual (UCE) do Corredor Central da Amazônia e realizar o monitoramento e a avaliação da implementação do projeto para o alcance dos objetivos propostos no Plano de Gestão, juntamente com os 5 comitês regionais do Rio Negro, Médio Solimões, Alto Solimões e Rio Uatumã. Os comitês regionais têm o propósito de propiciar condições ao projeto para descentralização progressiva, apoiando o conselho e a UCE, viabilizando o estabelecendo das parcerias com as partes interessadas, representando a Reserva da Biosfera localmente e organizando e realizando as assembléias regionais de acompanhamento e avaliação do projeto. O conselho e os comitês regionais são integrados por órgãos federais, estaduais, municipais e ONGs. A divisão em comitês regionais e a organização de assembléias regionais têm como principal objetivo o aumento da capilaridade do projeto e sua interiorização. A UCE é apoiada pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas. A UCE é responsável pelo acompanhamento da execução de todas as ações do projeto e pelo fluxo de informação entre o conselho, comitês regionais, executores, SDS e a coordenação geral do projeto no MMA (PCE, 2005a).

Deve-se levar em conta que quanto mais complexa é a estrutura, mais difícil é sua efetividade. Quando o corredor é muito grande e existem representantes de outros pontos do corredor, o comitê precisa de recursos para o transporte e alojamento desses conselheiros, o que às vezes é difícil de conseguir.

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Também pode haver estruturas mais simples, através de grupos de trabalho, como no caso do Corredor Guaporé/Itenez-Mamoré, onde foi instalada uma Comissão de Implementação do Corredor Ecológio Guapore-Itenez-Mamoré, criado mediante Portaria do Ibama com 14 instituições (8 governamentais e 6 não-governamentais).

Para a gestão do corredor Araguaia-Bananal (IBAMA, 2005), foi criado um grupo de trabalho interinstitucional composto por 17 instituições: Secretaria de Planejamento do Estado do Tocantins; órgão estadual de meio ambiente (NATURATINS); Ministério Público Estadual do Estado do Tocantins; INCRA; RURALTINS; PROVIDA; FETAET; FAET; SENAC; SEBRAE; Secretaria da Educação do Estado do Tocantins; Secretaria do Turismo do Estado do Tocantins; Banco da Amazônia; Banco do Brasil; INSS; Instituto de Geografia e Estatística do Brasil; e, IBAMA. Este grupo de trabalho tem como competências traçar as diretrizes estratégicas para a implementação das ações institucionais do projeto e participa dos encontros com as comunidades locais.

A estrutura preliminar do conselho gestor do mosaico Central Fluminense está constituída por:

a) Poder Público:- Chefes das UCs componentes do mosaico- ANAMMA- 4 universidades públicasb) Sociedade civil:- 1 representante do conselho gestor de cada UC (necessariamente da sociedade civil)- Associação de RPPNs do Estado- 1 representante de cada Comitê de Bacia: Baía de Guanabara; CEIVAP; Piabanha, Paquequer e Preto; e Guandu.

No Corredor Cerrado Paranã – Pireneus, se elaborou uma minuta de portaria formalizando o Comitê de Coordenação para o Corredor, junto com o seu regimento interno, que foi encaminhada à Procuradoria Geral do IBAMA (IBAMA, 2006b); porém, esta não foi aceita devido à falta de previsão legal da figura de comitê do corredor na Lei do SNUC.

Em relação com o caráter consultivo ou deliberativo da estrutura, isso vai depender das decisões que sejam tomadas. Quando estão relacionadas com as ações de um projeto, essa instancia costuma ter caráter deliberativo; entretanto, quando estão relacionadas com outras ações sobre as quais não se têm competência, costuma ser consultivo. Geralmente, é o regimento interno do conselho ou comitê onde se especifica quais decisões devem ser deliberadas e quais são recomendações.

Como o absentismo é o principal problema de funcionamento destas instâncias, o regimento interno de algumas estruturas considera alguma penalidade após um número específico de ausências de certo representante, como por exemplo, mudar o conselheiro que não participa ou mudar a instituição (Corredor Central da Amazônia).

Também, melhor do que estabelecer uma estrutura de gestão que seja o modelo a ser seguido por todas as iniciativas é discutir e construir com a sociedade qual é o modelo que melhor se adapta e mais contribui para a conservação e o desenvolvimento sustentável no cenário ambiental, social, econômico e político do corredor. A identificação da estrutura mais adequada ao corredor também deve levar em conta a agilidade na tomada de decisões, a transparência e a independência de mudanças políticas.

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O estabelecimento de uma estrutura de gestão do corredor não é considerado com uma prioridade em alguns corredores, como por exemplo, nos corredores Rio Paraná – Pontal do Paranapanema e da Mantiqueira. Quando os corredores são uma iniciativa de organizações não-governamentais, trabalha-se mais com uma estrutura informal de gestão, onde são realizadas reuniões periódicas de tomadores de decisão regionais ou foros específicos, para abordar os problemas que têm que ser resolvidos e as intervenções para tal.

7.2 Os instrumentos legais

7.2.1 Atual embasamento legal da gestão de corredores

A figura de corredor ecológico se viu reforçada legalmente mediante a Lei do SNUC, Lei n. 9.985 de 2000, no seu art. 2º, inciso XIX, onde estipula-se o conceito de corredor ecológico. De acordo com este dispositivo, os corredores ecológicos são:

XIX – corredores ecológicos: porções de ecossistemas naturais ou seminaturais, ligando unidades de conservação, que possibilitam entre elas o fluxo de genes e o movimento da biota, facilitando a dispersão de espécies e a recolonização de áreas degradadas, bem como a manutenção de populações que demandam para sua sobrevivência áreas com extensão maior do que aquela das unidades individuais.

Outros dispositivos que tratam especificamente sobre corredores ecológicos são:

Ato normativo Dispositivo MatériaLei n. 9.985 de 2000

Sistema Nacional de Unidades de Conservação

Art. 2º, inciso XIX

Conceito de corredores ecológicos: porções de ecossistemas naturais ou seminaturais, ligando unidades de conservação, que possibilitam entre elas o fluxo de genes e o movimento da biota, facilitando a dispersão de espécies e a recolonização de áreas degradadas, bem como a manutenção de populações que demandam para sua sobrevivência áreas com extensão maior do que aquela das unidades individuais.

Art. 5º, inciso XIII

O SNUC será regido por diretrizes que busquem proteger grandes áreas por meio de um conjunto integrado de unidades de conservação de diferentes categorias, próximas ou contíguas, e suas respectivas zonas de amortecimento e corredores ecológicos, integrando as diferentes atividades de preservação da natureza, uso sustentável dos recursos naturais e restauração e recuperação dos ecossistemas.

Art. 25, § 1º e § 2o

As unidades de conservação, exceto Área de Proteção Ambiental e Reserva Particular do Patrimônio Natural, devem possuir uma zona de amortecimento e, quando conveniente, corredores ecológicos.O órgão responsável pela administração da unidade estabelecerá normas específicas regulamentando a ocupação e o uso dos recursos da zona de amortecimento e dos corredores ecológicos de uma unidade de conservação.Os limites da zona de amortecimento e dos corredores ecológicos e as respectivas normas de que trata o § 1o

poderão ser definidas no ato de criação da unidade ou posteriormente.

Art. 27, § 1o O Plano de Manejo deve abranger a área da unidade de conservação, sua zona de amortecimento e os corredores ecológicos, incluindo medidas com o fim de promover sua integração à vida econômica e social das comunidades vizinhas.

Art. 20, § 6o O Plano de Manejo da Reserva de Desenvolvimento Sustentável definirá as zonas de proteção integral, de uso

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sustentável e de amortecimento e corredores ecológicos, e será aprovado pelo Conselho Deliberativo da unidade.

Art. 38 A ação ou omissão das pessoas físicas ou jurídicas que importem inobservância aos preceitos desta Lei e a seus regulamentos ou resultem em dano à flora, à fauna e aos demais atributos naturais das unidades de conservação, bem como às suas instalações e às zonas de amortecimento e corredores ecológicos, sujeitam os infratores às sanções previstas em lei.

Decreto nº 4.340, de 22 de agosto de 2002

Regulamenta a Lei do SNUC

Art. 11, caput e parágrafo único

Os corredores ecológicos, reconhecidos em ato do Ministério do Meio Ambiente, integram os mosaicos para fins de sua gestão.Na ausência de mosaico, o corredor ecológico que interliga unidades de conservação terá o mesmo tratamento da sua zona de amortecimento.

Art. 20, inciso VIII

Compete ao conselho de unidade de conservação manifestar-se sobre obra ou atividade potencialmente causadora de impacto na unidade de conservação, em sua zona de amortecimento, mosaicos ou corredores ecológicos;

Decreto nº 4.339, de 22 de agosto de 2002

Institui a Política Nacional da Biodiversidade

Anexo.Objetivo específico 11.1.3.

É um objetivo da Política Nacional da Biodiversidade: Planejar, promover, implantar e consolidar corredores ecológicos e outras formas de conectividade de paisagens, como forma de planejamento e gerenciamento regional da biodiversidade, incluindo compatibilização e integração das reservas legais, áreas de preservação permanentes e outras áreas protegidas.

Decreto nº 750, de 1993

Art. 7º Fica proibida na Mata Atlântica a exploração de vegetação que tenha a função de proteger espécies da flora e fauna silvestres ameaçadas de extinção, formar corredores entre remanescentes de vegetação primária ou em estágio avançado e médio de regeneração, ou ainda de proteger o entorno de unidades de conservação, bem como a utilização das áreas de preservação permanente, de que tratam os arts. 2º e 3º da Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965.

Resolução Nº 09, de 24 de Outubro de 1996, do CONAMA

Conceito de corredores entre remanescentes: Corredor entre remanescentes caracteriza-se como sendo faixa de cobertura vegetal existente entre remanescentes de vegetação primária em estágio médio e avançado de regeneração, capaz de propiciar hábitat ou servir de área de trânsito para a fauna residente nos remanescentes.

Portanto, sobre os corredores ecológicos existem as seguintes orientações legais: O conceito legal é o de elemento de conexão entre unidades de conservação; É objetivo da Política Nacional da Biodiversidade implantar corredores ecológicos; Todas as categorias de manejo poderão estar interconectadas por corredores ecológicos,

salvo Área de Proteção Ambiental e Reserva Particular do Patrimônio Natural; Os limites do corredor poderão ser estabelecidos no momento da criação da UC ou

posteriormente; Os corredores devem ser reconhecidos por ato do Ministério do Meio Ambiente; É possível estabelecer normas para a regulamentação da ocupação e uso dos recursos

do corredor no momento da criação da UC ou posteriormente; O Plano de Manejo da UC deve abranger a área dos corredores; Quem causar danos ou infringir a Lei do SNUC e seu regulamento fica sujeito às sanções

da lei; O conselho da unidade de conservação se deve manifestar sobre obra ou atividade

potencialmente causadora de impacto no corredor.

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Além dessas, a gestão dos corredores ecológicos poderá se utilizar de todos os dispositivos legais relativos à proteção de seus recursos, como o Código Florestal, Lei de Crimes Ambientais, Política Nacional de Meio Ambiente, Lei dos Recursos Hídricos, etc.

Entretanto, quando os corredores são entendidos como unidades de planejamento biorregional, temos que examinar como se estão inserindo as estratégias de corredores no ordenamento territorial nacional, regional e local. A responsabilidade pelo ordenamento territorial é, hoje em dia, do Ministério de Integração Nacional. Este Ministério está coordenando a formulação de uma Política Nacional de Ordenamento Territorial (PNOT). Essa política está sendo elaborada de acordo com o estabelecido na Constituição Federal de 1988, que prevê em seu Artigo 21, inciso IX: “Compete à União elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordenação do território e de desenvolvimento econômico e social”. A proposta de Política Nacional de Ordenamento Territorial que está em discussão considera as unidades de conservação como elementos importantes do ordenamento territorial, porém, não leva em conta os corredores ecológicos como unidades biorregionais de planejamento. No nível local, o instrumento de planejamento que tem implicações com os corredores é o plano diretor dos municípios. O plano diretor é o instrumento básico da política de desenvolvimento e expansão urbana do município e, desde a entrada em vigor do Estatuto da Cidade (Lei n° 10.257, de 10 de julho de 2001), deve englobar o território do Município como um todo (art. 40, § 2º). Portanto, é necessário que haja congruência entre as disposições do planejamento do corredor como um todo e dos planos diretores dos municípios que constituem o corredor.

Nenhum dos instrumentos de planejamento dos corredores examinados considerou essas interfaces com o ordenamento territorial, regional e municipal. Unicamente, na parte propositiva dos planos dos corredores Central da Amazônia e Central da Mata Atlântica são previstas ações para apoiar a elaboração dos planos diretores dos municípios, mediante assessoria técnica e apoio na mobilização dos atores locais. A questão que ainda falta por resolver é como integrar a política de conservação com a política de ordenamento territorial e a política urbana.

Quanto aos instrumentos legais específicos para cada corredor, vale salientar que os dois únicos corredores que foram reconhecidos legalmente como corredores são o Corredor Serra da Capivara – Serra das Confusões e o Corredor da Caatinga.

O Corredor da Caatinga foi instituído mediante a Portaria n° 131, de 28 de abril de 2006, do Ministério do Meio Ambiente. Nesta portaria, reconhece-se como Corredor Ecológico da Caatinga, os territórios que interligam as unidades de conservação elencadas nesse instrumento legal. O artigo 4º dispõe sobre a administração do corredor, que cabe ao Ibama com o acompanhamento dos Conselhos das unidades de conservação que formam o corredor. Vale destacar que a Portaria utiliza o termo ‘administração’ do corredor, em lugar de gestão. Curiosamente, o artigo 2º da Portaria, exclui da área do Corredor Ecológico da Caatinga todas as áreas urbanas. Essa exclusão foi justificada desde o ponto de vista jurídico, para evitar inconstitucionalidades em questão de competências entre o Ibama e os municípios. Em termos do planejamento territorial e do enfoque ecossistêmico, não é apropriada a exclusão das áreas urbanas na área do corredor. Porém, não é a primeira vez que se exclui a área urbana da constituição de um corredor, como se isso fosse possível de acontecer na realidade. Por muito tempo se questionou qual seria a viabilidade de um corredor em cujo interior havia uma cidade de 2.000.000 de habitantes, como Manaus no Corredor Central da Amazônia, e inicialmente, a cidade foi ignorada. No âmbito desse corredor, se discutiu qual poderia ser a atuação nas áreas urbanas para contribuir à consolidação do mesmo. As oficinas de subsídios para a elaboração do plano de gestão do corredor contribuíram para a identificação de numerosas ações, como a restauração de áreas degradadas, tratamento de

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resíduos sólidos, educação ambiental ou manutenção de corredores biológicos ou minicorredores, dentre outras. Estes pontos mostram como ainda existem entraves jurídicos para a efetiva gestão de corredores, principalmente em relação com as áreas urbanas e a sobreposição de competências no âmbito do ordenamento territorial.

Outras formas de ter um embasamento legal para a gestão dos corredores é mediante o reconhecimento das figuras de mosaico de unidades de conservação e de reservas da biosfera. Por exemplo, a área do Corredor Central Fluminense foi reconhecida recentemente como mosaico de unidades de conservação mediante a Portaria n° 350, de 11 de dezembro de 2006, do Ministério do Meio Ambiente (Mosaico da Mata Atlântica Central Fluminense). Os mosaicos de unidades de conservação se encontram amparados legalmente pela Lei do SNUC, no seu artigo 26, e pelo Decreto n° 4.340, de 22 de agosto de 2002, em seus artigos 8° ao 11. O objetivo do mosaico, de acordo com o disposto nessa Lei e seu Decreto, é a gestão integrada das unidades de conservação que o compõem. Inclusive, a intenção da referida lei era de englobar dentro da gestão de mosaico todas as áreas protegidas que se encontrem nesse conjunto, mas o decreto foi mais restritivo, restringindo-se apenas às unidades de conservação. Ainda que a figura de mosaico possua unicamente a função de realizar uma gestão integrada dos seus componentes e a figura de corredor possa ter objetivos mais abrangentes, o reconhecimento legal dos mosaicos de unidades de conservação pode ser uma medida útil para o respaldo legal da gestão de corredores, principalmente naqueles com formato de corredores de áreas protegidas (lembrando que são os segundos mais freqüentes no Brasil, vide Tabela 7).

Quanto às reservas da biosfera, já foi mostrado anteriormente que as sete reservas da biosfera coincidem com um ou vários corredores. As reservas da biosfera se encontram amparadas pela Lei do SNUC, no seu artigo 41, e pelo Decreto n° 4.340, de 22 de agosto de 2002, nos seus artigos 41 ao 45. A pesar de que o modelo de reserva da biosfera também mantenha algumas diferenças conceituais com o modelo de corredor, é, sem dúvida, muito semelhante, principalmente quando comparado com o modelo de corredor biorregional. De acordo com o artigo 41 da Lei do SNUC, a reserva da biosfera é um modelo de gestão integrada, participativa e sustentável dos recursos naturais, o que também coincide com o modelo de corredor; e é estabelecida com os objetivos básicos de preservação da diversidade biológica, o desenvolvimento de atividades de pesquisa, o monitoramento ambiental, a educação ambiental, o desenvolvimento sustentável e a melhoria da qualidade de vida das populações, os quais também são objetivos comuns com os corredores, principalmente os corredores biorrregionais (lembrando que são os mais freqüentes no Brasil, vide Tabela 7).

Levando em conta esses elementos comuns, é importante observar que existem duas disposições legais das reservas da biosfera que podem ser úteis para a gestão de corredores. Por um lado, a Lei do SNUC e o seu Decreto dispõem que a reserva da biosfera é gerida por um conselho deliberativo, o que não é considerado para os corredores. A rigor, esta falta de previsão legal pode criar entraves para o estabelecimento de estruturas de gestão de corredores. Na prática, o que existe são estruturas de gestão de projetos para a consolidação de corredores (por exemplo, do Corredor Paraná-Pireneus) ou se aproveitam as estruturas das reservas da biosfera (como no caso do Corredor Central da Amazônia e do Corredor Central da Mata Atlântica), dos mosaicos (como no Corredor Central Fluminense) ou das unidades de conservação (como no Corredor Una – Serra das Lontras).

Por outro lado, a Lei do SNUC também prevê a possibilidade da restrição de atividades dentro das reservas da biosfera, em áreas que não sejam unidades de conservação. O § 1º do artigo 41 da Lei do SNUC dispõe que a reserva da biosfera é constituída por:

I – uma ou várias áreas-núcleo, destinadas à proteção integral da natureza;II – uma ou várias zonas de amortecimento, onde só são admitidas atividades que não resultem em dano para as áreas-núcleo; e

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III – uma ou várias zonas de transição, sem limites rígidos, onde o processo de ocupação e o manejo dos recursos naturais são planejados e conduzidos de modo participativo e em bases sustentáveis.

O inciso II desse parágrafo possibilita legalmente a restrição de atividades que resultem em dano para as áreas-núcleo das reservas da biosfera. Ainda que nenhuma experiência de corredor considerou até o momento a restrição de atividades fora de unidades de conservação (além das já estabelecidas pelo ordenamento legal em vigor), alguns corredores também utilizam a identificação de áreas-núcleo, zonas de amortecimento e zonas de transição como forma de zoneamento do corredor, como anteriormente comentado. Portanto, o reconhecimento de reservas da biosfera pode se constituir numa estratégia para reforçar desde o ponto de vista legal a gestão dos corredores biorregionais.

Outros instrumentos específicos são utilizados para a gestão de corredores. No caso do Corredor de Biodiversidade do Amapá, se planejou a assinatura de um Protocolo de Intenções por Adesão, como iniciativa do Governo do Estado do Amapá visando a implementação e consolidação do Programa Corredor de Biodiversidade do Amapá. Esse protocolo foi assinado em 2005 por, além do Governo do Estado do Amapá: a Conservação Internacional, o WWF-Brasil, o Museu Paraense Emílio Goeldi, a GTZ, o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio) e a Amigos da Terra - Amazônia Brasileira. Quaisquer organizações que desejem se unir à iniciativa poderão assinar este protocolo em qualquer momento.

7.2.2 Propostas para o reforço legal da gestão de corredores

Existem as seguintes propostas para reforçar legalmente a gestão dos corredores, ainda que não haja consenso sobre elas14:

a) Estabelecimento de medidas legais, de forma geral, para todos os corredores, mediante um instrumento regulamentador, como uma instrução normativa do Ministério do Meio Ambiente, com um conceito de corredor mais próximo da realidade e com a regulamentação de sua gestão, para ter um embasamento legal mínimo;

b) Estabelecimento de medidas legais específicas, para cada corredor:b.1) Oficializar a constituição do corredor mediante portaria ou decreto da instituição federal, estadual ou municipal que seja mais apropriada para a constituição do corredor com a identificação de seus limites. Porém, esses processos legais podem trazer desconfiança a proprietários

privados ou outros parceiros e, assim, prejudicar o processo de gestão participativa e biorregional.

Quando o corredor é constituído mediante o consenso e a participação de todos os atores envolvidos, sendo reconhecidos seus limites pelas organizações de base e com processos de parcerias em andamento, não é necessária uma base legal adicional. Inclusive, poderia ocasionar o engessamento do corredor.

O corredor já detém o suficiente grau de proteção jurídica mediante diferentes legislações ambientais e não precisaria de proteção adicional.

As portarias para o estabelecimento de corredores são defendidas porque dão um respaldo legal ao corredor e não são impositivas demais por não estabelecer proibições.

b.2) Oficializar o Sistema de Gestão do Corredor, formalizando o comitê gestor do corredor e sua secretaria executiva. Entretanto, a Lei do SNUC e seu Decreto

14 Essas propostas foram discutidas na oficina de consulta sobre a gestão de corredores que aconteceu em novembro de 2006.

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só dispõem sobre comitês para as unidades de conservação e mosaicos pelo que não existiria a figura legal de comitê de gestão do corredor.

c) Estabelecimento dos termos de cooperação técnica necessários para a articulação dos diferentes atores na implementação de ações dentro do corredor.

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8 REFLEXÔES SOBRE TERRAS INDÍGENAS E REGIÕES DE FRONTEIRA

8.1 Terras Indígenas e Corredores

Segundo os atuais exercícios de geoprocessamento no Brasil, a situação atual das áreas protegidas na Amazônia Legal Brasileira é a seguinte: Terras Indígenas - 107,3 milhões de hectares ou 21,3% da extensão da região; Unidades de Conservação federais (exceto APAs) - 56 milhões de hectares ou 11,1% da

região; Unidades de Conservação estaduais (exceto APAs) - 23,3 milhões de hectares ou 4,6%

da região; Com um total (excluídas as sobreposições, além das APAs) de 165 milhões de hectares

ou 34,7% da região.

Porém, se avança lentamente na gestão de UCs, TIs ou de mosaicos, extensões correspondentes a territórios de vários países, onde predomina ainda uma baixa presença do Estado e não há mecanismos apropriados de governança ou de provimento de recursos orçamentários (como existem para estados e municípios, por exemplo). Os recursos disponíveis são muito limitados diante do desafio e os programas existentes, como o ARPA e projetos do PPG7, têm sido executados com lentidão. Existe uma discussão sobre novos mecanismos de co-gestão para UCs, com parcerias entre governos e terceiros, mas não há política para as TIs e há dificuldades para integrá-las à gestão de mosaicos e corredores.

Entre as principais situações problemáticas e ainda não bem resolvidas para o manejo de corredores ecológicos no Brasil, estão a falta de articulação/combinação entre Unidades de Conservação e Terras Indígenas e a falta de articulação/cooperação com os paises vizinhos. Porem, são dois temas muito relevantes para a gestão dos corredores ecológicos e seu impacto real na conservação já que a conectividade existe em ambos os casos. Os dois temas também estão ligados já que uma grande parte das TIs extensas e continuas reconhecidas pelo governo brasileiro nos últimos anos são terras fronteiriças com países vizinhos. Entre os 220 povos indígenas do Brasil, existem 40 povos que também habitam do outro lado das fronteiras, geralmente em terras reconhecidas pelos governos vizinhos.

As unidades de conservação e as Terras Indígenas até hoje não combinaram para a conservação e não se articularam de maneira estratégica por falta de convicção e interesse dos atores ambientais com relação às potencialidades dos povos indígenas para conservar. A pergunta então é: Corredores ecológicos manejados com uma metodologia intercultural e interinstitucional apropriada poderiam ser no Brasil um âmbito de (re)conciliação entre as duas figuras de UC e TI, integrando-as num conglomerado de figuras territoriais cuja combinação vira justamente uma estratégia de conservação?

Segundo um estudo do Centro de Pesquisa de Woods Hole (Massachusetts, EUA)15

publicado na edição de fevereiro 2006 do periódico Conservation Biology, e baseiado em imagens de satélite, as terras indígenas são tão boas ou melhores que parques nacionais para conter a destruição da mata. A noção de que as terras indígenas são menos eficazes do que os parques na proteção da natureza precisa ser reexaminada. Esta situação confere um papel estratégico a muitos povos indígenas já que suas terras conservam importantes reservatórios de biodiversidade, os quais combinados com seus conhecimentos tradicionais permitem pensar em mercados sustentáveis de produtos da floresta.

O Instituto Socioambiental (ISA) também coordenou e publicou uma extensa pesquisa sobre o tema, “Terras Indígenas & Unidades de Conservação da Natureza: o desafio das

15 Daniel Nepstad é autor principal do estudo, ao lado de vários americanos e de Ane Alencar, geógrafa do Ipam, e de Márcio Santilli e Alicia Rolla, do ISA.

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Sobreposições” (RICARDO, 2004)16, que pode ser utilizada como referencia para entender a importância de realizar a conservação com base na combinação entre UCs e TIs. São quase 13 milhões de hectares sobrepostos.  O Brasil tem hoje 55 casos de sombreamento – áreas coincidentes – entre terras indígenas e unidades de conservação da natureza.  Muitas delas no âmbito de corredores ecológicos. Por causa disso, o debate atual em torno desse assunto reúne posições diversas e muitas vezes polêmicas.  Por exemplo, os índios contribuem ou não para a preservação ambiental nas áreas sobrepostas? A pergunta é uma das principais motivações da obra que dá a voz a vários atores – biólogos, advogados, sociólogos, antropólogos e filósofos, entre outros – que abordam a complexidade do tema. A extensa obra que analisa tanto áreas amazônicas como da Mata Atlântica, parte do pressuposto de que as terras indígenas têm um valor inquestionável para os índios e para a preservação ambiental.  Estatísticas apresentadas ajudam a defender a tese. O ISA constatou que as áreas indígenas sofreram um desmatamento, em 2003, da ordem de 1,14%.  Nas unidades de conservação federais o número chegou a 1,4% e, nas estaduais, 7,01%.  Fora das áreas protegidas, o índice de desmatamento no país, em 2003, foi de 18,96%. Em linhas gerais, os autores defendem a tese de que apenas um diálogo menos precário entre as diversas instituições indigenistas e ambientais poderá equacionar os vários conflitos que estão mapeados no livro. Como foi visto os últimos anos em vários conflitos na Amazônia, tanto as terras indígenas como as unidades de conservação estão ameaçadas essencialmente por outros motivos: grileiros, madeireiros e garimpeiros, entre outros.

A probabilidade é grande que os casos de superposições aconteçam em particular no âmbito dos corredores de conservação, já que os corredores quase sempre integram as duas figuras territoriais. Desta maneira é importante que as conclusões sobre superposições sejam tomadas em conta na configuração e gestão dos corredores de conservação que incluem os dois tipos de figuras territoriais.

Algumas idéias-chave da pesquisa que contribuem na reflexão sobre corredores:

- Os casos de UC criadas em áreas de ocupação de populações nativas configuram um exemplo emblemático de sobreposições de diferentes valores, tradições e concepções, configurando por isso um desafio ambiental. A conclusão para os corredores é a necessidade de mapear claramente os conflitos antes de organizar os espaços de negociação e gestão dentro de corredores.

- São as frentes de grilagem de terras e ligadas à extração predatória de recursos naturais que esbulham em escala tanto as UCs quanto as TIs; enquanto ambientalistas e indigenistas brigam entre eles, os seus inimigos objetivos avançam. Os corredores constituem um ambiente propício a uma aproximação construtiva; é na pratica da gestão dos corredores que podem sair propostas criativas que visem integrar o SNUC com as TIs.

- No mapa do Probio sobre áreas prioritárias para a conservação, as TIs compõem 40,1% da área total de Áreas de Extrema Importância, 36,4% do total das Áreas de Muito Alta Importância, e 25% do total das Áreas de Alta Importância, aparecendo como peça fundamental em qualquer sistema integrado de áreas protegidas. A conclusão é que no âmbito dos corredores é importante empurrar a funcionalidade das TIs como áreas protegidas, o que seria facilitado em grande escala com a implementação de um ARPA indígena.

- Da extensão total de TI, 99% ficam na Amazônia, onde vivem 60% da população indígena brasileira. Significa que os outros 40% que estão no Leste, Nordeste, Sudeste e Sul do Brasil estão confinados em 1% da extensão das terras. Assim é natural que alguns povos tenham melhores condições do que outros para implementar estratégias próprias de 16 RICARDO, Fany (org.). Terras Indígenas & Unidades de Conservação: o desafio das sobreposições. São Paulo: Instituto Socioambiental, 2004.

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conservação dos recursos naturais, e que os conflitos tendem a se intensificar nestas ultimas regiões onde a extensão das UC também é diminuta. Esta situação implica que a gestão de corredores na Amazônia terá uma dinâmica diferente daquelas outras regiões, devido a pressões e interesses diferentes.

- O manejo de TIs, com o estabelecimento de reservas de recursos naturais situadas em elas, pressupõe necessariamente o apoio dos próprios índios, a sua protagônica participação na sua gestão, a efetiva compatibilidade entre uma política de conservação e seus projetos de futuro. Desta maneira também, não tem gestão de corredores possível incluindo TI sem um profundo trabalho com as organizações e comunidades indígenas.

Por outra parte, as numerosas demarcações de TI realizadas no Brasil permitiram desenvolver com os povos indígenas metodologias de participação indígena (por exemplo, no Alto Rio Negro, no Vale do Javari, etc) que podem ser de muita ajuda com relação à metodologia participativa na gestão de corredores. As lições aprendidas pelos povos indígenas na incipiente gestão das figuras TI devem ajudar na gestão de corredores, pelo menos em nível de constituir interlocutores mais cientes e eficientes. Geralmente, a metodologia participativa para demarcação foi a base para metodologias de gestão interna da TI e de gestão das relações com o entorno político e social (por exemplo, o processo de trabalho entre a FOIRN e o Governo para construir políticas públicas). Porém, é obvio que os povos indígenas aprenderam a ter que se defender de tudo, o que faz deles um interlocutor difícil.

O estabelecimento e a gestão de corredores de conservação (re)concilia no Brasil as duas figuras de UC e TI integrando-as num conglomerado de figuras territoriais cuja combinação vira justamente uma estratégia de conservação.

O Xingu representa um bom exemplo de dinâmica social e institucional para a gestão territorial em forma de mosaico e corredor. O Corredor do Xingu apresenta uma configuração original com mais de 25 milhões de hectares em áreas protegidas contíguas, entre UCs e TIs, desde o Parque Indígena do Xingu, ao sul, até a região de Altamira. Predominam as terras indígenas, notadamente as dos Kaiapó (12 milhões). O mosaico de UCs da Terra do Meio (interflúvio Xingu – Iriri) interligou as terras Kaiapó a outras TIs situadas mais ao norte. Estão sendo implantadas uma RESEX e duas UCs estaduais para completar este mosaico. Porém, com a posterior criação de outro mosaico, ao longo da BR-163 e do rio Tapajós, deu-se uma continuidade entre o pacote Xingu e o do Tapajós, e ainda outro no Sul do Amazonas e norte do Mato Grosso que, junto com o Corredor da Amazônia Meridional, pretende constituir uma espécie de barreira para impedir o avanço de frentes de desmatamento vindas do Sul para o Norte. No centro da parte da bacia que pertence ao Mato Grosso está o Parque Indígena do Xingu e as TIs vizinhas, com quase quatro milhões de hectares, sofrendo do desmatamento que progride nas nascentes localizadas fora das áreas protegidas, e da conseguinte poluição da água dos rios.

Se o essencial de uma boa governança encontra-se na divisão do poder entre atores com interesses diferentes coordenando sua ação num espaço comum, o caso do Xingu pode ser considerado emblemático. Um grande esforço está sendo realizado nesse sentido, com apoio da sociedade civil, em particular a través da criação ou consolidação dos espaços institucionais, onde os grupos sociais tradicionais, geralmente marginalizados, tanto indígenas quanto pequenos produtores, podem exercer um controle social dos processos e participar nos debates e decisões com relação às políticas do corredor, assim como na definição de rumos, objetivos e ações. Na Bacia do Xingu, é necessário aumentar a capacidade de ação dos diferentes grupos e atores, através das redes, associações e parcerias institucionais.

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8.2 Corredores e fronteiras

Do outro lado das longas fronteiras do Brasil, existem diferentes tipos de áreas protegidas que conectadas com os corredores brasileiros constituem de fato corredores muito mais amplos e estratégicos para a conservação do planeta, que só precisam de acordos e de cooperação bi ou trinacional para seu monitoramento e gestão. Nem os governos dos outros países, nem o governo do Brasil realizam este analise; o exercício é feito por ONGs como CI, TNC e ISA. É significativo que ainda não existe para a Bacia Amazônica um mapa geral mostrando as figuras territoriais alem das fronteiras de cada país, base elementar da metodologia de gestão e monitoramento desses extensos instrumentos de conservação.

Cabe destacar o esforço do Tratado de Cooperação Amazônica (TCA) com a cooperação internacional durante os anos 90 de implementar um Sistema de Áreas Protegidas da Amazônia (SAPA) a traves de SURAPA. Buscava-se um sistema de planejamento e manejo harmônico entre os diferentes Sistemas Nacionais de Áreas Protegidas (SNAP) dos nove paises amazônicos, o que implicava também na implementação de corredores transfronteiriços. A iniciativa não durou devido a pouca força política que tinha nessa época o TCA. É interessante constatar que os países amazônicos não conseguiram até hoje unir seus esforços nesse âmbito. A pesar de constituir uma das regiões mais estratégicas do planeta com relação a biodiversidade, a Bacia Amazônica não tem nem sequer no papel um processo que seja comparável com o Corredor de Biodiversidade Meso-americano que integra áreas protegidas de todos os países da América Central (pelo menos no papel).

Hoje a situação institucional da Organização do Tratado de Cooperação Amazônia (OTCA) com sede em Brasília desde 2003 melhorou, e com apoio do BID em 2007 está tentando atualizar o processo de aproximação entre os paises para a gestão coerente de suas áreas protegidas numa mesma região. Na Estrutura Programática do Plano Estratégico da OTCA, no que diz respeito à Floresta, Solos e Áreas Naturais Protegidas, é feita referência ao “Relatório das Nações Unidas sobre Áreas Protegidas, 2003” divulgado no V Congresso Mundial de Parques, em Durban – África do Sul. O relatório convida “os governos e organizações multilaterais a renovarem os esforços para ampliar e fortalecer os sistemas de áreas protegidas, estabelecendo até 2012 redes integrais em todas as ecorregiões, principalmente nos ecossistemas ameaçados, insuficientemente protegidos ou especialmente fragmentados, de modo a incentivar o estabelecimento de corredores biológicos e culturais que facilitem o fluxo de espécies, assim como o intercâmbio e a revalorização dos conhecimentos tradicionais das populações locais”. Além disso, o documento diz que “os projetos devem cooperar com a preservação e expansão dos sistemas nacionais de áreas protegidas e o fortalecimento dos processos de planejamento e gestão integral dessas áreas, uma vez que o estabelecimento de Áreas Naturais Protegidas é o principal instrumento reconhecido no marco do Convênio da Diversidade Biológica (CDB) para a conservação da biodiversidade”. Também é dito que a OTCA apresentará aos Países Membros uma “proposta para a formulação de um Programa Regional para a Gestão Sustentável das Áreas Protegidas Amazônicas, que permita retomar os esforços que o Tratado de Cooperação Amazônica desenvolveu entre 1993 e 1997 no âmbito da SURAPA”.

Um diagnóstico regional apresentando os diferentes sistemas nacionais de áreas protegidas já foi realizado a finais de 200417, com base em consultas com os responsáveis institucionais da gestão de áreas protegidas nos países membros da OTCA, assim como com outros atores relevantes sobre a pertinência deste tipo de iniciativa. A consulta tem provocado interesse e respostas positivas e ajudou a identificar, de maneira preliminar, alguns temas prioritários, como:

17 PASQUIS, R. Estudio de prefactibilidad de un programa regional de gestión y de planificación de áreas protegidas en la región amazónica. CIRAD, Unb. Brasilia: mímeo, 2004.

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- Expansão e consolidação de áreas protegidas na região.- Intercambio de informação e de experiências na gestão sustentável das APs.- Formação de gestores locais de APs.- Participação das comunidades locais nos benefícios derivados da gestão de APs.- Superposição de UCs e TIs.- Criação e consolidação de corredores ecológicos.

Neste contexto a OTCA lançou em 2006, com apoio do BID, uma consultoria visando estabelecer um mecanismo de coordenação política e de gestão financeira que facilite e promova o estabelecimento de ‘corredores’ e de áreas protegidas em zonas de fronteira na Amazônia, assim como seu manejo e financiamento, e a elaboração de um perfil de projeto para a gestão sustentável das áreas protegidas amazônicas.

Porém, os melhores exemplos transfronteiriços ou regionais até hoje são os implementados por organizações não-governamentais e é interessante mencionar alguns exemplos significativos que poderiam inspirar a gestão dos corredores no Brasil. Por exemplo, os 5 países andinos-amazônicos já foram reunidos por Conservation International para desenvolver uma das redes de áreas protegidas mais extensas e integradas do mundo.

Em colaboração com comunidades locais, organizações afiliadas e os governos da Venezuela, Colômbia, Equador, Peru e Bolívia, CI ajuda a desenvolver seis corredores de conservação (cinco terrestres e um marinho-costeiro). Os corredores de conservação são extensos mosaicos de reservas, TIs, áreas de uso múltiplo e áreas protegidas que transpassam fronteiras internacionais para unir áreas importantes para a conservação. Estes corredores são: - O Corredor de Conservação Vilcabamba-Amboró, modelo-piloto da CI, com aproximadamente 300.000 km2, compartilhada entre Peru e Bolívia, que se estende desde a área de preservação de Apurímac no Peru até o Parque Nacional Amboró, na Bolívia, e inclui o Alto Púrus, Manu, Machu Picchu, Amarakaeri, Bahuaja Sonene e Tambopata, e na Bolívia, Madidi, Cotapata, Pilón-Lajas, Isiboro Secure e Carrasco. Este corredor une 16 áreas protegidas (entre UCs e TIs) junto com suas zonas de amortecimento e salvaguarda parte do Hotspot Tropical dos Andes. Eventualmente, o corredor se unirá a outros para formar una coluna vertebral continua de áreas protegidas administradas que seguirá a cordilheira dos Andes a través do Equador, da Colômbia e parte da Venezuela.- Corredor de Conservação Cóndor-Kutukú (98.302 km2): Fora do alcance dos científicos por décadas devido a uma histórica disputa fronteiriça entre Equador e Peru. - Corredor de Conservação Chocó-Manabí (106.863 km2): Cobrindo parte da costa do Pacífico da Colômbia e do Equador, este corredor protege 90 % do Hotspot Equatoriano Chocó-Darién.- Corredor de Conservação Nor-Andino (84.878 km2): Incluindo partes da Venezuela e Colômbia.- Iniciativa de Conservação Escudo da Guiana (442.922 km2): Centrado no Sul da Venezuela, abarca parte da Guiana, Guiana francesa, Brasil, Colômbia e Suriname.- Paisagem Marinha Tropical Pacífico Oriental (2.1-milhões de km2): O mais novo corredor da região, esta iniciativa marítima se estende das Ilhas Galápagos no Equador até o Parque Nacional das Ilhas Cocos na Costa Rica.

O sistema de corredores promovidos com CI se concentra essencialmente entre os países andinos e é significativo, paradoxalmente, da situação da Região Amazônica, onde existem menos experiências de corredores transfronteiriços formalizados. Porém, o Corredor Vilcabamba-Amboró se estende pela bacia amazônica, a través da iniciativa CANOA, que se desenvolve pela TI Vale do Javari e o norte do Alto Purus.

Um caso interessante com relação à metodologia transfronteiriça é a dinâmica de cooperação que existe no Noroeste Amazônico (Cabeça do Cachorro) promovido pela

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sociedade civil entre iniciativas de Brasil, Colômbia e Venezuela, sob o nome de Iniciativa Cooperação e Aliança no Noroeste Amazônico (CANOA) e que constitui de fato um extenso corredor de preservação, extensão transfronteiriça do Corredor Norte da Amazônia. Esta região inclui os Estados Amazonas e Bolívar na Venezuela, quatro departamentos da Amazônia colombiana (Amazonas, Vaupés, Guainía e Vichada) assim como o Estado do Amazonas no Brasil. Trata-se de uma cooperação entre ONGs e organizações indígenas que vem se construindo desde 2000 numa das regiões melhor preservadas da Bacia Amazônica, conglomerando UCs e TIs dos três paises, com 70 milhões de hectares continuas atravessando os três países. A característica principal aqui é, como em todo corredor, a grande diversidade político-administrativa e sócio-cultural, com as quais é preciso compor para trabalhar juntos.

Tabela X: Áreas que integram de fato um Corredor do Noroeste Amazônico trinacionalPaís Categoría Nome Área (ha)

Brasila PN Pico da Neblina 2.200.000TIL Alto Rio Negro 7.999.381TIL Balaio 54.840TIL Médio Rio Negro I 1.776.138TIL Médio Rio Negro II 316.194TIL Rio Apaporis 106.960TIL Rio Tea 411.865TIL Vale do Javari 8.519.800TIL Yanomami 9.664.975

Subtotal 31.050.153Colômbiab RN Nukak 855.000

PN Serranía de Chiribiquete 1.280.000PN La Paya* 422.000PN Cahuinarí* 575.000PN Río Puré 998.880PN Alto Fragua – Indi Wasi* 68.000PN Amacayacu* 293.500RN Puinawai* 1.092.500RES Amazonia colombiana 22.144.638

Subtotal 27.729.518Área superposta entre RES e PN - 1.706.105,14

Subtotal 26.023.412,86Venezuelac PN Serranía de la Neblina 1.360.000

PN Canaima 3.000.000PN Jaua-Sarisarainama 330.000PN Parima-Tapirapeco 3.750.000PN Duida-Marahuaka 210.000PN Yapacana 320.000RF Sopapo 1.215.000MN Piedra del Cocuy 15RB Alto Orinoco-Casiquiare 3.711.600

Subtotal 13.896.615Total 70.970.180,86a- INSTITUTO SOCIOAMBIENTAL. Povos Indígenas no Brasil 1996/2000. Carlos Alberto Ricardo (ed.). São Paulo: 2000, p. 243.b- Ministerio del Medio Ambiente. 1998. El sistema de Parques Nacionales Naturales de Colombiac- www.inparques.gov.vePN = Parque Nacional (National Park)RN = Reserva Natural (Natural Reserve)RF = Reserva Florestal (Forest Reserve)MN = Monumento Nacional (National Monument)RB = Reserva Biosfera (Biosphere Reserve)TIL = Território Indígena Legalizado (Legalised Indigenous Territory)RES = Resguardo Indígena (Indigenous Territory)* = Parques Naturais com área superposta com Resguardos

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Graças ao continuum de UCs e TIs que existem ao longo da fronteira amazônica entre Brasil, Colômbia e Venezuela, estão estabelecidas as bases concretas de um sistema de conservação na forma de um amplo corredor transfronteiriço. CANOA busca que o corredor de preservação seja manejado de acordo com a realidade socioambiental da região, com base nos processos e experiências locais e com base nas políticas de cada um dos países que deveriam estar em harmonia. Na perspectiva de uma iniciativa como CANOA, a problemática da fronteira no Noroeste Amazônico permite sobrepor a idéia de separação e descontinuidade, a concepção e construção de um ‘bem comum’. A característica principal do processo é a consolidação da governança de todas essas áreas protegidas na região trinacional. Através de intercâmbios e apoios mútuos, o objetivo é apoiar ao mesmo tempo a consolidação dos direitos indígenas e a conservação do meio ambiente na região de fronteiras, a partir de experiências de trabalho concretas de cada um em torno aos territórios indígenas, saúde, educação, alternativas produtivas e proteção do conhecimento coletivo.

Em relação com a metodologia transfronteiriça para a consolidação de corredores, existe pouca descrição de metodologia usada no âmbito da maioria dos corredores ecológicos, devido à novidade dos processos. No caso de CANOA, a metodologia foi muito desenvolvida já que baseia-se no acompanhamento às populações no terreno de cada um dos três paises. A metodologia usada no âmbito de CANOA é de intercambio entre as organizações dos três paises, incluindo quando é possível a presença de entidades governamentais. A principal característica é um acordo formulado e assinado entre as 6 organizações que fazem parte da iniciativa transfronteiriça, três delas sendo organizações indígenas. As atividades realizadas até hoje são: - Reuniões de intercambio horizontal para a construção de propostas regionais, promovendo os processos de governança local, o fortalecimento cultural e a construção de espaços de coordenação com as entidades governamentais. - Intercambio de experiências alternativas bem sucedidas. As organizações indígenas e as ONGs que tem atividades nessa região tem desenvolvido experiências bem sucedidas de governança local que agora podem virar exemplos para os vizinhos. - Seminários para intercambiar experiências, avanços, metodologias e dificuldades dos projetos em andamento na região. - Acompanhar e assessorar as comunidades, os líderes e as autoridades indígenas é um trabalho de paciência e dedicação; é realizado pelas ONGs a través de atividades práticas de acordo ao estado de avanço dos processos em cada TI, e considerando suas prioridades, tempos e ritmos próprios.

Prevê-se como ferramentas metodológicas principais: a cartografia social, os calendários ecológicos culturais e a árvore de problemas. Ademais, existe assessoria prática na gestão e administração de recursos, e no uso do quadro jurídico. Promovem-se alianças e agendas conjuntas entre as autoridades indígenas em nível regional. As entidades governamentais são apoiadas e assessoradas mediante assessoria prática sobre o quadro jurídico, a difusão de informação sobre os processos locais, oficinas e reuniões de analise sobre as políticas governamentais dirigidas as TIs.

Em nível transfronteiriço, são consolidados os espaços de coordenação e participação mediante a realização de seminários, congressos e foros virtuais. O permanente contato a través de Internet, telefax ou rádio-telefone com os membros das organizações indígenas e ONGs dos países vizinhos, facilita o desenvolvimento da cooperação.

CANOA promove, dentro do marco legal existente em cada país, a implementação dos tratados internacionais existentes e que sejam assinados e executados convênios bi o trinacionais, oferecendo mais eficiência na prestação de serviços aos povos da região; de tal maneira a poder garantir um melhor manejo dos recursos naturais, articulando um grande bloco de conservação natural e cultural. Este enfoque de continuidade de áreas protegidas já se aplica nas fronteiras internacionais, existindo algumas áreas constituídas como

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Parques Nacionales Binacionales: caso dos PNN Tamá - Tamá e Sierra del Perijá - Catatumbo Barí entre Colômbia e Venezuela, caso da Serranía La Neblina - Pico da Neblina entre Brasil e Venezuela y outros em processo de constituição entre Colômbia e Peru (La Paya-Güeppi).

Outra iniciativa interessante é a de Brasil e Bolívia para formar o Corredor Ecológico Guaporé/Itenez-Mamoré, iniciada em 1997 pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente de Rondônia (SEDAM) e apoiada pelo Ibama e o Banco Mundial. Envolve unidades de conservação de diferentes categorias existentes na bacia dos rios Guaporé/Itenez-Mamoré (no Brasil 21 unidades de proteção integral de nível federal e estadual e 13 TIs, e na Bolívia, 4 áreas protegidas e 4 TIs). A faixa de preservação no corredor Guaporé/Itenez-Mamoré engloba 55% da área do estado de Rondônia, um tamanho que demanda atenção especial já que contraria muitos interesses, entre eles de latifundiários, extrativistas de madeira e criadores de gado extensivo. Para avançar na questão, buscou-se a articulação com as comunidades e a participação concreta dos moradores locais, propondo tecnologia, transporte e saneamento básico. Foi para efetuar um trabalho de convencimento mediante a valorização do bioma, no caso as bacias dos rios Guaporé/Itenez e Mamoré, que o Ibama realizou uma série de seminários com os moradores locais, mostrando por exemplo como o bioma traz oportunidades de negócios. Também, existem 13 TIs dentro das unidades de conservação e preservação que estão no âmbito da área Guaporé/Itenez-Mamoré, o que fez colocar o corredor a serviço da proteção da cultura.

É claro que ‘zona de fronteiras’ significa também ‘área de conflitos’, o que não facilita o trabalho de cooperação e o apoio aos povos indígenas que lá vivem, nem as estratégias de conservação. Ademais, a desinformação que difundem os meios de comunicação sobre o tema, implica a necessidade estratégica de difundir continuamente nas chancelarias do Brasil, da Colômbia e da Venezuela informações sobre os programas e projetos de apoio técnico na região de fronteira, não somente para evitar a desinformação, senão também para mostrar a qualidade do trabalho técnico que a sociedade civil é capaz de realizar a través das fronteiras para apoiar os povos indígenas e manter preservadas as bacias transfronteiriças dos rios amazônicos, assim como servir de referencias para os governos e para a OTCA.

O Corredor Biológico Meso-americano, que inclui os países da América Central (Belize, Costa Rica, El Salvador, Guatemala, Honduras, Nicarágua e Panamá) e o Sul do México, é um projeto importante para o futuro do planeta: busca frear a deterioração ambiental em uma região onde vivem 8% das espécies conhecidas. Diversos organismos internacionais participam, junto com governos da região, e organizações indígenas de cada país, da cruzada do Corredor Biológico Meso-americano, que reúne os países, sob o lema ‘naturalmente unidos’, na busca de fórmulas para preservar a biodiversidade e impulsionar o desenvolvimento sustentável. Em busca de melhores possibilidades de conservação, tem como objetivo conseguir capacidade de gestão, conscientização da população, informação geográfica, monitoramento das mudanças, harmonização de políticas, estímulos à sustentabilidade, entre outros. Cada país participa da integração regional numa perspectiva ambiental, por exemplo, o Sistema Nacional de Áreas Protegidas em Honduras inclui 107 áreas protegidas, das quais 10 foram priorizadas devido a sua importância fundamental no âmbito do Corredor Biológico Meso-americano.

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9 CONCLUSOES

1 Durante as últimas décadas, numerosos esforços foram realizados para implantar unidades de conservação como formas de conservação in situ da biodiversidade. Porém, o monitoramento ecológico dessas iniciativas demonstrou sua eficiência relativa devido ao isolamento dessas áreas dentro de contextos de fragmentação e transformação das paisagens. Por esses motivos, os estudos da biologia da conservação e da ecologia da paisagem apontaram a necessidade de trabalhar levando em conta escalas espaciais e temporais maiores, buscando o aumento da conectividade estrutural e funcional.

2 Por muito tempo, o termo corredor referia-se exclusivamente à possibilidade de facilitar a conectividade entre fragmentos de hábitats, concebendo-se como um vínculo ou conexão, linear ou contínua, entre eles. Porém, diversas experiências desenvolvidas objetivando a continuidade ou fluxo dos processos abriram outras possibilidades além dos corredores lineares, para garantir a conectividade mediante diversos arranjos de hábitats. Essas outras configurações continuaram, na maioria dos casos, sendo designadas como corredores, estendendo-se a definição de um mesmo vocábulo (‘corredor’) a vários conceitos, ainda que todos com o mesmo propósito. Portanto, em ocasiões representa exclusivamente um vínculo ou conexão e em outras, seu significado é mais abrangente, estendendo-se até a definição de uma biorregião ou unidade de planejamento territorial.

3 Ainda assim, o propósito ou objetivo de todas as iniciativas coincide na maioria dos casos, existindo consenso quanto a pretender a conservação da maior diversidade biológica possível, no mais longo prazo, favorecendo o fluxo genético e a continuidade dos processos ecológicos mediante a conectividade.

4 Dessa forma, muitos países começaram implementando estratégias biorregionais de conservação para combater a fragmentação dos ecossistemas e a subseqüente perda de biodiversidade. No Brasil, também surgiram numerosas experiências com esse intuito. Inicialmente, houve muita dificuldade em identificar para esta análise o número exato de experiências em andamento, devido à diversidade de nomenclatura de corredores, conceitos e limites. Este estudo ficou restrito à análise de 25 corredores no Brasil, ainda que existam outras poucas experiências que estão começando.

5 A análise também identificou diferentes formas de aplicação do conceito de corredor, encontrando-se três formatos: corredores que conectam unidades de conservação e fragmentos de hábitats, corredores de áreas protegidas e corredores biorregionais. A percentagem de áreas protegidas no seu interior e a intensidade das abordagens ambiental, econômica, social, cultural, institucional e de cidadania são os principais elementos que os diferenciam. A maioria dos corredores é implantada no formato de corredores biorregionais.

6 Portanto, existe um distanciamento entre o conceito legal de corredor ecológico e o conceito utilizado na prática da implantação de corredores. Poucas são as iniciativas que se encaixam dentro do conceito legal de corredor, como conexão, lineal ou de outros formatos, entre unidades de conservação. Entretanto, nenhuma das experiências analisadas encontrou dificuldades na sua implantação por esses motivos, apenas houve entraves na hora de incluir as áreas urbanas nas portarias que os instituem ou ao constituir conselhos ou outras figuras de gestão por falta de previsão legal.

7 É importante salientar que os todos os principais biomas brasileiros possuem uma ou várias experiências de corredores. Os biomas melhor representados nos corredores são a Amazônia e a Mata Atlântica. O bioma que ainda não possui nenhuma experiência de corredor é o bioma Campos Sulinos. Apesar de que existem corredores dentro do bioma

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Marinho e Costeiro, apenas o Corredor Central da Mata Atlântica realiza efetivamente ações para favorecer a conectividade nesse bioma.

8 Também, as sete reservas da biosfera existentes no Brasil coincidem com um ou vários corredores. A pesar de que o modelo de reserva da biosfera mantenha algumas diferenças conceituais com o modelo de corredor, é, sem dúvida, muito semelhante, principalmente quando comparado com o modelo de corredor biorregional. Portanto, as experiências de corredores se poderiam valer dos dispositivos legais relativos às reservas da biosfera, principalmente os relativas à gestão por um conselho deliberativo e à restrição de atividades dentro das reservas da biosfera. Inclusive, as estruturas de gestão das reservas da biosfera já são utilizadas em dois corredores: o Corredor Central da Amazônia e o Corredor Central da Mata Atlântica.

9 Em todas as iniciativas analisadas, a espinha dorsal dos corredores está constituída por unidades de conservação e terras indígenas, legalmente instituídas. Portanto, na prática todos os corredores foram delimitados a partir das áreas que já estão oficialmente protegidas. A partir delas, os limites foram complementados com outros critérios ambientais e, também, sociais e políticos. É importante salientar que as considerações sociais e políticas são freqüentemente tão importantes quanto as considerações ambientais. Cada experiência utilizou diversos critérios que tampouco diferem muito entre si. Inclusive, existem corredores onde se reconhece que os limites podem ser reavaliados ao longo do tempo, conforme o conhecimento técnico, a articulação local e a capacidade de gestão evoluem.

10 A pesar da quantidade de experiências com corredores que foram analisadas, a maioria encontra-se nos estágios iniciais de implantação, pelo que ainda resulta difícil demonstrar que o trabalho com corredores contribui de forma eficiente e eficaz para a conservação da biodiversidade, o desenvolvimento sustentável e a distribuição eqüitativa dos bens e serviços ambientais. Nota-se que a implementação de corredores como estratégia para a conservação da biodiversidade ainda se encontra nos primeiros estágios de implantação, pois apenas 57 % dos corredores possui seus limites já discutidos e reconhecidos e, em relação com as fases subseqüentes de planejamento, estrutura de gestão e monitoramento, a maior parte deles encontra-se nos estágios iniciais. Destaca-se que 45 % dos corredores ainda não tem instalada uma estrutura de gestão e 68 % dos corredores não identificou seus indicadores para o monitoramento de impacto.

11 Por outro lado, a fase inicial de identificação dos limites do corredor e mobilização de atores demanda muitos esforços que em ocasiões se prolongam por muito tempo, não sendo possível avançar para os estágios de planejamento do corredor como um todo e de implementação de ações para a sua consolidação.

12 Todas as experiências examinadas que já estão nos estágios mais avançados mostram a necessidade de desenvolver esforços para a disseminação do conceito de corredor, explicar o que é, para que serve, quais são as conseqüências positivas e negativas de morar num corredor e o que se espera do envolvimento de cada parte, para, assim, mobilizar os diferentes atores locais em prol da sua consolidação. Na maioria dos corredores, o processo de integração dos atores locais inicia-se com uma primeira fase de mobilização nos municípios envolvidos, com reuniões onde apresentam-se essas informações de forma clara e adaptada ao público para disseminar a idéia de corredor e buscas alianças. Outro ponto em comum em muitos corredores é que a estratégia de envolvimento com os atores locais é multiproposital, ou seja, é desenvolvida para atingir vários objetivos ao mesmo tempo (divulgação, planejamento, fortalecimento comunitário ou outros).

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13 Outra tendência que se percebe é a de priorizar as ações para a consolidação das unidades de conservação e, em menor medida, para o aprofundamento do conhecimento biológico e sócio-econômico dos corredores. Naqueles corredores cujos ecossistemas estão mais fragmentados, identifica-se como outra diretriz temática importante a promoção da conectividade. Em menor proporção, foram encontradas experiências dirigidas à promoção de atividades econômicas mais sustentáveis e geração de renda. Também foram identificadas ações orientadas à educação ambiental, a divulgação e a comunicação, mas não em todos os corredores. Dois temas específicos de alguns corredores é o apoio à gestão ambiental municipal e à fiscalização. Por último, naqueles corredores cuja implementação ainda se está iniciando são desenvolvidas principalmente ações de articulação entre as instituições governamentais e não-governamentais que neles trabalham.

14 A pesar destas tendências, é muito difícil estabelecer um padrão comum de gestão dos corredores, pois fatores como o tamanho do corredor, as distâncias à capital, facilidades de acesso, grau de conservação, estrutura da fragmentação, número de instituições envolvidas, grau de organização comunitária da sociedade, índice de desenvolvimento humano, qualidade de vida, atividades econômicas, recursos humanos e financeiros, dentre outros, devem ser levados em conta.

15 Entretanto, existem numerosas atividades que se estão executando para a consolidação da idéia de corredor em cada local, das quais se podem identificar lições aprendidas. Ainda assim, são raras as iniciativas de corredores que costumam sistematizar e disponibilizar o seu histórico, as lições aprendidas e as metodologias utilizadas. Isso seria fundamental para a disseminação do conceito de corredor ecológico e sua utilização como instrumento de gestão territorial.

16 Por outro lado, ainda não se percebe no trabalho com corredores a inserção desse conceito na formulação de políticas públicas nem a sua incorporação nas políticas já existentes, principalmente nos níveis estaduais e municipais; a integração de programas e projetos existentes dentro do corredor; a articulação do setor público e privado; a convergência entre os atores envolvidos ou, pelo menos, uma agenda comum entre organizações públicas e privadas estaduais, municipais, secretarias, ONG, associações locais, instituições acadêmicas e outras organizações. A formação de uma rede de organizações da sociedade, se percebe em alguns corredores, mas em outros é mais na teoria do que na prática. Infelizmente, o principal desafio para a implementação do corredor ainda é a efetiva compatibilização do desenvolvimento social e econômico com a conservação da biodiversidade.

17 Também, poucos são os corredores que conseguiram trabalhar integradamente entre unidades de conservação e terras indígenas. No Corredor Central da Amazônia, a pesar desses dois setores estarem representados na estrutura de gestão, na prática os recursos para a implementação do corredor nas terras indígenas são aplicados por outro projeto (pelo Projeto Demonstrativo dos Povos Indígenas – PDPI) em lugar do Projeto Corredores Ecológicos. Talvez a implementação do Corredor de Biodiversidade do Xingu apresente um novo modelo de gestão onde ambas as figuras se conciliem.

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APÊNDICE A – Compilação das experiências de corredores no BrasilFonte: CASES e FERREIRA, 2007.

Para o objeto desta consultoria, iniciou-se a compilação de experiências de corredores seguindo os seguintes passos:

1º passo: Análise e ponderação da atualidade dos sete corredores inicialmente identificados por Ayres et al. (2005 e 1997).2º passo: Análise dos corredores considerados pelo Programa Corredores do Ibama.3º passo: Análise dos corredores considerados pelo Programa Corredores de Biodiversidade da Conservation International do Brasil (CI)4º passo: Complementação com as apresentações de corredores que aconteceram durante o I e II Seminários sobre Corredores Ecológicos, organizados pelo Ibama (Arruda e Nogueira de Sá, 2004; Arruda, 2005).5º passo: Complementação com outras referências e com os resultados da oficina de consulta sobre o Roteiro Metodológico para a Gestão de Corredores Ecológicos.

1º passo: Análise e ponderação da atualidade dos sete corredores inicialmente identificados por Ayres et al. (2005 e 1997)Os sete corredores identificados por Ayres et al. (2005 e 1997) para o Projeto Corredores Ecológicos do Programa de Proteção das Florestais Tropicais- PPG7 são:

o Corredor Central da Amazôniao Corredor Sul da Amazôniao Corredor Norte da Amazôniao Corredor Oeste da Amazôniao Corredor Ecótonos Sul-Amazônicoso Corredor Central da Mata Atlânticao Corredor Serra do Mar

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Figura 1: Mapa dos Corredores Ecológicos do Projeto Corredores Ecológicos do PP-G7. Fonte: MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2002.

Atualmente, o PPG7 ainda financia esse projeto, o qual é coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente, em parceria com os governos estaduais, e é executado pelos governos estaduais e municipais, o Ibama e várias organizações não-governamentais que atuam localmente. O Projeto Corredores Ecológicos do PPG7 priorizou a implementação de apenas dois corredores: o Corredor Central da Amazônia e o Corredor Central da Mata Atlântica.

Desses corredores, foram considerados todos menos o Corredor Sul da Amazônia, segundo a seguinte análise:

Corredor Inclusão no estudo

Justificativa/Comentários

Corredor Central da Amazônia

Sim Esse corredor está sendo implementado com recursos do PP-G7.

Corredor Ecótonos Sul-Amazônicos

Sim A partir desse corredor surgiram os Corredores Araguaia-Bananal e Xingu. A área que ficou é considerada como Corredor da Amazônia Meridional.

Corredor Sul da Amazônia Não Uma porção desse corredor faz parte do Corredor do Xingu. No restante do corredor, está sendo realizado um levantamento de informações sobre uso da terra, distribuição da biodiversidade e pressões e ameaças ao meio ambiente pela CI, The Nature Conservancy e o Museu Paraense Emílio Goeldi. Entretanto, esta iniciativa encontra-se ainda em fase preliminar.

Corredor Norte da Amazônia Sim Existe uma iniciativa de várias instituições tentando coordenar ações nas cabeceiras do Rio Negro.

Corredor Oeste da Amazônia Sim Apesar de não estarem implementando ações para a construção da figura do corredor, existem instituições com previsão de trabalhar nesse sentido (WWF-Brasil e o órgão estadual de meio ambiente do Acre).

Corredor Central da Mata Atlântica

Sim Esse corredor está sendo implementado com recursos do PP-G7.

Corredor Serra do Mar Sim Existem ações para sua implementação, ainda que pontuais.

2º passo: Análise dos corredores considerados pelo Programa Corredores do IbamaO Programa Corredores do Ibama considera 13 corredores (Ibama, 2006:10). São:

o Jaú / Anavilhanaso Lençóis Maranhenses / Delta do Parnaíbao Caatingao Jalapão / Chapada das Manguabeiraso Cerrado Paranã / Pireneuso Araguaia / Bananalo Serra do Baturitéo Guaporé-Itenes/Mamoréo Cerrado / Pantanalo Rio Paranáo Manguezais na América Tropical / Recôncavo Baianoo Mata Atlântica de Zimbroso Manguezais da Mata Atlântica / Santa Catarina

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Figura 2: Mapa do Programa Corredores Ecológicos do Ibama. Fonte: Ibama (2006:11).

Inicialmente, foi realizada a seguinte análise para a inclusão desses corredores no âmbito deste estudo:

Corredor Inclusão no estudo

Justificativa/Comentários

Jaú / Anavilhanas Não Esse corredor do Ibama já está considerado dentro do Corredor Central da Amazônia.

Lençóis Maranhenses / Delta do Parnaíba

Não Esta iniciativa foi considerada como mosaico de unidades de conservação.

Caatinga Sim Esse corredor já está legalmente estabelecido.Jalapão / Chapada das Manguabeiras

Sim Existem ações realizadas pelo Ibama e/ou outras organizações locais.

Cerrado Paranã / Pireneus Sim Existem ações realizadas pelo Ibama e/ou outras organizações locais.

Araguaia / Bananal Sim Esse corredor se desmembrou a partir dos limites originais do Corredor Ecótonos Sul-Amazônicos. Existem ações realizadas pelo Ibama e/ou outras organizações locais.

Serra do Baturité Não Esta iniciativa é muito incipiente.Guaporé-Itenes/Mamoré Sim Existem ações realizadas pelo Ibama e/ou outras

organizações locais. É uma parte do Corredor Oeste da Amazônia.

Cerrado / Pantanal Sim Existem ações realizadas pelo Ibama e/ou outras organizações locais.

Rio Paraná Sim Existem ações realizadas pelo Ibama e/ou outras organizações locais.

Manguezais na América Tropical / Recôncavo Baiano

Não Esta iniciativa está inserida dentro do Corredor Central da Mata Atlântica.

Mata Atlântica de Zimbros Sim Inicialmente, ambas iniciativas foram consideradas dentro do Corredor Atlântico de Santa Catarina; porém, após a oficina de consulta se considerou que este corredor ainda era uma iniciativa muito incipiente.

Manguezais da Mata Atlântica / Santa Catarina

Sim

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3º passo: Análise dos corredores considerados pelo Programa Corredores de Biodiversidade da Conservation International do Brasil (CI)Os corredores considerados na estratégia de conservação da CI são:

o Corredor de Biodiversidade do Amapáo Corredor Central da Amazôniao Corredor Araguaia (porém, não está no mapa)o Corredor Sul da Amazôniao Corredor Uruçui-Uma-Miradoro Corredor do Nordesteo Corredor Central da Mata Atlânticao Corredor de Abrolhoso Corredor Jalapãoo Corredor Paranão Corredor Ecótonoso Corredor Cuiabá-São Lourençoo Corredor Miranda-Bodoquenao Corredor Emas –Taquario Corredor Serra de Maracaju-Negroo Corredor do Espinhaçoo Corredor Serra do Mar

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Figura 3: Mapa dos corredores considerados pela CI. Fonte: http://www.conservation.org.br/arquivos/Mapa%20Corredores%20Brasil.pdf. Acesso em: 06/06/06.

A maioria dos corredores da proposta da CI foi considerada neste estudo, com algumas modificações aqui colocadas:

Corredor Inclusão no estudo

Justificativa/Comentários

Corredor de Biodiversidade do Amapá

Sim Existem ações realizadas pelo governo estadual, o Ibama e/ou outras organizações locais.

Corredor Central da Amazônia Sim Coincide com a proposta do PPG7.Corredor do Araguaia Sim Coincide em parte com a proposta do Ibama,

sendo diferentes os seus limites.Corredor Sul da Amazônia Não Vide a análise dos corredores do PPG7.Corredor Uruçui-Uma-Mirador Sim Existem ações realizadas pelo Ibama e/ou outras

organizações locais.Corredor do Nordeste Sim Existem ações realizadas pelo Ibama e/ou outras

organizações locais.Corredor Central da Mata Atlântica Sim Coincide com a proposta do PPG7.Corredor de Abrolhos Não É considerado como a parte marinha do Corredor

Central da Mata Atlântica.Corredor Jalapão Sim O Ibama também implementa o Corredor

Jalapão / Chapada das Mangabeiras, mas não há concordância total nos limites de ambos.

Corredor Paranã Sim Coincide em parte com a proposta do Ibama do Corredor do Cerrado Paranã/Pireneus, mas não coincidem seus limites.

Corredor Ecótonos Sim Coincide com a proposta do PPG7.Corredor Cuiabá-São Lourenço Sim Esses quatro corredores foram considerados

dentro do Corredor Cerrado Pantanal, de acordo com a proposta do Ibama.

Corredor Miranda-BodoquenaCorredor Emas –TaquariCorredor Serra de Maracaju-NegroCorredor do Espinhaço Sim Existem ações realizadas pelo Ibama e/ou outras

organizações locais.Corredor Serra do Mar Sim Coincide com a proposta do PPG7.

4º passo: Complementação com as apresentações de corredores que aconteceram durante os I e II Seminários sobre Corredores Ecológicos, organizados pelo Ibama A lista foi comparada e complementada com as apresentações que aconteceram durante os I e II Seminários sobre Corredores Ecológicos, organizados pelo Ibama (Arruda e Nogueira de Sá, 2004; Arruda, 2005). Assim:

o O Corredor Araguaia-Bananal foi desmembrado do Ecótonos Sul-Amazônicos.o O Corredor Ecológico da Bacia do Rio Uruguai Superior, nos estados de Santa

Catarina e Rio Grande do Sul, e o Corredor Atlântico de Santa Catarina, no estado de Santa Catarina, ainda estão no estágio inicial de implantação, por isso não foram considerados neste estudo.

o Foram considerados o Corredor do Rio Paraná – Pontal do Paranapanema e o Corredor do Rio Paraná - Santa María.

5º passo: Complementação com outras referências e com os resultados da oficina de consulta sobre o Roteiro Metodológico para a Gestão de Corredores EcológicosA lista preliminar foi complementada com os novos corredores reconhecidos pelo Ministério do Meio Ambiente e foi discutida na oficina de consulta:

o O Corredor Serra da Capivara – Serra das Confusões e o Corredor da Caatinga foram reconhecidos pelo Ministério do Meio Ambiente.

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o O Corredor de Biodiversidade da Bacia do Xingu foi desmembrado do antigo Corredor Ecótonos Sul-Amazônicos.

o O Corredor Ecótonos Sul-Amazônicos do PP-G7 passou a ser denominado Corredor da Amazônia Meridional, cujos limites ainda estão em estudo. Este corredor ainda se encontra em evolução, pois estão sendo criadas novas unidades de conservação e demarcadas terras indígenas, motivos pelos quais seus limites ainda não são definitivos.

o O Corredor do Rio Paraná foi dividido em dois corredores: o Corredor Rio Paraná – Pontal do Paranapanema e o Corredor Rio Paraná – Selva Paranaense.

o O Corredor da Mantiqueira, dentro do Corredor da Serra do Mar, e o Corredor Una-Serra das Lontras, dentro do Corredor Central da Mata Atlântica, foram somados à lista de corredores.

o Foram identificadas três novas iniciativas na oficina de consulta: o Corredor Ecológico Integrado, no Amapá; o Corredor da Calha Norte da Amazônia, no Pará; e, o Corredor Ecológico Central Fluminense, no Rio de Janeiro.

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APÊNDICE B – Quadro com as ações sendo implementadas nos corredores.Fonte: CASES e BRACKELAIRE, 2006; CASES e FERREIRA, 2007.

Nome do Corredor Ações sendo implementadas (além das vinculadas à proposição do corredor e ao planejamento)Corredor do Amapá

A CI está apoiando a elaboração e implantação dos planos de manejo de quatro unidades de conservação.

Corredor Ecológico Araguaia/Bananal

O projeto da CI está realizando o mapeamento da dinâmica de ocupação da terra, a realização de inventários da biodiversidade, com ênfase em espécies endêmicas e ameaçadas, a articulação com as instituições estaduais e federais para a implantação das unidades de conservação e o apoio à infra-estrutura local para o desenvolvimento sustentável das comunidades locais.

Corredor da Amazônia Meridional

o Projeto Kayapó: A CI apóia atividades de vigilância territorial e desenvolvimento de alternativas sustentáveis de geração de renda em 12 comunidades Kayapó.

o Projeto Mosaico Sul do Amazonas: A CI apóia a criação e implantação das unidades de conservação deste mosaico.

o Projeto Corredor Teles Pires: A CI iniciou em 2001 este projeto para implementar um corredor entre o PARE do Cristalino e a TI Kayabi, ao longo dos rios Teles Pires e São Benedito. As principais atividades do projeto consistem em: diagnóstico da região, divulgação de informações sobre planejamento ambiental, estudos sobre fauna e flora, apoio técnico para a criação de RPPNs e demarcação de reservas legais, incentivo a atividades econômicas sustentáveis, monitoramento da cobertura vegetal e criação de um mecanismo de financiamento para a manutenção do corredor.

o Projeto PROECOTUR: O MMA junto com o Governo do Estado de Mato Grosso elegeu Alta Floresta como pólo de desenvolvimento do ecoturismo e o Parque Estadual Cristalino como unidade de conservação para ser apoiada financeiramente.

o Programa Fogo: desenvolvido por Amigos da Terra – Amazônia Brasileira e ICV, com apoio financeiro da Cooperação Italiana.

o Programa ARPA: apóia várias unidades de conservação.o ICV e WWF estão implementando um rograma local de conservação e estudo de criação de

unidade de conservação na área das Nascentes.Corredor Ecológico da Caatinga

o Realização de Curso Básico de Gestão Ambiental do Corredor Ecológico da Caatinga, em Xingo/Canindé do São Francisco, ministrado por técnicos da DIREC/CGECO/CGEAM, com 35 participantes, em 2004.

o Realização de Oficina de Capacitação em Ecoturismo, em Xingo/Canindé do São Francisco, com interlocutores locais do projeto Corredor da Caatinga de Sergipe e empreendedores turísticos da região de Xingo, em parceria com a CODEVASF, com 43 participantes, em 2004.

o Criação de unidades de conservação.o Articulação interinstitucional.o Capacitação de gestores.o Campanhas educativas e divulgação.o Integração com o programa de revitalização do Rio São Francisco.o Publicação de livros e outros materiais informativos.

Corredor Central da Amazônia

o Projeto Corredores Ecológicos: Elaboração do Plano Piloto de Fiscalização, Vigilância e Monitoramento,

Plano de Capacitação, Plano de Marketing e Projeto de Radiocomunicação. Apoio à elaboração de planos de manejo. Apoio à fiscalização das unidades de conservação. Apoio à formação dos conselhos gestores das unidades de conservação

do Baixo Rio Negro e APA Caverna Maroaga. Cursos para capacitação de lideranças no Baixo Rio Negro.

o Projeto Corredores de Biodiversidade: A CI apóia a criação e implantação de unidades de conservação estaduais no corredor mediante a realização de levantamentos florísticos e faunísticos, a capacitação técnica e o envolvimento e mobilização comunitários.

Corredor Central da Mata Atlântica

o O Projeto Corredores Ecológicos atua no CCMA apoiando ações de diversas instituições. Na esfera pública apoiou, através de convênios, a elaboração de Planos de Manejo e a aquisição de equipamentos para Unidades de Conservação, a realização de Campanhas Integradas de Fiscalização, a realização de capacitação em mapeamento da cobertura vegetal para técnicos governamentais, a formação de mini-corredores, entre outros. Com o apoio da GTZ realizou, entre outras ações, cursos de capacitação sobre gestão de UCs e moderação de reuniões;

o Diversos outros projetos são desenvolvidos por Organizações não Governamentais, através de diferentes fontes de financiamento.

Corredor Cerrado/Pantanal:e.

Taquarif.

de Maracajú – Negro

g.Miranda – Bodoquena

h.– São Lorenço

A CI desenvolve o Projeto Corredor de Biodiversidade Cerrado-Pantanal com o objetivo de conservar a biodiversidade do Cerrado e do Pantanal de forma integrada. As principais áreas de conservação constituem quatro corredores: Emas-Taquari, Serra de Maracajú-Negro, Miranda-Bodoquena e Cuiabá-São Lourenço.o Corredor Emas-Taquari: São desenvolvidos o Projeto Municípios do Corredor, Projeto Tatu-

Canastra, Projeto Cães Farejadores e o Projeto de Resgate das Reservas do Cerrado. O projeto mais importante é o Projeto Municípios do Corredor, cujo objetivo é aumentar a capacidade de planejamento ambiental dos técnicos das instituições públicas, professores e da comunidade.

o Corredor Serra de Maracajú-Negro: Projeto Municípios do Corredor. Dentro desse projeto, foi elaborado o “Plano de Ação para o Corredor Serra de Maracajú-Negro: construção de acordos e integração de esforços”.

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Análise Comparativa das Metodologias para a Gestão de Corredores Ecológicos no Brasil

Documento ainda sem revisão gramatical

o Corredor Miranda – Serra da Bodoquena: levantamentos de fauna, flora e uso e ocupação do solo, incentivo à criação de áreas protegidas, elaboração de um banco de dados georreferenciado, capacitação de técnicos dos municípios de Bonito e Nioaque em geoprocessamento e a elaboração de um Plano de Conservação para a região.

o Corredor Cuiabá-São Lourenço: A Fundação Ecotrópica está desenvolvendo estudos sócio-ambientais para caracterizar esse corredor e, posteriormente, elaborar um plano de ação. Entretanto, também são executadas ações para o fortalecimento de RPPNs, a identificação de outras áreas de conservação e o levantamento dos atores locais e possíveis parceiros.

Corredor do Espinhaço

o Projeto Espinhaço Sempre Vivo: o objetivo do projeto é realizar o diagnóstico do status de conhecimento da biodiversidade da Cadeia do Espinhaço, juntamente com informações de distribuição de espécies e ameaças, elaborar mapas contendo essas informações, os padrões de diversidade, a proteção e ameaças para os diversos grupos biológicos, identificar lacunas de conhecimento, definir áreas prioritárias para estudos e indicar estratégias gerais de conservação. Será implementado em três etapas: preparação, consulta ampla e realização de um seminário juntamente com publicação dos resultados.

Corredor Guaporé-Itenez/Mamoré

Ações pontuais

Corredor Ecológico do Jalapão ouCorredor Jalapão – Chapada das Mangabeiras

o Reuniões, cursos e diagnósticos.o Projeto Parceria Global de Conservação-II. Implementação: Oréades, Instituto Bioeste e

Conservação Internacional. Ações previstas: Formação de núcleos municipais de planejamento ambiental.

Corredor do Nordeste

O projeto da CI e da CEPAN tem como objetivos específicos: o Identificar sítios chaves de biodiversidadeo Elaborar e implantar planos de gestão dos recursos naturais nos sítios de biodiversidade;o Monitorar o sucesso dos planos de gestão implantados nos sítios; o Ampliar o sistema de unidades de conservação nos sítios; o Planejar e implementar corredores florestais de ligação entre os sítios, a fim de consolidar

Corredor de Biodiversidade do Nordeste; o Gerar o conhecimento científico necessário à execução de todas as etapas anteriores;o Consolidar parcerias institucionais para a implementação do Corredor de Biodiversidade.

Corredor Norte da Amazônia

O Instituto Sócioambiental está coordenando a iniciativa de formação de uma rede institucional na bacia do Alto Rio Negro.

Corredor Ecológico do Cerrado Paranã-Pireneus

Projeto Ibama: Os principais resultados do projeto são relativos à construção de um banco de dados em um ambiente SIG (Sistema de Informação Geográfica), onde constam mapas e relatórios do meio físico e biótico, o levantamento de informações socioeconômicas e culturais e a conscientização social e a educação ambiental.

Projeto CI: O projeto está realizando o levantamento da biodiversidade da região.Corredor do Rio Paraná – Pontal do Paranapanema

o Corredores agroflorestais e Trampolins ecológicos (Restauração de Áreas de Reserva Legal e Ilhas de Biodiversidade): Os corredores e os trampolins são compostos de áreas agroflorestadas que embelezam os jardins residenciais e enriquecem a paisagem entre fragmentos maiores. Dessa forma, ajudam a proteger a biodiversidade e facilitam o movimento dos animais entre fragmentos florestais.

o Café com Floresta: O Projeto Café com Floresta, realizado desde 2001 com agricultores assentados pelo processo de reforma agrária no Pontal do Paranapanema, é baseado na implementação de um sistema diversificado, que associa o café (Coffea arábica L.) com o cultivo de culturas anuais como feijão, milho, mandioca, entre outras, e que, além disso, implanta na mesma área de cultivo, espécies de árvores nativas da Mata Atlântica, como Ingá, Louro Pardo, Timburi, Ficheira e tantas outras. As áreas de café com floresta são implementadas principalmente nos assentamentos próximos a fragmentos florestais, que visam desempenhar o papel de trampolins ecológicos.

o Viveiros Agroflorestais Escola e Comunitários.o Abraço Verde: O Abraço Verde consiste em uma faixa agroflorestada que envolve o Parque

Morro do Diabo e os fragmentos das matas remanescentes num grande abraço que garante a proteção dessas florestas e cria uma zona de benefícios múltiplos (com árvores que servem para lenha, madeira, frutos, grãos e forragem), tanto para as comunidades vizinhas como para os ciclos naturais.

o As Águas Vão Rolar - Restauração da Paisagem, Conservação de Recursos Hídricos e Espécies Ameaçadas: O projeto amplia a discussão sobre o modelo atual de reforma agrária e, mais especificamente, sobre a forma de trabalhar a terra, a floresta e os recursos hídricos na pequena propriedade no Brasil.

o Projeto Antao Projeto Conservação Mico-Leão-Pretoo Projeto Detetives Ecológicoso Projeto de Comunidades de Aves no Pontalo Projeto Pequenos Mamíferoso Projeto de Educação Ambientalo Projeto Medicina da Conservaçãoo Projeto Carbono

Corredor do Rio Paraná – Selva Paranaense

o Projeto Corredor de Biodiversidade Santa Maria: o objetivo do projeto é promover a recomposição das áreas degradadas de matas de galeria no entorno dos rios Apepú e Bonito para permitir o deslocamento de biodiversidade entre o PARNA Iguaçu e a faixa de

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Análise Comparativa das Metodologias para a Gestão de Corredores Ecológicos no Brasil

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preservação do Lago de Itaipu e a criação de RPPNs.Corredor Serra da Capivara/Serra das Confusões

‘Diagnóstico ambiental e sócio-econômico das áreas ocupadas.

Corredor Ecológico da Mantiqueira

Desde 2004 a Valor Natural vem desenvolvendo ações para implantação do Corredor Ecológico da Mantiqueira visando estabelecer as bases técnicas para o planejamento bioregional com base sustentável. Para isso estão sendo desenvolvidas ações de fortalecimento das unidades de conservação; incentivo ao desenvolvimento sustentável; capacitação em agroecologia e práticas sustentáveis; incentivo à conservação e recuperação dos fragmentos de Mata Atlântica e; capacitação para gestão ambiental em 42 municípios do Sul de Minas Gerais, conforme listado a seguir:1. Construção Participativa do Corredor Ecológico da Mantiqueira, com apoio do Subprograma

Projetos Demonstrativos da Mata Atlântica (PDA-MA) – 2006 – 2008. Através deste projeto, em 2006 foram alcançados os seguintes resultados:

- Realização do II Seminário para Gestores Municipais: Mobilização para Planos Diretores Participativos;

- Realização de 4 oficinas de capacitação sobre elaboração participativa de planos diretores municipais para os 42 municípios do Corredor, em parceria com o Conselho Regional de Engenharia de Minas Gerais (CREA-MG) e a Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMAD-MG);

- Realização do worshop “Diretrizes para Implantação de Reservas Legais no Estado de Minas Gerais”, com a participação de técnicos e diretores do IEF, IBAMA, Ministério Público Estadual e Secretaria de Estado de Meio Ambiente de Minas Gerais. Esse evento teve como objetivo estabelecer diretrizes para unificar os encaminhamentos interinstitucionais, em âmbito estadual, favorecendo a expansão da superfície protegida e a ampliação dos ganhos ambientais previstos nos respectivos instrumentos legais sobre o tema;

- Treinamento de ONGs locais para elaboração de prepostas para financiamento junto ao Subprograma Projetos Demonstrativos;

- Apoio técnico para ONGs locais na elaboração de suas propostas de projetos;- Publicação do Plano de Ação do Corredor Ecológico da Mantiqueira, construído

participativamente por mais de 120 pessoas;- Produção de 4 boletins eletrônicos, 1 campanha de rádio e 2 peças de divulgação do Corredor; - Realização de 1 Oficina, em parceira com a 7ª. Superintendência Regional de Ensino da

Secretaria estadual de Educação, para construção de um calendário-pesquisa com a participação de 11 escolas do entorno de UCs do Corredor. A pesquisa visa coletar subsídios junto aos alunos e seus familiares para produção de material didático;

- Elaboração de 1 cartilha sobre planejamento da propriedade rural em parceria com a Emater, Associação de Produtores Rurais de Santo Antônio e Vales do Rio Grande e Paiol (APROSA), Prefeitura de Bocaina de Minas e Fundação Rogê;

- Realização de 1 oficina de capacitação para produtores rurais em planejamento conservacionista da propriedade rural, em parceria com a APROSA e com a EMATER. Posteriormente serão instalados com os produtores pilotos demonstrativos em 2 propriedades;

- Realização de um curso sobre biodiversidade para professores da rede pública do município de Extrema. O objetivo foi capacitar os professores para elaboração dos projetos pedagógicos das escolas que tinham a biodiversidade como tema;

- Realização de palestras de divulgação do Plano de Ação do Corredor para diferentes públicos em diversos eventos locais.

2. Implantação do Corredor Ecológico da Mantiqueira, com apoio do Fundo de Parceria para Ecossistemas Críticos (CEPF). – 2004 – 2006. Os seguintes resultados foram alcançados:

- Caracterização do ambiente institucional na porção mineira da Serra da Mantiqueira; - Caracterização socioeconômica do Corredor Ecológico da Mantiqueira;- Levantamento, para composição de um banco de dados, das pesquisas realizadas na

Mantiqueira nos Estados de MG, SP e RJ;- Diagnóstico das unidades de conservação do Corredor Ecológico da Mantiqueira; - Mapeamento do uso do solo e cobertura vegetal do Corredor Ecológico da Mantiqueira; - Apoio técnico para criação do Conselho Consultivo do Parque Estadual da Serra do Papagaio;- Realização do Io Seminário para Gestores Municipais do Corredor Ecológico da Mantiqueira:

Saneamento e licenciamento ambiental. O tema foi definido a partir de demanda levantada no diagnóstico institucional;

- Publicação da Série: Corredor Ecológico da Mantiqueira – Temas de Interesse para a Gestão Ambiental.

3. Elaboração do componente de Ciências Naturais do Plano de Manejo do Parque Estadual do Ibitipoca, contratado pelo Instituto Estadual de Floresta de Minas Gerais – 2005 – 2006.

4. Estreitamento entre poder público municipal e órgão gestor da APA Serra da Mantiqueira – projeto financiado por Furnas Centrais Elétricas. O projeto foi desenvolvido pela Gerencia da APA Serra da Mantiqueira em parceria com a Valor Natural, envolvendo 14 prefeituras municipais do Corredor nos Estados de MG, SP e RJ. O projeto envolveu a realização de visitas aos prefeitos municipais, reuniões com atores sociais locais para diagnóstico participativo e eleição de prioridades para os municípios em relação à APA. Além disso foram distribuídos kits com material de interesse para a gestão municipal e mapas da cobertura florestal dos municípios. O projeto foi finalizado com uma oficina de planejamento envolvendo 54 atores sociais dos 14 municípios.

5. Desenvolvimento do “Plano de Segurança e Proteção” e do “Plano Básico de Utilização” da RPPN Fazenda Bela Aurora, Cruzeiro, SP.

6. Elaboração, em parceria com a Associação de Proprietários de RPPN de Minas Gerais e o

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Análise Comparativa das Metodologias para a Gestão de Corredores Ecológicos no Brasil

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Instituto BioAtlântica, de um folder informativo sobre reservas particulares (RPPN). Esse folder veio suprir a necessidade de material informativo de apoio ao processo de criação de RPPN em Minas Gerais.

7. Criação de RPPNs no Município de Bocaina de Minas: uma contribuição para o Corredor da Serra do Mar. Desenvolvido com o apoio da Aliança para Conservação da Mata Atlântica, esse projeto envolveu a criação de quatro RPPNs em Bocaina de Minas, através do apoio à elaboração do mapeamento, organização da documentação e acompanhamento dos processos junto ao IEF-MG. – 2005-2006.

8. Mobilização em linguagem teatral - Como estratégia de mobilização a VALOR NATURAL vem utilizando a linguagem do teatro. Para isso foi montada uma peça específica para o Corredor Ecológico da Mantiqueira, contando com a participação de um grupo local – o Grupo Movimento Companhia de Teatro do município de Extrema.

9. Disponibilização de informações técnicas – para permitir o acesso à informação produzida até o momento sobre o Corredor Ecológico da Mantiqueira a VALOR NATURAL disponibiliza no site documentos, palestras, dados, agenda de eventos e iniciativas importantes que merecem ser divulgadas. Esse repasse de informação vem permitindo que os atores locais mantenham-se atualizados sobre o avanço das ações desenvolvidas na Mantiqueira.

Corredor da Serra do Mar

o Programa de monitoramento de fauna em unidades de conservação no estado de São Paulo. Coordenação: Instituto de Biologia da Conservação (IBC).

o Projeto Muriqui Conservação no Rio de Janeiro: aspectos demográficos, genéticos e parasitológicos. Coordenação: UFRJ.

o Projeto de Inventário de fauna de vertebrados na região serrana do Rio de Janeiro. Coordenação: UERJ.

o Projeto de Conservação do Papagaio-de-Cara-Roxa. Coordenação: Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental – SPVS

o Proteção da Biodiversidade na Bacia do Rio São João, RJ. Coordenação: Associação Mico-Leão-Dourado.

o Elaboração do Plano de Ação para a comunicação do corredor pela Fundação SOS Mata Atlântica e Conservation International em 10 e 11 de fevereiro de 2004. São Paulo, SP.

o Projeto do Critical Ecosystem Partnership Fund (CEPF) -Fundo de Parceria para Ecossistemas Críticos para a Elaboração do Plano de Ação do Corredor Ecológico da Mantiqueira.

o Projeto de Gerenciamento Integrado de Agroecossistemas em Microbacias Hidrográficas no Norte/Noroeste Fluminense (RJ) – RIO RURAL GEF. Coordenação: Superintendência de Microbacias Hidrográficas (SMH) da Secretaria de Estado de Agricultura, Pesca, Abastecimento e Desenvolvimento do Interior (SEAAPI) do RJ. Projetos de Ação Contra o Aquecimento Global. Coordenação: Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental – SPVS.

Corredor Ecológico Una-Serra das Lontras

Diversos projetos estão em andamento: produção agroflorestal orgânica, organização comunitária, educação ambiental, micro crédito para pequenos agricultores, fortalecimento do conselho gestor das unidades de conservação, ampliação e consolidação das áreas protegidas, articulação institucional, monitoramento da fauna e da cobertura florestal.

Corredor Uruçui-Mirador

A CI está realizando os estudos iniciais para a delimitação do corredor, como inventários biológicos, dinâmica de uso da terra e levantamentos sócio-econômicos.

Corredor de Biodiversidade do Xingu

o Apoio à difusão e criação do mosaico da Terra do Meioo Projeto ARPAo Projeto Parque Indígena do Xingu, implementado pelo ISA

Corredor Central Fluminense

Busca-se a sinergia de projetos

Corredor da Calha Norte da AmazôniaCorredor Ecológico IntegradoCorredor Oeste da Amazônia

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APÊNDICE C – Tabela com dados para contato em cada corredor

Nome Instituição de contato

Pessoa para contato

Corredor de Biodiversidade do Amapá

IEPA Alandy P. Cavalcante Simas. SEDETel: (96) 3223-8128; (96) 9902-0654 [email protected]

Corredor Ecológico Araguaia/Bananal

IbamaCI

Rodrigo Paranhos. Ibama/DirecTel: 61-3035-3467. e-mail: [email protected]; [email protected] Ricardo Machado. CITel: (31) 3261.3889 Maurício Galinkin. CEBRACTel: (61) 3340-1020; (61) 3340-1318 [email protected]

Corredor da Amazônia Meridional

FEMA- MTICVWWFCI

Elaini Faquim. FEMA-MT.Tel: (65) 3613.7251 ou (65)[email protected]; [email protected] Laurent Micol ou Gustavo Irgang. ICVTel: (66) 521-8555; (65) 641-1550; (65) 641-5382. cel.: (66)8404-3111E-mail: [email protected]; [email protected] Marcos Roberto. WWF.Tel: (92) [email protected] Marisete Catapan. WWF. José Maria Cardoso. CI.Tel: (91) [email protected]

Corredor Ecológico da Caatinga

Ibama Dulcilene Santos Andrade Lima. Chefe do NUC/CE – [email protected] Moacir Arruda. Ibama/DIREC.Tel: (61) [email protected]

Corredor da Calha Norte da Amazônia ou Corredor da Calha Verde da Amazônia

WWF-Brasil Marcelo Creão. WWF-BrasilTel: 96-3222-8536. E-mail: [email protected]

Corredor Central da Amazônia

SDS-AM Jasy Abreu. SDS/AM.Tel: (92) 3643-2314; Cel: 92-9985-6681. E-mail: [email protected]@yahoo.com.br Márcio Amorim [email protected]; [email protected]

Corredor Central da Mata Atlântica

BA: CRAES: IEMA

BA: Milson Batista. CRACoordenador ExecutivoUnidade de Coordenação Estadual/BATel: (71) 3116-7848 Fax: (71) 3116-7879E-mail: [email protected][email protected] ES: Gerusa Bueno. IEMA.Tel: (27) 3136-3476, 3136-3475Fax: (27) 3136-3476E-mail: [email protected]@terra.com.br Felipe Martins Cordeiro de [email protected]

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Análise Comparativa das Metodologias para a Gestão de Corredores Ecológicos no Brasil

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Nome Instituição de contato

Pessoa para contato

Unidade de Coordenação Estadual/ES.BR 262 - Km 0 - s/n - Pátio Porto VelhoJardim América - Cariacica – ES. CEP: 29.140-500. Conselho: Marcelo Araújo. IESBTel: (73) [email protected]

Corredor Ecológico Central Fluminense

Instituto BioAtlântica

Mariella Uzeda. Instituto BioAtlânticaTel/Fax: +55 (21) 2535-3940 E-mail: [email protected]; www.bioatlantica.org.br

Corredor Cerrado-Pantanal:Emas – TaquariSerra de Maracajú – NegroMiranda – BodoquenaCuiabá – São Lorenço

CIIbama

Ricardo Machado. CI.Tel: (31) 3261.3889 Rodrigo Paranhos. Ibama/DirecTel: 61-3035-3467. e-mail: [email protected]; [email protected]

Corredor de Biodiversidade do Espinhaço

CI Ricardo Machado. CITel: (31) 3261-3889

Corredor Ecológico Guaporé-Itenez/Mamoré

Ibama Nanci María Rodrigues da Silva. IbamaTel: (69) 3223-3598; (69) 3223-2023; (69) 8404-0302E-mail: [email protected]; [email protected]

Corredor Ecológico Integrado

Ibama/AP Leonardo de Lima Melo. Ibama/AP

Corredor Ecológico Jalapão – Chapada das Mangabeiras

IbamaCI

Rodrigo Paranhos. Ibama/DirecTel: 61-3035-3467. e-mail: [email protected]; [email protected] Fátima Oliveira Pires. Ibama/DirecTel: 61-3035-3467. E-mail: [email protected] Ricardo Machado. CI.Tel: (31) 3261.3889

Corredor Ecológico do Nordeste

CICEPAN

Luiz Paulo Pinto. CITel: (31) 3261-3889 Sônia Aline Roda. CEPANTel: (81) 2126-8944; 3091.3690; 3061.6640; 3343-7551. Fax: (81) 3325-4679. Cel: (81) 9654-5207.E-mail: [email protected] Marcelo Tabarelli – UFPE Tel: (81) 2126-8945

Corredor Norte da Amazônia

ISA Beto Ricardo ou Marina Antongiovanni. ISA. Tel: (92) 3648-8114 [email protected]; [email protected]

Corredor Oeste da AmazôniaCorredor Ecológico do Cerrado Paraná-Pireneus

IbamaCI

Sérgio Henrique Carvalho. [email protected] Luiz Paulo Pinto. CITel: (31) 3261-3889

Corredor Rio Paraná – Pontal do Paranapanema

IPE Cláudio Pádua ou Laury Cullen Jr. IPE. Tel: (61) 3368-5646; (61) 3368-8012 Fax: (11) [email protected]; [email protected]

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Documento ainda sem revisão gramatical

Nome Instituição de contato

Pessoa para contato

Corredor Rio Paraná – Selva Paranaense

Ibama

Corredor Serra da Capivara/Serra das Confusões

Ibama Maria Eugênia Medeiros - Chefe do NUC/PIE-mail: Eugê[email protected]

Corredor Ecológico da Mantiqueira

Valor Natural Gisela Herrmann. Valor Natural.Tel: (31) 3342-4180.E-mail: [email protected] Acaraú 205, Conjunto 03. CEP: 30.380-020. Belo Horizonte, MG.

Corredor Serra do Mar CIInstituto BioAtlântica – IbioSOS Mata AtlânticaValor Natural

Luiz Paulo Pinto. CITel: (31) 3261-3889 Mariella Uzeda. Instituto BioAtlânticaTel/Fax: +55 (21) 2535-3940E-mail: [email protected] Goethe, 54 BotafogoRio de Janeiro RJ - 22281-020 André Guimarães. Instituto BioAtlântica [email protected] Beto Mesquita. Instituto BioAtlântica – Ibio. [email protected] Plínio Bocchino ou Márcia Hirota. SOS Mata Atlântica.Tel: (11) 3055-7881.E-mail: [email protected]; Má[email protected]

Corredor Ecológico Una – Serra das Lontras

IESB Marcelo Araújo. IESBTel: (73) 3634-2179.E-mail: [email protected]

Corredor Uruçui-Mirador CI Ricardo Machado. CI.Tel: (31) 3261.3889

Corredor de Biodiversidade do Xingu

ISA Cristina Velasquez. Instituto Socioambiental. ISATel: 61 3035 5110/ 5114. Fax 61 3035 5121E-mail: [email protected]

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